António dos Santos João Abordagens à Aprendizagem dos alunos do Ensino Secundário Geral em Escolas Moçambicanas: Estudo realizado na Escola 12 de Outubro, cidade de Nampula. Universidade Pedagógica Maputo 2012 i António dos Santos João Abordagens à Aprendizagem dos alunos do Ensino Secundário Geral em Escolas Moçambicanas: Estudo realizado na Escola 12 de Outubro, cidade de Nampula. Dissertação a ser apresentada à Faculdade Ciências de Educação e Psicologia, como Condição parcial para a obtenção do grau Académico de Mestrado em Educação/Psicologia Educacional, sob orientação da Supervisora: Profª. Doutora Bendita Donaciano Universidade Pedagógica Maputo 2012 ii Folha de aprovação iii Índice Conteúdo Página Lista de Quadros e tabelas ...................................................................................................................... vi Lista de Siglas e Abreviaturas ................................................................................................................. vii Declaração ............................................................................................................................................. viii Dedicatória .............................................................................................................................................. ix Agradecimentos ....................................................................................................................................... x 0 - Introdução .......................................................................................................................................... 1 0.1- A Problemática ............................................................................................................................ 1 0.2- Os objectivos .................................................................................................................................... 3 0.3- Hipóteses.......................................................................................................................................... 4 Hipótese nula (HO): ............................................................................................................................. 4 Hipótese alternativa (H1): ................................................................................................................... 4 0.4 - Justificativa ...................................................................................................................................... 5 0.5 – Estrutura do trabalho ..................................................................................................................... 7 CAPITULO I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO .............................................................................................. 8 1.1. Abordagens sobre aprendizagem e seu significado ................................................................ 8 1.2. Abordagem superficial ................................................................................................................... 10 1. 3. Abordagem profunda .................................................................................................................... 10 1.4. Abordagem de sucesso .................................................................................................................. 11 1.5. Aprendizagem significativa ............................................................................................................ 11 1.6. Aprendizagem construtiva ............................................................................................................. 15 1.7. Concepções de aprendizagem ....................................................................................................... 15 1.8. Eventos de aprendizagem .......................................................................................................... 20 1.9. Resenha histórica do conceito abordagens à aprendizagem dos alunos .................................. 21 1.10. Importância da aprendizagem ................................................................................................. 25 1.11. Resultados da aprendizagem ................................................................................................... 26 1.12. O papel da escola na aprendizagem dos alunos ...................................................................... 28 iv 1.13. O acto de estudar e aprender nos alunos ................................................................................ 29 1.14. Como organizar o tempo de estudo ........................................................................................ 30 1.15. Como tornar o estudo mais produtivo ..................................................................................... 30 1.16. Como o aluno deve proceder na sala de aula .......................................................................... 31 1.17. A instrução e o papel do professor segundo Gagné ................................................................ 32 1.18. A instrução e o papel do professor segundo BRUNER ............................................................. 34 1.19. A aprendizagem segundo Rogers ............................................................................................. 34 1.20. Aplicação das teorias de aprendizagem ................................................................................... 35 1.21. Informações do País a cerca do Ensino Secundário Geral ....................................................... 36 1.21.1. Estratégia do Ensino Secundário Geral ............................................................................. 36 1.22. Estudos realizados em Moçambique sobre a educação no país .............................................. 38 1.23. A situação da educação e aprendizagem dos alunos nos países em desenvolvimento .......... 39 1.23.1. Tendências e barreiras que afectam o ensino secundário na África subsariana .................. 40 CAPÍTULO II: QUADRO METODOLÓGICO .............................................................................................. 42 2. 1. Método da pesquisa .................................................................................................................. 42 2.2.Tipos de pesquisa ........................................................................................................................ 42 2.3. Procedimento e instrumentos de colecta de dados .................................................................. 43 2.4. Sujeitos e amostra da pesquisa .................................................................................................. 44 CAPÍTULO III – RECOLHA, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS DO ESTUDO ..... 46 Quadro I: Número de reprovações dos alunos envolvidos no estudo .............................................. 46 Quadro II: Competência Geral dos alunos do ensino secundário submetidos ao estudo ................ 47 Quadro III – Tempo de estudo dos alunos em casa .......................................................................... 47 Quadro V – Planificação do tempo de estudo e de outras actividades ............................................ 49 Quadro VI – Horário de estudo e avaliação das actividades realizadas ............................................ 50 Quadro VII – Estratégias de estudo usadas pelos alunos.................................................................. 51 Quadro VIII – Estratégias de estudo (cont.) ...................................................................................... 51 Quadro IX – Estratégias de estudo usadas pelos alunos (cont.) ....................................................... 52 v Quadro X – estratégias de estudo usadas pelos alunos (cont.) ........................................................ 53 Quadro XI – Estratégias de estudo usadas pelos alunos (cont) ........................................................ 53 Quadro XI – Estratégias de estudo usadas pelos alunos (cont) ........................................................ 54 Quadro XII – Habilitações (escolaridade) dos pais dos alunos .......................................................... 55 3.1. Correlações entre variáveis ........................................................................................................ 55 Quadro XVII – Resultados de correlação entre abordagens, motivação e classificações ................. 58 CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO, CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO E LIMITAÇÕES ........................................... 60 4.2 - Contribuições do estudo ............................................................................................................... 62 4.3 - Limitações do estudo .............................................................................................................. 63 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 66 APÊNDICES ............................................................................................................................................ 71 Apêndice I: Bateria de inquérito sobre processos de aprendizagem ............................................... 75 Apêndice II: Correlação entre variáveis sig. (2-talled) ...................................................................... 82 Anexo III: Quadros de resultados do trabalho de campo ..................................................................... 83 Quadro IV – Notas dos alunos na disciplina de Português................................................................ 83 Quadro XIII – Nota do aluno V Cumprimento do plano de estudo ............................................... 83 Quadro IVX- Nota a Português V correcção de provas para saber onde errou e prever a nota que vai ter. ........................................................................................................................................... 84 Quadro XV – Nota a Português V Compreensão das matérias, elaboração de apontamentos, resumos e resolução de exercícios................................................................................................ 85 Quadro XVI – Tempo de estudo V Estudo diário ou revisão frequente da matéria...................... 86 vi Lista de Quadros e tabelas Tabela 1 – Fases e processos internos de eventos de aprendizagem ----------------------------20 Tabela 2 – Estimativa de n da (amostra) em função do N da (população) --------------------45 vii Lista de Siglas e Abreviaturas PEEC – Plano Estratégico da Educação e Cultura MEC – Ministério da Educação e Cultura ESG – Ensino Secundário Geral SNE – Sistema Nacional de Educação PCESG – Plano Curricular do Ensino Secundário Geral SNE – Sistema Nacional de Educação SNC – Sistema Nervoso Central TPC – Trabalho Para Casa DESG – Diagnόstico do Ensino Secundário Geral MESCT - Ministério do Ensino Superior Ciência e Tecnologia INDE – Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação QPA – Questionário de Processos de Aprendizagem LPQ – Learning Process Questionnaire SPQ – Students Process Questionnaire SAL – Students Approaches to learning PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. CPLP – Comunidade dos países de língua oficial Potuguesa ODM – Objectivos do Milénio CE – Comissão Europeia UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. ZDA – Zona de desenvolvimento Actual ZDP – Zona de Desenvolvimento Próximo viii Declaração Declaro que esta Dissertação de Mestrado é resultado do meu esforço, minha investigação pessoal e das orientações da minha supervisora; o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas de rodapé e na bibliografia. Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a obtenção de qualquer grau académico. Maputo, ---------------- de ------------------------------ de 2012 Assinatura do candidato ----------------------------------------------------------António dos Santos João ix Dedicatória Dedico aos meus pais que me educaram e me ensinaram a trabalhar com esforço, humildade e paciência para conseguir desenvolvimento pessoal e profissional. Aos meus filhos que me fazem pensar sobre a tão disputada e difícil vida de hoje. x Agradecimentos Muito especialmente à Profª. Doutora Bendita Donaciano, Pró-Reitora da Universidade Pedagógica para a Graduação, minha supervisora, a quem fico a dever pelo comprometimento, dedicação, interesse, paciência e orientação cuidadosa durante a produção desta dissertação. Mas também e sobretudo, pelo facto de ter criado um ambiente psicológico favorável e agradável a um estudante em aprendizagem, que, nos momentos de incerteza que se abriam sobre mim, foi sugerindo e orientando alterações que permitiram pouco a pouco compreender sobre o quê e como podia fazer ao longo do processo da pesquisa mesmo à distância e antes de ter- me conhecido. Ao Prof. Doutor Lucas Mangrasse, o então Director Adjunto Pedagógico da UP, Delegação de Nampula, pelos conselhos e encorajamento que proporcionou em mim, para concorrer ao curso de Mestrado e pelo parecer favorável a meu favor expresso em carta de recomendação. Ao Prof. Doutor Leandro Santos Almeida, grande ilustre, da Universidade do Minho, Portugal, pelos ensinamentos e ferramentas básicas em matérias de Psicometria, donde aprendi o processo de construção, adaptação e validação de instrumentos de Coleta de dados e o alfabeto do programa SPSS. E pelo seu perfil e espírito profissional na sua forma de se relacionar e de trabalhar com os estudantes. Ao Prof. Doutor Pedro Rosário, também da Universidade do Minho, Portugal, pela sugestão valiosa e por ter-me colocado o desafio de trabalhar um assunto de pesquisa como este. E ainda pelas orientações preliminares que permitiram começar com o trabalho de pesquisa nesta temática. Ao Prof. Doutor Luís Ventura Bila, pelos ensinamentos e conselhos sobre como crescer academicamente e profissionalmente fazendo muita leitura como instrumento chave para esse objectivo. Aos professores do curso de Mestrado cujas aulas participei, por terem fornecido ferramentas científicas e éticas sobre uma nova maneira de interpretar e explicar os fenómenos da vida e sobre a maneira de exercer a profissão de professor tendo em conta as dinâmicas e os desafios actuais. xi A minha esposa, Maria de Lurdes Pedro Salia, pela ajuda, paciência e compreensão das minhas ausências em muitos meses de viagens que foram acontecendo alternadamente para frequentar as aulas das cadeiras curriculares. Aos meus filhos e sobrinhos, por terem conseguido suportar as dificuldades de vária ordem que surgiam na sequência e durante as minhas ausências em dois anos, período no qual grande parte de tempo dediquei me à vida de um estudante. Aos meus irmãos (Amélia e Januário em memória), Vasco e Elisa, pelo encorajamento e vontade que demonstram em me ver a progredir com sucesso na vida académica. Aos colegas da turma, Faque e Window por tudo o que juntos partilhamos e construímos durante a nossa vida de aprendizagem no curso de Mestrado. A Direcção da Escola Secundária 12 de Outubro, cidade de Nampula, por ter autorizado e criado condições para que o processo de recolha de dados fosse passível. Aos alunos da 10ª classe da escola 12 de Outubro, cidade de Nampula, envolvidos no estudo, pela colaboração e participação valiosas e necessárias para a pesquisa. xii Resumo Abordagens à aprendizagem é um conceito que exprime a forma como os alunos se relacionam com as tarefas de aprendizagem e se envolvem nesse processo. É uma variável composta por concepções, tipos de motivação e estratégias usadas pelos alunos. Descreve a relação estabelecida entre o aluno e uma tarefa específica de aprendizagem. A aprendizagem dos alunos é caracterizada por dimensões: motivação, estratégia e abordagens (superficial, profunda e de sucesso ou alto rendimento). Nos últimos anos, numa linha cognitivoconstrutivista do ensino e aprendizagem, tem se destacado com ênfase o trabalho e o papel do aluno na aprendizagem. As abordagens ao estudo (Biggs, 1990) e as estratégias de autoregulação da aprendizagem (Zimmerman, 1990) “apud” Rosário (2006:174) exemplificam essa perspectiva de análise. Os alunos mais eficientes na aprendizagem adoptam estratégias mais activas nas diferentes exigências dos contextos e tarefas de aprendizagem. Neste estudo, tomando uma amostra de 280 alunos 10ª classe do ensino secundário moçambicano submetidos ao estudo, concretamente da (Escola secundária 12 de Outubro, cidade de Nampula), e usando metodologia do enfoque quantitativo, procurei conhecer as estratégias de aprendizagem mais usadas e a sua correlação com as classificações e competências escolares. O propósito geral da pesquisa foi analisar a situação de aprendizagem dos alunos em escolas moçambicanas para propor estratégias de estudo que ajudem os alunos a melhorarem a aprendizagem no ensino secundário. Os objectivos específicos foram: a) Descrever as estratégias que os alunos usam para sua aprendizagem; b) Identificar factores que intervêm (impedindo ou favorecendo) a aprendizagem em casa e no espaço escolar; c) Relacionar as abordagens teóricas de aprendizagem com as práticas dos alunos no contexto das escolas moçambicanas. As correlações que surgiram entre as diferentes abordagens ao estudo ou as estratégias de aprendizagem com as classificações escolares, o tempo de estudo, mesmo que estatisticamente se mostrem significativas, elas foram reduzidas. A questão de partida que orientou a pesquisa foi: como explicar o fenómeno de fraca competência dos alunos do ensino secundário em escolas moçambicanas. O enfoque quantitativo foi o método que usei com recurso ao SPSS para a análise de dados, tendo usado a bateria do tipo Likert, para a colecta de dados empíricos. Os resultados sugerem que é preciso ensinar aos alunos do secundário as estratégias de estudo e planificação do tempo de estudo como algumas das medidas que podem contribuir para melhorar a aprendizagem dos alunos em Moçambique. Palavras-chave: Abordagens à aprendizagem, estratégias de estudo, planificação do tempo, aprendizagem significativa e aprendizagem construtiva. xiii Abstract Approach to learning is a concept that expresses the way students relate to the learning tasks and engage in this process. It is composed of variable concepts, types of motivation and strategies used by students. Describes the relationship between the student and learning a specific task. Student learning is characterized by dimensions: motivation, strategy and approaches (superficial, deep and successful or high yield). In recent years, an online cognitive-constructivist teaching and learning has emerged emphasizing the work and role of the student in learning. The approaches to the study (Biggs, 1990) and the strategies of selfregulated learning (Zimmerman, 1990) apud Rosary (2006:174) exemplify this analysis perspective. Students adopt more efficient learning strategies more active in different contexts and demands of learning tasks. In this study, using a sample of 280 students 10th grade high school Mozambican submitted to the study, namely the (School 12 October, the city of Nampula), and using the methodology of the quantitative approach, I sought to know the learning strategies most used and their correlation with the classifications and educational skills. The overall purpose of the research was to analyze the situation of student learning in Mozambican schools. The specific objectives were: a) Describe the strategies that students use for their learning, b) identify factors involved (favoring or impeding) learning at home and at school; c) Relate the theoretical learning with the practices of students in the context of Mozambican schools. The correlations that emerged between the different approaches to studying or learning strategies with school grades, study time, even though statistically prove significant, they were reduced. The initial question that guided the research was: how to explain the phenomenon of weak competence of secondary school students in Mozambican schools. The quantitative approach was the method I used to using SPSS for data analysis, and used a Likert-type battery, for the collection of empirical data. The results suggest that we need to teach high school students the strategies of study and planning of study time as some of the measures that can contribute to improving student learning in Mozambique. Keywords: approaches to learning, study strategies, planning time, meaningful learning and constructive learning. 1 0 – Introdução Tradicionalmente e num sentido mais geral, a questão da aprendizagem humana é básica e universal, apesar disso, os académicos se preocupam mais em investigar aspetos como: desenvolvimento intelectual, socialização, o comportamento, a motivação e o carácter dos estudantes. Mas nos últimos anos, o horizonte a cerca dos constructos a investigar se alargou, por isso, os processos de aprendizagem que caracterizam a qualidade dos estudantes do nível secundário se tornaram objeto de estudo importante e relevante no contexto internacional (Valadas, 2007). O objeto de estudo nesta Dissertação são as abordagens à aprendizagem e métodos de estudo na explicação do desempenho e do rendimento académico no ensino secundário moçambicano. O atendimento às novas exigências do mercado de trabalho, caracterizado por transformações sociais, tecnológicas e ambiente de competitividade, exige que os alunos e técnicos que se formam actualmente tenham conhecimentos e competências de qualidade. Além disso, é o facto de que um dos grandes desafios moçambicanos é promover o desenvolvimento sustentável, económico e social em todo o país. Uma das condições para enfrentar com sucesso esse desafio nacional é termos no país pessoas escolarizadas dotadas de competências para discutir, interpretar, planificar, organizar e executar na base de conhecimentos e experiências cientificamente consistentes. O tema para essa discussão nesta dissertação é: Abordagens à Aprendizagem dos alunos do Ensino Secundário Geral em Escolas Moçambicanas: Estudo realizado na Escola 12 de Outubro, cidade de Nampula. 