BISCOITOS
l
CANDIES
l
CHOCOLATES
l
SNACKS
l
SUCOS E REFRESCOS
28
Nº 239
Setembro 2014
a nova
visão do mercado
Marcas premium e linhas de maior
valor sustentam agora o crescimento
do setor de BISCOITOS
CHOCOLATE
boom segue atraindo
investimentos
MARS
Filipe Fonseca mostra como
a marca virou um fenômeno
Carta do Editor
Ano XXVIII - nº 239 - setembro de 2014
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Circulação OUTUBRO de 2014
Membro da Anatec
Associação Nacional das editoras
de publicações técnicas dirigidas
e especializadas.
Foco nos emergentes
R
ecém-chegada ao Brasil, via parceria
com o grupo CRM, a grife suíça Lindt parece estar longe de abocanhar
participação significativa no cenário local de
chocolate, aliás, tema de reportagem especial desta edição. Fora do Brasil, sua atuação
é bem diferente. Dominado por múltis como
Nestlé e Mondelez, a demanda doméstica de
chocolates é também abastecida por outras
gigantes globais, como Arcor, Hershey’s, Ferrero e Mars. Contando com sua controlada
Garoto, a Nestlé disputa a faixa de campeã com a americana Mondelez, dona
da Lacta. Porém, no
mercado americano
ela detinha até há
pouco tempo apenas a terceira colocação, ficando atrás
da Mars e Hershey’s
que, juntas, controlam 65% das vendas de
chocolate naquele país. Em julho passado, o
grupo Lindt Spruengli anunciou a aquisição
da americana Russel Stover Candies. Ela se
juntou à Ghirardelli Chocolates, outra operação que a companhia havia assumido. Assim,
a Lindt passou a ocupar a terceira colocação,
com a fatia de 7,4%, empurrando a Nestlé
para a quarta colocação, apesar da tradição da grife suíça de buscar o primeiro ou
o segundo lugar em todos os seus negócios.
Segundo a consultoria Euromonitor International, a Nestlé detém apenas 4,8% das vendas de chocolates no mercado americano,
apesar da marca KitKat, um dos maiores hits
da companhia na categoria, ocupar a quarta
posição, com share de 4,3% do giro no segmento. As principais marcas de chocolate da
Nestlé nos EUA, Butterfinger e Crunch, estão
no 12º e 26º lugares, respectivamente. Acontece que naquele país os direitos de comercialização de KitKat pertencem à Hershey’s,
por conta de um arranjo comercial costurado
no passado e em vigência até hoje. Para turbinar as vendas e melhorar sua posição em
um mercado estimado em US$ 18 bilhões,
segundo a agência Bloomberg, a maior empresa de alimentos do mundo lançou as barras Girl Scout Crunch e o chocolate Skinny
Cow, com menos calorias. Mas isso não foi
suficiente para impor um desafio real às empresas líderes. A estratégia mais óbvia seria
comprar a Lindt. Embora a Nestlé seja muito
maior do que as líderes do mercado americano de chocolate, é improvável que ela faça
uma oferta por alguma delas. A Mars é uma
empresa privada e
frequentemente adverte o mercado de
que não está à venda. Por outro lado, os
acionistas da Nestlé
ficariam no mínimo
divididos com uma
eventual compra da
Hershey’s, por conta
dela não se adequar
ao direcionamento a produtos mais saudáveis da companhia. A Lindt, por seu turno,
também manifestou que a empresa pretende continuar sendo independente. Crescer no
mercado massivo de chocolate dos EUA pode
ser um desafio para a Nestlé porque ele está
muito saturado, observam especialistas. A
Lindt focou no segmento premium e investe
nele há anos, enquanto a Nestlé, nesse caso,
está muito atrás. Segundo esses analistas,
ela poderia se impor nessa faixa mais nobre
com sua marca Cailler, de grande sucesso na
Europa. Trata-se da fabricante considerada
a criadora do chocolate ao leite, que existe
há dois séculos e foi comprada pela Nestlé
em 1929. O pedigree conferiria à grife a estatura de veículo natural para um impulso
no mercado de alto valor. Mas desenvolver
a Cailler nos EUA seria um processo a longo
prazo e também fora de cogitação. Analistas
sugerem que a Nestlé não deve se preocupar
com os EUA, onde é só mais um concorrente. Ao invés disso, deveria se concentrar nos
mercados emergentes. Mas disso ela já cuida bem. 
Setembro 2014 Doce Revista
3
Sumário
07 EQUIPAMENTOS
HAAS mistura fina
Família de misturadores Mondomix apresenta linha horizontal que é mão
na roda para instalações de biscoitos
08 ENTREVISTA
MARS com o pé no acelerador
Os planos do diretor de vendas Filipe Fonseca incluem aprimorar a
presença da marca e tornar seus chocolates objeto do desejo no país
14 VITRINE ATACADISTA
CAMPESTRE a especialista do Paraná
Ao operar exclusivamente com candies, a distribuidora cresce em Curitiba,
a tiracolo da fama de possuir o mais completo mix do setor
16 PDV
CHOCOLATE boom segura investimentos na produção
Apesar de estatísticas indicarem saturação na oferta e demanda da
categoria, a indústria ainda injeta recursos em fábricas e na ampliação
de linhas
24 CAPA
BISCOITOS linhas premium garantem o giro
O setor continua a crescer em volume e valor, apostando na preferência
dos consumidores por itens de maior valor agregado
SEÇÕES
06 MIX marca de refresco em pó da Mondelez promove movimento que incentiva
atividades do dia a dia, entre outros destaques
12CONSULTORES a análise de especialistas dos mercados de açúcar e cacau
32 DESTAQUE enquete exclusiva sobre vendas no Dia das Crianças e Halloween
34 GIRO os lançamentos que enfeitam as prateleiras do atacado distribuidor doceiro
38 SAÚDE & BEM-ESTAR diretora da Chocolife detalha a linha de chocolate funcional
que pode ser prescrita por nutricionistas e cardiologistas
4
Doce Revista Setembro 2014
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MIX
SAUDABILIDADE
Movimento 3 por 1
C
onsumir a quantidade de água ideal
por dia é para muitas pessoas uma
missão quase impossível. Pensando nisso, a marca Clight, de refrescos em
pó isentos de açúcar, bolou o Movimento
3 por 1. “Ele incentiva o acréscimo de
mais sabor às atividades comuns do dia a
dia, provando que o bom pode ficar ainda
melhor”, argumenta Ana Sarrão, gerente
de produto da Mondelez Brasil, detentora
da marca. O mesmo, diz ela, vale para a
hora da hidratação. Assim, a campanha
orienta os consumidores a beber água.
“A ideia é que os fãs da marca experimentem, a cada três garrafinhas de água
por dia, consumir uma com Clight, facilitando o consumo recomendado de dois
litros diários, com zero açúcar e baixo
teor de sódio”, sublinha a executiva.
Com essa tacada, Clight busca amplificar o prazer da hidratação e incentivar a
prática do 3 por 1 em outras rotinas do
dia a dia. “Por exemplo, para cada três
corridas na academia, um respiro ao
ar livre; para cada três roupas básicas,
uma arrasadora e assim sucessivamente, orienta Ana Sarrão. O lançamento da
campanha contempla ações no ponto de
venda (PDV), mudança de embalagem e
campanha no meio digital, focado no target da marca, com conteúdo proprietário, informa. “A principal plataforma será
o Facebook de Clight, hoje com mais de
800 mil usuários”, frisa a gerente. A Mondelez também coloca no ar um hotsite
exclusivo (www.movimento3por1.com.
br), convidando as mulheres a criarem
seu próprio 3 por 1 e compartilharem
com as amigas. Criada pela agência
SapieentNitro, um filme manifesto postado no YouTube (www.youtube.com/
watch?v=GoCA5RDwImw) será veiculado em plataforma digital e redes sociais
da marca.
Em nosso site
Ômega-3 em chocolate drageado
C
om o objetivo de incorporar o
ômega-3 em confeitos drageados de chocolate, o Cereal
Chocotec – Centro de Tecnologia de
Cereais e Chocolate, do Ital (Instituto
de Tecnologia de Alimentos) vem desenvolvendo estudos com a microencapsulação desse componente por
spray drying, utilizando como estrutura mista de proteção componentes
habituais na fabricação de confeitos
e chocolates, a exemplo da goma
acácia e do leite em pó desnatado,
além do suco de uva. Coordenado
pela pesquisadora Ana Lúcia Fadini, o
estudo Incorporação de Ômega-3 em
Confeitos Drageados foi realizado de
acordo com uma metodologia estatística de misturas, cujo objetivo era
avaliar o efeito da combinação de diferentes proporções de goma acácia,
leite em pó desnatado e suco de uva
como forma de proteção ao ômega-3,
além do efeito individual de cada um
6
Doce Revista Setembro 2014
desses
componentes.
Emulsões contendo 30%
de sólidos, dos quais 20%
correspondiam ao ômega-3, foram secas em um
mini-Spray Dryer (Büchi,
modelo B-290). Segundo Ana Lúcia, os óleos e
gorduras são importantes
na alimentação humana
como fonte de energia e pelo fato de
alguns serem essenciais para o funcionamento do organismo. Os ácidos
graxos ômega-3, altamente insaturados, são importantes para o crescimento e desenvolvimento fetal e para
a função visual e cognitiva em recém
nascidos, crianças e adultos. “As dificuldades encontradas na utilização
de ômega-3 estão relacionadas à sua
propensão a oxidação e à presença de
odores e sabores desagradáveis, os
quais podem ser minimizados através do uso de tecnologia de micro-
encapsulação”, sublinha
ela. A resolução da Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) que
define critérios para produtos enquadrados como
fonte de ácidos graxos
ômega-3 indica que, no
caso do confeito drageado, o produto deve conter
no mínimo 40mg da soma de ácidos
graxos EPA (eicosapentaenóico) e
DHA (docosahexaenóico) por porção
de 30g, a fim de ser considerado fonte de ômega-3, informa a pesquisadora. Sob a orientação de Ana Lúcia, o
estudo contou com a colaboração das
pesquisadoras Isabela Porto Ribeiro,
Izabela Dutra Alvim, Ana Maria Rauen
de Oliveira Miguel, Marise Bonifácio
Queiroz e Lidiane Bataglia da Silva e
as conclusões podem ser conferidas,
na íntegra, no site de Doce Revista
(www.docerevista.com.br).
www.docerevista.com.br
Equipamentos
Esse é massa
Haas introduz misturador com design inovador para biscoitos
integrada na estrutura da máquina, com função
de memória de
até 16 receitas.
