Desempenho de híbridos de milho forrageiro em Agricultura Biológica
Autor(es):
Monteagudo, Ana B.
Publicado por:
Publindústria
URL
persistente:
URI:http://hdl.handle.net/10316.2/25821
Accessed :
30-Dec-2015 11:46:48
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GRANDES CULTURAS
DESEMPENHO DE HÍBRIDOS
DE MILHO FORRAGEIRO
EM AGRICULTURA BIOLÓGICA
T
em vindo a aumentar, nos últimos anos, a preocupação com a conservação do meio ambiente e com a saúde dos consumidores. É esta preocupação que está por trás da mudança no planeamento dos sistemas
extensivos de produção agrícola e de gado. Desde a sua origem, a União
Europeia tem vindo a promulgar uma série de directivas direccionadas
ao controlo do uso de agro-químicos e das emissões de gases de efeito de
estufa. Por outro lado, o consumidor exige cada vez mais maior segurança alimentar, pelo que valoriza os produtos biológicos, obtidos sem o emprego de compostos
químicos que podem trazer riscos para a saúde, além de prejudicarem o meio natural.
Os sistemas de produção extensiva já não se adequam às necessidades actuais e a sobreexploração intensiva está a esgotar os recursos naturais, sendo cada vez necessários mais
adubos químicos para aumentar a fertilidade do solo e para que o rendimento das culturas
não desça em demasia. O custo em fertilizantes simples e compostos, estimado pelo governo espanhol durante o ano de 2010, superou os 1300 milhões de euros, enquanto o custo
em fitossanitários, principalmente herbicidas e fungicidas, superou os 685 milhões de euros
(MARM, 2011); ao que se acrescenta o enorme custo ambiental que o uso destes agro-químicos pressupõe. Estes custos tão elevados poderiam reduzir-se com o emprego de adubos
naturais, como chorume e esterco; sistemas de rotação de culturas; e empregando variedades
e híbridos melhorados que apresentassem uma maior eficiência no aproveitamento dos recursos disponíveis, assim como resistência genética a diferentes stresses bióticos e abióticos.
É neste aspecto que a investigação para o melhoramento de culturas e os programas de selecção genética cumprem uma função decisiva.
Neste cenário global, a agricultura biológica (AB) está a converter-se numa boa alternativa de produção face à cultura extensiva. Na actualidade, a Espanha é um dos primeiros
países da União Europeia em número de hectares cultivados num regime de agricultura biológica (MARM, 2010).
Figura 1
Híbridos de CIAM no ensaio de Friol.
62
Por: Ana B. Monteagudo
[email protected]
Instituto Galego da Calidade
Alimentaria - Centro de Investigacións
Agrarias de Mabegondo (INGACAL-CIAM).
Apartado 10, 15080 A Coruña.
Tradução: Pedro Castro
[email protected]
O milho cultivado para grão e forragem
é uma das principais espécies plantadas em
Espanha, situando-se a sua produção fundamentalmente na Galiza, com 72% da superfície total. A cultura de milho forrageiro
está a destacar-se face à de outras espécies
forrageiras. Enquanto em 2010 e 2011 outras
espécies forrageiras diminuíram a sua superfície em 2,7%, o milho forrageiro teve uma
subida de 1,4%. Assim, a superfície dedicada
à produção desta espécie, em 2011, estimase que tenha superado os 95.800 ha (ESYRCE, 2011; MARM, 2011).
No entanto, a superfície dedicada ao
cultivo de espécies forrageiras em agricultura biológica é ainda muito baixa, já que
em 2010 correspondeu a apenas 9% do total espanhol dedicado ao cultivo de pastos e
forragens (ESYRCE, 2010; MARM, 2010a).
Esta situação vê-se reflectida na Galiza onde,
apesar da sua importância na produção de
pastos e espécies forrageiras, o cultivo destas
em agricultura biológica representa apenas
1,54% do total nacional (MARM, 2010a).
O aumento no número de explorações
pecuárias biológicas está muito relacionado com a superfície de produção biológica
das forragens, visto que nestas explorações
as reservas de forrageiras constituem a parte
principal na alimentação do gado, e também
estas devem ser produzidas de modo biológico (Regulamentos UE 2092/91, 1804/1999).
