A m a i o r m í d i a d a c o m u n i d a d e í t a l o - b r a s i l e i r a www.comunitaitaliana.com Ano XIII – Nº 107 ISSN 1676-3220 R$ 7,90 Rio de Janeiro, maio de 2007 Contrata-se Mercado de trabalho italiano emprega profissionais brasileiros. Desde 1998, mais de 70 mil estrangeiros foram recrutados Relação Itália/Brasil aumenta demanda por vôos Reprodução 18 CAPA Caminho aberto Com a carência de profissionais especializados na Itália, agência contrata brasileiros à procura de aprimoramento no exterior. Attualità Cittadino romano apre dibatitto su diritti e doveri di tutti, immigrati compresi...............................................23 Editorial Troca de conceito...........................................................................06 Cose Nostre Depois de se tornarem elegíveis, imigrantes formam um novo partido na Itália: o Novos Italianos.......................07 Articolo Atualidade Brasileiras vão para Europa e são vítimas do tráfico de pessoas através de exploração sexual e trabalho escravo................30 Curiosidade Solidarietà internazionale...............................................................10 Em maio, tradicional mês das noivas, saiba como acontece um “vero” casamento à italiana..............................36 Economia Coluna Milão Cerca de 400 objetos chegam da Amazônia e abrem espaço para a cultura da América do Sul no Castelo Sforzesco....................52 32 Saúde Depressão Problema atinge duas vezes mais as mulheres e pode se tornar a segunda maior moléstia do mundo 42 Design Lusso e semplicità Anelise Bonaccorsi Ophelia Cherry Divulgação Ana Paula Torres Itália compra 95 mil toneladas de carne brasileira e evento estimula o incremento na exportação do produto..............16 Specialista in borse, la stilista Anelise Bonnacorsi mette in risalto “il gusto per il bello” degli italiani 48 50 Turismo Salò di Garda Cidade guarda tesouros da antiguidade e cenários que nortearam a República Social de Mussolini Maio 2007 / Música Ennio Morricone Maestro italiano visita o Rio e faz a primeira apresentação depois de recebimento do Oscar ComunitàItaliana COSE NOSTRE Julio Vanni FUNDADA EM MARÇO DE 1994 Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Imigração italiana em Minas I nício de tarde com sol, num típico restaurante de Roma. Enquanto espero o primo piatto e saboreio uma bruschetta, acompanhado de minha irmã Sofia, três adolescentes entram, se dirigem a uma mesa na varanda, ameaçam turistas e furtam objetos pessoais. Estarrecido, cobro ao cameriere uma atitude. Correr atrás dos moleques, chamar a polícia, enfim. Mas ele, com muita naturalidade, responde: “não podemos fazer nada, a cidade está cheia destes zingari. Estes daí passam todos os dias por aqui em busca de alvo fácil. Já comunicamos às autoridades, mas eles não conseguem dar conta”. Isso é um resumo de como anda dramática a situação da imigração na Itália. Na ocasião, início de maio, o noticiário, ainda repercutia o fato que acontecera uma semana antes, quando uma jovem fora levada a morte por uma prostituta romena que lhe perfurou o crânio com a ponta de um guarda-chuva. Notícias como essa tornam-se cada vez mais comuns. Se antes, era possível curtir uma prazerosa caminhada pela cidade eterna, conhecida por sua “dolce vita”, e deixar levar-se pelo seu ar romântico, hoje algo mudou. O estresse das grandes cidades está inserido na sociedade italiana. A tensão está impressa nos rostos romanos. É chocante, pra quem já teve a oportunidade de conhecer a Roma de poucos anos atrás, observar o mal humor e a desconfiança tomar conta de pessoas que sempre demonstraram orgulho de serem de uma das mais importantes capitais do mundo. Pode parecer discriminação, mas nunca pensei que pudesse tomar um café num bar italiano que não fosse servido por um italiano. Um barrista italiano é sagrado. Pra quem sai de outro país, ao ser servido com uma simples tazzina é possível entrar rapidamente no espírito italiano, seja a partir de uma brincadeira, num breve comentário sobre política ou até mesmo reclamando de tudo como de costume. Dai, fui servido por um chinês, que só falava a sua língua... Pelo menos ainda nos restam as fontanas romanas que continuam a jorrar águas frescas e ricas em cálcio. Nossa correspondente em Roma noticia a revolta de um romano em torno dessa drástica mudança. VICE-DIRETOR EXECUTIVO: Adroaldo Garani Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 30.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 21/05/2007 às 12:30h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468 e-mail: [email protected] SUBEDIÇÃO: Rosangela Comunale [email protected] Redação: Aline Buaes; Ana Paula Torres; Bruna Cenço; Fábio Lino; Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Rosangela Comunale; Sílvia Souza REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho CAPA: Reprodução Colaboradores: Braz Maiolino; Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Giuseppe Fusco; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta E stive na Itália com uma comitiva de representantes de cidaPietro Petraglia des fluminenses, que foi conduzida pelo cônsul geral MasEditor simo Bellelli. Seguindo a agenda, fomos recebidos pelo viceministro para os Italianos no Mundo, Franco Daniele, em seu gabinete na Farnesina. A reportagem está nesta edição. Durante o encontro, entre outros temas, Daniele fez questão de ressaltar o valor de Comunità como ferramenta para o intercâmbio entre Brasil e Itália e assumiu compromisso de se empenhar para sensibilizar empresas que atuam no Brasil a investirem em mídias direcionadas a ítalo-brasileiros. Durante estes dias, de 18 a 25 de maio, o ministro está no Brasil, onde conhece de perto projetos patrocinados pelo Governo italiano em colaboração com entidades locais, participa de encontros em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Curitiba e é recebido no Palácio do Planalto em Brasília pelo vice-presidente José Alencar. CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Ana Paula Torres (Roma); Fábio Lino (Brasília) Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181 [email protected] Representantes: Brasília - Cláudia Thereza C3 Comunicação & Marketing Tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346 [email protected] N o Brasil, como em outros países com sedes diplomáticas italianas, no dia 2 de junho comemora-se o dia da República italiana, criada após vinte anos de ditadura e seis anos da segunda guerra mundial, em 1946. No Rio de Janeiro, por iniciativa do cônsul geral Massimo Bellelli, acontece a terceira edição pública da data. São esperados cerca de 70 mil pessoas entre os dias 1 e 3 de junho. Por que tanta gente? Porque, além da simpatia natural do povo brasileiro pela cultura italiana, Bellelli teve a proeza de reunir uma feira de produtos típicos e espetáculos de primeira linha. Se no ano passado a estrela do evento foi o cantor Toquinho, neste ano o evento vai contar com a participação especial do maior cantor de músicas napolitanas da atualidade: Gigi D’Alessio. O cantor desembarca no Rio apresentando-se com a vencedora de dois fesitivais de San Remo, Anna Tatangelo, graças a um esforço conjunto entre a Revista Comunità, a Obiettivo Lavoro e, principalmente, do próprio cônsul geral, Massimo Bellelli, que não vem medindo esforços para oferecer serviços de qualidade aos cidadãos. Confira nesta ediição todas as principais notícias que envolvem atualidade, política, economia, sociedade, design, moda, cultura, espetáculo, entre Brasil e Itália. Boa leitura! ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. editorial ISSN 1676-3220 Filiato all’Associazione Stampa Italiana in Brasile ComunitàItaliana E mpolgados com o êxito do II Seminário sobre a Imigração Italiana, realizado no ano passado em Barbacena, o Comitê Italiano no Exterior (Comites) de Minas Gerais e a Associação Ponte entre Culturas se empenham em resgatar a história da imigração italiana no estado. Com o apoio do Consulado, da Fundação Torino, da Secretaria de Cultura de Minas e de universidades locais, em julho, acontecerá um encontro de historiadores e personalidades interessadas no tema. O evento ocorre como preparação para o III Seminário da Imigração que acontecerá em Juiz de Fora, no mês de outubro. A s indústrias do Centro-Oeste conheceram as metas de um amplo programa de financiamento e desenvolvimento tecnológico para pequenas e médias empresas patrocinado pelo governo da Itália. A iniciativa conta com aporte financeiro do Inter-American Investment Corporation (IIC), agência ligada ao BID, que dispõe de recursos para projetos destinados aos setores privados brasileiros. O encontrou ocorreu, em meados de maio, na Embaixada da Itália em Brasília e contou com a participação de 70 empresários da região. O presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal [Fibra], Antônio Rocha, explicou que Brasília é privilegiada porque é situada em um mercado consumidor de 2,3 milhões de pessoas, com o PIB per capita de R$ 19 mil por ano, totalizando quatro milhões de habitantes. Pelada na Fontana U ma auxiliar de escritório de 40 anos deu um mergulho nua na obra-prima da Renascença observada por uma multidão de turistas. “A água é de todos. Eu estava com calor”, teria dito a moça que se identificou como Roberta, mas não revelou seu sobrenome. A Fontana de Trevi ficou famosa por aparecer no clássico “La Dolce Vita” de Federico Fellini [1960], em que a diva Anita Ekbert dá um mergulho na fonte usando um pequeno vestido preto. Nadar na fonte é proibido e Roberta, da cidade de Milão, agora corre o risco de receber uma pesada multa por indecência pública. Em 1995, a top model alemã Claudia Schiffer também entrou na fonte para uma campanha do designer Valetino. Legal O Ansa Diretor: Julio Cezar Vanni Itália quer financiar E nquanto o Brasil parou para receber o Papa, uma multidão se reuniu, no último dia 12, na praça da basílica de São João de Latrão para pedir uma nova política de ajuda à família tradicional. O Family Day [Dia da Família] foi promovido por associações católicas e pela direita italiana. Na ocasião, o ex-premier Silvio Berlusconi afirmou que “os católicos verdadeiros não podem estar na esquerda”. Em queda O Instituto de Estatística Italiano (Istat) anunciou que a Itália registrou uma inflação de 1,5 por cento em abril e 1,7 por cento em março, menor taxa apresentada na região do Euro. Segundo o instituto europeu da estatística (Eurostat), na zona dos 13 países onde circula a moeda única, a inflação foi de 1,8 por cento em abril e 1,9 por cento em março. s estrangeiros legalizados na Itália chegam a 3,35 milhões, quase o dobro de cinco anos atrás. A incidência sobre a população total cresceu para 5,2 por cento e se alinhou com a média européia. Mas continua longe dos picos de 9 por cento registrados em países como Alemanha e Espanha, segundo afirma um relatório do Ministério do Interior italiano. O documento, apresentado pelo governo no âmbito da discussão sobre a reforma da polêmica lei de imigração “Bossi-Fini” [instituída pelo governo de Silvio Berlusconi e que prevê restrições ao acesso de estrangeiros à Itália], também informa que, através de embarcações pelo sul, 22.016 imigrantes ilegais chegaram em 2006. Novo partido na Itália O s imigrantes que vivem na Itália formaram o partido Novos Italianos. Seguindo a nova lei de imigração votada pelo Conselho de Ministros, a qual estabelece o voto dos estrangeiros e os torna elegíveis na Itália, seus fundadores afirmaram que o Novos Italianos nasceu “da vontade de colaborar com os irmãos italianos e representantes das principais comunidades estrangeiras presentes em Roma”. Mustapha Masouri, de origem marroquina, é o presidente do Novos Italianos que tem como porta-voz, Maria Pratsiuk, de origem ucraniana. De acordo com a nova formação política, haverá cerca de 1,5 milhão de eleitores, com 200 mil só na capital, que poderão opinar por meio do voto sobre as escolhas políticas do país. Em busca das origens A equipe de descendentes do Colégio Brasileiro de Genealogia (CBG) está criando a Sociedade Genealógica Italiana. A instituição, que conta com uma coleção de livros dedicados à genealogia, busca associados e funciona no prédio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), na Avenida Augusto Severo, 8, no Centro do Rio de Janeiro. O CBG acumula mais de 50 anos de existência e tem como objetivo estatutário o estudo e a investigação genealógica das famílias brasileiras e estrangeiras radicadas no Brasil. Mais informações pelo telefone 21-2509-5107. Vale a pena ressaltar que o CBR não faz pesquisas genealógicas, já que é formado por voluntários. Entretenimento com cultura e informação / Maio 2007 Maio 2007 / ComunitàItaliana opinião serviço agenda cultural frases “Futebol é alegria, é improviso, é sorriso. Talvez por isso os brasileiros sejam tão bons nisso. Admiro muito o povo do Brasil. Amo a Itália, mas não teria nenhum problema –pelo contrário!– em ser brasileira”, Maddalena Corvaglia, showgirl e conduttrice televisiva, al parlare della sua separazione con il conduttore Enzo Iacchetti, dopo sei anni di relazione. Laura Pausini, cantora, em recente passagem pelo Brasil, ao falar sobre o esporte que é uma das paixões do povo brasileiro. “Penso che sia giusto che ci siano gli stranieri, non ho mai fatto un discorso contro gli stranieri. Ma è bene che ci sia un po’ più di spazio per i giocatori italiani”, Roberto Donadoni, allenatore della nazionale italiana, dichiarando che vorrebbe ridurre il numero di giocatori stranieri nel calcio italiano. “Um combatente privado da liberdade e submetido a uma feroz perseguição carcerária, que se tornou símbolo da extraordinária capacidade de resistência e de histórica postura em condições desesperadas”, Comunidade: IX Festa Italiana: No dia 2 de junho, às 20h, o município Severiano de Almeida (RS), cujo primeiro nome foi Nova Itália, promove um evento cultural com jantar típico, dança folclórica e baile. A cidade fica a 395 quilômetros de Porto Alegre. Informações: (54) 3525-1122 ou pelo e-mail [email protected] Feira: 17ª Expobento: De 7 a 17 de junho, Bento Gonçalves (RS) estará voltada para a indústria, o comércio e o setor de serviços. A Feira terá a participação de 400 expositores diretos e 650 indiretos, que esperam 150 mil visitantes de todo Brasil. Horários: no dia de abertura (07/06) - das 10h às 22h30min; de segunda a sexta - das 17h45min às 22h30min; sábados, domingos e feriados - das 10h às 22h30min; no dia do encerramento (17/06) - das 10h às 20h. Informações: na estante (54) 2105-1966 ou pelo e-mail: [email protected] Arte: Mostra Piemonte Torino Design: Belo Horizonte recebe, de 23 de junho a 1º de julho, em seu Palácio das Artes o evento organizado pela Câmara de Comércio Italiana, em conjunto com o governo de Minas e em parceria com a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), o Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi) e o Politecnico di To- rino. Haverá atividades como seminários, workshops e palestras. Esporte, cozinha, lazer, vinho, café, chocolate, automóveis, vestuário, artigos de decoração interna e externa, são uns dos temas que serão expostos. Também está na programação uma degustação de vinhos do Piemonte e uma missão empresarial nos setores de design, meio ambiente, nanotecnologia, e automobilístico. Informações: www.italiabrasil.com.br click do leitor Giorgio Napolitano, chefe de Estado italiano, em solenidade que celebrou o 70º aniversário da morte de Antônio Gramsci. Arquivo pessoal “Rifidanzarmi? No, no, ora sto bene così. Sento il bisogno di fermarmi un attimo. Una volta finita una storia importante è difficile trovare un nuovo amore e io sono un po’ all’antica”, enquete Pesquisa revela que os italianos preferem falar dialeto. Você acha que: 61,5% - É uma forma de preservar as raízes culturais. 38,5% - Deve haver um padrão lingüístico único para evitar conflitos na comunicação. Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 24 a 27 de abril. Berlusconi é absolvido em duas acusações de corrupção. Você acha justo? 78,9% - Não 21,1% - Sim Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 27 a 1º de maio. ComunitàItaliana / Maio 2007 Invenções da Idade Média – Óculos, livros, bancos, botões e outras invenções geniais. Objetos como bússola, relógio, universidade, garfo, carnaval, macarrão, xadrez. Esses e outros inventos tão incorporados ao nosso cotidiano não surgiram do nada e com belas ilustrações e um texto cativante, Chiara Frugoni mostra os feitos de um período luminoso e inédito, um tempo de progressos. Jorge Zahar Editor, 184 págs., R$39. Amor, Sexo e Tragédia – Como gregos e romanos influenciam nossas vidas até hoje. Bom humor e inteligência são as características dessa obra de Simon Goldhill, que mostra como as tradições greco-latinas estão muito mais presentes em nossa vida do que imaginamos. Do lazer à política, da psicanálise à religião, o mundo clássico está por trás de todo o sistema de pensamento ocidental. Jorge Zahar Editor, 300 págs., R$ 44. cartas “N a última edição, 106, achei o máximo a idéia de entrevistar o Guto Goffi. Adoro o Barão Vermelho e saber um pouco sobre a história desse descendente me deu vontade de escrever para vocês pedindo, cada vez mais, matérias desse tipo. Grande abraço!” Juliana Avancini, Rio de Janeiro, RJ, por e-mail E m 2006 passei o verão na Itália. Visitei lugares como Roma, Treviso e Veneza. É como pensar que passei as minhas férias dentro dos meus livros de história! Inesquecivel! Claudio Pinheiro O. Junior - Londres - Inglaterra Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected] “H á muito tempo esperava a receita do famoso doce tiramissú na revista. A foto está tão bonita que dá água na boca. A combinação café com chocolate é perfeita. Aproveito a oportunidade para fazer uma sugestão: que tal uma receita com peixe agora?” “U ma das coisas que mais presto atenção é a capa da revista. E posso dizer que as capas de Comunità estão cada vez melhores. A da edição 105 ficou ótima, pois juntou uma bela pizza com uma bela moça. Parabéns!” Carmen Bataglia, São Paulo, SP, por e-mail Maio 2007 Alvaro Genebra, São Paulo, SP, por e-mail / ComunitàItaliana opinione Solidarietà internazionale Una svolta dalla quale è partita un´azione inarrestabile di spirito umanitario e sociale L Franco Urani a cittadinanza onoraria carioca che mi ha conferito il 3 Maggio l’Assemblea Legislativa del Municipio di Rio de Janeiro è in realtà un riconoscimento che si estende a migliaia di persone [i 2.500 abitanti di Vila Canoas, le 400 famiglie italiane che cooperano dal 1992 con il sostegno a distanza di tantissimi bimbi della Comunità, molti amici europei e di Rio], a vari enti governativi, pubblici e privati brasiliani [il Municipio di Rio in prima linea] ed internazionali [Unione Europea - Come Noi di Torino, Associazione con la quale abbiamo iniziato l´azione nel 1989 - Rotary Club della Lombardia - Daniele Agostino Foundation di New.York]. L’iniziativa – alla quale hanno attivamente partecipato mia moglie Giuliana e i nostri figli André e Lidia – è stata resa possibile dalla convivenza con la favela di Vila Canoas, che era sorta nel ´79 accanto alla nostra casa 10 di Rio nel quartiere di S. Conrado nella quale risiedevamo da un paio d’anni ed alla pendolarità Rio/Torino, che mia moglie ed io abbiamo ormai dal 1980, dopo il mio svincolo dalla FIAT. Credo che sia stata per me utile la trascorsa esperienza manageriale in Brasile [culminata com la realizzazione degli imponenti impianti industriali FIAT nello Stato del Minas Gerais] per cercare d’impostare un’azione di solidarietà programmata e razionale, peraltro temperata dallo spirito umanitario e sociale di mia moglie, essenziale per i buoni rapporti con la comunità e la comprensione dei loro problemi. Quando, nel 1989, ricevemmo i primi modesti aiuti da COME NOI, avevamo subito costituito in favela un Centro per la preparazione, doposcuola, ricreazione ed alimentazione di 50 scolari dal corso di alfabetizzazione alla terza elementare, dandolo in gestione all´Associazione S. Martinho ComunitàItaliana / Maio 2007 di Rio con 4 educatrici della Comunità. E fu enorme la sorpresa nostra e dei nostri sostenitori nel constatare che - dopo un anno - i risultati scolastici si erano sovvertiti, passando l’indice di promozione dal 20 all’80%. Fu questa la svolta dalla quale partí un’azione inarrestabile di solidarietà internazionale: prima con il consolidamento ed ampliamento del Centro Bambini, poi con i sostegni a distanza e l’ausilio del Municipio di Rio. Seguirono nel ‘94 la costituzione dell’Associazione filantropica della famiglia Urani, la PARA TI, per canalizzare le donazioni e proporre al Municipio di Rio la riabilitazione sociale e strutturale della Comunità sulla base del programma Favela/Bairro allora lanciato. Sottolineo che la nostra azione fu del tutto volontaria, d’accordo con gli Statuti societari. Dato che Vila Canoas era uma favela piccola, nacque così il programma municipale BAIRRINHO per le 200 mini-comunità di Rio di cui Vila Canoas fu il progetto pilota, con partecipazione finanziaria 50% Municipio di Rio e 50% Europa. Come Noi ottenne l’im- mediata e convinta adesione dell’Unione Europea al progetto, anche appoggiato entusiasticamente dai Rotary della Lombardia. Iniziò così un’azione di trasformazione della comunità con un’esemplare collaborazione democratica tra le parti e la fattiva collaborazione degli abitanti, stupefatti dal nuovo corso. Vi fu inevitabilmente qualche contrattempo burocratico, specie nel cambio dell’amministrazione comunale, problemi comunque superati con buona volontà, concludendosi la riabilitazione a metà del 2002 con realizzazioni sociali e strutturali uniche a Rio e creazione di oltre 70 impieghi stabili a Vila Canoas. A questo punto - pur cessando le donazioni del Municipio [che peraltro amministra una gran parte delle nuove iniziative sociali] e dell’Unione Europea - la PARA TI decise di proseguire l’azione in quanto continuavano ad affluire i contributi dei privati italiani e della Daniele Agostino Foundation. Decidemmo temerariamente di lanciare progetti di avanguardia sull’informatica, sugli studi superiori con un programma di borse di studio, sull’abitazione popolare, cercando di coinvolgere - anche finanziariamente e con il lavoro - gli interessati per quanto più possibile, sia per poter beneficiare il massimo numero di persone, sia perché riteniamo educativa e producente la loro concreta partecipazione. In tal modo, è stato costituito un centro d’informatica ed internet a banda larga con 11 computers in cui sono stati istruiti 500 membri della comunità; sono state restaurate le 420 dimore di Vila Canoas; è stato consentito l’agognato accesso alla casa finora a 80 famiglie; abbiamo portato alla laurea universitaria 30 giovani e vari altri seguiranno nel prossimo biennio. Il consuntivo d’investimenti 1989/2007 corrisponde a oltre 3,8 milioni di dollari, dei quali 2 milioni donati dall’estero, e l’azione prosegue con varie altre iniziative in corso e programmate. Unico punto negativo, la situazione economica insoddisfacente di Rio, che difficilmente offre lavoro equamente remunerato ai giovani, anche se ben preparati. Esistono possibilità di trasferirsi altrove come già comincia ad avvenire, ma speriamo che – anche a Rio – possa prossimamente verificarsi l’auspicata ripresa. Parole, idee e carisma Saper parlare significa, quasi sempre, lucidità di pensiero C ommuovono la gentilezza, la musicalità, l’armonia della lingua scritta a Firenze nella seconda metà del 1200. Dante Alighieri, Guido Cavalcanti, Lapo Janni e altri scrivevano in un volgare colto, usando parole e suoni dolci. Il loro modo di poetare era semplice e luminoso. L’apparente semplicità della forma celava il dominio su lessico, stile e sintassi. Si legga Donne ch’avete intelletto d’amore [Vita nuova, cap. 19]; l’eleganza e la delicatezza con cui Dante parla della donna e dell’amore sono un inno alla bellezza. Era il dolce stil novo. Da allora ai giorni nostri, la nostra bella lingua maturò, crebbe, e non sempre crebbe bene. Soffrí, per secoli, le sfortunate vicende politiche dei vari stati che integravano l’Italia geografica. Non mancarono peraltro opere e letterati illustri: Boccaccio, Ariosto, Tasso, Alfieri, Foscolo ed altri, spesso solenni e un po’ tromboni [mi si passi la similitudine], contribuirono alla evoluzione [e involuzione] della nostra lingua. Più tardi, nel ‘900, quando le cose e le coscienze si complicano, nascono Quasimodo l’ermetico, Gozzano il crepuscolare, Pavese il neorealista, e molti altri scrittori espressivi. Movimenti di pensiero e stili letterari si avvicendano. La parola diventa colore, come nel Pasticciaccio brutto di Gadda, diventa rumore, come ne La pioggia sul pineto di D’Annunzio, diventa uno scrigno di sogni, come nelle poesie di Ungaretti, marchi indelebili nei miei modesti interessi letterari. Ahimé, il tempo passa, e il verbo italiano, invece che pro- Ezio Maranesi gredire, si deteriora. Agli albori della mia vita professionale ho lavorato con un gruppo di dirigenti, tanto ambiziosi quanto privi di idee; gli stessi che hanno fatto danni alla Olivetti, alla Buitoni e più tardi all’Alitalia. Cercavano di dare importanza e autorevolezza al loro modesto valore professionale usando spesso modi di dire allora molto di moda come, per esempio: nella misura in cui... o pronunciando parole come evidenziazione con la o molto stretta e molto lunga. Impressionante, soprattutto per me, un po’ campagnolo. Ma anche inutile: furono presto cacciati; al parlar forbito non corrispondevano i fatti. Una volta tanto, la frase storica parlo, ergo sum non aveva funzionato. Ai tempi nostri dilagano due nuove lingue: l’economese e il politichese alle quali solo gli addetti ai lavori possono avere accesso. In questa lingua, l’espressione fare un tavolo significa riunire persone per discutere una determinata questione. Un’anima semplice pensa invece alla canzoncina di Sergio Endrigo che dice: per fare un tavolo ci vuole il legno... e immagina il legnaiol del villaggio leopardiano che s’affretta e s’adopra a fornir l’opra anzi il chiarir dell’alba... Dice “La Repubblica” di qualche giorno fa che, per discutere il problema TAV, nasce un tavolo a Palazzo Chigi... e dopo che il tavolo avrà esaminato... Il tavolo, prima complemento oggetto, diventa soggetto. Intrigante. Saper parlare significa, quasi sempre, lucidità di pensiero, conoscenza di un vasto lessico, uso delle parole e delle forme appropriate alla circostanza. Chi parla bene ha possibilità di emergere molto più di chi, pur geniale, abbia difficoltà di esprimersi con proprietà di linguaggio. L’uso di una lingua piatta, povera, fatta di luoghi comuni, dà cattiva impressione. Disse Orwell: “la sciatteria della lingua favorisce l’aver vacui pensieri”. Ammiro la semplicità di Manzoni. Nel capitolo X dei Promessi Sposi, lo scellerato Egidio dà segnali di seduzione a Gertrude. “La sventurata rispose”, scrive Manzoni, e in questa