As capacidades da tina esSampaio LINHA DA Finame
tão disponíveis
disponÍVEL para a HSM.
para 550, 800,
1.100 e 1.500 litros, correspondendo, respectivamente, a 330,480, 660 e
900 quilos de carga de massa.
Misturador da Haas tina de até 1.500 litros para 900 quilos de massa.
D
esenvolvido para acelerar, expandir e modernizar a produção de biscoitos e, além disso,
compatibilizar sua operação com as
exigências de segurança da NR-12, a
Haas do Brasil projetou o misturador
horizontal de alta velocidade HSM. A
NR-12 é a norma regulamentadora,
do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), que define referências técnicas,
princípios e medidas de proteção para
garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, estabelecendo
requisitos mínimos para a prevenção
de acidentes do trabalho nas fases de
projeto e de utilização de máquinas e
equipamentos de todos os tipos. Em
sintonia com essa regulamentação, o
mais novo membro da família de misturadores Haas Mondomix pode ser
conectado a uma linha completa de
biscoitos moldados ou laminados crackers ou mesmo a uma instalação independente. Além de silenciosa e durável, graças ao design exclusivo que a
torna à prova de vibração, a HSM traz
um inovador conceito do braço misturador, observa Dagoberto Sampaio,
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gerente comercial da Haas. “Ela é capaz de processar tanto massa macia,
por exemplo, de biscoitos moldados
ou depositados, do tipo amanteigado,
como a massa dura para crackers e
biscoito semidoce”, informa.
Para obter melhores resultados,
o modelo vem com braço misturador
fundido em uma única peça em aço
inoxidável, acrescenta o especialista.
Um ângulo de inclinação de até 140°,
detalha ele, faz com que a descarga seja feita diretamente no carro de
massa, contribuindo para o aumento
da segurança conforme exigência da
NR-12. “Além disso, a versão especial
da tampa de selagem da tina, como
parte do projeto sanitário, leva à redução da poeira e aumenta a vida útil do
equipamento”, frisa o executivo.
De estrutura robusta e ao mesmo
tempo compacto, o misturador é equipado com tina de massa encamisada,
sensor térmico para a temperatura ideal
da massa com circulação de água e velocidade do braço misturador controlado
por frequência. Também incorpora sistema de comando por tela touch screen
Minibolo tridimensional
A novidade encorpa o pacote de
lançamentos da marca apresentado
na feira alemã Interpack, maior vitrine mundial de embalagens e máquinas para processamento de confeitos
e biscoitos, promovida em maio passado. Durante a mostra, o grupo austríaco Haas, por sinal, surpreendeu o
público, exibindo em primeira mão a
mais recente novidade de sua divisão
Convenience Food. Batizada de CFC
(Center Food Cake), o sistema reúne
em um único equipamento a produção
tridimensional de minibolos recheados,
que inova o gênero pela possibilidade
de gravar em relevo todas as faces do
produto, explica Sampaio. Trata-se de
uma variedade de bolinho feito artesanalmente, com gravação tridimensional, que tem similar em alguns países
da Ásia. O trunfo da Haas foi transpor
a aplicação, de forma mais sofisticada,
para uma escala industrial, relata o gerente. Com capacidade que pode variar
de 10 mil e 20 mil unidades por hora, o
CFC foi desenvolvido nos últimos quatro anos, desde a concepção da ideia
aos estudos de mercado, viabilidade
técnica e construção de protótipo até
chegar ao equipamento mostrado na
Interpack. •
Setembro 2014 Doce Revista
7
ENTREVISTA
Ninguém segura
Em três décadas, a Mars consolida sua atuação fenomenal
no setor de chocolates no Brasil
C
ampeã absoluta das gôndolas de
chocolate nos Estados Unidos,
a Mars desembarcou no país
35 anos atrás com o nome de Effem
do Brasil. Mas só a partir do final da
década de 1990 foi se transformando
no fenômeno que é hoje no filão chocolateiro local. Atualmente, a empresa
mantém um centro de pesquisas voltado para o cultivo do cacau e quatro
fábricas que produzem algumas das
marcas mais famosas do mundo, como
M&M’s e Twix. Nos últimos anos, teve
um papel importante no desenvolvimento da categoria no Brasil. Ao oferecer produtos aspiracionais a preços
acessíveis, a empresa vem solidificando alternativas para ocasiões de consumo ainda pouco desenvolvidas no
país. Além de compartilhar a liderança
global em chocolates com gigantes do
setor, sobressaindo também em balas
e gomas de mascar, com a marca Wrigley, a companhia centenária investe
cada vez mais no país. “A visão que
rege nossa atuação é estar em mais
momentos e mais lugares, proporcionando mais sorrisos. Nossa estratégia
foca o desenvolvimento e a expansão,
baseada em nossos princípios e benefícios mútuos para consumidores,
clientes, fornecedores e toda a comunidade”, sintetiza Filipe Fonseca, diretor
de vendas da Mars – segmento Chocolate & Alimentos. Economista com pós-graduacão em Finanças, Marketing e
MBA em Gestão Empresarial, o executivo reúne 17 anos de experiência na
ala comercial em companhias de bens
de consumo no Brasil, Estados Unidos
e Peru. Há dois anos no comando do
time de vendas da Mars Brasil, Fonseca
relata nesta entrevista exclusiva a Doce
8
Doce Revista Setembro 2014
Ícones da Mars fenômeno global no consumo de chocolate.
Revista (DR) a trajetória e os planos da
indústria americana.
DR – Como avalia o setor de chocolates no mundo e no Brasil?
Fonseca – Temos percebido de
modo geral uma grande expansão do
consumo de chocolate no mundo, sendo a China um dos países em destaque
nesse cenário. O Brasil é um dos dez
maiores mercados globais de chocolate
e tem crescido de forma acelerada. As
análises mostram que há oportunidades
no consumo per capita. Assim, enxergamos um grande potencial de crescimento no país, principalmente referente à frequência de compra. O mercado
está bem consolidado nos formatos
maiores, associados ao consumo futuro, como tabletes e caixas de bombom.
Apenas 20% da demanda é de produtos
para consumo imediato.Isso é o inverso
do comportamento global. Visto isso, o
desenvolvimento dos formatos de consumo imediato aumenta a frequência e,
portanto, o consumo total da categoria.
O brasileiro tem o hábito de fazer lan-
ches no meio da manhã ou da tarde e o
chocolate ainda não faz parte do repertório de produtos para essas ocasiões.
DR – Dentro desse contexto, como vê
a atuação da Mars?
Fonseca – A companhia tem como
objetivo desenvolver as categorias em
que atua, aumentando a frequência e
penetração delas nos mercados. Temos quatro das dez marcas de chocolate mais consumidas do mundo,
sendo M&M’s e Snickers a primeira e
a segunda, respectivamente. No Brasil,
estamos entre os quatro maiores fabricantes da categoria e vemos muito
potencial de crescimento de nossas
marcas e do setor de chocolate como
um todo.
DR – Como avalia o boom no consumo de chocolates no Brasil?
Fonseca – Isso ocorre por conta da
melhoria da renda da população e mais
opções de marcas e produtos aos consumidores. Esse movimento estimula o
desenvolvimento de novas ocasiões de
consumo.
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DR – Qual sua opinião sobre o suprimento de cacau com a instabilidade nos
principais países produtores?
Fonseca – Estima-se que podem
faltar cerca de um milhão de toneladas de cacau em 2020. A Mars é uma
empresa que investe fortemente em
pesquisas voltadas para a sustentabilidade de sua principal matéria-prima. Temos no Brasil o Centro Mars
de Ciência do Cacau, no município de
Barro Preto (BA). É o único centro de
pesquisa de uma empresa privada
voltado 100% para o cultivo do cacau.
Por exemplo, um dos programas de
melhoramento desenvolvido pelo centro seleciona cruzamentos de espécies
capazes de aumentar a produtividade,
melhorar a resistência às doenças e
a qualidade das amêndoas de cacau,
sem perder o sabor.
Além disso, a Mars, em parceria
com a IBM e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, mapeou o
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Fonseca quatro
das dez marcas
mais consumidas
do mundo no
portfólio.
genoma do cacau e o publicou abertamente, sem patentes, para que todo o
mundo pudesse se beneficiar. Todo o
conhecimento do centro e de outras
bases científicas são transferidos também aos produtores de cacau da África
e Ásia. A Mars realiza diversos projetos
nos países dessas regiões e, inclusive,
preside a iniciativa CocoaAction, lançada este ano pela World Cocoa Foundation, com diversos parceiros, para mudar esse cenário futuro de escassez e
prover melhores condições de vida às
famílias produtoras.
DR – Como a inflação e baixo crescimento do país impactam os negócios de
chocolate da companhia?
Fonseca – A categoria de chocolate acaba sendo menos impactada
por variações na situação econômica,
principalmente quando falamos dos
formatos de consumo imediato, de
preços mais acessíveis. O aumento no
custo dos insumos gera muitas vezes
a necessidade de ajuste de preços dos
produtos, porém temos visto baixo impacto nas vendas quando isso ocorre.