0.1- A Problemática da pesquisa Quando se analisa a situação da aprendizagem dos alunos, há muitos factores que se apontam, por isso, o problema da pesquisa situa-se no facto de que nos últimos anos em Moçambique de forma geral, e particularmente na cidade de Nampula, a situação de aprendizagem dos alunos do ensino secundário geral nas escolas públicas é questionada. Todos vivem se queixando do trabalho das escolas. Pais e encarregados de educação não andam satisfeitos, reclamam que as escolas não estão a funcionar como deviam e duvidam as competências dos alunos. Os pais e encarregados de educação estão preocupados porque os alunos nas escolas tiram resultados que não satisfazem: revelam muitas limitações, escrevem com muitos erros, não conseguem explicar ou interpretar conceitos e conteúdos básicos da classe que frequentam, as notas que conseguem em testes e exames finais não encorajam, a situação da 2 aprendizagem deles não permite confiança, muitos deles não mostram dedicação nem preocupação pelos estudos. Sucede porém, que os alunos sabem do direito e das obrigações que têm para se dedicarem ao estudo. Os professores sempre falam exigindo que os alunos estudem mas, não parece que ensinam as estratégias de estudo nem a forma de planificar o tempo de estudo. Como consequência, o fenómeno de fraca competência dos alunos persiste em nossas escolas. As taxas de aprovação no fim de um ano académico ou lectivo podem ser maiores ou elevadas sob ponto de vista estatístico, muitas das vezes conseguidas na segunda época dos exames, mas numa vista prática e crítica parece não reflectirem competências necessárias que deviam se traduzir em conhecimentos sólidos e domínio considerável na interpretação dos conteúdos aprendidos pelos alunos por suas próprias palavras. No fim do ano lectivo de 2011 em algumas escolas secundárias e em diferentes províncias do país, de acordo com informações reportadas pela STV nos dias 8 e 9 do mês de Dezembro daquele ano, aconteceu que muitos dos alunos da 10ª classe que tinham sido submetidos aos exames nessas escolas tinham reprovado na primeira época. Essa situação aumentou a desconfiança que os encarregados de educação de forma geral têm sobre a qualidade do ensino e de aprendizagem em Moçambique. A temática sobre aprendizagem dos alunos no nosso país tem sido objecto de debate em vários órgãos de comunicação social e em seus diferentes programas. Estudos realizados como por exemplo, o denominado “Barómetro da educação básica em Moçambique”, de autoria de CASTIANO, NGUENHA & GURO (2012) concluiram que a qualidade da educação no nosso país está cada vez mais baixa porque os pais e encarregados de educação demitiram-se do seu papel nos serviços da educação porque não participam. Inferiram ainda que os alunos em Moçambique sabem ler e escrever muito tarde. Outros estudos indicam que a qualidade da educação é baixa porque o critério para a indicação ou nomeação dos gestores das instituições escolares é por confiança e não por competência, por isso, muitos deles não correspondem com as exigências das dinâmicas para que a educação tenha qualidade necessária. Nota-se desfasamento entre os conhecimentos e a prática. O problema relacionado com a aprendizagem dos alunos chegou nos níveis em que os encarregados de educação acusam os professores que não trabalham, exercem sua actividade docente superficialmente e não se preocupam em fazer o melhor da sua profissão. E os 3 professores por sua vez sentindo-se pressionados com o seu trabalho, atribuem culpa aos fazedores de currículos e políticas educacionais e aos modelos de formação de professores como aspectos que fragilizam o ensino em Moçambique. Eles reclamam que na sua maioria as condições de trabalho não são boas: trabalham com turmas numerosas, leccionam em salas sem ou com poucas carteiras, em turmas ao relento (de baixo das árvores), falta de material didáctico (livros), exigências de percentagens maiores para embelezar as estatísticas e pressão no cumprimento de programas de ensino. Os professores também, andam descontentes com os salários que recebem mas que não lhes permitem viver condignamente: não conseguem ter boa alimentação, vivem em habitações precárias, muitos deles não têm transporte, não conseguem ter reservas financeiras para a realização de projectos de vida pessoal e não fazem o uso de bens de qualidade. Quando estão diante de uma turma, percebem que os alunos têm dificuldades. Porém, cercados por dificuldades de vária ordem e de todos os lados, os professores se sentem cansados, desmotivados, desanimados e a situação de aprendizagem torna-se cada vez mais baixa nas nossas escolas. Neste rol de situações ou factores que enfraquecem a aprendizagem dos alunos há poucas reflexões feitas sobre a responsabilidade que o aluno do ensino secundário tem para a sua própria aprendizagem e as estratégias que usa no seu estudo bem como o nível do seu comprometimento nesse processo. A partir destas constatações surge a seguinte questão de partida para a pesquisa: Como explicar o fenómeno de fraca competência dos alunos do ensino secundário na construção de conhecimentos e significados decorrentes do processo de aprendizagem em escolas moçambicanas? Esta questão de partida é reforçada por outras à ela subordinas como por exemplo: como é que os alunos do ensino secundário se envolvem nos estudos? Como encaram a tarefa de aprendizagem escolar? Como planificam e cumprem o tempo de estudo? Que estratégias usam para a sua aprendizagem? Que factores podem justificar a fraca competência dos alunos? E como melhorar a aprendizagem dos alunos no ensino secundário moçambicano. 0.2- Os objectivos A finalidade neste trabalho aponta como objectivo geral: Analisar a situação da aprendizagem dos alunos do Ensino Secundário Geral sobre como eles abordam a aprendizagem e que concepções têm sobre esse processo para 4 propor estratégias de estudo e actividades que ajudem aos alunos a melhorarem a aprendizagem no Ensino Secundário Geral Moçambicano. E como objectivos específicos: Descrever as estratégias que os alunos usam para a sua aprendizagem. Identificar os factores que intervêm na aprendizagem dos alunos em casa e na escola. Relacionar as abordagens teóricas da aprendizagem com as práticas dos alunos no contexto das escolas moçambicanas. 0.3- Hipóteses Como tentativa de respostas ao problema foram formuladas algumas hipóteses, tendo em conta a metodologia com enfoque quantitativo e recurso ao programa SPSS. Hipótese nula (HO): O fenómeno de fraca competência na construção de conhecimentos e significados pelos alunos do Ensino Secundário Geral em Moçambique, não está associado a falta de aplicação de estratégias de estudo e planificação do tempo de estudo por parte dos próprios alunos. Hipótese alternativa (H1): O fenómeno da fraca competência na construção de conhecimentos e significados pelos alunos do Ensino Secundário Geral em Moçambique, está associado a falta de aplicação de estratégias de estudo e planificação do tempo de estudo por parte dos próprios alunos. Variáveis Segundo ALMEIDA & FREIRE (2007:53) O conceito variável significa característica a ser estudada para testar a hipótese, identifica-se com o factor determinante ou interveniente, ou ainda como factor determinado numa pesquisa. E ainda, as variáveis podem ser explicadas como realidade observável, por isso, assumem-se como indicadores do construto a ser avaliado. Nesse sentido as variáveis estudadas foram as seguintes: a) Dependente: aprendizagem; b) Independentes: sexo, número de reprovações, idade do aluno, habilitações escolares dos pais, competência geral, competências a Matemática e a Português, tempo de estudo, estratégias de estudo, planificação do tempo de estudo, notas dos alunos, a motivação do aluno, atitudes em relação ao estudo e atitudes em relação as avaliações. Estas variáveis enquadram-se num dos modelos tradicionais de investigação em Psicologia e Educação, o 5 modelo correlacional, cujo objectivo é, sobretudo, quantificar e relacionar as dimensões psicológicas. 0.4 - Justificativa A relevância e importância deste estudo justificam-se pelo facto de ele enquadra-se no tema geral da educação, versando particularmente sobre abordagens à aprendizagem dos alunos do ensino secundário moçambicano e vai contribuir para aprofundar a análise sobre a situação e qualidade da aprendizagem dos alunos no país nos aspectos relacionados com o envolvimento e responsabilidade dos próprios alunos nas actividades de aprendizagem e sugerir alternativas de intervenção para melhorar. O contexto moçambicano na área da educação, concretamente no Ensino Secundário Geral, é caracterizado por escassez ou insuficiência de recursos didácticos, por exemplo: livros, meios tecnológicos e outros; pouca produção do conhecimento (investigação) por parte dos professores e alunos, limitadas competências dos alunos na interpretação científica dos factos e nas actividades de aprendizagem. Contudo, há esforços que estão sendo desenvolvidos para melhorar esse aspecto ao nível das instituições académicas e educacionais. O Ensino Secundário Geral é um subsistema do Sistema Nacional de Educação (SNE) constituindo ponto de transição e preparação dos jovens para a continuação dos estudos noutros níveis, para a formação numa determinada área técnico-profissional ou socioeconómica ou ainda para o mercado de trabalho. A motivação da escolha do tema surge na sequência de experiências vividas enquanto estudante, e depois como professor e, por fim, como encarregado de educação. Com efeito, é durante a aquisição destas experiências e práticas que se entrou em contacto com situações de aprendizagem dos alunos, observando suas estratégias, atitudes, manifestações, motivações e seu envolvimento em relação as actividades de aprendizagem escolar. Constata-se que são poucos os alunos do Ensino Secundário Geral particularmente, que planificam e que percebem a necessidade ou as vantagens de planificar o tempo de estudo e outras actividades. São ainda poucos os que conhecem e usam as estratégias/técnicas de estudo. Sucede porém, que de forma geral, os professores não ensinam as estratégias/técnicas de estudo e nem ensinam a maneira de planificar o tempo para o estudo e outras actividades.Nesses termos o tema sobre abordagens à aprendizagem dos alunos torna-se relevante pelo facto de a aprendizagem ser um instrumento fundamental para o desenvolvimento do capital humano, condição necessária para a redução da pobreza no nosso 6 país. Moçambique precisa de pessoas preparadas e com conhecimentos seguros que possam trabalhar decisivamente na investigação, na produção e noutras actividades que o país precisa. As aspirações da sociedade moçambicana são de ter alunos activos e participativos nos processos de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento. Com efeito, a preparação dos jovens passa pelo desenvolvimento de competências orientadas para a produção do conhecimento, interpretação científica e contextualizada dos fenómenos e processos, com vista a sua integração bem-sucedida numa sociedade em mudanças rápidas e para novas exigências e dinâmicas do sector laboral como está acontecendo actualmente em todo o mundo. O Plano Curricular do Ensino Secundário Geral (PCESG, 2007:16), sobre o ensinoaprendizagem orientado para o desenvolvimento de competências para a vida refere que, A sobrevivência no mundo actual exige que as pessoas sejam capazes de resolver problemas complexos, adaptar-se a mudanças rápidas e saber viver com os outros. Nessa perspectiva, o currículo do Ensino Secundário Geral (ESG) pretende preparar os jovens para a vida, isto é, para aplicar os seus conhecimentos na resolução de problemas e para continuar a aprender ao longo da vida. Esse plano curricular pretende inverter o carácter enciclopédico que apesar dos esforços, ainda, de forma geral, continua a ser característica do ensino moçambicano. Para tornar possível essa intenção torna-se urgente e necessário entre muitas estratégias e medidas que se podem adoptar, investigar para posteriormente fazer intervenção sobre os processos de aprendizagem (estratégias de estudo e planificação do tempo de estudo) como alternativas que podem ajudar para melhorar a aprendizagem dos alunos. Isso mostra-se como uma das medidas viáveis e importantes para inverter a situação da aprendizagem dos alunos e de educação em Moçambique. Portanto, nesta dissertação para além dos aspectos que fragilizam a aprendizagem dos alunos actualmente em Moçambique, também, sugeri, que é possível ultrapassar esse fenómeno e diminuir as lacunas de aprendizagem e desenvolver as competências, ensinando aos alunos as estratégias de estudo e a importância da planificação do factor tempo para o estudo. Isso só pode ter resultados desejados se desenvolvermos nos alunos boas atitudes e boa motivação para o estudo. Sendo assim, a pesquisa vai ajudar a analisar o estágio actual da aprendizagem dos alunos; vai permitir a compreensão das abordagens e concepções que os alunos fazem e têm sobre a aprendizagem realizada na escola; vai aprofundar a compreensão dos factores que impedem as boas competências nos alunos, isto é, as razões do fracasso ao nível do aluno, as 7 consequências futuras desse fenómeno para os próprios alunos e para o futuro da sociedade moçambicana. Também vai permitir propor ideias sobre as estratégias ou as técnicas que podem ser adoptadas para melhorar, desenvolver e rentabilizar a aprendizagem dos alunos do ensino secundário; vai constituir um incentivo para os pais e encarregados de educação, professores e as autoridades educacionais, participarem nas actividades da escola e, continuarem a estabelecer mecanismos possíveis e adequados para minimizar os problemas de aprendizagem que os alunos enfrentam no nosso país. 0.5 – Estrutura do trabalho Em termos de estrutura esta dissertação para além da parte introdutória e conclusiva, tem três (3) capítulos: O primeiro é referente ao enquadramento teórico, no qual se faz referência a revisão de literatura de abordagens que diferentes autores fazem sobre a matéria em estudo servindo de base à concretização do estudo empírico. Também, apresenta sucessivamente informações do país a cerca da situação de aprendizagem dos alunos veiculada no plano estratégico do Ministério da Educação e Cultura (MEC) para o Ensino Secundário e depois informações que reportam a situação da educação em África e Europa fornecendo uma ideia do posicionamento de Moçambique em matérias da qualidade de aprendizagem dos alunos ou educação. O segundo dedica-se a apresentação dos aspectos relacionados com a Metodologia, o método e instrumentos de colecta de dados usados para a elaboração do trabal o destacando aspectos como: tipo de pesquisa, t cnica de colecta de dados, procedimentos na aplicação do instrumento, uni erso população (su eitos) da pesquisa e amostra O terceiro capítulo é sobre a análise e discussão dos resultados do estudo seguido de conclusão, contribuições e limitações do estudo e sugestões para melhorar a aprendizagem dos alunos no Ensino Secundário Geral. 8 CAPITULO I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO Neste capítulo constam informações teóricas de autores que escrevem sobre o assunto em análise ou escrevem conteúdos relacionados que permitem sustentar os resultados do estudo. 1.1. Abordagens sobre aprendizagem e seu significado FREIRE (2006:166) Explica a expressão “Abordagens à aprendizagem” como um conceito que se relaciona com os processos adoptados pelos alunos para realizarem suas tarefas de aprendizagem escolar. Constituem uma variável composta por concepções, tipo de motivação e estratégias utilizadas pelos alunos para o estudo. Portanto, as abordagens à aprendizagem são definidas como sendo a forma como os alunos encaram e se relacionam com os processos e produtos da aprendizagem. Ou se a, o conceito “abordagens à aprendizagem” descre e a relação estabelecida entre um aluno e uma tarefa de aprendizagem específica na qual esse aluno está envolvido (BIGGS, 2001, RICHARDSON, 2000 “apud” ROSÁRIO & ALMEIDA, 2005:46) Nos últimos anos, numa perspectiva construtivista tem-se destacado com ênfase o trabalho e papel do aluno na aprendizagem. As abordagens ao estudo (BIGGS, 1990) e as estratégias de estudo de auto-regulação da aprendizagem (ZIMMERMAN, 1990 “apud” ROSÁRIO, 2006:74) explicam essa perspectiva de análise. Os alunos mais eficientes na aprendizagem adoptam estratégias mais activas nas diferentes exigências dos contextos e tarefas de aprendizagem. Estudos realizados desde então como estes autores sugerem, têm confirmado a distinção entre uma abordagem profunda, na qual os alunos procuram alcançar uma compreensão pessoal do que estão a estudar, relacionando os novos assuntos com os seus conhecimentos prévios e com a sua experiência pessoal, e uma abordagem superficial que descreve um perfil no qual os alunos se contentam em reproduzir as informações recebidas, esforçando-se apenas por memorizar as que esperam vir a ser alvo de avaliação, sem se preocuparem em compreender o material a estudar (MARTON e SALJÖ, 1976 “apud” ROSÁRIO, 2005). As análises mais recentes como refere ROSÁRIO (2000:274) destacam o papel do aluno, mesmo reconhecendo a importância dos conteúdos curriculares, dos recursos educativos e das metodologias do ensino por parte dos professores. Nesse quadro como ainda refere o mesmo autor, tem-se alargado a investigação a propósito dos métodos de estudo ou estratégias de aprendizagem dos alunos.Tais comportamentos, em sentido lato, apresentam 9 uma estreita relação com a qualidade dos seus resultados académicos. (MARTON e SALJO, 1976 ‘’apud’’ ROSÁRIO & ALMEIDA, 2006: 275) Esses autores chamam a atenção que tal relação no entanto, não é clara muito menos linear. E exemplificam dizendo: se é importante o aluno ter comportamentos organizados de estudo, também é verdade que a investigação sugere que a adopção pelo aluno de regras inflexíveis (horários bem determinados de estudo, modelo rígido de organizar resumos etc.). Tende, paradoxalmente, a incrementar a dependência do aluno e não favorecer a sua autonomia muito menos o auto-questionamento ou problematização da informação. Apesar destas posições paradoxais, o que é necessário em escolas moçambicanas na situação actual onde a situação da aprendizagem é classificada como fraca e de pouca produção do conhecimento, é termos alunos com a cultura de fazer resumos, fichas de leitura, capacidade de argumentação, interpretação de conteúdos por palavras próprias, elaboração e cumprimento do plano de estudo, sem contudo, perder-se o princípio de autonomia dos alunos nesse processo de produção do conhecimento. Isso significa que em Moçambique precisamos adoptar essas estratégias que certos autores consideradas inflexíveis e rígidas mas vão fazer com que os alunos ganhem ritmo de comportamentos organizados no estudo e dessa forma criar condições para uma autonomia competente no processo de aprendizagem. A teoria de base desta pesquisa é a fenomenográfica desenvolvida por (BIGGS, 2001, MARTON e SALJO, 2005 “apud” ROSÁRIO, 2006:174) Segundo esta teoria, “Existem três formas que os alunos usam para abordar a sua aprendizagem (superficial, profunda e de sucesso ou alto rendimento) (…) Sem descurar o papel dos conteúdos curriculares, dos recursos educativos e das metodologias de ensino, o trabal o e o papel do aluno fundamental” Esta afirmação enfatiza assim a responsabilidade do próprio aluno na sua aprendizagem. Os alunos abordam a actividade de aprendizagem de diferentes formas que se relacionam com a motivação que o aluno apresenta perante o estudo e as estratégias que ele usa. Essas diferentes formas da abordagem dependendo da maneira como ocorrem, tomam classificações e designações diferentes. 10 1.2. Abordagem superficial1 Que conjuga uma concepção qualitativa da aprendizagem, uma motivação extrínseca, ou seja, favorecida pelo meio e estratégias pouco elaboradas para os estudos. O aluno não está ‘’internamente’, mas externamente ou instrumentalmente motivado, desempenha os trabalhos basicamente para evitar o insucesso, faz as tarefas pelo resultado final e não propriamente pelo prazer que aquilo poderia proporcionar, além de investir o mínimo possível na sua realização. Quanto mais estruturados forem os contextos e as tarefas, melhor, porque assim ele terá menos trabalho (FREIRE, 2006:166). Esse tipo de abordagem favorece principalmente a memorização dos conteúdos. 1. 3. Abordagem profunda Que combina uma concepção qualitativa da aprendizagem, uma motivação intrínseca, relacionada com o prazer obtido pela realização da própria tarefa e estratégias mais elaboradas para estudar. Nesse caso o aluno se preocupa, sobretudo em actualizar suas competências, estuda porque isso lhe proporciona prazer, normalmente investe em (tempo e recursos) e se envolve muito mais do que o exigido. A literatura tem referenciado que os alunos academicamente mais competentes organizam de uma forma mais proficiente o seu trabalho apresentando abordagens profundas na sua aprendizagem (BIGGS, 1993; KEMBER e GOW, 1994 “apud” ROSÁRIO at al, 2001:221). Nesse sentido, há sempre preferência de contextos menos estruturados ou rígidos. O objectivo final não é a classificação mas uma compreensão mais alargada dos assuntos. Se ele estiver exclusivamente voltado para esse tipo de abordagem corre o risco de apesar de ser muito reflexivo não conseguir boas classificações, justamente por considerá-las de pouca importância. Pode-se interessar tanto por coisas que vão além do que foi pedido que acaba se perdendo em relação ao objectivo classificatório (FREIRE, 2006:166). 1 A forma superficial da abordagem e da aprendizagem constitui característica que domina actualmente no contexto das nossas escolas, pelo facto de os alunos se orientarem fundamentalmente por motivação externa, trabalhando e realizando tarefas pelo resultado final e não para ter o domínio dos conhecimentos. Os nossos alunos trabalham para ter 10 e passar de classe. Pouco se preocupam em ter resultados excelentes. 11 1.4. Abordagem de sucesso Resulta de estudos posteriores constituindo um terceiro tipo de abordagem. Aqui a motivação é extrínseca, está baseada na intenção de obter boas classificações. O que importa não é só aprender, mas possuir classificações elevadas. Nesse caso, o uso de estratégias parece ser mais frequente. Os estudos costumam ser muito bem criteriosos e organizados. Procura-se, sobretudo entrar em conformidade com o sistema de avaliações. (Idem). A base teórica atrás mencionada, é reforçada pela afirmação de BIGGS e ZIMMERMAN (1990) “apud” ROSÁRIO (2006:174) que diz: “Os alunos mais eficientes na aprendizagem adoptam estratégias mais activas nas diferentes exigências dos contextos e tarefas de aprendizagem.” Interessa por isso, estudar as formas e o nível de envolvimento dos nossos alunos nas tarefas de aprendizagem. No entanto, uma ilação fundamental a retirar desta análise aponta no sentido de que a abordagem de alto rendimento, não deve ser encarada como uma terceira categoria do construto de abordagens à aprendizagem como Marton e Saljo consideram. Antes a abordagem de alto rendimento estava perspectivada como uma dimensão presente quer na orientação à reprodução, quer na orientação ao significado (SILILI, 1994 “apud” ROSÁRO, 2004). WONG e colaboradores (1996) “apud” ROSÁRIO, Idem) defendendo um modelo de três factores afirmam dizendo: (…) a abordagem de alto rendimento que não está associada a nenhuma estratégia específica de aprendizagem depende, sobretudo, da natureza dos currículos escolares e requisitos dos professores. Esta sugestão pode ser corroborada também pelo facto de esta abordagem não ter sido identificada nos primeiros estudos qualitativos sobre as abordagens à aprendizagem de tarefas concretas (MARTON e SALJO, 1976 “apud” ROSÁRIO, Idem.). O necessário e fundamental em Moçambique é desenvolver nos alunos uma aprendizagem significativa e construtiva, partindo de reflexões sobre as diversas formas com as quais os alunos do ensino secundário representam na consciência e experimentam a actividade da aprendizagem. 