breve frase fatta solo di soggetto e verbo c’è tutto il lungo e doloroso dramma della monaca di Monza. L’epilogo del dramma della nostra bella lingua si consuma invece nei nostri giorni. Scrivere e parlare italiano è un lusso inutile; molto più utile conoscere (male) l’inglese o avere qualche idea sull’informatica. I giovani non leggono e in discoteca non si parla. Il loro lessico è fatto generalmente da 250 parole, spesso coniate da loro stessi. Non é un tricheco, é un mandrake, cucador allucinante, camuffaro che non va a cozze... voleva dire qualche anno fa [il gergo cambia rapidamente] ..non é uno stupido, é una persona intelligente che ha fortuna con le ragazze, ha l’aspetto inquietante ma non si ubriaca facilmente... Il colpo di grazia lo danno i telefonini: ke fai stas?c vediamo?nn 6 + sola tvb pleas risp. Traduzione: che fai stasera? ci vediamo? non sei piú sola. Ti voglio bene. Per favore rispondimi. Alla faccia della Dante Alighieri. Julia Freeman-Woolpert Franco Urani articolo Maio 2007 / ComunitàItaliana 11 articolo marco lucchesi / artigo 12 Vincoli secolari La visita di Papa Benedetto XVI è stata ‘storica’ Fabio Porta tore… Padre Enzo - cosí chiamavamo il parroco - fu invece trasferito in un paesino ancora più piccolo (forse era troppo ‘democratico’ per la Chiesa di allora) e poi… in Brasile. Sí, in Brasile, a Porto Velho, in Rondonia, ad oltre quindicimila chilometri dalle arance rosse della nostra Sicilia. Ironia della sorte, approdo anche io in Brasile qualche anno dopo e il legame riprende. Oggi chi visita a Porto Velho il “Museo Internazionale del Presepe” o la “Scuola di Ceramica Theós” della Parocchia Sao Tiago toccherà con mano un altro dei tanti miracoli dell’incontro tra l’Italia e il Brasile. Ma torniamo alla visita del Papa in Brasile, un Paese con oltre cento milioni di cattolici. Lo confesso: ho sperato, due anni fa, che il Brasile potesse dare un proprio Papa a questa Chiesa cattolica. ComunitàItaliana / Maio 2007 In questi ultimi anni ho avuto la fortuna di conoscere da vicino il pensiero e, soprattutto, le opere di Don Claudio Hummes, il Cardinale di San Paolo che da pochi mesi è a Roma per dirigere la Congregazione per il Clero. Da vescovo di Santo André, Hummes aveva imparato a conoscere bene la vita e la lotta del movimento operaio; risale a quegli anni la sincera amicizia e il rapporto di stima che ancora oggi lo lega al Presidente Lula. Da Arcivescovo di San Paolo si rende conto che stare alla finestra e predicare non è sufficiente e che la Chiesa deve sporcarsi le mani, coinvolgendosi in prima persona nella lotta all’esclusione sociale ed alla piaga della disoccupazione. Costituisce cosí il CEAT [Centro Arcidiocesano del Lavoratore], punto di incontro e di partenza per quanti, disoccupati emarginati disperati, cercano nel lavoro il significato di una vita che rischiano di non incontrare più. E’ al CEAT che si deve il mio primo incontro con il Cardinale; Don Claudio (vuole subito farsi chiamare cosí) è stimolato dalla mia militanza politica e sindacale, e mi chiede di aiutarlo, di essere al suo fianco per divulgare anche fuori dal Brasile questa esperienza e per dire al mondo che “l’uomo senza lavoro è meno uomo, e quindi meno vicino a Dio”! Nel giro di poche settimane saremo insieme al Parlamento Europeo, dove il Cardinale – rompendo una di quelle inossidabili regole di Bruxelles secondo le quali solo deputati europei partecipano ai lavori ordinari – interviene ufficialmente nella plenaria della Commissione Affari Sociali dell’Unione Europea. Andiamo quindi a Roma, dove Hummes incontra i tre Segretari Generali di CGIL-CISL-UIL, ai quali spiega (meglio di un sindacalista) il perché la globalizzazione senza regole crea disoccupazione ed esclusione e come si può fare per invertire questo dramma. Ma il Cardinale non si ferma qui; vuole incontrare i leader politici italiani, e cosí vedrà Fassino [Segretario dei Democratici di Sinistra, NdR], prima a Roma in Vaticano e quindi in Brasile, nel corso di una pausa del Congresso dell’Internazionale Socialista. Gli incontri si susseguono, e sono quasi imbarazzato dalla disponibilità e dalla semplicità di quest’uomo. Con Don Claudio inauguriamo cosí nel 2004 lo “Spazio dei Sogni”, il Centro educativo per i ragazzi delle favelas brasiliane voluto fortemente dal leader dei pensionati italiani della UIL Silvano Miniati, con il quale il Cardinale aveva presentato al CNEL (una sorta di BNDES italiano) il progetto alla presenza del Premio Nobel Rita Levi Montalcini. Il Papa brasiliano non è poi arrivato, ma Don Claudio è andato lo stesso a Roma, arricchendo anche lui questa ideale galleria di andate e di ritorni tra Italia e Brasile. La visita di Benedetto XVI in Brasile, forse, è stata ‘storica’ anche per questo. Compromisso, ruptura e liberdade D omingos Meirelles entrega ao público um dos livros mais apaixonados sobre a Revolução de 1930. Atento ao silêncio dos vencidos, e aggiornato com os estudos recentes sobre a República Velha e o movimento de 30, Domingos não ficou preso a estudos específicos, preocupado apenas com a estrutura, vagando num labirinto povoado de fantasmas. Longe disso, e como já fizera em As Noites das Grandes Fogueiras , ele sujou as próprias mãos, manuseando jornais de época, fotos, cartas, arquivos políticos, para montar um sistema que se impõe em muitos planos e se completa nas entrelinhas. E sem atribuir a si mesmo uma qualidade olímpica, dos que julgam o passado aparentemente distante com a arrogância do presente, que parece melhor e mais acabado. O Brasil dos anos 1920 emerge dessas páginas com a suas polifonia, com o sabor de uma linguagem, na qual nos reconhecemos e da qual nos afastamos, um Brasil tão próximo e distante. E um sem-número de contradições que nos marcam e libertam. O tempo da longa duração, essa com a qual temos de lidar, num misto de serenidade e desespero, raiva e compaixão, diante dos descompassos da sociedade civil. Um país assolado por uma grave assimetria, diante de cuja perversidade a República parece adormecida. A Velha. A Nova. A Novíssima. Mais de cem anos sem políticas públicas no campo da saúde e da educação, abandonados às práticas de um populismo imoral. O pacto repu- blicano que devia ser mais amiúde repensado. O corpo dos desaparecidos e a impunidade dos que torturaram durante o Regime Militar. Uma democracia envergonhada. As famílias sem os corpos. E a terrível espera. Como se a permanência das coisas terríveis gritasse neste livro. E além dele. Nas páginas de ontem. E de hoje. Mas sem atitudes panfletárias. Domingos tem uma compreensão difusa. Diz mesmo quando parece não dizer. E como em Leonardo Sciascia, não encontramos aqui apenas um culpado. A rede políticoeconômica é o grande flagelo. Precisamos de um novo pacto republicano. De um novo humanismo. De uma revisão da democracia, como diz Boaventura dos Santos, e de formas diretas de participação. Democratizar a democracia. Um ethos político que resulte da verdade do contrato social. E contudo, Domingos não cai na cilada dos que crêem que a história não muda, ou, pior, de que ela se repete, ou termina. Domingos passa imune. Não pretende uma filosofia da história. Ou ainda uma quase teologia. Seu compromisso é com a indagação dos fatos. Uma vontade de chegar às raízes mais profundas, bem como à mais comovedora capilaridade. Uma predileção pelas vidas minúsculas e anônimas, ou ainda, pelas vidas paralelas, gênero consagrado desde a Antigüidade. A alma do tempo. Havendo alguma. A alma das ruas. A Capital da República. Li- ma Barreto no hospício. João do Rio, nos cafés. Coelho Neto nos banquetes. E Prestes inquieto. E Juarez Távora. E Washington Luís. Os delitos da República Velha. As utopias. Tenentismo. Anarquismo. Comunismo. Sentidas no sonho e na carne. Domingos sabe que uma república não se mede fora dos extremos. O sonho. E a carne. Acompanho a generosidade ou a curiosidade metódica de um grande repórter brasileiro, que trabalha com as fontes, ou a partir delas, contrapondo-as, delimitando-lhes a verdade presumida. Tudo com absoluto rigor. Em momento algum, Domingos abandona a idéia da grande reportagem. Aquelas matérias que o levaram à cena mais importante do jornalismo brasileiro. Ir ao fundo dos fatos. Quase com raiva e amor. Espessura. Obstinação. E sem concorrer com outros saberes. Com as monografias da história. Com a academia. Com a literatura. Domingos adere a uma espécie de reportagem infinita. Um jogo de espelhos, de remissões, de citações. Uma rede que parece não ter fim. Que mais cresce e avança quanto mais incerta e flutuante. Nessa abordagem, os fatos na história adquirem uma nova luz. Pois que se trata de uma narrativa, de um tecido de coisas vitais, cheias de frescor, marcadas por uma compreensão estrutural. Assim, temos a solidão de Washington Luis, ao deixar o Maio 2007 / poder; a coragem de Astrogildo Pereira, levando livros de Lênin e Marx para Luis Carlos Prestes, na Bolívia; a comoção da morte de Siqueira Campos, e o discurso inflamado de Maurício de Lacerda; a figura enigmática de Vargas, com o carisma dos que não têm carisma — charutos e astúcia. Mas — para além da vida de palácio e bastidores — as ruas da Capital Federal, sua gente humilde, rostos e nomes desconhecidos, que não passaram à história oficial, mulheres e operários, casos de morte e de amor. E não obstante vejo algo de impalpável na obra de Domingos Meireles, apesar de sua fome de verdade e precisão. Algo que me alegra e atrai. E que talvez represente o maior valor deste livro. Escrever a História é processo infinito, e só as narrativas abertas (que tenham algo de impalpável) poderão dar conta dessa infinita abrangência. Domingos soube disso o tempo todo. E arriscou todo o seu tempo. Perseguido por esses fantasmas, precisa agora desfazer-se de todos. Libertar-se de um processo intenso. Exorcizá-los. Um a um. E quem sabe libertar-se de uma trama. Pensar na história do futuro, da grande democracia que esperamos, e da República que devemos construir em toda a sua polifonia. Domingos aponta para esse caminho de compromisso, ruptura e liberdade. ComunitàItaliana 13 K.C. Hohensee Brissi “I ncontri e Re-Incontri”, ma anche “Brasile e Italia allo specchio”: potrebbe intitolarsi cosí questa rubrica, nel tentativo ideale di riannodare sempre più, in una successione apparentemente infinita, quei vincoli che da oltre un secolo uniscono i nostri grandi Paesi. La visita del Papa in Brasile, un evento che ha segnato non solo questo mese ma tutto il 2007 e che è destinato a protrarre nel tempo i propri effetti, ci porta (noi, gli italo-brasiliani) ad evidenziare due grandi caratteristiche del grande ponte virtuale che unisce le due nazioni: il Brasile è il più grande Paese italiano fuori dall’Italia ma è anche il più grande Paese cattolico al mondo, e anche questo secondo primato è in gran parte dovuto al volume della nostra emigrazione (e non solo, come è ovvio, alla colonizzazione portoghese). Da ragazzo frequentavo la parrocchia di San Pietro a Caltagirone, una piccola cittadina nel cuore della Sicilia; il giovane parroco si chiamava Innocenzo e mi convinse a tradurre la mia fede “acerba” in impegno politico e sociale. Fondammo insieme il movimento degli studenti cattolici della mia città, contaminando positivamente le altre organizzazioni politiche e sociali giovanili. Erano gli anni dei “decreti delegati”, della possibilità cioè di partecipare democraticamente alla gestione della scuola, da parte di studenti e genitori. A 18 anni mi ritrovai a Roma, studente universitario prima, volontario di servizio civile dopo, e quindi giovane lavora- Roma política Autorità ricevono rappresentanti della comunità italiana in visita a Roma e sud dello Stivale R Ana Paula Torres Correspondente • Roma oma è stata la prima tappa del viaggio della delegazione di Rio de Janeiro in Italia all’inizio di maggio, al quale hanno preso parte il console generale di Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, il deputato Adroaldo Garani, il presidente dell’Ospedale Italiano di Rio de Janeiro, Antonio Chianello, il sindaco della città di Angra dos Reis, Fernando Antonio Ceciliano Jordão, il vice sindaco di Petrópolis, Carlos Henrique Manzani, l’assessore al Lavoro e allo Sviluppo del Comune Barra do Piraí, Roberto Monzo Filho, il rappresentante del Municipio di Nova Friburgo, Ronaldo Vanzillotta, il presidente dell’Unimed Caxias, Edmond Gomes da Silva, l’ufficiale della polizia militare di Rio de Janeiro, Colonnello Rosano Augusto de Souza e il direttore della rivista ComunitàItaliana, Pietro Domenico Petraglia. 14 La delegazione è stata ricevuta dal vice ministro per gli Italiani nel mondo Franco Danieli presso il suo ufficio al Ministero degli Affari Esteri. Danieli, che sarà in Brasile nei prossimi giorni, ha espresso la sua soddisfazione nei rapporti fra Italia e Brasile. Durante il colloquio ha anche affrontato la questione consolare, comunicando che vi sono attualmente in corso circa 450 mila richieste di riconoscimento della cittadinanza italiana provenienti dal Brasile. Presente anche il senatore Edoardo Pollastri, che si è dichiarato molto orgoglioso di rappresentare il Brasile in Italia e di poter lavorare per questioni come questa dei servizi consolari. Dopo l’incontro alla Farnesina, la delegazione si è recata al circolo dell’Ice (Istituto nazionale per il commercio con l’estero) per un pranzo che ha conta- ComunitàItaliana / Maio 2007 to con la presenza del presidente Umberto Vattani. − Questa iniziativa di una missione a Roma di un gruppo di sindaci e rappresentanti della comunità italiana in Brasile – afferma Vattani – è un fatto molto significativo. Mi fa molto piacere che sia stato promosso dal console generale a Rio, Massimo Bellelli, che si è molto adoperato per favorire i contatti tra comuni italiani e comuni brasiliani. Debbo dire – sottolinea – che per noi italiani è sempre una gioia incontrare i brasiliani, ma vedere soprattutto tra di loro rappresentanti di ospedali italiani come quello di Rio, così significativo, nato oltre 150 anni fa. Prova di grande solidarietà nella comunità italiana che ricorda proprio quanto siano stati importanti questi movimenti di italiani che si sono recati in Brasile, che hanno costituito del- Ansa “Tutto Dante” R oberto Benigni desembarca na capital com “Tutto Dante”, espetáculo que vai da sátira dos acontecimentos cotidianos, principalmente ligados à política italiana, à Divina Comédia, com profundos momentos de pura poesia. Trata-se de um espetáculo único na história do teatro italiano, que vem obtendo sucesso por onde passa. A turnê começou na praça Santa Croce de Florença, cidade do escritor Dante Alighieri, no verão passado. Depois de ter sido visto por mais de 350 mil espectadores em 26 cidades, a obra teatral do ator toscano debuta em Roma, onde ficará até 20 de maio, numa estrutura Sandy Muller “L inha” é o nome do novo álbum da cantora e compositora ítalo-brasileira Sandy Muller e do inseparável Claudio Pezzotta. O show de lançamento aconteceu em Roma no dia 8 de maio. Este segundo trabalho chega após “Sandy Muller”, álbum que deu grande popularidade à artista através da canção “Não tenho pressa”, uma bossa “cool” que conquistou grande sucesso nas rádios italianas. Os dois cds foram gravados no Rio de Janeiro com a colaboração de Marcelo Costa. No site http://www. sandymuller.it, é possível ouvir as novas faixas, além de assistir ao videoclipe gravado em Canoa Quebrada, no Ceará. moderna que comporta cerca de quatro mil pessoas, feita especialmente para a peça de Benigni. O espetáculo conta com uma cenografia, realizada pelo Cinecittà Studios, propositalmente simples e considerada para muitos como “essencial e franciscana”. É composta por uma série de painéis arredondados de madeira, colocados em uma trajetória intercalada que cria uma série de corredores internos por onde Benigni pode correr e pular livremente. Piazzale Clodio. O preço do ingresso varia de 20,00 a 45,00 euros. Maiores informações: www. tuttodante.it. Jesus de Nazaré G rande sucesso para o livro do Papa Bento XVI sobre a vida de Jesus Cristo, que vendeu 50 mil cópias somente no primeiro dia nas livrarias. Trata-se da primeira parte de uma obra de dois volumes, que compreende o batismo no rio Jordão até a ressureição. O livro começou a ser vendido em 16 de abril, quando o Papa completou 80 anos. Trata-se do primeiro livro de Joseph Ratzinger desde que assumiu o posto no Vaticano. Publicado pela editora Rizzoli, o volume possui 432 páginas, custa 19,50 euros e tem atualmente edições em italiano, alemão e polonês. Maio 2007 Parabéns, Roma! F eliz aniversário, Cidade Eterna! Segundo a tradição [pois não existe um registro histórico definido] Roma teria completado 2.760 anos em 21 de abril. E para festejar esta “jovem senhora”, serão realizados muitos eventos, entre seminários, exibições de bandas, museus com entrada grátis e a transferência da loba da sala capitolina da prefeitura àquela de Marco Aurélio. O animal é o símbolo de Roma, pois teria amamentado os gêmeos Rômulo [considerado o fundador da cidade e seu primeiro rei] e Remo. De acordo com a mitologia romana, os gêmeos eram filhos de Marte e da Rea Silvia. Reprodução Delegazione di Rio in Italia le splendide e favolose comunità, che continuano ancor oggi a mantenere un legame così stretto con la madre patria. Dalla parte dell’Ice – continua – questa è una splendida occasione per cercare di avviare nuove iniziative, cosa che faremo sulla scia di quella importante visita che il presidente del Consiglio ha compiuto poco tempo fa in Brasile. E noi non mancheremo di rafforzare la nostra rete in Brasile, proprio per tener conto delle opportunità così notevoli che si aprono all’imprenditoria italiana e in generale. Anche l’ambasciatore del Brasile in Italia, Adhemar Gabriel Bahadian, ha ricevuto il gruppo di rappresentanti di Rio, scegliendo di aprire le porte del maestoso Palazzo Pamphilj ad una visitazione alla quale lui stesso ha voluto fare da cicerone, raccontando cenni storici di quella che in passato fu anche residenza papale. Conclusi gli incontri nella capitale, la delegazione ha seguito viaggio verso Paestum, in Campania, dove ha incontrato le autorità locali. La tappa successiva è invece stata la cittadina di Paola, in Calabria, dove la visita di carattere civile è stata arricchita dalla cerimonia religiosa per le commemorazioni del V Centenario della morte di San Francesco da Paola. – Questo viaggio – spiega Roberto Monzo Filho – è una retribuzione alla visita che la delegazione di Paola ha fatto a Barra do Piraí l’anno scorso, occasione in cui è stato ufficializzato il gemellaggio tra queste due città. Adesso – continua – stiamo lavorando per intensificare i legami tra Paola e Barra do Piraí, sia per quanto riguarda l’ambito culturale, che lo sviluppo socioeconomico. Vogliamo far conoscere la nostra città qua in Italia e divulgare Paola in Brasile, promuovendo così il turismo in entrambi i Paesi. Un altro settore di interesse è quello scolastico, con la possibile realizzazione di corsi che insegnino l’arte di mestieri come quello del pizzaiolo e l’insegnamento della lingua italiana nelle scuole di Barra do Piraí. Da Paola, la delegazione si è recata a Ragusa e Siracusa, nella regione Sicilia, per dare seguito agli incontri con le autorità e successivamente rientrare in Brasile. Mimmo Cattarinich Ana Paula Torres Ana Paula Torres Sabores romanos P ara quem quer saborear pratos da cozinha do Lácio, principalmente da capital italiana, vale a pena experimentar os pratos do restaurante Paradiso, em atividade desde 1939. Além do menu alla carte, o cliente pode optar pelo cardápio fixo de 30 euros que inclui fettuccine ai funghi porcini, abbacchio a scottadito [cordeiro na brasa], batatas assadas, água, vinho e café. As porções são fartas e preparadas com ingredientes de qualidade. Se puder escolher, prefira uma mesa próxima às janelas para poder admirar a beleza do lago de Castel Gandolfo. Via Spiaggia del Lago, 2 – Castel Gandolfo (Roma). Tel. 06/9361478. Fechado às quartas-feiras. / ComunitàItaliana 15 Evento organizado pela ABIEC promove carne brasileira na Itália. Vem do Brasil um em cada três quilos do produto comercializado no mundo W orkshop e churrasco para promover a carne brasileira na Itália. Foi este o modo que a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), em colaboração com a Agência de Promoção às Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), encontrou para apresentar a carne brasileira a importadores, autoridades sanitárias, técnicos do governo italiano e jornalistas. O evento aconteceu no último 18 de abril na sede da Embaixada do Brasil em Roma. Na ocasião, foram degustados 190 quilos de carne, além da autêntica caipirinha e sucos preparados com polpas de diversas frutas brasileiras. Essa iniciativa dá continuidade a um programa de eventos para a promoção da carne bovina brasileira no exterior. Outros dois eventos análogos já foram realizados na Holanda e Bulgária. O Brasil é hoje o maior exportador mundial de alimentos e matérias-primas agrícolas e também o mais alto exportador de carne bovina, estando presente em cerca de 180 países. Segundo informações fornecidas pelo presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, o Brasil exporta mais esse tipo de produto que 16 Ana Paula Torres Correspondente • Roma a Argentina, Austrália, Uruguai e Paraguai juntos. Durante o encontro, Pratini de Moraes salientou que, no Brasil, há mais gado do que pessoas. São atualmente 207 milhões de cabeças, sendo que 45 milhões são abatidas por ano, produzindo 9 milhões de toneladas de carne, o equivalente a 17 por cento da produção mundial. O consumo per capita no Brasil é de 37 quilos por ano, enquanto que na Europa a média é de 18. — Vendemos bem na Europa mas não esperamos um grande aumento de consumo. Isso acontece nos países onde a renda familiar aumenta e procura-se introduzir mais proteínas nas refeições. Portanto, são os mercados emergentes, dos países em desenvolvimento, que podem aumentar o consumo – conta Pratini de Moraes. A União Européia importa cerca de um terço da carne que o Brasil manda ao exterior e a preferência é por cortes nobres. — Na Itália, por exemplo, vende-se um corte especial para fazer a bresaola. Na Europa, vendemos produtos de nicho. A Itália vem aumentando a importação de carne brasileira. Em 2000, adquiria 40 mil toneladas, em 2006 passou a comprar 95 mil ComunitàItaliana / Maio 2007 toneladas, por um valor equivalente a 271 bilhões de dólares — continua o presidente da Abiec. Para Pratini de Moraes, o aumento sistemático e contínuo das exportações na Itália reflete a presença brasileira em vários setores de preparação da carne na Itália. — A característica da Itália é que a exigência de qualidade é muito grande e, para nós, trabalhar com a Itália quer dizer melhorar a nossa qualidade e tecnologia — afirma. O representante dos empresários deste setor do agronegócio também faz um levantamento das problemáticas que o Brasil enfrenta contra as regras do comércio internacional de agricultura, gerando o protecionismo. O Brasil está em dia com as barreiras sanitárias impostas pela União Européia, mas sofre com os obstáculos fiscais, como, por exemplo, a cota Hilton, com impostos fixados em 20 por cento para cada país que quer exportar até 5 mil toneladas de carne por ano na Europa. O Brasil vende 350 mil toneladas. Isso significa que, para as restantes 345 mil toneladas, paga impostos em valor crescente em até 176 por cento. Segundo Pratini de Moraes não existe nenhum produ- Ana Paula Torres O sabor do Brasil to europeu que entre no Brasil pagando uma taxa como essa. — O Brasil, dentro das negociações de Doha, está tentando reduzir esses obstáculos. A Europa, como contraparte, não diminui as taxas no setor agrícola e quer exigir uma redução praticamente a zero para as taxas industriais e de serviço. Portanto, é esta a anomalia que existe hoje nas negociações de comércio internacional na rodada de Doha. Tratase de um protecionismo absurdo e devo dizer que a Itália paga este preço, mesmo não tendo o mesmo grau de interesse como, por exemplo, o da França. Mas por causa da política da União Européia, a Itália paga mais caro pelo produto que compra — acrescenta o embaixador do Brasil na Itália Adhemar Gabriel Bahadian. Apesar desse quadro negativo, relacionado às barreiras fiscais, o Brasil é responsável por 33 por cento das exportações de carne no mundo, com 2,4 milhões de toneladas, à frente respectivamente de Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Estados Pratini de Moraes: mais gado do que pessoas no Brasil Unidos e Canadá. Em prática, de cada três quilos de carne comercializada no mundo, um vem do Brasil. É um produto apreciado pelo seu sabor, consistência e qualidade, pois, o gado no Brasil possui alimentação vegetariana, sem introdução de resíduos de origem animal, nem hormônios. As exportações de carne brasileira estão crescendo e equivalem hoje a 26 por cento da produção nacional. Em 1998, era quase integralmente relativa à carne cozida enlatada enquanto que, hoje, a venda se concentra no produto refrigerado e congelado para consumo em um breve período de tempo. ICE economia Reprodução economia Muito mais que só negócios Empresas italianas participam da Brasilplast 2007, em São Paulo, e aproveitam para divulgar o desenvolvimento tecnológico de maquinário M aior flexibilidade, menos riscos no manuseio, custos de produção mais baixos e a possibilidade de ser reciclado. Essas são somente algumas das vantagens que têm feito do plástico um alternativa mais viável e cada vez mais recorrente a produtos como madeira, vidro, metais ou fibras. Segundo dados da Associação Brasileira de Indústrias Químicas (Abiquim), somente no primeiro trimestre de 2007, a produção brasileira de resinas plásticas teve um crescimento de 5,01 por cento, chegando à marca de 1,2 milhão de toneladas. Para entrar ou consolidar sua participação nesse mercado, 32 empresas italianas vieram a São Paulo de 7 a 11 de maio para participar da Brasilplast 2007. Na Itália, a entidade responsável por trazer as empresas para os eventos em outros países é o Instituto de Comércio Exterior (ICE). O diretor do órgão no Brasil, Ricardo Landi, explica que as feiras são importantes não somente para fazer bons negócios, mas também para divulgar o desenvolvimento tecnológico da nação. Um dos maiores Bruna Cenço enganos da população em geral, segundo ele, é associar a economia italiana a setores essencialmente de moda, calçados e alimentos. — Essas indústrias são realmente importantes, porém, em termos concretos, a Itália exporta tecnologia de maquinário para o mundo e especialmente para o Brasil — diz. Por causa do seu grande potencial produtivo, Landi acredita que o país seja um parceiro perfeito para a Itália. — O Brasil está desenvolvendo muito rapidamente sua indústria e, por isso, precisa de maquinário avançado em termos tecnológicos. Em muitos setores, o maquinário italiano é o melhor do mundo — afirma. O ICE promove