DR – A Mars é uma das pioneiras em
programas de sustentabilidade no país.
Como eles têm evoluído?
Fonseca – Um de nossos projetos
de sustentabilidade no país é o Projeto
Barro Preto. Trata-se de uma iniciativa
criada pela Mars em parceria com outras instituições atuantes no município
de Barro Preto, na Bahia, que visa ofe-
Setembro 2014 Doce Revista
9
ENTREVISTA
recer conhecimento e melhores práticas de cultivo de cacau aos produtores
da região. Por meio do sistema agroflorestal Cabruca, o projeto garante uma
renda maior aos produtores e ajuda a
proteger a Mata Atlântica. A participação da Mars no projeto, por meio do
metas de baixar ainda mais. Em nossa
fábrica em Mogi Mirim somos autossuficientes em água por meio de um
processo de reuso da água das chuvas.
Em resíduos, temos a meta de zerar o
envio de resíduos de nossas operações
a aterros sanitários até 2015.
Lançamento novo no Brasil, mas sucesso nos
Estados Unidos desde 1923.
Ofensiva global campanha em mais
de 80 países agora também no país.
Centro Mars de Ciência do Cacau, garante ainda a transferência do conhecimento necessário para a produção de
mudas e frutos resistentes e de altíssima qualidade.
Quando falamos de nossas operações, como fábricas e escritórios, definimos metas ambiciosas para fazer
com que sejam sustentáveis em uma
geração. Trabalhamos com o objetivo
de eliminar o uso de energia gerada
por combustível fóssil e emissões de
gás de efeito estufa (GEE) até 2040.
Estamos trabalhando em compromissos similares de longo prazo para água
e resíduos. Nossas unidades no Brasil
já têm reduzido mais de 50% o uso de
água por tonelada produzida e temos
DR – Como a Mars se posiciona na
cena nacional de chocolate?
Fonseca – A Mars ocupa a quarta
posição no mercado de chocolate no
Brasil. Segundo a Nielsen, fomos a empresa de chocolate que mais cresceu
no Brasil em 2013 e continuamos acelerando neste ano. Snickers e M&M’s já
estão entre as dez maiores marcas de
chocolate no médio e grande varejo de
São Paulo.
DR – Quais as últimas novidades no
marketing?
Fonseca – Um de nossos grandes
investimentos ocorre na comunicação de Snickers. Usamos o conceito
global “Você não é você quando está
com fome”, presente em mais de 80
10
Doce Revista Setembro 2014
países. Adaptamos ao Brasil e criamos uma campanha sintonizada com
o humor e perfil do brasileiro. Fomos
para a TV aberta, mídias sociais e lançamos diversos materiais de comunicação diferenciados nos pontos de
venda (PDVs).
Relançamos Snickers, que era pouco conhecido e, mais recentemente,
trouxemos para o país outro grande sucesso da Mars, o Milkway, tablete originalmente lançado nos Estados Unidos
em 1923. Os dois estão indo muito bem
e ganhando o gosto do consumidor
brasileiro. Hoje, Snickers já está entre
os cinco chocolates mais vendidos no
médio e grande varejo em São Paulo,
Curitiba e Porto Alegre, conforme leitura da Nielsen.
DR – O que poderia adiantar ainda
para este ano?
Fonseca – Para oferecer mais opções aos consumidores, estamos
lançando outras versões de Snickers
e Milkway em embalagens de seis
unidades com 16g cada, que permitem às pessoas compartilharem com
amigos ou guardarem para depois.
Visando também alavancar as vendas
de M&M’s, em outubro, soltamos a
promoção “M&M’s é coisa de cinema”.
Além de sortear brindes imediatos, a
campanha vai oferecer cinco viagens
cinematográficas aos participantes.
Para o final do ano, teremos novidade
da M&M’s para o Natal. •
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Consultores
Cacau
Domínio da
especulação
O
mercado de cacau comprovou mais uma vez sua
fama de imprevisibilidade e
volatilidade ao viver em setembro
um dos meses mais agitados dos
últimos três anos. Começou com
uma queda praticamente ininterrupta, que derrubou a cotação do
contrato de dezembro/2014 na
Bolsa de Nova York (no fatídico
Thomas Hartmann
11/09) para US$3028, nível mais
baixo desde maio. Houve um breve período de consolidação
até 16/09, seguido por um avanço explosivo, que fez a cotação
aproximar-se de US$3400, mas a alta não conseguiu sustentar-se e sofreu queda violenta no primeiro dia de outubro.
O declínio dos preços nos primeiros onze dias do mês foi uma
reação normal à conjuntura fundamental que continuava assumindo feições cada vez mais baixistas. As entradas de cacau
nos portos da Costa do Marfim mantinham volumes elevados
e embora Gana não publicasse números oficiais, fontes informais também reportavam produção abundante. O novo boletim
trimestral da Organização Internacional do Cacau (OICC) reverteu
sua previsão do resultado da corrente safra 2013/2014 de um
déficit de 75.000 toneladas (t), indicado no boletim anterior, para
um superávit de 40.000 t, reafirmando assim as previsões dos
analistas privados que já vinham preconizando um excesso de
oferta, inclusive de tamanho maior que a avaliação da OICC. Ao
mesmo tempo, as notícias a respeito do clima em quase todos
os países produtores seguiam favoráveis, dando respaldo às expectativas que a próxima safra de 2014/2015 também poderia
produzir um superávit, enquanto persistiam os relatos de uma
retração da demanda em reação aos preços elevados.
A alta a partir do meio do mês foi motivada pela preocupação
crescente com a possibilidade do alastramento da epidemia de
Ebola para os principais países produtores de cacau, especialmente para a Costa do Marfim, que faz fronteira com a Guiné
e a Libéria, dois dos três países mais afetados pela doença. Os
mercados de cacau ficaram “hipnotizados” pela verdadeira en12
Doce Revista Setembro 2014
xurrada de notícias em torno do assunto. Organismos oficiais
de saúde da ONU e dos Estados Unidos fizeram previsões preocupantes, dando margem a manifestações alarmistas como a
do Ecobank Group, dando conta de que o surgimento do Ebola
na Costa do Marfim poderia, de um dia para o outro, retirar do
mercado 30-40% do suprimento mundial de cacau e fazer os
preços dobrar. Embora, até o momento, nenhum caso da doença
tivesse sido reportado dos dois principais países produtores, o
receio que isso possa acontecer motivou atividade intensa de
compras nos mercados futuros, concentrada nos contratos mais
próximos, principalmente por parte dos fundos especulativos.
O movimento de alta, no entanto, começou a dar sinais de
exaustão nos últimos dias de setembro e desaguou em violenta
queda, de caráter eminentemente técnico. Não há novos fatos, o
cenário segue baixista, mas a doença pode surgir a qualquer momento na Costa do Marfim, quando certamente provocará uma
nova alta, mesmo que passageira. Oscilando entre esses dois
fatores opostos, os mercados de cacau continuarão nas mãos
dos especuladores, que jogarão os preços ora para cima, ora
para baixo. •
Thomas Hartmann é cacauicultor, analista do
mercado internacional de cacau e titular da
TH Consultoria e Estudos de Mercado.
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Açúcar
Alta
volatilidade
A
volatilidade de preços ao
longo de setembro foi alta
no mercado internacional
de açúcar. Após forte queda de
preços, que atingiram o nível de
13,50 cents/lb, as cotações encerraram o mês próximas dos níveis
iniciais. O declínio foi motivado
por estoques mundiais elevados
e também pela preocupação com
Ronaldo Lima Santana
o açúcar tailandês, de qualidade
baixa, diante da possibilidade de uma grande entrega contra
a tela de outubro/2014 na Bolsa de Nova York, que acabou não
ocorrendo.
A retomada dos preços se deu, basicamente, em função de
dois fatores: a demanda voltou em função dos preços exageradamente baixos do açúcar e o produto de qualidade ruim, da
Tailândia, foi absorvido, em boa parte, no mercado spot. Além
disso, os números divulgados sobre o andamento da safra no
Centro-Sul do Brasil mostraram uma forte retração na produção de açúcar.
O gráfico a seguir mostra o comportamento dos preços do
açúcar demerara na Bolsa de Nova York, tomando como base o
vencimento de outubro/2014.
No mercado interno, os preços no Centro-Sul permaneceram relativamente estáveis no período.
Houve um descolamento do mercado externo, que já vinha
mostrando grande volatilidade e registrou um momento pontual de pressão de oferta.
As unidades produtoras locais, quando possível, postergaram as vendas diante dos preços baixos praticados no mercado
interno e, principalmente, no exterior.
A expectativa de que a partir de outubro boa parte das unidades produtoras do Centro-Sul encerrem a moagem de cana,
sugere uma melhora nos níveis de preços locais.
O gráfico a seguir apresenta os preços médios semanais
negociados em São Paulo apurados pelo Índice JOB Economia
de preços:
A JOB Economia há 20 anos no mercado, através de seus relatórios e trabalhos de consultoria, tem como objetivo principal antecipar movimentos de mercado para um posicionamento correto nas
estratégias empresariais de seus clientes e, por fim, contribuir para
que façam um bom trading.
Solicite um exemplar do relatório e veja como esse trabalho
pode auxiliar na tomada de decisões. Para mais informações acesse
o site [email protected].
Ronaldo Lima Santana é sócio-gerente
da JOB Economia e Planejamento
www.docerevista.com.br
Setembro 2014 Doce Revista
13
Vitrine Atacadista
Estoque completo
Campestre faz nome na distribuição com modelo de
especialização em candies no Paraná
Estrutura da Campestre 3 mil metros quadrados, efetivo de 120 profissionais e 15 veículos.
