UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO latu sensu PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DE BOVINOS TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÃO EM BOVINOS André Luis Bastos de Souza Curitiba, dezembro de 2007. ANDRÉ LUIS BASTOS DE SOUZA Aluno do Curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução de Bovinos TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÃO EM BOVINOS Trabalho monográfico de conclusão do curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução em Bovinos (TCC), apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Produção e Reprodução orientação de do Saporski Segui. Curitiba, dezembro de 2007. Bovinos, Prof. Msc. sob a Márcio TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÃO EM BOVINOS Elaborado por André Luis Bastos de Souza Aluno do Curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução de Bovinos Foi analisado e aprovado com grau: ................................... Curitiba, ____ de _______________ de ______. ___________________________ Membro ___________________________ Membro ___________________________ Professor Orientador Presidente Curitiba, dezembro de 2007. AGRADECIMENTOS Agradecimento especial ao orientador Márcio Saporski Segui, pela confiança, amizade e conhecimentos a mim transmitidos. Ao coordenador Athos de Assumpção Pastore pela dedicação e apoio durante o curso. Aos amigos e colegas da turma de Produção e Reprodução de bovinos pelas diversões. E principalmente a Deus pela oportunidade. LISTA DE ABREVIATURAS ACTH: hormônio adenocorticotrófico ADH: hormônio antidiurético BE: benzoato de estradiol CL:corpo lúteo D0: dia 0 (início do protocolo) D4: dia 4 do protocolo D5: dia 5 do protocolo D6: dia 6 do protocolo D7dia 7 do protocolo D8: dia 8 do protocolo D9: dia 9 do protocolo D10: dia 10 do protocolo D11: dia 11 do protocolo D13: dia 13 do protocolo D14: dia 14 do protocolo D15: dia 15 do protocolo D21: dia 21 do protocolo eCG: Gonadotrofina coriônica eqüina ESC: escore corporal E2: estrógeno FD: folículo dominante FP: folículo primordial FSH: hormônio folículo estimulante GnRH: hormônio liberador das gonadotrofinas IA: inseminação artificial IATF: inseminação artificial em tempo fixo IBR: rinotraqueíte infecciosa bovina LH: hormônio luteinizante M: manhã mm: milímetros P4: progesterona PGE2: prostaglandina E2 PGF2α: prostaglandinaF2α SOV: superovulação T: tarde TE: transferência de embriões TETF: transferência de embrião em tempo fixo TZP: trans-zonais LISTA DE ILUSTRAÇÕES GRÁFICO 1 - Transferências de embriões bovinos realizadas no período de 1992 a 2003.....................................................................................5 TABELA 1 - Total de embriões bovinos produzidos in vivo nos diferentes continentes no ano de 2003 ................................................6 TABELA 2 - OS CINCO MAIORES PAÍSES PRODUTORES DE EMBRIÕES EXCETO A EUROPA E A AMÉRICA DO NORTE .................................................7 TABELA 3 - PRINCIPAIS HORMÔNIOS DA REPRODUÇÃO .............................10 FIGURA 1 – OVÁRIO NA FASE DE DIESTRO......................................................16 FIGURA 2 – CRESCIMENTO FOLICULAR ..........................................................19 FIGURA 3 – FOLÍCULO NO DIA DA OVULAÇÃO DOS FOLÍCULOS ................................................20 FIGURA 4 – CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA OVARIANOS..21 FIGURA 4.1 – DOS FOLÍCULOS OVARIANO............................................................................................................ .22 FIGURA 5 – DESENVOLVIMENTO FOLICULAR NA PRIMEIRA, SEGUNDA E TERCEIRA ONDA FOLICULAR.............................................................................24 FIGURA 6 - MUDANÇAS COMPARATIVAS NO NÚMERO DE FOLÍCULOS E O DIÂMETRO DO FOLÍCULO DOMINANTE EM VACAS COM DUAS ONDAS FOLICULARES...................................................................................................... .25 FIGURA 7 - MUDANÇAS COMPARATIVAS NO NÚMERO DE FOLÍCULOS E O DIÂMETRO DO FOLÍCULO DOMINANTE EM VACAS COM TRES ONDAS FOLICULARES ......................................................................................................26 FIGURA 8 – OVÁRIO APÓS 5 DIAS DE APÓS 9 DIAS DE SUPEROVULAÇÃO..............................31 FIGURA 9 – OVÁRIO SUPEROVULAÇÃO..............................31 FIGURA 10 - ESQUEMA DE PARTIÇÃO DE NUTRIENTES EM VACAS DE CORTE.................................................................................................................. .34 FIGURA 11 – ALTERAÇÕES CAUSADAS PELO ESTRESSE EM EVENTOS HORMONAIS......................................................................................................... .38 QUADRO 1 – ESCORE OVARIANO......................................................................41 PROTOCOLO 1......................................................................................................49 PROTOCOLO 2......................................................................................................50 PROTOCOLO SINCRONIZAÇÃO...................................................................53 DE SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO………………………………….……………………….……1 1.1 TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES........................................................1 1.2 HISTÓRICO DA TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES NO EMBRIÕES.............................2 2 TRANSFERÊNCIA DE BRASIL...................................4 3 FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO DA FÊMEA BOVINA........................8 3.1 ENDOCRINOLOGIA DA REPRODUÇÃO...............................................9 3.2 FATORES DE CRESCIMENTO............................................................13 4 CICLO ESTRAL DA FÊMEA BOVINA..................................................14 4.1 FASES DO CICLO ESTRAL..................................................................14 5 DINÂMICA FOLICULAR ......................................................................17 5.1 FOLICULOGÊNESE..............................................................................18 5.2 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE FOLÍCULOS OVARIANOS.........22 5.3 FUNÇÃO OVARIANA EM BOS INDICUS E BOS TAURUS.................27 6 SUPEROVULAÇÃO..............................................................................30 6.1 UMA SUPEROVULAÇÃO............................................................33 BOA 6.1.1 Anomalias congênitas ou de boa hereditárias...........................................33 6.1.2 Histórico fertilidade.............................................................33 6.1.3 Trato genital em boas condições....................................................34 6.1.4 Nutrição e escore corporal..............................................................34 6.1.5 Estresse..........................................................................................37 6.1.6 Doenças infecto- contagiosas..........................................................39 6.1.7 Escore ovariano..............................................................................40 6.1.8 Diferenças entre as raças zebuínas e taurinas...............................42 7 INFLUÊNCIA DO FOLÍCULO DOMINANTE NA RESPOSTA SUPEROVULATÓRIA......................................... .................................43 8 HORMÔNIOS UTILIZADOS PARA SUPEROVULAÇÃO.....................45 8.1 PROGESTÁGENOS....................................................................... .45 8.2 