e financia cerca de 10 a 12 feiras por ano. A escolha de quais eventos participar, segundo o diretor, é a parte mais fácil. — A principal preocupação do Instituto é atender ao empresariado italiano, por isso, escolhemos as feiras que sejam importantes para eles, conforme a quantidade de pedidos enviados à sede na Itália — revela. Depois de confirmada a participação, o órgão cuida da montagem do espaço, promove encontros, jantares, a inserção das empresas no catálogo oficial e a criação de um catálogo do pavilhão italiano. — As empresas interessadas pagam somente o preço proporcional ao tamanho de stand — explica. Apesar de 50 por cento italiana, a empresa de tratamento de alumínio Italtecno, por já estar estabelecida há um bom tempo no Brasil, é uma das que prefere participar dos eventos em stands próprios, sem a assessoria do ICE. Segundo o gerente-geral da empresa no Brasil, Rogério dos Santos, ao contrário das empresas que vêm de fora buscar mercado, a Italtecno já possui os seus clientes fixos e usa as feiras essencialmente para estreitar o relacionamento. — Normalmente chamamos algum especialista italiano para uma palestra e convidamos nossos clientes de outros estados para participação. Se aparecerem novos negócios, ótimo, mas, como o mercado de alumínio é muito pequeno, a nossa maior preo- Maio 2007 / cupação é fazer o contato com nossos clientes todos no mesmo lugar — salienta Santos. A maioria dos eventos é promovida em São Paulo, porém, há acontecimentos importantes também no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Porto Alegre. Eventualmente, alguma personalidade política aparece. Um exemplo foi a feira de Defesa, a LAAD, que aconteceu no Rio no mês de abril e contou com a presença de uma delegação italiana, liderada pelo vice-ministro da Defesa, Marco Verzaschi. As viagens diplomáticas, explica Landi, são importantes para demonstrar a parceria não só econômica mas também política dos dois países. Essa boa vontade foi demonstrada há dois meses, durante a visita do primeiro-ministro, Romani Prodi. — A visita de Prodi foi um sinal importante da possibilidade de desenvolvermos, juntos, questões de caráter econômico e industrial, sendo a maior delas a energia. Nos últimos anos, a Itália ficou para trás no setor, principalmente na bioenergia, onde o Brasil será um dos mais importantes senão o mais importante — opina. Os indicadores econômicos positivos, como o pagamento da dívida externa, o recorde de baixa no Risco País e a inflação controlada, têm feito, segundo o diretor do ICE, aumentar o interesse das empresas italianas no país. — O único problema ainda é a burocracia. Mesmo assim, está melhor e pequenas e médias empresas italianas estão entrando no Brasil. Como elas não anunciam no jornal, pouca gente sabe. O ICE conhece porque ajudamos nessa instalação — conclui. ComunitàItaliana 17 Por um lugar ao sol Profissionais especializados têm mais chances de trabalhar na Itália N Reprodução os próximos meses embarcará para a Itália a primeira turma de enfermeiros brasileiros aptos a atuar em hospitais e clínicas italianas. Esta iniciativa faz parte do projeto de uma agência de recursos humanos italiana, a Obiettivo Lavoro, atuante há quase dois anos no Brasil e que pretende ampliar, em breve, a oferta para outras áreas profissionais, focando nas principais demandas do mercado de trabalho italiano. De acordo com um dos coordenadores da empresa, Valentino Marchiori, a iniciativa valoriza aqueles que buscaram a especialização na carreira. — Os profissionais especializados são o futuro da migração temporária de trabalhadores no mercado de trabalho globalizado — define. Os brasileiros e, principalmente os descendentes de famílias italianas, possuem agora oportunidades concretas para a inserção no mercado de trabalho italiano e de exercerem sua profissão na Itália. Com a consolidação de seu trabalho no Brasil, a agência proporciona a ida de profissionais brasileiros para temporadas de aperfeiçoamento na Itália. O primeiro projeto da Obiettivo Lavoro no Brasil, existente desde 1998 na Itália e que já empregou mais de 70 mil estrangeiros no mercado local, envolve profissionais da área de enferma- 18 ComunitàItaliana / Maio 2007 Aline Buaes gem e está intimamente ligado à uma demanda interna italiana. Por conta disso, há alguns anos, a legislação trabalhista da área de saúde foi amplamente modificada, provocando uma exigência imediata de enfermeiros com graduação universitária. A turma de 45 enfermeiros, a maioria deles descendentes de famílias italianas e provenientes dos estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina, após vários meses de preparação, realizou na última semana de abril as primeiras provas do Infermieri Professionali Assistenti Sanitari Vigilatrici d’Infanzia (Ipasvi), órgão que representa os enfermeiros italianos, aplicada para profissionais brasileiros. O grupo, selecionado entre mais de 300 candidatos de todo o país, aguarda neste momento a aprovação no exame para obter a permissão para atuar profissionalmente na Itália, provavelmente em hospitais e clínicas localizados no centronorte do país, em regiões como Toscana, Lazio, Emilia-Romagna, Piemonte e Lombardia. Segundo Marchiori, a busca e seleção destes candidatos não envolveu muita publicidade. — O mercado de trabalho é uma área muito delicada e a única coisa que não se deve fazer nunca é criar falsas ilusões. Todo o processo ocorreu de modo muito discreto e direto, através de órgãos ligados à comunidade italiana no Brasil, como consula- dos, embaixadas e centros culturais — explica. Ele acrescentou ainda que a descendência italiana não é caráter obrigatório, mas os ítalobrasileiros têm preferência no processo de seleção pelas afinidades com a língua e a cultura italianas. O fato de a agência Obiettivo Lavoro ter escolhido o mercado brasileiro para atuar está intimamente ligado com a forte integração da comunidade italiana no país e a conseqüente facilidade com a questão da língua e da cultura. Marchiori também salientou que o trabalho de intermediação da empresa só começa a partir do ponto em que o candidato já possui domínio da língua italiana. “Migração temporária” Principal responsável pelo projeto no continente sul-americano, Marchiori destaca que o objetivo da empresa não é praticar um modelo de emigração de modo definitivo. — A função é proporcionar uma espécie de formação temporária dos enfermeiros brasileiros na Itália — diz. O milanês Marchiori recorda elementos importantes deste processo. Para ele, o país de origem dos candidatos, neste caso o Brasil, investiu socialmente nesta formação. — Isso se deve ao interesse da empresa em favorecer o retorno destes enfermeiros ao mercado brasileiro com um enriquecimento e uma bagagem profissionais superiores, até mesmo porque, paradoxalmente, o Brasil também sofre com a falta de profissionais qualificados na área de saúde — reflete. O mercado de trabalho na Itália hoje Na opinião de Marchiori o mercado de trabalho italiano passa atualmente por um momento de retomada econômica, apresentando níveis razoáveis de desemprego. De acordo com ele, as melhores oportunidades para os estrangeiros estão nas áreas mais segmentadas e especializadas. — O mercado de trabalho italiano é muito segmentado, o que gera certas tensões por uma alta demanda em algumas áreas e excesso de profissionais em outras. Assim como ocorre no Bra- sil, existem setores nos quais há muitos trabalhadores e poucos empregos e áreas nas quais não se encontram os trabalhadores — observa, citando como exemplo típico da Itália a falta de operários para construção civil e, no âmbito brasileiro, a falta de médicos e profissionais de saúde no interior do país. Na opinião de Marchiori, a Itália necessita de profissionais altamente especializados, enquanto a maior parte dos imigrantes que chegam ao país, atualmente provenientes de países não-desenvolvidos, não possui curso universitário ou alguma especialização. — Existe uma relação de correspondência inversa entre nível profissional e deslocamento físico. Não é lógico um deslocamento de uma pessoa não-qualificada do Brasil para a Itália, pois, a relação entre custo da transferência e valor do trabalho do profissional no mercado de trabalho é muito desigual — avalia. Para Marchiori, quanto maior a competência profissional, maior o valor do profissional no mercado de trabalho e menor o obstáculo para sua inserção no campo das oportunidades. Por conta disso, segundo ele, percebe-se que grande parte dos estrangeiros migrados para a Europa, sem a intermediação de alguma agência de emprego, são trabalhadores não especializados, que assumem postos de trabalho considerados subempregos. — A importância da intermediação de uma agência de recursos humanos é conseguir encontrar as ofertas de trabalho que sejam compatíveis com as competências profissionais do candidato. Sozinhos, os imigrantes são obrigados a aceitar o primeiro emprego que encontram, que será inevitavelmente não-especializado — fala. Outras áreas profissionais envolvidas O projeto de busca e seleção de enfermeiros é apenas a primeira ação da Obiettivo Lavoro, que se posiciona como a primeira empresa a realizar este tipo de intermediação oficial entre empresas italianas e profissionais brasileiros. Um dos futuros projetos da empresa envolverá também a busca de profissionais para Daniella Marques economia “Sozinhos, os imigrantes são obrigados a aceitar o primeiro emprego que encontram, que será inevitavelmente não-especializado” Valentino Marchiori, responsável pelo projeto iniciarem ou desenvolverem atividades para empresas italianas interessadas em atuar no Brasil. Além de enfermeiros, outros profissionais que poderão começar em breve a serem selecionados pela Obiettivo Lavoro, devido à alta demanda na Itália, são técnicos em radiologia, técnicos do setor metal-mecânico e do setor calçadista. Outra boa notícia é a recente modificação na legislação italiana da chamada Lei “Bossi-Fini”, que regulamenta o trabalho de estrangeiros na Itália. O Conselho de Ministros italiano aprovou durante este mês de abril a reforma desta lei, instituída durante o governo do premier Silvio Berlusconi e que limitava o ingresso de estrangeiros no país. Maio 2007 / De acordo com Marchiori, este novo projeto de lei, mudará positivamente as atividades de imigração na Itália. — Ele está ligado a projetos específicos de interesse do mercado de trabalho italiano, com atenção também ao mercado de proveniência, favorecendo os processos que possuem a aprovação do país de origem. Com esta nova lei, serão abertas, certamente, mais oportunidades para os estrangeiros na Itália, talvez não maiores em números, mas certamente melhores na qualidade — acredita Marchiori. Caminho inverso, possibilidades para italianos no Brasil Segundo o coodernador, que está apenas há dois meses em São Paulo, a empresa, por enquanto, não tem projetos para a inserção de profissionais italianos no Brasil. Ele relembra que a legislação brasileira é muito rígida com o ingresso de estrangeiros no mercado de trabalho local, devido aos grandes problemas de desemprego. — Existe certamente uma forte demanda de enfermeiros e médicos no interior do Brasil, mas que não é preenchida porque não são encontrados profissionais dispostos a trabalhar no interior — comenta, acrescentando que, se tiver oportunidade, pretende organizar grupos de médicos e profissionais da área de saúde estrangeiros, não apenas italianos, para trabalharem temporariamente em áreas no interior do Brasil, afastadas dos grandes centros urbanos. ComunitàItaliana 19 comunidade comunidade São Paulo pára para receber Bento XVI que exorta fiéis e desfaz imagem de “frio e reservado” O Bruna Cenço ônibus, vindo da pequena cidade de Piraí do Sul, no Paraná, chegou às 11 horas da noite no Campo de Marte, zona norte de São Paulo. Dentro dele, 46 senhoras, que já haviam enfrentado oito horas de viagem e se preparavam para passar a madrugada em claro, à espera da missa do Papa Bento XVI. Marlene Felix da Silva, de 46 anos, uma das mais novas desse grupo, contou que a viagem foi decidida assim que elas souberam que o Papa viria ao Brasil. — Piraí do Sul foi uma das cidades por onde o Frei Galvão [primeiro santo brasileiro, canonizado na missa celebrada pelo Papa] passou. Por isso, a gente tinha que vir acompanhar a missa — conta ela. O roteiro das paranaenses incluiu a missa e nada mais. No momento em que os ritos finais fossem anunciados, elas voltariam para o ônibus a fim de enfrentar a maratona da volta. Para assistir à cerimônia, o grupo, composto na sua maioria de mulheres da terceira idade, precisou aprimorar a resistência física e mental. Marlene conta que, durante as 12 horas passadas no Campo de Marte, elas permaneceram acordadas e de pé. — A gente trouxe cadeiras para passar a noite, mas fomos proibidas de entrar com elas por medida de segurança — revela. Assim como Marlene e suas amigas, centenas de milhares de fiéis vieram a São Paulo para ver, mesmo que de longe e por alguns instantes somente, o Papa Bento XVI. E eles não vinham só do Brasil. Em todos os eventos, era possível ver bandeiras de diferentes países, como Argentina, Chile, Bolívia e México. Os números, apesar de não terem alcançado as expectativas, são surpreendentes. No dia da chegada, cerca de 15 mil pessoas esperaram a palavra do Santo Padre em frente ao Mosteiro de São Bento, no centro da cidade, onde ele ficou hospedado. No encontro de jovens, 35 mil lotaram o estádio do Pacaembu. Na missa no Campo de Marte, mais de um milhão de fiéis estiveram presentes. Na de Aparecida, 150 mil pessoas passaram o dia das mães longe de casa só para ouvir as palavras do pontífice. Em visita ao Brasil, o Pontífice fez crítica ao capitalismo, ao marxismo e reiterou sua reprovação ao aborto 20 ComunitàItaliana / Maio 2007 declarou, repetidamente, seu amor pelo povo, sempre que foi possível trocou o carro fechado pelo papamóvel [com o qual a interação com o público era maior] e até mesmo caminhou entre os fiéis em Aparecida. Já os discursos permaneceram com a contundência habitual dos sucessores de São Pedro [primeiro Papa da Igreja Católica]. O reforço aos valores cristãos e o respeito à vida foram abordados no primeiro dia da visita. Já no encontro de jovens, a castidade foi o assunto principal. Na missa do Campo de Marte, o peso de suas palavras caíram sobre a mídia, que “ridiculariza a virgindade”, e sobre os “desvios sexuais” na Igreja. Em Aparecida, na Fazenda Esperança, que promove a recuperação de dependentes de droga, o pontífice advertiu que os traficantes terão contas a prestar com Deus. Já o discurso do dia de encerramento da visita teve uma pesada crítica ao capitalismo e ao marxismo e a reprovação ao aborto, tema que havia sido evitado na reunião com o presidente Lula, tão logo chegou ao Brasil. Fervor que não se abala A cidade de Paola, na Calábria, celebra os 500 anos da morte de seu padroeiro, pelo qual a devoção de seus fiéis foi redobrada após terremoto Da Redação U ma das religiosas mais evangelizadoras e missionárias na história da Igreja Católica, Madre Teresa de Calcutá, quando perguntada sobre qual era “a força mais potente do universo”, respondia enfaticamente: “a fé”. E, concomitantemente aos preparativos para visita do papa Bento XVI ao Brasil, os italianos, e mais especificamente os calabreses, provaram que o fervor da religiosidade atravessa gerações. Foi o que aconteceu com milhares de fiéis que se reuniram para celebrar o quinto centenário da morte de São Francisco de Paula, na Calábria, na província de Cosenza. Tanto que na festa deste ano, realizada no último fim de semana de abril na Itália, uma comitiva chefiada pelo cônsul geral da Itália no Rio, Massimo Bellelli, levou representantes de cidades fluminenses a participarem do evento. O grupo era formado pelo prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, o vice-prefeito de Petrópolis, Henrique Manzani, o secretário do Trabalho e o presidente da Câmara Municipal de Barra do Piraí, Roberto Monzo Filho e Cristiano Almeida, respectivamente; o representante consular de Friburgo, Ronaldo Vanzillotta, o presidente do Hospital Italiano, Aldo Chianello, o diretor-presidente de ComunitàItaliana, Pietro Petraglia e o diretor-presidente da Unimed Duque de Caxias, Edmon Gomes da Silva Filho. No dia 4 de maio, a comitiva participou da missa solene presidida pelo cardeal Renato Raffaele Martino [que também acompanhou o Papa na visita ao Brasil]. O ritual, que durou duas horas, contou com a presença do pre- Fotos: Pietro Petraglia Unidos pela fé A administradora Débora Costa, de 29 anos, explica que, para os católicos, o Papa representa o mensageiro da vontade de Deus na Terra. Por isso, é tão importante para eles ouvir as palavras do Santo Padre ao vivo e ser abençoado por ele. Ela conta que precisou pedir oito dias de licença no trabalho para, junto com o grupo de jovens de São Luís do Maranhão, seguir toda a visita de Bento XVI, de São Paulo a Aparecida. — Meu coordenador sabia da importância que tem para mim estar nesse evento, então não houve problemas. Porém, mesmo que ele não deixasse, eu viria do mesmo jeito, afinal esse é um evento único — diz. Assim como Débora, quem decidiu acompanhar o pontífice não decepcionou. Contrariando a imagem de “frio e reservado”, Bento XVI se mostrou extremamente amável nos cinco dias em que esteve no Brasil. Logo no primeiro discurso, ele afirmou que o Brasil, país, hoje, com o mais alto número de católicos, “ocupa um lugar muito especial no coração do Papa”. No Mosteiro de São Bento, por diversas vezes, saiu à sacada para pregar palavras de fé, agradecer o carinho do povo brasileiro ou simplesmente acenar. Durante os eventos, sidente da região, Agazio Loiero, e a dos dirigentes das principais províncias calabresas, entre eles, Mario Oliviero, de Cosenza. Durante a celebração, cada um dos presidentes provinciais ofereceu o “óleo votivo” e Loiero acendeu uma espécie de “lâmpada” ateando fogo no óleo armazenado. O momento sugere um oferecimento de agrado ao Santo e a renovação de sua importância junto à comunidade presente. Depois da missa, cerca de 30 mil pessoas participaram da procissão que seguiu por entre as vias estreitas da montanha pao- Carlo Ponte em dois momentos: na entrega simbólica da chave a São Francisco de Paula e com o prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão lana. Das sacadas, os mais belos mantos saudavam a passagem da imagem de São Francisco e famílias inteiras se espremiam para arremessar flores sobre o andor. No ponto final da procissão, a Praça Pizzini, o comissário extraordinário da cidade, Carlo Ponte, fez a simbólica entrega das chaves ao santo. No mesmo local, uma surpresa demonstrava que a fé existe sem impedimentos, sendo capaz de unificar inclusive nações. Uma Maio 2007 / grande faixa diante da sacada: “Bem-vindos irmãos brasileiros”. Mas italianos e descendentes católicos que não puderam sentir o fervor da devoção a São Francisco no reduto do santo, porém estiveram no Rio de Janeiro durante a primeira semana de maio, não deixaram de fazer suas orações e agradecimentos. Em seis dias de festejos, a Paróquia dedicada ao santo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, reuniu mais de cinco mil fiéis numa programação diversificada que contou com palestras, a apresentação da Banda Sinfônica dos Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro, uma peça de teatro e a tradicional missa solene, presidida pelo cardeal arcebispo do Rio. Dom Eusébio Oscar Scheid, além da festa externa, com barraquinhas e comidas típicas da região da Calábria. — Precisávamos de uma programação adequada que apresentasse a figura de São Francisco aos paroquianos e ao público em geral. Hoje, mais do que nunca, a vida e a missão dele são exemplos para renovarmos os costumes de nossa fé e fazer reviver a essência do Evangelho. São Francisco se dedicava a pregar a conversão, a caridade, a humildade, a penitência e a fraternidade — salienta o frei Costantino Madarino, vigário da paróquia. A missa contou ainda com a presença do embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise e de centenas de jornaleiros [além de padroeiro da Calábria, São Francisco também protege a classe], como o membro fundador da Casa D’Itália de Petrópolis, Salvatore Santoro. Canonizado em 1° de maio de 1519, depois de vários processos que buscavam comprovações de seus milagres, São Francisco tem o dia 2 de abril dedicado às suas comemorações. Nascido em Paola [com, atualmente, 15 mil habitantes] o santo passou a ter devoção reforçada depois de um terremoto que atingiu a região, destruindo milhares de casas e vitimando outros milhares de calabreses. Segundo a história, a imagem em mármore do santo, localizada na porta de acesso à cidade se moveu e expressou a afirmação de que nada aconteceria ao povo paolano e às suas casas. Paola nada sofreu e seus cidadãos veneraram ainda mais São Francisco. E em toda casa de calabrês que se preze existe ao menos uma imagem do santo, seja na Itália ou no exterior. ComunitàItaliana 21 entrevista attualità Bruna Cenço Lendre magna aliquat, quissim 22 Padovani – Serão outros casos. Agora, se serão novos estudos, isso não dá para ter certeza, porque primeiro é preciso haver o interesse do município. Na Itália, chegamos num ponto em que não dá mais para fazer levantamento pelo simples interesse acadêmico, é necessário que haja o interesse da prefeitura. CI – Aqui no Brasil, algum município já demonstrou esse interesse? Padovani – Sim. A prefeitura de Santo André. Ainda não foi especificamente por esse estudo, mas ela se mostrou interessada no projeto. CI – Já existe data para divulgação de resultados? Padovani – Acredito que até 2008 tenhamos, pelo menos, um relatório preliminar. CI – O estudo foi feito baseado em municípios, mas a forma de análise de risco e de sucesso na operação também pode ser usada em empresas? Padovani – Com toda certeza. A escolha pela terceirização tem a ver Vale a pena terceirizar? Segundo o especialista italiano Emanuele Padovani, a hora é de colocar limites na terceirização de serviços Bruna Cenço Padovani – Enviamos os resultados sim, mas pouca coisa mudou. Uma ou outra cidade se interessou e fez algumas alterações, mas a maioria, não. CI – Todos os casos apresentados são de municípios de proporções médias na Itália. Porém, os mesmos 30 mil habitantes não passam de uma pequena cidade no Brasil. O estudo pode ser considerado válido aqui? Padovani – Perfeitamente. Inclusive um dos objetivos é, um dia, chegar a um estudo de uma megalópole, como São Paulo. Isso seria mais difícil, mas é possível, sim. O contexto de São Paulo e da Itália é muito similar. São Paulo foi colonizada por portugueses. Então, assim como a Itália e as demais civilizações latinas, foi ComunitàItaliana / Maio 2007 baseada no sistema napoleônico de administração. Isso nos deixa muito próximos. CI – Qual a próxima etapa? Padovani – Agora eu volto para Bologna, onde continuo levando os estudos da parte italiana adiante. Aqui, uma outra equipe, da Universidade Metodista, será responsável pela parte brasileira. O sistema de comparações ideal não é que uma mesma pessoa conheça os dois países, mas sim que uma pessoa do próprio país, que conheça as suas especificidades, faça o estudo e troquemos as experiências. CI – No começo da palestra foi dito que o foco aqui no Brasil seriam as cidades do ABC. A comparação será feita com os mesmo casos apresentados ou haverá novos estudos? com a diminuição de custos, que é um interesse econômico e não político. É o princípio básico da economia. O problema é determinar quais os serviços que podem ser terceirizados. A globalização deixa isso mais evidente, à medida que empresas passam a produzir em outros países como forma de diminuir custos. Terceirizar, então, é só mais uma forma de cortar gastos. CI – Às vezes um número pequeno de empresas manda no mercado. Quando há problemas como esse, o estudo prevê a possibilidade do processo ser revertido? Padovani – Certamente. Na teoria, nada impede que um modelo que está dando errado seja revertido e, inclusive, essa é a idéia. Um dos objetivos do estudo é colocar limites na terceirização, que tem sido feita sem critério em alguns casos. Porém, no caso do transporte público, dificilmente isso aconteceria por causa dos interesses econômicos envolvidos. “I taliana di m..da!” E’ così che si rivolge una signora immigrata, seduta accanto al marito e ai figli, ad una signora romana che dentro un autobus affollatissimo pesta involontariamente il piede alla prima e le chiede subito delle scuse. Sempre a Roma, sulla linea 19 del tram, un altro episodio che succede spesso. Un uomo sale in una delle fermate e con una chitarra comincia a suonare e cantare sempre la stessa canzone di tutte le altre volte. Poi, percorre tutto il mezzo chiedendo soldi alle persone. Ma non lo fa come tutti gli altri che con questo “lavoro” ci campano ogni giorno per le strade di Roma. Lui si rivolge in modo piuttosto aggressivo, soprattutto verso le donne, dicendo che la persona è buona se gli dà dei soldi e che è cattiva, grassa o che ha la cellulite se si rifiuta di farlo. Ma quello che ha forse fatto traboccare il vaso, provocando l’indignazione dei cittadini italiani e non, sia a Roma che in tutta l’Italia, è stata la morte di una ragazza aggredita dentro la metro con la punta di un ombrello da una prostituta rumena, che era già stata invitata ad uscire dal Paese prima che la Romania entrasse a far parte dell’Unione Europea. Qualche giorno fa un cittadino romano ha deciso di inviare una lettera al quotidiano “La Repubblica”, il quale l’ha pubblicata con il titolo: “Aiuto, sono di sinistra ma sto diventando razzista”. Claudio Polverini cerca di raccontare quello che accade ogni giorno in città e com’è nato il desiderio di comunicarlo. – Non c’è stata una molla scatenante, un atto di violenza compiuto verso di me o la mia famiglia o amici, – spiega l’autore nella lettera – ma un continuo stillicidio di fatti letti, di violenza vista, di sicumera da impunità, di moralità calpestata, di identità violata e violentata, di fatti raccontati da persone sconosciute su un tram o una metropolitana. Ansa Alberto Carvalho O que funciona melhor: ter os seus próprios equipamentos e pagar menos pelo serviço individual ou terceirizar as atividades e assim economizar os custos de manutenção? Para responder a isso e evitar problemas de gerenciamento, a Universidade de Bologna, na Itália, promove um estudo sobre a terceirização de serviços públicos. Professor da instituição, o especialista em controle e gerenciamento de organizações do setor público Emanuele Padovani veio a São Paulo neste mês para uma palestra sobre a pesquisa, que terá continuidade no Brasil. Segundo ele, o estudo é importante para colocar limites na terceirização de serviços, que tem sido feita sem discernimento em algumas cidades. O exemplo mais usado para a pesquisa foi o da limpeza de estradas nos municípios italianos. De acordo com ele, a importância dessa tarefa e