E
ntre as oito maiores receitas do
setor nacional de distribuição, com
fatia de 3,5% dos R$ 197 bilhões
faturados em 2013, o Paraná concentra
operações que evoluíram do tradicional
modelo de balcão para o híbrido de atacado distribuidor e cash and carry (atacarejo). É no reduto ainda mais avançado
da distribuição especializada em candies
que sobressai a Campestre Distribuidora
de Produtos Alimentícios, na ativa há 22
anos em Curitiba. “Desde o início direcionamos a operação para o comércio
exclusivo de confeitos, mantendo até
hoje o modelo em que 99% do portfólio são ocupados por doces industrializados”, sublinha Vinicius Hatsumura,
diretor da atacadista. Ele lembra que a
percepção de uma cobertura mais eficaz
à demanda de guloseimas proveio do
empresário Valdeci Hatsumura, seu pai e
fundador da Campestre.
Visando atender o mercado nessa
fase inicial, ele mesmo se encarregava de todas as operações, da compra à
entrega e recebimento dos pedidos, utilizando, inclusive, a garagem da própria
residência para estocar mercadorias.
14
Doce Revista Setembro 2014
“Ele identificou carências e necessidades de clientes, que pesaram na decisão
de focar o negócio no canal doceiro”,
comenta Vinicius. Não demorou muito
para o depósito improvisado ficar pequeno para o crescente estoque e, assim, a distribuidora abriu as portas no
bairro do Boqueirão, onde está instalada.
Sem detalhar todas as fases seguintes
de progresso na operação, o dirigente da
Campestre frisa que hoje a empresa atua
na distribuição, com frota própria, e no
atacado de autosservico, cobrindo ainda
diretamente uma parcela do varejo curitibano. “Contamos com sede própria de
3 mil metros quadrados, equipe com 120
profissionais e 15 veículos, atendendo,
praticamente, todo o Paraná e litoral de
Santa Catarina, num raio de 400 quilômetros de Curitiba”, localiza Hatsumura.
Além da região metropolitana e Campos
Gerais, que abrangem 19 municípios do
centro do estado do Paraná, a distribuidora atinge 56 cidades catarinenses,
cobrindo 100% do litoral e alguns municípios ao norte do estado.
Com o mix focado em candies (ver
quadro à pág. 15), a Campestre abaste-
ce mensalmente 3.800 pontos de venda (PDVs), com um time externo de 38
representantes (RCAs), que conta com
apoio de televendas e catálogo digital
online. Além dessa cobertura externa,
a loja de 2.500 metros quadrados de
área de venda, atende varejistas, distribuidoras e pontos de revenda (doceiros).
“Registramos cerca de 200 clientes por
dia, com tíquete médio por compra de
R$ 500,00, sendo a maioria formada
por comerciantes”, repassa Hatsumura.
Um dos motores do giro na Campestre
é o Clube dos Doceiros, com mais de
dez anos e 300 participantes ativos, que
promove descontos especiais aos associados, em geral doceiros cadastrados,
informa Hatsumura.
Para ele, um dos diferenciais da distribuidora é o farto sortimento de itens e
marcas. Devido à especialização em seu
segmento, a Campestre consegue maior
eficiência na compra do fornecedor e repasse ao comércio, diferenciando esse
trabalho tanto pela disponibilidade de
mercadorias como pelos preços. Apesar
de confirmar o boom na demanda de
chocolates, principalmente de itens de
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Demanda de Candies
Hatsumura resultados acima da média no
setor atacadista.
maior qualidade e preço, ainda são as
linhas de gomas de mascar as campeãs
do giro na Campestre. “Bombons, tabletes recheados e barras vêm em segundo
lugar, seguidos pelas linhas de balas e
pirulitos”, ranqueia Hatsumura.
Peso da qualidade
Com o crescimento do poder aquisitivo das classes de baixa renda, nota ele,
o consumidor ficou exigente e, acima
de tudo, mais criterioso. Assim, o menor
desembolso na ponta perdeu relevância,
sendo a premiunização da qualidade
mais importante na decisão de compra.
“Com essas sinalizações, nosso mix é
constantemente reformulado”, assinala
o comerciante.
Embora a Campestre acumule nos
últimos anos balanços com a linha azul
na ascendente, Hatsumura considera
que grande parcela do sucesso da distribuidora tem ligação com as parcerias
fechadas com seus fornecedores. Sem
citar nomes, ele assegura que, entre os
Fonte: Campestre Distribuidora 2014.
de maior freqüência e criatividade nas
promoções, figuram as maiores fabricantes do setor de confeitos. As promoções, por sinal, não se limitam à venda
para consumidor final. Na Campestre,
elas podem ser dirigidas a varejistas,
distribuidoras ou vendedores autônomos,
com a oferta de prêmios ou bonificações,
sempre com o apoio do fornecedor parceiro. Entre os próximos passos nesse
compartimento, ele inclui o desenvolvimento de alianças para a criação de linha
de produtos com marca própria. “Nossa
ferramenta de e-commerce encontra-se
em desenvolvimento e, em breve, iremos
abrir as vendas para todo país, com políticas e preços diferenciados”, adianta o
empresário. Além de fechar exclusividade
regional de distribuição com alguns fornecedores, a Campestre vem reduzindo
custos na ala logística, retirando as compras diretamente no fabricante. “Antes,
nossos caminhões muitas vezes passavam próximos das fábricas e retornavam
vazios”, comenta.
Com relação às expectativas para o
final de ano, o dirigente pondera que o faturamento do atacado distribuidor focado
no varejo alimentar apresentou crescimento real de 4,2% no último ano. “Tudo
indica que o desempenho do setor neste
ano está acima das expectativas iniciais,
com um impacto de situações adversas
menor no segmento e retração mais
acentuada em grandes endividamentos,
como financiamento imobiliário e de
veículos”, observa. Com a vigência do
sistema de Substituição Tributária (ST),
as operações no estado do Paraná encontraram muitos entraves para repassar
o imposto. “Absorvemos parte dele com
redução de margem, porém a maior dificuldade hoje é vender para Santa Catarina”, afirma Hatsumura. •
Equipe focada cobertura a 3.800 PDVs de todo o Paraná e litoral catarinense.
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Setembro 2014 Doce Revista
15
PDV
Gosto de quero mais
Baixo crescimento da economia e inflação em alta não
inibem investimentos na produção de chocolate
Chocolate boom na demanda segue estimulando os principais fabricantes do país.
S
e já não fosse um alento em meio
à desaceleração geral na economia, o boom na demanda de chocolate no Brasil fez com que a receita
do setor no varejo dobrasse em cinco
anos. Varredura da Euromonitor International capta que, em 2008, as vendas
da categoria somavam em torno de US$
16
Doce Revista Setembro 2014
3,5 bilhões. Num salto para 2013, elas
passaram para US$ 6,5 bilhões e, segundo projeções da consultoria, devem
alcançar US$ 10,5 bilhões até 2018 (ver
quadro à pág. 20). O avanço condiz com
a movimentação na ponta da produção.
O mais recente desdobramento nessa
direção parte do grupo belga Puratos,
presente no país desde 1986 com linhas
para panificação e confeitaria. Apesar
da fama de sua grife Belcolade na cena
chocolateira mundial, ela só deslanchou
na categoria no país em 2010 com uma
parceria na produção de cobertura (chocolate industrial) em Linhares (ES), além
das importações. Atenta à demanda
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sempre crescente, investiu R$ 60
milhões em uma planta industrial,
em operação comercial desde o
início de outubro em Guarulhos
(SP). “Instalamos a fábrica a dez
quilômetros da sede da companhia para integrar as operações
de panificação, confeitaria e choMagan, da Ferrero
Cremasco, da Harald
Busquet, da Chocolate
colate, obter sinergias e ter maior Ribeiro, da Puratos
distribuição em atacados,
expansão para melhorar a
dois anos de pesquisa
Academy o Brasil na
controle sobre o processo produ- além da linha premium para qualidade do bombom.
para viabilizar linha de
linha de frente da Barry
chocolate premium.
Callebaut no mundo.
tivo”, argumenta Carlos Augusto food service.
Roza, gerente geral da unidade
de chocolates. Além disso, consinal. A linha Belcolade Selection continua- tísticas apontarem para uma estagnação
dera ele, a Puratos ganha agilidade para rá sendo importada da matriz na Bélgica. no mercado nos últimos dois anos, o segatender demandas latentes no mercado “As marcas globais são destinadas ao mento de alimentação fora do lar, em que
e flexibilização no portfólio, de acordo público profissional e industrial, enquan- atuamos com força, segue crescendo
com as necessidades dos clientes.
to Vito e Norcau são locais e vendidas em cerca de 10% ao ano”, comenta Ribeiro.
Com capacidade inicial de 15.000 lojas de atacado, principalmente para doHá quatro anos, a Puratos formalizou
toneladas anuais e primeira expansão já ceiras”, detalha João Ribeiro, gerente de uma parceria com a processadora de
prevista para 2018, a unidade vai suprir marketing da Puratos. Ele completa que a cacau Floresta do Rio Doce para produzir
tanto a demanda das grifes internacionais maior parte da produção será destinada o chamado chocolate de origem e nacioCarat e Chocolanté como a das marcas à demanda interna, mas a empresa tem nalizar a sua linha premium no país. A
nacionais Vito e Norcau, todas direciona- planos de exportar para os demais países ideia era concentrar todas as fases de
das para food service e mercado artesa- da América do Sul. “Apesar de as esta- produção, desde o plantio do cacau na
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Setembro 2014 Doce Revista
17
PDV
região de Linhares, para obter um produto final de melhor qualidade. Mas o plano
não foi concretizado e a empresa encerrou a produção em agosto, transferindo
alguns equipamentos para a unidade de
Guarulhos. “A maior parte do maquinário,
no entanto, foi adquirida especialmente
para essa fábrica e absorveu o grosso
do investimento”, observa Ribeiro, sem
abrir detalhes da planta.