ECG (PMSG)....................................................................................45 8.3 FSH................................................................................................. .46 8.4 PROSTAGLANDINA………………………………………………… …47 8.5 BENZOATO DE ESTRADIOL OU 17 ß ESTRADIOL......................47 8.6 LH……………………………………………………………………… …47 9 PROTOCOLOS SUPEROVULAÇÃO..............................................48 DE 10 RECEPTORAS DE EMBRIÕES............................................................51 10.1 SINCRONIZAÇÃO RECEPTORAS.......................................52 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................55 DAS 1 1.1 INTRODUÇÃO TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES É interessante destacar o objetivo da introdução de uma biotecnologia num sistema produtivo. Os países de terceiro mundo ou em desenvolvimento necessitam, para se desenvolver, introduzir e se adaptar a novas biotecnologias de produção, para futuramente alcançarem aumentos da produção e da produtividade, obviamente sempre a custos minimizados e compatíveis. O cenário mundial evoluiu para um patamar em que apenas os criadores com alta produtividade permanecerão de forma competitiva no mercado, os que não atingirem níveis adequados de qualidade e produtividade serão automaticamente marginalizados do processo produtivo. A transferência de embriões (T.E.) é uma das biotecnologias, atualmente utilizadas e tem como principal vantagem aumentar o número de bezerros produzidos por vaca. Com esta biotecnologia uma vaca pode produzir de 25 a 30 bezerros durante a sua vida reprodutiva. Enquanto que por meio da reprodução normal ela produziria de 5 a 7 bezerros. A técnica de transferência de embriões visa multiplicar o material genético de uma vaca geneticamente superior a ser utilizada como doadora de embriões, e estes, são transferidos para outras vacas, que seriam as denominadas receptoras. Os embriões são retirados, antes de sua implantação no útero, do trato reprodutivo da vaca doadora e transferidos para o trato reprodutivo de vacas receptoras, as quais completarão a concepção e a gestação. 1.2 HISTÓRICO DA TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES A transferência de embriões iniciou-se em 1890, quando Walter Heape, tentou, sem sucesso, a técnica em cobaias. Mais tarde, em 1929, foi feita a primeira transferência com sucesso em coelhos, por Gregory Pincus e colaboradores. As pesquisas com bovinos tiveram início por volta de 1912 no Texas (EUA). De 750 coletas de embriões, se conseguiu 4 gestações, porém nenhuma veio a termo. A Universidade de Wiscosin (EUA), em 1951, conseguiu o primeiro bovino nascido de T.E. do mundo, após mais de 5 anos de tentativas frustradas. Somente em 1960, nesta mesma universidade, é que se descobriu a importância da sincronização de estro entre doadoras e receptoras. A partir daí, a técnica ganhou um impulso considerável (FERNANDES, 2004). No inicio do processo, a colheita dos embriões era feita por métodos cirúrgicos, com a doadora sob anestesia geral. A partir de 1975, vários autores relatam sucesso na técnica de colheita via transcervical utilizando cateteres de Foley. O uso da técnica realmente cresceu com o desenvolvimento dos métodos de colheita não-cirúrgica. Outro grande impulso para a técnica de transferência de embriões foi a descoberta e o domínio dos protocolos de superovulação. Até 1975, a possibilidade de utilização prática destes protocolos era ainda objeto de discussão. A utilização rotineira da superovulação foi descrita e preconizada inicialmente por Nicholas & Smith (1983), denominado o procedimento de MOET (Multiple Ovulation and Embryo Transfer). Segundo os idealizadores, as principais vantagens deste esquema que utilizava sistematicamente a superovulação e a transferência de embriões, seriam ganhos genéticos, decorrentes da utilização de animais com potencial genético superior, para produção de um grande número de descendentes e a diminuição do intervalo de gerações pelo uso de animais jovens como doadoras. As descobertas recentes ocorridas em relação aos aspectos da dinâmica folicular em bovinos, aumentaram as expectativas e possibilidades sobre a capacidade de contribuição de uma fêmea no melhoramento genético da espécie. Com a técnica de T.E., o melhoramento genético pode ser efetuado com mais rapidez e eficiência, mesmo em pequenas populações de animais, com a disseminação do material genético de uma fêmea zootecnicamente superior (FERNANDES, 2004). REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2 TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES NO BRASIL O Brasil possui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, necessitando multiplicar a qualidade genética de animais superiores. O melhoramento genético oferece condições básicas para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos na bovinocultura. A transferência de embriões multiplica rapidamente e em maior escala os genótipos superiores, visando minimizar a carência de material genético de qualidade. Esta tecnologia se desenvolveu rapidamente na pecuária nacional, nos últimos 30 anos. O melhoramento genético dos rebanhos nacionais pode, além de melhorar a rentabilidade da atividade, produzir o tipo de animal solicitado pelo mercado internacional (FERNANDES, 2004). Nosso país tem um grande potencial para evolução da tecnologia de embriões. Possui o maior rebanho bovino mundial, existe uma grande demanda por animais geneticamente superiores, não há limitação territorial para criação de receptoras (como ocorre em outros países) e a tecnologia está totalmente dominada, com índices semelhantes à América do Norte e a Ásia, que são os maiores produtores de embriões do mundo. No gráfico 1, que mostra a quantidade de transferências de embriões bovinos realizadas no Brasil no período de 1992 a 2003, pode-se observar a crescente utilização da tecnologia. Nota-se, que a maioria dos embriões são transferidos frescos, ou seja, faz-se a colheita dos embriões da doadora e no mesmo dia os transfere para as receptoras. A pequena utilização de embriões congelados se dá, provavelmente, por dois motivos, pelo alto custo da congelação (máquina de congelação e materiais) e pela falta de prática, em congelação de embriões, de alguns técnicos, o que faz com que a viabilidade do embrião diminua e conseqüentemente ocorra uma queda na taxa de prenhez. Gráfico 1: Transferências de embriões bovinos realizadas no período de 1992 a 2003. 120000 110000 100000 90000 80000 70000 60000 50000 35697 40000 24712 30000 14746 20000 10000 0 1992 1993 1994 T o ta l 110376 77870 87732 81997 66963 63471 49438 40867 24085 1995 1996 1997 F re s c o s 1998 1999 2000 2001 2002 2003 C o n g e la d o s FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE EMBRIÕES, 2005. A tabela 1 mostra o número de embriões produzidos in vivo nos diferentes continentes no ano de 2003. Nela pode-se observar que a América do Sul está em terceiro lugar no número total de embriões transferidos, perdendo apenas para a América do Norte e para a Ásia. Mas se compararmos a tabela 1 com a tabela 2 percebe-se que quase 90% dos embriões transferidos na América do Sul são brasileiros. TABELA 1: TOTAL DE EMBRIÕES BOVINOS PRODUZIDOS IN VIVO NOS DIFERENTES CONTINENTES NO ANO DE 2003. CONTINENTES COLHEITAS AFRICA AMÉRICA DO NORTE AMÉRICA PAÍSES DO SUL TRANSFERIDOS 1,565 10,064 47,638 280,432 NÚMERO DE 21,212 COLHEITAS 126,385 17,505 162,640 9,672 104,726 8,542 9,540 2,504 693,787 1,393 BRASIL 18,717 JAPÃO 17,503 EUROPA CHINA 1,531 OCEANIA ARGENTINA 108,166 TOTAL ÁFRICA DO SUL ÁSIA EMBRIÕES FRESCOS CONGELADOS TOTAL DE EMBRIÕES 3,658 2,796 6,454 101,237 112,674 213,911 FRESCOS CONGELADOS TOTAL 87,877 10,890 98,767 84,451 3,281 87,732 50,975 67,778 118,753 16,931 39,569 56,500 41,289 53,328 94,617 33,306 27,825 61,131 5,531 2,762 8,293 3,528 6,938 10,466 290,567 250,228 540,795 3,550 2,707 6,257 FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE EMBRIÕES, 2005. TABELA 2 - OS CINCO MAIORES PAÍSES PRODUTORES DE EMBRIÕES, EXCETO A EUROPA A AMÉRICA DO NORTE. FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE EMBRIÕES, 2005. 