69c MODELO DE NEGÓCIO: PERSPECTIVA DE MEDIÇÃO DA PERFORMANCE Pedro António Ferreira Assistente Convidado, Doutorando em Contabilidade Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e BRU/UNIDE [email protected] António Gomes Mota Professor Catedrático Director da IBS – ISCTE Business School Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e BRU/UNIDE [email protected] Victor Franco Professor Catedrático Presidente do Conselho Científico do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e BRU/UNIDE [email protected] Área Temática: C) Dirección y Organización Palavras-chave: Modelo de negócio; estratégia; performance; medição da performance; controlo de gestão. MODELO DE NEGÓCIO: PERSPECTIVA DE MEDIÇÃO DA PERFORMANCE Resumo A proeminência da expressão modelo de negócio iniciou-se na segunda metade da década de 90 do século passado, com o boom das empresas baseadas na internet, tendo entrado rapidamente no léxico da gestão.Embora esteja em voga discutir modelos de negócio, é uma expressão que origina confusão em muitos executivos, sendo pobre a investigação e o conhecimento sobre a mesma na academia. Este estudo teórico, baseado na revisão de literatura, visa contribuir para uma melhor compreensão do conceito de modelo de negócio, dasua relação com a estratégia de negócio e da sua relevância para os sistemas de gestão e monitorização da performance.Chegámos a quatro conclusões principais. Primeira, o conceito de modelo de negócio tem no seu ADN um sistema de relações causais e não existe uma definição única para o mesmo.Segunda,a relação dialéctica entre modelo de negócio e estratégia de negócio consubstancia-se na temporalidade, interacção, âmbito e pontos de proximidade e de afastamento. Terceira, a relação entre modelo de negócio e monitorização da performance pode ser perspectivada em diferentes ângulos, nomeadamente como base primária para responder á questão «o que monitorizar»; contudo, poucos autores associam especificamente as medidas de performance aos componentes do modelo de negócio. MODELO DE NEGOCIO: PERSPECTIVA DE MEDICIÓN DE PERFORMANCE Resumen La prominencia de la expresión modelo de negocio se inició durante la segunda mitad de la década de los 90 del siglo pasado, con el boom de las empresas basadas en Internet, habiendo entrado rápidamente en el léxico de la gestión. Aunque esté en aboga discutir los modelos de negocio, es una expresión que origina confusión en muchos ejecutivos, siendo pobre la investigación y el conocimiento sobre los mismos en la Universidad. Este estudio teórico, basado en el análisis de la literatura, se propone contribuir a una mejor comprensión del concepto de modelo de negocio, de su relación con la estrategia empresarial y de su relevancia para los sistemas de gestión y control del performance. Se llega a cuatro conclusiones principales. Primera, el concepto de modelo de negocio tiene en su ADN un sistema de relaciones causales, y no existe una definición única para el mismo. Segunda, la relación dialéctica entre modelo de negocio y estrategia de negocio se materializa en la temporalidad, la interacción, el ámbito y los puntos de proximidad y de lejanía. Tercera, la relación entre modelo de negocio y el control de performance puede ser analizado desde diferentes ángulos; concretamente como base primaria para responder a la pregunta ¿qué monitorizar. Sin embargo, cuarta conclusión, pocos autores asocian específicamente las medidas de performance con los componentes del modelo de negocio. 1 1. Modelo de Negócio 1.1. Acepções da expressão modelo de negócio A expressão modelo de negócio (MN)é usada, pelo menos, em dois sentidos: (1) como uma representação integrada dos diversos componentes e relações que descrevem o negócio da empresa (Hamel, 2000; Magretta, 2002; Shaferet al., 2005; Osterwalder, 2005; Johnson et al., 2008, Teece, 2010) e (2) como um modelo causal, i.e., um mapa das relações causaefeito entre elementos da estratégia (Marr, 2006) ou entre impulsoresdo sucesso estratégico e os resultados (Ittner e Larcker, 2003; Itnneret al., 2003) ou modelo causal da performance (Lebas e Euske, 2002). Nesta segundaacepção incluem-se o mapa da estratégia (Kaplan e Norton,1996; 2004), o mapa do sucesso(Neelyet al., 2002), o mapa da criação de valor(Marr, 2006), a árvore da performance(Lebas e Euske,2002), assim comoas relações causais, o