1.5. Aprendizagem significativa É explicada como sendo aquela em que o aluno constrói, modifica, coordena e diversifica seus esquemas, estabelecendo redes de significados que enriquecem seus conhecimentos sobre o mundo físico e social. O aluno precisa construir um sentido real ou concreto em relação aos conteúdos que são apresentados em aulas pelos professores. 12 (SANTOS, 1999). Nesse sentido, o aluno só aprende quando nos conteúdos apresentados pelo professor, ele encontra sentido ou significado para a sua vida quer seja no contexto socioeconómico ou profissional. Existem três metáforas que permitem compreender o sentido da expressão “os alunos aprendem construindo significados”: aquisição de respostas, aquisição de conhecimentos e construção de significados (MAYER, 1992 “apud” ROSÁRIO & ALMEIDA, 2005:141). A metáfora “aquisição de respostas” exprime que as investigações centravam-se na aquisição, manutenção e generalização de respostas. A aprendizagem era entendida como um processo algo mecânico e dirigido externamente. Esta perspectiva comportamentalista assume que os sujeitos aprendem por mecanismos associativos, representando um papel passivo no processo de aprendizagem. A segunda metáfora “aquisição de con ecimentos” encara o aluno como um processador de informação. Este modelo, baseado em boa medida na analogia entre a mente humana e o computador, considera o sujeito como um processador de informação que recebe, transforma, armazena e recupera a informação (ALMEIDA, 1988 ‘’apud’’ ROSÁRIO & ALMEIDA, 2006:142). A terceira metáfora ‘’construção de significados’’ considera que a aprendizagem numa perspectiva construtivista, não se resume a ligações estímulo-resposta ou à aquisição de conhecimentos. Ela assenta, sobretudo, na construção de estruturas cognoscitivas através da acção, reflexão e abstracção do aluno (papel activo). Os problemas que os alunos enfrentam na sua aprendizagem diária não se podem resolver superficialmente com repetições mecânicas de respostas certas ou através da acumulação de conhecimentos mais ou menos integrados. ROSÁRIO & ALMEIDA (2005) reforçam dizendo que a lógica construtivista da aprendizagem salienta que para resolver um problema inteligentemente, o aluno deve encarálo como um problema próprio ou seja, o problema deve ser encarado pelo aluno como um obstáculo que obstrui a sua progressão para o ob ecti o (GLASERFLD ‘’apud’’ ROSÁRIO & ALMEIDA, 2005: 14). O aluno é, então, o artífice, o verdadeiro actor do processo, uma vez que as novas aprendizagens só serão possíveis a partir dos conceitos, crenças, representações, conhecimentos e destrezas que este construiu no decorrer das suas experiências prévias. A partir desta lógica construtivista, assume-se que os alunos aprendem, desenvolvendo-se. O ensino deve, pois, ser ocasião para o aluno construir significados adequados a partir de conteúdos e actividades curriculares. 13 SANTOS (1999) sublinha que a aprendizagem significativa se fundamenta num modelo dinâmico, no qual o aluno é levado em conta com todos os seus saberes e interconexões mentais. Explica ainda que a verdadeira aprendizagem se dá quando o aluno reconstrói o conhecimento e forma conceitos sólidos sobre o mundo, o que vai possibilitá-lo agir e reagir diante de situações e realidades do meio circundante. A concretização dessa aprendizagem como sugere o autor (Ibid.) se dá através de sete passos de reconstrução do conhecimento que a seguir se apresentam: 1. O sentir – aqui o autor situa que toda a aprendizagem parte de um significado contextual e emocional. Isto é, o aluno fica emocionado pelo valor ou significado da aprendizagem no contexto em que se encontra Nesta etapa “sentir”, a compreensão básica do professor precisa ser do que o aluno que precisa construir um sentido real e concreto com relação ao conteúdo apresentado. Essa necessidade proporciona uma característica fundamental do cérebro humano que é a totalização. O cérebro, primeiro percebe a forma global, o contexto global do objecto. Dessa forma não há aprendizagem significativa se não houver construção de sentido. A 1ª preocupação do professor deve ser a de levar o aluno a construir o sentido do objecto no contexto do seu mundo. 2. O perceber – neste passo explica-se que após contextualizar, o aluno precisa ser levado a perceber e a distinguir as características específicas do que está sendo estudado. O “perceber” olta-se para caracterização especial do objecto. A percepção do objecto a ser conhecido somente se faz plenamente, quando já se construiu um sentido contextual para o mesmo. Após perceber, o movimento natural do processo de aprendizagem é reunir tudo o que foi percebido, formando-se um conceito. 3. O compreender – é quando se dá a construção do conceito, e isso garante a possibilidade de utilização do conhecimento em diversos contextos. Compreender é construir um conceito sobre algo, a partir das características e factos percebidos. Em seguida à construção do conceito, o aluno deve elaborar a definição. 4. O definir – Significa esclarecer um conceito. O aluno deve definir com suas próprias palavras, para que o conceito lhe seja claro e lhe permita interpretar o mundo de forma correcta. É importante que o professor dê espaço para que essa definição seja livremente elaborada. Igualmente importante é respeitar a linguagem do aluno na construção de tal definição. O que importa nessa fase é que o aluno expresse o conceito de maneira que entendeu. É nesse ponto que o professor avalia o acerto na construção do conceito. É nessa fase, também que o aluno verifica seu nível de acerto na construção do conceito. 14 5. O argumentar – após definir o conceito, o aluno precisa relacionar logicamente vários conceitos e isso pode ocorrer através do texto falado, escrito, verbal e não-verbal. Exigir do aluno a fundamentação e coerência dos argumentos é de fundamental importância para a formação dos indivíduos para que possam fazer a diferença. 6. O discutir – Ao conseguir argumentar, o aluno passa a reunir condições de discutir. Significa que nesse passo, o aluno deve formular uma cadeia de raciocínio através da argumentação, mostrando evidências correctas sobre o conteúdo em estudo. Neste passo o professor tem de estar atento à relevância e a consistência do discurso. 7. O transformar – este é o último passo da reconstrução e transformação. Aqui, o autor (SANTOS, 1999) enfatiza que o fim último da aprendizagem significativa é a intervenção do indivíduo aprendente em situações concretas ou situações da realidade. Sem esse propósito qualquer aprendizagem perde seu valor ou significado. A aprendizagem se torna de facto, significativa, se ela conseguir se inserir de forma activa na realidade. Apresentar projectos, desenvolver novas ideias, resolver problemas, aplicar o conceito em sua vida prática são exemplos de actividades que se adequam a fase de transformar. Estes sete passos ajudam o aluno a construir um sentido real e concreto em relação ao conteúdo apresentado pelo professor. Ao mesmo tempo capacitam aos professores a promoverem uma aprendizagem significativa nos alunos. MOREIRA (2006) explica que a aprendizagem significativa é o conceito central da teoria de David Ausubel. Para essa teoria a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se de maneira substantiva (não literal) e não arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura do conhecimento do indivíduo. A aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos relevantes (subsunções) preexistentes na estrutura cognitiva do aluno. AUSUBEL2 ‘’apud’’ MOREIRA (1999: 116) define subsunções como estruturas específicas do conhecimento que podem ser mais ou menos abrangentes de acordo com a frequência com que ocorre a aprendizagem significativa. Também, define estruturas 2 AUSUBEL publicou seus primeiros estudos sobre a teoria de aprendizagem significativa em 1963 (The psychology of Meaningful verbal Learning) e desenvolveu – a durante as décadas de 1960 e 1970. Mais tarde, no final da década 70, AUSUBEL recebeu contribuições de JOSEPH NOVAK que progressivamente incumbiu-se a refinar e divulgar a teoria. Com a contribuição de NOVAK, a teoria de aprendizagem significativa modificou o foco do ensino do modelo estimulo ---- resposta --- reforço positivo para o modelo aprendizagem significativa --mudança conceptual --- construtivismo. 15 cognitivas como estruturas hierárquicas de conceitos que são representações de experiências sensoriais do indivíduo. 1.6. Aprendizagem construtiva Resulta do construtivismo, teoria que defende que na aprendizagem nada, a rigor, está pronto, acabado ou algo terminado. Ela se constrói pela interacção do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais. E se constrói por força da sua acção e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio. (BECKER “apud” ROSÁRIO, 2006:73). A ideia subjacente nesta definição de aprendizagem construtiva é que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio, isto é, ele responde aos estímulos externos agindo sobre ele para construir e organizar o seu próprio conhecimento de forma cada vez mais elaborada. Essa aprendizagem construtiva torna-se possível através de várias estratégias de estudo, de procura e de produção do conhecimento, como por exemplo, planificação do tempo de estudo, elaboração de resumos e fichas de leitura, correcção de exercícios e testes ou provas realizadas, estudo individual e em grupo, apresentação de dúvidas ao professor e aos colegas. O conceito da aprendizagem construtiva nesse sentido, apresenta três dimensões centrais como prioritárias: interactividade, cooperação e autonomia. (1) A interactividade é a maneira como o aluno interage com o professor, com os conteúdos e com o ambiente de aprendizagem. (2) A cooperação consiste no debate entre o aluno e os colegas ou outros actores a procura de explicações cientificamente correctas de conceitos, factos e fenómenos no processo de construção do conhecimento. (3) A autonomia é quando o aluno se sente capaz de sozinho procurar aprender e esforçar-se para construir o conhecimento a partir de dicas, pistas ou orientações fornecidas pelos professores. 1.7. Concepções de aprendizagem As concepções de aprendizagem podem ser definidas como o significado que esse processo de aprendizagem possui para os alunos. FREIRE (2006:165) citando BIGGS & MOORE distingue três concepções: (1) A concepção quantitativa por exemplo é encarada como uma actividade estereotipada, pela aquisição (recolha e acumulação) mecânica de conhecimentos com o objectivo de retratá-los nas avaliações. 16 (2) A concepção qualitativa é vista como uma actividade estratégica, baseada na compreensão, na construção de significados, quando através do conhecimento formal com a experiência, o estudante atinge o crescimento pessoal. (3) a concepção institucional representa a aprendizagem enquanto obtenção de conhecimento pela escola, principalmente atestado pelas classificações. Essas três concepções diferenciam-se em sete mais específicas, sendo as três primeiras chamadas instâncias da concepção quantitativa, as três subsequentes instâncias da concepção qualitativa e a última instância da concepção institucional. 1.7.1 – A concepção quantitativa Aquisição de informação - As descrições utilizadas pelos alunos para explicar a aprendizagem são vagas, geralmente usam sinónimos para descrevê-la, como se fosse um conceito evidente. Normalmente recolhem e armazenam a informação simplesmente por sobreposição a que já está armazenada. Ocorre na vida pessoal. Memorização e reprodução - Consiste em memorizar a informação, tal como na anterior, através da recolha e armazenamento, mas agora por repetição, sendo capaz de reproduzi-la nas situações de avaliação escolar. Memorização e aplicação - Consiste em memorizar como nas duas anteriores, mas também ser capaz de aplicar o conhecimento adquirido no mundo real. Recuperando e utilizando o que foi armazenado nas situações de vida pessoal. 1.7.2 A concepção qualitativa Compreensão - Consiste em poder abstrair, compreender e desenvolver uma concepção sobre os fenómenos através de uma análise crítica ou de relacionamento das ideias. Ocorre especificamente nas situações escolares. Compreensão interpretativa - Consiste em compreender mas sobretudo mudar a concepção que se tem sobre os fenómenos, fazendo uma reinterpretação do conhecimento. O que seria possível pelo facto das coisas poderem ser vistas de acordo com várias perspectivas. Tanto através do aumento do conhecimento, quanto pela possibilidade de poder generalizá-lo à outros domínios. O contexto é alargado e ultrapassa o ambiente escolar e o estudo académico. Auto-realização - Consiste em mudar as concepções sobre os fenómenos como na anterior, mas, além disso, mudar como pessoa. Ver as coisas de uma outra forma, produzir mudança pessoal através de uma relação mútua, contínua, estabelecida entre 17 o indivíduo e o mundo. Essa possibilidade de ver as coisas de uma outra maneira faria com que a pessoa se considere como mais capaz, como interprete ou agente dos conhecimentos. 1.7.3 – Concepção institucional Institucionalização. Apesar de pouco estudada e consistente, corresponde a forma de representar a aprendizagem enquanto sucesso académico, dito de outra forma, a prova de que a aprendizagem ocorreu é ter passado de classe, ter obtido boas notas. ROSÁRIO & ALMEIDA (2005:147) afirmam que a experiência da aprendizagem perspectivada pelos alunos, sugere, graficamente, que estes nas suas aprendizagens constroem significados, mais ou menos inconscientes, a partir dos conteúdos escolares apresentados nas aulas. De acordo com TAVARES & ALARCÃO (2002:86), por aprendizagem3 entenda-se uma construção pessoal, resultante de um processo experiencial anterior à pessoa e que se traduz numa modificação de comportamento relativamente estável. Esses autores ao dizer que a aprendizagem é um processo, pretendem explicar que a acção de aprender não é momentânea, mas se realiza num tempo que pode ser mais ou menos longo. Por construção pessoal, pode se entender que nada se aprende verdadeiramente se o que se pretende aprender não passa através da experiência pessoal de quem aprende, numa procura de equilíbrio entre o adquirido e o que falta adquirir e através de mecanismos de assimilação e acomodação. Ao afirmar que o processo é experiencial, interior à pessoa, os autores (TAVARES & ALARCÃO (2002) quiseram confirmar o carácter pessoal da aprendizagem, mas também pretenderam destacar um outro aspecto importante, o facto de a aprendizagem não se ver em si mesma, mas apenas nos seus efeitos, ou seja, nas modificações que ela opera no comportamento exterior, observável, do sujeito. É através de manifestações exteriores que se vê se o sujeito aprendeu, mas estas só se revelam, se no interior do sujeito tiver um processo 3 Para ONTORIA (2003:9) “aprendizagem é um processo de desen ol imento de “insig ts” ou estruturas significativas. Identifica-se com o “con ecer”, definido como “compreensão de significado”. Daí que, as dúvidas ou vacilações na aprendizagem signifiquem existir uma não compreensão sobre o objecto de estudo. A formação e desenvolvimento de estruturas cognitivas dependem do modo como uma pessoa percepciona os aspectos psicológicos do mundo pessoal, físico e social. Por exemplo, as motivações sobre algo dependem da estrutura cognitiva e a alteração da motivação que implica a alteração da estrutura cognitiva. 18 de transformação e mudança. Sendo que a sua contrapartida externa traduz-se em acções que o sujeito não era capaz de realizar antes de aprender, mas que consegue fazer depois do período de aprendizagem, de uma forma tão consistente que não deixa dúvidas quanto à sua estabilidade. A aprendizagem é encarada nesse sentido, como uma acção educativa e de instrução, que tem como finalidade ajudar a desenvolver no aluno ou no educando as capacidades que lhe permitam ser capaz de entrar numa relação pessoal com o meio em que vive (físico e humano) servindo-se, para esse efeito, três das suas estruturas sensório-motoras, cognitivas e linguísticas. A aprendizagem realiza-se, no aluno ou educando, através de tarefas que lhe são propostas ou que ele próprio se propõe. Aprendemos a falar, a escrever, a prestar atenção, a fazer generalizações, a resolver problemas, a tomar posições a partir do nosso sistema de valores, a extrair o sentido de um texto que lemos, a praticar desporto, a comportarmo-nos em sociedade, a respeitar os outros, a procurar informações, a aplicar regras, a conduzir automóveis, etc. Em síntese, nós aprendemos a viver como pessoas em sociedade. Para isso, precisamos de adquirir conhecimentos, de cultivar atitudes positivas, de aprender a tomar decisões válidas, de desenvolver capacidades motoras, cognitivas, linguísticas e de relacionamento social. Como refere MOREIRA et al. (2006:12) (esta obra não está na sua lista bibliográfica, verifique), alguns exemplos que têm sido considerados como definindo aprendizagem incluem: condicionamento, aquisição de informação (aumento do conhecimento) mudança comportamental estável, uso do conhecimento na resolução de problemas, construção de novos significados, de novas estruturas cognitivas e revisão de modelos mentais. De modo geral, todos estes exemplos que procuram definir aprendizagem, se referem à aprendizagem cognitiva, àquela que resulta do armazenamento organizado de informações, conhecimentos, na memória do ser que aprende, e esse complexo organizado é conhecido como estrutura cognitiva. Para GAGNÉ4, “apud” MOREIRA, (2006:13), aprendizagem é uma mudança de estado interior que se manifesta por meio de mudança de comportamento e na persistência 4 Robert M. Gagné é professor da educação da Universidade do Estado da Flórida, em Tallabasse, EUA. A teoria de Gagné evoluiu de uma perspectiva bastante behaviorista para outra predominentemente cognitiva. Para Gagné 19 dessa mudança. Ele clarifica que um observador externo pode reconhecer que houve aprendizagem quando observa a ocorrência de uma mudança comportamental persistente. A mudança comportamental persistente, a qual Gagné chama de aprendizagem, referese àquela que ocorre quando o indivíduo interage com o seu ambiente externo. A aprendizagem é segundo ele, activada por uma variedade de tipos de estimulação provenientes do ambiente do indivíduo. Esta estimulação se constitui em insumo (input) para os processos de aprendizagem. O exumo (output) é uma modificação do comportamento que é observada como desempenho humano (MOREIRA, 2006:66). PENNA (2001:16) distingue dois tipos de conceituação da aprendizagem: o que a define em termos de aquisição de respostas e o que a identifica como aquisição de sinais ou formação de mapas cognitivos em função dos quais se emitem respostas. Este último tipo distingue-se pelo relevo concedido à participação dos processos perceptuais. Quer dizer, a aprendizagem, nesta perspectiva, é definida como um processo através do qual se efectuam reestruturações perceptuais. A relação de inerência entre percepção e respostas implica que, precedidas as reestruturações ao nível da percepção, produzam-se, equitativamente, mudanças no tipo de respostas que se emitem. Por isso, VYGOSTKY “apud” MOREIRA (2006) defende a aprendizagem como uma construção sociocultural do conhecimento que resulta das interacções estabelecidas entre os alunos e os seus pares mais experientes, entre os alunos e os peritos e também entre os alunos e os artefactos culturais. A teoria de desenvolvimento sociocultural de Vygostky (MOREIRA, 2006) coloca as interacções sociais estabelecidas pelas pessoas no seio da comunidade como motor de crescimento, salientando o papel de ferramentas cognitivas ou artefactos culturais na mediatização desse processo. Nesta linha de abordagem existem dois níveis distintos nas capacidades que os alunos podem desenvolver. Por um lado, o chamado nível ou zona de desenvolvimento actual (ZDA) e, por outro, a zona de desenvolvimento próximo (ZDP). O primeiro nível refere-se ao conjunto de capacidades de resolução de problemas que os alunos no momento conseguem levar a cabo independentemente, sem qualquer ajuda de terceiros. A diferença entre esse nível e as capacidades de resolução de problemas dos alunos quando em colaboração com um adulto, ou um colega mais competente, ou com os artefactos aprendizagem é uma mudança de estado interior que se manifesta por meio de mudança de comportamento e persistência dessa mudança. Um observador externo pode reconhecer que houve aprendizagem quando observa a ocorrência de uma mudança comportamental. 20 culturais constitui a ZDP. Por outras palavras, a ZDP é constituída pelas competências que os alunos, em interação com outros pares mais experientes, conseguem desenvolver. Vygostky considera que toda a aprendizagem deveria estar orientada para a zona de desenvolvimento próximo, isto é, voltado para o futuro e não para o passado. Para tal é necessário criar condições de aprendizagem promotora de interações sociais baseados no trabalho conjunto. Os ideais de Vygostky se relacionam com a preocupação que a sociedade moçambicana tem de desenvolver competências nos alunos resultantes da aprendizagem. Porém, tem limitações porque não sugerem acções concretas para que esse desejo seja concretizado. 