BISCOITOS l CANDIES l CHOCOLATES l SNACKS l SUCOS E REFRESCOS 28 Nº 239 Setembro 2014 a nova visão do mercado Marcas premium e linhas de maior valor sustentam agora o crescimento do setor de BISCOITOS CHOCOLATE boom segue atraindo investimentos MARS Filipe Fonseca mostra como a marca virou um fenômeno Carta do Editor Ano XXVIII - nº 239 - setembro de 2014 Diretores Beatriz de Mello Helman e Hélio Helman REDAÇÃO Diretor Hélio Helman [email protected] Editor Fábio fujii [email protected] Diretor de Arte samuel felix [email protected] administração Diretora BEATRIZ Helman [email protected] Publicidade Antonio Canela barreto Jalil issa gerjis jr. Sérgio antonio da silva [email protected] International Sales multimedia, inc. (USA) Fone: +1-407-903-5000 - Fax: +1-407-363-9809 U.S. Toll Free: 1-800-985-8588 e-mail: [email protected] Assinatura keli oyan Fotografia shutterstock Foto da Capa shutterstock Design da Capa samuel felix Bureau, CTP e Impressão IPSIS GRÁFICA E EDITORA EDITORA DEFINIÇÃO Doce Revista é uma publicação mensal da Editora Definição Ltda. (CNPJ 60.893.617/0001-05) dirigida ao setor doceiro e às suas redes de atacadistas, distribuidores, varejistas e supermercadistas. Redação, administração e publicidade: Rua Itambé, 341 - casa 15 - São Paulo - SP - 01239-001 Fone/Fax: (011) 3666-8301 e-mail: [email protected] site: www.docerevista.com.br Dispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial Processo DRT/1 nº 11554/90 de 10/09/90. Circulação OUTUBRO de 2014 Membro da Anatec Associação Nacional das editoras de publicações técnicas dirigidas e especializadas. Foco nos emergentes R ecém-chegada ao Brasil, via parceria com o grupo CRM, a grife suíça Lindt parece estar longe de abocanhar participação significativa no cenário local de chocolate, aliás, tema de reportagem especial desta edição. Fora do Brasil, sua atuação é bem diferente. Dominado por múltis como Nestlé e Mondelez, a demanda doméstica de chocolates é também abastecida por outras gigantes globais, como Arcor, Hershey’s, Ferrero e Mars. Contando com sua controlada Garoto, a Nestlé disputa a faixa de campeã com a americana Mondelez, dona da Lacta. Porém, no mercado americano ela detinha até há pouco tempo apenas a terceira colocação, ficando atrás da Mars e Hershey’s que, juntas, controlam 65% das vendas de chocolate naquele país. Em julho passado, o grupo Lindt Spruengli anunciou a aquisição da americana Russel Stover Candies. Ela se juntou à Ghirardelli Chocolates, outra operação que a companhia havia assumido. Assim, a Lindt passou a ocupar a terceira colocação, com a fatia de 7,4%, empurrando a Nestlé para a quarta colocação, apesar da tradição da grife suíça de buscar o primeiro ou o segundo lugar em todos os seus negócios. Segundo a consultoria Euromonitor International, a Nestlé detém apenas 4,8% das vendas de chocolates no mercado americano, apesar da marca KitKat, um dos maiores hits da companhia na categoria, ocupar a quarta posição, com share de 4,3% do giro no segmento. As principais marcas de chocolate da Nestlé nos EUA, Butterfinger e Crunch, estão no 12º e 26º lugares, respectivamente. Acontece que naquele país os direitos de comercialização de KitKat pertencem à Hershey’s, por conta de um arranjo comercial costurado no passado e em vigência até hoje. Para turbinar as vendas e melhorar sua posição em um mercado estimado em US$ 18 bilhões, segundo a agência Bloomberg, a maior empresa de alimentos do mundo lançou as barras Girl Scout Crunch e o chocolate Skinny Cow, com menos calorias. Mas isso não foi suficiente para impor um desafio real às empresas líderes. A estratégia mais óbvia seria comprar a Lindt. Embora a Nestlé seja muito maior do que as líderes do mercado americano de chocolate, é improvável que ela faça uma oferta por alguma delas. A Mars é uma empresa privada e frequentemente adverte o mercado de que não está à venda. Por outro lado, os acionistas da Nestlé ficariam no mínimo divididos com uma eventual compra da Hershey’s, por conta dela não se adequar ao direcionamento a produtos mais saudáveis da companhia. A Lindt, por seu turno, também manifestou que a empresa pretende continuar sendo independente. Crescer no mercado massivo de chocolate dos EUA pode ser um desafio para a Nestlé porque ele está muito saturado, observam especialistas. A Lindt focou no segmento premium e investe nele há anos, enquanto a Nestlé, nesse caso, está muito atrás. Segundo esses analistas, ela poderia se impor nessa faixa mais nobre com sua marca Cailler, de grande sucesso na Europa. Trata-se da fabricante considerada a criadora do chocolate ao leite, que existe há dois séculos e foi comprada pela Nestlé em 1929. O pedigree conferiria à grife a estatura de veículo natural para um impulso no mercado de alto valor. Mas desenvolver a Cailler nos EUA seria um processo a longo prazo e também fora de cogitação. Analistas sugerem que a Nestlé não deve se preocupar com os EUA, onde é só mais um concorrente. Ao invés disso, deveria se concentrar nos mercados emergentes. Mas disso ela já cuida bem. Setembro 2014 Doce Revista 3 Sumário 07 EQUIPAMENTOS HAAS mistura fina Família de misturadores Mondomix apresenta linha horizontal que é mão na roda para instalações de biscoitos 08 ENTREVISTA MARS com o pé no acelerador Os planos do diretor de vendas Filipe Fonseca incluem aprimorar a presença da marca e tornar seus chocolates objeto do desejo no país 14 VITRINE ATACADISTA CAMPESTRE a especialista do Paraná Ao operar exclusivamente com candies, a distribuidora cresce em Curitiba, a tiracolo da fama de possuir o mais completo mix do setor 16 PDV CHOCOLATE boom segura investimentos na produção Apesar de estatísticas indicarem saturação na oferta e demanda da categoria, a indústria ainda injeta recursos em fábricas e na ampliação de linhas 24 CAPA BISCOITOS linhas premium garantem o giro O setor continua a crescer em volume e valor, apostando na preferência dos consumidores por itens de maior valor agregado SEÇÕES 06 MIX marca de refresco em pó da Mondelez promove movimento que incentiva atividades do dia a dia, entre outros destaques 12CONSULTORES a análise de especialistas dos mercados de açúcar e cacau 32 DESTAQUE enquete exclusiva sobre vendas no Dia das Crianças e Halloween 34 GIRO os lançamentos que enfeitam as prateleiras do atacado distribuidor doceiro 38 SAÚDE & BEM-ESTAR diretora da Chocolife detalha a linha de chocolate funcional que pode ser prescrita por nutricionistas e cardiologistas 4 Doce Revista Setembro 2014 www.docerevista.com.br MIX SAUDABILIDADE Movimento 3 por 1 C onsumir a quantidade de água ideal por dia é para muitas pessoas uma missão quase impossível. Pensando nisso, a marca Clight, de refrescos em pó isentos de açúcar, bolou o Movimento 3 por 1. “Ele incentiva o acréscimo de mais sabor às atividades comuns do dia a dia, provando que o bom pode ficar ainda melhor”, argumenta Ana Sarrão, gerente de produto da Mondelez Brasil, detentora da marca. O mesmo, diz ela, vale para a hora da hidratação. Assim, a campanha orienta os consumidores a beber água. “A ideia é que os fãs da marca experimentem, a cada três garrafinhas de água por dia, consumir uma com Clight, facilitando o consumo recomendado de dois litros diários, com zero açúcar e baixo teor de sódio”, sublinha a executiva. Com essa tacada, Clight busca amplificar o prazer da hidratação e incentivar a prática do 3 por 1 em outras rotinas do dia a dia. “Por exemplo, para cada três corridas na academia, um respiro ao ar livre; para cada três roupas básicas, uma arrasadora e assim sucessivamente, orienta Ana Sarrão. O lançamento da campanha contempla ações no ponto de venda (PDV), mudança de embalagem e campanha no meio digital, focado no target da marca, com conteúdo proprietário, informa. “A principal plataforma será o Facebook de Clight, hoje com mais de 800 mil usuários”, frisa a gerente. A Mondelez também coloca no ar um hotsite exclusivo (www.movimento3por1.com. br), convidando as mulheres a criarem seu próprio 3 por 1 e compartilharem com as amigas. Criada pela agência SapieentNitro, um filme manifesto postado no YouTube (www.youtube.com/ watch?v=GoCA5RDwImw) será veiculado em plataforma digital e redes sociais da marca. Em nosso site Ômega-3 em chocolate drageado C om o objetivo de incorporar o ômega-3 em confeitos drageados de chocolate, o Cereal Chocotec – Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolate, do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos) vem desenvolvendo estudos com a microencapsulação desse componente por spray drying, utilizando como estrutura mista de proteção componentes habituais na fabricação de confeitos e chocolates, a exemplo da goma acácia e do leite em pó desnatado, além do suco de uva. Coordenado pela pesquisadora Ana Lúcia Fadini, o estudo Incorporação de Ômega-3 em Confeitos Drageados foi realizado de acordo com uma metodologia estatística de misturas, cujo objetivo era avaliar o efeito da combinação de diferentes proporções de goma acácia, leite em pó desnatado e suco de uva como forma de proteção ao ômega-3, além do efeito individual de cada um 6 Doce Revista Setembro 2014 desses componentes. Emulsões contendo 30% de sólidos, dos quais 20% correspondiam ao ômega-3, foram secas em um mini-Spray Dryer (Büchi, modelo B-290). Segundo Ana Lúcia, os óleos e gorduras são importantes na alimentação humana como fonte de energia e pelo fato de alguns serem essenciais para o funcionamento do organismo. Os ácidos graxos ômega-3, altamente