roteiro para a criação de valor e a árvore dos impulsoresdoEVAinerentes aos modelos da gestão baseada no valor (Ittneretal., 2003; Stern e Shiely, 2001;Johnson e Beiman, 2007).Esta acepção tem um carácter mais instrumental e é mais redutora que a primeira, ao focalizar quase exclusivamente a dimensão financeira da componente estratégia.Interessa-nos o primeiro sentido de MN, numa perspectiva mais conceptual (Teece, 2010) e holística. O MN também é designado, por vezes, conceito de negócio (CN) (Hamel, 2000) e design do negócio (DN) (Debelak, 2006). Não obstante existirem ligeiras diferenças entre elas, utilizaremosas três expressões como sinónimos. 1.2. Conceito de modelo de negócio A expressão MN surgiu pela primeira vez num artigo académico de Bellmanem 1957(Osterwalderet al., 2005). Todavia,a sua proeminência iniciou-se apenasna segunda metade da década de 90 do século passado,com o boom das empresas dotcom (Magretta, 2002; Chesbrough e Rosenbloom, 2002; Yip, 2004; Osterwalderet al., 2005; Grant, 2008). Não obstante esta área específica de saliência,os modelos de negócio são aplicáveis a todas as organizações com fins lucrativos (Magretta, 2002; Osterwalder, 2004; Yip, 2004; Shaferet al., 2005), daí que a expressão tenha entrado rapidamente no léxico da gestão (Osterwalderet al., 2005; Shaferet al., 2005), inserida num novo tema emergente sobre a estratégia de negócio: a estratégia para a nova economia (Grant, 2008). Com as devidas adaptações, o MN aplica-se a qualquer tipo de organizações (Magretta, 2002; Osterwalder e Pigneur, 2010). 2 Magretta (2002:86) refere que «com a crise das empresas baseadas na Internet o conceito de modelo de negócio, que lhe era inerente, deixou de estar na moda». Em contraponto,Chesbrough e Rosenbloom (2002) e Osterwalderet al. (2005) afirmam que o termo é usado com bastante frequência e Shaferet al. (2005) entendem que está muito em voga discutir modelos de negócio. O prémio Mckinsey de 2008 foi atribuído precisamente a um artigo sobre MN (Johnson et al., 2008).Porém, Hamel(2000) salienta que «embora os consultores falem incessantemente em «modelos de negócio», nunca encontrei um que apresentasse uma noção coerente do que de facto seja modelo de negócio». Shaferet al. (2005) opinam, na senda de Yip (2004), que muitos executivos continuam confusos em relação à utilização do conceito, sendo também pobrea investigação e o conhecimento sobre o mesmo na comunidade académica (Linder e Cantrell, 2000; Chesbrough e Rosenbloom, 2002; Osterwalderet al., 2005; Teece, 2010). Teecevai para alémda carência de fundamentação teórica em economia ou em ciências de gestão, referindo que pura e simplesmente não existe um lugar estabelecido na teoria económica para os modelos de negócio (Teece,2010). Uma das razõespara este «estado de coisas» parece residir na ausência de consenso sobre uma definição clara (Chen, 2003; Debelak, 2006) e, consequentemente, na distorção e falta de entendimento do que é um MN (Linder e Cantrell, 2000), das suas potencialidades (Osterwalderet al., 2005) e dos problemas associados à sua criação e uso (Shaferet al., 2005). Embora ainda não tenha emergido uma definição única aceite de MN (Debelak, 2006), pode definir-se enfatizando mais a palavra negócio ou a palavra modelo(Shaferet al., 2005). Enfatizando a palavra negócio, e de uma forma simplista, pode dizer-se que o MN é «o modo da empresa fazer negócio» (Galper, 2001; Gebauer e Ginsburg, 2003 Shaferet al., 2005). De uma forma mais elaborada, «um modelo de negócio é um relato circunstanciado das bases sobre as quais um negócio irá gerar rendimentos e lucros» (Grant, 2008:21). Outros autores enfatizam o aspecto modelo (Hamel, 2000; Chesbrough e Rosenbloom, 2002; Gordijn, 2002;Osterwalder, 2004; Johnson et al., 2008; Osterwalder e Pigneur, 2010)propondo meta-modelos que consistem «num conjunto de elementos e relações que reflectem as complexas entidades que têm por objectivo descrever».Pelo seu carácter sistémico e holístico, é esta a ênfase que nos interessa neste trabalho. 