1.8. Eventos de aprendizagem GAGNÉ “apud” MOREIRA (2006:68), distingue entre e entos externos e internos: alguns dos eventos que produzem um incidente de aprendizagem são externos ao estudante. Estas são as coisas mais facilmente observáveis: a estimulação que atinge o estudante e os produtos (incluindo a informação escrita e falada) que resultam da sua resposta. Além disso, muitos eventos de aprendizagem são internos ao estudante e são inferidos de observações feitas externamente. Estas actividades internas, que se julgam que ocorram no sistema nervoso central do estudante, recebem o nome de processos de aprendizagem. Um determinado acto de aprendizagem como considera GAGNÉ “apud” MOREIRA (2006) é precedido e seguido por eventos de aprendizagem. A série típica de eventos que acompanham um acto de aprendizagem pode, ser analisada através de oito fases, a cada uma das quais ele dá um nome e identifica o processo interno envolvido na mesma como a seguir se apresenta: Tabela I: Fases e processos internos de eventos de aprendizagem Fase de aprendizagem Processo envolvido Motivação Expectativa Apreensão Atenção; percepção selectiva Aquisição Codificação; entrada de armazenamento Retenção Armazenamento na memória Rememoração Recuperação Generalização Transferência Desempenho Resposta Retro alimentação Reforço Fonte: MOREIRA (2006:68) 21 Com este quadro MOREIRA (2006) citando Gagné pretende explicar obviamente que para que a aprendizagem possa ocorrer o estudante ou o aluno deve estar motivado. Essa motivação pode ser estabelecida com o desenvolvimento, no aluno, de um processo denominado expectativa, que é uma antecipação da “recompensa”que ele ai obter quando atingir algum objecto. O estabelecimento da motivação é uma fase preparatória para um acto de aprendizagem. A fase seguinte é a de apreensão e os processos ai envolvidos são a atenção e a percepção selectiva. O estudante deve prestar atenção às partes da estimulação total que são relevantes aos objectivos da aprendizagem a fim de percebê-las selectivamente. Para que a percepção selectiva seja possível, as diversas características da estimulação externa necessitam ser distinguidas ou discriminadas. Após a observação e a percepção da estimulação externa, segue-se a fase de aquisição, a qual inclui o que Gagné denomina de incidente essencial de aprendizagem - o momento, no tempo, em que alguma entidade recémformada entra na memória de curta duração, para ser mais tarde adicionalmente transformada em um “estado persistente” na memória de longa duração O processo ai en ol ido o da codificação; há uma transformação da entidade percebida em uma forma que é mais facilmente armazenada. O que foi aprendido e, de alguma forma, alterado pelo processo de codificação é então, na fase seguinte, armazenado na memória; é a fase de retenção. A fim de se qualificar como uma mudança de comportamento persistente, um acto de aprendizagem deve incluir uma fase na qual o que foi aprendido é relembrado, de forma que possa ser exibido em um desempenho. Esta é a fase de rememoração e o processo envolvido é o da recuperação (do que foi armazenado na memória). Seguem-se, então, a fase de generalização e o processo de transferência: espera-se que o estudante ou aprendiz seja capaz de usar o que foi aprendido em contextos diferentes daquele que cercou a aprendizagem original. A fase adiante é a do desempenho tornado possível pelo acto da aprendizagem, e o processo nele envolvido é o da resposta do estudante. Esta fase prepara caminho para a outra, a de retro alimentação (conhecimento dos resultados da aprendizagem) informativa é o que teóricos da aprendizagem consideram como a essência do processo denominado reforço ˝o ciclo da aprendizagem é fechado pelo reforço. 1.9. Resenha histórica do conceito abordagens à aprendizagem dos alunos De acordo com ROSÁRIO (2004:122), o interesse sobre o estudo das abordagens à aprendizagem ou ao estudo dos alunos, data a partir dos anos 70, momento em que emergiram 22 dois referenciais para investigar essa temática. O primeiro referencial foi o qualitativo, baseado nos estudos de Morton e colaboradores; o outro, foi desenvolvido por Biggs e colaboradores, e por Entwistle. Um instrumento designado QPA (Questionário de Processos de Aprendizagem), como uma adaptação para a língua portuguesa do Learning processes questionnaire, foi depois usado para avaliar as abordagens à aprendizagem. A dimensionalidade desse instrumento como refere o autor, tem sido discutida ao nível da literatura, questionando se três factores (superficial, profundo e de alto rendimento) mostravam a descrição mais apropriada do construto. Os dados que foram obtidos dessa discussão reforçam a convicção de que existem duas orientações fundamentais à aprendizagem, distinguindo-se pela presença ou ausência da intenção para compreender o material a estudar ou a aprender, tal como foi sugerido nos estudos iniciais de MORTON & SALJO. O autor (Idem.) destaca, porém, que o marco teórico das abordagens dos alunos ao estudo (SAL – Students Alproaches to Learning) desenvolveu-se inicialmente numa vertente qualitativa impulsionada por MARTON E SALJO e, posteriormente, numa vertente quantitativa. Como diz o mesmo autor, é nesta última, que se integram os estudos desenvolvidos por ENTWISTLE, no Reino Unido e por BIGGS na Austrália. Estes últimos investigadores desenvolveram inventários dos processos de aprendizagem procurando avaliar o construto (abordagem profunda e superficial), assumida como a forma bilateral de os alunos enfrentarem o seu estudo em geral como consideram (BARCA, & SANTO RUM, 1997; BIGGS, 1993; ENTWISTLE, 1996 “apud” ROSÁRIO, 1999). Assim, acrescenta ROSÁRIO (2004:123) que ENTWISTLE & RAMSDEN (1983) desenvolveram primeiramente o ASI (Approaches to Study Inventor) e depois o RASI (TAIT & ENTWISTLE, 1996). BIGGS, por sua vez, desenvolveu dois questionários adaptados ao ensino secundário e universitário, respectivamente o LPQ (Learning Processes Questionnaire) e o SPQ (Students Processes Questionnaire). Estes questionários sugeriram uma terceira abordagem à aprendizagem, a abordagem estratégica (Stratgic approach) ou de alto rendimento (achienving approach) conforme as designações escolhidas por ENTWISTLE E BIGGS, respectivamente. Numa apreciação que o autor faz das qualidades métricas destes instrumentos, a investigação sugere, no caso de LPQ, níveis de consistência mais elevados nas escalas da abordagem de alto rendimento na 23 Austrália, Hong-Kong, Malásia e China, e na generalidade dos outros países uma abordagem superficial. Numa amostra do Canadá, o padrão de coeficientes foi diferente, sendo mais elevados os índices na abordagem profunda. Por sua vez, as análises factoriais exploratórias do LPQ, apresentaram uma solução de dois factores: profundo e superficial (BIGGS, 1993; WALTIKINS, 1996, WONG, 1996 “apud” ROSÁRIO, 2004:123) As investigações sugerem que os alunos que apresentam uma motivação de alto rendimento para aprender tendem a adaptar a abordagem percepcionada como maximizara das suas hipóteses de obter sucesso em função do contexto específico de aprendizagem (BIGGS, 1992 & ASTILA, 1991 “apud” ROSÁRIO, 2004). Este autor (Rosário: Idem) dá um exemplo, dizendo: os alunos australianos, nepaleses e nigerianos relacionam a obtenção de sucesso escolar com a adopção de uma abordagem profunda – alto rendimento. Enquanto os alunos chineses acreditam que a abordagem é a opção mais adequada para enfrentar com sucesso o seu contexto académico. Nesse sentido, como refere ROSÁRIO (2004), os dados parecem a apontar a existência de apenas dois factores descritivos das abordagens ao estudo (superficial e profundo). É assim que neste estudo pretendi analisar a dimensionalidade do LPQ de BIGGS junto de uma amostra de 280 estudantes moçambicanos do ensino secundário testando, através de análises estatísticas expressas por frequências e correlações, como dados confirmatórios dos factores que estão na origem de fracas competências que enfraquecem a aprendizagem dos alunos em escolas públicas moçambicanas. 25 1.10. Importância da aprendizagem5 Embora os autores o tratem de maneira muito diversificada, o tema sobre aprendizagem é um dos mais importantes da psicologia educacional (OLIVEIRA, 2007:47). É a partir da aprendizagem que os indivíduos adquirem conhecimentos, competências, habilidades e experiências da vida, interpretam cientificamente e criticamente os fenómenos e os processos da dinâmica da sociedade, analisam os factos, transformam e desenvolvem as realidades. A maneira como trabalhamos, pensamos, planificamos, investigamos, expressamos as nossas ideias, nos relacionamos, reflectimos, construímos e modificamos o ambiente, vivemos e convivemos, depende fundamentalmente do modo como aprendemos e como actualizamos a nossa aprendizagem. No explicar de RIBEIRO (2003) aponta que o estudo ou a aprendizagem é uma actividade importante. Ao aprendermos como estudar, melhoramos o nosso desempenho na vida escolar, nas avaliações e na vida profissional. A sociedade em que vivemos é muito selectiva, isso faz com que as exigências em relação ao nível de capacitação sejam ascendentes tanto em relação as capacidades individuais, tais como: explicar correctamente e dominar os conteúdos, executar com alguma perfeição determinadas actividades, falar um idioma estrangeiro, ter noções de informática ou expressar-se bem em público. Por isso, hoje, o estudo passou a ter uma importância redobrada e determinante para muitos aspectos da vida. Para criar melhores condições de estudo e melhorar o rendimento é preciso observar o seguinte (Ibid:14): a) Conservar as boas condições de saúde. b) Cuidar dos problemas existentes e que dificultam o estudo: visão e audição deficientes, respiração nasal obstruída, problemas dentários etc. c) Cuidar da higiene pessoal para manter a boa saúde. d) Procurar melhorar às condições do local de estudo, isto é, o ambiente de estudo deve ser bem iluminado (a luz natural é a melhor); arejado, silencioso (TV e aparelhos de som desligados); mobiliário adequado. e) 5 Organizar todo o material de que vai necessitar. A importância da aprendizagem explica-se no facto de que ela capacita o homem para saber pensar, realizar actividades úteis, avaliar resultados, modificar e desenvolver ideias para construir com sucesso a vida da sociedade. Por essa razão, a sociedade moçambicana reclama e exige que a educação seja de qualidade, porque percebe que ela constitui o segredo e um meio para o desenvolvimento. 26 f) Adquirir o hábito de estudar sempre no mesmo local. Para o contexto moçambicano onde maior parte de alunos não tem condições de mobiliário, o importante é ter hábito de estudar sempre no mesmo local, limpo e organizado. 1.11. Resultados da aprendizagem FONSECA (2004) sugere que os resultados da aprendizagem podem ser observados na relação desse processo com o desenvolvimento humano, considerando o desenvolvimento humano como refinamento progressivo da estrutura do sujeito através de transformações que se efectuam e auto-regulam dentro do próprio sistema da estrutura da pessoa e a aprendizagem como um processo de construção interna que leva o sujeito a tornar-se cada vez mais apto, mais eficaz, mais humano, mais igual a si mesmo. Por isso, parece haver muita relação em comum entre esses dois conceitos. Com efeito, com a excepção do desenvolvimento fisiológico (crescimento em altura, peso, desenvolvimento sexual), o desenvolvimento psico-motor, cognitivo, axiológico, social e linguístico processa-se em interligação com a aprendizagem. Os dois processos, desenvolvimento e aprendizagem, exercem um sobre as outras influências recíprocas. Como foi referido nos parágrafos anteriores, a aprendizagem estabelece estados persistentes no aluno, os quais tornam possíveis os desempenhos observáveis. GAGNÉ, 1985 “apud” MOREIRA, (2006:74), denomina os estados persistentes de capacidades e justifica dizendo que é uma palavra que deixa implícito que tais estados tornam o indivíduo capaz de determinados desempenhos. Propõe que existem cinco categorias de capacidades humanas que podem ser aprendidas (também chamadas categorias principais de resultados de aprendizagem): (1) Informação verbal; (2) Habilidades intelectuais; (3) Estratégias cognitivas; (4) Atitudes e (5) Habilidades motoras. 1) Informação verbal MOREIRA, (2006:74) detalhando as cinco categorias de capacidades humanas explica a aprendizagem de informação verbal como uma capacidade, indica que o indivíduo é capaz de iniciar, em forma proporcional, o que ele aprendeu. Ele pode dizer ou escrever ou, ainda, pode representar a informação aprendida na forma de sentença (proposição). 2) Habilidades intelectuais As habilidades intelectuais como refere MOREIRA (2006:75), são as mais enfatizadas por GAGNÉ e, em termos simples, elas constituem o “saber como” em comparação com o 27 saber “o quê” da informação Podem ser subdi ididas em muitas categorias, e estas podem ser ordenadas segundo a complexidade da operação mental que está subjacente as mesmas. Além disso, elas estão relacionadas entre si, já que as habilidades mais complexas requerem aprendizagem prévia de habilidades mais simples. O que o aluno aprende pode ser uma habilidade intelectual ou uma informação. 3) Estratégias6 cognitivas para a aprendizagem De acordo com MOREIRA (2006), as estratégias cognitivas são maneiras por meio das quais o ser que aprende dirige sua própria aprendizagem, seu pensamento, suas acções e seus sentimentos. As estratégias cognitivas, numa outra abordagem, são capacidades internamente organizadas, das quais o aluno faz uso para guiar sua própria atenção, aprendizagem, rememoração e pensamento. Por exemplo, o aluno utiliza estratégias cognitivas quando presta atenção as várias características do que está lendo. Como tal, os alunos utilizam estas estratégias para monitorar sua própria atenção, para ajudá-los a codificar melhor novas informações e para melhorar a sua capacidade de lembrarem-se de informações críticas num momento em que elas forem necessárias (na hora de uma prova, por exemplo). Os alunos podem chegar a tais estratégias por seu próprio ensaio-e-erro, ou se lhes podem ensinar explicitamente aquelas que forem eficazes com outros alunos. Desenvolver estratégias cognitivas únicas e eficazes, como o autor explica, é, tipicamente, considerada parte de “aprender a aprender” e de “aprender a pensar” independentemente. Contudo, uma dificuldade para considerar estratégias cognitivas como um resultado desejado de aprendizagem é que elas são difíceis de medir, de avaliar. Mas como as estratégias cognitivas são, geralmente, empregadas a serviços de outros objectivos de aprendizagem, é o alcance (ou não) desses objectivos que é registado, anotado, evidenciado, e não as estratégias utilizadas em si. 4) Atitudes Como capacidades aprendidas, as atitudes (escolhas de acção pessoal) são algumas vezes incorporadas, no pensamento como valores. Estes são geralmente considerados mais 6 Estratégias de aprendizagem podem ser definidas, a um nível mais complexo, como processos conscientes delineados pelos estudantes para atingirem objectivos de aprendizagem e, a um nível mais específico, como qualquer procedimento adoptado para a realização de uma determinada tarefa. SILVA e SÁ (2997:19). Dizem ainda que estratégias de aprendizagem são processos controláveis que facilitam realizações específicas. Esses processos incluem, por exemplo, comportamentos e pensamentos que ajudam a decifrar uma mensagem ou bons resultados de uma actividade. 28 gerais, enquanto as atitudes são mais especificamente orientadas para preferências particulares. As atitudes são também como o domínio afectivo. 5) Habilidades Motoras MOREIRA (2006) prossegue afirmando que as habilidades motoras são aprendidas em conexão com actividades humanas comuns como por exemplo: conduzir um carro, usar uma máquina de escrever ou tocar um instrumento musical. Como capacidades humanas aprendidas, elas tornam possível a execução precisa, suave e exactamente sincronizada de desempenho que envolva o uso de músculos. 1.12. O papel da escola na aprendizagem dos alunos A necessidade de preparar os alunos para as exigências emergentes da vida na sociedade moçambicana é tarefa da escola. Nesse sentido, o desafio centra-se, na capacidade de o sistema educacional conseguir promover processos de aprendizagem contextualizados conducentes a bons produtos, que preparem os alunos para os diversos confrontos com a vida. Como tal, para além dos murros da escola, deve se privilegiar um ensino que ensine não apenas respostas pré-formatadas, mas a questionar promovendo a produção do conhecimento e a saber interpretar e a analisar os fenómenos. Mas daí, surge uma questão: como conseguir que os alunos queiram aprender? “No tempo actual os avanços tecnológicos provocam muitas incertezas e profundas mudanças. O acesso à comunicação está cada vez mais diversificado, a carga de informação aumentou por causa da forma instantânea que é oferecida sendo impossível observá-la completamente, o volume da informação altera constantemente e de forma rápida – por isso, não só é preciso aprender, mas também, é preciso seleccionar, compreender e abstrair a fim de que os alunos possam aprender com mais autonomia. (FREIRE, 2006:163) ”. Por isso, é preciso que os alunos do ensino secundário em escolas moçambicanas estejam atentos e acompanhem este ritmo de dinâmicas sociais e económicas que o mundo hoje vive. FREIRE (Ibid ) citando SIMÃO (2002) refere ainda dizendo: “A incapacidade do homem consumir toda a informação obriga o indivíduo a se desenvolver estrategicamente para que possa gerir a multiplicidade de dados com que tem que lidar” Isso significa que na escola os professores podiam ensinar estratégias de aprendizagem e de estudo, que ajudassem a desenvolver capacidades de interpretação e de construção de significados e um espírito de 29 resolução bem-sucedida de problemas com recurso ao uso de processos internos, biológicos e sociais. E, não apenas ensinar os conteúdos formais e institucionais previstos nos currículos. Nessa linha de pensamento e parafraseando SIMÃO (2002) é importante ensinar estratégias que permitam enfrentar os imprevistos, e as incertezas, e modificar o seu desenvolvimento, em virtude das informações adquiridas ao longo do tempo. É preciso aprender a navegar em um oceano de incertezas em meios arquipélagos de certezas. Com essas expressões o autor pretende explicar que o processo de aprendizagem na escola deve produzir competências e saberes indispensáveis para os alunos agirem com autonomia, fazendo escolhas de acordo com as suas aspirações e seus valores pessoais e se tornarem indivíduos capazes de se posicionarem no mundo, de transformarem o mundo onde tudo se consegue com conhecimento e esforço para o bem pessoal e da sociedade, de investigar e produzir conhecimento que reflecte sobre vários fenómenos e processos de natureza educacional, social e económica, ao invés de serem apenas espectadores de todas as dinâmicas que ocorrem na sociedade. MOREIRA & FREIRE (2006), afirmam que muitas investigações têm revelado que, mesmo nos níveis avançados muitos alunos apresentam deficiências nas competências necessárias para uma aprendizagem bem-sucedida. Dizem ainda que segundo a percepção de muitos professores, uma grande percentagem revela um nível reduzido de compreensão. Acrescentam que sendo assim, há uma grande necessidade de reflectir sobre a situação e a qualidade da aprendizagem e do ensino, para que sejam operadas melhorias através de práticas interventivas. 1.13. O acto de estudar e aprender nos alunos RIBEIRO7 (2003:13), discutindo sobre o acto de como estudar e aprender, coloca a motivação como segredo de sucesso e, questiona dizendo: Como fazer o nosso aluno gostar de estudar e, consequentemente, crescer nos estudos? Esta questão é pertinente para todos os professores, pais e encarregados de educação e especialmente para os alunos, que são os alvos principais deste assunto. 7 RIBEIRO, Marco, Aurélio de P. (2004). Nasceu em Fortaleza (Brasil), em Junho de1966. É Psicólogo Clínico (UNIFOR), tem especialização em Psicologia da adolescência (UFC) e Administração escolar (UVA), Foi Secretário da educação do Município. Desempenhou cargo de Director de escola e lecciona na Universidade Estadual Vale do Acaraú sendo responsável pela disciplina de Enfoques Psicológicos da educação nos cursos de pós-graduação. Interessou-se pelas técnicas e estratégias de estudo dos alunos do Secundário e Universitário. 30 Ela tem respostas variadas. Enquanto os médicos por exemplo, estudam mecanismos fisiológicos ligados a aprendizagem buscando uma fórmula para melhorar os resultados dos estudantes, os psicólogos estudam a inteligência humana, os aspectos motivacionais, os processos e o ambiente psicológico, e os sociólogos investigam as estimulações sociais que estão envolvidas no processo de aprendizagem. Porém, as respostas dessas diferentes áreas ao questionamento acima apresentado trazem em comum um aspecto que vem sendo cada vez mais respeitado e valorizado na pessoa humana, que é a motivação É preciso ter ontade, um sentimento que incita algu m a atingir um fim proposto por dese o É preciso interesse, determinação, dedicação e prazer (RIBEIRO, 2003). 1.14. Como organizar o tempo de estudo RIBEIRO (2004:15), observa que é muito frequente e comum encontrar jovens que não sabem distinguir adequadamente o tempo de que dispõem para o estudo. A prática comum é acumular a matéria e estudar às vésperas das provas ou até não estudar nada. Estudar as pressas não permite fixação de conteúdos e tudo fica esquecido logo depois das provas. Por isso, a estratégia correcta é estudar um pouco todos os dias É preciso ter orário e dias de estudo ao longo da semana. Para conseguir sucesso no estudo, aconselha-se que o estudante organize cuidadosamente o seu mapa de estudos. Ele pode alcançar colocando uma hora de estudo por semana para cada disciplina. Assim se é um aluno do turno da manhã e na segunda-feira teve por exemplo, aulas de Matemática, Física, Química, História e Biologia, e se dispuser de cinco horas à tarde ou à noite para estudar, fica simples, é só colocar um tempo para cada disciplina de que teve aulas pela manhã (Ibid: 16). Se tiver duas horas e meia de tempo disponível para estudar numa tarde, então, deverá colocar meia hora para cada disciplina. Não é muito ou suficiente, mas é melhor do que nada. O estudante deve se cuidar fazendo a mesma distribuição para os dias subsequentes e assim estará a fazer um valioso trabalho de fixação da matéria que aprende na escola. 1.15. Como tornar o estudo mais produtivo RIBEIRO (2004:18) aconselha que para tornar o estudo mais produtivo, os estudantes podem observar as seguintes orientações: 1. Estudar mais tempo a disciplina que menos gosta. Estudar aquilo que se gosta é um prazer. Trabalho é aprender o que parece difícil. 2. Distinguir o “não gostar do professor” com o “não gostar da mat ria” 31 3. O medo de tirar uma nota baixa atrapalha o estudo. Não estudar por notas, mas sim, estudar porque precisa ter conhecimento para depois usar e ficar diferente e melhor na vida. 4. Ningu m aprende nada sem se interessar É preciso criar interesse Uma pessoa inteligente descobre interesse nas tarefas enfadonhas. 5. Caso esteja com problemas pessoais, não pode ser motivo de abandonar o estudo. Procure conselhos com alguém. 6. Não estudar seguidamente matérias parecidas, uma pode atrapalhar a outra, pode criar confusão na percepção. É preciso intercalar por exemplo, Português com Matemática, Física com História, etc. A mudança de método de estudo é uma forma de descanso mental. 7. Fazer da escola apenas um lugar de orientação. O estudo principal é o que o aluno faz por conta própria. Não esperar que o professor coloque a matéria na sua cabeça. O máximo que o professor pode fazer é orientar, explicar dúvidas, dar dicas. 8. Organizar um horário não só para estudos mas também, para todas as outras actividades. 9. Cuidar do ambiente de estudo, não deixar que as circunstâncias atrapalhem o trabalho de estudo. 10. Fixar o lugar e as horas de estudo, isso ajuda a obter concentração e transformar-se à em hábito. 1.16. Como o aluno deve proceder na sala de aula Na sala de aula o aluno não deve ser tímido, nunca sentir-se rebaixado ou ter receio de errar. A timidez atrapalha o desempenho. Não há razão de ter medo do professor ou dos seus colegas. No lugar disso o aluno deve se sentir que é capaz de ter ou conseguir altos sucessos (RIBEIRO, 2004:45). Na aula o aluno de e fazer perguntas sobre a mat ria mesmo que o professor não goste “É tarefa do professor esclarecer d idas dos alunos” uando o professor adoptar a forma de aula expositiva, o aluno deve tomar notas durante a exposição. Fazer anotações das passagens ou tópicos principais, depois vai reconstruir a aula consultando os livros. O aluno deve fazer esforço consciente para acompanhar a aula. Escutar bem a aula para saber com que ideias deve contribuir e que perguntas pode fazer para aprofundar a compreensão. O aluno deve duvidar tudo da aula até obter explicação clara ou obter provas sobre o assunto (RIBEIRO, Ibid.). 