Repositórios Institucionais: padrões para registro em diretórios oficiais de Acesso Aberto Autor: Maria Betânia de Santana da Silva Bibliotecária da Universidade Federal Vale do São Francisco [email protected] Introdução: Referindo-se as bibliotecas digitais, autores como Tammaro e Salarelli (2008, p.147), os relaciona a um fenômeno social da informação, por se tratar de um produto da sociedade e de sua necessidade de organização do conhecimento, por valores econômicos, pessoais e sociais, com intuito de tornar a sociedade mais “participante da vida social” ou uma “sociedade inclusiva”. No caso dos repositórios, são ferramentas que portam em si grandes potenciais para inclusão e crescimento da sociedade científica de um país, e a participação de instituições que pensam, produzem e consomem ciência, em uma ampla rede de divulgação científica mundial. Diante do crescente uso dos repositórios digitais em todo o mundo, diretórios oficiais surgem como um “agrupador” para intermediar e ampliar todas as possibilidades advindas da interoperabilidade, como se apresenta o Open Doar (2014), considerado em estudos da Universidade de Johns Hopkins como principal diretório de repositórios de acesso aberto. Em 2009 este diretório continha 1.583 repositórios registrados em sua rede, num crescente para os atuais 2.726 registros em novembro de 2014, dentre os quais o Brasil é o 10º da lista, evidenciando o trabalho das Instituições de pesquisa brasileiro em participar e contribuir para a ampla socialização da informação científica. No período de 2012, o Open Doar realizou uma “limpeza” em sua base, como indica Mellis (2013) retirando registros ou recusando solicitações que, em geral, não se adequavam aos padrões e os conceitos do acesso aberto. Diante do exposto, este trabalho tem como tema os critérios que qualificam o repositório a interoperabilidade através do diretório Open Doar. O objetivo deste trabalho é evidenciar o que qualifica um RI ao compartilhamento em rede mundial de acesso aberto, com metas a visibilidade, evitando-se desperdícios de tempo e com ganho a credibilidade da equipe gestora, o que igualmente justifica-se pela importância das discursões prévias de planejamento, sob a hipótese de que assim evita-se a adesão excessivamente simplista, com base apenas nas tecnologias do acesso aberto, em detrimento de etapas simples, porém importantes e talvez determinantes para a divulgação da Informação Científica produzida na instituição. Método de pesquisa: As informações foram obtidas através de pesquisa exploratória e descritiva no site do OpenDOAR, bem como da análise de alguns dados recebidas da equipe administrativa do referido diretório. O que torna a abordagem qualitativa a esta pesquisa, Cervo e Bervian (2007, p. 49). Com fundamentos na revisão de literatura, especialmente das recomendações do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia para as Boas Práticas na implantação de repositórios, Leite (2012) e SNBU (2014). Resultados: No site do Open Doar, em geral, apresenta-se como critérios de validação naquele diretório: site navegável, conteúdo útil para pesquisadores acadêmicos, textos completos e abertamente acessíveis. Apresentamos na tabela abaixo uma comparação entre as recomendações do IBICT através de Leite (2012) e Amaro (2014) com os itens ou situações que o diretório OpenDoar identifica como um repositório inadequado: OpenDOAR - rejeita IBICT recomendações Sites com nenhum material de acesso livre Textos de conteúdo completo Continuamente fora do ar, ou inacessíveis Definição da URL Links de catálogos de bibliotecas e páginas externas Não há recomendação específicas Base de dados proprietárias Orientações para o acesso aberto Material só acessível com Login Orientações para o acesso aberto Sem POLÍTICAS DE COLETA Política do RI acessível na página Sem POLÍTICAS DE PRESERVAÇÃO Formatos dos doc explícitos na política do RI Sem REVISÃO POR PARES Inclusão de material já publicado Sem USO DE METADADOS Uso de vocabulário e metadados ou orientações Tabela 1 - Elaborado pelo autor. Atualmente o OpenDoar rejeita cerca de um quarto das sugestões de registros de RI, como demonstra o gráfico a seguir. O número anual global de sugestões tem crescido de forma constante, mas a taxa de rejeição se manteve estável em cerca de 22% das sugestões. Este refinamento realizado pela equipe ajuda a manter a qualidade do diretório, segundo o site e contatos via mail com equipe administrativa do OpenDOAR (2014). Gráfico 1 - Fonte: OpenDoar jan.2015. De 2006 a 2014, segundo dados enviados pela equipe OpenDOAR, 139 instituições brasileiras fizeram um total de 230 solicitações de registro. Entre outras situações, algumas repetiram a solicitação após se adequarem, outras, aproximadamente 40, foram rejeitadas pelas situações descritas no gráfico 1. Discussão: Os diretórios tem exigido conformidade a alguns padrões e muitos repositórios brasileiros tem recebido observações para se adequarem, o que pode demandar retrabalho, inclusive de cunho financeiro, além de credibilidade da equipe gestora do RI pela comunidade cientifica local. Considerações finais: Certamente o IBICT tem contribuído no crescimento da adesão ao acesso aberto, no entanto, evidencia-se a necessidade de discussões regulares sobre cada etapa da implantação, na troca de experiências entre equipes administradoras de RI, dos diretórios, etc, mas especialmente do envolvimento e participação do governo brasileiro no incentivo ao conhecimento e uso das possibilidades tecnológica do acesso aberto, inclusive na criação de diretrizes nacionais para estruturação de RIs como parte de uma política estratégica do governo brasileiro para maior compartilhamento, visibilidade e fluxo da produção científica brasileira. Palavras-chave: Diretórios oficiais; Publicações científicas; Repositórios Institucionais. Referências: AMARO, Bianca; MÉLLIS, Fernanda. Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias 13, 2014, Belo Horizonte, 2014. CERVO, Amado; BERVIAN, Pedro. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996. LEITE, F. et.al. Boas práticas para a construção de repositórios institucionais da produção científica. Brasília: Ibict, 2012. Disponível em: http://livroaberto.ibict.br/handle/1/703. Acesso em ago.2014. MELLIS, M.F.M. Os critérios para cadastramento no OpenDoar e os repositórios institucionais luso-brasileiros. InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v. 4, n. 2, Ed. esp., p. 20-33, jul./dez. 2013. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/incid/article/download/69268/pdf_3 >. Acesso em dez.2014. RODRIGUES, Maria Eduarda; RODRIGUES, António Moitinho. Indicadores de desempenho–ferramentas para avaliação de repositórios institucionais. In:Actas do Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas. 2012. Disponível em: file:///C:/Users/Sibi/Downloads/3041194-1-PB.pdf. Acesso em: dez.2014. THE DIRECTORY OF OPEN ACCESS REPOSITORIES. About openDOAR. Disponível em: http://www.opendoar.org/about.html. Acesso em: jan.2015. TAMMARO, A.M.; SARELLI, A. A biblioteca digital. Brasília: Briquet de Lemos, 2008. P. 309-335.