3 FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO DA FÊMEA BOVINA Para compreendermos o processo de superovulação, são necessários conhecimentos sobre a fisiologia e endocrinologia reprodutiva da fêmea bovina. O controle da reprodução dos mamíferos deixou de ser considerado como regulado apenas pelo sistema nervoso central, passando a ser visto como uma função controlada por dois sistemas separados: o sistema nervoso central e o sistema endócrino. A seguir, descobriu-se que o hipotálamo ligava esses dois sistemas por meio do sistema porta-hipotálamo-hipofisário, coordenando as funções das gônadas. Entretanto, muitos fenômenos não podiam ser explicados exclusivamente pelo controle neuroendócrino. Portanto, a ultima década testemunhou a descoberta de determinados mensageiros químicos (fatores de crescimento), bem como a presença de sistemas regulatórios parácrinos e autócrinos no nível das gônadas. Tais avanços ajudaram a desvendar fenômenos que não conseguiam ser explicados apenas pelo controle neuroendócrino (JAINUDEEN & ROSNINA, 2004). O sistema nervoso controla as funções do organismo através de impulsos nervosos elétricos. Já o sistema endócrino utiliza-se de mensageiros químicos ou hormônios. Um hormônio é uma substância fisiológica sintetizada e secretada por uma glândula endócrina, chegando ao seu alvo através da corrente circulatória, e sua ação no tecido-alvo depende de estruturas conhecidas como receptores, nos quais o hormônio deve se ligar para exercer sua função, que seria inibir, estimular ou regular a atividade funcional do tecido-alvo. 3.1 ENDOCRINOLOGIA DA REPRODUÇÃO O controle endócrino da reprodução da fêmea se dá através de hormônios vindos de 4 sistemas principais: hipotálamo, hipófise anterior e posterior, ovários e útero (tabela 3). TABELA 3 – PRINCIPAIS HORMÔNIOS DA REPRODUÇÃO. FONTE OU GLÂNDULA HORMÔNIO • Hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH) • Hipotálamo Hormônio adenocorticotrófico (ACTH) • Fator inibidor da prolactina (PIF) • Ocitocina • Vasopressina (ou ADH – hormônio antidiurético) • Hipófise anterior Hormônio folículo estimulante (FSH) • Hormônio luteinizante (LH) • prolactina Hipófise posterior • Ocitocina (apenas armazena os hormônios, que • Vasopressina (ou ADH – hormônio na verdade são produzidos no antidiurético) hipotálamo) ovários útero • Estrógeno (E2) • Progesterona (P4) • Inibina • Ativina • Relaxina • Prostaglandinas (PGF2α e PGE2) FONTE: O AUTOR, 2007 Os hormônios da reprodução são também classificados em dois grupos, de acordo com o seu modo de ação: 1. Hormônios reprodutivos, fertilização, primários como que controlam ovulação, implantação, os vários comportamento manutenção da processos sexual, gestação, a parto, lactação e comportamento maternal. 2. Hormônios metabólicos, necessários para o bem estar geral, estado metabólico e crescimento do animal, permitindo o efeito pleno dos hormônios primários da reprodução (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Os principais hormônios relacionados à reprodução da fêmea serão discutidos a seguir. • GnRH: fornece uma ligação humoral entre os sistemas endócrino e nervoso. Em resposta à estimulação nervosa, pulsos de GnRH são liberados no sistema portahipotálamo-hipofisário promovendo a liberação de LH e FSH da hipófise anterior (JAINUDEEN & ROSNINA, 2004). • FSH: estimula o crescimento e a maturação do folículo ovariano ou folículo De Graaf e é liberado em resposta ao GnRH. O FSH não provoca secreção de estrógeno do ovário por si só, porém na presença de LH essa produção estrogênica ocorre. É primariamente usado para estimular o desenvolvimento folicular para induzir múltiplas ovulações em transferência de embriões. • LH: níveis tônicos ou basais de LH atuam em conjunto com o FSH no sentido de induzir a secreção de estrógenos do folículo ovariano desenvolvido (JAINUDEEN & ROSNINA, 2004). Através de um pico pré-ovulatório deste hormônio ocorre a ruptura da parede folicular e a conseqüente ovulação, promovendo a formação do corpo lúteo e secreção inicial de progesterona. • E2: produzido pelos folículos em desenvolvimento, tem varias funções dentro e fora do sistema genital, porém as principais são: indução da conduta do estro, aumento da vascularização, contrações e secreções do genital e controle da secreção de GnRH e gonadotrofinas. Na T.E. os principais esteróides utilizados são, o benzoato de estradiol e o 17-β-estradiol. • P4: secretada pelas células luteínicas do corpo lúteo após estimulação pelo LH. Prepara o endométrio para implantação e manutenção da gestação. Na T.E. é utilizada como um corpo lúteo artificial bloqueando a secreção de GnRH e dando condições para o início de um novo ciclo. • PGF2αα: tem a função de provocar a regressão do corpo lúteo, com queda na produção de progesterona. 3.2 FATORES DE CRESCIMENTO Fatores de crescimento são polipeptídios semelhantes a hormônios e proteínas, predominantemente parácrinos e autócrinos na promoção de atividade mitogênica em proliferação de tecido local e remodelamento, por exemplo, transformação do folículo dominante em corpo lúteo (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Já está suficientemente estabelecido que o FSH e o LH regulam as funções ovarianas. Todavia, é difícil explicar processos reprodutivos como foliculogênese, seleção de folículos ovulatórios e atrésicos, e maturação de oócitos simplesmente por modificações dos níveis de gonadotrofinas. Durante a década passada, as atenções foram dirigidas sobre os fatores produzidos localmente e ativados por mecanismos autócrinos e parácrinos capazes de modular a capacidade de resposta das células-alvo ao FSH e ao LH. Esses agentes autócrinos e parácrinos podem servir para alterar a sensibilidade ou a capacidade de resposta do FSH ou do LH de uma maneira estimuladora ou inibidora (HAFEZ & HAFEZ, 2004). O fator de crescimento intra-ovariano (IGF) executa três importantes funções no ovário: (a) amplificação da ação de gonadotrofina requerida para a natureza exponencial do desenvolvimento folicular; (b) integração do desenvolvimento folicular; (c) seleção de folículos dominantes, assumindo ativação seletiva do sistema IGF-1 para os folículos “escolhidos” (ADASHI et al., 1991). 4 CICLO ESTRAL DA FÊMEA BOVINA O ciclo estral compreende os eventos relacionados à reprodução que ocorre entre dois períodos de atividade sexual. As fêmeas da espécie bovina ao atingirem a puberdade exibem comportamento estral aproximadamente a cada 21 dias até que a prenhez tenha se estabelecido com sucesso. Este comportamento estral cíclico permite que os gametas do macho estejam presentes no momento da ovulação. O período que se inicia com a receptividade sexual (estro) e termina com o período subseqüente de aceitação sexual é definido como ciclo estral (BARROS et al., 1995). Durante o ciclo estral ocorrem importantes alterações morfológicas e fisiológicas no córtex ovariano que incluem o crescimento, atresia e ovulação dos folículos, bem como a manutenção e lise do CL. Estas alterações ovarianas são reguladas pela interação dos hormônios secretados central (hipotálamo e hipófise) ou perifericamente (ovário e útero) (BARROS et al., 1995). 