UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
UNIJUÍ – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADE E EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE:
DESISTÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS.
ÂNGELA MARIA THOMAS
Ijuí, julho de 2012.
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
UNIJUÍ - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADE E EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ÂNGELA MARIA THOMAS
A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE:
DESISTÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS.
Trabalho de conclusão de curso apresentada à
Banca Examinadora do Curso de Educação
Física da Unijuí - Campus Ijuí, como
exigência parcial para obtenção do título de
Licenciado em Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Leopoldo Schonardie Filho.
Ijuí, julho de 2012
2
ÂNGELA MARIA THOMAS
A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE:
DESISTÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
TCC apresentada à Banca Examinadora do Curso de Educação Física da Unijuí Campus Ijuí, como exigência parcial para obtenção do título de Licenciado em Educação
Física, sob a orientação do Professor Dr. Leopoldo Schonardie Filho.
Aprovado em _____/____/_____
Conceito final: __________
BANCA DE AVALIAÇÃO
______________________________________________________________________
Prof.
UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
______________________________________________________________________
Prof.
UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, pelos valores gerados em minha família em Seu
nome, porque Ele guia meus passos com sua generosa bênção.
Agradeço, igualmente:
a minha família pelo apoio, incentivo, amor e doação, porque dela tive o carinho e a
ajuda necessária, sempre;
ao meu esposo Ricardo e aos meus filhos, Lucas e Ricardo Júnior, pelo carinho,
compreensão e companheirismo, e por me auxiliarem nesta caminhada constantemente;
aos meus amigos e compadres que, são a família do meu coração, e que estão
comigo, em todos os momentos;
a todos os funcionários administrativos da Unijuí, pela sua presteza e dedicação;
aos colegas e amigos do Curso de Educação Física, pelas horas de estudo e de
interação, que passei ao seu lado;
à Escolinha de Futsal La Salle que me possibilitou realizar este estudo;
ao professor Dr. Leopoldo Schonardie Filho e demais professores, os
quais marcaram muito minha vida acadêmica, pelos seus exemplos de Mestres
comprometidos com o Ensino e com seus educandos. Agradeço, em especial, ao primeiro,
que me auxiliou incansavelmente neste trabalho.
Com certeza, teria muitas pessoas, ainda, a serem citadas, em agradecimento; mas a
estas agradecerei pessoalmente, porque se torna impossível listar a todos que acreditaram
em mim e torcem pelo meu sucesso.
Assim, a todos eu deixo o meu MUITO OBRIGADA!
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RESUMO
Este estudo, sob o título “A criança e o adolescente na Escolinha de Futsal La Salle:
Desistência e fatores associados” é um estudo relacionado aos fatores que levam a criança
e o adolescente a desistirem do treinamento na Escolinha de Futsal La Salle. Identificar,
através de uma pesquisa-ação, de informações qualitativa e quantitativa, os fatores que têm
influenciado as crianças e adolescentes inscritas na Escolinha de Futsal La Salle, da cidade
de Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino é o objetivo deste estudo, uma vez que a
Escolinha de Futsal é uma extensão em que são trabalhados elementos sociomotrizes numa
ligação entre a oposição e a cooperação; mobilidade, equilíbrio, atenção à cobertura
ofensiva e defensiva e ao espaço que representam motivação, aprendizagem e evolução. Os
principais resultados a que se chegou, após a análise dos resultados são de que falhas no
aspecto educativo; desrespeito às necessidades individuais; desrespeito às capacidades;
despreparo para a competição; outros interesses; iniciação desportiva inadequada e
cobrança excessiva pela vitória representam motivos para a desistência. E os fatores
associados a estes, se resumem na motivação extrínseca causada por premiações e
presentes oferecidos aos vencedores da competição; no descrédito ao treinador e/ou seu
trabalho e no estresse esportivo, reconhecido como Burnout.
Palavras-chave: Criança. Adolescente. Escolinha de Futsal. Fatores de Desistência.
Motivação. Aprendizagem. Evolução.
5
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ..........................................................................................
09
1.1Tema ................................................................................................................
11
1.2 Delimitação do tema.......................................................................................
12
1.3 Problema.........................................................................................................
12
1.4 Objetivo...........................................................................................................
13
2. REFERENCIAL TEÓRICO..........................................................................
13
2.1 Compreendendo o Desenvolvimento Motor na Infância............................
15
2.2 Estimular a Motivação para a Prática de Esportes.....................................
19
2.3 Iniciação Esportiva na Escolinha La Salle ..................................................
24
2.4 Desistência e Fatores Associados ..................................................................
28
3. METODOLOGIA............................................................................................. 31
3.1 Característica da Pesquisa ............................................................................
31
3.2 População e Amostra .....................................................................................
32
3.3 Materiais e Instrumentos...............................................................................
33
3.4 Procedimentos.................................................................................................
33
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS....................................................... 34
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................
46
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................
49
7. ANEXOS...........................................................................................................
50
6
I - LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – A Ampulheta Heurística de Gallahue - fases do desenvolvimento motor
e seus estágios....................................................................................................... 19
7
II - LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Permanência/Desistência – fatores associados................................................ 29
Quadro 2: Idade e ano de escolaridade do aluno desistente da escolinha de Futsal
La Salle.......................................................................................................... 34
Quadro 3: Questionário respondido pelos alunos sobre a lembrança idade/data de
início/término dos treinamentos na escolinha de Futsal La Salle................. 36
Quadro 4: Questionário respondido pelos alunos desistentes da escolinha de Futsal La
Salle e pelos pais........................................................................................... 38
Quadro 5: Questionário respondido pelos alunos desistentes da escolinha de Futsal
La Salle e pelo seu pai/mãe.......................................................................... 41
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1. APRESENTAÇÃO
A criança e o adolescente têm o seu mundo próprio, mas interagem com as pessoas à
sua volta. “Respeitar seus limites, suas possibilidades e saber identificar suas características
básicas de comportamento nas diferentes faixas etárias, em muito facilita a relação educadoreducando no processo de ensino”. (FERREIRA, 2002, p. 4).
Na verdade, a criança é um ser social e histórico. Ela está inserida numa sociedade e
partilha, nesta inserção, de uma determinada cultura, construindo a sua história. É marcada,
assim, pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele. A criança,
segundo Houaiss (2008, p. 201) “é o ser humano antes de ser adulto”.
A adolescência é uma fase que marca a transição entre a infância e a vida adulta, ou
seja, o que permite que se conceba o adolescente como alguém que está no período da vida
humana entre a infância e a vida adulta. Ser adolescente, assim, é “estar na adolescência”.
(HOUAISS, 2008 p. 16).
Nestas fases extremamente importantes ao seu desenvolvimento, a criança e o
adolescente de hoje vêem os seus interesses aguçados pela mídia ou pelo desejo dos pais, o
que reflete na sua iniciação esportiva e no seu envolvimento com o jogo. Assim, muitas vezes,
abandonam a prática esportiva e adentram num mundo, como o eletrônico ou o virtual, por
exemplo, capaz de oferecer-lhes prazer momentâneo e vida sedentária em detrimento à
responsabilidade e ao compromisso. Sendo assim, encontrar um amplo espaço de expressão
em atividades esportivas poderia representar motivação, aprendizagem e evolução. Para Freire
(2009, p. 65), “quanto à realização das construções, podem-se observar com certa nitidez as
possibilidades de interação cognitiva social das crianças”.
A escolinha de futsal aparece como um espaço em que são trabalhados elementos
sociomotrizes numa ligação entre a oposição e a cooperação; o regulamento, o qual
condiciona o jogo e o seu desenvolvimento; a técnica e as modalidades de execução; a
estratégia, que faz do jogador um ser pensante, que analisa e decide, considerando os critérios
estabelecidos; bem como as possibilidades de troca e de estrutura central de rendimento.
Mobilidade, equilíbrio, atenção à cobertura ofensiva e defensiva e ao espaço representam
aprendizagem e evolução.
9
Segundo Houaiss (2008, p. 442), o jogo é “nome comum a certas atividades cuja
natureza ou finalidade é recreativa, de diversão, de entretenimento; prática de movimento para
um ou outro lado (...)”. Neste sentido, o futsal aparece como uma atividade com prefiguração
a aprendizagens futuras. Na verdade, a criança e o adolescente, que neste estudo são citados,
também, como participantes ou envolvidos, jogando, evoluem entre oposições e se realizam,
porque estão movendo-se em equipe, se divertindo e aprendendo a modalidade pela política
de atenção às regras, à disciplina e às habilidades.
As Escolinhas de Futsal podem ter as mais diversas finalidades. Entre elas, podem ser
formativas, ou seja, visar à formação dos atletas; podem ser comerciais, visando o lucro
através do desporto; ou podem ser sociais, tendo como objetivo a integração e a aprendizagem
da modalidade, no sentido de que a criança tenha uma oportunidade de socialização, convívio
com regras, disciplina e descoberta do prazer do jogo. É uma educação através do futsal, a
qual também o possibilita contar com uma modalidade saudável, capaz de desenvolver as suas
habilidades técnicas, suas capacidades físicas, mentais e sociais. E assim o é, entre
adolescentes.
Desta forma, a Escolinha de Futsal LA SALLE vem contribuindo para que a criança e o
adolescente tenham melhor qualidade de vida, oferecendo-lhes a oportunidade de
participarem de uma modalidade esportiva que lhes garanta a participação em atividades de
fruição e produção de cultura; de recreação e esporte, de construção de identidades e
sociabilidade, incluindo a criação de linguagens e códigos próprios. Na verdade, possibilita
experimentação, troca de informações, ampliação de referências, elaboração e confronto de
valores, permitindo que a criança e o adolescente se encontrem com os outros e, neste
encontro, aconteçam à troca, o aprendizado e a evolução.
No entanto, por influências interiores ou exteriores, alguns dos inscritos desistem, em
oposição à realidade de que a maioria persiste. É nestas perspectivas que se justificou a
realização deste estudo, que buscou aprofundar conhecimentos e habilidades na área do
esporte, mais especificamente na modalidade de futsal, evidenciando-se as etapas mais
relevantes para o alcance dos objetivos traçados.
Este trabalho não tem, apenas, a pretensão de relatar as observações de experiências
vivenciadas quanto aos fatores geradores de desistência nas aulas treino, mas pretende ter a
característica de construção a partir de estudo e pesquisa, que servem de contribuição,
10
aperfeiçoamento e evolução dos conhecimentos aprofundados no Curso de Licenciatura em
Educação Física.
Por outras partes, com a realização deste trabalho buscou-se o envolvimento com uma
fundamentação teórica e prática nas áreas do desenvolvimento de crianças e adolescentes e
esportiva do futsal em escolinha, a fim de ampliar o conhecimento sobre a sua finalidade,
comprovando a sua importância para garantir uma boa saúde física, moral e social dos
mesmos.
Sob esta perspectiva se deu a apresentação deste estudo, que teve como objetivo
identificar, através de uma pesquisa-ação, de informações qualitativa e quantitativa, os fatores
que têm influenciado as crianças e adolescentes inscritas na Escolinha de Futsal LA SALLE,
da cidade de Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino.
E, para se chegar a este fim, foi necessária a dedicação à pesquisa científica, no sentido
de se estudar e se analisar teorias sobre o jogo, o qual aprofunda a ideia do brincar e do
desenvolver a saúde física e mental, quando a criança assume características corporais e
psicológicas, as quais advêm do seu grupo de convívio cultural e social, e aporta na
adolescência. Também foi preciso apresentar a desenvolvimento da criança e do adolescente
estabelecendo relações entre a combinação do jogo com as metas, os instrumentos ou
obstáculos para as suas atividades, uma vez que desistir de alguma atividade depende de
inúmeros fatores internos ou externos.
Não raras vezes, esta atividade faz parte do dia-a-dia da criança e do adolescente de
forma equilibrada e representa fator fundamental de desenvolvimento. Neste sentido,
ponderando-se que os períodos do desenvolvimento motor mostram estágios e fases
específicas do ser humano, este estudo ganha corpo e, assim, se delimitou o tema.
1.1 Tema
O tema deste estudo tem a sua delimitação centrada na questão: “Quais os fatores que
têm influenciado crianças e adolescentes, da Escolinha de Futsal LA SALLE, da cidade de
Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino”?
11
1.2 Delimitação do Tema
O delineamento do tema ficou delimitado a questionários, os quais contêm questões
abertas e fechadas, a serem utilizadas na análise e discussão de dados, ou ao (re) conhecimento
da realidade. Aos alunos desistentes, destinaram-se quatro questões abertas como principal
contento. Aos pais, duas questões abertas e, ao treinador, duas questões abertas, sendo estas
aplicadas apenas no sentido de se (re) conhecer a realidade.
A escolha do tema surgiu de uma inquietação que se tem a respeito do índice e das reais
causas de desistência da criança e do adolescente, que se matriculam e, após determinado
tempo de treino, renunciam, não dando continuidade, assim como os que permanecem, ao seu
envolvimento em uma modalidade que vem contribuindo de maneira significativa na sua
formação e no desenvolvimento de habilidades básicas para a prática do futsal.