a dificuldade de analisar a eficácia do trabalho fazem dessa atividade um dos exemplos mais indicados para a análise. Uma parceria entre a Universidade de Bologna e a Universidade Metodista de São Paulo pretende fazer um estudo semelhante em municípios brasileiros, começando pelo ABC Paulista [Santo André, São Bernardo e São Caetano]. Nesta entrevista, o professor explicou sobre o projeto. ComunitàItaliana – Essa idéia teve relação com algum pedido de uma prefeitura? Padovani – Não. Os estudos foram motivados pelo desejo acadêmico de entender o processo de terceirização, muito recorrente em todo mundo, e assim aprimorá-lo. Os municípios não precisam cooperar necessariamente. CI – E os resultados foram enviados às cidades? Italiani razzisti? Lettera di un cittadino apre dibattito su diritti e doveri di tutti, immigrati compresi Ana Paula Torres Correspondente • Roma Il testo di Polverini, che subito dopo la sua pubblicazione ha ricevuto il consenso di centinaia di lettori che si sono espressi in un apposito forum aperto sul sito internet di “La Repubblica”, mette in dubbio la tolleranza che vi sarebbe in altri paesi: – Di fronte agli stupri che avvengono, troppo frequentemente, in varie città italiane, mi chiedo: e se io stuprassi una “L’intolleranza verso lo straniero cresce ogni giorno e che non si fa nulla per eliminarla” Claudio Polverini, cittadino romano giovane araba alla Mecca o a Casablanca, se venissi preso dalla locale polizia a cosa andrei incontro? E se a Bucarest, in metropolitana, avessi accoltellato un giovane rumeno per una spinta ricevuta, che mi avrebbero fatto le locali autorità? Perché – si chiede Polverini – devo essere sempre buono ed accogliente con i nomadi, ahi, tasto dolentissimo e pericolosissimo, quando questi rubano, si ubriacano, violano la mia casa e la mia intimità, quando rovistano nei cassonetti e buttano tutto fuori, quando mendicano con cattiveria e violenza, quando bastonano le immigrate che non vogliono prostituirsi, quando sbattono i bambini in strada Maio 2007 / o mandano i figli a scuola con i pidocchi? Claudio Polverini afferma che l’intolleranza verso lo straniero cresce ogni giorno e che non si fa nulla per eliminarla. “Centinaia di persone come me, – spiega – che hanno sempre litigato con tutti per difendere chi entra in questo Paese, che si sono battute come leoni contro l’intolleranza e la violenza xenofoba, sono stremate e ridotte, ormai, alla schizofrenia.” Lui conclude la lettera sottolineando di sapere che tanti reati vengono compiuti anche da italiani e che la richiesta allora è di una legalità che valga per tutti. Un altro punto sollevato da Polverini è che spesso chi chiede questa legalità viene dipinto come razzista e di destra. Lui, essendo dichiaratamente di sinistra, dice di aver paura di star diventando razzista. Alla sua lettera ha risposto anche il sindaco di Roma Walter Veltroni, dicendo che la legalità non è di destra o di sinistra. – E’ un diritto fondamentale dei cittadini, e chiunque è al governo di una comunità sa che assicurarne il rispetto è un suo compito, un suo dovere. Soprattutto oggi, - scrive Veltroni – perché ogni persona che abbia occhi per vedere e orecchie per sentire percepisce che effettivamente, nella nostra società, le braci dell’insicurezza e della diffidenza verso gli stranieri rischiano di trasformarsi in un incendio di intolleranza e poi di odio, di chiusura e poi di esclusione. Il primo cittadino di Roma propone come combattere questo fenomeno: – Ecco il duplice atteggiamento: condizioni di vita migliori, scolarizzazione e inserimento lavorativo, in una parola solidarietà, per chi rispetta la legge e le regole di convivenza civile. Fermezza e assoluta severità per chi di queste leggi non si cura e queste regole le infrange. Inoltre, il sindaco sottolinea la necessità di governare i flussi di entrata e moltiplicare gli strumenti di integrazione. – Bisogna affermare il principio che per chi sceglie di vivere in Italia non ci sono solo diritti: ci sono i doveri, ci sono le leggi da rispettare. Integrazione e legalità – conclude Veltroni – devono sempre convivere. ComunitàItaliana 23 attualità profilo / attualità “Sono state valutate le possibilità di incrementi alla collaborazione, in un rapporto di vantaggi reciproci per Italia e Brasile” Marco Verzaschi, Vice Ministro della Difesa italiano 24 Fotos: Roberth Trindade Preparare, mirare... Fiera delle Armi e Difesa in America Latina riunisce paesi di vari continenti. Con uno stand maggiore, l’Italia porta innovazioni Sílvia Souza to a livelli commerciali, perché è un’opportunità di fare contatti con fornitori e persone interessate di altri paesi, non soltanto il Brasile, come a livello di attuazione nel mondo. Per tutto ciò che ha già vissuto nella sua storia e le cause per le quali ha già lottato, l’Italia è molto impegnata con i problemi di sicurezza e anche con la difesa della pace – mette in risalto il console Bellelli. Marco Verzaschi, che durante il suo soggiorno in Brasile ha incontrato il ministro brasiliano della Difesa, Waldir Pires, ha considerato che alla LAAD “sono stati condivise le eccellenti ComunitàItaliana / Maio 2007 relazioni di cooperazione esistenti tra i due paesi [Italia e Brasile] nel settore degli articoli di difesa e sono stati valutate le possibilità di incrementi alla collaborazione, in un rapporto di vantaggi reciproci”. Ancora in accordo alla nota ufficiale del Vice Ministro, “è emersa nell’incontro [con Waldir Pires] un’ampia intesa sulla necessità di agire nell’ambito dell’ONU, con intenzioni comuni, sia nel processo di riforme della stessa organizzazione, sia nelle soluzioni di conflitti internazionali”. L’Italia e il Brasile hanno deciso di dare impulso al memoran- dum di intese per la cooperazione nel settore della difesa firmato nel 1991. Ma è da molto che il Brasile è mercato per l’Italia. La partnership tra la Finmeccanica [maggiore impresa del segmento in Italia e presente alla LAAD con cinque società: AgustaWestland, Galileo Avionica, Selex Communications, Selex Sistemi Integrati e Alcatel Alenia Space] e l’industria aeronautica brasiliana risale agli anni ’70, quando la Força Aérea Brasileira (FAB) scelse l’Alenia Aermacchi MB-326, un aviogetto da addestramento, per equipaggiare i suoi centri di addestramento di volo e le unità operative. Per dieci anni, secondo l’impresa, sono state prodotti oltre 180 aerei del modello con licenza brasiliana, in cooperazione con l’Embraer. E mentre l’AugustaWestland si è specializzata in prodotti per i bisogni marittimi di civili e militari, l’Alcatel Alenia Space ha esibito alla Fiera i suoi principali programmi di telecomunicazioni militari e di osservazione di satelliti, che potevano essere provati dai visitatori. Secondo il direttore dell’ICE, Riccardo Landi, la visita delle autorità del segmento dà uno speciale significato agli investimenti fatti nel settore, combinando la promozione delle tecnologie ai servizi italiani. — Spesso gli affari non vengono conclusi negli eventi, ma essi servono per un primo contatto. È la nostra presentazione, perciò stiamo attenti ai supporti per accogliere nel migliore dei modi i nuovi partner – spiega. Leader in avionica [apparecchiature elettroniche per impieghi aeronautici], la Galileo Avionica si è consolidata in Brasile, ove è presente dagli anni ’80. Concentrata nella produzione di radar di avvicinamento e precisione, simulatori e equipaggiamenti spaziali per piattaforme e cariche esplosive, l’impresa ha lanciato in Brasile tre nuovi prodotti, oltre ad aver presentato quattro componenti che compongono il programma “Soldato del futuro”, applicato dall’Esercito Italiano. Tra i modelli visti di prima mano in America Latina c’erano il radar Grifo-F, l’aereo-bersaglio Mirach 100/5, che gestisce fino ad otto bersagli simultaneamente, e il sistema Atos, per missioni di aerotrasporto. L a delegazione di imprenditori italiani presente alla Latin American Air Defence è stata capitanata dal Vice Ministro alla Difesa Marco Verzaschi. In uno scambio di idee avvenuto nell’accogliente sala del Console Generale Bellelli, anfitrione sempre competente e cortese, Verzaschi si è espresso su vari argomenti. Ha innanzitutto dato la sua valutazione della presenza italiana alla LAAD, da lui ritenuta perfettamente valida dal punto di vista tecnologico, seppur composta da un numero ristretto di espositori. Poi ha ricordato che l’Augusta, presente con i suoi più recenti elicotteri e che nel 1996 aveva avuto sei ordini e aveva consegnato un solo elicottero, l’anno scorso ha avuto un fatturato di 650 milioni di euro e ha impegni che vanno fino al 2009. Ha poi sottolineato la disponibilità italiana a collaborare tecnologicamente, in regime di partnenariato, con tutti i Paesi dell’America Meridionale, poiché le nostre aziende si muovono liberamente nei mercati, anche se da un punto di vista politico il Brasile è una delle nazioni con le quali l’Italia vuole stringere rapporti. Sollecitato da una domanda di Comunità sul ruolo della nostra Difesa per ciò che riguarda la lotta mondiale al terrorismo, ha voluto esaltare il ruolo delle nostre truppe dalla Somalia all’Afganistan, dove è generalizzato l’apprezzamento per il lavoro dei nostri militari. Inoltre ha ricordato che deve parti- Roberth Trindade R adar ultra sensibili, elicotteri di ultima generazione, aerei agili e armi con specificità inimmaginabili per un semplice civile. Si trovava di tutto alla Fiera Latino-Americana di Armi e Difesa, la LAAD, avutasi a Rio de Janeiro e che ha riunito 30 Paesi importanti nel segmento di difesa dei loro territori, di logistica militare a anche della manutenzione della pace nel mondo. Alla sua sesta edizione, la LAAD, che ha luogo ogni due anni, ha provato che il tema sicurezza genera investimenti. L’evento, rivolto alle Forze Armate, ha presentato una crescita del 17% in confronto all’edizione del 2005, quando ha ricevuto oltre 12mila visitatori. Esempio per ciò che riguarda le relazioni europee con l’Oriente Medio e conosciuta per l’ efficace azione della sua polizia, l’Italia è stata presente per la quarta volta all’evento e ha portato le principali marche produttrici di prodotti legati alla difesa, oltre a rappresentanti del Governo e Forze Armate. Formata da circa 20 persone, tra cui il Vice Ministro della Difesa Marco Verzaschi, la delegazione italiana ha visitato il padiglione ufficiale del Paese, composto da 15 imprese. La comitiva è stata accompagnata dal console d’Italia a Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, ed è stata organizzata grazie ad una partnership tra l’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE) e L’Associazione Nazionale delle Industrie per l’Aerospazio e la Difesa (AIAD). — Eventi come questo dimostrano il ruolo dell’Italia tan- In regime di partneriato Il Vice Ministro alla Difesa Marco Verzaschi sottolinea la disponibilità italiana a collaborare Daniele Mengacci re anche un’azione politica che non può essere svolta dai militari – perché non è il loro compito – ma dagli organismi internazionali e dalla diplomazia, per “chiudere” il cerchio della pace. Questa chiusura manca nei Balcani, in alcune zone come il Kossovo, dove noi ci troviamo in maniera massiccia e abbiamo il plauso di tutte le autorità locali. Per ciò che concerne il momento politico italiano, segnato dalla nascita del Partito Democratico [PD] e dalle polemiche a rispetto della sua collocazione ideale e culturale, il Vice Ministro ha detto a Comunità che La Federazione Democristiana (UDEUR e Nuova DC) sarà alleata della nuova aggregazione politica, e ne ha poi così analizzato le conseguenze: “Siamo consapevoli che questo centrosinistra sarà un esperienza che non si potrà riproporre: troppe forze diversificate l’una con l’altra, troppe difficoltà per fare scelte su temi importanti come la politica estera e quindi crediamo che nascerà una grande forza di centro. È chiaro che questo andrà a scapito di una parte del centrodestra, e non parlo solo della UDC, ma di gran parte dell’elettorato di Forza Italia, che può e deve dialogare con la parte moderata del centrosinistra. Credo che questo possa rappresentare un quadro politico stabile che va dal 60 al 70% del consenso di quest’area. La gente vuole questa stabilità e credo che anche con un PD depurato della sinistra radicale si possa tranquillamente governare bene in senso riformista”. Parlando infine di riforme istituzionali, e in special modo del Senato delle Regioni approvato in prima lettura dalla Camera nella scorsa legislatura, ha voluto confermare che, almeno secondo la posizione assunta dal suo partito (UDEUR), i senatori eletti all’estero dovranno trovarci comunque una collocazione in ragione della rappresentanza, quella dei nostri emigrati, che esercitano. atualidade atualidade 26 Uma mãe incansável Maranhense luta pela guarda de filho brasileiro em Milão Guilherme Aquino Correspondente • Milão a ver Isaac. Depois da primeira audiência, o Tribunal de Apelação de Turim, não deu a permissão para que Civanilde e seu filho se encontrassem. Cláudio Barbieri esteve com ele mas não pode falar sobre a mãe e nem sobre o processo em curso. — Ele me disse que gostaria de ir ao Brasil por dois ou três meses, que tem boas lembranças de lá, da praia, lembra da mãe, da avó e da irmã [Civanilde tem uma outra filha]. Ele se sente em casa no orfanato onde está há quase 5 anos, vai à escola, toca violão, tem até uma namorada que vive no orfanato. Nos fins de semana, ele sai com uma família que gostaria de adotá-lo — diz Barbieri. Civanilde passa os dias contando as horas para rever o filho. Ela está vivendo em uma casa de religiosas onde já fez amizade com uma outra brasileira, Leda Silva. ComunitàItaliana / Maio 2007 — Ela só chora e tem fome, pois sente saudades da comidinha de casa — revela a amiga. Civanilde não entende por que não pode ver o filho. Eles estão separados por menos de 300 quilômetros. — Ninguém pode tirar este meu direito. Ele saiu de dentro Barbieri e Civanilde: empenhados na causa de mim, é meu filho. Quando eu soube que ele estava num orfanato, entrei na justiça. Nunca deixei de ser a mãe dele. Eu quero o melhor para o meu filho. E quero que ele saiba disso. Sei que o que me espera não é fácil. Deus vai me ajudar. Não quero obrigá-lo a nada, apenas que saiba que eu existo e que nunca o abandonei — declara. No começo do mês de maio ela deu mais um importante passo rumo a Isaac. Civanilde, com a ajuda de uma intérprete, foi sabatinada por uma psiquiatra infantil italiana, perita do Tribunal de Turim. Somente depois de ouvir todas as partes envolvidas a especialista irá elaborar um relatório para os seis juízes da Corte de Apelação de Turim que irão decidir se mãe e filho podem se reencontrar. Num primeiro julgamento, no ano passado, houve perda da causa. Mas, na verdade, Civanilde nem pôde comparecer. O governo do Maranhão, sensível à sua luta, deu a ela uma passagem aérea para chegar a tempo da audiência em outubro de 2006, em Turim. Mas houve falta de comunicação entre o governo do estado do Maranhão, o ministério das Relações Exteriores do Brasil, a Embaixada do Brasil na França e o consulado do Brasil em Milão. A segunda tentativa deu certo. Ela embarcou num vôo, com passagem comprada pelo Palácio do Itamaraty, foi recebida em Milão por representantes do Consulado do Brasil e chegou a tempo de estar presente e defender o desejo de abraçar Isaac diante do tribunal de Turim. Nesta audiência, na qual foi suspenso o procedimento de adoção de Isaac, lhe foi negado o direito de ver o filho. A beleza “no sangue” Vem do Paraná a representante ítalo-brasileira do concurso Miss Italia nel Mondo a ser realizado em junho próximo T Bruna Cenço aisy dalla Libera. O sobrenome não nega a origem italiana. A paranaense da cidade de Medianeira tem o que se pode chamar de talento nato ou sorte de principiante. A jovem de 18 anos, que vendia roupas em sua cidade, talvez não imaginasse que se tornaria Miss Italia Brasil, desde quando optou participar de concursos de beleza, há um ano e meio. O convite para a disputa do título veio depois de um bom desempenho na competição estadual. — Conhecia o concurso, mas nunca tinha pensado em participar. Quando fiquei em terceiro no Miss Paraná, recebi a proposta. Isso foi há duas semanas. Daí só deu tempo de arranjar patrocínio e vir para cá — conta Taisy. Durante o concurso, a expectativa tomou conta dos cerca de 800 convidados que estavam no Circus Alphaville, em São Paulo, no dia 16 de abril. Na ocasião, 20 garotas de 17 a 28 anos, selecionadas em seis estados do país, se reuniram para decidir quem iria ter a honra de representar o Brasil na final de um dos mais importantes concursos de beleza do planeta, o Miss Italia nel Mondo. Essa será a 17ª edição do evento, que trará como novidade o aumento no número total de candidatas e de representantes por nação. Segundo o vice-presidente mundial do concurso, o italiano Nino Malizia, a mudança do lugar da etapa final para um espaço maior possibilitou que cada país fosse representado por até três meninas. — Ao todo, serão 50 garotas, vindas de 38 países, em vez de apenas 40, como acontecia até 2006 — ressalta. O Brasil, então, terá como representantes, além da Miss Italia Brasil, a Miss Italia Amazonia e a Miss Italia Sudamerica. As três irão se juntar às outras finalistas nos dias 11 a 25 de junho, na Itália, para concorrerem ao título de Miss Italia nel Mondo e aos prêmios de US$ 50 mil mais um contrato com a rede de televisão RAI, que vai transmitir o evento. O título de representante da Amazônia, até então decidido em um concurso no Caribe, ficou com a gaúcha Shirley Maurina, 19, para quem a disputa começou bastante cedo. Ela teve que passar por duas eliminatórias, a da Serra Gaúcha e a do Estado do Rio Grande do Sul, antes de chegar à final. — Já me sentia uma vencedora por estar aqui competindo. Ganhar então, não tenho nem palavras — confessa. Já a Miss Italia Sudamerica, a goiana Nevila Palmieri, 20, tem como principal característica a persistência. Miss Goiás em 2005, essa é a segunda vez que a beldade busca o título. — Sempre gostei de concursos. Participei do primeiro aos 13 anos. No ano passado fiquei em terceiro no Miss Itália e resolvi tentar de novo. Representar um país, divulgar essa mistura de Brasil e Itália é sinônimo de muito orgulho pra gente— diz a feliz ganhadora. Para participar do concurso, a candidata deveria ter no mínimo 1,70 m e ser descendente de italianos até a 5ª geração. Conhecimento da cultura e da língua italiana também são considerados essenciais, portanto, as vencedoras brasileiras recebem aulas intensivas durante os dois meses existentes até a final. Quem já passou por isso, como a Miss Italia Brasil 2006, Heloisa Beraldo, sabe o quanto é importante falar o idioma já que, no fim, o voto é popular e as concorrentes precisam dar entrevistas à televisão para conquistar o público. — Na Itália, é quase um Big Brother. A TV acompanha os lugares em que a gente vai e, nos intervalos dos programas, aparece o nosso nome e o número para que o público vote por telefone — lembra. Segundo ela, o concurso também abre as portas para oportunidades no país. — A Miss Italia Amazonia do ano passado, a brasileira Karina Michelin, venceu a disputa em 2006 e até hoje apresenta um programa de televisão na Itália — comprova Heloisa. Apesar de ter representantes brasileiras há alguns anos, até Fotos: Laís Oliveira Fotos: Divulgação C ivanilde Costa Marques, de 29 anos, está na Itália há mais de um mês. Ela se prepara para o veredito final da justiça italiana sobre o destino do filho Isaac, 12. Em 2002, essa maranhense recuperou o direito sobre a guarda do filho diante da magistratura brasileira mas a sentença não foi reconhecida na Itália. Tudo começou quando, em 1998, o menino começou a viver na Itália com sua irmã, por parte de pai, que era casada com um italiano. Na ocasião, ela tinha prometido dar à criança uma vida melhor do que aquela oferecida pela mãe na cidade de São Vicente Ferrer, no interior do Maranhão. Poucos anos depois, a “meia-irmã” de Isaac entrou em depressão e voltou para o Brasil deixando- o com o marido em Turim. Em 2003, o menino foi levado para um orfanato italiano porque o “pai” não tinha condições de criá-lo sozinho. A descoberta sobre os maus tratos sofridos pelo menino em Turim chegou através do setor de assistência social que investigou as denúncias e confirmou as suspeitas levantadas pelos professores da escola freqüentada por Isaac. Ele foi levado para um orfanato e, quando Civanilde soube da situação, começou um longo percurso judicial no Brasil e na Itália, com a ajuda do governo brasileiro. — Estamos dando a ela todo o apoio necessário. O governo brasileiro está fazendo o possível. O caso é jurídico mas tudo pode acontecer e, se ele evoluir para uma questão política, tentaremos sempre a via do diálogo — afirma o cônsul geral do Brasil em Milão, Daryel de Lima. O processo já acumula centenas de páginas e tem tirado o sono do assistente consular Cláudio Barbieri, que acabou sendo testemunha de defesa no processo italiano. Nele, Civanilde tenta provar para a justiça italiana que é a mãe de Isaac e tem condições de criá-lo. — Ela é uma mulher humilde mas muito determinada. Basta ver aonde ela chegou. Do interior do Maranhão, foi à comarca judicial dela, depois ao governo do estado do Maranhão, depois ao Itamaraty e finalmente aqui, no Consulado — lembra o assistente consular. Por enquanto, Cláudio Barbieri é a única pessoa autorizada 2005 o concurso era vinculado ao Miss Farroupilha (RS). Só no ano passado é que foram criadas fases seletivas nos estados. Segundo Malizia, por conta disso, houve um aprimoramento da etapa brasileira e já existem planos para as próximas edições. Um deles é promover a seleção final na cidade do Rio de Janeiro. Apesar dos planejamentos e da evolução no desenvolvimento do concurso, Heloísa diz que ainda há muito a ser aprimorado. — Na Itália, em qualquer lugar que você vai, todos, da criancinha ao mais velhinho, falam “ah, você é a Miss Brasil” e até pedem autógrafo. Na final, as meninas se enfrentam num show de talentos, o que é muito mais divertido. No Brasil, o concurso está crescendo e espero que, em breve, cheguemos a esse nível — declara. Em sua 17ª edição, o concurso trará o aumento no número de candidatas e representantes por nação Abril 2007 / ComunitàItaliana 27 Italianos no Brasil comemoram o surgimento das rotas regulares entre São Paulo e Milão A Aline Buaes pesar das contínuas reclamações dos italianos no Brasil pela volta do vôo da Alitalia direto do Rio de Janeiro para Roma, a comunidade italiana só tem a comemorar com a inauguração do vôo diário da TAM entre São Paulo e Milão. Desde junho do ano passado, quando a Varig cancelou seus vôos diários para o aeroporto internacional milanês, a Alitalia tentava em vão dar conta do cada vez maior fluxo de passageiros entre os dois países. A grande esperança dos usuários desta rota é que, com a possível retomada dos vôos internacionais pela Varig, a concorrência entre as companhias aéreas voando para a Itália traga benefícios para os passageiros, como melhores preços e qualidade no atendimento. Depois de muitos meses sem uma empresa aérea brasileira indo para a Itália, a TAM, graças a um acordo bilateral firmado entre os governos dos dois países em novembro de 2006, inaugurou em 30 de março de 2007 o vôo diário partindo de São Paulo pa- ra Milão. Este fato veio atender a uma demanda cada vez maior, visto que a companhia de bandeira italiana Alitalia atravessa uma grave crise econômica e está em processo de privatização. Desde junho de 2006, ela era a única a realizar vôos regulares diretos do Brasil para a Itália. Entre os critérios utilizados pela TAM para escolher a “bota” como seu terceiro destino dentro da Europa, está a alta demanda do mercado italiano, determinada pelo crescimento da preferência pelos pontos turísticos brasileiros. Mas, segundo o diretor de vendas da companhia, Klaus Kuhnast, não é só o entretenimento que estimula o turista a chegar ao Brasil. — Além das viagens a lazer e de incentivo, o tráfego de negócios vem crescendo bastante — analisa. Até o início de 2006, a Varig era a líder absoluta no mercado brasileiro de vôos internacionais, com 71 por cento de participação. Segundo os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), este número baixou para apenas 11 por cento no início de 2007, após o cancelamento dos vôos internacionais da companhia. Em termos de comparação, durante o ano de 2005, a Varig e a Alitalia disputavam praticamente sozinhas os passageiros dos vôos internacionais entre Brasil e Itália, com 49 por cento de participação cada uma. Para o diretor-geral da Alitalia no Brasil, Alessandro Amadeo, deve-se admitir que a companhia aérea não conseguiu suprir a demanda. — Realmente não conseguimos absorver a grande demanda. O ingresso da TAM no mercado preencherá a lacuna que existia. Com isso, o serviço tende a melhorar, vai aumentar a capacidade e satisfazer a demanda — confessa. Amadeo também reiterou que “o mercado do Brasil é o mais importante da América do Sul para a empresa”, salientando que o aumento do tráfego de passageiros entre Brasil e Itá- Daniel Duchon “O ingresso da TAM no mercado preencherá a lacuna que existia. Com isso, o serviço tende a melhorar” Alessandra Amadeo, diretor-geral da Alitalia no Brasil 28 ComunitàItaliana / Maio 2007 Enzo, filho de Luca Locci, nasceu em meio à confusão dos vôos internacionais durante crise na Varig — Eles têm uma exigência maior de um vôo direto, tanto pelo tempo quanto pelo incômodo e pelas bagagens — reflete. Locci acredita que os dois pilares do trânsito das viagens a negócios entre Brasil e Itália serão mesmo as duas companhias com vôos diretos regulares, TAM e Alitalia, apesar da existência de outros com menos freqüências, como as rotas operadas pela BRA e pela Lauda Air. Para o professor da Universidade de Milão, Gian Luigi De Rosa, que costuma vir ao Brasil freqüentemente para participar de congressos e realizar pesquisas, uma das principais conseqüências da crise da Varig foi o aumento dos preços das outras companhias aéreas. — O que mudou de fato foi o preço das outras companhias. Como a maioria dos italianos e dos brasileiros médios, não tenho uma companhia de preferência. O que interessa é o conforto e o preço — afirma. Comunidade italiana luta pelo vôo direto para Roma Uma das principais reclamações dos italianos no Brasil é a falta de um vôo direto para Roma. Há três anos, a Alitalia cancelou o vôo entre Rio de Janeiro e Roma, provocando protestos inclusive em órgãos governamentais. Hoje, um dos principais militantes desta causa é o Cônsul Geral da Itália no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, que já conquistou o apoio do governador do Estado, Sérgio Cabral, e de membros do Senado italiano. — Tanto o mercado é bom que a Air France colocará o segundo vôo direto para Roma e a companhia diz que as classes econômicas dos vôos estão sempre cheias. O governo do estado do Rio baixou