2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 25 DE JANEIRO DE 2015 Reportagem Especial COMPORTAMENTO NAS REDES SOCIAIS Professores vigiados na internet Escolas monitoram o que professores e alunos fazem no mundo virtual para evitar mau exemplo e situações constrangedoras Kelly Kalle scolas e faculdades particulares da Grande Vitória estão monitorando o comportamento de professores e alunos nas redes sociais da internet. A intenção é evitar situações constrangedoras e fazer com que os profissionais não influenciem de forma negativa os alunos. O superintendente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado (Sinepe), Geraldo Diório, afirmou que a prática está se tornando cada vez mais comum entre as escolas. “É preciso monitorar o que se fala da instituição, pois está em jogo sua moral.” O coordenador do ensino fundamental II e ensino médio do Centro Educacional Praia da Costa (Cepc), Rodrigo Sarmento, afirmou que é feito um monitoramento do que é falado nas redes sociais. “Os funcionários de tecnologia da informação monitoram os perfis de alunos, professores, pais, e grupos, como Utilidade Pública. Sempre que encontramos algo, informamos ao setor jurídico da escola para sabermos qual posicionamento devemos tomar.” A proprietária do Centro Educacional Sonho Meu (Cesm) e da Faculdade Europeia de Vitória (Faev), Edna Tavares, afirmou que, na entrevista de contratação, é solicitada a rede social para pesquisar o perfil do professor. “Isso é legal e permitido. Não é possível acompanhar diariamente as postagens de todos os alunos e professores. Porém, quando detectamos alguma situação que possa ser constrangedora para o aluno ou para a escola, ligamos e sugerimos a retirada da postagem.” A coordenadora do serviço de orientação religiosa do Sagrado Coração de Maria, Andréa Almeida, afirmou que há profissionais dentro e fora do Estado que fazem controle do que é falado sobre a escola. “Acompanhamos as redes sociais para não termos surpresas. Se houver problemas, vamos resolver.” A diretora pedagógica da escola São Geraldo, Bernadete Gobbi, também afirmou que o setor de marketing monitora as mídias sociais da unidade de ensino. “Se há alguma insatisfação ou se chegam até nós comentários ruins de professores ou alunos, vamos intervir.” O gerente de Comunicação e Marketing da Faesa, Marcel Victor de Melo, afirmou que a faculdade não monitora as mídias sociais, mas acompanha todas as menções da Faesa, independentemente do público. “Procuramos responder, caso seja necessário.” INTERAÇÃO FERNANDO RIBEIRO/AT E Ética profissional também on-line A professora de Psicologia da Faculdade Europeia de Vitória (Faev) Rita de Cássia Mancini Vaz, 43 anos, contou que costuma utilizar as redes sociais para interagir com os alunos e tirar dúvidas. Também recebe trabalhos por e-mail, mas prefere que eles sejam entregues em mãos, impressos. “Uso as redes sociais, mas é necessário ter ética profissional em tudo o que se posta, pois o professor tem de dar exemplo em tudo para os alunos”, avaliou. Na faculdade onde trabalha, todos os profissionais têm suas redes sociais analisadas pela direção. “Isso ocorre em muitas empresas.” Escolas criam guias para orientar profissionais A fim de orientar e evitar problemas que afetem a imagem do professor e da escola e faculdade, instituições de ensino estão desenvolvendo guias de como usar as redes sociais da internet. A coordenadora pedagógica do Centro Educacional Primeiro Mundo, Adriana Selga, contou que há um guia para professores com orientações para uso da internet. “Ele é trabalhado com as equipes que estão entrando na escola e reforçado com os mais antigos.” A coordenadora do serviço de orientação religiosa do colégio Sagrado Coração de Maria, Andréa Almeida, disse que também entrega um guia do educador. “A ideia é que evitem ter como 'amigo' o aluno na rede social, para não se expor.” A proprietária do Centro Educacional Sonho Meu, Edna Tavares, vai distribuir este ano um guia para pais, alunos, professores e a comunidade do entorno escolar, que vai orientar sobre postura, dar dicas e sugestões de postagens em redes sociais, evitando problemas graves e cyberbullying. Já a Faculdade Pitágoras de Linhares – que faz parte do grupo Kroton Educacional – disponibiliza para cada funcionário o seu Manual de Ética. Nesse documento, estão previstas as orientações e expectativas da Kroton em relação ao proceder de seus funcionários, dentro e fora da empresa. COMO SE PORTAR NAS REDES SOCIAIS Orientações para professor > HÁ ESCOLAS e faculdades que proí- bem filmar aulas. Recomenda-se aos professores não postarem fotos com bebidas ou cigarros ou ainda em situações íntimas e roupas de praia ou sensuais, já que muitos professores têm “amigos” alunos nas redes sociais, e os profissionais são referência para os estudantes. > RECOMENDA-SE aos professores nunca beberem em confraternizações de alunos, para que fotos não sejam publicadas em redes sociais, e mantenha o exemplo aos alunos. > PEDE-SE que professores evitem comentários nas redes sociais de assuntos que possam ter sido criados em sala ou na escola; evitem responder a qualquer provocação que o aluno possa fazer do professor, da escola ou dos colegas. > HÁ ESCOLAS que pedem para infor- mar à direção qualquer postagem que possa ser prejudicial ao aluno, a escola ou a professores. > DEVE-SE AINDA evitar comentários relativos à vida pessoal ou com assuntos polêmicos, pois pais de alunos ou estudantes podem ter opiniões divergentes, causando discussões que afetem a escola. > O PROFESSOR deve ainda evitarfotos com alunos que possam trazer qualquer exposição ou insinuação constrangedora para ambas as partes. Orientações para alunos > EVITE comentários maldosos sobre colegas de sala, professores ou escola. O problema deve ser resolvido pessoalmente. Evite postar fotos ou filmagens de alunos ou professores sem serem autorizadas. Orientações gerais LEONARDO DUARTE/AT ACESSO RÁPIDO Cuidado com o que posta A professora de Sociologia Neide Maria de Faria contou que costuma utilizar as redes sociais para interagir com os alunos, postar vídeos, textos e falar sobre trabalhos. Mas tudo o que é falado na internet é orientado em sala de aula, pois nem todos os alunos – que são da rede pública – têm acesso às redes sociais. “É muito interessante o uso dessa ferramenta, mas também é preciso cuidado com o que se fala e com quem se fala. Nunca tive problemas. Tiro dúvidas, oriento sobre carreira, cursos. O acesso ao aluno é rápido”, disse Neide. > TOME cuidado com tudo o que é pos- tado na internet, pois os conteúdos são eternizados na rede. Ao postar, a pessoa não tem mais controle, pois a informação pode ser compartilhada por muitas pessoas. > SEJA RESPEITOSO. Em suas redes sociais há pessoas de diversos credos, culturas, opiniões e cores. > POR ISSO, evite comentários preconceituosos. Caso poste algo que seja indelicado, como em um blog, por exemplo, repare o erro rapidamente para evitar problemas. Fonte: Escolas e especialistas consultados.