3 O princípio fundamentalé explicitar clara e sucintamente a lógica central do negócio para criar, comercializar e entregar valor ao cliente e capturar parte desse valor(Chesbrough e Rosenbloom, 2002; Magretta, 2002; Osterwalderet al., 2005; Shaferet al., 2005; Chesbrough, 2007; Thompsonet al., 2007; Johnson et al., 2008). Contudo, numa revisão da literatura relevante sobre a expressão MN, publicada entre 1998 e 2002, Shaferet al. (2005)identificaram dozedefinições mas concluíram que nenhuma delas parece ter sido aceite pela comunidade de gestão. Uma das razões apontadas pelos autores, mencionada também por Pateli e Giaglis (2003), é a diversidade de áreas de emergência dessas definições: negócios electrónicos, estratégia, gestão, tecnologia e sistemas de informação. A emanação de perspectivas diferentes e de autores diferentes conduz a visões diferentes sobre o conceito, influenciando cada uma a definiçãoda expressão MN. 1.3. Três propostas de modelo de negócio A proposta de Shaferet al. Confrontados com o panorama descrito sobre a expressão MN (diversidade de definições, ausência de uma definição comummente aceite, extenso número de componentes, distorção do conceito e confusão relativamente ao seu uso), Shaferet al., (2005):(a) consideraram que o MN vivia uma crise de identidade; (b) avançaram para a criação de uma definição de MN de «aplicação universal1», propondo a seguinte definição: «um modelo de negócio é uma representação da lógica central e das escolhas estratégicas de uma empresa subjacentes à criação e captura de valor dentro de uma rede de valor». Segundo os autores, a definição proposta de MN compreende quatro termos-chave: lógica central, escolhas estratégicas, criação de valor e captura de valor e rede de valor (Figura 1). O primeiro termo é lógica central2, conceito decorrente, parece-nos, do termo lógica dominante de Prahalad e Bettis (1986). Sugere que um MN bem idealizado ajuda a articular e a tornar explícitos os pressupostos fundamentais acerca das relações causa e efeito e da 1 A classificação «aplicação universal» e «definição universal» são de nossa autoria, tendo por base a ideia defendida pelos autores de que o conceito de modelo de negócio é relevante para todo o tipo de empresas. 2 Este conceito parece decorrer do de «lógica dominante» incorporado na literatura de estratégia por Prahalad e Bettis (1986), no âmbito da relação entre diversificação de actividades e performance financeira, e que pode definir-se «como a maneira pela qual os gestores conceptualizam o negócio e tomam as decisões críticas de alocação de recursos; «… consiste em mapas mentais desenvolvidos durante a experiência no negócio central e, por vezes, aplicados inapropriadamente noutros negócios» (Prahalad e Bettis, 1986:485-490) ou, como referem Chesbrough e Rosenbloom (2002:531), «comoum conjunto de regras heurísticas, normas e crenças que os gestores criam para guiarem as suas acções». Os dois conceitos têm algo em comum. Segundo Chesbrough e Rosenbloom (2002:531) «a lógica dominante, implicitamente, filtra ideias e comportamentos que não sejam compatíveis com essa lógica dominante». As ideias de filtragem, compatibilidade e coerência também são intrínsecas à lógica central, assim como a imagem mental nítida de conceptualização do negócio e dos comportamentos. 4 coerência interna das escolhas estratégicas. A lógica central deve ser o mais abrangente possível. O segundo termo é escolhas estratégicas, dado que o MN reflecte as escolhas estratégicas que a empresa fez ou pretende fazer. Figura 1 – Componentes do modelo de negóciode Shaferet al. (2005) 3 - Captura de Valor • • • Custos Aspectos financeiros Lucro 1 - Escolhas Estratégicas • • • • • • • • • • 4 - Rede de Valor Cliente (mercado-alvo, âmbito) Proposta de valor Modelo de receitas/Preços Capacidades/Competências Output (oferta) Concorrentes Estratégia Branding Diferenciação Missão Lógica central • Fornecedores • Informação do cliente • Relacionamento com o cliente • Fluxos de informação • Fluxos de produto/serviço 2 - Criação de Valor • • Recursos/Activos Processos/Actividades (i.e., cadeia de valor) Fonte: Shaferet al (2005) O terceiro termo é criação de valor e captura de valor. Estas expressões reflectem duas funções fundamentais de todas as organizações que desejem buscar a perenidade (Chesbrough e Rosenbloom, 2002; Shaferet al., 2005; Chesbrough, 2007). A primeira função «requer a definição de uma série de actividades (desde as matérias-primas até ao cliente final) que irão produzir um novo produto ou serviço, com o valor a ser acrescentado através dessas várias actividades» (Chesbrough, 2007:22).A segunda função «requer o estabelecimento de um