Na Galiza encontram-se 3,5% das explorações de gado, e entre 2008 e 2010 esse número aumentou em 5% (MARM, 2010a).
A maior parte dos programas de melhoramento fazem-se centrados nos requerimentos da agricultura convencional, pelo
que dispor de material melhorado adaptado
às características da AB é difícil hoje em dia.
Por outro lado, um dos preceitos da AB é a
potenciação da diversidade mediante o emprego de variedades locais ou tradicionais e
raças autóctones, sendo que, assim, o emprego de híbridos comerciais obtidos a partir de
material não autóctone poderia ser um problema para os produtores biológicos.
Dado que a variabilidade genética disponível nos programas de melhoramento convencional foi baixando ao longo dos
anos, devido ao emprego de um número limitado de parentais, a criação de novos programas de melhoramento orientados para
a AB e empregando como fonte de origem
genética as variedades tradicionais poderia
solucionar os problemas apresentados.
O Centro de Investigações Agrárias de
Magebondo (CIAM) está a desenvolver há
vários anos diversos programas de melhoramento genético de milho forrageiro, partindo de variedades autóctones galegas. Desde
2008, o CIAM começou a estudar o comportamento de alguns destes híbridos forrageiros em cultivo biológico para determinar a
valia dos materiais de selecção obtidos nos
programas de melhoramento, que estiveram
sempre centrados nos requerimentos do cultivo convencional, para o seu uso na AB.
MATERIAL VEGETAL
E MÉTODOS
Durante os anos de 2008 e 2010 avaliou-se
o potencial forrageiro de 31 híbridos geração S3 obtidos a partir de um cruzamento
das linhas (EC136xEC151) x EC214, estas
três linhas parentais foram desenvolvidas
nos programas de melhoramento do CIAM
e contam na sua bagagem genética com material de origem galega.
Os ensaios de avaliação realizaram-se
em diferentes locais entre as províncias de
Ourense (Barbadás) e Lugo (Friol e Savinhão), em terrenos cedidos e controlados
pelo Conselho Regulador da Agricultura
Biológica da Galiza (CRAEGA). Em todos os
casos o desenho experimental que se seguiu
foi um desenho em blocos ao acaso com três
repetições, em parcelas de 6,4 m2 com uma
densidade final de 90 000 plantas por hectare. Juntamente com os híbridos do CIAM,
avaliaram-se também como testemunhos
os híbridos comerciais Anjou290, Pisuerga,
Nkthermo, LG3303 e Dukla. Não se acrescentaram adubos naturais ou produtos herbicidas em nenhum dos ensaios realizados.
Os parâmetros agronómicos avaliados
durante o período vegetativo foram o vigor,
a precocidade da planta, a presença ou ausência de acama e os dias até à floração masculina e feminina, dias desde a sementeira
até que 50% das plantas estivessem em floração. No momento da colheita pesou-se o
total de plantas de cada parcela e colheram-
se amostras da planta inteira, parte verde e espiga. Secaram-se 300 g de cada fracção a 80°C
durante 16 horas numa estufa de ar forçado e depois pesaram-se para determinar o conteúdo
de matéria seca e o rendimento forrageiro dos híbridos (Campo, 1999). As amostras secas
moeram-se num moinho Christy & Norris com um tamis de 1 mm de luz. A farinha obtida
foi usada para determinar os componentes nutricionais da forragem, mediante Espectroscopia de Reflectância no Infravermelho Próximo (NIR), segundos as técnicas e equações
melhoradas por Campo e Moreno (2003).
A análise estatística dos dados realizou-se com o programa Proc GLM do pacote estatístico SAS v9.2 (SAS Institute, Cary, NC), considerando os distintos genótipos como factores
aleatórios e fazendo uma separação de médias com o teste LSD (F significativo p<0,05). No
caso do carácter de acamamento, previamente à análise, definiu-se uma transformação dos
dados segundo a fórmula (x+0,5)1/2 (Steel e Torrie, 1985).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os híbridos avaliados demonstraram muita semelhança, considerando os parâmetros agronómicos, visto que só se observaram diferenças altamente significativas (p<0,001) para os
caracteres de vigor (VP) e rendimento forrageiro (RF) (Tabela 1). Por outro lado, a existência
de diferenças altamente significativas para todos as características agronómicas, juntamente
com a ausência das mesmas na interacção genótipo x local (também para todos os caracteres,
excepto VP), indicam, por um lado, o importante efeito do ambiente nos caracteres avaliados
e, por outro, a estabilidade da diferença entre genótipos nas distintas condições climáticas
das localidades em que se realizou o estudo. Isto também acontece no caso dos caracteres
de qualidade, para os quais a norma de reacção dos diferentes genótipos face ao ambiente
permanece estável, excepto para o conteúdo de carboidratos estruturais (CSA).