4.1 FASES DO CICLO ESTRAL A duração do ciclo estral da vaca é em média de 20 a 21 dias. O ciclo estral é dividido em 4 fases contínuas, porém distintas: pró-estro, estro, metaestro e diestro. O pró-estro é o período que antecede o estro ou cio. Esta fase é marcada por um aumento gradativo de estrógeno circulante, devido ao início do desenvolvimento folicular. Ocorre um aumento gradativo na vascularização e no tônus muscular dos órgãos genitais, edemaciação inicial da vulva, proliferação do epitélio vaginal e relaxamento da cérvix. Tem duração média de 2 a 3 dias e termina quando a fêmea passa a aceitar o macho. O estro caracteriza-se pela aceitação do macho, nesta fase os níveis circulantes de estrógeno são elevados. O útero e as tubas se encontram contraídos, a cérvix relaxa, vagina e vulva com sinais de hiperemia, dura 12 a 18 horas nas vacas e termina quando a fêmea deixa de aceitar o macho. O dia do estro é considerado o primeiro dia do ciclo estral nos bovinos, é quando ocorre a maturação final do ovócito e do folículo. O folículo ovula durante o metaestro inicial, cerca de 10 horas após o final do estro, e a parede do folículo rompido transforma-se em um CL, que secreta crescentes quantidades de progesterona até atingir sua produção máxima, a fase dura de 2 a 3 dias. O diestro (figura 1) dura 12 a 15 dias e é neste período que o corpo lúteo produz altas taxas progesterona, preparando o útero para a prenhez. FIGURA 1 - O OVÁRIO CONTÉM UM FOLÍCULO NA FASE DE DIESTRO, 8 DIAS DEPOIS DA ÚLTIMA OVULAÇÃO. AS SETAS INDICAM UM CORPO LÚTEO CAVITÁRIO. FONTE: KÄHN, 1994. 5 DINÂMICA FOLICULAR Apesar da enorme quantidade de informações produzidas durante as últimas décadas, o entendimento completo dos mecanismos controladores do desenvolvimento folicular, ainda não foi atingido. A regulação do desenvolvimento folicular é complexa e envolve fatores endócrinos, parácrinos e autócrinos, que são orquestrados de maneira estágio-específica a fim de controlar vários processos incluindo proliferação e diferenciação de células foliculares, esteroidogênese, angiogênese/vascularização, remodelagem da membrana basal e matriz extracelular e atresia/apoptose (WEBB et al., 2003; ACOSTA & MIYAMOTO, 2004; FORTUNE et al., 2004). O ovário tem duas funções principais. A primeira é a produção cíclica de oócitos fertilizáveis. A segunda é a produção de hormônios esteróides, em proporções balanceadas. O folículo é a estrutura ovariana que permite ao ovário desenvolver suas duas funções: a gametogênese e a esteroidogênese (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Segundo Mcmillan & Thatcher (1991) e Figueiredo et al. (1997), conhecendo a dinâmica folicular, pode-se aumentar a eficiência reprodutiva com a utilização de fármacos, principalmente, em programas de inseminação artificial ou de transferência de embriões. 5.1 FOLICULOGÊNESE A função primária de um folículo ovariano de mamíferos é a liberação de um ovócito apto a ser fertilizado. A foliculogênese pode ser definida como a formação de folículos maduros, pré-ovulatórios, a partir de uma reserva de folículos primordiais (SPICER & ECHTERNKAMP, 1986). Este processo consiste em: crescimento do ovócito, diferenciação de uma camada de células granulosas (planas) e de uma camada celular (teca interna) para fora da membrana basal (GREENWALD &TERRANOVA, 1988). Da reserva de folículos primordiais, formada durante a vida fetal ou logo após o nascimento, alguns folículos crescem continuamente durante a vida do animal, ou pelo menos até a reserva se exaurir. Quando um determinado folículo deixa essa reserva, ele cresce até a ovulação (Figura 2 e 3) ou até que ocorra a sua degeneração, o que acontece com a maioria dos folículos (HAFEZ & HAFEZ, 2004). O início e a regulação do desenvolvimento folicular pré-antral são predominantemente conduzidos por fatores produzidos localmente (MCNATTY et al., 1999). O oócito tem um papel ativo na coordenação da proliferação e diferenciação das células da granulosa ao seu redor (GILCHRIST, 2004). A comunicação intercelular é proporcionada por processos citoplasmáticos trans-zonais (TZP), que são extensões das células da granulosa que penetram através da zona pelúcida e atingem a membrana do oócito. Interessantemente, este tipo de comunicação, entre o oócito e células somáticas, parece ser regulada durante o desenvolvimento, uma vez que as TZPs retraem quando o folículo atinge o estágio pré-antral, o que se acredita ser, pelo menos em parte, um efeito da ação do FSH (ALBERTINI et al, 2001). O passo seguinte na foliculogênese é a formação do antro, por meio da coalescência de pequenas gotas de fluido folicular, secretadas pelas células da granulosa. O número de folículos antrais ou terciários depende do nível de gonadotrofinas (Figura 4 e 4.1). Uma percentagem inferior a 1% dos folículos se desenvolverá até a fase pré-ovulatória, sendo que os outros sofrerão um processo de atresia ou regressão (RIVERA, 1993). FIGURA 2 - UM CERTO NÚMERO DE FOLÍCULOS INICIA O CRESCIMENTO TODOS OS DIAS. O NÚMERO DE FOLÍCULOS PRIMORDIAIS INICIANDO O CRESCIMENTO A CADA DIA É CONTROLADO POR FATORES INTRAOVARIANOS. A FORMAÇÃO DO ANTRO E O CRESCIMENTO FOLICULAR FINAL ATÉ ATINGIR O TAMANHO OVULATÓRIO SÃO EVENTOS DEPENDENTES DE GONADOTROFINAS (HAFEZ & HAFEZ, 2004). FONTE: HAFEZ & HAFEZ, 2004. FIGURA 3 - AS SETAS GRANDES MOSTRAM O CONTORNO DO OVÁRIO COM UM FOLÍCULO ESTRAL NO DIA DA OVULAÇÃO, EM ALGUNS CASOS O LÚMEM DO FOLÍCULO CONTÉM UM PONTO ECÓICO PERTO DA OVULAÇÃO (SETA MENOR). FONTE: KÄHN, 1994. FIGURA 4 E 4.1 - CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA (FIGURA 4) E MORFOLÓGICA (FIGURA 4.1) DOS FOLÍCULOS OVARIANOS: P, FOLÍCULO PRIMORDIAL; PM, FOLÍCULO PRIMÁRIO; S, FOLÍCULO SECUNDÁRIO; T, FOLÍCULO TERCIÁRIO. NOTAR AS DIFERENÇAS DO NUMERO DE CÉLULAS GRANULOSAS E NO GRAU DE EXPANSÃO DO ANTRO COM ACÚMULO DE FLUIDO FOLICULAR (DVORAK & TESARIK, 1980). FIGURA 4 P Folículo quiescente PM PM S S T Crescimento Crescimento Crescimento Crescimento Reinício independente independente dependente dependente meiose de de de de (secreção da de gonadotrofinas gonadotrofinas gonadotrofinas gonadotrofinas esteróides (secreção de (secreção esteróides esteróides pelas células pelas de pelas células da teca e da células granulosa) da teca) da teca) FONTE: HAFEZ & HAFEZ, 2004. FIGURA 4.1 FONTE: DVORAK & TESARIK, 1980 5.2 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE FOLÍCULOS OVARIANOS O folículo ovariano é uma unidade fisiológica equilibrada cujas estruturas e funções dependem de fatores extracelulares, como as gonadotrofinas e um complexo sistema de interações intrafoliculares (HAFEZ & HAFEZ, 2004). O fluido folicular possui constituintes específicos, como esteróides, e glicoproteínas sintetizadas pelas células da parede folicular. Em folículos antrais grandes, o fluido folicular contém concentrações marcadamente elevadas de 17-βestradiol na fase folicular, e progesterona com a aproximação da ovulação (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Uma elevação nas concentrações plasmáticas de FSH estimula o recrutamento folicular e a emergência da onda folicular (ADAMS, 1992; FORTUNE, 1994). Em espécies monovulatórias, ou seja, que ovulam apenas um óvulo, um folículo é selecionado do grupo de recrutados e adquire capacidade ovulatória, enquanto os folículos subordinados entram em atresia. O folículo selecionado é conhecido