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m í d i a
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c o m u n i d a d e
í t a l o - b r a s i l e i r a
www.comunitaitaliana.com
Ano XIII – Nº 107
ISSN 1676-3220
R$ 7,90
Rio de Janeiro, maio de 2007
Contrata-se
Mercado de trabalho italiano emprega
profissionais brasileiros. Desde 1998, mais de
70 mil estrangeiros foram recrutados
Relação Itália/Brasil aumenta demanda por vôos
Reprodução
18
CAPA Caminho aberto
Com a carência de profissionais especializados na Itália, agência
contrata brasileiros à procura de aprimoramento no exterior.
Attualità
Cittadino romano apre dibatitto su diritti
e doveri di tutti, immigrati compresi...............................................23
Editorial
Troca de conceito...........................................................................06
Cose Nostre
Depois de se tornarem elegíveis, imigrantes
formam um novo partido na Itália: o Novos Italianos.......................07
Articolo
Atualidade
Brasileiras vão para Europa e são vítimas do tráfico de
pessoas através de exploração sexual e trabalho escravo................30
Curiosidade
Solidarietà internazionale...............................................................10
Em maio, tradicional mês das noivas, saiba
como acontece um “vero” casamento à italiana..............................36
Economia
Coluna Milão
Cerca de 400 objetos chegam da Amazônia e abrem espaço
para a cultura da América do Sul no Castelo Sforzesco....................52
32
Saúde
Depressão
Problema atinge duas vezes
mais as mulheres e pode se
tornar a segunda maior moléstia
do mundo
42
Design
Lusso e semplicità
Anelise Bonaccorsi
Ophelia Cherry
Divulgação
Ana Paula Torres
Itália compra 95 mil toneladas de carne brasileira
e evento estimula o incremento na exportação do produto..............16
Specialista in borse, la stilista
Anelise Bonnacorsi mette in risalto
“il gusto per il bello” degli italiani
48
50
Turismo
Salò di Garda
Cidade guarda tesouros da
antiguidade e cenários que
nortearam a República Social de
Mussolini
Maio 2007
/
Música
Ennio Morricone
Maestro italiano visita o Rio e
faz a primeira apresentação
depois de recebimento do Oscar
ComunitàItaliana
COSE NOSTRE
Julio Vanni
FUNDADA EM MARÇO DE 1994
Diretor-Presidente / Editor:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
Imigração italiana em Minas
I
nício de tarde com sol, num típico restaurante de Roma. Enquanto espero o primo piatto e saboreio uma bruschetta, acompanhado de minha irmã Sofia, três adolescentes
entram, se dirigem a uma mesa na varanda, ameaçam turistas e furtam objetos pessoais. Estarrecido, cobro ao cameriere uma atitude. Correr atrás dos moleques, chamar a
polícia, enfim. Mas ele, com muita naturalidade, responde: “não podemos fazer nada, a
cidade está cheia destes zingari. Estes daí passam todos os dias por aqui em busca de alvo
fácil. Já comunicamos às autoridades, mas eles não conseguem dar conta”.
Isso é um resumo de como anda dramática a situação da imigração na Itália. Na
ocasião, início de maio, o noticiário, ainda repercutia o fato que acontecera uma semana
antes, quando uma jovem fora levada a morte por uma prostituta romena que lhe perfurou
o crânio com a ponta de um guarda-chuva. Notícias como essa tornam-se cada vez mais
comuns. Se antes, era possível curtir uma prazerosa caminhada pela cidade eterna, conhecida por sua “dolce vita”, e deixar levar-se pelo seu ar romântico, hoje algo mudou. O estresse das grandes cidades está inserido na sociedade italiana. A tensão está impressa nos
rostos romanos. É chocante, pra quem já teve a oportunidade de conhecer a Roma de poucos anos atrás, observar o mal humor e a desconfiança tomar conta de pessoas que sempre
demonstraram orgulho de serem de uma das mais importantes capitais do mundo.
Pode parecer discriminação, mas nunca pensei que pudesse tomar um café num bar italiano que não fosse servido
por um italiano. Um barrista italiano é sagrado. Pra quem sai
de outro país, ao ser servido com uma simples tazzina é possível entrar rapidamente no espírito italiano, seja a partir de uma
brincadeira, num breve comentário sobre política ou até mesmo reclamando de tudo como de costume. Dai, fui servido por
um chinês, que só falava a sua língua... Pelo menos ainda nos
restam as fontanas romanas que continuam a jorrar águas frescas e ricas em cálcio. Nossa correspondente em Roma noticia
a revolta de um romano em torno dessa drástica mudança.
VICE-DIRETOR EXECUTIVO: Adroaldo Garani
Publicação Mensal e Produção:
Editora Comunità Ltda.
Tiragem: 30.000 exemplares
Esta edição foi concluída em:
21/05/2007 às 12:30h
Distribuição: Brasil e Itália
Redação e Administração:
Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,
Centro, RJ CEP: 24030-050
Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468
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SUBEDIÇÃO: Rosangela Comunale
[email protected]
Redação: Aline Buaes; Ana Paula Torres;
Bruna Cenço; Fábio Lino; Guilherme
Aquino; Nayra Garofle; Rosangela
Comunale; Sílvia Souza
REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco
Projeto Gráfico e Diagramação:
Alberto Carvalho
CAPA: Reprodução
Colaboradores: Braz Maiolino; Pietro
Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi;
Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda
Maranesi; Giuseppe Fusco; Beatriz Rassele;
Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de
Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta
E
stive na Itália com uma comitiva de representantes de cidaPietro Petraglia
des fluminenses, que foi conduzida pelo cônsul geral MasEditor
simo Bellelli. Seguindo a agenda, fomos recebidos pelo viceministro para os Italianos no Mundo, Franco Daniele, em seu
gabinete na Farnesina. A reportagem está nesta edição. Durante o encontro, entre outros
temas, Daniele fez questão de ressaltar o valor de Comunità como ferramenta para o intercâmbio entre Brasil e Itália e assumiu compromisso de se empenhar para sensibilizar
empresas que atuam no Brasil a investirem em mídias direcionadas a ítalo-brasileiros.
Durante estes dias, de 18 a 25 de maio, o ministro está no Brasil, onde conhece de perto
projetos patrocinados pelo Governo italiano em colaboração com entidades locais, participa de encontros em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Curitiba e é recebido no Palácio
do Planalto em Brasília pelo vice-presidente José Alencar.
CorrespondenteS: Guilherme Aquino
(Milão); Ana Paula Torres (Roma);
Fábio Lino (Brasília)
Publicidade:
Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181
[email protected]
Representantes:
Brasília - Cláudia Thereza
C3 Comunicação & Marketing
Tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346
[email protected]
N
o Brasil, como em outros países com sedes diplomáticas italianas, no dia 2 de junho
comemora-se o dia da República italiana, criada após vinte anos de ditadura e seis
anos da segunda guerra mundial, em 1946. No Rio de Janeiro, por iniciativa do cônsul
geral Massimo Bellelli, acontece a terceira edição pública da data. São esperados cerca de
70 mil pessoas entre os dias 1 e 3 de junho. Por que tanta gente? Porque, além da simpatia
natural do povo brasileiro pela cultura italiana, Bellelli teve a proeza de reunir uma feira
de produtos típicos e espetáculos de primeira linha. Se no ano passado a estrela do evento
foi o cantor Toquinho, neste ano o evento vai contar com a participação especial do maior
cantor de músicas napolitanas da atualidade: Gigi D’Alessio. O cantor desembarca no Rio
apresentando-se com a vencedora de dois fesitivais de San Remo, Anna Tatangelo, graças
a um esforço conjunto entre a Revista Comunità, a Obiettivo Lavoro e, principalmente,
do próprio cônsul geral, Massimo Bellelli, que não vem medindo esforços para oferecer
serviços de qualidade aos cidadãos.
Confira nesta ediição todas as principais notícias que envolvem atualidade, política, economia, sociedade, design, moda, cultura, espetáculo, entre Brasil e Itália. Boa leitura!
ComunitàItaliana está aberta às contribuições
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos
e estrangeiros. Os artigos assinados são de
inteira responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente, as
opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori
e sprimono, nella massima libertà, personali
opinioni che non riflettono necessariamente il
pensiero della direzione.
editorial
ISSN 1676-3220
Filiato all’Associazione
Stampa Italiana in Brasile
ComunitàItaliana
E
mpolgados com o êxito do II Seminário sobre a Imigração Italiana, realizado no ano passado em Barbacena,
o Comitê Italiano no Exterior (Comites) de Minas Gerais e a
Associação Ponte entre Culturas se empenham em resgatar
a história da imigração italiana no estado. Com o apoio do
Consulado, da Fundação Torino, da Secretaria de Cultura de
Minas e de universidades locais, em julho, acontecerá um
encontro de historiadores e personalidades interessadas no
tema. O evento ocorre como preparação para o III Seminário da Imigração que acontecerá em Juiz de Fora, no mês
de outubro.
A
s indústrias do Centro-Oeste conheceram as metas de um amplo
programa de financiamento e desenvolvimento tecnológico para
pequenas e médias empresas patrocinado pelo governo da Itália. A iniciativa conta com aporte financeiro do Inter-American Investment Corporation (IIC), agência ligada ao BID, que dispõe de recursos para projetos destinados aos setores privados brasileiros. O encontrou ocorreu,
em meados de maio, na Embaixada da Itália em Brasília e contou com
a participação de 70 empresários da região. O presidente da Federação
das Indústrias do Distrito Federal [Fibra], Antônio Rocha, explicou que
Brasília é privilegiada porque é situada em um mercado consumidor de
2,3 milhões de pessoas, com o PIB per capita de R$ 19 mil por ano,
totalizando quatro milhões de habitantes.
Pelada na
Fontana
U
ma auxiliar de escritório de 40 anos deu um
mergulho nua na obra-prima da Renascença observada por uma multidão de
turistas. “A água é de todos. Eu estava com calor”,
teria dito a moça que se
identificou como Roberta,
mas não revelou seu sobrenome. A Fontana de Trevi
ficou famosa por aparecer
no clássico “La Dolce Vita”
de Federico Fellini [1960],
em que a diva Anita Ekbert
dá um mergulho na fonte
usando um pequeno vestido preto. Nadar na fonte é
proibido e Roberta, da cidade de Milão, agora corre o
risco de receber uma pesada multa por indecência pública. Em 1995, a top model
alemã Claudia Schiffer também entrou na fonte para
uma campanha do designer
Valetino.
Legal
O
Ansa
Diretor: Julio Cezar Vanni
Itália quer financiar
E
nquanto o Brasil parou para receber o Papa, uma multidão se
reuniu, no último dia 12, na praça da basílica de São João de
Latrão para pedir uma nova política de ajuda à família tradicional. O
Family Day [Dia da Família] foi promovido por associações católicas
e pela direita italiana. Na ocasião, o ex-premier Silvio Berlusconi afirmou que “os católicos verdadeiros não podem estar na esquerda”.
Em queda
O
Instituto de Estatística Italiano (Istat) anunciou que a Itália
registrou uma inflação de 1,5 por cento em abril e 1,7 por
cento em março, menor taxa apresentada na região do Euro. Segundo o instituto europeu da estatística (Eurostat), na zona dos
13 países onde circula a moeda única, a inflação foi de 1,8 por
cento em abril e 1,9 por cento em março.
s estrangeiros legalizados na Itália chegam a 3,35 milhões,
quase o dobro de cinco anos atrás. A incidência sobre a
população total cresceu para 5,2 por cento e se alinhou com a
média européia. Mas continua longe dos picos de 9 por cento registrados em países como Alemanha e Espanha, segundo afirma
um relatório do Ministério do Interior italiano. O documento,
apresentado pelo governo no âmbito da discussão sobre a reforma da polêmica lei de imigração “Bossi-Fini” [instituída pelo
governo de Silvio Berlusconi e que prevê restrições ao acesso de
estrangeiros à Itália], também informa que, através de embarcações pelo sul, 22.016 imigrantes ilegais chegaram em 2006.
Novo partido
na Itália
O
s imigrantes que vivem
na Itália formaram o
partido Novos Italianos. Seguindo a nova lei de imigração votada pelo Conselho de
Ministros, a qual estabelece o voto dos estrangeiros e
os torna elegíveis na Itália,
seus fundadores afirmaram
que o Novos Italianos nasceu “da vontade de colaborar com os irmãos italianos
e representantes das principais comunidades estrangeiras presentes em Roma”.
Mustapha Masouri, de origem marroquina, é o presidente do Novos Italianos
que tem como porta-voz,
Maria Pratsiuk, de origem
ucraniana. De acordo com a
nova formação política, haverá cerca de 1,5 milhão de
eleitores, com 200 mil só na
capital, que poderão opinar
por meio do voto sobre as
escolhas políticas do país.
Em busca das origens
A
equipe de descendentes do Colégio Brasileiro de Genealogia
(CBG) está criando a Sociedade Genealógica Italiana. A instituição, que conta com uma coleção de livros dedicados à genealogia, busca associados e funciona no prédio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), na Avenida Augusto Severo,
8, no Centro do Rio de Janeiro. O CBG acumula mais de 50 anos
de existência e tem como objetivo estatutário o estudo e a investigação genealógica das famílias brasileiras e estrangeiras radicadas no Brasil. Mais informações pelo telefone 21-2509-5107.
Vale a pena ressaltar que o CBR não faz pesquisas genealógicas,
já que é formado por voluntários.
Entretenimento com cultura e informação
/
Maio 2007
Maio 2007
/
ComunitàItaliana
opinião
serviço
agenda cultural
frases
“Futebol é alegria, é improviso, é
sorriso. Talvez por isso os brasileiros
sejam tão bons nisso. Admiro muito
o povo do Brasil. Amo a Itália, mas
não teria nenhum problema –pelo
contrário!– em ser brasileira”,
Maddalena Corvaglia, showgirl e
conduttrice televisiva, al parlare della
sua separazione con il conduttore Enzo
Iacchetti, dopo sei anni di relazione.
Laura Pausini, cantora, em recente
passagem pelo Brasil, ao falar sobre
o esporte que é uma das paixões do
povo brasileiro.
“Penso che sia giusto che ci siano
gli stranieri, non ho mai fatto un
discorso contro gli stranieri. Ma
è bene che ci sia un po’ più di
spazio per i giocatori italiani”,
Roberto Donadoni, allenatore
della nazionale italiana,
dichiarando che
vorrebbe ridurre il
numero di giocatori
stranieri nel calcio
italiano.
“Um combatente privado da
liberdade e submetido a uma
feroz perseguição carcerária,
que se tornou símbolo da
extraordinária capacidade de
resistência e de histórica postura
em condições desesperadas”,
Comunidade: IX Festa Italiana:
No dia 2 de junho, às 20h, o
município Severiano de Almeida (RS), cujo primeiro nome foi
Nova Itália, promove um evento cultural com jantar típico,
dança folclórica e baile. A cidade fica a 395 quilômetros de
Porto Alegre. Informações: (54)
3525-1122 ou pelo e-mail [email protected]
Feira: 17ª Expobento: De 7 a 17
de junho, Bento Gonçalves (RS)
estará voltada para a indústria,
o comércio e o setor de serviços. A Feira terá a participação
de 400 expositores diretos e 650
indiretos, que esperam 150 mil
visitantes de todo Brasil. Horários: no dia de abertura (07/06)
- das 10h às 22h30min; de segunda a sexta - das 17h45min às
22h30min; sábados, domingos e
feriados - das 10h às 22h30min;
no dia do encerramento (17/06)
- das 10h às 20h. Informações:
na estante
(54) 2105-1966 ou pelo e-mail:
[email protected]
Arte: Mostra Piemonte Torino Design: Belo Horizonte recebe, de 23
de junho a 1º de julho, em seu
Palácio das Artes o evento organizado pela Câmara de Comércio
Italiana, em conjunto com o governo de Minas e em parceria com
a Universidade do Estado de Minas
Gerais (UEMG), o Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas
Gerais (Indi) e o Politecnico di To-
rino. Haverá atividades como seminários, workshops e palestras.
Esporte, cozinha, lazer, vinho, café, chocolate, automóveis, vestuário, artigos de decoração interna
e externa, são uns dos temas que
serão expostos. Também está na
programação uma degustação de
vinhos do Piemonte e uma missão
empresarial nos setores de design,
meio ambiente, nanotecnologia,
e automobilístico. Informações:
www.italiabrasil.com.br
click do leitor
Giorgio Napolitano, chefe
de Estado italiano, em
solenidade que celebrou o
70º aniversário da morte
de Antônio Gramsci.
Arquivo pessoal
“Rifidanzarmi? No, no, ora sto bene così.
Sento il bisogno di fermarmi un attimo.
Una volta finita una storia importante
è difficile trovare un nuovo amore e io
sono un po’ all’antica”,
enquete
Pesquisa revela que os italianos preferem
falar dialeto. Você acha que:
61,5% - É uma forma de preservar
as raízes culturais.
38,5% - Deve haver um padrão
lingüístico único para evitar
conflitos na comunicação.
Enquete apresentada no site
www.comunitaitaliana.com entre os
dias 24 a 27 de abril.
Berlusconi é absolvido em duas acusações de
corrupção. Você acha justo?
78,9% - Não
21,1% - Sim
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 27 a 1º de maio.
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
Invenções da Idade Média –
Óculos, livros, bancos, botões
e outras invenções geniais.
Objetos como bússola, relógio,
universidade, garfo, carnaval,
macarrão, xadrez. Esses e outros inventos tão incorporados
ao nosso cotidiano não surgiram do nada e com belas ilustrações e um texto cativante, Chiara Frugoni mostra os feitos de
um período luminoso e inédito,
um tempo de progressos. Jorge
Zahar Editor, 184 págs., R$39.
Amor, Sexo e Tragédia – Como gregos e romanos influenciam nossas vidas até hoje.
Bom humor e inteligência são
as características dessa obra de
Simon Goldhill, que mostra como as tradições greco-latinas
estão muito mais presentes em
nossa vida do que imaginamos.
Do lazer à política, da psicanálise à religião, o mundo clássico
está por trás de todo o sistema
de pensamento ocidental. Jorge
Zahar Editor, 300 págs., R$ 44.
cartas
“N
a última edição, 106, achei o máximo a idéia de entrevistar o Guto Goffi.
Adoro o Barão Vermelho e saber um pouco sobre a história desse descendente me deu vontade de escrever para vocês pedindo, cada vez
mais, matérias desse tipo. Grande abraço!”
Juliana Avancini,
Rio de Janeiro, RJ,
por e-mail
E
m 2006 passei o verão na Itália. Visitei lugares como Roma,
Treviso e Veneza. É como pensar que passei as minhas férias
dentro dos meus livros de história! Inesquecivel!
Claudio Pinheiro O. Junior - Londres - Inglaterra
Mande sua foto comentada para esta coluna
pelo e-mail: [email protected]
“H
á muito tempo esperava a receita do
famoso doce tiramissú na revista. A
foto está tão bonita que dá água na boca. A
combinação café com chocolate é perfeita.
Aproveito a oportunidade para fazer uma sugestão: que tal uma receita com peixe agora?”
“U
ma das coisas que mais presto
atenção é a capa da revista. E posso dizer que as capas de Comunità estão
cada vez melhores. A da edição 105 ficou
ótima, pois juntou uma bela pizza com uma
bela moça. Parabéns!”
Carmen Bataglia,
São Paulo, SP,
por e-mail
Maio 2007
Alvaro Genebra,
São Paulo, SP,
por e-mail
/
ComunitàItaliana
opinione
Solidarietà
internazionale
Una svolta dalla quale è partita un´azione
inarrestabile di spirito umanitario e sociale
L
Franco Urani
a cittadinanza onoraria carioca che mi ha conferito il
3 Maggio l’Assemblea Legislativa del Municipio di Rio
de Janeiro è in realtà un riconoscimento che si estende a migliaia
di persone [i 2.500 abitanti di Vila
Canoas, le 400 famiglie italiane che
cooperano dal 1992 con il sostegno
a distanza di tantissimi bimbi della
Comunità, molti amici europei e di
Rio], a vari enti governativi, pubblici e privati brasiliani [il Municipio di Rio in prima linea] ed internazionali [Unione Europea - Come
Noi di Torino, Associazione con la
quale abbiamo iniziato l´azione nel
1989 - Rotary Club della Lombardia
- Daniele Agostino Foundation di
New.York].
L’iniziativa – alla quale hanno attivamente partecipato mia
moglie Giuliana e i nostri figli
André e Lidia – è stata resa possibile dalla convivenza con la favela di Vila Canoas, che era sorta
nel ´79 accanto alla nostra casa
10
di Rio nel quartiere di S. Conrado nella quale risiedevamo da un
paio d’anni ed alla pendolarità
Rio/Torino, che mia moglie ed io
abbiamo ormai dal 1980, dopo il
mio svincolo dalla FIAT.
Credo che sia stata per me utile
la trascorsa esperienza manageriale
in Brasile [culminata com la realizzazione degli imponenti impianti
industriali FIAT nello Stato del Minas Gerais] per cercare d’impostare
un’azione di solidarietà programmata e razionale, peraltro temperata dallo spirito umanitario e sociale di mia moglie, essenziale per i
buoni rapporti con la comunità e la
comprensione dei loro problemi.
Quando, nel 1989, ricevemmo i primi modesti aiuti da COME
NOI, avevamo subito costituito
in favela un Centro per la preparazione, doposcuola, ricreazione
ed alimentazione di 50 scolari dal
corso di alfabetizzazione alla terza elementare, dandolo in gestione all´Associazione S. Martinho
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
di Rio con 4 educatrici della Comunità. E fu enorme la sorpresa
nostra e dei nostri sostenitori nel
constatare che - dopo un anno - i
risultati scolastici si erano sovvertiti, passando l’indice di promozione dal 20 all’80%.
Fu questa la svolta dalla quale partí un’azione inarrestabile di
solidarietà internazionale: prima
con il consolidamento ed ampliamento del Centro Bambini,
poi con i sostegni a distanza e
l’ausilio del Municipio di Rio. Seguirono nel ‘94 la costituzione
dell’Associazione filantropica della famiglia Urani, la PARA TI, per
canalizzare le donazioni e proporre al Municipio di Rio la riabilitazione sociale e strutturale della
Comunità sulla base del programma Favela/Bairro allora lanciato.
Sottolineo che la nostra azione
fu del tutto volontaria, d’accordo
con gli Statuti societari.
Dato che Vila Canoas era uma
favela piccola, nacque così il programma municipale BAIRRINHO
per le 200 mini-comunità di Rio
di cui Vila Canoas fu il progetto
pilota, con partecipazione finanziaria 50% Municipio di Rio e 50%
Europa. Come Noi ottenne l’im-
mediata e convinta adesione dell’Unione Europea al progetto, anche appoggiato entusiasticamente
dai Rotary della Lombardia.
Iniziò così un’azione di trasformazione della comunità con
un’esemplare collaborazione democratica tra le parti e la fattiva
collaborazione degli abitanti, stupefatti dal nuovo corso. Vi fu inevitabilmente qualche contrattempo burocratico, specie nel cambio
dell’amministrazione comunale,
problemi comunque superati con
buona volontà, concludendosi la
riabilitazione a metà del 2002 con
realizzazioni sociali e strutturali
uniche a Rio e creazione di oltre
70 impieghi stabili a Vila Canoas.
A questo punto - pur cessando le donazioni del Municipio [che
peraltro amministra una gran parte delle nuove iniziative sociali] e
dell’Unione Europea - la PARA TI
decise di proseguire l’azione in
quanto continuavano ad affluire
i contributi dei privati italiani e
della Daniele Agostino Foundation. Decidemmo temerariamente
di lanciare progetti di avanguardia
sull’informatica, sugli studi superiori con un programma di borse
di studio, sull’abitazione popolare,
cercando di coinvolgere - anche finanziariamente e con il lavoro - gli
interessati per quanto più possibile, sia per poter beneficiare il massimo numero di persone, sia perché
riteniamo educativa e producente
la loro concreta partecipazione.
In tal modo, è stato costituito
un centro d’informatica ed internet
a banda larga con 11 computers in
cui sono stati istruiti 500 membri
della comunità; sono state restaurate le 420 dimore di Vila Canoas; è
stato consentito l’agognato accesso alla casa finora a 80 famiglie;
abbiamo portato alla laurea universitaria 30 giovani e vari altri seguiranno nel prossimo biennio.
Il consuntivo d’investimenti
1989/2007 corrisponde a oltre 3,8
milioni di dollari, dei quali 2 milioni donati dall’estero, e l’azione
prosegue con varie altre iniziative
in corso e programmate.
Unico punto negativo, la situazione economica insoddisfacente di Rio, che difficilmente offre lavoro equamente remunerato
ai giovani, anche se ben preparati. Esistono possibilità di trasferirsi altrove come già comincia ad
avvenire, ma speriamo che – anche a Rio – possa prossimamente
verificarsi l’auspicata ripresa.
Parole, idee
e carisma
Saper parlare significa, quasi sempre, lucidità di pensiero
C
ommuovono la gentilezza, la musicalità, l’armonia della lingua scritta
a Firenze nella seconda
metà del 1200. Dante Alighieri, Guido Cavalcanti, Lapo Janni
e altri scrivevano in un volgare colto, usando parole e suoni dolci. Il loro modo di poetare era semplice e luminoso.
L’apparente semplicità della forma celava il dominio su lessico,
stile e sintassi. Si legga Donne
ch’avete intelletto d’amore [Vita
nuova, cap. 19]; l’eleganza e la
delicatezza con cui Dante parla della donna e dell’amore sono
un inno alla bellezza. Era il dolce stil novo.
Da allora ai giorni nostri, la
nostra bella lingua maturò, crebbe, e non sempre crebbe bene.
Soffrí, per secoli, le sfortunate
vicende politiche dei vari stati
che integravano l’Italia geografica. Non mancarono peraltro opere e letterati illustri: Boccaccio,
Ariosto, Tasso, Alfieri, Foscolo
ed altri, spesso solenni e un po’
tromboni [mi si passi la similitudine], contribuirono alla evoluzione [e involuzione] della nostra lingua. Più tardi, nel ‘900,
quando le cose e le coscienze si
complicano, nascono Quasimodo l’ermetico, Gozzano il crepuscolare, Pavese il neorealista, e
molti altri scrittori espressivi.
Movimenti di pensiero e stili letterari si avvicendano. La parola
diventa colore, come nel Pasticciaccio brutto di Gadda, diventa
rumore, come ne La pioggia sul
pineto di D’Annunzio, diventa
uno scrigno di sogni, come nelle
poesie di Ungaretti, marchi indelebili nei miei modesti interessi letterari.
Ahimé, il tempo passa, e il
verbo italiano, invece che pro-
Ezio Maranesi
gredire, si deteriora. Agli albori
della mia vita professionale ho
lavorato con un gruppo di dirigenti, tanto ambiziosi quanto
privi di idee; gli stessi che hanno fatto danni alla Olivetti, alla
Buitoni e più tardi all’Alitalia.
Cercavano di dare importanza
e autorevolezza al loro modesto valore professionale usando
spesso modi di dire allora molto di moda come, per esempio:
nella misura in cui... o pronunciando parole come evidenziazione con la o molto stretta e
molto lunga. Impressionante,
soprattutto per me, un po’ campagnolo. Ma anche inutile: furono presto cacciati; al parlar
forbito non corrispondevano i
fatti. Una volta tanto, la frase storica parlo, ergo sum non
aveva funzionato. Ai tempi nostri dilagano due nuove lingue:
l’economese e il politichese alle
quali solo gli addetti ai lavori
possono avere accesso. In questa lingua, l’espressione fare un
tavolo significa riunire persone
per discutere una determinata
questione. Un’anima semplice
pensa invece alla canzoncina di
Sergio Endrigo che dice: per fare un tavolo ci vuole il legno...
e immagina il legnaiol del villaggio leopardiano che s’affretta e s’adopra a fornir l’opra anzi
il chiarir dell’alba... Dice “La Repubblica” di qualche giorno fa
che, per discutere il problema
TAV, nasce un tavolo a Palazzo
Chigi... e dopo che il tavolo avrà
esaminato... Il tavolo, prima
complemento oggetto, diventa
soggetto. Intrigante.
Saper parlare significa, quasi sempre, lucidità di pensiero,
conoscenza di un vasto lessico, uso delle parole e delle forme appropriate alla circostanza.