1.3 Problema
Muitos pais e professores acreditam que, a seu exemplo, a criança e o adolescente
podem ser direcionados a determinado esporte. No entanto, é preciso levar em conta que
ambos têm aspirações, possibilidades, limitações, gostos e prioridades. E isto precisa ser
respeitado, considerando-se que o programa de atividades esportivas deve contemplar tanto o
interesse de cada um, quanto à adequação à idade e ao condicionamento físico dos sujeitos.
Sendo o futsal uma modalidade esportiva capaz de aumentar a convivência, estimular a
atividade física regular e melhorar a qualidade de vida familiar e, não um meio impositivo ou
de pressão, o problema em questão apontou para a análise dos fatores geradores de desistência
mais presentes na vida da criança e do adolescente que treinam na Escolinha de Futsal La
Salle. E buscou uma resposta à questão: quais são os fatores que levam as crianças e
adolescentes da Escolinha de Futsal La Salle a desistirem do treinamento?
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1.4 Objetivo
Identificar, através da pesquisa-ação, com técnicas qualitativa e quantitativa, os fatores
que têm influenciado as crianças e adolescentes inscritos na Escolinha de Futsal LA SALLE,
da cidade de Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Muitas atividades têm as particularidades de serem fatores de formação e garantem para
a criança e para o adolescente a transição deste estágio de vida para o seguinte. Desde as
brincadeiras funcionais, de produzir um ruído, por exemplo, até o livre exercício de uma
atividade esportiva marcam a sua progressão funcional. A brincadeira, para eles, põe à prova
todas as suas possibilidades e, ao mesmo tempo a de se autossuperar. Já o jogo, que também
possibilita o brincar, remete ao divertir-se, ao entreter-se, ao conhecer-se, ao praticar e ao
competir em equipe. Para Freire (2009, p. 31), “a criança constrói mecanismos motores
sólidos e sofisticados que lhe permitem entrar em contato com muitas das coisas que existem
para se conhecer”. Este contato tem um significado social, na verdade.
Para De Rose Jr. (2002, p. 33), “a compreensão das relações sociais é fundamental para
que a criança e o adolescente possam beneficiar-se do processo de competição no esporte”. A
performance de significado social nesta atividade representa fontes de prazer, de experiência
de conhecimento, de capacidades ou de limitações, considerando esforço despendido,
dificuldade da tarefa, tempo de prática, condições de aprendizagem.
É assim que se compreende que, para o autor, o esporte representa uma ação social com
regras convencionais e de caráter lúdico. Na oportunidade de entregar-se a essas atividades
está à possibilidade de experiência particular de desempenho, técnica, tática, estratégica e
especializada, uma vez que as atividades esportivas sugerem uma prática lúdica que orienta a
criança nas suas capacidades e limitações.
As crianças e os adolescentes necessitam de abundância de oportunidades numa
variedade de atividades motoras vigorosas e diárias com o objetivo de desenvolver
suas capacidades singulares de movimento, contribuindo para a formação de um
cidadão apto a participar de programas esportivos (...). (DE ROSE, 2002, p. 26).
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É neste sentido que se percebe que o jogo de futsal representa esta oportunidade por ser
considerado uma modalidade esportiva, a qual oferece evolução técnicas. Permite, na verdade,
que crianças e adolescentes exteriorizem emoções e estabeleçam relações no grupo em
convívio. A criança de hoje, assim como o adolescente, tem mais opções em se tratando de
atividades e o seu interesse não se volta somente ao jogo de futsal. Devido ao seu convívio
próximo com a mídia, a escolha de uma prática esportiva concorre com a opção por atividades
eletrônicas e virtuais, as quais a levam ao sedentarismo e aparecem mais tranquilas em relação
aos esforços, à disciplina, às regras e aos demais pontos.
A história do futebol no Brasil, segundo pesquisa ao site da FIFA - Federação
Internacional de Futebol Association, que organiza desde 1904, até hoje, o futebol em todo
mundo, se deu com Charles Miller, em meados de 1895. No entanto, este estudo reporta à
década de 60, quando muitas divergências de regras no jogo de futebol de salão levaram a
Confederação Brasileira de Desporto a oficializar a sua prática uniformizando as regras e
promovendo competições entre os estados filiados a ela. Assim, os conceitos de condução de
bola, drible de bola, passe, domínio e chute passaram a fazer parte deste jogo. Aí, também,
ficou contemplada a adaptação à bola, o material, a formação e o desenvolvimento,
considerados dentro da noção de espaço, tempo, força e movimentos da bola, num
treinamento possível de estímulos e de exercício da modalidade. Jogos pré-desportivos,
exercícios de deslocamento, habilidades no drible e demais formas passaram a auxiliar o
técnico ou professor no seu trabalho com o futebol de salão.
Da fusão entre o futebol de salão e o futebol cinco surgiu o futsal, no final da década de
80. E se desenvolveu substancialmente nos últimos anos, devido às significativas alterações
ocorridas nas suas regras, tornando-o, quando comparado ao futebol de salão, um esporte
mais dinâmico, competitivo e atraente.
Nestes termos, um trabalho com a prática esportiva entre crianças e adolescentes
considera os processos de desenvolvimento motor na infância e na adolescência, bem como
considera uma construção voltada à prontidão para a iniciação à competição esportiva. No
caso deste estudo, a compreensão do desenvolvimento motor na infância e na adolescência, a
iniciação esportiva na Escolinha de Futsal LA SALLE e a desistência e fatores associados
aparecem como itens de referência do TCC.
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2.1 Compreendendo o Desenvolvimento Motor na Infância
As experiências motoras estão presentes no dia-a-dia da criança e são representadas
pelas atividades corporais realizadas em casa, na escola, em suas brincadeiras, no desempenho
dos atletas. Sendo assim, o desenvolvimento é um termo amplo que se refere, segundo
PIKUNAS (1979, p. 24), a “todos os processos de mudança pelos quais as potencialidades de
um indivíduo se desdobram e aparecem como novas qualidades, habilidades, traços e
características correlatas”. O termo motor remete “ao que move ou gera movimento”.
(HOUAISS, 2008, p. 515).
Assim, a compreensão de desenvolvimento pode estar associada ao progresso dos
movimentos que, de simples e sem habilidades, podem passar a complexas e organizadas
habilidades. “Desenvolvimento motor é um processo sequencial e continuado, relativo à
idade, no qual um indivíduo progride de um movimento simples sem habilidades até o ponto
de conseguir habilidades complexas e organizadas”. (HAYWOOD, 1986, p. 7).
As fases motoras permitem que a criança aprenda a mover-se de forma a olhar cada um
em sua totalidade e a adquirir o domínio nas diferentes aptidões que apresenta. Para De Rose
(2002, p. 36) “o processo de desenvolvimento motor revela-se por meio de mudanças no
comportamento que podem ser observadas em dois aspectos; forma e performance”. Nesse
sentido, forma e performance expressam suas capacidades de movimento.
“O desenvolvimento motor caracteriza-se pela aquisição e pela diversificação de
habilidades básicas de locomoção, de manipulação e de estabilização”, diz De Rose (2002, p.
36). Na verdade, após este período, o desenvolvimento caracteriza-se pela combinação dessas
habilidades e o seu aprimoramento.
“É interessante notar que os movimentos esportivos são, essencialmente, combinações
das habilidades básicas”, defende (De Rose, p. 36). Assim, o desenvolvimento motor permite
explorar as categorias de movimento, as quais são consideradas como habilidades básicas.
Para a criança é importante poder contar com as orientações mestras dos adultos, mas
elas podem representar ocasião de incertezas e hesitações, de esforço e renúncia, de problema
e ajuda ou de aversão e atração. Para De Rose (2002, p. 41), “... toda prática esportiva
oferecida às crianças e aos adolescentes é permeada por ações adultas - dos pais, dos
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dirigentes, dos professores, dos técnicos, dos árbitros; todos interferem de alguma forma nas
experiências esportivas de seus praticantes”.
O que se percebe é que a criança vive a sua infância e ao adulto compete conhecê-la,
para melhor orientar, a partir de valores e princípios. Segundo Machado (1997, p. 66), “a
interação da criança na sociedade sofre influências em primeira instância dos pais, depois ao
iniciar-se a vida escolar, sofre a influência do professor e de outros grupos, como por
exemplo, uma equipe esportiva”.
Neste conhecimento, tanto o ponto de vista do adulto, quanto o da criança devem ser
levados em conta. De Rose (2002, p. 41), apresenta, em se tratando da influência dos adultos
na prática esportiva de crianças e adolescentes que esta não diz respeito apenas ao momento
da competição, “mas também aos valores e aos princípios que norteiam a forma como o
esporte é ensinado e praticado”. É assim que se entende que, ao se tratar de desenvolvimento,
as experiências motoras vivenciadas espontaneamente pela criança e as suas atividades diárias
a encaminham para a aquisição das habilidades motoras e forme uma base para o aprendizado
de habilidades mais complexas.
Ao se rememorar o passado, se entende que a criança de outrora tinha à sua disposição
grandes áreas livres para brincar como o quintal, a praça e a rua, espaços que eram explorados
e utilizados no seu aprimoramento e no seu desenvolvimento motor. O adulto permitia que a
criança construísse uma história num processo diferente do contemporâneo, que está
impregnado de modernização, urbanização e inovações tecnológicas – o que têm
proporcionado mudanças nos hábitos cotidianos. Essas duas realidades ligam-se às esferas do
motor, do psicológico e do social. “Uma das áreas das ciências do esporte preocupada com
essas questões é a psicologia do esporte”, diz De Rose (2002. p. 43). Ela tem estudado a
influência da prática esportiva no desenvolvimento psicológico e no processo de socialização
das crianças e dos adolescentes.
A maturação e as experiências ambientais aparecem favorecendo o processo de
alterações progressivas, ou seja, de aquisição e desenvolvimento de habilidades motoras e
permitem que cheguem à adolescência vivendo inúmeras situações de maturidade. É assim
que, para Gallahue e Ozmun (2005, p. 25) o desenvolvimento motor é entendido como as
“alterações progressivas do comportamento motor, no decorrer do ciclo da vida, realizadas
16
pela interação entre as exigências da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do
ambiente”.
“Um ambiente orientado à aprendizagem tem como preocupação fundamental o
desenvolvimento de cada um dos seus praticantes”, diz De Rose (2002, p. 43). Sendo assim, o
profissional de Educação Física tem o papel de iniciar a criança nas atividades esportivas e
promover benefícios para a sua formação integral, como por exemplo, o desenvolvimento de
suas capacidades de desempenho motor.
Em se tratando de desenvolvimento, a Educação Física pode explorar diferentes
movimentos para os mesmos objetivos e vice-versa. Para Perez Gallardo (2009, p. 19), “a
Educação Física tem como conteúdo específico o movimento”. E entende-se que o mesmo
pode ser um exercício ou uma expressão artística, uma vez que o trabalho com o corpo
oferece um número ilimitado e de compreensões e de tratamentos. Para Perez Gallardo (2009,
p. 20), ainda, “a Educação Física, ao desenvolver o movimento através de exercícios físicos
orienta-se para as atividades recreativas, esportivas e de ginástica”. Assim, a atividade
esportiva é uma modalidade que promove benefícios ao desenvolvimento de crianças e
adolescentes.
O corpo e os gestos são fundamentais para a formação geral do ser humano. Desde
que nasce a criança usa a linguagem corporal para conhecer a si mesma, para
relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e descobrir o mundo. Essas
descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são aprendizados efetivos,
incorporados. Os movimentos são saberes que adquirimos sem saber, mas que
também fica a nossa disposição para serem colocados em uso. Quando alguma coisa
acontece pela primeira vez, precisa ser marcante e positiva, para deixar boas
recordações, ainda que inconscientes. O uso do corpo permitirá que essas
lembranças sejam prazerosas e a pessoa vai associar o aprendizado a sensações
gostosas. (LEVIN, 2005, p. 21).
De acordo com Perez Gallardo (2000, p. 31), a coordenação motora pode ser definida
como sendo “a atuação conjunta do sistema nervoso central e da musculatura esquelética, na
execução de um movimento”. Assim, se entende que a motricidade é a ação conjunta e
harmônica de músculos, nervos e sentidos, ou seja, da motricidade voluntária, com as reações
rápidas, adaptadas às situações de sobrevivência dentro do meio ambiente, ou a motricidade
reflexa. Também se entende que a concretização de uma intenção ajuda na descoberta e no
sucesso da motricidade, quando da produção dos movimentos.
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Nestes termos, na Figura 1, pode-se ver uma síntese da construção das habilidades
fundamentais de acordo com as fases de desenvolvimento motor. A fase motora especializada
é a que corresponde a este estudo. Ela pode ser vista, segundo Gallahue (2003, p. 100)
- dos 7 aos 10 anos, como estágio transitório;
- dos 11 aos 13 anos, como estágio de aplicação;
- dos 14 anos e acima, como estágio de utilização permanente.
Figura 1: A Ampulheta Heurística de Gallahue nos apresenta as fases do desenvolvimento motor e seus
estágios. No caso deste estudo: FASE MOTORA ESPECIALIZADA.
Fonte: Gallahue e Ozmun, Compreendendo o Desenvolvimento Motor, 2003, p.100.