a tarifa de ICMS por combustível de 25 para 4 por cento em todos os aeroportos brasileiros — fala o cônsul. O diretor-geral da Alitalia no Brasil explica que a cidade de Milão é “o centro dos negócios de quem sai do Brasil para a Itália”, ao contrário de Roma, onde a exigência é mais de caráter turístico. Apesar de admitir que existem estudos para viabilizar um aumento das freqüências de vôos entre os dois países, ele reitera que a empresa vai continuar priorizando “o público business”. Bellelli, ao defender a volta dos vôos diretos da Alitalia entre as capitais carioca italiana, afirma que o Rio ainda é o destino de muitos italianos que vêm ao Brasil, tanto a turismo quanto a negócios, lembrando que o estado é sede de muitas grandes empresas italianas no país. Ele cita um levantamento realizado recentemente pelo Consulado, o qual afirma que em torno de 200 mil italianos passam pelo Rio de Janeiro todos os anos, tanto a turismo quanto a negócios. — O mercado potencial existe. A maior parte das pessoas acaba viajando com outras companhias européias, cujos vôos estão sempre lotados, principalmente com italianos. As companhias de Portugal e da França estão tomando conta deste mercado — revela Bellelli. O cônsul também cita a grande crise que afetou a aviação civil internacional, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, para explicar como o Rio de Janeiro perdeu muitos vôos internacionais, principalmente os da Alitalia. Na sua opinião, existe muito mais interesse do Brasil em Roma e no sul da Itália do que em Milão. O empresário Luca Locci também defende a volta de um vôo direto para Roma. — É ridículo não ter pelo menos um vôo por semana para a capital da Itália. Afinal, tem o Vaticano, a sede do governo e é a segunda cidade mais importante do país — pontua, lembrando que boa parte da imigração italiana para o Brasil veio do sul da Itália. O senador italiano Edoardo Pollastri, eleito pela circunscrição da América do Sul e passageiro assíduo dos vôos entre Brasil e Itália, pois mantêm sua residência em São Paulo, destaca a ausência de um vôo direto para Roma como uma das principais reclamações da comunidade italiana no país. Ele, que costuma vir ao Brasil durante as folgas do Senado italiano, localizado justamente em Roma, lamentou o fato de a TAM ter mantido o aeroporto internacional de Milão como base de seus vôos na Itália. Segundo o senador, os governos dos dois países estão negociando para que uma companhia aérea preencha esta demanda e assuma uma rota partindo do Brasil diretamente para Roma. Apesar de não ter informado detalhes, Pollastri afirmou que a TAM e a Alitalia já estão negociando há bastante tempo e que a crise da Alitalia e o processo de privatização estão dificultando o avanço das negociações. — O mais natural seria a Alitalia, mas a TAM está se colocando como segunda opção, pela viabilidade e pelo interesse na iniciativa — admite o senador italiano que, como todos os italianos e seus descendentes, espera pelo “sucesso do processo de privatização da Alitalia”. Maio 2007 / A crise da Alitalia e a questão moral A crise que a Alitalia está passando atualmente e o processo de privatização da empresa, que deve ser concluído até o final do ano, é um dos aspectos que impedem o crescimento da empresa no mercado. Conforme explica o empresário Locci, apesar das inúmeras reclamações “dos italianos no exterior com o serviço prestado pela Alitalia”, todos continuam dando “preferência” pela empresa, por motivos que ele define como “de sangue” ou “de patriotismo”. O empresário, que mora há 11 anos em São Paulo, salienta a importância para um emigrado de “entrar em um avião de bandeira italiana, com pessoas falando sua língua, com vídeos em língua italiana e pratos típicos”. Promoções especiais para italianos No que depender de incentivos, os ítalo-brasileiros ou até mesmo os fãs declarados da bota terão motivos para ficarem mais animados em conhecer a Itália. Outra novidade é que o senador Pollastri está pessoalmente envolvido em um projeto destinado para os descendentes de italianos que nunca estiveram na terra natal de seus familiares. Ele está acompanhando de perto uma iniciativa do Ministério para os Italianos no Exterior para fornecer pacotes turísticos junto a companhias aéreas, especialmente a Alitalia, para descendentes de italianos que viajam pela primeira vez. O projeto, que está em fase inicial e pretende abranger não apenas os ítalo-brasileiros, mas descendentes de toda a América Latina, poderá começar a funcionar a partir de 2008. ComunitàItaliana Barbara Bar Mais vôos lia nos últimos anos deve-se ao crescimento da indústria brasileira e ao conseqüente aumento das exportações. A rota entre São Paulo e Milão continua sendo, desde muitos anos, a mais rentável da companhia no continente, superando até mesmo a de Buenos Aires, onde se concentra uma igualmente grande comunidade italiana. O drama dos passageiros Um bom exemplo de como a crise da Varig afetou os passageiros dos vôos entre Brasil e Itália é a história do ítalo-brasileiro Lorenzo Locci, atualmente com 10 meses de idade, nascido em meio à confusão dos cancelamentos das rotas internacionais da até então maior companhia aérea brasileira. Em junho de 2006, nascia em São Paulo o filho do empresário italiano Luca Locci, morador da cidade desde 1996 e passageiro assíduo dos vôos para a Itália. Os avós italianos da criança vieram ao Brasil para acompanhar o parto e conhecer o pequeno Lorenzo. O plano inicial era permanecer alguns dias, mas a confusão gerada com o cancelamento dos vôos da Varig e a falta de outras opções, obrigou o casal a permanecer quase dois meses no país. O empresário, atuante no setor de transportes internacionais, afirma que a crise da Varig foi um fato “tremendo”, principalmente para os italianos residentes no Brasil. Daniella Marques atualidade 29 atualidade Vida bandida Em busca de dinheiro e melhores condições de vida, brasileiras vão para a Europa e percebem que são vítimas do tráfico de pessoas. Exploração sexual e trabalho escravo as esperam ao desembarcarem nos aeroportos Nara Vieira da Silva Osga Nayra Garofle 30 ComunitàItaliana / Maio 2007 manter relações sexuais com seu “marido”. Durante uma briga entre o italiano e a brasileira, ela conseguiu fugir. Voltou ao Brasil e, sem dinheiro, não pôde comparecer à audiência quando autoridades alemãs solicitaram sua presença no país. Portanto, seu caso ficou sem desfecho. — É tão revoltante ver o traficante à solta. Minha aliciadora está ficando rica, comprando carros, casa. Cada vez que volta, ela leva duas ou três meninas — afirma Elaine que, por receber ameaças de morte, tem sua identidade e seu endereço mantidos em sigilo. Joshua Rindner há vários tipos de tráfico e exploração, dentre os quais: a rede de entretenimento [shoppings, boates, bares, etc], rede do mercado de moda [agências de modelos] e rede de agências de casamento. As rotas nacionais e internacionais do tráfico mudam de acordo com a descoberta de uma quadrilha. De acordo com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (Unodc) as brasileiras estão entre as principais vítimas do tráfico de pessoas para a exploração sexual, principalmente as do Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás. As mulheres, vítimas do tráfico de pessoas, são atraídas com falsas promessas de casamentos e uma oportunidade de vida melhor. Foi o que aconteceu com Elaine [nome fictício dado à mulher que foi parar na Alemanha por conta de um falso casamento com um italiano], como relatou em entrevista recente à imprensa. — Fui vendida a um italiano como escrava sexual. Fui para passar três meses, para conhecêlo. Foram 15 dias que pareceram 15 anos — relata a brasileira que foi convencida por uma senhora de seu bairro, em Pernambuco, a casar com um italiano que procurava uma esposa. Elaine não podia imaginar que a senhora com bíblia na mão era uma aliciadora. No exterior, foi obrigada a receber “clientes” alemães e turcos além de ter de que se submeteram a entrevistas, 76 por cento não foram aceitas nos países de destino. Entre as nações que mais recusaram a entrada das brasileiras estão Portugal, seguida da Itália e França. A Itália se encontra entre os países de destino mais freqüente das vítimas, assim como a Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Holanda e Japão. Segundo o Unodc, as mulheres jovens, entre 18 e 21 anos, solteiras e de baixa escolaridade são as principais vítimas das redes internacionais de tráfico de seres humanos que operam no Brasil. Já os aliciadores, geralmente, são homens entre 31 e 41 anos, com bom grau de escolaridade, e empresários que trabalham em casas de show, bares e agências de turismo. A articuladora Priscila Siqueira, do Serviço à Mulher Marginalizada (SMM), que existe no Brasil há 15 anos, luta contra a exploração sexual desde 1996. A ONG trabalha com programas de prevenção de jovens, nas escolas municipais, na faixa etária de 15 a 19 anos, na formação de professores para atuarem no combate à exploração sexual. O SMM também trabalha com publicações, cartazes e campanhas. A política de combate Segundo dados de 2005 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) o tráfico internacional de pessoas fatura mais de U$ 30 bilhões por ano. Em 2000, foi assinado em Palermo, pelos países da ONU, um protocolo que define o tráfico de pessoas como o “recrutamento” ou “transporte forçado”, em que uma tem “autoridade sobre outra para fins de exploração”. Dessa forma, há uma maior cooperação internacional, não tratando o caso de tráfico para exploração sexual como o de imigração ilegal. Na pesquisa “Indícios de tráfico de pessoas no universo de deportadas e não admitidas que regressam ao Brasil via o aeroporto de Guarulhos” divulgada em 2005, de 175 mulheres que responderam a questionários e 15 Saiba como agir nesses casos O consulado brasileiro não tem o poder de polícia na Itália. Portanto, as investigações sobre denúncias de violação das leis italianas contra quaisquer cidadãos de quaisquer nacionalidades devem ser realizadas pelas autoridades competentes. — As pessoas devem relatar os fatos para a polícia. Ao consulado, o que chega, na grande maioria dos casos, são prisões de brasileiros que foram flagrados transportando drogas ou perda de documentos — conta o assistente consular Claudio Barbieri, do consulado brasileiro em Milão. Mulheres brasileiras que são vitimas das quadrilhas de prostituição ou de violência doméstica por parte de maridos italianos devem relatar os crimes sofridos no país para a Polizia di Stato ou aos Carabinieri. Uma vez aberto o processo, o consulado é informado pelas autoridades judiciais locais e poderá seguir de perto o caso. O Consulado Brasileiro deve prestar assistência e acompanhar os processos que dizem respeito aos maus tratos e as violências sofridas por pessoas adultas e, principalmente, por menores de idade. O Consulado Geral do Brasil em Milão mantém um telefone de plantão em casos de emergência, entre as quais: morte, ferimentos graves ou prisão. O número 3357278117 funciona nos fins de semana e feriados e tem linha aberta para os brasileiros na jurisdição da repartição, no norte da Itália. (Colaborou Guilherme Aquino) Reprodução A história é sempre a mesma: as promessas são de vida fácil e muito dinheiro. Mulheres brasileiras são iludidas por estrangeiros que juram, muitas vezes, torná-las modelos famosas com cachês bem altos. A verdade surge quando, ao chegarem à Itália, elas percebem que algo diferente está diante de seus olhos. Aqueles que prometeram um mundo cheio de glamour roubam seus passaportes, o único dinheiro que possuem, as estupram e as obrigam trabalhar para eles, de forma escrava, como prostitutas nas ruas italianas. Mas engana-se quem pensa que este é um problema somente na Itália. O tráfico de pessoas é um assunto de responsabilidade mundial. As vítimas partem do Leste Europeu, Sudeste Asiático, África e América Latina, em direção à Europa, com destino, em especial, à Espanha, Itália e Portugal. Esse foi o destino de milhares de brasileiras que estão, atualmente, na Europa, e é os de tantas outras que estão com passagem comprada, rumo a um mundo desconhecido cujo retorno, quase sempre, não existe. Há seis anos morando na Itália, a catarinense Tania Rocha, indignada com a situação das mulheres brasileiras no país, criou uma Organização Não-Governamental [ONG] chamada Associazione Internazionale Voce, em Lodi, na Lombardia. — Chegam aqui muitas mulheres da Bahia. Elas têm muito medo de contar alguma coisa porque senão essa máfia mata seus parentes no Brasil. Sei de cada história... Muitas são estupradas até se submeterem a trabalhar como prostitutas. Ajudamos levando-as para consultas médicas e orientamos as brasileiras que desejam se defender de maridos violentos ou se separar deles se protegendo usando as leis italianas — conta a presidente da ONG. A idéia de criar a organização surgiu quando Tania começou a pesquisar sobre o tráfico de seres humanos. A associação é mantida por três brasileiras e uma italiana e não recebe apoio financeiro do governo brasileiro. — Recebemos ajuda logística de algumas ONGs italianas. Temos um projeto muito importante para dar apoio às mulheres vítimas do tráfico de seres humanos, o que a ONU [Organizações das Nações Unidas] chama de casamento escravo. O consulado brasileiro e a Secretaria Especial das Mulheres acharam o projeto ótimo, lindo, válido, porém, não têm dinheiro para nos ajudar — declara Tania. Segundo dados apresentados na Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf) publicada em 2002, coordenada pelo Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria) e organizada pelas pesquisadoras Maria Lúcia Leal e Maria de Fátima Leal, Valentina: brasileira e prostituta na Itália presa pelos carabinieri Maio 2007 / — É incrível como o ser humano é tratado como se fosse um produto, uma coisa. Ainda está muito longe de a mulher ter sua total cidadania, isso fica cada vez mais claro. Na ONG não temos atendimento direto com as mulheres marginalizadas, mas recebo, diariamente, e-mails com pedidos de ajuda e, óbvio, encaminho para os devidos lugares que sei que podem atender essas pessoas — explica Priscila. Enquanto isso... Se de um lado inúmeras mulheres chegam à Itália sem saber que vão se tornar prostitutas, do outro, há brasileiras que vivem na prostituição por opção. Como foi o caso de Valentina, capa da revista italiana Panorama de maio de 2003 com a seguinte chamada: “Questa donna si vende per 150 euro”. Ela tinha um sonho de entrar no mundo do espetáculo, porém, tornou-se garota de programa. A reportagem, na ocasião, mostrou a operação da polícia italiana intitulada como Indagine Capitolina que apreendeu um patrimônio riquíssimo. Valentina foi uma das prostitutas presas pelos carabinieri. Só para se ter uma idéia, foram apreendidos um automóvel Cadillac, 800 mil euros em cheques, tomados 35 apartamentos e presas 40 brasileiras, das quais 20 foram expulsas do país. No último dia 16, uma passeata, nas ruas de Pádua foi liderada por uma transexual brasileira chamada Kristal. O protesto, contra a lei do prefeito Flavio Zanonato que multa os clientes da prostituição de rua, teve a participação de trabalhadoras do sexo de toda a Itália. Enquanto tal lei não é aprovada, a polícia de Pádua realiza uma série de ações de repressão à atividade das prostitutas. ComunitàItaliana 31 aluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut Depressão: — A depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas. É uma doença afetiva ou do humor, não é simplesmente estar na “fossa” ou com “baixo astral” passageiro — alerta o doutor Cipriani. Ao contrário do que pode parecer, a depressão não é sinal de fraqueza, de falta de pensamen- Como fugir desse mal? Doença atinge duas vezes mais as mulheres e pode se tornar, em 2020, a segunda maior moléstia do mundo Brenna Lorenz Como evitar: Exercício físico diário [do tipo aeróbico, que aumenta a freqüência cardio-respiratória]; Sono ideal de oito horas; Banho de morno a frio pela manhã, promovendo melhoria no despertar pelo choque térmico, ou banho quente à noite que relaxa e facilita a conciliação do sono; Ter maior disponibilidade de tempo para relacionamentos familiares e sociais; Busca de atividades profissionais, esportivas, encontros e reuniões que constituem momentos de prazer, o “combustível da vida”. 32 ComunitàItaliana / Maio 2007 que, em 2020, a depressão seja a segunda maior doença do mundo [perdendo apenas para as doenças cardiovasculares] e, ainda, 80 por cento das pessoas terão a doença mais de uma vez na vida. Há dois tipos de depressão: a típica e a atípica. A primeira se manifesta com todos os sintomas emocionais, como a apatia, o desinteresse, a tristeza e o desânimo. Já a segunda, é uma maneira disfarçada da depressão se apresentar. Ou seja, normalmente, aquelas pessoas que não se permitem sentimentos sem mo- Teste de Depressão é uma doença ou é um reflexo de um momento histórico difícil? Muitos especialistas a consideram como uma mistura destes dois fatos. O mundo está cada vez mais corrido e globalizado, onde o excesso de informações e obrigações é cada vez mais freqüente. As pressões do cotidiano geram muito estresse. A depressão surge como um dos grandes males do futuro — relata. De acordo com o médico, um estudo do European Brain Council (EBC), publicado em Bruxelas, constatou que cerca de 127 milhões de pessoas são portadoras de doenças psíquicas e psicossomáticas. Dos 25 países da União Européia ampliada, 27 por cento da população sofre de 12 principais moléstias psíquicas e neurológicas, como dependência de álcool e medicamentos, distúrbios bipolares, esquizofrenia, depressões e ataques de pânico. A depressão pode atingir a qualquer pessoa. As vítimas podem ser de qualquer faixa etária, porém, as mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. A idade de início, em 50 por cento, de todos os pacientes é entre 20 e 50 anos. A média é de 40 anos. A alteração do humor é o sintoma mais visível da doença. A finalidade do teste é favorecer uma autoavaliação, mas nunca substituir a consulta médica ou psiquiátrica. Para ser feito, é simples: abaixo temos uma tabela com os principais sintomas de depressão. Se você sofre pelo menos quatro desses sintomas ao mesmo tempo, deveria procurar um profissional de saúde [médico ou psiquiatra] para fazer uma avaliação conclusiva, pois, existe uma grande possibilidade da presença de um quadro depressivo. Os quatro sintomas de uma só vez, destacados pela cor vermelha nas pontas da tabela, aumentam ainda mais as possibilidades de estar com depressão. Mas atenção: mesmo sendo portador desses sintomas, não se alarme, pois ainda pode não ser a depressão. Neste caso, sugerimos uma consulta médica para avaliação. CONSTANTEMENTE DORMINDO MAL OU DEMAIS AGITAÇÃO OU LENTIDÃO OBSERVÁVEL POR OUTRAS PESSOAS FADIGA OU PERDA DE ENERGIA QUASE TODOS OS DIAS SENTIMENTOS DE CULPA ALTERAÇÕES SIGNIFICANTES NO PESO OU APETITE INDECISÃO PERSISTENTE OU PERDA DE CONCENTRAÇÃO INDECISÃO PERSISTENTE OU PERDA DE CONCENTRAÇÃO PENSAMENTOS DE MORTE OU IDEAÇÃO SUICIDA REDUÇÃO DO INTERESSE E DO PRAZER NAS ATIVIDADES DO DIA A DIA Se tais sintomas estiverem conjugados, não devemos esquecer as características de persistência, incapacitarão e desproporção emocional. Assim, temos algumas diferenças: Fonte: www.sosdepressao.com.br V iolência, desigualdade social, desemprego e problemas conjugais. Um conjunto de fatores típicos do século 21 resulta, hoje, num mundo com pessoas cada vez mais deprimidas. Ao contrário do que pode parecer, a depressão é um caso sério e precisa ser tratado. Uma pesquisa realizada recentemente na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, apontou os italianos como o povo menos feliz da Europa. O médico Anderson Cipriani, que atua na área de Psiquiatria e Saúde Mental, não concorda com o resultado da pesquisa, pois segundo ele, é preciso levar em consideração a época em que o estudo foi aplicado, assim como as condições do entrevistado. — Não podemos eleger um povo como o menos feliz. A felicidade não é uma grandeza mensurável. As pressões no trabalho e na família, o medo do desemprego e a falta de perspectivas deixam cada vez mais cidadãos europeus doentes em toda a Europa. A depressão Nayra Garofle tos positivos ou uma condição a ser superada apenas pela força de vontade. O médico explica que, em determinados estados, a pessoa enxerga sua realidade como se estivesse usando óculos escuros, ou seja, tudo é percebido de maneira cinzenta e escura. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 14 por cento dos europeus sofrem de depressão. Só na Itália, 1,5 milhão de pessoas já foram diagnosticadas com o mal. No Brasil, estimase que 17 por cento da população tenha a moléstia. A OMS prevê “BAIXO ASTRAL” DEPRESSÃO Geralmente tem motivo Frequentemente aparece sem nenhum motivo ou é desproporcional ao suposto motivo Geralmente duro pouco (horas ou poucos dias) Geralmente dura de vários dias a semanas, meses ou anos Perturbações físicas e psíquicas são leves e menos persistentes As perturbações físicas e psíquicas são graves e persistentes chegando mesmo a incapacitar para atividades rotineiras O humor freqüentemente melhora quando acontece uma coisa boa para o indivíduo ou ele simplesmente pensa em coisas boas de sua vida O humor habitualmente não melhora de modo significativo quando acontece algo de bom ou a pessoa pensa em coisas agradáveis Algumas pessoas que já passaram por episódios depressivos conseguem encontrar uma clara diferença entre quando estão deprimidas e tristes ou com “astral baixo”. Porém, às vezes, a distinção é difícil, por isso, não hesite em perguntar a seu médico se você tiver dúvidas! Maio 2007 / “Só na Itália, 1,5 milhão de pessoas já foram diagnosticadas. No Brasil, estimase que 17 por cento da população sofram da doença” Anderson Cipriani, médico tivo e, apesar de já terem ido a muitos consultórios médicos com as mais variadas queixas e de terem feito inúmeros exames, continuam achando que a medicina ainda não conseguiu descobrir a causa de seus problemas. A boa notícia é que a doença tem cura. Segundo Cipriani, só o médico pode indicar o melhor tratamento para cada caso, mas normalmente o uso de antidepressivos faz parte dos procedimentos. — Além dos psicotrópicos, um bom condicionamento físico é sempre importante, pois a ginástica libera endorfinas, que são nossos antidepressivos naturais e aumentam nosso bem estar. O intestino funciona melhor e a pressão arterial fica mais estável. A ioga, a meditação e massagem de relaxamento sempre ajudam e muito, principalmente as duas primeiras. E é importante também diminuir o uso de álcool e cafeína — diz. Para quem sofre de depressão, o mundo parece estar no fim. De acordo com especialistas, é necessário que os familiares e os amigos do paciente não vejam a doença como sinal de fraqueza de caráter e nem falta de pensamento positivo. O paciente geralmente está completamente indeciso com relação a tudo e alguém tem que tomar decisões, inclusive para iniciar o tratamento. — A depressão é uma doença que incomoda muito a vida do paciente e de sua família, mas costuma ser fácil de tratar. Assim como durante o processo da doença, a pessoa não consegue se imaginar bem mas, quando ela passa, a pessoa não consegue imaginar como era possível estar tão mal — explica o médico. ComunitàItaliana 33 italian style Multicultural novidade vem da cultura indígena. Segundo os índios Cherokee, as sementes da abóbora podem curar cólicas, diminuir pedras nos rins e acalmar febres quando servidas em chás. Na Índia, por sua vez, sua polpa alivia dores na cabeça quando colocada diretamente sobre a testa. Já nas Filipinas, o caldo do pé de abóbora é recomendado na cura de dores de ouvido. O alimento tem alto valor nutritivo e é ótima para fortalecer a visão, além de ter baixas calorias [40 calorias/100g]. D Coração e mente Q uem disse que ingerir nozes é apenas algo a ser feito no Natal? Pois saiba que o hábito de comê-las pode fazer bem ao coração e combater a perda de memória causada pelo mal de Alzheimer. Pesquisas feitas por cientistas americanos provam que consumir uma pequena porção de nozes ajuda a diminuir o mau colesterol (LDL), diminuindo a possibilidade de ataques cardíacos. A noz é rica em proteína, gordura monoinsaturada e sais minerais como magnésio, cálcio e zinco, além de ser rica em fibras. Fotos: Divulgação Nat Arnett Para ficar “brotinho” Panela perfeita L Contra a obesidade O Conselho Nacional de Pesquisa da Itália (CNR) apresentou recentemente o gel ou pílula antifome para combater os problemas de obesidade. Os pesquisadores mostraram como o hidrogel age no sentido de contribuir para a redução de peso. A previsão é que, em um ano, estejam concluídas as fases de experimentação que estão em curso e o medicamento seja lançado no mercado em forma de cápsula a ser ingerida antes das refeições, com dois copos de água, para gerar uma sensação de saciedade. Ótima para cozinhar espaguete, esta panela permite dosar a água, o macarrão, além de cozinhá-lo e escorrê-lo facilmente graças às alças que se prendem à tampa. Capacidade de sete litros. € 72,90 Reprodução eve e de fácil digestão, o broto de feijão contém os chamados compostos fenólicos, que exercem um papel importante no combate e controle dos radicais livres. Com isso, tornase grande aliado para quem busca o retardo no envelhecimento do corpo. Para confirmar o fato, pesquisas feitas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) revelam que os compostos encontrados no broto do feijão são maiores que os encontrados em outros vegetais. Os estudiosos concluíram ainda que o alimento possui a capacidade de reduzir a oxidação das células em quase 50 por cento. Smoothie TuttiFrutti É uma verdadeira “fábrica de vitamina” este aparelho profissional 3 em 1: batedeira, espremedor e centrifuga. São duas velocidades e capacidade para 1,5 litro com tecnologia Aríete. € 69 Coração e mente Q uem disse que ingerir nozes é apenas algo a ser feito no Natal? Pois saiba que o hábito de comê-las pode fazer bem ao coração e combater a perda de memória causada pelo mal de Alzheimer. Pesquisas feitas por cientistas americanos provam que consumir uma pequena porção de nozes ajuda a diminuir o mau colesterol (LDL), diminuindo a possibilidade de ataques cardíacos. A noz é rica em proteína, gordura monoinsaturada e sais minerais como magnésio, cálcio e zinco, além de ser rica em fibras. Julia Freeman-Woolpert e sabor agridoce e cor variando do verde ao amarelo, a carambola ajuda no combate à febre e ainda serve para curar a doenca escorbuto [carência de vitamina C]. Devido à grande quantidade de ácido oxálico, ela estimula o apetite e é usada na medicina popular no tratamento de afecções renais. A fruta é rica em sais minerais como cálcio, fósforo e ferro, além de conter vitaminas A, C e do complexo B. Sua casca, por conter alto teor de tanino, tem poder adstringente e pode limpar o intestino, sendo utilizada como antidesintérico. O