Informativo do Conselho Regional de Biologia da 2ª Região Rio de Janeiro e Espírito Santo Ano IX • Nº 105 • setembro • 2012 3 de setembro: Dia Nacional do Biólogo Conselho vai melhorar ainda mais a qualidade dos seus serviços Concursos públicos na mira do Conselho O Conselho Regional de Biologia da 2ª Região Rio de Janeiro e Espírito Santo Conselho Regional de Biologia 2ª Região – RJ/ES vem exercendo sua missão de fiscalizar os concursos públicos para fazer cumprir a legislação vigente, abrindo oportunidades para os biólogos em todas as suas áreas de atuação: biotecnologia e produção, meio ambiente e biodiversidade e saúde, e coibindo que cargos onde ocorra o desempenho das Ciências Biológicas deixem de ser franqueados aos biólogos, tanto no Rio de Janeiro como no Espírito Santo. De acordo com o Assessor Jurídico do CRBio-02, Adv. Flavio Nunes, no estado do Rio de Janeiro às vezes ocorre problema na área ambiental, onde o biólogo divide espaço de atuação com os engenheiros ambientais, florestais e agrônomos, por ser uma área de atenção multiprofissional. Já no Espírito Santo, o problema se concentra mais na área das análises clínicas, também de atenção multiprofissional. O Adv. Flavio Nunes diz que tanto no Rio de Janeiro como no Espírito Santo o CRBio-02 tem conseguido resolver todas as questões: “Normalmente os órgãos executores dos concursos nos atendem e voltam atrás incluindo o biólogo como apto a participar dos certames.” n Vice-Presidente no exercício da Presidência: Vicente Moreira Conti Diretora Secretária: Elizabeth dos Santos Rios Diretor Tesoureiro: Valdir Alves Lage Conselheiros Efetivos: Anderson Mendes Augusto Carlos Alberto Fonteles de Souza Cristina Aparecida Gomes Nassar Dimário Aluisio Pesce de Castro Glaucia Freitas Sampaio Santiago Valentim de Souza Válber da Silva Frutuoso Vera Lúcia Vaz Agarez Biólogo pode ser responsável técnico até de fábrica de gelo Conselheiros Suplentes: Humberto Ker de Andrade Maria das Graças Ávila Guimarães Marta Regina Reis Amendoeira Mário Flávio Moreira Renato Rodrigues de Souza Rodrigo Soares de Moura Neto Rosa Maria C. Wekid Castello Branco Endereços: Rio de Janeiro • Sede: Rua Álvaro Alvim, 21/12º andar Cinelândia. Rio de Janeiro. RJ CEP: 20031-010 Tel.: (21) 2142-5700 Fax: (21) 2142-5715 www.crbio-02.gov.br [email protected] Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) é um jacaré que habita a parte central da América do Sul, incluindo o norte da Argentina, sul da Bolívia e Centro-Oeste do Brasil, especialmente no Pantanal e rios do Paraguai. Em castelhano é chamado de yacaré-negro. Mede entre dois a três metros de comprimento. Sua dieta é constituída por peixe, moluscos e crustáceos. Põe de 20 a 30 ovos dentro de um ninho na mata, entre os meses de janeiro e março. O período de incubação é de 70 a 80 dias. Delegacia Regional • Vitória • ES: Rua Graciano Neves, 73 • sala 501 • Ed. Léa • Centro • Vitória • ES • CEP: 29015-330 • Tel./Fax: (27) 3222-2965 • Cel.: (27) 9944-4390 [email protected] Delegado Regional: Humberto Ker de Andrade Delegado Substituto: Renato Rodrigues de Souza Informativo Trimestral do CRBio-02 Ano IX • Nº 105 • setembro • 2012 Edição e Produção: AG Rio Comunicação Corporativa Rua Santo Afonso, 44/405 Tijuca • Rio de Janeiro • RJ • CEP 20511-170 Jornalista Responsável: Arlete Gadelha (MTb 13.875/RJ B iólogo pode ser responsável técnico de diversos tipos de empresas, desde que vinculadas às suas áreas de atuação previstas nas Resoluções nº 10/2003 e nº 227/2010 que são biotecnologia e produção, meio ambiente e biodiversidade e saúde. Recentemente um dos registrados do CRBio-02 fez uma consulta indagando se ele podia ser responsável técnico por uma fábrica de gelo ou se tal empresa só poderia ter um químico como responsável técnico. Feito a pesquisa, o Assessor Jurídico do CRBio-02, Adv. Flavio Nunes, respondeu: “A fabricação de gelo não envolve reações químicas, portanto não há respaldo legal para a exigência de contratação específica de profissional de química. A discussão acerca da legalidade da exigência da contratação de profissional de química para operar o fabrico do gelo encerra- Impressão: IMOS Gráfica e Editora Tiragem: 10 mil exemplares Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores. Fale conosco: [email protected] • Este jornal é impresso em papel Reciclato. 2 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 3 O Assessor Jurídico do CRBio-02, Adv. Flavio Nunes, diz que tanto no Rio de Janeiro como no Espírito Santo, o Conselho tem conseguido resolver todas as questões de forma favorável aos biólogos. se na redação do art. 335, do Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), que prevê as estritas situações de imperiosidade de químicos nos seguintes tipos de indústria: a) que fabricam produtos químicos; b) que mantenham laboratório de controle químico; c) que fabricam produtos industriais obtidos por meio de reações químicas dirigidas, tais como: cimento, açúcar e álcool, vidro, curtume, massas plásticas artificiais, explosivos, derivados de carvão ou de petróleo, refinação de óleos vegetais ou minerais, sabão, celulose e derivados.” Diante das normas transcritas, deduz-se que só se faz obrigatória a admissão de químico nas indústrias de confecção de produtos de natureza química, seja os fabricando, seja os manipulando, ou seja, por meio de reações químicas. Como uma fábrica de gelo não desempenha atividade alguma de manejo industrial de elementos químicos, não existe a necessidade de profissional com essa formação, destinado a controlar o processo produtivo de tal empresa. Neste sentido, não há impedimento legal para que o biólogo seja responsável técnico por fábrica de gelo. O advogado do CRBio-02 chegou a apresentar jurisprudência de alguns tribunais sobre o assunto. Qualquer dúvida que você tenha sobre o exercício da sua profissão, entre em contato com o CRBio-02, que terá o máximo prazer em lhe atender, prestando os esclarecimentos que forem necessários. n Conselho lança concurso público para melhorar a qualidade dos seus serviços N o fechamento desta edição, mais de 1.500 pessoas já estavam inscritas no concurso público lançado pelo CRBio-02, o segundo nesses 32 anos de existência, que ampliará o número de