A criança necessita de atividades motoras que desenvolvam suas capacidades de
movimento em nível maduro. Participar de um programa de iniciação esportiva a leva a ter
um desempenho motor significativo, quando comparado ao daquela que permanece durante
horas em frente à televisão ou ao computador. “Esportes e atividades físicas podem se tornar
um hábito na vida adulta, em especial se estas atividades foram fontes de prazer e alegria, nos
períodos anteriores de seu desenvolvimento”, diz Scalon, (2004, p. 74).
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A fase das habilidades motoras especializadas enfatiza a combinação das atividades
motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas, com melhor forma,
precisão e controle. Para Perez Gallardo (2009, p. 16), “o desenvolvimento psicomotor tornase pré-requisito para a aquisição de conteúdos cognitivos e a educação do movimento dá lugar
à educação pelo movimento”. Assim, ao chegar à adolescência, os sujeitos tornam-se
progressistas e mais autônomos, reforçando o que viveram e aprenderam até então. A
autonomia e a tomada de consciência caminham juntas diante de tarefas que, antes, pareciam
gigantescas. E, neste pensamento, motivação e prática esportiva se apresentam como relações
no processo ensino-aprendizagem.
2.2 Estimular a Motivação para a Prática Esportiva
A motivação à prática de esportes enfatiza a utilização do repertório de movimentos
adquiridos pela criança no decorrer de seus anos de vida. Sendo assim, envolver-se com a
iniciação esportiva, via estímulo do professor, permite à criança e ao adolescente
desenvolverem com maior cuidado as atividades motoras mais complexas e, pela prática
regular, orientada e planejada, contarem com aspectos relacionados à cooperação, ao
envolvimento, às responsabilidades, à disciplina e à convivência grupal, também no jogo.
O estudo da motivação vem permeado de influências de outras palavras, como do termo
motivo, que para Machado (1997, p. 169), é “estímulo que impele o indivíduo à ação, sendo
que este pode se tornar um motivo, desde que seja bastante forte”. E, neste sentido, o
conhecimento da motivação é de grande importância para o controle do comportamento
humano e para o desenvolvimento do indivíduo.
Para Machado (1997, p. 173), “o estudo da motivação é voltado para fatores que
desencadeiam a atividade a um organismo, a dirigem para um fim e a mantém mesmo que o
objetivo não seja imediatamente atingido”. É assim que ocorre a motivação, como um
processo que se constitui a partir de algo que desencadeia uma ação, que lhe dá uma direção
ao objetivo e a finaliza.
Dos seis aos dez anos, por exemplo, as fases de habilidades específicas do ser humano
ou os movimentos fundamentais se dão no campo do estágio geral de transição, ou seja, o
mesmo ainda apresenta dificuldades em se organizar no trabalho em grupo, mas é capaz de
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aprender e generalizar essas aprendizagens para outras situações. Segundo Perez Gallardo
(2009, p. 56) “observar o nível de desenvolvimento significa considerar a criança em seus
múltiplos aspectos (físicos, motores, afetivos, cognitivos e sociais)”. Na verdade, é levar em
conta o seu aprendizado anterior, observando e respeitando suas características evolutivas.
Dos dez aos quatorze anos, a construção das habilidades fundamentais de acordo com
as fases de desenvolvimento motor, denominada fase motora especializada, representa a fase
das habilidades culturalmente determinadas. Neste sentido, o decorrer do processo aponta
para as suposições, as deliberações e as conclusões lógicas. Sendo assim, Perez Gallardo
(2009, p. 65) diz: “A aprendizagem caracteriza-se pela combinação de dois ou mais
movimentos fundamentais. É com base nessa integração, no aperfeiçoamento e na
diversificação dos movimentos que se vai processar o trabalho do professor de Educação
Física”.
Para Rubio (2000, p. 127), “... o esporte hoje pode ser considerado um dos maiores
fenômenos sociais da modernidade”. Sendo assim, a sua prática é reconhecida como forma de
socialização, que exige elevado grau de competitividade e tolerância à frustração ou estresse.
“Ao se falar em iniciação esportiva, é necessário ter claro quais os objetivos desta prática,
haja vista que esta área pode ter um enfoque bastante diferenciado, pautado em uma prática
esportiva educacional ou com o objetivo de formar futuros atletas”, diz Rubio (2000, p. 125).
É assim que se percebe que a iniciação esportiva deve ter, por quem a orienta, atenção e
cuidados quanto aos objetivos, às técnicas e aos métodos aplicados.
As crianças e adolescentes, ao iniciarem a sua prática esportiva estarão lidando com
novas experiências. Para Rubio (2000, p. 127), “Experiências que envolvam confiança,
autoimagem, percepção de si mesmo, entre outras, caracterizando o seu processo de
socialização, podem funcionar também como um instrumento alienante para se lidar com
essas questões”.
Inúmeros motivos levam a criança e o adolescente à prática esportiva. Segundo Rubio
(2000, p. 130-132), entre eles o desejo de se tornar um ídolo, a vontade advinda dos pais, a
ascensão social, as questões de saúde, o desejo de ter amigos. “Dessa forma, compreender o
que motivou a criança a optar por determinado esporte permite o planejamento de estratégias
que facilitam a permanência e a continuidade na modalidade esportiva”, diz Rubio (2002, p.
130). Assim, a família e o técnico esportivo/educador são os mediadores desta aprendizagem,
20
estimulada desde cedo para que crianças e adolescentes sejam preparados dentro de uma
perspectiva educacional de extrema importância para o seu desenvolvimento.
Sobre o papel da família nesta empreitada, Rubio (2000, p. 131) apresenta que “é pelas
referências familiares que a criança pode desenvolver suas motivações, autoestima e ir
construindo sua própria identidade”. Já sobre a função do treinador, Rubio (200, p. 132) diz:
“Ela contribui para a formação de indivíduos não apenas em relação aos conhecimentos
adquiridos, como também para a realização do aluno/atleta, preparando-o para enfrentar os
desafios impostos pela sociedade”. Na verdade, o estímulo da família e do técnico esportivo, é
para crianças e adolescentes motivação à prática esportiva.
Para De Rose (2002, p. 74), “O que normalmente é observado é a grande pressão que
pais e técnicos exercem sobre os jovens atletas, exigindo resultados muitas vezes impossíveis
de serem atingidos em função das características da faixa etária dos competidores”. Assim,
motivar à prática de esporte requer atenção e cuidados com o desenvolvimento multilateral da
criança. Isto quer dizer que o profissional deve se preocupar com a elaboração de atividades
adequadas às diferentes faixas etárias, o respeito ao nível de desenvolvimento de cada criança
e de cada adolescente, o bom senso e o proporcionar um encontro com o maior número
possível de experiências e vivências motoras. Nestas perspectivas, as aulas de iniciação
esportiva devem vir dotadas desta motivação, o que garante o ânimo e a vontade e
desfavorece a desistência deles pela prática esportiva.
Para De Rose (2002, p. 74), “Vencer é importante, mas este deveria ser um objetivo
secundário do processo”. Os desportistas, em geral, são motivados pela obtenção de bons
resultados ou pela progressão da sua performance esportiva. Também, por um desafio pessoal
e pela busca de atenção diferenciada. Já no meio futebolístico, predominam como prioritárias
as motivações extrínsecas, sustentadas por recompensas materiais. E, no seio de outras
modalidades esportivas, predominam motivações intrínsecas, relacionadas à autoestima, à
busca da excelência na performance desportiva, à satisfação pelas tarefas bem realizadas, aos
elevados índices técnicos nas competições. Na verdade, somente em segundo plano, aparecem
as recompensas materiais. Isso pode ser considerado, assim, meios de motivações mais
duráveis e que produzem um diferencial positivo em relação à conduta do atleta. De Rose
(2002, p. 74), “essa postura que busca somente a vitória pode desencorajar a participação”.
21
Igualmente, em se tratando de iniciação à atividade esportiva, entende-se que a criança
que ingressa neste programa, vai à busca, principalmente, do divertimento, da alegria e do
prazer. Preocupa-se com a vida saudável, porque aprendeu que é preciso ter bons hábitos,
força e bom preparo físico.
A criança quer aprender e aprimorar novas técnicas e habilidades, além de ir ao
encontro dos amigos, de novas amizades e de reconhecimento. Participando de uma escolinha
de futsal, por exemplo, está se envolvendo com o grupo, treinando a disciplina, a
responsabilidade, a cooperação entre outras formas. Assim se dá, igualmente, com o
adolescente que procura esta modalidade esportiva, incentivado pelos pais, pelo treinador ou
pelo professor de Educação Física da escola que frequenta.
Cabe à educação física compreender e explicar o corpo, buscando despertar nos
educandos uma consciência corporal que lhes permita perceberem-se no mundo em
que vivem e, de posse dessa consciência, interferirem criticamente no processo de
construção da sociedade brasileira. (PEREZ GALLARDO. 2009. p. 19).
Entende-se que os fatores que estimulam para a motivação à prática de esportes
aparecem de forma diferente entre os atletas. Segundo Scalon (2004, p. 24), “cada atleta tem
diferentes níveis de motivação, ansiedades, desempenho, portanto reage de maneiras
diferentes”. Sendo assim, a motivação para o esporte dependerá do atleta e de suas referências
quanto às perspectivas pessoais de motivação.
Ainda que existam milhares de perspectivas individuais a maioria das pessoas
encaixa a motivação em uma das três orientações gerais que andam parelhas com os
enfoques da personalidade: a orientação centrada no participante, a orientação
centrada na situação, a orientação interacional. (SCALON. 2004, p. 33).
Neste sentido, a perspectiva centrada no participante sustenta a conduta como individual
e característica de cada sujeito. Já a centrada na situação, aponta para o ambiente como
determinante do nível de motivação. E a interacional compreende o modo como interagem os
sujeitos, no caso o treinador e a equipe.
A motivação para a vitória, por exemplo, é conhecida como competitividade. Segundo
Houaiss (2008, p. 173), competir é “a ação de concorrer”. Assim, a competitividade influi em
condutas, que levam à possibilidade de vencer. Para Scalon (2004, p. 34) “com a teoria da
necessidade de ganhar, um indivíduo tem dois motivos fundamentais: alcançar o sucesso ou
evitar o fracasso”.
22
Scalon (2204, p. 37-38) mostra como o desenvolvimento da motivação de vitória e da
competitividade se desenvolvem em fases. Pela fase da competência autônoma, antes dos 4
anos de idade; pela comparação social, dos 5 anos em diante e pela fase integrada num
momento em que competir e integrar-se à equipe representam referências de conduta.
“O treinador pode motivar os esportistas de forma direta ou indireta”, diz Scalon (2004,
p. 38). Na verdade, a forma direta corresponde à ideia de que o treinador intervém para que
esportistas se esforcem e cooperem, no sentido de alcançarem os seus objetivos no
treinamento. Já a indireta corresponde à mudança de atitude ou de local de treinamento, por
exemplo, a fim de que aumente a motivação dos esportistas. Cabe, assim, ao treinador,
mostrar-se líder, confiável, motivador e traçar estratégias aumentando as possibilidades de
satisfação das crianças e adolescentes envolvidas com o treinamento.
Scalon (2004, p. 39), apresenta algumas sugestões para o perfil do treinador, a fim de
que estimule a motivação:
- conhecer o próprio estilo de comunicação;
- conhecer as características dos atletas;
- mostrar credibilidade;
- ser positivo;
- transmitir mensagens compreensíveis e com muita informação;
- comunicar-se de forma consistente;
- facilitar a expressão dos outros;
- evitar situações de conflito;
- comunicar-se com os demais;
- cultivar a intuição, a escuta, sendo um modelo para os atletas.
A liderança é um instrumento básico de motivação. Para Scalon (2004, p. 44), “a
motivação deve estar presente independentemente da idade”. Sendo assim, quando existe
23
motivação, a realização dos objetivos se dá de uma forma mais amena, mais interessante, mais
prazerosa. Na iniciação esportiva, neste ínterim, a competência não demanda somente do
domínio técnico, mas também “da capacidade para motivar, ajudar e orientar adequadamente
na prática esportiva”, diz Scalco (2004, p. 50).
Enfim, entende-se que, além dos pais e do treinador, os líderes também influenciam a
motivação, tanto pelas vias diretas, quanto pelas indiretas. A iniciação esportiva representa,
assim, a adequação de técnicas corporais básicas como equilíbrio, ritmo, coordenação em
geral e espaço/tempo, às características de uma modalidade esportiva, neste caso, o futsal.
Para Ferreira (2002, p. 6), “No futsal, as técnicas individuais empregadas durante a prática do
jogo, são fundamentalmente influenciadas pelos componentes de equilíbrio, ritmo,
coordenação em geral, espaço e tempo”. Assim, a iniciação esportiva na escolinha de Futsal
La Salle possibilita aprendizado considerando-se estes componentes.
2.3 Iniciação Esportiva na Escolinha La Salle
A Escola La Salle, situada em Cerro Largo, é mantida pelos Irmãos da Sociedade das
Escolas Cristãs. Entre 1941 e 1972, era uma escola normal rural, tendo seu currículo
organizado com o objetivo de formar professores para a zona rural. Era um internato que
recebia alunos enviados pelas paróquias e prefeituras de municípios vizinhos com o objetivo
de serem formados professores rurais, os quais, voltando para a sua região de origem,
atuavam na educação e no desenvolvimento da agricultura. A escola promovia uma formação
diversificada, fazendo com que os alunos, além de receberem estudos propedêuticos e de
formação pedagógica, realizassem trabalhos em agricultura, se envolvessem com teatro,
música e esportes.