insaturados, são importantes para o crescimento e desenvolvimento fetal e para a função visual e cognitiva em recém nascidos, crianças e adultos. “As dificuldades encontradas na utilização de ômega-3 estão relacionadas à sua propensão a oxidação e à presença de odores e sabores desagradáveis, os quais podem ser minimizados através do uso de tecnologia de micro- encapsulação”, sublinha ela. A resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que define critérios para produtos enquadrados como fonte de ácidos graxos ômega-3 indica que, no caso do confeito drageado, o produto deve conter no mínimo 40mg da soma de ácidos graxos EPA (eicosapentaenóico) e DHA (docosahexaenóico) por porção de 30g, a fim de ser considerado fonte de ômega-3, informa a pesquisadora. Sob a orientação de Ana Lúcia, o estudo contou com a colaboração das pesquisadoras Isabela Porto Ribeiro, Izabela Dutra Alvim, Ana Maria Rauen de Oliveira Miguel, Marise Bonifácio Queiroz e Lidiane Bataglia da Silva e as conclusões podem ser conferidas, na íntegra, no site de Doce Revista (www.docerevista.com.br). www.docerevista.com.br Equipamentos Esse é massa Haas introduz misturador com design inovador para biscoitos integrada na estrutura da máquina, com função de memória de até 16 receitas. As capacidades da tina esSampaio LINHA DA Finame tão disponíveis disponÍVEL para a HSM. para 550, 800, 1.100 e 1.500 litros, correspondendo, respectivamente, a 330,480, 660 e 900 quilos de carga de massa. Misturador da Haas tina de até 1.500 litros para 900 quilos de massa. D esenvolvido para acelerar, expandir e modernizar a produção de biscoitos e, além disso, compatibilizar sua operação com as exigências de segurança da NR-12, a Haas do Brasil projetou o misturador horizontal de alta velocidade HSM. A NR-12 é a norma regulamentadora, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que define referências técnicas, princípios e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, estabelecendo requisitos mínimos para a prevenção de acidentes do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos. Em sintonia com essa regulamentação, o mais novo membro da família de misturadores Haas Mondomix pode ser conectado a uma linha completa de biscoitos moldados ou laminados crackers ou mesmo a uma instalação independente. Além de silenciosa e durável, graças ao design exclusivo que a torna à prova de vibração, a HSM traz um inovador conceito do braço misturador, observa Dagoberto Sampaio, www.docerevista.com.br gerente comercial da Haas. “Ela é capaz de processar tanto massa macia, por exemplo, de biscoitos moldados ou depositados, do tipo amanteigado, como a massa dura para crackers e biscoito semidoce”, informa. Para obter melhores resultados, o modelo vem com braço misturador fundido em uma única peça em aço inoxidável, acrescenta o especialista. Um ângulo de inclinação de até 140°, detalha ele, faz com que a descarga seja feita diretamente no carro de massa, contribuindo para o aumento da segurança conforme exigência da NR-12. “Além disso, a versão especial da tampa de selagem da tina, como parte do projeto sanitário, leva à redução da poeira e aumenta a vida útil do equipamento”, frisa o executivo. De estrutura robusta e ao mesmo tempo compacto, o misturador é equipado com tina de massa encamisada, sensor térmico para a temperatura ideal da massa com circulação de água e velocidade do braço misturador controlado por frequência. Também incorpora sistema de comando por tela touch screen Minibolo tridimensional A novidade encorpa o pacote de lançamentos da marca apresentado na feira alemã Interpack, maior vitrine mundial de embalagens e máquinas para processamento de confeitos e biscoitos, promovida em maio passado. Durante a mostra, o grupo austríaco Haas, por sinal, surpreendeu o público, exibindo em primeira mão a mais recente novidade de sua divisão Convenience Food. Batizada de CFC (Center Food Cake), o sistema reúne em um único equipamento a produção tridimensional de minibolos recheados, que inova o gênero pela possibilidade de gravar em relevo todas as faces do produto, explica Sampaio. Trata-se de uma variedade de bolinho feito artesanalmente, com gravação tridimensional, que tem similar em alguns países da Ásia. O trunfo da Haas foi transpor a aplicação, de forma mais sofisticada, para uma escala industrial, relata o gerente. Com capacidade que pode variar de 10 mil e 20 mil unidades por hora, o CFC foi desenvolvido nos últimos quatro anos, desde a concepção da ideia aos estudos de mercado, viabilidade técnica e construção de protótipo até chegar ao equipamento mostrado na Interpack. • Setembro 2014 Doce Revista 7 ENTREVISTA Ninguém segura Em três décadas, a Mars consolida sua atuação fenomenal no setor de chocolates no Brasil C ampeã absoluta das gôndolas de chocolate nos Estados Unidos, a Mars desembarcou no país 35 anos atrás com o nome de Effem do Brasil. Mas só a partir do final da década de 1990 foi se transformando no fenômeno que é hoje no filão chocolateiro local. Atualmente, a empresa mantém um centro de pesquisas voltado para o cultivo do cacau e quatro fábricas que produzem algumas das marcas mais famosas do mundo, como M&M’s e Twix. Nos últimos anos, teve um papel importante no desenvolvimento da categoria no Brasil. Ao oferecer produtos aspiracionais a preços acessíveis, a empresa vem solidificando alternativas para ocasiões de consumo ainda pouco desenvolvidas no país. Além de compartilhar a liderança global em chocolates com gigantes do setor, sobressaindo também em balas e gomas de mascar, com a marca Wrigley, a companhia centenária investe cada vez mais no país. “A visão que rege nossa atuação é estar em mais momentos e mais lugares, proporcionando mais sorrisos. Nossa estratégia foca o desenvolvimento e a expansão, baseada em nossos princípios e benefícios mútuos para consumidores, clientes, fornecedores e toda a comunidade”, sintetiza Filipe Fonseca, diretor de vendas da Mars – segmento Chocolate & Alimentos. Economista com pós-graduacão em Finanças, Marketing e MBA em Gestão Empresarial, o executivo reúne 17 anos de experiência na ala comercial em companhias de bens de consumo no Brasil, Estados Unidos e Peru. Há dois anos no comando do time de vendas da Mars Brasil, Fonseca relata nesta entrevista exclusiva a Doce 8 Doce Revista Setembro 2014 Ícones da Mars fenômeno global no consumo de chocolate. Revista (DR) a trajetória e os planos da indústria americana. DR – Como avalia o setor de chocolates no mundo e no Brasil? Fonseca – Temos percebido de modo geral uma grande expansão do consumo de chocolate no mundo, sendo a China um dos países em destaque nesse cenário. O Brasil é um dos dez maiores mercados globais de chocolate e tem crescido de forma acelerada. As análises mostram que há oportunidades no consumo per capita. Assim, enxergamos um grande potencial de crescimento no país, principalmente referente à frequência de compra. O mercado está bem consolidado nos formatos maiores, associados ao consumo futuro, como tabletes e caixas de bombom. Apenas 20% da demanda é de produtos para consumo imediato.Isso é o inverso do comportamento global. Visto isso, o desenvolvimento dos formatos de consumo imediato aumenta a frequência e, portanto, o consumo total da categoria. O brasileiro tem o hábito de fazer lan- ches no meio da manhã ou da tarde e o chocolate ainda não faz parte do repertório de produtos para essas ocasiões. DR – Dentro desse contexto, como vê a atuação da Mars? Fonseca – A companhia tem como objetivo desenvolver as categorias em que atua, aumentando a frequência e penetração delas nos mercados. Temos quatro das dez marcas de chocolate mais consumidas do mundo, sendo M&M’s e Snickers a primeira e a segunda, respectivamente. No Brasil, estamos entre os quatro maiores fabricantes da categoria e vemos muito potencial de crescimento de nossas marcas e do setor de chocolate como um todo. DR – Como avalia o boom no consumo de chocolates no Brasil? Fonseca – Isso ocorre por conta da melhoria da renda da população e mais opções de marcas e produtos aos consumidores. Esse movimento estimula o desenvolvimento de novas ocasiões de consumo. www.docerevista.com.br DR – Qual sua opinião sobre o suprimento de cacau com a instabilidade nos principais países produtores? Fonseca – Estima-se que podem faltar cerca de um milhão de toneladas de cacau em 2020. A Mars é uma empresa que investe fortemente em pesquisas voltadas para a sustentabilidade de sua principal matéria-prima. Temos no Brasil o Centro Mars de Ciência do Cacau, no município de Barro Preto (BA). É o único centro de pesquisa de uma empresa privada voltado 100% para o cultivo do cacau. Por exemplo, um dos programas de melhoramento desenvolvido pelo centro seleciona cruzamentos de espécies capazes de aumentar a produtividade, melhorar a resistência às doenças e a qualidade das amêndoas de cacau, sem perder o sabor. Além disso, a Mars, em parceria com a IBM e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, mapeou o www.docerevista.com.br Fonseca quatro das dez marcas mais consumidas do mundo no portfólio. genoma do cacau e o publicou abertamente, sem patentes, para que todo o mundo pudesse se beneficiar. Todo o conhecimento do centro e de outras bases científicas são transferidos também aos produtores de cacau da África e Ásia. A Mars realiza diversos projetos nos países dessas regiões e, inclusive, preside a iniciativa CocoaAction, lançada este ano pela World Cocoa Foundation, com