funcionários do Conselho para atender a demanda de serviços que há muito já vinha sendo reprimida. De acordo com o Vice-Presidente no exercício da Presidência, Vicente Moreira Conti, a atual gestão prima pela qualidade dos serviços prestados e está focada na profissionalização e qualificação dos funcionários que atendem o biólogo e realizam a atividade fim da instituição: a fiscalização do exercício da profissão. “Com o aumento significativo da demanda da atividade fim do Conselho Regional de Biologia – o segundo do país em número de registrados – nossos profissionais tiveram que se desdobrar, fiscalizando cada vez mais um maior número de empresas que atuam na profissão, bem como todas as atividades exercidas pelo biólogo em suas três grandes áreas: meio ambiente e biodiversidade, biotecnologia e produção e saúde”, diz Vicente Conti. Ele ainda informa que foi oficializado um novo organograma para o CRBio-02, com a criação de setores de compras, licitações e logística, entre outros. Também foram criados outros cargos como o de técnico de informática, técnico em contabilidade e secretaria executiva: “A secretaria executiva, por exemplo, gerenciará toda a estrutura administrativa e fará a ligação dessa estrutura com a Diretoria, especialmente, e com os Conselheiros”, explica o Vice-Presidente no exercício da Presidência. O concurso oferece 16 vagas para cargos de nível médio e superior. Os salários vão de R$ 950 a R$ 2.500, mais benefícios como os R$ 484 de auxílio-alimentação, planos de saúde (Unimed) e odontológico (Uniodonto) com o custo simbólico de apenas R$1 para o funcionário. O Conselho também oferece vale transporte e auxílio refeição de R$24 por dia, adota seis meses de licença maternidade para as funcionárias e fornece auxílio educação para a compra de material escolar no valor de R$150 por ano, além de auxílio-creche que pode chegar ao valor de até R$300. O CRBio-02 também incentiva o funcionário a continuar se capacitando e tem como meta implementar cursos para melhor capacitação do funcionário em cada área específica de atuação dentro do Conselho. No Rio de Janeiro, as vagas são distribuídas da seguinte forma: para os níveis médio e médio/técnico há uma vaga de técnico em 4 O Conselheiro do CRBio-02 Vicente Moreira Conti presidiu a Comissão Temporária de Concurso Público com a certeza de que as novas contratações darão mais eficiência ao CRBio-02 contabilidade, outra para técnico em informática, seis para assistente administrativo e duas de agente fiscal. Os graduados podem concorrer a duas oportunidades de biólogo fiscal (salário inicial de R$ 2.500) e uma de secretária executiva (com vencimentos de R$ 2.100). Em Vitória BIÓLOGOS • 105 • set 2012 tem duas vagas para assistente administrativo e uma para biólogo fiscal. O Concurso prevê ainda um Cadastro de Reservas e existe grande probabilidade de serem chamados outros concursados aprovados, mas não classificados. As inscrições foram feitas na página eletrônica do organizador, que é o Centro de Produção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Cepuerj). Quem não teve acesso à internet pôde efetuar o cadastramento no campus Maracanã da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). A taxa de inscrição foi de R$ 60 para os cargos de nível médio e de R$90 para os graduados. Candidatos carentes tiveram isenção da taxa. No dia 14 de outubro serão realizadas as provas objetiva, discursiva e de redação – essa apenas para os cargos de nível médio. O concurso terá validade de dois anos, podendo ser prorrogada pelo mesmo período. Os contratados deverão cumprir jornada semanal de trabalho de 40 horas. O Vice-Presidente no exercício da Presidência, Vicente Moreira Conti “espera que o concurso transcorra com sucesso, para todos os envolvidos, sejam eles candidatos ou os organizadores”, finaliza. n BIÓLOGOS • 105 • set 2012 Boas novas para os Biólogo Marcelo Szpilman (a partir da esquerda, o segundo da segunda fileira) participa de reunião para elaborar plano visando salvar espécies de tubarão ameaçadas tubarões e raias O Biólogo Marcelo Szpilman participou da Elaboração do Plano de Ação Nacional dos Elasmobrânquios Marinhos, promovido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), de 14 a 16 de agosto, em Itajaí (SC). Na ocasião foram reunidos os maiores especialistas em tubarões e raias para debaterem e sugerirem ações de melhoria da situação atual de 12 espécies de elasmobrânquios marinhos ameaçadas, visando sua conservação e seu manejo sustentável. O grupo abordou os problemas atuais, examinou objetivos específicos e estabeleceu algumas ações prioritárias para os elasmobrânquios, como: projetos de levantamento e pesquisa de conhecimentos biológicos e de impactos pesqueiros sobre suas populações, regulação da frota pesqueira e qualificação e redução do esforço de pesca, identificação das áreas de concentração reprodutiva e de berçário, definição de critérios mais rigorosos para licenciamento ambiental de empreendimentos costeiros, reordenamento das regras para as pescas de emalhe, arrasto e espinhel e até mesmo a identificação de pontos de uso dos elasmobrânquios para o turismo sustentável como alternativa econômica. Até o final desse ano, mais duas oficinas ocorrerão, do score Central e do score Norte-Nordeste que contribuirão também para revisão e fechamento do Plano de Ação Nacional dos Elasmobrânquios Marinhos. O período de implementação do plano de ação deverá ser de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2018. n 5 Uma bióloga no Ovos, larvas e adultos do Aedes aegypti podem ser observados com lupas e microscópios combate à dengue Biólogos: No que consiste o projeto Educação Antidengue? Marise Maleck: O projeto de pesquisa “Educação Antidengue” é realizado pelo Laboratório de Insetos Vetores da Universidade Severino Sombra, sob a minha coordenação e colaboração do Prof. Cleber Barreto Espindola. Em 2010, o projeto obteve aprovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), no Edital do Programa Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia no Estado do Rio de Janeiro. Esse apoio aliado à USS e a Secretaria de Saúde do município propiciou que fossem realizadas diversas campanhas de conscientização do controle do mosquito vetor