Chi parla bene ha possibilità di
emergere molto più di chi, pur
geniale, abbia difficoltà di esprimersi con proprietà di linguaggio. L’uso di una lingua piatta,
povera, fatta di luoghi comuni,
dà cattiva impressione. Disse
Orwell: “la sciatteria della lingua
favorisce l’aver vacui pensieri”.
Ammiro la semplicità di Manzoni. Nel capitolo X dei Promessi
Sposi, lo scellerato Egidio dà segnali di seduzione a Gertrude.
“La sventurata rispose”, scrive
Manzoni, e in questa breve frase
fatta solo di soggetto e verbo c’è
tutto il lungo e doloroso dramma
della monaca di Monza.
L’epilogo del dramma della
nostra bella lingua si consuma
invece nei nostri giorni. Scrivere e parlare italiano è un lusso
inutile; molto più utile conoscere (male) l’inglese o avere
qualche idea sull’informatica. I
giovani non leggono e in discoteca non si parla. Il loro lessico è fatto generalmente da 250
parole, spesso coniate da loro
stessi. Non é un tricheco, é un
mandrake, cucador allucinante,
camuffaro che non va a cozze...
voleva dire qualche anno fa [il
gergo cambia rapidamente] ..non
é uno stupido, é una persona intelligente che ha fortuna con le
ragazze, ha l’aspetto inquietante
ma non si ubriaca facilmente...
Il colpo di grazia lo danno i telefonini: ke fai stas?c vediamo?nn
6 + sola tvb pleas risp. Traduzione: che fai stasera? ci vediamo?
non sei piú sola. Ti voglio bene.
Per favore rispondimi. Alla faccia
della Dante Alighieri.
Julia Freeman-Woolpert
Franco Urani
articolo
Maio 2007
/
ComunitàItaliana
11
articolo
marco lucchesi / artigo
12
Vincoli
secolari
La visita di Papa Benedetto XVI è stata ‘storica’
Fabio Porta
tore… Padre Enzo - cosí chiamavamo il parroco - fu invece
trasferito in un paesino ancora più piccolo (forse era troppo ‘democratico’ per la Chiesa
di allora) e poi… in Brasile.
Sí, in Brasile, a Porto Velho, in
Rondonia, ad oltre quindicimila chilometri dalle arance rosse
della nostra Sicilia.
Ironia della sorte, approdo
anche io in Brasile qualche anno
dopo e il legame riprende.
Oggi chi visita a Porto Velho
il “Museo Internazionale del Presepe” o la “Scuola di Ceramica
Theós” della Parocchia Sao Tiago
toccherà con mano un altro dei
tanti miracoli dell’incontro tra
l’Italia e il Brasile.
Ma torniamo alla visita del
Papa in Brasile, un Paese con oltre cento milioni di cattolici.
Lo confesso: ho sperato, due
anni fa, che il Brasile potesse dare un proprio Papa a questa Chiesa cattolica.
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
In questi ultimi anni ho avuto la fortuna di conoscere da vicino il pensiero e, soprattutto, le
opere di Don Claudio Hummes, il
Cardinale di San Paolo che da pochi mesi è a Roma per dirigere la
Congregazione per il Clero.
Da vescovo di Santo André,
Hummes aveva imparato a conoscere bene la vita e la lotta del
movimento operaio; risale a quegli anni la sincera amicizia e il
rapporto di stima che ancora oggi lo lega al Presidente Lula.
Da Arcivescovo di San Paolo
si rende conto che stare alla finestra e predicare non è sufficiente e che la Chiesa deve sporcarsi
le mani, coinvolgendosi in prima
persona nella lotta all’esclusione
sociale ed alla piaga della disoccupazione.
Costituisce cosí il CEAT [Centro Arcidiocesano del Lavoratore], punto di incontro e di partenza per quanti, disoccupati
emarginati disperati, cercano
nel lavoro il significato di una
vita che rischiano di non incontrare più.
E’ al CEAT che si deve il mio
primo incontro con il Cardinale;
Don Claudio (vuole subito farsi
chiamare cosí) è stimolato dalla
mia militanza politica e sindacale, e mi chiede di aiutarlo, di
essere al suo fianco per divulgare anche fuori dal Brasile questa
esperienza e per dire al mondo
che “l’uomo senza lavoro è meno uomo, e quindi meno vicino
a Dio”!
Nel giro di poche settimane saremo insieme al Parlamento Europeo, dove il Cardinale
– rompendo una di quelle inossidabili regole di Bruxelles secondo le quali solo deputati europei partecipano ai lavori ordinari
– interviene ufficialmente nella
plenaria della Commissione Affari Sociali dell’Unione Europea.
Andiamo quindi a Roma, dove Hummes incontra i tre Segretari Generali di CGIL-CISL-UIL, ai
quali spiega (meglio di un sindacalista) il perché la globalizzazione senza regole crea disoccupazione ed esclusione e come
si può fare per invertire questo
dramma.
Ma il Cardinale non si ferma
qui; vuole incontrare i leader politici italiani, e cosí vedrà Fassino [Segretario dei Democratici di
Sinistra, NdR], prima a Roma in
Vaticano e quindi in Brasile, nel
corso di una pausa del Congresso
dell’Internazionale Socialista.
Gli incontri si susseguono, e
sono quasi imbarazzato dalla disponibilità e dalla semplicità di
quest’uomo.
Con Don Claudio inauguriamo cosí nel 2004 lo “Spazio
dei Sogni”, il Centro educativo
per i ragazzi delle favelas brasiliane voluto fortemente dal
leader dei pensionati italiani
della UIL Silvano Miniati, con
il quale il Cardinale aveva presentato al CNEL (una sorta di
BNDES italiano) il progetto alla
presenza del Premio Nobel Rita
Levi Montalcini.
Il Papa brasiliano non è poi
arrivato, ma Don Claudio è andato lo stesso a Roma, arricchendo
anche lui questa ideale galleria
di andate e di ritorni tra Italia
e Brasile.
La visita di Benedetto XVI in
Brasile, forse, è stata ‘storica’ anche per questo.
Compromisso,
ruptura e
liberdade
D
omingos Meirelles entrega
ao público um dos livros
mais apaixonados sobre a
Revolução de 1930. Atento ao silêncio dos vencidos, e aggiornato com os estudos recentes sobre a República Velha e o
movimento de 30, Domingos não
ficou preso a estudos específicos,
preocupado apenas com a estrutura, vagando num labirinto povoado de fantasmas. Longe disso,
e como já fizera em As Noites das
Grandes Fogueiras , ele sujou as
próprias mãos, manuseando jornais de época, fotos, cartas, arquivos políticos, para montar um
sistema que se impõe em muitos
planos e se completa nas entrelinhas. E sem atribuir a si mesmo uma qualidade olímpica, dos
que julgam o passado aparentemente distante com a arrogância
do presente, que parece melhor e
mais acabado. O Brasil dos anos
1920 emerge dessas páginas com
a suas polifonia, com o sabor de
uma linguagem, na qual nos reconhecemos e da qual nos afastamos, um Brasil tão próximo e
distante. E um sem-número de
contradições que nos marcam e
libertam.
O tempo da longa duração,
essa com a qual temos de lidar, num misto de serenidade e
desespero, raiva e compaixão,
diante dos descompassos da sociedade civil. Um país assolado
por uma grave assimetria, diante
de cuja perversidade a República
parece adormecida. A Velha. A
Nova. A Novíssima. Mais de cem
anos sem políticas públicas no
campo da saúde e da educação,
abandonados às práticas de um
populismo imoral. O pacto repu-
blicano que devia ser mais amiúde repensado. O corpo dos desaparecidos e a impunidade dos
que torturaram durante o Regime
Militar. Uma democracia envergonhada. As famílias sem os corpos. E a terrível espera.
Como se a permanência das
coisas terríveis gritasse neste
livro. E além dele. Nas páginas
de ontem. E de hoje. Mas sem
atitudes panfletárias. Domingos
tem uma compreensão difusa.
Diz mesmo quando parece não
dizer. E como em Leonardo Sciascia, não encontramos aqui apenas um culpado. A rede políticoeconômica é o grande flagelo.
Precisamos de um novo pacto republicano. De um novo humanismo. De uma revisão da democracia, como diz Boaventura
dos Santos, e de formas diretas
de participação. Democratizar a
democracia. Um ethos político
que resulte da verdade do contrato social.
E contudo, Domingos não cai
na cilada dos que crêem que a
história não muda, ou, pior, de
que ela se repete, ou termina.
Domingos passa imune. Não pretende uma filosofia da história.
Ou ainda uma quase teologia.
Seu compromisso é com a indagação dos fatos. Uma vontade de
chegar às raízes mais profundas,
bem como à mais comovedora capilaridade. Uma predileção
pelas vidas minúsculas e anônimas, ou ainda, pelas vidas paralelas, gênero consagrado desde
a Antigüidade. A alma do tempo. Havendo alguma. A alma das
ruas. A Capital da República. Li-
ma Barreto no hospício. João do
Rio, nos cafés. Coelho Neto nos
banquetes. E Prestes inquieto.
E Juarez Távora. E Washington
Luís. Os delitos da República
Velha. As utopias. Tenentismo.
Anarquismo. Comunismo. Sentidas no sonho e na carne. Domingos sabe que uma república
não se mede fora dos extremos.
O sonho. E a carne.
Acompanho a generosidade ou a curiosidade metódica de
um grande repórter brasileiro,
que trabalha com as fontes, ou
a partir delas, contrapondo-as,
delimitando-lhes a verdade presumida. Tudo com absoluto rigor. Em momento algum, Domingos abandona a idéia da grande
reportagem. Aquelas matérias
que o levaram à cena mais importante do jornalismo brasileiro. Ir ao fundo dos fatos. Quase com raiva e amor. Espessura.
Obstinação. E sem concorrer com
outros saberes. Com as monografias da história. Com a academia.
Com a literatura. Domingos adere a uma espécie de reportagem
infinita. Um jogo de espelhos, de
remissões, de citações. Uma rede
que parece não ter fim. Que mais
cresce e avança quanto mais incerta e flutuante.
Nessa abordagem, os fatos
na história adquirem uma nova luz. Pois que se trata de uma
narrativa, de um tecido de coisas vitais, cheias de frescor, marcadas por uma compreensão estrutural. Assim, temos a solidão
de Washington Luis, ao deixar o
Maio 2007
/
poder; a coragem de Astrogildo
Pereira, levando livros de Lênin
e Marx para Luis Carlos Prestes,
na Bolívia; a comoção da morte
de Siqueira Campos, e o discurso
inflamado de Maurício de Lacerda; a figura enigmática de Vargas, com o carisma dos que não
têm carisma — charutos e astúcia. Mas — para além da vida de
palácio e bastidores — as ruas
da Capital Federal, sua gente humilde, rostos e nomes desconhecidos, que não passaram à história oficial, mulheres e operários,
casos de morte e de amor.
E não obstante vejo algo de
impalpável na obra de Domingos Meireles, apesar de sua fome
de verdade e precisão. Algo que
me alegra e atrai. E que talvez
represente o maior valor deste
livro. Escrever a História é processo infinito, e só as narrativas abertas (que tenham algo de
impalpável) poderão dar conta
dessa infinita abrangência. Domingos soube disso o tempo todo. E arriscou todo o seu tempo.
Perseguido por esses fantasmas,
precisa agora desfazer-se de todos. Libertar-se de um processo
intenso. Exorcizá-los. Um a um.
E quem sabe libertar-se de uma
trama. Pensar na história do futuro, da grande democracia que
esperamos, e da República que
devemos construir em toda a sua
polifonia. Domingos aponta para
esse caminho de compromisso,
ruptura e liberdade.
ComunitàItaliana
13
K.C. Hohensee
Brissi
“I
ncontri e Re-Incontri”,
ma anche “Brasile e Italia
allo specchio”: potrebbe
intitolarsi cosí questa rubrica, nel tentativo ideale di riannodare sempre più, in una successione apparentemente infinita,
quei vincoli che da oltre un secolo
uniscono i nostri grandi Paesi.
La visita del Papa in Brasile, un evento che ha segnato
non solo questo mese ma tutto il
2007 e che è destinato a protrarre nel tempo i propri effetti, ci
porta (noi, gli italo-brasiliani) ad
evidenziare due grandi caratteristiche del grande ponte virtuale
che unisce le due nazioni: il Brasile è il più grande Paese italiano
fuori dall’Italia ma è anche il più
grande Paese cattolico al mondo,
e anche questo secondo primato
è in gran parte dovuto al volume
della nostra emigrazione (e non
solo, come è ovvio, alla colonizzazione portoghese).
Da ragazzo frequentavo la
parrocchia di San Pietro a Caltagirone, una piccola cittadina
nel cuore della Sicilia; il giovane
parroco si chiamava Innocenzo
e mi convinse a tradurre la mia
fede “acerba” in impegno politico e sociale. Fondammo insieme il movimento degli studenti
cattolici della mia città, contaminando positivamente le altre
organizzazioni politiche e sociali
giovanili. Erano gli anni dei “decreti delegati”, della possibilità
cioè di partecipare democraticamente alla gestione della scuola,
da parte di studenti e genitori.
A 18 anni mi ritrovai a Roma, studente universitario prima, volontario di servizio civile
dopo, e quindi giovane lavora-
Roma
política
Autorità ricevono rappresentanti della comunità italiana
in visita a Roma e sud dello Stivale
R
Ana Paula Torres
Correspondente • Roma
oma è stata la prima tappa
del viaggio della delegazione di Rio de Janeiro in Italia all’inizio di maggio, al
quale hanno preso parte il console
generale di Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, il deputato Adroaldo
Garani, il presidente dell’Ospedale
Italiano di Rio de Janeiro, Antonio
Chianello, il sindaco della città di
Angra dos Reis, Fernando Antonio
Ceciliano Jordão, il vice sindaco di
Petrópolis, Carlos Henrique Manzani, l’assessore al Lavoro e allo
Sviluppo del Comune Barra do Piraí, Roberto Monzo Filho, il rappresentante del Municipio di Nova Friburgo, Ronaldo Vanzillotta,
il presidente dell’Unimed Caxias,
Edmond Gomes da Silva, l’ufficiale
della polizia militare di Rio de Janeiro, Colonnello Rosano Augusto
de Souza e il direttore della rivista
ComunitàItaliana, Pietro Domenico Petraglia.
14
La delegazione è stata ricevuta dal vice ministro per gli Italiani nel mondo Franco Danieli
presso il suo ufficio al Ministero
degli Affari Esteri. Danieli, che
sarà in Brasile nei prossimi giorni, ha espresso la sua soddisfazione nei rapporti fra Italia e Brasile. Durante il colloquio ha anche
affrontato la questione consolare,
comunicando che vi sono attualmente in corso circa 450 mila richieste di riconoscimento della
cittadinanza italiana provenienti
dal Brasile. Presente anche il senatore Edoardo Pollastri, che si
è dichiarato molto orgoglioso di
rappresentare il Brasile in Italia e
di poter lavorare per questioni come questa dei servizi consolari.
Dopo l’incontro alla Farnesina, la delegazione si è recata al
circolo dell’Ice (Istituto nazionale per il commercio con l’estero) per un pranzo che ha conta-
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
to con la presenza del presidente
Umberto Vattani.
− Questa iniziativa di una missione a Roma di un gruppo di sindaci e rappresentanti della comunità italiana in Brasile – afferma
Vattani – è un fatto molto significativo. Mi fa molto piacere che
sia stato promosso dal console
generale a Rio, Massimo Bellelli,
che si è molto adoperato per favorire i contatti tra comuni italiani e comuni brasiliani. Debbo dire
– sottolinea – che per noi italiani è sempre una gioia incontrare
i brasiliani, ma vedere soprattutto tra di loro rappresentanti di
ospedali italiani come quello di
Rio, così significativo, nato oltre
150 anni fa. Prova di grande solidarietà nella comunità italiana
che ricorda proprio quanto siano
stati importanti questi movimenti di italiani che si sono recati in
Brasile, che hanno costituito del-
Ansa
“Tutto Dante”
R
oberto Benigni desembarca na capital com “Tutto Dante”, espetáculo que vai da sátira dos acontecimentos cotidianos, principalmente ligados
à política italiana, à Divina Comédia, com
profundos momentos de pura poesia. Trata-se de um espetáculo único na história
do teatro italiano, que vem obtendo sucesso por onde passa. A turnê começou na
praça Santa Croce de Florença, cidade do
escritor Dante Alighieri, no verão passado.
Depois de ter sido visto por mais de 350
mil espectadores em 26 cidades, a obra teatral do ator toscano debuta em Roma, onde ficará até 20 de maio, numa estrutura
Sandy Muller
“L
inha” é o nome do novo álbum da
cantora e compositora ítalo-brasileira
Sandy Muller e do inseparável Claudio Pezzotta. O show de lançamento aconteceu em Roma
no dia 8 de maio. Este segundo trabalho chega
após “Sandy Muller”, álbum que deu grande popularidade à artista através da canção “Não tenho pressa”, uma bossa “cool” que conquistou
grande sucesso nas rádios italianas. Os dois cds
foram gravados no Rio de Janeiro com a colaboração de Marcelo Costa. No site http://www.
sandymuller.it, é possível ouvir as novas faixas,
além de assistir ao videoclipe gravado em Canoa Quebrada, no Ceará.
moderna que comporta cerca de quatro mil
pessoas, feita especialmente para a peça
de Benigni.
O espetáculo conta com uma cenografia, realizada pelo Cinecittà Studios, propositalmente simples e considerada para
muitos como “essencial e franciscana”. É
composta por uma série de painéis arredondados de madeira, colocados em uma
trajetória intercalada que cria uma série de
corredores internos por onde Benigni pode correr e pular livremente. Piazzale Clodio. O preço do ingresso varia de 20,00 a
45,00 euros. Maiores informações: www.
tuttodante.it.
Jesus de Nazaré
G
rande sucesso para o livro do Papa Bento XVI sobre a vida de Jesus Cristo, que
vendeu 50 mil cópias somente no primeiro
dia nas livrarias. Trata-se da primeira parte de
uma obra de dois volumes, que compreende o
batismo no rio Jordão até a ressureição.
O livro começou a ser vendido em 16 de
abril, quando o Papa completou 80 anos.
Trata-se do primeiro livro de Joseph Ratzinger desde que assumiu o posto no Vaticano. Publicado pela editora Rizzoli, o volume possui 432 páginas, custa 19,50 euros e
tem atualmente edições em italiano, alemão
e polonês.
Maio 2007
Parabéns, Roma!
F
eliz aniversário, Cidade Eterna! Segundo a tradição [pois não existe um registro histórico definido] Roma teria completado
2.760 anos em 21 de abril. E para festejar esta “jovem senhora”, serão realizados muitos
eventos, entre seminários, exibições de bandas, museus com entrada grátis e a transferência da loba da sala capitolina da prefeitura
àquela de Marco Aurélio. O animal é o símbolo de Roma, pois teria amamentado os gêmeos Rômulo [considerado o fundador da cidade
e seu primeiro rei] e Remo. De acordo com a
mitologia romana, os gêmeos eram filhos de
Marte e da Rea Silvia.
Reprodução
Delegazione
di Rio in Italia
le splendide e favolose comunità, che continuano ancor oggi a
mantenere un legame così stretto
con la madre patria. Dalla parte
dell’Ice – continua – questa è una
splendida occasione per cercare di
avviare nuove iniziative, cosa che
faremo sulla scia di quella importante visita che il presidente del
Consiglio ha compiuto poco tempo fa in Brasile. E noi non mancheremo di rafforzare la nostra
rete in Brasile, proprio per tener
conto delle opportunità così notevoli che si aprono all’imprenditoria italiana e in generale.
Anche l’ambasciatore del Brasile in Italia, Adhemar Gabriel
Bahadian, ha ricevuto il gruppo
di rappresentanti di Rio, scegliendo di aprire le porte del maestoso
Palazzo Pamphilj ad una visitazione alla quale lui stesso ha voluto fare da cicerone, raccontando
cenni storici di quella che in passato fu anche residenza papale.
Conclusi gli incontri nella capitale, la delegazione ha seguito
viaggio verso Paestum, in Campania, dove ha incontrato le autorità locali. La tappa successiva è invece stata la cittadina di
Paola, in Calabria, dove la visita di carattere civile è stata arricchita dalla cerimonia religiosa per le commemorazioni del
V Centenario della morte di San
Francesco da Paola.
– Questo viaggio – spiega
Roberto Monzo Filho – è una retribuzione alla visita che la delegazione di Paola ha fatto a Barra
do Piraí l’anno scorso, occasione
in cui è stato ufficializzato il gemellaggio tra queste due città.
Adesso – continua – stiamo lavorando per intensificare i legami tra Paola e Barra do Piraí, sia
per quanto riguarda l’ambito culturale, che lo sviluppo socioeconomico. Vogliamo far conoscere
la nostra città qua in Italia e divulgare Paola in Brasile, promuovendo così il turismo in entrambi
i Paesi. Un altro settore di interesse è quello scolastico, con la
possibile realizzazione di corsi
che insegnino l’arte di mestieri
come quello del pizzaiolo e l’insegnamento della lingua italiana
nelle scuole di Barra do Piraí.
Da Paola, la delegazione si è
recata a Ragusa e Siracusa, nella regione Sicilia, per dare seguito agli incontri con le autorità
e successivamente rientrare in
Brasile.
Mimmo Cattarinich
Ana Paula Torres
Ana Paula Torres
Sabores romanos
P
ara quem quer saborear pratos da cozinha do Lácio, principalmente da capital italiana, vale a pena experimentar os
pratos do restaurante Paradiso, em atividade desde 1939. Além do menu alla carte, o cliente pode optar pelo cardápio fixo
de 30 euros que inclui fettuccine ai funghi
porcini, abbacchio a scottadito [cordeiro na
brasa], batatas assadas, água, vinho e café. As porções são fartas e preparadas com
ingredientes de qualidade. Se puder escolher, prefira uma mesa próxima às janelas
para poder admirar a beleza do lago de
Castel Gandolfo. Via Spiaggia del Lago, 2 –
Castel Gandolfo (Roma). Tel. 06/9361478.
Fechado às quartas-feiras.
/
ComunitàItaliana
15
Evento organizado pela ABIEC promove carne brasileira na Itália.
Vem do Brasil um em cada três quilos do produto comercializado no mundo
W
orkshop e churrasco
para promover a carne brasileira na Itália. Foi este o modo
que a Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carne
(Abiec), em colaboração com a
Agência de Promoção às Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), encontrou para apresentar a
carne brasileira a importadores,
autoridades sanitárias, técnicos
do governo italiano e jornalistas.
O evento aconteceu no último 18
de abril na sede da Embaixada
do Brasil em Roma. Na ocasião,
foram degustados 190 quilos de
carne, além da autêntica caipirinha e sucos preparados com polpas de diversas frutas brasileiras.
Essa iniciativa dá continuidade a um programa de eventos
para a promoção da carne bovina brasileira no exterior. Outros
dois eventos análogos já foram
realizados na Holanda e Bulgária. O Brasil é hoje o maior exportador mundial de alimentos e
matérias-primas agrícolas e também o mais alto exportador de
carne bovina, estando presente
em cerca de 180 países. Segundo
informações fornecidas pelo presidente da Abiec, Marcus Vinicius
Pratini de Moraes, o Brasil exporta mais esse tipo de produto que
16
Ana Paula Torres
Correspondente • Roma
a Argentina, Austrália, Uruguai e
Paraguai juntos.
Durante o encontro, Pratini
de Moraes salientou que, no Brasil, há mais gado do que pessoas.
São atualmente 207 milhões de
cabeças, sendo que 45 milhões
são abatidas por ano, produzindo
9 milhões de toneladas de carne, o equivalente a 17 por cento
da produção mundial. O consumo
per capita no Brasil é de 37 quilos por ano, enquanto que na Europa a média é de 18.
— Vendemos bem na Europa
mas não esperamos um grande aumento de consumo. Isso acontece
nos países onde a renda familiar aumenta e procura-se introduzir mais
proteínas nas refeições. Portanto,
são os mercados emergentes, dos
países em desenvolvimento, que
podem aumentar o consumo – conta Pratini de Moraes.
A União Européia importa
cerca de um terço da carne que o
Brasil manda ao exterior e a preferência é por cortes nobres.
— Na Itália, por exemplo,
vende-se um corte especial para
fazer a bresaola. Na Europa, vendemos produtos de nicho. A Itália vem aumentando a importação de carne brasileira. Em 2000,
adquiria 40 mil toneladas, em
2006 passou a comprar 95 mil
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
toneladas, por um valor equivalente a 271 bilhões de dólares —
continua o presidente da Abiec.
Para Pratini de Moraes, o aumento sistemático e contínuo
das exportações na Itália reflete
a presença brasileira em vários
setores de preparação da carne
na Itália.
— A característica da Itália
é que a exigência de qualidade é
muito grande e, para nós, trabalhar com a Itália quer dizer melhorar a nossa qualidade e tecnologia — afirma.
O representante dos empresários deste setor do agronegócio
também faz um levantamento das
problemáticas que o Brasil enfrenta contra as regras do comércio internacional de agricultura,
gerando o protecionismo. O Brasil
está em dia com as barreiras sanitárias impostas pela União Européia, mas sofre com os obstáculos
fiscais, como, por exemplo, a cota Hilton, com impostos fixados
em 20 por cento para cada país
que quer exportar até 5 mil toneladas de carne por ano na Europa.
O Brasil vende 350 mil toneladas.
Isso significa que, para as restantes 345 mil toneladas, paga impostos em valor crescente em até
176 por cento. Segundo Pratini de
Moraes não existe nenhum produ-
Ana Paula Torres
O sabor do Brasil
to europeu que entre no Brasil pagando uma taxa como essa.
— O Brasil, dentro das negociações de Doha, está tentando
reduzir esses obstáculos. A Europa, como contraparte, não diminui as taxas no setor agrícola e
quer exigir uma redução praticamente a zero para as taxas industriais e de serviço. Portanto, é esta a anomalia que existe hoje nas
negociações de comércio internacional na rodada de Doha. Tratase de um protecionismo absurdo e
devo dizer que a Itália paga este
preço, mesmo não tendo o mesmo grau de interesse como, por
exemplo, o da França. Mas por
causa da política da União Européia, a Itália paga mais caro pelo
produto que compra — acrescenta o embaixador do Brasil na Itália Adhemar Gabriel Bahadian.
Apesar desse quadro negativo, relacionado às barreiras fiscais, o Brasil é responsável por
33 por cento das exportações de
carne no mundo, com 2,4 milhões de toneladas, à frente respectivamente de Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Estados
Pratini de Moraes: mais gado do
que pessoas no Brasil
Unidos e Canadá. Em prática, de
cada três quilos de carne comercializada no mundo, um vem do
Brasil. É um produto apreciado
pelo seu sabor, consistência e
qualidade, pois, o gado no Brasil
possui alimentação vegetariana,
sem introdução de resíduos de
origem animal, nem hormônios.
As exportações de carne brasileira estão crescendo e equivalem hoje a 26 por cento da produção nacional. Em 1998, era
quase integralmente relativa à
carne cozida enlatada enquanto
que, hoje, a venda se concentra
no produto refrigerado e congelado para consumo em um breve
período de tempo.
ICE
economia
Reprodução
economia
Muito mais que
só negócios
Empresas italianas participam da Brasilplast 2007, em São Paulo, e
aproveitam para divulgar o desenvolvimento tecnológico de maquinário
M
aior flexibilidade, menos riscos no manuseio, custos de produção mais baixos e
a possibilidade de ser reciclado.
Essas são somente algumas das
vantagens que têm feito do plástico um alternativa mais viável e
cada vez mais recorrente a produtos como madeira, vidro, metais
ou fibras. Segundo dados da Associação Brasileira de Indústrias
Químicas (Abiquim), somente no
primeiro trimestre de 2007, a produção brasileira de resinas plásticas teve um crescimento de 5,01
por cento, chegando à marca de
1,2 milhão de toneladas.
Para entrar ou consolidar sua
participação nesse mercado, 32
empresas italianas vieram a São
Paulo de 7 a 11 de maio para participar da Brasilplast 2007.