diversos parceiros, para mudar esse cenário futuro de escassez e prover melhores condições de vida às famílias produtoras. DR – Como a inflação e baixo crescimento do país impactam os negócios de chocolate da companhia? Fonseca – A categoria de chocolate acaba sendo menos impactada por variações na situação econômica, principalmente quando falamos dos formatos de consumo imediato, de preços mais acessíveis. O aumento no custo dos insumos gera muitas vezes a necessidade de ajuste de preços dos produtos, porém temos visto baixo impacto nas vendas quando isso ocorre. DR – A Mars é uma das pioneiras em programas de sustentabilidade no país. Como eles têm evoluído? Fonseca – Um de nossos projetos de sustentabilidade no país é o Projeto Barro Preto. Trata-se de uma iniciativa criada pela Mars em parceria com outras instituições atuantes no município de Barro Preto, na Bahia, que visa ofe- Setembro 2014 Doce Revista 9 ENTREVISTA recer conhecimento e melhores práticas de cultivo de cacau aos produtores da região. Por meio do sistema agroflorestal Cabruca, o projeto garante uma renda maior aos produtores e ajuda a proteger a Mata Atlântica. A participação da Mars no projeto, por meio do metas de baixar ainda mais. Em nossa fábrica em Mogi Mirim somos autossuficientes em água por meio de um processo de reuso da água das chuvas. Em resíduos, temos a meta de zerar o envio de resíduos de nossas operações a aterros sanitários até 2015. Lançamento novo no Brasil, mas sucesso nos Estados Unidos desde 1923. Ofensiva global campanha em mais de 80 países agora também no país. Centro Mars de Ciência do Cacau, garante ainda a transferência do conhecimento necessário para a produção de mudas e frutos resistentes e de altíssima qualidade. Quando falamos de nossas operações, como fábricas e escritórios, definimos metas ambiciosas para fazer com que sejam sustentáveis em uma geração. Trabalhamos com o objetivo de eliminar o uso de energia gerada por combustível fóssil e emissões de gás de efeito estufa (GEE) até 2040. Estamos trabalhando em compromissos similares de longo prazo para água e resíduos. Nossas unidades no Brasil já têm reduzido mais de 50% o uso de água por tonelada produzida e temos DR – Como a Mars se posiciona na cena nacional de chocolate? Fonseca – A Mars ocupa a quarta posição no mercado de chocolate no Brasil. Segundo a Nielsen, fomos a empresa de chocolate que mais cresceu no Brasil em 2013 e continuamos acelerando neste ano. Snickers e M&M’s já estão entre as dez maiores marcas de chocolate no médio e grande varejo de São Paulo. DR – Quais as últimas novidades no marketing? Fonseca – Um de nossos grandes investimentos ocorre na comunicação de Snickers. Usamos o conceito global “Você não é você quando está com fome”, presente em mais de 80 10 Doce Revista Setembro 2014 países. Adaptamos ao Brasil e criamos uma campanha sintonizada com o humor e perfil do brasileiro. Fomos para a TV aberta, mídias sociais e lançamos diversos materiais de comunicação diferenciados nos pontos de venda (PDVs). Relançamos Snickers, que era pouco conhecido e, mais recentemente, trouxemos para o país outro grande sucesso da Mars, o Milkway, tablete originalmente lançado nos Estados Unidos em 1923. Os dois estão indo muito bem e ganhando o gosto do consumidor brasileiro. Hoje, Snickers já está entre os cinco chocolates mais vendidos no médio e grande varejo em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, conforme leitura da Nielsen. DR – O que poderia adiantar ainda para este ano? Fonseca – Para oferecer mais opções aos consumidores, estamos lançando outras versões de Snickers e Milkway em embalagens de seis unidades com 16g cada, que permitem às pessoas compartilharem com amigos ou guardarem para depois. Visando também alavancar as vendas de M&M’s, em outubro, soltamos a promoção “M&M’s é coisa de cinema”. Além de sortear brindes imediatos, a campanha vai oferecer cinco viagens cinematográficas aos participantes. Para o final do ano, teremos novidade da M&M’s para o Natal. • www.docerevista.com.br Consultores Cacau Domínio da especulação O mercado de cacau comprovou mais uma vez sua fama de imprevisibilidade e volatilidade ao viver em setembro um dos meses mais agitados dos últimos três anos. Começou com uma queda praticamente ininterrupta, que derrubou a cotação do contrato de dezembro/2014 na Bolsa de Nova York (no fatídico Thomas Hartmann 11/09) para US$3028, nível mais baixo desde maio. Houve um breve período de consolidação até 16/09, seguido por um avanço explosivo, que fez a cotação aproximar-se de US$3400, mas a alta não conseguiu sustentar-se e sofreu queda violenta no primeiro dia de outubro. O declínio dos preços nos primeiros onze dias do mês foi uma reação normal à conjuntura fundamental que continuava assumindo feições cada vez mais baixistas. As entradas de cacau nos portos da Costa do Marfim mantinham volumes elevados e embora Gana não publicasse números oficiais, fontes informais também reportavam produção abundante. O novo boletim trimestral da Organização Internacional do Cacau (OICC) reverteu sua previsão do resultado da corrente safra 2013/2014 de um déficit de 75.000 toneladas (t), indicado no boletim anterior, para um superávit de 40.000 t, reafirmando assim as previsões dos analistas privados que já vinham preconizando um excesso de oferta, inclusive de tamanho maior que a avaliação da OICC. Ao mesmo tempo, as notícias a respeito do clima em quase todos os países produtores seguiam favoráveis, dando respaldo às expectativas que a próxima safra de 2014/2015 também poderia produzir um superávit, enquanto persistiam os relatos de uma retração da demanda em reação aos preços elevados. A alta a partir do meio do mês foi motivada pela preocupação crescente com a possibilidade do alastramento da epidemia de Ebola para os principais países produtores de cacau, especialmente para a Costa do Marfim, que faz fronteira com a Guiné e a Libéria, dois dos três países mais afetados pela doença. Os mercados de cacau ficaram “hipnotizados” pela verdadeira en12 Doce Revista Setembro 2014 xurrada de notícias em torno do assunto. Organismos oficiais de saúde da ONU e dos Estados Unidos fizeram previsões preocupantes, dando margem a manifestações alarmistas como a do Ecobank Group, dando conta de que o surgimento do Ebola na Costa do Marfim poderia, de um dia para o outro, retirar do mercado 30-40% do suprimento mundial de cacau e fazer os preços dobrar. Embora, até o momento, nenhum caso da doença tivesse sido reportado dos dois principais países produtores, o receio que isso possa acontecer motivou atividade intensa de compras nos mercados futuros, concentrada nos contratos mais próximos, principalmente por parte dos fundos especulativos. O movimento de alta, no entanto, começou a dar sinais de exaustão nos últimos dias de setembro e desaguou em violenta queda, de caráter eminentemente técnico. Não há novos fatos, o cenário segue baixista, mas a doença pode surgir a qualquer momento na Costa do Marfim, quando certamente provocará uma nova alta, mesmo que passageira. Oscilando entre esses dois fatores opostos, os mercados de cacau continuarão nas mãos dos especuladores, que jogarão os preços ora para cima, ora para baixo. • Thomas Hartmann é cacauicultor, analista do mercado internacional de cacau e titular da TH Consultoria e Estudos de Mercado. www.docerevista.com.br Açúcar Alta volatilidade A volatilidade de preços ao longo de setembro foi alta no mercado internacional de açúcar. Após forte queda de preços, que atingiram o nível de 13,50 cents/lb, as cotações encerraram o mês próximas dos níveis iniciais. O declínio foi motivado por estoques mundiais elevados e também pela preocupação com Ronaldo Lima Santana o açúcar tailandês, de qualidade baixa, diante da possibilidade de uma grande entrega contra a tela de outubro/2014 na Bolsa de Nova York, que acabou não ocorrendo. A retomada dos preços se deu, basicamente, em função de dois fatores: a demanda voltou em função dos preços exageradamente baixos do açúcar e o produto de qualidade ruim, da Tailândia, foi absorvido, em boa parte, no mercado spot. Além disso, os números divulgados sobre o andamento da safra no Centro-Sul do Brasil mostraram uma forte retração na produção de açúcar. O gráfico a seguir mostra o comportamento dos preços do açúcar demerara na Bolsa de Nova York, tomando como base o vencimento de outubro/2014. No mercado interno, os preços no Centro-Sul permaneceram relativamente estáveis no período. Houve um descolamento do mercado externo, que já vinha mostrando grande volatilidade e registrou um momento pontual de pressão de oferta. As unidades produtoras locais, quando possível, postergaram as vendas diante dos preços baixos praticados no mercado interno e, principalmente, no exterior. A expectativa de que a partir de outubro boa parte das unidades produtoras do Centro-Sul encerrem a moagem de cana, sugere uma melhora nos níveis de preços locais. O gráfico a seguir apresenta os preços médios semanais negociados em São Paulo apurados pelo Índice JOB Economia de preços: A JOB Economia há 20 anos no mercado, através de seus relatórios e trabalhos de consultoria, tem como objetivo principal antecipar movimentos de mercado para um posicionamento correto nas estratégias empresariais de seus clientes e, por fim, contribuir para que façam um bom trading. Solicite um exemplar do relatório e veja como esse trabalho pode auxiliar na tomada de decisões. Para mais informações acesse o site [email protected]. Ronaldo Lima Santana é sócio-gerente da JOB Economia e Planejamento www.docerevista.com.br Setembro 2014 Doce Revista 13 Vitrine Atacadista Estoque completo Campestre faz nome na distribuição com modelo de especialização em candies no Paraná Estrutura da Campestre 3 mil metros quadrados, efetivo de 120 profissionais e 15 veículos. E ntre as oito maiores receitas do setor nacional de distribuição, com fatia de 3,5% dos R$ 197 bilhões faturados em 2013, o Paraná concentra operações que evoluíram do tradicional modelo de balcão para o híbrido de atacado distribuidor e cash and carry (atacarejo). É no reduto ainda mais avançado da distribuição especializada em candies que sobressai a Campestre Distribuidora de Produtos Alimentícios, na ativa há 22 anos em Curitiba. “Desde o início direcionamos a operação para o comércio exclusivo de confeitos, mantendo até hoje o modelo em que 99% do portfólio são ocupados por doces industrializados”, sublinha Vinicius Hatsumura, diretor da atacadista. Ele lembra que a percepção de uma cobertura mais eficaz à demanda de guloseimas proveio do empresário Valdeci Hatsumura, seu pai e fundador da Campestre. Visando atender o mercado nessa fase inicial, ele mesmo se encarregava de todas as operações, da compra à entrega e recebimento dos pedidos, utilizando, inclusive, a garagem da própria residência para estocar mercadorias. 