step I Tonic parte do princípio das vibrações corpóreas. Bastam 15 minutos por dia para ficar em forma, mas custa € 10.000. Mais informações: www.freemotionitonic.com Reprodução Como o Brasil Vibrações benéficas Rumo à descoberta E studar sobre a alteração gênica da origem da exostose múltipla [anomalia do desenvolvimento do esqueleto] com o objetivo de chegar a uma terapia com o uso de células-tronco. Este é um dos objetivos do programa de pesquisa do laboratório de genética do Istituto Rizzoli de Bolonha. A instituição, nos últimos dois anos, disponibilizou de 240 pacientes para observação a fim de fazer correlações entre os aspectos gênicos e clínicos. Florin Bleiceanu Reprodução A A menor do mundo Impermeável, resistente à queda e pesa 182 gramas. A câmera Panasonic Sdr-S10 registra em sua memória e é a menor do mundo. Custa € 479 Guitarra flexível A guitarra elétrica Centerfold tem o braço que se dobra e as cordas que se enrolam automaticamente. Ideal para quem viaja e faz turnê. Custa € 2.900 Sem manchas Graças ao disco que absorve-gotas em inox colocado embaixo da garrafa, a toalha de sua mesa não sofrerá mais com as manchas de vinho. € 6,50 Os produtos acima mencionados estão disponíveis nos mercados italiano e brasileiro. ds Steve Woo 34 ComunitàItaliana / Maio 2007 Maio 2007 / ComunitàItaliana 35 curiosidade Arquivo pessoal Matrimonio all’italiana Tradições, fartura e superstições são três palavras mágicas que fazem a diferença nos casamentos do Brasil e da Itália C Nayra Garofle A confirmação do fato chega do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisas revelam que o tradicional “mês das noivas” perde para setembro, mas o campeão de preferência mesmo é dezembro. Só para se ter uma idéia, em 2005, ocorreram 68.041 casamentos em maio ao passo que, em dezembro, esse número subiu para 112.447 em todo o Brasil. Segundo especialistas, um dos motivos para essa mudança é que, além de coincidir com as férias de verão, a época é mais Julio Sandy asar em maio dá azar. É isso mesmo. Na Itália, ao contrário do que já é costume no Brasil, a sorte chega mesmo para os enlaces ocorridos em agosto, tido pelos brasileiros como o “mês do desgosto”. Dá pra acreditar? Mas, na verdade, o que ninguém poderia imaginar é que, atualmente, em terras brasileiras, a tradição de agendar matrimônios em maio, mês da consagração de Maria [para os católicos] e das mães, vem mudando por questões comerciais. atrativa devido ao recebimento do 13º salário. Segundo o Padre Alan Dias, da Paróquia São João Batista, em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, a escolha do mês de maio para celebrar o casamento pode ser relacionada à uma questão comercial. — Os católicos praticantes casam quando suas necessidades permitem. Por isso, dezembro é um dos meses mais procurados, já que as pessoas têm um pouco de reserva financeira nesse período. Hoje em dia, normalmente, quem busca maio como preferência é devido à tradição cultuada pela sociedade que diz que o mês homenageia as noivas e muitos não sabem nem o porquê — diz. Um casamento brasileiro Quando conheceu o marido italiano, a descendente Mirella Guida, de 26 anos, não fazia idéia do que seria casar na Itália. Carioca e morando em Satriano di Lucania, a jovem agrônoma preparou com todo o cuidado cada detalhe para a sua festa no Brasil. Mas uma coisa, em especial, lhe disseram: “Não se case em maio porque dá azar. Agosto é que dá sorte”. A partir daí, a ítalo-brasileira descobriu que isso era unanimidade lá na Basilicata, onde vive. Mas ela não se deixou abalar pelas surperstições e escolheu janeiro como seu mês de enlace. Como não poderia deixar de ser, tudo foi pensado para a data. Inclusive na vinda dos parentes italianos e na execução da típica tarantella, tradição que é mantida à risca pela família. A agrônoma é filha de imigrantes do sul: a mãe é de Basilicata e o pai, da Campânia. Mesmo assim, Mirella fez questão de providenciar uma cerimônia brasileira regada a alguns temperos italianos. A Caipirinha [bebida alcoólica típica dos brasileiros] foi o que não faltou. — Foi o dia mais feliz da minha vida e correu tudo maravilhosamente bem. Ofereci aos meus convidados os famosos “bem-casados” [doces com pão-de-ló e recheio distribuídos em recepções no Brasil]. “Bomboniera” [espécie de souvenir onde, geralmente, são colocados confeitos nas recepções de casamentos italianos] nem pensar, aqui no Brasil está fora de moda! — conta. Mirella e Giuseppe: comemoração em dose dupla Os confeitos nas “bomboniere” são balas de amêndoas. Normalmente são cinco em cada saquinho. Isso porque eles devem ser dados em números ímpares, indivisíveis, como um casamento deve ser. Cada “confetto” tem um significado: saúde, riqueza, felicidade, longevidade e fertilidade. A ítalo-brasileira conta que os familiares do noivo ficaram surpresos com a festa proporcionada aqui no Brasil. — Eles diziam que parecia “coisa de cinema”. É porque a cultura na Itália é diferente, lá eles fazem festa para comer, de- coração é o que menos importa — afirma. Segundo Mirella, o momento tarantella foi um dos mais divertidos da festa, realizada no dia 11 de janeiro deste ano. A alegria contagiante da “italianada” deixou os convidados bem empolgados. — Preparei uns pandeirinhos com as fitinhas da cor da bandeira da Itália. Foi tudo muito alegre! — recorda a noiva. O casal entrou no salão ao som de “Eccoti”, de Max Pezzali. Na cerimônia, Mirella leu seus votos em português e o noivo, Giuseppe Alagia, 26, leu em ita- Mas de onde surgiu a cerimônia de casamento? A resposta desta pergunta é curta: a cerimônia surgiu na Roma antiga. O ano é uma incógnita, mas as primeiras notícias de mulheres vestidas para tal situação vêm de lá. Antigamente, elas prendiam, aos cabelos, flores brancas, que significam felicidade e vida longa, e ramos de espinheiro, para afastar os maus espíritos. Desde então, o figurino virou tradição e ganhou novos adereços. O véu, por exemplo, faz referência à deusa Vesta [símbolo da honestidade e da virgindade], que segundo a mitologia grecoromana era a protetora do lar. Também foram os romanos que instituíram a monogamia e a liberdade da noiva se casar espontaneamente, diante de juízes, testemunhas e com as garantias da lei. Durante a Idade Média, a escolha do noivo passou a ser uma questão tratada pela família. Desde os cinco anos de idade, a menina já sabia quem seria seu futuro marido. Quando o rapaz completasse 18 anos e a moça entre 12 e 13, o casamento aconteceria. Isso porque a união entre ambos era uma espécie de negócios entre as famílias. Apesar de todo o ritual vir de Roma, foi na Inglaterra que a rainha Vitória inaugurou o casamento por amor e vestida de branco. Na época, o protocolo dizia que ninguém poderia fazer o pedido a uma rainha e ela, apaixonada pelo príncipe Albert de Saxe CobourgGotha, tomou a iniciativa. A rainha ficou conhecida por tornar o amor um sentimento básico para unir um homem e uma mulher. Com a chegada da nova classe social, a dos burgueses, um novo código foi criado: casar de branco sinalizava que a noiva era virgem. liano. A festa seguiu, firme e forte, com emoção brasileira e lágrimas italianas. Um casamento italiano Na festa no Brasil deu tudo certo. Mirella voltou para a Itália feliz com a realização de um sonho. Casada no religioso e no civil, agora ela está numa corrida contra o tempo para organizar sua festa na Itália. É que a família de Giuseppe faz questão. Portanto, a jovem está num conflito para escolher bolo, decoração, comida e já admitiu: na Itália ela vai ter que oferecer a “bomboniera”. — Já me rendi. Aqui em Lauria, Basilicata, onde será o casamento, se não dermos “bomboniera”, o povo fala mal. Eu queria até fazer um outro tipo de “bomboniera”, na qual explicamos aos convidados que o dinheiro que seria gasto com a lembrança seria oferecido à uma instituição de caridade. É bem elegante, mas aqui seríamos chamados de pãesduros — conta Mirella. A esposa de Giuseppe não usará um vestido de noiva tradicional, mas um vestido comum, uma vez que já estão casados. Já a festa, vai seguir as tradições de um típico casamento italiano, com algumas restrições de Mirella. — Meu sogro queria fazer a festa em casa. Eu o convenci a mudar de idéia. Mas o DJ é um amigo sanfoneiro dele que promete “bombar” a festa com músicas latinas, salsa e tarantella — fala. O cardápio da festa, que será no dia 7 de julho, terá antipasto di mare, linguini agli scampi, risoto alla pescatora servido à mesa, além de cascata di prosciutto, spiedini di gamberi, bocconcini di mozzarella e rosticceria servidos no buffet. Como os noivos já são casados, não haverá cerimônia. — Ano passado presenciei um casamento aqui na Itália. A primeira impressão que tive foi ótima, o lugar era maravilhoso e nunca vi tanta comida. O almoço foi divino mas com muito desperdício. Cerca de 50 por cento de tudo o que foi servido, incluindo quilos de camarões gigantes, acabaram no lixo! Algumas coisas eram bem diferentes do que estou acostumada. O casamento começou de dia e 80 por cento das convidadas usavam preto — lembra. Itália: Preferência de celebridades A lguns artistas escolhem a Itália como cenário para a festa de casamento. Os americanos Tom Cruise e Kate Holmes, por exemplo, casaram em novembro do ano passado. O local foi Bracciano, uma cidadezinha perto de Roma. O custo do evento ficou em cerca de dois milhões de euros. Os trajes dos noivos foram criados por Giorgio Armani, que também desenhou o buquê da noiva. Já a atriz ítalo-brasileira Giovanna Antonelli casou, no último dia 5, com o empresário Robert Locascio num hotel que é uma mansão do século 19, localizada na Villa Michaela, província de Luca, perto de Pisa. O casamento de Mirella não terá 12 horas de duração, o noivo vai usar fraque e nenhuma madrinha vai usar preto. A decoração não será em isopor e nem terá nenhuma escultura de abóbora, como é de costume, segundo ela. — Cada país com sua tradição. O que para mim pode ser estranho, para eles é o mais natural possível — diz. Apesar de já ter casado, hoje Mirella sente, pela segunda vez, o gosto de organizar uma festa. Não será como a festa do Brasil, “com muito espetáculo”, conforme já diziam alguns parentes italianos da jovem. Seu casamento em Lauria será digno de tradições. Vale ressaltar que, apesar de a cultura ser diferente, para ela, é importante respeitar os costumes de cada país. Sorte dela que vai poder aproveitar duas festas celebrando o que tem de melhor: o amor ítalo-brasileiro entre os noivos! 36 ComunitàItaliana / Maio 2007 Maio 2007 / v ile nM ile Sv ComunitàItaliana 37 notizie Sanità S fiorano i 13 milioni l’anno i ricoveri negli ospedali italiani, per un totale di 78.750.000 giornate di degenza. Sono i dati del Rapporto annuale sull’attività di ricovero ospedaliero, realizzato dal ministero della Sanità in base ai dati del 2004. Il parto, come evento naturale, resta il primo motivo di ricovero. Tra le malattie più frequenti per cui si va in ospedale vi sono problemi cardiovascolari, malattie polmonari e trattamento dei tumori. Rosita Missoni U na nuova orchidea si chiamerà come Rosita Missoni: è il quinto fiore che viene dedicato alla stilista. Emilio Gola e Giancarlo Pozzi, floricoltori di Morosolo, renderanno omaggio a Rosita e al suo amore per il giardinaggio e per i colori alla serata di inaugurazione di Orticola, mostra mercato che, da 12 anni, è un atteso appuntamento fisso per i milanesi. notizie Catasto consultabile Nair Bello È D a ragazza a nonna, la capacità di spaziare dalla risata al pianto che emozionano i suoi spettatori. Il Brasile ha perso la più italiana delle sue attrici nel mondo della teledrammaturgia. Competente e riconosciuta per le sue indiscutibili caratteristiche legate all’italianità, a 75 anni d’età e 59 di carriera, Nair Bello de Sousa Francisco, o semplicemente Nair Bello, non ha resistito alle conseguenze di un arresto cardiorespiratorio e si è spenta per cedimento multiplo degli organi il 17 del mese scorso, dopo cinque mesi di ricovero. Nipote di italiani e nata a San Paolo il 29 aprile 1931, Nair Bello inizia la sua carriera come speaker dell’allora Rádio Excelsior, nel 1949. Partecipò per la prima volta ad un film nel 1951, in “Liana, a pecadora” [Liana la peccatrice, n.d.t.]. Nel film ha recitato insieme all’amica e ora presentatrice televisiva Hebe Camargo, diretta da Antonio Tibiriçá. “Se c’è bisogno di un’italiana della storia, non ci pensano due volte. Chiamano Nair”, era una frase detta varie volte dall’attrice cresciuta in mezzo alla confusione già possibile consultare gratis via internet la banca dati catastale e, con il pagamento delle relative imposte, quella ipotecaria. Lo annuncia l’Agenzia del territorio, spiegando che è stata rivista completamente la disciplina dell’accesso alle banche dati da parte degli utenti abituali (notai, geometri ed Enti), con l’abolizione del canone e la previsione, a titolo di rimborso spese, di 200 euro da corrispondere una tantum e di 30 euro annuali per ogni password utilizzata. degli italiani che abitano il quartiere Cambuci. Durante la carriera, Nair ha partecipato a nove film, 15 telenovelas e due fiction. Ha fatto partecipazioni speciali in diversi programmi, come quelli umoristici “Sai de baixo” e “A grande família” [??? e La grande famiglia, n.d.t.] della TV Globo. L’esordio nelle telenovelas l’ha avuto in “Sossega leão” [Calmante, n.d.t.], trasmessa nel 1976 alla TV Tupi, una delle principali nel suo genere. Osservatorio su telemedicina C Pirelli e Tiscali N el 1° trimestre 2007 Pirelli torna all’utile (56,3 milioni di euro). I ricavi salgono del 10,8% a 1.303,7 milioni di euro. Il risultato operativo comprensivo dei proventi da partecipazioni del 6,9% a euro a 143,2 milioni di euro. Tiscali ha chiuso il primo trimestre con una perdita di 44 milioni di euro. I ricavi sono cresciuti del 25% a 193,2 milioni di euro. Il risultato operativo e’ stato negativo per 16,8 milioni (-12,3 nell’anno precedente). Sono circa 100.000 i nuovi clienti Dsl, che portano il totale del settore a oltre 1,9 milioni, di cui oltre 700 mila utenti in accesso diretto. Per l’intero anno, Tiscali prevede di ottenere ricavi per 820 milioni di euro. irenze ospiterà il museo di Roberto Capucci, maestro dell’arte della moda, famoso per le sue ‘sculture’ di tessuto. Ancora non c’è una data precisa, ma si spera in giugno per aprire al patrimonio della Fondazione Roberto Capucci le sale della seicentesca Villa Bardini. A raccontare l’opera dello stilista sarà l’archivio della Fondazione, con 450 creazioni, 300 illustrazioni, 22 mila schizzi e 20 quaderni di bozzetti, oltre a 50mila fotografie e articoli di stampa. Matrimonio A È una corsa a est, quella intrapresa dai marchi italiani della moda, dai più grandi, come Giorgio Armani, a tutti gli altri. Il prossimo 8 novembre verrà aperto il nuovo grande concept-store Armani/Ginza Tower, a Tokyo. L’apertura sarà celebrata da una serie di eventi speciali e dalla presenza dello stesso Armani. Festival a Torino Rock italiano Armani a Tokyo I non lettori arà Lou Reed ad aprire l’11 luglio nella Reggia di Venaria di Torino la quarta edizione del Traffic Torino Free Festival.La manifestazione proseguirà quindi il 12, il 13 e il 14 luglio al Parco della Pellerina con l’accoppiata dance formata da Daft Punk e LCD SoundSystem e l’indie-rock di Artic Monkeys e Art Brut per concludersi con una serata speciale affidata a Franco Battiato. el 2006 ha letto almeno un libro negli ultimi 12 mesi il 60,5% della popolazione italiana di 6 anni e più. Si tratta di 33 milioni e 351mila persone, un numero in crescita costante dal 1993. È quanto risulta dall’Indagine Istat su ‘I cittadini e il tempo libero’, realizzata a maggio 2006. Di conseguenza sono venti milioni e 300mila le persone che non hanno letto neppure un libro. I non lettori sono soprattutto uomini (il 41,6% rispetto al 32,7% delle donne). F rriva la conferma: Rod Stewart si sposera’ il prossimo 16 giugno in Italia. A rivelarlo un quotidiano britannico, che e’ entrato in possesso di uno degli inviti che il rocker ha spedito per le sue nozze con Penny Lancaster. Ovviamente la telenovela non e’ ancora finita, perche’ sulle partecipazioni c’e’ scritto che la localita’ esatta verra’ svelata solo alla conferma della presenza. Sembra pero’ certo che i due si sposeranno nell’albergo Splendido di Portofino, lo stesso dove Richard Burton chiese la mano a Elizabeth Taylor. reare un ‘Osservatorio sull’e-care’ per riunire tutti i progetti di telemedicina al fine di migliorare la sanità pubblica. Se ne è discusso alla presentazione di un workshop dal titolo ‘La telemedicina nelle infrastrutture sanitarie’ organizzato dalla neonata Società Italiana di Telemedicina. ‘Il ministero della Salute ha già avuto l’autorizzazione del ministro per varare l’osservatorio - ha detto Monica Bettoni, capo della segreteria tecnica del ministero della Salute. N Museo Capucci S È uscito ‘Irene Grandi. Hits’, album che contiene tra le 33 canzoni due inediti, ‘Bruci la citta’’ e ‘La finestra’, e due cover. La ‘ragazzaccia’ toscana del rock italiano si misura con brani come ‘Sono come tu mi vuoi’ di Mina e ‘Estate’ di Bruno Martino. Fra le 33 canzoni del ‘greatest hits’, nuove versioni unplugged di brani come ‘Bum Bum’ e ‘’Prima di partire per un lungo viaggio’’. La Biennale I l Cda della Biennale di Venezia presieduto da Davide Croff ha approvato il budget per il 2007 che evidenzia un deficit di 500.000 euro. ‘Il budget si fonda nuovamente sull’ipotesi di garantire alla Biennale lo svolgimento delle attività istituzionali, nonostante il progressivo calo delle contribuzioni pubbliche’, sottolinea il comunicato della Fondazione. Il Cda ha inoltre avviato il processo per individuare metodi e criteri per la nomina dei direttori dei settori di attività culturali. Maio 2007 / ComunitàItaliana 39 Firenze notícias Giordano Iapalucci C ada vez mais os italianos mostram o espírito humanitário e são reconhecidos pela solidariedade, típica de quem vem da bota. Desta vez, o empresário e colunista Franco Urani, recebeu, este mês, o título de cidadão honorário, por iniciativa da vereadora Andréa Gouvêa Vieira, no plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Secretário Conde prestigia medalha a Urani Na solenidade, dentre os presentes estava o secretário estadual de cultura do Rio, Luís Paulo Conde. Urani foi agraciado por ter incentivado investimentos sociais e projetos pilotos realizados na favela de Vila Canoas, no bairro carioca de São Conrado, inclusive, através de parcerias com a Itália e a União Européia. Num total, os investimentos brasileiros chegaram, de 1989 a 2007, a 1,835 mil dólares e os estrangeiros a 1,995 mil dólares. Dentre as ações realizadas, estão a instalação de uma creche, um centro municipal de assistência integrada, um posto de saúde, além da criação de cursos profissionais e preparatórios para o vestibular, dentre outras iniciativas. Urani idealizou o projeto quando entrou em contato com os moradores da favela depois de observá-los da janela de seu apartamento. Segundo ele, eram extremamente precárias as condições de moradia em Vila Canoas. “No começo, o pouco que eu e minha família podíamos fazer, fazíamos com o coração. Pensei: se posso me envolver em projetos para grandes fábricas, por que não também na área social? Vi que as crianças tinham um péssimas notas na escola mas tinham potencial. Aí demos o reforço. Antes as aprovações se resumiam a 20 por cento. Agora, chegamos a 80 por cento” comemora Urani. (R.C.) Pendenga Judicial O ComunitàItaliana D epois de comemorar o dia 25 de abril, data histórica na Itália, devido à luta de movimentos de resistência contra a ditadura de Mussolini. Assim ocorreu as entregas da medalha de Grande Oficial, conferida pelo presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano, ao presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vinícius Villaça, e do conjunto de medalhas de Mérito Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, ao Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ). A iniciativa, da parte brasileira, partiu do vereador Stepan Nercessian que justificou a escolha pelo instituto ratificando o papel como propulsor da cultura na cidade do Rio. — Olhava com desconfiança essa coisa de se oferecer honrarias mas, desde que assumi a função de vereador, passei a dar valor a essa presença marcante que alguns setores e pessoas têm na formação da população. Isso sem / Maio 2007 Ruralia N ella splendida cornice del parco di Villa Demidoff a Pratolino (Fi), a circa 15 minuti da Firenze, venerdì 25 a domenica 27 Maggio, sarà presentata la mostra sull’ambiente, la fauna, cultura e tempo libero dal nome “Ruralia”. È organizzata dalla Provincia di Firenze ormai da alcuni anni con lo scopo di far conoscere ed apprezzare la qualità delle produzioni agricole degli allevamenti del suo territorio, dell’associazionismo ambientale e di quello venatorio. Si tratta di una manifestazione festosa in cui viene valorizzato il ruolo innovativo dell’agricoltura nella sua interattività con il tessuto economico e sociale. Ingresso gratuito. Info www.provincia.fi.it Pitti Immagine A Presidente da ABI, Maurício Azedo, discursa grupo Poste Italiane e mais oito empresas, que formam o consórcio BRPostal, estão esperando decisão da Justiça brasileira para a implementação do Correio Híbrido no Brasil. Esse serviço prevê o desenvolvimento de um sistema de recebimento eletrônico e impressão de correspondências e documentos de grandes empresas pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Vencedor da licitação para a exploração do serviço, no valor de R$ 4,36 bilhões, o consórcio BRPostal, a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e a Associação Brasileira da Indústria de Formulários, Documentos e Gerenciamento da Informação (Abraform) travam uma batalha judicial desde quando foi promulgado o resultado da concorrência, em 2002. As duas associações alegam que a ECT não pode atuar em ramos diferentes do que está previsto em lei e o Correio Híbrido transcende à legislação relativa ao trabalho dos Correios. Além disso, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública contra a ECT para suspender a implantação do serviço. Segundo a ação, o serviço, tal como está configurado, fere o princípio de isonomia, implica em venda casada e lesa a livre concorrência, além de não possuir autorização legal para operar. A atual diretoria da ECT não se pronuncia. O projeto de Correio Híbrido da ECT foi concebido ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, mas ficou engavetado, por causa da repercussão negativa no que tange as metas de livre concorrência, o combate aos monopólios e oligopólios, o estímulo à iniciativa privada, a geração de empregos e a competitividade das empresas nacionais. Entretanto, o governo Lula retirou o projeto da gaveta e abriu a concorrência pública internacional para a contratação do serviço. Desde dezembro de 2002, quando a ECT entrou pela primeira vez com pedido de licitação, o mercado gráfico vem questionando esta nova forma de atuação dos Correios, antes condicionada à distribuição de correspondências, e alerta para o fato de o governo federal centralizar a gestão das informações da sociedade brasileira. O modelo estabelece para os Correios o controle de cinco anos na intermediação da transferência de dados, a impressão de documentos, o manuseio e acabamento destes documentos, a sua distribuição, além da responsabilidade pela segurança de todos os dados disponíveis, o que evidencia a formação de um novo monopólio. (F.L.) 40 Em dose dupla Fotos: Reprodução Homenagem falar da ligação entre Itália e Brasil. O “rei” Roberto Carlos ganhou duas vezes o Festival de Sanremo — relembra ao entregar as medalhas ao atual diretor do Instituto, Rubens Piovano. O diretor do IIC, por sua vez, relembrou a ação da entidade que está há mais de 50 anos na cidade. Já o cônsul Massimo Bellelli destacou a presença italiana na ABL, fato que não causa espanto visto que, entre os mais de 25 milhões de descendentes de italianos no Brasil, muitos são os bem-sucedidos em suas histórias de vida, inclusive no âmbito profissional. — Marcos Villaça atuou na Itália e é um importante escritor e tradutor. E se, apesar da pouca distância física do consulado com a ABL, ao longo dos últimos anos, nos distanciamos em nossa atuação, a partir de agora, isso não deve mais ocorrer — revela Bellelli, anunciando futuros planos do consulado em conjunto com a ABL. — E que brasileiro não é influenciado pela Itália? Para citar alguns exemplos, lembramos logo da escultura, do teatro e da música. Isso sem falar que, por aqui, ninguém fala mais “até logo” ou “adeus”, e sim “tchau”! Essa influência é positiva e trata-se de uma troca que ainda dará muitos frutos — acrescenta Villaça ao receber sua medalha. (S.S.) pre i battenti il 20 giugno per tre giorni “Pitti Immagine Uomo”, un’anteprima mondiale delle collezioni di abbigliamento maschile autunno-inverno 2007-2008. La kermesse incentrata sulla moda maschile che propone abiti, accessori, oggetti moda e molto altro del settore tessile. La fiera è ormai da quasi quarant’anni un importante ap- puntamento di livello mondiale che affronta la moda maschile sotto l’aspetto della contemporaneità, come anche dell’intramontabile classico e sportivo. Non mancheranno poi spazi dedicati ad un aspetto importante come quello della innovazione e sperimentazione. Fortezza da Basso – Firenze. Dalle 10 alle 20. Ingresso 20 euro. Mostra del Chianti S i è aperta a fine aprile e lo rimarrà fino agli inizi di novembre un’importante mostra archeologica sugli etruschi che vedrà come scenario le città di Siena e Chiusi. La rassegna dal titolo “Etruschi” proporrà una delle maggiori e più celebri raccolte archeologiche che siano presenti in Italia: la collezione Bonci Casuccini. Si potranno ammirare sarcofagi, statue-cinerario, una collezione di bronzi, considerati una delle più ricche eredità che gli etruschi ci abbiano lasciato, come anche alcuni straordinari esempi di ceramica. A Siena presso la Santa Maria della Scala, Palazzo Squarcialupi. A Chiusi presso gli spazi espositivi del laboratorio archeologico 10.30 alle 19.30. Ingresso 6 euro. Info: www.santamariadellascala.com Calcio storico fiorentino I l 24 giugno, nel giorno del patrono di Firenze [San Giovanni], avrà luogo in Piazza Santa Croce la partita finale tra le squadre rappresentanti gli antichi quartieri fiorentini. Non si tratta del calcio moderno ma di una “diramazione” ben più violenta in cui il contatto fisico è più che concesso, tanto che nella romana Florentia era utilizzato per preparare fisicamente i propri legionari. Le quattro squadre sono contraddistinte da colori: bianchi [S.Spirito], azzurri [S.Croce], rossi [S. Maria Novella] e verdi [S.Giovanni]. Prima delle partite, per le vie della città sfila un corteo storico con oltre 500 figuranti in costume come da etichetta del XVI secolo. Ingresso: da 8 a 40 euro. Zero a Firenze M ercoledì 13 giugno, presso lo Stadio Artemio Franchi di