Depois de passar por uma (re) estruturação, aliou a oferta de conhecimento científico ao
desenvolvimento físico, espiritual, emocional de crianças, adolescentes e jovens. Hoje é uma
escola de ensino médio, situada no centro da cidade de Cerro Largo.
A Escola La Salle – Medianeira é um educandário que faz parte da rede internacional de
educação: a Rede La Salle, fundada por São João Batista de La Salle, há mais de trezentos
anos. Tem a missão de “educar para a vida com amor”. A escola oferece um espaço amplo,
sendo a sua estrutura um estímulo para que crianças, adolescentes e jovens se transformem em
24
cidadãos preparados, atuantes e solidários na sociedade. O seu propósito de educação, desde
a educação infantil até o ensino médio é o de preparar o estudante para ser uma pessoa
transformadora, qualificada, responsável e solidária.
A Escolinha de Futsal La Salle, fazia parte das atividades desenvolvidas na escola,
desde 1998. E era comandada pelo professor/técnico Ricardo de Freitas. O mesmo não tem
formação em Educação Física; mas é credenciado, sob a inscrição do CREFE RS 3675.
A escolinha era frequentada por alunos da Escola La Salle Medianeira. E a mensalidade
era paga pelos pais dos mesmos, diretamente à escola. Numa conversa com o professor,
entendeu-se que, quando o lançamento da escolinha se deu, o fato de que o professor era
jogador profissional e estava na mídia, levava os alunos a jogarem inspirados no mesmo.
No ano de 2002, a escola terceirizou a Escolinha de Futsal. E o professor/técnico passou
a assumi-la, pagando aluguel à escola e cobrando mensalidade dos esportistas. Era a única
escolinha de futsal no município. Com o passar dos anos, a escolinha de Futsal La Salle teve
uma evasão dos alunos, sendo que o número de inscritos ao treinamento caiu pela metade.
Atualmente, duas outras escolinhas estão em funcionamento, sendo mantidas pela Prefeitura
Municipal.
A Escolinha de Futsal La Salle, comandada, ainda, pelo professor/técnico, Ricardo de
Freitas, conhecido por Ricardinho, tem tradição pelas inúmeras conquistas em competições,
das quais participa ao longo dos anos. A mensalidade está em cinquenta reais mensais. E
crianças e adolescentes advindos de todas as escolas do município, num total de quarenta
pagantes e dezesseis com Bolsas de Gratuidade, participam, hoje, do Projeto Futsal com Boas
Notas.
Analisando o Plano de Estudo da Escolinha de Futsal La Salle se centra em “contribuir
na formação de cidadãos, buscando a inclusão social, através de iniciativas e ações técnicodidático-pedagógicas, voltadas ao equilíbrio do processo de interação social cooperativa e
competitiva, de forma consciente e reflexiva”. O instrutor técnico Ricardinho ressalta em seus
objetivos:
- promover o intercâmbio social, a autonomia e a solidariedade através do futsal;
- promover a aprendizagem em grupo, a cooperação e a parceria;
25
- incentivar o futsal como fonte alternativa ao não uso das drogas e da ociosidade,
estimulando a vida saudável;
- proporcionar a oportunidade à participação em eventos esportivos como torneios,
jogos de integração, viagens de intercâmbio;
- combater a evasão escolar e minimizar o índice de repetência;
- estimular a prática regular de atividades físicas;
- promover a descontração e o relaxamento físico e mental.
A Escolinha de Futsal La Salle atende crianças e adolescentes, dos seis aos quinze anos,
divididos nas categorias: Iniciação, Pré-Mirim e Infantil. Sendo que os treinos acontecem em
dois turnos, ou seja, de manhã e à tarde, em dois dias semanais.
Na Escolinha de Futsal La Salle, crianças e adolescentes conhecem, em primeiro lugar,
os componentes técnicos do jogo, através da repetição de exercícios de cada fundamento
técnico, os quais são logo acoplados à série de exercícios. Estes vão ficando, a cada vez, mais
complexos, dependendo das possibilidades de cada um. À medida que dominam melhor cada
exercício, passam a praticar uma nova sequência. Quando estes movimentos já são dominados
passam a ser integrados em um contexto maior, o qual logo lhes permitirá o domínio dos
componentes básicos da técnica inerente ao jogo esportivo, numa situação do modelo ideal.
As aulas na Escolinha de Futsal La Salle, iniciam-se no período de inscrições,
geralmente com sessenta ou sessenta e cinco alunos. Destes, em média, quarenta continuam
os treinamentos, até o fim. Este estudo tem uma representação de doze participantes, entre
crianças e adolescentes, que faziam parte da Escolinha de Futsal La Salle, e desistiram.
A maioria das crianças e dos adolescentes da Escolinha de Futsal La Salle treina desde
os seis anos, que é a idade mínima para a iniciação esportiva, nesta modalidade. Os demais
fazem parte deste programa, há menos tempo. Mas juntos, estimulados pelo seu bom
rendimento, pelos pais ou pelo professor, gostam deste envolvimento e o vêem como
contribuição positiva para a sua mente e para o seu físico. Na Escolinha de Futsal La Salle
26
criam-se oportunidades para que alunos da escola e das demais desenvolvam habilidades
esportivas e formem vínculos de amizade, dentro de uma vivência fraterna.
Neste ínterim, é preciso apresentar as escolinhas de futsal como extensões em que são
trabalhados elementos sociomotrizes numa ligação entre a oposição e a cooperação;
mobilidade, equilíbrio, atenção à cobertura ofensiva e defensiva e ao espaço, os quais
representam aprendizagem e evolução. Conduzir o ensino na concepção crítico emancipatória é
colocar a serviço do grupo novas oportunidades permitindo a participação, a cooperação, o
envolvimento, a responsabilidade de cada um da equipe, pelas metas:
- distribuição do tempo e materiais para o desenvolvimento da aula;
- forma de alunos se comportarem em aula, com atitudes de obediência e compromisso;
- forma de medir resultados no desempenho dos alunos;
- exposição de emoções permitidas e não permitidas durante o treinamento e jogos;
- manifestações de respeito e princípios (valores), ética;
- atenção às regras, formas de conduta e às manifestações do treinador;
- disciplina, desenvolvimento e aprendizagem.
Perez Gallardo (2009, p. 27) diz a respeito do profissional de Educação Física: “deve
saber reconhecer e investigar o contexto geográfico e sociopolítico que envolve a escola onde
trabalha”. Ao professor, ou técnico de escolinha, não cabe, assim, conhecer só o entorno dos
alunos, mas a forma como vivem, suas inquietações, seus desejos e sonhos. Desta forma
poderá planejar o treinamento definindo pelo que ele espera, pelo que participantes esperam e
pelo que pais esperam desta atividade prática.
A prática do futsal, na Escolinha La Salle, é um treinamento realizado em longo prazo.
Primeiro, acontece à fase de preparação básica, preliminar, que estimula a saúde e o bem
estar, desenvolvendo a preparação física, as habilidades motoras. Depois, acontece um
trabalho de domínio destas habilidades, de preparação teórica e prática, para, afinal, ter um
treinamento voltado ao futsal e aperfeiçoar rendimentos. A longevidade desportiva reconhece
27
o ensejo da manutenção dos altos rendimentos e dos bons resultados. É o desenvolvimento
motor global que servirá de alicerce para a aprendizagem do futsal, na escolinha.
Na escolinha a prática esportiva tem um caráter de treinamento. Para Scalon (2004, p.
59), “quando a prática esportiva passa a ter um caráter de treinamento, os resultados nos jogos
se tornam importantes, à medida que causam uma suposta carga de trabalho, podendo
significar recompensa ou abandono efetivo”. Assim como pelos resultados nos jogos, alguns
outros fatores levam os esportistas à permanência ou à desistência das aulas treino; e estes
vêm abordados no capítulo a seguir, considerando-se ponto de referência a este estudo, a
desistência e os fatores associados.
2.4 Desistência e Fatores Associados
As capacidades e necessidades individuais dos esportistas precisam ser respeitadas,
também, num trabalho de aulas treino em escolinhas de futsal. Esse trabalho envolve
cuidados, porque chega um momento em que crianças e adolescentes passam a questionar a
validade do processo de treinamento e, assim, passam a optar por continuar ou desistirem da
escolinha.
Para se chegar aos fatores associados à desistência, foi necessário se considerar que
muitos dos alunos inscritos não desistem, ou seja, permanecem nas aulas treino.
Considerando-se esta realidade, apresentam-se os conceitos de permanência e de desistência,
sendo que permanência, segundo Houaiss (2008, p. 572) é “constância, continuidade”. E
desistência é “renúncia de algo que se desejava”. (HOUAISS, 2008, p. 237).
Em se tratando deste estudo, o que se levou em conta é o fator desistência, ou seja, de
abandono da atividade esportiva. Scalon (2004, p. 59) apresenta que “uma possível explicação
é de que há falhas no aspecto educativo, quando se conserva todo um espírito de valorização a
seleção, a vitória, e não se respeita as capacidades e as necessidades individuais”. E em se
tratando de permanência das crianças e adolescentes no esporte, “o fato de contar com uma
boa equipe competitiva e dispor de certas facilidades são elementos fundamentais para a sua
participação”, diz Scalon (2004, p. 58). Assim, esses fatores são variáveis que podem ter
efeitos motivadores ou contrários à motivação.
28
Além
destes
dois
fatores,
outros
ainda,
fazem
parte
do
quadro
de
permanência/desistência aos treinamentos em escolinhas de futsal. Considerando-se a
Psicologia do Esporte proposta por Scalon (2004, p. 56-75), o que leva uma criança a
abandonar o esporte e as motivações que definem as atividades desportivas é visto, neste
estudo, em resumo no Quadro 1:
Quadro 1: Permanência/Desistência – fatores associados.
Permanência
- melhorar suas habilidades;
Desistência
- passar bem;
- falhas no aspecto educativo;
- fazer amigos;
- desrespeito às necessidades individuais;
- vencer;
- desrespeito às capacidades;
- vivenciar emoções;
- despreparo para a competição;
- desenvolver o físico;
- outros centros de interesse;
- bem estar e auto realização...
- iniciação desportiva inadequada;
Fatores
associados:
desejo
de - cobrança excessiva pela vitória...
sucesso, de sobressair-se, de melhorar, de Fatores associados: a motivação extrínseca
equilibrar jogo de cooperação com jogo causada
pelas
premiações
e
presentes
competitivo, de superar a performance ou as oferecidos aos vencedores da competição;
marcas estabelecidas por outros levam ao descrédito ao treinador e/ou seu trabalho;
esforço e à superação.
Burnout.
FONTE: Quadro adaptado pela pesquisadora, das informações de Scalon (2004, p. 56-75).
O termo Burnout é o nome dado para “o quadro de abandono de uma atividade
profissional”, conforme Freudenberg, citado por Scalon (2004, p. 165). Hoje é conhecido
como síndrome caracterizada pelo esgotamento emocional. Em Scalon (2004, p. 165), ele
aparece como “estresse esportivo”, também. E suas fases evolutivas aparecem em Scalon
(2004. p.173):
a) o sentimento de entusiasmo e de energia começa a diminuir;
b) a falta de capacidade energética leva à angústia e ao abandono conjunturais;
c) ao final se produz uma perda de confiança, de autoestima, aparecimento de
depressão, alienação e abandono. (LOHER: apud BECKER JR. 1996).
Na verdade, o Burnout causa atitudes negativas, insensibilização, culpa, dores de
cabeça, resfriados constantes, depressão, problemas de socialização – o que pode levar às
drogas e ao alcoolismo. E esses sintomas aparecem, enquanto processos (des) motivacionais
e emocionais, segundo Scalon (2004, p. 174), “muito ligados ao processo de ansiedade”.
29
Mesmo o treinador da escolinha de futsal realizando um trabalho de iniciação embasado
no ensinamento do esporte, por meio de métodos apropriados às diferentes faixas etárias,
garantindo uma prática esportiva prazerosa e se preocupando com o rendimento da criança, se
percebe que ocorre a desistência ao treinamento.
E as causas mais frequentemente divulgadas pelos pais, quando da desistência dos seus
filhos, são:
- a falta de interesse, depois de alguns dias de treino;
- a preferência por outras formas de divertimento, como a internet ou o vídeo game;
- a presença dos pais nos treinos e a insatisfação em perceber o treinador não colocou o
filho para jogar por muito tempo;
- as notas baixas, na escola;
- as despesas com viagens;
- o frio do inverno;
- a rigidez e a cobrança por parte do treinador;
- os deboches e desaforos por parte dos colegas, o que incomoda aos mais tímidos e que
demoram um pouco mais a aprender.
Considerando-se que a iniciação esportiva corresponde a um processo que tem início
quando a criança chega à escolinha e continuação até a prática esportiva; acontece, muitas
vezes, que muitos desistem quando do aprendizado ou do posterior treinamento progressivo,
direcionado a melhorar e, depois, a aperfeiçoar os diferentes aspectos. Esta situação de
desistência se dá por diferentes motivos, por vontade do próprio participante, ou por vontade
dos pais.
