Entrevista - Newsletter Professores Inovadores
Perfil
1. Nome:
António Maria Romeiro Carvalho.
(Escola do Ensino Básico 2.3 Miguel Torga- Amadora).
2. Área de formação:
História
(Licenciatura
Doutoramento).
e
Estágio)
Outras
áreas:
e
Sociologia
Sexualidade,
(Mestrado;
Prevenção
prepara
das
Toxicodependências, Animação e Dinâmica de Grupos.
3. Há quanto tempo lecciona:
18 anos (7 anos dos quais na equipa nacional do P.P.E.S. – Programa de
Promoção e Educação para a Saúde, M.E. – supervisão de projectos
prevenção do tabagismo e alcoolismo em Meio Escolar e acompanhamento
das escolas da D.R.E.C.).
4. Níveis de escolaridade:
do 7º ao 12º Anos; CEF (Cursos de Educação e Formação), nível 2.
5. Disciplinas leccionadas:
História (7º-12º Anos). Cidadania e Mundo Actual, Higiene, Saúde e Segurança
no Trabalho e Relações Pessoais (C.E.F.).
Actualmente, acompanha o programa J.A.- Junior Achevement: Economia para
o Sucesso, levado a cabo pela Associação Aprender a Empreender, nas duas
turmas dos C.E.F.
5.1. Formação de Professores (desde 1995):
Educação para a Sexualidade e os Afectos/ Construção de Projectos de
Intervenção em Meio Escolar; História da Sexualidade; Prevenção das
Toxicodependências em Meio Escolar; Animação e Dinâmica de Grupos;
Cultura Popular Portuguesa. (Centros de Formação de Associação de Escolas,
Centro de Formação da APH e Outros).
5.2. Formação de Outros profissionais:
Animação e Dinâmica de Grupos.
Opiniões
1. Utilização que faz das TIC (há quanto tempo, motivações, obstáculos):
Utilizo as TIC, nomeadamente, na preparação de aulas, na feitura de
comunicações e na ilustração de aulas. Para além disso, na preparação da
aprendizagem pelos alunos, que até sabem mais destas Técnicas que eu
próprio. Por esta razão, utilizo a estratégia de, preparando a minha
aprendizagem e a dos alunos com eles, fazer sentir importante a «pessoa» que
me ensina. Uma estratégia que assenta no princípio de que toda a «pessoa» é
um expert de alguma coisa; logo, vale a pena trabalhar com ela, pois é uma
mais valia para o grupo. Esta estratégia é igualmente a motivação principal.
Utilizo as TIC, (amanhã melhor que hoje e hoje melhor que ontem), desde o
«Projecto Minerva», há uns 15 anos, embora não tenha feito parte dele.
O principal obstáculo ás TIC é as salas da Escola portuguesa não permitirem a
sua
utilização sistemática
e os
materiais
existentes,
já formatados/
experimentados, serem poucos, o que aumenta muito o tempo necessário à
preparação/ planificação.
2. Diferenças sentidas nos alunos, antes e depois das TIC (enquanto
ferramenta de ensino - reacções):
os alunos têm reacções muito boas, pois a disciplina de TIC é, a par da
Educação Física, maioritariamente e nas turmas «mais difíceis», a disciplina
mais adorada. Simultaneamente, o trabalhar com as TIC faz sentir o aluno a
trabalhar com alguém igual e muito próximo como atrás ficou dito. Mutatis
Mutandis, é como se estivéssemos a contar uma história ao aluno/ nosso neto.
Ainda, quando, e dou disso um exemplo, de uma comunicação em Power
Point, que fiz num congresso, é tornar real e palpável e útil algo teórico ou
abstracto, o que muito agrada a eles e a mim. Este trabalho foi realizado em
situação de aula, desde a investigação, à planificação e execução em P.P.
3. Situação/ experiência (enquanto docente) que o(a) tenha marcado de
alguma forma e que queira partilhar:
o exemplo anterior. Toda a Turma colaborou e enviei a comunicação para
leitura, fazendo referência à Turma, sendo um trabalho colectivo. A
comunicação veio na NET. Copiei-a para todos. Nunca pensaram que a
«notoreidade» fosse tão próxima e possível. Adoraram e eu senti-me um
professor «babado».