da dengue. Pesquisadora e professora há 12 anos na Universidade Severino Sombra (USS), em Vassouras (RJ), a Bióloga Dra. Marise Maleck, atua na área de Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores. Desde 2008, desenvolve e coordena com os universitários do curso de Ciências Biológicas, em parceria com a Secretaria de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde, projetos de pesquisas relacionados ao levantamento de formas imaturas de Aedes albopictus e de Aedes aegypti, o mosquito vetor da dengue e ao estudo de atividade biológica de produtos naturais de plantas na busca de um larvicida de origem vegetal. Os resultados das atividades mostraram que 87% dos alunos das escolas responderam positivamente às questões sobre o mosquito e a dengue B: Quem participa da implantação do projeto? MM: O projeto conta com a participação de estudantes de iniciação científica, capacitação técnico-científica, envolvendo os cursos de graduação em Ciências Biológicas, Biomedicina e Farmácia; alunos do Ensino Médio do programa jovens talentos da Faperj e também com alunos do curso de mestrado profissional em Ciências Ambientais da USS. B: Onde já foi implementado? MM: Escolas do município de Vassouras e das cidades vizinhas, além de atividades extensionistas, com apresentação em praça pública do “Aedes na praça” a fim de conscientizar a população em geral. Este projeto tem como 6 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 ANBio objetivo principal a promoção da educação ambiental nas escolas de forma lúdica. Ele está diretamente ligado ao incentivo à ciência, como no treinamento e formação de estudantes como agentes de educação ambiental, e também promotores efetivos de ações no âmbito ensino-meio ambiente e saúde. Além lança novo site Equipe do projeto “Educação Antidengue” C om 13 anos de existência e referência internacional, a Associação Nacional de Biossegurança – ANBio homenageou os biólogos no dia 3 de setembro, lançando seu novo site www.anbio.org.br. disso, visa aliar o conhecimento científico à comunidade local formando multiplicadores no controle do mosquito e prevenção da dengue. B: Quais os principais resultados obtidos? MM: Na universidade o projeto já resultou em dissertação de trabalho de conclusão do curso de Ciências Biológicas e resumos científicos em congressos e eventos sobre a temática. Nas escolas visitadas, cartazes e textos organizados pelos alunos e inúmeras solicitações para o nosso retorno. Os resultados das atividades mostraram que 87% dos alunos das escolas responderam positivamente às questões sobre o mosquito e a dengue. Os dados mostraram que a educação é a melhor forma de prevenir e controlar a dengue e o vetor. B: Qual a programação do projeto? MM: Aulas expositivas, jogos, brincadeiras, informes, eventos internos e externos com apresentação teatral e musical “O mosquito dengoso”, concurso de cartazes e textos dos alunos, além de demonstrações do ciclo de desenvolvimento do mosquito vetor da doença. As atividades sempre com o tema: “Prevenção e controle do mosquito vetor do vírus da dengue”. O projeto de pesquisa “Educação antidengue” como atividade extensionista o “Aedes na praça” – que desde 2009 é realizado, duas vezes ao ano, nas ruas da cidade, com a mesma proposta de divulgar e informar a população sobre a necessidade de controlar o mosquito. Entre as atividades estão: apresentação da peça de teatro “O mosquito dengoso", como atração para o público infantil; saída de trenzinho pela cidade com os alunos das escolas participantes, tocando a música do “O mosquito dengoso” de autoria do João Luiz (músico da cidade), estandes com material de informação sobre os ovos, larvas e adultos do Aedes aegypti, em lupas e microscópios, para que os interessados possam conhecer o ciclo de desenvolvimento do mosquito transmissor da dengue; folders, cartazes e banner informativos do programa de controle da dengue da Prefeitura local, sobre como se prevenir dos focos dos mosquitos; jogos como o labirinto, corrida maluca, jogo da memória e máscaras do mosquito para colorir etc.; todas as atividades com indicações de como se prevenir dos criadouros das larvas de Ae. aegypti. n BIÓLOGOS • 105 • set 2012 A presidente da Associação, Leila Macedo, microbiologista e com pós-doutorado em análise de riscos diz que “Escolhemos o Dia do Biólogo para lançar o novo site porque o biólogo tem como meta conhecer tudo sobre a vida no planeta e a ANBio tem como meta apoiar ações que garantam a segurança da vida no planeta”. Entre outras novidades o site tem design avançado, navegação mais fácil, maior velocidade, mais recursos para o usuário, área VIP para os sócios, newsletter, sistema de busca, acesso a redes sociais, maior interatividade. Além disso, tem uma seção exclusiva para anúncios de parceiros que desenvolvam projetos socioambientais e em uma política da economia verde. n 7 Rosa Maria Cordeiro Wekid Castello Branco MB EIO AMBIENTE E IODIVERSIDADE Está na hora de fazer um mundo melhor A partir do tema “Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental – da Eco/92 até a Rio+20”, a Biól. Marta de Azevedo Irving, que desde 2005 lidera o Grupo de Pesquisa Governança, Biodiversidade, Áreas Protegidas e Inclusão Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gapis/UFRJ), respondeu os questionamentos sobre economia verde, pobreza e governança na política de proteção ambiental. Assuntos debatidos durante a Conferência Rio+20. Biól. Rosa Maria Wekid Castelo Branco: Com o crescente aumento da população e do consumo, a competição por recursos naturais acirrou as tensões sociais e a probabilidade de corrupção. Nesse sentido, a corrupção é uma ameaça a sustentabilidade? Biól. Marta de Azevedo Irving: A corrupção é uma ameaça a qualquer sistema democrático, ela coloca em xeque a noção de bem comum. Além disso, ela mostra a maneira como as sociedades foram estruturadas, como o tecido social se organiza e, inclusive, como é exercido o controle social. Certamente, esse estado de corrupção que pode ocorrer em alguns países, em alguns momentos, é um espelho de uma sociedade que ainda não está pronta para exigir os seus direitos. Isso toca numa discussão central da Rio+20 que é o tema da governança em termos de