14 Doce Revista Setembro 2014 “Ele identificou carências e necessidades de clientes, que pesaram na decisão de focar o negócio no canal doceiro”, comenta Vinicius. Não demorou muito para o depósito improvisado ficar pequeno para o crescente estoque e, assim, a distribuidora abriu as portas no bairro do Boqueirão, onde está instalada. Sem detalhar todas as fases seguintes de progresso na operação, o dirigente da Campestre frisa que hoje a empresa atua na distribuição, com frota própria, e no atacado de autosservico, cobrindo ainda diretamente uma parcela do varejo curitibano. “Contamos com sede própria de 3 mil metros quadrados, equipe com 120 profissionais e 15 veículos, atendendo, praticamente, todo o Paraná e litoral de Santa Catarina, num raio de 400 quilômetros de Curitiba”, localiza Hatsumura. Além da região metropolitana e Campos Gerais, que abrangem 19 municípios do centro do estado do Paraná, a distribuidora atinge 56 cidades catarinenses, cobrindo 100% do litoral e alguns municípios ao norte do estado. Com o mix focado em candies (ver quadro à pág. 15), a Campestre abaste- ce mensalmente 3.800 pontos de venda (PDVs), com um time externo de 38 representantes (RCAs), que conta com apoio de televendas e catálogo digital online. Além dessa cobertura externa, a loja de 2.500 metros quadrados de área de venda, atende varejistas, distribuidoras e pontos de revenda (doceiros). “Registramos cerca de 200 clientes por dia, com tíquete médio por compra de R$ 500,00, sendo a maioria formada por comerciantes”, repassa Hatsumura. Um dos motores do giro na Campestre é o Clube dos Doceiros, com mais de dez anos e 300 participantes ativos, que promove descontos especiais aos associados, em geral doceiros cadastrados, informa Hatsumura. Para ele, um dos diferenciais da distribuidora é o farto sortimento de itens e marcas. Devido à especialização em seu segmento, a Campestre consegue maior eficiência na compra do fornecedor e repasse ao comércio, diferenciando esse trabalho tanto pela disponibilidade de mercadorias como pelos preços. Apesar de confirmar o boom na demanda de chocolates, principalmente de itens de www.docerevista.com.br Demanda de Candies Hatsumura resultados acima da média no setor atacadista. maior qualidade e preço, ainda são as linhas de gomas de mascar as campeãs do giro na Campestre. “Bombons, tabletes recheados e barras vêm em segundo lugar, seguidos pelas linhas de balas e pirulitos”, ranqueia Hatsumura. Peso da qualidade Com o crescimento do poder aquisitivo das classes de baixa renda, nota ele, o consumidor ficou exigente e, acima de tudo, mais criterioso. Assim, o menor desembolso na ponta perdeu relevância, sendo a premiunização da qualidade mais importante na decisão de compra. “Com essas sinalizações, nosso mix é constantemente reformulado”, assinala o comerciante. Embora a Campestre acumule nos últimos anos balanços com a linha azul na ascendente, Hatsumura considera que grande parcela do sucesso da distribuidora tem ligação com as parcerias fechadas com seus fornecedores. Sem citar nomes, ele assegura que, entre os Fonte: Campestre Distribuidora 2014. de maior freqüência e criatividade nas promoções, figuram as maiores fabricantes do setor de confeitos. As promoções, por sinal, não se limitam à venda para consumidor final. Na Campestre, elas podem ser dirigidas a varejistas, distribuidoras ou vendedores autônomos, com a oferta de prêmios ou bonificações, sempre com o apoio do fornecedor parceiro. Entre os próximos passos nesse compartimento, ele inclui o desenvolvimento de alianças para a criação de linha de produtos com marca própria. “Nossa ferramenta de e-commerce encontra-se em desenvolvimento e, em breve, iremos abrir as vendas para todo país, com políticas e preços diferenciados”, adianta o empresário. Além de fechar exclusividade regional de distribuição com alguns fornecedores, a Campestre vem reduzindo custos na ala logística, retirando as compras diretamente no fabricante. “Antes, nossos caminhões muitas vezes passavam próximos das fábricas e retornavam vazios”, comenta. Com relação às expectativas para o final de ano, o dirigente pondera que o faturamento do atacado distribuidor focado no varejo alimentar apresentou crescimento real de 4,2% no último ano. “Tudo indica que o desempenho do setor neste ano está acima das expectativas iniciais, com um impacto de situações adversas menor no segmento e retração mais acentuada em grandes endividamentos, como financiamento imobiliário e de veículos”, observa. Com a vigência do sistema de Substituição Tributária (ST), as operações no estado do Paraná encontraram muitos entraves para repassar o imposto. “Absorvemos parte dele com redução de margem, porém a maior dificuldade hoje é vender para Santa Catarina”, afirma Hatsumura. • Equipe focada cobertura a 3.800 PDVs de todo o Paraná e litoral catarinense. www.docerevista.com.br Setembro 2014 Doce Revista 15 PDV Gosto de quero mais Baixo crescimento da economia e inflação em alta não inibem investimentos na produção de chocolate Chocolate boom na demanda segue estimulando os principais fabricantes do país. S e já não fosse um alento em meio à desaceleração geral na economia, o boom na demanda de chocolate no Brasil fez com que a receita do setor no varejo dobrasse em cinco anos. Varredura da Euromonitor International capta que, em 2008, as vendas da categoria somavam em torno de US$ 16 Doce Revista Setembro 2014 3,5 bilhões. Num salto para 2013, elas passaram para US$ 6,5 bilhões e, segundo projeções da consultoria, devem alcançar US$ 10,5 bilhões até 2018 (ver quadro à pág. 20). O avanço condiz com a movimentação na ponta da produção. O mais recente desdobramento nessa direção parte do grupo belga Puratos, presente no país desde 1986 com linhas para panificação e confeitaria. Apesar da fama de sua grife Belcolade na cena chocolateira mundial, ela só deslanchou na categoria no país em 2010 com uma parceria na produção de cobertura (chocolate industrial) em Linhares (ES), além das importações. Atenta à demanda www.docerevista.com.br sempre crescente, investiu R$ 60 milhões em uma planta industrial, em operação comercial desde o início de outubro em Guarulhos (SP). “Instalamos a fábrica a dez quilômetros da sede da companhia para integrar as operações de panificação, confeitaria e choMagan, da Ferrero Cremasco, da Harald Busquet, da Chocolate colate, obter sinergias e ter maior Ribeiro, da Puratos distribuição em atacados, expansão para melhorar a dois anos de pesquisa Academy o Brasil na controle sobre o processo produ- além da linha premium para qualidade do bombom. para viabilizar linha de linha de frente da Barry chocolate premium. Callebaut no mundo. tivo”, argumenta Carlos Augusto food service. Roza, gerente geral da unidade de chocolates. Além disso, consinal. A linha Belcolade Selection continua- tísticas apontarem para uma estagnação dera ele, a Puratos ganha agilidade para rá sendo importada da matriz na Bélgica. no mercado nos últimos dois anos, o segatender demandas latentes no mercado “As marcas globais são destinadas ao mento de alimentação fora do lar, em que e flexibilização no portfólio, de acordo público profissional e industrial, enquan- atuamos com força, segue crescendo com as necessidades dos clientes. to Vito e Norcau são locais e vendidas em cerca de 10% ao ano”, comenta Ribeiro. Com capacidade inicial de 15.000 lojas de atacado, principalmente para doHá quatro anos, a Puratos formalizou toneladas anuais e primeira expansão já ceiras”, detalha João Ribeiro, gerente de uma parceria com a processadora de prevista para 2018, a unidade vai suprir marketing da Puratos. Ele completa que a cacau Floresta do Rio Doce para produzir tanto a demanda das grifes internacionais maior parte da produção será destinada o chamado chocolate de origem e nacioCarat e Chocolanté como a das marcas à demanda interna, mas a empresa tem nalizar a sua linha premium no país. A nacionais Vito e Norcau, todas direciona- planos de exportar para os demais países ideia era concentrar todas as fases de das para food service e mercado