PROGRAMA EQ-ANP Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás Natural Representatividade do Estado do RJ no Setor Petróleo – Atuação das empresas Roberto Schechtman Projeto de Final de Curso Orientadores Prof. Adelaide Maria de Souza Antunes, D.Sc. Eng. Ana Amélia Martini, M.Sc. Setembro de 2003 REPRESENTATIVIDADE DO ESTADO DO RJ NO SETOR PETRÓLEO- ATUAÇÃO DAS EMPRESAS Roberto Schechtman Projeto de Final de Curso submetido ao Corpo Docente do Programa Escola de Química/Agência Nacional do Petróleo – Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria de Petróleo e Gás Natural, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Químico com ênfase na área de Petróleo e Gás Natural – Gestão e Regulação. Aprovado por: ________________________________________ Eng.Edgar dos Santos Rocca, M.Sc. ________________________________________ Luiz Antonio d’avila, D.Sc ________________________________________ Mário Sérgio Oliveira de Castro, Eng. Químico Orientado por: ________________________________________ Adelaide Maria de Souza Antunes, D.Sc ________________________________________ Eng. Ana Amélia Martini, M.Sc Rio de Janeiro, RJ – Brasil Setembro de 2003 ii Schechtman, Roberto. Representatividade do Estado do RJ no Setor Petróleo - Atuação das empresas Roberto Schechtman. Rio de Janeiro: UFRJ/EQ, 2003. vi, 64 p.; il. (Monografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, 2003. Orientadores: Adelaide Maria de Souza Antunes e Ana Amélia Martini 1. Rio de Janeiro. 2. representatividade. 3. estrutura organizacional. 4. Monografia. (Graduação – UFRJ/EQ). 5. Adelaide Maria de Souza Antunes e Ana Amélia Martini I. Representatividade do Estado do RJ no Setor Petróleo - Atuação das empresas. iii Só as pessoas de valor lutam contra os obstáculos em busca da felicidade iv AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer os meus pais, Artur e Solange, por terem me dado educação e carinho ao longo de todo este tempo. As minhas orientadoras Adelaide e Ana Amélia que me deram o apoio necessário para a elaboração do meu projeto. A todas as pessoas, que mostraram ser solícitas e prestativas quando eu precisei buscar informações e fazer consultas, em especial ao Cleber e Rossana, do Instituto Brasileiro de Petróleo. A equipe do Programa PRH-13, composta por Eduardo Mach Queiroz, Alzirene Rodrigues Ferreira e os pesquisadores visitantes que aqui estiveram. E por fim, agradecer à Agência Nacional de Petróleo, que apoiou o trabalho através do seu Programa de Recursos Humanos (PRH13). v Resumo do Projeto Final apresentado à Escola de Química como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Químico com ênfase na área de Petróleo e Gás Natural – Gestão e Regulação. REPRESENTATIVIDADE DO ESTADO DO RJ NO SETOR PETRÓLEO – ATUAÇÃO DAS EMPRESAS Roberto Schechtman Setembro, 2003 Orientadores: Prof. Adelaide Maria de Souza Antunes, D.Sc. Eng. Ana Amélia Martini, M.Sc ---------------------------------------------------------------------------------------------------- Este Estudo apresenta informações, análise e resultados do projeto de pesquisa sobre “A Representatividade do Estado do RJ no Setor Petróleo – Atuação das empresas”. Tendo em vista a situação favorável do Estado do Rio pela produção de óleo, a maior parte das empresas petrolíferas instalam aqui seus escritórios centrais. Considerando este fato, o objetivo deste trabalho foi destacar a importância do Rio de Janeiro na cadeia produtiva do setor petrolífero, sendo referência dos investimentos das empresas e de uma estrutura organizacional articulada para o setor. Este estudo se justificou pelo fato do Estado do Rio de Janeiro concentrar nacionalmente 90% e 47% das reservas provadas de petróleo e gás natural, (aquelas que se estima recuperar comercialmente com elevado grau de certeza) respectivamente. Além disso, cerca de 80% de produção de petróleo no país estão localizadas no Estado. ---------------------------------------------------------------------------------------------------- vi Abstract of a Final Project presented to Escola de Química/UFRJ as partial fulfillment of the requirements for the degree of Engenheiro Químico with emphasis on Petroleum and Natural Gas – Management and Regulation REPRESENTATION OF THE STATE OF THE RIO DE JANEIRO IN THE SECTOR OIL PERFORMANCE OF THE COMPANIES . Roberto Schechtman Setember, 2003 Supervisors: Prof. Adelaide Maria de Souza Antunes, D.Sc. Eng. Ana Amélia Martini, M.Sc ---------------------------------------------------------------------------------------------------This paper presents information, analysis and results of the research project on “ The Representation of State of the Rio de Janeiro in the Sector Oil” - Performance of the companies. In view of the favorable situation of the State of Rio de Janeiro for oil production, most of the petroliferous companies installs its central offices here. Considering this fact, the objective of this work was to detach the importance of Rio de Janeiro in the productive chain of the petroliferous sector, being reference for the investments of the companies and for an articulated organizational structure for the sector. This study is justified by the fact that the State of Rio de Janeiro concentrates 90% and 47% of the proven reserves of oil and natural gas, (those esteemed to be recouped commercially with high degree of certainty), respectively. Moreover, about 80% of oil production in the country they are located in the State. ---------------------------------------------------------------------------------------------------- vii ÍNDICE: Capítulo I – Introdução 1 I.1 – Apresentação 1 I.2 – Objetivo geral e objetivos específicos do estudo 2 I.3 – Metodologia 3 Capítulo II – Cenário brasileiro 5 II.1 – Principais mudanças e novos agentes no setor petróleo 5 II.2 – A importância do Rio de Janeiro no setor petróleo 7 II.2.1 – Recursos petrolíferos existentes II.2.2 – Exploração de petróleo RJ/ Brasil II.2.3 – Produção de petróleo RJ/ Brasil 7 10 11 II.3 – Nova regulamentação 12 II.3.1– As licitações de blocos exploratórios promovidas pela ANP 12 II.3.2 – Permissão de outras empresas na exploração/produção e a nova 13 atuação da Petrobras na E&P II.4 – Escoamento da produção de petróleo e gás em Campos 18 II.5 – Refino 19 II.5.1 – Objetivo do refino II.5.2 – Caracterização do suprimento II.5.3 – O parque de refino na economia fluminense II.5.4 – Peculiaridades das refinarias no RJ quanto aos processos II.5.5 – Investimentos e tendências de refino II.5.6 – Demanda de nova refinaria do Rio de Janeiro 20 21 23 28 30 33 viii II.6– Distribuição e comercialização II.6.1 - A abertura II.6.2 - Características do mercado II.6.3 – Concorrência Capítulo III –Geração de royalties advindo das atividades de E&P III.3.1 - Participações pagas aos estados e municípios produtores III.3.2 – O impacto financeiro dos royalties e da participação especial no Estado do Rio de Janeiro III.3.3 – Projetos aprovados a partir do fundo setorial de petróleo e gás 34 34 35 36 39 39 39 42 Capítulo IV – Fornecedores de E&P 46 Capítulo V – Estrutura organizacional do setor petróleo no Estado Janeiro 50 V.5.1 – Centros localizados no RJ 50 Capítulo VI - Conclusões e sugestões 56 Referências Bibliográficas 57 Anexos I 58 ix ÍNDICE DE TABELAS Tabela II.2.1.2 Evolução das reservas provadas de petróleo Brasil x Estado do Rio de Janeiro (em milhões de barris) Tabela II.3.2.1 Blocos na fase de exploração (em 31/12/2002) Tabela II.3.2.2 Blocos na fase de produção (em 31/12/2002) Tabela II.5.3.1 Capacidade instalada de refino nas refinarias do RJ -2001 Tabela II.5.3.2 Capacidade de armazenamento das refinarias localizadas no RJ/Brasil, por produto-2001 Tabela II.5.3.3 Evolução da participação das refinarias no RJ no processamento nacional Tabela II.5.3.4 Volume de petróleo refinado, por origem (nacional e importada) 2001 Tabela II.5.3.5 Composição da produção de derivados nas refinarias localizadas no Estado do Rio de Janeiro-2001 Tabela II.2.6.3 Distribuidoras de combustíveis no Estado do Rio de Janeiro, segundo municípios Tabela III.3.2.1 Distribuição de royalties sobre a produção de petróleo e de gás Natural, segundo beneficiários (em mil reais) -1997-2001 Tabela III.3.2.2 Distribuição da participação especial no Brasil /2000-2001 Tabela III.3.2.3 Distribuição dos projetos CT-Petro –1999/2000 43 Tabela III.3.2.4 Participação do RJ/Brasil no total de projetos CT-PETRO 9 16 17 24 25 26 27 28 37 40 42 43 44 x ÍNDICE DE GRÁFICOS: Gráfico II.2.1.1 Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo, segundo Unidades de Federação (em 31/12/2001) Gráfico II.2.2 Evolução das reservas provadas de petróleo no Brasil e no RJ (em milhões de barris) Gráfico II.2.3 Evolução da produção de petróleo no Brasil e no RJ (em m3) Gráfico II.5.2.1 Volume de petróleo refinado e capacidade nominal, segundo refinarias - 2001 Gráfico II.5.2.2 Conversão x Margem bruta Gráfico II.2.6.4 Distribuição percentual dos postos revendedores de combustíveis automativos, segundo a bandeira -2001 Gráfico III.3.2.2 Distribuição dos royalties aos Estados no Brasil (em mil reais) 7 11 11 22 23 38 41 ÍNDICE DE FIGURAS Figura II.6 Infra-estrutura de distribuição de derivados de petróleo no Brasil antes da flexibilização do monopólio Figura III.3.2 Laboratório deTecnologia Oceânica da Coppe Figura IV.4.1Estrutura organizacional Figura V.5.1 Universidades que fazem parte do Programa PRH-ANP 35 45 46 53 xi I-INTRODUÇÃO I.1.Apresentação Este Estudo apresenta informações, análise e resultados do projeto de pesquisa sobre “A Representatividade do Estado do RJ no Setor Petróleo Atuação das empresas” com o apoio financeiro da Agência Nacional de Petróleo – ANP – e da Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP – por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCT1. A flexibilização do monopólio estatal do petróleo no Brasil, a partir de 1997, permite prever o crescimento dos investimentos no setor nos próximos anos. As empresas estrangeiras e nacionais interessadas em atuar nos diversos segmentos da indústria petrolífera no país ampliam as perspectivas de desenvolvimento da indústria nacional fornecedora de bens e serviços. A cadeia produtiva de petróleo e gás é caracterizada pelos seguintes elos principais: exploração, produção, refino, distribuição e comercialização, que utiliza diversos recursos materiais e envolve a prestação de serviços variados, movimentando altos montantes. Tendo em vista a situação favorável do Estado do Rio pela produção de óleo, a maior parte das empresas petrolíferas instalam aqui seus escritórios centrais. Considerando este fato, o objetivo deste trabalho é destacar a importância do Rio de Janeiro na cadeia produtiva do setor petrolífero, sendo centro de referência de empresas e de estrutura organizacional articulada para o setor. Este estudo se justifica pelo fato do Estado do Rio de Janeiro concentrar nacionalmente 90% e 47% das reservas provadas de petróleo e gás natural, (aquelas que se estima recuperar comercialmente com elevado grau de certeza) respectivamente. Além disso, cerca de 80% e 43% da produção de petróleo e gás natural no país estão localizadas no Estado. Este projeto está organizado em seis capítulos. No primeiro, que corresponde a Introdução, será apresentada a metodologia que foi empregada e os objetivos gerais e específicos da pesquisa. 