compartilhamento de poder, de capacidade da sociedade exercer um controle mais efetivo sobre os órgãos governamentais e uma definição compartilhada de prioridades. Os recursos que existem na sociedade acabam não sendo distribuídos de maneira justa porque há uma intervenção no processo em benefício de alguns em detrimento de outros. Em países com índice elevado de desigualdade social e pobreza, isso se torna uma vulnerabilidade séria com relação ao compromisso ético de sustentabilidade. um sistema de proteção à natureza que reserve a possibilidade dela se reciclar e se revigorar para as gerações futuras. Isso significa desenvolvimento justo e democrático para os diversos cidadãos. Além disso, significa um processo de desenvolvimento economicamente viável, com base em pressupostos éticos. Como será possível todos os países discutirem desenvolvimento sustentável com base nos mesmos parâmetros de consumo, por exemplo, dos países desenvolvidos? Como é possível insistir na questão do desenvolvimento sustentável quando o Draft Zero da ONU repete o mesmo problema dos textos mais antigos ao falar em crescimento, crescimento, crescimento e progresso? Hoje o grande debate é o seguinte: é possível a gente dizer que está caminhando para um debate planetário de desenvolvimento sustentável sabendo que é uma utopia? Ou a gente tem que repensar profundamente os modos de consumo e de vida em sociedade? O mundo atual é traduzido em dólares, cifras e ações nas bolsas de valores. Então se os ambientalistas não souberem fazer a tradução para esse outro tipo de ator social, perderemos um grande momento para se avançar numa reforma civilizacional e não apenas o discurso vazio do desenvolvimento sustentável que, a meu ver, já está obsoleto. RMWCB: Você acredita nos resultados de índices como o IDH (que mede aspectos educacionais, de saúde, habitação, trabalho etc.) e o FIB (que mede o índice de felicidade de um país)? MAI: Esses indicadores têm um papel pedagógico, educativo ao permitir alguns graus de comparação, uma noção de escala e a possibilidade de entender e identificar onde estão os problemas graves que precisam ser alterados e as transformações necessárias. O único problema é que esses índices são utilizados como se fossem medidas absolutas. Hoje não se pode ter outro tipo de medida, de avaliação, de interpretação dos fatos da realidade que não seja por índices quantificáveis e “economicamente aceitos”. Só que o mundo real não é assim, a realidade é complexa e nem sempre quantificavel. Precisamos descobrir um equilíbrio entre o que esses índices podem e não podem mostrar. O Edgar Morin (Paris, 1921)** defende uma reforma de civilização e sou completamente sintonizada com a proposta dele. Porque, por exemplo, na convenção RMWCB: Em sua opinião, o que seria desenvolvimento sustentável? MAI: Muito antes da questão do desenvolvimento sustentável começar a ser discutida, o Ignacy Sachs (Varsóvia, 1927*) já abordava o conceito de ecodesenvolvimento. Hoje tratam o tema como se fosse inédito. Se pensar quais são os compromissos centrais do conceito de desenvolvimento sustentável, vai entender que ele só pode ser interpretado como uma utopia necessária. O conceito implica um modo de desenvolvimento que considere a questão da conservação dos recursos naturais, 8 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 de mudanças climáticas/aquecimento global tudo está sendo discutido em termos de quanto se compensa pelas emissões, quanto se paga por isso. É todo um jogo do mercado se apropriando de um processo que está muito além desse jogo de mercado. Por exemplo, modos de vida, de consumo. Não é mais possível nós continuarmos um desenvolvimento dito sustentável e no momento em que se tem uma crise econômica a primeira coisa que se faz é mandar comprar carros. E a população sai se endividando por causa disso. RMWCB: Como bióloga você acredita ser possível reverter o quadro de destruição ambiental? Como vê o futuro do planeta se tomar por base o que está em discussão na Rio+20? MAI: Parece que todos entenderam a mensagem do desenvolvimento sustentado no plano da discussão teórica, mas nada mudou no plano da aplicação do conceito. Mas, por outro lado existem iniciativas mundiais que partem do movimento social e de algumas alianças do movimento social com a mídia, com as empresas que mudaram seus conceitos, com a academia, gestão pública etc., que estão mostrando que caminhos são possíveis. O grande problema disso é que são experiências dispersas, com pouca visibilidade e não estão sendo capazes de focar o processo como um fenômeno de mudança, porque não estão acontecendo no canal principal ou pelo menos no canal mais visível dessa discussão de desenvolvimento. Mas isso está acontecendo no mundo todo. Chegamos a um ponto em que a grande questão é a sobrevivência humana e o ser humano sempre foi muito arrogante acreditando que tinha domínio total sobre a natureza, sobre o processo de industrialização, que poderia dominar tudo e todos e que poderia de alguma maneira BIÓLOGOS • 105 • set 2012 9 transformar o mundo da maneira como ele quisesse. Só que quando você está numa situação de risco, de sobrevivência, essa arrogância sobre a natureza começa a se perder por conta de desastres que estão se tornando cada vez mais frequentes e que alguns cientistas associam ao aquecimento global, perda de biodiversidade, à questão da escassez da água. Sou otimista porque acho que essas experiências que estão ocorrendo no mundo inteiro, no momento em que elas tiverem visibilidade e estiverem funcionando em rede podem mudar a realidade. Ações como a primavera árabe, a queda dos regimes totalitários, a ocupação da Wall Street (EUA) etc. Quando essas coisas começam a acontecer, com uma inspiração comum de mudança, ficamos atentos, uma vez que não é um movimento isolado. Ele está represado e precisa ter um canal que provavelmente virá associado à necessidade de justiça social e de proteção da biodiversidade, da natureza, como uma garantia de futuro. Nós estamos deixando um mundo com um passivo muito grande para aqueles que ainda estão por nascer. A grande questão é: será que vamos ter tempo, vigor e audácia para fazer essa mudança? Ou vamos nos acomodar e fingir que está tudo bem e