Tabela 1
Médias dos híbridos e testemunhas para os caracteres agronómicos. Análise de
variância das variáveis e a sua interacção.
VPa
VTAR
FMAS
FFEM
ACM
RF
HÍBRIDOS F2S3
3.39
3.55
78.23
82.27
0.78
8.99
TESTEMUNHAS
3.20
3.22
80.49
81.71
0.75
7.93
LSD(0.05)b
0.25
0.30
0.97*
1.32
0.07
0.87*
Fontes de variação
Localidade (loc)
***c
**
***
***
***
***
Genótipo (Gen)
***
ns
*
ns
ns
***
Gen*loc
**
ns
ns
ns
ns
ns
Média global
3.36
3.51
78.54
82.2
0.77
8.84
CV(%)d
22.67
25.76
3.74
4.84
20.34
29.65
VP: vigor precoce, VTAR: vigor tardio, FMAS: floração masculina (dias pós-sementeira), FFEM:
floração feminina (dias pós-sementeira), ACM: acamamento, RF: rendimento forrageiro (t/ha); b LSD:
mínima diferença significativa para p<0.05, os valores significativos indicam-se com *; c nível de significação, ns: não significativo p>0,05; * p<0,05; ** p<0,01; *** p<0,001; d CV: coeficiente de variação
a
AGROTEC / MARÇO 2012
63
GRANDES CULTURAS
Tabela 2
Médias dos híbridos e testemunhas para os caracteres de qualidade nutritiva. Análise
de variância das variáveis e a sua interacção.
MOa
PB
FAD
FND
IVDMS
CNE
CSA
ALM
HÍBRIDOS F2S3
96.30
4.83
25.69
49.93
68.98
37.86
47.45
8.63
TESTEMUNHAS
96.14
4.93
26.78
51.50
68.38
35.94
49.74
7.43
LSD(0.05)b
0.32
0.26
0.78*
1.07*
0.87
1.30*
1.19*
0.47
Fontes de variação
Localidade (loc)
***c
***
***
***
***
***
***
***
Genótipo (Gen)
ns
**
*
**
ns
*
***
**
Gen*loc
ns
ns
ns
ns
ns
ns
***
ns
Média global
96.28
4.85
25.86
50.17
68.89
37.57
8.47
47.76
CVd
1.02
16.31
9.01
6.38
3.77
10.36
16.72
7.5
MO: matéria orgânica (%), PB: proteína bruta (%), FAD: fibra ácido detergente (%), FND: fibra
neutro detergente (%), IVDMS: estimativa da digestibilidade in vitro da matéria seca no rúmen do animal
(%), CNE: carboidratos não estruturais (%), CSA: carboidratos estruturais (%), AMD: amido (%); b LSD:
mínima diferença significativa para p<0.05, os valores significativos indicam-se com *; c nível de significação, ns: não significativo p>0,05; * p<0,05; ** p<0,01; *** p<0,001; d CV: coeficiente de variação.
a
Figura 2
Híbridos de CIAM no ensaio de O Saviñao.