1 Trata-se do Projeto Final do curso de Engenharia Química a ser apresentado para a conclusão dos créditos. 1 Abordam-se, no segundo capítulo, as principais mudanças que ocorreram na Indústria Petrolífera nacional após a flexibilização do monopólio com a Lei no 9.478/97, que se traduziu em mudanças institucionais e na política de administração do setor, de modo que as atividades de exploração e produção, refino e distribuição passam a ser desenvolvida não só pela Petrobrás, mas por outras empresas nacionais e estangeiras. Em relação ao segmento de exploração e produção, serão analisadas as licitações promovidas pela ANP e a estratégia de atuação da Petrobras. Paralelamente, foca-se a participação do Estado do Rio de Janeiro no mapa petrolífero nacional, seja no segmento de exploração e produção de petróleo, seja no segmento de refino, abordando as também as principais características do processo de reestruturação nas Refinarias de Duque de Caxias e a de Manguinhos, e seja no segmento de distribuição. No terceiro capítulo, aborda-se a distribuição das receitas de royalties e participação especial advindos das atividades de exploração e produção o que compete ao Estado do Rio de Janeiro no recebimento dos royalties e a participação especial permitindo a configuração de um espaço regional diferenciado em termos de capacidade de investimento, especialmente Macaé, na Região Norte Fluminense. Em relação ao quarto capítulo, apresentam-se as características e o panorama do mercado das empresas fornecedoras de equipamentos e prestação de serviços para as companhias petroleiras nacionais e estrangeiras, destacando-se as que atuam na Bacia de Campos. No quinto capítulo, salienta-se a importância do Rio de Janeiro no contexto nacional, identificando os principais centros de pesquisas e universidades para o desenvolvimento de atividades de P&D de interesse da indústria do petróleo; os agentes operadores que financiam estudos e projetos na área de petróleo como a ANP e FINEP. Especificamente são destacados alguns grandes projetos do CT-PETRO, criado a partir da inclusão dos royalties no mecanismo de participações governamentais. Por fim, no sexto capítulo conclusões e sugestões são apresentadas para o estudo realizado. I.2.Objetivo geral e objetivos específicos do estudo Neste estudo, o objetivo geral é destacar a importância do Rio de Janeiro na cadeia produtiva do setor petrolífero, sendo centro de referência de empresas e de estrutura organizacional articulada para o setor. Os objetivos específicos neste estudo foram os seguintes: - Levantar e sistematizar informações sobre as empresas do setor da cadeia produtiva de petróleo (exploração, produção, refino) e apresentar as 2 - principais mudanças no setor de distribuição após o fim do monopólio do petróleo. Levantar informações sobre empresas fornecedoras de equipamentos e serviços; Investigar a estratégia concorrencial das empresas de E&P, de refino e distribuição; Analisar o processo de escoamento da produção de petróleo na Bacia de Campos Investigar a estrutura organizacional do Setor Petróleo no Estado do Rio de Janeiro I.3.Metodologia Para atingir os objetivos propostos pela pesquisa, foi necessário fazer um amplo levantamento de dados referentes à Indústria de Petróleo. A coleta de dados foi realizada em bibliotecas, revistas especializadas, bem como nos sites relativos do setor. Dessa forma, para concretizar a coleta de informações foi realizada uma vasta pesquisa no site da Petrobras, onde a atividade se direcionou para obter dados atualizados sobre a cadeia produtiva de petróleo, especificamente no Estado do Rio de Janeiro, e mapear as estratégias de atuação. Para obter dados sobre a Indústria Petrolífera, a pesquisa no site da ANP foi bastante relevante já que esta Agência divulga mensalmente dados sobre reservas e produção de petróleo, produção de derivados nas refinarias, processamento, origem do óleo utilizado por essas refinarias, distribuição de algumas participações especiais (royalties e participações especiais) aos Estados, informações sobre licitações já realizadas e etc. Cabe salientar que estes dados estão desagregados por Unidades de Federação, o que contribui para mapear a Indústria Petrolífera bem como as empresas no Estado do Rio de Janeiro. Além dos sites já mencionados, realizou-se a coleta de informações no site do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo) bem como na sua biblioteca, que disponibiliza um maior acervo de dados sobre o setor. No site da ONIP (Organização Nacional da Indústria do Petróleo) foram coletadas pesquisas elaboradas, recentemente, sobre a Indústria Petrolífera. A atividade do bolsista também teve por base a leitura das Revistas Brasil Energia (revista especializada no setor petrolífero), Macae Offshore entre outras e do boletim mensal da InfoPetro sobre a análise da conjuntura da indústria de petróleo e gás, um trabalho desenvolvido pelo Grupo Energia do Instituto de Economia da UFRJ. Foram selecionadas as matérias mais relevantes para o estudo. No período de desenvolvimento do estudo, o bolsista participou com credenciamento da ANP, do 17 o Congresso Mundial de Petróleo realizado em 3 setembro de 2002 no Rio de Janeiro onde pode participar de palestras e debates. Lá estavam diversas empresas de petróleo e de equipamentos e serviços, de diversas nacionalidades, divulgando os seus trabalhos. Coube ao bolsista selecionar também as matérias mais relevantes para a sua pesquisa. Concomitantemente à elaboração do relatório, foram feitas duas entrevistas na empresa de petróleo Repsol-YPF, visando em cada uma identificar as perspectivas de atuação nas áreas de refino e distribuição nos próximos anos bem como contatos com funcionários do FINEP para esclarecer dúvidas que se tinha sobre os projetos aprovados pelo CT-Petro no Estado do Rio de Janeiro. 4 II-CENÁRIO BRASILEIRO II.1. Principais mudanças e novos agentes no setor petróleo Atualmente, a indústria brasileira do petróleo enfrenta grandes mudanças importantes pela Nova Lei do Petróleo (NLP) de 6 de agosto do 1997. Hoje o setor é regulamentado e fiscalizado pela Agência Nacional do Petróleo ANP, e que entre outras atribuições, foi criada para promover as condições de livre concorrência na indústria de petróleo brasileira. No que tange às atividades upstream, flexibilizou-se o monopólio do petróleo; os recursos naturais continuam pertencendo à União, cabendo à ANP sua administração e concessão a potenciais investidores. A Petrobras passa a concorrer com outras empresas privadas do setor. Nas áreas de exploração, a estatal terá concessão de três anos, podendo haver prorrogação de prazo em alguns casos; nas áreas de desenvolvimento e de produção, a concessão será de 27 anos. A Petrobras será indenizada pelas áreas retidas pela ANP e nas quais já tenham sido feitos alguns investimentos. Na concessão de áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural, o concessionário se obriga a explorar a área por sua própria conta e risco e, se tiver êxito, produzirá petróleo e gás natural em determinado bloco, sendo-lhe conferida a propriedade desses bens, com a obrigação de pagamento dos tributos incidentes relativos mais às participações legais e contratuais correspondentes. Tais mudanças institucionais recentes são vistas como um passo necessário, ainda que não suficiente, para que o Brasil possa dinamizar a sua indústria de petróleo e gás natural, e adaptá-la para enfrentar os desafios do jogo concorrencial global. Além dessas questões políticas e institucionais, a estrutura petroleira existente no Brasil compõe-se de um legado de reservas de óleo e gás natural, infra-estruturas de refino e abastecimento, tecnologias de ponta reconhecidas mundialmente, principalmente nas áreas de exploração e produção offshore em águas profundas que podem servir de base inicial para a construção de um futuro competitivo. Ainda existe uma possibilidade de crescimento bastante significativo para a indústria petroleira brasileira. De fato, o Brasil tem a oferecer um enorme potencial de mercado de energia, pois o consumo per capita anual de petróleo e gás no Brasil é ainda muito baixo com 3,98 barris por habitante. O Brasil ocupa a 10a colocação no ranking mundial2. O crescimento anual médio do consumo 2 Vide gráfico1 em anexo 5 de energia no Brasil é estimado em 3,9% na década de 2000 a 2010. Taxas de crescimento do consumo de petróleo e gás são estimadas em 4,1% e 6,6%, respectivamente. Esse é um mercado que deverá atrair investidores nacionais e internacionais. Espera-se, portanto, que, com as medidas de abertura do mercado, desenvolva-se no país um ambiente competitivo que conduza a uma maior eficiência, reduções de custo e surgimento continuado de inovações tecnológicas e gerenciais no setor. De fato, inicialmente, várias empresas demonstraram grande interesse em se associar à Petrobras em joint ventures, principalmente em atividades de exploração e produção, mas também em atividades de transporte, refino, distribuição e comercialização. Com a flexibilização e quebra do monopólio do petróleo, abriu-se a possibilidade de grupos privados atuarem no segmento de refino mediante autorização da ANP. As refinarias não são mais impedidas, legalmente, de aumentar a capacidade de refino e terão um período de transição, estando asseguradas as condições operacionais e financeiras, porém, devem submeter um plano de investimentos à ANP a ser aplicado na modernização tecnológica e na expansão da produtividade do parque de refino, mesmo que o segmento de refino esteja concentrado na Petrobras. Cabe ressaltar que, quando a Petrobras foi criada já existiam, no Brasil, quatro refinarias privadas3. As duas últimas refinarias citadas foram incorporadas à Petrobras. As demais continuaram privadas, mas eram impedidas, legalmente, de aumentar sua capacidade de processamento.. Se o país souber defender a sua competitividade e a situação da indústria, no âmbito internacional, não degenerar, poderemos realimentar uma certa euforia nesse setor, o qual poderá movimentar recursos superiores a US$ 20 bilhões só nos primeiros cinco anos desta década. Cerca de 50 empresas petrolíferas já abriram escritórios no país, atraídas principalmente pela exploração na Bacia de Campos, que é considerada um benchmark mundial na extração de petróleo em lâminas d’água superiores a 1000 metros. 