como folículo dominante e desempenha um papel ativo na supressão do crescimento dos subordinados pela secreção de estradiol e inibina (GINTHER et al., 1996). Em bovinos os folículos podem atingir o diâmetro de 8 mm independentemente do suporte de LH, mas o crescimento além de 9 mm requer LH endógeno ou FSH exógeno (GONG et al., 1996). A aquisição de receptores de LH pelas células da granulosa é essencial para a maturação folicular. Este desenvolvimento sincrônico de grupos de folículos em determinados períodos do ciclo estral é denominado onda de crescimento folicular. Desde 1984, quando a ultra-sonografia foi primeiramente relatada como um método de estudo das funções ovarianas no bovino (PIERSON &GINTHER, 1984), tem sido demonstrado que mais de 95% dos ciclos estrais são constituídos de duas ou três ondas foliculares (Figura 5) (KNOPF et al., 1989). Essas variações no número de ondas de cada ciclo podem ocorrer em função de vários fatores, como dieta, manejo, fotoperíodo, pós-parto imediato, etc (GINTHER et al., 1996). FIGURA 5 - DESENVOLVIMENTO FOLICULAR DE VACAS, APRESENTANDO A OVULAÇÃO DO FOLÍCULO DOMINANTE DA PRIMEIRA, SEGUNDA OU TERCEIRA ONDA FOLICULAR. O SÍMBOLO DE MAIOR TAMANHO INDICA O FOLÍCULO OVULATÓRIO (BORGES ET AL., 2003). FONTE: BORGES et al., 2003 Em um determinado momento do ciclo, ocorre o recrutamento de um grupo de folículos primordiais para iniciar o crescimento (fase de recrutamento), dentre estes recrutados um é selecionado (fase de seleção), este selecionado se destaca e cresce mais rapidamente que os outros (fase de dominância) com a conseqüente atresia dos demais folículos da onda. Uma nova onda se inicia somente quando o folículo dominante da onda anterior ovula ou inicia o processo de atresia. O folículo dominante entra em atresia, quando há altos níveis de progesterona presentes (diestro ou gestação), e uma nova onda tem inicio. A determinação do número de ondas por ciclo vai influenciar no tratamento superovulatório, que deve começar no início de uma onda de desenvolvimento folicular, antes do estabelecimento da dominância, para que forneça resultados satisfatórios (Figuras 6 e 7). FIGURA 6 - MUDANÇAS COMPARATIVAS NO NÚMERO DE PEQUENOS (1-3 MM) E GRANDES (≥ 4 MM) FOLÍCULOS E O DIÂMETRO DO FOLÍCULO DOMINANTE EM VACAS COM DUAS ONDAS FOLICULARES. PARA FINALIDADES ESTATÍSTICAS E ILUSTRATIVAS, OS DADOS DO NÚMERO DE FOLÍCULOS DE CADA ONDA FORAM CENTRALIZADOS AO DIA DA EMERGÊNCIA DA ONDA (DEFINIDO COMO O DIA EM QUE O FOLÍCULO DOMINANTE FOI DETECTADO COM 4-5 MM DE DIÂMETRO). AS SETAS INDICAM A EMERGÊNCIA DE ONDAS SUCESSIVAS. A PRIMEIRA ONDA INCLUI DADOS DE 3 A 5 DIAS DA OVULAÇÃO E A SEGUNDA ONDA INCLUI DADOS DE 6 A 16 DIAS DA OVULAÇÃO (JAISWAL ET AL.,2004). FONTE: JAISWAL et al., 2004 FIGURA 7: MUDANÇAS COMPARATIVAS NO NÚMERO DE PEQUENOS (1-3 MM) E GRANDES (≥ 4 MM) FOLÍCULOS E O DIÂMETRO DO FOLÍCULO DOMINANTE EM VACAS COM TRÊS ONDAS FOLICULARES. PARA FINALIDADES ESTATÍSTICAS E ILUSTRATIVAS, OS DADOS DO NÚMERO DE FOLÍCULOS DE CADA ONDA FORAM CENTRALIZADOS AO DIA DA EMERGÊNCIA DA ONDA (DEFINIDO COMO O DIA EM QUE O FOLÍCULO DOMINANTE FOI DETECTADO COM 4-5 MM DE DIÂMETRO). AS SETAS INDICAM A EMERGÊNCIA DE ONDAS SUCESSIVAS. A PRIMEIRA ONDA INCLUI DADOS DE 3 A 5 DIAS DA OVULAÇÃO, A SEGUNDA ONDA INCLUI DADOS DE 6 A 13 DIAS DA OVULAÇÃO E A TERCEIRA ONDA INCLUI DADOS DO DIA 14 AO 22 DIA DA OVULAÇÃO (JAISWAL ET AL., 2004). FONTE: JAISWAL et al., 2004 5.3 FUNÇÃO OVARIANA EM BOS INDICUS E BOS TAURUS Uma comparação da função ovariana em bovinos B. indicus versus B. taurus foi recentemente estudada (BÓ et al, 2003). Em geral, o crescimento e a dominância folicular foram similares nas duas espécies. Entretanto, o diâmetro máximo do folículo dominante (10 – 12 mm) e do corpo lúteo (17 – 21 mm) é menor no B. indicus do que no B. taurus (14 – 20 mm e 20 – 30 mm, respectivamente; BÓ et al., 2003). A quantidade de progesterona do corpo lúteo apresentou-se mais baixa no gado B. Indicus quando comparado ao B. Taurus, talvez devido a uma mais baixa resposta de estrógeno, menor pico pré-ovulatório de LH, e outras diferenças endócrinas (RANDEL, 1984). O comprimento médio do intervalo interovulatório foi positivamente correlacionado com o número de ondas foliculares. Alem do mais, o dia da emergência da segunda onda folicular tendeu a diminuir enquanto o número de ondas por ciclo aumentou (RHODES et al., 1995; BÓ et al., 2003) e a terceira onda folicular tendeu a emergir mais cedo nas vacas B. Indicus (BÓ et al., 2003). Houve uma significante interação entre época do ano e subespécies na taxa de crescimento do folículo dominante da terceira onda; a taxa de crescimento do folículo dominante nas vacas B. Indicus foi mais lento no outono do que na primavera (1.1 versos 1.5 mm por dia, respectivamente), visto que o folículo dominante nas vacas B. Taurus tendeu a crescer mais rapidamente durante o outono do que na primavera (1.6 versos 1.4 mm por dia respectivamente). Embora o gado B. Indicus seja aparentemente mais influenciado pelo fotoperíodo, os efeitos da nutrição também devem ser considerados (KASTELIC, 2004). Dados obtidos através de ultra-sonografia mostraram que vacas da raça Nelore, possuem predominância (90%) de 2 ondas de crescimento folicular, enquanto que as novilhas apresentam maior freqüência de 3 ondas (67%) (FIGUEIREDO et al., 1994). Durante o ciclo estral de bovinos de raças européias a maioria dos animais apresenta duas (PIERSON &GINTHER, 1988; KNOPF et al., 1989) ou três (IRELAND & ROCHE, 1987; SAVIO et al., 1988) ondas de crescimento folicular, e esporadicamente uma ou quatro (MURPHY et al., 1990). Estas informações têm implicações práticas importantes. O fato de o estro durar apenas cerca de 10 horas nas vacas Nelore torna mais difícil a detecção do cio (BARROS et al., 1995). 6 SUPEROVULAÇÃO Além da inseminação artificial, a indução de ovulação múltipla (superovulação - SOV) para produção e transferência de embriões é uma das biotécnicas da reprodução mais importantes para acelerar o melhoramento genético de nosso gado. Infelizmente, a variabilidade de resposta das doadoras de embriões ao tratamento superestimulatório com gonadotrofinas, continua a ser um dos maiores problemas nos programas comerciais de T.E. (BARROS & NOGUEIRA, 2001), apesar das diversas pesquisas realizadas nesta área (NOGUEIRA et al., 2002). O desenvolvimento folicular e o momento da ovulação podem ser controlados farmacologicamente para melhorar os tratamentos superovulatórios empregados na transferência de embriões (BARROS & NOGUEIRA, 2004). O objetivo dos tratamentos superestimulantes ovarianos em bovinos é obter o máximo número de embriões viáveis por estimulação do crescimento e subseqüentes ovulações dos competentes folículos antrais através das gonadotrofinas exógenas (figura 8). Entretanto, a variável e imprevisível resposta superovulatória do animal doador, permaneceu um dos maiores limitantes do sucesso da T.E. (MAPLETOFT et al., 1993). FIGURA 8 - OVÁRIO COM 4 FOLÍCULOS EM DESENVOLVIMENTO (1, 2, 3, 4) 5 DIAS DEPOIS DE COMEÇADA A SUPEROVULAÇÃO. FONTE: KÄHN, 1994 FIGURA 9: MÚLTIPLOS FOLÍCULOS 9 DIAS DEPOIS DE COMEÇADA A SUPEROVULAÇÃO. FONTE: KÄHN, 1994. A vaca é um animal uníparo, e que geralmente produz um único óvulo por ciclo estral. Com a aplicação da técnica de superovulação, produzindo múltiplas ovulações, é possível a produção de vários embriões por ciclo estral. Para possibilitar esta superovulação, muitos tipos de preparações de hormônios gonadotróficos são administrados nas doadoras, induzindo a produção de muitos embriões (KANAGAWA et al., 