OBJETIVOS DE UM TEXTO DISSERTATIVO Além de selecionar um ponto de vista, outro requisito importante na composição de uma dissertação é determinar o objetivo do texto. O autor, ao escrever um texto, deve ter claramente definido o que pretende desenvolver. Suponhamos que o assunto de seu texto seja favelas. Inicialmente, você deve selecionar o ponto de vista, isto é, o foco a partir do qual será desenvolvido o texto. Observe alguns pontos de vista possíveis: · a formação das favelas; · a violência presente nas favelas; · a ação policial nas favelas; · a ausência de uma política habitacional para solucionar o problema das favelas, · etc. Selecionado o ponto de vista, você deve pensar o que pretende com o texto. 'Digamos que você selecionou o seguinte ponto de vista: a formação das favelas. Com base nesse ponto de vista, você pode desenvolver o texto de acordo com um dos seguintes objetivos: · descrever (mostrar, apresentar) as várias formas como se organizam as favelas; · analisar (enumerar, discutir) as principais causas da formação de favelas; · apontar e comentar o êxodo rural como a principal causa da formação de favelas; · discutir o baixo poder aquisitivo da população como elemento desencadeador da formação de favelas. De acordo com o objetivo selecionado, você irá desenvolver o texto. É evidente que esse objetivo deve constituir-se no elemento monopolizador de suas reflexões. Em torno dele e a partir dele, o texto será estruturado. Em todo ato de escrita, coexistem duas atividades mentais: síntese e análise. Ao escrever, você parte de uma síntese (objetivo), que é desdobrada em suas partes pela análise. Veja a concretização desse processo mental no texto a seguir. Assunto: Educação. Ponto de vista: A importância da educação no desenvolvimento econômico do Brasil. Objetivo: Refletir sobre a importância da educação na formação de mão-de-obra qualificada, condição essencial para o desenvolvimento econômico do Brasil. Construir o saber Neste fim de século XX, depois de perder todas as oportunidades históricas anteriores, o Brasil precisa mais do que nunca tratar a educação básica como investimento indispensável a qualquer país que pretenda um lugar no mundo moderno. Porque nunca a educação foi tão decisiva para construir uma economia próspera e uma democracia participativa, fundada no pacto dos cidadãos. A informática e a automação criaram um cenário de competição internacional em que, tanto para os produtores de tecnologia como para seus consumidores, se exige cada vez mais competência cognitiva de nações inteiras. Elas sepultaram o axioma marxista de que o avanço da tecnologia desqualificaria a mão-de-obra. Aconteceu o contrário. As formas de produção pedem trabalhadores com habilidades técnicas superiores à medida que, promovida a fator essencial da competitividade, a inovação tecnológica sai dos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento para o chão das fábricas. Também a velocidade na mudança de produtos e na maneira de fazê-los ameaça a supremacia das grandes empresas em favor das pequenas ágeis e versáteis. Cai o valor das matérias-primas e da energia. Aumenta o do trabalho. Esfarelam-se as vantagens dos países de modelos econômicos baseados no uso intensivo de mão-de-obra barata e não qualificada, no uso predatório de matérias-primas abundantes. Neste mundo novo, a sobrevivência econômica está ligada, como jamais esteve, à competência da mãode-obra e até dos consumidores - portanto, de populações inteiras. A educação fundamental quer dizer, o ensino universalizado e eficaz do idioma, da matemática, das ciências virou condição prevalente do desenvolvimento econômico. Sérgio Costa Ribeiro, Veja 25 anos - Reflexões para o futuro. São Paulo, Abril Cultural, 1993