3 Manguinhos/RJ; Ipiranga/RS; RECAP/SP e REMAN 6 II.2.A importância do Rio de Janeiro no setor de petróleo II.2.1. Recursos petrolíferos existentes As bacias sedimentares são as áreas propícias para a formação e acumulação de petróleo e gás natural. No país existem mais de 100 bacias sedimentares em terra e no mar, que ocupam uma área de 6,4 milhões de km2. As 23 principais bacias, que representam 84%, do total, têm 5,4 milhões de km2. As maiores bacias (em extensão) localizadas em terra são: Paraná (l,l milhão de km2), Solimões (943 mil km2), Parnaíba (79 mil km2) e Amazonas (610 mil km2). As maiores bacias offshore são: Santos (352 mil km2), Pelotas (264 mil km2), Potiguar (120 mil km2) e Campos (116 mil km2). O Sudeste é o maior mercado brasileiro para os derivados do petróleo e nesta região podem ser observados os primeiros investimentos da indústria privada, inclusive em infra-estrutura. Macaé, município do Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, tem atraído o interesse de diversas empresas devido ao volume de reservas de petróleo conhecidas nesta região. Gráfico II.2.1.1- Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo, segundo Unidades de Federação ( em 31/12/2001) Bahia 2,5% Amazonas 1,6% Outros 2,2% Sergipe 2,8% Rio Grande do Norte 4,0% AFonte: BaciaANP/ de Campos, por exemplo, SDP Nota: inclui condensado Volume total das reserves provadas: 8,5 bilhões barris 7 A Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro, é a principal produtora brasileira e aquela que concentra cerca de 87% das reservas provadas4 e 89% das reservas totais de petróleo. Considerando apenas as reservas provadas de petróleo offshore, o Estado concentra 97% do total e que suas reservas provadas apresentaram um crescimento superior do que as verificadas nas reservas provadas nacionais no período entre 1992 e 2001, como pode ser visto na tabela II.2.1.2 a seguir. A produção dessa bacia iniciou-se em 1975; ali já foram investidos mais de US$ 20 bilhões, levando à descoberta de mais de 30 campos de petróleo. O interesse pela área se justifica pela sucessiva descoberta de poços gigantes como: Marlim, Marlim Sul, Albacora Leste, Roncador, Barracuda e Caratinga. 4 São reservas de petróleo que, com base na análise de dados e de engenharia, se estima recuperar comercialmente óleo de reservatórios descobertos e avaliados com elevado grau de pureza 8 Tabela II.2.1.2: Evolução das reservas provadas de petróleo Brasil x Estado do Rio de Janeiro (em milhões barris) Reservas de petróleo Anos Brasil Rio de Janeiro TOTAL(A) OFFSHORE(B) (D) Participação (%) (D/A) (D/B) 1992 4965,8 4143,5 3870,6 77,95% 93,41% 1993 4982,2 4148,1 3867,5 77,63% 93,24% 1994 5374,5 4650,5 4420,4 82,25% 95,05% 1995 6223,1 5451,4 5233,8 84,10% 96,01% 1996 6680,7 5909,5 5701,3 85,34% 96,48% 1997 7106,0 6367,8 6154,3 86,61% 96,65% 1998 7357,3 6573,4 6362,2 86,47% 96,79% 1999 8153,3 7354,1 7104,2 87,13% 96,60% 2000 8464,7 7610,5 7366,1 87,02% 96,79% 2001 8485,2 7576,2 7375,6 86,92% 97,35% Variação 70,8 90,5 01/92 Notas 1: Reservas em 31/12 dos anos de referência 2: Inclui condensado 3: Produção Offshore = Produção no mar Elaboração própria, a partir de dados da ANP/SDP e Petrobras/Serplan - Por enquanto, em termos de produção e reservas, os números referentes ao Brasil confundem-se com os da Petrobras, já que a companhia brasileira não perdeu nenhuma reserva signifïcativa durante o processo de reestruturação.Gradualmente, tenderemos a observar um deslocamento desses números, pois, com a licitação de atividades de E&P para outras empresas e o desenvolvimento de parcerias entre investidores privados e a Petrobras, as reservas e a produção brasileiras deverão avançar mais rapidamente do que as da Petrobras. A previsão de investimentos é assegurada, principalmente, por grandes projetos offshore de desenvolvimento já citados, como Marlim, Albacora, Albacora Leste, Barracuda-Caratinga, Roncador, Marlim Sul a Marlim Leste, descobertos na Bacia de Campos há mais de uma década pela Petrobras, e também por outros de menor porte, como Bijupirá-Salema, também em Campos, Peroá-Cangoá, no Espírito Santo, Pescada-Arabaiana, na Bacia Potiguar, e Coral-Estrela do Mar, em Santos. 9 Para se ter uma idéia das perspectivas de crescimento, entre setembro deste ano a dezembro de 2005 serão colocados em operação 13 novos sistemas de produção nos campos de Roncador, Bijupirá-Salema, Marlim Sul, Marlim Leste, Frade, Albacora Leste, Barracuda-Caratinga, Peroá-Cangoá, Coral e na área do BC-60, que contarão com mais de 220 poços e terão capacidade instalada superior a 1,5 milhão de barris/dia de óleo, a ser atingida em diferentes períodos. A expectativa é de que, com esses projetos e outros de menor porte, a produção do Brasil atinja a marca de 1,9 milhão de barris/dia de óleo, dos quais cerca de 1,63 milhão de barris/dia extraídos do mar, com uma participação da Bacia de Campos de 1,6 milhão de barris/dia de óleo, além de 58,8 milhões de m3/dia de gás (não inclui liquefeito), sendo 26 milhões de Campos. Marlim, por exemplo, possui o status de maior campo de águas profundas do mundo, produzindo hoje cerca de 600 mil barris/dia, a partir de sete unidades de produção. Os outros campos também superaram todas as previsões. Com uma produção de 180 mil barris/dia de óleo e patamar esperado de 400 mil barris/dia em 2007, volume compatível com o de Roncador, Marlim Sul conta hoje com um dos maiores poços marítimos em operação no mundo, produzindo nada menos que 37 mil barris/dia de óleo, e irá demandar a contratação de uma unidade adicional, enquanto Albacora, mesmo depois de atingir o patamar de 157 mil barris/dia em 1999, continua mantendo um patamar de produção de 145 mil barris/dia de óleo. II.2.2. Exploração de Petróleo no Brasil / RJ Das reservas provadas nacionais, quase 90% localizam-se no mar, com destaque para o Rio de Janeiro (detendo 97,4% das reservas provadas localizadas no mar) e 10,7% estão em jazidas terrestres. O Estado do Rio de Janeiro mantém sua trajetória de crescimento na área de exploração, tendo no ano de 2001 um aumento de 0,13% quando comparado com o ano anterior. O gráfico a seguir mostra a evolução das reservas provadas de petróleo comparado ao resto do país. 10 Gráfico II.2.2-Evolução das reservas provadas de petróleo (milhões de barris) 10000 8000 6000 Brasil 4000 RJ 2000 0 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Elaboração própria a partir do Anuário ANP 2001 II.2.3. Produção de Petróleo no Brasil / RJ A maior parte da produção nacional de petróleo é extraída de campos marítimos, responsáveis 83,4% do total produzido. O Estado do Rio de Janeiro responde por 96,4% da produção marítima e por 80,4% da produção nacional, contra, respectivamente, 95,8% e 79,4%, em 2000. Este Estado mantém sua trajetória de elevado crescimento no volume produzido, tendo apresentado um incremento de 6,1 % no ano de 2001. O gráfico a seguir representa a evolução da produção de petróleo no RJ comparado ao resto do país. 80000000 Gráfico II.2.3-Evolução da produção de petróleo no Brasil e no RJ (em m 3 ) 60000000 40000000 Brasil RJ 20000000 0 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 19 00 20 01 20 Elaboração própria a partir do Anuário ANP 2001 11 Os campos marítimos foram responsáveis por 58,2% do gás natural produzido no país em 2001. O Estado do Rio de Janeiro foi o maior produtor de gás natural, concentrando 42,5% do volume total produzido e cerca de 73,0% da produção marítima deste insumo energético.O segundo maior produtor foi o Amazonas, representando 17,3% da produção nacional e 41,3% da produção em terra. Enquanto a produção marítima nacional de gás natural cresceu 1,5%, a produção terrestre registrou um incremento de 11,3% em relação a 2000. Esta taxa de crescimento da produção terrestre corresponde à terça parte do percentual verificado entre 1999 a 2000. II.3-Nova regulamentação II.3.1- As licitações de blocos exploratórios promovidas pela ANP Com o fim do monopólio, a propriedade das reservas de petróleo e gás natural encontradas em território nacional pertence à União, que concede o direito de aproveitamento econômico desses recursos mediante contratos de concessão procedidos de licitações organizadas pela ANP. Antes de ocorrer a primeira licitação, havia um prazo de um ano para definir as áreas que continuariam com a Petrobras. Foram requisitadas 422 áreas, mas apenas 397 foram concedidas. Apesar disso, a estatal brasileira participou de todas as quatro rodadas de licitação até o momento. Na primeira rodada de licitação ocorrida em junho de 1999, houve um número menor de empresas do que o esperado, podendo ser explicado pelo porte financeiro exigido no edital de licitação, o que levou a participação de uma única empresa que foi a Petrobrás. Todavia, o segundo leilão, ocorrido em junho de 2000, apresentou características diferentes da primeira rodada, tais como: - Investimentos mínimos obrigatórios: no primeiro leilão eram de US$ 200 milhões enquanto que no segundo a exigência se limitou para US$ 63 milhões. - Patrimônio Líquido mínimo para habilitação ao leilão ser inferior (US$ 10 milhões) a da segunda (US$ 1 milhão). Os