Na Itália, a entidade responsável por trazer as empresas para os
eventos em outros países é o Instituto de Comércio Exterior (ICE). O
diretor do órgão no Brasil, Ricardo
Landi, explica que as feiras são importantes não somente para fazer
bons negócios, mas também para
divulgar o desenvolvimento tecnológico da nação. Um dos maiores
Bruna Cenço
enganos da população em geral,
segundo ele, é associar a economia
italiana a setores essencialmente
de moda, calçados e alimentos.
— Essas indústrias são realmente importantes, porém, em
termos concretos, a Itália exporta tecnologia de maquinário para
o mundo e especialmente para o
Brasil — diz.
Por causa do seu grande potencial produtivo, Landi acredita
que o país seja um parceiro perfeito para a Itália.
— O Brasil está desenvolvendo muito rapidamente sua
indústria e, por isso, precisa de
maquinário avançado em termos
tecnológicos. Em muitos setores, o maquinário italiano é o
melhor do mundo — afirma.
O ICE promove e financia
cerca de 10 a 12 feiras por ano.
A escolha de quais eventos participar, segundo o diretor, é a parte mais fácil.
— A principal preocupação
do Instituto é atender ao empresariado italiano, por isso, escolhemos as feiras que sejam importantes para eles, conforme a
quantidade de pedidos enviados
à sede na Itália — revela.
Depois de confirmada a participação, o órgão cuida da montagem do espaço, promove encontros, jantares, a inserção das
empresas no catálogo oficial e a
criação de um catálogo do pavilhão italiano.
— As empresas interessadas
pagam somente o preço proporcional ao tamanho de stand —
explica.
Apesar de 50 por cento italiana, a empresa de tratamento de
alumínio Italtecno, por já estar
estabelecida há um bom tempo no
Brasil, é uma das que prefere participar dos eventos em stands próprios, sem a assessoria do ICE. Segundo o gerente-geral da empresa
no Brasil, Rogério dos Santos, ao
contrário das empresas que vêm
de fora buscar mercado, a Italtecno já possui os seus clientes fixos
e usa as feiras essencialmente para estreitar o relacionamento.
— Normalmente chamamos
algum especialista italiano para
uma palestra e convidamos nossos clientes de outros estados
para participação. Se aparecerem
novos negócios, ótimo, mas, como o mercado de alumínio é muito pequeno, a nossa maior preo-
Maio 2007
/
cupação é fazer o contato com
nossos clientes todos no mesmo
lugar — salienta Santos.
A maioria dos eventos é promovida em São Paulo, porém, há
acontecimentos importantes também no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Porto Alegre.
Eventualmente, alguma personalidade política aparece. Um exemplo foi a feira de Defesa, a LAAD,
que aconteceu no Rio no mês de
abril e contou com a presença de
uma delegação italiana, liderada
pelo vice-ministro da Defesa, Marco Verzaschi. As viagens diplomáticas, explica Landi, são importantes para demonstrar a parceria
não só econômica mas também
política dos dois países. Essa boa
vontade foi demonstrada há dois
meses, durante a visita do primeiro-ministro, Romani Prodi.
— A visita de Prodi foi um
sinal importante da possibilidade de desenvolvermos, juntos,
questões de caráter econômico e
industrial, sendo a maior delas a
energia. Nos últimos anos, a Itália ficou para trás no setor, principalmente na bioenergia, onde o
Brasil será um dos mais importantes senão o mais importante
— opina.
Os indicadores econômicos
positivos, como o pagamento da
dívida externa, o recorde de baixa
no Risco País e a inflação controlada, têm feito, segundo o diretor
do ICE, aumentar o interesse das
empresas italianas no país.
— O único problema ainda é
a burocracia. Mesmo assim, está melhor e pequenas e médias
empresas italianas estão entrando no Brasil. Como elas não anunciam no jornal, pouca gente sabe.
O ICE conhece porque ajudamos
nessa instalação — conclui.
ComunitàItaliana
17
Por um
lugar
ao sol
Profissionais especializados têm mais
chances de trabalhar na Itália
N
Reprodução
os próximos meses embarcará para a Itália a
primeira turma de enfermeiros brasileiros aptos a atuar em hospitais e clínicas italianas. Esta iniciativa faz
parte do projeto de uma agência de recursos humanos italiana, a Obiettivo Lavoro, atuante
há quase dois anos no Brasil e
que pretende ampliar, em breve,
a oferta para outras áreas profissionais, focando nas principais
demandas do mercado de trabalho italiano. De acordo com um
dos coordenadores da empresa,
Valentino Marchiori, a iniciativa
valoriza aqueles que buscaram a
especialização na carreira.
— Os profissionais especializados são o futuro da migração
temporária de trabalhadores no
mercado de trabalho globalizado
— define.
Os brasileiros e, principalmente os descendentes de famílias italianas, possuem agora
oportunidades concretas para a
inserção no mercado de trabalho italiano e de exercerem sua
profissão na Itália. Com a consolidação de seu trabalho no Brasil, a agência proporciona a ida
de profissionais brasileiros para
temporadas de aperfeiçoamento
na Itália.
O primeiro projeto da Obiettivo Lavoro no Brasil, existente desde 1998 na Itália e que já
empregou mais de 70 mil estrangeiros no mercado local, envolve
profissionais da área de enferma-
18
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
Aline Buaes
gem e está intimamente ligado
à uma demanda interna italiana.
Por conta disso, há alguns anos,
a legislação trabalhista da área
de saúde foi amplamente modificada, provocando uma exigência imediata de enfermeiros com
graduação universitária.
A turma de 45 enfermeiros,
a maioria deles descendentes de
famílias italianas e provenientes
dos estados do Rio de Janeiro e
Santa Catarina, após vários meses de preparação, realizou na
última semana de abril as primeiras provas do Infermieri Professionali Assistenti Sanitari Vigilatrici d’Infanzia (Ipasvi), órgão
que representa os enfermeiros
italianos, aplicada para profissionais brasileiros. O grupo, selecionado entre mais de 300 candidatos de todo o país, aguarda neste
momento a aprovação no exame
para obter a permissão para atuar profissionalmente na Itália,
provavelmente em hospitais e
clínicas localizados no centronorte do país, em regiões como
Toscana, Lazio, Emilia-Romagna,
Piemonte e Lombardia.
Segundo Marchiori, a busca
e seleção destes candidatos não
envolveu muita publicidade.
— O mercado de trabalho é
uma área muito delicada e a única coisa que não se deve fazer
nunca é criar falsas ilusões. Todo o processo ocorreu de modo
muito discreto e direto, através
de órgãos ligados à comunidade
italiana no Brasil, como consula-
dos, embaixadas e centros culturais — explica.
Ele acrescentou ainda que a
descendência italiana não é caráter obrigatório, mas os ítalobrasileiros têm preferência no
processo de seleção pelas afinidades com a língua e a cultura
italianas. O fato de a agência
Obiettivo Lavoro ter escolhido
o mercado brasileiro para atuar
está intimamente ligado com a
forte integração da comunidade
italiana no país e a conseqüente
facilidade com a questão da língua e da cultura. Marchiori também salientou que o trabalho de
intermediação da empresa só começa a partir do ponto em que o
candidato já possui domínio da
língua italiana.
“Migração temporária”
Principal responsável pelo projeto no continente sul-americano,
Marchiori destaca que o objetivo da empresa não é praticar um
modelo de emigração de modo
definitivo.
— A função é proporcionar
uma espécie de formação temporária dos enfermeiros brasileiros
na Itália — diz.
O milanês Marchiori recorda elementos importantes deste processo. Para ele, o país de
origem dos candidatos, neste caso o Brasil, investiu socialmente
nesta formação.
— Isso se deve ao interesse da empresa em favorecer o
retorno destes enfermeiros ao
mercado brasileiro com um enriquecimento e uma bagagem profissionais superiores, até mesmo
porque, paradoxalmente, o Brasil
também sofre com a falta de profissionais qualificados na área de
saúde — reflete.
O mercado de
trabalho na Itália hoje
Na opinião de Marchiori o mercado de trabalho italiano passa
atualmente por um momento de
retomada econômica, apresentando níveis razoáveis de desemprego. De acordo com ele, as
melhores oportunidades para os
estrangeiros estão nas áreas mais
segmentadas e especializadas.
— O mercado de trabalho
italiano é muito segmentado, o
que gera certas tensões por uma
alta demanda em algumas áreas
e excesso de profissionais em outras. Assim como ocorre no Bra-
sil, existem setores nos quais há
muitos trabalhadores e poucos
empregos e áreas nas quais não
se encontram os trabalhadores
— observa, citando como exemplo típico da Itália a falta de
operários para construção civil e,
no âmbito brasileiro, a falta de
médicos e profissionais de saúde
no interior do país.
Na opinião de Marchiori, a
Itália necessita de profissionais
altamente especializados, enquanto a maior parte dos imigrantes que chegam ao país, atualmente provenientes de países
não-desenvolvidos, não possui
curso universitário ou alguma
especialização.
— Existe uma relação de correspondência inversa entre nível
profissional e deslocamento físico. Não é lógico um deslocamento de uma pessoa não-qualificada do Brasil para a Itália, pois,
a relação entre custo da transferência e valor do trabalho do profissional no mercado de trabalho
é muito desigual — avalia.
Para Marchiori, quanto maior
a competência profissional, maior
o valor do profissional no mercado de trabalho e menor o obstáculo para sua inserção no campo
das oportunidades.
Por conta disso, segundo ele,
percebe-se que grande parte dos
estrangeiros migrados para a Europa, sem a intermediação de alguma agência de emprego, são
trabalhadores não especializados,
que assumem postos de trabalho
considerados subempregos.
— A importância da intermediação de uma agência de recursos humanos é conseguir encontrar as ofertas de trabalho que
sejam compatíveis com as competências profissionais do candidato. Sozinhos, os imigrantes
são obrigados a aceitar o primeiro emprego que encontram, que
será inevitavelmente não-especializado — fala.
Outras áreas
profissionais envolvidas
O projeto de busca e seleção de
enfermeiros é apenas a primeira
ação da Obiettivo Lavoro, que se
posiciona como a primeira empresa a realizar este tipo de intermediação oficial entre empresas italianas e profissionais
brasileiros. Um dos futuros projetos da empresa envolverá também a busca de profissionais para
Daniella Marques
economia
“Sozinhos, os
imigrantes são
obrigados a
aceitar o primeiro
emprego que
encontram,
que será
inevitavelmente
não-especializado”
Valentino Marchiori,
responsável pelo projeto
iniciarem ou desenvolverem atividades para empresas italianas
interessadas em atuar no Brasil.
Além de enfermeiros, outros
profissionais que poderão começar em breve a serem selecionados pela Obiettivo Lavoro, devido à alta demanda na Itália, são
técnicos em radiologia, técnicos
do setor metal-mecânico e do setor calçadista.
Outra boa notícia é a recente
modificação na legislação italiana da chamada Lei “Bossi-Fini”,
que regulamenta o trabalho de
estrangeiros na Itália. O Conselho de Ministros italiano aprovou
durante este mês de abril a reforma desta lei, instituída durante o
governo do premier Silvio Berlusconi e que limitava o ingresso de
estrangeiros no país.
Maio 2007
/
De acordo com Marchiori, este novo projeto de lei, mudará
positivamente as atividades de
imigração na Itália.
— Ele está ligado a projetos
específicos de interesse do mercado de trabalho italiano, com
atenção também ao mercado de
proveniência, favorecendo os processos que possuem a aprovação
do país de origem. Com esta nova lei, serão abertas, certamente, mais oportunidades para os
estrangeiros na Itália, talvez não
maiores em números, mas certamente melhores na qualidade —
acredita Marchiori.
Caminho inverso, possibilidades
para italianos no Brasil
Segundo o coodernador, que está apenas há dois meses em São
Paulo, a empresa, por enquanto,
não tem projetos para a inserção
de profissionais italianos no Brasil. Ele relembra que a legislação
brasileira é muito rígida com o ingresso de estrangeiros no mercado
de trabalho local, devido aos grandes problemas de desemprego.
— Existe certamente uma forte
demanda de enfermeiros e médicos
no interior do Brasil, mas que não
é preenchida porque não são encontrados profissionais dispostos a
trabalhar no interior — comenta,
acrescentando que, se tiver oportunidade, pretende organizar grupos de médicos e profissionais da
área de saúde estrangeiros, não
apenas italianos, para trabalharem temporariamente em áreas no
interior do Brasil, afastadas dos
grandes centros urbanos.
ComunitàItaliana
19
comunidade
comunidade
São Paulo pára para receber Bento XVI que
exorta fiéis e desfaz imagem de “frio e reservado”
O
Bruna Cenço
ônibus, vindo da pequena
cidade de Piraí do Sul, no
Paraná, chegou às 11 horas da noite no Campo de
Marte, zona norte de São Paulo.
Dentro dele, 46 senhoras, que já
haviam enfrentado oito horas de
viagem e se preparavam para passar a madrugada em claro, à espera da missa do Papa Bento XVI.
Marlene Felix da Silva, de 46
anos, uma das mais novas desse
grupo, contou que a viagem foi
decidida assim que elas souberam que o Papa viria ao Brasil.
— Piraí do Sul foi uma das
cidades por onde o Frei Galvão
[primeiro santo brasileiro, canonizado na missa celebrada pelo
Papa] passou. Por isso, a gente
tinha que vir acompanhar a missa — conta ela.
O roteiro das paranaenses
incluiu a missa e nada mais. No
momento em que os ritos finais
fossem anunciados, elas voltariam para o ônibus a fim de enfrentar a maratona da volta. Para assistir à cerimônia, o grupo,
composto na sua maioria de mulheres da terceira idade, precisou aprimorar a resistência física e mental. Marlene conta que,
durante as 12 horas passadas no
Campo de Marte, elas permaneceram acordadas e de pé.
— A gente trouxe cadeiras
para passar a noite, mas fomos
proibidas de entrar com elas por
medida de segurança — revela.
Assim como Marlene e suas
amigas, centenas de milhares de
fiéis vieram a São Paulo para ver,
mesmo que de longe e por alguns
instantes somente, o Papa Bento XVI. E eles não vinham só do
Brasil. Em todos os eventos, era
possível ver bandeiras de diferentes países, como Argentina,
Chile, Bolívia e México. Os números, apesar de não terem alcançado as expectativas, são surpreendentes. No dia da chegada,
cerca de 15 mil pessoas esperaram a palavra do Santo Padre em
frente ao Mosteiro de São Bento,
no centro da cidade, onde ele ficou hospedado. No encontro de
jovens, 35 mil lotaram o estádio
do Pacaembu. Na missa no Campo de Marte, mais de um milhão
de fiéis estiveram presentes. Na
de Aparecida, 150 mil pessoas
passaram o dia das mães longe
de casa só para ouvir as palavras do pontífice.
Em visita ao Brasil, o
Pontífice fez crítica
ao capitalismo, ao
marxismo e reiterou sua
reprovação ao aborto
20
ComunitàItaliana
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Maio 2007
declarou, repetidamente, seu
amor pelo povo, sempre que foi
possível trocou o carro fechado
pelo papamóvel [com o qual a interação com o público era maior]
e até mesmo caminhou entre os
fiéis em Aparecida.
Já os discursos permaneceram com a contundência habitual
dos sucessores de São Pedro [primeiro Papa da Igreja Católica]. O
reforço aos valores cristãos e o
respeito à vida foram abordados
no primeiro dia da visita. Já no
encontro de jovens, a castidade
foi o assunto principal. Na missa
do Campo de Marte, o peso de suas palavras caíram sobre a mídia,
que “ridiculariza a virgindade”,
e sobre os “desvios sexuais” na
Igreja. Em Aparecida, na Fazenda
Esperança, que promove a recuperação de dependentes de droga, o pontífice advertiu que os
traficantes terão contas a prestar
com Deus. Já o discurso do dia
de encerramento da visita teve
uma pesada crítica ao capitalismo e ao marxismo e a reprovação
ao aborto, tema que havia sido
evitado na reunião com
o presidente Lula,
tão logo chegou
ao Brasil.
Fervor que
não se abala
A cidade de Paola, na Calábria, celebra os 500 anos da morte de seu
padroeiro, pelo qual a devoção de seus fiéis foi redobrada após terremoto
Da Redação
U
ma das religiosas mais
evangelizadoras e missionárias na história da
Igreja Católica, Madre Teresa de Calcutá, quando perguntada sobre qual era “a força mais
potente do universo”, respondia
enfaticamente: “a fé”. E, concomitantemente aos preparativos
para visita do papa Bento XVI ao
Brasil, os italianos, e mais especificamente os calabreses, provaram que o fervor da religiosidade atravessa gerações. Foi o que
aconteceu com milhares de fiéis
que se reuniram para celebrar o
quinto centenário da morte de
São Francisco de Paula, na Calábria, na província de Cosenza.
Tanto que na festa deste ano,
realizada no último fim de semana
de abril na Itália, uma comitiva
chefiada pelo cônsul geral da Itália no Rio, Massimo Bellelli, levou
representantes de cidades fluminenses a participarem do evento.
O grupo era formado pelo prefeito
de Angra dos Reis, Fernando Jordão, o vice-prefeito de Petrópolis, Henrique Manzani, o secretário do Trabalho e o presidente da
Câmara Municipal de Barra do Piraí, Roberto Monzo Filho e Cristiano Almeida, respectivamente;
o representante consular de Friburgo, Ronaldo Vanzillotta, o presidente do Hospital Italiano, Aldo
Chianello, o diretor-presidente de
ComunitàItaliana, Pietro Petraglia
e o diretor-presidente da Unimed
Duque de Caxias, Edmon Gomes
da Silva Filho.
No dia 4 de maio, a comitiva
participou da missa solene presidida pelo cardeal Renato Raffaele Martino [que também acompanhou o Papa na visita ao Brasil].
O ritual, que durou duas horas,
contou com a presença do pre-
Fotos: Pietro Petraglia
Unidos
pela fé
A administradora Débora Costa, de 29 anos, explica que, para
os católicos, o Papa representa o
mensageiro da vontade de Deus
na Terra. Por isso, é tão importante para eles ouvir as palavras do
Santo Padre ao vivo e ser abençoado por ele. Ela conta que precisou pedir oito dias de licença no
trabalho para, junto com o grupo de jovens de São Luís do Maranhão, seguir toda a visita de Bento XVI, de São Paulo a Aparecida.
— Meu coordenador sabia da
importância que tem para mim
estar nesse evento, então não
houve problemas. Porém, mesmo que ele não deixasse, eu viria
do mesmo jeito, afinal esse é um
evento único — diz.
Assim como Débora, quem
decidiu acompanhar o pontífice
não decepcionou. Contrariando
a imagem de “frio e reservado”,
Bento XVI se mostrou extremamente amável nos cinco dias em
que esteve no Brasil. Logo no primeiro discurso, ele afirmou que
o Brasil, país, hoje, com o mais
alto número de católicos, “ocupa
um lugar muito especial no coração do Papa”. No Mosteiro
de São Bento, por diversas vezes, saiu à sacada para pregar palavras de fé, agradecer
o carinho do povo
brasileiro ou simplesmente acenar.
Durante os eventos,
sidente da região, Agazio Loiero,
e a dos dirigentes das principais
províncias calabresas, entre eles,
Mario Oliviero, de Cosenza. Durante a celebração, cada um dos
presidentes provinciais ofereceu
o “óleo votivo” e Loiero acendeu
uma espécie de “lâmpada” ateando fogo no óleo armazenado. O
momento sugere um oferecimento de agrado ao Santo e a renovação de sua importância junto à
comunidade presente.
Depois da missa, cerca de 30
mil pessoas participaram da procissão que seguiu por entre as
vias estreitas da montanha pao-
Carlo Ponte em dois momentos: na
entrega simbólica da chave a São
Francisco de Paula e com o prefeito
de Angra dos Reis, Fernando Jordão
lana. Das sacadas, os mais belos
mantos saudavam a passagem da
imagem de São Francisco e famílias inteiras se espremiam para arremessar flores sobre o andor. No
ponto final da procissão, a Praça
Pizzini, o comissário extraordinário da cidade, Carlo Ponte, fez a
simbólica entrega das chaves ao
santo. No mesmo local, uma surpresa demonstrava que a fé existe
sem impedimentos, sendo capaz
de unificar inclusive nações. Uma
Maio 2007
/
grande faixa diante da sacada:
“Bem-vindos irmãos brasileiros”.
Mas italianos e descendentes
católicos que não puderam sentir
o fervor da devoção a São Francisco no reduto do santo, porém estiveram no Rio de Janeiro durante a
primeira semana de maio, não deixaram de fazer suas orações e agradecimentos. Em seis dias de festejos, a Paróquia dedicada ao santo
na Barra da Tijuca, Zona Oeste do
Rio, reuniu mais de cinco mil fiéis
numa programação diversificada
que contou com palestras, a apresentação da Banda Sinfônica dos
Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro, uma peça de teatro e a tradicional missa solene, presidida pelo
cardeal arcebispo do Rio. Dom Eusébio Oscar Scheid, além da festa
externa, com barraquinhas e comidas típicas da região da Calábria.
— Precisávamos de uma programação adequada que apresentasse a figura de São Francisco aos
paroquianos e ao público em geral.
Hoje, mais do que nunca, a vida e a
missão dele são exemplos para renovarmos os costumes de nossa fé
e fazer reviver a essência do Evangelho. São Francisco se dedicava a
pregar a conversão, a caridade, a
humildade, a penitência e a fraternidade — salienta o frei Costantino Madarino, vigário da paróquia.
A missa contou ainda com a
presença do embaixador da Itália
no Brasil, Michele Valensise e de
centenas de jornaleiros [além de
padroeiro da Calábria, São Francisco também protege a classe], como
o membro fundador da Casa D’Itália
de Petrópolis, Salvatore Santoro.
Canonizado em 1° de maio de
1519, depois de vários processos
que buscavam comprovações de
seus milagres, São Francisco tem
o dia 2 de abril dedicado às suas
comemorações. Nascido em Paola
[com, atualmente, 15 mil habitantes] o santo passou a ter devoção
reforçada depois de um terremoto que atingiu a região, destruindo milhares de casas e vitimando
outros milhares de calabreses. Segundo a história, a imagem em
mármore do santo, localizada na
porta de acesso à cidade se moveu
e expressou a afirmação de que
nada aconteceria ao povo paolano
e às suas casas. Paola nada sofreu
e seus cidadãos veneraram ainda
mais São Francisco. E em toda casa de calabrês que se preze existe
ao menos uma imagem do santo,
seja na Itália ou no exterior.
ComunitàItaliana
21
entrevista
attualità
Bruna Cenço
Lendre magna aliquat, quissim
22
Padovani – Serão outros casos.
Agora, se serão novos estudos, isso
não dá para ter certeza, porque primeiro é preciso haver o interesse
do município. Na Itália, chegamos
num ponto em que não dá mais para fazer levantamento pelo simples
interesse acadêmico, é necessário
que haja o interesse da prefeitura.
CI – Aqui no Brasil, algum município já demonstrou esse interesse?
Padovani – Sim. A prefeitura de
Santo André. Ainda não foi especificamente por esse estudo, mas ela
se mostrou interessada no projeto.
CI – Já existe data para divulgação de resultados?
Padovani – Acredito que até
2008 tenhamos, pelo menos, um
relatório preliminar.
CI – O estudo foi feito baseado
em municípios, mas a forma de
análise de risco e de sucesso na
operação também pode ser usada em empresas?
Padovani – Com toda certeza. A escolha pela terceirização tem a ver
Vale a pena
terceirizar?
Segundo o especialista italiano Emanuele Padovani,
a hora é de colocar limites na terceirização de serviços
Bruna Cenço
Padovani – Enviamos os resultados sim, mas pouca coisa mudou.
Uma ou outra cidade se interessou e fez algumas alterações, mas
a maioria, não.
CI – Todos os casos apresentados são de municípios de proporções médias na Itália. Porém,
os mesmos 30 mil habitantes
não passam de uma pequena
cidade no Brasil. O estudo pode
ser considerado válido aqui?
Padovani – Perfeitamente. Inclusive um dos objetivos é, um dia,
chegar a um estudo de uma megalópole, como São Paulo. Isso
seria mais difícil, mas é possível,
sim. O contexto de São Paulo e da
Itália é muito similar. São Paulo
foi colonizada por portugueses.
Então, assim como a Itália e as
demais civilizações latinas, foi
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
baseada no sistema napoleônico
de administração. Isso nos deixa
muito próximos.
CI – Qual a próxima etapa?
Padovani – Agora eu volto para Bologna, onde continuo levando os
estudos da parte italiana adiante.
Aqui, uma outra equipe, da Universidade Metodista, será responsável
pela parte brasileira. O sistema de
comparações ideal não é que uma
mesma pessoa conheça os dois países, mas sim que uma pessoa do
próprio país, que conheça as suas especificidades, faça o estudo e
troquemos as experiências.
CI – No começo da palestra foi
dito que o foco aqui no Brasil
seriam as cidades do ABC. A
comparação será feita com os
mesmo casos apresentados ou
haverá novos estudos?
com a diminuição de custos, que é
um interesse econômico e não político. É o princípio básico da economia. O problema é determinar
quais os serviços que podem ser
terceirizados. A globalização deixa
isso mais evidente, à medida que
empresas passam a produzir em
outros países como forma de diminuir custos. Terceirizar, então, é só
mais uma forma de cortar gastos.
CI – Às vezes um número pequeno
de empresas manda no mercado.
Quando há problemas como esse,
o estudo prevê a possibilidade do
processo ser revertido?
Padovani – Certamente. Na teoria,
nada impede que um modelo que
está dando errado seja revertido e,
inclusive, essa é a idéia. Um dos
objetivos do estudo é colocar limites na terceirização, que tem
sido feita sem critério em alguns
casos. Porém, no caso do transporte público, dificilmente isso
aconteceria por causa dos interesses econômicos envolvidos.
“I
taliana di m..da!” E’ così che si rivolge una signora immigrata, seduta accanto al marito e
ai figli, ad una signora romana
che dentro un autobus affollatissimo pesta involontariamente il
piede alla prima e le chiede subito delle scuse. Sempre a Roma,
sulla linea 19 del tram, un altro
episodio che succede spesso. Un
uomo sale in una delle fermate e
con una chitarra comincia a suonare e cantare sempre la stessa
canzone di tutte le altre volte.
Poi, percorre tutto il mezzo chiedendo soldi alle persone. Ma non
lo fa come tutti gli altri che con
questo “lavoro” ci campano ogni
giorno per le strade di Roma. Lui
si rivolge in modo piuttosto aggressivo, soprattutto verso le
donne, dicendo che la persona è
buona se gli dà dei soldi e che è
cattiva, grassa o che ha la cellulite se si rifiuta di farlo. Ma quello che ha forse fatto traboccare
il vaso, provocando l’indignazione dei cittadini italiani e non,
sia a Roma che in tutta l’Italia,
è stata la morte di una ragazza
aggredita dentro la metro con la
punta di un ombrello da una prostituta rumena, che era già stata
invitata ad uscire dal Paese prima che la Romania entrasse a far
parte dell’Unione Europea.
Qualche giorno fa un cittadino romano ha deciso di inviare
una lettera al quotidiano “La Repubblica”, il quale l’ha pubblicata
con il titolo: “Aiuto, sono di sinistra ma sto diventando razzista”.
Claudio Polverini cerca di raccontare quello che accade ogni giorno in città e com’è nato il desiderio di comunicarlo. – Non c’è
stata una molla scatenante, un
atto di violenza compiuto verso
di me o la mia famiglia o amici, – spiega l’autore nella lettera – ma un continuo stillicidio di
fatti letti, di violenza vista, di sicumera da impunità, di moralità
calpestata, di identità violata e
violentata, di fatti raccontati da
persone sconosciute su un tram
o una metropolitana.
Ansa
Alberto Carvalho
O
que funciona melhor: ter
os seus próprios equipamentos e pagar menos
pelo serviço individual ou
terceirizar as atividades e assim
economizar os custos de manutenção? Para responder a isso e
evitar problemas de gerenciamento, a Universidade de Bologna, na
Itália, promove um estudo sobre a
terceirização de serviços públicos.