1995). Os folículos a mais que se tornam ovulatórios pertencem a uma onda de desenvolvimento e, normalmente sofreriam atresia. Com a indução hormonal, fornecemos a estes folículos também, a condição de ovular. Geralmente, não se utilizam hormônios visando a ovulação direta dos folículos. A onda pré-ovulatória de LH, que provocaria a ovulação de um folículo único no caso de um ciclo normal, geralmente é suficiente para induzir a ovulação de todos que possuam condições para tal, após o processo de indução hormonal (FERNANDES, 2004). É a etapa menos previsível dentro da técnica de T.E.. São vários os fatores que influenciam os resultados. A grande variação na resposta aos tratamentos hoje praticados, causa sérios transtornos, ao técnico e ao proprietário, devido a impossibilidade de se prever seguramente os resultados. É necessário um controle rígido das variáveis possíveis, para que o processo de superovulação possa ser uma etapa mais previsível dentro do contexto da T.E.. 6.1 UMA BOA SUPEROVULAÇÃO Antes de se iniciar a superovulação devem ser seguidos alguns processos que podem influenciar na produção dos embriões pelo aparelho reprodutivo, na qualidade e na quantidade de embriões. 6.1.1 Anomalias congênitas ou hereditárias Qualquer anomalia relacionada ou não à reprodução, que possa ter caráter genético e transmissível à progênie, desclassifica o animal para a reprodução e mais ainda como doadora de embriões, uma característica indesejável seria disseminada com maior velocidade. 6.1.2 Histórico de boa fertilidade Animais com problemas reprodutivos não devem ser colocados em programas de transferência de embriões, a T.E. é uma biotecnologia que deve ser aplicada a animais com excelente fertilidade. Deve-se identificar se a doadora tem um ciclo reprodutivo normal. Ao menos dois ciclos estrais devem ser acompanhados, e o intervalo estral deve estar dentro do normal, que é de 18 a 24 dias. 6.1.3 Trato genital em boas condições A cérvix da doadora deve ser de fácil passagem, pois a colheita dos embriões é feita via transcervical. Outras características que devem ser observadas são se a vaca possui um útero íntegro e sem qualquer desordem, como, por exemplo, uma endometrite, que poderia diminuir a viabilidade dos embriões. 6.1.4 Nutrição e escore corporal A reprodução é o processo fisiológico mais importante para preservação de qualquer espécie. No entanto a alocação de nutrientes para a reprodução não é a prioridade de vacas de corte. A manutenção dos ciclos estrais e iniciação da prenhez é o último processo fisiológico a receber nutrientes assim será o primeiro processo interrompido pela escassez de nutrientes (Figura 10) (SHORT et al., 1990). FIGURA 10 - ESQUEMA DE PARTIÇÃO DE NUTRIENTES EM VACAS DE CORTE. A ORDEM APROXIMADA DA PARTIÇÃO DE NUTRIENTES É A SEGUINTE: 1) METABOLISMO BASAL, 2) ATIVIDADE, 3) CRESCIMENTO, 4) RESERVAS CORPORAIS BÁSICAS, 5) MANUTENÇÃO DE PRENHEZ, 6) LACTAÇÃO, 7) RESERVAS ADICIONAIS DE ENERGIA, 8) ATIVIDADE CÍCLICA OVARIANA E INICIAÇÃO DE PRENHEZ E 9) RESERVAS DO EXCESSO (ADAPTADO DE SHORT ET AL., 1990). Produção Atividade física Crescimento Fluxo de nutriente Metabolismo Estrutural gestação basal produção de leite Armazenamento de Reservas ciclos estrais FONTE: ADAPTADO DE SHORT ET AL., 1990 Há muito tempo ficou estabelecido que a falta de nutrientes, em especial energia e proteína, interrompe o processo reprodutivo de vacas de corte e prejudica sua performance reprodutiva, aumentando a idade ao primeiro parto, o intervalo entre partos e reduzindo a taxa de prenhez (DUNN et al., 1969). Em bovinos, parece existir o mesmo efeito do aporte energético durante um curto período de tempo no número de folículos pequenos (<4mm) (GUTIÉRREZ et al., 1997), sendo que este aumento no crescimento folicular pode estar relacionado às concentrações sanguíneas de glicose, insulina e IGF-1 (insuline-like growth factor 1) (BOLAND, 1999) os quais são importantes mediadores entre a nutrição e a reprodução animal (GUTIÉRREZ et al., 1997). O aumento no número de folículos é muito importante nos tratamentos superovulatórios. Por outro lado, pesquisas recentes têm mostrado que o excesso de energia na dieta reduz a produção e a qualidade dos embriões (YAAKUB et al., 1999), o que poderia estar relacionado ao aumento da concentração de glicose na circulação, bem como um efeito deletério na qualidade do ovócito (MCEVOY et al., 1997). Figueira et al., verificou a influencia da utilização do flushing em vacas Nelore com diferentes escores corporais (de 1 a 9), ESC 3,5, ESC 5,5 e ESC 7,5 sobre as alterações hormonais e produção de embriões. Quanto à resposta superovulatória Figueira et al., pôde concluir que a condição corporal em que o animal se encontra no momento em que se fornece uma dieta, é mais importante do que o próprio ganho de peso do mesmo no período de flushing. Assim sendo, o fornecimento do flushing para vacas de corte com diferentes escores corporais, poderia influenciar positivamente na resposta superovulatória. O fornecimento do flushing para vacas de corte com diferentes escores corporais não alterou o número total de estruturas embrionárias produzidas. Porém, as diferenças não são significativas em função da alta variabilidade dos dados. Por outro lado, o número de estruturas transferíveis foi superior para as vacas com ESC 7,5. Assim sendo, torna-se evidente que bons escores corporais reduziram o número de estruturas não fertilizadas ao submeter as vacas a um período de flushing alimentar. Como resultado final, as vacas com ESC 7,5 e ESC 5,5 apresentam maior viabilidade das estruturas produzidas (51,22 % e 47,62%, respectivamente). Estes resultados sugerem que não seria o ganho de peso durante o período de flushing que determina o resultado positivo sobre a viabilidade das estruturas produzidas, mas sim a condição de ESC em que o animal se encontraria no início do flushing e da superovulação. 6.1.5 Estresse Entende-se por estresse qualquer condição na qual o animal não esteja em total conforto. Os principais fatores são: o estresse térmico, problemas de casco e úbere ou outras patologias, nutrição ruim, mudança de ambiente, etc. As secreções hormonais podem ser alteradas pelo estresse. Segundo EUKER et al. (1975), o estresse agudo conduz a um aumento na secreção do LH e de acordo com LOPEZ-CALDERON et al. (1990), o estresse crônico ou prolongado resulta em supressão de LH e de FSH e pequena liberação de LH na fase pré-ovulatória. Estresse crônico ⇓ CRH (hormônio liberador de corcotrofina) ⇓ ↑ CORTISOL ⇓ ↓ LH ⇓ Inibição da luteinização ⇓ ⇓ ⇓ Cistos ovarianos Anestro Ninfomania FONTE: VARLEY, 1991 FIGURA 11 - A ELEVADA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE CORTISOL ALGUMAS HORAS OU DIAS PRÓXIMOS À OVULAÇÃO CAUSA MUDANÇAS HORMONAIS REDUZINDO OS NÍVEIS DE LH, E CONSEQÜENTE INADEQUADA LUTEINIZAÇÃO DOS FOLÍCULOS MADUROS. NESTE CASO, FOLÍCULOS CÍSTICOS SÃO FORMADOS E A FÊMEA PODE PERMANECER EM CONSTANTE ESTRO (NINFOMANIA) OU ANESTRO. O exemplo da figura 11 serve para ilustrar como o estresse pode alterar os eventos hormonais e modificar a habilidade dos animais em expressar ciclo estral normal (VARLEY, 1991). O estresse térmico é outro fator que pode influenciar na transferência de embriões. Vacas da raça Nelore, por exemplo, tem uma maior dificuldade de mostrar cio em regiões frias, e o contrario também pode ocorrer, vacas taurinas tem uma queda no desempenho reprodutivo em regiões muito quentes. Muitas vezes animais, que sofrem um grande estresse térmico entram em longo anestro. 