aspectos citados acima fizeram com que, além da Petrobrás, outras quatro empresas nacionais se tornassem vencedoras na segunda rodada de licitação: Queiroz Galvão, Odebrecht, Ipiranga e Marítima / Rainer. Além disso, companhias internacionais também estiveram presentes. Dentre os 23 blocos leiloados, 9 localizam-se nas Bacias de Santos e Campos. Considerando os resultados obtidos nas duas primeiras rodadas de licitação e as parcerias contratadas pela Petrobras, o setor de exploração e produção 12 apresentou 40 novos agentes, cuja presença de companhias estrangeiras foi majoritária-no total são 34 empresas internacionais, das quais 15 são norte americanas. Dessa maneira, a Petrobras desenvolveu suas atividades econômicas em caráter concorrencial, podendo citar a Agip, Texaco, Shell e Ipiranga. Já na terceira rodada de licitação, a Petrobras foi a empresa que arrematou o maior número de blocos (das 20 ofertas feitas pela companhia, 15 foram vitoriosas). Considerando apenas as três primeiras licitações organizadas pela ANP, verifica-se que foram ofertados 103 blocos, dentre os quais, aproximadamente, 77% estão localizados em plataforma continental. Além disso, a maioria dos blocos faz parte das Bacias de Campos e Santos, representando cerca de 45 % do total licitado. Já a quarta rodada de licitação apresentou somente 21 blocos arrematados de 54 oferecidos. Este número baixo pode ser explicado por uma combinação de fatores tais como: quase todas as grandes empresas já possuem atuação em bacias brasileiras-adquiridas nas três primeiras rodadas e muitos blocos estavam localizados em áreas que possuem pouca informação geológica. Nas quatro rodadas de licitação já promovidas pela ANP é notória a presença dominante isolada da estatal, seguida por ocupação de blocos em associação desta com grandes grupos internacionais. Nesta última ocorrência a parceria com a Petrobras é uma garantia de segurança, porque a estatal detém o conhecimento das bacias sedimentares brasileiras. II.3.2. Permissão de outras empresas na exploração/produção e a nova atuação da Petrobras na E&P Até 1997 a Petrobras explorava sozinha a Bacia sedimentar mais importante do País. Com cerca de 115.800 km2 e lâmina d’água de até 3 mil metros, a Bacia de Campos é uma área fecunda para negócios de petróleo e gás, e anda super povoada de empresas de bandeiras nacionais. A partir da criação da ANP e com as rodadas de licitação de exploração e produção, esta nova habilitação nos contratos foi assinada recentemente entre multinacionais e a Agência Nacional de Petróleo. Empresas como a Amerada Hess, Total Fina Elf e Wintershall são operadoras de blocos importantes e a Texaco e a Agip, por exemplo, são algumas das primeiras a ter concessões petrolíferas na Bacia de Campos, sozinhas e em parceria com a Petrobras. Este é o perfil de áreas ainda inexploradas, onde todos estão atrás de novas descobertas de óleo. O interesse pela fartura de hidrocarbonetos no Brasil tende a se acirrar. Além da Ocean, outras cinco empresas estão investindo no mercado brasileiro de exploração de petróleo e gás pela primeira vez: Philips Petroleum, Samson, Wintershall Aktiengesellschaft, Statoil e Maersk, que se juntam a outras 35 13 companhias já em operação no País ao lado da Petrobras, somando um total de 42 acionários. Deste grupo, a estreante alemã Wintershall também já conquistou o seu pedaço na Bacia de Campos, arrematando sozinha o bloco BM-C-195. Já nos campos com fartas reservas de petróleo comprovadas, mais de US$ 12 bilhões serão aplicados, principalmente pela Petrobras, para elevar a produção a 1,6 milhão de barris/ dia de óleo até 2005. Neste período mais dez novos módulos vão ser implantados nos campos de Roncador, Marlim Sul e Leste, Barracuda-Caratinga, Frade, Albacora Leste e Bijupirá-Salema-este último projeto desenvolvido pela Enterprice, com entrada em operação em 2003. Esta dezena de módulos significa mais 236 poços e o salto de 34 para 47 unidades voltadas para a atividade de produção. As recentes descobertas da Petrobrás na Bacia de Campos são um fator de otimismo, quanto à viabilização de novos projetos de investimentos no setor de petróleo. Os principais analistas têm se referido a esta nova fase da exploração como sendo uma nova era do setor de petróleo na América Latina. Embora as novas perspectivas estejam dando alma nova ao mercado, muitas empresas estrangeiras ainda apontam a existência de obstáculos importantes para a viabilização destes novos projetos. Basicamente, os altos riscos exploratórios e as incertezas de um ambiente econômico e empresarial brasileiro se refletem em cautelosa estratégia dos operadores internacionais. 5 A área deste bloco localizado em águas rasas no Espírito Santos é de 1.077 km 14 O saldo da atividade de Exploração e Produção da Petrobras revela muita bem a adaptação e consolidação da estatal no novo cenário do setor de petróleo no Brasil. Ao longo do ano de 2000, por exemplo, foram assinadas 14 parcerias em projetos de exploração e dez em projetos de produção. Estima-se que entre 2000 e 2009, essas parcerias demandarão investimentos na Bacia de Campos de US$ 168 milhões em exploração e US$ 2,5 bilhões em desenvolvimento da produção. Só para perceber melhor a estratégia da estatal em participar de projetos sem se expor sozinha a riscos, na Segunda Rodada de Licitação da ANP a Petrobras adquiriu direitos exploratórios sobre oitos blocos, sendo dois com 100% de participação e seis em parceria. E no terceiro round, por exemplo, dos nove blocos oferecidos a Petrobras, ela comprou sozinha o BM-C-166 e participa do BM-C-147, através de consórcio com a Enterprice Oil Plc, a Shell e a Total Fina Elf -esta última sendo a operadora do Consórcio. 6 A área deste bloco, localizados em águas profunda no Estado do Rio de Janeiro é de 1.768 km2 7 A área deste bloco localizado em águas profundas no Estado do Rio de Janeiro é de 1.882 km2 15 Focalizando o Rio de Janeiro, através das tabelas II.3.2.1 e II.3.2.2, podemos ver as empresas vencedoras dos blocos oferecidos na Bacia de Campos, quer atuando através de parcerias ou sozinhas. Tabela II.3.2.1-Blocos na fase de exploração (em 31/12/2002) Blocos BC-2 Rodadas 0 BC-10 BC-20 0 0 BC-30 BC-50 BC-60 BC-100 BC-200 BC-400 BC-500 BC-600 BM-C-3 BM-C-4 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 BM-C-5 BM-C-7 BM-C-8 BM-C-10 BM-C-14 1 2 2 2 3 BM-C-15 BM-C-16 BM-C-19 BM-C-24 BM-C-25 3 3 3 4 4 Concessionários (%) TotalFinaElf¹ (35) / Petrobras (35) / Shell (30) Shell¹ (35) / Petrobras (35) / Esso (30) Petrobras¹ (50) / ChevronTexaco (30) / Nexen (20) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (40) / Agip (40) / Repsol YPF (20) Agip¹ (45) / Repsol YPF (30) / ChevronTexaco (25) ChevronTexaco¹ (68) / Repsol YPF (32) EnCan¹ (100) Devon¹ (45) / SK (40) / Shell (15) Shell¹ (65) / Wintershall (35) TotalFinaElf¹ (30) / Petrobras (25) / Shell (45) Ocean¹ (65) / Amerada Hess (35) Petrobras¹ (100) Wintershall¹ (100) BHP¹ (100) Petrobras¹ (40) / Shell (60) Fonte:ANP 1 Empresa operadora Na fase da produção de petróleo pode-se notar o domínio quase que absoluto da Petrobras na Bacia de Campos. Somente nos Campos de Bijupirá e Salema é que se observa a atuação de outras empresas e atuando assim mesmo em parcerias. 16 Tabela II.3.2.2-Blocos na fase de produção (em 31/12/2002) Campos Albacora Albacora Leste Anequim Badejo Bagre Barracuda Bicudo Bijupirá Bonito Carapeba Caratinga Cherne Congro Corvina Enchova Enchova Oeste Espadarte Garoupa Garoupinha Jubarte Linguado Malhado Marimbá Marlim Marlim Leste Marlim Sul Moréia Namorado Nordeste de Namorado Pampo Parati Pargo Piraúna Roncador Salema Trilha Vermelho Concessionários (%) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Shell¹ (80) / Petrobras (20) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Shell¹ (80) / Petrobras (20) Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) 17 Viola Voador Petrobras¹ (100) Petrobras¹ (100) Fonte:ANP 1 Empresa operadora Desde o início do processo de flexibilização do monopólio do petróleo, as empresas que fazem parte do setor do upstream notaram as dificuldades de operar neste mercado de forma isolada e sentiram necessidade de estabelecer alianças para a sua atuação. O petróleo da Bacia de Campos situa-se predominantemente em águas profundas que requerem grandes investimentos e conhecimentos tecnológicos. Esse petróleo é normalmente pesado, de difícil extração, o que significa alto custo de desenvolvimento de produção. Ademais, é um tipo de petróleo que requer complexos processos de refino, o que torna baixo seu preço de mercado. Assim, o estabelecimento de alianças estratégicas tornou-se uma forma largamente utilizada pelas empresas para enfrentar os riscos geológicos e os altos custos exploratórios. II.4. Escoamento da produção de petróleo e gás de Campos O aumento de produção da Bacia de Campos demanda ampliação da malha de escoamento. Para assegurar o escoamento desses volumes e garantir um equilíbrio maior entre os transportes marítimo e dutoviário, a Petrobras começou a investir fortemente na construção de novos dutos de óleo e gás na Bacia de Campos. A previsão de conclusão para 2005, o projeto envolve a construção de mais de 1000 km de linhas de novos dutos de óleo e gás para assegurar o escoamento da produção incremental de alguns campos de águas profundas, cujos módulos adicionais entrarão em operação entre os anos de 2003 e 2006. O projeto, discutido internamente por seis meses a aprovado pela diretoria da empresa no início de agosto, vai demandar um alto investimento total de cerca de US$ 1,3 bilhão (parte do E&P e do Abastecimento), o maior montante já aplicado nesse segmento desde a implantação da atual malha de escoamento de Campos. Esse total inclui a instalação de uma plataforma fixa de rebombeio, para garantir uma capacidade de escoamento extra de cerca de 500 mil barris/dia de óleo e 9 milhões de m3/dia de gás. No caso do óleo a ampliação da malha dutoviária de escoamento atenderá ao aumento de produção dos campos de Roncador, Marlim Sul a Marlim Leste, cujo máximo pico em 2008 é estimado em 630 mil barris/dia de petróleo, e 18 reduzirá o transporte via navios aliviadores na Bacia de Campos, hoje responsável por 80% do movimento de óleo na região (900 mil barris/dia, contra os cerca de 240 