Na Escolinha de Futsal La Salle, os desistentes se mostram movido por outros interesses,
segundo o treinador. Eles se matriculam e, após determinado tempo de treino, renunciam,
deixando de dar continuidade ao seu envolvimento em uma modalidade que vem contribuindo
de maneira significativa na sua formação e no desenvolvimento de habilidades básicas para a
prática do futsal. E o fazem, na maioria das vezes, porque o início de sua participação se deu
30
por vontade dos pais e não por sua própria vontade, ou porque se sentem rotulados, inseguros,
autorregulados, ou por uma espécie de “castigo”, quando pais, insatisfeitos com uma atitude ou
com uma nota de avaliação, tiram deles a atividade da qual mais gostam, ou porque o mundo
virtual e eletrônico permite que se divirtam com mais tranquilidade, em se tratando de horários,
disciplina e responsabilidades.
Na verdade, os valores de convívio social e a forma de produção que o grupo considera
importante para si mesmo e para o ambiente social a que está inserido representam estágios de
aprendizagem e conhecimento. Sendo assim, a prática do futsal tem ampla importância,
enquanto atividade corporal, na formação do indivíduo. O que se precisa é que crianças e
adolescentes a vejam como oportunidade. E que comecem o seu treinamento e o concluam, na
certeza de que estão trabalhando mente e físico, em consonância com o que esperam e o que
treinador e família esperam deles.
3. METODOLOGIA
Uma mudança de foco em relação aos objetivos educacionais facilitou a maior
participação da Educação Física na organização curricular das escolas. Sendo assim, pais e
educadores da escola básica procuram, com maior regularidade, orientar crianças e
adolescentes à prática da modalidade de futsal, em escolinhas. Esta realidade vem
colaborando para que o profissional que atende, neste tipo de envolvimento esportivo, consiga
mais êxito e melhores condições de manter a atenção dos participantes num ambiente de
troca, interação, mobilidade e evolução.
Sabendo-se que as atividades motoras criam espaços para que crianças se iniciem em
normas de conduta e de convívio junto aos adolescentes, a metodologia deste estudo se
centrou em uma pesquisa-ação, em observação: pela coleta de dados em questionário aos pais,
alunos e ao professor/treinador; pelo registro e análises. O processo compreendeu o modo
qualitativo e o quantitativo, sendo que as suas características vêm descritas a seguir.
3.1 Características da Pesquisa
Reconhecendo a metodologia científica no caminho de Habermas, em Demo (1994, p.
21), e buscando-se um aporte teórico a respeito de orientações à pesquisa, entendeu-se que “a
31
discutibilidade é o critério principal da cientificidade”. Sendo assim, o questionamento
sistemático se deu a fim de sustentar, na pesquisa-ação, os desinteresses das crianças em
participarem dos treinos na escolinha, bem como o pensamento dos pais e do treinador frente
à realidade.
A partir do questionário aplicado com os participantes se buscou realizar a (re)
construção das teorias, levando a eles a oportunidade de conhecerem as reais vantagens em se
iniciar os treinamentos e permanecer na escolinha até o seu tempo próprio, que é o da prática
desde a iniciação até a fase de aperfeiçoarem rendimentos.
A pesquisa na descrição dos resultados, na verdade, procurou relatar o ponto de vista dos
envolvidos. Tratou-se da descrição da realidade do grupo em pesquisa questionadora visando
examinar aspectos variados de sua vida, bem como buscar saber que razões levam as crianças a
buscarem essas atividades, se as mesmas têm influência em seu comportamento ou atitudes.
Sendo assim, a pesquisa aplicada se deu pelo experimento de campo, pela pesquisa
exploratória, num processo qualitativo, em forma de questionário.
A pesquisa indicou a faixa etária e os interesses das crianças em desistirem das aulas
treino, na escolinha. Também mostrou o número de desistência, antes de completar o seu
tempo de treinamento que seria até os quinze anos de idade, mais ou menos, definindo-se a
população da amostra.
As orientações de Roesch (1996), que sugere envolvimento com a metodologia e que, a
partir dos objetivos do projeto, define coerência entre métodos e técnicas, se apresentou como
guia da pesquisa-ação. Para Roesch (1996, p. 58), “na pesquisa aplicada os pesquisadores
trabalham com problemas humanos. Entender a natureza do problema para que se possa
controlar o ambiente”. Sendo assim, o estudo de caso, com observação aos participantes e do
todo, se deu de forma qualitativa, em pesquisa-ação.
3.2 População e Amostra
Cinquenta e seis alunos, hoje, representam a população, sendo que a amostra, a qual foi
parte do estudo, vem representada por um grupo de 12 participantes, entre crianças e
adolescentes, que desistiram das práticas esportivas da Escolinha de Futsal La Salle, da cidade
de Cerro Largo - RS, bem como os pais dos mesmos e o professor treinador. Estes
32
participantes provêm, na sua maioria, do Colégio La Salle Medianeira, idealizador da
proposta em modalidade de futsal, e os demais, de escolas municipais e estaduais do
município.
3.3 Materiais e Instrumentos
Os instrumentos da pesquisa-ação corresponderam a: questionário aos inscritos que
desistiram do treinamento, aos pais dos mesmos e ao professor/treinador. O processo se deu
pela observação da realidade, a partir da coleta de dados (questionário), pelo registro e
análises, considerando-se as modalidades qualitativa e quantitativa; sendo os resultados
apresentados em quadros.
3.4 Procedimentos
Em caráter qualitativo e quantitativo, o processo de coleta de dados e a sua análise se deu
de forma em que a primeira antecedesse à segunda. Sendo assim, o questionário foi à técnica
desta coleta de dados, que levantou a preferência dos envolvidos, a sua pretensão e os motivos
que os levaram a desistirem do treinamento na Escolinha de Futsal La Salle. Não foi apenas um
conjunto de questões listadas sem reflexão. Foi um instrumento que, por meio de questões
abertas, permitiu a pesquisa-ação, pelos dados e análise de respostas, para se chegar aos
objetivos propostos.
O questionário seguiu orientações de Oppenheim (1993) que apresenta como fatores a
serem considerados: o tipo de instrumento a ser utilizado, o método de abordagem dos
respondentes, a sequência, ordem e o tipo das questões. Assim, buscou-se, a partir destes
fatores, atenção e escolha cuidadosa na formulação das perguntas.
Foram apresentadas, então, aos desistentes, quatro questões abertas relacionadas ao
treinamento e aos possíveis fatores que pudessem levar os questionados ao abandono da
prática de futsal, na escolinha. Aos pais foram apresentadas duas questões abertas e ao
treinador, também, duas questões abertas. A aplicação ocorreu em particular, sob a orientação
da pesquisadora, num encontro entre entrevistadora e entrevistado, sendo que os participantes
puderam conferir confiabilidade quanto ao uso do questionário, que serviu para a
comprovação do exposto no relatório final.
33
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
A apresentação de dados correspondeu à breve exposição daquilo que as crianças e
adolescentes apresentaram como respostas ao questionário, sendo que os questionários
aplicados aos pais e ao treinador representaram instrumento para o (re) conhecimento da
realidade. Sendo assim, a análise e a discussão de dados se deram no sentido de se conhecer
os interesses, os motivos que levaram crianças e adolescentes a desistirem da prática esportiva
do futsal na Escolinha de Futsal La Salle. Também, para se comparar as informações
prestadas pelos alunos, pelos pais e pelo professor, com a literatura; bem como para se cruzar
essas informações, numa oportunidade de se evidenciar a consistência do conteúdo arrolado.
Partindo-se das considerações dos inscritos sobre os fatores relacionados à sua
desistência registraram-se, no Quadro 2, a idade e o nível de escolaridade do grupo de alunos
pesquisados.
Quadro 2: Idade e ano de escolaridade do aluno desistente da escolinha de Futsal La Salle.
Idade
Escolaridade
Observações
1.
12 anos
6ª série
no ano de 2012
2.
10 anos
4ª série
no ano de 2012
3.
11 anos
6ª série
no ano de 2012
4.
10 anos
4ª série
no ano de 2012
5.
12 anos
6ª série
agosto de 2011
6.
13 anos
6ª série
no ano de 2012
7.
8 anos
2ª série
no ano de 2012
8.
12 anos
6ªsérie
no ano de 2012
9.
11 anos
5ªsérie
no ano de 2011
10.
12 anos
5º ano
no ano de 2012
11.
12 anos
6ª série
no ano de 2012
12.
9 anos
3ª série
no ano de 2012
*FONTE: quadro criado pela pesquisadora.
Como se pode perceber a maioria dos alunos encontra-se na idade de 11 e 12 anos e a
metade dos pesquisados estão na 6ª série. Isto informa que estes pesquisados têm uma
vivência de vida maior e uma escolaridade também maior. Neste sentido, concorda-se com De
Rose (2002) que defende a ideia de que adolescentes entregam-se às atividades com mais
34
envolvimento que as crianças, pois a partir dos 10 anos de idade, aparece com mais evidência
a possibilidade de experiência particular de desempenho, técnica, tática, estratégica e
especializada, uma vez que as atividades esportivas sugerem uma prática lúdica que orienta os
mesmos nas suas capacidades e limitações.
É, na verdade, dos 10 aos 14 anos que se dá a construção das habilidades fundamentais,
considerando-se as fases de desenvolvimento motor, conhecida como fase motora
especializada. Esta fase, assim, representa a fase das habilidades culturalmente determinadas.
Analisando-se o Quadro 2 se entende que a discussão aponta para a ideia de Perez Gallardo
(2009, p. 65), que diz: “A aprendizagem caracteriza-se pela combinação de dois ou mais
movimentos fundamentais. É com base nessa integração, no aperfeiçoamento e na
diversificação dos movimentos que se vai processar o trabalho do professor de Educação
Física”.
Também, Perez Gallardo (2009, p. 16), diz que “o desenvolvimento psicomotor torna-se
pré-requisito para a aquisição de conteúdos cognitivos e a educação do movimento dá lugar à
educação pelo movimento”. Neste sentido, o Quadro 2 aponta para uma certeza – a de que ao
chegar à adolescência, os sujeitos tornam-se progressistas e mais autônomos, reforçando o
que viveram e aprenderam até então. É assim que a autonomia e a tomada de consciência se
interligam frente a tarefas tão grandiosas, quando a motivação e a prática esportiva se
apresentam como relações no processo ensino-aprendizagem.
Também se percebeu que, se dos seis aos dez anos, as fases de habilidades específicas
do ser humano ou os movimentos fundamentais se dão no campo do estágio geral de
transição, crianças apresentam dificuldades em se organizar no trabalho em grupo, mas são
capazes de aprender e generalizar essas aprendizagens para outras situações. E um pequeno
número delas inscreveu-se para o treinamento e desistiu, como se pode observar no Quadro 2.
Este estágio transitório entre a fase motora fundamental e a especializada de Gallahue (2003,
p. 100), confere confiabilidade entre dados/suas análises e bibliografia.
E, finalmente, a respeito destes dados relacionados à idade e ao ano de escolaridade dos
desistentes, atenta-se para Gallahue (2003, p. 100), que sintetiza a fase motora especializada
como determinante para a utilização permanente aplicada à vida diária, recreativa e
competitiva, tendo como base a Ampulheta Heurística sistematizada na Figura 1, da página
19, deste estudo.
35
Demo (1994 p. 83) defende que “o dado, como regra, expressa a parte empírica da
realidade. O dado quantitativo representa o local empírico captado na realidade”. Quando
perguntados sobre a sua lembrança quanto à idade e data de início e de término dos
treinamentos na Escolinha de Futsal La Salle, alguns dos pesquisados tiveram dificuldades de
lembrar a data de início e de saída da Escolinha. Estas informações estão representadas no
Quadro 3.
Quadro 3: Questionário respondido pelos alunos sobre a lembrança idade/data de início/término
dos treinamentos na escolinha de Futsal La Salle.
Lembra a idade e a data em que Lembra a idade e a data em que deixou o treinamento
iniciou o treinamento na Escolinha na Escolinha de Futsal La Salle?
de Futsal La Salle?
Permaneceu
1.
7 anos em março de 2007
8 anos em outubro de 2008
1 a. e 10 m.
reiniciou em março de 2012
12 anos em maio de 2012
2 m.
2.
7 anos em março de 2009
10 anos em maio de 2012
3 a. e 2 m.
3.
7/8 anos em 2008
11 anos em abril de 2012
3 a.
4.
7 anos em maio de 2008
10 anos em março de 2012
3 a. e 10 m.
5.
8 anos em setembro de 2008
11 anos em agosto de 2011
2 a. e 11 m.
6.
9 anos em março de 2009
13 anos em maio de 2012
3 a. e 2 m.
7.
8 anos em março de 2012
8 anos em junho de 2012
3 m.
8.
10 anos em março de 2010
12 anos em abril de 2012
2 a. e 1 m.
9.
8 anos em março de 2008
10 anos em 2011
3 a.
10.
7 anos em março de 2007
12 anos em abril de 2012
5 a. e 1 m.
11.
9 anos em março de 2009
12 anos em março de 2012
3 a.