Firenze si esibirà il “cantante-poeta” Renato Zero. Il concerto di Firenze rientra in una tournée di sei appuntamenti che lo vedranno impegnato a Padova (2/6), Roma (3/6), Milano (9/6), Bari (16/6) e Palermo (20/6). Nel suo appuntamento fiorentino Renato Zero non si limiterà a presentare gli ultimi successi, ma dedicherà ai “sorcini” [come chiama i suoi fan] i classici del suo repertorio. Ingresso dai 34 ai 51 euro. Maio 2007 / ComunitàItaliana 41 design design 42 Col cuore in mano Stilista Anelise Bonnacorse si distacca mescolando lusso e semplicità in borse usate anche da celebrità in TV Rosangela Comunale mere la sua italianità nei lavori che produce. Secondo lei, questo vincolo con lo Stivale rende i suoi lavori molto particolari. — Quando creo le mie borse, entro in archivi già interiorizzati, ereditati da questa vena italiana, e li mescolo alle bellezze che il Brasile ha da offrire. Il risultato sono borse di lusso con l’incanto del Brasile e la raffinatezza dell’Italia. Mi ricordo delle parole di mio nonno: “Andiamo al paese dell’arte, dell’amore, della poesia, della moda — mette in risalto. Ma essere stilisti non è ancora un’impresa facile in Brasile. Secondo Anelise, c’è bisogno di più investimenti nel mondo della moda. ComunitàItaliana / Maio 2007 — Credo che il Brasile valorizzi l’arte nel segmento della moda, questo sì. Ma, nel caso di lavori sconosciuti, bisogna avere forti investimenti da parte degli artisti, il che non è sempre facile. In questo senso, ho avuto la fortuna di avere le mie borse apprezzate da Regina Lundgren, che valorizza i nuovi talenti e ha portato qualche mia creazione allo Espaço Lundgren. Comunque mi sto inserendo nel mercato poco a poco – rivela. D’accordo con la stilista, l’obiettivo del suo lavoro, in cui mescola lusso e semplicità, è quello di affiancare la creatività al lavoro artigianale. — Nella mina collezione Palha & Jóia, per esempio, lavoro con orefici per svolgere in argento e pietre semi-preziose la mia idea originale. Dopo aver creato un pezzo delicato e imponente, questo viene applicato alla borsa fatta a mano, per darle un impronta di lusso. Alle volte accade il processo inverso. La borsa è già pronta, bella, con il cuoio intrecciato alla paglia, ma manca ancora un dettaglio. Allora studio la parte della borsa dove potrebbe essere applicato qualche pezzo di argento o pietre – spiega. Parlando dei suoi progetti futuri, la stilista dimostra determinazione e passione per ciò che fa. — Uno dei miei progetti è quello di realizzare un’esposizione con i miei lavori qui in Brasile e all’estero. Voglio che le mie creazioni siano identificate perché hanno un qualcosa in più, il mio segno. La mia personalità e stile devono essere espressi attraverso un formato di borsa particolare, di una tonalità che sfidi le tendenze, di gioco con gioielli e artigianato. Tutte le volte che porto una borsa che ho creato, la stringo a me così forte che, senza parole, sto dicendo : È una mia creazione. E il mio cuore italiano batte più forte, pieno di emozione, di passione e di speranza – analizza, usando parole direttamente in italiano. É necessário algo mais? Salão Internacional do Móvel, em Milão, associa beleza à praticidade O Salão Internacional do Móvel montou casa em Milão e abriu os seus portões para os lançamentos e as idéias de designers do mundo inteiro. Durante seis dias, a cidade italiana virou o centro das atenções de arquitetos, decoradores, lojistas e consumidores. E, mais uma vez, não decepcionou ao mostrar com quantas matérias-primas e formas diferentes são feitas cadeiras, estantes, mesas, dentre outros móveis. O evento obteve o recorde de afluência de público em apenas um dia: 40 mil pessoas se espremeram para ver as novidades do design nos 200 mil metros quadrados da feira de Rho. No local, 2.159 expositores italianos e estrangeiros participaram da maior vitrine mundial para móveis. — Temos a criatividade, o gosto pelo que é belo e uma grande capacidade de fornecer ao cliente produtos extraordinários com peças únicas para a casa e para o escritório — afirma o presidente da Confindustria italiana, Luca Cordero de Montezemolo, presidente do grupo que controla Poltrona Frau, Cappelini, entre outras empresas. Guilherme Aquino Correspondente • Milão Ao contrário das edições anteriores, o Brasil não trouxe nenhum representante oficial para os principais acontecimentos do evento. Um deles foi o Salão em si, com o design invadindo fronteiras e quebrando barreiras. Tudo para tentar tornar a vida do homem moderno menos complicada. O outro foi a Euroluce, a principal exposição de lâmpadas promovida a cada dois anos com lampadinhas para o interior de armário e para o jardim, lustres para a sala, spots para o quarto e para banheiro, enfim. Com todas as diferentes peças unidas pelo fio condutor da preocupação com o baixo consumo de energia. Os reatores de última geração iluminam mais e gastam menos. Mas as cores verde e amarela tingiram algumas atrações paralelas, como o Fuori Salone, e o Salão Satélite, em lojas e espaços culturais espalhados pela cidade de Milão. A maior bandeira do Brasil no setor do design continuou sendo aquela levada pelos irmãos Campana. Humberto e Fernando, a dupla intrépida da casa Edra, uma das principais da Itália, realizaram uma nova cadeira. Depois da famosa “favela” [com centenas de pedacinhos de madeira presos uns nos outros] os dois designers criaram uma poltrona construída com retalhos de couro. Ela parece saída de um desenho animado da família Flintstones. Ao final, o mosai- Fotos: Saverio Lombardi Vallauri Anelise Bonaccorsi “I tuoi disegni sulla carta sono rapidi come il tuo pensiero. Sarai una grande stilista”. Ancora oggi Analise Bonnacorsi ricorda le profetiche parole dette da suo nonno Silvio, di Lucca, in Toscana, quando era ancora bambina. Oggi, provando che il nonno aveva ragione, è specialista in borse e accumula esperienze, dopo essere passata anche per l’Italia e, chi l’avrebbe mai detto, pure in TV. — Una delle borse è stata fatta vedere nella telenovela della Rede Globo “Cobras & Lagartos”. Nella scena, Ellen, interpretata dall’attrice Taís Araújo, vende una borsa ad un’esigente donna dell’alta società nel negozio Luxus. Quando gliela fa vedere, la cliente ne rimane così incantata da dire che non vuole che nessun altro ce l’abbia. E compra le uniche borse, otto, esistenti al mondo. Ne sono rimasta veramente lusingata quando ho visto la scena! – ricorda la carioca parlando di una borsa in cui mescola tonalità di cuoio, fantasia di leopardo e cristalli swarovski all’artigianato brasiliano. — Questo lavoro è stato persino esposto alla Éclat de Mode, in una vetrina speciale, ossia, è stato scelto da una commissione che l’ha eletto come uno dei lavori più creativi tra i 400 espositori della fiera – dice orgogliosa. Dell’Italia, da dove sono venuti i suoi avi, lei mette in risalto “il gusto per il bello” e la passione per la gastronomia. — Mi piacciono molto il pane, la pasta fatta in casa, i biscottini delle Fornaci di Barga chiamati Befana, la Torta Trieste, la polenta con i funghi... Ho la fortuna di avere una madre che ha preso da mia nonna e sa fare tutto questo. Che altro dire? Ah, dalla “buona gente italiana” ho anche ereditato il gusto raffinato per i tessuti pregiati, i materiali lavorati [da semplici pezzi di ceramica a opere d’arte e gioielli ben disegnati]. Il cuore italiano si riflette sempre nel mio lavoro, in cui cerco di trasmettere tutte le mie emozioni – commenta. Dovuto alla sua ascendenza, questa carioca riesce ad espri- A cidade italiana virou centro das atenções de arquitetos e decoradores dentre outros profissionais do ramo Maio 2007 / co formado por cortes, tamanhos e nuances de cores diferentes se transforma numa peça quase artística. E, mais uma vez, os brasileiros roubaram a cena no Salão do Móvel, ainda que em nome de uma empresa italiana. Os “futuros Campana” se apresentaram no evento Fuori Salone. A mostra Design Possível, na loja, seguiu uma estrada aberta pelos ilustres irmãos: aquela pavimentada com material reciclável. O Pouf Feijão, da jovem Alice Noemi, pode ser usado como mesa de centro ou bandeja. Ele foi criado a partir de madeira certificada e fibras de reaproveitamento de coco. Camila Gastaldelli, Juliana Murata e Michel César partiram para o móvel efêmero feito com papelão e que pode ser montado e desmontado de acordo com as necessidades do momento. Multifuncionalidade e respeito ao meio ambiente nortearam os 17 projetos que incluíram ainda pratos, bolsas, artigos de cama e banho. Já no Salão Satélite, ‘incubadora” de futuros objetos, estavam 570 designers e 24 escolas de 38 países. Alguns acabaram de sair das pranchetas de jovens estudantes de arquitetura e design ou das mãos de talentos desconhecidos. Eles estavam expostos no Salão Satélite, uma mostra paralela. O designer brasileiro Wagner Archela expôs uma cadeira neste Salão de jovens promessas dois anos atrás e foi convidado para participar da exposição “O Sonho virou Realidade”. — A cadeira acabou indo parar na capa de uma das principais revistas de arquitetura e design dos Estados Unidos. Foi uma grande vitrine para o meu trabalho — relata ele. ComunitàItaliana 43 cultura cultura 44 Italiano ou dialeto? Pesquisa revela que aumenta o emprego da língua padrão e diminui o uso exclusivo do dialeto Ana Paula Torres Corrispondente • Roma trangeira para se comunicar com estranhos, amigos e, sobretudo, dentro do núcleo familiar. Em 1987, somente 0,6 por cento da população falava outra língua em casa, contra os 5,1 por cento de 2006, o que reflete uma maior presença de estrangeiros na Itália e de muitas famílias compostas por casais multiétnicos. O freqüência do uso do italiano ou do dialeto está diretamente ligada à idade das pessoas. Entre os mais jovens, predomina o padrão, enquanto que os idosos preferem o dialeto. Outro fator que influencia a escolha entre os dois é o gênero. As mulheres ten- ComunitàItaliana / Maio 2007 dem a se expressar mais em italiano do que os homens. O nível de escolaridade também faz a sua parte. O uso prevalente do dialeto em família e com amigos atinge principalmente a indivíduos com um grau de estudo baixo. São os idosos acima de 65 anos e com estudos concluídos até o ensino fundamental que falam o dialeto: 40,7 por cento deles o faz como única língua em família, 35,6 por cento com os amigos e 12,5 por cento também com estranhos. Em relação a 2000, as diferenças sociais no uso do italiano tiveram um leve aumento em 2006, em virtude também da crescente presença de mão-de-obra estrangeira. De fato, entre os operários, diminui o uso do italiano e do dialeto em família contra o emprego de outras línguas. Para os especialistas, essas diferenças sociais se revelam no uso da linguagem. Os estudantes são os que mais falam o italiano em família, com amigos e com estranhos. Levando-se em conta o tipo de trabalho de cada indivíduo, diretores, empresários e profissionais liberais usam mais o idioma em família do que funcionários e operários, respectivamente. Essa diferença diminui consistentemente quando se trata de falar a língua com estranhos. Em 2006, 56,9 por cento da população com idade igual ou superior a seis anos, declarou conhecer pelo menos uma língua estrangeira. A difusão é maior entre crianças e jovens, equivalente a 77,6 por cento dos indivíduos entre 6 e 24 anos. Conforme a idade aumenta, o conhecimento diminui: somente 20,7 por cento das pessoas com 65 anos ou mais, diz conhecer um outro idioma. O inglês, com 43,6 por cento, lidera como idioma mais conhecido, seguido pelo francês [29,1 por cento], espanhol [6,5 por cento], alemão [5,9 por cento] e outras línguas [4 por cento]. A pesquisa também revela que o inglês é utilizado principalmente para estudo e lazer. Os demais idiomas são empregados para se comunicar com parentes e amigos e em momentos de lazer e entretenimento. A pesquisa também traz informações a respeito da difusão territorial do italiano e revela que as diferenças regionais diminuíram. Hoje, o idioma nacional é falado mais no centro e no norte da Itália. A Toscana, terra de Dante Alighieri, lidera com 83,9 por cento na classificação das regiões onde o italiano é mais usado, seguida pela Ligúria [68,5 por cento], Lácio (60,7 por cento). No ranking, a Calábria é onde se fala menos o italiano, com 20,4 por cento, seguida pelo Vêneto [23,6 por cento] e a Campânia [25,5 por cento]. Em relação a 2000, hoje a diminuição do uso do dialeto e o aumento exclusivo ou prevalente do italiano são mais evidentes no sul e nas ilhas da Sardenha e da Sicília. Do sonho à realidade IIC sedia I Colóquio Internacional do Corpo Freudiano e traz profissionais italianos para debates no Rio S e sonhar não custa nada e, às vezes, nossos sonhos parecem tão reais, viver o despertar e dialogar com nossas fantasias requer múltiplas interpretações e campos de ação. Para analisar a relação do homem com seu desejo, explorando diversas dimensões do despertar, psicanalistas italianos, brasileiros e franceses se reuniram para discutir as influências da arte, da literatura e outras manifestações da criação humana no I Colóquio Internacional do Corpo Freudiano, realizado em abril no Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ). O evento integrou conferências e mesas redondas ministradas para um público de estudantes e profissionais ao longo de três dias e trouxe o francês Alain Didier-Weil, da Association Insistance, de Paris, como estrela maior dos debates. Ele apresentou três seminários sobre “Invo- Sílvia Souza car e despertar”. Da Itália, contribuíram cinco nomes famosos nos estudos da psicanálise: Luigi Ballerini, Giancarlo Ricci, Laura Pigozzi, Paola Mieli e Valeria Medda. Segundo a coordenadora do evento, a psicanalista Denise Maurano, a idéia surgiu em Roma, em maio do ano passado, durante um outro Colóquio. — O diretor do Corpo Freudiano [Seção Rio de Janeiro], Marco Antônio Coutinho Jorge, e eu participamos, a convite dos colegas italianos Gabriela Ripa e Sérgio Contardi. A parceria com o Instituto deu-se bastante naturalmente na medida em que Rubens Piovano, sempre interessado pela cultura, e amigo dos participantes do Colóquio de Roma, tendo já programada sua vinda para o Brasil, percebeu que esse encontro no Brasil poderia obter o mesmo sucesso que obteve em Roma — explica Denise. Ainda de acordo com ela, o Corpo Freudiano, escola de Psicanálise criada há mais de dez anos no Rio de Janeiro, foi fundado por um grupo de profissionais que, em sua forma de trabalhar nos âmbitos do ensino e da transmissão da psicanálise, sempre valorizou fundamentos da obra de Freud e da releitura A italiana Laura Pigozzi abordou o “despertar” através das vozes feita por Lacan. Sob o título “Dimensões do Despertar na Psicanálise e na Cultura”, foram apresentados trabalhos que abordaram o despertar na ótica do leitor, a preferência dos adolescentes pelas músicas techno, a escuta e o acontecimento, além dos reflexos do despertar na poesia, do silêncio e do reencontro. — O tema do despertar articula-se com o que se pretende não apenas através do processo psicanalítico, como também via certos aspectos culturais. Na cultura, al- rença, que um novo significante reata os precedentes. O acontecimento da escuta e a escuta do acontecimento. A esse propósito vale o que notava Freud sobre o objeto: o objeto nunca se encontra. e sim, se reencontra, se redescobre — assinala. Já ao apresentar seu estudo que compreendia as vozes do despertar, Laura Pigozzi enfatizou que um trabalho denso é o acompanhamento de pacientes com câncer. Segundo ela, nesses casos, o contato com o sobrenatural é comum devido à sensibilidade aflorada. — Pier Paolo Pasolini dizia: “A realidade não é um sonho. São vários sonhos”. Com efeito, cada despertar é um acesso importante que libera o sujeito dos antigos hábitos, repetições e automatismos que, doravante, não funcionam mais, não têm mais um sentido próprio reconhecível. A voz que fala ao doente é portadora, de lembranças e de rastros de um romance familiar que podem chamar à vida o moribundo, na medida em que ela restabelece o laço com o outro — acrescenta. Fotos: Roberth Trindade Steve Ford Elliott L á se foi o tempo quando ocorriam problemas na comunicação entre um italiano da Lombardia e outro da Sicília, repleto de dialetos. A novidade é que essas disparidades têm desaparecido com o passar do tempo. Para comprovar o fato, o Instituto Nacional de Estatística italiano (Istat) realizou, no ano passado, uma pesquisa para descobrir qual é a relação dos italianos com a língua oficial, os dialetos e as línguas estrangeiras. O resultado, publicado recentemente, revela que o idioma continua se difundindo pelo território e a diferença existente entre centro/norte contra sul e ilhas, diminuiu. Outra constatação é que o dialeto continua predominando entre os idosos e nas relações familiares. A língua nacional ainda não conseguiu vencer a batalha contra os dialetos e, provavelmente, nunca vencerá, pois mais do que códigos de comunicação, eles transmitem um sentimento de integração em uma determinada cultura local, formada por costumes e tradições. As pessoas que falam prevalentemente o idioma oficial no interior da família representam 45,5 por cento da população, o que corresponde a 25, 52 milhões de cidadãos, com idade igual ou superior a seis anos. O uso do italiano aumenta nos contatos com os amigos [48,9 por cento] e, de forma mais acentuada, no relacionamento com pessoas com as quais não existe intimidade [72,8 por cento]. Nesses três contextos relacionais, a parcela da população que se comunica tanto através do italiano como do dialeto é a seguinte: 32,5 por cento na família, 32,8 por cento com os amigos e 19 por cento com estranhos. Segundo os pesquisadores, os dados mostram que, para essas pessoas, o uso do dialeto pode estar ligado intensamente aos laços afetivos, sentimento menos presente quando do uso do italiano. Porém, foi somente o emprego exclusivo do dialeto que sofreu diminuição de 1998 a 2006, passando de 32 a 16 por cento. Mas, o uso integral do italiano e aquele misto com o dialeto, aumentaram. Outro dado interessante é o crescimento na utilização de uma língua es- Destaque no evento, o psicanalista Alain Didier-Weil apresentou o seminário gumas produções são “cantigas de ninar”, tendo como efeito um sono narcotizante no ciclo da mesmice; outras, pretendem nos fazer despertar; reavivar em nós a capacidade de nos surpreendermos, e vermos as coisas como se fosse a primeira vez — define Denise. Falando sobre “O acontecimento da escuta e a escuta como acontecimento”, o professor do Nodi Freudiani de Milão, Giancarlo Ricci, salientou que “a tese essencial que Freud nos entrega é que a lógica do despertar indica uma temporalidade específica que age no funcionamento da realidade”. — Quando o paciente, em um determinado momento, diz que um despertar acontece, ele diz na verdade que percebeu uma dife- Maio 2007 / Para o diretor do IIC-RJ, Rubens Piovano, a organização do Colóquio abriu espaço a setores culturais atípicos e à presença de espectadores de todas as partes do Brasil [visto que o Corpo Freudiano tem seções em Fortaleza, no Ceará, Campos, no Rio de Janeiro, São Luiz, no Maranhão, Manaus, no Amazonas, entre outras cidades e estados]. — Tivemos um público de mais de 200 pessoas e que geralmente não viriam ao Instituto. Isso sem falar na presença de psicanalistas franceses, como continuidade de um trabalho que celebra os 50 anos do Tratado de Roma, fundamental para a Comunidade Européia — finaliza Piovano. ComunitàItaliana 45 Esporte mais novo dentre as modalidades disputadas no Pan, o Triatlo tem entre seus representantes uma atleta com sangue italiano D Sílvia Souza rigorosos treinos de corrida para se manter a forma. No Pan, o percurso do Triatlo consiste em um quilômetro e meio de natação, 40 de ciclismo e dez de corrida. A prática acabou se tornando um desafio para o corpo humano, tanto que, quase concomitantemente à sua criação, marinheiros norte-americanos tentaram cumprir a prova. Por sua dificuldade foi batizada de “Ironman” [Homem de Ferro], tamanho o des- gaste e a resistência necessária para se completar seu percurso. No Pan do Rio, seis “guerreiros” compõem o pelotão que representará o Brasil: Carla Moreno, Mariana Ohata, Antônio Marcos da Silva, Juraci Moreira, Virgílio de Castilho e Sandra Soldan, uma descendente de italianos que já conquistou muitas vitórias ao longo de seus mais de 15 anos de carreira. — Sou descendente de família alemã por parte do meu pai, e Divulgação iz o ditado popular que um é pouco, dois é bom e três é demais, mas os atletas que se dedicam ao Triatlo [ou Triathlon] certamente não pensam assim. A modalidade esportiva é a mais nova dentre as que serão disputadas no Pan-Americano do Rio de Janeiro [começou a fazer parte dos Jogos de Mar del Plata, na Argentina, em 1995] e, criado na década de 1970, nos Estados Unidos, surgiu como alternativa aos 46 ComunitàItaliana / Maio 2007 FTERJ Três não é demais! italiana, por parte da minha mãe. Adoro a língua italiana e cheguei a iniciar algumas aulas particulares há dois anos, mas não consegui levar adiante, por causa do meu calendário louco de provas e treinamento — conta a triatleta, que considera a língua italiana super romântica. Sandra, que começou a nadar aos seis anos, por recomendação pediátrica, competiu durante 15 anos pelo Clube de Regatas do Flamengo, local que considerava sua segunda casa, sendo atleta laureada no clube. Mas ao cursar medicina, aos 21 anos, ela começou a perceber que precisava de algo mais. — Foi no ano de 91. Dediquei meu primeiro semestre à pratica esportiva, friamente calculado, para que, a partir do segundo semestre, começasse a dedicação aos estudos, que durariam alguns anos. Nunca estive tão bem em termos de preparo físico. Obtive os meus melhores tempos na natação, no Troféu José Finkel, e participei de meu primeiro Campeonato Internacional, na Inglaterra. Foi nesta época que adquiri um gosto pela corrida maior do que o que eu tinha pela natação — recorda. Divulgação esporte Em Copacabana, mesmo local que abrigará em julho a competição de triatlo do Pan, Sandra participou de desafios de Biathlon entre os anos de 1992 e 1994. Depois de ganhar todas as provas, no verão de 1994/1995, de férias da faculdade, ela resolveu ingressar no Triathlon. Neném, técnico que a acompanhou nesse período, virou marido. — Procurei o Neném, por recomendação de uma amiga. Estava indo para o oitavo período da faculdade, com uma grade horária um pouco menos intensa. Neném começou a me treinar em fevereiro de 95, data em que começou também a nossa história pessoal. Incrementei aos meus treinos o ciclismo e a corrida. Na época estava com sobrepeso e queria perder alguns quilinhos de forma saudável. E o mais importante: queria motivação. O que não falta no Triathlon — salienta. A triatleta diz que a praticidade e uma certa falta de rotina contribuem para estimulá-la durante os treinamentos, uma vez que os locais onde se pratica o esporte podem ser variáveis, além de não haver a mesmice de praticar somente uma modalidade todos os dias. — Até agora me preparei em Niterói [RJ], onde moro. Mas irei para Boulder, nos Estados Unidos, onde treinarei por 45 dias, num estágio em altitude. Volto duas semanas antes do Pan. Ainda não atingi os 100 por cento de forma física. Será um trabalho progressivo com pico de performance em julho — comenta Sandra, que considera a natação seu ponto forte durante as provas e se dedica mais à corrida, por gastar mais energia e tempo. Ela lembra que, apesar de ainda não estarem definidas, as equipes norte-americana e canadense são as que mais inspiram cuidados no Pan, sendo rivais diretas do Brasil. O perigo é maior pois a medalha de ouro serve como uma passagem de atalho para as Olimpíadas na China, em 2008. Mas Sandra não se sente pressionada por competir em casa. — Acho que a auto-confiança é gerada em qualquer lugar. Ela vai depender de seu trabalho mental. É claro que existe um conforto maior, pois não existe viagem de avião, que para mim é um terror. E vai ter a energia positiva emanada da torcida e do local, o Rio de Janeiro, que é minha cidade natal — analisa. Da relação com a Itália, que ela faz questão de exaltar, Sandra tem muito a contar. Além de ter tido a oportunidade de visitar a bota algumas vezes, ela foi patrocinada pela Pinarello, marca italiana de bicicleta italiana com renome internacional. — A fabrica fica em Treviso, norte da Itália, perto de Veneza. Conheci estas duas cidades em uma viagem inesquecível de duas semanas. Fiquei alojada ao lado da fábrica. O sentimento de amizade do povo italiano, do sangue quente, das conversas calorosas, geralmente num café ou em um restaurante, é o que mais me cativa neste povo. É ótimo saber que existem traços disso em meu sangue! Gostaria muito de ter a chance de poder voltar a visitar este país maravilhoso que, dentro da Europa, é, sem dúvida, o que mais me chamou a atenção — enfatiza a ítalo-brasileira, ressaltando Silvia Germiniani, Beatrice Lanza e Nadia Costassa como os grandes nomes da Itália no Circuito Mundial de Triatlo. O passo-a -passo da competição No Pan do Rio, a prova masculina e feminina de triatlo será disputada na Arena de Copacabana. Os atletas largam juntos e têm que percorrer um curso triangular, demarcado por bóias. As penalidades geralmente são aplicadas quando um atleta interfere propositadamente no desempenho dos outros competidores ou quando viola as regras expressas da competição. Se alguém infringir alguma regra ou atrapalhar um oponente durante a prova de natação, ficará retido por 30 segundos antes de iniciar o ciclismo. Imediatamente após sair do mar, o triatleta se dirige à área de transição para pegar seu equipamento e iniciar os 40 quilômetros da prova de ciclismo. Durante o percurso, ele só pode se mover em cima da bicicleta. A regra é clara. Mas se um dos pneus furar, é permitido que o competidor carregue sua bicicleta até uma estação de troca para seguir a prova. Durante as pedaladas, os atletas podem fazer uso do vácuo para melhorar sua performance. Ou seja, o esportista se posiciona próximo ao adversário, que está à sua frente, para tirar proveito da força impressa pelo rival e não sofrer de modo acentuado à resistência do ar. Até 1995, as regras estabeleciam que um competidor deveria manter uma distância de, no mínimo, dez metros em relação ao atleta da frente. Maio 2007 / “O sentimento de amizade do povo italiano, do sangue quente, das conversas calorosas, geralmente num café ou em um restaurante, é o que mais me cativa neste povo. É ótimo saber que existem traços disso em meu sangue!” Sandra Soldan, triatleta classificada para os Jogos Pan-Americanos No ciclismo, ainda são utilizados cartões amarelos e vermelhos, geralmente quando o triatleta causa perigo aos outros competidores. Dois cartões amarelos, de advertência, correspondem a um vermelho, que significa a desqualificação do competidor. Terminada a fase de ciclista, os atletas passam novamente por uma