a t s i ev ISSN 2318-9509 | Volume II - Número II - novembro de 2014 R foto: RIOTUR | Estátua do Cristo Redentor e os morros da Urca e Pão de Açúcar Publicação oficial da Associação de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro PEDIATRIA Estrada dos Três Rios, 1.366, Freguesia, Jacarepaguá TEL: (21) 2448 3600 w w w . r i o s d o r. c o m . b r UTI Pediátrica preparada para assistência à criança e ao adolescente que necessitem de tratamento intensivo, contando com equipamentos de última geração e uma equipe multidisciplinar (nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, enfermeiro e psicólogo). Emergência 24h com 9 leitos de atendimento de repouso e sala de medicação com 6 leitos. Toda a infraestrutura em exames e diagnósticos por imagem no próprio hospital. Centro cirúrgico composto por 6 salas, onde podem ser realizados desde procedimentos simples até intervenções de alta complexidade. Unidade de internação composta por 14 leitos decorados, espaçosos e equipados, além de quartos com berços para acolher os bebês. 2 Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Editorial DRA. LISIEUX EYER DE JESUS Editora da Revista CIPERJ | [email protected] Membro Titular da CIPE e do CBC. Integrante da Câmara Técnica de Cirurgia Pediátrica do CREMERJ. Vice-presidente da CIPERJ. Universidade Federal Fluminense (UFF), Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (HFSE). EDITORIAL Amigos: Eis aí, para vocês, o terceiro número da Revista CIPERJ. Esta sai do forno com um travo de tristeza, pela perda de quatro ótimos cirurgiões pediátricos e, mais importante ainda, quatro pessoas ótimas. Foi-se Isabel Cunha, exemplo perfeito da mistura entre doçura e firmeza, certeza absoluta de perenidade, já que não desistia nem desesperava nunca. Foi-se Cícero Queiroz, mãos habilidosíssimas, sedutor, criativo, independente, único. Foi-se Edgard Venâncio, cirurgião e médico de forma absoluta, pioneiro da cirurgia pediátrica no Brasil, dono de um campo operatório tão limpo e organizado que parecia até pouco natural. Um daqueles homens que inspira paixão. Não por ele, mas pelo que ele conseguia fazer, por aquilo em que ele acreditava, por aquilo que ele conseguia construir. Pela beleza que ele gerava através do que fazia. Foi-se Claúdio de Souza Leite, mais um pioneiro, mais um homem especial, alguém de enorme coragem, que enfrentou todos os desafios, inclusive os de si mesmo. Uma mulher e três homens que, cada um a seu jeito, todos muito diferentes um do outro, três gerações, faziam acreditar que era possível, sempre seria possível, que sempre vai ser possível. Neste número trazemos uma entrevista analisando a proposta do tratamento simil-EXIT para as gastrosquises, feita com o autor da proposta, o argentino Javier Svetliza. Vanguarda, mas vanguarda muito sensata e praticável. Pela primeira vez, um dos artigos será publicado em inglês, obedecendo ao estatuto de fundação da Revista, que permite publicações em português, espanhol e inglês. Não sem debate. Confrontamos opiniões que defendem uma letra plenamente nacionalista, publicando em Português no Brasil, e as opiniões que admitem o melhor acesso de estrangeiros aos artigos, o que é importante na divulgação da mensagem que eles contêm e em determinar uma maior universalidade para nossas idéias, considerando também que colegas de outras nacionalidades, um dia, poderiam ter interesse em publicar conosco. Ambicioso? Talvez, mas sonhar é preciso. Aproveito este editorial para comunicar que, como todos devem saber, a CIPERJ emitiu duas notas públicas a respeito de condutas relacionadas à atresia de esôfago e às frenectomias linguais, expostas a novas regulações governamentais, de forma direta ou indireta. Nos parece que esta é uma das funções de nossa Sociedade: mostrar às pessoas nossas visões e nossas necessidades. E nos dar visibilidade. Espero que vocês gostem. Grande abraço. Lisieux Eyer de Jesus CONSELHO EDITORIAL AROVEL OLIVEIRA MOURA JUNIOR Instituto Nacional de Câncer (INCA) e Hospital Federal da Lagoa CARLOS MURILO GUEDES DE MELLO Universidade Federal Fluminense (UFF) DOMINGOS BICA Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) IRNAK MARCELO BARBOSA Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Hospital Público de Macaé IVENS BAKER MÉIO Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA TÓRTORA Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 3 LAURA HELMAN Universidade Federal do Rio de Janeiro, Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) MARIA APARECIDA SIQUEIRA DE ANDRADE Hospital Federal Cardoso Fontes SAMUEL DEKERMACHER Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) SÉRGIO REGO Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) SIMÔNIDES DA SILVA BACELAR Prof. Titular de Medicina da FACIPLAC e Membro Titular da Academia de Medicina de Brasília STELLA SABBATINI Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Índice | Classificações em Cirurgia Pediátrica ÍNDICE 3 Editorial e Conselho Editorial 4 Índice e Classificações em Cirurgia Pediátrica 5 Self Adherent Elastic Wrap as a Treatment for Symptomatic Diverticula of the Penile Urethra 7 Informe CIPERJ 8 Entrevista Dr. Javier Svetliza 10 Hemangioma Infantil – Conceitos Atuais e Tratamento 14 Informe CIPERJ 16 Análise Comparativa da Função Renal por Renograma no Tratamento Cirúrgico da Estenose da Junção Pieloureteral 20 Informe CIPERJ | 22 Expediente CLASSIFICAÇÕES EM CIRURGIA PEDIÁTRICA NÍVEIS DE EVIDÊNCIA MA: revisão sistemática do tipo metanálise/EP: estudo prospectivo randomizado CRITÉRIOS DE CLAVIER-DINDO PARA COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS Acrescentar o sufixo “d” (disability/ sequela) se a complicação ainda não está resolvida no momento da alta. 4 Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Self Adherent Elastic Wrap As A Treatment For Symptomatic Diverticula Of The Penile Urethra SELF ADHERENT ELASTIC WRAP AS A TREATMENT FOR SYMPTOMATIC DIVERTICULA OF THE PENILE URETHRA AUTORES: Lisieux Eyer de Jesus, Felipe Maciel, Samuel Dekermacher. Division of Pediatric Surgery and Urology, Antonio Pedro University Hospital, Federal Fluminense University and Servidores do Estado Federal Hospital, Rio de Janeiro, Brazil. Corresponding author: Lisieux Eyer de Jesus - 52 Presidente Domiciano apt. 801, Niterói, Rio de Janeiro, RJ, Brazil. ZIP code 24210-270 – Tel 55 21 999859737 – [email protected]. SUMÁRIO Divertículos uretrais após neouretroplastias para a correção de hipospádias são uma complicação conhecida e podem causar disfunção miccional, gotejamento pós-miccional e orquiepididimite. Idealmente as reoperações não são programadas para os primeiros meses pós neouretroplastia, mas pacientes sintomáticos precisam de alguma forma de controle dos sintomas enquanto aguardam. Propomos aqui um tratamento temporário, que consiste em envolver o pênis com uma bandagem elástica durante a micção, providenciando uma cobertura que impede a expansão do divertículo e impede os sintomas miccionais. ABSTRACT Urethral diverticula after reconstruction in hypospadias cases are a known complication and may cause voiding dysfunction, post-voiding dribbling and orchiepidydymitis. Ideally urethral reoperations are performed in the first post-operative 6 months, but symptomatic patients need to be controlled meanwhile. Herein we describe a temporizing treatment, which consists in involving the penis with an elastic bandage during voiding, in order to alleviate symptoms related to diverticula while waiting for definitive correction. INTRODUCTION Urethral diverticula are known complications after urethral reconstruction for hypospadias. Their usual clinical presentation consists of post-voiding dribbling and “incontinence”, voiding dysfunction or infectious complications such as orchiepidydymitis. The diverticula usually develop after reconstructions using 5 preputial skin flaps for proximal hypospadias cases and are rarely related to distal urethral stenosis 1. Treatment typically involves reductive urethroplasty, ideally postponed for 6 months after the initial surgery. During this waiting period, however, patients may have significant symptoms that need