12.
7 anos em março de 2010
9 anos em junho de 2012
2 a. e 3 m.
*a = ano(s) m= mês/meses **FONTE: quadro criado pela pesquisadora .
Independente da idade e do ano de escolaridade, percebemos que a maioria dos
pesquisados esteve participando das aulas na Escolinha de Futsal La Salle, aproximadamente
por três anos. Somando a participação de todos os desistentes, na Escolinha, temos um tempo
36
de permanência de 2 anos e 8 meses. Assim os dados do Quadro nº 3 vêm confirmar as
observações feitas no Quadro nº 2.
Numa análise comparativa dos dados com a bibliografia, entendeu-se que a criança e o
adolescente têm o seu mundo próprio, mas interagem com as pessoas à sua volta. Segundo
Ferreira (2002, p. 4), “respeitar seus limites, suas possibilidades e saber identificar suas
características básicas de comportamento nas diferentes faixas etárias, em muito facilita a
relação educador-educando no processo de ensino”. Neste sentido, entende-se que a criança
que ingressa no futsal, vai à busca, principalmente, do divertimento, da alegria e do prazer.
Pode preocupar-se com a vida saudável, porque assimilou que é preciso ter bons hábitos,
força e bom preparo físico. Mas tem presente que iniciar a prática esportiva não dá garantias
de permanência nas aulas treino.
A criança, capaz de aprender e aprimorar novas técnicas e habilidades, ir ao encontro
dos amigos ou de reconhecimento, se inscreve na escolinha de futsal. Na verdade, inicia o
treinamento se envolvendo com o grupo, treinando a disciplina, a responsabilidade, a
cooperação entre outras formas, mas por determinado tempo e, muitas vezes, deixa o
treinamento, como mostra o Quadro nº 3.
Percebeu-se, a partir dos dados, que o aluno que permaneceu mais tempo nas aulas
treino, permaneceu por pouco mais de 5 anos. Na verdade, este aluno iniciou o seu
treinamento aos 7 anos de idade, permanecendo até os 12 anos. Este aluno mostrou
persistência e responsabilidade, sendo que a motivação à prática esportiva se apresentou para
o mesmo, como elemento importante no processo ensino-aprendizagem na modalidade futsal.
Por outras partes, o aluno que permaneceu por um tempo menor, ficou envolvido com as aulas
treino por um tempo de dois anos, tendo iniciado, desistido e reiniciado, depois de um tempo.
A bibliografia apontou para a ideia de que, segundo De Rose (2002, p. 41), “... toda
prática esportiva oferecida às crianças e aos adolescentes é permeada por ações adultas - dos
pais, dos dirigentes, dos professores, dos técnicos, dos árbitros; todos interferem de alguma
forma nas experiências esportivas de seus praticantes”. Sendo assim, entendeu-se que os
adultos que fazem parte do convívio dos inscritos nas aulas treino da Escolinha de Futsal
tiveram influência nas suas decisões de participar ou desistirem ao treinamento.
37
Desta mesma forma, considerou-se a afirmação de que “uma das áreas das ciências do
esporte preocupada com essas questões é a psicologia do esporte”, conforme defende De Rose
(2002. p. 43). Tendo estudado a influência da prática esportiva no desenvolvimento
psicológico e no processo de socialização das crianças e dos adolescentes, a Psicologia do
esporte tem contribuído para a compreensão à desistência da prática esportiva.
Assim, dando preponderância à fidelidade dos resultados, a análise foi apresentada, com
clareza, no Quadro 4.
Quadro 4: Questionário respondido pelos alunos desistentes da escolinha de Futsal La Salle e
pelos pais.
Aluno: Quais foram os motivos que o
levaram a desistir da escolinha de Futsal La
Salle?
1. Quebradura (fratura de osso) e preguiça
Pais: O (A) senhor(a) sabe os motivos que
levaram seu filho a desistir do treinamento da
Escolinha de Futsal La Salle?
Quebrou o braço, ficou com muito receio.
Fraturou o antebraço.
2. Inverno: por causa do frio.
Problemas respiratórios
3. Colegas: riam de mim, tiravam sarro.
Rivalidade entre os colegas.
4. Sou asmático.
Problemas de Saúde.
5. Amigos desistiram e eu também desisti.
Não sei o que foi.
6. Não gosto de ir à escolinha.
Cobrança exagerada do treinador.
Mensalidade cara.
7. O pai acha muito caro. E não quis mais Mensalidade cara. Vai para a escolinha
pagar.
municipal.
8. Preguiça.
Eles, nessa idade, ficam muito preguiçosos,
não querem compromisso.
9. Minha mãe não deixou mais eu Influências de más amizades e
frequentar.
machucaduras, quando frequentava.
10. As notas baixas. Meu pai resolveu me Não estava indo bem nas aulas. Então resolvi
dar de castigo, a saída da escolinha.
dar um tempo na escolinha.
11. Cobrança do técnico Ricardinho.
Gritos do treinador. Os estudos também
influenciaram.
12. Falta de interesse e atrito com o técnico. Muitas crianças na mesma categoria. Não
tinha vez nos jogos.
*FONTE: Quadro criado pela pesquisadora.
Perguntados sobre os motivos que levaram alunos a desistirem do treinamento na
escolinha de Futsal La Salle, os pais e os próprios alunos responderam aos questionários.
Percebeu-se, a partir da análise dos dados registrados no Quadro nº 4, que um número maior
de manifestações por parte dos alunos se dá pela desistência justificada nas lesões e doenças
asmáticas; em não sentirem-se motivados para as aulas e na forma de o professor/treinador
dirigir e se manifestar em aula.
38
Em se tratando do objetivo deste estudo, o de “identificar, através da pesquisa-ação,
com técnicas qualitativa e quantitativa, os fatores que têm influenciado as crianças e
adolescentes inscritos na Escolinha de Futsal LA SALLE, da cidade de Cerro Largo – RS, a
desistirem das aulas treino”, a pesquisa-ação mostrou que os alunos pesquisados apresentaram
vários motivos. Dois alunos desistiram por problemas de saúde, determinados por fratura de
osso e asma; um deles desistiu por causa do frio do inverno; um deles desistiu porque alunos
zombavam e riam do mesmo; um deles foi influenciado à desistência devido à influência de
amigos desistentes; um deles teve que deixar o treinamento porque a mãe não permitiu mais
que treinasse; dois deles tiveram a influência do pai, sendo que um teve que desistir em
função do valor da mensalidade e o outro, em função do baixo rendimento escolar, via
castigo; dois deles tiveram como influência o treinador, ou por atrito, ou por cobranças do
professor, o que gerou a falta de interesse. A preguiça também foi citada como motivo de
desistência, por dois alunos.
Num sentido geral, percebeu-se que as respostas de pai/mãe coincidiram com aquilo que
os filhos apresentaram no questionário - o que vem representado no Quadro 4. Assim,
entendeu-se que a inquietação que se teve a respeito do índice e das reais causas de desistência
da criança e do adolescente, que se matricularam e, após determinado tempo de treino,
renunciaram, não dando continuidade ao envolvimento em uma modalidade que estaria
contribuindo de maneira significativa na sua formação e no desenvolvimento de habilidades
básicas para a prática do futsal, apontou, após a pesquisa-ação para respostas.
Neste ínterim, as respostas permitiram que se concordasse com Scalon (2004, p. 24),
que defende que “cada atleta tem diferentes níveis de motivação, ansiedades, desempenho,
portanto reage de maneiras diferentes”. E este reagir diferente, no caso deste estudo, apontou
os fatores descritos. O que se entende é que a saúde, a motivação e a postura do
professor/treinador são elementos significativos e facilitadores da não desistência, bem como
propulsores de uma prática estratégica. Isso se comprova com Rubio (2002, p.130), que
apresenta: “Dessa forma, compreender o que motivou a criança a optar por determinado
esporte permite o planejamento de estratégias que facilitam a permanência e a continuidade na
modalidade esportiva”.
Indo além na análise de dados, os fatores que colaboraram para a desistência ao
treinamento, na Escolinha de Futsal La Salle, citados anteriormente, como o clima do inverno,
39
bizarro por parte dos colegas, personalidade, questões financeiras, más companhias e
desempenho escolar. Essas respostas, semelhantes às dadas pelos pais dos alunos desistentes
confirmam o que apresenta Scalon (2004, p. 174), quando leva à certeza de que o treinador da
escolinha de futsal precisa realizar um trabalho de iniciação embasado no ensinamento do
esporte, partindo de métodos apropriados às diferentes faixas etárias, garantindo uma prática
esportiva prazerosa e se preocupando com o rendimento de cada um. Quando se viu que as
causas divulgadas pelos pais, quando da desistência dos seus filhos, são praticamente as
mesmas apresentadas pelo autor, ou seja, falta de interesse, depois de alguns dias de treino;
frio do inverno; rigidez e a cobrança por parte do treinador; questões financeiras; deboches e
desaforos por parte dos colegas, o que incomoda aos mais tímidos e que demoram um pouco
mais a aprender, entendeu-se que a escolha de Scalon (2004) foi uma opção acertada, a qual
contribuiu para o entendimento dos dados.
Assim, em relação ao Quadro 4, pode-se apresentar que alunos desistentes e seus pais,
que responderam às questões disponibilizadas pela pesquisadora, mostraram-se envolvidos
com
processo e apresentaram os seus motivos permitindo que a pesquisa-ação, nas
modalidades qualitativa e quantitativa representassem possibilidades de estudo. E as
conclusões a que se chegou, através da interpretação dos dados discutida pelas linhas da
literatura pertinente, podem, pelo menos ao que se refere ao enfoque do assunto baseado na
investigação científica, representar contribuição pessoal à ciência. Para Andrade (1995, p. 86),
“a originalidade consiste não somente em novas descobertas, mas também em qualquer
inovação no enfoque do assunto ou na sistematização do conhecimento”. O que se entendeu é
que, a sistematização dos dados analisados neste estudo resultou de uma investigação e foi
realizada a partir de leituras de vários autores, mas fruto de uma interpretação pessoal que,
nestes termos, passa a ter a conotação de original e específica ao tema.
Assim, partiu-se para a representação da última parte da pesquisa-ação pela qual
também se deu a identificação da problemática existente. Através do questionário se deu a
observação e o uso dos dados, enquanto respostas dos alunos e pais, às questões relacionadas
a esclarecimentos ou informações a respeito da desistência de alunos ao treinamento na
Escolinha de Futsal La Salle. Na modalidade descritiva, se deu a representação da análise no
Quadro 5:
Quadro 5: Questionário respondido pelos alunos desistentes da escolinha de Futsal La Salle e
pelo seu pai/mãe.
40
Gostaria de prestar mais alguns
esclarecimentos a respeito de sua
desistência?
1. Não.
2. Voltava à prática depois do inverno.
3. Gosto de jogar, mas não sou tão bom
quanto muitos colegas.
4. Todos os anos eu começava e desistia, ao
longo do ano.
5. Quem sabe eu volto, mas não decidi.
6. Falta de interesse nas aulas treino. Gosto
só de competir.
7. Vou ir à municipal, lá também é bom.
8. Não.
9. Adoro fazer esportes. Agora faço
Taikondo.
10. Eu gosto de jogar, mas não estou indo
bem nas aulas.
11. Gosta de puxar o saco e dar mais atenção
aos que têm mais facilidade em jogar.
12. Não gostava de treinar. Só de jogar.
O(A) senhor(a) gostaria de prestar mais
informações a respeito da desistência de seu
filho ao treinamento na escolinha de Futsal
La Salle?
Mãe: O pai idealiza o filho como um bom
jogador, mas não acontece isso.
Mãe: Nos últimos anos de escolinha deu
problema em seu joelho, então ele começou
e parou, começou e parou.
Pai: Colegas gozam de quem não tem muito
futsal no pé.
Mãe: Ele adora praticar o futsal, mas a falta
de ar é maior que a vontade.
Mãe: influência dos amigos.
Mãe: Não.
Pai: Não.
Pai: Não posso obrigá-lo a ir.
Mãe: Não
Pai: Não tenho nada contra a escolinha, pois
acho que é muito bem organizada.
Pai: Cobrança demais nos jogos (treinador).
Pai: Não.
*FONTE: Quadro criado pela pesquisadora.
Como se percebe, o Quadro nº 5 aponta para a realidade de que, tanto os alunos quanto
os pais que quiseram responder a esta pergunta, reforçaram o que já disseram no Quadro nº 4.
Contribuindo com a necessidade de pesquisa, entendeu-se que, como afirma Scalon (2004, p.
33), “ainda que existam milhares de perspectivas individuais a maioria das pessoas encaixa a
motivação em uma das três orientações gerais que andam parelhas com os enfoques da
personalidade”. Essas três orientações, na verdade são: a perspectiva centrada no participante,
a qual sustenta a conduta como individual e característica de cada sujeito; a centrada na
situação, que aponta para o ambiente como determinante do nível de motivação; e a
interacional, que compreende o modo como interagem os sujeitos, no caso o treinador e a
equipe.
