1
Todos os direitos reservados por Sergio Almeida
Autor: Sergio Almeida
e-mail: [email protected]
website: http://sergioprof.wordpress.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode
ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou
processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônica,
de fotocópia, gravação etc., sem a permissão de Sergio Almeida.
CIP-BRASIL.
CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL
DOS EDITORES DE LIVROS, RJ A451c
Almeida, Sergio
Crônicas do amor impossível / Sergio Almeida. -1. ed.
Rio de Janeiro: 2011. 102p.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7976-039-6
1. Poesia brasileira. I. Título.
11-4451. CDD: 869.98
CDU: 821.134.3(81)-8
18.07.1125.07.11028174
CAPA: Caroline da Silva
2
Sergio Almeida parte para o seu segundo trabalho de poesias.
Neste livro os poemas não são divididos em versos no sentido
tradicional. São labirintos que exigem cuidados especiais em
sua passagem, caso contrário, você pode se sentir perdido.
Crônicas do Amor Impossível mostra a corrosão que o amor
provoca no outro lado. O que quebra na engrenagem do outro,
os escombros pós-explosão e o que restou. Sem sonhos e sem
conselhos o livro fala de amor. Preso no labirinto desse
sentimento tenta uma fuga, pois, ao mesmo tempo em que há
uma desconstrução, surge uma possibilidade do novo, da
superação. E é justamente nesta superação que o autor tenta
fazer o seu voo. No entanto, como no voo de Ícaro, é também
uma experiência dolorosa.
Convido-o a fazer a travessia neste deserto cheio de tesouros.
Entretanto, tenha cuidado para não se deixar atingir pelo brilho
do Sol que pode destruir qualquer chance de voo.
Ricardo Bernardes
3
4
sumário
já te amava antes de existires
o que foi perdido, o que se ganhou
nos jardins do passado te esperei
o vazio se chama multidão
ao te comer me tornei teu devedor
o deserto que atravessei
no recôndito casulo se esconde a borboleta
5
6
foi um anjo que cruzou o meu caminho. não me peças
as estrelas. se o fizer vou morrer tentando alcançá-las.
7
8
9
10
será que consegues entender que algo em mim passou a
bater fora de seu ritmo, que por onde passo já não tenho
pressa, que as noites deixaram de ser uma busca feroz,
que as estrelas, agora as conheço pelo nome, que naquilo
que enxergo surgiram prioridades? será que percebes que
mesmo acordado meu mundo se enovela em sonhos e que a
trama da realidade coaduna com eles tornando mais leve o
tempo? será que escutas a música que eu ouço quando
nosso olhar se encontra no meio de uma conversa e de
repente entre nós se faz o silêncio? ansioso por tocar teus
cabelos meus gestos denunciam minhas intenções quando
estou ao teu lado. será que desconfias que chegar a ti foi o
mais
difícil
dos
caminhos,
o
mais
improvável
dos
acontecimentos, um lance de dados que não aboliu o acaso?
será que imaginas a extensão da minha fome a te devorar
com os olhos, a ânsia de tocar tuas pétalas e nelas colher o
perfume que fabricas? será que entendes, nas pistas que
deixo, na cadência da minha respiração, a inquietude a que
me entrego, até nos menores atos, nos momentos mais
fugazes? mesmo que não enxergues o óbvio, sigo assim,
sem ruído, me aprendendo um pouco mais a cada instante,
me surpreendendo, me reciclando, me recriando, me
reinventando, sem querer apressar as horas, sem precisar
de nada além de que existas.
11
antes que eu pudesse me dar conta, desde o princípio,
antes mesmo de te conhecer, já te amava. cultivava este
amor
repleto
de
promessas
imprevistas,
em
outro
hemisfério, em terras distantes, em outro continente, por
cruzar mares e oceanos até me encontrar. já amava a tua
cor e o teu toque, tuas palavras antes que as ouvisse, já
previa o emaranhar de nós e nosso abraço, minha ânsia em
percorrer teus relevos e teus segredos, teus pelos em
minha boca, a umidade entre tuas pernas. já tinha minhas
mãos à espera das tuas, sempre aguardando a tua chegada,
o momento delas envolverem os teus peitos. te esperei,
repleto de histórias de outras tantas que se desvaneceram
no momento em que teus lábios se encontraram com os
meus.
12
coisa estranha é o amor diante da luta de classes, dos
pequenos imprevistos, das insignificâncias diárias, da falta
de dinheiro ou de jeito, do troco a menos recebido, do
trânsito parado, das escolhas erradas, das meias perdidas,
das contas atrasadas, das rugas que surgem, da compulsão
diante de uma vitrine, da pressa pela manhã, da água que
ferve, do único banheiro. coisa estranha é o amor diante
da previsão errada do weather channel, do guarda- chuva
dividido, das enxaquecas, da foto três por quatro na
identidade. o amor coabita com o teu mau humor quando
acordas, com a azia, com os calendários, com as barras de
chocolate, com as madrugadas frias, os pés gelados, os
concursos públicos, as churrascarias a rodízio. a prova de
sua existência é tudo aquilo que o nega.
13
Download

Visualizar páginas