to be controlled. This is normally done by post-voiding urethral squeezing by the patient and, in some cases, chemoprophylaxis, but these methods often fail to improve severe manifestations. We hypothesize that urethral diverticula after hypospadias reconstruction are mainly due to the lack of the normal counter-resistance to flow provided by spongiosum that, associated to low distal urethral compliance after glansplasty, leads to dilation of highly compliant skin flap segments 2. Herein we describe a temporary treatment used in 2 patients, involving the penis with an elastic bandage during voiding, in order to alleviate symptoms related to diverticula, while waiting for definitive correction. PROCEDURE Patients presenting with symptomatic postneourethroplasty penile urethral diverticula were counseled to wear an elastic bandage (Coban®) during voiding (3 turns of the wrap around the penis with care not to cause compression). The bandage was taken off during sleep and for bathing. The procedure was successfully used in two cases: Case 1: 14 years-old patient, hypospadias failure after 3 surgeries to correct penoscrotal hypospadias presents with a fistula occupying the middle third of the penis and partially opened glans. His previous report relates urethroplasty by onlay preputial flap. The fistula was reconstructed by tubularizing the dorsal skin flap (Duplay technique) and glansplasty. After taking off the catheter the patient was initially able to void normally with good flow but 3 weeks later he came to the hospital with complaints of stranguria, post-voiding dribbling and stinky urine for a week. In the late 48h he developed low fever, pain and swelling of his left testicle and was diagnosed with left orchiepididymitis, treated with antibiotics. Observation during voiding showed an Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Self Adherent Elastic Wrap As A Treatment For Symptomatic Diverticula Of The Penile Urethra obvious dilatation of the medium 1/3 of the urethra and low flow (prolonged plateau curve). Stranguria and post-voiding dripping resolved immediately and flow normalized (bell curve) during usage or the bandage. This treatment was maintained for 6 months. The patient was then reoperated on, in order to treat the diverticulum (Durham-Smith technique) 3. He is now asymptomatic for 5 years. Case 2: 13 years-old boy presented after multiple failed surgeries to correct proximal hypospadias, with a scrotal meatus and a 2.5 cm medium penile urethral preserved segment, after an initial neourethroplasty by skin tubularization (Duplay technique). Reconstruction was provided. The preserved urethral segment was incorporated to the repair. The other urethral segments were reconstructed by tubularization after augmenting the remaining dorsal urethra with buccal mucosa grafts (inlay graft + tubularization) and the neourethra was reinforced with a vascularized vaginal flap. A glanuloplasty was added. After taking off the catheter the patient initially urinated well. After 1 month he started having diminished flow and bulging of the penile urethra during voiding. Subsequently he developed a severe episode of left orchiepididymitis, treated with antibiotics. Symptoms resolved after the usage of the bandage was started and the patient was temporarily lost to follow up. After one year he returned to our care, referring usage of the bandage for only 5 months, as he felt better and the wrap was uncomfortable to wear during summer. His flowmetry showed a slightly prolonged curve with maximum flow of 13,1 mL/s, and no visible bulging of the penile urethra during voiding (figure 1). He continues asymptomatic at 4 years followup. DISCUSSION Urethral diverticula are known complications of hypospadias repaired using preputial island flaps 1,4. Patients with diverticula present with post-voiding dribbling/ pseudo-incontinence, stranguria and occasionally with infectious complications, secondary to urinary stasis and high-pressure voiding, including recurrent orchiepididymitis. Diverticula arise more frequently in cases where skin flaps as tubes or onlay flaps were used, especially in the presence of a complete glanuloplasty and a distal meatus. Only a minority are secondary to distal stenosis of the neourethra 1, but it should be excluded before compression treatment. The pathophysiological processes that cause progressive diverticularization of the neourethra after hypospadias reconstruction depend on low compliance of the distal urethral segment associated to lack of support and increased compliance of the urethral segments constructed with preputial flaps caused by: 1. High compliance/elasticity of skin used as onlay or tube flaps. 2. Low compliance of the glans segment of the urethra, secondary to counter-resistance given by circumscribing glans tissue after glansplasty. 3. Absence of the physiological counter-resistance of Figure 1 - Flowmetry of our second patient 1 year after the operation, the spongiosum during voiding. 7 months after abandoning the usage of the elastic wrap. We hypothesized that providing an external counter-resistance might control the symptoms and impede progression of dilatation of the diverticular segment of the urethra, while waiting for convenient timing for surgery. Coban ® (3M ©) is an elastic latexfree self-adherent porous bandage which doesn´t stick to the skin. This dressing is user-friendly, low risk and inexpensive. One of the patients complained of discomfort when using the bandage under hot weather, but he did not develop cutaneous irritation. We recommend avoiding the usage of the wrap during sleep in order to allow a “resting period” to the skin. In theory, 6 Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Self Adherent Elastic Wrap As A Treatment For Symptomatic Diverticula Of The Penile Urethra toilet-trained older patients may apply the bandage only immediately before voiding, but our patients found this option logistically complicated. Even so, this may be a contemporizing solution in cases complaining of discomfort during permanent usage. We did not expect definitive resolution of the diverticulum using the bandage alone in our second patient and continue to follow him up, in order to monitor progression. Theoretically, the prolonged usage of the bandage might modify cicatrization by biophysical signals, in early post-operative diverticula. Mechanical signals are fundamental modulators of cicatrization 5, especially in tissues suffering programmed physical modifications, such as vessels 6. This may be also be true for the urethra, that distends periodically for voiding. An obvious limitation of the elastic bandage to treat urethral diverticula is the restriction to diverticula attaining the pendular urethra. It is also possible that our treatment leads to obstructive effects in cases where the diverticulum extends proximally beyond the penoscrotal junction. Although this experience is limited we believe it is worthy to report it, as the therapeutic method proposed here to contemporize urethral diverticula symptoms is low risk, inexpensive, user-friendly and capable of buying time till an ideal moment for definitive surgery. CONCLUSIONS The usage of an elastic compression bandage is useful to help to control symptoms of post-operative diverticula complicating penile neourethroplasties. Based on this experience we recommend its utilization as temporary measure until definitive treatment is adequate. REFERENCES 1.Snyder, CL; Evangelidis, A; Snyder, RP; Ostlie, DJ; Gatti, JM; Murphy, JP. Management of urethral diverticulum complicating hypospadias repair. J Pediatr Urol 2005, 1:81-3. 2.Braga, LH; Pippi-Salle, JL; Lorenzo, AJ; Skeldon, S; Dave, S; Farhat, WA; Khoury, AE; Bagli, DJ. Comparative analysis of tubularized incised plate versus onlay island flap urethroplasty for penoscrotal hypospadias. J Urol 2007, 178(4pt1):1451-7. 3.Smith, ED. Durham Smith repair for hypospadias. Urol Clin North Am 1981, 8(3):451-5. 4.Radojicic, ZI; Perovic, SV; Djordevic, ML; vukadinovic, VM; Djakovic, N. Pseudospongioplasty in the repair of a urethral diverticulum. BJU Internat 2004, 94(1):126-30. 