Em se tratando do objetivo proposto para a realização deste estudo, teve-se a intenção
de se acrescentar informações aos dados obtidos. Quando alunos e pais/mãe foram
perguntados sobre se gostariam de prestar mais alguns esclarecimentos a respeito da
41
desistência às aulas treino, percebeu-se que somente dois alunos, dois pais e uma mãe
responderam que não. Esta realidade mostrou que alunos desistiram e não tinham interesse em
continuar falando sobre o assunto, no momento da pesquisa. Os demais alunos, num total de
dez, apresentaram como esclarecimentos, respostas nem sempre associadas aos dos pais. Um
dos alunos apresentou que gosta de jogar, mas não é tão bom quanto muitos de seus colegas.
E o seu pai apresentou que colegas gozam de quem não tem muito “futsal no pé”. Um dos
alunos disse que todos os anos começava e desistia ao longo do ano, e a mãe respondeu que o
mesmo adora jogar futsal, mas a falta de ar é maior que a sua vontade, tomando a saúde como
motivo. Um aluno respondeu que acredita voltar ao treinamento, e a sua mãe acredita que o
filho tenha desistido por influência dos amigos. Um aluno apresentou que gosta somente de
competir e que não tem interesse em treinar, sendo que o seu pai não quis acrescentar
nenhuma consideração. Um aluno disse que iria treinar na escolinha municipal, porque lá
também é bom e o pai não quis complementar a resposta dada no questionário anterior. Um
aluno apresentou que adora praticar esportes e está no Taikondo, sendo que sua mãe não quis
acrescentar informações. Um aluno diz que gosta de jogar, mas não está indo bem nas aulas, e
o pai não tem nada contra a escolinha, achando-a bem organizada. Um aluo não gosta de
treinar, mas gosta de jogar e o pai não quis complementar sua resposta. Um aluno disse que o
treinador dispensa mais atenção aos que têm mais facilidades em jogar e o pai acrescentou
que o treinador cobra demais. Um aluno apresentou que voltaria à prática depois do inverno, e
a mãe disse que o aluno largava o treinamento por problemas no joelho. Dos alunos que não
quiseram acrescentar informações, uma mãe apresentou que o pai idealiza o filho como um
bom jogador, mas não acontece isso; e o outro pai apresentou que não pode obrigar o filho a
jogar. O que se percebeu, na verdade, é que os esclarecimentos revelam os fatores associados
à desistência às aulas treino, muito mais relacionados a motivações extrínsecas, como castigo,
obrigações, influências de outros, ou seja, de amigos desistentes, situação financeira dos pais,
atritos com o treinador.
A discussão de dados apontou, assim, para mais um comparativo das informações
prestadas pelos alunos, seus pais e professor treinador, com a literatura pesquisada.
Interpretando-se o que se apresentou nos quadros, como resposta dos mesmos chegou-se à
certeza de que Machado (1977, p. 66), quando diz que “a interação da criança na sociedade
sofre influências em primeira instância dos pais, depois ao iniciar-se a vida escolar, sofre a
influência do professor e de outros grupos, como por exemplo, uma equipe esportiva”,
apresenta a criança vivendo a sua infância e o adulto conhecendo-a e orientando-a, na sua
42
caminhada esportiva. Para a maioria dos desistentes, a influência de pais, amigos e do
professor/treinador foi fundamental para que desistissem das aulas treinos na escolinha de
Futsal La Salle.
Além disso, Scalon (2004, p. 59) apresentando que “uma possível explicação é de que
há falhas no aspecto educativo, quando se conserva todo um espírito de valorização a seleção,
a vitória, e não se respeita as capacidades e as necessidades individuais”, permitiu que se
concluísse que falhas no aspecto educativo; desrespeito às necessidades individuais;
desrespeito às capacidades; despreparo para a competição; outros centros de interesse;
iniciação desportiva inadequada e cobrança excessiva pela vitória representam motivos para a
desistência, sendo que os fatores associados a estes, se resumem, segundo o estudo deste
autor, na motivação extrínseca causada pelas premiações e presentes oferecidos aos
vencedores da competição; no descrédito ao treinador e/ou seu trabalho e, inclusive no
estresse conhecido como Burnout.
Pensando-se em cruzar as referidas informações dadas por alunos, pais e professor, com
a literatura, em se tratando de permanência nas aulas treino, acreditou-se assim, que é de
fundamental importância se concordar com Scalon (2002, p. 58), que diz que “o fato de contar
com uma boa equipe competitiva e dispor de certas facilidades são elementos fundamentais
para a sua participação”. Na verdade, os fatores defendidos pelo autor como motivos de
permanência também têm efeitos motivadores às crianças e adolescentes, os quais podem
leva-los a melhorar suas habilidades; fazer amigos; vencer e vivenciar emoções; desenvolver
o físico; promover o bem estar e a autorrealização. Já os fatores associados a estes podem
levar ao desejo de sucesso, de sobressair-se, de melhorar ou equilibrar jogo de cooperação
com jogo competitivo, de superar a performance ou as marcas estabelecidas por outros levam
ao esforço e à superação.
Neste ínterim, o que se entendeu é que a Escolinha de Futsal La Salle tem a função
básica de levar a criança e o adolescente a se envolverem em atividades prazerosas e
recreativas, permitindo relaxamento, possibilidade de perceber e controlar o seu corpo,
convivência em grupo e relacionamento intenso com o mesmo, além do gasto de energia. E
isso só acontece se o trabalho realizado for pautado em ordem, limites, disciplina e
organização, sendo que cabe ao treinador promovê-los. Na verdade, o treinador da escolinha
se envolve em proporcionar um ambiente em que a organização das atividades motivantes e
43
participativas, nas três fases, que compreendem a Iniciação, a Pré - Mirim e a Mirim, se dê
nestas perspectivas.
Existindo a missão de trabalho na iniciação esportiva; tem, também, o desejo de
trabalhar a criança e o adolescente para serem atletas considerados e reconhecidos. Mas este
não representa ensejo primordial.
O que se quer, na verdade, é permitir aprendizagem
sistemática do esporte, que lhes seja útil na sua vida pessoal e em sociedade. Sendo assim, a
bem da segurança, da melhoria da condição física, da autoimagem, da autoconfiança e da vida
mais saudável, a criança se envolve com o futsal, que lhe propicia o maior número de
vivências motoras possíveis, desenvolvendo uma convivência saudável em seu meio físico e
social.
Considerando-se que é preciso analisar objetivos dos pais, quanto à iniciação esportiva
de seus filhos, uma vez que ainda, hoje, têm grande relevância na escolha da modalidade e os
submetem a um grande nível de cobrança e exigências em relação aos seus desempenhos, o
instrutor/treinador tem realizado a sua prática, considerando o ensejo dos pais.
A sua motivação, na verdade, vai depender de experiências positivas como torcida
organizada de pais, estímulo à participação saudável, respeito ao crescimento e às
possibilidades, envolvimento com o grupo, desejo de que a criança participe porque é lazer, é
recreação, é aperfeiçoamento técnico em longo prazo.
É neste sentido que a motivação à prática do futsal na escolinha implica em movimento
e ativação. Esta interação caracterizadora da necessidade, do respeito, da expectativa, do
interesse, da cultura, dos desafios, das influências sociais e das demais características
intrínsecas ou extrínsecas, comemora o sucesso e satisfaz o sujeito. Assim, elogios, aplausos,
prêmios, troféus diversão e ação sobrepõem às críticas, vaias, privação de privilégios ou
ridicularizações.
Foi assim que Machado (1997), Scalon (2004), Rubio (2000), Perez Gallardo (2000),
De Rose (2002), Freire (2009), entre outros autores que contribuíram para o estudo minucioso
do tema permitiram que se realizasse este estudo com profundidade. Também Demo (1994),
Rúdio (1992), Roesch (1996) e Andrade (1995) oportunizaram contribuição metodológica
prática as quais, aliadas ao aprendizado acadêmico no Curso de Licenciatura em Educação
44
Física e às considerações/referências do orientador, resultaram no estudo e na exposição deste
relatório final.
Tendo sido apresentado aos desistentes quatro questões abertas relacionadas ao
treinamento e aos possíveis fatores que pudessem levar os questionados ao abandono da
prática de futsal, na escolinha; e duas questões abertas aos pais/mães e ao treinador, sendo que
sua aplicação ocorreu em particular, sob a orientação da pesquisadora, num encontro entre
entrevistadora e entrevistado, os participantes puderam conferir confiabilidade quanto ao uso
do questionário, o qual, como já se observou, serviu para a comprovação do exposto no
relatório final. Nestas perspectivas, chegou-se à certeza de que a desistência ao treinamento na
escolinha de futsal envolve fatores intrínsecos e extrínsecos, uma vez que são parte tanto da
essência do aluno, quanto do seu exterior.
É assim que, na escolinha de futsal, os elementos motivadores tendem a auxiliar em
planejamentos mais direcionados ao interesse da criança, aumentando a probabilidade de sua
permanência na prática da atividade esportiva. E, sendo assim, esses fatores - que levam a
criança e o adolescente a optarem pelo futsal - representam motivos a mais para o esforço
empreendido. Talento, qualidades técnicas, físicas e psicológicas, são determinantes para o
desempenho esportivo. Mas devem estar aliadas à disciplina, ao esforço diário, à busca de
realização, ao desejo de praticar esporte por prazer, por gostar de competições, por conhecer
seus limites, por querer aprender e por querer cooperar. É aí que reside a certeza de que os
fatores motivacionais se afirmam nas categorias de apoio familiar e do profissional de
Educação Física, ou treinador. Do contrário, adentra-se na questão do abandono à prática,
envolta em inúmeros fatores suficientes para que deixem de lado a intensidade do esforço e a
persistência.
45
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo a prática do futsal uma modalidade de ampla importância enquanto atividade
corporal na formação do indivíduo, o que se espera é que crianças e adolescentes a vejam
como oportunidade, começando o seu treinamento e o concluindo, na certeza de que estão
trabalhando mente e físico, em consonância com o que esperam da prática e com o que
treinador e família esperam deles.
Neste sentido, o tema “Quais os fatores que têm influenciado crianças e adolescentes da
escolinha de Futsal La Salle, da cidade de Cerro Largo - RS, a desistirem das aulas treino”
representou uma busca de respostas à inquietação que se tinha a respeito das reais causas de
desistência. E, partindo-se da pesquisa, a qual implicou em estudos de literatura pertinente e
adentrando-se na prática de pesquisa-ação, conseguiu-se chegar aos resultados propostos.
Essa inquietação que se gerou, a respeito do índice e das reais causas de desistência de
doze esportistas, entre crianças e adolescentes, levou a este estudo. Os mesmos se
matricularam e, após determinado tempo de treino, renunciaram, não dando continuidade ao
seu envolvimento em uma modalidade que vem contribuindo de maneira significativa na sua
formação e no desenvolvimento de habilidades básicas para a prática do futsal.
Considerando-se esta inquietação, este estudo tomou corpo, com o objetivo primeiro de
se identificar, através da pesquisa-ação com técnica qualitativa e da quantitativa, os fatores
que influenciaram as crianças e adolescentes inscritas na Escolinha de Futsal LA SALLE, da
cidade de Cerro Largo – RS, a desistirem dos treinamentos. Chegou-se, na verdade a este fim,
pela proposta inicial de dedicação à pesquisa científica, de estudo e análise das teorias sobre o
jogo, o qual aprofunda a ideia do brincar e do desenvolver a saúde física e mental, quando a
criança assume características corporais e psicológicas, as quais advêm do seu grupo de
convívio cultural e social, e aporta na adolescência. Também foi preciso apresentar a evolução
psicológica da criança e do adolescente estabelecendo relações entre a combinação do jogo
com as metas, os instrumentos ou obstáculos para as suas atividades, uma vez que tanto o
desistir, quanto o continuar participando de alguma atividade dependeria de inúmeros fatores
internos ou externos.
Realizadas estas etapas, a pesquisa-ação, através de questionários aplicados, apontou
para os resultados descritos e chegou-se à certeza de que os fatores influenciadores, citados
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pelos desistentes, seu pais e professor são muitos, e podem ser resumidos em: falta de
interesse, depois de alguns dias de treino; presença dos pais nos treinos e a insatisfação em
perceber o treinador não colocou o filho para jogar por muito tempo; notas baixas, na escola;
despesas com viagens; frio do inverno; rigidez e cobrança por parte do treinador; deboches e
desaforos por parte dos colegas - o que incomoda aos mais tímidos e aos que demoram um
pouco mais a aprender.
Em relação aos objetivos, os mesmos foram alcançados e a questão “Quais os fatores
que têm influenciado crianças e adolescentes, da Escolinha de Futsal LA SALLE, da cidade
de Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino” levou a resultados, como: o número
maior de manifestações por parte dos alunos se dá pela desistência justificada nas lesões e
doenças asmáticas; em não sentirem-se motivados para as aulas e na forma de o
professor/treinador dirigir e se manifestar em aula. Além destes fatores, outros foram citados:
a saúde, a falta de motivação, a postura do professor/treinador, a influências de outros.