32 O debate com os colegas é uma excelente forma de aprender. Mas primeiro estude sozinho, apenas para ter noções do conteúdo, depois disso é que o aluno pode debater com os colegas com profundidade. Ensinar ou explicar a um colega é a melhor forma de aprender. Para SERAFIM (2001:17) os alunos bem-sucedidos não são necessariamente os mais inteligentes e trabalhadores, mas sim eficientes, porque sabem elaborar um bom método de estudo. Os alunos bem-sucedidos são portanto aqueles que têm uma noção do que devem fazer, não perdem tempo, conseguem uma boa colaboração com os professores, assim como uma boa compreensão daquilo que estes esperam deles. Desenvolvem acima de tudo uma relação fácil com o estudo e vivem confortavelmente a sua vida de estudantes. Encontra partida, há outros que trabalham muito e no entanto obtêm resultados inferiores aos seus esforços, pois embora tenham boas capacidades, trabalham de um modo desordenado, desperdiçando energias, porque não foram capazes de elaborar um bom método de trabalho. 1.17. A instrução e o papel do professor segundo Gagné Como explica RIBEIRO (2004) a aprendizagem é definida por GAGNÉ como uma mudança comportamental persistente. Um acto de aprendizagem pode ser analisado em termos de uma série de eventos, cujas fases precedem ou seguem o incidente essencial de aprendizagem que é a fase de aquisição. Para cada fase de aprendizagem é concebida a existência de um ou mais processos internos, no sistema nervoso central (SNC) do aluno, que transformam a informação até que ele responda com um desempenho. Esses processos internos da aprendizagem que podem ser influenciados por eventos externos que são planejados com o propósito de iniciar, activar, e manter a aprendizagem no aluno, recebem o nome de instrução. A instrução é, portanto, a actividade de planificação e execução de eventos externos (ou condições externas) à aprendizagem, com a finalidade de influenciar processos internos para atingir determinados objectivos. Os objectivos são as capacidades a serem aprendidas, descrições verbais daquilo que deve ser aprendido. Ao professor cabe a tarefa de promover a aprendizagem por meio da instrução. Ele planifica a instrução, administra-a e avalia sua eficácia por meio da avaliação do aluno. Ele é espécie de um gerente da instrução, cuja tarefa é planificar, delinear, seleccionar, e supervisionar a organização de eventos externos com o objectivo de influenciar os processos internos. Uma vez planificada a instrução é necessário ministrá-la ao aluno. Tanto ao planificar como ao ministrar a instrução (bem como ao avaliar seus resultados), o professor 33 toma muitas decisões, e nesse sentido que pode ser isto como um “gerente” da instrução ou um organizador de eventos externos da aprendizagem (MOREIRA, 2006). BRUNNER ‘’apud’’ MOREIRA (2006:81) a cerca da natureza do desen ol imento intelectual, afirma: “é possível ensinar qualquer assunto de uma maneira honesta, a qualquer aluno e em qualquer estágio de desenvolvimento” Ao dizer isso, no entanto, BRUNNER não quis dizer que o assunto poderia ser ensinado na forma final mas sim, seria sempre possível ensinar, desde que ele levasse em consideração as diversas etapas de desenvolvimento intelectual. Cada uma das etapas é caracterizada por um modo particular de representação, que é a forma pela qual o indivíduo visualiza o mundo e explica-o a si mesmo. Para BRUNNER o que é relevante em matéria de ensino é sua estrutura, suas ideias e relações fundamentais. Quanto a questão de como ensinar, BRUNNER destaca o processo da descoberta, através da exploração de alternativas e, o currículo em aspiral. Segundo BRUNNER “apud” MOREIRA (2006), clarifica que “o ambiente ou os conteúdos de ensino têm que ser percebidos pelo aluno em termos de problemas, relações e lacunas que ele deve preencher, a fim de que a aprendizagem seja considerada significativa e relevante”. Portanto, o ambiente para a aprendizagem por descoberta deve proporcionar alternativas de resultados e percepção, pelo aluno, de relações e similaridades, entre as ideias apresentadas, que não foram previamente reconhecidas. A descoberta de um princípio ou de uma relação, por um aluno, é essencialmente idêntica - enquanto processo - à descoberta que um cientista faz em seu laboratório. Currículo em aspiral, significa que o aluno deve ter oportunidades de ver o mesmo tópico mais de uma vez, em diferentes níveis de profundidade e em diferentes modos de representação (MOREIRA, 2006:82). Sobre o desenvolvimento intelectual, o autor explica que, BRUNNER ao se referir à natureza do desenvolvimento intelectual, ele considera, entre outros, os seguintes aspectos: 1. O desenvolvimento intelectual que se caracteriza por independência crescente de resposta em relação à natureza imediata do estímulo. 2. O desenvolvimento intelectual baseia-se em absorver eventos, em um sistema de armazenamento que corresponde ao meio ambiente. 3. O desenvolvimento intelectual é caracterizado por crescente capacidade para lidar com alternativas simultaneamente, atender sequências ao mesmo tempo, e distribuir tempo e atenção, de maneira apropriada, a todas essas demandas múltiplas. 34 4. Do ponto de vista de BRUNNNER, uma questão básica relativa ao desenvolvimento é a da representação ou seja, o indivíduo, ao se desenvolver, deve adquirir meios de representar o que ocorre no seu ambiente. Deve ser capaz de conservar um modelo à experiência decorrente da estimulação e também de recuperar a informação desse mesmo modelo (MOREIRA, 2006). 1.18. A instrução e o papel do professor segundo BRUNER MOREIRA (2006:90) enfatiza que para BRUNNER, “Ensinar é, em síntese, um esforço para auxiliar ou moldar o desenvolvimento. Portanto, o ensino deve ser planificado levando em conta o que se sabe sobre o desenvolvimento do aluno. Aliás, é essa ideia de ensinar de acordo com o nível de desenvolvimento do aluno que leva a BRUNER dizer que há uma versão de cada conhecimento ou técnica apropriada para ensinar a cada idade, por mais introdutória que seja. Ou em outras palavras, que todas as ideias, os problemas ou conjunto de conhecimentos podem ser suficientemente simplificados para ser entendidos por qualquer estudante particular, sob forma reconhecível”. Essa visão era na perspectiva de destacar o papel da estrutura da matéria de ensino, sendo necessário ensinar do mais simples ao mais complexo, obedecendo uma sequência lógica dos conteúdos. Mais tarde desenfatizou essa perspectiva da estrutura das disciplinas e, optou por focalizar o ensino de conteúdo no contexto dos problemas com os quais se defronta a sociedade, ensinar conteúdos que nesse contexto são necessários. Actualmente destaca-se o aluno como o centro das atenções no ensino. 1.19. A aprendizagem segundo Rogers MOREIRA (2006:142) considera que, no lugar de apresentar uma teoria de aprendizagem, ROGERS propõe uma série de princípios de aprendizagem, alguns dos quais são: 1. Seres humanos têm uma potencialidade natural para aprender. Significa que os seres humanos são curiosos sobre seu mundo. Têm uma tendência natural para aprender, descobrir, aumentar conhecimentos e a experiência. 2. A aprendizagem significativa ocorre quando a matéria de ensino é percebida pelo aluno como relevante para seus próprios objectivos e para sua vida. 3. Mais do que acumular factos, é uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer no comportamento do indivíduo, quer na orientação da acção futura ou nas suas atitudes e na personalidade. 35 ROGERS como ilustra o autor (Ibid.) dá um exemplo de dois alunos num curso de estatística: um deles desenvolvendo esforço para usar o conteúdo na sua profissão, e o outro fazendo-o porque se trata de uma obrigação. Indiscutivelmente, as aprendizagens serão diferentes. A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa responsavelmente do processo de aprendizagem. Quando o aluno escolhe suas próprias direcções, descobre seus próprios recursos de aprendizagem, formula seus próprios problemas, decide sobre seu próprio curso de acção, vive as consequências de cada uma das escolhas. 1.20. Aplicação das teorias de aprendizagem MOREIRA (2006:143) faz perceber que as formas curriculares e as dinâmicas de desenvolvimento, sempre subjazem teorias de aprendizagem. Por exemplo, há alguns anos atrás começamos a ouvir falar muito da definição operacional dos objectivos de aula, reforço positivo, instrução programada, aprendizagem significativa. Hoje, já se fala que o ensino deve ser construtivista que leve o aluno a construir o conhecimento, para tal, o ensino deve estar centrado no aluno levá-lo a aprender. A partir da teoria de BRUNNER, são concebidos métodos de ensino através de resolução de problemas que o aluno deve resolver baseados no método de descoberta tendo em conta o desenvolvimento cognitivo. A teoria de AUSUBEL (cp.)8 Permite produzir conhecimentos organizados e avançados; permite fazer resumos, sínteses e questionários que conduzem os alunos a construção do conhecimento. Os contextos dos alunos são considerados pelos especialistas na concepção dos programas de aprendizagem e pelos professores na planificação, preparação e leccionação de aulas: contexto linguístico, geográfico, cultural, experiências anteriores, etc. A teoria behaviorista aplica-se no ensino programado, ela permite o surgimento de objectivos observáveis, distribuição de reforço aos alunos, através de elogios, notas que estimulem os alunos, repreensões que sirvam para corrigir atitudes pouco abonatórias, ofertas, mímicas, gestos, etc. Esta teoria permite a criação de hábitos, habilidades e qualidades de carácter nos alunos. (cp.) 8 Cp. Anotações resultantes de aulas modulares da disciplina de Psicologia Pedagόgica, leccionada em Maio de 2003, pelo Prof. Doutor Luis Ventura Bila, na UP- Delegaçao de Nampula. 36 1.21. Informações do País a cerca do Ensino Secundário Geral 1.21.1. Estratégia do Ensino Secundário Geral O Plano Estratégico da Educação e Cultura (PEEC 2006-2011) aprovado pelo Conselho de Ministros na sua XXI sessão ordinária em 24/11/2009, respondendo sobre a qualidade e formação, reconheceu que a baixa qualidade do ensino e aprendizagem, as reprovações e desistências constituem um grande desperdício de recursos no sistema de ensino e aprendizagem em Moçambique, e sua melhoria ou redução constitui uma das prioridades do MEC. No Ensino Secundário Geral (ESG), cerca de 25% de alunos reprovam anualmente. Por isso, o Ministério da Educação (MEC) previu introduzir medidas para melhorar a aprendizagem dos alunos. Em paralelo seriam introduzidas medidas para desencorajar a reprovação, designadamente a redução para apenas uma reprovação permitida em cada ciclo, e a duplicação da taxa de propinas para os alunos que reprovem. Alguns dos objectivos da estratégia apontam as seguintes necessidade: (1) melhorar a qualidade de aprendizagem, particularmente nas áreas de comunicação, Matemática, ciências e informática; (2) desenvolver nos alunos competências que os permitam participar activamente na vida social, económica e política do país; (3) desenvolver o espírito científico e o pensamento reflexivo; (4) desenvolver competências relevantes que os tornem capazes de resolver com sucesso os problemas que se lhe colocam na família, na sociedade e no trabalho. De acordo com a estratégia, Um dos problemas do Ensino Secundário, é sobre como reduzir o desperdício escolar? Ou seja, como reduzir as altas taxas de reprovações nas escolas secundárias e a fragilidade das competências dos alunos? A estratégia refere que vários estudos mostram que no contexto de Desenvolvimento Humano, o papel do ensino secundário tem efeitos multiplicadores para o desenvolvimento sócio-económico, combate a pobreza e melhoria das condições de vida dos cidadãos. Refere ainda que os grandes desafios da globalização e da integração regional exigem a formação de jovens que possam interagir num mundo cada vez mais interdependente. Dos estudos realizados em Moçambique sobre o ESG destacam-se pesquisas realizadas no âmbito do desenho da Estratégia do ESG e Formação de Professores e, o estudo foi realizado na altura, pelo Ministério do Ensino Superior Ciência e Tecnologia (MESCT) tendo constatado alguns problemas como por exemplo: 1. Fraco domínio da Língua Portuguesa, factor determinante nos resultados das provas e exames a nível do Ensino Secundário e nos exames de admissão para o 37 Ensino Superior, assim como para a inserção profissional. A aprendizagem é baseada, fundamentalmente, na memorização de conceitos, fórmulas e mecanização de procedimentos. 2. Fraca articulação horizontal e vertical entre os programas e disciplinas do Ensino Secundário Geral, por falta de definição clara de objectivos específicos e de metas comuns entre as várias disciplinas. 3. Ensino altamente teórico sem, no entanto, privilegiar as habilidades práticas e competências produtivas que possam permitir uma fácil inserção do graduado no mercado do trabalho. Um estudo denominado “Diagnóstico do Ensino Secundário Geral (DESG) ”, realizado em 2004 pelo MEC sobre o desempenho dos alunos tinha concluído que os alunos revelavam maiores dificuldades na expressão escrita particularmente na produção de textos: na sua maioria faziam textos não bem estruturados, sem sequência lógica e com muitos erros ortográficos, isto é, não dominam a língua portuguesa oralmente e por escrito, facto que se reflecte no desempenho deles nas restantes disciplinas. O estudo revelou ainda haver problemas na disciplina de Matemática, por exemplo, na geometria, cálculo percentual, trabalhos com radicais e em exercícios que exijam cálculos com números decimais ou notação decimal, têm dificuldade no cálculo e em algumas operações. Esta situação está contrariando seriamente as perspectivas que a sociedade moçambicana tem com o Ensino Secundário no aspecto de desenvolvimento humano em que no âmbito da Agenda 2025, há uma visão estratégica está orientada para uma formação integral do Homem moçambicano assente em quatro pilares: Saber ser, Saber Conhecer, Saber Fazer, Saber viver juntos e com os outros. (COMITE DE CONSELHEIROS, 2025:129). Os grandes desafios da globalização e da integração regional exigem a formação dos indivíduos que possam interagir num mundo cada vez mais interdependente. Esses desafios exigem ainda um ensino geral que promova uma educação de qualidade, orientada para valores universais sendo capazes de comunicar tanto dentro como fora do país, de modo a participarem num mundo cada vez mais aberto e interactivo. Várias medidas já foram introduzidas no nosso país como esforço para melhorar a qualidade da educação. Algumas dessas medidas são: política de material escolar gratuito, aumento do tempo lectivo, construção de mais salas, formação de professores e reformas 38 curriculares (INDE, 2007). Mas a experiência mostra que essas medidas só por si, não são suficientes para melhorar a aprendizagem nas nossas escolas, é preciso capacitar os professores em matérias de estratégias de estudo e planificação do tempo de estudo, para depois ensinarem os alunos como alternativas que podem ajudar a desenvolver competências. 1.22. Estudos realizados em Moçambique sobre a educação no país Um blogue com o t tulo “Reflectindo sobre Moçambique”, dispon el em ttp: o país.com.mz, acesso terça-feira, dia 03 de Abril de 2012, afirma que os principais responsáveis da crise da educação são os fazedores de políticas educativas. Os autores CASTIANO, NGUENHA E GURO (2012), da obra “O Barómetro da Educação Básica em Moçambique” propõem, no seu estudo, uma mudança na forma como no nosso país se pensa sobre a educação, sobretudo na questão ligada à qualidade do ensino. O mesmo estudo, diz que o “debate sobre a qualidade do ensino está polu do na medida em que se limita a equacionar estat sticas” Ou seja, no nosso contexto preocupamo-nos mais com percentagens de aprovação do que com as competências que de facto os alunos conseguiram na aprendizagem. Para melhorar as competências educativas ou dos alunos os autores propõem quatro (4) pilares nomeadamente: 1. O “saber saber”, primeiro pilar que diz respeito à aquisição de competências pessoais, tais como, a capacidade de ler, de escrever, de analisar, de interpretar, de criticar, de desenvolver a abstracção, de reconhecer e estar aberto a novas formas de conhecimento. 2. O saber fazer – que consiste na aprendizagem de habilidades e capacidades profissionais, nomeadamente: aprender a gerir coisas e relações nas suas diversas dimensões, aprender a elaborar e implementar projectos e, mais importante ainda, a reconhecer oportunidades, a desenvolver a profissão e o seu local de trabalho. 3. O terceiro pilar está relacionado com “o saber i er untos” incorporando competências interpessoais, trata-se de competências para viver na diferença (responsabilidade), viver em grupo (solidariedade) e saber comunicar-se e defender os seus pontos de vista (argumentação). Na verdade, trata-se aqui de desenvolver no aluno, os pressupostos básicos para o exercício de uma cidadania activa. 39 O quarto e último pilar é o “saber ser”- refere-se a uma dimensão que compreende a formação da personalidade e a interiorização das entidades cruzadas de “ser moçambicano”, “ser africano” e “ser um cidadão global” 1.23. A situação da educação e aprendizagem dos alunos nos países em desenvolvimento FERREIRA (2012: 24) aponta que a educação e aprendizagem dos alunos do Ensino secundário é simultaneamente um direito humano e um factor essencial de crescimento, tal como expresso nos principais compromissos internacionais, adoptados quer no quadro da educação para todos (metas definidas em Dakar, 2000) quer no âmbito dos Objectivos do Milénio (ODM 2 e 3). No geral, os progressos para a realização das metas dos ODM 2 e 3 quer dizem respeito à educação têm sido substanciais. Para tal, muito contribuíram os esforços desenvolvidos nos países, a implementação de reformas e de unidades adequadas a cada contexto e que incluíram, conforme os casos, a abolição das propinas escolares no ensino primário (exemplo: Etiópia, Quénia, Moçambique, etc.), o investimento em infra-estruturas e recursos humanos que satisfizessem o aumento da procura (Gana, Tanzânia, etc.), a implementação de medidas específicas para as meninas e raparigas (Botsuana, Egipto, etc.), nomeadamente através de escolas móveis (Bolívia, Mongólia) (FERREIRA, 2012). No entanto, os indicadores estabelecidos para os ODM não fornecem um quadro abrangente da situação mundial na educação. Se existem progressos importantes são facilidades no acesso e na taxa de escolarização no ensino primário e secundário e em termos de investimento em todos os subsectores de educação, para os quais não existem, por vezes indicadores definidos. Algumas das metas de educação para todos (Dakar, 2000) registaram progressos insuficientes, como é o caso do desenvolvimento de competências na aprendizagem dos alunos, educação pré-escolar e da alfabetização de adultos. Com efeito, esse estudo aponta que nos países em desenvolvimento como Moçambique e outros, ocorre uma pressão considerável sobre os sistemas de ensino, caracterizando-se na sua maioria por um maior crescimento demográfico e por populações consideravelmente jovens, pelo que o investimento na educação é ainda mais crucial para o desenvolvimento. Da mesma forma, a persistência de altas taxas de desemprego entre os jovens em muitos países em desenvolvimento (FERREIRA, 2012:112). O estudo indica ainda que entre 1999 e 2009, a África subsariana tinha registado o maior progresso na taxa de escolarização primária, passando de uma percentagem de 59 para 40 77%. No entanto, como o estudo reporta, na mesma região subsariana, cerca de 38 milhões de crianças abandonam a escola todos os anos e esta continua a ser a região com mais crianças excluídas do sistema educacional (cerca de metade do total mundial). Apenas 87 em cada 100 crianças nos países em desenvolvimento completam o ciclo da educação primária, mais de 20% de crianças nos países menos desenvolvidos estão excluídos do sistema. Em 2008, 112 dos 184 países com dados disponíveis alcançaram a paridade de género na educação primária, mas na educação secundária só 57 de 167 países alcançaram essa paridade. Dos 74 que não atingiram, as projecções indicam que apenas 14 o conseguirão até 2015, se for mantida a tendência actual. Ainda nesta análise constatou-se que em algumas regiões, verifica-se mesmo uma regressão na paridade entre os sexos, nos níveis de ensino mais elevados. Na África subsariana, o índice de paridade no ensino secundário passou de 87 raparigas em cada 100 rapazes, em 1999, para 79 em 2009, enquanto no ensino superior também desceu de 67 para 63 no mesmo período (FERREIRA, 2012:117). 1.23.1. Tendências e barreiras que afectam o ensino secundário na África subsariana FERREIRA (2012:121) aponta que o Banco Mundial (2008) enumera factores que influenciaram a proporção do ensino secundário na África subsariana. Um deles é o programa da educação para todos que teve dois grandes impactos sobre a educação: a crescente demanda por acesso ao ensino secundário e o início de uma luta para adquirir os recursos necessários para o reforço e melhoria do ensino secundário. Outro desses factores corresponde às exigências da globalização. Na verdade a globalização obriga os trabalhadores a ter um certo grau de conhecimentos e competências, técnicas de resolução de problemas e a capacidade de analisar e aplicar informação. Para transmitir esses conhecimentos, o sistema educativo deve adaptar-se e criar um nível de ensino baseado num modelo industrial que se adequa à situação do mundo actual. A exigência de prestar contas é outro factor. A sociedade civil e os administradores públicos exigem que o sistema de ensino preste contas de várias maneiras. Por exemplo, espera-se que garanta um certo nível de aprendizagem aos alunos e apresente relatório sobre o estado de aprendizagem aos pais e à comunidade. O aumento da demanda faz surgir questões como: qual deve ser a estrutura, quais devem ser os conteúdos e objectivos do programa da educação. Como deve ser a formação de professores. Que competências e indicadores de aprendizagem os alunos podem cultivar. Qual 41 é o nível de autonomia que as escolas devem ter. Estas questões não têm uma resposta imediata e automática, exigem um processo atencioso de análise e investigação. Segundo Ndoye (2008) numa análise do Relatório da UNESCO (2007), sugere que muitos sistemas de educação em África enfrentam muitos obstáculos: número insuficiente de cidadãos instruídos, difusão não equitativa da educação, deficiente desempenho dos sistemas de ensino, má qualidade da educação, inutilidade das aprendizagens escolares. Esta última barreira (inutilidade das aprendizagens escolares), faz-se sentir nas escolas moçambicanas e levanta muitos debates na sociedade civil e nos órgãos de comunicação social. Pois, embora tenham sido introduzidas algumas disciplinas no ensino secundário, designadas profissionalizantes (Noções de empreendedorismo e Agropecuária), os alunos que terminam a 10ª ou 12ª classe, estão longe de fazerem ligação do conhecimento teórico à prática. Por isso, Ndoye (2008), ainda sobre o último factor, enfatiza que em todos os níveis de educação, as ligações entre conceitos de aprendizagem e o do desenvolvimento económico, cultural e social são baixos. Isso é devido em grande parte a herança colonial e seus efeitos sobre a educação. Além disso, numa perspectiva macroeconómica, a planificação para a educação é pouco integrada no quadro de planificação do desenvolvimento nacional em termos de destaque nas prioridades, esse facto não favorece nunca as abordagens que se fazem para desenvolver as capacidades nacionais de produção do conhecimento. 