6.1.6 Doenças infecto-contagiosas Mesmo sabendo que algumas patologias podem ser controladas para os descendentes, através da transferência, animais que possuem doenças infectocontagiosas com alguma relação com a reprodução, como brucelose, leptospirose, IBR e outras, podem apresentar piores resultados num programa de T.E.. 6.1.7 Escore ovariano O escore ovariano é utilizado para determinar a quantidade hormonal a ser utilizada em cada vaca, para superovulação. Todas as raças possuem uma quantidade média de hormônio que deve ser aplicado, mas através do escore ovariano, pode-se chegar a uma quantidade hormonal mais adequada para cada animal. O escore ovariano é avaliado ultra-sonograficamente do grau zero ao grau três, avaliando-se a quantidade de folículos primordiais existentes no ovário. A população folicular do ovário de grau três denotaria este ovário como excelente para superovulação. Essa avaliação do ovário é também utilizada para que não ocorra uma estimulação maior do que a necessária na superovulação, pois quando se tem um ovário grau três, a quantidade hormonal a ser aplicada na doadora é um pouco menor que a média da raça deste animal. O quadro 1 mostra como avaliar os diferentes graus do escore ovariano. QUADRO 1 - O ESQUEMA MOSTRA OS GRAUS DE ESCORE OVARIANO, AVALIADOS ATRAVÉS DO ULTRA-SOM, PARA SE OBTER UMA BOA DOADORA DE EMBRIÕES. Ovário direito Ovário esquerdo Avaliação População de FP muito escassa nos dois ovários. Não seria uma boa doadora. GRAU 0 Animal ciclando, porém com população de FP ainda muito escassa. GRAU 1 Animal ciclando, com uma boa população de FP. Animal apto à superovulação. GRAU 2 Animal ciclando, com uma excelente população de FP. Ótima doadora. GRAU 3 FONTE: O AUTOR, 2007 FP = folículo primordial FD = folículo dominante CL = corpo lúteo 6.1.8 Diferença entre as raças zebuínas e as taurinas Vacas zebuínas respondem diferentemente de vacas taurinas em termos de quantidade de hormônio administrado ou do momento certo para o tratamento hormonal. Segundo Lamonthe-Zavaleta et al. (1991) e Lobato (1992), fêmeas taurinas apresentam menor número de serviços ou intervalo parto-concepção que as zebuínas. Teodoro (1991) afirmou que, dependendo do manejo adotado, animais mestiços taurus x indicus podem apresentar resultados de produção e reprodução iguais ou superiores aos animais taurinos. Temperaturas ambientais elevadas, principalmente associadas a umidade relativa também elevadas, são extremamente prejudiciais. Estas afetam principalmente o desenvolvimento inicial do embrião ao alterar o ambiente uterino. Desta forma, sob estresse térmico, a doadora geralmente fornecerá embriões de qualidade inferior. Geralmente as raças taurinas recebem uma quantidade hormonal maior que as raças zebuínas. Fazendo uma comparação entre a raça Nelore e a raça Simental, por exemplo, podemos perceber essa diferença. A quantidade média de FSH (Pluset) utilizado para uma vaca da raça Nelore, é de 250 U.I, enquanto que para uma vaca Simental é de 400 U.I.. Mas se o ovário for avaliado em grau 3, essa quantidade hormonal ainda pode diminuir. 7 INFLUÊNCIA DO FOLÍCULO DOMINANTE NA RESPOSTA SUPEROVULATÓRIA Estudos envolvendo superestimulação iniciando-se na presença ou ausência do FD (GRASSO et al., 1989) ou na presença de um grande número de folículos pequenos (próximo à emergência da onda folicular) tem confirmado os efeitos supressivos da dominância folicular na resposta superovulatória (BUNGARTZ & NIERMANN, 1994). A presença do FD, no início do tratamento com gonadotrofinas, parece afetar a magnitude da resposta superovulatória subseqüente, diminuindo o recrutamento folicular por meio de fatores inibitórios, como a inibina produzida pelo folículo (WOLFSDORF et al., 1997). Estudos comprovam uma melhor resposta à superovulação a partir de tratamentos iniciados antes da seleção do FD, ou seja, antes que os folículos subordinados de uma determinada onda folicular venham a regredir, suportando as evidencias dos efeitos supressivos da dominância. A administração de FSH bovino recombinante, em novilhas antes do momento da seleção (D1 do ciclo, sendo D0 = ovulação), ou após seleção do FD (D5) durante a primeira onda folicular, resultou em um número significativamente maior de ovulações no grupo submetido ao tratamento antes da seleção folicular (ADAMS, 1993). Levando-se em consideração a duração das fases de desenvolvimento do folículo dominante durante os intervalos interovulatórios, a probabilidade de que em qualquer dado momento o FD não é na realidade funcionalmente dominante (tardiamente na fase estática ou na fase de regressão) é de apenas 20%, ou seja, 6 de 20 dias, para novilhas de 2 ondas, e 35% (8 de 23 dias) para novilhas de 3 ondas. Desta forma sabe-se que apenas aproximadamente 20% (4 a 5 dias) do ciclo estral estaria disponível para o inicio do tratamento no momento de emergência da onda folicular. Estas observações demonstram que durante a maior parte do tempo (80%) do ciclo estral, uma resposta superovulatória ótima não poderia ser obtida (ADAMS, 1998). 8 8.1 HORMÔNIOS UTILIZADOS PARA SUPEROVULAÇÃO PROGESTÁGENOS Os progestágenos utilizados em transferência de embrião são os de liberação lenta, que podem ser intravaginais ou a auriculares (subcutâneos). Associada ao estrógeno, a progesterona, zera a onda folicular que está ocorrendo e faz com que se inicie uma nova onda. Por isso, protocolos que incluem a progesterona, podem ser iniciados em qualquer fase do ciclo estral das fêmeas bovinas. 8.2 ECG (ou PMSG) Trata-se de um hormônio denominado Gonadotrofina Coriônica Eqüina. É obtido do soro de éguas entre o 40º e o 100º dia de gestação. Possui ação semelhante ao FSH e LH na mesma molécula. Uma vantagem do ECG é que apenas uma única injeção do mesmo é necessária durante os tratamentos superovulatórios (SEIDEL et al., 1968). Atualmente não é muito utilizado devido aos problemas de hiperestimulação (age por muito tempo devido a meia vida muito longa) e os efeitos indesejáveis do LH. Estes efeitos se traduzem por uma ação prematura de LH provocando luteinização dos folículos antes da ovulação, ou mesmo alteração na maturação do ovócito no interior do folículo (FERNANDES, 2004) A dose usual recomendada é de uma única aplicação, no 9º ao 11º dia do ciclo e aplicação de prostaglandina dois dias mais tarde. O ECG pode substituir o FSH em alguns tratamentos, entretanto, os resultados, tanto a taxa ovulatória quanto a taxa de embriões transferidos, são inferiores aos resultados com o FSH. O excesso na dosagem de ECG geralmente induz a cistos foliculares (KANAGAWA et al., 1995). 8.3 FSH É a preparação hormonal mais utilizada para a superovulação de bovinos. Os produtos hoje disponíveis são, em sua maioria, extraídos da hipófise de suínos e ovinos em abatedouros. Por esta razão o maior problema que se pode ter com o FSH é a variação existente entre as partidas do produto. Outro problema enfrentado é a relação FSH:LH das partidas, pois o LH também é produzido na hipófise desses animais. A literatura cita que uma relação máxima e segura, entre FSH:LH, seria de 5:1. Pois uma relação maior acarretaria o mesmo problema que o ECG pode causar, que é a luteinização prematura dos folículos. Existem vários protocolos de superovulação propostos para produtos a base de FSH. Porém, todos devem levar em consideração o estágio no qual se encontra a onda de crescimento folicular no início do tratamento. Melhores resultados ocorrem quando se inicia o tratamento no começo da onda de crescimento. 8.4 PROSTAGLANDINA F2α Visa a lise de um eventual corpo lúteo, que possa estar no ovário desde a última ovulação, para que ocorra uma queda na taxa de progesterona endógena. 