mil barris/dia transportados por dutos). A atual malha dutoviária da Bacia de Campos não tem capacidade para absorver o aumento de produção dos novos projetos. Se caso a opção fosse por aumentar o transporte via navios, de qualquer maneira haveria a necessidade de construir novos gasodutos para escoar o gás. Se não se optasse por construir novos oleodutos, se chegaria a 2010 com 90 % do óleo saindo por navio, o que excede a capacidade de São Sebastião. Com o projeto, estará ampliando a capacidade de escoamento e equilibrando melhor a utilização de navios e dutos na região. Mesmo com todo o investimento aplicado no projeto, o movimento de navios na Bacia de Campos não diminuirá, uma vez que a produção local irá crescer dos atuais 1,2 milhão de barris/dia de óleo para 1,6 milhão de barris/dia. Calcula-se que em 2005 estejam sendo escoados por navio 880 mil barris/dia de óleo – a maior parte oriunda dos campos de Albacora, Albacora Leste, Marlim e Barracuda-Caratinga – ou seja, 55% da produção da região, sendo o restante, 720 mil barris/dia, transportado através de oleodutos. II.5.Refino O petróleo deve ser processado e tranformado de forma conveniente, com o propósito de obter-se a maior quantidade possível de produtos valiosos, da melhor qualidade possível, logicamente minimizando-se os produtos de menor valor comercial. Atingir este objetivo com o menor custo operacional é a diretriz básica do refino. As características dos petróleos têm ponderável influência sobre a técnica adotada para a refinação, e frequentemente determinam os produtos que melhor podem ser obtidos. Assim, é óbvio que nem todos os derivados podem ser produzidos com qualidade, direta e economicamente de qualquer tipo de petróleo. Da mesma forma, não existe uma técnica única adaptável a qualquer tipo de óleo bruto. A arte de compatibilizar as características dos vários petróleos que devam ser processados numa dada refinaria, com a necessidade de suprir-se de derivados em quantidade e qualidade em uma certa região de influência dessa indústria, faz com que surjam arranjos de várias unidades de processamento para que esta compatibilização seja feita, da forma mais racional e econômica possível. O encadeamento das várias unidades de processo dentro de uma refinaria é o que se denomina de Esquema de Refino. 19 Os esquemas de refino variam de uma refinaria para outra, não só pelos pontos acima expostos, como também pelo fato do mercado de uma dada região modificar-se com o tempo. Além disso, a constante evolução na tecnologia dos processos faz com que surjam alguns de alta eficiência e rentabilidade, enquantro outros, de menores eficiências ou de maiores custos operacionais entram em obsolescência. Isto faz com que os processos de refino não sejam algo estático e definitivo, e sim dinâmico, uma vez observado um horizonte de médio e longo prazo. II.5.1.Objetivo do Refino Uma refinaria de petróleo ao ser planejada e construida pode se destinar a três objetivos básicos: 1-Produção de Combustíveis; 2- Matérias-primas Petroquímicas; 3-Produção de óleo base para lubrificantes e Parafinas. O primeiro objetivo constitui a maioria dos casos, uma vez que a demanda por combustíveis é muitíssimo maior que a de outros produtos. Aqui é fundamental a produção em larga escala de frações destinadas à obtenção de GLP, gasolina, diesel, querosene e óleo combustível, dentre outros. Todas as refinarias brasileiras, sem exceção, encontram-se neste grupo. As três grandes centrais petroquímicas (Brasquem, Copesul e PQU) fornecem os petroquímicos básicos à produção de inúmeros artigos presentes na vida moderna. Processando matérias primas derivadas de petróleo dentre elas, a nafta e GLP, as centrais produzem eteno, propeno, benzeno e etc que por sua vez serão matérias primas para grandes cadeias produtivas. O segundo e terceiro grupos, de menor expressão, constitui-se num grupo minoritário onde o objetivo é a maximização de frações básicas lubrificantes e parafinas. Estes produtos, de valores agregados muito maiores que os combustíveis, cerca de duas a três vezes mais, conferem alta rentabilidade aos refinadores, embora os investimentos sejam também muito maiores. No Brasil não temos nenhuma refinaria dedicada exclusivamente à produção de lubrificantes e parafinas. Existem, no entanto, conjuntos dentro de alguns de nossos parques de refino que tem esse objetivo e funcionam quase como refinarias independentes. Nessa situação podemos citar a REDUC (RJ) e a RLAM (BA) onde existem os conjuntos acima citados. 20 II.5.2.Caracterização do suprimento Dentre as etapas da cadeia de valor do petróleo no Brasil, a de refino é a que apresenta o menor nível de concorrência. Os setores de distribuição e revenda já têm alto nível de competitividade, enquanto os de exploração e produção estão em evolução. Mas esta situação está mudando, pois no início de 2002 houve a abertura do mercado. Os preços dos derivados estão liberados, os subsídios foram praticamente eliminados (restando, apenas, o relativo ao GLP para população de baixa renda), não existe mais ressarcimento de transporte e há liberdade para importar/exportar petróleo, gás natural e produtos refinados. No entanto, verifica-se uma defasagem entre a evolução da demanda de derivados de petróleo e os investimentos em refino. No que se refere à localização das fontes internas de suprimento, o Brasil conta com 13 refinarias, das quais sete estão no Sudeste (REPLAN, REDUC, REVAP, RPBC, REGAP, RECAP, MANGUINHOS), três na região sul (REPAR, REFAP, IPIRANGA), duas no Nordeste (RLAM, LUBNOR) e uma na região norte (REMAN). Existe uma forte concentração das refinarias brasileiras no Sudeste (63% da capacidade total em 2001) e no Sul (20%). A capacidade nominal de processamento dessas refinarias – entendida como a capacidade de processamento de petróleo nas suas unidades de destilação atmosférica – foi de 304 mil m3/dia (1.914 mil bbl/dia) em 2001, e o volume de cargas processadas ficou em torno de 85% do volume nominal. Três das cinco refinarias com maior capacidade de processamento (REPLAN, REVAP e REPAR) tiveram utilização acima de 90%. Em contrapartida, a RLAM, a segunda maior refinaria brasileira em capacidade, utilizou 78% da capacidade nominal, enquanto a REDUC, a terceira maior, utilizou 77%. Entre as refinarias privadas, a Ipiranga teve utilização de 97% e a de Manguinhos, de 101%. 21 Gráfico II.5.2.1-Volume de petróleo refinado e capacidade nominal, segundo refinarias-2001 mil barris/dia 400 350 Volume de petróleo refinado 300 Capacidade nominal 250 200 150 100 50 )3 (PR SIX SP ) RP BC ( BA ) RL AM ( SP ) SP ) RE VA P( PR ) RE PL AN ( AM ) RE PA R( MG ) RE MA N( RE GA P( RS ) RE FA P( RJ ) SP ) C( RE DU RE CA P( RJ ) HO S( CE ) MA NG UIN LU BN OR ( IPI R AN GA ( RS ) 0 Fonte: ANP/SRP; Manguinhos; Petrobras A capacidade nominal refere-se à capacidade de projeto da refinaria. A capacidade nominal da SIX refere-se à capacidade de produção de derivados de xisto e o volume refinado refere-se aos derivados produzidos do xisto. A maior parte do petróleo nacional (63% do total processado) é pesado (abaixo de 28°API). O cru nacional predominante, do tipo Marlim (36% do total processado), é o mais pesado (abaixo de 21°API). Mesmo assim, o crescimento do setor de E&P nacional levou as refinarias brasileiras a processar, preferencialmente, o petróleo nacional, reduzindo as importações. Os investimentos na adequação do parque de refino para processar os crus pesados nacionais levaram ao aumento da capacidade de conversão das refinarias brasileiras. A conversão do parque de refino do Brasil em 1998 (32%) é comparável à de países com capacidade média (em bbl/dia) similar à brasileira, tais como Alemanha (38%), Grã-Bretanha (36%), França (29%) e Japão (21%). Ao mesmo tempo, é superior à conversão em países com maior capacidade média instalada, como Coréia do Sul (21%) e Arábia Saudita (12%). Este aumento da conversão trouxe benefícios econômicos às refinarias, porque, como mostra o gráfico II.5.2.2, a margem bruta de refino está fortemente relacionada ao potencial de conversão da refinaria. 22 Gráfico II.5.2.2-Conversão x Margem bruta (1) Soma das cargas das unidades de conversão (em relação à capacidade da refinaria). (2) Receita obtida com os derivados menos os custos da matéria-prima, por barril de petróleo. (3) Média da margem bruta nos EUA nos últimos 10 anos: conversão e capacidade média das refinarias em 1998. Nota: Não foi possível estabelecer a conversão da refinaria de Manguinhos Fontes: ANP, Petrobrás, Plants, E/A, Análise BAH II.5.3. O parque de refino na economia fluminense A Reduc, localizada no município de Duque de Caxias, foi a primeira refinaria cuja construção foi iniciada pela Petrobras. Começou a operar em 1961 e, atualmente, é a terceira refinaria do país em termos de capacidade de refino. Produz 19 dos 39 produtos obtidos nas refinarias brasileiras. Além disso, é a única refinaria a produzir alguns tipos de derivados tais como óleos combustíveis especiais para a Marinha e óleos isolantes. Desde 1981, a Reduc vem sendo adaptada para processar óleos pesados produzidos pela Bacia de Campos. Inaugurada em 1954, a refinaria de Manguinhos, localizada no município do Rio de janeiro, é uma refinaria privada sendo controlada desde o início de sua operação pelo Grupo Peixoto de Castro, tendo a empresa hispano-argentina Repsol-YPF adquirido parte do capital da refinaria em 1998. 