64
Quanto à diferença dos caracteres agronómicos para os caracteres de qualidade nutritiva, observa-se maior variabilidade entre
genótipos, existindo diferenças significativas
(0,05<p<0,001) para todos os caracteres estudados, excepto no conteúdo de matéria orgânica (MO) e na digestibilidade in vitro da
matéria seca (IVDMS), para os quais os híbridos estudados são mais uniformes, como
já se descobrira em estudos prévios (Lewis et
al., 2004; Monteagudo et al, 2010). O conteúdo
de matéria orgânica situa-se em cerca de 96%
e a digestibilidade aproxima-se dos 69%. Este
valor de digestibilidade corrobora os valores
obtidos num estudo preliminar, no qual se
incluíam este e outros híbridos, realizado por
Monteagudo et al. (2010), e está em consonância com valores de digestibilidade descobertos
por outros autores em estudos realizados tanto
em cultivo convencional como em cultivo sustentável com adubo com chorume de porco
(Argillier et al., 2000; Campo et al., 2011). Contudo, este valor de 69% é maior ao encontrado
por Campo et al. (2010) em condições de cultivo sustentável, tanto adubado com chorume de
porco como com chorume de bovino.
O valor médio do conteúdo de proteína
bruta citou-se nos 4,85%, valor que é inferior
ao esperado para estes híbridos em cultivo convencional, ainda que fosse de esperar esta diminuição por não se ter aplicado nenhum tipo de
adubo e por o conteúdo proteico ser de um tipo
que é muito afectado pelos níveis de fertilização
azotada. Li et al. (2010) obtiveram uma redução
no conteúdo de proteína de até 22% em condições de baixa disponibilidade de azoto. Estes
autores também descobriram que a digestibilidade e o conteúdo de fibras eram muito influenciados pela concentração de azoto, com uma redução de 2,5% de digestibilidade e um aumento
no conteúdo de fibras até 2,30%, dependendo
do tipo de fibra considerada. No entanto, como
já se indicou anteriormente, neste estudo descobriu-se que a digestibilidade mantinha valores
próximos aos obtidos noutros estudos em cultivo convencional. É o caso do conteúdo de fibras
(FAD e FND) onde se confirmam os dados de
Li et al. (2010), com valores superiores aos encontrados por outros autores com distintos tipos de fertilização (Campo et al., 2010; Marsalis
et al., 2010). Por outro lado, as diferenças descobertas noutros estudos podem não ser apenas
devidas ao nível de fertilização, mas também às
condições climáticas das zonas de cultivo, pois
as concentrações dos componentes da parede
celular estão fortemente influenciadas pelo ambiente (Kruse et al., 2008).
Tabela 3
Médias dos melhores híbridos e testemunhas para os principais caracteres
agronómicos e de qualidade nutritiva, nos que evidenciaram diferenças estatísticas
significativas entre genótipos.
HÍBRIDOS
F2S3
VP
DFMAS
RF
PB
FND
CSA
AMD
949
3,50
77,75
8,71
4,76
47,44
9,24
952
3,13
78,00
8,42
5,50
49,05
7,95
47,63
954
4,00
78,00
11,24
5,19
48,30
7,94
49,44
956
3,38
78,75
9,24
5,27
48,04
8,73
45,32
957
4,38
77,38
10,94
4,53
49,72
8,56
48,95
958
3,63
78,25
10,82
5,23
48,11
8,25
49,20
962
3,25
77,50
9,03
4,75
48,76
8,57
48,42
967
3,38
77,38
10,42
5,07
50,12
9,23
48,07
971
3,38
78,75
8,68
5,33
46,68
9,17
46,52
979
3,67
78,33
10,19
5,11
48,17
8,15
47,84
980
3,56
80,78
10,44
4,33
49,75
10,29
44,72
Média global
dos híbridos
3,39
78,23
8,99
4,83
49,93
8,63
47,45
47,42
TESTEMUNHAS
Anjou290
3,63
77,38
7,33
5,20
47,81
8,05
52,61
Nkthermo
2,75
79,88
9,47
5,41
50,07
6,43
51,02
Dukla
3,63
81,00
9,75
4,46
53,38
8,02
47,58
Média global
das testemunhas
3,20
80,49
7,93
4,93
51,50
7,43
49,74
O rendimento forrageiro global de híbridos e testemunhas foi de 8,84 t/ha, valor inferior ao
rendimento esperado em cultivo convencional, ainda que existam antecedentes de rendimentos
similares em estudos prévios (Lauer et al., 2001). O rendimento observado também foi inferior
ao obtido em estudos prévios em cultivo ecológico, onde a produção de matéria seca foi superior
a 10 t/ha (Campo et al., 2010; Monteagudo et al., 2010). Contudo, alguns dos híbridos estudados
aproximam-se a estes valores de rendimento (Tabela 3). Este é outro parâmetro influenciado pelo
tipo de fertilização aplicada na cultura, mas também pelas condições ambientais. Assim, é de
destacar que 2010 foi um ano especialmente escasso em precipitação, e durante o ciclo de cultivo
pode ter havido falta de água nas diferentes localidades onde se realizaram os ensaios de avaliação, favorecendo a diminuição do rendimento.
