Foto: Divulgação / Metrô - SP Sergio Antonio da Silva 14 - 32 Anos Dedicados às Lutas de Contato por Worney Almeida de Souza Sergio Antonio da Silva, o popular Serginho, é uma referência do ensino e da prática das Lutas de Contato na Capital Paulista. Com 32 anos militando nesta modalidade, Sergio é também há 28 anos um dedicado Agente de Segurança no Metrô de São Paulo. O ENCONTRO COM AS LUTAS Sergio Silva nasceu, em 28 de abril de 1963, na cidade de Palmital (SP). Com dois anos mudou com a família para cidade de São Paulo, indo morar no bairro da Vila Maria, depois se mudou para o Parque Edu Chaves. Estudou o antigo primário na Vila Constança, o ginásio na Escola Municipal Lourenço Filho e fez o 2º grau na Escola Estadual Amaral Vagner. Seus primeiros contatos com as lutas aconteceram, em 1982, com o professor Cláudio Santos, na Vila Guilherme e depois com o instrutor Roberto Carangueijo, que foram alunos da lenda do Kung Fu, Marcus Túllius. Em 1986 foi para a academia de Álvaro Aguiar, no bairro do Bom Retiro aprender o Hapkidô e Lutas de Contato, dois anos depois Sérgio já ministrava aulas na academia Vitor Ribeiro Boxe Clube, na avenida Celso Garcia. Nesse período o atleta começa a treinar Boxe com Vitor Ribeiro, para aprimorar as mãos. Já o trabalho de pernas foi realizado com o lendário Paulo “Chocolate” para conjugar com a prática do Kickboxing. “Serginho é um exemplo de sabedoria e humildade. Nesses anos de trajetória nas Lutas de Contato ele formou grandes campeões.” Moisés “Gibi” Batista, campeão mundial de Muay Thai, empresário e promotor de eventos. 1 Sergio Silva teve atuação destacada em dois mundiais de Kickboxing: foi 5º lugar, em 1993, no torneio disputado em Budapeste (Hungria) e participou do campeonato realizado em Kiev (Ucrânia). Foto: Divulgação / Metrô - SP A PROFISSIONALIZAÇÃO Em 1989, Sergio fez algumas lutas de Boxe, dois anos depois estreou no Full Contact pela equipe Álvaro Aguiar nos campeonatos organizados pela Wako (World Association of Kickboxing Organizations), onde fez três lutas na categoria meio médio ligeiro (63,500kg). Nesse mesmo ano, foi Campeão Paulista de Full Contact pela Iska (International Sport Kickboxing Association). O atleta também foi campeão Brasileiro de Full Contact. 2 Foto: arquivo pessoal Depois fez algumas lutas de Boxe e Kickboxing conseguindo alguns títulos de menor expressão, apareceu a oportunidade de disputar o titulo Sul-Americano profissional de Full Contact, com o Uruguaio Madagaran, luta que venceu por nocaute no 3º round. O atleta teve a carreira de competidor e professor consolidada até os 40 anos de idade. Mas aos 42 anos, Sergio fechou em grande estilo seu cartel com a conquista do Campeonato Brasileiro de Low Kick’s, em 2004, derrotando Daniel Lucena, nove anos mais jovem. Foram oito rounds de trocação de golpes, com a vitória por pontos. Hoje Sergio é faixa preta 4º Dan de Kickboxing. Essa conciliação exigia muita disciplina de Sergio, tanto que em épocas de competição ele acordava às 4:30h da manhã para correr 10 km, fazia alongamentos, depois ia para seu local de trabalho (na estação da Sé) tomava uma ducha, colocava o uniforme, iniciava às 6:00h e trabalhava até às 14:30h. Mas o dia de atividades não tinha acabado, depois de cumprir sua carga horária no Metrô, ia para sua academia e ficava até às 21:00h. 3 Foto: arquivo pessoal A VIDA NO METRÔ DE SÃO PAULO Aos 23 anos de idade, em 1986, Sergio teve que fazer uma escolha; havia passado em dois concursos: Polícia Militar e Metrô. A escolha foi pela carreira de Agente de Segurança do Metropolitano da cidade de São Paulo. Até aquele momento Sergio trabalhava como chefe de uma agencia dos Correios. Depois de 28 anos, Serginho tem certeza que fez a escolha certa, sabia que não poderia sobreviver só se dedicando às lutas. Assim conciliando os turnos de trabalho na empresa, com os treinos, as aulas e as competições, Sergio se tornou um grande profissional, tanto no Metrô, como nas lutas. Foto 1 - Sergio Silva exibindo seus cinturões de campeão. Foto 2 - Sergio com sua esposa Neuzeli e seu filho Sergio Maia. Foto 3 - Sergio com seu irmão Marcos e sua filha Lilian. “O Serginho ocupa um lugar muito