5.Wynn, TA; Ramalingan, TR. Mechanisms of fibroses: therapeutic translation for fibrotic disease. Nature Medicine 2012, 18(7):1028-40. 6. Liu B, Qu MJ, Qin KR, Li H, Li ZK, Shen BR, Jiang ZL. Role of cyclic strain frequency in regulating the alingnment of vascular smooth cells in vitro. Biophys J 2008, 94(4):1497-507. INFORME CIPERJ NOVA DIRETORIA Em 15 de outubro foi eleita a nova diretoria da CIPERJ para o biênio 2014/16, composta por: presidente Kleber Moreira Anderson; vice-presidente Lisieux Eyer de Jesus; secretário Marco Daiha; tesoureiro Sandoval Lage da Silva Sobrinho; Conselho Fiscal - diretor Gilberto do Amaral Teixeira, membros Luciano Guimarães, Irnak Marcelo e Maria Aparecida S. de Andrade; Departamento Profissional diretora Ana Teresa Oliveira, vice-diretora Raquel Lameira Bernardo, secretária Patricia Mortimer Ferraz tesoureiro Vinicius Alves Pinto. A chapa única foi eleita com 42 votos, não havendo votos em branco ou nulo. LIGA ACADÊMICA DE CIRURGIA PEDIÁTRICA As atividades em 2014 se encerraram no dia 23 de outubro, quando o presidente da CIPERJ, Dr. Kleber Anderson, ministrou palestra sobre Bexiga 7 Neurogênica. Além dele, realizaram aulas neste ano: Dra. Lisieux Eyer de Jesus (Ensino da Cirurgia Pediátrica), Dr. Edmo Dutra Franco (Atendimento PréHospitalar e ABCD do Trauma na Infância), Dr. Gilberto do Amaral Teixeira (Epidemiologia e Prevenção do Trauma na Infância e Trauma Genitourinário), Dra. Ana Teresa Oliveira (Trauma Abdominal e Trauma Torácico), Dr. Irnak Marcelo (Enterecolite Necrotizante), Dr. Carlos Roberto Cordeiro (Cisto do Mesentério e Duplicação do Trato Gastrointestinal), Dr. Acyr Cunha (Cirurgia das Anomalias da Diferenciação Sexual), Dr. Marcos Turcatel (Tumores Ovarianos e Tumores Testiculares), Dra. Anita Marsilac (Afecções Cirúrgicas do Pâncreas). Todas as sessões foram realizadas no anfiteatro de Pediatria do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), na Tijuca. Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Entrevista ENTREVISTA: DR. JAVIER SVETLIZA Aqui no Brasil a divulgação da técnica SímilEXIT, indicada para o tratamento das gastrosquises, tomou vulto em julho deste ano, quando dois recémnascidos foram operados utilizando este recurso. Observando a discussão e o grande interesse despertado pelo novo procedimento contatamos o idealizador da técnica, Dr. Javier Svetliza, cirurgião argentino, para nos conceder uma entrevista abordando o tema: Como surgiu a ideia da técnica? Derivou da extrapolação da ideia das técnicas EXIT para outras finalidades? Realmente jamás pensé en el EXIT al idear este procedimiento que nació en Noviembre de 2005. Cinco meses antes, controlando una paciente embarazada con esta patología e investigando sobre nuestros pacientes previos con diagnóstico prenatal, descubrí justamente que el diagnóstico prenatal, no mejoraba el pronóstico ni los resultados en estos niños. Así que concentrado en que el daño intestinal es lo que debíamos evitar, me puse a estudiar todas las variables sobre las que podíamos actuar para evitarlo. Adentro del útero existe un daño donde todo lo que podemos hacer es pesquisarlo e interrumpir el embarazo antes de que esto ocurra. Afuera del útero se adiciona más daño al intestino: Múltiples manos lo tocan, el aire deglutido, contacto con materiales inapropiados, perdida de humedad y calor del mismo, etcétera. Sobre estas variables podemos actuar un poco mejor. Aquí sí me inspiré en la idea del cordón abierto por los múltiples trabajos que describían sus beneficios. La idea original consistía en interrumpir el embarazo antes del daño intestinal e introducir el intestino en el minuto “cero” de la vida (un único par de manos lo tocan) antes de la deglución de aire, aprovechando ese breve lapso de cordón abierto. Finalmente, estábamos haciendo -por definición- un Extrautrine Intra Partum Treatment. Pero como el EXIT había informações: sido definido por Harrison con anestesia general y (21) 4141 3233 (21) 99321 9497 relajantes uterinos (que| nosotros no utilizamos), bautizamos nuestra técnica como Símil EXIT. [email protected] Houve alguma dificuldade logística para ANUNCIE NA REVISTA CIPERJ 8 implantar a técnica em seu serviço? A integração com os serviços de obstetrícia e anestesia foi simples? No hubo reparos por parte de los obstetras, solo les pedimos que trabajen con incisiones cómodas (para evitar maniobras de Kristeller que pudieran desprender la placenta antes de lo deseado), y que durante nuestro proceso de reducción en los muslos maternos, eviten cualquier gesto sobre el útero. Los marcadores de inicio de daño intestinal eran muy precarios por el 2005, y la negociación con los neonatólogos fue no interrumpir los embarazos antes de las 34 semanas, salvo que una razón obstétrica así lo exija. Por otra parte no todos los neonatólogos muestran entusiasmo de trabajar en los muslos maternos durante la cesárea. Así quedó inicialmente un grupo reducido para los primeros símil EXIT. El proceso más largo fue la integración con los anestesiólogos, pero esto fue a causa de que los primeros casos no utilizábamos ninguna droga Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Entrevista adicional, y el único analgésico era la anestesia local aplicada para el cierre del orificio. Luego empezamos a estudiar el tema de cómo resolver el dolor (difícil de cuantificar), y entonces mostraron rápido entusiasmo para integrarse y ayudarnos a estudiar sobre el tema. Con 9 años de experiencia realizando esta técnica, encuentro que la labor más dificultosa es la del Neonatólogo que debe cambiar radicalmente su modo de recibir un recién nacido, contando con muy poco tiempo para colocar el saturómetro, controlar la vía aérea, y aspirar las secreciones, nada menos que sobre los muslos de la madre, mientras los cirujanos reducen el intestino, y los obstetras esperan con el útero abierto. Quais os critérios ultrasonográficos que utiliza para definir o momento da interrupção programada da gestação? Encontrarán material de mi autoría en http://jsvetliza.info/gastrosquisis/evolucion/ Quantos pacientes já foram tratados com a técnica? Qual a proporção do uso da técnica simil-EXIT com relação ao total de casos de gastrosquise? He participado en forma directa, y como ayudante (ó bien supervisando), en más de 50 casos, sin embargo en Latinoamérica no puedo tener un control exacto, aunque puedo asegurar que debe haber más de 300 casos operados con nuestra técnica. Quais os limites da técnica? Quando NÃO devemos utilizá-la? Al principio, pensábamos que las malformaciones asociadas, o los casos donde sabemos que la reducción primaria es imposible, eran los criterios de exclusión. Sin embargo hoy son criterios relativos. El único criterio estricto de exclusión es la presencia del virus de SIDA (AIDS), en la madre, donde el cierre del cordón debe realizarse con la mayor celeridad posible Seu serviço utiliza corticoterapia sistêmica materna para preparar os partos? Siempre realizamos entre las 27 y las 28 semanas la maduración pulmonar. Nunca sabemos 9 si un criterio obstétrico exigirá una interrupción del embarazo antes de lo prevista. Que critérios são usados para a alimentação do bebê? Sabemos que é possível usar precocemente a via oral para estímulo trófico e de sucção, mas há diferenças temporais na obtenção de nutrição oral plena com relação a casos semelhantes tratados de forma convencional? Que papel tem a exposição das alças ao líquido amniótico no íleo paralítico associado às gastrosquises? Si el bebé succiona, lo ponemos al pecho con la sonda abierta al segundo o tercer día. Esto es clave. Si para el 6to día no existieron deposiciones, estimulamos (con enemas) con 15 o 20 cc de una solución de contraste hidrosoluble como Triyosom™. Esto ayuda muchas veces a la expulsión de un tapón meconial. En nuestra presentación del “punto 3” explicamos por qué descartamos el efecto deletéreo del líquido amniótico. Para nosotros el líquido amniótico es incapaz de dañar nada (salvo que contenga meconio, pero eso, es otra historia)! Prefere fazer o fechamento do anel da gastrosquise por sutura, utilizando o remanescente do cordão ou com curativos externos? Prefiero 100% hacer el cierre del orificio con Vicryl™ 3.0. Ya hemos visto la alta incidencia de hernias umbilicales, que es mayor cuando no se dan suturas. Así fue que publicamos el año pasado https://www.youtube.com/watch?v=Z7N_MNeryfg. Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Dr. Javier Svetliza é chefe de Cirurgia Infantil do Hospital Dr. José Penna, de Bahía Blanca, na Argentina; especialista em Cirurgia Pediátrica; e diretor do Fetalgroup (fetalgroup.org). Hemangioma Infantil – Conceitos Atuais e Tratamento HEMANGIOMA INFANTIL – CONCEITOS ATUAIS E TRATAMENTO AUTORES: Stella Sabbatini 1, Gil Simões Batista 2, Ana Luiza dos Santos 3 1 Cirurgiã Pediátrica, Hospital Federal dos Servidores do Estado; 2 Pediatra, Chefe do serviço de Pediatria do Hospital Federal dos Servidores do Estado; 3 Residente de Pediatria, Hospital Federal dos Servidores do Estado. Resumo OBJETIVO: Avaliar o tratamento contemporâneo dos hemangiomas infantis (HI), considerando em especial o uso clínico de beta-bloqueadores. MÉTODO: Revisão de literatura. RESULTADO: Desde 2008 iniciou-se o uso do propranolol para tratamento do HI com bons resultados. Descrevemos aqui as diretrizes de 2013 para o uso do propranolol para o tratamento do HI. CONCLUSÕES: Atualmente o propranolol é a droga de primeira linha para tratamento dos HI, embora ainda faltem estudos de alta qualidade que consubstanciem seu uso clínico. Abstracts OBJETIVE: To evaluate the moern treatment of infantile hemangiomas (HI), especially concernente the clinical usage of beta beta-blockers. METHOD: Literature review. RESULT: Propranolol has been used to treat HI since 2008, with good results. The guidelines fot propranolol usage, suggested in 2013 are described and discussed herein. CONCLUSION: Propranolol is the first therapeutic choice for HI comtemporaneously, but high quality evidence is still needed to support ots clinical usage. Palavras-chave: Hemangioma – tratamento – propranolol – beta-bloqueadores Keywords: Hemangioma – treatment – propranolol – beta-blockers Introdução O hemangioma infantil (HI) é o tumor vascular e o tumor de partes moles mais comum em crianças, com incidência variando de 4 a 10%1. A partir de 2008, após a publicação de LéautéLabrèze e cols2 relatando a experiência do tratamento de HI com o betabloqueador propranolol, houve uma 10 mudança dramática no manejo desses pacientes. A droga demonstrou ser mais eficaz e produzir menos efeitos adversos que os corticosteroides, usados classicamente com este fim. Devido aos resultados impressionantes o propranolol foi adotado rapidamente para o tratamento dos HI em todo o mundo, a despeito da falta de estudos com elevado grau de evidência científica a respeito da utilização desta medicação com segurança para esta finalidade. Em janeiro de 2013 foi publicada a primeira diretriz sobre o uso do propranolol para tratamento do HI, a partir de uma conferência de consenso entre especialistas 3. Em breve teremos melhores evidências disponíveis, uma vez que está em andamento desde 2012, nos Estados Unidos, um estudo clínico randomizado quanto ao uso do propranolol no tratamento dos HI 4. Conceitos Atuais sobre o Hemangioma Infantil Num passado recente o termo hemangioma era usado de forma genérica para diversas anomalias vasculares. Hoje o sistema de classificação da International Society for The Study of Vascular Anomalies (ISSVA) 5 diferencia as anomalias vasculares em 2 grandes grupos, as neoplasias (a principal delas são os hemangiomas infantis – HI) e as malformações vasculares (Figura 1). Os hemangiomas congênitos diferenciam-se dos HI por se apresentarem desde o nascimento em sua forma plena e podem regredir rapidamente após o nascimento, completa ou parcialmente, ou, mais raramente, não apresentar regressão. De acordo com seu comportamento são classificados em Hemangioma Congênito Rapidamente Involutivo (RICH), Hemangioma Congênito Parcialmente Involutivo (PICH) ou Hemangioma Congênito Não Involutivo (NICH). Essas lesões não possuem o marcador histoquímico GLUT-1, típico dos HI. As malformações vasculares também já estão presentes ao nascimento, apesar de algumas serem pouco evidentes no período neonatal. Estas lesões crescem proporcionalmente ao crescimento da criança e não apresentam involução espontânea. Não é incomum a confusão entre a malformação capilar tipo Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Hemangioma Infantil – Conceitos Atuais e Tratamento Figura 1: Classificação dos HI segundo a ISSVA Classificação ISSVA 2014 - adaptado; * Associação com trombocitopenia e/ou coagulopatia mancha vinho do porto (uma malformação vascular) com os HI, levando a família a acreditar erroneamente na regressão espontânea da lesão. O Hl é a neoplasia vascular mais frequente em crianças. É mais comum no sexo feminino (2,8:1), em brancos, bebês com baixo peso para a idade gestacional, prematuros, frutos de gestações múltiplas, com idade materna elevada, placenta prévia ou préeclâmpsia, após biópsia de vilo corial e sangramento vaginal antenatal 6. Apresenta curso clínico característico, com fases distintas. Ao nascimento está ausente ou na forma de lesões precursoras (áreas de palidez, simulando equimoses ou telangiectasias). A fase proliferativa se inicia em geral a partir da segunda semana de vida: tipicamente as lesões superficiais se evidenciam nesta idade. As lesões profundas podem demorar mais tempo para se tornar aparentes. A fase proliferativa geralmente dura até o 9 mês de vida, podendo se estender até 12 meses, principalmente nas lesões profundas. Uma curta fase de platô sucede esta fase e a partir do primeiro ano se inicia a fase involutiva que se estende por alguns anos. 11 Os HI podem ser classificados de acordo com a sua morfologia em relação à profundidade nos tecidos ou à extensão na superfície corporal (figura 2). De acordo com a profundidade podem ser classificados como superficiais, profundos ou mistos. Os termos hemangioma capilar ou cavernoso foram proscritos. Dependendo da extensão na superfície corporal podem ser classificados como focais, segmentares, multifocais ou indeterminados. Os HI segmentares são aqueles que ocupam uma grande extensão de uma subunidade corpórea (braço, cotovelo, pé…) ou uma área na face >5cm 6. HI segmentares podem estar associados a outras anomalias. A síndrome PHACE é uma desordem neurocutânea descrita em 1996 por Frieden e cols 7, referindo-se às anomalias características da síndrome: anomalias de fossa Posterior, Hemangioma segmentar (quase sempre na face), lesões Arteriais, anomalias Cardíacas e oftalmológicas (Eye). A doença não é rara, sendo potencialmente a mais comum desordem vascular neuro-cutânea e prevalece largamente em meninas (9:1) 8. Esses pacientes apresentam risco aumentado de acidente vascular encefálico devido a anomalias das artérias cerebrais. Foram estabelecidos critérios maiores e menores para o diagnóstico da síndrome PHACE, e são necessárias ressonância e Figura 2: Classificação morfológica dos HI Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Hemangioma Infantil – Conceitos Atuais e Tratamento angiorressonância de crânio e cervical, ecocardiograma com avaliação do arco aórtico e exame oftalmológico em todas as crianças com hemangiomas segmentares de face para excluir esta síndrome 9. HI segmentares na região mandibular ou na área de distribuição da barba pode estar associados a hemangiomas em via aérea, levando os especialistas a aconselhar uma avaliação otorrinolaringológica, mesmo em pacientes assintomáticos do ponto de vista respiratório. HI segmentares na região lombo-sacra podem se associar às anomalias descritas no acrônimo LUMBAR: hemangioma do segmento corporal inferior (Lower body), anomalias Urogenitais, Mielopatia, deformidade óssea (Bony), malformação Anorretal, anomalias Arteriais e anomalias Renais. Essas crianças devem ser investigadas com ultrassonografias do abdome, pelve e coluna lombo-sacra se menores de 3 meses. Se > 3 meses é necessária ressonância magnética da coluna, além da USG de abdome e pelve. Esta mesma associação clínica tem sido descrita também com os acrônimos SACRAL e