42 CAPÍTULO II: QUADRO METODOLÓGICO Este é um capítulo no qual se abordam aspectos relacionados com a metodologia, o método, o procedimento e técnicas usadas no processo de pesquisa. Ou seja, são apresentados os caminhos, técnicas e instrumentos que orientaram e permitiram e execusão da pesquisa. 2. 1. Método da pesquisa Existem duas opções metodológicas para a pesquisa designadamente metodologia qualitativa por um lado, que é mais subjectiva e, por outro, metodologia quantitativa que é mais positivista e caracterizada fundamentalmente de análises estatísticas. Embora o método experimental tem servido de ponto de partida e de orientação à investigação científica nas diversas ciências, nem toda a investigação em psicologia e educação se orienta pelo método experimental (ALMEIDA & FREIRE, 2007:106). O processo desta pesquisa obedeceu o método correlacional que permitiu ir para além de uma mera descrição dos fenómenos, pois, o investigador com esse método consegue estabelecer relações entre as variáveis, quantificando inclusive tais relações. Este é um estudo quantitativo. A opção pela pesquisa com metodologia do enfoque quantitativo resulta da necessidade de os dados, quando possível, poderem ser expressos com medidas numéricas, e da necessidade de no lugar de fazer juízo de valor, deixar que os dados e a lógica, levem a solução real ou verdadeira (MARCONI & LAKATOS, 2002:18). De acordo com LUNA “apud” MANGRASSE (2004:49), o conceito de metodologia tem variado nos últimos anos. Essa variação tem a ver com o status que se atribui ao conceito dependendo do contexto da pesquisa. Dada a natureza desta pesquisa centrada para a compreensão dos processos de aprendizagem dos alunos do Ensino Secundário Geral em Moçambique da qual propus-me a desenvolver uma pesquisa quantitativa. Contudo, isso não vai impedir nem evitar que por muitas vezes, seja necessário recorrer ao enfoque qualitativo para explicar ou descrever e interpretar de forma crítica o sentido dos dados ou das informações. Não pretendo no entanto, dizer que esta pesquisa é ao mesmo tempo quantitativa e qualitativa. Pretendo sim, dizer a necessidade que existe de recorrer o enfoque qualitativo quando se trabalha com o enfoque quantitativo. 2.2.Tipos de pesquisa De acordo com a natureza da pesquisa foi privilegiado o discurso dos sujeitos envolvidos na pesquisa de campo, expresso nas opções seleccionadas em cada item do 43 questionário. Dessa maneira foram utilizados os discursos como parte de informação para deduzir as abordagens e concepções que os alunos fazem e têm sobre a aprendizagem, as actividades da escola e dos professores. Quanto aos seus fins, esta é uma pesquisa exploratória, porque se realizou com o intuito de que possa constituir uma contribuição a partir dos informantes envolvidos para a obtenção duma visão geral e aproximada sobre como está sendo o processo de aprendizagem dos alunos. Pesquisa sobre essa temática tem lugar em situações que esse assunto pertence a uma área sobre a qual realizam-se muitos debates mas há pouca informação pesquisada e sistematizada, e constitui uma das primeiras etapas duma investigação que pode vir a ser mais ampla e mais aprofundada e enriquecida posteriormente (GIL, 1999:43 & TRIVINOS, 1987:109). Tendo em conta os meios recorridos para realizar a pesquisa, esta se caracteriza como uma pesquisa de campo, porque parte dos dados analisados, resultaram de informações obtidas directamente dos sujeitos, através de uma bateria de inquérito adaptada ao contexto moçambicano; e considero de pesquisa documental, porque outra parte de dados foi obtida a partir de certos documentos produzidos por entidades e instituições oficiais, como por exemplo: Plano Curricular do Ensino Secundário Geral (PCESG), e discursos escritos por autoridades educacionais. É pesquisa descritiva porque ao longo do texto quando fosse necessário fui fazendo descrição sobre como os alunos fazem abordagens à aprendizagem, como se envolvem e que estratégias usam. Também foi assumida como pesquisa bibliográfica, porque se valeu de materiais publicados em artigos científicos, literaturas ou obras escritas sobre a matéria (IVALA, 2002:31). 2.3. Procedimento e instrumentos de colecta de dados A avaliação do construto abordagens e concepções dos alunos a cerca da aprendizagem ocorreu em salas de aula, durante o horário escolar, em tempos de aulas cedidos pelos professores sob autorização da Direcção Pedagógica da escola. A escolha das turmas foi aleatória. Em cada turma abrangida, depois de explicar o objectivo e a importância do preenchimento correcto, distribuí os inquéritos e os alunos preencheram assinalando com (x) as opções que lhes conviessem em cada questão. Quando um aluno tivesse uma certa dúvida, eu explicava para todos perceberem o que se pretendia com essa determinada questão. No que diz respeito a análise do construto abordagens à aprendizagem, testei vários modelos de organização dos itens do instrumento por dimensões. De acordo com a sua 44 formulação, considerei seis dimensões expressas no instrumento: motivação superficial, motivação profunda, motivação de alto rendimento, estratégia superficial, estratégia profunda e estratégia de alto rendimento. Essas dimensões foram exploradas através de várias questões formuladas em diferentes itens (ROSÁRIO, 2006). A recolha de dados foi realizada no mês de Junho de 2011, na Escola Secundária 12 de Outubro, cidade de Nampula, depois de um contacto com o Director da escola que depois foi formalizado por escrito numa carta que reportava o objectivo do estudo e solicitava autorização para a sua realização. Para a avaliação das abordagens à aprendizagem, utilizei o QPA (Questionário dos Processos de Aprendizagem) que em Inglês se designa Learning Process Questionnaire (LPQ) do tipo Likert de BIGGS “apud” ALMEIDA (2007) com 5 pontos. Esse questionário antes de ser aplicado definitivamente foi testado (pré-teste) com o envolvimento de alunos da classe submetida ao estudo e posteriormente foi adaptado à realidade e ao contexto moçambicano. Os itens que o instrumento apresenta, reproduzem um modelo hierárquico de seis subescalas: três referidas a motivações (superficial, profunda e do alto rendimento) e três a estratégias (superficial, profunda e alto rendimento), que confluem em três escalas, que por sua vez, fazem referência às abordagens com combinações: motivo, estratégia superficial e alto rendimento. 2.4. Sujeitos e amostra da pesquisa Metodologicamente, para este trabalho foram definidos como sujeitos da pesquisa que constituem o (universo/população), 968 alunos da 10ª classe que a Escola Secundária 12 de Outubro na cidade de Nampula, local onde realizei o trabalho de campo, tinha no ano lectivo de 2011, nesta classe submetida ao estudo. A finalidade da amostra como referem REA & PARKER (1997:107), é poder fazer generalizações sobre uma população com base em um subconjunto, cientificamente seleccionado, dessa população. Assim, para permitir a validade interna e externa da investigação em termos de significância do resultado e representatividade da população estudada e posterior generalização, os dados foram recolhidos na base de um instrumento (inquérito) tendo abrangido uma amostra de 280 alunos da 10ª classe, curso diurno, dos quais 141 são do sexo masculino (50,4%) e 138 são do sexo feminino (49,3%). Os alunos são residentes dos diferentes bairros da cidade de Nampula, cujas idades variam dos 15 aos 19 anos. 45 Essa amostra foi definida com base no critério de ALMEIDA & FREIRE (2007:122), adaptado de KREJCIE & MORGAN (1970), segundo o qual é possível ter uma estimativa do valor do n da amostra, conhecido o N da população, para uma probabilidade de erro nunca superior a 5%, usando análises factoriais, variâncias, desvio padrão, correlações, frequências e outras medidas na base do seguinte quadro: Quadro II: Estimativa do n da (amostra) em função do N da (população) ± N população ±n ±N Amostra população ±n ±N Amostra população ±n Amostra 100 80 600 230 1500 320 200 130 700 245 2000 330 300 165 800 260 3000 350 400 190 900 270 5000 360 500 215 1000 280 10000 370 Fonte: ALMEIDA & FREIRE (2007:122) A escolha de alunos da 10ª classe para envolver na pesquisa é justificada pelas seguintes razões: (1) é uma classe intermédia do Ensino Secundário Geral que constitui fim do 1º ciclo com direito a certificação; (2) tendo concluído a 10ª classe em escolas moçambicanas, o aluno é considerado apto para ingressar num curso de formação ou no mercado de trabalho; (3) é uma classe em que o aluno começa a ter perspectivas e a sonhar seu ingresso no ensino superior. 46 CAPÍTULO III – RECOLHA, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS DO ESTUDO O processo de recolha de dados como aparece descrito no capítulo de metodologia, foi realizado através do trabalho de campo tendo envolvido uma amostra de 280 alunos da 10ª classe da Escola secundária 12 de Outubro, na cidade de Nampula. O primeiro nível de análise dos resultados do trabalho de campo está orientado para aferir as abordagens dos alunos do ensino secundário e o seu nível de competências em relação ao processo de aprendizagem. De forma geral, os resultados mostram uma certa dispersão entre variáveis. Estatisticamente, recorri frequências e correlações para analisar os dados. Os quadros que se seguem apresentam resultados dessa análise seguida da sua interpretação e discussão tendo em conta as variáveis testadas, ou estudadas e que permitiram verificar a sua influência no construto em estudo. Quadro I: Número de reprovações dos alunos envolvidos no estudo Numero de reprovacoes Valid nunca reprov ou reprov ou uma v ez reprov ou duas v ezes reprov ou tres v ezes Total Frequency 147 79 46 8 280 Percent 52.5 28.2 16.4 2.9 100.0 Valid Percent 52.5 28.2 16.4 2.9 100.0 Cumulat iv e Percent 52.5 80.7 97.1 100.0 Como se pode ver no quando I, os dados estatísticos indicam que dos alunos da amostra 52,5% afirmaram que nunca reprovaram mas 28,2%, 16,4% e 2,9% são cifras que representam os alunos que declararam terem reprovado uma, duas e três vezes respectivamente desde que começaram a estudar no ensino formal. Isso permite dizer que muitos alunos das classes do ensino secundário, sob ponto de vista estatístico, passam de classe no fim de cada ano embora o nível de competências não seja favorável para a sociedade moçambicana. Igualmente, muitos alunos já experimentaram reprovar uma, duas ou três vezes ao longo do primeiro (1º ciclo) do ensino secundário. 47 Quadro II: Competência Geral dos alunos do ensino secundário submetidos ao estudo Competencia geral do aluno Valid f raco medio bom muito bom Total Frequency 137 131 10 2 280 Percent 48.9 46.8 3.6 .7 100.0 Valid Percent 48.9 46.8 3.6 .7 100.0 Cumulat iv e Percent 48.9 95.7 99.3 100.0 O quadro II é sobre a auto-avaliação de cada aluno sobre a sua competência geral no processo de aprendizagem, ou seja, com essa variável procurava-se saber como é que cada aluno se auto-avalia em termos de aprendizagem. Nessa sequência, como o quadro indica, 48,9% classificaram-se como fracos, 46,8% consideraram-se médios, 3,6% disseram que são bons alunos e 0,7% é dos que se afirmaram serem Muito bons na aprendizagem. Isso revela que no ensino secundário moçambicano raramente podemos encontrar alunos excelentes. Podemos sim, encontrar com mais frequência alunos fracos, com pouco domínio de conhecimentos e pouca capacidade interpretativa de fenómenos e problemas de natureza científica. E noutros casos podemos encontrar alunos médios em termos de competências cuja classificação qualitativa pode corresponder a Suficiente (Suf.). Portanto, estes dados percentuais mostram evidências claras de que na verdade os alunos do ensino secundário moçambicano se caracterizam por competências geralmente fracas. Esse facto de competências fracas dos alunos nas nossas escolas é uma das grandes preocupações da sociedade moçambicana actualmente e deste estudo particularmente. E, torna-se urgente a necessidade de inverter para melhorar esse cenário. Quadro III – Tempo de estudo dos alunos em casa Tempo de estudo-Terca feira Valid nada Maior que 15 min Entre 15 a 30 min Menor que 60 min Total Frequency 153 30 82 15 280 Percent 54.6 10.7 29.3 5.4 100.0 Valid Percent 54.6 10.7 29.3 5.4 100.0 Cumulativ e Percent 54.6 65.4 94.6 100.0 O objectivo da questão e da variável cujos resultados estão ilustrados no quadro III, era saber se os alunos se preocupam em estudar depois de terem tido aulas no mesmo dia ou 48 no dia anterior, ou se preparam para as aulas que vão ter no dia seguinte, com vista a ter boa participação. Os resultados do quadro indicam que 54,6% de alunos não estudam ou seja não preparam as lições em casa. Porém, 10,7% dos alunos disseram que estudam durante 15 minutos e 29,3% fizeram saber que estudam entre 15 a 30 minutos e outros 5,4% estudam cerca de uma hora de tempo por dia em casa. O facto de os alunos não estudarem ou não prepararem lições em casa pode ter várias razões ou explicações: por exemplo, pode ser por falta de tempo devido a outras ocupações ou actividades domésticas, falta de cultura ou hábito de estudo, incapacidade de projectar o futuro, desconhecimento de estratégias ou técnicas de estudo e falta de preocupação em evitar distractores. Nesse sentido, é preciso que as práticas instrutivas e educativas com estudantes do ensino secundário tenham o intuito de provocar mudanças significativas, que tenham um fundamento ecológico, quer dizer, é preciso ter em conta muitos aspectos e contextos que directa ou indirectamente influenciam ou podem influenciar o processo de aprendizagem dos alunos (KEMBER, 2000 “apud” ROSÁRIO, 2006: 172) As notas dos alunos (Quadro IV- apêndice III) constituem uma das variáveis testadas neste estudo, como o quadro mostra, maior parte dos alunos na disciplina de português como um exemplo apenas, em termos de resultados (notas) das avaliações, situa-se entre as classificações de Medíocre e Suficiente (8 a 13 valores). Isso significa que como a tabela ilustra, é difícil encontrar alunos bons e excelentes no sentido de aprendizagem nas nossas escolas do ensino secundário geral. São muito poucos os alunos que conseguem 14 valores para diante, como uma classificação trimestral ou anual, quer seja global quer seja, por disciplina. As notas ou classificações expressas no quadro (5, 6, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 16 etc.) embora possam ter um carácter estratificador e uma carga de subjectividade no acto da sua determinação, elas fornecem uma ideia ou uma impressão mesmo que parcial do desempenho do aluno. Isso significa que através das notas, é possível deduzir até que ponto os alunos se envolvem para aprender e em que medida o trabalho do professor é eficiente ou não. No nosso contexto moçambicano é possível verificar casos de alunos com por exemplo, uma nota de 10, 13, 14 ou mais valores sem contudo, a competência desse aluno corresponder essa classificação. Isso pode acontecer devido, sobretudo, a pressões originadas da política educativa que o país vive, ao deficiente espírito de profissionalismo por parte de 49 alguns professores e devido a tendências de práticas ilícitas ou até para embelezar mapas de rendimento pedagógico e relatórios, essas práticas infelizmente fragilizam o sistema educacional em Moçambique. O esforço e o desafio devem ser de trabalhar no sentido de que os alunos estudem e revelem competências excelentes e desejadas e, os professores ajudem os alunos a melhorar a aprendizagem como um instrumento fundamental e decisivo para o desenvolvimento do país. Quadro V – Planificação do tempo de estudo e de outras actividades Faco plano antes de comecar a fazer um trabalho Valid nunca poucas v ezes algumas v ezes muitas v ezes sempre Total Frequency 102 58 55 24 41 280 Percent 36.4 20.7 19.6 8.6 14.6 100.0 Valid Percent 36.4 20.7 19.6 8.6 14.6 100.0 Cumulat iv e Percent 36.4 57.1 76.8 85.4 100.0 A questão sobre se os alunos planificam o tempo de estudo e outras actividades antes de começarem a realiza-las (Quadro V), 36,4% de alunos revelaram que nunca fizeram nenhum plano para qualquer actividade. Para eles não é prática fazer plano para suas actividades, realizam-nas ocasionalmente, especialmente aquelas que lhes apetecerem em determinado momento sem precisar de estabelecer prioridades nem tempo necessário. Como se pode notar, os alunos do ensino secundário enfrentam os seus estudos de forma superficial. Nesse sentido como estes dados sugerem, os alunos apresentam uma motivação extrínseca para estudar, isso significa que certos alunos vão à escola por exemplo, movidos pela companhia de amigos, para satisfazer os encarregados de educação, falta de outra ocupação e com menos interesse. A abordagem superficial surge da intenção de realizar os estudos com menor preocupação, com pouco esforço, com poucas tarefas de exercitação. Mesmo percebendo, no entanto, que existem requisitos m nimos de aprendizagem que são exigidos (BIGGS “apud” ROSÁRIO, 2006). Como resultado dessa avaliação de consequências os alunos respondem as exigências académicas do sistema instrutivo utilizando estratégias profundas (ROSÁRIO, 2005:272). A abordagem profunda emergente sugere, assim que os alunos apesar de manifestarem uma 50 baixa implicação no processo de aprendizagem (motivação superficial), percebem que para realizar os seus objectivos académicos, terão de utilizar estratégias profundas para fazerem face as exigências escolares deste ciclo secundário. Mas a questão de planificação do tempo de estudo e de outras actividades deveria ser uma cultura para os alunos ou estudantes, porque isso ajuda e gerir o tempo em si e ajuda a realizar todas as actividades necessárias de forma organizada e objectiva. Quadro VI – Horário de estudo e avaliação das actividades realizadas Cumpro o horario de estudo e avalio o que faco. Valid nunca poucas v ezes algumas v ezes muitas v ezes sempre Total Frequency 88 78 50 36 28 280 Percent 31.4 27.9 17.9 12.9 10.0 100.0 Valid Percent 31.4 27.9 17.9 12.9 10.0 100.0 Cumulat iv e Percent 31.4 59.3 77.1 90.0 100.0 Sobre o cumprimento do horário de estudo e avaliação do trabalho de cada aluno. De acordo com os resultados do quadro VI, 31,4% dos alunos nunca se preocuparam em cumprir o horário de estudo, nem avaliar o que fazem. E 27,9% cumpriram poucas vezes o horário de estudo. Os que disseram que cumprem o horário muitas vezes e sempre correspondem a 32,9%. Com base nestes resultados, pode-se deduzir que são poucos os alunos que cumprem o horário de estudo no ensino secundário. Quando o aluno não sabe quando e que duração de tempo pode estudar, significa que ele não é organizado sob ponto de vista académico, só estuda quando faz o trabalho de casa (TPC) que o professor mandou. O roteiro diário ou semanal ajuda o aluno a regular e a controlar o tempo, a trabalhar e a estudar organizado. 51 Quadro VII – Estratégias de estudo usadas pelos alunos Quando estudo, tento compreender as materias, tirar apontamentos, fazer resumos, resolver exercici os que vem nos livros. Valid nunca poucas v ezes algumas v ezes muitas v ezes sempre Total Frequency 47 98 75 40 20 280 Percent 16.8 35.0 26.8 14.3 7.1 100.0 Valid Percent 16.8 35.0 26.8 14.3 7.1 100.0 Cumulat iv e Percent 16.8 51.8 78.6 92.9 100.0 Uma das questões centrais do trabalho estava relacionada com as estratégias de estudo utilizadas pelos alunos nos seus estudos (Quadro VII). Algumas das questões que ajudaram a obter explicações são: como os alunos estudam ou se envolvem no estudo? Que estratégias de estudo usam? Nesse aspecto, 16,8% é de alunos que de acordo com o quadro, nunca procuraram compreender as matérias através de ou tirando apontamentos, fazendo resumos, resolvendo exercícios etc. Outros 35% disseram que usam essas estratégias de estudo poucas vezes. 14,3% e 7,1% correspondem aos que afirmaram que usam muitas vezes e sempre as estratégias de estudo. Quadro VIII – Estratégias de estudo (cont.) Depois de acabar uma prova, corrio-a logo que posso para saber onde errei e, mais ou menos, que nota terei . Valid nunca poucas v ezes algumas v ezes muitas v ezes sempre Total Frequency 87 77 66 23 27 280 Percent 31.1 27.5 23.6 8.2 9.6 100.0 Valid Percent 31.1 27.5 23.6 8.2 9.6 100.0 Cumulat iv e Percent 31.1 58.6 82.1 90.4 100.0 Ainda acerca das estratégias de estudo (quadro VIII), o interesse foi explorar se os alunos preocupam-se ou não em reflectir ou em verificar se as respostas que deram numa prova realizada foram certas ou não e em função disso, adivinhar a nota que poderão tirar depois de corrigida a prova pelo professor. O resultado apurado ou obtido é de 31,1% de alunos que fizeram saber que nunca fizeram a correcção logo depois de realizar uma prova. 27,5% Fazem poucas vezes e 23,6% fazem algumas vezes. E apenas uma pequena minoria de 8,2% e 9,6% é que afirmaram que fazem a correcção das provas várias vezes e sempre que 52 realizam. Esse facto revela a falta de interesse e preocupação pelos estudos e pelo trabalho próprio. Mostra uma motivação superficial e consequentemente uma aprendizagem também superficial dos nossos alunos do ensino secundário na sua grande maioria. Quadro IX – Estratégias de estudo usadas pelos alunos (cont.) Penso que compl etar apontamentos e uma perda de tempo, so estudo os apontamentos do caderno ou as paginas do li vro que tem a materi a que vai sair na prova. Valid nunca poucas v ezes algumas v ezes muitas v ezes sempre Total Frequency 52 64 60 61 43 280 Percent 18.6 22.9 21.4 21.8 15.4 100.0 Valid Percent 18.6 22.9 21.4 21.8 15.4 100.0 Cumulat iv e Percent 18.6 41.4 62.9 84.6 100.0 O quadro IX é ainda referente as estratégias usadas pelos alunos para o estudo e mostra uma certa variação de resultados. Alguns usam estratégia superficial ao afirmar que sempre (15,4%) e muitas vezes (21,8%) pensam que completar apontamentos é uma perda de tempo, só estudam apontamentos do caderno ou páginas do livro que tem matéria que vai sair na prova. Significa que esses só estudam para as provas e não para saber e serem diferentes; só se preocupam em satisfazer as exigências das provas marcadas pelos professores, terminadas as provas esquecem tudo. Mas há também alunos (18,6%) que usam estratégia profunda por terem afirmado que nunca pensaram que completar apontamentos é perda de tempo e não estudam só o caderno e o livro que tem matéria que vai ser avaliada na prova, estudam também outros materiais para enriquecer a aprendizagem. Outros situaram-se na zona intermédia e afirmaram que poucas vezes (22,9%) e algumas vezes (21,4%) pensam desse modo. Ou seja, nunca pensaram que completar apontamentos é perda de tempo mas também nem sempre se preocuparam em completar apontamentos ou estudar cadernos e livros que têm matéria que vai sair na prova. 