especial em meu coração, por ser um companheiro de longa data e também uma das primeiras pessoas que conheci no universo das lutas e das artes marciais. E ele está comigo até hoje. Em resumo, um grande amigo e um grande profissional.” Marjo Couto ex-presidente da Ufeesp (União das Federações Esportivas do Estado de São Paulo) e diretora da Feplam (Federação Paulista de Lutas e Artes Marciais) - 15 Serginho exibe um exemplar de seu livro “Kickboxing, a Foto: Divulgação / Metrô - SP Arte de Ensinar”: Tenho orgulho de minha militância de mais de três décadas nas Artes Marciais e meus 28 anos como Agente de Segurança do Metrô de São Paulo. Como Agente de Segurança, ele trabalha na estação Tucuruvi, há cerca de dois anos. Já prestou serviços durante cerca de quinze anos na estação Sé (a mais movimentada do sistema). Sergio gosta de trabalhar com o público; atua em acidentes, primeiros socorros, combate a incêndios, presta informações gerais e, junto com seus colegas, são a linha de frente da empresa. Sergio lembra de um atendimento, quando trabalhava na estação Santana: um menino, de quatro anos de idade, que ficou com o pé preso na escada rolante. Depois de parar o equipamento, Sergio conseguiu soltar o pé e levou a criança, no colo, até o hospital de táxi. O acidente afetou os ligamentos do menino, mas graças ao rápido socorro, não teve sequelas. Apesar de ter atendido ocorrências muito mais graves, esse episódio marcou, pois o menino se apegou à Sergio, não querendo que ele saísse de seu lado, no hospital. Sua função requer controle e autoconfiança para lidar com situações extremas, mas seu trabalho é de prevenção (não ostensivo), evitando furtos, brigas, atos sexuais e até distúrbios (especialmente com torcidas organizadas). Sergio tem a orientação de imobilizar, mas não ferir, pessoas descontroladas ou agressivas. Todo esse trabalho é balizado por treinamentos constantes oferecidos pelo Metrô. Evidente que a disciplina e a concentração das lutas contribuem muito para que Sergio possa exercer com mais dedicação sua função pública. Sergio como funcionário do Metrô também abriu um espaço especial para a prática das lutas. Através do Sindicato dos Metroviários, Sergio tem realizado, nas dependências da entidade, campeonatos, eventos (1° Demolition e 1° New Talent’s - eventos consagrados no cenário nacional), exames de graduação, além de aulas para outros funcionários da empresa, praticando Kickboxing e Boxe. PROFESSOR EXEMPLAR E ATIVISTA SOCIAL Administrando a Associação Edu Chaves de Artes Marciais, o professor Sergio tem hoje cerca de 2.000 alunos (de seis a 70 anos de idade), muitos são hoje mestres e que multiplicam seus ensinamentos, inclusive muitos já disputaram títulos em importantes campeonatos, como Evaldo Santos, Gerson Teixeira, Henrique Barbosa, Inaftali Gomes, Cicero Adriano, Luciana Araujo, os irmãos Alex Oller e Maycon Oller e muitos outros. Sergio Silva também foi técnico das seleções brasileira (em 1995) e paulista de “Conheci o professor Serginho em 1998. Quando eu era seu aluno de Kickboxing na academia Corporis. Ele era e é um excelente profissional. Também tive o prazer de acompanhar a sua carreira como atleta. Desde aquela época até os dias de hoje, nos falamos frequentemente, noto que o Serginho sempre busca ajudar as pessoas ao seu redor. Eu sou médico e atendo vários atletas que são encaminhados a mim pelo professor Serginho. Em suma, o professor Serginho é uma grande pessoa e eu o considero muito como amigo.” Dr. Ricardo Galotti Médico especialista em Ortopedia e Traumatologia e em Medicina Esportiva Médico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Presidente da Sociedade Paulista de Medicina Desportiva (SPAMDE) e Médico da Confederação Brasileira de Kickboxing (CBKB) Faixa preta de Kickboxing e praticante da modalidade há mais de 10 anos 16 - Como vice-presidente da Federação Paulista de Kickboxing e presidente de Associação Brasileira de Kickboxing e Lutas Marciais, o professor Serginho tem levado as lutas para crianças e adolescentes, procurando educar para a vida e para a formação do caráter desses jovens. Uma dessas iniciativas em parceria com a Confederação Brasileira de Kickboxing