PELVIS. Nos pacientes apresentando mais de 5 hemangiomas cutâneos há uma maior incidência de hemangiomas viscerais. Os casos em que não há acometimento visceral são denominados Hemangiomatose Neonatal Benigna. Se houver acometimento visceral, passam a ser chamados de Hemangiomatose Neonatal Difusa. Todo paciente com mais de 5 hemangiomas cutâneos deve ser submetido a ultrasonografia abdominal total para investigação de hemangiomas viscerais. Pacientes com grandes HI podem desenvolver hipotireoidismo pela presença da enzima iodotironina deiodinase tipo III nas lesões, capaz de inativar o hormônio tireoidiano, e merecem acompanhamento seriado dos níveis hormonais durante a fase proliferativa do HI 10. Ulceração é a complicação mais frequente dos HI. Hemangiomas grandes, mistos, em regiões corporais úmidas ou áreas mais sujeitas a fricção são os que têm maior chance de ulceração, em especial os labiais, cervicais, axilares e perineais. As ulcerações 12 geralmente ocorrem no período de crescimento da lesão e são muito dolorosas, cicatrizando com retração da área acometida. Outra complicação, negligenciada até recentemente, é o comprometimento estético pelos resquícios fibroadiposos do hemangioma involuido, principalmente na face e seus aspectos psicossociais. Até pequenos HI faciais podem produzir sequelas estigmatizantes. Hoje sabemos que o tratamento precoce das lesões minimiza este risco 10. HI podem comprometer estruturas importantes ou funções vitais: ventilação (HI que acometem via aérea), visão (hemangiomas periorbitários causando ambliopia e perda permanente da visão), postura (HI cervicais volumosos, que podem levar a torcicolo e plagiocefalia). Tratamento: Nesta seção descreveremos as recomendações do consenso de 2013 3,14 quanto ao uso do propranolol para tratamento dos HI. Devido à maior eficácia e tolerabilidade do propranolol em relação aos corticosteróides, temos observado um aumento na frequência de tratamento dos HI. Lesões que outrora eram observadas têm sido prontamente medicadas. No mercado americano e europeu a medicação está disponível na forma de solução oral, o que não ocorre no Brasil. Apesar do propranolol apresentar poucos efeitos adversos e estes serem pouco frequentes (FIGURA 3), devemos sempre avaliar a relação custo benefício de tratar crianças com hemangiomas não complicados, considerando que regressão espontânea é a regra no curso natural desta lesão: a maioria dos HI não necessita de tratamento. Devemos tratar os HI que apresentam complicações, os que colocam em risco funções vitais ou fundamentais e os que apresentam risco de desfiguração estética permanente. Os pacientes elegíveis para o tratamento com propranolol devem ter seu status cardiovascular e respiratório avaliados pela história clínica e exame físico, observando-se as contraindicações ao uso da medicação (Figura 3). Não há consenso em pedir eletrocardiograma de rotina, exceto para crianças que apresentem frequência cardíaca abaixo do normal para Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Hemangioma Infantil – Conceitos Atuais e Tratamento Figura 3: Propranolol: efeitos adversos e contraindicações desafio particular, porque têm risco aumentado de infarto cerebral pelas anomalias cerebrovasculares frequentes na síndrome, risco este que pode ser aumentado pelo uso do propranolol. No entanto, estes pacientes apresentam indicação precisa de tratamento, por causa dos grandes hemangiomas segmentares em face, com comprometimento estético significativo. Neles os riscos e benefícios do tratamento para o hemangiomas devem ser avaliados precisamente. Sendo indicado o uso do propranolol, estas crianças Adaptado de: Initiation and use of propranolol for infantile hemangiomas: report devem ser acompanhadas por um cardiologista e/ou of a consensus conference. Pediatrics jan 2013. * Doença do refluxo gastro-esofágico neurologista, estando indicado o uso da menor dose a idade, filhos de mães com colagenoses, história possível, com aumento lento até a dose alvo, em 3 familiar ou da criança de cardiopatia congênita ou tomadas diárias. Pacientes de alto risco devem ser arritmias e arritmias ao exame físico. hospitalizados para início e aumento da dose do Hospitalização para inicio do uso do propranolol propranolol. Há relatos de 2 casos de acidente vascular é recomendada para pacientes < 8 semanas de idade encefálico em pacientes com síndrome PHACE em uso corrigida pela idade gestacional, crianças em situação de propranolol e corticosteróides simultaneamente. social de risco, apresentando comorbidades afetando o O tempo de duração do tratamento ainda está sistema cardiovascular ou respiratório, HI com para ser estabelecido, sendo sugerida a manutenção da comprometimento da via aérea e crianças com alto terapia até o final da fase proliferativa. O propranolol, risco de hipoglicemia. Nos demais é possível o inicio no entanto, é capaz de induzir a regressão de HI até na do tratamento ambulatorial. fase involutiva (Figura 4). Em alguns pacientes ocorre Todos devem ser avaliados nas primeiras horas rebote e crescimento do HI após a retirada do do inicio do tratamento e quando houver aumento > 0,5 propranolol, sendo necessária a reintrodução da droga. mg/kg/dose do propranolol, mediante aferição da O uso do betabloqueador tópico timolol (em pressão arterial e frequência cardíaca. A primeira forma de colírio) tem sido descrito em diversos aferição deve ser feita imediatamente antes da primeira trabalhos, com bons resultados em HI superficiais dose. Outras medidas serão tomadas na primeira e pequenos e lesões ulceradas (Figura 5). Nos estudos segunda hora após a tomada da medicação. O pico do há variações na concentração da droga (0,1% e 0,5%) e efeito da medicação ocorre nas primeiras 3 horas após a administração e é máximo na primeira administração Figura 4: A. Lactente com hemangioma em pálpebra sem da nova dose. tratamento; B – após 8 semanas de uso do propranolol O tratamento deve ser iniciado com a dose de 1 mg/Kg/dia, lentamente titulada até atingir 1-3mg/Kg/dia. A dose intermediária de 2mg/Kg/dia é a mais utilizada na prática. A dose total deve ser dividida em 3 tomadas, administradas durante o dia imediatamente antes da alimentação, para minimizar o risco de hipoglicemia. O intervalo entre as doses deve ser de no mínimo 6 horas. A medicação deve ser suspensa em caso de doença intercorrente, principalmente quando há recusa alimentar, pelo risco de hipoglicemia. Crianças com a Síndrome PHACE representam um 13 Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Hemangioma Infantil – Conceitos Atuais e Tratamento Figura 5: C. Hemangioma ulcerado em glúteo; D – após 25 dias de uso de timolol tópico na freqüência de uso (2 a 5x ao dia), demostrando que ainda sabemos pouco sobre a melhor forma de utilização desta medicação para os HI. No Brasil não temos o colírio na concentração de 0,1%, sendo comercializadas as concentrações de 0,25% e 0,5% 1113. Os corticosteróides são agora segunda linha para o tratamento dos HI, e são utilizados apenas nos pacientes com contraindicações ao uso de betabloquadores e naqueles que não respondem ao propranolol. Laser com luz pulsada ainda é usado para tratamento de telangectasias residuais e como adjunto ao tratamento de lesões ulceradas. Conclusão: O propranolol é atualmente a droga de primeira linha para tratamento dos HI, mas devemos ser cautelosos na sua utilização, uma vez que ainda não temos disponíveis as melhores evidências cientificas quanto às formas ideais do uso nem informações de seguimento em longo prazo dos pacientes. REFERÊNCIAS 1. Marqueling AL, Oza V, Frieden IJ, Puttgen KB. Propranolol and infantile hemangiomas four years later: a sistematic review. Pediatr Dermatol 2013;30(2):182-91. 2. Léauté-Labrèze C, Dumas de la Roque E, Hubiche T, Boralevi F, Thambo JB, Taïeb A. Propranolol for severe hemangiomas of infancy. N Engl J Med. 2008;358(24):2649-51. 3. Drolet BA, Frommelt PC, Chamlin SL, Haggstrom A, Bauman NM, Chiu YE, Chun RH, Garzon MC, Holland KE, Liberman L, MacLellanTobert S, Mancini AJ, Metry D, Puttgen KB, Seefeldt M, Sidbury R, Ward KM, Blei F, Baselga E, Cassidy L, Darrow DH, Joachim S, Kwon EK, Martin K, Perkins J, Siegel DH, Boucek RJ, Frieden IJ. Initiation and use of propranolol for infantile hemangiomas: report of a consensus conference. Pediatrics. 