Professor da instituição, o especialista em controle e gerenciamento de organizações do setor
público Emanuele Padovani veio
a São Paulo neste mês para uma
palestra sobre a pesquisa, que terá continuidade no Brasil. Segundo ele, o estudo é importante para
colocar limites na terceirização de
serviços, que tem sido feita sem
discernimento em algumas cidades. O exemplo mais usado para a
pesquisa foi o da limpeza de estradas nos municípios italianos.
De acordo com ele, a importância dessa tarefa e a dificuldade de
analisar a eficácia do trabalho fazem dessa atividade um dos exemplos mais indicados para a análise.
Uma parceria entre a Universidade de Bologna e a Universidade
Metodista de São Paulo pretende
fazer um estudo semelhante em
municípios brasileiros, começando
pelo ABC Paulista [Santo André,
São Bernardo e São Caetano]. Nesta entrevista, o professor explicou
sobre o projeto.
ComunitàItaliana – Essa idéia teve relação com algum pedido de
uma prefeitura?
Padovani – Não. Os estudos foram motivados pelo desejo acadêmico de entender o processo
de terceirização, muito recorrente em todo mundo, e assim aprimorá-lo. Os municípios não precisam cooperar necessariamente.
CI – E os resultados foram enviados às cidades?
Italiani
razzisti?
Lettera di un cittadino apre dibattito su diritti e
doveri di tutti, immigrati compresi
Ana Paula Torres
Correspondente • Roma
Il testo di Polverini, che subito dopo la sua pubblicazione ha
ricevuto il consenso di centinaia
di lettori che si sono espressi in
un apposito forum aperto sul sito internet di “La Repubblica”,
mette in dubbio la tolleranza che
vi sarebbe in altri paesi:
– Di fronte agli stupri che
avvengono, troppo frequentemente, in varie città italiane,
mi chiedo: e se io stuprassi una
“L’intolleranza verso lo straniero
cresce ogni giorno e che non si fa
nulla per eliminarla”
Claudio Polverini, cittadino romano
giovane araba alla Mecca o a Casablanca, se venissi preso dalla
locale polizia a cosa andrei incontro? E se a Bucarest, in metropolitana, avessi accoltellato un giovane rumeno per una
spinta ricevuta, che mi avrebbero fatto le locali autorità? Perché – si chiede Polverini – devo
essere sempre buono ed accogliente con i nomadi, ahi, tasto dolentissimo e pericolosissimo, quando questi rubano, si
ubriacano, violano la mia casa
e la mia intimità, quando rovistano nei cassonetti e buttano
tutto fuori, quando mendicano
con cattiveria e violenza, quando bastonano le immigrate che
non vogliono prostituirsi, quando sbattono i bambini in strada
Maio 2007
/
o mandano i figli a scuola con i
pidocchi?
Claudio Polverini afferma che
l’intolleranza verso lo straniero
cresce ogni giorno e che non si
fa nulla per eliminarla. “Centinaia di persone come me, – spiega – che hanno sempre litigato
con tutti per difendere chi entra
in questo Paese, che si sono battute come leoni contro l’intolleranza e la violenza xenofoba, sono stremate e ridotte, ormai, alla
schizofrenia.” Lui conclude la lettera sottolineando di sapere che
tanti reati vengono compiuti anche da italiani e che la richiesta
allora è di una legalità che valga
per tutti. Un altro punto sollevato da Polverini è che spesso chi
chiede questa legalità viene dipinto come razzista e di destra.
Lui, essendo dichiaratamente di
sinistra, dice di aver paura di
star diventando razzista.
Alla sua lettera ha risposto
anche il sindaco di Roma Walter
Veltroni, dicendo che la legalità
non è di destra o di sinistra. – E’
un diritto fondamentale dei cittadini, e chiunque è al governo
di una comunità sa che assicurarne il rispetto è un suo compito, un suo dovere. Soprattutto
oggi, - scrive Veltroni – perché
ogni persona che abbia occhi per
vedere e orecchie per sentire percepisce che effettivamente, nella
nostra società, le braci dell’insicurezza e della diffidenza verso
gli stranieri rischiano di trasformarsi in un incendio di intolleranza e poi di odio, di chiusura e
poi di esclusione.
Il primo cittadino di Roma
propone come combattere questo fenomeno: – Ecco il duplice
atteggiamento: condizioni di vita migliori, scolarizzazione e inserimento lavorativo, in una parola solidarietà, per chi rispetta
la legge e le regole di convivenza civile. Fermezza e assoluta
severità per chi di queste leggi
non si cura e queste regole le
infrange.
Inoltre, il sindaco sottolinea
la necessità di governare i flussi
di entrata e moltiplicare gli strumenti di integrazione. – Bisogna
affermare il principio che per chi
sceglie di vivere in Italia non ci
sono solo diritti: ci sono i doveri, ci sono le leggi da rispettare.
Integrazione e legalità – conclude Veltroni – devono sempre
convivere.
ComunitàItaliana
23
attualità
profilo / attualità
“Sono state
valutate le
possibilità di
incrementi alla
collaborazione,
in un rapporto di
vantaggi reciproci
per Italia e Brasile”
Marco Verzaschi,
Vice Ministro
della Difesa italiano
24
Fotos: Roberth Trindade
Preparare,
mirare...
Fiera delle Armi e Difesa in America Latina
riunisce paesi di vari continenti. Con uno stand
maggiore, l’Italia porta innovazioni
Sílvia Souza
to a livelli commerciali, perché
è un’opportunità di fare contatti
con fornitori e persone interessate di altri paesi, non soltanto il
Brasile, come a livello di attuazione nel mondo. Per tutto ciò che
ha già vissuto nella sua storia e le
cause per le quali ha già lottato,
l’Italia è molto impegnata con i
problemi di sicurezza e anche con
la difesa della pace – mette in risalto il console Bellelli.
Marco Verzaschi, che durante il suo soggiorno in Brasile ha
incontrato il ministro brasiliano della Difesa, Waldir Pires, ha
considerato che alla LAAD “sono stati condivise le eccellenti
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
relazioni di cooperazione esistenti tra i due paesi [Italia e
Brasile] nel settore degli articoli di difesa e sono stati valutate
le possibilità di incrementi alla
collaborazione, in un rapporto di
vantaggi reciproci”.
Ancora in accordo alla nota ufficiale del Vice Ministro, “è
emersa nell’incontro [con Waldir
Pires] un’ampia intesa sulla necessità di agire nell’ambito dell’ONU, con intenzioni comuni, sia
nel processo di riforme della stessa organizzazione, sia nelle soluzioni di conflitti internazionali”.
L’Italia e il Brasile hanno deciso di dare impulso al memoran-
dum di intese per la cooperazione
nel settore della difesa firmato nel
1991. Ma è da molto che il Brasile
è mercato per l’Italia. La partnership tra la Finmeccanica [maggiore impresa del segmento in Italia
e presente alla LAAD con cinque
società: AgustaWestland, Galileo
Avionica, Selex Communications,
Selex Sistemi Integrati e Alcatel
Alenia Space] e l’industria aeronautica brasiliana risale agli anni
’70, quando la Força Aérea Brasileira (FAB) scelse l’Alenia Aermacchi MB-326, un aviogetto da addestramento, per equipaggiare i
suoi centri di addestramento di
volo e le unità operative.
Per dieci anni, secondo l’impresa, sono state prodotti oltre
180 aerei del modello con licenza
brasiliana, in cooperazione con
l’Embraer. E mentre l’AugustaWestland si è specializzata in prodotti per i bisogni marittimi di
civili e militari, l’Alcatel Alenia
Space ha esibito alla Fiera i suoi
principali programmi di telecomunicazioni militari e di osservazione di satelliti, che potevano
essere provati dai visitatori.
Secondo il direttore dell’ICE,
Riccardo Landi, la visita delle autorità del segmento dà uno speciale significato agli investimenti fatti nel settore, combinando
la promozione delle tecnologie ai
servizi italiani.
— Spesso gli affari non vengono conclusi negli eventi, ma
essi servono per un primo contatto. È la nostra presentazione,
perciò stiamo attenti ai supporti per accogliere nel migliore dei
modi i nuovi partner – spiega.
Leader in avionica [apparecchiature elettroniche per impieghi
aeronautici], la Galileo Avionica
si è consolidata in Brasile, ove
è presente dagli anni ’80. Concentrata nella produzione di radar di avvicinamento e precisione, simulatori e equipaggiamenti
spaziali per piattaforme e cariche
esplosive, l’impresa ha lanciato in Brasile tre nuovi prodotti,
oltre ad aver presentato quattro
componenti che compongono il
programma “Soldato del futuro”,
applicato dall’Esercito Italiano.
Tra i modelli visti di prima
mano in America Latina c’erano
il radar Grifo-F, l’aereo-bersaglio
Mirach 100/5, che gestisce fino
ad otto bersagli simultaneamente, e il sistema Atos, per missioni
di aerotrasporto.
L
a delegazione di imprenditori italiani presente alla
Latin American Air Defence
è stata capitanata dal Vice
Ministro alla Difesa Marco Verzaschi. In uno scambio di idee avvenuto nell’accogliente sala del
Console Generale Bellelli, anfitrione sempre competente e cortese, Verzaschi si è espresso su
vari argomenti.
Ha innanzitutto dato la sua
valutazione della presenza italiana alla LAAD, da lui ritenuta
perfettamente valida dal punto di vista tecnologico, seppur
composta da un numero ristretto di espositori. Poi ha ricordato che l’Augusta, presente con i
suoi più recenti elicotteri e che
nel 1996 aveva avuto sei ordini e aveva consegnato un solo
elicottero, l’anno scorso ha avuto un fatturato di 650 milioni di
euro e ha impegni che vanno fino al 2009.
Ha poi sottolineato la disponibilità italiana a collaborare
tecnologicamente, in regime di
partnenariato, con tutti i Paesi
dell’America Meridionale, poiché
le nostre aziende si muovono liberamente nei mercati, anche se
da un punto di vista politico il
Brasile è una delle nazioni con
le quali l’Italia vuole stringere
rapporti.
Sollecitato da una domanda
di Comunità sul ruolo della nostra Difesa per ciò che riguarda
la lotta mondiale al terrorismo,
ha voluto esaltare il ruolo delle nostre truppe dalla Somalia
all’Afganistan, dove è generalizzato l’apprezzamento per il
lavoro dei nostri militari. Inoltre ha ricordato che deve parti-
Roberth Trindade
R
adar ultra sensibili, elicotteri di ultima generazione,
aerei agili e armi con specificità inimmaginabili per
un semplice civile. Si trovava di
tutto alla Fiera Latino-Americana
di Armi e Difesa, la LAAD, avutasi
a Rio de Janeiro e che ha riunito
30 Paesi importanti nel segmento
di difesa dei loro territori, di logistica militare a anche della manutenzione della pace nel mondo.
Alla sua sesta edizione, la
LAAD, che ha luogo ogni due
anni, ha provato che il tema sicurezza genera investimenti.
L’evento, rivolto alle Forze Armate, ha presentato una crescita
del 17% in confronto all’edizione
del 2005, quando ha ricevuto oltre 12mila visitatori.
Esempio per ciò che riguarda
le relazioni europee con l’Oriente
Medio e conosciuta per l’ efficace
azione della sua polizia, l’Italia è
stata presente per la quarta volta
all’evento e ha portato le principali marche produttrici di prodotti legati alla difesa, oltre a rappresentanti del Governo e Forze Armate.
Formata da circa 20 persone,
tra cui il Vice Ministro della Difesa Marco Verzaschi, la delegazione italiana ha visitato il padiglione ufficiale del Paese, composto
da 15 imprese. La comitiva è
stata accompagnata dal console
d’Italia a Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, ed è stata organizzata grazie ad una partnership tra
l’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE) e L’Associazione
Nazionale delle Industrie per l’Aerospazio e la Difesa (AIAD).
— Eventi come questo dimostrano il ruolo dell’Italia tan-
In regime di
partneriato
Il Vice Ministro alla Difesa Marco Verzaschi
sottolinea la disponibilità italiana a collaborare
Daniele Mengacci
re anche un’azione politica che
non può essere svolta dai militari – perché non è il loro compito – ma dagli organismi internazionali e dalla diplomazia,
per “chiudere” il cerchio della
pace. Questa chiusura manca
nei Balcani, in alcune zone come il Kossovo, dove noi ci troviamo in maniera massiccia e
abbiamo il plauso di tutte le
autorità locali.
Per ciò che concerne il momento politico italiano, segnato
dalla nascita del Partito Democratico [PD] e dalle polemiche
a rispetto della sua collocazione
ideale e culturale, il Vice Ministro ha detto a Comunità che
La Federazione Democristiana
(UDEUR e Nuova DC) sarà alleata
della nuova aggregazione politica, e ne ha poi così analizzato
le conseguenze: “Siamo consapevoli che questo centrosinistra
sarà un esperienza che non si
potrà riproporre: troppe forze
diversificate l’una con l’altra,
troppe difficoltà per fare scelte
su temi importanti come la politica estera e quindi crediamo
che nascerà una grande forza di
centro. È chiaro che questo andrà a scapito di una parte del
centrodestra, e non parlo solo
della UDC, ma di gran parte dell’elettorato di Forza Italia, che
può e deve dialogare con la parte moderata del centrosinistra.
Credo che questo possa rappresentare un quadro politico stabile che va dal 60 al 70% del
consenso di quest’area. La gente vuole questa stabilità e credo
che anche con un PD depurato
della sinistra radicale si possa
tranquillamente governare bene
in senso riformista”.
Parlando infine di riforme
istituzionali, e in special modo
del Senato delle Regioni approvato in prima lettura dalla Camera nella scorsa legislatura, ha
voluto confermare che, almeno
secondo la posizione assunta
dal suo partito (UDEUR), i senatori eletti all’estero dovranno
trovarci comunque una collocazione in ragione della rappresentanza, quella dei nostri emigrati, che esercitano.
atualidade
atualidade
26
Uma mãe
incansável
Maranhense luta pela guarda
de filho brasileiro em Milão
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
a ver Isaac. Depois da primeira
audiência, o Tribunal de Apelação de Turim, não deu a permissão para que Civanilde e seu filho
se encontrassem. Cláudio Barbieri esteve com ele mas não pode
falar sobre a mãe e nem sobre o
processo em curso.
— Ele me disse que gostaria
de ir ao Brasil por dois ou três
meses, que tem boas lembranças
de lá, da praia, lembra da mãe, da
avó e da irmã [Civanilde tem uma
outra filha]. Ele se sente em casa
no orfanato onde está há quase
5 anos, vai à escola, toca violão,
tem até uma namorada que vive
no orfanato. Nos fins de semana,
ele sai com uma família que gostaria de adotá-lo — diz Barbieri.
Civanilde passa os dias contando as horas para rever o filho.
Ela está vivendo em uma casa de
religiosas onde já fez amizade com
uma outra brasileira, Leda Silva.
ComunitàItaliana
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Maio 2007
— Ela só chora e tem fome,
pois sente saudades da comidinha de casa — revela a amiga.
Civanilde não entende por
que não pode ver o filho. Eles estão separados por menos de 300
quilômetros.
— Ninguém pode tirar este
meu direito. Ele saiu de dentro
Barbieri e Civanilde:
empenhados na causa
de mim, é meu filho. Quando eu
soube que ele estava num orfanato, entrei na justiça. Nunca deixei de ser a mãe dele. Eu
quero o melhor para o meu filho.
E quero que ele saiba disso. Sei
que o que me espera não é fácil. Deus vai me ajudar. Não quero obrigá-lo a nada, apenas que
saiba que eu existo e que nunca
o abandonei — declara.
No começo do mês de maio
ela deu mais um importante passo rumo a Isaac. Civanilde, com a
ajuda de uma intérprete, foi sabatinada por uma psiquiatra infantil italiana, perita do Tribunal
de Turim. Somente depois de ouvir todas as partes envolvidas a
especialista irá elaborar um relatório para os seis juízes da Corte de Apelação de Turim que irão
decidir se mãe e filho podem se
reencontrar.
Num primeiro julgamento, no
ano passado, houve perda da causa. Mas, na verdade, Civanilde nem
pôde comparecer. O governo do
Maranhão, sensível à sua luta,
deu a ela uma passagem aérea
para chegar a tempo da audiência em outubro de 2006, em Turim. Mas houve falta de comunicação entre o governo do estado
do Maranhão, o ministério das
Relações Exteriores do Brasil, a
Embaixada do Brasil na França e
o consulado do Brasil em Milão.
A segunda tentativa deu certo.
Ela embarcou num vôo, com passagem comprada pelo Palácio do
Itamaraty, foi recebida em Milão
por representantes do Consulado
do Brasil e chegou a tempo de
estar presente e defender o desejo de abraçar Isaac diante do
tribunal de Turim. Nesta audiência, na qual foi suspenso o procedimento de adoção de Isaac,
lhe foi negado o direito de ver
o filho.
A beleza “no sangue”
Vem do Paraná a representante ítalo-brasileira do concurso Miss Italia nel Mondo a ser realizado em junho próximo
T
Bruna Cenço
aisy dalla Libera. O sobrenome não nega a origem
italiana. A paranaense da
cidade de Medianeira tem
o que se pode chamar de talento nato ou sorte de principiante.
A jovem de 18 anos, que vendia
roupas em sua cidade, talvez não
imaginasse que se tornaria Miss
Italia Brasil, desde quando optou
participar de concursos de beleza, há um ano e meio.
O convite para a disputa do título veio depois de um bom desempenho na competição estadual.
— Conhecia o concurso, mas
nunca tinha pensado em participar. Quando fiquei em terceiro
no Miss Paraná, recebi a proposta. Isso foi há duas semanas. Daí
só deu tempo de arranjar patrocínio e vir para cá — conta Taisy.
Durante o concurso, a expectativa tomou conta dos cerca de
800 convidados que estavam no
Circus Alphaville, em São Paulo,
no dia 16 de abril. Na ocasião, 20
garotas de 17 a 28 anos, selecionadas em seis estados do país, se
reuniram para decidir quem iria
ter a honra de representar o Brasil na final de um dos mais importantes concursos de beleza do
planeta, o Miss Italia nel Mondo.
Essa será a 17ª edição do
evento, que trará como novidade o aumento no número total de
candidatas e de representantes
por nação. Segundo o vice-presidente mundial do concurso, o
italiano Nino Malizia, a mudança
do lugar da etapa final para um
espaço maior possibilitou que
cada país fosse representado por
até três meninas.
— Ao todo, serão 50 garotas,
vindas de 38 países, em vez de
apenas 40, como acontecia até
2006 — ressalta.
O Brasil, então, terá como representantes, além da Miss Italia
Brasil, a Miss Italia Amazonia e
a Miss Italia Sudamerica. As três
irão se juntar às outras finalistas nos dias 11 a 25 de junho, na
Itália, para concorrerem ao título de Miss Italia nel Mondo e aos
prêmios de US$ 50 mil mais um
contrato com a rede de televisão
RAI, que vai transmitir o evento.
O título de representante da
Amazônia, até então decidido em
um concurso no Caribe, ficou com
a gaúcha Shirley Maurina, 19, para
quem a disputa começou bastante
cedo. Ela teve que passar por duas
eliminatórias, a da Serra Gaúcha e
a do Estado do Rio Grande do Sul,
antes de chegar à final.
— Já me sentia uma vencedora por estar aqui competindo.
Ganhar então, não tenho nem
palavras — confessa.
Já a Miss Italia Sudamerica, a goiana Nevila Palmieri, 20,
tem como principal característica a persistência. Miss Goiás em
2005, essa é a segunda vez que a
beldade busca o título.
— Sempre gostei de concursos. Participei do primeiro aos
13 anos. No ano passado fiquei
em terceiro no Miss Itália e resolvi tentar de novo. Representar
um país, divulgar essa mistura
de Brasil e Itália é sinônimo de
muito orgulho pra gente— diz a
feliz ganhadora.
Para participar do concurso,
a candidata deveria ter no mínimo 1,70 m e ser descendente de
italianos até a 5ª geração. Conhecimento da cultura e da língua italiana também são considerados essenciais, portanto, as
vencedoras brasileiras recebem
aulas intensivas durante os dois
meses existentes até a final.
Quem já passou por isso, como a Miss Italia Brasil 2006, Heloisa Beraldo, sabe o quanto é
importante falar o idioma já que,
no fim, o voto é popular e as
concorrentes precisam dar entrevistas à televisão para conquistar o público.
— Na Itália, é quase um Big
Brother. A TV acompanha os lugares em que a gente vai e, nos
intervalos dos programas, aparece o nosso nome e o número para
que o público vote por telefone
— lembra.
Segundo ela, o concurso também abre as portas para oportunidades no país.
— A Miss Italia Amazonia do
ano passado, a brasileira Karina
Michelin, venceu a disputa em
2006 e até hoje apresenta um
programa de televisão na Itália
— comprova Heloisa.
Apesar de ter representantes
brasileiras há alguns anos, até
Fotos: Laís Oliveira
Fotos: Divulgação
C
ivanilde Costa Marques,
de 29 anos, está na Itália
há mais de um mês. Ela
se prepara para o veredito final da justiça italiana sobre
o destino do filho Isaac, 12. Em
2002, essa maranhense recuperou o direito sobre a guarda do
filho diante da magistratura brasileira mas a sentença não foi reconhecida na Itália.
Tudo começou quando, em
1998, o menino começou a viver
na Itália com sua irmã, por parte de pai, que era casada com um
italiano. Na ocasião, ela tinha
prometido dar à criança uma vida melhor do que aquela oferecida
pela mãe na cidade de São Vicente Ferrer, no interior do Maranhão.
Poucos anos depois, a “meia-irmã” de Isaac entrou em depressão
e voltou para o Brasil deixando- o
com o marido em Turim.
Em 2003, o menino foi levado para um orfanato italiano porque o “pai” não tinha condições
de criá-lo sozinho. A descoberta
sobre os maus tratos sofridos pelo menino em Turim chegou através do setor de assistência social
que investigou as denúncias e
confirmou as suspeitas levantadas pelos professores da escola
freqüentada por Isaac. Ele foi levado para um orfanato e, quando Civanilde soube da situação,
começou um longo percurso judicial no Brasil e na Itália, com a
ajuda do governo brasileiro.
— Estamos dando a ela todo o apoio necessário. O governo
brasileiro está fazendo o possível. O caso é jurídico mas tudo
pode acontecer e, se ele evoluir
para uma questão política, tentaremos sempre a via do diálogo
— afirma o cônsul geral do Brasil em Milão, Daryel de Lima.
O processo já acumula centenas de páginas e tem tirado o sono
do assistente consular Cláudio Barbieri, que acabou sendo testemunha de defesa no processo italiano.
Nele, Civanilde tenta provar para a
justiça italiana que é a mãe de Isaac e tem condições de criá-lo.
— Ela é uma mulher humilde
mas muito determinada. Basta ver
aonde ela chegou. Do interior do
Maranhão, foi à comarca judicial
dela, depois ao governo do estado
do Maranhão, depois ao Itamaraty
e finalmente aqui, no Consulado
— lembra o assistente consular.
Por enquanto, Cláudio Barbieri é a única pessoa autorizada
2005 o concurso era vinculado ao
Miss Farroupilha (RS). Só no ano
passado é que foram criadas fases
seletivas nos estados. Segundo
Malizia, por conta disso, houve um
aprimoramento da etapa brasileira
e já existem planos para as próximas edições. Um deles é promover
a seleção final na cidade do Rio de
Janeiro. Apesar dos planejamentos
e da evolução no desenvolvimento
do concurso, Heloísa diz que ainda
há muito a ser aprimorado.
— Na Itália, em qualquer lugar que você vai, todos, da criancinha ao mais velhinho, falam “ah,
você é a Miss Brasil” e até pedem
autógrafo. Na final, as meninas se
enfrentam num show de talentos,
o que é muito mais divertido. No
Brasil, o concurso está crescendo e
espero que, em breve, cheguemos
a esse nível — declara.
Em sua 17ª edição, o concurso trará o
aumento no número de candidatas e
representantes por nação
Abril 2007
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ComunitàItaliana
27
Italianos no Brasil comemoram o surgimento
das rotas regulares entre São Paulo e Milão
A
Aline Buaes
pesar das contínuas reclamações dos italianos no
Brasil pela volta do vôo
da Alitalia direto do Rio
de Janeiro para Roma, a comunidade italiana só tem a comemorar com a inauguração do vôo
diário da TAM entre São Paulo e
Milão. Desde junho do ano passado, quando a Varig cancelou
seus vôos diários para o aeroporto internacional milanês, a Alitalia tentava em vão dar conta do
cada vez maior fluxo de passageiros entre os dois países. A grande esperança dos usuários desta
rota é que, com a possível retomada dos vôos internacionais pela Varig, a concorrência entre as
companhias aéreas voando para
a Itália traga benefícios para os
passageiros, como melhores preços e qualidade no atendimento.
Depois de muitos meses sem
uma empresa aérea brasileira indo para a Itália, a TAM, graças a
um acordo bilateral firmado entre
os governos dos dois países em
novembro de 2006, inaugurou
em 30 de março de 2007 o vôo
diário partindo de São Paulo pa-
ra Milão. Este fato veio atender
a uma demanda cada vez maior,
visto que a companhia de bandeira italiana Alitalia atravessa
uma grave crise econômica e está em processo de privatização.
Desde junho de 2006, ela era a
única a realizar vôos regulares
diretos do Brasil para a Itália.
Entre os critérios utilizados
pela TAM para escolher a “bota”
como seu terceiro destino dentro
da Europa, está a alta demanda
do mercado italiano, determinada pelo crescimento da preferência pelos pontos turísticos brasileiros. Mas, segundo o diretor
de vendas da companhia, Klaus
Kuhnast, não é só o entretenimento que estimula o turista a
chegar ao Brasil.
— Além das viagens a lazer
e de incentivo, o tráfego de negócios vem crescendo bastante
— analisa.
Até o início de 2006, a Varig
era a líder absoluta no mercado
brasileiro de vôos internacionais,
com 71 por cento
de participação. Segundo os dados da
Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), este número baixou para
apenas 11 por cento no início de
2007, após o cancelamento dos
vôos internacionais da companhia. Em termos de comparação,
durante o ano de 2005, a Varig
e a Alitalia disputavam praticamente sozinhas os passageiros
dos vôos internacionais entre
Brasil e Itália, com 49 por cento
de participação cada uma.
Para o diretor-geral da Alitalia no Brasil, Alessandro Amadeo,
deve-se admitir que a companhia
aérea não conseguiu suprir a demanda.
— Realmente não conseguimos absorver a grande demanda.
O ingresso da TAM no mercado
preencherá a lacuna que existia.
Com isso, o serviço tende a melhorar, vai aumentar a capacidade e satisfazer a demanda —
confessa.
Amadeo também reiterou
que “o mercado do Brasil é o
mais importante da América do
Sul para a empresa”, salientando que o aumento do tráfego de
passageiros entre Brasil e Itá-
Daniel Duchon
“O ingresso da TAM no
mercado preencherá
a lacuna que existia.
Com isso, o serviço
tende a melhorar”
Alessandra Amadeo,
diretor-geral da Alitalia no Brasil
28
ComunitàItaliana
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Maio 2007
Enzo, filho de Luca Locci, nasceu
em meio à confusão dos vôos
internacionais durante crise na Varig
— Eles têm uma exigência
maior de um vôo direto, tanto
pelo tempo quanto pelo incômodo e pelas bagagens — reflete.
Locci acredita que os dois pilares do trânsito das viagens a
negócios entre Brasil e Itália serão mesmo as duas companhias
com vôos diretos regulares, TAM
e Alitalia, apesar da existência
de outros com menos freqüências, como as rotas operadas pela BRA e pela Lauda Air.
Para o professor da Universidade de Milão, Gian Luigi De
Rosa, que costuma vir ao Brasil
freqüentemente para participar
de congressos e realizar pesquisas, uma das principais conseqüências da crise da Varig foi o
aumento dos preços das outras
companhias aéreas.
— O que mudou de fato foi
o preço das outras companhias.
Como a maioria dos italianos e
dos brasileiros médios, não tenho uma companhia de preferência. O que interessa é o conforto
e o preço — afirma.
Comunidade italiana luta
pelo vôo direto para Roma
Uma das principais reclamações
dos italianos no Brasil é a falta
de um vôo direto para Roma. Há
três anos, a Alitalia cancelou o
vôo entre Rio de Janeiro e Roma,
provocando protestos inclusive
em órgãos governamentais. Hoje, um dos principais militantes
desta causa é o Cônsul Geral da
Itália no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, que já conquistou o
apoio do governador do Estado,
Sérgio Cabral, e de membros do
Senado italiano.