recurso único, um activo ou uma posição, dentro dessa série de actividades, na qual a firma goze de uma vantagem competitiva»(Chesbrough, 2007:22).Estas funções, em especial a primeira, remetem para a importância da configuração da cadeia de valor. O quarto termo é, precisamente,rede de valor. Uma rede de valor é uma rede que inclui todos os actores estratégicos e as suas interdependências, como parceiros ou não, que 5 influenciam a distribuição de poder entre eles e a empresa e, consequentemente, o seu potencial de acrescentar e reter valor significativo à sua vantagem competitiva (Brandenburger eNalebuff, 1997).As suas fronteiras devem ser claramente definidas, mas elásticas, tendo como critério o aporte de valor.O papel que uma empresa escolhe desempenhar dentro da sua rede de valor é um elemento importantedo seu MN (Hamel, 2000; Chesbrough e Rosenbloom, 2002; Shaferet al., 2005), porque a criação e captura de valor ocorre dentro da rede de valor e não num vácuo (Hamel, 2000; Shaferet al., 2005). Chesbrough (2007:22) sugere a adopção de «modelos de negócio abertos», em virtude «destes modelos capacitarem as organizações para serem mais eficazes tanto na criação como na captura de valor». Este conceito assenta na noção de «inovação aberta», de dentro para fora e de fora para dentro, (Chesbrough, 2007; Chesbrough e Garman, 2009), e tem fortes conexões com: (a) a relevância atribuída à inovação estratégica, (b) a «existência» de um mercado da inovação3 e (c) a configuração da rede de valor. A proposta de Hamel O MN de Hamel (2000) emergiu na área da estratégia, é dos mais mencionados na literatura e é consideradodos mais robustos. É constituído por três grandes blocos: componentes, intermediários e pilares (Figura 2). Mais especificamente, por: 1. Quatro componentes: estratégia essencial, recursos estratégicos, interface com o cliente e rede de valor. 2. Três intermediários(«pontes»), que conectam os componentes entre si: configuração interna de actividades, benefícios para o cliente e fronteiras organizacionais. 3. Quatro pilares, que são os factores determinantes do potencial de riqueza: eficiência,exclusividade, compatibilidade e impulsionadores de lucro. Em nossa opinião, pode associar-se uma função ou preocupação central (e inerente dimensão) a cada um destes três blocos (Tabela 1). O bloco componentes parece ter como função central orientar a inovação no conceito de negócio, para criar e captar nova riqueza, a que poderemos associar uma dimensão estratégico-comercial. Dividem-se em subcomponentes e estes em ingredientes (Hamel, 2000). A função central do blocointermediários é conectar os componentes principais para dar integridade ao modelo (dimensão de integração), servindo de «pontes» entre eles. A preocupação dos pilares (factores) é de natureza económica, alertando para a geração de margem como condição 3 Com os «mercados dainovação», as ideias, propriedade intelectual e indivíduos podem fluir livremente de locais (v.g. empresas) onde não se adequam para outros locais (v.g. empresas) onde encontrem espaço para florescer (Chesbrough, 2007; Chesbrough e Garman, 2009). 6 sine qua non para a sustentabilidade (dimensão económica) (Tabela 1). Os quatro factores determinantes do potencial de riqueza do negócio são: eficiência, exclusividade (i.e., singularidade, unicidade), compatibilidade (i.e., coerência) e impulsionadores de lucro (i.e., aceleradores de lucro). Figura 2 – Modelo de negócio de Hamel (2000) Benefícios para o cliente 3 intermediários subcomponenets 4 componentes 4 pilares (factores) Configuração actividades Fronteiras organizacionais 3. Interface c/ Cliente 1. Estratégia Essencial 2. Recursos Estratégicos 4. Rede de Valor Efectivação & Suporte Missão de negócio Competências centrais Fornecedores Orientação (âmbito) produtos/mercados Activos estratégicos Base / Capacidade de diferenciação Processos fulcrais de negócio Informação & Conhecimento Dinâmica do relacionamento Estrutura de preços Eficiência / Parceiros de negócio Alianças Exclusividade / Compatibilidade / (unicidade, singularidade) (coerência) Coligações Impulsionadores de lucro (aceleradores de lucro) Fonte: Hamel (2000). Tabela 1 – Funções (preocupações) centrais dos blocos do modelo de Hamel Bloco Função/Preocupação central Dimensão inerente Componentes Orientar a inovação no CN/MN para criar e captar riqueza Estratégico-comercial Intermediários ("pontes") Conectar para integrar Integração Pilares (factores) Gerar margem para ser sustentável Económica Fonte: Elaboração própria. CN = Conceito de negócio MN = Modelo de negócio Uma das grandes virtudes deste modelo é constituir uma ferramenta de raciocínio, numa perspectiva holística e concreta, sobre conceito/modelo de negócio, que estimula a criação de um fluxo contínuo de novos conceitos de negócio ou de novos paradigmas para os conceitos de negócio existentes(Hamel, 2000).