Na sede de Guarulhos, a Puratos
conta com um potencial de 50 mil toneladas anuais de misturas para pães
e bolos, recheios, cremes e melhoradores (geleias de brilho), entre outros itens
para panificação e confeitaria. Com a
unidade de chocolate, o portfólio local
alcançará 98% dos cerca de 300 itens
distribuídos no Brasil. “É o maior investimento do grupo atualmente no mundo e
consagra a operação brasileira entre as
dez maiores da empresa”, situa o gerente, complementando que a Puratos está
presente em 100 países, com 69 subsi-
18
Doce Revista Setembro 2014
Paiva, da Dori investimentos
na linha Disqueti em
gestação.
Martins, da Bombuello
chocolate diferenciado
com custo acessível e perto
de casa.
diárias e 43 fábricas. No Brasil, fatura R$
200 milhões e projeta um avanço de dois
dígitos para este ano. “O único período
que atrapalhou um pouco foi a Copa,
mas 2014 ainda está se saindo melhor
do que 2013”, analisa Alexander Decoster, diretor geral da companhia.
Euforia chocolateira
Os indícios de que a demanda
aquecida ainda reserva espaço para o
despejo de mais chocolate partem de
Rommel, da Barion classe
média continua alavancando
o consumo de chocolate.
mais players decididos a incrementar
a produção local. Em março passado,
a italiana Ferrero anunciou investimento de R$ 200 milhões na ampliação de
sua fábrica em Poços de Caldas (MG).
Segundo Carlos Magan, diretor geral da
empresa no Brasil, esse é o maior aporte feito no país, desde a inauguração da
unidade há 20 anos, e a maior injeção
de recursos programada para este ano
nas subsidiárias do grupo pelo mundo.
Além de nacionalizar a produção dos
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chocolates Kinder, deixando de importá-los da Itália, a expansão também
prevê a fabricação da marca Tic-Tac.
Até hoje, somente a pasta de avelã Nutella e o bombom Ferrero Rocher eram
produzidos na fábrica mineira. No limite
de sua capacidade, o volume de Nutella
vai dobrar, saltando para 10 milhões de
quilos. Com relação ao bombom, carro-chefe da marca, a mudança será sobretudo na qualidade. “A linha Rocher
brasileira vai finalmente se igualar à
produção do chocolate original da Itália”, assinala Magan. Além da duplicação da fábrica, a companhia também
anunciou a construção de um centro de
distribuição no mesmo local.
Entre os principais supridores de
chocolate para food service do país, a
brasileira Harald não deixa por menos e
investe um total de R$ 30 milhões para
expandir sua atuação no mercado premium. O projeto inclui a instalação de
uma segunda unidade, que está sendo
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construída em São João da Boa Vista
(SP), com conclusão prevista para o final
desse ano, adianta Jacob Cremasco, diretor comercial da indústria sediada em
Santana de Parnaíba (SP). Enquanto isso,
a concorrente direta da Puratos opera no
filão de coberturas com a marca Melken,
fornecida a indústrias de alimentos, padarias, confeitarias e sorveterias.
Ao inserir a grife Unique, que consumiu dois anos de pesquisas, a Harald ingressou no chamado mercado premium
ou de chocolate fino. Em 2013, lembra
Cremasco, a empresa aportou R$ 20
milhões na compra de equipamentos
para aumento de capacidade e lançamentos. Outros R$ 10 milhões vêm sendo direcionados, desde o início do ano,
para gastos em marketing e recursos
humanos, completa ele.
Também decidida a surfar no boom
chocolateiro nacional, a grife suíça Barry Callebaut opera desde junho do ano
passado um centro técnico especializa-
do em chocolates para disseminar receitas e tendências. Instalado no prédio
da sede administrativa da companhia
em São Paulo, a Chocolate Academy é
a prova de que o avanço da categoria
no país alcançou o ponto certo para
acomodar investimentos, argumenta
Bertrand Busquet, chef pâtissier encarregado de coordenar os cursos na instituição. Com mais de 150 anos de experiência oriunda de marcas como a belga
Callebaut e a francesa Cacao Barry, a
unidade brasileira é a 15ª do grupo e
a primeira da América do Sul, repassa
ele. Número um global na produção e
processamento de cacau e chocolate
premium, com fábrica no Brasil desde
2010, a companhia possui academias
do chocolate em outros 14 países. A
exemplo desses locais, Busquet e sua
equipe ensinam técnicas, receitas e
tendências para inspirar chefs, confeiteiros, artesãos e gourmands interessados em se especializar no chocolate.
Setembro 2014 Doce Revista
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PDV
Varejo de chocolate
ANO
VALOR (em milhões US$)
2008
3.490,4
2013
6.603,7
2018*
10.551,5
(*) Estimativa.
Fonte: © Euromonitor International Ltd 2014.
Vantagem logística
A euforia chocolateira também mobiliza algumas das principais grifes de
candies do país que, no último ano, agregaram linhas de chocolate ao portfólio de
balas e chicles. Dentro dessa ofensiva, a
Dori Alimentos, por exemplo, formalizou
no início de 2013 a aquisição da Noblan,
tradicional indústria de Bauru (SP) capacitada a produzir 200 toneladas mensais
de chocolates e compounds. Entre os fatores que pesaram na decisão de adquirir o negócio foi primordial a inclusão da
unidade de “miçangas” coloridas, plata-
20
Doce Revista Setembro 2014
forma que permitirá à Dori ampliar o seu
portfólio de linhas populares, comenta
Jean Carlos Paiva, gerente sênior de
marketing da empresa. Ele lembra que
a localização da Noblan também marcou pontos na decisão da compra por
oferecer importante vantagem logística,
localizada a apenas 120 quilômetros da
matriz da Dori em Marília (SP). Uma base
de clientes com mais 1.300 nomes também permitirá expandir a penetração da
empresa no público de baixa renda.
Com o mesmo potencial e desenho
estratégico da fábrica de balas Ouro
Verde, adquirida pela Dori em 1989, a
Noblan é chave para os planos de crescimento da indústria mariliense na cena
de chocolate. Ela abriu as portas em
2005 e produz, desde 2007, linhas de
ovos de Páscoa e chocolate granulado,
categoria na qual a Dori conta com amplo know-how. Por conta disso, foi imediatamente transferida para a matriz da
Dori elevando a produção em 150 tone-
ladas/mês. “Com o crescimento na base
de consumidores – a nova classe C – ,
mais opções de produtos estão disponíveis, e com isso maior quantidade de
informações benéficas para seu consumo”, frisa Paiva. Tanto isso é fato que,
hoje, acrescenta ele, esse consumidor
consegue identificar a diferença entre
um chocolate de boa qualidade e a variante com gordura hidrogenada (ponto
de derretimento superior à temperatura
do corpo), além do residual de gordura
na boca. “Por também se tratar de um
produto de consumo por impulso, é
importante que sua distribuição tenha
grande capilaridade e que o produto
esteja disponível nos diversos pontos
de vendas dentro do campo de visão do
consumidor“, observa ele.
No comando da Barion, indústria paranaense pioneira no mercado de tubetes (wafers com cobertura de chocolate),
o empresário Rommel Barion confirma
que o crescimento da categoria se sus-
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tenta nos pilares do aumento da classe
média. “Somado a isso, temos consumidores mais exigentes e críticos”, frisa
ele, observando que, em quatro décadas,
o consumo per capita de chocolate aumentou mais de 900%, refletindo todos
esses fatores e a substituição de doces
simples, como balas, por itens de maior
valor agregado, como o chocolate. Ele
lembra que cada vez mais o Brasil vem
se descentralizando em relação a polos
econômicos e de consumo. “O Nordeste
é um bom exemplo disso. Após diversas
políticas de incentivo à abertura de indústrias, entre outras iniciativas para a
criação de emprego e renda, se transformou na bola da vez”, sublinha.
Com fábrica em Pernambuco desde 2011, a Mondelez, dona da Lacta e
número um em diversos segmentos do
setor de chocolate, já fez quatro expansões na planta e, desde agosto, produz
no local a linha Sonho de Valsa, campeã
do giro na categoria de bombom tipo
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confeitos de chocolate consumo per capita aumentou 900% em quatro décadas.
bola no país, repassa Andréa Martins,
diretora de negócios da companhia
para o Norte e Nordeste.
Em uma outra frente, o apetite voraz
do brasileiro por chocolate vem sendo
aplacado pela onda das franquias. Uma
das mais recentes tacadas nessa direção parte da rede paulista Bombuello,
braço do grupo Frutiquello, que planeja
uma arrancada no varejo para o primeiro trimestre de 2015. “A marca lançada
em 2010 foi uma forma de suprir a necessidade de chocolate para a produção
dos sorvetes Frutiquello. Nasceu como
uma rede de franquias e em função do
enorme sucesso junto ao público final”,
Setembro 2014 Doce Revista
21
PDV
resume Rogério Martins, diretor do grupo
sorveteiro. Com base em dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados
(Abicab), ele sustenta que a média de 2,8
quilos per capita de consumo de chocolate do brasileiro ainda é muito baixa e
cerca de 25% da população ainda não
podem ser considerados consumidores
da categoria. Para o executivo, a demanda de chocolates cresce desde meados
de 2010, quando começou a refletir o
aumento do poder aquisitivo das classes de baixa renda. “Ainda há um vasto
mercado a se conquistar. Além disso, o
chocolate está no food service, combinado a outros itens e cardápios. Mesmo
com a euforia do crédito tendo seus dias
contados, o consumo do produto é como
uma conquista para a classe média”,
avalia Martins.