— Tanto o mercado é bom
que a Air France colocará o segundo vôo direto para Roma e
a companhia diz que as classes
econômicas dos vôos estão sempre cheias. O governo do estado
do Rio baixou a tarifa de ICMS
por combustível de 25 para 4 por
cento em todos os aeroportos
brasileiros — fala o cônsul.
O diretor-geral da Alitalia no
Brasil explica que a cidade de
Milão é “o centro dos negócios
de quem sai do Brasil para a Itália”, ao contrário de Roma, onde a exigência é mais de caráter
turístico. Apesar de admitir que
existem estudos para viabilizar
um aumento das freqüências de
vôos entre os dois países, ele reitera que a empresa vai continuar
priorizando “o público business”.
Bellelli, ao defender a volta
dos vôos diretos da Alitalia entre
as capitais carioca italiana, afirma que o Rio ainda é o destino
de muitos italianos que vêm ao
Brasil, tanto a turismo quanto a
negócios, lembrando que o estado é sede de muitas grandes empresas italianas no país.
Ele cita um levantamento realizado recentemente pelo Consulado, o qual afirma que em
torno de 200 mil italianos passam pelo Rio de Janeiro todos os
anos, tanto a turismo quanto a
negócios.
— O mercado potencial existe. A maior parte das pessoas
acaba viajando com outras companhias européias, cujos vôos
estão sempre lotados, principalmente com italianos. As companhias de Portugal e da França
estão tomando conta deste mercado — revela Bellelli.
O cônsul também cita a grande crise que afetou a aviação civil internacional, após os atentados de 11 de setembro de 2001
nos Estados Unidos, para explicar como o Rio de Janeiro perdeu muitos vôos internacionais,
principalmente os da Alitalia. Na
sua opinião, existe muito mais
interesse do Brasil em Roma e no
sul da Itália do que em Milão.
O empresário Luca Locci também defende a volta de um vôo
direto para Roma.
— É ridículo não ter pelo menos um vôo por semana para a capital da Itália. Afinal, tem o Vaticano, a sede do governo e é a
segunda cidade mais importante
do país — pontua, lembrando que
boa parte da imigração italiana
para o Brasil veio do sul da Itália.
O senador italiano Edoardo
Pollastri, eleito pela circunscrição da América do Sul e passageiro assíduo dos vôos entre Brasil e
Itália, pois mantêm sua residência
em São Paulo, destaca a ausência
de um vôo direto para Roma como
uma das principais reclamações da
comunidade italiana no país. Ele,
que costuma vir ao Brasil durante
as folgas do Senado italiano, localizado justamente em Roma, lamentou o fato de a TAM ter mantido o aeroporto internacional de
Milão como base de seus vôos na
Itália. Segundo o senador, os governos dos dois países estão negociando para que uma companhia
aérea preencha esta demanda e
assuma uma rota partindo do Brasil diretamente para Roma.
Apesar de não ter informado
detalhes, Pollastri afirmou que a
TAM e a Alitalia já estão negociando há bastante tempo e que
a crise da Alitalia e o processo de
privatização estão dificultando o
avanço das negociações.
— O mais natural seria a Alitalia, mas a TAM está se colocando como segunda opção, pela
viabilidade e pelo interesse na
iniciativa — admite o senador
italiano que, como todos os italianos e seus descendentes, espera pelo “sucesso do processo
de privatização da Alitalia”.
Maio 2007
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A crise da Alitalia
e a questão moral
A crise que a Alitalia está passando atualmente e o processo
de privatização da empresa, que
deve ser concluído até o final do
ano, é um dos aspectos que impedem o crescimento da empresa
no mercado.
Conforme explica o empresário Locci, apesar das inúmeras reclamações “dos italianos no exterior com o serviço prestado pela
Alitalia”, todos continuam dando
“preferência” pela empresa, por
motivos que ele define como “de
sangue” ou “de patriotismo”.
O empresário, que mora há
11 anos em São Paulo, salienta
a importância para um emigrado
de “entrar em um avião de bandeira italiana, com pessoas falando sua língua, com vídeos em
língua italiana e pratos típicos”.
Promoções especiais
para italianos
No que depender de incentivos,
os ítalo-brasileiros ou até mesmo
os fãs declarados da bota terão
motivos para ficarem mais animados em conhecer a Itália.
Outra novidade é que o senador Pollastri está pessoalmente envolvido em um projeto destinado para os descendentes de
italianos que nunca estiveram
na terra natal de seus familiares.
Ele está acompanhando de perto
uma iniciativa do Ministério para
os Italianos no Exterior para fornecer pacotes turísticos junto a
companhias aéreas, especialmente a Alitalia, para descendentes
de italianos que viajam pela primeira vez. O projeto, que está
em fase inicial e pretende abranger não apenas os ítalo-brasileiros, mas descendentes de toda a
América Latina, poderá começar
a funcionar a partir de 2008.
ComunitàItaliana
Barbara Bar
Mais vôos
lia nos últimos anos deve-se ao
crescimento da indústria brasileira e ao conseqüente aumento das exportações. A rota entre
São Paulo e Milão continua sendo, desde muitos anos, a mais
rentável da companhia no continente, superando até mesmo
a de Buenos Aires, onde se concentra uma igualmente grande
comunidade italiana.
O drama dos passageiros
Um bom exemplo de como a crise da Varig afetou os passageiros dos vôos entre Brasil e Itália
é a história do ítalo-brasileiro
Lorenzo Locci, atualmente com
10 meses de idade, nascido em
meio à confusão dos cancelamentos das rotas internacionais
da até então maior companhia
aérea brasileira.
Em junho de 2006, nascia em
São Paulo o filho do empresário
italiano Luca Locci, morador da
cidade desde 1996 e passageiro
assíduo dos vôos para a Itália. Os
avós italianos da criança vieram
ao Brasil para acompanhar o parto e conhecer o pequeno Lorenzo. O plano inicial era permanecer alguns dias, mas a confusão
gerada com o cancelamento dos
vôos da Varig e a falta de outras
opções, obrigou o casal a permanecer quase dois meses no país.
O empresário, atuante no
setor de transportes internacionais, afirma que a crise da Varig
foi um fato “tremendo”, principalmente para os italianos residentes no Brasil.
Daniella Marques
atualidade
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atualidade
Vida
bandida
Em busca de dinheiro e melhores condições de vida,
brasileiras vão para a Europa e percebem que são vítimas
do tráfico de pessoas. Exploração sexual e trabalho escravo
as esperam ao desembarcarem nos aeroportos
Nara Vieira da Silva Osga
Nayra Garofle
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ComunitàItaliana
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Maio 2007
manter relações sexuais com seu
“marido”. Durante uma briga entre o italiano e a brasileira, ela
conseguiu fugir. Voltou ao Brasil
e, sem dinheiro, não pôde comparecer à audiência quando autoridades alemãs solicitaram sua
presença no país. Portanto, seu
caso ficou sem desfecho.
— É tão revoltante ver o traficante à solta. Minha aliciadora está ficando rica, comprando carros,
casa. Cada vez que volta, ela leva duas ou três meninas — afirma
Elaine que, por receber ameaças
de morte, tem sua identidade e
seu endereço mantidos em sigilo.
Joshua Rindner
há vários tipos de tráfico e exploração, dentre os quais: a rede de
entretenimento [shoppings, boates, bares, etc], rede do mercado
de moda [agências de modelos] e
rede de agências de casamento.
As rotas nacionais e internacionais do tráfico mudam de
acordo com a descoberta de uma
quadrilha. De acordo com o Escritório das Nações Unidas contra
Drogas e Crime (Unodc) as brasileiras estão entre as principais
vítimas do tráfico de pessoas para a exploração sexual, principalmente as do Ceará, São Paulo,
Rio de Janeiro e Goiás.
As mulheres, vítimas do tráfico de pessoas, são atraídas com
falsas promessas de casamentos e
uma oportunidade de vida melhor.
Foi o que aconteceu com Elaine
[nome fictício dado à mulher que
foi parar na Alemanha por conta
de um falso casamento com um
italiano], como relatou em entrevista recente à imprensa.
— Fui vendida a um italiano como escrava sexual. Fui para
passar três meses, para conhecêlo. Foram 15 dias que pareceram
15 anos — relata a brasileira que
foi convencida por uma senhora
de seu bairro, em Pernambuco, a
casar com um italiano que procurava uma esposa.
Elaine não podia imaginar
que a senhora com bíblia na mão
era uma aliciadora. No exterior,
foi obrigada a receber “clientes”
alemães e turcos além de ter de
que se submeteram a entrevistas,
76 por cento não foram aceitas
nos países de destino. Entre as
nações que mais recusaram a entrada das brasileiras estão Portugal, seguida da Itália e França.
A Itália se encontra entre os
países de destino mais freqüente das vítimas, assim como a Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Holanda e Japão. Segundo o
Unodc, as mulheres jovens, entre
18 e 21 anos, solteiras e de baixa escolaridade são as principais
vítimas das redes internacionais
de tráfico de seres humanos que
operam no Brasil. Já os aliciadores, geralmente, são homens entre 31 e 41 anos, com bom grau
de escolaridade, e empresários
que trabalham em casas de show,
bares e agências de turismo.
A articuladora Priscila Siqueira,
do Serviço à Mulher Marginalizada
(SMM), que existe no Brasil há 15
anos, luta contra a exploração sexual desde 1996. A ONG trabalha
com programas de prevenção de
jovens, nas escolas municipais, na
faixa etária de 15 a 19 anos, na formação de professores para atuarem
no combate à exploração sexual. O
SMM também trabalha com publicações, cartazes e campanhas.
A política de combate
Segundo dados de 2005 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) o tráfico internacional de
pessoas fatura mais de U$ 30 bilhões por ano. Em 2000, foi assinado em Palermo, pelos países da
ONU, um protocolo que define o
tráfico de pessoas como o “recrutamento” ou “transporte forçado”,
em que uma tem “autoridade sobre outra para fins de exploração”.
Dessa forma, há uma maior cooperação internacional, não tratando
o caso de tráfico para exploração
sexual como o de imigração ilegal.
Na pesquisa “Indícios de tráfico de pessoas no universo de
deportadas e não admitidas que
regressam ao Brasil via o aeroporto de Guarulhos” divulgada
em 2005, de 175 mulheres que
responderam a questionários e 15
Saiba como agir nesses casos
O
consulado brasileiro não tem o poder de polícia na Itália.
Portanto, as investigações sobre denúncias de violação das
leis italianas contra quaisquer cidadãos de quaisquer nacionalidades
devem ser realizadas pelas autoridades competentes.
— As pessoas devem relatar os fatos para a polícia. Ao
consulado, o que chega, na grande maioria dos casos, são prisões
de brasileiros que foram flagrados transportando drogas ou perda
de documentos — conta o assistente consular Claudio Barbieri, do
consulado brasileiro em Milão.
Mulheres brasileiras que são vitimas das quadrilhas de prostituição
ou de violência doméstica por parte de maridos italianos devem
relatar os crimes sofridos no país para a Polizia di Stato ou aos
Carabinieri. Uma vez aberto o processo, o consulado é informado
pelas autoridades judiciais locais e poderá seguir de perto o caso.
O Consulado Brasileiro deve prestar assistência e acompanhar os
processos que dizem respeito aos maus tratos e as violências sofridas
por pessoas adultas e, principalmente, por menores de idade.
O Consulado Geral do Brasil em Milão mantém um telefone de
plantão em casos de emergência, entre as quais: morte, ferimentos
graves ou prisão. O número 3357278117 funciona nos fins de semana
e feriados e tem linha aberta para os brasileiros na jurisdição da
repartição, no norte da Itália. (Colaborou Guilherme Aquino)
Reprodução
A
história é sempre a mesma: as promessas são de vida fácil e muito dinheiro.
Mulheres brasileiras são iludidas por
estrangeiros que juram, muitas vezes,
torná-las modelos famosas com cachês bem
altos. A verdade surge quando, ao chegarem à
Itália, elas percebem que algo diferente está
diante de seus olhos. Aqueles que prometeram um mundo cheio de glamour roubam seus
passaportes, o único dinheiro que possuem,
as estupram e as obrigam trabalhar para eles,
de forma escrava, como prostitutas nas ruas
italianas. Mas engana-se quem pensa que este é um problema somente na Itália. O tráfico
de pessoas é um assunto de responsabilidade
mundial. As vítimas partem do Leste Europeu,
Sudeste Asiático, África e América Latina, em
direção à Europa, com destino, em especial, à
Espanha, Itália e Portugal.
Esse foi o destino de milhares de brasileiras que estão, atualmente, na Europa, e é
os de tantas outras que estão com passagem
comprada, rumo a um mundo desconhecido
cujo retorno, quase sempre, não existe.
Há seis anos morando na Itália, a catarinense Tania Rocha, indignada com a situação
das mulheres brasileiras no país, criou uma
Organização Não-Governamental [ONG] chamada Associazione Internazionale Voce, em
Lodi, na Lombardia.
— Chegam aqui muitas mulheres da
Bahia. Elas têm muito medo de contar alguma coisa porque senão essa máfia mata
seus parentes no Brasil. Sei de cada história... Muitas são estupradas até se submeterem a trabalhar como prostitutas. Ajudamos
levando-as para consultas médicas e orientamos as brasileiras que desejam se defender
de maridos violentos ou se separar deles se
protegendo usando as leis italianas — conta
a presidente da ONG.
A idéia de criar a organização surgiu quando Tania começou a pesquisar sobre o tráfico
de seres humanos. A associação é mantida por
três brasileiras e uma italiana e não recebe
apoio financeiro do governo brasileiro.
— Recebemos ajuda logística de algumas
ONGs italianas. Temos um projeto muito importante para dar apoio às mulheres vítimas
do tráfico de seres humanos, o que a ONU [Organizações das Nações Unidas] chama
de casamento escravo. O consulado brasileiro e a Secretaria
Especial das Mulheres acharam o projeto ótimo, lindo,
válido, porém, não têm dinheiro para nos ajudar — declara Tania.
Segundo dados apresentados
na Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres,
Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf) publicada em 2002, coordenada pelo Centro de Referência, Estudos e Ações
sobre Crianças e Adolescentes (Cecria)
e organizada pelas pesquisadoras Maria Lúcia Leal e Maria de Fátima Leal,
Valentina: brasileira e prostituta
na Itália presa pelos carabinieri
Maio 2007
/
— É incrível como o ser humano é tratado como se fosse um
produto, uma coisa. Ainda está muito longe de a mulher ter
sua total cidadania, isso fica cada
vez mais claro. Na ONG não temos atendimento direto com as
mulheres marginalizadas, mas recebo, diariamente, e-mails com
pedidos de ajuda e, óbvio, encaminho para os devidos lugares
que sei que podem atender essas
pessoas — explica Priscila.
Enquanto isso...
Se de um lado inúmeras mulheres
chegam à Itália sem saber que vão
se tornar prostitutas, do outro, há
brasileiras que vivem na prostituição por opção. Como foi o caso de
Valentina, capa da revista italiana
Panorama de maio de 2003 com a
seguinte chamada: “Questa donna
si vende per 150 euro”. Ela tinha
um sonho de entrar no mundo do
espetáculo, porém, tornou-se garota de programa. A reportagem,
na ocasião, mostrou a operação
da polícia italiana intitulada como Indagine Capitolina que apreendeu um patrimônio riquíssimo.
Valentina foi uma das prostitutas
presas pelos carabinieri. Só para
se ter uma idéia, foram apreendidos um automóvel Cadillac, 800
mil euros em cheques, tomados
35 apartamentos e presas 40 brasileiras, das quais 20 foram expulsas do país.
No último dia 16, uma passeata, nas ruas de Pádua foi liderada
por uma transexual brasileira chamada Kristal. O protesto, contra
a lei do prefeito Flavio Zanonato
que multa os clientes da prostituição de rua, teve a participação
de trabalhadoras do sexo de toda
a Itália. Enquanto tal lei não é
aprovada, a polícia de Pádua realiza uma série de ações de repressão
à atividade das prostitutas.
ComunitàItaliana
31
aluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut
Depressão:
— A depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e
sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a
disposição e o prazer com a vida.
Ela afeta a forma como a pessoa
se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como
pensa sobre as coisas. É uma doença afetiva ou do humor, não é
simplesmente estar na “fossa” ou
com “baixo astral” passageiro —
alerta o doutor Cipriani.
Ao contrário do que pode parecer, a depressão não é sinal de
fraqueza, de falta de pensamen-
Como fugir desse mal?
Doença atinge duas vezes mais as mulheres e pode se tornar, em 2020, a segunda maior moléstia do mundo
Brenna Lorenz
Como evitar:
Exercício físico diário [do tipo aeróbico, que aumenta a
freqüência cardio-respiratória];
Sono ideal de oito horas;
Banho de morno a frio pela manhã, promovendo melhoria no
despertar pelo choque térmico, ou banho quente à noite que relaxa
e facilita a conciliação do sono;
Ter maior disponibilidade de tempo para relacionamentos
familiares e sociais;
Busca de atividades profissionais, esportivas, encontros e reuniões
que constituem momentos de prazer, o “combustível da vida”.
32
ComunitàItaliana
/
Maio 2007
que, em 2020, a depressão seja a
segunda maior doença do mundo
[perdendo apenas para as doenças cardiovasculares] e, ainda, 80
por cento das pessoas terão a doença mais de uma vez na vida.
Há dois tipos de depressão:
a típica e a atípica. A primeira
se manifesta com todos os sintomas emocionais, como a apatia,
o desinteresse, a tristeza e o desânimo. Já a segunda, é uma maneira disfarçada da depressão se
apresentar. Ou seja, normalmente, aquelas pessoas que não se
permitem sentimentos sem mo-
Teste de Depressão
é uma doença ou é um reflexo
de um momento histórico difícil? Muitos especialistas a consideram como uma mistura destes
dois fatos. O mundo está cada
vez mais corrido e globalizado,
onde o excesso de informações e
obrigações é cada vez mais freqüente. As pressões do cotidiano
geram muito estresse. A depressão surge como um dos grandes
males do futuro — relata.
De acordo com o médico, um
estudo do European Brain Council (EBC), publicado em Bruxelas,
constatou que cerca de 127 milhões de pessoas são portadoras
de doenças psíquicas e psicossomáticas. Dos 25 países da União
Européia ampliada, 27 por cento
da população sofre de 12 principais moléstias psíquicas e neurológicas, como dependência de álcool e medicamentos, distúrbios
bipolares, esquizofrenia, depressões e ataques de pânico.
A depressão pode atingir a
qualquer pessoa. As vítimas podem ser de qualquer faixa etária,
porém, as mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens.
A idade de início, em 50 por cento, de todos os pacientes é entre
20 e 50 anos. A média é de 40
anos. A alteração do humor é o
sintoma mais visível da doença.
A
finalidade do teste é favorecer uma autoavaliação, mas nunca substituir a consulta médica ou psiquiátrica. Para ser feito, é
simples: abaixo temos uma tabela com os principais sintomas de depressão.
Se você sofre pelo menos quatro desses sintomas ao mesmo tempo, deveria procurar um profissional de saúde [médico ou psiquiatra] para fazer uma avaliação conclusiva, pois, existe uma
grande possibilidade da presença de um quadro
depressivo. Os quatro sintomas de uma só vez,
destacados pela cor vermelha nas pontas da tabela, aumentam ainda mais as possibilidades de
estar com depressão.
Mas atenção: mesmo sendo portador desses
sintomas, não se alarme, pois ainda pode não ser
a depressão. Neste caso, sugerimos uma consulta
médica para avaliação.
CONSTANTEMENTE
DORMINDO MAL
OU DEMAIS
AGITAÇÃO OU
LENTIDÃO OBSERVÁVEL
POR OUTRAS PESSOAS
FADIGA OU PERDA
DE ENERGIA QUASE
TODOS OS DIAS
SENTIMENTOS
DE CULPA
ALTERAÇÕES
SIGNIFICANTES NO
PESO OU APETITE
INDECISÃO PERSISTENTE
OU PERDA DE
CONCENTRAÇÃO
INDECISÃO PERSISTENTE
OU PERDA DE
CONCENTRAÇÃO
PENSAMENTOS DE MORTE
OU IDEAÇÃO SUICIDA
REDUÇÃO DO INTERESSE
E DO PRAZER NAS
ATIVIDADES DO DIA A DIA
Se tais sintomas estiverem conjugados, não devemos esquecer as características de persistência, incapacitarão e desproporção emocional. Assim, temos algumas diferenças:
Fonte: www.sosdepressao.com.br
V
iolência, desigualdade social, desemprego e problemas conjugais. Um
conjunto de fatores típicos do século 21 resulta, hoje,
num mundo com pessoas cada
vez mais deprimidas. Ao contrário do que pode parecer, a depressão é um caso sério e precisa
ser tratado. Uma pesquisa realizada recentemente na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, apontou os italianos como o
povo menos feliz da Europa.
O médico Anderson Cipriani,
que atua na área de Psiquiatria e Saúde Mental, não
concorda com o resultado
da pesquisa, pois segundo ele, é preciso levar
em consideração a época em que o estudo foi
aplicado, assim como
as condições do entrevistado.
— Não podemos
eleger um povo como o menos feliz. A
felicidade não é uma
grandeza mensurável.
As pressões no trabalho e na família, o medo
do desemprego e a falta de
perspectivas deixam cada vez
mais cidadãos europeus doentes
em toda a Europa. A depressão
Nayra Garofle
tos positivos ou uma condição
a ser superada apenas pela força de vontade. O médico explica
que, em determinados estados, a
pessoa enxerga sua realidade como se estivesse usando óculos
escuros, ou seja, tudo é percebido de maneira cinzenta e escura.
De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), 14 por
cento dos europeus sofrem de depressão. Só na Itália, 1,5 milhão
de pessoas já foram diagnosticadas com o mal. No Brasil, estimase que 17 por cento da população
tenha a moléstia. A OMS prevê
“BAIXO ASTRAL”
DEPRESSÃO
Geralmente tem motivo
Frequentemente aparece sem nenhum motivo ou
é desproporcional ao suposto motivo
Geralmente duro pouco (horas ou poucos dias)
Geralmente dura de vários dias
a semanas, meses ou anos
Perturbações físicas e psíquicas
são leves e menos persistentes
As perturbações físicas e psíquicas são graves e
persistentes chegando mesmo a incapacitar para
atividades rotineiras
O humor freqüentemente melhora quando
acontece uma coisa boa para o indivíduo ou ele
simplesmente pensa em coisas boas de sua vida
O humor habitualmente não melhora de modo
significativo quando acontece algo de bom ou a
pessoa pensa em coisas agradáveis
Algumas pessoas que já passaram por episódios depressivos conseguem encontrar uma clara diferença entre quando estão deprimidas e tristes ou com “astral baixo”. Porém, às vezes, a distinção é difícil, por isso,
não hesite em perguntar a seu médico se você tiver dúvidas!
Maio 2007
/
“Só na Itália,
1,5 milhão de
pessoas já foram
diagnosticadas.
No Brasil, estimase que 17 por cento
da população
sofram da doença”
Anderson Cipriani, médico
tivo e, apesar de já terem ido a
muitos consultórios médicos com
as mais variadas queixas e de terem feito inúmeros exames, continuam achando que a medicina
ainda não conseguiu descobrir a
causa de seus problemas.
A boa notícia é que a doença tem cura. Segundo Cipriani, só
o médico pode indicar o melhor
tratamento para cada caso, mas
normalmente o uso de antidepressivos faz parte dos procedimentos.
— Além dos psicotrópicos,
um bom condicionamento físico é sempre importante, pois a
ginástica libera endorfinas, que
são nossos antidepressivos naturais e aumentam nosso bem estar. O intestino funciona melhor
e a pressão arterial fica mais estável. A ioga, a meditação e massagem de relaxamento sempre
ajudam e muito, principalmente
as duas primeiras. E é importante
também diminuir o uso de álcool
e cafeína — diz.
Para quem sofre de depressão, o mundo parece estar no
fim. De acordo com especialistas,
é necessário que os familiares e
os amigos do paciente não vejam
a doença como sinal de fraqueza
de caráter e nem falta de pensamento positivo. O paciente geralmente está completamente indeciso com relação a tudo e alguém
tem que tomar decisões, inclusive para iniciar o tratamento.
— A depressão é uma doença
que incomoda muito a vida do paciente e de sua família, mas costuma ser fácil de tratar. Assim como durante o processo da doença,
a pessoa não consegue se imaginar bem mas, quando ela passa,
a pessoa não consegue imaginar
como era possível estar tão mal
— explica o médico.
ComunitàItaliana
33
italian style
Multicultural
novidade vem da cultura indígena.
Segundo os índios Cherokee, as sementes da abóbora podem curar cólicas,
diminuir pedras nos rins e acalmar febres
quando servidas em chás. Na Índia, por
sua vez, sua polpa alivia dores na cabeça
quando colocada diretamente sobre a testa. Já nas Filipinas, o caldo do pé de abóbora é recomendado na cura de dores de
ouvido. O alimento tem alto valor nutritivo e é ótima para fortalecer a visão, além
de ter baixas calorias [40 calorias/100g].
D
Coração e mente
Q
uem disse que ingerir nozes é apenas
algo a ser feito no Natal? Pois saiba que
o hábito de comê-las pode fazer bem ao coração e combater a perda de memória causada pelo mal de Alzheimer. Pesquisas feitas
por cientistas americanos provam que consumir uma pequena porção de nozes ajuda a
diminuir o mau colesterol (LDL), diminuindo
a possibilidade de ataques cardíacos. A noz é
rica em proteína, gordura monoinsaturada e
sais minerais como magnésio, cálcio e zinco,
além de ser rica em fibras.
Fotos: Divulgação
Nat Arnett
Para ficar “brotinho”
Panela perfeita
L
Contra a obesidade
O
Conselho Nacional de Pesquisa da Itália (CNR) apresentou recentemente o
gel ou pílula antifome para combater os problemas de obesidade. Os pesquisadores mostraram como o hidrogel age no sentido de
contribuir para a redução de peso. A previsão é que, em um ano, estejam concluídas
as fases de experimentação que estão em
curso e o medicamento seja lançado no mercado em forma de cápsula a ser ingerida antes das refeições, com dois copos de água,
para gerar uma sensação de saciedade.
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eve e de fácil digestão, o broto de feijão
contém os chamados compostos fenólicos,
que exercem um papel importante no combate
e controle dos radicais livres. Com isso, tornase grande aliado para quem busca o retardo no
envelhecimento do corpo. Para confirmar o fato, pesquisas feitas pela Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE) revelam que os
compostos encontrados no broto do feijão são
maiores que os encontrados em outros vegetais. Os estudiosos concluíram ainda que o alimento possui a capacidade de reduzir a oxidação das células em quase 50 por cento.
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É uma verdadeira “fábrica de vitamina” este
aparelho profissional 3 em 1: batedeira, espremedor
e centrifuga. São duas velocidades e capacidade
para 1,5 litro com tecnologia Aríete. € 69
Coração e mente
Q
uem disse que ingerir nozes é apenas algo a ser feito no Natal? Pois
saiba que o hábito de comê-las pode fazer bem ao coração e combater a perda de
memória causada pelo mal de Alzheimer.
Pesquisas feitas por cientistas americanos provam que consumir uma pequena
porção de nozes ajuda a diminuir o mau
colesterol (LDL), diminuindo a possibilidade de ataques cardíacos. A noz é rica em proteína, gordura monoinsaturada
e sais minerais como magnésio, cálcio e
zinco, além de ser rica em fibras.
Julia Freeman-Woolpert
e sabor agridoce e cor variando do
verde ao amarelo, a carambola ajuda no combate à febre e ainda serve para curar a doenca escorbuto [carência de
vitamina C]. Devido à grande quantidade
de ácido oxálico, ela estimula o apetite
e é usada na medicina popular no tratamento de afecções renais. A fruta é rica
em sais minerais como cálcio, fósforo e
ferro, além de conter vitaminas A, C e do
complexo B. Sua casca, por conter alto
teor de tanino, tem poder adstringente e
pode limpar o intestino, sendo utilizada
como antidesintérico.