23 É importante salientar que o comportamento desse segmento no Estado é influenciado pela Reduc, já que a refinaria de Manguinhos, por dispositivo legal, não ampliou sua capacidade de processamento de petróleo durante a vigência do monopólio da União. As refinarias localizadas no Estado somam uma capacidade instalada de refino de 41 mil m3/dia (aproximadamente 256 mil de barris/dia), o que equivale a uma participação de 14% no total das refinarias do Brasil. Considerando somente a região Sudeste, que concentra mais da metade da capacidade de refino instalada no país (62%), a participação das refinarias fluminenses se eleva para 22%. É importante destacar que o peso da capacidade instalada nessas refinarias em relação ao Brasil e a região Sudeste é influenciado pela Reduc, já que a refinaria de Manguinhos possui apenas 2% da capacidade instalada de refino nacional. Tabela II.5.3.1-Capacidade instalada de refino nas refinarias do RJ-2001 Capacidade de Refino Refinarias Brasil Região Sudeste Outros Estados Estado do Rio de Janeiro Manguinhos Reduc Outras Regiões m3/dia mil barris/dia 305.025 1.918.553 192.100 1.057.319 151.400 40.700 2.200 38.500 801.323 255.996 13.838 242.158 112.925 861.234 Participação (%) da capacidade de refino no RJ Em relação ao Brasil Em relação à Região Sudeste 13,34 21,86 Elaboração própria, a partir de dados da ANP 24 A capacidade de armazenamento nas refinarias fluminenses alcançou aproximadamente 19 milhões de barris em 2001. Esta capacidade dividiu-se em 37% para petróleo e 63% para derivados, álcool e MTBE (éter usado para adição à gasolina com a finalidade de aumentar a octanagem). Esse comportamento não foi verificado em Manguinhos, pois 64% da capacidade total é para armazenamento de petróleo. Quanto ao armazenamento de óleo, o Estado do Rio de Janeiro detém 29% da capacidade da região Sudeste e 19% da capacidade nacional. Atualmente, a Reduc é a refinaria que apresenta a maior capacidade de armazenamento de petróleo no Brasil. Quanto à capacidade para armazenar derivados, álcool e MTBE, as refinarias fluminenses concentraram 25% da capacidade região Sudeste e 19% da capacidade nacional de armazenamento de derivados, álcool e MTBE. Tabela II.5.3.2-Capacidade de armazenamento das refinarias localizadas no RJ/Brasil, por produto - 2001 Capacidade de Projeto Refinarias Brasil Região Sudeste Outros Estados Estado do Rio de Janeiro Manguinhos Reduc Outras Regiões Petróleo Derivados, álcool e MTBE 3 m mil barris m3 mil barris 5.917.638 37.220 9.969.540 62.707 3.878.557 2.740.237 1.138.320 96.302 1.042.018 24.396 17.236 7.160 606 6.554 7.508.221 5.599.754 1.908.467 54.102 1.854.365 47.227 35.223 12.004 340 11.664 2.039.081 12.824 2.461.319 15.480 Participação (%) da capacidade de refino no RJ Em relação ao Brasil 19,24 Em relação à Região Sudeste 29,35 Elaboração própria, a partir de dados do Anuário ANP 2001 Em relação ao processamento de petróleo, verifica-se que as refinarias do RJ detêm uma participação de 12% no processamento nacional. Comparando os anos de 1990 e 2000, observa-se que essa participação é decrescente, exceto no 25 caso da refinaria de Manguinhos, onde ocorreu um aumento no peso no processamento nacional, mas esse resultado não é expressivo, pois esta participação se manteve inferior a 1% desde o início da década de 90. Tabela II.5.3.3-Evolução da participação das refinarias no RJ no processamento nacional (%) Ano Reduc Manguinhos 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 14,81 15,53 15,88 14,40 12,75 11,18 14,71 12,65 13,72 13,85 11,57 11,44 0,49 0,72 0,81 0,82 0,77 0,81 0,75 0,66 0,63 0,72 0,74 0,85 (%) Processamento Nacional 15,30 16,25 16,69 15,22 13,53 11,99 15,46 13,31 14,35 14,57 12,31 12,29 Elaboração própria, a partir Anuário ANP/2001 e Boletim Mensal da ANP 2001 Considerando a origem do óleo processado nas refinarias do Estado, idenficase que a participação do petróleo importado, exceto nos anos de 1997 e 1998 foi maior do que o de origem nacional. Esse comportamento não se verifica nas refinarias nacionais como um todo, já que há uma participação relativa mais elevada do óleo de origem nacional. Desde o início da década de 90, a maior parte do óleo processado na refinaria de Manguinhos é importada. Apesar disto, observa-se que há uma participação relativa decrescente do petróleo importado no processamento total do Estado. 26 Tabela II.5.3.4-Volume de petróleo refinado, por origem (nacional e importada) -2001 Refinarias (Unidade da Federação) Total IPIRANGA (RS) LUBNOR (CE) MANGUINHOS (RJ) RECAP (SP) REDUC (RJ) REFAP (RS) REGAP (MG) REMAN (AM) REPAR (PR) REPLAN (SP) REVAP (SP) RLAM (BA) RPBC (SP) SIX (PR) Volume de petróleo refinado (b/d) Total Nacional Importado 1.640.557 1.226.225 414.333 12.239 5.620 14.106 46.158 187.769 103.648 130.468 44.062 190.950 320.605 221.269 205.148 153.714 4.801 208 937 37.103 89.223 26.183 128.430 40.465 131.620 238.472 189.333 193.201 146.248 4.801 12.239 5.412 13.169 9.055 98.546 77.465 2.038 3.597 59.330 82.133 31.936 11.947 7.465 - Fonte: Ipiranga; Manguinhos; Petrobras Analisando a produção de derivados nas refinarias fluminenses, verifica-se também que a maior parte da produção é de derivados combustíveis (90%). Desses derivados, somente a gasolina de aviação não é produzida no Estado do Rio de Janeiro. Além disso, a produção de derivados não energéticos está concentrada na Reduc, já que a refinaria de Manguinhos somente produz o solvente. A produção de derivados nessas refinarias equivale a aproximadamente 12% da produção nacional, e considerando-se apenas a produção de produtos não-energéticos essa participação se eleva para 18%. Dentre os derivados produzidos no Estado, merecem destaque: a produção de gasolina automotiva e dos óleos combustível, diesel e lubrificante, já que representam, respectivamente, 36,7%, 37,7%, 37,9% e 70% da produção nacional. Através da tabela II.5.3.5, verifica-se que os derivados mais produzidos pelas refinarias Reduc e Manguinhos são óleo combustível, diesel e gasolina automotiva, correspondendo a 24,5 %, 22,94% e 22,%, respectivamente, da produção total do Estado. Observa-se que os três derivados concentram-se aproximadamente 68,5% da produção total da economia do Rio de Janeiro. 27 Tabela II.5.3.5-Composição da produção de derivados nas refinarias localizadas no Estado do Rio de Janeiro -2001 Derivados Produção Total Óleo combustível Óleo diesel Gasolina automotiva Nafta Querosene de aviação Gás liquefeito de Petróleo Demais derivados1 Produção (m3) Participação (%) na Produção total 11646 - 2855 2556 24,50 21,94 2569 22,05 997 8,56 698 6,00 791 6,79 1180 10,16 Elaboração própria, a partir de dados do Anuário ANP/2001 1 – Inclui os derivados: Gasolina de aviação, Querosene Iluminante, Solvente Parafina, Óleo Lubrificante, Asfalto e Coque II.5.4.Peculiaridades das refinarias do RJ quanto aos processos Nos tópicos seguintes analisaremos, brevemente, alguns aspectos dos processos envolvidos das refinarias de Manguinhos e a Reduc na produção de seus derivados de petróleo. CRAQUEAMENTO TÉRMICO O craqueamento térmico é o mais antigo dos processos de conversão, surgindo logo após o advento da destilação. Ele tem por finalidade quebrar moléculas presentes no gasóleo de vácuo ou no resíduo atmosférico, por meio de elevadas temperaturas e pressões, visando obter-se principalmente gasolina e GLP. Produz também, como subproduto, gás combustível, óleo leve (diesel de craqueamento) e óleo residual, além de uma formação de coque. 28 Este, por sinal é o principal problema do processo, porque, como o coque não é removido continuamente dos equipamentos, acaba se acumulando, o que provoca entupimentos, obrigando assim à frequentes paradas para descoqueificação, reduzindo em muito o fator operacional. Existe apenas uma unidade de craqueamento térmico no Brasil, estando instalada na Refinaria de Manguinhos. CRAQUEAMENTO CATALÍTICO O craqueamento catalítico é um processo de desintegração molecular. É um processo por excelência destinado à produção de gasolina de alta octanagem, sendo este o derivado que aparece em maior quantidade, da ordem de 50 a 65% volume em relação à carga processada. O segundo derivado que aparece em maior proporção é o GLP, com carga de 25 a 40% volume em relação à carga. Em menores rendimentos temos também o óleo diesel de craqueamento (LCO), óleo combustível de craqueamento (óleo decantado/clarificado), o gás combustível e o gás ácido (H2S). O coque gerado e depositado no catalisador é integralmente queimado na regeneração. Devido à nossa grande necessidade de produção de GLP e de gasolina, principalmente deste derivado até o final dos anos setenta, fez com que a Petrobras instalasse este processo em todas as suas refinarias. REFORMA CATALÍTICA A reformulação catalítica ou reforma, tem por objetivo principal transformar uma nafta de destilação direta, rica em hidrocarbonetos parafínicos, em uma outra, rica em hidrocarbonetos aromáticos. É portanto um processo de aromatização de compostos parafínicos e naftênicos, visando um de dois objetivos: a produção de alta octanagem ou produção de aromáticos leves (Benzeno, Tolueno e Xilenos) para posterior geração de compostos petroquímicos. A restrição ambiental que limita o teor máximo de aromáticos presente na gasolina poderá fazer com que a nafta reformulada seja banida aos poucos da constituição do “pool” daquele produto, ficando sua operação destinada quase que exclusivamente à produção de aromáticos. Temos cinco unidades de reforma catalítica instaladas no Brasil. Duas delas instaladas nos anos sessenta em refinarias da Petrobras (Reduc e RPBC). A primeira opera ainda para a produção de gasolina, enquanto, a Segunda opera visando aromáticos.Além dessas, temos duas unidades de grande porte instaladas em centrais petroquímicas (Petroquímica União e COPENE) que, é, 29 claro, produzem aromáticos. A quinta unidade, de pequeno porte, entrou em operação, e está situada na Refinaria de Manguinhos. DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA E A VÁCUO A unidade de destilação para a produção de lubrificantes é bastante semelhante à unidade destinada à produção de combustíveis, diferindo, contudo, em dois aspectos principais. O primeiro deles prende-se ao fato que a carga para a produção de frações lubrificantes deve ser a mais constante possível, de modo a não alterar a qualidade do produto final. Assim, enquanto uma unidade de destilação para combustíveis opera com diversos tipos de petróleos, de diferentes qualidades, a unidade de destilação para lubrificantes geralmente opera apenas com um tipo de óleo cru. A unidade de destilação para lubrificantes da Reduc processa o petróleo árabe leve, enquanto o conjunto de lubrificantes da RLAM opera exclusivamente com petróleo baiano. O outro aspecto diferente entre as duas unidades relaciona-se com a seção de vácuo. Quando o objetivo visado é combustível, a seção de vácuo possui apenas uma torre, e dela retiram-se dois cortes: o gasóleo leve e o gasoóleo pesado. O produto de fundo (resíduo de vácuo) é destinado a óleo combustível ou asfalto. HIDROTATAMENTO A Petrobras instalará em algumas de suas refinarias (RPBC, REPLAN, REPAR, REPAP