acreditar que os índices vão resolver todos os problemas? Apresentação: Bióloga Marta de Azevedo Irving é graduada em Ecologia/Biologia Marinha pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e registrada no CRBio-02 sob o nº 7.125/02-D. Em 1981, concluiu Psicologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), com ênfase em psicologia social. Mestre pela Universidade de Southampton (UK) em gestão de ecossistemas costeiros. Na Universidade de São Paulo, fez Doutorado em Ciências. Entre 2004 e 2008 concluiu os pós-doutorados na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) de Paris; no Departamento de Ecologia e Gestão da Biodiversidade do Museu de História Natural de Paris e no Departamento Homens, Naturezas e Sociedades, sobre a temática da gestão da biodiversidade e inclusão social. *Há mais de 30 anos Ignacy Sachs lançou alguns dos fundamentos do debate contemporâneo sobre a necessidade de um novo paradigma de desenvolvimento, baseado na convergência entre economia, ecologia, antropologia cultural e ciência política. n ** Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum é antropólogo, sociólogo e filósofo francês judeu de origem sefardita. 3 de setembro: Dia Nacional do Biólogo Saiba o que 11 profissionais em atividade falam sobre o que é ser biólogo “Ser multidisciplinar, é ter um grande leque de opções para atuar na busca de um futuro melhor para o planeta e seus habitantes.” “Ter atividades e atitudes, a cada dia, todos os dias, pelo simples prazer de as ter e, em muitos casos, ser até capaz de pagar para fazer essas atividades ou ter essas atitudes.” Claudio Ribeiro, fiscal ambiental da Prefeitura de Miguel Pereira. Anthony Érico Guimarães, chefe do Laboratóprio de Dioptera do Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz. “Ter um compromisso com a vida em todas as suas formas e com a preservação/conservação dos ambientes/ecossistemas que lhes dão suporte.” Luzia Alice Ferreira de Moraes, professora da Unirio. “Proteger, divulgar, administrar a vida para um mundo melhor!” Fernando Perotta, citologista clínico do Laboratório AJA de Análises Médicas de Cascadura. “Ter a chance de fazer a diferença na interação entre as pessoas e o ambiente. É mediar a relação entre o desenvolvimento e a preservação da natureza. Ajudar as pessoas a compreenderem como fazemos parte do ambiente natural” “Ter um profundo e curioso encontro com a natureza; é investigar, revelar e compreender seus elementos e processos; é ser parte de sua preservação e conservação.” Daniel Vitor Ferreira Noleto, diretor e proprietário da empresa Bios-diversa: Serviços Educacionais e Consultoria Ambiental, coordenador da Pós-graduação Especialização em Educação Ambiental, no Senac Rio. Márcia Souto Couri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das curadoras de dípteros do Museu Nacional. “O prazer de estudar ambientes onde a natureza nos mostra o valor da vida em sua essência.” “Poder ajudar a melhorar a qualidade de vida, mantendo o equilíbrio constante em cada área de atuação. Procurar também aperfeiçoar técnicas e procedimentos, visando sempre aprimorar a assistência dada por este grande multiprofissional – o biólogo.” Hilton Ribeiro, coordenador do Núcleo de Vigilância Hospitalar do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, em Duque de Caxias. “Profissional qualificado de nível superior com capacidade de compreender a vida em todas as suas expressões e capacitar o cidadão e sua coletividade para conceber, planejar, realizar e avaliar modos de viver socioambientalmente compatibilizados com a justiça social.” Alexandre de Gusmão Pedrini, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). 10 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 11 Fernando Coreixas de Moraes, biólogo marinho, pesquisador do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Trabalhar pela natureza e, parafraseando Goethe, ‘a natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas’.” Dina Alves, da Biosane Tecnologias Ambientais Ltda. “Amar aquilo que se faz com dedicação, integridade e sabedoria.” Ricardo Cerqueira Campos Braga, professor da Universidade Estácio de Sá e biólogo do MS/Hospital Federal dos Servidores do Estado, Serviço de Epidemiologia. ORT recebe Prêmio Nobel de Química Prêmio Tião Sá A 17ª edição do Prêmio Tião Sá analisa projetos em duas categorias: Pesquisa e Educação Ambiental. Em 2012, os primeiros lugares de cada categoria receberão um cheque no valor de R$ 5.600, além do troféu Biodiversidade, criado pelo artista plástico Magno Godoy e executado pelo artista plástico Penithência. Já os 2º e 3º lugares de cada categoria receberão troféus e certificados. As inscrições serão encerradas em 28 de setembro e a premiação acontecerá no dia 29 de novembro, na 23ª Feira do Verde, realizada de 24 de novembro a 2 de dezembro, na Praça do Papa, em Vitória (ES), com o tema “Cidades em busca da sustentabilidade”. O Prêmio Nobel de Química Dan Shechtman observando a homenagem prestada pelo ORT O s Biólogos Newton Dias Lourenço e Danielle Grynszpan estiveram no auditório do Instituto de Tecnologia ORT, em Botafogo, para receber o Prêmio Nobel de Química 2011, Professor Dan Shechtman, que esteve no Brasil em julho de 2012. Dan Shechtman conheceu os laboratórios da escola e ficou impressionado com suas instalações e com a equipe de professores e alunos de Biotecnologia e do Clube de Ciências. Logo após, foi inaugurada uma placa em homenagem a sua visita e, em seguida, o Prêmio Nobel falou aos presentes no auditório do ORT. O convidado, que também é presidente do Conselho Acadêmico da World ORT, falou da longa tradição em educação das escolas ORT em todo o mundo, contou um pouco de sua história pessoal e sobre a cerimônia de premiação do Prêmio Nobel na Suécia, além de explicar o início das pesquisas e as implicações de sua descoberta dos quase-cristais, pela qual recebeu a premiação internacional. Professor há mais de 25 anos na Universidade Technion, em Israel, Dan Shechtman deu um conselho aos jovens para um futuro profissional de sucesso: 12 A Bióloga Maria Antonia Malajovich, do Instituto de Tecnologia ORT do Rio de Janeiro, com Dan Shechtman, que ouve atentamente as estudantes “Escolha um tema que você goste