8.5 BENZOATO DE ESTRADIOL OU 17 β ESTRADIOL Estes dois esteróides são utilizados para sincronizar a onda de desenvolvimento folicular. Quando associados à progesterona, induzem a atresia dos folículos em qualquer fase do ciclo estral, fazendo com que a emergência da nova onda folicular seja mais precisa, em 4 dias. 8.6 LH O LH exógeno tem as mesmas propriedades do LH endógeno e garante a ovulação da doadora, por isso nos casos em que se usa o LH não se faz necessária a observação de cio. 9 PROTOCOLOS DE SUPEROVULAÇÃO Os protocolos de superovulação podem ser feitos a partir de um cio base da doadora ou de um implante de progesterona colocado na fêmea. • Exemplo de protocolo a partir de um cio base: O dia do cio será o D0. A partir do D0 conta-se de 10 a 13 dias que é o tempo para que ocorra uma onda folicular e forme-se um corpo lúteo. Entre o D10 e o D13 deve-se iniciar o protocolo hormonal de superovulação. O ideal, para quem possui um aparelho de ultrassom, seria puncionar o folículo dominante que deve estar formado a partir do D8 até o D11, e de 36 a 48 horas após a punção, iniciar as aplicações de FSH. Estas aplicações devem ser feitas com intervalo de 12 horas sempre em doses decrescentes durante 4 dias. No penúltimo dia de aplicação do FSH, aplica-se junto duas doses de PGF2α. Uma dose de LH é aplicada, 12 horas após o final das doses de FSH, para que não seja necessária a observação de cio. A doadora deve ser inseminada 12 e 24 horas após o LH e a coleta é feita 6 a 7 dias após a inseminação artificial (protocolo 1). PROTOCOLO 1: PGF 2α MeT Cio base US e punção D0 D9 Início SOV LH D14 D11 IATF 12 e 24 horas depois do LH D15 FSH (M e T) FONTE: O AUTOR, 2007 • Exemplo de protocolo a partir de um implante de progesterona: Coleta D21 O implante de progesterona pode ser utilizado independente da fase do ciclo estral em que está o animal. O dia em que se coloca o implante na fêmea é chamado de D0. O implante pode ser intravaginal ou subcutâneo, este é colocado, geralmente, na orelha da doadora. No quarto dia após a colocação do implante (D4) inicia-se a aplicação de FSH da mesma maneira que no protocolo anterior, durante 4 dias a cada 12 horas. E a partir daí é tudo igual ao protocolo anterior (protocolo 2). PROTOCOLO 2: PGF 2α MeT Implante P4 + BE LH IATF 12 e 24 horas depois do LH Coleta P4 D0 D4 D5 D6 FSH (M e T) FONTE: BARUSELLLI, 2006. D7 D8 D15 10 RECEPTORAS DE EMBRIÕES Para seleção das fêmeas que farão parte do rebanho das receptoras, deve-se selecionar animais sadios, submetidos a exames clínicos e avaliação da capacidade reprodutiva. A receptora ideal deve ser um animal jovem, saudável, com fertilidade comprovada, habilidade materna e um histórico de partos fáceis. Vacas acima de sete a oito anos de idade não devem ser empregadas porque as suas habilidades em manter a gestação são menores. Animais indóceis também são indesejáveis tanto pelo ponto de manejo, quanto para manter a gestação, estudos relatam que animais indóceis e mais agitados têm maior dificuldade em manter uma gestação. Devem ser realizados exames de brucelose, tuberculose e anaplasmose e vacinação contra IBR, BVD, leptospirose e clostridioses. Alguns outros fatores devem ser levados em consideração, em relação à prenhez da receptora. Fatores como a sincronia da receptora com a doadora, a reutilização de receptoras, o tamanho e a localização do corpo lúteo (se está no ovário esquerdo ou no direito), a quantidade de corpos lúteos, as condições de manejo e de nutrição, etc. Pensar que somente a doadora é sempre o foco principal de um trabalho com transferência de embriões pode ser um engano. A doadora e a receptora devem ser sempre trabalhadas com a mesma importância, pois sem uma ou sem a outra a transferência de embriões não acontece. Se não forem tomados os devidos cuidados com as receptoras, a taxa de gestação deve cair, aumentando assim o custo unitário de cada produto. 10.1 SINCRONIZAÇÃO DAS RECEPTORAS Para que ocorra uma boa implantação do embrião no útero da receptora, é necessário que esta esteja numa fase do ciclo estral que a doadora estava quando o embrião foi coletado. Quanto mais sincronizados estiverem os meios uterinos, melhores serão as taxas de concepção. Há uma margem aceitável de diferença entre o ciclo da doadora com o da receptora, esta margem é de 24 horas, porém, o melhor seria menos de 12 horas de diferença. O principal aspecto fisiológico da sincronização entre doadoras e receptoras é que retiramos o embrião de um ambiente (útero da doadora) e devemos colocá-lo em outro ambiente (útero da receptora), com condições semelhantes ao de origem. Existem vários métodos de sincronização para que o ciclo da receptora coincida com o ciclo da doadora. O procedimento mais comumente utilizado, por ter custos mais baixos, é a aplicação de uma dose de luteolítico durante a fase luteal da receptora, antecipando assim o próximo estro e fazendo com que ele ocorra junto com o estro da doadora. Em média, o estro ocorre de 36 a 72 horas após a aplicação do luteolítico. Porém, esse tratamento fica limitado às fêmeas que no momento da sincronização se encontrarem entre o 6º e o 17º dia do ciclo, pois é só durante essa fase a ação luteolítica. Porém, atualmente, existem vários protocolos de sincronização mais eficientes, pois estes, além de sincronizar melhor o estro da receptora com o da doadora, ainda ajudam na formação de um corpo lúteo acessório no ovário, que pode fazer com que aumente a quantidade de progesterona circulante e conseqüentemente podendo melhorar, a taxa de concepção. Mas antes de se iniciar um protocolo de sincronização deve-se avaliar muito bem o custo benefício do mesmo. • Exemplo de protocolo de sincronização: BE + PGF 2α ECP + PGF 2α + eCG TETF P4 D0 FONTE: BARUSELLI, 2006. D8 D17 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS Entende-se, portanto, que a técnica da transferência de embrião tem uma grande variabilidade de resultados. E isto ocorre por vários motivos, desde a própria fisiologia da fêmea que deve ser avaliada, até o manejo e nutrição destes animais. Diversos tratamentos hormonais, para induzir a ovulação múltipla em bovinos têm sido estudados, porém esses tratamentos podem fracassar se a doadora de embriões apresentar problemas no aparelho reprodutivo ou problemas que possam afetar a reprodução, como, por exemplo, o estresse e a alimentação. Por isso antes de se iniciar um tratamento hormonal em um animal, deve-se avaliar todos os pontos referidos no trabalho. Porém, para poder avaliar corretamente os pontos que levam a se obter uma boa resposta na transferência de embriões, é necessário conhecer profundamente a dinâmica folicular da fêmea bovina, pois os protocolos não devem ser utilizados como receitas de bolos e sim devem ser estudados para cada caso e para cada animal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ACOSTA, T.J.; MYIAMOTO, A. Vascular control of ovarian function: ovulation, corpus luteum dormation and regression. Animal Reproduction Science, v.82 – 83, p. 127 – 140, 2004. 2. ADAMS, G. P.; MATERI, R. L.; KASTELIC, J. P.; KO J. C. H.; GINTHER, O. J. Association between surges of follicle-stimulating hormone and the emergence of follicular waves in heifers. J. Reprod. Fertil, v. 94, p. 177 – 178, 1992. 3. ADAMS, G. P.; KOT, K.; SMITH, C. A.; GINTHER, O.J. Selection of a dominant follicle and suppression of follicular growth in heifers. Anim Reprod Sci, v.30, p. 259 – 271, 1993. 4. ADAMS, G. P. 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