É, também, uma excelente fonte para fazer emergir medidas de performance estratégica. 7 A proposta de Osterwalder Na perspectiva de Osterwalder (2004), «um modelo de negócio descreve o valor que uma organização oferece aos vários clientes e retrata as capacidades e parcerias necessárias para criar, vender e entregar este valor e o capital relacional, com o intuito de gerar fluxosde rendimentos sustentáveis». Este modelo,oriundo do domínio dos sistemas de informação, é composto por nove componentes, ancorados em quatro pilares. Os pilares são a oferta, cliente, finanças e infraestrutura. Os componentes são: proposta de valor, cliente alvo, canais de distribuição, relações com os clientes, fontes de receitas, capacidades centrais, configuração de valor, rede de parceiros e estrutura de custos (Figura 3). Figura 3 – Pilares e componentes do modelo de negócio de Osterwalder (2004) INFRAESTRUTURA OFERTA REDE DE PARCEIROS8 CLIENTE RELAÇÕES COM OS CLIENTES4 CAPACIDADES PROPOSTA CENTRAIS6 DE VALOR1 CONFIGURAÇÃO CLIENTE ALVO SEGMENTOS2* CANAIS DE DO VALOR7 DISTRIBUIÇÃO3 FINANÇAS ESTRUTURA DE CUSTOS9 FLUXOS DE RECEITAS5 *SEGMENTOS DE CLIENTES Fonte: Osterwalder (2004); Osterwladeret al., (2005) A ideia central de cada componente pode ser sumariada do seguinte modo (Osterwalder, 2004; Osterwalderet al., 2005). A «proposta de valor» dá uma visão geral do conjunto de produtos e serviços da empresa, numa perspectiva de função e utilidade para o cliente. O «cliente alvo» descreve os segmentos de clientes aos quais a empresa pretende oferecer valor. O «canais de distribuição» descreve os canais para comunicar e estar em contacto com os clientes. O «relações com os clientes» explica as relações que a empresa estabelece com os seus clientes. O «fluxos de rendimentos» descreve as fontes e os fluxos de rendimentoatravés das quais a empresa ganha dinheiro. O «capacidades centrais»delineia as capacidades necessárias para fazer moveroMN da empresa. O «configuração de valor»descreve a configuração interna das actividades e recursos. O «rede de parceiros» retracta a rede de entendimentos cooperativos com outras empresas. O 8 «estrutura de custos»é a soma/súmula das consequências monetárias inerentes ao consumo dos recursos necessários para mover o MN. Conexões entre os componentes Tendo como ponto de partida a(s) proposta(s) de valor, Osterwalder estabelece conexões entre esta(s) e os diferentes componentes, atribuindo um significado a cada conexão(Tabela 2). Tabela 2 – Conexões entre os componentes do modelo de negócio de Osterwalder Conexão entrecomponentes Significado 1. Propostas de valor • Descreve a oferta da empresa 2. Propostas de valor ⇔ Clientes alvo (segmentos de clientes) • Descrever a quem a empresa oferece valor 3. Propostas de valor ⇔ Canais de distribuição ⇔ Clientes alvo • Descreve como a empresa alcança os seusclientes 4. Propostas de valor ⇔ Relações com o cliente ⇔ Clientes alvo • Descreve o tipo de relações que a empresa constrói com clientes 5. Propostas de valor ⇔ Fluxos de rendimentos⇔ Cliente alvo • Descreve como é que a empresa ganha dinheiro 6. Propostas de valor ⇔ Capacidades centrais • Descreve que capacidades são requeridas 7. Propostas de valor ⇔ Configuração de valor⇔ Capacidades centrais • Descreve que actividades são 8. Propostas de valor ⇔ Rede de parceiros⇔ Capacidades centrais • Descreve os parceiros que 9. Propostas de valor ⇔Estrutura de custos⇔ Capacidades centrais • Descreve os custos do MN requeridas alavancam o MN Fonte: Elaboração própria com base em Osterwalder (2004) e Osterwladeret al., 2005. 2. A relação entre modelo de negócio e estratégia de negócio O MN está intimamente conectado com a estratégia de negócio (Hamel, 2000; Magretta, 2002; Thompsonet al., 2005) mas não é, em si mesmo, uma estratégia (Magretta, 2002; Shaferet al., 2005), embora muitas pessoas usem os dois termos alternadamente (Magretta, 2002) e outras usam-nos para se referir a tudo aquilo que acreditam que lhes dá uma vantagem competitiva (Stähler, 2002). 