artesa- da América do Sul. “Apesar de as esta- produção, desde o plantio do cacau na www.docerevista.com.br Setembro 2014 Doce Revista 17 PDV região de Linhares, para obter um produto final de melhor qualidade. Mas o plano não foi concretizado e a empresa encerrou a produção em agosto, transferindo alguns equipamentos para a unidade de Guarulhos. “A maior parte do maquinário, no entanto, foi adquirida especialmente para essa fábrica e absorveu o grosso do investimento”, observa Ribeiro, sem abrir detalhes da planta. Na sede de Guarulhos, a Puratos conta com um potencial de 50 mil toneladas anuais de misturas para pães e bolos, recheios, cremes e melhoradores (geleias de brilho), entre outros itens para panificação e confeitaria. Com a unidade de chocolate, o portfólio local alcançará 98% dos cerca de 300 itens distribuídos no Brasil. “É o maior investimento do grupo atualmente no mundo e consagra a operação brasileira entre as dez maiores da empresa”, situa o gerente, complementando que a Puratos está presente em 100 países, com 69 subsi- 18 Doce Revista Setembro 2014 Paiva, da Dori investimentos na linha Disqueti em gestação. Martins, da Bombuello chocolate diferenciado com custo acessível e perto de casa. diárias e 43 fábricas. No Brasil, fatura R$ 200 milhões e projeta um avanço de dois dígitos para este ano. “O único período que atrapalhou um pouco foi a Copa, mas 2014 ainda está se saindo melhor do que 2013”, analisa Alexander Decoster, diretor geral da companhia. Euforia chocolateira Os indícios de que a demanda aquecida ainda reserva espaço para o despejo de mais chocolate partem de Rommel, da Barion classe média continua alavancando o consumo de chocolate. mais players decididos a incrementar a produção local. Em março passado, a italiana Ferrero anunciou investimento de R$ 200 milhões na ampliação de sua fábrica em Poços de Caldas (MG). Segundo Carlos Magan, diretor geral da empresa no Brasil, esse é o maior aporte feito no país, desde a inauguração da unidade há 20 anos, e a maior injeção de recursos programada para este ano nas subsidiárias do grupo pelo mundo. Além de nacionalizar a produção dos www.docerevista.com.br chocolates Kinder, deixando de importá-los da Itália, a expansão também prevê a fabricação da marca Tic-Tac. Até hoje, somente a pasta de avelã Nutella e o bombom Ferrero Rocher eram produzidos na fábrica mineira. No limite de sua capacidade, o volume de Nutella vai dobrar, saltando para 10 milhões de quilos. Com relação ao bombom, carro-chefe da marca, a mudança será sobretudo na qualidade. “A linha Rocher brasileira vai finalmente se igualar à produção do chocolate original da Itália”, assinala Magan. Além da duplicação da fábrica, a companhia também anunciou a construção de um centro de distribuição no mesmo local. Entre os principais supridores de chocolate para food service do país, a brasileira Harald não deixa por menos e investe um total de R$ 30 milhões para expandir sua atuação no mercado premium. O projeto inclui a instalação de uma segunda unidade, que está sendo www.docerevista.com.br construída em São João da Boa Vista (SP), com conclusão prevista para o final desse ano, adianta Jacob Cremasco, diretor comercial da indústria sediada em Santana de Parnaíba (SP). Enquanto isso, a concorrente direta da Puratos opera no filão de coberturas com a marca Melken, fornecida a indústrias de alimentos, padarias, confeitarias e sorveterias. Ao inserir a grife Unique, que consumiu dois anos de pesquisas, a Harald ingressou no chamado mercado premium ou de chocolate fino. Em 2013, lembra Cremasco, a empresa aportou R$ 20 milhões na compra de equipamentos para aumento de capacidade e lançamentos. Outros R$ 10 milhões vêm sendo direcionados, desde o início do ano, para gastos em marketing e recursos humanos, completa ele. Também decidida a surfar no boom chocolateiro nacional, a grife suíça Barry Callebaut opera desde junho do ano passado um centro técnico especializa- do em chocolates para disseminar receitas e tendências. Instalado no prédio da sede administrativa da companhia em São Paulo, a Chocolate Academy é a prova de que o avanço da categoria no país alcançou o ponto certo para acomodar investimentos, argumenta Bertrand Busquet, chef pâtissier encarregado de coordenar os cursos na instituição. Com mais de 150 anos de experiência oriunda de marcas como a belga Callebaut e a francesa Cacao Barry, a unidade brasileira é a 15ª do grupo e a primeira da América do Sul, repassa ele. Número um global na produção e processamento de cacau e chocolate premium, com fábrica no Brasil desde 2010, a companhia possui academias do chocolate em outros 14 países. A exemplo desses locais, Busquet e sua equipe ensinam técnicas, receitas e tendências para inspirar chefs, confeiteiros, artesãos e gourmands interessados em se especializar no chocolate. Setembro 2014 Doce Revista 19 PDV Varejo de chocolate ANO VALOR (em milhões US$) 2008 3.490,4 2013 6.603,7 2018* 10.551,5 (*) Estimativa. Fonte: © Euromonitor International Ltd 2014. Vantagem logística A euforia chocolateira também mobiliza algumas das principais grifes de candies do país que, no último ano, agregaram linhas de chocolate ao portfólio de balas e chicles. Dentro dessa ofensiva, a Dori Alimentos, por exemplo, formalizou no início de 2013 a aquisição da Noblan, tradicional indústria de Bauru (SP) capacitada a produzir 200 toneladas mensais de chocolates e compounds. Entre os fatores que pesaram na decisão de adquirir o negócio foi primordial a inclusão da unidade de “miçangas” coloridas, plata- 20 Doce Revista Setembro 2014 forma que permitirá à Dori ampliar o seu portfólio de linhas populares, comenta Jean Carlos Paiva, gerente sênior de marketing da empresa. Ele lembra que a localização da Noblan também marcou pontos na decisão da compra por oferecer importante vantagem logística, localizada a apenas 120 quilômetros da matriz da Dori em Marília (SP). Uma base de clientes com mais 1.300 nomes também permitirá expandir a penetração da empresa no público de baixa renda. Com o mesmo potencial e desenho estratégico da fábrica de balas Ouro Verde, adquirida pela Dori em 1989, a Noblan é chave para os planos de crescimento da indústria mariliense na cena de chocolate. Ela abriu as portas em 2005 e produz, desde 2007, linhas de ovos de Páscoa e chocolate granulado, categoria na qual a Dori conta com amplo know-how. Por conta disso, foi imediatamente transferida para a matriz da Dori elevando a produção em 150 tone- ladas/mês. “Com o crescimento na base de consumidores – a nova classe C – , mais opções de produtos estão disponíveis, e com isso maior quantidade de informações benéficas para seu consumo”, frisa Paiva. Tanto isso é fato que, hoje, acrescenta ele, esse consumidor consegue identificar a diferença entre um chocolate de boa qualidade e a variante com gordura hidrogenada (ponto de derretimento superior à temperatura do corpo), além do residual de gordura na boca. “Por também se tratar de um produto de consumo por impulso, é importante que sua distribuição tenha grande capilaridade e que o produto esteja disponível nos diversos pontos de vendas dentro do campo de visão do consumidor“, observa ele. No comando da Barion, indústria paranaense pioneira no mercado de tubetes (wafers com cobertura de chocolate), o empresário Rommel Barion confirma que o crescimento da categoria se sus- www.docerevista.com.br tenta nos pilares do aumento da classe média. “Somado a isso, temos consumidores mais exigentes e críticos”, frisa ele, observando que, em quatro décadas, o consumo per capita de chocolate aumentou mais de 900%, refletindo todos esses fatores e a substituição de doces simples, como balas, por itens de maior valor agregado, como o chocolate. Ele lembra que cada vez mais o Brasil vem se descentralizando em relação a polos econômicos e de consumo. “O Nordeste é um bom exemplo disso. Após diversas políticas de incentivo à abertura de indústrias, entre outras iniciativas para a criação de emprego e renda, se transformou na bola da vez”, sublinha. Com fábrica em Pernambuco desde 2011, a Mondelez, dona da Lacta e número um em diversos segmentos do setor de chocolate, já fez quatro expansões na planta e, desde agosto, produz no local a linha Sonho de Valsa, campeã do giro na categoria de bombom tipo www.docerevista.com.br confeitos de chocolate consumo per capita aumentou 900% em quatro décadas. bola no país, repassa Andréa Martins, diretora de negócios da companhia para o Norte e Nordeste. Em uma outra frente, o apetite voraz do brasileiro por chocolate vem sendo aplacado pela onda das franquias. Uma das mais recentes tacadas nessa direção parte da rede paulista Bombuello, braço do grupo Frutiquello, que planeja uma arrancada no varejo para o primeiro trimestre de 2015. “A marca lançada em 2010 foi uma forma de suprir a necessidade de chocolate para a produção dos sorvetes Frutiquello. Nasceu como uma rede de franquias e em função do enorme sucesso junto ao público final”, Setembro 2014 Doce Revista 21 PDV resume Rogério Martins, diretor do grupo sorveteiro. Com base em dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), ele sustenta que a média de 2,8 quilos per capita de consumo de chocolate do brasileiro ainda é muito baixa e cerca de 25% da população ainda não podem ser considerados consumidores da categoria. Para o executivo, a demanda de chocolates cresce desde meados de 2010, quando começou a refletir o aumento do poder aquisitivo das classes de baixa