2013;131(1):128-40. 4. “Pierre Fabre Dermatology: randomized controlled multi-dose multicentre adaptive phase II/III study in infants”, clinical trials.gov identifier: NCTO 01056341. 5.International Society for the Study of Vascular Anomalies (ISSVA) . ISSVA Classification 2014 (acesso em 22 setembro 2014). Disponível em: issva.org/classification. 6. Püttgen KB. Diagnosis and Management of Infantile Hemangiomas. Pediatr Clin North Am. 2014;61(2):383-402. 7. Frieden IJ, Reese V, Cohen D. PHACE syndrome. The association of posterior fossa brain malformations, hemangiomas, arterial anomalies, coarctation of the aorta and cardiac defects, and eye abnormalities. Arch Dermatol. 1996;132(3):307-11. 8.Metry D, Heyer G, Hess C, Garzon M, Haggstrom A, Frommelt P, Adams D, Siegel D, Hall K, Powell J, Frieden I, Drolet B. Consensus statement on diagnostic criteria for PHACE syndrome. Pediatrics. 2009;124(5):1447-56. 9. Chen TS, Eichenfield LF, Friedlander SF. 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INFORME CIPERJ REUNIÕES CIENTÍFICAS destaque para o encontro de abril que contou com apresentações do Dr. David Lanning, cirurgião chefe do Children's Hospital of Richmond, sobre Xifópagos: dois casos e uma nova abordagem cirúrgica, e do Dr. Claudio Oiticica, professor associado de Cirurgia e Pediatria da Virginia Commonwealth University Medical Center, que falou sobre Cirurgia Robótica na Criança. 14 VIII CURSO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EM CIRURGIA PEDIÁTRICA abordou o tema Videocirurgia Pediátrica no dia 17 de maio na sede do CREMERJ. Palestras realizadas: Cirurgia Videoendoscópica Neonatal Dr. Edward Esteves; Fundoplicatura. Doença do Refluxo Gastroesofágico Dr. Luciano Guimarães; Colecistectomia videolaparoscópica Dr. André Cunha; Apendicite Dr. Carlos Eduardo Junqueira Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 A.Couto & Souza Advogados Associados 17 ANOS NA DEFESA EXCLUSIVA DO MÉDICO UMA REAL CHANCE DE DEFESA A Banca A.Couto & Souza Advogados atua na defesa exclusiva dos médicos, nas searas civil, criminal e nos processos administrativos perante os Conselhos Regionais e Federal de Medicina. Desde agosto de 2013, a CIPERJ e a Banca A.Couto & Souza Advogados possuem CONVÊNIO, no qual os associados da entidade têm direito à consultoria jurídica por telefone, por e-mail ou pessoalmente, que não terá quaisquer ônus, sem compromisso de contratação efetiva para eventual defesa para esclarecer quaisquer dúvidas na área da defesa profissional. O dever de informação e a importância do termo de consentimento informado; A responsabilidade do cirurgião como chefe de equipe e do responsável técnico; Prontuário eletrônico. Estes são só alguns assuntos que você pode abordar conosco. ENTRE EM CONTATO CONOSCO w w w . a c o u t o . c o m . b r [email protected] RIO DE JANEIRO Avenida das Américas, 11.599, loja A, Barra da Tijuca. CEP: 22793-082 TEL: (21) 2221 4819 FAX: (21) 2221 5024 15 Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Análise Comparativa da Função Renal por Renograma no Tratamento Cirúrgico da Estenose da Junção Pielo-ureteral ANÁLISE COMPARATIVA DA FUNÇÃO RENAL POR RENOGRAMA NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DA ESTENOSE DA JUNÇÃO PIELO-URETERAL AUTORES: Amilcar Alves Assis, MD; Edevard José de Araújo, PhD; José Antônio de Souza, PhD; MD. Eliete Magda Colombeli, MD; Rafael Miranda, MD Universidade Federal de Santa Catarina autor para correspondência: Amilcar Alves Assis [email protected] RESUMO Objetivos: Avaliar a variação da função renal pré e pós Pieloplastia, por meio da Cintilografia Renal, nos pacientes operados no Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) e no Hospital Maternidade Santa Helena (HMSH). Métodos: Estudo Observacional, transversal e retrospectivo de 82 pacientes submetidos à Pieloplastia no HIJG e no HMSM, entre 1990 e 2013. Resultados: Dos 82 pacientes estudados, 48 eram do sexo masculino e 34 do sexo feminino, sendo a faixa etária mais prevalente a dos lactentes (54%). A maioria foi diagnosticada ainda no período pré-natal através do exame ultrassonográfico. O grau da hidronefrose mais prevalente foi o III (52%). A média da função renal relativa pré-operatória do lado acometido pela hidronefrose, verificada pelo DMSA, foi de 40,7% no pré-operatório e 42,4% no pós-operatório. Uma variação na função renal pré e pós-operatória menor que 5% para mais para menos, considerada neste estudo não significativa, ocorreu em 38 pacientes (48%). Houve diminuição > 5% em 13 pacientes (16%) e aumento > 5% em 28 pacientes (36%). Conclusão: Há evidência estatisticamente significativa de pequeno ganho na função renal quando observados todos os dados. Quando analisado o fator Faixa Etária, os Lactentes (<2 anos) tem uma tendência estatisticamente significativa de apresentar ganhos mais pronunciados na função renal. Palavras-chave: Estenose de JUP; Pieloplastia; Função Renal; Pediatria. ABSTRACTS Objective: To evaluate pre and post pyeloplasty renal function changes, using renal scintigraphy in patients treated at the Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) and at Hospital Maternidade Santa Helena (HMSH). 16 Method: Observational, transversal and retrospective study of 82 patients undergoing pyeloplasty at HIJG and HMSH between 1990 and 2013. Results: Of the 82 patients, 48 were male and 34 female. The most prevalent age group was infants (54%). Most were diagnosed by prenatal ultrasonography. The most prevalent hydronephrosis classification was grade III (52%). The mean preoperative renal function of the affected side, verified by DMSA, was 40.7% and 42.4% pre and postoperatively, respectively. Pre and postoperative renal function showed non-significant variance (< 5%) in 38 patients (48%). Greater than 5% renal function loss was found in 13 patients (16%). More than 5% increase of renal function was verified in 28 patients (36%). Conclusions: There's statistically significant evidence of minor gain in renal function when observed the overall data. Infants (<2 years) showed a statistically significant tendency to present greater gains in renal function. Keywords: pyeloureteral junction stenosis; Pyeloplasty; Renal Function; Pediatrics INTRODUÇÃO A estenose da junção ureteropiélica (JUP) é responsável por 11% dos casos de hidronefrose (HNF) em crianças, sendo esta a principal causa de dilatação pélvica nesta faixa etária. Sua incidência é de 1:1500 crianças nascidas vivas. Tipicamente acomete mais meninos que meninas (2:1 no período neonatal) e se manifesta com maior frequência no lado esquerdo 1. As decisões terapêuticas nestas situações têm se baseado em Ultrassonografias (USG) seriadas cujos achados estão padronizados na classificação da Sociedade de Urologia Fetal (HNF grau 1, 2, 3 e 4) e permitem avaliar a gravidade da doença bem como subsidiar a decisão terapêutica. Porém sabendo-se que nem toda dilatação é causada por uma obstrução, os radiofármacos têm sido bastante utilizados para avaliar o papel que a JUP e a pelve renal assumem durante o processo dinâmico. Por isso, o próximo passo na investigação diagnóstica tem sido a realização de cintilografia renal, que possui duas variações, a dinâmica e a estática. A primeira utiliza-se de imagens Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Análise Comparativa da Função Renal por Renograma no Tratamento Cirúrgico da Estenose da Junção Pielo-ureteral sequenciais para analisar o esvaziamento do sistema coletor usando o radiotraçador DTPA-99 mTc (DTPA) e assim detecta, entre outras coisas, dilatações do sistema coletor possibilitando ainda diferenciar se essas dilatações são causadas por obstruções mecânicas (estenose da JUP, cálculos, etc.) ou por estase funcional (aumento da complacência). De maneira geral o DTPA avalia o trânsito do trato urinário. Já a cintilografia renal estática utiliza o radiofármaco DMSA-99 mTc (DMSA), o qual concentra-se e se fixa aos túbulos do parênquima renal de