53 Quadro X – estratégias de estudo usadas pelos alunos (cont.) Na maioria das discipl inas, estudo o sufi ciente so para passar. Valid nunca poucas v ezes algumas v ezes muitas v ezes sempre Total Frequency 48 54 49 63 66 280 Percent 17.1 19.3 17.5 22.5 23.6 100.0 Valid Percent 17.1 19.3 17.5 22.5 23.6 100.0 Cumulat iv e Percent 17.1 36.4 53.9 76.4 100.0 Os resultados do quadro X revelam que 23,6% e 22,5% de alunos da amostra sempre e muitas vezes estudam as matérias das disciplinas só para passar de classe (Abordagem superficial). Enquanto 17,1% e 19,3% nunca ou não estudam só para passar, provavelmente também para saber e dominar o conhecimento (Abordagem profunda). O cenário de estudar o suficiente das matérias ou disciplinas só para passar de classe revela que os alunos aprendem influenciados por uma motivação extrínseca apenas para (satisfazer os professores, os encarregados e evitar resultados negativos na pauta ou no fim do ano). Quadro XI – Estratégias de estudo usadas pelos alunos (cont) Penso que para ter boas notas e bom repetir apenas as ideias e frases que os professores di zem nas aul as. Valid nunca poucas v ezes algumas v ezes muitas v ezes sempre Total Frequency 28 52 62 77 61 280 Percent 10.0 18.6 22.1 27.5 21.8 100.0 Valid Percent 10.0 18.6 22.1 27.5 21.8 100.0 Cumulat iv e Percent 10.0 28.6 50.7 78.2 100.0 Sobre como os alunos pensam ou fazem para ter boas notas ou boas classificações nas provas (Quadro XI), 21,8% e 27,5% correspondem aos alunos que optam por repetir apenas as ideias e frases tal como os professores dizem na sala de aulas (reprodução do conhecimento). Isso permite deduzir que esses alunos não se preocupam em desenvolver as suas competências, não lutam para explicar os conteúdos por suas próprias palavras, limitam-se apenas por aquilo que os professores dizem na sala de aulas. No lugar disso, o país precisa como o quadro indica de alunos (10,0%) que percebem que informações do professor não bastam nem é bom repeti-las literalmente e sempre, é preciso procurar informações em livros 54 e outras fontes como forma de consolidar, desenvolver e enriquecer as bases fornecidas pelos professores sobre determinadas matérias (aprendizagem por aprofundamento) (RIBEIRO, 2004). Quadro XI – Estratégias de estudo usadas pelos alunos (cont) Procuro um siti o calmo e onde esteja concentrado para poder estudar. Por exemplo, quando estou a estudar afasto-me das cisas que distraem:TV,revistas,cel ular. Valid nunca poucas v ezes algumas v ezes muitas v ezes sempre Total Frequency 31 83 85 22 59 280 Percent 11.1 29.6 30.4 7.9 21.1 100.0 Valid Percent 11.1 29.6 30.4 7.9 21.1 100.0 Cumulat iv e Percent 11.1 40.7 71.1 78.9 100.0 O quadro XI apresenta resultados sobre o ambiente em que os alunos estudam afastando-se ou não dos distractores (coisas que distraem). Como o quadro mostra (11,1%) dos alunos inqueridos disseram que nunca procuraram um sítio calmo e onde estejam concentrados para estudar, isto é, não se preocupam em ficar longe dos distractores, ou seja, coisas que podem perturbar o estudo, estudam ao mesmo tempo que acompanham programas da televisão e falam ou ouvem músicas ao telefone enquanto estudam. Embora entre os que disseram que sempre (21,1%) e muitas vezes (7,9%) procuram um sítio calmo e onde estejam concentrados para estudar e afastam-se de coisas que distraem, se verifica muita diferença em termos percentuais: sucede porém, que em termos práticos, muitos dos alunos do ensino secundário se mostram muito próximos dos distractores, provavelmente devido a faixa etária em que se encontram (adolescência e juventude). Algo que não lhes permite concentração para o estudo e consequentemente surgem fracas competências na produção do conhecimento. 55 Quadro XII – Habilitações (escolaridade) dos pais dos alunos Habili tacoes escolare do pai Valid Nao estudou Niv el primario Niv el secundario Niv el superior Total Frequency 50 57 132 41 280 Percent 17.9 20.4 47.1 14.6 100.0 Valid Percent 17.9 20.4 47.1 14.6 100.0 Cumulat iv e Percent 17.9 38.2 85.4 100.0 Testada a ariá el “ abilitações escolares dos pais” (quadro XII), erifica-se uma aproximação dos resultados entre os pais escolarizados e os não escolarizados. Sendo que 17,9% de pais dos alunos da amostra não estudaram; 20,4% têm nível primário; sendo a maioria 47,1 de pais que fizeram o nível secundário e 14,6 fizeram o nível superior. Estes resultados permitem deduzir que as habilitações escolares dos pais exercem pouca influência neste fenómeno de fracas competências dos alunos nas escolas do ensino secundário. De forma geral tanto os alunos de pais escolarizados como os de pais não escolarizados para este estudo têm as mesmas manifestações em relação as actividades de estudo ou de aprendizagem escolar. Mas o normal seria que os alunos cujos pais estão escolarizados fossem mais aplicados e competentes nos estudos e os de pais não escolarizados seriam menos competentes pelo facto de os primeiros possuírem condições ou ferramentas em termos de conhecimentos para ajudarem os seus educandos do que os segundos. No concreto e no contexto moçambicano essa lógica é pouco verificável, não havendo diferenças muito significativas em termos de competências entre alunos desses dois grupos de pais em termos de sua influência na aprendizagem de seus educandos. 3.1. Correlações entre variáveis A correlação entre a variável notas do aluno à Matemática e o cumprimento do plano de estudo (quadro XIII- apêndice III) revela que os alunos com a classificação de Medíocre (7, 8 e 9 valores) são os que disseram que nunca cumpriram o plano de estudo ou fizeram poucas e algumas vezes. As notas 10, 11 e 12 valores são classificações mais elevadas nesta correlação. Verifica-se, no entanto, que não há alunos com classificação de 13, 14,15 ou mais. Sendo que 70 dos alunos afirmaram que nunca cumpriram o plano de estudo, 63 e 74 respectivamente 56 disseram terem cumprido poucas vezes e algumas vezes. Porém, existem 40 e 35 alunos que cumprem o tempo de estudo muitas vezes e sempre. Esses números indicam que muitos dos alunos não fazem e não cumprem o plano de estudo. O plano de estudo é uma forma de estabelecer metas de estudo para facilitar a aprendizagem do próprio aluno. Nesse sentido, é importante que os alunos aprendam como planificar o tempo de estudo para evitarem a improvisação do tempo de estudo que muitas vezes provoca insegurança na aprendizagem. Se os alunos nas nossas escolas cultivarem a cultura de planificar e cumprir o tempo de estudo, teremos uma aprendizagem melhorada e desejada pela sociedade moçambicana.Uma outra correlação é da nota de Português com a estratégia de corrigir as provas logo depois da sua realização. Nesta correlação os alunos que nunca fizeram a correcção da prova (87), e os que fizeram poucas vezes (77) e algumas vezes (66) continuam a ser a maioria como acontece na correlação anterior sobre a nota de Português e o plano de estudo (quadro XIV- apêndice III). A estratégia de corrigir provas depois da sua realização ajuda os alunos a organizarem mentalmente o conhecimento e capacita-os a estruturar e a enriquecer esse conhecimento. O esforço e a vantagem de fazer correcção das provas realizadas não está no acto em si, mas no facto de que, exprime uma motivação intrínseca do aluno sobre a actividade da aprendizagem e cultiva a autoconfiança.A estratégia de estudar na base de correcção de testes e exames realizados em dias, semestres ou anos anteriores é uma prática que nos últimos anos está viabilizando os estudos e resultados de aprendizagem dos alunos. Essa estratégia prepara os alunos para qualquer resultado que possam ter depois da correcção da prova pelo professor.Os resultados da correlação entre as variáveis notas do aluno na disciplina de Português e as estratégias de tentar compreender as matérias, tirar apontamentos, fazer resumos e resolver exercício que vêm nos livros (quadro XV), podem conduzir a verificação e percepção de que os alunos que declararam que nunca usaram estas estratégias ou usaram poucas vezes e algumas vezes constituem a maioria dos alunos, situando-se nos 47 (nunca), 98 (poucas vezes) e 75 (algumas vezes). As competências que a sociedade moçambicana anseia que os alunos tenham estão relacionadas com as actividades de elaboração de resumos, apontamentos e exercícios dos livros, pois são essas actividades que exprimem que o aluno aprendeu e, a partir dai, ele pode construir o conhecimento de forma autónoma e consistente e desenvolver o pensamento e poder abstractivo e ser capaz de fazer transferência do conhecimento ou da aprendizagem para explicar e resolver problemas que podem surgir nos diferentes contextos da vida.Portanto, como refere NIVAGARA (2012:7) a sociedade moçambicana quer ver seus filhos (alunos) 57 preparados para lidar com as incertezas que as dinâmicas de desenvolvimento impõem, com a complexidade na tomada de decisão e ter responsabilidade sobre as decisões tomadas. No contexto actual aprender é preparar-se para conviver num tempo onde as coisas se movimentam com muita rapidez, onde o conhecimento é renovado a cada dia a as distâncias se encurtam rapidamente. Nesse sentido, a qualidade da aprendizagem e do conhecimento se tornam determinantes para o rumo do indivíduo numa situação em que o país está experimentando vários desafios de desenvolvimento. Por isso, tudo é incerto e imprevisível. Esse facto requer pessoas com capacidade de compreender o que ocorre ao seu redor, saber discriminar as informações importantes, adquirir o prazer pelo conhecimento caracterizado por uma atitude de questionamento crítico (NIVAGARA, 2012 cp.9). Uma outra correlação pode ser analisada cruzando as variáveis tempo de estudo, estudo diário e revisão frequente dos apontamentos (quadro XVI). Tal como aconteceu noutras correlações anteriores, nestas também, os resultados indicam uma grande maioria de alunos da amostra situando-se entre os valores 76 (nunca estudaram diariamente nem fazem revisão frequente de apontamentos), 79 fizeram (poucas vezes) e 49 (algumas vezes). Os que afirmaram que estudam diariamente e fazem revisão frequente são 39 e 37 respectivamente. O estudo diário e a revisão frequente dos apontamentos em casa, depois das aulas decorridas em salas de aula, é uma forma da (aprendizagem por aprofundamento) (RIBEIRO, 2004). Esta estratégia é importante porque ajuda os alunos a consolidar e a enriquecer os conhecimentos. Analisando o tempo de estudo dos alunos da amostra, nota-se uma grande variação ou oscilação, pelo facto de 55 deles responderem que nunca, dois (2) estudam mais que 15 minutos, treze (13) estudam entre 15 a 30 minutos, cinco (5) estudam entre 30 a 60 minutos e apenas um (1) estuda mais de 60 minutos (uma hora). Estes resultados permitem deduzir que os poucos alunos que afirmaram que estudam durante 15, 30 ou 60 minutos, parece que se referem ao tempo que levam para fazer um dever de casa (TPC) que o professor marcou. Essa actividade do TPC embora seja necessária e possa ajudar na exercitação do aluno, não faz parte do estudo que resulta da motivação intrínseca do aluno, mas sim, provêm da motivação extrínseca com o fim de satisfazer a exigência do professor para evitar qualquer repreensão em casos de não fazer. 9 Cp. Comunicação pessoal do Prof. Doutor Daniel Nivagara, numa palestra que proferiu em em Nampula, no mês de Agosto de 2012, perante docentes e estudantes do Departamento de Ciências de Educação e Psicologia. 58 Quadro XVII – Resultados de correlação entre abordagens, motivação e classificações Motivos, estratégia e abordagens Média D.P. Classificações Motivação superficial 4.26 . 73 . 02 Estratégia superficial 2.58 . 75 -. 07 Motivação profunda 3.69 . 66 . 08 Estratégia profunda 3.23 .70 . 21 Motivação de alto rendimento 3.51 . 87 . 18 Estratégia de alto rendimento 3.21 . 44 -. 24 Abordagem superficial 3.09 . 47 -. 07 Abordagem profunda 3.28 . 68 . 46 Abordagem de alto rendimento 3.02 . 61 . 26 Uma outra discussão destes dados está orientada para a análise da relação ou correlação existente entre a opção por uma determinada motivação, estratégia e abordagem à aprendizagem e os seus rendimentos académicos. Como se pode observar o quadro (XXI), existe uma relação significativa entre quase todas as subescalas profundas e de alto rendimento e os resultados com a excepção da motivação de alto rendimento. Verificou-se que a opção por uma motivação e estratégia superficial e consequentemente uma abordagem também superficial apresenta uma correlação negativa, mas não significativa com os resultados da avaliação final (respectivamente r -. 02, r -. 07, r -. 07), o que sugere que a opção por estratégias superficiais na aprendizagem terá como resultado, baixas classificações escolares. As abordagens profunda e de alto rendimento apresentam correlações positivas e estatisticamente significativas com a avaliação final embora a correlação da abordagem profunda seja superior (r -. 26) em relação às outras correlações. Estes dados relacionam-se com a teoria de BIGGS “apud” ROSÁRIO (2006) no sentido de que há alunos embora poucos que procuram compreender as relações existentes no material a aprender, e esses investem mais no trabalho pessoal e esse esforço, reflecte-se no incremento de resultados escolares. O facto de os alunos que optam por uma abordagem de alto rendimento apresentarem correlações positivas com os resultados de aprendizagem sugere que estes alunos para fazerem face às suas necessidades e motivações de auto-valorização académica 59 desenvolveram estratégias adequadas face às exigências escolares percebidas e foram bemsucedidos. Realizados outros testes de correlação entre as variáveis (sig. 2-tailled), cujos resultados constam, no Apêndice B, esses resultados indicam haver varáveis que não explicam o problema de fraca competência dos alunos. A correlação entre as habilitações dos pais e a competência geral dos alunos, por exemplo, de acordo com o resultado (. 000) é nula; significa que não há correlação, ou seja, não explicam o fenómeno de fracas competências. Notou-se ainda que a correlação entre o género dos alunos e as notas a Matemática e Português é negativa e forte (-0.64 e -0.67). Enquanto a correlação entre a idade dos alunos e a competência geral é positiva mas fraca (. 0,5). Destes resultados, pode-se perceber que o problema de competências dos alunos não tem nada a ver com o género nem com a idade deles. Qualquer que seja o género ou a idade tem os mesmos problemas. De acordo com estes dados o fenómeno de fracas competências afecta os alunos dos dois géneros (mulheres e homens) e de todas as idades, é um facto do sistema como um todo. 60 CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO, CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO E LIMITAÇÕES 4.1. Conclusão Proceder a análise das abordagens à aprendizagem dos alunos do ensino secundário geral constituiu-se numa linha de investigação que ajudou a compreender como os alunos desse subsistema do SNE (Sistema Nacional de Educação) abordam e encaram a aprendizagem escolar. Também ajudou a conhecer as estratégias que os alunos adoptam, as tarefas que realizam e como se envolvem nessas tarefas de estudo. Na base dos resultados de testagem das hipóteses através de manipulação e correlação de variáveis, o estudo permitiu concluir que rejeita-se a hipótese nula (H0), segundo a qual, o fenómeno de fraca competência dos alunos do ensino secundário não está associado a falta de aplicação de estratégias e planificação do tempo de estudo e, confirma-se a hipótese alternativa (H1) segundo a qual o fenómeno de fraca competência dos alunos do ensino secundário moçambicano está associado, a falta de estratégias e planificação do tempo de estudo por parte dos próprios alunos. Muitos alunos nos seus estudos orientam-se por motivações superficiais, estratégias superficiais e abordagens superficiais e como consequência o nível de competências é fraco. O ritmo de envolvimento dos alunos nas actividades de aprendizagem no que se refere as estratégias, a preocupação pela planificação e cumprimento do tempo de estudo no nosso contexto das escolas moçambicanas não se mostra saudável. Nos quadros apresentados no capítulo de análise de dados deste estudo, estão explícitos os índices e dados de natureza estatística que ilustram a falta de estratégias ou métodos e motivação ao estudo por parte dos alunos do ensino secundário, fornecendo evidências ou bases para rejeitar a hipótese nula e aceitar a hipótese alternativa. Porém, os alunos não são os únicos culpados pela situação em que se encontra actualmente a aprendizagem ou a educação em Moçambique, existem outros factores que influenciam como por exemplo, políticas educativas, a forma de participação dos pais e encarregados de educação nas actividades da escola, mudança de currículos, motivação dos professores, condições de trabalho, os modelos de formação de professores e outros. Privilegiar um referencial de aprendizagem construtiva e significativa orientada para a compreensão dos aspectos de planificação do tempo de estudo e outras actividades assim como as estratégias que os alunos do ensino secundário podem adoptar ao enfrentarem suas 61 tarefas de aprendizagem se afigura como um dos caminhos para mudar a situação de aprendizagem em Moçambique. Existe um grupo de modelos de abordagens à aprendizagem que parte da existência de três factores (superficial, profundo e de alto rendimento). As diferentes hipóteses de modelos neste grupo propõem que estes três grupos podem-se organizar correlacionando-os, podendo a abordagem de alto rendimento contribuir para definir estruturalmente os dois factores compostos (superficial-alto rendimento, profundo-alto rendimento) (BIGGS “apud” ROSÁRIO, 2006). Um outro grupo de modelos de abordagens à aprendizagem hipotetiza uma estrutura de apenas dois factores associando entre as motivações e as estratégias de alto rendimento e as orientações à aprendizagem (orientação para a reprodução e orientação para a compreensão). Promover seminários de capacitação aos professores do ensino secundário como uma forma de intervenção concreta sobre o problema de aprendizagem dos alunos em Moçambique, para discutir e definir sobre como ensinar as estratégias de estudo aos alunos e sobre a planificação do tempo para que a partir daí, eles possam realizar aprendizagem significativa e construtiva com vista a desenvolver as suas competências. E, de modo que os próprios alunos questionem as práticas e sozinhos consigam promover mudanças construindo o conhecimento e se tornem responsáveis da sua prόpria aprendizagem, o seminário de capacitação mostra-se como uma das alternativas ou sugestões de solução que pode ajudar a resgatar a qualidade da aprendizagem no nosso país. Algumas questões que orientaram esta pesquisa como por exemplo: como explicar a situação de fracas competências dos alunos do ensino secundário? Que estratégias se podem adoptar para mudar a situação e melhorar o desempenho dos alunos? Como se pode fazer a intervenção desse fenómeno? Que abordagens os alunos fazem da sua aprendizagem? Como os alunos encaram a aprendizagem escolar? Como os alunos se envolvem nas actividades de aprendizagem? Foram fundamentais e ajudaram a encontrar explicações (já descritas no capitulo de análise dos dados) a cerca do fenómeno estudado. As respostas a estas questões exprimiram ideias de que os alunos do ensino secundário, de forma geral, enfrentam as suas tarefas de aprendizagem guiada por uma motivação superficial e uma abordagem também superficial que só ajudam e orientam para satisfazer exigências externas de aprendizagem e não pelo gosto da tarefa de estudar e 62 interesse de realizar uma aprendizagem significativa e construtiva. Existem mas são poucos os alunos que usam abordagem profunda e de alto rendimento. Analisando os resultados deste estudo em função das variáveis testadas, verificou-se que os alunos não se envolvem seriamente nem mostram comprometimento nas tarefas escolares. Por isso, torna-se um imperativo nacional e urgente mudar essa situação ensinando os alunos a conhecer e a aplicar estratégias de estudo e a desenvolverem (motivação) na construção do conhecimento. Portanto, os motivos e factores de dificuldades no estudo dos alunos segundo esta pesquisa, resumem-se a uma categoria geral: a falta de métodos de estudo, desdobrando-se aos aspectos de incapacidade de planificar e organizar o tempo de estudo e outras actividades, falta de concentração durante o estudo, incapacidade de seleccionar e organizar informações, incapacidade de utilizar e produzir apontamentos, incapacidade de evitar distractores, ignorância dos tempos necessários para memorizar, falta de controlo emocional, instabilidade, falta de confiança a si próprio, falta de perseverança, falta de dedicação e interesse pelos estudos e falta de estratégias de estudo. O desafio para sermos uma sociedade do conhecimento deve ser uma realidade no nosso país. Para desenvolver competências é preciso cultivar nos alunos atitudes e motivação para aprender. Precisamos de sair do interesse meramente estatístico quando se avalia o rendimento escolar ou a aprendizagem dos alunos, para uma outra fase de conhecimento e competências visíveis. É fundamental definir claramente os indicadores de aprendizagem dos nossos alunos, entre eles: competências, indicadores de rendimento, de sucesso, de acompanhamento e de recursos. 4.2 - Contribuições do estudo O estudo constitui uma contribuição no contexto dos esforços que se desenvolvem no sector de educação, por ter tentado avaliar a situação de aprendizagem dos alunos do ensino secundário com informações sistematizadas a partir de informantes ou actores principais e concretos desse processo (alunos). Espero que esta análise possa servir para chamar atenção às autoridades educacionais e a todos os envolvidos e interessados com o processo de aprendizagem dos alunos a repensarem e definirem medidas que podem ajudar a melhorar. Julgo que possa ajudar a compreender as formas como os alunos se envolvem nos estudos e como encaram os 63 trabalhos escolares de aprendizagem, havendo necessidade de fazer intervenção através de capacitação de professores em matérias de estratégias de estudo e planificação do tempo de estudo e outras actividades que o aluno realiza em casa. O estudo permitiu avaliar o nível de desempenho dos professores e prever os métodos e esforços necessários para que eles mudem os alunos no sentido positivo. O trabalho propõe várias estratégias de estudo que os alunos podem usar para terem sucesso desejável não só no resultado expresso em pautas de notas mas, sobretudo, na capacidade de interpretação dos conteúdos usando suas próprias palavras ajudando na construção do conhecimento. 