Quanto à separação por grupos, os híbridos do CIAM assemelham-se muito, quanto aos
parâmetros agronómicos, aos híbridos comerciais empregados como testemunhas, ainda que
aqueles sejam mais precoces e com rendimento ligeiramente maior (Tabela 1). No caso dos
caracteres nutricionais, os híbridos do CIAM
também se mostraram melhores comparativamente às testemunhas, pois apresentam um
menor conteúdo de fibras e maior conteúdo de
carbohidratos não estruturais. Esta fracção de
carbohidratos não faz parte da parede celular e
constitui a fracção nutritiva para o animal. Apesar disso, sendo o conteúdo de fibras diferente,
a digestibilidade de ambos os grupos está ao
mesmo nível.
A existência de variabilidade genética entre
os híbridos para características agronómicas e
de qualidade nutritiva, permite seleccionar, de
entre todos, os que mais se destacam pelo seu
rendimento e pela sua qualidade (Tabela 3).
De todos os híbridos comerciais empregados, a
variedade Anjou290 foi a que se destacou pela
sua precocidade (77 dias para a floração masculina) e em qualidade nutritiva, com o menor
conteúdo de fibra neutro detergente (FND) e
o maior conteúdo de amido (AMD). Nkthermo e Dukla, foram os que mais se destacaram
para o rendimento forrageiro, superando as 9 t/
ha. Entre os híbridos do CIAM, destacam-se o
954, 958 ou o 979, pois: são precoces (cerca de
78 dias até à floração masculina); têm um rendimento forrageiro superior a 10 t/ha; possuem
alto conteúdo de proteína e AMD, assim como
baixo conteúdo de FND. o 956 também se destaca pelo seu rendimento, conteúdo proteico e
de FND. Os híbridos 949, 952 e 971 não têm um
rendimento tão elevado mas destacam-se nos
caracteres de qualidade nutritiva, sobretudo o
952 pelo seu alto conteúdo proteico e o 971 pelo
seu baixo conteúdo de FND.
Os híbridos do CIAM avaliados neste estudo revelaram-se semelhantes aos híbridos
comerciais, indicando assim o seu valor (sobretudo os apresentados na Tabela 3), e podem
considerar-se bons candidatos à sua utilização
pelo sector pecuário. O rendimento forrageiro
foi baixo mas bom, tendo em conta que não se
aplicou nenhuma fertilização nos ensaios. A rotação de culturas com leguminosas e a aplicação
de chorumes ou estercos ecológicos com uma
fonte de azoto mostraram ser paliativos eficazes
perante a diminuição de rendimento. Kirchman
et al. (2008), depois da revisão de vários estudos, chegaram à conclusão de que as diferenças
de produtividade entre a agricultura biológica
e a convencional se reduzem empregando adu-
AGROTEC / MARÇO 2012
65
GRANDES CULTURAS
Figura 3
Recolha do milho forrageiro.
bos naturais e compostagem, além da rotação
de culturas. Deste modo, nos Estados Unidos,
onde o uso de adubos naturais está mais generalizado, obtiveram-se reduções na produção
inferiores às da Europa.
A selecção feita seguindo um programa de
melhoramento convencional pode seleccionar
determinados caracteres que sejam também
desejáveis em cultura biológica. No entanto,
a selecção de características tão influenciadas
pelo ambiente e pelo aporte de azoto, como o
rendimento ou o conteúdo de fibras, deveria
ser feita sob condições de cultivo biológico. As
avaliações em condições biológicas de materiais
já obtidos nos programas convencionais permitem descartar os menos ajustados às referidas
condições de cultivo, contudo é necessário que
os programas de selecção tenham em conta as
novas condições de cultivo e desenvolvam materiais mais adaptados.
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Desempenho de híbridos de milho forrageiro em Agricultura