maneira diretamente proporcional à função glomerular e a integridade do córtex, avaliando assim além da anatomia cortical a função renal relativa, sendo este parâmetro de extrema importância na determinação da conduta terapêutica, conservadora ou cirúrgica dos casos 3. A literatura é controversa quanto ao efeito da Pieloplastia na função renal e que fatores poderiam influenciar na sua melhora. Alguns estudos mostram que existe uma melhora da Cintilografia Renal após cirurgia enquanto outros preconizam que existe apenas estabilização do dano renal 1. Alguns autores relatam melhores resultados em pacientes mais jovens, mas a idade é considerada irrelevante em outros trabalhos 4. Outro ponto controverso diz respeito ao significado clínico e prognóstico da função renal diferencial medida através do DMSA, visto que não é raro o rim dilatado ter função igual ou até superior à do rim sadio. Esse fenômeno é descrito como “função supranormal” (função relativa superior a 55%), e incide em 0 a 22% dos casos, podendo ser causada por fenômenos fisiopatológicos ainda não elucidados, artefatos técnicos ou até hipofunção do rim contralateral devido a outras doenças 5. Por isso, um protocolo efetivo e seguro que permita a identificação precoce dos poucos casos de hidronefrose em pacientes que apresentam quadro de obstrução vem sendo apontado como fator fundamental para um resultado favorável, fato que motivou este estudo. MÉTODO Estudo clínico observacional com delineamento transversal e coleta retrospectiva dos dados. Este 17 estudo seguiu as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HIJG (Projeto n° 021/2013). Casuística Foram identificados os pacientes submetidos à pieloplastia por estenose da JUP operados no Setor de Urologia dos hospitais HIJG e HMSH entre 1° de janeiro de 1990 e 31 de dezembro de 2013. Os pacientes foram selecionados através de busca no sistema informatizado de registros do Serviço de Arquivo Médico e Estatístico (SAME) do HIJG e do sistema da Clínica UROMED, para aqueles pacientes operados no HMSH. Após a identificação os prontuários foram revisados e submetidos aos critérios de inclusão e exclusão. Critérios de inclusão Foram incluídos no estudo pacientes portadores de HNF submetidos à pieloplastia no HIJG ou no HMSH, no período de janeiro de 1990 até 31 de dezembro de 2013. Critérios de exclusão Foram excluídos os pacientes cujos prontuários possuíam dados incompletos ou ilegíveis e pacientes que não tiveram seguimento ambulatorial após a cirurgia. RESULTADOS Da série de pacientes pesquisados preencheram Gráfico 1: Distribuição dos pacientes submetidos à pieloplastia, no período de 1° de janeiro de 1990 a julho de 2013, conforme variação da função renal e faixa etária. Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Análise Comparativa da Função Renal por Renograma no Tratamento Cirúrgico da Estenose da Junção Pielo-ureteral Tabela1: Distribuição dos pacientes submetidos à pieloplastia, no período de 1° de janeiro de 1990 a 31 de julho de 2013, segundo faixa etária no momento do procedimento cirúrgico, em número (n) e percentual (%) Tabela 3: Distribuição dos pacientes submetidos à pieloplastia, no período de 1° de janeiro de 1990 a julho de 2013, conforme classificação de função renal relativa no pré-operatório, em número (n) e percentual (%) FONTE: SAME HIJG - UROMED,1990-2013 todos os critérios de inclusão 82 pacientes. Quatro pacientes foram excluídos das análises finais. Dos 82 pacientes incluídos, 50 do sexo masculino (61%) e 32 (39%) do sexo feminino. O rim acometido pela estenose de JUP era o esquerdo ou o direito em 47 (57%) e 31 (38%) dos pacientes, respectivamente. Quatro (5%) pacientes apresentaram acometimento bilateral. Quarenta (49%) pacientes foram diagnosticados no período pré-natal. Dos demais 33 (40%) apresentaram sintomas e 4 (5%) foram diagnosticados por achado incidental. Cinco pacientes (6%) não tinham esse dado registrado no prontuário. A média de idade no momento da cirurgia (Tabela 1) foi de 44,4 meses (3,7 anos, desvio padrão de 54,2 meses). A idade mínima foi de 1,7 e a máxima de 181 meses (15,1 anos), com mediana de 33 meses (2,7 anos). Três dos 82 pacientes não tinham registro dos valores de função renal pré ou pós-operatória e foram excluídos dos cálculos funcionais, ao lado de uma criança cujos dados pós-operatórios apresentavam valores incompatíveis com a realidade clínica. O valor médio da função renal nos exames de DMSA préoperatório (Tabela 3) foi 40,7%. No pós-operatório o Tabela 2: Distribuição dos pacientes submetidos à pieloplastia, no período de 1° de janeiro de 1990 a 31 de julho de 2013, conforme o grau da HNF das unidades renais operadas segundo a classificação da SFU, em número (n) e percentual (%). *4 pacientes com acometimento bilateral FONTE: SAME HIJG - UROMED,1990-2013 18 FONTE: SAME HIJG - UROMED,1990-2013 Tabela 4: Distribuição dos pacientes submetidos à pieloplastia, no período de 1° de janeiro de 1990 a julho de 2013, conforme classificação de função renal relativa no pós-operatório, em número (n) e percentual (%). FONTE: SAME HIJG - UROMED,1990-2013 Tabela 5: Distribuição dos pacientes submetidos à pieloplastia, no período de 1° de janeiro de 1990 a julho de 2013, conforme variação da função renal relativa, em número (n) e percentual (%). FONTE: SAME HIJG - UROMED,1990-2013 valor médio (Tabela 4) foi de 42,4%. O resultado da análise (Tabela 5) apresentou mediana de ganho de 1,5% na função renal (p = 0,034; WS = 1862,0; N = 77). 38 pacientes (48%) não apresentaram variação significativa da função renal no pós-operatório. Houve aumento ≥ 5% (5-15%) em 28 casos (36%). Redução funcional ≥ 5% ocorreu em 13 pacientes (16%). DISCUSSÃO A decisão do melhor manejo de uma criança com HNF por estenose da JUP é difícil e requer análise de um conjunto de fatores 6. O grau da obstrução, o dano já estabelecido ou potencial ao parênquima renal e o prejuízo funcional são algumas das variantes a serem observadas. Uma HNF pode progredir, regredir ou estabilizar 7, porém é bastante difícil prever esta evolução no momento do diagnóstico para decidir sobre o tratamento cirúrgico ou conservador. Vale ressaltar Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 Análise Comparativa da Função Renal por Renograma no Tratamento Cirúrgico da Estenose da Junção Pielo-ureteral que o objetivo da cirurgia não é melhorar a função renal no pós-operatório, mas sim evitar piora posterior nos pacientes não tratados. A idade média dos pacientes no momento da cirurgia, nos últimos anos, vem se tornando cada vez mais baixa. A literatura mostra que os pacientes operam, em geral, com idades inferiores a 12 meses. Alguns autores sugerem que isto pode alterar o efeito do procedimento sobre a função renal 4,8. Neste estudo 29 pacientes (35%) eram < 1 ano de idade à época do procedimento. A média de idade dos nossos pacientes é maior do que a da literatura, o que pode ser explicado pelo número proporcionalmente maior de pacientes diagnosticados no pós-natal quando sintomáticos, potencialmente protelando a cirurgia. Pacientes com HNF grau IV têm indicação cirúrgica independentemente da função renal 9,10. Neste estudo 20 pacientes (24%) apresentavam função renal normal no pré-operatório e foram submetidos à cirurgia por outros critérios (grau da HNF, dano cortical à USG ou presença de sintomas): 12 tinham HNF grau IV à USG, 5 HNF grau III e um acometimento bilateral. Em 2 o grau de HNF é desconhecido. Apenas 4 pacientes com função renal pré-operatória normal apresentaram perda funcional significativa no pós-operatório (redução de 12%, 6%, 15% e 17% respectivamente), sem um fator causal identificável. Pudemos observar uma melhora significativa da HNF no pós-operatório, mesmo sem aumento correspondente da função renal quantificada. As primeiras diretrizes para o manejo da HNF defendiam a correção cirúrgica precoce para recuperar o máximo possível da função renal e a preservação do parênquima 11,12,13. Uma mudança nesta visão começou a ocorrer na década de 80 do século passado, quando pesquisadores observaram que a função renal do paciente com estenose de JUP mantinha-se estável ou melhorava diante de uma conduta conservadora em muitos casos. Em nosso estudo 35 pacientes (43%) apresentavam função renal < 40%. Outros 47 (55%) apresentavam função renal relativa ≥ 40%. Nestes últimos a indicação cirúrgica foi o grau de HNF e o comprometimento da córtex na USG. Destacamos que 19 28 pacientes dos que inicialmente tinham função renal prejudicada (36%) apresentaram melhora significativa (≥ 5%) da função renal após o ato cirúrgico (média da função de 31,8% no pré-operatório e 36% no pósoperatório para todo o grupo com função inicial < 40%). 