área de transição, para, em seguida, iniciar os dez quilômetros de corrida. Neste momento, o competidor deve utilizar somente o espaço a ele destinado, não podendo de maneira alguma impedir o progresso dos adversários. E na corrida, os atletas não podem competir com o torso nu, descalços, portando os óculos ou com a touca de natação. — O Triatlo é um esporte novo, que está crescendo no mundo todo, em termos de praticantes e de evolução em rendimento, quer dizer, de quantidade e qualidade. Continuamos a ser o país do futebol e os demais esportes são amadores. Ainda temos muito o que desenvolver em termos de estrutura. Mas, por enquanto, cada atleta estará lá na largada da prova do Pan por conta do potencial, da disciplina e de patrocinadores individuais— finaliza Soldan. ComunitàItaliana 47 Hoje meta turística, Saló guarda tesouros da antiguidade e cenários que deram vida à República Social Italiana de Mussolini Ana Paula Torres Ana Paula Torres S 48 ComunitàItaliana / Maio 2007 aló, um pedacinho chique da Itália. Guarda em seu território tesouros da antiguidade, além de cenários que deram vida à República Social Italiana de Mussolini. Localizada na província de Brescia, região da Lombardia, no norte da Itália, Saló possui atualmente cerca de 10 mil habitantes. Hoje, esta cidadezinha às margens do Lago de Garda, se destaca como meta turística, enquanto que, no passado, serviu de cenário a um momento histórico da Itália. De 8 de setembro de 1943 a 25 de abril de 1945, Saló foi a capital da República Social Italiana, conhecida também como República de Saló. A localidade encontra-se, atualmente, entre os municípios italianos com maior renda per capita, qualidade de vida e de serviços [Gardone Riviera, Gavardo, Puegnago sul Garda, Roè Volciano, San Felice del Benaco, Torri del Benaco e Vobarno]. É um importante pólo turístico do norte da Itália, mas também exerce sua influência como centro direcional da região por abrigar importantes repartições públicas. O turista que escolhe Saló como destino para sua viagem, ao chegar, se depara com uma cidadezinha elegante. Em 2005, o calçadão que margeia o lago foi prolongado, oferecendo ao visitante a possibilidade de realizar um passeio que circula o golfo até alcançar às praias na outra ponta. Corrispondente • Roma Depois de uma boa caminhada, nada melhor do que uma paradinha numa sorveteria para se refrescar ou em um bar para um suco ou aperitivo. O centro de Saló oferece uma série de opções entre bares, restaurantes, sorveterias e lojas. Também não faltam os hotéis, abertos durante o ano todo e acessíveis a todos os bolsos, com serviços de três a cinco estrelas. Saló também oferece um lazer diversificado, através de estruturas esportivas, cinemas e teatros. Vale a pena visitar a catedral da cidade, datada de 1400, e que representa a obra monumental mais importante, juntamente com o palácio da “Magnifica Patria”. Outro convite irresistível para quem gosta de caminhar e descobrir o território é uma visita à colina de São Bartolomeu onde, em meio às árvores, abrem-se trilhas com vistas panorâmicas da parte sul do lago. Arte e cultura A melhor maneira para explorar bem o centro histórico de Saló é caminhar seguindo as indicações das vinte placas que guiam o turista num percurso completo e fornecem dados referentes à origem de cada bairro da cidade. O passeio começa por Fossa, partindo da praça Vittorio Emanuele II, com uma visita à igreja de São Bernardino, construída em 1476 e ao Teatro Municipal, de 1873. Em seguida, merece uma especial Ana Paula Torres uma aparição milagrosa de Nossa Senhora. Por que Saló? A origem do nome Saló não é bem clara e existem várias possibilidades. Alguns estudiosos acreditam que o nome tenha ligação com aquele da rainha etrusca Salodia, residente em Saló, onde construiu magníficos palácios. Uma outra explicação [talvez a mais coerente] dá conta que o nome da cidade estaria relacionado à sua atividade econômica de armazenamento de sal, em tempos remotos. No passado, Saló se comunicava com o mar Adriático através do rio Mincio e, por esse caminho, os romanos chegavam em navios até a cidade para nela depositarem o sal extraído do mar. Existem provas da presença antiga romana neste território, como a necrópole onde os romanos sepultavam os seus an- tepassados, descoberta na região norte da cidade, hoje, a rua Sant’Jago. Na década de 70, durante um projeto de escavação arqueológica, foram descobertos vários túmulos e objetos, como uma ânfora que, hoje, se encontra no museu arqueológico de Milão. A República Social Italiana Em julho de 1943, as tropas aliadas invadiram a Itália, o ditador fascista Benito Mussolini foi preso e Pietro Badoglio assumiu o governo. Os alemães invadiram Roma e libertaram Mussolini, que fundou a República Social Italiana (RSI), mais conhecida como República de Saló. Era um Estado independente, reconhecido somente pela Alemanha e pelo Império do Japão. Durou até abril de 1945, quando Mussolini foi executado, após ser capturado pelas tropas italianas da resistência. Maio 2007 / Reprodução Um mergulho no passado atenção a igreja da Visitação, de 1712. Através da antiga porta do Relógio, chega-se à praça Angelo Zanelli [escultor que realizou os detalhes em alto relevo do Altar da Pátria no complexo do Vitoriano de Roma] onde encontra-se a casa Bersatti, com janelas que são consideradas as mais bonitas do período medieval de Saló. O percurso continua com a visita à igreja de São João Batista, datada, segundo estudiosos, do século 7 e totalmente remanejada em 1727, conservando em seu interior telas do pintor Zenon Veronese. Percorrendo a rua San Carlo que abriga construções de 1600, chega-se à estátua do santo padroeiro de Saló e logo após, à praça Giuseppe Zanardelli. Para chegar à delimitação antiga da cidade, ou seja, às muralhas que circundavam o burgo medieval, é necessário percorrer a “salita di Santa Giustina” e continuar o trajeto pela rua Francesco Calsone. Ao chegar, o turista se depara com uma visão panorâmica do campanário daquela que era a igreja de Santa Giustina e depois se tornou a torre do Observatório Meteorológico e Estação Sísmica “Pio Bettoni”, fundados em 1877. Um dos pontos mais característicos do centro histórico é a praça Santo Antonio, com a igreja construída em 1646. O turista que visita Saló não pode deixar de ver a catedral da cidade que é, sem dúvida, o máximo da expressão artística presente no território. Consta nos documentos conservados na sacristia que a atual construção foi edificada em 1453, em estilo tardo gótico, projeto de Filippo delle Vacche da Caravaggio. Saló não oferece somente um passeio agradável pelas ruas do seu centro antigo. Vale a pena visitar o palácio Terzi, construído em 1556 pelo comandante das milícias venezianas Sforza Pallavicini. Foi sede da secretaria pessoal e política de Benito Mussolini, além de ter a função de quartel general das forças armadas da República Social Italiana. Muito próximo, encontra-se a igreja de São João Batista e o convento dos Cappuccinos. Outra meta interessante é o santuário da Madonna del Rio, localizado a cerca de 2 quilômetros de Saló, construído no século 18 após Ana Paula Torres turismo Salò fica às margens do Lago de Garda, perto dos municípios com maior renda per capita do país Foi a última tentativa de Mussolini e Hitler em reorganizar a Itália fascista. Villa Simonini, hoje Hotel Laurin, era a sede do Ministério das Relações Exteriores, dirigido pelo próprio Mussolini. Outra propriedade utilizada naquele período como uma das sedes do governo foi a Villa Amadei e o Palazzo della Croce Rossa, ambos sede do Ministério da Cultura Popular. Localizada às margens do lago, a Casa del Fascio, hoje bar Itália, ficava à disposição da Guarda de Mussolini, sob comando do Cônsul da Milícia Albonetti. Próximo à estação rodoviária, encontra-se a famosa Agência Stefani, responsável, na época, pela impressão da propaganda fascista. Uma curiosidade é que a agência possuía uma conexão com o Palazzo della Magnifica Patria, sede da Repartição Intérpretes, encarregada pela tradução dos comunicados externos. O Teatro Municipal era utilizado para congressos e assembléias políticas, além de espetáculos de grande valor artístico . Em 2002, foi aberto o Centro de estudos e documentação sobre o período histórico da República Social Italiana, que conta com a participação da Prefeitura de Saló, da Região Lombardia e da Província de Brescia. O Centro visa recolher todo tipo de material sobre a RSI em um acervo de acesso público, além de promover pesquisas e conferências. ComunitàItaliana 49 música Roberth Trindade Com a palavra, o maestro Ennio Morricone desembarca no Rio e fala sobre carreira, premiações e sua relação com a música brasileira Em entrevista à ComunitàItaliana, o maestro, especialista em trilhas cinematográficas com cerca de 500 temas compostos, diz que ter ganhado a estatueta foi sinônimo de revitalidade em sua carreira. — Já recebi muitos prêmios e só me faltava o Oscar. Foi uma surpresa. Mas depois de tê-lo recebido, vejo que o prêmio foi um início e não uma conclusão. Um início para melhorar, respeitando minhas regras de vida musical — declara. Divulgação uem já não ouviu falar que a vida é um eterno recomeço, principalmente para os mortais? Ledo engano. Pelo visto, a máxima se estende até para celebridades como o maestro Ennio Morricone que, aos 79 anos, ainda vivencia novas experiências. Dentre elas, incluem-se o recebimento de um Oscar honorário, em fevereiro último, e sua primeira vinda ao Brasil neste mês para participar do 1º Encontro Internacional de Música de Cinema, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. 50 ComunitàItaliana / Maio 2007 E a prova de tanta energia vem já do anúncio de um outro grande concerto a ser apresentado, em outubro, na Accademia Nazionale Santa Cecília, em Roma. — Relembrarei, com o público, uma de minhas obras recentes feitas com o maestro Riccardo Muti chamada Voci dal Silenzio, inspirada no episódio trágico ocorrido em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos — adianta. Para falar do seu trabalho, Morricone dá a dica ao retratar seus cuidados na hora de compor trilhas sonoras para o cinema. Aliás, sobre isso, ele é categórico: — A música não deve ser um fundo sonoro. Ela deve ter fisionomia própria. Deve tentar aflorar os sentidos. O compositor não deve “fraturar” a partitura de acordo com o filme na hora da montagem. Ele deve esquecer a fragmentação própria do cinema. Tem que compor com sincronia. De seu vínculo com o Brasil, Morricone lembra os grandes nomes da música popular brasileira como Vinícius de Moraes e Tom Jobim. Mas o maestro faz questão de ressaltar um dos episódios de parceria com artistas como o cantor e compositor Chico Buarque. “Já recebi muitos prêmios e só me faltava o Oscar. Foi uma surpresa. Mas depois de tê-lo recebido, vejo que o prêmio foi um início e não uma conclusão. Um início para melhorar, respeitando minhas regras de vida musical” — Há 37 anos, gravei um disco com Chico Buarque [Per um pugno di samba]. Na época, foi considerado um produto difícil, de vanguarda. Daí, o público italiano não aproveitou esse conceito e as vendas não atingiram o esperado. Os artistas brasileiros fazem um trabalho bem elaborado e de pesquisa. Isso não se encontra muito na Itália — analisa o maestro. O maestro no Municipal Foi no Rio de Janeiro que Morricone regeu pela primeira vez após o Oscar recebido em fevereiro. No concerto,com a Orquestra Petrobras Sinfônica, ele apresentou sucessos como “Riccardo III”, “Here’s to you” [ filme de Sacco & Vanzetti], “L’estasi dell’oro” [de Três homens em conflito], o tema de “A Missão”, dentre outros, para mais de 2 mil pessoas. A proposta do 1° Encontro Internacional de Música no Cinema foi promover a importância da música no universo da produção cinematográfica. A programação contou com concertos sinfônicos acompanhados de projeção de vídeos, apresentação de shows, palestras com compositores, escritores, professores e críticos de cinema nacionais e internacionais. O objetivo foi disseminar um assunto pouco discutido no âmbito das produções cinematográficas e audiovisuais como um todo, levando a cultura da música de cinema para o público em geral. Segundo os idealizadores, a música é um poderoso elemento que pode contribuir com a narrativa de um filme. O Oscar Honorário Q uando recebeu o Oscar por sua carreira de mais de 50 anos e tendo o ator americano Clint Eastwood como tradutor, Morricone aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem a “todos aqueles artistas que nunca receberam um prêmio como este, apesar de terem se dedicado a seu trabalho”. — Espero que todos possam recebê-lo algum dia — disse, na ocasião, o compositor, que dedicou o prêmio a sua mulher, Maria. Na cerimônia, a cantora canadense Celine Dion interpretou a música I knew I loved you, apresentada no disco We all love Ennio Morricone, que inclui alguns de seus temas interpretados por nomes como Bruce Springsteen, Metallica, Roger Waters e Andrea Bocelli. Morricone já havia recebido cinco indicações por conta dos filmes Cinzas no Paraíso (1978), A missão (1986), Os intocáveis (1987), Bugsy (1991) e Malena (2000). — É como uma loteria. Você não deve fazer uma tempestade se não te escolherem. Mesmo assim, parece-me que este Ostar significa muito. Não é fruto da sorte, do acaso e sim, do êxito de uma votação de mais de quatro mil membros da academia. É o reconhecimento de todo um trabalho que dediquei ao cinema — reflete. Mas, uma pergunta não se quer calar. De onde vem a inspiração que acabou sendo coroada pela estatueta? O maestro mesmo responde: — Vem de tudo, creio eu. Do cérebro, da preparação, das teorias musicais, da necessidade própria do filme, no caso de uma trilha sonora, e das discussões com o diretor que podem chegar a resultados inesperados — fala. Divulgação Q Rosangela Comunale Para Morricone, essa identificação com a Itália é expressa até nos instrumentos o que, segundo ele, mostra a afinidade entre os povos das duas nações. — O Brasil é rico em percussão. Isso me faz lembrar a fraternidade com os instrumentos italianos como o “tamburello”, típico de Nápoles e de toda a Itália meridional — compara. Ao longo de seus 52 anos de carreira fazendo trilhas para filmes, diplomocia é também o que não falta em Morricone. Ao ser perguntado sobre seu diretor preferido, ele é infalível: — Escolher um ou outro é complicado. Já a respeito de suas impressões sobre o Rio de Janeiro, ele não se intimida e procura exaltar tanto a Itália como o Brasil. — É um grande país com grandes maravilhas. Para quem vem de uma maravilha como a Itália, percebo que o Brasil é também é uma — observa. A parceria com Sergio Leone I mpossível não mencionar a participação importante do diretor Sergio Leone na carreira do romano Morricone. Em 1964 foi quando tudo começou. A primeira trilha sonora escrita para ele aconteceu no filme “Per un pugno di dollari” [“Por um punhado de dólares”]. A partir daí, ocorreu uma série de filmes com Leone. Dentre eles, estão “Per qualche dollaro in più” [“Por uns dólares a mais, 1964], “Il buono, il brutto, il cattivo” [“Três homens em conflito”, 1966], “C’era una volta il West” [“Era uma vez no Oeste”, 1968] e “Giù la testa” [“Quando explode a vingança”, 1971]. Por serem sucessos consagrados pelo grande público, Morricone sempre dedica uma parte de seus concertos ao diretor Leone. Maio 2007 / ComunitàItaliana 51 Sapori d’Italia Milão Guilherme Aquino Café chique Agito à beira do rio O 12º Festival Nacional e Internacional de Dança acontecerá entre os dias 25 de maio e 10 de junho. Este ano, especialmente, o evento vai ter lugar no novo Spazio Live di Trezzo. São 1.600 metros quadrados de uma estrutura polifuncional com dois andares e a possibilidade de se dividir em uma ou mais salas de concerto e espetáculo. Um restaurante também será montado para garantir a “energia” dos visitantes. O festival é patrocinado pela Província de Milão e pelo Comune di Trezzo sull’Adda e dal Polo Adda e Dintorni. Além dos eventos culturais, o público poderá admirar a beleza das águas claras do Adda, o quarto maior rio da Itália e principal afluente do Po. Mais informações no site www.addadanza.org A bebida típica brasileira ganha toque especial nas mãos de italiano Guilherme Aquino O Semana da Cultura de 2007 A O s salas do Palazzo Reale celebram cem anos, de 1900 a 2000, de estilo italiano. Além das obras dos grandes artistas [do Futurismo ao Divisionismo, da neovanguarda dos anos 70 aos jovens de hoje em dia], estão ainda as peças de arquitetos e designers. Pinturas e instalações retratam o melhor da decoração de interiores da Itália. Por conta disso, podem ser vistos móveis projetados e realizados por nomes como Gio Ponti e Bugatti. O nome da mostra é “Camera com Vista”, tirado do homônimo filme de James Ivory, e fica em cartaz até o dia primeiro de julho. O site referente à exposição é www.comune.milano/palazzoreale/index 52 ComunitàItaliana prêmio World Press Photo 2007 é o mais prestigioso do setor da fotografia e do fotojornalismo. É o “oscar’ de quem vive atrás da lente em busca do flagrante revelador, do instante fugitivo, do passo em falso e do olhar verdadeiro. Enfim, todas as nuances das paisagens, das tramas e dos personagens que uma cena pode contar ao leitor são responsáveis por ministério dos Bens e das Atividades Culturais organiza, como todos os anos, a semana da cultura em toda a Itália. Durante este mês, museus, sítios arqueológicos, monumentos estatais terão acessos gratuitos e será possível aproveitar a chance de desfrutar de diferentes iniciativas com a abertura extraordinária de ruínas antigas, visitas guiadas, restaurações em curso ou que acabaram de terminar, concertos, espetáculos, projeções de filmes e mostras. Em Milão, as atrações serão, entre outras, La Torre Poligonale del Civico Museu Archeologico, Il Cortile Ghiacciaia della Ca’Grande dell´Università e La Sala Reale della Stazione Centrale di Milano. Para mais detalhes, consultar o site www.beniculturali.it / Maio 2007 imagens que escrevem a história contemporânea. Quem estiver em Milão até o dia 27 de maio, poderá admirar os trabalhos premiados na Como 10, na rua homônima, um local muito “descolado” onde se encontram as grifes mais badaladas do mundo fashion e uma galeria de arte onde foi montada a exposição das fotografias. Tudo isso pode ser conferido no www.worldpressphoto.it América redescoberta O bras de arte de coleções americanas nunca antes expostas em público chegam ao Castello Sforzesco. Da Amazônia aportam cerca de 400 objetos de uso de rituais religiosos e instrumentos musicais. A mostra abre espaço para a cultura da América do Sul. Arqueologia e etnografia se encontram num mosaico de materiais, de formas e desenhos muito diferentes uns dos outros. Vale também visitar o Castello Sforzesco, um monumento “vivo” ao período renascentista. Informações no site www.milanocastello.it/craai rasília – Aquele cafezinho depois do almoço cai muito bem. Principalmente para os italianos que gostam sempre de algo “digestivo” após as refeições. De manhã então nem se fala... Sempre quentinho, a bebida faz parte do cotidiano brasileiro desde o início do século passado, quando o produto ganhou espaço na economia nacional e lugar especial no paladar do brasileiro. Os italianos estão intimamente ligados à história da cafeicultura no Brasil, uma vez que milhares deles vieram para o país vislumbrando a riqueza nos cafezais do interior paulista e fluminense. Muitos não ficaram ricos, mas deixaram descendentes que aprimoraram a cultura do café em terras brasileiras. – O meu avô Domenico Monardo veio plantar café e hoje invisto e vendo o produto — conta o italiano de Reggio Calabria, Antonello Monardo, de 46 anos. Ele apostou na comercialização do café especial, emprestou seu nome à sua empresa de distribuição e ganhou os restaurantes da capital federal. Segundo ele, antigamente, em Brasília, os estabelecimentos serviam um café ruim e de graça. Diferente da Itália, onde, de acordo com ele, os alegres bate-papos são regados à bebida em diversas receitas. – Perdia o cliente e o dono do estabelecimento — destaca. Vender apenas não é a solução. Monardo assinou uma parceria com a Accademia Italiana Maestri Del Caffè (Aicaf), uma escola com sede na província de Brescia na Itália. O objetivo é qualificar e promover a figura do Mestre do Café e do estabelecimento, melhorar a imagem e o prestígio do barista. Além disso, para capacitar os funcionários dos restaurantes, Monardo promove um curso de barista no Centro Universitário Unieuro. – O Brasil produz o melhor produto do mundo — resume. Para esta bebida de cor preta e amarga, há inúmeras receitas e uma delas é misturá-la com chocolate, como se faz em Turim, no norte da Itália. Lá, explica Monardo, em frente ao santuário da Consolata, o Caffè Bicerin [do século 19] serve o “bicerim”. Para os moradores de Turim, essa bebida tem a mesma importância que o vinho para os franceses. A receita do bicerin torinese, feito com chocolate, café e creme de leite e servido em copinho de vidro, data de 1763. Outra maneira de se beber o café é gelado. Batizada de “Granita de Café”, essa receita é uma sobremesa que, segundo Monardo, é mais consumida no Sul da Itália [Sicília e Calábria] especialmente no verão, como café-damanhã. É servida com panna montata [creme chantilly] e acompanhada geralmente de brioche. Divulgação Guilherme Aquino B Fotografias do Mundo Camera con Vista Fábio Lino Bicerin Torinese Ingredientes: 250 ml de leite; 20g de chocolate amargo; 50 g de açúcar; 2 xícaras de café; 2 colheres (sopa) de chantilly. Modo de preparar: Coloque em uma panela o chocolate amargo, junte vagarosamente o leite e o açúcar mexendo com cuidado no fogo brando até obter um chocolate bastante denso e homogêneo. Coloque o chocolate em um copo de vidro formando a primeira camada. Junte o café expresso ou um café bem encorpado e finalize com o chantilly, tendo o cuidado de formar três camadas. Rendimento: 2 porções Tempo de preparo: 30 minutos Grantia di Caffé con panna Ingredientes: 1/2 litro de água; 6 xícaras de café expresso ou 250ml de café encorpado; 150g de açúcar; 1 xícara de creme de leite fresco. Modo de fazer: Em uma panela, dissolva o açúcar na água em fogo brando. Junte o café, mexa e deixe esfriar. Coloque o produto em um recipiente com bordas baixas e leve-o ao freezer. Depois de duas horas, mexa com um garfo ou colher de pau. Repita a operação algumas vezes a fim de obter uma consistência granulosa. Bata o creme de leite fresco com um pouco de açúcar, à mão ou na batedeira, até virar chantilly. Sirva em taça de vidro, colocando o chantilly em um lado da taça. Complete com a granita e finalize com o chantilly. Rendimento: 6 a 8 porções Tempo de preparo: 4 horas Serviço: Café e Caffè – Avenida W3 Norte – Quadra 708/709 – Bloco A nº43 Brasília – DF/Telefone: 32721646 – www.cafeecaffe.com.br Maio 2007 / ComunitàItaliana 53 La gente, il posto Claudia Monteiro de Castro O mesmo menu desde 1947 T radição é o que não falta na Itália. Muitos restaurantes exibem placas comemorativas indicando a data de fundação e é comum aqueles que existem há diversas décadas. Numa pequena ilha de Como, a única do lago, o restaurante La Locanda dell’Isola Comacina vai mais além. Além de ter sido fundado há mais de meio século, tem o orgulho de oferecer o mesmo menu desde 1947. O preço é fixo, 59 euros, incluindo vinho. O lugar é pitoresco, no lago de Como, onde ficam as vilas dos ricos e famosos, como o ator americano George Clooney. No verão, almoça-se ao ar livre, em mesas rústicas. Mas vamos voltar a falar do mais importante, o histórico menu: bem saudável, é uma maratona de cinco pratos. Só o antipasto bastaria para saciar o apetite de qualquer guloso que se preze: uma fatia de tomate e uma fatia de limão, temperadas com sal, orégano e azeite de oliva, e diversas cumbuquinhas, cada uma com um tipo de verdura: cenoura, beterraba, aipo, cortadinhos bem fininhos, à perfeição, e ainda N pimentão, cebola cozida (divina!), feijão, brócoli, presunto de Parma, bresaola de Valtellina e o pane amico, come eles chamam carinhosamente uma longa baguete pronta para ser repartida com a mão entre os companheiros de mesa. Locanda dell’Isola Comacina Telefones: 0344 55 083 0344 56 755 Aberto de março a outubro Mais informações pelo site www.locanda-isola-comacina.it Os sobrenomes italianos ão existe país no mundo onde os sobrenomes tenham mais significado que na Itália. Conheci pessoas com sobrenomes belíssimos como d’Amore, Delicato e também graciosos como Coccola que, em italiano, quer dizer “paparico”. Alguns sobrenomes têm forma de adjetivo, exaltando as virtudes das pessoas: Belli, Perfetti, Fedele, Valente. Sobrenomes como esses dão sorte, inspiram confiança. Mas, às vezes, acontece que o sobrenome não tem nada a ver com a pessoa. Por exemplo, conheci um senhor de sobrenome Terribili que era a gentileza em pessoa. Antes de conhecê-lo, estava com um certo temor mas, assim que vi seu sorriso e olhar de criança, percebi que o sobrenome não era apropriado! E o que dizer do senhor Gambalunga (Pernalonga) que tinha um metro e meio de altura? É a ironia dos sobrenomes italianos. Nome e sobrenome nos acompanham durante toda a vida. É coisa séria. Alguns são muito divertidos, 54 Depois deste apetitoso antipasto, é a vez da truta alla contrabbandiera, assada numa chapa de forno à lenha. Assistir aos garçons enquanto tiram os espinhos na frente dos clientes com todo cuidado e temperam com limão e sal é um verdadeiro espetáculo. Depois da truta, é servido o frango com salada. Quando menos se espera vem o garçom com um gigantesco parmigiano reggiano, quase do tamanho de um pneu e escava um pedaço para cada comensal. Quem ainda guardar espaço para a sobremesa pode saborear a laranja alla castellana, fatias de laranja servidas com sorvete de creme, com uma cobertura deliciosa. E prepare-se para o grand finale: os garçons entram na sala fazendo balbúrdia com sinos. Enquanto servem o café, contam a história da ilha. ComunitàItaliana / Maio 2007 mas nem sempre têm um significado muito lisonjeiro. O que fazer neste caso? Algumas pessoas famosas na Itália como a apresentadora Luisa Corna (em português “corna”) ou o jornalista Vittorio Zucconi (cujo significado seria algo como cabeça de pudim, colocando em dúvida a inteligência da pessoa) mantiveram o deles, pouco se lixando com os tiradores de sarro. Mas devo admitir, precisa ter peito. Às vezes não é o sobrenome, mas a combinação de nome e sobrenome que se torna um desastre, como o caso da famosa Perla Madonna. Per la Madonna! (Por Nossa Senhora!) Mas como fazem os pais a não perceber tal coisa? Mas os meus sobrenomes preferidos são aqueles bem apetitosos, bons como a comida italiana: Roberto Cappelletti, Giovanni Gnocchi, Maria Parmigiano. Quando estou de papo para o ar, sem nada para fazer, começo a inventar possíveis nomes italianos: Giulietta Tiramisù, Fabiana Cioccolata, Marcello Sfogliatella. Tudo é possível na Itália.