Nas atuais sete lojas, sendo uma
própria e as demais franqueadas, a
Bombuello comercializa mais de 40
itens. De creme de avelã a trufas e
bombons, passando por barras de 30g
e 100g, as unidades oferecem confeitos
elaborados por mestres chocolatiers a
partir de uma massa base com 30% de
sólidos de cacau. •
Páscoa começa aqui
Apesar de distante, a Páscoa de 2015 já movimenta os bastidores da indústria chocolateira, que
começa a acionar as linhas de centrífugas usadas na
confecção de ovos a partir de outubro. Um dos indicadores dessa produção é o segmento de moldes que, a
cada campanha, fornece milhares de unidades, tanto
Daniele vendas puxadas
por franquias de
para reposição de linhas como para os lançamentos
chocolate em 2014.
da temporada. Número um no desenvolvimento e
produção de versões em policarbonato – material termoplástico mais ultilizado na aplicação –, a Gramado Injetados desova cerca de 10 mil formas a cada
campanha. “Abastecemos todos os fabricantes de grande porte do Brasil e,
desde o início do ano, enviamos moldes para clientes da América do Sul, a
exemplo das chilenas La Fête Chocolat e Varsovienne”, informa Daniele Arend,
diretora de marketing da indústria baseada há exatos 20 anos em Gramado (RS). Além do aniversário, a empresa comemora o ingresso no segmento
de embalagens de plástico rígido injetadas para bonbonnières, filão no qual
pretende desenvolver uma linha própria a partir do próximo ano, adianta a
executiva. Outro trunfo que ela festeja é o lançamento da linha de formas de
transfer, que permite gravações na superfície do chocolate. “Desenvolvemos
uma tecnologia exclusiva na qual o imã que suporta o transfer é soldado e
encapsulado na peça, evitando falhas de gravação e contaminações”, repassa Daniele. Verticalizada em todas as etapas da elaboração dos moldes de
policarbonato, a transformadora vem ganhando cada vez mais espaço na ala
chocolateira, com produtos de qualidade superior a similares importados a
custos mais competitivos, sinaliza a diretora. Com capacidade instalada acima
de 400-500 quilos/hora, a empresa cresce a uma taxa média anual de 10% e,
praticamente, se mantém na liderança isolada da atividade no país. “No ano
passado o crescimento foi puxado pela demanda das grandes indústrias por
peças de reposição e projetos de lançamentos, mas em 2014 os pedidos de
empresas que operam com franquias de chocolate e dos fabricantes artesanais vêm sustentando o avanço do negócio”, comenta Daniele.
22
Doce Revista Setembro 2014
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Capa
quem ganha é o
consumidor
Demanda por linhas premium e itens de maior valor
garantem o crescimento do setor de biscoitos
Biscoitos produtos de maior valor abrem brechas para crescer, mesmo com alta penetração.
A
melhora na renda e ascensão da
classe C produziram um efeito
quase generalizado no mercado
de consumo. Subitamente com maior
poder aquisitivo esse contingente passou também a comprar mais e melhor,
gerando em certos setores o fenômeno
da premiunização. É assim que a indústria de biscoitos justifica a projeção
de crescimento de 3% para o exercício
em curso. “Embora a indústria em geral
deva enfrentar uma leve queda, o nosso
segmento cresce por conta da demanda
de produtos de maior valor agregado,
tendência que deve se manter”, consi24
Doce Revista Setembro 2014
dera Alexandre Colombo, presidente da
Associação Nacional das Indústrias de
Biscoitos (Anib). Com base em pesquisas sobre comportamento, ele pondera
que o consumidor, mesmo um pouco
mais endividado, não irá abrir mão de
hábitos adquiridos nos últimos tempos,
devendo manter a compra de produtos
premium. “Já em faturamento, o crescimento deve ser entre 5% e 7% e, para
2015, ainda é muito cedo para pensar
em projeções”, enfatiza o dirigente.
Levantamento da Anib mostra que,
em 2013, a produção brasileira de biscoitos totalizou 1,271 milhão de tone-
ladas (t), volume equivalente a um faturamento (fábrica) de R$ 7,91 bilhões,
cravando leve alta de 1,7% em volume
e avanço em torno de 12,7% em receita,
em relação ao período anterior. Na ponta do varejo, o setor mostra uma performance ainda mais expressiva. Pelo
pente-fino da Euromonitor International,
as vendas da categoria no ano passado
alcançaram US$ 8,4 bilhões, cravando a
surpreendente alta de 16,5% frente ao
resultado anterior. Pelas projeções da
consultoria, o varejo de biscoitos deve
movimentar volumes na faixa de 1,2
milhão de toneladas nos próximos anos,
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atingindo a receita de US$ 11,2 bilhões
no fechamento de 2018 (ver quadro à
pág. 29). Pelas planilhas da empresa de
inteligência Mintel, que também audita
o varejo de biscoitos, o gasto per capita
do brasileiro em 2013 foi de US$ 22,96,
patamar que vem sendo mantido nos
últimos cinco anos, com exceção de
2011 (US$ 28,10). Pelas previsões da
consultoria, o índice deve cair para US$
21,69 no presente exercício e para US$
21,87 no próximo ano, retomando a faixa de US$ 22,49 em 2016.
Mudanças recentes na economia e
no perfil dos consumidores brasileiros
estimularam mexidas importantes em
várias categorias alimentícias. Na de
biscoitos, esse dinamismo catalisou
processos de “trade up”, aumento de
qualidade e diversificação de produtos,
elementos que juntos impactaram nos
preços médios da categoria, mais do
que em mercados maduros como EUA
e Reino Unido, observa o estudo Biscoi-
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tos Doces e Salgados – Brasil 2013
da Mintel. De acordo com relatório
da consultoria, o atual momento do
setor alimentício no Brasil propicia
o aproveitamento da alta de preços
para investimentos em inovação
e melhoria da qualidade, para que
o público se convença de que vale
da Anib
Costa, da Nielsen
a pena pagar pelos itens que está Colombo,
expectativa de avanço em
consumidor mantém hábitos
consumindo. Dados da pesquisa volume de 3%, apesar da
adquiridos e segmentos
premium em alta.
com consumidores desse estudo retração econômica.
indicam o óbvio: as classes A e B
são as que mais procuram as marcas mindo um biscoito premium, com preço
premium, mas no geral a penetração é mais em conta, pode explicar a manubastante pequena. Segundo a Mintel, o tenção da demanda geral na categoria.
Em comparação com outros segpreço médio da categoria de biscoitos
aumentou 37% nos últimos cinco anos, mentos indulgentes, o aumento dos
escalada maior do que em países como preços dos biscoitos não está na conMéxico, Reino Unido e EUA. Essa eleva- tramão do mercado, avalia a Mintel.
ção nas tabelas refletiu em melhorias Apesar de ter um preço médio inferior
na categoria, mas não em premiuniza- ao das categorias de chocolates, bação e, conclui o relatório, a penetração las e chicles, o avanço da cotação dos
de marcas premium ainda é bastante biscoitos foi superior, indicando que
baixa. Mas a impressão de estar consu- possivelmente absorveu maiores influ-
Setembro 2014 Doce Revista
25
Capa
conseguir um produto de qualidade.
Nesse sentido, mais do que a experiência de uma nova subcategoria premium, os consumidores brasileiros ainda demandam uma maior agregação de
qualidade e sabor às subcategorias de
biscoitos doces já existentes, conclui o
estudo da Mintel.
Conti, da Bela Vista avanço acima da média do setor, com cookies e itens cobertos.
ências dos custos de produção e o salto na qualidade pode também ter sido
mais significativo. Na comparação com
outros mercados, o aumento do preço
médio dos biscoitos brasileiros surpreende, uma vez que supera os ajustes no
Reino Unido, México e Estados Unidos,
mercados nos quais a categoria se encontra mais consolidada.
Ao analisar os tipos de produtos
comprados pelos brasileiros, a Mintel
constata penetração satisfatória das
subcategorias que são normalmente mais caras. As reconhecidamente
26
Doce Revista Setembro 2014
premium, como os cookies, figuram
nas últimas posições de compra. Mas
as variantes que tradicionalmente têm
preço mais elevado, como wafers e recheados, exibem boa penetração. Para
biscoitos doces, a demanda de recheados é bastante alta, principalmente a
da versão chocolate. Considerados de
alto valor agregado os wafers possuem
uma formulação complexa, pois reúnem aspectos como crocância, sabor
da massa, consistência do recheio, sabor do recheio, entre outros, nos quais
os fabricantes têm que se esmerar para
Oportunidades
para a indústria
Em apoio à posição da Anib, a consultoria Nielsen observa que apesar
do cenário econômico instável e do
maior endividamento da população, os
alimentos premium continuam na preferência dos consumidores. É o que
confirma a pesquisa divulgada no XIV
Congresso Internacional das Indústrias
de Biscoito, Macarrão e Pão Industrializado, promovido pela Anib e Abima
(Associação Brasileira das Indústrias de
Massas Alimentícias e Pão&Bolo Industrializado), em setembro passado em
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Capa
Reichel, da Germani linha repaginada com elementos tradicionais da marca em projeto gráfico moderno.
Brasília (DF) (ver quadro à pág. 30).
Conforme o estudo apresentado em
primeira mão, em momentos de endividamento, como o atual, a cesta de alimentos é a primeira a ser cortada, com
redução média de 17% e impacto em
todas as classes (19% na D, 16% na C,
10% na A/B). “Mas, apesar da retração,
o shopper tem mantido alguns hábitos
adquiridos e os segmentos premium
continuam crescendo, porque o consumidor compra menos, mas não deixa
de comprar”, argumenta Alfredo Costa,
diretor comercial da Nielsen e responsável pela pesquisa. O reflexo desse
comportamento, completa ele, se dá na
busca por canais onde se encontram
marcas premium mais baratas, como
o cash and carry (atacarejo), além da
preferência por itens ou embalagens
mais competitivas. Segundo Costa,
oportunidades para a indústria de biscoitos podem derivar desse comportamento, com a oferta de apresentações
menores, para consumo rápido de baixo
desembolso e, no lado oposto, embalagens tamanho família, que justifiquem o
investimento.