4.3 - Limitações do estudo Ao longo do processo de estudo registaram-se muitos constrangimentos que influenciaram de algum modo a qualidade desta dissertação. Alguns desses constrangimentos são os seguintes: Dificuldade de supervisão presencial motivada por falta de condições financeiras para deslocar para ter orientação, portanto, distância entre o supervisionado e a supervisora, tendo acontecido o processo de orientação, em grande parte por via correio electrónico. Falta de informação sistematizada a cerca do assunto do trabalho ao nível nacional. Limitadas condições pessoais de acesso à internet e a bibliografia nacional e internacional original. Dificuldades de conciliar a actividade de pesquisa com a actividade docente e outras obrigações profissionais. Pouco domínio pessoal no manuseamento do SPSS, como instrumento novo no nosso contexto para a análise de dados de pesquisa. 66 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Leandro S & FREIRE, Teresa. Metodologia da investigação em psicologia e Educação, 4ed, Braga, Psiquilibrios edições, 2007. BECKER, Fernando. Aprendizagem construtiva, disponível em http:/WWW.Cromariocovas.SP.gov.br,Sao , acesso em 06/04/2012. BERNARDO, Gustavo. Educação pelo argumento, 2ed, Porto Alegre, art. Med, 2000. BOLETIM DA REPÚBLICA nº 19, série (1992). Lei 6/92 de 6 de Maio: Sistema Nacional de Educação, Maputo: Imprensa Nacional. BONDENAME, Juan Dias. Estratégias de ensino e aprendizagem, 1ed, Porto editora, 1992. CASTIANO, José; NGUENHA, Severino & GURO, Manuel. Barómetro da educação básica em Moçambique: Reflectindo sobre Moçambique, dispon el em ttp: WWW O Pa s com mz, acesso 03 04 2012 CECCON, Claudius & Oliveira, Miguel. A vida na escola e a escola na vida, 34ed, Petrópolis, Editora vozes, 1999. CHIZZOTI, António. Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais, 4ed, São Paulo, Editora Autores Associados, 2000. COMISSÃO EUROPEIA: Relatório sobre a qualidade do ensino básico e secundário na Europa e América, Lisboa, 2008. COMITE DE CONSELHEIROS. Agenda 2025: Visão e Estratégias da Noção, Maputo: gráfico, 2003. DELORS J. Educação. Um tesouro a descobrir. Relatório sobre a Educação para o século XXI. ed. São Paulo, UNESCO/ Edições Asa/Cortez, 1999. FERREIRA, Almeida. A educação nos países africanos em vias de desenvolvimento, (2012), WWW.seamusung.com áfrica ncitiznss ip blue Internet tml FONSECA, António Manuel. Desenvolvimento humano e envelhecimento, 1ed, Lisboa, Climepsi Editores, 2004. FONSECA, Victor da. Aprender a aprender, 1ed, Porto Alegre, Art Med, 1998. 67 GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social, 5ed, São Paulo, Atlas Editora, 1999. FREIRE, Luiz Gustavo Lima. Concepções e abordagens a aprendizagem: a construção do conhecimento e das experiências dos alunos, Lisboa, Ciência e cognição, publicado em 30 de Novembro, 2006. GOVERNO DE MOÇAMBIQUE. Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta, 2005-2009, Maputo. INDE. Plano Curricular para o Ensino Secundário Geral (PCESG), Maputo, 2007. IVALA, Adelino Zacarias. O ensino de História e as relações entre os poderes autóctones em Moçambique, 1975 – 2000. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação para o currículo, Pontifícia Universidade de São Paulo, 2002. MANGRASSE, Lucas. A ideologia do processo de Alfabetização e Educação de jovens e adultos no período de 1975 a 2003. Tensão entre factores políticos e culturais. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação para o currículo, Pontifícia Universidade de São Paulo, 2004. MARCONI, Maria de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados, 5ed, São Paulo, Editora Atlas, 2002. MARQUES, Rui et all. Na sociedade da informação: o que aprender na escola, s ed , Lisboa, Edições ASA, 1998. MINED. Estratégia para o Ensino Secundário Geral e para a Formação de professores, nível secundário, Maputo, 2001. MINED & INDE. Plano Curricular do Ensino Secundário Geral – Documento orientador, objectivos, Politica, Estrutura, plano de estudos e estratégias de implementação, 2007. MINED. Estratégia do Ensino secundário Geral (2009 – 2015), Novembro de 2009, aprovada na XXI sessão ordinária do Conselho de Ministros, Maputo, aos 24/11/09. MOREIRA, Marcos António. Aprendizagem significativa, 2ed, Brasília, Ed. UNB, 1999. MOREIRA, Marcos António. Teorias de aprendizagem, 3ed, São Paulo, Editora pedagógica universitária LTDA, 2006. 68 MOREIRA, Marcos Antonio & FREIRE, Luis Gustavo Lima. Construindo aprendizagem, 1 ed, São Paulo, Editora Pedagόgica Uni ersitária LTDA, 2006. MWAMWENDA, Tuntufye S. Psicologia educacional: uma perspectiva africana, 1 ed. Maputo, Textos editora, 2005. NDOY, A. Análise do Relatório da UNESCO (2007) sobre a qualidade da educação, 2008. NIVAGARA, Daniel. A pesquisa na actividade docente: uma contribuição para análise do poder da pesquisa na transformação do carácter do ensino e do perfil do professor, Maputo, 2012. Cp. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Aprendizagem: um desafio para a formação docente, 3ed, Petrópolis, Vozes editora, 2007. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem, 22ª Reunião anual, apresentada à USP, Caxambu, 1999. ONTORIA, A. Et al. Mapas conceptuais: uma técnica para aprender, 3ed, Porto, Narcea, S. A. Educones, 2003. PENNA, António Gomes. Introdução à aprendizagem e memória, Rio de Janeiro, imago ed, 2001. REA, Louís M. & PARKER, Richard A. Metodologia de Pesquisa: do planeamento à execução, s/ed, São Paulo, Editora electrónicos fotolitos, 1997. REVISTA GALEGO – Portuguesa de Psicoloxia e Educación, As estratégias de aprendizagem nas diferentes abordagens ao estudo: uma investigação com alunos do Ensino Secundário, número 3, Volume 4, Ano 3º, 1999, ISSN: 1138 – 1663. RIBEIRO, Marco Aurélio de Patricio. A técnica de estudar: uma introdução às técnicas de aprimoramento do estudo, 11ed, Petrópolis RJ, Editora vozes, 2004. RIBEIRO, Marco Aurélio de Patrício. Como estudar e aprender, 4ed, São Paulo, Editora vozes, 2003. RIBEIRO, Marcos Aurélio de Patricio. A técnica de aprender, 11ed, Petrópolis, Editora, vozes, 2005. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas, 3ed, São Paulo, Atlas Editora, 2000. ROSÁRIO, Pedro Sales Luís. Estudar o estudar, s/ed, Porto, Porto editora, 2000. 69 ROSÁRIO, Pedro Sales Luís. Ordem para estudar, s/ed, Porto, Porto editora, 2001. ROSÁRIO, Pedro Sales Luís & ALMEIDA, Leandro s. Leituras e aprendizagem, s/ed, Minho, 2005. ROSÁRIO, Pedro Sales Luís & ALMEIDA, Leandro s. Psicologia da Educação: leituras construtivistas da aprendizagem, s/ed, Minho, 2006. ROSÁRIO, Pedro Sales Luis. Abordagem à aprendizagem de alunos de alto rendimento, Associação Nacional para o estudo e a in estigação (ANEIS), dispon el em ttp: WWW. Repositorium.sdum.uminho.pt, acesso no dia 18 de ago. 2012. ROSÁRIO, Pedro Sales Luis. Abordagens à aprendizagem, disponível em http:/WWW.guia.psieud.com, acesso no dia 05 de ago. de 2011. ROSÁRIO, Pedro Sales Luís. Auto regulação da aprendizagem, s ed Porto, 2004 ROSÁRIO, Pedro Sales Luís. Leituras construtivas de aprendizagem, s /ed. Porto, 1999. ROSÁRIO, Pedro Sales Luís. Motivação e aprendizagem: uma rota de leituras, s/ed, In M.C. Taveira (Coord.). Temas de Psicologia escolar. Contributos de um projecto cientitico-pedagógico, Coimbra, Quarteto editora, 2005. SANTOS, Júlio César Fortunado. Os desafios de promover a aprendizagem significativa, 2ed, São Paulo, Atlas editora, 1999. SERAFIM, Maria Teresa. Saber estudar e aprender, 3ed, Lisboa, Editorial Presença, 2001. SILVA, Adelina Lopes da & SÁ, Isabel da. Saber estudar e estudar para saber, s ed, Porto, Porto editora, 1997. SILVA, Lopes da et al. A auto-regulação da aprendizagem: estudos teóricos e empíricos. Intermeio número 19, s/ed, 2006. SILVA, Lopes da et al. Aprendizagem auto-reguladora pelo estudante: perspectivas psicológicas e educacionais, s/ed, Porto editora, 2004. SIMAO, Veiga. A auto-regulação, s ed , Lisboa, Minist rio da Educação, 2002 SIMÃO, Veiga. Aprendizagem estratégica: Uma aposta na auto-regulação. Desenvolvimento curricular, Lisboa, Ministério da Educação, 2004. TAVARES, José & ALRCÃO, Isabel. Psicologia do Desenvolvimento e da aprendizagem, 1ed, Coimbra, Almedina editora, 2002. 70 TRIVOÑS, Augusto N. S. A pesquisa qualitativa em Educação; o positivismo, a fenomenologia, o Marxismo, São Paulo, Editora Atlas, 2007. UNESCO, Executive summary: Education for all (EFA) Global Monitoring Report 2007 b ttp: WWW.efareport.unesco.org UNESCO, RELATÓRIO MUNDIAL: Ensino num mundo em mudanças, 1ed, Edições ASA, 1998. Valadas, S. Sucesso académico e desenvolvimento cognitivo em estudantes universitários: Estudo das abordagens e concepções de aprendizagem. Tese de Doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, 2007. WWW.samsung.com áfrica pt áfrica nciticiznss ip blue. Internet. Html: Relatório Europeu sobre a qualidade do ensino básico e secundário – Desenvolvimento de políticas educativas. WWW.scielo.br pdf: Abordagens dos alunos à aprendizagem: Análise do construto, Psico – VSF, n Z, p 117- 127, ul Dez, 2004 71 APÊNDICES 75 Apêndice I: Bateria de inquérito sobre processos de aprendizagem Sexo Feminino ------- Idade -------- Masculino -------- Número de reprovações -------- Habilitações escolares (até que classe estudou?) Pai Mãe Classificação obtida no 2º Classificação obtida no final do presente trimestre do presente ano lectivo ano lectivo Matemática Língua Portuguesa Média anual Tempo de estudo Nada <15m Entre 15-30m Entre 30-60m >60m Terça-feira Quinta-feira Globalmente consideras-te um (a) aluno/a: 1.Fraco 2.Médio 3.Bom 4.Muito Bom Relativamente à disciplina de Matemática, consideras-te um (a) aluno/a: 1.Fraco 2.Médio 3.Bom 4.Muito Bom Relativamente à disciplina de Português, consideras-te um (a) aluno/a: 1.Fraco 2. Médio 3.Bom 4.Muito Bom 1.Faço um plano antes de começar a fazer um trabalho. Penso no que 1 Sempre Muitas vezes vezes Algumas Nunca Assinale A TUA ESCOLHA COM UM X Poucas vezes 76 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 1 2 3 4 5 7. Comparo as notas que tiro com os meus objectivos para aquela 1 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 vou fazer e no que é preciso para o completar (p) 2.Depois de acabar uma prova, corrijo-a logo que posso para saber 1 onde errei e, mais ou menos, que nota terei. (a) 3.Gosto de compreender o significado das matérias que estou a 1 aprender. Por exemplo, quando estudo, primeiro tento compreender as matérias e depois explico por minhas próprias palavras (p) 4.Quando estudo, tento compreender as matérias, tirar apontamentos, 1 fazer resumos, resolver exercícios que vêm nos livros. (e) 5.Guardo e analiso as correcções dos trabalhos/provas, para ver onde 1 errei e saber o que tenho de fazer para melhorar. (a) 6.Cumpro o horário de estudo e avalio o que faço, (e) disciplina. Por exemplo, se quero ter uma nota de 14 e recebo 09, fico a saber que ainda estou longe do objectivo e penso no que vou ter de fazer. (a). 8.Procuro um sitio calmo e onde esteja concentrado para poder 1 estudar. Por exemplo, quando estou a estudar afasto-me das coisas que distraem: TV, revistas, celular. (e) 9.Antes de iniciar o estudo, vejo se tenho tudo o que preciso: 1 dicionário, li ros, r gua, lápis, caderno…para não estar sempre a interromper as tarefas. (p) 10 10 Universidade Pedagógica/Universidade do Minho – versão para a pesquisa 2010 1.Peço que os professores me digam qual a matéria que sai na prova 1 Sempre vezes Muitas vezes Algumas Nunca Poucas vezes 77 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 porque só estudo isso (MS). 2.Dedico tempo e esforço a tentar relacionar a matéria nova com o 1 que já sei (MP). 3.Estudo só quando estou quase a realizar provas. Leio só uma vez 1 ou duas vezes os apontamentos (ES). 4.Estudo diariamente ao longo do ano lectivo e revejo os 1 apontamentos frequentemente (EP). 5.Penso que para ter boas notas é bom repetir apenas as ideias e 1 frases que os professores dizem nas aulas (MS). 6.Gosto de estudar. Tento compreender e dizer por palavras minhas o 1 que está escrito nos livros ou apontamentos (MP). 7.Penso que completar apontamentos é uma perda de tempo. Só 1 estudo apontamentos do caderno ou as páginas do livro que têm a matéria que vai sair na prova (ES). 8.Depois de uma aula ou de uma leitura, volto a ler os apontamentos 1 para ter a certeza que entendi bem (EP) 9.Trabalho e estudo só o que eu considero suficiente para ter positiva 1 (MS). 10.Estudo porque quero compreender as respostas às minhas dúvidas 1 (MP). 11.Na maioria das disciplinas, estudo o suficiente só para passar 1 (ES). 12.Quando recebo provas/trabalhos corrigidos, leio as correcções 1 feitas pelo professor/a e tento compreender os erros que cometi (EP). 78 Nunca que fazes. Esta afirmação aplica-se ao meu caso… 1.Quando o professor manda fazer uma tarefa na aula, 1 As vezes Raramente Coloca uma cruz na opção que melhor representa o Sempre Frequentemente 11 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 1 2 3 4 5 8.Quando um trabalho é muito difícil, desisto e passo 1 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 começo a fazê-la imediatamente (R) 2 Estou com a ‘’cabeça no ar ‘’enquanto estudo para 1 as provas. 3.Faço tantas coisas/actividades e não me sobra tempo 1 para estudar para as provas. 4.Percebo bem as matérias porque estudo todos os 1 dias. (R) 5.Quando não percebo uma matéria ou um exercício 1 da aula apresento a dúvida ao professor o mais rapidamente possível. (R) 6. Interrompo o meu tempo de estudo para fazer outras 1 tarefas (exemplo., ver TV, ouvir música, falar ao telemóvel…) 7.Cumpro o meu plano de estudo (R) para outra tarefa. 9.No estudo para as provas adio para o dia seguinte o 1 que devia ter feito hoje. 10.Quando tenho que fazer um ‘’trabal o importante 1 para a escola’’, começo o mais cedo poss el (R) 11 Universidade Pedagógica/Universidade do Minho – versão para pesquisa 2010 1.ficar muito preocupado/a e agaiatado/a antes das provas/exames 1 Sempre vezes Muitas vezes Costumo Algumas Nunca Poucas vezes 79 2 3 4 5 1 2 3 4 5 3.sentir-me muito perturbado/a e nervoso/a durante a realização das 1 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 1 2 3 4 5 10.pensar como seria bom se eu estivesse noutro sítio a fazer outra 1 2 3 4 5 importantes, penso que as provas me podem correr mal e isso põeme muito nervoso/a. 2.pensar como me sentiria se eu tivesse a melhor nota da turma. provas/exames. 4.Pensar se acertei nas resposta que dei na prova ou exame e fico 1 preocupado/a durante algum tempo. 5.ficar tão preocupado/a com a prova me poder correr mal que 1 desperdiço o tempo que ainda tenho para estudar. 6.olhar para a cara dos meus colegas e tentar adivinhar se a prova 1 lhes está a correr bem ou mal. 7.dormir mal uns dias antes da prova/exame porque tenho medo de 1 falhar e penso muitas vezes nisso. 8.tentar perceber as perguntas que os meus colegas fazem ao/à 1 professor/a durante a prova/exame. 9.sentir-me muito nervoso/a antes da entrega e correcção da prova. coisa que gosto e não a fazer a prova. 12 12 Universidade Pedagógica/Universidade do Minho versão para a pesquisa 2010 80 Em seguida pedimos-te que nos digas até que ponto costumas utilizar as seguintes estratégias para atingires os teus objectivos escolares. Nesse sentido, em cada uma destas situações responde: Q p , (…), 1 (Nunca), a 5 (sempre). Situação 1. Combinaste com 2 colegas terminar, nessa tarde, uma parte do trabalho de grupo. A apresentação é na aula seguinte e vale muito para a nota. Estás no lanchonete da escola, começou o intervalo maior e o barulho aumentou muito. A tua parte consiste em ler 4 páginas e fazer um resumo. Estás a ter dificuldade nalgumas partes do texto. Entretanto, recebeste um SMS de um colega a convidar-te para ouvires os novos toques com as músicas da moda. O 1.Pensar na nota que quero tirar e no que 1 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 2 3 4 5 2 3 4 5 combinei com os meus colegas. 2.Fazer uma pequena pausa para descansar e 1 voltar ao trabalho. 3.Pensar na alegria que teremos se 1 conseguirmos apresentar um bom trabalho e dentro do prazo combinado. 4.Pensar que se não acabarmos o trabalho, 1 teremos uma nota negativa e a culpa será minha. 5 Dizer a mim próprio: ‘’Eu ou fazer este 1 trabalho. Vamos lá! Depois oiço os novos toques do telemó el’’ 6.Sair da lanchonete e procurar um local mais 1 calmo para estudar. Sempre te Frequentemen vezes Algumas … Nunca Quando estou numa situação parecida com Raramente trabalho está parado em cima da mesa. 81 7.Telefonar aos meus colegas de grupo e 1 2 3 pedir ajuda nas dificuldades de interpretação do texto. 13 13 Universidade Pedagógica/Universidade do Minho – versão para a pesquisa 2010 4 5 82 Apêndice II: Correlação entre variáveis sig. (2-talled) Cor relations Genero dos al unos Idade dos al unos Numero de reprovacoes Habil i tac oes es colare do pai Habil i tac oes es colares da mae Nota do aluno a Matem ati ca Nota do aluno a Portugues Competenc i a geral do aluno Competenc i a do aluno a Matemati c a Competenc i a do aluno a P ortugues T empo de estudo-T erca fei ra T empo de estudoQui nta fei ra Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Pears on Correl ati on Si g. (2-tai led) Sum of S quares and Cross -products Covari anc e N Genero dos alunos 1 Idade dos alunos ,024 ,685 Numero de reprovacoes ,087 ,146 Habil i tac oes esc ol are do pai -,005 ,928 488,271 10,300 27,179 -1,886 1,750 280 ,024 ,685 ,037 280 1 10,300 365,700 ,037 280 ,087 ,146 27,179 ,097 280 -,005 ,928 -1,886 -,007 280 -,103 ,084 1,311 280 ,688* * ,000 185,750 ,666 280 -,183* * ,002 -55,400 -,199 280 -,198* * ,001 ,097 280 ,688* * ,000 -,007 280 -,183* * ,002 Habil i tac oes esc ol ares da mae -,103 ,084 Nota do aluno a Matemati c a -,064 ,286 Nota do a a P ortugu -, , -33,229 -36,893 -46, -,132 280 -,070 ,245 -, -,119 280 -,198* * ,001 , , 185,750 -55,400 -55,200 -34,750 4, ,666 280 1 -,199 280 -,100 ,096 -,198 280 -,107 ,073 -,125 280 -,034 ,572 -, , 199,196 -22,214 -22,071 -12,482 -17, ,714 280 -,100 ,096 -,080 280 1 -,045 280 ,068 ,256 -, -22,214 249,943 154,114 28,071 3, ,552 280 1 ,101 280 ,112 ,062 , -,080 280 -,107 ,073 ,896 280 ,670* * ,000 -,079 280 ,670* * ,000 , , , , , -33,229 -55,200 -22,071 154,114 211,771 42,357 57, -,119 -,198 -,079 ,552 ,759 ,152 , 280 280 280 280 280 280 -,064 ,286 -,070 ,245 -,034 ,572 ,068 ,256 ,112 ,062 1 , , -36,893 -34,750 -12,482 28,071 42,357 680,911 296, -,132 280 -,067 ,266 -,125 280 ,008 ,900 -,045 280 -,040 ,506 ,101 280 ,007 ,911 -46,743 4,600 -17,857 3,371 57,257 -,168 280 -,013 ,832 ,016 280 ,005 ,927 -,064 280 -,009 ,875 ,012 280 ,000 ,996 ,205 280 ,071 ,235 -2,836 1,050 -1,339 ,043 10,414 -,010 280 -,006 ,922 ,004 280 -,045 ,453 -,005 280 ,001 ,989 ,000 280 ,013 ,829 ,037 280 ,041 ,494 -1,157 -7,700 ,107 1,829 5,343 -,004 280 -,035 ,563 -,028 280 ,018 ,764 ,000 280 ,018 ,760 ,007 280 ,063 ,294 -7,664 3,450 2,589 9,957 19,586 -,027 280 -,038 ,526 ,012 280 ,023 ,706 ,009 280 -,002 ,975 ,036 280 ,030 ,619 ,070 280 ,054 ,364 -14,279 7,350 -,446 8,014 13,471 -,051 280 -,034 ,569 ,026 280 ,075 ,212 -,002 280 ,003 ,957 ,029 280 ,031 ,608 ,048 280 ,068 ,256 -16,307 30,950 ,982 10,529 21,443 178,589 206, -,058 280 ,111 280 ,004 280 ,038 280 ,077 280 ,640 280 , * *. Correl ati on i s s i gnifi c ant at the 0.01 level (2-tai l ed). * . Correl ati on i s s i gnifi c ant at the 0.05 level (2-tai l ed). ,152 280 ,124* ,038 ,019 280 ,135* ,024 2,441 280 ,358* * ,000 296,286 1,062 280 ,481* * ,000 126,196 ,452 280 ,508* * ,000 118,464 ,425 280 ,378* * ,000 98,554 ,353 280 ,272* * ,000 120,732 ,433 280 ,317* * ,000 1, 1007, 3, , , 174, , , , 125, , , , 176, , , , 152, , , , 83 Anexo III: Quadros de resultados do trabalho de campo Quadro IV – Notas dos alunos na disciplina de Português Nota do aluno a Portugues Valid 7 v alores 8 v alores 9 v alores 10 v alores 11 12 v alores 13 v alores 14 v alores 15 v alores 16 v alores 5 v alores 6 v alores Total Frequency 8 16 26 72 54 58 31 7 4 1 1 2 280 Percent 2.9 5.7 9.3 25.7 19.3 20.7 11.1 2.5 1.4 .4 .4 .7 100.0 Valid Percent 2.9 5.7 9.3 25.7 19.3 20.7 11.1 2.5 1.4 .4 .4 .7 100.0 Cumulat iv e Percent 2.9 8.6 17.9 43.6 62.9 83.6 94.6 97.1 98.6 98.9 99.3 100.0 Quadro XIII – Nota do aluno V Cumprimento do plano de estudo Nota do aluno a Matemática * Cumpro o meu plano de estudo. CrosstabulationCount Cumpro o meu plano de estudo. Nota do Matemática aluno a Poucas Nunca vezes Total Algumas vezes Muitas vezes Sempre 7 Valores 3 5 9 0 0 17 8 Valores 9 3 6 1 4 23 9 Valores 12 13 5 5 3 38 10 Valores 31 28 32 16 15 122 11 Valores 7 9 10 7 10 43 12 Valores 8 4 5 9 3 29 13 Valores 0 0 3 1 0 4 14 Valores 0 0 1 0 0 1 15 Valores 0 0 1 0 0 1 5 Valores 0 0 1 1 0 2 Total 70 62 73 40 35 280 84 Quadro IVX- Nota a Português V correcção de provas para saber onde errou e prever a nota que vai ter. Nota do aluno a Português * Depois de acabar uma prova, corrijo-a logo que posso para saber onde errei e, mais ou menos, que nota terei. Crosstabulation Count Nota do aluno Depois de acabar uma prova, corrijo-a logo que posso para a Português saber onde errei e, mais ou menos, que nota terei. Total Poucas Nunca vezes Muitas Algumas vezes vezes Sempre 7 Valores 2 3 0 0 3 8 8 Valores 7 3 6 0 0 16 9 Valores 14 7 5 0 0 26 10 Valores 26 25 9 5 7 72 11Valores 16 14 14 4 6 54 12 Valores 16 17 15 4 6 58 13 Valores 6 6 11 8 0 31 14 Valores 0 1 2 2 2 7 15 Valores 0 0 4 0 0 4 16 Valores 0 0 0 0 1 1 5 Valores 0 0 0 0 1 1 6 Valores 0 1 0 0 1 2 Total 87 77 66 23 27 280 85 Quadro XV – Nota a Português V Compreensão das matérias, elaboração de apontamentos, resumos e resolução de exercícios Nota do aluno a Português * Quando estudo, tento compreender as matérias, tirar apontamentos, fazer resumos, resolver exercícios que vem nos livros. Crosstabulation Count Quando estudo, tento compreender as matérias, tirar apontamentos, Nota aluno Português do fazer resumos, resolver exercícios que vêm nos livros. a Algumas Muitas Nunca Poucas vezes vezes vezes Total Sempre 7 Valores 1 3 1 1 2 8 8 Valores 3 7 6 0 0 16 9 Valores 6 12 8 0 0 26 10 Valores 10 30 23 4 5 72 11 Valores 7 18 19 6 4 54 12 Valores 14 17 11 13 3 58 13 Valores 5 5 5 12 4 31 14 Valores 0 2 1 3 1 7 15 Valores 1 1 1 0 1 4 16 Valores 0 0 0 1 0 1 5 Valores 0 1 0 0 0 1 6 Valores 0 2 0 0 0 2 Total 47 98 75 40 20 280 86 Quadro XVI – Tempo de estudo V Estudo diário ou revisão frequente da matéria Tempo de estudo - Quinta feira * Estudo diariamente ao longo do ano lectivo e revejo os apontamentos frequentemente. Crosstabulation Count Tempo de estudo Estudo diariamente ao longo do ano lectivo e revejo os apontamentos frequentemente. Quintafeira Total Nunca Total Poucas Algumas Muitas vezes vezes vezes Sempre 55 46 22 19 9 151 2 7 3 2 2 16 13 20 13 11 6 63 5 5 10 6 13 39 1 1 1 1 7 11 76 79 49 39 37 280