renda. “Ainda há um vasto mercado a se conquistar. Além disso, o chocolate está no food service, combinado a outros itens e cardápios. Mesmo com a euforia do crédito tendo seus dias contados, o consumo do produto é como uma conquista para a classe média”, avalia Martins. Nas atuais sete lojas, sendo uma própria e as demais franqueadas, a Bombuello comercializa mais de 40 itens. De creme de avelã a trufas e bombons, passando por barras de 30g e 100g, as unidades oferecem confeitos elaborados por mestres chocolatiers a partir de uma massa base com 30% de sólidos de cacau. • Páscoa começa aqui Apesar de distante, a Páscoa de 2015 já movimenta os bastidores da indústria chocolateira, que começa a acionar as linhas de centrífugas usadas na confecção de ovos a partir de outubro. Um dos indicadores dessa produção é o segmento de moldes que, a cada campanha, fornece milhares de unidades, tanto Daniele vendas puxadas por franquias de para reposição de linhas como para os lançamentos chocolate em 2014. da temporada. Número um no desenvolvimento e produção de versões em policarbonato – material termoplástico mais ultilizado na aplicação –, a Gramado Injetados desova cerca de 10 mil formas a cada campanha. “Abastecemos todos os fabricantes de grande porte do Brasil e, desde o início do ano, enviamos moldes para clientes da América do Sul, a exemplo das chilenas La Fête Chocolat e Varsovienne”, informa Daniele Arend, diretora de marketing da indústria baseada há exatos 20 anos em Gramado (RS). Além do aniversário, a empresa comemora o ingresso no segmento de embalagens de plástico rígido injetadas para bonbonnières, filão no qual pretende desenvolver uma linha própria a partir do próximo ano, adianta a executiva. Outro trunfo que ela festeja é o lançamento da linha de formas de transfer, que permite gravações na superfície do chocolate. “Desenvolvemos uma tecnologia exclusiva na qual o imã que suporta o transfer é soldado e encapsulado na peça, evitando falhas de gravação e contaminações”, repassa Daniele. Verticalizada em todas as etapas da elaboração dos moldes de policarbonato, a transformadora vem ganhando cada vez mais espaço na ala chocolateira, com produtos de qualidade superior a similares importados a custos mais competitivos, sinaliza a diretora. Com capacidade instalada acima de 400-500 quilos/hora, a empresa cresce a uma taxa média anual de 10% e, praticamente, se mantém na liderança isolada da atividade no país. “No ano passado o crescimento foi puxado pela demanda das grandes indústrias por peças de reposição e projetos de lançamentos, mas em 2014 os pedidos de empresas que operam com franquias de chocolate e dos fabricantes artesanais vêm sustentando o avanço do negócio”, comenta Daniele. 22 Doce Revista Setembro 2014 www.docerevista.com.br Capa quem ganha é o consumidor Demanda por linhas premium e itens de maior valor garantem o crescimento do setor de biscoitos Biscoitos produtos de maior valor abrem brechas para crescer, mesmo com alta penetração. A melhora na renda e ascensão da classe C produziram um efeito quase generalizado no mercado de consumo. Subitamente com maior poder aquisitivo esse contingente passou também a comprar mais e melhor, gerando em certos setores o fenômeno da premiunização. É assim que a indústria de biscoitos justifica a projeção de crescimento de 3% para o exercício em curso. “Embora a indústria em geral deva enfrentar uma leve queda, o nosso segmento cresce por conta da demanda de produtos de maior valor agregado, tendência que deve se manter”, consi24 Doce Revista Setembro 2014 dera Alexandre Colombo, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos (Anib). Com base em pesquisas sobre comportamento, ele pondera que o consumidor, mesmo um pouco mais endividado, não irá abrir mão de hábitos adquiridos nos últimos tempos, devendo manter a compra de produtos premium. “Já em faturamento, o crescimento deve ser entre 5% e 7% e, para 2015, ainda é muito cedo para pensar em projeções”, enfatiza o dirigente. Levantamento da Anib mostra que, em 2013, a produção brasileira de biscoitos totalizou 1,271 milhão de tone- ladas (t), volume equivalente a um faturamento (fábrica) de R$ 7,91 bilhões, cravando leve alta de 1,7% em volume e avanço em torno de 12,7% em receita, em relação ao período anterior. Na ponta do varejo, o setor mostra uma performance ainda mais expressiva. Pelo pente-fino da Euromonitor International, as vendas da categoria no ano passado alcançaram US$ 8,4 bilhões, cravando a surpreendente alta de 16,5% frente ao resultado anterior. Pelas projeções da consultoria, o varejo de biscoitos deve movimentar volumes na faixa de 1,2 milhão de toneladas nos próximos anos, www.docerevista.com.br atingindo a receita de US$ 11,2 bilhões no fechamento de 2018 (ver quadro à pág. 29). Pelas planilhas da empresa de inteligência Mintel, que também audita o varejo de biscoitos, o gasto per capita do brasileiro em 2013 foi de US$ 22,96, patamar que vem sendo mantido nos últimos cinco anos, com exceção de 2011 (US$ 28,10). Pelas previsões da consultoria, o índice deve cair para US$ 21,69 no presente exercício e para US$ 21,87 no próximo ano, retomando a faixa de US$ 22,49 em 2016. Mudanças recentes na economia e no perfil dos consumidores brasileiros estimularam mexidas importantes em várias categorias alimentícias. Na de biscoitos, esse dinamismo catalisou processos de “trade up”, aumento de qualidade e diversificação de produtos, elementos que juntos impactaram nos preços médios da categoria, mais do que em mercados maduros como EUA e Reino Unido, observa o estudo Biscoi- www.docerevista.com.br tos Doces e Salgados – Brasil 2013 da Mintel. De acordo com relatório da consultoria, o atual momento do setor alimentício no Brasil propicia o aproveitamento da alta de preços para investimentos em inovação e melhoria da qualidade, para que o público se convença de que vale da Anib Costa, da Nielsen a pena pagar pelos itens que está Colombo, expectativa de avanço em consumidor mantém hábitos consumindo. Dados da pesquisa volume de 3%, apesar da adquiridos e segmentos premium em alta. com consumidores desse estudo retração econômica. indicam o óbvio: as classes A e B são as que mais procuram as marcas mindo um biscoito premium, com preço premium, mas no geral a penetração é mais em conta, pode explicar a manubastante pequena. Segundo a Mintel, o tenção da demanda geral na categoria. Em comparação com outros segpreço médio da categoria de biscoitos aumentou 37% nos últimos cinco anos, mentos indulgentes, o aumento dos escalada maior do que em países como preços dos biscoitos não está na conMéxico, Reino Unido e EUA. Essa eleva- tramão do mercado, avalia a Mintel. ção nas tabelas refletiu em melhorias Apesar de ter um preço médio inferior na categoria, mas não em premiuniza- ao das categorias de chocolates, bação e, conclui o relatório, a penetração las e chicles, o avanço da cotação dos de marcas premium ainda é bastante biscoitos foi superior, indicando que baixa. Mas a impressão de estar consu- possivelmente absorveu maiores influ- Setembro 2014 Doce Revista 25 Capa conseguir um produto de qualidade. Nesse sentido, mais do que a experiência de uma nova subcategoria premium, os consumidores brasileiros ainda demandam uma maior agregação de qualidade e sabor às subcategorias de biscoitos doces já existentes, conclui o estudo da Mintel. Conti, da Bela Vista avanço acima da média do setor, com cookies e itens cobertos. ências dos custos de produção e o salto na qualidade pode também ter sido mais significativo. Na comparação com outros mercados, o aumento do preço médio dos biscoitos brasileiros surpreende, uma vez que supera os ajustes no Reino Unido, México e Estados Unidos, mercados nos quais a categoria se encontra mais consolidada. Ao analisar os tipos de produtos comprados pelos brasileiros, a Mintel constata penetração satisfatória das subcategorias que são normalmente mais caras. As reconhecidamente 26 Doce Revista Setembro 2014 premium, como os cookies, figuram nas últimas posições de compra. Mas as variantes que tradicionalmente têm preço mais elevado, como wafers e recheados, exibem boa penetração. Para biscoitos doces, a demanda de recheados é bastante alta, principalmente a da versão chocolate. Considerados de alto valor agregado os wafers possuem uma formulação complexa, pois reúnem aspectos como crocância, sabor da massa, consistência do recheio, sabor do recheio, entre outros, nos quais os fabricantes têm que se esmerar para Oportunidades para a indústria Em apoio à posição da Anib, a consultoria Nielsen observa que apesar do cenário econômico instável e do maior endividamento da população, os alimentos premium continuam na preferência dos consumidores. É o que confirma a pesquisa divulgada no XIV Congresso Internacional das Indústrias de Biscoito, Macarrão e Pão Industrializado, promovido pela Anib e Abima (Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias e Pão&Bolo Industrializado), em setembro passado em www.docerevista.com.br Capa Reichel, da Germani linha repaginada com elementos tradicionais da marca em projeto gráfico moderno. Brasília (DF) (ver quadro à pág. 30). Conforme o estudo apresentado em primeira mão, em momentos de endividamento, como o atual, a cesta de alimentos é a primeira a ser cortada, com redução média de 17% e impacto em todas as classes (19% na D, 16% na C, 10% na A/B). “Mas, apesar da retração, o shopper tem mantido alguns hábitos adquiridos e os segmentos premium