junto a Prefeitura de São Paulo com o intuito de levar à prática esportiva para alunos de 12 a 17 anos, três vezes por semana e com proposta de ser expandido em 25% cada ano. Outro trabalho de Serginho é o treinamento para jovens de 10 a 14 anos na Igreja da Nossa Senhora da Livração, no Jardim Brasil. O professor também fez no ano passado a intermediação de “adote uma criança nesse natal” de 42 crianças necessitadas, onde teve ajuda de amigos e alunos, que forneceram um kit de roupas com camisa ou blusa, calça e sapato e um presente. Faz também um trabalho de arrecadação de alimentos nos eventos e exames de graduação. A LITERATURA A vivência nas artes marciais de Sergio Silva foi registrada em dois livros: “Kickboxing o Início de Tudo” (132 pgs., tamanho: 14 x 21 cm, 2001 Blue Star Editora e Distribuidora de Livros) e “Kickboxing, a Arte de Ensinar” (156 pgs., tamanho: 17 x 24 cm, 2011, Phorte Editora). Sergio conta que enquanto estava procurando patrocínio para a viagem do Mundial, em Kiev, mostrou seu currículo para um supervisor do Metrô, José Amauri, ele disse que toda aquela experiência daria um livro. A partir daí e com o grande incentivo do Arnaldo Pereira, de Nelson Selleri e Maria Antonieta Fernandes, da revista “Combat Sport”, Serginho conseguiu editar seu primeiro livro. Dez anos depois saiu a segunda edição ampliada e revisada. O resultado foi muito bom: cerca de 2.000 exemplares vendidos e uma terceira edição sendo planejada. “Kickboxing, a Arte de Ensinar” apresenta toda a trajetória de Serginho desde o inicio até a conquista do campeonato brasileiro. Outra parte importante da obra é a história do Kickboxing no mundo e no Brasil, com todos os seus nomes mais expressivos. O livro apresenta ainda uma detalhada iconografia com os principais movimentos, técnicas e golpes da arte marcial, de maneira didática e abrangente. Sergio Silva produziu ainda uma fita de vídeo com o passo a passo da prática esportiva chamado “Técnicas de Defesa Pessoal com Base de Kickboxing”. Foto: Divulgação / Metrô - SP Kickboxing (durante a segunda metade da década de 90), o que só demonstra sua excelência na arte de formar e de orientar atletas. DEDICAÇÃO E INSPIRAÇÃO Com muito para comemorar em mais de 30 anos de militância no esporte, Sergio Antonio da Silva usa muito bem seu dom para ensinar e tem como perspectiva agrupar interessados e multiplicar as lutas. Realizado profissionalmente, tanto no Metrô, como também nas lutas, Sergio diz que sua história é igual a qualquer outro atleta brasileiro: trabalhar, treinar, estudar e procurar se destacar em sua modalidade. Toda a dedicação e paciência do professor Sergio Antonio da Silva às lutas têm uma retaguarda segura. Trata-se de sua esposa Neuzeli Maia, casada com Sergio há 27 anos, e de seu filho Sergio Maia, de 14 anos. Sergio e Neuzeli também eram pais de Lilian Maia que, infelizmente, faleceu, num acidente de carro, aos 15 anos de idade, que já iniciava uma promissora carreira nas Lutas de Contato. Essa tragédia marcou a vida da família, mas eles seguiram em frente e Sergio dedica cada nova vitória à memória de Lílian. “Conheci Sergio Antonio Silva, chamado por nós carinhosamente de Serginho, no ano em que filiou-se a Fesp Kick e CBKB, em 1992. Disputou e ganhou de forma muito convincente, o Campeonato Paulista e o Brasileirão daquele ano, o que lhe valeu vaga para disputar o Mundial WAKO, em 1993. Seguiu para a Hungria, onde representou de maneira solitária o Brasil, tendo uma participação marcante, e orientado pelos técnicos da seleção italiana, Massimo Liberati e Giorgio Pereca, que foram contactados pela CBKB para darem todo o apoio ao atleta brasileiro. De lá para cá, Serginho tem se destacado como professor e técnico, formando muitos faixas pretas e lançando inúmeros atletas de competição, como Inaftali Gomes e os irmãos Maycon e Alex Oller, dentre tantos outros que obtém muito sucesso na carreira amadora e profissional da CBKB. Pai dedicado, amigo leal e alguém que se pode confiar, principalmente nos momentos difíceis. Isso é o que se pode esperar do Serginho, nada menos que isso.” Paulo Zorello - Presidente da CBKB (Confederação Brasileira de Kickboxing) - 17