O step I Tonic parte do princípio
das vibrações corpóreas. Bastam 15
minutos por dia para ficar em forma,
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Como o Brasil
Vibrações benéficas
Rumo à descoberta
E
studar sobre a alteração gênica da origem da exostose múltipla [anomalia do
desenvolvimento do esqueleto] com o objetivo de chegar a uma terapia com o uso de
células-tronco. Este é um dos objetivos do
programa de pesquisa do laboratório de genética do Istituto Rizzoli de Bolonha. A instituição, nos últimos dois anos, disponibilizou
de 240 pacientes para observação a fim de
fazer correlações entre os aspectos gênicos
e clínicos.
Florin Bleiceanu
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Steve Woo
34
ComunitàItaliana
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Maio 2007
Maio 2007
/
ComunitàItaliana
35
curiosidade
Arquivo pessoal
Matrimonio
all’italiana
Tradições, fartura e superstições são três palavras mágicas
que fazem a diferença nos casamentos do Brasil e da Itália
C
Nayra Garofle
A confirmação do fato chega do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Pesquisas revelam que o tradicional “mês das noivas” perde
para setembro, mas o campeão
de preferência mesmo é dezembro. Só para se ter uma idéia,
em 2005, ocorreram 68.041 casamentos em maio ao passo que,
em dezembro, esse número subiu para 112.447 em todo o Brasil. Segundo especialistas, um
dos motivos para essa mudança
é que, além de coincidir com as
férias de verão, a época é mais
Julio Sandy
asar em maio dá azar. É
isso mesmo. Na Itália,
ao contrário do que já é
costume no Brasil, a sorte chega mesmo para os enlaces
ocorridos em agosto, tido pelos
brasileiros como o “mês do desgosto”. Dá pra acreditar?
Mas, na verdade, o que ninguém poderia imaginar é que,
atualmente, em terras brasileiras,
a tradição de agendar matrimônios em maio, mês da consagração de Maria [para os católicos]
e das mães, vem mudando por
questões comerciais.
atrativa devido ao recebimento
do 13º salário.
Segundo o Padre Alan Dias,
da Paróquia São João Batista,
em Campo Grande, na zona oeste
do Rio de Janeiro, a escolha do
mês de maio para celebrar o casamento pode ser relacionada à
uma questão comercial.
— Os católicos praticantes
casam quando suas necessidades
permitem. Por isso, dezembro é
um dos meses mais procurados,
já que as pessoas têm um pouco
de reserva financeira nesse período. Hoje em dia, normalmente,
quem busca maio como preferência é devido à tradição cultuada
pela sociedade que diz que o mês
homenageia as noivas e muitos
não sabem nem o porquê — diz.
Um casamento brasileiro
Quando conheceu o marido italiano, a descendente Mirella Guida, de 26 anos, não fazia idéia
do que seria casar na Itália. Carioca e morando em Satriano di
Lucania, a jovem agrônoma preparou com todo o cuidado cada detalhe para a sua festa no
Brasil. Mas uma coisa, em especial, lhe disseram: “Não se case
em maio porque dá azar. Agosto é que dá sorte”. A partir daí,
a ítalo-brasileira descobriu que
isso era unanimidade lá na Basilicata, onde vive. Mas ela não
se deixou abalar pelas surperstições e escolheu janeiro como
seu mês de enlace.
Como não poderia deixar de
ser, tudo foi pensado para a data.
Inclusive na vinda dos parentes
italianos e na execução da típica
tarantella, tradição que é mantida à risca pela família.
A agrônoma é filha de imigrantes do sul: a mãe é de Basilicata e o pai, da Campânia. Mesmo assim, Mirella fez questão de
providenciar uma cerimônia brasileira regada a alguns temperos
italianos. A Caipirinha [bebida alcoólica típica dos brasileiros] foi
o que não faltou.
— Foi o dia mais feliz da
minha vida e correu tudo maravilhosamente bem. Ofereci
aos meus convidados os famosos “bem-casados” [doces com
pão-de-ló e recheio distribuídos
em recepções no Brasil]. “Bomboniera” [espécie de souvenir
onde, geralmente, são colocados
confeitos nas recepções de casamentos italianos] nem pensar,
aqui no Brasil está fora de moda! — conta.
Mirella e Giuseppe: comemoração em dose dupla
Os confeitos nas “bomboniere” são balas de amêndoas. Normalmente são cinco em cada saquinho. Isso porque eles devem
ser dados em números ímpares,
indivisíveis, como um casamento
deve ser. Cada “confetto” tem um
significado: saúde, riqueza, felicidade, longevidade e fertilidade.
A ítalo-brasileira conta que
os familiares do noivo ficaram
surpresos com a festa proporcionada aqui no Brasil.
— Eles diziam que parecia
“coisa de cinema”. É porque a
cultura na Itália é diferente, lá
eles fazem festa para comer, de-
coração é o que menos importa
— afirma.
Segundo Mirella, o momento tarantella foi um dos mais divertidos da festa, realizada no dia
11 de janeiro deste ano. A alegria
contagiante da “italianada” deixou
os convidados bem empolgados.
— Preparei uns pandeirinhos
com as fitinhas da cor da bandeira da Itália. Foi tudo muito alegre! — recorda a noiva.
O casal entrou no salão ao
som de “Eccoti”, de Max Pezzali. Na cerimônia, Mirella leu seus
votos em português e o noivo,
Giuseppe Alagia, 26, leu em ita-
Mas de onde surgiu
a cerimônia de casamento?
A
resposta desta pergunta é curta: a cerimônia surgiu na Roma
antiga. O ano é uma incógnita, mas as primeiras notícias de
mulheres vestidas para tal situação vêm de lá. Antigamente, elas
prendiam, aos cabelos, flores brancas, que significam felicidade e
vida longa, e ramos de espinheiro, para afastar os maus espíritos.
Desde então, o figurino virou tradição e ganhou novos adereços.
O véu, por exemplo, faz referência à deusa Vesta [símbolo da
honestidade e da virgindade], que segundo a mitologia grecoromana era a protetora do lar.
Também foram os romanos que instituíram a monogamia e a
liberdade da noiva se casar espontaneamente, diante de juízes,
testemunhas e com as garantias da lei. Durante a Idade Média, a
escolha do noivo passou a ser uma questão tratada pela família.
Desde os cinco anos de idade, a menina já sabia quem seria seu
futuro marido. Quando o rapaz completasse 18 anos e a moça entre
12 e 13, o casamento aconteceria. Isso porque a união entre ambos
era uma espécie de negócios entre as famílias.
Apesar de todo o ritual vir de Roma, foi na Inglaterra que a
rainha Vitória inaugurou o casamento por amor e vestida de branco.
Na época, o protocolo dizia que ninguém poderia fazer o pedido a
uma rainha e ela, apaixonada pelo príncipe Albert de Saxe CobourgGotha, tomou a iniciativa. A rainha ficou conhecida por tornar o
amor um sentimento básico para unir um homem e uma mulher. Com
a chegada da nova classe social, a dos burgueses, um novo código
foi criado: casar de branco sinalizava que a noiva era virgem.
liano. A festa seguiu, firme e forte, com emoção brasileira e lágrimas italianas.
Um casamento italiano
Na festa no Brasil deu tudo certo.
Mirella voltou para a Itália feliz
com a realização de um sonho.
Casada no religioso e no civil,
agora ela está numa corrida contra o tempo para organizar sua
festa na Itália. É que a família de
Giuseppe faz questão. Portanto,
a jovem está num conflito para
escolher bolo, decoração, comida
e já admitiu: na Itália ela vai ter
que oferecer a “bomboniera”.
— Já me rendi. Aqui em Lauria, Basilicata, onde será o casamento, se não dermos “bomboniera”, o povo fala mal. Eu queria
até fazer um outro tipo de “bomboniera”, na qual explicamos aos
convidados que o dinheiro que
seria gasto com a lembrança seria oferecido à uma instituição
de caridade. É bem elegante, mas
aqui seríamos chamados de pãesduros — conta Mirella.
A esposa de Giuseppe não
usará um vestido de noiva tradicional, mas um vestido comum,
uma vez que já estão casados. Já
a festa, vai seguir as tradições de
um típico casamento italiano, com
algumas restrições de Mirella.
— Meu sogro queria fazer a
festa em casa. Eu o convenci a
mudar de idéia. Mas o DJ é um
amigo sanfoneiro dele que promete “bombar” a festa com músicas
latinas, salsa e tarantella — fala.
O cardápio da festa, que será
no dia 7 de julho, terá antipasto
di mare, linguini agli scampi, risoto
alla pescatora servido à mesa, além
de cascata di prosciutto, spiedini di
gamberi, bocconcini di mozzarella e
rosticceria servidos no buffet. Como
os noivos já são casados, não haverá cerimônia.
— Ano passado presenciei um
casamento aqui na Itália. A primeira impressão que tive foi ótima, o lugar era maravilhoso e nunca vi tanta comida. O almoço foi
divino mas com muito desperdício. Cerca de 50 por cento de tudo
o que foi servido, incluindo quilos
de camarões gigantes, acabaram no lixo! Algumas coisas
eram bem diferentes do
que estou acostumada.
O casamento começou
de dia e 80 por cento
das convidadas usavam
preto — lembra.
Itália:
Preferência de
celebridades
A
lguns artistas escolhem
a Itália como cenário
para a festa de casamento.
Os americanos Tom Cruise e
Kate Holmes, por exemplo,
casaram em novembro do
ano passado. O local foi
Bracciano, uma cidadezinha
perto de Roma. O custo do
evento ficou em cerca de dois
milhões de euros. Os trajes
dos noivos foram criados por
Giorgio Armani, que também
desenhou o buquê da noiva.
Já a atriz ítalo-brasileira
Giovanna Antonelli casou,
no último dia 5, com o
empresário Robert Locascio
num hotel que é uma mansão
do século 19, localizada na
Villa Michaela, província de
Luca, perto de Pisa.
O casamento de Mirella não
terá 12 horas de duração, o noivo
vai usar fraque e nenhuma madrinha vai usar preto. A decoração
não será em isopor e nem terá
nenhuma escultura de abóbora,
como é de costume, segundo ela.
— Cada país com sua tradição. O que para mim pode ser estranho, para eles é o mais natural
possível — diz.
Apesar de já ter casado, hoje
Mirella sente, pela segunda vez,
o gosto de organizar uma festa.
Não será como a festa do Brasil,
“com muito espetáculo”, conforme já diziam alguns parentes italianos da jovem. Seu casamento
em Lauria será digno de tradições. Vale ressaltar que, apesar de
a cultura ser diferente, para ela,
é importante respeitar os costumes de cada país. Sorte dela que
vai poder aproveitar duas festas
celebrando o que tem de melhor:
o amor ítalo-brasileiro entre os
noivos!
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ComunitàItaliana
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nM
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ComunitàItaliana
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notizie
Sanità
S
fiorano i 13 milioni l’anno i ricoveri
negli ospedali italiani, per un totale
di 78.750.000 giornate di degenza. Sono
i dati del Rapporto annuale sull’attività di
ricovero ospedaliero, realizzato dal ministero della Sanità in base ai dati del 2004.
Il parto, come evento naturale, resta il
primo motivo di ricovero. Tra le malattie
più frequenti per cui si va in ospedale vi
sono problemi cardiovascolari, malattie
polmonari e trattamento dei tumori.
Rosita Missoni
U
na nuova orchidea si chiamerà come Rosita Missoni: è il quinto fiore che viene dedicato alla stilista. Emilio Gola e Giancarlo Pozzi, floricoltori di
Morosolo, renderanno omaggio a Rosita
e al suo amore per il giardinaggio e per
i colori alla serata di inaugurazione di
Orticola, mostra mercato che, da 12 anni, è un atteso appuntamento fisso per
i milanesi.
notizie
Catasto consultabile
Nair Bello
È
D
a ragazza a nonna, la capacità di spaziare dalla risata al pianto che emozionano i suoi spettatori. Il Brasile ha perso
la più italiana delle sue attrici nel mondo
della teledrammaturgia. Competente e riconosciuta per le sue indiscutibili caratteristiche legate all’italianità, a 75 anni d’età e 59
di carriera, Nair Bello de Sousa Francisco, o
semplicemente Nair Bello, non ha resistito
alle conseguenze di un arresto cardiorespiratorio e si è spenta per cedimento multiplo
degli organi il 17 del mese scorso, dopo cinque mesi di ricovero.
Nipote di italiani e nata a San Paolo il
29 aprile 1931, Nair Bello inizia la sua carriera come speaker dell’allora Rádio Excelsior, nel 1949. Partecipò per la prima volta
ad un film nel 1951, in “Liana, a pecadora”
[Liana la peccatrice, n.d.t.]. Nel film ha recitato insieme all’amica e ora presentatrice
televisiva Hebe Camargo, diretta da Antonio
Tibiriçá. “Se c’è bisogno di un’italiana della
storia, non ci pensano due volte. Chiamano
Nair”, era una frase detta varie volte dall’attrice cresciuta in mezzo alla confusione
già possibile consultare gratis via
internet la banca dati catastale e,
con il pagamento delle relative imposte,
quella ipotecaria. Lo annuncia l’Agenzia
del territorio, spiegando che è stata rivista completamente la disciplina dell’accesso alle banche dati da parte degli
utenti abituali (notai, geometri ed Enti), con l’abolizione del canone e la previsione, a titolo di rimborso spese, di
200 euro da corrispondere una tantum
e di 30 euro annuali per ogni password
utilizzata.
degli italiani che abitano il quartiere Cambuci.
Durante la carriera, Nair ha partecipato a nove film, 15 telenovelas e due fiction.
Ha fatto partecipazioni speciali in diversi
programmi, come quelli umoristici “Sai de
baixo” e “A grande família” [??? e La grande famiglia, n.d.t.] della TV Globo. L’esordio nelle telenovelas l’ha avuto in “Sossega leão” [Calmante, n.d.t.], trasmessa nel
1976 alla TV Tupi, una delle principali nel
suo genere.
Osservatorio su
telemedicina
C
Pirelli e Tiscali
N
el 1° trimestre 2007 Pirelli torna all’utile (56,3 milioni di euro). I ricavi salgono del 10,8% a 1.303,7 milioni di
euro. Il risultato operativo comprensivo
dei proventi da partecipazioni del 6,9% a
euro a 143,2 milioni di euro.
Tiscali ha chiuso il primo trimestre con
una perdita di 44 milioni di euro. I ricavi sono cresciuti del 25% a 193,2 milioni di euro.
Il risultato operativo e’ stato negativo per
16,8 milioni (-12,3 nell’anno precedente).
Sono circa 100.000 i nuovi clienti Dsl, che
portano il totale del settore a oltre 1,9 milioni, di cui oltre 700 mila utenti in accesso
diretto. Per l’intero anno, Tiscali prevede di
ottenere ricavi per 820 milioni di euro.
irenze ospiterà il museo di Roberto Capucci, maestro dell’arte della moda, famoso per le sue ‘sculture’ di tessuto. Ancora non c’è una data precisa, ma si spera in
giugno per aprire al patrimonio della Fondazione Roberto Capucci le sale della seicentesca Villa Bardini. A raccontare l’opera
dello stilista sarà l’archivio della Fondazione, con 450 creazioni, 300 illustrazioni, 22
mila schizzi e 20 quaderni di bozzetti, oltre
a 50mila fotografie e articoli di stampa.
Matrimonio
A
È
una corsa a est, quella intrapresa dai
marchi italiani della moda, dai più
grandi, come Giorgio Armani, a tutti gli
altri. Il prossimo 8 novembre verrà aperto il nuovo grande concept-store Armani/Ginza Tower, a Tokyo. L’apertura sarà
celebrata da una serie di eventi speciali e
dalla presenza dello stesso Armani.
Festival a Torino
Rock italiano
Armani a Tokyo
I non lettori
arà Lou Reed ad aprire l’11 luglio nella
Reggia di Venaria di Torino la quarta
edizione del Traffic Torino Free Festival.La
manifestazione proseguirà quindi il 12, il
13 e il 14 luglio al Parco della Pellerina con
l’accoppiata dance formata da Daft Punk
e LCD SoundSystem e l’indie-rock di Artic
Monkeys e Art Brut per concludersi con una
serata speciale affidata a Franco Battiato.
el 2006 ha letto almeno un libro
negli ultimi 12 mesi il 60,5% della
popolazione italiana di 6 anni e più. Si
tratta di 33 milioni e 351mila persone,
un numero in crescita costante dal 1993.
È quanto risulta dall’Indagine Istat su ‘I
cittadini e il tempo libero’, realizzata a
maggio 2006. Di conseguenza sono venti milioni e 300mila le persone che non
hanno letto neppure un libro. I non lettori sono soprattutto uomini (il 41,6%
rispetto al 32,7% delle donne).
F
rriva la conferma: Rod Stewart si sposera’ il prossimo 16 giugno in Italia.
A rivelarlo un quotidiano britannico, che
e’ entrato in possesso di uno degli inviti
che il rocker ha spedito per le sue nozze
con Penny Lancaster. Ovviamente la telenovela non e’ ancora finita, perche’ sulle partecipazioni c’e’ scritto che la localita’ esatta verra’ svelata solo alla conferma
della presenza. Sembra pero’ certo che i
due si sposeranno nell’albergo Splendido
di Portofino, lo stesso dove Richard Burton chiese la mano a Elizabeth Taylor.
reare un ‘Osservatorio sull’e-care’
per riunire tutti i progetti di telemedicina al fine di migliorare la sanità
pubblica. Se ne è discusso alla presentazione di un workshop dal titolo ‘La telemedicina nelle infrastrutture sanitarie’
organizzato dalla neonata Società Italiana di Telemedicina. ‘Il ministero della
Salute ha già avuto l’autorizzazione del
ministro per varare l’osservatorio - ha
detto Monica Bettoni, capo della segreteria tecnica del ministero della Salute.
N
Museo Capucci
S
È
uscito ‘Irene Grandi. Hits’, album che
contiene tra le 33 canzoni due inediti,
‘Bruci la citta’’ e ‘La finestra’, e due cover.
La ‘ragazzaccia’ toscana del rock italiano si
misura con brani come ‘Sono come tu mi
vuoi’ di Mina e ‘Estate’ di Bruno Martino. Fra
le 33 canzoni del ‘greatest hits’, nuove versioni unplugged di brani come ‘Bum Bum’ e
‘’Prima di partire per un lungo viaggio’’.
La Biennale
I
l Cda della Biennale di Venezia presieduto da Davide Croff ha approvato il budget per il 2007 che evidenzia
un deficit di 500.000 euro. ‘Il budget si
fonda nuovamente sull’ipotesi di garantire alla Biennale lo svolgimento delle
attività istituzionali, nonostante il progressivo calo delle contribuzioni pubbliche’, sottolinea il comunicato della
Fondazione. Il Cda ha inoltre avviato il
processo per individuare metodi e criteri per la nomina dei direttori dei settori
di attività culturali.
Maio 2007
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ComunitàItaliana
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Firenze
notícias
Giordano Iapalucci
C
ada vez mais os italianos mostram o espírito
humanitário e são reconhecidos pela solidariedade, típica
de quem vem da bota. Desta vez, o empresário e colunista Franco Urani, recebeu,
este mês, o título de cidadão honorário, por iniciativa
da vereadora Andréa Gouvêa
Vieira, no plenário da Câmara
Municipal do Rio de Janeiro.
Secretário Conde prestigia medalha a Urani
Na solenidade, dentre os presentes estava o secretário estadual de cultura do Rio, Luís Paulo Conde. Urani foi agraciado por ter incentivado investimentos sociais e projetos pilotos realizados na favela de Vila Canoas, no bairro carioca
de São Conrado, inclusive, através de parcerias com a Itália e a União Européia. Num
total, os investimentos brasileiros chegaram, de 1989 a 2007, a 1,835 mil dólares e os
estrangeiros a 1,995 mil dólares. Dentre as ações realizadas, estão a instalação de uma
creche, um centro municipal de assistência integrada, um posto de saúde, além da criação de cursos profissionais e preparatórios para o vestibular, dentre outras iniciativas.
Urani idealizou o projeto quando entrou em contato com os moradores da favela depois de observá-los da janela de seu apartamento. Segundo ele, eram extremamente precárias as condições de moradia em Vila Canoas.
“No começo, o pouco que eu e minha família podíamos fazer, fazíamos com o coração. Pensei: se posso me envolver em projetos para grandes fábricas, por que não também na área social? Vi que as crianças tinham um péssimas notas na escola mas tinham
potencial. Aí demos o reforço. Antes as aprovações se resumiam a 20 por cento. Agora,
chegamos a 80 por cento” comemora Urani. (R.C.)
Pendenga Judicial
O
ComunitàItaliana
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epois de comemorar o dia 25 de abril,
data histórica na Itália, devido à luta de
movimentos de resistência contra a ditadura de
Mussolini. Assim ocorreu as entregas da medalha de Grande Oficial, conferida pelo presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano,
ao presidente da Academia Brasileira de Letras
(ABL), Marcos Vinícius Villaça, e do conjunto
de medalhas de Mérito Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, ao Instituto
Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ).
A iniciativa, da parte brasileira, partiu
do vereador Stepan Nercessian que justificou
a escolha pelo instituto ratificando o papel
como propulsor da cultura na cidade do Rio.
— Olhava com desconfiança essa coisa de
se oferecer honrarias mas, desde que assumi a
função de vereador, passei a dar valor a essa
presença marcante que alguns setores e pessoas têm na formação da população. Isso sem
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Ruralia
N
ella splendida cornice del parco di Villa Demidoff a Pratolino (Fi), a circa 15
minuti da Firenze, venerdì 25 a domenica 27
Maggio, sarà presentata la mostra sull’ambiente, la fauna, cultura e tempo libero dal nome
“Ruralia”. È organizzata dalla Provincia di Firenze ormai da alcuni anni con lo scopo di far
conoscere ed apprezzare la qualità delle produzioni agricole degli allevamenti del suo territorio, dell’associazionismo ambientale e di
quello venatorio. Si tratta di una manifestazione festosa in cui viene valorizzato il ruolo
innovativo dell’agricoltura nella sua interattività con il tessuto economico e sociale. Ingresso gratuito. Info www.provincia.fi.it
Pitti Immagine
A
Presidente da ABI, Maurício Azedo, discursa
grupo Poste Italiane e mais oito empresas, que formam o consórcio BRPostal,
estão esperando decisão da Justiça brasileira para a implementação do Correio
Híbrido no Brasil. Esse serviço prevê o desenvolvimento de um sistema de recebimento
eletrônico e impressão de correspondências e documentos de grandes empresas pela
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Vencedor da licitação para a exploração do serviço, no valor de R$ 4,36 bilhões, o
consórcio BRPostal, a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e a Associação Brasileira da Indústria de Formulários, Documentos e Gerenciamento da Informação (Abraform) travam uma batalha judicial desde quando foi promulgado o resultado
da concorrência, em 2002. As duas associações alegam que a ECT não pode atuar em
ramos diferentes do que está previsto em lei e o Correio Híbrido transcende à legislação relativa ao trabalho dos Correios.
Além disso, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública contra a
ECT para suspender a implantação do serviço. Segundo a ação, o serviço, tal como está configurado, fere o princípio de isonomia, implica em venda casada e lesa a livre
concorrência, além de não possuir autorização legal para operar. A atual diretoria da
ECT não se pronuncia.
O projeto de Correio Híbrido da ECT foi concebido ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, mas ficou engavetado, por causa da repercussão negativa no que tange
as metas de livre concorrência, o combate aos monopólios e oligopólios, o estímulo à
iniciativa privada, a geração de empregos e a competitividade das empresas nacionais.
Entretanto, o governo Lula retirou o projeto da gaveta e abriu a concorrência pública
internacional para a contratação do serviço.
Desde dezembro de 2002, quando a ECT entrou pela primeira vez com pedido de
licitação, o mercado gráfico vem questionando esta nova forma de atuação dos Correios, antes condicionada à distribuição de correspondências, e alerta para o fato de o
governo federal centralizar a gestão das informações da sociedade brasileira.
O modelo estabelece para os Correios o controle de cinco anos na intermediação da
transferência de dados, a impressão de documentos, o manuseio e acabamento destes
documentos, a sua distribuição, além da responsabilidade pela segurança de todos os
dados disponíveis, o que evidencia a formação de um novo monopólio. (F.L.)
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Em dose dupla
Fotos: Reprodução
Homenagem
falar da ligação entre Itália e Brasil. O “rei”
Roberto Carlos ganhou duas vezes o Festival de
Sanremo — relembra ao entregar as medalhas
ao atual diretor do Instituto, Rubens Piovano.
O diretor do IIC, por sua vez, relembrou a
ação da entidade que está há mais de 50 anos
na cidade.
Já o cônsul Massimo Bellelli destacou a
presença italiana na ABL, fato que não causa
espanto visto que, entre os mais de 25 milhões de descendentes de italianos no Brasil,
muitos são os bem-sucedidos em suas histórias de vida, inclusive no âmbito profissional.
— Marcos Villaça atuou na Itália e é um
importante escritor e tradutor. E se, apesar
da pouca distância física do consulado com a
ABL, ao longo dos últimos anos, nos distanciamos em nossa atuação, a partir de agora,
isso não deve mais ocorrer — revela Bellelli,
anunciando futuros planos do consulado em
conjunto com a ABL.
— E que brasileiro não é influenciado pela Itália? Para citar alguns exemplos, lembramos logo da escultura, do teatro e da música.
Isso sem falar que, por aqui, ninguém fala
mais “até logo” ou “adeus”, e sim “tchau”!
Essa influência é positiva e trata-se de uma
troca que ainda dará muitos frutos — acrescenta Villaça ao receber sua medalha. (S.S.)
pre i battenti il 20 giugno per tre
giorni “Pitti Immagine Uomo”,
un’anteprima mondiale delle collezioni di abbigliamento maschile autunno-inverno 2007-2008. La kermesse incentrata sulla moda maschile che propone abiti, accessori, oggetti moda e molto
altro del settore tessile. La fiera è ormai
da quasi quarant’anni un importante ap-
puntamento di livello mondiale che affronta la moda maschile sotto l’aspetto
della contemporaneità, come anche dell’intramontabile classico e sportivo. Non
mancheranno poi spazi dedicati ad un
aspetto importante come quello della innovazione e sperimentazione. Fortezza da
Basso – Firenze. Dalle 10 alle 20. Ingresso 20 euro.
Mostra del Chianti
S
i è aperta a fine aprile e lo rimarrà fino
agli inizi di novembre un’importante
mostra archeologica sugli etruschi che vedrà come scenario le città di Siena e Chiusi. La rassegna dal titolo “Etruschi” proporrà una delle maggiori e più celebri raccolte
archeologiche che siano presenti in Italia:
la collezione Bonci Casuccini. Si potranno ammirare sarcofagi, statue-cinerario,
una collezione di bronzi, considerati una
delle più ricche eredità che gli
etruschi ci abbiano lasciato,
come anche alcuni straordinari esempi di ceramica. A
Siena presso la Santa Maria
della Scala, Palazzo Squarcialupi. A Chiusi presso gli
spazi espositivi del laboratorio archeologico 10.30 alle
19.30. Ingresso 6 euro. Info:
www.santamariadellascala.com
Calcio storico
fiorentino
I
l 24 giugno, nel giorno del patrono
di Firenze [San Giovanni], avrà luogo in Piazza Santa Croce la partita finale tra le squadre rappresentanti gli antichi quartieri fiorentini. Non si tratta del
calcio moderno ma di una “diramazione”
ben più violenta in cui il contatto fisico
è più che concesso, tanto che nella romana Florentia era utilizzato per preparare
fisicamente i propri legionari. Le quattro
squadre sono contraddistinte da colori:
bianchi [S.Spirito], azzurri [S.Croce], rossi [S. Maria Novella] e verdi [S.Giovanni].
Prima delle partite, per le vie della città
sfila un corteo storico con oltre 500 figuranti in costume come da etichetta del
XVI secolo. Ingresso: da 8 a 40 euro.