46 pacientes foram operados antes dos dois anos de idade. 21 (46%) deles obtiveram um ganho de função > 5%. Cinco (10%) apresentaram queda de função > 5%. As demais faixas etárias tiveram ganhos médios menores. Pelas análises há evidência estatisticamente significativa de pequeno ganho na função renal quando observados todos os dados. Quando analisado o fator Faixa Etária, o conjunto de casos Lactentes (<2 anos) tem uma tendência de apresentar ganhos na função renal maiores que as demais faixas etárias. REFERÊNCIAS 1.Farhat W, McLoire G, Geary D, Capolicchio G, Bagli D, Merguerian P, et al. The natural history of neonatal vesicoureteral reflux associated with antenatal hydronephrosis. J Urol. 2000;164:1057-60. 2.Shulkin, Barry L. et al. Procedure Guideline for Diuretic Renography in Children 3.0*. Journal Of Nuclear Medicine Technology, Boston, p.162-168, 01 set. 2008. Disponível em: <http://interactive.snm.org/docs/162.pdf>. 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O dever de informação e a importância do termo de consentimento informado; A responsabilidade do cirurgião como chefe de equipe e do responsável técnico; Prontuário eletrônico. Estes são só alguns assuntos que você pode abordar conosco. ENTRE EM CONTATO CONOSCO w w w . a c o u t o . c o m . b r [email protected] RIO DE JANEIRO Avenida das Américas, 11.599, loja A, Barra da Tijuca. CEP: 22793-082 TEL: (21) 2221 4819 FAX: (21) 2221 5024 21 Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 WWW.CIPERJ.ORG a t s i ev R Edição de abril a outubro de 2014 EXPEDIENTE A Revista CIPERJ é uma publicação da Associação de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro (CIPERJ), com sede à Rua Mem de Sá, 197, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 20230-150, TEL: 55 (21) 4141-3233, e-mail [email protected], com tiragem de 1.000 exemplares e distribuição gratuita e exclusiva para a classe médica. DIRETORIA CIPERJ biênio 2014/16 presidente Kleber Moreira Anderson vice-presidente Lisieux Eyer de Jesus tesoureiro Marco Daiha secretário Sandoval Lage da S. Sobrinho EDITORA Lisieux Eyer de Jesus CONSELHO EDITORIAL Arovel Oliveira Moura Junior, Carlos Murilo Guedes de Mello, Domingos Bica, Irnak Marcelo, Ivens Baker Méio, João Carlos de Oliveira Tórtora, Laura Helman, Lisieux Eyer de Jesus, Maria Aparecida Siqueira de Andrade, Samuel Dekermacher, Stella Sabbatini, Simônides da Silva Bacelar, Sérgio Rêgo. PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Julio Gois O conteúdo e as opiniões expressas nos casos e artigos aqui publicados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não expressando a posição da revista. A Revista CIPERJ é um instrumento de divulgação de trabalhos de interesses técnicos e geral dos cirurgiões pediatras do Estado do Rio de Janeiro; de educação em Cirurgia Pediátrica aos especialistas, médicos trabalhando em campos correlatos e médicos em formação e de divulgação de eventos e informativos da Associação de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS A Revista da CIPERJ aceita artigos em português, inglês ou espanhol que sigam as Normas para Manuscritos Submetidos às Revistas Biomédicas, elaborados e publicadas pelo International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE www.icmje.org). De forma geral: Editorial: Geralmente solicitado pelo editor ao autor. Artigo Original: É o relato completo de uma investigação clínica ou experimental e seus resultados. Constituído de Resumo/Abstract, Introdução, Método, Resultados, Discussão, e Referências (máximo de 30). O título deve ser redigido no mesmo idioma do manuscrito e não deve conter abreviaturas. Deve ser acompanhado do(s) nome(s) completo(s) do(s) autor(es) seguido do(s) nome(s) da(s) instituição(ões) onde o trabalho foi realizado. Se for multicêntrico, informar em números arábicos a procedência de cada um dos autores em relação às instituições referidas. Os autores deverão enviar junto ao seu nome o título que melhor represente sua atividade acadêmica. O resumo deve ter no máximo 250 palavras ser estruturado com objetivo, método, resultados, conclusões e até 5 descritores na forma referida pelo DeCS (http://decs.bvs.br). O abstract deve ser estruturado da mesma forma que o Resumo e seguido pelas keywords conforme o sistema MESH (PUBMED). Devem conter no máximo 2.420 palavras e 45 referências. Artigo de Revisão: Versando sobre temas de interesse para a Cirurgia Pediátrica, incluindo uma análise crítica. Não serão aceitas simples descrições cronológicas da literatura. Devem ser descritos na introdução os motivos que levaram à redação do artigo e os critérios de busca, seguidos de texto ordenado em títulos e subtítulos de acordo com complexidade do assunto. Resumo e abstract não são estruturados. Devem conter no máximo 2.420 palavras e 45 referências. Nota Prévia: Observação clínica original ou descrição de inovações técnicas apresentadas de maneira concisa, não excedendo a 500 palavras, cinco referências, duas ilustrações e abstract não estruturado. Até 3 autores. Relato de Caso: Descrição de casos clínicos de interesse pela raridade, pela apresentação ou formas inovadoras de diagnóstico ou tratamento. Máximo de 1.420 palavras. Resumo e abstract não estruturados, até 15 referências e duas ilustrações. Máximo de 5 autores. Cartas ao Editor: Comentários científicos ou controvérsias com relação aos artigos publicados na Revista da CIPERJ. Serão aceitos ou não para publicação, a critério do editor, sem passar pelo processo de peer-review.Texto: Os manuscritos devem ser inéditos e enviados na forma digital (Word), espaço duplo e letra arial tamanho 12. As imagens deverão ser encaminhadas separadas no formato JPG, GIF ou TIF, e as legendas serão apresentadas em página separada no manuscrito As abreviaturas devem ser limitadas a termos mencionados repetitivamente, e definidas a partir da sua primeira utilização. Referências: Em ordem de citação, numeradas consecutivamente e apresentadas conforme as normas de Vancouver (Normas para Manuscritos Submetidos às Revistas Biomédicas - ICMJE www.icmje.org ). Não serão aceitas como referências comunicações pessoais. Citações de livros e teses devem ser evitadas. Agradecimentos: Devem ser feitos às pessoas que contribuíram de forma importante para a realização da pesquisa ou escritura do manuscrito.TABELAS E FIGURAS Numeradas no corpo do texto com algarismos arábicos, encabeçadas por suas legendas, explicações dos símbolos no rodapé. A montagem das tabelas deve seguir as normas supracitadas de Vancouver. São consideradas figuras fotografias, gráficos e desenhos. Todas as figuras devem ser referidas no texto, numeradas consecutivamente por algarismos arábicos e acompanhadas de legendas descritivas. 21 Revista CIPERJ • Volume II • Número II • novembro de 2014 PEDIATRIA Estrada dos Três Rios, 1.366, Freguesia, Jacarepaguá TEL: (21) 2448 3600 w w w . r i o s d o r. c o m . b r UTI Pediátrica preparada para assistência à criança e ao adolescente que necessitem de tratamento intensivo, contando com equipamentos de última geração e uma equipe multidisciplinar (nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, enfermeiro e psicólogo). Emergência 24h com 9 leitos de atendimento de repouso e sala de medicação com 6 leitos. Toda a infraestrutura em exames e diagnósticos por imagem no próprio hospital. Centro cirúrgico composto por 6 salas, onde podem ser realizados desde procedimentos simples até intervenções de alta complexidade. Unidade de internação composta por 14 leitos decorados, espaçosos e equipados, além de quartos com berços para acolher os bebês.