e Reduc), unidades de hidrotatamento de diesel instável. II.5.5.Investimentos e tendências do refino É na região sudeste do país que se concentram tanto o parque de refino (64% do total, em seis refinarias) quanto o principal mercado para os derivados de petróleo (53,4%). Ao longo da história do monopólio, apenas a refinaria de petróleo Ipiranga e a refinaria de Manguinhos, dos grupos Ipiranga e Peixoto de Castro, atuaram no país como processadoras de petróleo, embora em quantidades muito pequenas - da ordem de 10 mil barris/dia cada uma. O fim do monopólio do petróleo associado à abertura do mercado internacional para grandes empresas multinacionais está ocasionando a 30 elevação do volume de investimentos no segmento de refino nacional fazendo com que as refinarias refizessem sua estratégias de estruturação. A refinaria de Manguinhos está disposta a se valer das vantagens competitivas de sua infra-estrutura, pois dispõe de um terminal próprio para recepção de petróleo bruto no porto do Rio de Janeiro, e aposta também na especialização. Já a Petrobras prioriza a variável tecnológica através do Proter (Programa Tecnológico para o Refino). Desde 1994, são estas as metas desse programa tecnológico: aumentar a capacidade de refinar a crescente produção de óleos pesados; reduzir os volumes produzidos de óleo combustível, cujo uso será substituído pelo gás natural; adaptar a produção de gasolina e diesel à especificações mais rigorosas ; e aumentar a complexidade da planta em busca de melhores margens para concorrerem com os produtos importados. O que se presume é que a abertura do mercado brasileiro de derivados de petróleo trará pressões adicionais ao parque de refino nacional e proporcionará um desafio à continuidade das refinarias menos competitivas. Porém, a eliminação dessas refinarias menos eficientes não é imediata, apesar da tendência mundial de substituir pequenas refinarias por maiores, que atendam grandes regiões. E a razões desse processo lento são devidas a fatores políticos; à própria tendência de se manter o mercado para não dar espaço ao concorrente; e porque o fechamento de uma refinaria implica altos custos. No Brasil, apesar da abertura às importações de derivados de petróleo, são poucos os mercados que se apresentam verdadeiramente atrativos ao produto importado. Pois os custos de transporte em função das distâncias favorecem a princípio as refinarias brasileiras, e o governo deverá controlar as importações dando aos refinadores nacionais tempo para se adaptarem às novas condições concorrenciais. Dando prosseguimento ao proposto no Plano Estratégico da Petrobras, os investimentos na área de refino – que deverão totalizar US$ 4,3 bilhões entre 2001 e 2005 – serão destinados a instalar novas unidades nas refinarias existentes, para atender aos seguintes objetivos: Melhoria da qualidade da gasolina e diesel e atendimento aos requisitos ambientais; Valorização e maior absorção do petróleo nacional, mais pesado, pelas refinarias; Aumento da rentabilidade da Companhia, pela integração das áreas de Abastecimento e Exploração & Produção; Adequação do perfil de oferta à demanda de derivados Maior competitividade no mercado. Foram iniciadas a construção de três unidades de hidrotatamento de diesel, nas refinarias Duque de Caxias (Reduc), Gabriel Passos (Regap) e Presidente Vargas (Repar). Os investimentos previstos são de US$ 530,00 milhões, e a 31 entrada em operação dessas novas unidades deve ocorrer até o final de 2003. Elas visam à oferta de diesel com um máximo de 0,05% de teor de enxofre para 14 regiões metropolitanas brasileiras, contribuindo para a melhoria da qualidade ambiental. Com a rentabilidade comprometida pelo aumento de custos, as refinarias privadas, impossibilitadas que estão de repassarem-no integralmente aos preços em face da concorrência da Petrobras, estão adiando, total ou em parte, os planos de investimentos autorizados pela ANP. A existência de uma Petrobras, aliada à abertura do mercado às importações, cria um cenário difícil para as pequenas refinadoras, pois o comportamento de preços é ditado pelo mercado e o mercado tem mais de 98% de administração de uma única empresa, mas as pequenas refinarias como a IPIRANGA vêm operando e procurando seus caminhos. Já para a Refinaria de Manguinhos, o plano aprovado pela ANP previa a construção de uma destilação atmosférica e a vácuo, com capacidade para 5,07 mil m3/dia; a revamp da unidade de reforma catalítica, que passaria de 477 m3/dia para 715 m3/dia; a desativação da unidade combinada existente (destilação atmosférica de 2,2 mil m3/dia, craqueamento térmico e viscorredução); aumentos de tancagem; e mudanças nos sistemas de carregamento, de utilidades e de tratamento de efluentes. Esses investimentos eram estimados entre US$ 60 milhões e 100 milhões, mas a crise da Argentina assustou os sócios espanhóis (Manguinhos é uma associação do grupo brasileiro Peixoto de Castro com a Repsol YPF) e, já no final do ano passado, o plano tinha sido revisto para um patamar mais modesto (US$ 20 milhões), prevendo até 2003 a construção apenas de um hidrotratamento de diesel e o aumento na tancagem. Manguinhos, portanto, coloca em prática seu projeto para aumentar a produção de diesel e construção de um terminal na Baía da Guanabara. A refinaria carioca está apostando no mercado de diesel, solventes e asfalto, em detrimento da produção de gasolina. Com o agravamento da crise argentina, que afetou o balanço da Repsol YPF, e os prejuízos acumulados por Manguinhos no primeiro trimestre, ante a impossibilidade de repassar a alta do petróleo para os derivados devido ao alinhamento aos preços da Petrobras, novamente os investimentos foram engavetados. 32 II.5.6. Demanda de nova refinaria do Rio de Janeiro A construção de uma nova refinaria no Norte Fluminense é um tema que une todo o Estado do Rio de Janeiro. A decisão encontra-se hoje nas mãos do governo federal, aparentemente hesitante em relação à escolha do local, que poderia ser tanto o Rio quanto um estado do Nordeste brasileiro. As razões para a escolha do Rio rementem a meados da década de 80. Nos últimos 15 anos, os investimentos da Petrobras voltaram-se basicamente para a exploração e produção de petróleo, ocasionando uma redução drástica dos investimentos na ampliação do parque de refino nacional. Para agravar a situação, a produção de petróleo brasileiro começou a crescer em óleo pesado, principalmente em função dos Campos de Marlim, na Bacia de Campos. Este óleo pesado, por suas características específicas, não pode ser processado em toda a sua quantidade no país, obrigando o Brasil a exportar o óleo por um baixo valor e importar um óleo mais leve para fazer a mistura (blending) adequada à capacidade técnica das refinarias nacionais. É por isso que o Brasil precisa tanto modernizar e, ao mesmo tempo, construir novas refinarias. Segundo dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, a dependência externa do país no que diz respeito ao abastecimento do mercado interno de derivados de petróleo está na faixa de 17%, e deverá aumentar para 35% em 2010 – isso quando práticas internacionais recomendam a dependência de, no máximo, 10%. Nunca é bom esquecer que, durante uma crise internacional, é possível adquirir petróleo, porém é extremamente difícil adquirir derivados. Portanto, o abastecimento nacional garantido de forma competente pela Petrobras nos seus 50 anos de existência corre sérios riscos nos próximos anos, até porque o prazo de implantação de novas refinarias, por seu impacto ambiental e complexidade dura de quatro a seis anos. A Bacia de Campos completou 25 anos de atividade produzindo cerca de 90% do petróleo brasileiro. O Rio de Janeiro está no coração do principal mercado consumidor nacional, que é a Região Sudeste, e pode se transformar numa base logística de exportação dos derivados excedentes, como a gasolina, por exemplo. A existência da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) permite utilizar uma infra- estrutura já existente que chega a todos os estados do Sudeste e a alguns do Centro-Oeste. No que diz respeito à economia, a nova refinaria permitirá que seja agregado valor ao óleo pesado produzido na região, na sua transformação para derivados ou no seu tratamento adequado para exportação caso descobertas aconteçam. Isso sem contar a geração de empregos e o consequente crescimento local. Cabe também à Petrobras incorporar-se a esse esforço. Não é possível pensar em novas refinarias no Brasil sem a presença articuladora e viabilizadora da empresa. Mas, acima de tudo, cabe ao poder de decisão e à sensibilidade do governo federal definir o futuro econômico do Estado do Rio de Janeiro. 33 II.6.Distribuição e comercialização II.6.1.A abertura O processo de reforma e introdução da concorrência no mercado de combustíveis nacional iniciou-se a partir de 1990, e foi marcado por um processo de gradativa redução das restrições da entrada de novos fornecedores no mercado e liberalização dos preços. A partir de 1997, foi extinta a obrigação dos postos revendedores serem fiéis à marca ou à bandeira que lhe fora dada, havendo-lhes a possibilidade de procurar uma nova distribuidora ou de assumir a posição de posto de bandeira branca. Deste modo, o bom relacionamento com o revendedor passou a ser uma estratégia fundamental para conquistar e manter os postos como clientes. Quatro anos e meio após a publicação da Lei do Petróleo (9.478/97), a ANP publicou doze portarias estabelecendo um novo modelo regulatório para o setor a partir de janeiro de 2002. Findo o período de transição, os derivados de petróleo têm agora seus preços livres, do produtor ao consumidor final, enquanto as importações foram liberadas e os subsídios extintos, exceto quando justificáveis e previamente aprovados pelo Congresso Nacional. Conforme a figura II.6, a infra-estrutura de distribuição dos derivados de petróleo no país era a seguinte: as distribuidoras adquiriam os combustíveis das refinarias, as distribuiam aos postos revendedores, às indústrias, empresas de transporte e de aviação, e asTRR (Transportadores-Revendores-Retalhistas). 