Zero a Firenze
M
ercoledì 13 giugno, presso lo Stadio
Artemio Franchi di Firenze si esibirà
il “cantante-poeta” Renato Zero. Il concerto di Firenze rientra in una tournée di sei
appuntamenti che lo vedranno impegnato
a Padova (2/6), Roma (3/6), Milano (9/6),
Bari (16/6) e Palermo (20/6). Nel suo appuntamento fiorentino Renato Zero non si
limiterà a presentare gli ultimi successi, ma
dedicherà ai “sorcini” [come chiama i suoi
fan] i classici del suo repertorio. Ingresso
dai 34 ai 51 euro.
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ComunitàItaliana
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design
design
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Col cuore
in mano
Stilista Anelise Bonnacorse si distacca
mescolando lusso e semplicità in borse usate
anche da celebrità in TV
Rosangela Comunale
mere la sua italianità nei lavori
che produce. Secondo lei, questo vincolo con lo Stivale rende i
suoi lavori molto particolari.
— Quando creo le mie borse,
entro in archivi già interiorizzati, ereditati da questa vena italiana, e li mescolo alle bellezze
che il Brasile ha da offrire. Il risultato sono borse di lusso con
l’incanto del Brasile e la raffinatezza dell’Italia. Mi ricordo delle parole di mio nonno: “Andiamo al paese dell’arte, dell’amore,
della poesia, della moda —
mette in risalto.
Ma essere stilisti
non è ancora un’impresa
facile in Brasile. Secondo Anelise, c’è bisogno di
più investimenti nel mondo
della moda.
ComunitàItaliana
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— Credo che il Brasile valorizzi l’arte nel segmento della
moda, questo sì. Ma, nel caso di
lavori sconosciuti, bisogna avere forti investimenti da parte degli artisti, il che non è sempre
facile. In questo
senso, ho avuto la fortuna
di avere le mie borse apprezzate da Regina Lundgren, che valorizza i nuovi talenti e ha portato qualche mia creazione allo
Espaço Lundgren. Comunque mi
sto inserendo nel mercato poco a
poco – rivela.
D’accordo con la stilista,
l’obiettivo del suo lavoro, in cui
mescola lusso e semplicità, è
quello di affiancare la creatività
al lavoro artigianale.
— Nella mina collezione
Palha & Jóia, per esempio, lavoro con orefici per svolgere in
argento e pietre semi-preziose
la mia idea originale. Dopo aver
creato un pezzo delicato e imponente, questo viene applicato
alla borsa fatta a mano, per darle un impronta di lusso. Alle volte accade il processo inverso. La
borsa è già pronta, bella, con il
cuoio intrecciato alla paglia, ma
manca ancora un dettaglio. Allora studio la parte della borsa
dove potrebbe essere applicato
qualche pezzo di argento o pietre – spiega.
Parlando dei suoi progetti
futuri, la stilista dimostra determinazione e passione per ciò
che fa.
— Uno dei miei progetti è
quello di realizzare un’esposizione con i miei lavori qui in Brasile e all’estero. Voglio che le mie
creazioni siano identificate perché hanno un qualcosa in più, il
mio segno. La mia personalità e
stile devono essere espressi attraverso un formato di borsa particolare, di una tonalità che sfidi
le tendenze, di gioco con gioielli
e artigianato. Tutte le volte che
porto una borsa che ho creato,
la stringo a me così forte che,
senza parole, sto dicendo : È una
mia creazione. E il mio cuore italiano batte più forte, pieno di
emozione, di passione e di speranza – analizza, usando
parole direttamente
in italiano.
É necessário
algo mais?
Salão Internacional do Móvel, em Milão, associa beleza à praticidade
O
Salão Internacional do
Móvel montou casa em
Milão e abriu os seus portões para os lançamentos
e as idéias de designers do mundo inteiro. Durante seis dias, a
cidade italiana virou o centro das
atenções de arquitetos, decoradores, lojistas e consumidores.
E, mais uma vez, não decepcionou ao mostrar com quantas matérias-primas e formas diferentes
são feitas cadeiras, estantes, mesas, dentre outros móveis.
O evento obteve o recorde de
afluência de público em apenas
um dia: 40 mil pessoas se espremeram para ver as novidades do
design nos 200 mil metros quadrados da feira de Rho. No local,
2.159 expositores italianos e estrangeiros participaram da maior
vitrine mundial para móveis.
— Temos a criatividade,
o gosto pelo que é belo e uma
grande capacidade de fornecer ao
cliente produtos extraordinários
com peças únicas para a casa e
para o escritório — afirma o presidente da Confindustria italiana,
Luca Cordero de Montezemolo,
presidente do grupo que controla Poltrona Frau, Cappelini, entre
outras empresas.
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
Ao contrário das edições anteriores, o Brasil não trouxe nenhum
representante oficial para os principais acontecimentos do evento.
Um deles foi o Salão em si, com o
design invadindo fronteiras e quebrando barreiras. Tudo para tentar
tornar a vida do homem moderno
menos complicada. O outro foi a
Euroluce, a principal exposição de
lâmpadas promovida a cada dois
anos com lampadinhas para o interior de armário e para o jardim,
lustres para a sala, spots para o
quarto e para banheiro, enfim.
Com todas as diferentes peças unidas pelo fio condutor da preocupação com o baixo consumo de energia. Os reatores de última geração
iluminam mais e gastam menos.
Mas as cores verde e amarela tingiram algumas atrações paralelas, como o Fuori Salone, e o
Salão Satélite, em lojas e espaços culturais espalhados pela cidade de Milão. A maior bandeira
do Brasil no setor do design continuou sendo aquela levada pelos
irmãos Campana. Humberto e Fernando, a dupla intrépida da casa
Edra, uma das principais da Itália,
realizaram uma nova cadeira.
Depois da famosa “favela”
[com centenas de pedacinhos de
madeira presos uns nos outros]
os dois designers criaram uma
poltrona construída com retalhos de couro. Ela parece saída
de um desenho animado da família Flintstones. Ao final, o mosai-
Fotos: Saverio Lombardi Vallauri
Anelise Bonaccorsi
“I
tuoi disegni sulla carta sono rapidi come il
tuo pensiero. Sarai una
grande stilista”. Ancora
oggi Analise Bonnacorsi ricorda
le profetiche parole dette da suo
nonno Silvio, di Lucca, in Toscana, quando era ancora bambina. Oggi, provando che il nonno aveva ragione, è specialista
in borse e accumula esperienze,
dopo essere passata anche per
l’Italia e, chi l’avrebbe mai detto, pure in TV.
— Una delle borse è stata fatta vedere nella telenovela
della Rede Globo “Cobras & Lagartos”. Nella scena, Ellen, interpretata dall’attrice Taís Araújo,
vende una borsa ad un’esigente donna dell’alta società nel
negozio Luxus. Quando gliela
fa vedere, la cliente ne rimane
così incantata da dire che non
vuole che nessun altro ce l’abbia. E compra le uniche borse,
otto, esistenti al mondo. Ne sono rimasta veramente lusingata
quando ho visto la scena! – ricorda la carioca parlando di una
borsa in cui mescola tonalità
di cuoio, fantasia di leopardo e
cristalli swarovski all’artigianato
brasiliano.
— Questo lavoro è stato
persino esposto alla Éclat de Mode, in una vetrina speciale, ossia, è stato scelto da una commissione che l’ha eletto come
uno dei lavori più creativi tra i
400 espositori della fiera – dice
orgogliosa.
Dell’Italia, da dove sono venuti i suoi avi, lei mette in risalto “il gusto per il bello” e la passione per la gastronomia.
— Mi piacciono molto il
pane, la pasta fatta in casa, i biscottini delle Fornaci di Barga
chiamati Befana, la Torta Trieste,
la polenta con i funghi... Ho la
fortuna di avere una madre che
ha preso da mia nonna e sa fare
tutto questo.
Che altro dire? Ah, dalla
“buona gente italiana” ho anche ereditato il gusto raffinato
per i tessuti pregiati, i materiali lavorati [da semplici pezzi di
ceramica a opere d’arte e gioielli
ben disegnati]. Il cuore italiano
si riflette sempre nel mio lavoro, in cui cerco di trasmettere
tutte le mie emozioni – commenta.
Dovuto alla sua ascendenza,
questa carioca riesce ad espri-
A cidade italiana virou centro das atenções de arquitetos e decoradores
dentre outros profissionais do ramo
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co formado por cortes, tamanhos
e nuances de cores diferentes se
transforma numa peça quase artística. E, mais uma vez, os brasileiros roubaram a cena no Salão
do Móvel, ainda que em nome de
uma empresa italiana.
Os “futuros Campana” se apresentaram no evento Fuori Salone.
A mostra Design Possível, na loja,
seguiu uma estrada aberta pelos
ilustres irmãos: aquela pavimentada com material reciclável. O
Pouf Feijão, da jovem Alice Noemi, pode ser usado como mesa
de centro ou bandeja. Ele foi criado a partir de madeira certificada
e fibras de reaproveitamento de
coco. Camila Gastaldelli, Juliana
Murata e Michel César partiram
para o móvel efêmero feito com
papelão e que pode ser montado
e desmontado de acordo com as
necessidades do momento. Multifuncionalidade e respeito ao meio
ambiente nortearam os 17 projetos que incluíram ainda pratos,
bolsas, artigos de cama e banho.
Já no Salão Satélite, ‘incubadora” de futuros objetos, estavam 570 designers e 24 escolas
de 38 países. Alguns acabaram
de sair das pranchetas de jovens estudantes de arquitetura
e design ou das mãos de talentos desconhecidos. Eles estavam
expostos no Salão Satélite, uma
mostra paralela.
O designer brasileiro Wagner
Archela expôs uma cadeira neste
Salão de jovens promessas dois
anos atrás e foi convidado para
participar da exposição “O Sonho
virou Realidade”.
— A cadeira acabou indo parar na capa de uma das principais revistas de arquitetura e design dos Estados Unidos. Foi uma
grande vitrine para o meu trabalho — relata ele.
ComunitàItaliana
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cultura
cultura
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Italiano ou
dialeto?
Pesquisa revela que aumenta o emprego da
língua padrão e diminui o uso exclusivo do dialeto
Ana Paula Torres
Corrispondente • Roma
trangeira para se comunicar com
estranhos, amigos e, sobretudo,
dentro do núcleo familiar. Em
1987, somente 0,6 por cento da
população falava outra língua em
casa, contra os 5,1 por cento de
2006, o que reflete uma maior
presença de estrangeiros na Itália e de muitas famílias compostas por casais multiétnicos.
O freqüência do uso do italiano ou do dialeto está diretamente ligada à idade das pessoas. Entre os mais jovens, predomina o
padrão, enquanto que os idosos
preferem o dialeto. Outro fator
que influencia a escolha entre os
dois é o gênero. As mulheres ten-
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dem a se expressar mais em italiano do que os homens.
O nível de escolaridade também faz a sua parte. O uso prevalente do dialeto em família e com
amigos atinge principalmente a
indivíduos com um grau de estudo baixo. São os idosos acima
de 65 anos e com estudos concluídos até o ensino fundamental que falam o dialeto: 40,7 por
cento deles o faz como única língua em família, 35,6 por cento
com os amigos e 12,5 por cento
também com estranhos.
Em relação a 2000, as diferenças sociais no uso do italiano tiveram um leve aumento em 2006,
em virtude também da crescente
presença de mão-de-obra estrangeira. De fato, entre os operários, diminui o uso do italiano
e do dialeto em família contra o
emprego de outras línguas. Para
os especialistas, essas diferenças sociais se revelam no uso da
linguagem. Os estudantes são os
que mais falam o italiano em família, com amigos e com estranhos. Levando-se em conta o tipo de trabalho de cada indivíduo,
diretores, empresários e profissionais liberais usam mais o idioma em família do que funcionários e operários, respectivamente.
Essa diferença diminui consistentemente quando se trata de falar
a língua com estranhos.
Em 2006, 56,9 por cento da
população com idade igual ou
superior a seis anos, declarou
conhecer pelo menos uma língua
estrangeira. A difusão é maior
entre crianças e jovens, equivalente a 77,6 por cento dos indivíduos entre 6 e 24 anos. Conforme
a idade aumenta, o conhecimento diminui: somente 20,7 por
cento das pessoas com 65 anos
ou mais, diz conhecer um outro
idioma. O inglês, com 43,6 por
cento, lidera como idioma mais
conhecido, seguido pelo francês
[29,1 por cento], espanhol [6,5
por cento], alemão [5,9 por cento] e outras línguas [4 por cento]. A pesquisa também revela
que o inglês é utilizado principalmente para estudo e lazer. Os
demais idiomas são empregados
para se comunicar com parentes
e amigos e em momentos de lazer e entretenimento.
A pesquisa também traz informações a respeito da difusão
territorial do italiano e revela
que as diferenças regionais diminuíram. Hoje, o idioma nacional
é falado mais no centro e no norte da Itália. A Toscana, terra de
Dante Alighieri, lidera com 83,9
por cento na classificação das regiões onde o italiano é mais usado, seguida pela Ligúria [68,5
por cento], Lácio (60,7 por cento). No ranking, a Calábria é onde se fala menos o italiano, com
20,4 por cento, seguida pelo Vêneto [23,6 por cento] e a Campânia [25,5 por cento]. Em relação
a 2000, hoje a diminuição do uso
do dialeto e o aumento exclusivo ou prevalente do italiano são
mais evidentes no sul e nas ilhas
da Sardenha e da Sicília.
Do sonho
à realidade
IIC sedia I Colóquio Internacional do Corpo Freudiano
e traz profissionais italianos para debates no Rio
S
e sonhar não custa nada
e, às vezes, nossos sonhos
parecem tão reais, viver o
despertar e dialogar com
nossas fantasias requer múltiplas
interpretações e campos de ação.
Para analisar a relação do homem
com seu desejo, explorando diversas dimensões do despertar,
psicanalistas italianos, brasileiros e franceses se reuniram para
discutir as influências da arte, da
literatura e outras manifestações
da criação humana no I Colóquio
Internacional do Corpo Freudiano, realizado em abril no Instituto Italiano de Cultura do Rio de
Janeiro (IIC-RJ).
O evento integrou conferências e mesas redondas ministradas para um público de estudantes e profissionais ao longo de
três dias e trouxe o francês Alain
Didier-Weil, da Association Insistance, de Paris, como estrela
maior dos debates. Ele apresentou três seminários sobre “Invo-
Sílvia Souza
car e despertar”. Da Itália, contribuíram cinco nomes famosos
nos estudos da psicanálise: Luigi Ballerini, Giancarlo Ricci, Laura Pigozzi, Paola Mieli e Valeria
Medda. Segundo a coordenadora
do evento, a psicanalista Denise
Maurano, a idéia surgiu em Roma, em maio do ano passado, durante um outro Colóquio.
— O diretor do Corpo Freudiano [Seção Rio de Janeiro],
Marco Antônio Coutinho Jorge,
e eu participamos, a convite dos
colegas italianos Gabriela Ripa e Sérgio Contardi. A parceria
com o Instituto deu-se bastante naturalmente na medida em
que Rubens Piovano, sempre interessado pela cultura, e amigo
dos participantes do Colóquio de
Roma, tendo já programada sua
vinda para o Brasil, percebeu que
esse encontro no Brasil poderia
obter o mesmo sucesso que obteve em Roma — explica Denise.
Ainda de acordo com ela, o
Corpo Freudiano, escola de Psicanálise criada há mais de dez
anos no Rio de Janeiro, foi
fundado por um grupo de
profissionais que, em
sua forma de trabalhar
nos âmbitos do ensino e da transmissão
da psicanálise, sempre valorizou fundamentos da obra de
Freud e da releitura
A italiana Laura
Pigozzi abordou o
“despertar” através
das vozes
feita por Lacan. Sob o título “Dimensões do Despertar na Psicanálise e na Cultura”, foram apresentados trabalhos que abordaram
o despertar na ótica do leitor, a
preferência dos adolescentes pelas músicas techno, a escuta e o
acontecimento, além dos reflexos
do despertar na poesia, do silêncio e do reencontro.
— O tema do despertar articula-se com o que se pretende não
apenas através do processo psicanalítico, como também via certos
aspectos culturais. Na cultura, al-
rença, que um novo significante
reata os precedentes. O acontecimento da escuta e a escuta do
acontecimento. A esse propósito
vale o que notava Freud sobre o
objeto: o objeto nunca se encontra. e sim, se reencontra, se redescobre — assinala.
Já ao apresentar seu estudo
que compreendia as vozes do despertar, Laura Pigozzi enfatizou que
um trabalho denso é o acompanhamento de pacientes com câncer.
Segundo ela, nesses casos, o contato com o sobrenatural é comum
devido à sensibilidade aflorada.
— Pier Paolo Pasolini dizia:
“A realidade não é um sonho. São
vários sonhos”. Com efeito, cada
despertar é um acesso importante
que libera o sujeito dos antigos
hábitos, repetições e automatismos que, doravante, não funcionam mais, não têm mais um sentido próprio reconhecível. A voz
que fala ao doente é portadora,
de lembranças e de rastros de um
romance familiar que podem chamar à vida o moribundo, na medida em que ela restabelece o laço
com o outro — acrescenta.
Fotos: Roberth Trindade
Steve Ford Elliott
L
á se foi o tempo quando
ocorriam problemas na comunicação entre um italiano da Lombardia e outro da
Sicília, repleto de dialetos. A novidade é que essas disparidades
têm desaparecido com o passar
do tempo. Para comprovar o fato,
o Instituto Nacional de Estatística italiano (Istat) realizou, no
ano passado, uma pesquisa para descobrir qual é a relação dos
italianos com a língua oficial, os
dialetos e as línguas estrangeiras. O resultado, publicado recentemente, revela que o idioma continua se difundindo pelo
território e a diferença existente
entre centro/norte contra sul e
ilhas, diminuiu. Outra constatação é que o dialeto continua predominando entre os idosos e nas
relações familiares.
A língua nacional ainda não
conseguiu vencer a batalha contra os dialetos e, provavelmente, nunca vencerá, pois mais do
que códigos de comunicação,
eles transmitem um sentimento
de integração em uma determinada cultura local, formada por
costumes e tradições. As pessoas que falam prevalentemente o idioma oficial no interior
da família representam 45,5 por
cento da população, o que corresponde a 25, 52 milhões de
cidadãos, com idade igual ou
superior a seis anos. O uso do
italiano aumenta nos contatos
com os amigos [48,9 por cento] e, de forma mais acentuada,
no relacionamento com pessoas com as quais não existe intimidade [72,8 por cento]. Nesses três contextos relacionais, a
parcela da população que se comunica tanto através do italiano
como do dialeto é a seguinte:
32,5 por cento na família, 32,8
por cento com os amigos e 19
por cento com estranhos.
Segundo os pesquisadores,
os dados mostram que, para essas pessoas, o uso do dialeto
pode estar ligado intensamente
aos laços afetivos, sentimento
menos presente quando do uso
do italiano. Porém, foi somente o emprego exclusivo do dialeto que sofreu diminuição de
1998 a 2006, passando de 32 a
16 por cento. Mas, o uso integral
do italiano e aquele misto com o
dialeto, aumentaram. Outro dado interessante é o crescimento
na utilização de uma língua es-
Destaque no evento, o psicanalista Alain Didier-Weil apresentou o seminário
gumas produções são “cantigas de
ninar”, tendo como efeito um sono narcotizante no ciclo da mesmice; outras, pretendem nos fazer
despertar; reavivar em nós a capacidade de nos surpreendermos,
e vermos as coisas como se fosse
a primeira vez — define Denise.
Falando sobre “O acontecimento da escuta e a escuta como
acontecimento”, o professor do
Nodi Freudiani de Milão, Giancarlo
Ricci, salientou que “a tese essencial que Freud nos entrega é que
a lógica do despertar indica uma
temporalidade específica que age
no funcionamento da realidade”.
— Quando o paciente, em um
determinado momento, diz que
um despertar acontece, ele diz na
verdade que percebeu uma dife-
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Para o diretor do IIC-RJ, Rubens Piovano, a organização do
Colóquio abriu espaço a setores
culturais atípicos e à presença
de espectadores de todas as partes do Brasil [visto que o Corpo
Freudiano tem seções em Fortaleza, no Ceará, Campos, no Rio de
Janeiro, São Luiz, no Maranhão,
Manaus, no Amazonas, entre outras cidades e estados].
— Tivemos um público de
mais de 200 pessoas e que geralmente não viriam ao Instituto. Isso sem falar na presença
de psicanalistas franceses, como continuidade de um trabalho
que celebra os 50 anos do Tratado de Roma, fundamental para a
Comunidade Européia — finaliza
Piovano.
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45
Esporte mais novo dentre as modalidades disputadas no Pan, o Triatlo
tem entre seus representantes uma atleta com sangue italiano
D
Sílvia Souza
rigorosos treinos de corrida para se manter a forma. No Pan, o
percurso do Triatlo consiste em
um quilômetro e meio de natação, 40 de ciclismo e dez de corrida.
A prática acabou se tornando
um desafio para o corpo humano,
tanto que, quase concomitantemente à sua criação, marinheiros
norte-americanos tentaram cumprir a prova. Por sua dificuldade
foi batizada de “Ironman” [Homem de Ferro], tamanho o des-
gaste e a resistência necessária
para se completar seu percurso.
No Pan do Rio, seis “guerreiros”
compõem o pelotão que representará o Brasil: Carla Moreno,
Mariana Ohata, Antônio Marcos
da Silva, Juraci Moreira, Virgílio
de Castilho e Sandra Soldan, uma
descendente de italianos que já
conquistou muitas vitórias ao
longo de seus mais de 15 anos
de carreira.
— Sou descendente de família alemã por parte do meu pai, e
Divulgação
iz o ditado popular que
um é pouco, dois é bom
e três é demais, mas os
atletas que se dedicam
ao Triatlo [ou Triathlon] certamente não pensam assim. A modalidade esportiva é a mais nova
dentre as que serão disputadas
no Pan-Americano do Rio de Janeiro [começou a fazer parte dos
Jogos de Mar del Plata, na Argentina, em 1995] e, criado na década de 1970, nos Estados Unidos, surgiu como alternativa aos
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ComunitàItaliana
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FTERJ
Três não
é demais!
italiana, por parte da minha mãe.
Adoro a língua italiana e cheguei
a iniciar algumas aulas particulares há dois anos, mas não consegui levar adiante, por causa do
meu calendário louco de provas e
treinamento — conta a triatleta,
que considera a língua italiana
super romântica.
Sandra, que começou a nadar
aos seis anos, por recomendação
pediátrica, competiu durante 15
anos pelo Clube de Regatas do
Flamengo, local que considerava
sua segunda casa, sendo atleta
laureada no clube. Mas ao cursar
medicina, aos 21 anos, ela começou a perceber que precisava de
algo mais.
— Foi no ano de 91. Dediquei
meu primeiro semestre à pratica
esportiva, friamente calculado,
para que, a partir do segundo semestre, começasse a dedicação
aos estudos, que durariam alguns
anos. Nunca estive tão bem em
termos de preparo físico. Obtive
os meus melhores tempos na natação, no Troféu José Finkel, e
participei de meu primeiro Campeonato Internacional, na Inglaterra. Foi nesta época que adquiri um gosto pela corrida maior do
que o que eu tinha pela natação
— recorda.
Divulgação
esporte
Em Copacabana, mesmo local
que abrigará em julho a competição de triatlo do Pan, Sandra
participou de desafios de Biathlon entre os anos de 1992 e
1994. Depois de ganhar todas as
provas, no verão de 1994/1995,
de férias da faculdade, ela resolveu ingressar no Triathlon. Neném, técnico que a acompanhou
nesse período, virou marido.
— Procurei o Neném, por recomendação de uma amiga. Estava indo para o oitavo período da faculdade, com uma grade
horária um pouco menos intensa. Neném começou a me treinar
em fevereiro de 95, data em que
começou também a nossa história pessoal. Incrementei aos
meus treinos o ciclismo e a corrida. Na época estava com sobrepeso e queria perder alguns
quilinhos de forma saudável. E
o mais importante: queria motivação. O que não falta no Triathlon — salienta.
A triatleta diz que a praticidade
e uma certa falta de rotina contribuem para estimulá-la durante os
treinamentos, uma vez que os locais onde se pratica o esporte podem ser variáveis, além de não haver a mesmice de praticar somente
uma modalidade todos os dias.
— Até agora me preparei em
Niterói [RJ], onde moro. Mas irei
para Boulder, nos Estados Unidos, onde treinarei por 45 dias,
num estágio em altitude. Volto
duas semanas antes do Pan. Ainda não atingi os 100 por cento
de forma física. Será um trabalho
progressivo com pico de performance em julho — comenta Sandra, que considera a natação seu
ponto forte durante as provas e
se dedica mais à corrida, por gastar mais energia e tempo.
Ela lembra que, apesar de
ainda não estarem definidas, as
equipes norte-americana e canadense são as que mais inspiram
cuidados no Pan, sendo rivais diretas do Brasil. O perigo é maior
pois a medalha de ouro serve como uma passagem de atalho para
as Olimpíadas na China, em 2008.
Mas Sandra não se sente pressionada por competir em casa.
— Acho que a auto-confiança é gerada em qualquer lugar.
Ela vai depender de seu trabalho mental. É claro que existe um
conforto maior, pois não existe
viagem de avião, que para mim
é um terror. E vai ter a energia
positiva emanada da torcida e do
local, o Rio de Janeiro, que é minha cidade natal — analisa.
Da relação com a Itália, que
ela faz questão de exaltar, Sandra
tem muito a contar. Além de ter
tido a oportunidade de visitar a
bota algumas vezes, ela foi patrocinada pela Pinarello, marca
italiana de bicicleta italiana com
renome internacional.
— A fabrica fica em Treviso,
norte da Itália, perto de Veneza.
Conheci estas duas
cidades em uma viagem inesquecível de duas semanas. Fiquei
alojada ao lado da fábrica. O sentimento de amizade do povo italiano, do sangue quente, das conversas calorosas, geralmente num
café ou em um restaurante, é o que
mais me cativa neste povo. É ótimo saber que existem traços disso em meu sangue! Gostaria muito
de ter a chance de poder voltar a
visitar este país maravilhoso que,
dentro da Europa, é, sem dúvida,
o que mais me chamou a atenção
— enfatiza a ítalo-brasileira, ressaltando Silvia Germiniani, Beatrice Lanza e Nadia Costassa como os
grandes nomes da Itália no Circuito Mundial de Triatlo.
O passo-a -passo da competição
No Pan do Rio, a prova masculina
e feminina de triatlo será disputada na Arena de Copacabana. Os
atletas largam juntos e têm que
percorrer um curso triangular, demarcado por bóias. As penalidades
geralmente são aplicadas quando
um atleta interfere propositadamente no desempenho dos outros
competidores ou quando viola as
regras expressas da competição.
Se alguém infringir alguma regra
ou atrapalhar um oponente durante a prova de natação, ficará
retido por 30 segundos antes de
iniciar o ciclismo.
Imediatamente após sair do
mar, o triatleta se dirige à área de
transição para pegar seu equipamento e iniciar os 40 quilômetros
da prova de ciclismo. Durante o
percurso, ele só pode se mover em
cima da bicicleta. A regra é clara.
Mas se um dos pneus furar, é permitido que o competidor carregue
sua bicicleta até uma estação de
troca para seguir a prova. Durante
as pedaladas, os atletas podem fazer uso do vácuo para melhorar sua
performance. Ou seja, o esportista
se posiciona próximo ao adversário, que está à sua frente, para tirar
proveito da força impressa pelo rival e não sofrer de modo acentuado à resistência do ar. Até 1995, as
regras estabeleciam que um competidor deveria manter uma distância de, no mínimo, dez metros em
relação ao atleta da frente.
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“O sentimento
de amizade do
povo italiano, do
sangue quente,
das conversas
calorosas,
geralmente num
café ou em um
restaurante, é o
que mais me cativa
neste povo. É ótimo
saber que existem
traços disso em
meu sangue!”
Sandra Soldan, triatleta
classificada para os Jogos
Pan-Americanos
No ciclismo, ainda são utilizados cartões amarelos e vermelhos, geralmente quando o triatleta causa perigo aos outros
competidores. Dois cartões amarelos, de advertência, correspondem a um vermelho, que significa
a desqualificação do competidor.
Terminada a fase de ciclista, os
atletas passam novamente por
uma área de transição, para, em
seguida, iniciar os dez quilômetros de corrida. Neste momento, o
competidor deve utilizar somente
o espaço a ele destinado, não podendo de maneira alguma impedir o progresso dos adversários. E
na corrida, os atletas não podem
competir com o torso nu, descalços, portando os óculos ou com a
touca de natação.