9 Shaferet al. (2005) referem que o MN deve reflectir as escolhas estratégicas da empresa, o que subentende que estas precedem aquele. Contudo, Grant (2008:21) opina algo aparentemente oposto:«um modelo de negócio é preliminar à estratégia: ele tem como única preocupação a viabilidade do conceito de negócio básico; mesmo que o modelo de negócio seja robusto, a empresa precisa de uma estratégia que lhe permita sobreviver contra os competidores que estão a usar o mesmo modelo de negócio». Sendo estas duas opiniões aparentemente contraditórias, cabe perguntar: qual é, exactamente, a relação entre a estratégia e o MN? Especificamente: (1) Temporalidade: o MN precede a estratégia de negócio ou é o inverso? (2) Interacção: existem intercomunicações e influências entre o MN e a estratégia de negócio? (3) Âmbito: o âmbito de ambos é idêntico? (4) Pontos de proximidade e de afastamento: em que outras dimensões os dois conceitos se podem assemelhar ou distinguir? Temporalidade e Interacção. Para responder às duas primeiras questões precisamos de dois referenciais: (i) uma definição clara de estratégia e (ii) o tempo de actuação da empresa no mercado. Quanto ao primeiro referencial, e não obstante as várias visões sobre o conceito de estratégia diferirem em muitos aspectos, todas elas têm um elemento em comum: a realização de escolhas, ou seja, estratégia é, entre outras coisas, fazer escolhas (Mintzberg, 1994; Shaferet al., 2005). Quanto ao segundo referencial, parece ser útil distinguir entre: (i) empresas que ainda nãoactuam no mercado e (ii) empresas que já actuam no mercado, umas tendo lucros e outras prejuízos. Assim, considerando: (a) que a formulação da estratégia exige fazer escolhas e que essas escolhas estratégicas são uma das componentes do MN e (b) que as empresas podem ou não estar já a actuar no mercado, podemos concluir que aquelas duas opiniões iniciais, aparentemente contraditórias, são ambas verdadeiras: depende do momento de análise. Num primeiro momento, antes da empresa estar a actuar no mercado, o MN precede a estratégia da empresa. Todavia, à medida que o MN vai sendo arquitectado, torna-se necessário fazer escolhas estratégicas de modo a reflecti-las, a elas e às suas implicações operacionais, no MN. Este espelhamento facilita a análise, teste e validação das relações causa e efeito das escolhas estratégicas feitas (Shaferet al., 2005), o que pode levar a repensar algumas dessas escolhas estratégicas originais. E, a partir deste instante, estabelece-se uma relação dialéctica entre o MN e a estratégia; a relação passou de estática a dinâmica; o MN e a estratégia passam a inter-comunicar e a influenciar-se mutuamente, até ao momento em que o MN esteja comprovado, i.e., que 10 exista prova real de que com a estratégia adequada pode gerar lucro de forma sustentada. Nesta altura, em tese, o MN tende a ficar estabilizado. No futuro, pode ser necessário questionar, rever e/ou redefinir o MN (Magretta, 2002) ou mesmo reinventá-lo (Johnson, et al., 2008). Shaferet al., (2005) defendem que o MN nunca está completo, uma vez que o processo de fazer escolhas estratégicas e testar o MN deve ser interactivo e contínuo. Yip (2004) prefere utilizar o termo dinâmico e, numa opinião mais radical, entende que a estratégia pode usar-se para mudar o próprio MN. Âmbito.Em termos de amplitude, as diferenças entre MN e estratégia de negócio dependem do próprio significado atribuído a cada um destes conceitos.Se entendermos MN num sentido restrito e estratégia de negócio num sentido amplo, integrando formulação, execução, implementação e controlo, por exemplo, então existem diferenças entre o conceito de MN (mais restrito, mais focalizado, mais dirigido) e o conceito de estratégia de negócio (mais amplo). O MNfocaliza-se no como e no porque a empresa gerará rendimentos suficientes para cobrir os gastos e para produzir retorno do investimento atraente (Thompsonet al., 2007). A estratégia de negócio, ao invés, relaciona-se amplamente com as suas iniciativas competitivas e com o seu plano de acção para a gestãoglobal da empresa (Thompsonet al., 2007). O MN diz-nos como é que o negócio funciona enquanto um sistemaao passo