Entre as categorias que caíram no
gosto do consumidor e permanecem
na sua cesta, percebe o diretor, estão
cookies, pães especiais, massas sem
sêmola e macarrão especial. Os dados
mostram ainda oportunidades para a
indústria investir em inovação, trazendo produtos que apresentem valor
agregado perceptível ao consumidor.
“O shopper está disposto a gastar com
itens inovadores e que apresentem
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Doce Revista Setembro 2014
diferencial”, assinala Costa, acrescentando que a dica para aproveitar esse
momento é promover e valorizar atributos de saudabilidade e funcionalidade,
principalmente no reduto de biscoitos.
Jorge Conti, diretor executivo da
Bela Vista, confirma que a oferta de
itens de maior valor, tais como cookies e
biscoitos cobertos, garantiu crescimento acima da média do setor. “Comparando o resultado do mercado em geral
que registrou alta em valor de 13% em
2013, a Bela Vista teve um crescimento
de mais 30% no mesmo período”, confronta. Já no exercício em curso, acrescenta ele, o avanço segue moderado,
mas ainda assim a previsão é fechar o
ano com alta em torno de 15%, permanecendo acima da média do setor. “Em
uma categoria estável como a de biscoitos partimos para inovações que são
substanciais para aumentar o valor do
negócio”, sintetiza o diretor.
Desde o início do ano, o mercado
vem intensificando um processo de
mudanças em comparação a 2013, no
qual se percebe uma polarização de
itens de maior valor agregado e preço
baixo, argumenta Júlio Reichel, gerente
comercial para o Sudeste e Exportação da Germani. A partir desse ano, a
indústria começou a conviver com um
cenário diferente, na qual prevalece
uma tendência de mudança nos hábitos
de alimentação e, consequentemente,
na oferta de produtos. “Começou-se a
exigir um conjunto de fatores para levar
benefícios ao consumidor, como praticidade, saudabilidade e bem-estar”,
completa Eloi Turmina, gerente comercial RS das marcas Germani e Corsetti.
A valorização de tendências como
a da portabilidade (linhas on-the- go) e
da saudabilidade (health and wellness)
vieram para ficar e têm norteado os
Biscoitos parte da dieta familiar do brasileiro.
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lançamentos na Bela Vista, insere Conti.
Novidades como os cookies com gotas
100% de chocolate incorporados à linha infantil Fazendinha, em pacote de
50g, que permite o consumo imediato,
são exemplo dessa postura. O executivo
informa que os biscoitos com a marca
Bela Vista tiveram a apresentação renovada. Outra providência em sintonia
com a demanda atual foi manter os
itens cobertos com chocolate com baixa gramatura, tornando a linha própria
para consumo do tipo snack. “Em produtos voltados para saúde e bem-estar,
a empresa trabalha em um novo portfólio a ser lançado em 2015, atendendo
as demandas de portabilidade e praticidade”, ele deixa no ar.
Na Germani, Reichel argumenta que
o ritmo de vida atual exige a oferta de
alimentos de rápido consumo e apelos
de energia, leveza e saúde. “Por isso
também lançamos produtos de menor
gramatura, como as versões em 30g
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Evolução do varejo
ANO
VALOR (em milhões US$)
2008
6.011,4
2012
7.154,5
2013
8.478,4
2018*
11.240,1
(*) Estimativa.
Fonte: © Euromonitor International Ltd 2014.
dos aperitivos salgados Mignon e Suzi
Crock com a marca Germani, agregando ao portfólio opções de lanche
(snacking) para qualquer hora do dia”,
sublinha o gerente. Turmina completa
que as mudanças de hábito por parte
do consumidor visam alcançar atributos
antes não exigidos, tais como beleza e
longevidade. Nesse cenário, estão em
alta conceitos como naturalidade, sabor e conveniência. “Baseados nisso,
lançamos por exemplo as Mini Roscas
Vitaminadas, de leite e chocolate, em
versões de 30g e 150g, enriquecidas
com vitaminas A, B1, B2, B3 e Ferro, e
posicionadas principalmente para o público infantil”, assinala o executivo.
Adaptação ao consumo
Todos concordam que o biscoito é
um alimento com alta penetração nos
lares e faz parte da dieta familiar do
brasileiro. Mesmo em um momento
no qual a economia se apresenta mais
Setembro 2014 Doce Revista
29
Capa
Turmina, da Corsetti praticidade e saudabilidade na
lista de exigências do consumidor.
vulnerável, a categoria mantém crescimento por tradição de consumo e ampla distribuição. “Mas para garantir isso
é necessário que a indústria adapte o
conceito de produtos e as apresentações à capacidade de renda e compra
dos consumidores”, grifa Conti. Desde
maio passado, segue ele, a Bela Vista
banca uma redefinição nas linhas de
embalagens, adaptando-as às expectativas de bolso e consumo do público fã
da marca. Levando em conta as atuais
preocupações com os temas sustentabilidade e meio ambiente, a indústria
paulistana deve já a partir de 2015
apresentar modificações e aprimoramentos nas suas embalagens visando
mitigar o impacto ambiental. “Ao mesmo tempo reforçamos a praticidade, a
portabilidade e a segurança, com conceitos que estão mudando as apresentações e embalagens de biscoitos no
Brasil”, frisa Conti.
Já a linha de biscoitos Germani foi
repaginada em 2013, repassa Turmina.
“No layout buscamos ressaltar elemen-
tos já tradicionais da marca em um moderno projeto gráfico, onde a cor vermelha foi usada como base para todos
os envoltórios, acrescentando a arte do
campo de trigo, reconhecida pelo consumidor das massas da marca”, relata.
Também a linha de biscoitos doces e
salgados Coroa, grife pertecente à Germani, teve seu design atualizado, com
projeto que modernizou a identidade
das versões sem perder a essência da
marca, uma das mais lembradas pelos
gaúchos, conclui o executivo. Quanto às tendências nas apresentações,
Reichel destaca a onda de consumo
mais individualizado e, nesse cenário,
predominam as embalagens de até
100g. “Pacotes com pequenas porções
estão em alta, confirmando a tendên-
Eles têm a força
As indústrias de biscoitos, massas, pães e bolos agora
estão reunidas em uma só entidade. O anúncio do novo arranjo foi o ponto alto do XIV Congresso Internacional das Indústrias de Biscoito, Macarrão e Pão Industrializado, realizado em Brasília (DF) em setembro, numa promoção conjunta
entre a Anib (Associação Nacional da Indústria de Biscoito)
e a Abima (Associação Brasileira da Indústria de Massas Alimentícias e Pão & Bolo Industrializado), que comemorou 30
anos de atividade. A criação da Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pão &
Bolo Industrializados) resulta da fusão da Abima com a Anib
e extingue as duas instituições. A nova associação nasce
com 82 associados, que detêm cerca de 80% de share do
mercado. Juntos os setores faturam R$ 20 bilhões ao ano
com a produção de três milhões de toneladas de produtos,
equivalente a um terço do consumo do volume nacional de
farinha de trigo, além de serem responsáveis por mais de
100 mil empregos diretos.
Para Alexandre Colombo, atual presidente da Anib, a
união se justifica em função da sinergia de demandas das
indústrias envolvidas, incluindo temas como a redução da
carga tributária, pautas de exportação, logística reversa e
sustentabilidade, além do atendimento à legislação em geral. “Somente em 2014 tivemos 13 assuntos em comum em
pauta, que foram encaminhadas pelas duas associações e
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Doce Revista Setembro 2014
Zanão, da Abima, e Colombo, da Anib agora juntos na Abimapi.
discutidas no âmbito governamental”, enfatiza o executivo.
A partir de janeiro do próximo ano, Claudio Zanão, dirigente
da Abima, assume a presidência geral da nova entidade,
que terá representantes individuais para cada categoria. “A
fusão dá origem a uma das maiores associações alimentícias do país, a qual desempenhará um papel cada vez mais
relevante em auxílio às posições dos três segmentos agora
reunidos, reforçando a importância do setor de alimentos à
base do trigo”, ressalta Zanão.
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cia de consumo single ou monodose
que se enquadra, por exemplo, na onda
de snacking, que é o lanchinho fora da
hora”, conclui.
Uma das pedras no caminho do
setor de biscoitos para bancar todas
essas inovações foi a instabilidade no
suprimento de trigo, matéria-prima básica dessa indústria. Conforme percepção unânime no mercado, no ano passado, a commodity registrou aumento
considerável, mas em 2014, uma maior
oferta reduziu os preços, influenciando
diretamente o valor final dos produtos.
“O maior problema em relação à farinha de trigo foi enfrentado no primeiro
semestre, momento em que o governo
ajudou isentando da TEC (Tarifa Externa Comum) um milhão de toneladas de
trigo e farinha de fora do Mercosul”,
esclarece o presidente da Anib. Ele
tranquiliza o setor informando que a
colheita da atual safra de trigo começou em setembro e, por enquanto, o
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produção de biscoitos crescimento em volume de 1,7% contra alta em valor de 12,7% em 2013.
mercado permanece estável, auxiliando
os fabricantes dos derivados. “A safra
brasileira sinaliza ser uma das melhores dos últimos tempos. A se confirmar,
teremos uma recomposição expressiva
no abastecimento com consequência
direta nos preços dos produtos finais”,
reporta ele. 