e torne-se especialista no assunto. Se você fizer isto, seu futuro será brilhante. E isto vale para qualquer campo, seja para um cientista ou para um pianista. Essa é a receita para um futuro maravilhoso”, afirmou. n Fotos de Leonardo Goldfard BIÓLOGOS • 105 • set 2012 Planalto do Itatiaia ganha guia de plantas da região C om o patrocínio das Indústrias Nucleares do Brasil e o apoio do Parque Nacional do Itatiaia e Instituto Chico Mendes de Biodiversidade foi lançado o livro Guia de plantas Planalto de Itatiaia no Jardim Botânico (RJ) que teve como idealizadores e pesquisadores os Biólogos Izar Aximoff e Kátia Torres Ribeiro, dois montanhistas que estudam há tempos o ambiente do Parque Nacional do Itatiaia. Segundo o Biólogo Izar Aximoff, o Guia faz parte de um trabalho pioneiro para conhecer a riqueza biológica de um dos pontos turísticos mais importantes do país, levando o leitor a uma reflexão sobre a diversidade biológica que existe na região e a entender o quanto ela é valiosa. “A pesquisa que realizamos é mais uma contribuição para o reconhecimento da diversidade florística de um dos campos de altitude mais importantes do bioma Mata Atlântica do Brasil, o Campo de Altitude do Itatiaia, que só aconteceu porque recebemos o apoio da INB”, afirmou. Kátia Torres, outra bióloga do projeto, fez questão de relembrar em seu discurso o início dos estudos e a importância do trabalho para a sociedade atual e principalmente para as gerações futuras. “O Guia foi criado para permitir que biólogos, pesquisadores, turistas e visitantes do parque e estudantes em geral tenham um material valioso de pesquisa ou consulta sobre a flora da região”, acrescentou. O Prêmio Tião Sá de Incentivo à Pesquisa e à Educação Ambiental foi criado pela Prefeitura de Vitória – Secretaria Municipal de Meio Ambiente, pela Lei nº 4.203, de 18 de maio de 1995. Seu nome homenageia o ambientalista Sebastião Salles de Sá, que nasceu em 17 de janeiro de 1955 e morreu em 1994. Tião Sá, como era conhecido, engenheiro civil e pós-graduado em Recursos Naturais, era defensor da Mata Atlântica. n BIÓLOGOS • 105 • set 2012 13 O Guia de plantas Planalto de Itatiaia tem uma linguagem acessível a todos e será distribuído em escolas e bibliotecas dos municípios de Itatiaia e Resende. Nele consta a identificação das principais espécies da flora do Planalto de Itatiaia, com ilustrações fotográficas e descrições concisas de cada uma, além de informações sobre espécies ameaçadas de extinção. O Parque do Itatiaia é dividido em duas partes: a Parte Baixa, com hotéis e predominância da Mata Atlântica, e a Parte Alta, ou planalto, com campos de altitude, afloramentos rochosos e plantas raras. O Planalto é agreste, diferente da maior parte dos ambientes naturais conhecidos pelo brasileiro comum. O livro é de altíssima utilidade para os já acostumados com o Planalto e essencial para os novatos. Inicia com uma interessante introdução com aspectos gerais do parque e até orientações práticas aos visitantes para atingirem o mínimo impacto sobre a natureza. Da página 70 em diante começa o guia para identificação das plantas. Izar e Kátia dividiram as plantas do planalto em flores amarelas, flores brancas, flores vermelhas e flores azuis e lilases. Para cada flor aparece o nome da família, a foto colorida, o nome científico e a página onde encontrar mais informações sobre cada planta e outras fotos maiores e mais belas. Na página 183 começam as plantas sem flores, as araucárias, as parentes das samambaias, os fungos, os líquens e as briófitas. Tudo muito fácil, muito prático e bonito. É importante lembrar que este livro serve para identificar a maioria das plantas de outras “partes altas” de outras montanhas do Sudeste brasileiro, servirá então para a Serra dos Órgãos, Três Picos de Salinas, Serra Fina/Pedra da Mina, Pedra do Baú, Marins e Itaguaré etc. n Curso de Perícia Ambiental P ela quarta vez, o Biólogo Murilo Damato, Conselheiro Federal pelo CRBio-01 e membro da área de meio ambiente do Conselho Federal de Biologia, desde 2011, esteve na sede do CRBio-02, Centro do Rio de Janeiro, para ministrar o curso de Perícia Ambiental: “Desta vez, ampliamos o número de exercícios realizados tornando as aulas mais participativas e abrimos uma maior discussão sobre os procedimentos legais da perícia ambiental.” Murilo Damato é licenciado e bacharel em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, mestre em Ecologia pelo Instituto de Biociências da USP e doutor em Professor e alunos visitaram a Praça XV para uma aula prática Engenharia Hidráulica Sanitária pelo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP. Desenvolve trabalhos em diversas áreas, como tratamento de efluentes industriais, avaliação de risco em águas de reúso, avaliação ecotoxicológica de áreas contaminadas e análise de risco ambiental. O curso foi realizado em agosto com a participação de 52 alunos, sendo que cerca de 20 pessoas ficaram na fila de espera. Para atender aos que não conseguiram se inscrever nesta quarta turma, o CRBio-02 pretende abrir uma quinta turma ainda este ano. Com intensa procura e o mesmo sucesso, o Conselho já ofereceu o curso de Perícia Ambiental aos seus registrados duas vezes em 2010 e uma vez em meados de 2011. Ele capacita e habilita o biólogo na elaboração de laudos e pareceres sobre danos ambientais, metodologia do trabalho multidisciplinar de perito, métodos de perícia ambiental (fauna, flora, ecossistemas, efeitos de poluentes em ecossistemas: água, solo e sedimentos). Confere análise da responsabilidade civil na degradação, poluição e dano ambiental. Identificação das infrações passíveis de perícia ecológica. Ainda aborda a legislação aplicada, avaliação dos danos causados por poluição e danos aos ecossistemas. O profissional que realiza esse curso tem contato com técnicas e procedimentos para trabalhar como perito de juiz, assistente técnico do Ministério Público e assistente técnico de escritórios de advocacia. Murilo Damato diz que “existem muitas vagas nos escritórios de advocacia e uma grande procura por peritos que conheçam bem a legislação e tenham domínio da área técnica. A maior demanda está concentrada nos grandes centros onde existem muitos conflitos de uso e ocupação do solo.” Em relação a ganhos financeiros, o professor explica que quanto mais o trabalho do perito é conhecido mais o profissional é valorizado: “Como qualquer consultor é importante manter-se atualizado. A educação continuada é fundamental”, afirma. 