— O Triatlo é um esporte novo, que está crescendo no mundo
todo, em termos de praticantes e
de evolução em rendimento, quer
dizer, de quantidade e qualidade.
Continuamos a ser o país do futebol e os demais esportes são
amadores. Ainda temos muito o
que desenvolver em termos de estrutura. Mas, por enquanto, cada
atleta estará lá na largada da prova do Pan por conta do potencial,
da disciplina e de patrocinadores
individuais— finaliza Soldan.
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Hoje meta turística, Saló guarda tesouros
da antiguidade e cenários que deram vida à
República Social Italiana de Mussolini
Ana Paula Torres
Ana Paula Torres
S
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aló, um pedacinho chique
da Itália. Guarda em seu
território tesouros da antiguidade, além de cenários que deram vida à República
Social Italiana de Mussolini. Localizada na província de Brescia,
região da Lombardia, no norte
da Itália, Saló possui atualmente
cerca de 10 mil habitantes. Hoje,
esta cidadezinha às margens do
Lago de Garda, se destaca como
meta turística, enquanto que, no
passado, serviu de cenário a um
momento histórico da Itália. De
8 de setembro de 1943 a 25 de
abril de 1945, Saló foi a capital
da República Social Italiana, conhecida também como República
de Saló.
A localidade encontra-se,
atualmente, entre os municípios
italianos com maior renda per capita, qualidade de vida e de serviços [Gardone Riviera, Gavardo,
Puegnago sul Garda, Roè Volciano, San Felice del Benaco, Torri
del Benaco e Vobarno]. É um importante pólo turístico do norte
da Itália, mas também exerce sua
influência como centro direcional da região por abrigar importantes repartições públicas.
O turista que escolhe Saló como destino para sua viagem, ao
chegar, se depara com uma cidadezinha elegante. Em 2005, o calçadão que margeia o lago foi prolongado, oferecendo ao visitante
a possibilidade de realizar um
passeio que circula o golfo até alcançar às praias na outra ponta.
Corrispondente • Roma
Depois de uma boa caminhada, nada melhor do que uma paradinha numa sorveteria para se
refrescar ou em um bar para um
suco ou aperitivo. O centro de
Saló oferece uma série de opções
entre bares, restaurantes, sorveterias e lojas. Também não faltam os hotéis, abertos durante
o ano todo e acessíveis a todos
os bolsos, com serviços de três a
cinco estrelas.
Saló também oferece um lazer
diversificado, através de estruturas esportivas, cinemas e teatros. Vale a pena visitar a catedral da cidade, datada de 1400, e
que representa a obra monumental mais importante, juntamente com o palácio da “Magnifica
Patria”. Outro convite irresistível
para quem gosta de caminhar e
descobrir o território é uma visita
à colina de São Bartolomeu onde,
em meio às árvores, abrem-se trilhas com vistas panorâmicas da
parte sul do lago.
Arte e cultura
A melhor maneira para explorar
bem o centro histórico de Saló é
caminhar seguindo as indicações
das vinte placas que guiam o turista num percurso completo e
fornecem dados referentes à origem de cada bairro da cidade. O
passeio começa por Fossa, partindo da praça Vittorio Emanuele II,
com uma visita à igreja de São
Bernardino, construída em 1476
e ao Teatro Municipal, de 1873.
Em seguida, merece uma especial
Ana Paula Torres
uma aparição milagrosa de Nossa
Senhora.
Por que Saló?
A origem do nome Saló não é
bem clara e existem várias possibilidades. Alguns estudiosos
acreditam que o nome tenha ligação com aquele da rainha
etrusca Salodia, residente em
Saló, onde construiu magníficos
palácios. Uma outra explicação
[talvez a mais coerente] dá conta
que o nome da cidade estaria relacionado à sua atividade econômica de armazenamento de sal,
em tempos remotos. No passado,
Saló se comunicava com o mar
Adriático através do rio Mincio
e, por esse caminho, os romanos
chegavam em navios até a cidade
para nela depositarem o sal extraído do mar.
Existem provas da presença
antiga romana neste território,
como a necrópole onde os romanos sepultavam os seus an-
tepassados, descoberta na região norte da cidade, hoje, a
rua Sant’Jago. Na década de 70,
durante um projeto de escavação arqueológica, foram descobertos vários túmulos e objetos,
como uma ânfora que, hoje, se
encontra no museu arqueológico
de Milão.
A República Social Italiana
Em julho de 1943, as tropas aliadas invadiram a Itália, o ditador
fascista Benito Mussolini foi preso e Pietro Badoglio assumiu o
governo. Os alemães invadiram
Roma e libertaram Mussolini, que
fundou a República Social Italiana (RSI), mais conhecida como
República de Saló. Era um Estado independente, reconhecido
somente pela Alemanha e pelo Império do Japão. Durou até
abril de 1945, quando Mussolini
foi executado, após ser capturado pelas tropas italianas da resistência.
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Reprodução
Um mergulho
no passado
atenção a igreja da Visitação, de
1712. Através da antiga porta do
Relógio, chega-se à praça Angelo Zanelli [escultor que realizou
os detalhes em alto relevo do Altar da Pátria no complexo do Vitoriano de Roma] onde encontra-se
a casa Bersatti, com janelas que
são consideradas as mais bonitas
do período medieval de Saló.
O percurso continua com a
visita à igreja de São João Batista, datada, segundo estudiosos,
do século 7 e totalmente remanejada em 1727, conservando em
seu interior telas do pintor Zenon
Veronese. Percorrendo a rua San
Carlo que abriga construções de
1600, chega-se à estátua do santo padroeiro de Saló e logo após,
à praça Giuseppe Zanardelli. Para chegar à delimitação antiga da
cidade, ou seja, às muralhas que
circundavam o burgo medieval,
é necessário percorrer a “salita
di Santa Giustina” e continuar o
trajeto pela rua Francesco Calsone. Ao chegar, o turista se depara com uma visão panorâmica
do campanário daquela que era
a igreja de Santa Giustina e depois se tornou a torre do Observatório Meteorológico e Estação
Sísmica “Pio Bettoni”, fundados
em 1877.
Um dos pontos mais característicos do centro histórico é a
praça Santo Antonio, com a igreja construída em 1646. O turista que visita Saló não pode deixar de ver a catedral da cidade
que é, sem dúvida, o máximo da
expressão artística presente no
território. Consta nos documentos conservados na sacristia que
a atual construção foi edificada
em 1453, em estilo tardo gótico,
projeto de Filippo delle Vacche
da Caravaggio.
Saló não oferece somente um
passeio agradável pelas ruas do
seu centro antigo. Vale a pena
visitar o palácio Terzi, construído em 1556 pelo comandante
das milícias venezianas Sforza
Pallavicini. Foi sede da secretaria pessoal e política de Benito
Mussolini, além de ter a função
de quartel general das forças armadas da República Social Italiana. Muito próximo, encontra-se
a igreja de São João Batista e o
convento dos Cappuccinos. Outra
meta interessante é o santuário
da Madonna del Rio, localizado
a cerca de 2 quilômetros de Saló, construído no século 18 após
Ana Paula Torres
turismo
Salò fica às margens do
Lago de Garda, perto dos
municípios com maior renda
per capita do país
Foi a última tentativa de
Mussolini e Hitler em reorganizar a Itália fascista. Villa Simonini, hoje Hotel Laurin, era a
sede do Ministério das Relações
Exteriores, dirigido pelo próprio
Mussolini. Outra propriedade
utilizada naquele período como
uma das sedes do governo foi a
Villa Amadei e o Palazzo della
Croce Rossa, ambos sede do Ministério da Cultura Popular. Localizada às margens do lago, a
Casa del Fascio, hoje bar Itália,
ficava à disposição da Guarda de
Mussolini, sob comando do Cônsul da Milícia Albonetti. Próximo à estação rodoviária, encontra-se a famosa Agência Stefani,
responsável, na época, pela impressão da propaganda fascista.
Uma curiosidade é que a agência possuía uma conexão com o
Palazzo della Magnifica Patria,
sede da Repartição Intérpretes,
encarregada pela tradução dos
comunicados externos. O Teatro
Municipal era utilizado para congressos e assembléias políticas,
além de espetáculos de grande
valor artístico .
Em 2002, foi aberto o Centro
de estudos e documentação sobre o período histórico da República Social Italiana, que conta
com a participação da Prefeitura
de Saló, da Região Lombardia e
da Província de Brescia. O Centro
visa recolher todo tipo de material sobre a RSI em um acervo de
acesso público, além de promover
pesquisas e conferências.
ComunitàItaliana
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música
Roberth Trindade
Com a palavra,
o maestro
Ennio Morricone desembarca no Rio e fala sobre carreira, premiações e sua relação com a música brasileira
Em entrevista à ComunitàItaliana, o maestro, especialista
em trilhas cinematográficas com
cerca de 500 temas compostos,
diz que ter ganhado a estatueta
foi sinônimo de revitalidade em
sua carreira.
— Já recebi muitos prêmios
e só me faltava o Oscar. Foi uma
surpresa. Mas depois de tê-lo recebido, vejo que o prêmio foi um
início e não uma conclusão. Um
início para melhorar, respeitando minhas regras de vida musical
— declara.
Divulgação
uem já não ouviu falar
que a vida é um eterno
recomeço, principalmente para os mortais? Ledo engano. Pelo visto, a máxima
se estende até para celebridades
como o maestro Ennio Morricone
que, aos 79 anos, ainda vivencia
novas experiências. Dentre elas,
incluem-se o recebimento de um
Oscar honorário, em fevereiro
último, e sua primeira vinda ao
Brasil neste mês para participar
do 1º Encontro Internacional de
Música de Cinema, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
50
ComunitàItaliana
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E a prova de tanta energia
vem já do anúncio de um outro
grande concerto a ser apresentado, em outubro, na Accademia Nazionale Santa Cecília, em Roma.
— Relembrarei, com o público, uma de minhas obras recentes
feitas com o maestro Riccardo Muti chamada Voci dal Silenzio, inspirada no episódio trágico ocorrido em 11 de setembro de 2001,
nos Estados Unidos — adianta.
Para falar do seu trabalho,
Morricone dá a dica ao retratar
seus cuidados na hora de compor
trilhas sonoras para o cinema. Aliás, sobre isso, ele é categórico:
— A música não deve ser um
fundo sonoro. Ela deve ter fisionomia própria. Deve tentar aflorar
os sentidos. O compositor não deve “fraturar” a partitura de acordo
com o filme na hora da montagem.
Ele deve esquecer a fragmentação
própria do cinema. Tem que compor com sincronia.
De seu vínculo com o Brasil,
Morricone lembra os grandes nomes da música popular brasileira
como Vinícius de Moraes e Tom
Jobim. Mas o maestro faz questão
de ressaltar um dos episódios de
parceria com artistas como o cantor e compositor Chico Buarque.
“Já recebi muitos
prêmios e só
me faltava o
Oscar. Foi uma
surpresa. Mas
depois de tê-lo
recebido, vejo
que o prêmio foi
um início e não
uma conclusão.
Um início para
melhorar,
respeitando
minhas regras de
vida musical”
— Há 37 anos, gravei um
disco com Chico Buarque [Per
um pugno di samba]. Na época,
foi considerado um produto difícil, de vanguarda. Daí, o público italiano não aproveitou esse
conceito e as vendas não atingiram o esperado. Os artistas brasileiros fazem um trabalho bem
elaborado e de pesquisa. Isso
não se encontra muito na Itália
— analisa o maestro.
O maestro no Municipal
Foi no Rio de Janeiro que Morricone regeu pela primeira vez após
o Oscar recebido em fevereiro.
No concerto,com a Orquestra Petrobras Sinfônica, ele apresentou
sucessos como “Riccardo III”,
“Here’s to you” [ filme de Sacco &
Vanzetti], “L’estasi dell’oro” [de
Três homens em conflito], o tema
de “A Missão”, dentre outros, para mais de 2 mil pessoas.
A proposta do 1° Encontro
Internacional de Música no Cinema foi promover a importância da
música no universo da produção
cinematográfica. A programação
contou com concertos sinfônicos
acompanhados de projeção de
vídeos, apresentação de shows,
palestras com compositores, escritores, professores e críticos de
cinema nacionais e internacionais. O objetivo foi disseminar
um assunto pouco discutido no
âmbito das produções cinematográficas e audiovisuais como um
todo, levando a cultura da música de cinema para o público em
geral. Segundo os idealizadores,
a música é um poderoso elemento que pode contribuir com a
narrativa de um filme.
O Oscar Honorário
Q
uando recebeu o Oscar por sua carreira de mais de 50 anos
e tendo o ator americano Clint Eastwood como tradutor,
Morricone aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem
a “todos aqueles artistas que nunca receberam um prêmio como
este, apesar de terem se dedicado a seu trabalho”.
— Espero que todos possam recebê-lo algum dia — disse, na
ocasião, o compositor, que dedicou o prêmio a sua mulher, Maria.
Na cerimônia, a cantora canadense Celine Dion interpretou a
música I knew I loved you, apresentada no disco We all love Ennio
Morricone, que inclui alguns de seus temas interpretados por nomes
como Bruce Springsteen, Metallica, Roger Waters e Andrea Bocelli.
Morricone já havia recebido cinco indicações por conta dos
filmes Cinzas no Paraíso (1978), A missão (1986), Os intocáveis
(1987), Bugsy (1991) e Malena (2000).
— É como uma loteria. Você não deve fazer uma tempestade se
não te escolherem. Mesmo assim, parece-me que este Ostar significa
muito. Não é fruto da sorte, do acaso e sim, do êxito de uma votação
de mais de quatro mil membros da academia. É o reconhecimento
de todo um trabalho que dediquei ao cinema — reflete.
Mas, uma pergunta não se quer calar. De onde vem a inspiração que
acabou sendo coroada pela estatueta? O maestro mesmo responde:
— Vem de tudo, creio eu. Do cérebro, da preparação, das
teorias musicais, da necessidade própria do filme, no caso de uma
trilha sonora, e das discussões com o diretor que podem chegar a
resultados inesperados — fala.
Divulgação
Q
Rosangela Comunale
Para Morricone, essa identificação com a Itália é expressa até
nos instrumentos o que, segundo
ele, mostra a afinidade entre os
povos das duas nações.
— O Brasil é rico em percussão. Isso me faz lembrar a fraternidade com os instrumentos
italianos como o “tamburello”,
típico de Nápoles e de toda a
Itália meridional — compara.
Ao longo de seus 52 anos
de carreira fazendo trilhas para
filmes, diplomocia é também o
que não falta em Morricone. Ao
ser perguntado sobre seu diretor
preferido, ele é infalível:
— Escolher um ou outro é
complicado.
Já a respeito de suas impressões sobre o Rio de Janeiro, ele não se intimida e procura exaltar tanto a Itália como
o Brasil.
— É um grande país com
grandes maravilhas. Para quem
vem de uma maravilha como a
Itália, percebo que o Brasil é
também é uma — observa.
A parceria com Sergio Leone
I
mpossível não mencionar a participação importante do diretor
Sergio Leone na carreira do romano Morricone. Em 1964 foi
quando tudo começou. A primeira trilha sonora escrita para ele
aconteceu no filme “Per un pugno di dollari” [“Por um punhado
de dólares”]. A partir daí, ocorreu uma série de filmes com Leone.
Dentre eles, estão “Per qualche dollaro in più” [“Por uns dólares
a mais, 1964], “Il buono, il brutto, il cattivo” [“Três homens em
conflito”, 1966], “C’era una volta il West” [“Era uma vez no Oeste”,
1968] e “Giù la testa” [“Quando explode a vingança”, 1971]. Por
serem sucessos consagrados pelo grande público, Morricone sempre
dedica uma parte de seus concertos ao diretor Leone.
Maio 2007
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ComunitàItaliana
51
Sapori d’Italia
Milão
Guilherme Aquino
Café chique
Agito à beira do rio
O
12º Festival Nacional e Internacional
de Dança acontecerá entre os dias 25
de maio e 10 de junho. Este ano, especialmente, o evento vai ter lugar no novo Spazio
Live di Trezzo. São 1.600 metros quadrados
de uma estrutura polifuncional com dois andares e a possibilidade de se dividir em uma
ou mais salas de concerto e espetáculo. Um
restaurante também será montado para garantir a “energia” dos visitantes. O festival
é patrocinado pela Província de Milão e pelo
Comune di Trezzo sull’Adda e dal Polo Adda e
Dintorni. Além dos eventos culturais, o público poderá admirar a beleza das águas claras
do Adda, o quarto maior rio da Itália e principal afluente do Po. Mais informações no site www.addadanza.org
A bebida típica brasileira ganha
toque especial nas mãos de italiano
Guilherme Aquino
O
Semana da
Cultura de 2007
A
O
s salas do Palazzo Reale celebram
cem anos, de 1900 a 2000, de estilo italiano. Além das obras dos grandes
artistas [do Futurismo ao Divisionismo,
da neovanguarda dos anos 70 aos jovens
de hoje em dia], estão ainda as peças de
arquitetos e designers. Pinturas e instalações retratam o melhor da decoração
de interiores da Itália. Por conta disso, podem ser vistos móveis projetados
e realizados por nomes como Gio Ponti
e Bugatti. O nome da mostra é “Camera com Vista”, tirado do homônimo filme de James Ivory, e fica em cartaz até
o dia primeiro de julho. O site referente
à exposição é www.comune.milano/palazzoreale/index
52
ComunitàItaliana
prêmio World Press Photo 2007 é o
mais prestigioso do setor da fotografia e do fotojornalismo. É o “oscar’ de quem vive atrás da lente em busca
do flagrante revelador, do instante fugitivo, do passo em falso e do olhar verdadeiro. Enfim, todas as nuances das paisagens,
das tramas e dos personagens que uma cena
pode contar ao leitor são responsáveis por
ministério dos Bens e das Atividades
Culturais organiza, como todos os anos,
a semana da cultura em toda a Itália. Durante
este mês, museus, sítios arqueológicos, monumentos estatais terão acessos gratuitos e
será possível aproveitar a chance de desfrutar
de diferentes iniciativas com a abertura extraordinária de ruínas antigas, visitas guiadas,
restaurações em curso ou que acabaram de
terminar, concertos, espetáculos, projeções
de filmes e mostras. Em Milão, as atrações
serão, entre outras, La Torre Poligonale del
Civico Museu Archeologico, Il Cortile Ghiacciaia della Ca’Grande dell´Università e La
Sala Reale della Stazione Centrale di Milano. Para mais detalhes, consultar o site
www.beniculturali.it
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Maio 2007
imagens que escrevem a história contemporânea. Quem estiver em Milão até o dia 27
de maio, poderá admirar os trabalhos premiados na Como 10, na rua homônima, um
local muito “descolado” onde se encontram
as grifes mais badaladas do mundo fashion
e uma galeria de arte onde foi montada a
exposição das fotografias. Tudo isso pode
ser conferido no www.worldpressphoto.it
América
redescoberta
O
bras de arte de coleções americanas
nunca antes expostas em público
chegam ao Castello Sforzesco. Da Amazônia aportam cerca de 400 objetos de uso de
rituais religiosos e instrumentos musicais.
A mostra abre espaço para a cultura da
América do Sul. Arqueologia e etnografia
se encontram num mosaico de materiais,
de formas e desenhos muito diferentes uns
dos outros. Vale também visitar o Castello Sforzesco, um monumento
“vivo” ao período
renascentista. Informações no site
www.milanocastello.it/craai
rasília – Aquele cafezinho depois do almoço cai muito bem.
Principalmente para os italianos que gostam sempre de algo “digestivo” após as refeições. De manhã então nem se
fala...
Sempre quentinho, a bebida faz parte do cotidiano brasileiro
desde o início do século passado, quando o produto ganhou espaço na economia nacional e lugar especial no paladar do brasileiro.
Os italianos estão intimamente ligados à história da cafeicultura no
Brasil, uma vez que milhares deles vieram para o país vislumbrando
a riqueza nos cafezais do interior paulista e fluminense. Muitos não
ficaram ricos, mas deixaram descendentes que aprimoraram a cultura
do café em terras brasileiras.
– O meu avô Domenico Monardo veio plantar café e hoje invisto
e vendo o produto — conta o italiano de Reggio Calabria, Antonello
Monardo, de 46 anos.
Ele apostou na comercialização do café especial, emprestou seu
nome à sua empresa de distribuição e ganhou os restaurantes da capital federal. Segundo ele, antigamente, em Brasília, os estabelecimentos serviam um café ruim e de graça. Diferente da Itália, onde,
de acordo com ele, os alegres bate-papos são regados à bebida em
diversas receitas.
– Perdia o cliente e o dono do estabelecimento — destaca.
Vender apenas não é a solução. Monardo assinou uma parceria
com a Accademia Italiana Maestri Del Caffè (Aicaf), uma escola com
sede na província de Brescia na Itália. O objetivo é qualificar e promover a figura do Mestre do Café e do estabelecimento, melhorar a
imagem e o prestígio do barista. Além disso, para capacitar os funcionários dos restaurantes, Monardo promove um curso de barista no
Centro Universitário Unieuro.
– O Brasil produz o melhor produto do mundo — resume.
Para esta bebida de cor preta e amarga, há inúmeras receitas e
uma delas é misturá-la com chocolate, como se faz em Turim, no
norte da Itália. Lá, explica Monardo, em frente ao santuário da Consolata, o Caffè Bicerin [do século 19] serve o “bicerim”. Para os moradores de Turim, essa bebida tem a mesma importância que o vinho
para os franceses. A receita do bicerin torinese, feito com chocolate,
café e creme de leite e servido em copinho de vidro, data de 1763.
Outra maneira de se beber o café é gelado. Batizada de “Granita de Café”, essa
receita é uma sobremesa que,
segundo Monardo, é mais
consumida no Sul da
Itália [Sicília e Calábria] especialmente no verão,
como café-damanhã. É servida com panna
montata [creme chantilly] e
acompanhada geralmente de brioche.
Divulgação
Guilherme Aquino
B
Fotografias do Mundo
Camera con Vista
Fábio Lino
Bicerin Torinese
Ingredientes:
250 ml de leite; 20g de chocolate amargo; 50 g de açúcar; 2 xícaras
de café; 2 colheres (sopa) de chantilly.
Modo de preparar:
Coloque em uma panela o chocolate amargo, junte vagarosamente
o leite e o açúcar mexendo com cuidado no fogo brando até obter
um chocolate bastante denso e homogêneo. Coloque o chocolate
em um copo de vidro formando a primeira camada. Junte o café expresso ou um café bem encorpado e finalize com o chantilly, tendo
o cuidado de formar três camadas.
Rendimento: 2 porções
Tempo de preparo: 30 minutos
Grantia di Caffé con panna
Ingredientes:
1/2 litro de água; 6 xícaras de café expresso ou 250ml de café encorpado; 150g de açúcar; 1 xícara de creme de leite fresco.
Modo de fazer:
Em uma panela, dissolva o açúcar na água em fogo brando. Junte
o café, mexa e deixe esfriar. Coloque o produto em um recipiente com bordas baixas e leve-o ao freezer. Depois de duas horas,
mexa com um garfo ou colher de pau. Repita a operação algumas
vezes a fim de obter uma consistência granulosa. Bata o creme
de leite fresco com um pouco de açúcar, à mão ou na batedeira,
até virar chantilly. Sirva em taça de vidro, colocando o chantilly
em um lado da taça. Complete com a granita e finalize com o
chantilly.
Rendimento: 6 a 8 porções
Tempo de preparo: 4 horas
Serviço: Café e Caffè – Avenida W3 Norte – Quadra 708/709 – Bloco A nº43
Brasília – DF/Telefone: 32721646 – www.cafeecaffe.com.br
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ComunitàItaliana
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La gente,
il posto
Claudia Monteiro de Castro
O mesmo menu desde 1947
T
radição é o que não falta na Itália.
Muitos restaurantes exibem placas
comemorativas indicando a data de
fundação e é comum aqueles que existem
há diversas décadas. Numa pequena ilha de
Como, a única do lago, o restaurante La Locanda dell’Isola Comacina vai mais além.
Além de ter sido fundado há mais de meio
século, tem o orgulho de oferecer o mesmo
menu desde 1947. O preço é fixo, 59 euros,
incluindo vinho. O lugar é pitoresco, no lago de Como, onde ficam as vilas dos ricos
e famosos, como o ator americano George
Clooney. No verão, almoça-se ao ar livre, em
mesas rústicas.
Mas vamos voltar a falar do mais importante, o histórico menu: bem saudável,
é uma maratona de cinco pratos. Só o antipasto bastaria para saciar o apetite de
qualquer guloso que se preze: uma fatia de
tomate e uma fatia de limão, temperadas
com sal, orégano e azeite de oliva, e diversas cumbuquinhas, cada uma com um tipo
de verdura: cenoura, beterraba, aipo, cortadinhos bem fininhos, à perfeição, e ainda
N
pimentão, cebola cozida (divina!), feijão,
brócoli, presunto de Parma, bresaola de Valtellina e o pane amico, come eles chamam
carinhosamente uma longa baguete pronta
para ser repartida com a mão entre os companheiros de mesa.
Locanda dell’Isola Comacina
Telefones: 0344 55 083 0344 56 755
Aberto de março a outubro
Mais informações pelo site
www.locanda-isola-comacina.it
Os sobrenomes italianos
ão existe país no mundo onde os sobrenomes tenham mais
significado que na Itália. Conheci pessoas com sobrenomes
belíssimos como d’Amore, Delicato e também graciosos como
Coccola que, em italiano, quer dizer “paparico”.
Alguns sobrenomes têm forma de adjetivo, exaltando as virtudes das pessoas: Belli, Perfetti,
Fedele, Valente. Sobrenomes como
esses dão sorte, inspiram confiança. Mas, às vezes, acontece que o
sobrenome não tem nada a ver com
a pessoa. Por exemplo, conheci um
senhor de sobrenome Terribili que
era a gentileza em pessoa. Antes de
conhecê-lo, estava com um certo
temor mas, assim que vi seu sorriso e olhar de criança, percebi que
o sobrenome não era apropriado! E
o que dizer do senhor Gambalunga
(Pernalonga) que tinha um metro e
meio de altura? É a ironia dos sobrenomes italianos.
Nome e sobrenome nos acompanham durante toda a vida. É coisa
séria. Alguns são muito divertidos,
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Depois deste apetitoso antipasto, é a
vez da truta alla contrabbandiera, assada numa chapa de forno à lenha. Assistir
aos garçons enquanto tiram os espinhos
na frente dos clientes com todo cuidado
e temperam com limão e sal é um verdadeiro espetáculo. Depois da truta, é servido o frango com salada. Quando menos se
espera vem o garçom com um gigantesco
parmigiano reggiano, quase do tamanho de
um pneu e escava um pedaço para cada comensal. Quem ainda guardar espaço para
a sobremesa pode saborear a laranja alla
castellana, fatias de laranja servidas com
sorvete de creme, com uma cobertura deliciosa. E prepare-se para o grand finale: os
garçons entram na sala fazendo balbúrdia
com sinos. Enquanto servem o café, contam
a história da ilha.
ComunitàItaliana
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mas nem sempre têm um significado muito lisonjeiro. O que fazer neste caso? Algumas pessoas famosas na Itália como a apresentadora Luisa Corna (em português “corna”) ou o jornalista Vittorio Zucconi (cujo
significado seria algo como cabeça de pudim, colocando em dúvida a
inteligência da pessoa) mantiveram o deles, pouco se lixando com os
tiradores de sarro. Mas devo admitir,
precisa ter peito.
Às vezes não é o sobrenome, mas
a combinação de nome e sobrenome
que se torna um desastre, como o caso da famosa Perla Madonna. Per la
Madonna! (Por Nossa Senhora!) Mas
como fazem os pais a não perceber
tal coisa?
Mas os meus sobrenomes preferidos são aqueles bem apetitosos, bons
como a comida italiana: Roberto Cappelletti, Giovanni Gnocchi, Maria
Parmigiano. Quando estou de papo
para o ar, sem nada para fazer, começo a inventar possíveis nomes italianos: Giulietta Tiramisù, Fabiana Cioccolata, Marcello Sfogliatella. Tudo é
possível na Itália.
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