que a estratégia inclui execução e implementação (Osterwalderet al., 2005). O MN deve descrever como é que o negócio é viável; contudo, a estratégia executada pode conduzir ou não à rendibilidade do negócio (Thompsonet al., 2007). Se entendermos o MN num sentido mais amplo e a estratégia num sentido mais restrito, por exemplo, leque de opçõesestratégicas, então as diferenças de âmbito esbatem-se; contudo, a dimensão execução e implementação é a principal diferença de âmbito entre os dois conceitos. Pontos de Proximidade e de Afastamento.Em função do contexto de emergência e do conceito de cada autor, podem elencar-se mais alguns pontos de proximidade ou de afastamento, entre os dois conceitos, em diferentes dimensões: (i) competição, (ii) criação de valor versus captura de valor, (iii) criação de valor para o negócio versus criação de valor para o accionista, (iv) suposições acerca dos conhecimentos detidos pela empresa, clientes e terceiros e (v) dinamismo. Dimensão: Competição.Magretta (2002), numa perspectiva de competição, entende que oMN é um sistema que mostra como as peças de um negócio se encaixam juntas, mas que não toma em consideração uma dimensão crítica da performance: a competiçãoe outras 11 forças influenciadoras do mercado,ao contrário da estratégia (ponto de afastamento).Como contraponto a esta opinião, Seddonet al., (2004) entendem o MN como uma abstracção da estratégia da empresa, que pode ser potencialmente aplicável a muitas empresas.Todavia, Magretta(2002) também entende que o MN pode funcionar, ele próprio, como uma estratégia, se conseguir alterar as regras do jogo no sector, se for difícil de replicar e se se converter numa vantagem competitiva sólida(ponto de proximidade). Dimensão: Criação de Valor versus Captura de Valor. Para Chesbrough e Rosenbloom (2002) o MN e a estratégia colocam, ambos, uma forte ênfase na criação, comercialização e entrega de valor ao cliente (ponto de proximidade); porém, a ênfase colocada na captura e na sustentabilidade do valor é muito mais forte na esfera da estratégia do que no MN(ponto de afastamento), porque aquela lida com a realidade (algo semelhante ao defendido por Magretta (2002) na dimensão competição). Dimensão: Criação de Valor para o Negócio versus Criação de Valor para o Accionista.O MN foca-se na criação de valor para o negócio, porque as questões do financiamento são relegadas para segundo plano. A estratégia foca aquela criação, mas também a criação de valor para o accionista, ao incorporar a vertente de financiamento (Chesbrough e Rosenbloom, 2002). Dimensão: Suposições acerca dos Conhecimentos Detidos pela Empresa, Clientes e Terceiros.O MN assume, conscientemente, que os conhecimentos detidos pela empresa, clientes e terceiros são limitados; ao invés, a estratégia pressupõe grande volume de informações fidedignas (Chesbrough e Rosenbloom, 2002). Dimensão: Dinamismo. Yip (2004) opina que o MN e a estratégia são ambas actividades dinâmicas, ao contrário do posicionamento estratégico que é estático.Assim, numa perspectiva estática, o MN pode descrever o posicionamento estratégico (posição). Contudo, numa perspectiva dinâmica, o MN não descreve aquele posicionamento. Nesta perspectiva, a estratégia pode ser usada: (i) paramudar o posicionamento, ou (ii) para mudar o próprio MN. Como síntese deste ponto, podemos concluir que existem três aspectos interligados e interdependentes, com mais ou menos intersecção, dependendo do ponto de vista: modelo de negócio, estratégia de negócio (para desenvolver o modelo) e execução da estratégia (para colocar em prática, competindo) (Figura 4). 12 Figura 4 – Relação entre o modelo de negócio e a estratégia de negócio Modelo Estratégia de de da negócio negócio estratégia Execução Fonte: Elaboração própria 3. Relevância do conceito de modelo negócio A maioria das empresas opera com um MN muito simples. Outras empresas têm um MN mais complexo (Grant, 2008).Independentemente da simplicidade ou complexidadeo conceito de MNé relevante para todo o tipo de empresas (Shaferet al., 2005; Osterwalderet al., 2005), podendo desempenhar um papel positivo e poderoso na gestão. Porém, a sua relevância ainda tem de ser comprovada, dado que a investigação em torno do tema é muito recente (Osterwalderet al., 2005). Não obstante, podem apontar-se algumas áreas nas quais se pode manifestar a sua