Na verdade, esses dados poderão servir de contribuição para que professor treinador da
escolinha perceba que é preciso apostar em motivação e criatividade, a fim de que alunos que
se matriculem e permaneçam no treinamento. E para que o professor treinador se envolva,
ainda, com uma organização pela ordem, pelos limites e pela rigidez, mas aliando os
ensinamentos técnicos com a questão da competitividade, sem deixar de lado que as aulas
treino, de futsal, têm que ser prazerosas e envolventes. Para a Educação Física, então, este
estudo terá a contribuição de construção por caminhos científicos, a qual permitiu que se
observasse a realidade de modo crítico e criativo, a fim de mostrar com seguridade,
responsabilidade e fidedignidade, os reais motivos que levam alunos a desistirem das aulas
treino de futsal; uma vez que, a partir do estudo e da pesquisa, que serviram de contribuição,
aperfeiçoamento e evolução dos conhecimentos aprofundados no Curso de Licenciatura em
Educação Física, se chegou aos fins propostos. E, igualmente, este estudo poderá representar
possibilidades de novos estudos relacionados à temática.
Finalmente, entendeu-se que, na prática esportiva, o ensino, numa concepção crítico
emancipatória - de se colocar a serviço do grupo novas oportunidades que permitam
participação, cooperação, envolvimento e responsabilidades de cada um da equipe, aponta
para um treinamento que comporta a capacitação de um número maior dos envolvidos e a
desistência, em número menor. As notas baixas, o frio de inverno, os desaforos ou a rigidez
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do treinador não deveriam representar item favorecedor para a desistência; mas sim
representar possibilidades à superação, porque a mesma garante um estágio na aprendizagem
e no conhecimento em futsal.
48
6. REFERÊNCIAS
ANDRADE, Laís dos Santos Pinto. Interdisciplinaridade: necessidade, origem e destino. Revista Sinergia,
vol. 4, nº1, 2003. CEFET-SP.
DEMO, P. Pesquisa e Construção do Conhecimento: metodologia científica no caminho da Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994.
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(organizador). Esporte e atividades físicas na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
FREIRE, J. B.. Educação de corpo inteiro: Teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1989.
FREIRE, J. B. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2009.
FERREIRA, R. L. Futsal e a iniciação. 6. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
GALLAHUE, D. L. & OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês, crianças,
adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2003.
HAYWOOD, M. K. Life span motor development. Illinois: Human Kinetics Publishers, 1986.
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Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
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http://psicoesporte.web.zaz.com.br> acessado em 12 de junho de 2012, às 23h02min.
LEVIN, E. O corpo ajuda o aluno aprender. In: Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, nº 179, p.20 / 22,
Janeiro/Fevereiro 2005.
MACHADO, A. A. Psicologia do esporte: temas emergentes. Jundiai: ÁPICE, 1997.
OPPENHEIM, A. Questionnaire design, interviewing and attitude measurement. Londres: Pinter, 1993.
PAIM, M. C. C. Desenvolvimento motor de crianças pré-escolares entre 5 e 6 anos. EFDeportes.com,
Revista Digital: Buenos Aires, Año 8, Marzo de 2003, nº 58.
PEREZ GALLARDO, J. S. Prática de ensino em educação física: a criança em movimento. 1 ed. São Paulo:
FTD, 2009.
PIKUNAS, J. Últimas fases da vida. In: Desenvolvimento humano: uma ciência emergente. São Paulo:
McGraw-Hill do Brasil, 1979.
ROESCH, S. M. A. Projetos de Estágio: guia para pesquisas, projetos, estágios e trabalhos de conclusão de
curso. São Paulo: Atlas, 1996.
RÚDIO, F. V. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. Petrópolis: Vozes, 1986.
RUBIO, K. (org). Psicologia do esporte. – São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
SCALON, R. M.; BECKER JR.; BRAUNER, M. R. G. Fatores motivacionais que influem na aderência dos
programas de iniciação desportiva pela criança. Roberto Mário Scalan (org). Revista Perfil, Porto Alegre,
1999.
__________. A psicologia do esporte e a criança/ Roberto Mário Scalan (org). – Porto Alegre: EDIPUCRS,
2004.
www.campeoesdofutebol.com.br //FIFA acessado em 26/06/12, às 20h10min
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7. ANEXOS
Os anexos deste estudo correspondem a:
Anexo 1: questionário aos inscritos desistentes............................................................ 33
Anexo 2: questionário aos pais dos desistentes............................................................ 34
Anexo 3: questionário ao treinador.............................................................................. 35
Anexo 4: carta de apresentação.................................................................................... 36
Anexo 5: termo de consentimento aos questionados.................................................... 37
Anexo 6: declaração aos questionados......................................................................... 38
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Anexo 1: questionário aos inscritos desistentes.
QUESTIONÁRIO A SER RESPONDIDO POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE
TREINAVAM NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE E DESISTIRAM DO
TREINAMENTO
PÚBLICO ALVO: 12 alunos desistentes do treinamento
TREINADOR: Ricardo de Freitas.
ENTREVISTADORA: Ângela Thomas.
Nome:
Idade:
Escolaridade:
Filiação:
1. Lembra a idade e a data em que iniciou o treinamento na Escolinha La Salle?
2. Quais foram os motivos que o levaram a desistir da escolinha de Futsal La Salle?
3. Gostaria de prestar mais alguns esclarecimentos a respeito de sua desistência?
4. Lembra a idade e a data em que deixou o treinamento na Escolinha La Salle?
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Anexo 2: questionário aos pais dos desistentes.
QUESTIONÁRIO A SER RESPONDIDO PELOS PAIS DAS CRIANÇAS E
ADOLESCENTES QUE DESISITIRAM DO TREINAMENTO
NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE
Nome do(a) Entrevistado(a):
Nome do Esportista em questão:
Nome do treinador: Ricardo de Freitas.
Entrevistadora: Ângela Maria Thomas.
1. O (A) senhor (a) sabe os motivos que levaram seu filho a desistir do treinamento na
Escolinha de Futsal La Salle?
2. 2. O (A) senhor (a)gostaria de prestar mais informações a respeito da desistência do seu filho
ao treinamento na Escolinha de Futsal La Salle?
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Anexo 3: questionário ao treinador.
Nome do Treinador: Ricardo de Freitas
Formação: não tem formação em educação Física. É credenciado pelo CREFERS.
Documento de Inscrição do CREFERS: 3675
Escolinha: Escolinha de Futsal La Salle
Nº de Esportistas: 56
Nº de Desistentes: 12
Objetivos da Escolinha: promover o intercâmbio social, a autonomia e a solidariedade
através do futsal; promover a aprendizagem em grupo, a cooperação e a parceria;
incentivar o futsal como fonte alternativa ao não uso das drogas e da ociosidade,
estimulando a vida saudável; proporcionar a oportunidade à participação em eventos
esportivos como torneios, jogos de integração, viagens de intercâmbio; combater a
evasão escolar e minimizar o índice de repetência; estimular a prática regular de
atividades físicas; promover a descontração e o relaxamento físico e mental.
Entrevistadora: Ângela Maria Thomas
1. Quais são as preocupações do treinador na Escolinha de Futsal La Salle?
2. O que levou alunos a desistirem das aulas treinos na Escolinha de Futsal La Salle?
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Anexo 4: carta de apresentação.
Ijuí, 13 de junho de 2012.
CARTA DE APRESENTAÇÃO
A acadêmica do curso de Educação Física da Unijuí, Ângela Maria Thomas, está
matriculada no componente curricular, TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, neste
semestre. A acadêmica pretende desenvolver sua pesquisa na Escolinha de Futsal La Salle Cerro Largo.
Neste sentido ficamos muito gratos pela oportunidade de a acadêmica Ângela Maria
Thomas desenvolver sua pesquisa, a qual consta das seguintes informações:
Tema da pesquisa: A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA ESCOLINHA DE FUTSAL
LA SALLE: DESISTÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
Orientador: Professor Leopoldo Schonardie Filho
Sujeitos da Pesquisa: Ex-alunos da Escolinha de Futsal La Salle - Cerro Largo, Pais e
Instrutor Técnico.
Prof. Paulo Carlan
Responíável pela disciplina do TCC
CAMPUS IJUÍ: Rua São Francisco, 501 - C. Postal 560- Fone - Fax (055) 332-7100 ramal 417 ou 332-0417- IJUÍ-RS
CAMPUS SANTA ROSA: Rua Santa Rosa, 536- Fone: (055)512-5700-SANTA ROSA- RS
CAMPUS PANAMBI: Rua Rudi Franke, 540- Fone: (055)3754466- PANAMBI RS
CAMPUS TRÊS PASSOS: Rua Conde de Porto Alegre, 325 - Fone: (055) 522-2122 . TRÊS PASSOS - RS
NUCLEO LINIVERSITARTO SANTO AUGUSTO: RuaMoisés Viana, 426 Fone: (055)7811512 SANTO AUGUSTO - RS
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Anexo 5: termo de consentimento aos questionados.
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto:
A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE:
DESISTÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS.
Eu, ÂNGELA MARIA THOMAS, RG 530460 , vinculado à UNIJUI – Universidade
Regional do Noroeste do Estado, como aluna do curso de Educação Física, estou realizando
um estudo sobre índice e fatores que levam a criança e o adolescente a desistirem do
treinamento na Escolinha de Futsal LA SALLE, em Cerro Largo – RS.
O objetivo desta pesquisa se centra em “identificar, através de uma pesquisa ação
qualitativa e quantitativa, dos fatores que têm influenciado as crianças e adolescentes
inscritas na Escolinha de Futsal LA SALLE, da cidade de Cerro Largo – RS, a desistirem dos
treinamentos”.
A participação será condicionada pela disponibilidade em responder ao questionário
proposto, cujas questões compõem-se aspectos variados relacionados ao ponto de vista dos
envolvidos quanto à desistência das crianças e adolescentes no treinamento da Escolinha de
Futsal La Salle. A ação de responder ao questionamento se dará num tempo aproximado de
uma hora (1h.). Assim, a pesquisa descritiva tratará da descrição da realidade do grupo em
pesquisa visando examinar aspectos variados de sua vida, bem como buscar saber que razões
levam as crianças a buscarem essas atividades, se as mesmas tem influência em seu
comportamento ou atitudes.
A vantagem de participação no estudo se dá pela oportunidade em participar de uma
pesquisa que oportunizará a pesquisadora o entendimento das reais influências que têm
levado crianças e adolescentes a desistirem de uma prática capaz de promover mobilidade,
equilíbrio, atenção à cobertura ofensiva e defensiva, num espaço de aprendizagem e
evolução. Além disso, permitirá que se conheçam os resultados da investigação e que se
colabore com a ciência e se dê relevância ao conhecimento constituído pela pesquisa.
As informações serão mantidas em sigilo, sendo utilizadas somente para este estudo.
O anonimato será, igualmente, garantido e, existe garantia de total liberdade de desistência à
participação, bem como, de direito à escolha das questões a serem respondidas, caso alguma
não esteja em conformidade com as expectativas do questionado.
O acompanhamento se dará pela acadêmica Ângela Maria Thomas, a qual estará à
disposição dos questionados para os devidos esclarecimentos.
Solicita-se, nestes termos, autorização para o uso dos dados na produção da pesquisa,
dos artigos técnicos e científicos. E agradece-se à participação e a colaboração dos
questionados.
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DECLARAÇÃO
Declaro que fui informado(a) sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi
de forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a
meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que, neste estudo, as medições dos
experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim.
Declaro que fui informado(a) de que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Nome por extenso________________________________
______________________________
Assinatura do(a) entrevistado(a)
________________________
Assinatura da Entrevistadora
Cerro Largo ____/____/2012.
CONTATOS: Ângela Maria Thomas
Fone: (55) 96190252
email: ([email protected])
Endereço: Rua Senador pinheiro Machado, 400
97.900.000 Cerro Largo - RS
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Anexo 6: declaração aos questionados.
APÊNDICE
Esta Declaração Pública, entregue a cada participante da pesquisa, quando do início
das entrevistas, garante sigilo de identidade, e compromisso com o TCC.
DECLARAÇÃO
Declaro publicamente, para os devidos fins e efeitos, que eu, Ângela Maria Thomas,
acadêmica do Curso de Educação Física, na UNIJUI –RS, portadora do RG 530460,
vinculado à UNIJUÍ, estou realizando uma pesquisa sobre índice e fatores que levam a
criança e o adolescente a participar ou desistirem do treinamento na Escolinha de Futsal LA
SALLE, em Cerro Largo – RS. Esta pesquisa visa a realização do Trabalho de Conclusão de
Curso. E que as pessoas que optaram por colaborar com este estudo e fornecer informações e
opiniões, terão garantido o sigilo de suas identidades, sob qualquer condição.
Este cuidado serve para garantir total tranquilidade aos informantes; veracidade às
informações declaradas e certeza de que nenhuma informação dada possa prejudicar ou
comprometer os participantes da pesquisa. Além disso, declaro que não há interesse, da
pesquisa e desta pesquisadora, em divulgar nomes de pessoas ou das instituições
investigadas.
Por ser verdade, assino e dou fé.
Cerro Largo, ____ de ___________ ,de 2012.
________________
Ângela Maria Thomas
Acadêmica do Curso de Educação Física UNIJUÍ - RS
Fone: (55) 96190252
email: ([email protected])
Endereço: Rua Senador pinheiro Machado, 400
97.900.000 Cerro Largo - RS
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ÂNGELA MARIA THOMAS_ TCC - Biblioteca Digital da UNIJUÍ