continuam crescendo, porque o consumidor compra menos, mas não deixa de comprar”, argumenta Alfredo Costa, diretor comercial da Nielsen e responsável pela pesquisa. O reflexo desse comportamento, completa ele, se dá na busca por canais onde se encontram marcas premium mais baratas, como o cash and carry (atacarejo), além da preferência por itens ou embalagens mais competitivas. Segundo Costa, oportunidades para a indústria de biscoitos podem derivar desse comportamento, com a oferta de apresentações menores, para consumo rápido de baixo desembolso e, no lado oposto, embalagens tamanho família, que justifiquem o investimento. Entre as categorias que caíram no gosto do consumidor e permanecem na sua cesta, percebe o diretor, estão cookies, pães especiais, massas sem sêmola e macarrão especial. Os dados mostram ainda oportunidades para a indústria investir em inovação, trazendo produtos que apresentem valor agregado perceptível ao consumidor. “O shopper está disposto a gastar com itens inovadores e que apresentem 28 Doce Revista Setembro 2014 diferencial”, assinala Costa, acrescentando que a dica para aproveitar esse momento é promover e valorizar atributos de saudabilidade e funcionalidade, principalmente no reduto de biscoitos. Jorge Conti, diretor executivo da Bela Vista, confirma que a oferta de itens de maior valor, tais como cookies e biscoitos cobertos, garantiu crescimento acima da média do setor. “Comparando o resultado do mercado em geral que registrou alta em valor de 13% em 2013, a Bela Vista teve um crescimento de mais 30% no mesmo período”, confronta. Já no exercício em curso, acrescenta ele, o avanço segue moderado, mas ainda assim a previsão é fechar o ano com alta em torno de 15%, permanecendo acima da média do setor. “Em uma categoria estável como a de biscoitos partimos para inovações que são substanciais para aumentar o valor do negócio”, sintetiza o diretor. Desde o início do ano, o mercado vem intensificando um processo de mudanças em comparação a 2013, no qual se percebe uma polarização de itens de maior valor agregado e preço baixo, argumenta Júlio Reichel, gerente comercial para o Sudeste e Exportação da Germani. A partir desse ano, a indústria começou a conviver com um cenário diferente, na qual prevalece uma tendência de mudança nos hábitos de alimentação e, consequentemente, na oferta de produtos. “Começou-se a exigir um conjunto de fatores para levar benefícios ao consumidor, como praticidade, saudabilidade e bem-estar”, completa Eloi Turmina, gerente comercial RS das marcas Germani e Corsetti. A valorização de tendências como a da portabilidade (linhas on-the- go) e da saudabilidade (health and wellness) vieram para ficar e têm norteado os Biscoitos parte da dieta familiar do brasileiro. www.docerevista.com.br lançamentos na Bela Vista, insere Conti. Novidades como os cookies com gotas 100% de chocolate incorporados à linha infantil Fazendinha, em pacote de 50g, que permite o consumo imediato, são exemplo dessa postura. O executivo informa que os biscoitos com a marca Bela Vista tiveram a apresentação renovada. Outra providência em sintonia com a demanda atual foi manter os itens cobertos com chocolate com baixa gramatura, tornando a linha própria para consumo do tipo snack. “Em produtos voltados para saúde e bem-estar, a empresa trabalha em um novo portfólio a ser lançado em 2015, atendendo as demandas de portabilidade e praticidade”, ele deixa no ar. Na Germani, Reichel argumenta que o ritmo de vida atual exige a oferta de alimentos de rápido consumo e apelos de energia, leveza e saúde. “Por isso também lançamos produtos de menor gramatura, como as versões em 30g www.docerevista.com.br Evolução do varejo ANO VALOR (em milhões US$) 2008 6.011,4 2012 7.154,5 2013 8.478,4 2018* 11.240,1 (*) Estimativa. Fonte: © Euromonitor International Ltd 2014. dos aperitivos salgados Mignon e Suzi Crock com a marca Germani, agregando ao portfólio opções de lanche (snacking) para qualquer hora do dia”, sublinha o gerente. Turmina completa que as mudanças de hábito por parte do consumidor visam alcançar atributos antes não exigidos, tais como beleza e longevidade. Nesse cenário, estão em alta conceitos como naturalidade, sabor e conveniência. “Baseados nisso, lançamos por exemplo as Mini Roscas Vitaminadas, de leite e chocolate, em versões de 30g e 150g, enriquecidas com vitaminas A, B1, B2, B3 e Ferro, e posicionadas principalmente para o público infantil”, assinala o executivo. Adaptação ao consumo Todos concordam que o biscoito é um alimento com alta penetração nos lares e faz parte da dieta familiar do brasileiro. Mesmo em um momento no qual a economia se apresenta mais Setembro 2014 Doce Revista 29 Capa Turmina, da Corsetti praticidade e saudabilidade na lista de exigências do consumidor. vulnerável, a categoria mantém crescimento por tradição de consumo e ampla distribuição. “Mas para garantir isso é necessário que a indústria adapte o conceito de produtos e as apresentações à capacidade de renda e compra dos consumidores”, grifa Conti. Desde maio passado, segue ele, a Bela Vista banca uma redefinição nas linhas de embalagens, adaptando-as às expectativas de bolso e consumo do público fã da marca. Levando em conta as atuais preocupações com os temas sustentabilidade e meio ambiente, a indústria paulistana deve já a partir de 2015 apresentar modificações e aprimoramentos nas suas embalagens visando mitigar o impacto ambiental. “Ao mesmo tempo reforçamos a praticidade, a portabilidade e a segurança, com conceitos que estão mudando as apresentações e embalagens de biscoitos no Brasil”, frisa Conti. Já a linha de biscoitos Germani foi repaginada em 2013, repassa Turmina. “No layout buscamos ressaltar elemen- tos já tradicionais da marca em um moderno projeto gráfico, onde a cor vermelha foi usada como base para todos os envoltórios, acrescentando a arte do campo de trigo, reconhecida pelo consumidor das massas da marca”, relata. Também a linha de biscoitos doces e salgados Coroa, grife pertecente à Germani, teve seu design atualizado, com projeto que modernizou a identidade das versões sem perder a essência da marca, uma das mais lembradas pelos gaúchos, conclui o executivo. Quanto às tendências nas apresentações, Reichel destaca a onda de consumo mais individualizado e, nesse cenário, predominam as embalagens de até 100g. “Pacotes com pequenas porções estão em alta, confirmando a tendên- Eles têm a força As indústrias de biscoitos, massas, pães e bolos agora estão reunidas em uma só entidade. O anúncio do novo arranjo foi o ponto alto do XIV Congresso Internacional das Indústrias de Biscoito, Macarrão e Pão Industrializado, realizado em Brasília (DF) em setembro, numa promoção conjunta entre a Anib (Associação Nacional da Indústria de Biscoito) e a Abima (Associação Brasileira da Indústria de Massas Alimentícias e Pão & Bolo Industrializado), que comemorou 30 anos de atividade. A criação da Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pão & Bolo Industrializados) resulta da fusão da Abima com a Anib e extingue as duas instituições. A nova associação nasce com 82 associados, que detêm cerca de 80% de share do mercado. Juntos os setores faturam R$ 20 bilhões ao ano com a produção de três milhões de toneladas de produtos, equivalente a um terço do consumo do volume nacional de farinha de trigo, além de serem responsáveis por mais de 100 mil empregos diretos. Para Alexandre Colombo, atual presidente da Anib, a união se justifica em função da sinergia de demandas das indústrias envolvidas, incluindo temas como a redução da carga tributária, pautas de exportação, logística reversa e sustentabilidade, além do atendimento à legislação em geral. “Somente em 2014 tivemos 13 assuntos em comum em pauta, que foram encaminhadas pelas duas associações e 30 Doce Revista Setembro 2014 Zanão, da Abima, e Colombo, da Anib agora juntos na Abimapi. discutidas no âmbito governamental”, enfatiza o executivo. A partir de janeiro do próximo ano, Claudio Zanão, dirigente da Abima, assume a presidência geral da nova entidade, que terá representantes individuais para cada categoria. “A fusão dá origem a uma das maiores associações alimentícias do país, a qual desempenhará um papel cada vez mais relevante em auxílio às posições dos três segmentos agora reunidos, reforçando a importância do setor de alimentos à base do trigo”, ressalta Zanão. www.docerevista.com.br cia de consumo single ou monodose que se enquadra, por exemplo, na onda de snacking, que é o lanchinho fora da hora”, conclui. Uma das pedras no caminho do setor de biscoitos para bancar todas essas inovações foi a instabilidade no suprimento de trigo, matéria-prima básica dessa indústria. Conforme percepção unânime no mercado, no ano passado, a commodity registrou aumento considerável, mas em 2014, uma maior oferta reduziu os preços, influenciando diretamente o valor final dos produtos. “O maior problema em relação à farinha de trigo foi enfrentado no primeiro semestre, momento em que o governo ajudou isentando da TEC (Tarifa Externa Comum) um milhão de toneladas de trigo e farinha de fora do Mercosul”, esclarece o presidente da Anib. Ele tranquiliza o setor informando que a colheita da atual safra de trigo começou em setembro e, por enquanto, o www.docerevista.com.br produção de biscoitos crescimento em volume de 1,7% contra alta em valor de 12,7% em 2013. mercado permanece estável, auxiliando os fabricantes dos derivados. “A safra brasileira sinaliza ser uma das