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Doce Revista Setembro 2014
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Setembro 2014 Doce Revista
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Giro
QUEM: FERRERO
PRODUTO: KINDER OVO
GANCHO: BARBIE E HOT WHEELS
QUEM: ARCOR
PRODUTO: CHOCOLATE
GANCHO: TRIPLA CAMADA
Parceria inédita com Barbie e Hot
Wheels une o chocolate que as crianças adoram com a alegria da surpresa e
da brincadeira. É assim que Kinder Ovo,
marca do grupo Ferrero, renova o portfólio para o Dia das Crianças. As novidades
incluem surpresas com variados modelos
de miniaturas de carros Hot Wheels e bonecas e acessórios da Barbie. Segundo a
indústria sediada em Curitiba (PR), cada
surpresa é criada com o suporte de avaliações psicológicas e procura estimular
habilidades cognitivas, emocionais e também o desenvolvimento motor da criança.
Pensando nisso, os lançamentos, ícones
do universo infantil, reforçam o incentivo
da marca a um crescimento saudável e
feliz. Kinder Ovo e a coleção de surpresas
Barbie e Hot Wheels podem ser conferidos desde setembro nos pontos de venda
(PDVs) do atacado e varejo nacional, ao
preço sugerido de R$ 3,99 a unidade.
A Arcor incrementa a linha de tabletes familiar de 140g com mais um sabor
exclusivo. Com tripla camada, o confeito
busca atender todas as preferências dos
apreciadores da marca, compondo a estrutura com chocolate meio amargo na
cobertura, o tipo branco na camada interna e o ao leite na base, informa Nicolas
Seijas, gerente de marketing de chocolates da companhia. “Somos a primeira
fabricante no Brasil com a tecnologia de
unir três sabores em um único tablete”,
assinala o executivo. A novidade, acrescenta ele, introduz um novo molde para
toda a linha de tabletes familiar, com
formato arredondado que favorece o
derretimento da massa. Também exibe um novo design na embalagem, que
estampa o Selo do Mestre Chocolateiro,
atestando a qualidade do chocolate. Impresso na parte frontal, a chancela garante a origem do cacau e a excelência
na seleção das matérias-primas. “Essas
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Doce Revista Setembro 2014
inovações fazem parte do plano contínuo
de investimentos da empresa em pesquisa e desenvolvimento, que prevê para
2014 aporte de R$ 55 milhões na área de
marketing, sendo 40% desse valor destinados à divisão de chocolates”, detalha o
gerente. Com o lançamento direcionado
ao público jovem adulto, a expectativa é
aumentar em 5% o volume de venda da
categoria de tabletes familiar, que detém
6,6% de participação no mercado brasileiro, repassa Seijas, completando que a
novidade tem distribuição prevista para
todo Brasil ao preço sugerido de R$ 4,49
a unidade.
QUEM: MONDELEZ
PRODUTO: LAKA OREO
GANCHO: UNIÃO DE MARCAS
Duas marcas icônicas da Mondelez,
perceberam que tinham tudo a ver uma
com a outra. “Oreo comentou um post de
Laka; Laka publicou uma foto com Oreo,
e então resolveram começar uma apetitosa amizade. O resultado disso é que
elas não se desgrudam mais”, interpreta
Juliana Macedo, gerente de marketing
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de Lacta na Mondelez Brasil. Essa foi a
linha adotada pela empresa para integrar duas marcas líderes da companhia
em um produto que já nasce com jeito
de campeão: o Laka Oreo.
Depois do sucesso da combinação
de Diamante Negro com Laka, a companhia agora une a cremosidade de
Laka, marca líder no segmento de chocolate branco no Brasil, à crocância de
Oreo, uma das grifes de biscoitos mais
conhecidas do mundo, frisa a gerente,
orçando a novidade em R$ 4,99 cada
embalagem (preço sugerido ao varejo). O lançamento, segue ela, já pode
ser encontrado nas principais redes
de supermercados e, em breve, estará
em todo o comércio varejista do país,
inclusive no Norte e Nordeste. “Trata-se de uma inovação de peso para os
consumidores que, além de uma combinação de texturas e sabores únicos,
entrega também retorno rápido aos
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varejistas”, comenta Juliana. Com base
em dados da Nielsen, ela informa que
inovações no segmento de chocolates
representaram 71% do crescimento
desse mercado em 2013. Além disso,
para o varejista, inovação que une duas
marcas fortes tende a girar mais. Com
mais essa inovação, a Lacta aumenta
sua presença no segmento de tábuas.
Nos últimos 12 meses, essa variante
movimentou R$ 1,3 bilhão e cresceu
16% em valor.
QUEM: NEUGEBAUER
PRODUTO: CHOCOLATE APLAUSO
GANCHO: RECHEIO CREMOSO
O trade e os
fãs do autêntico
chocolate Neugebauer têm
mais um motivo
para comemorar. A marca apresenta o tablete Aplau-
so Recheado, que chega totalmente
repaginado tanto na fórmula como nas
embalagens e agora com um recheio
leve e cremoso. Nas opções Creme de
Avelãs, Mousse de Coco e Iogurte de
Morango, o lançamento substitui a versão de Aplauso já conhecida, podendo
ser encontrado, desde setembro, nos
pontos de venda (PDVs) do Sudeste e
Sul. Desenvolvidas pela agência BHZ
Design, as embalagens traduzem bem
as características do produto, destacando o recheio e os ingredientes dos
novos sabores. “A novidade representa
uma boa opção para o consumidor que
quer sabor, cremosidade e qualidade
num único produto. Nossa expectativa
é que até o final do ano, ela ganhe a
preferência do público e incremente
em cerca de 20% as vendas da empresa”, estima Claudio Fontes, dirigente da Vonpar Alimentos, controladora
da Neugebauer.
Setembro 2014 Doce Revista
35
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Doce Revista Setembro 2014
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Saúde & Bem-Estar
A cura pelo chocolate
Variantes funcionais da Chocolife brindam os consumidores
de todos os tipos de intolerância alimentar
E
ntre as pioneiras no filão de chocolate funcional ou nutracêutico
no Brasil, a Chocolife vem há sete
anos expandindo sua penetração por diversos perfis de consumo, graças à disseminação crescente dos benefícios à
saúde cientificamente comprovados da
ingestão regular de sólidos de cacau. A
empresa abriu as portas no Rio Grande
do Sul com o encontro entre o nutricionista Gabriel de Carvalho e a engenheira
de alimentos Virgínia de Avila Dias. Ambos não se conformavam com a inexistência de chocolates que pudessem ser
prescritos por nutricionistas, endocrinologistas e até mesmo cardiologistas.
Juntando o conhecimento e experiência de cada um em sua especialidade,
nasceu a grife, que hoje sobressai nas
gôndolas de chocolates aprovados para
consumo no circuito de saúde e bem-estar. Em entrevista exclusiva à Doce
Revista (DR), Virgínia detalha a trajetória
da Chocolife.
DR – Como foi o começo da
empresa?
Virgínia – No seu dia a dia de consultório, o Gabriel de Carvalho percebia que todo o paciente que chegava
em busca de uma nova alimentação
relutava em tirar o chocolate da dieta.
Ele, em contrapartida, não encontrava
um produto que de fato pudesse prescrever dentro dos princípios da dieta
funcional. Eu iniciava um trabalho de
pesquisa para desenvolver um chocolate saudável. Esse foi o início da busca conjunta dos princípios que fariam
a Chocolife. Lançamos a primeira versão de chocolate com 50% de cacau,
sem açúcar, glúten, lactose e gordura
trans, ainda com alto teor de fibras e
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Doce Revista Setembro 2014
nas amêndoas. Depois, lançamos os
mesmos produtos, apresentados somente em tabletes de 30g, em barras
de 500g, abrindo a linha para o mercado artesanal. Assim, chefs de cozinha e confeiteiros em geral puderam
agregar a funcionalidade do Chocolife
também em suas preparações. Nosso
produto também ingressou no mercado de farmácias de manipulação, que
transforma as barras de Chocolife em
bombons com ativos benéficos prescritos por médicos.
Virgínia chocolate ingressa na ala da
prescrição médica.
com redução de 25% de calorias comparado a outros chocolates sem açúcar do mercado.
DR – Qual a explicação para o
boom no consumo de chocolates?
Virgínia – O chocolate sempre foi
um produto muito desejado pelos
brasileiros. E quando se fala de um
chocolate funcional, essa preferência
aumenta ainda mais, pois é possível
associar saúde e sabor no mesmo produto. Acredito que a associação entre
as mudanças de hábitos dos consumidores e as descobertas científicas
(com divulgação ao consumidor) têm
sido mais relevantes para esse crescimento da categoria.
DR – Como estão evoluindo a demanda e a oferta?
Virgínia – Quando lançamos o Chocolife 70% cacau, incorporando ainda
mais cacau ao produto, pensávamos
nos benefícios dos polifenóis contidos
DR – O formato atual das redes ou
franquias de chocolaterias teve que
impacto no aumento do consumo?
Virgínia – Um impacto muito relevante. As pessoas estão cada vez mais
interessadas em consumir produtos
saudáveis. Portanto, o mercado de chocolate funcional irá crescer ainda mais.
DR – Quais os planos da empresa?
Virgínia – Apesar do nome, a Chocolife pretende não ser uma empresa focada somente em chocolates, e sim em
alimentos funcionais diversos, atendendo o público que busca saúde na sua alimentação. Nossas linhas se diferenciam
por não se enquadrar somente na nutrição dietética, simplesmente retirando o
açúcar dos produtos. Procuramos sempre agregar mais benefícios, por exemplo com a retirada de glúten e lactose
sempre que possível, agregando fibras
e tendo o menor percentual de gordura. Além do enquadramento diet/ light,
atendemos a demanda de intolerantes à
lactose, glúten, diabéticos e também às
pessoas que estão ou não em dieta de
redução de peso, mas como uma escolha diferente e saudável. •
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