14 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 Para o biólogo, o convite do CRBio-02 é sempre um momento de grande desafio e oportunidades: “O Conselho abre um importante espaço para debatermos a questão da pericia ambiental e a avaliação dos danos ambientais nos ecossistemas terrestres e aquáticos. Ministrar o curso no CRBio-02 é algo que sempre me dá muito prazer, para mim o Conselho tem uma atitude de vanguarda quando se antecipa a discussão na área ambiental, abrindo espaço para os biólogos alcançarem o mercado da perícia ambiental.” Murilo destaca ainda que o curso capacita o biólogo em perícia ambiental, mas todo biólogo formado e registrado e em dia com o seu Conselho Regional de Biologia está habilitado a ser um perito ou prestar assessoria técnica na sua área de excelência técnica. n 15 Macroalgas cosméticos e muitos outros), além do consumo direto como alimento, geralmente, associada à culinária oriental (ex.: saladas, sushis, sopas etc.). As algas (micro e macroalgas), assim como as plantas no ambiente terrestre, são a base da cadeia alimentar marinha. Delas depende uma grande diversidade de organismos, que as utilizam não apenas como alimento, mas também como substrato, abrigo e berçário de animais jovens.” Por outro lado, como listado no guia, algumas características das macroalgas, favorecem sua utilização como indicadoras da qualidade da água, ou seja, de certa forma, indicadoras de poluição marinha, tais como: São organismos que não possuem mobilidade, portanto, totalmente dependentes da qualidade da água do local onde ocorrem; Ocorrem em todos os ambientes marinhos ou sob sua influência (exemplo: costões rochosos, lagunas e manguezais), portanto, sua simples ausência pode indicar uma alteração local na qualidade da água. Os estudos com macroalgas já ocorrem no Brasil há diversas décadas, portanto, as espécies são, relativamente, bem conhecidas ao longo da região costeira rasa do nosso litoral. Sua distribuição nos costões é bem conhecida, o que permite uma rápida detecção de alterações drásticas no ambiente, seja a origem do problema visível ou não. Muitas espécies possuem ciclo de vida curto e reprodução rápida, fazendo com que modificações na qualidade da água, sejam imediatamente sentidas. Diferentes fatores geradores de estresse produzem diferentes respostas fisiológicas, que se traduzem na ocorrência, distribuição e morfologia das espécies. Como podem absorver substância ou elementos tóxicos (metais pesados, radionuclídeos etc.) presentes na água, possibilitam sua detecção mais facilmente e com menor custo do que no meio aquoso. São facilmente coletadas, sem o uso de instrumentos sofisticados, na região entre marés e na submersa rasa. Cristina Nassar informa ainda que, devido à sensibilidade às variações da qualidade da água, as comunidades de macroalgas estão sujeitas – e todos os organismos que delas dependem – a alterações da estrutura de suas comunidades, em função do lançamento de esgoto doméstico e industrial no mar, bem como construções irregulares, dragagens e outras obras na região costeira: “A melhor forma de manter os bancos de algas saudáveis, seria que todos respeitassem a legislação quanto à exploração e cultivo das algas, bem como a não poluir e destruir os ambientes costeiros onde elas ocorrem.” Para finalizar, a professora diz que desde criança queria trabalhar fazendo pesquisa e sempre se imaginou em um laboratório, o interesse pelas algas veio só na universidade, com as primeiras aulas em botânica e biologia marinha: “Antes de me formar já fazia estágio com monitoramento ambiental marinho utilizando as macroalgas, o que continuo a fazer, como professora. Junto com meus colegas do Laboratório Integrado de Ficologia da UFRJ realizamos pesquisas ecológicas (campo e cultivo em laboratório) em diversas regiões do Rio de Janeiro e Espírito Santo, bem com estudos de sistemática molecular de macroalgas marinhas de todo o Brasil.” Seu maior desejo agora é o de trabalhar em uma nova versão do atual Guia, incluindo espécies que ficaram de fora da primeira versão. n Elas servem como indicadoras da poluição marinha Cristina Aparecida Gomes Nassar é bióloga, doutora em Ecologia e professora do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia e do Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no CRBio-02 é Conselheira Efetiva. Em entrevista, ela conta como foi escrever o livro Macroalgas marinhas do Brasil – guia de campo das principais espécies, destinado àqueles que querem se aventurar em um costão rochoso e descobrir a imensa diversidade de macroalgas da região costeira brasileira. O guia possui uma linguagem simples o que permite sua utilização por professores, estudantes, técnicos e gestores ambientais sem treinamento em ficologia, que é o estudo das algas. D e acordo com a autora, há muito se aguardava um guia de algas dessa região: “Esse tipo de iniciativa é bastante comum em outros países, mas ainda se inicia de forma tímida no Brasil.” A autora vem trabalhando com macroalgas há cerca de 25 anos e nos últimos cinco anos passou a registrar com uma câmera digital espécies encontradas nas praias que costuma frequentar: “As espécies apresentadas são facilmente observadas em nossas praias, em especial nas das regiões Sudeste e Nordeste. Comecei a organizar as fotografias e descrições para auxiliar no treinamento de estudantes e biólogos em trabalhos de campo. Em princípio pensei em fazer um pôster com algumas espécies do Espírito Santo e terminei com um guia com 110 espécies do Brasil, de um total de cerca de 700 espécies existentes em nosso litoral. Isso indica que ainda existe um longo caminho pela frente. Seria muito interessante que, não só os estados litorâneos elaborassem seu guia ilustrado, mas, principalmente, que cada unidade de conservação costeira produzisse seu próprio material.” Cristina Nassar informa que um dos principais objetivos do seu Guia é desmitificar as macroalgas: “Muitas vezes quando a população vai a uma praia, onde