melhores dos últimos tempos. A se confirmar, teremos uma recomposição expressiva no abastecimento com consequência direta nos preços dos produtos finais”, reporta ele. Setembro 2014 Doce Revista 31 32 Doce Revista Setembro 2014 www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Setembro 2014 Doce Revista 33 Giro QUEM: FERRERO PRODUTO: KINDER OVO GANCHO: BARBIE E HOT WHEELS QUEM: ARCOR PRODUTO: CHOCOLATE GANCHO: TRIPLA CAMADA Parceria inédita com Barbie e Hot Wheels une o chocolate que as crianças adoram com a alegria da surpresa e da brincadeira. É assim que Kinder Ovo, marca do grupo Ferrero, renova o portfólio para o Dia das Crianças. As novidades incluem surpresas com variados modelos de miniaturas de carros Hot Wheels e bonecas e acessórios da Barbie. Segundo a indústria sediada em Curitiba (PR), cada surpresa é criada com o suporte de avaliações psicológicas e procura estimular habilidades cognitivas, emocionais e também o desenvolvimento motor da criança. Pensando nisso, os lançamentos, ícones do universo infantil, reforçam o incentivo da marca a um crescimento saudável e feliz. Kinder Ovo e a coleção de surpresas Barbie e Hot Wheels podem ser conferidos desde setembro nos pontos de venda (PDVs) do atacado e varejo nacional, ao preço sugerido de R$ 3,99 a unidade. A Arcor incrementa a linha de tabletes familiar de 140g com mais um sabor exclusivo. Com tripla camada, o confeito busca atender todas as preferências dos apreciadores da marca, compondo a estrutura com chocolate meio amargo na cobertura, o tipo branco na camada interna e o ao leite na base, informa Nicolas Seijas, gerente de marketing de chocolates da companhia. “Somos a primeira fabricante no Brasil com a tecnologia de unir três sabores em um único tablete”, assinala o executivo. A novidade, acrescenta ele, introduz um novo molde para toda a linha de tabletes familiar, com formato arredondado que favorece o derretimento da massa. Também exibe um novo design na embalagem, que estampa o Selo do Mestre Chocolateiro, atestando a qualidade do chocolate. Impresso na parte frontal, a chancela garante a origem do cacau e a excelência na seleção das matérias-primas. “Essas 34 Doce Revista Setembro 2014 inovações fazem parte do plano contínuo de investimentos da empresa em pesquisa e desenvolvimento, que prevê para 2014 aporte de R$ 55 milhões na área de marketing, sendo 40% desse valor destinados à divisão de chocolates”, detalha o gerente. Com o lançamento direcionado ao público jovem adulto, a expectativa é aumentar em 5% o volume de venda da categoria de tabletes familiar, que detém 6,6% de participação no mercado brasileiro, repassa Seijas, completando que a novidade tem distribuição prevista para todo Brasil ao preço sugerido de R$ 4,49 a unidade. QUEM: MONDELEZ PRODUTO: LAKA OREO GANCHO: UNIÃO DE MARCAS Duas marcas icônicas da Mondelez, perceberam que tinham tudo a ver uma com a outra. “Oreo comentou um post de Laka; Laka publicou uma foto com Oreo, e então resolveram começar uma apetitosa amizade. O resultado disso é que elas não se desgrudam mais”, interpreta Juliana Macedo, gerente de marketing www.docerevista.com.br de Lacta na Mondelez Brasil. Essa foi a linha adotada pela empresa para integrar duas marcas líderes da companhia em um produto que já nasce com jeito de campeão: o Laka Oreo. Depois do sucesso da combinação de Diamante Negro com Laka, a companhia agora une a cremosidade de Laka, marca líder no segmento de chocolate branco no Brasil, à crocância de Oreo, uma das grifes de biscoitos mais conhecidas do mundo, frisa a gerente, orçando a novidade em R$ 4,99 cada embalagem (preço sugerido ao varejo). O lançamento, segue ela, já pode ser encontrado nas principais redes de supermercados e, em breve, estará em todo o comércio varejista do país, inclusive no Norte e Nordeste. “Trata-se de uma inovação de peso para os consumidores que, além de uma combinação de texturas e sabores únicos, entrega também retorno rápido aos www.docerevista.com.br varejistas”, comenta Juliana. Com base em dados da Nielsen, ela informa que inovações no segmento de chocolates representaram 71% do crescimento desse mercado em 2013. Além disso, para o varejista, inovação que une duas marcas fortes tende a girar mais. Com mais essa inovação, a Lacta aumenta sua presença no segmento de tábuas. Nos últimos 12 meses, essa variante movimentou R$ 1,3 bilhão e cresceu 16% em valor. QUEM: NEUGEBAUER PRODUTO: CHOCOLATE APLAUSO GANCHO: RECHEIO CREMOSO O trade e os fãs do autêntico chocolate Neugebauer têm mais um motivo para comemorar. A marca apresenta o tablete Aplau- so Recheado, que chega totalmente repaginado tanto na fórmula como nas embalagens e agora com um recheio leve e cremoso. Nas opções Creme de Avelãs, Mousse de Coco e Iogurte de Morango, o lançamento substitui a versão de Aplauso já conhecida, podendo ser encontrado, desde setembro, nos pontos de venda (PDVs) do Sudeste e Sul. Desenvolvidas pela agência BHZ Design, as embalagens traduzem bem as características do produto, destacando o recheio e os ingredientes dos novos sabores. “A novidade representa uma boa opção para o consumidor que quer sabor, cremosidade e qualidade num único produto. Nossa expectativa é que até o final do ano, ela ganhe a preferência do público e incremente em cerca de 20% as vendas da empresa”, estima Claudio Fontes, dirigente da Vonpar Alimentos, controladora da Neugebauer. Setembro 2014 Doce Revista 35 Top do mês mais açúcar em suas vendas! anuncie em doce revista. 36 Doce Revista Setembro 2014 www.docerevista.com.br Saúde & Bem-Estar A cura pelo chocolate Variantes funcionais da Chocolife brindam os consumidores de todos os tipos de intolerância alimentar E ntre as pioneiras no filão de chocolate funcional ou nutracêutico no Brasil, a Chocolife vem há sete anos expandindo sua penetração por diversos perfis de consumo, graças à disseminação crescente dos benefícios à saúde cientificamente comprovados da ingestão regular de sólidos de cacau. A empresa abriu as portas no Rio Grande do Sul com o encontro entre o nutricionista Gabriel de Carvalho e a engenheira de alimentos Virgínia de Avila Dias. Ambos não se conformavam com a inexistência de chocolates que pudessem ser prescritos por nutricionistas, endocrinologistas e até mesmo cardiologistas. Juntando o conhecimento e experiência de cada um em sua especialidade, nasceu a grife, que hoje sobressai nas gôndolas de chocolates aprovados para consumo no circuito de saúde e bem-estar. Em entrevista exclusiva à Doce Revista (DR), Virgínia detalha a trajetória da Chocolife. DR – Como foi o começo da empresa? Virgínia – No seu dia a dia de consultório, o Gabriel de Carvalho percebia que todo o paciente que chegava em busca de uma nova alimentação relutava em tirar o chocolate da dieta. Ele, em contrapartida, não encontrava um produto que de fato pudesse prescrever dentro dos princípios da dieta funcional. Eu iniciava um trabalho de pesquisa para desenvolver um chocolate saudável. Esse foi o início da busca conjunta dos princípios que fariam a Chocolife. Lançamos a primeira versão de chocolate com 50% de cacau, sem açúcar, glúten, lactose e gordura trans, ainda com alto teor de fibras e 38 Doce Revista Setembro 2014 nas amêndoas. Depois, lançamos os mesmos produtos, apresentados somente em tabletes de 30g, em barras de 500g, abrindo a linha para o mercado artesanal. Assim, chefs de cozinha e confeiteiros em geral puderam agregar a funcionalidade do Chocolife também em suas preparações. Nosso produto também ingressou no mercado de farmácias de manipulação, que transforma as barras de Chocolife em bombons com ativos benéficos prescritos por médicos. Virgínia chocolate ingressa na ala da prescrição médica. com redução de 25% de calorias comparado a outros chocolates sem açúcar do mercado. DR – Qual a explicação para o boom no consumo de chocolates? Virgínia – O chocolate sempre foi um produto muito desejado pelos brasileiros. E quando se fala de um chocolate funcional, essa preferência aumenta ainda mais, pois é possível associar saúde e sabor no mesmo produto. Acredito que a associação entre as mudanças de hábitos dos consumidores e as descobertas científicas (com divulgação ao consumidor) têm sido mais relevantes para esse crescimento da categoria. DR – Como estão evoluindo a demanda e a oferta? Virgínia – Quando lançamos o Chocolife 70% cacau, incorporando ainda mais cacau ao produto, pensávamos nos benefícios dos polifenóis contidos DR – O formato atual das redes ou franquias de chocolaterias teve que impacto no aumento do consumo? Virgínia – Um impacto muito relevante. As pessoas estão cada vez mais interessadas em consumir produtos saudáveis. Portanto, o mercado de chocolate funcional irá crescer ainda mais. DR – Quais os planos da empresa? Virgínia – Apesar do nome, a Chocolife pretende não ser uma empresa focada somente em chocolates, e sim em alimentos funcionais diversos, atendendo o público que busca saúde na sua alimentação. Nossas linhas se diferenciam por não se enquadrar somente na nutrição dietética, simplesmente retirando o açúcar dos produtos. Procuramos sempre agregar mais benefícios, por exemplo com a retirada de glúten e lactose sempre que possível, agregando fibras e tendo o menor percentual de gordura. Além do enquadramento diet/ light, atendemos a demanda de intolerantes à lactose, glúten, diabéticos e também às pessoas que estão ou não em dieta de redução de peso, mas como uma escolha diferente e saudável. • www.docerevista.com.br