importância: (i) descoberta e gestão contínua da lógica do negócio da empresa (Hamel, 2000; Osterwalderet al., 2005; Johnson et al., 2008), (ii) competição externa, v.g, o papel da inovação estratégica (Hamel, 2000; Stähler, 2002; Chesbrough, 2007; Grant, 2008), (iii) estratégia interna, v.g., a construção de recursos, capacidades e competências (Hamel, 2000; Grant, 2008), (iv) planeamento e execução (Thompsonet al., 2007; Osterwalderet al., 2005) e (v) monitorização da performance. Devido ao tema deste trabalho, explicitamos apenas três destas áreas, a primeira, segunda e sexta. Importância para a Gestão da Lógica do Negócio.Sendo o principal papel do MNajudar a descobrir e desenhar um conceito de negócio promissor (Osterwalderet al., 2005), a sua principal área de contribuição pode ser a criação de conceitos e ferramentas que ajudem os gestores a capturar, compreender, partilhar, analisar, gerir,desenhar (design),perspectivare mudar a lógica do negócio da empresa (Osterwalderet al., 2005), a reinventar o conceito de 13 negócio (Johnson et al., 2008), a criar novos paradigmas para os negócios existentes (Hamel, 2000) ou a criar conceitos de negócio totalmente novos. Importância para a Competição."Em muitos novos mercados, a competição dá-se não entre produtos ou empresas mas sim entre modelos de negócio rivais"(Hamel, 2000; Grant, 2008), porque nos modelos de negócio, tal como nos produtos, também está presente o conceito de design dominante(Grant, 2008).A razão central parece remeter para o papel da inovação estratégica no jogo competitivo. Na nova economia,a inovação estratégica é um imperativo, sendo a busca de novos modelos de negócio fundamental para essa inovação estratégica (Hamel, 2000; Chesbrough, 2007).Novos modelos de negócio,nosentido de novas abordagens para a criação e exploração de valor (Grant, 2008), que podempassar pelo MN aberto de Chesbrough (2007)ou mesmo pela estratégia oceano azul (inicialmente designada inovação pelo valor) de Kim e Mauborgne (2005). Stähler (2002), refere que o MN tornou-se numa nova unidade de análise e Hamel (2000) salienta que na nova economia "a unidade de análise para a inovação não é um produto ou uma tecnologia – é um conceito de negócio. A inovação do conceito de negócio é a capacidade para imaginar dramaticamente diferentes conceitos de negócio ou dramaticamente novas maneiras de diferenciar conceitos de negócio existentes. A inovação de conceito de negócioé, então, a chave para a criação de uma nova riqueza" (Hamel, 2000).Saliente-se que, na terminologia de Hamel, um MN é um conceito de negócio que foi colocado em prática, i.e., as fundações dos dois conceitos são as mesmas. Importância para a Monitorização da Performance. A relação entre MN e medição da performancepode ser perspectivada em diferentes ângulos: (i) o MN como base para a definição de medidas de performance, (ii) o MN como instrumento para melhorar as medidas de performance e (iii) as medidas de performance para avaliar o sucesso do MN. Para efeitos destetrabalhofocamos apenas o primeiro ângulo. OMN é a base primária para identificar e seleccionar as medidasde performance mais adequadas, fornecendo os inputs para responder à pergunta «o que monitorizar?» (Hamel, 2000; Vézina e Sabourin, 2002;Osterwalder,2004). As medidasdevemestar especificamente associadas a cada um dos componentes do MN (Vézina e Sabourin, 2002; Osterwalder, 2004) e ser escolhidas emfunção das necessidades específicas de cada empresa(Vézina e Sabourin, 2002; Kaplan e Norton, 1992, 1993, 1996, 2001;Osterwalder, 2004). 14 Alguns autores, nomeadamente na área dos modelos de negócio electrónicos, têm escrito sobre esta questão, uns propondo medidas de performance, outros propondo listas de questões (Venkatraman e Henderson, 1998; Hamel, 2000; Gordijn, 2002; Afuah e Tucci, 2003; Johnson et al., 2008), mas muito poucos associam especificamente as medidas de performance aos componentes do seu MN electrónico genérico (Vézina e Sabourin, 2002; Osterwalder, 2004).Talvez, porque, apesar do elevado número de medidas de performance disponíveis na literatura, muitas vezes é difícil avaliar especificamente cada componente do MN, sendo aconselhável prestar mais atenção às dimensões críticas para o sucesso deste (Vézina e Sabourin, 2002) de um modo holístico e integrado. 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