existe uma grande quantidade de algas na areia (arribadas) ou na água, a primeira reação é a de nojo, ou por não conhecer o organismo, ou por associá-lo com lixo, limo ou algo perigoso. Quando as pessoas entendem o que estão vendo, não têm uma reação tão forte de repulsa. Se pararmos para olhar cada exemplar observaremos que nossas espécies são muito bonitas.” Para a pesquisadora, as algas auxiliam na manutenção da biodiversidade marinha: “Das macroalgas são extraídas diversas substâncias utilizadas pela indústria em produtos do nosso dia a dia (ex.: gelatinas, tintas, 16 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 BIÓLOGOS • 105 • set 2012 17 Eventos II Congresso Brasileiro de Reflorestamento Ambiental E ntre os dias 23 e 26 de outubro de 2012 acontece o II Congresso Brasileiro de Reflorestamento Ambiental, no SESC Guarapari (ES). Com o tema produção de água, o evento terá os seguintes objetivos: ampliar e aprofundar o debate entre os diferentes segmentos ligados ao assunto sobre os principais problemas e alternativas de soluções para o desenvolvimento do setor; conhecer as experiências de geração de renda com florestas ambientais; conhecer o estágio atual e as novas estratégias na implantação e conservação de florestas ambientais; conhecer as tecnologias e as experiências referentes à “produção de água” pelas florestas ambientais. I Conferência em Saúde Silvestre e Humana E ntre os dias 24 a 26 de outubro de 2012 haverá a I Conferência em Saúde Silvestre e Humana, no Rio Othon Palace, Rio de Janeiro (RJ), que terá como diferencial a perspectiva ecológica pela qual olhamos a saúde. Além disso, seu objetivo é desenvolver em todos os participantes a capacidade de buscar modelos que permitam predizer agravos à saúde humana e dos animais silvestres ou domésticos, lembrando sempre que agentes infecciosos circulam entre diferentes espécies. A conferência é uma iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde do Brasil em conjunto com o “Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para Biodiversidade” – Probio II, desenvolvido pela parceria entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Caixa Econômica Federal, com recursos do Global Environment Facility (GEF) e do Banco Mundial. 4º Congresso Brasileiro de Biotecnologia ao uso de animais, baseado no conceito de 3R (redução, refinamento e substituição), modelo do World Congress on Alternatives and Animal Uses in the Life Science. Possui abrangência internacional, proporcionando aos pesquisadores divulgar suas pesquisas e aos alunos e professores conhecerem novas técnicas de ensino. Além do caráter acadêmico, o congresso busca sempre o caráter de inovação e integração com o setor industrial, fazendo o conhecimento acadêmico ser aplicado na sociedade. I Simpósio de Evolução da UFES E ntre os dias 8 e 10 de outubro de 2012 será realizado o I Simpósio de Evolução da UFES, no Auditório Manoel Vereza de Oliveira, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória – ES. O Simpósio contará com professores palestrantes de outros estados do país e apesar de ser um assunto controverso, sua importância em vários campos de pesquisa básica e aplicada, justifica a necessidade de um evento que integre várias áreas de conhecimento, cujas aplicações em benefício da sociedade são inúmeras. O 4º Congresso Brasileiro de Biotecnologia – Brasil Biotec, será realizado de 28 de outubro a 1º de novembro de 2012, no Centro de Convenções do Casa Grande Hotel Resort, em Guarujá – SP. Paralelamente ao congresso acontece rodada e feira de negócios. O 4º CBBiotec tem como objetivo incentivar a interação da ciência brasileira com o setor produtivo para transformar conhecimento em produto e aproveitar os profissionais bem qualificados no setor de pesquisa e desenvolvimento das empresas brasileiras. III Simpósio Internacional de Plantas Medicinais e Nutracêuticas D e 14 a 19 de outubro de 2012 no Centro de Convenções de Aracaju, Sergipe, o Laboratório de Flavor & Análises Cromatográficas da Universidade Federal de Sergipe organizará o III Simpósio Internacional de Plantas Medicinais e Nutracêuticas, juntamente com a III Conferência do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Frutos Tropicais, em colaboração com a International Society for Horticultural Science (ISHS), Bélgica. A conferência terá foco inicial de 4 dias (14 a 18 de outubro de 2012) para plantas medicinais e nutracêuticas e de 1 dia (19 de outubro de 2012) para frutos tropicais. 18 Ana Luiza Oliveira, Fernanda Nogueira, Grazieli Lourenço, Patricia Cardoso, Pauline Fontenele, Renato Etchart, Romulo Custodio, Vander Ferreira, Tainara Amorim e Bruna Vieira. Madrinha: Bióloga Mariza Gonçalves Morgado. Agosto André Costa, Camila Mattos, Cristiane Laurentino, Flávio Morais, Gabriela Melloni, Gisele Sampaio, Luana Burgos, Patricia Souza, Renato Ferreira e Talita Marcelino. Madrinha: Conselheira Dra. Rosa Maria Cordeiro Wekid Castello Branco da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Colama 2012 I Congresso Latino-Americano de Métodos Alternativos ao Uso de Animais no Ensino, Pesquisa e Indústria será realizado de 25 a 29 de novembro de 2012, no Teatro Popular de Niterói – RJ, paralelamente à II Conferência Latino-Americana de Educação Humanitária e Alternativas. Seu objetivo é proporcionar um momento de divulgação e atualização sobre métodos alternativos ntre os dias 11 e 14 de novembro de 2012, no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, em Belém – PA, será realizado o VII Congresso Brasileiro sobre Crustáceos. O evento acontece bienalmente e nesta edição abordará o estudo da diversidade e a sustentabilidade nos diferentes ambientes que envolvem os crustáceos, tendo como tema: “Dos ambientes à sustentabilidade: a Amazônia em destaque.” BIÓLOGOS • 105 • set 2012 Julho R egistre suas atividades profissionais através VII Congresso Brasileiro sobre Crustáceos O Novos Registrados E BIÓLOGOS • 105 • set 2012 A ntes de emitir sua primeira ART consulte o CRBio-02. CRBio-02 não quer perder você de vista: mantenha seu endereço atualizado: CEP, telefone e e-mail. O L embre-se: o Termo de Responsabilidade Técnica (TRT) deve ser renovado anualmente. 19 Conselho Regional de Biologia • 2ª Região • RJ/ES