4. Visão que tem dos seus pares enquanto utilizadores das TIC:
A novidade não se prende tanto com a utilização das TIC, porque há muitos
computadores espalhados na Escola e as Editoras oferecem materiais. A
admiração ou os comentários, de louvor ou de inveja, acontecem mais pelo
tempo passado na sua utilização e no feedback dado pelos alunos nas aulas
dos outros professores. Isto é, há os que gostam do que fazem e trabalham;
com estes costumamos trocar experiências, materiais e incentivos. E há os que
não gostam, nem fazem e, às vezes, nem deixam fazer (os do SPA – Sindroma
da Sala dos Professores); destes, livrai-nos senhor…
5. Imagem da relação que os jovens têm com as TIC:
Vejo os meus alunos a tratarem as T.I.C. por tu, tal como a minha geração
tratava por tu a máquina de escrever e, a de meus pais, o lápis e as mangas de
alpaca. Nós professores de mais de cinquenta é que temos de dar verdadeiros
triplo-saltos e possuir a humildade saber que não sabe.
6. Visão da ‘sala de aula do futuro:
Imagino a sala do futuro com as máquinas suficientes para trabalhar com os
alunos de forma mais fácil e eficaz. Haverá mesmo, daqui a uns 20 anos,
muitas máquinas na sala de aula, mas não creio que, mesmo a melhor
máquina inventada na Ficção Científica, venha, alguma vez, a substituir o
professor. Porque ……………….
…………. 7. O homem/ professor e o aluno/ homem e as T.I.C.:
O professor não é uma TIC. O professor não vai ser um emissor/receptor de
saberes, mas sim um valorizador de saberes. Que mais não seja, o professor
fará algo que algum instrumento jamais conseguirá: introduzir, na sala de aula,
um pouco daquela musicalidade do quotidiano, um pouco da vida que corre
nas artérias da cidade, um pouco de verde que inunda a Primavera, um pouco
dos muito castanhos que entontecem na planície pelo Outono, um pouco da
alegria e da tristeza de que se fazem homens e mulheres deste Planeta.
Porquê?! …………
PORQUE HÁ PROFESSORES COM «H».
Professor escreve-se com agá.
«Com agá? Papagueia a arara incrédula.»
Sim.
Agá de hoje,
Agá de hodie,
Agá de sempre.
«Sempre não tem agá», zurra o burro teimoso.
Sim.
Agá de Hélade e Conhecimento,
Agá de Hélio e Sol,
Agá de Amor, Agá de Paixão.
«Amor e Paixão com agá?!» Hi,hi, ri a hiena cobarde.
Sim.
Agá de húmus,
Agá de homem,
Agá de mulher.
«Onde se viu mulher com agá?» Ironiza o preguiça pendura.
Sim.
Agá de holofote e luz,
Agá de Heródoto e História,
Agá de Homero e Epopeia,
Agá de herói,
Agá de professor.
«Professor não tem agá», berra irado o camelo.
Tem sim.
Agá de hábito de «poverello»,
Agá de halo solar,
Agá de harmonia musical,
Agá de hélice do navio do quotidiano,
Agá de Hércules todos os dias,
Agá de hermenêutica necessária,
Agá de hurra vitorioso!
«Mas porquê com agá», teima o vizinho quezilento?
Porque sim. Porque rima com há.
Há de haver, de existir.
Há de humilde, não humilhante,
Há de hospitalidade e hospitaleiro,
Há de hortênsia e hortelão,
Há de hábil e há de honra.
É verdade que há hecatombistas e haraquiristas,
E hematozoaristas e hemarrogistas.
E há heresiarcas, herméticos e herniados e hiatistas e até híbridos.
E há higienistas (só dos outros!);
E há hirtos, hipertrofiados, híspidos, histéricos e até hipócritas.
No singular, há o hiponcondríaco e há o «habilidoso».
Querem-nos fazer desistir?
Não lhes damos esse gozo.
Por mais que incrédulos apareçam.
Por mais que cobardes e penduras puxem o tapete.
Por mais que teimosos e camelos se intrometam,
Professor é amor, professor é paixão;
Professor é utopia, professor é ilusão;
Ser professor é o melhor que na Educação há.
Por isso é que, queiram ou não, professor se escreve com agá.
António Maria Romeiro Carvalho.
(Poema publicado no «Dinossauro & Cª», nº 1, Março de 2006; jornal da Escola E.B.
2.3. Miguel Torga)
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António Maria Romeiro Carvalho.