34 Figura II.6. Infra –estrutura de distribuição de derivados de petróleo no Brasil antes da flexibilização do monopólio Elaboração própria II.6.2.Características do mercado O mercado de combustíveis nos postos revendedores movimenta anualmente cerca de R$ 40 bilhões. Uma outra parcela de R$ 40 bilhões é representada por combustíveis no mercado atacadista e por contratos firmes de compra, entre esses contratos incluindo-se o de querosene de aviação. Assim, os postos revendedores representam cerca de 50% do mercado de derivados no país, sendo a gasolina e o diesel seus dois principais produtos. Temos no Brasil cerca do 200 distribuidoras, conforme registros na ANP no início de março de 2001. As grandes distribuidoras concentravam quase 90% do mercado e são: Petrobras Distribuidora-BR, lpiranga, Shell, Esso, Texaco e a Companhia São Paulo (adquirida pela Agip). Os postos do abastecimento são em torno de 26 mil em todo o país, e quase todos tinham contratos de exclusividade com as distribuidoras em troca do suporte e de apoio técnico-financeiro. Porém, com as mudanças das regras de mercado, liberando os postos para comprarem das distribuidoras que desejassem, tem crescido o 35 número de postos que não mantêm exclusividade, oferecendo combustíveis de diversas procedências (postos multibandeiras ou de bandeira branca). II.6.3.A Concorrência Desde o processo de desregulamentação, as 5 grandes distribuidoras vêm perdendo considerável participação de mercado para os novos entrantes. No início da década de 90, as 5 empresas controlavam 99% das vendas no varejo; em 2000, controlavam 76%. A entrada das pequenas distribuidoras acirrou a competição e afetou o resultado das grandes distribuidoras. Além disso, com o aumento do número de postos de bandeira branca, estes acabam se tornando alvos naturais de todas as distribuidoras para aumentar sua participação de mercado. Em 2000, o mercado de óleo diesel foi atendido por 169 distribuidoras, sendo que as cinco empresas líderes em venda detiveram 76% do mercado: BR (25%), Ipiranga (CBPI e DPPI) (19%), Shell (12%), Texaco (11%) e Esso (9%); o mercado de distribuição de gasolina "C" também se mostrou bastante concentrado, com as cinco distribuidoras detendo 66% do mercado: BR (19%), Ipiranga (CBPI e DPPI) (15%), Esso (12%), Shell (11%) e Texaco (9%). O restante do mercado pulverizou-se por outras 155 distribuidoras. O processo de desregulamentação da distribuição iniciado em 1990 tem como conseqüência um realinhamento de forças nos três grupos existentes: os players existentes, que após décadas no mercado têm sua participação ameaçada; os novos players - multinacionais que procuram integrar suas operações ao longo de toda a cadeia produtiva; e pequenas regionais, que têm agilidade suficiente para explorar as oportunidades em mercado onde possuem conhecimento. A sede das cinco maiores empresas do setor comércio atacadista (combustíveis e produtos petroquímicos) está localizada na economia fluminense. Das 35 empresas que atuam nesse setor no Brasil, a Petrobras Distribuidora S/A, Shell Brasil S/A, Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga, Esso Brasileira de Petróleo Ltda e Texaco Brasil S/A concentram cerca de 90% da Receita Líquida do setor considerado. É importante ressaltar que as vendas de alguns derivados combustíveis, no Brasil, tais como gasolina automotiva e de aviação, querosene iluminante e de aviação, óleo combustível e diesel, concentram-se nessas distribuidoras. Dados da ANP de 2001 indicam que somente a BR Distribuidora concentra cerca de 41% das vendas totais desses derivados. Desta forma, a distribuição de derivados, no âmbito nacional, foi controlada por poucas empresas, particularmente, aquelas que possuem sede no Estado. 36 A maioria das 14 empresas do setor comércio atacadista (combustíveis e produtos químicos) está localizada na região Metropolitana do Estado, especificamente nos municípios do Rio de Janeiro e Duque de Caxias, conforme pode ser visto na tabela II.2.6.3. Tabela II.2.6.3- Distribuidoras de combustíveis no Estado do Rio de Janeiro, segundo municípios Empresas 1-Alcom Comércio de Óleos Ltda 2- Chebabe Distribuidora de Petróleo S/A 3-Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga 4-Esso Brasileira de Petróleo Ltda 5-Minas Oil Petróleo Ltda 6- Modipel Modelo Distribuidora de Petróleo Ltda 7-Nacional Distribuidora de Petróleo Ltda 8- Petrobras Distribuidora Ltda 9- Shell Brasil Ltda 10- Real Distribuidora de Derivados de Petróleo Ltda 11- Titanic Distribuidora de Derivados de Petróleo Ltda 12- Texaco do Brasil S/A 13- Wal Petróleo S/A 14- Uniban Distribuidora de Derivados de Petróleo Ltda Municipios Duque de Caxias Campos dos Goytacazes Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro Duque de Caxias Campos dos Goytacazes Rio de Janeiro Rio de Janeiro Duque de Caxias Duque de Caxias Rio de Janeiro Rio de Janeiro Campos dos Goytacazes Fonte:ANP- Relação das Distribuidoras de combustíveis no RJ até 2001 Considerando a distribuição das maiores empresas localizadas no Estado, dentre as oito primeiras Companhias, seis fazem parte da Indústria Petrolífera, concentrando 45% da Receita Total. Somente a Petrobras concentra cerca de 21% da Receita Líquida Total. 37 O número de postos que não mantêm exclusividade com as distribuidoras vem aumentando a cada ano no Rio de Janeiro. O gráfico II.2.6.4 mostra a distribuição em percentual dos postos revendedores de combustíveis automotivos no Estado, referente ao ano de 2001. G ráfico II.2.6.4- D istrib uiçã o p ercentual d os p ostos revend ed ores de com b ustíveis autom otivos no R J, seg undo a b and eira-200 1 O u tras 8% B andeira 1 branca 19% 2 BR 19 % Ipiranga 18% E sso 13% S h ell 13 % Texaco 10% Elaboração própria, a partir de dados da ANP 1 Posto que pode ser abastecido por qualquer distribuidora 2 Inclui outras 134 bandeiras Nota: Número total de postos: 2.115 38 III-GERAÇÃO DE ROYALTIES ADVINDO DAS ATIVIDADES DE E&P III.3.1.Participações pagas aos estados e municípios produtores A Lei do Petróleo (Lei n.° 9.478/97) estabeleceu novas participações governamentais a serem pagas pelos concessionários das atividades de exploração e produção de petróleo ou gás natural: o bônus de assinatura, os royalties, a participação especial e o pagamento pela ocupação ou retenção de área. Das quatro participações governamentais, os royalties já existiam antes da Lei do Petróleo, mas em percentual inferior. Segundo a ANP, como resultado das atividades de produção de petróleo e de gás natural, no ano 2001 foram arrecadados R$ 2,3 biIhões em royalties, valor 23,3% superior ao recolhido em 2000. Deste montante, 33,1% destinaram-se aos Estados produtores ou confrontantes, 33,4% aos Municípios produtores ou confrontantes, 12,3% ao Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT, 14,2% ao Comando da Marinha a 7,1% ao Fundo Especial dos Estados a Municípios. Ao Estado do Rio de Janeiro, maior produtor nacional de petróleo a de gás natural, juntamente com seus Municípios, destinaram-se 41,6% do total arrecadado a título de royalties, cabendo à esfera estadual 48,1% deste percentual. Quanto à participação especial, seu recolhimento atingiu R$1,7 bilhões no ano 2001, volume 65,8% superior ao arrecadado em 2000. Deste montante, conforme definido pela Lei do Petróleo, couberam 40,0% aos Estados produtores ou confrontantes, 10,0% aos Municípios produtores ou confrontantes, 40,0% ao Ministério de Minas e Energia-MME e 10,0% ao Ministério do Meio Ambiente- MMA. Os Estados beneficiários foram em ordem de importância: Rio de Janeiro (com 99,1% do total destinado às Unidades da Federação), Amazonas, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. Entre os Municípios beneficiários destacaram-se Campos dos Goytacazes, Macaé e Rio das Ostras, cujo recebimento de participação especial somou o equivalente a 94,8% do montante destinado aos Municípios beneficiários. III.3.2.O impacto financeiro dos royalties e da participação especial no Estado do Rio de Janeiro Pelo fato da maioria das reservas e produção de petróleo e gás natural estarem concentradas no Estado do Rio de Janeiro, mais da metade dos royalties que são distribuídos às Unidades de Federação no Brasil são 39 repassados à economia fluminense, cuja participação no total do valor distribuído tem sido crescente. Em 1997, por exemplo, cerca de 51% do total de recurso repassados aos Estados foram direcionados para a economia fluminense e, em 2001, esse percentual elevou-se para 61%. Estas observações podem ser constatadas através da tabela III.3.2.1 a seguir. Tabela III.3.2.1-Distribuição de royalties sobre a produção de petróleo e de gás Natural, segundo beneficiários (em mil reais) - 1997-2001 Estado 1997 1998 variação 01/99 20.274 48.561 59.679 194,53 5.206 9.463 11.742 125,53 33.954 58.857 70.990 109,08 4.267 6.688 8.579 101,07 7.446 13.919 24.347 226,96 1.019 2.151 1.496 46,82 190.041 367.806 461.458 142,82 49.698 85.150 90.134 81,36 4 53 40 928,06 16.446 28.800 31.831 93,55 2.088 1.839 2.184 4,57 1999 2000 2001 Amazonas 3.742 6.587 Alagoas 1.083 1.656 Bahia 9.181 12.433 Ceará 1.298 1.600 Espírito Santo 1.489 2.166 Paraná 966 617 Rio de Janeiro 38.618 55.942 Rio Grande do Norte 13.924 18.623 Santa Catarina 39 Sergipe 4.935 6.223 São Paulo 859 1.000 Total repassado aos 76.095 106.885 330.444 623.287 762.479 Estados Participação(%) dos royalties do Estado 50,75 52,34 57,51 59,01 60,52 do Rio de Janeiro no total repassado Elaboração própria, a partir de dados do Anuário da ANP 2001 130,74 - Como se pode observar através da tabela III.3.2.1, as receitas de royalties distribuídas às Unidades de Federação cresceram 131% entre os anos de 1999 e 2001. Dos onze Estados que receberam tais recursos, quatro7 apresentaram o crecimento desses receitas proporcionalmente maior do que o verificado a nível nacional. 7 Estes Estados são: Espírito Santo, Amazonas, Rio de Janeiro e Santa Catarina 40 Através dos dados disponíveis, verifica-se que a distribuição dos royalties apresentou um significativo crescimento a partir de 1997, o que se deve à elevação da produção e do preço internacional do petróleo e à desvalorização cambial. O crescimento foi influenciado também pelas mudanças que ocorreram na legislação, pois estas possibitaram o aumento das receitas repassadas aos Estados e prefeituras locais. Gráfico III.3.2.2- Distribuição dos royalties aos Estados no Brasil Reais (em reais) 900000 600000 Brasil Estado RJ 300000 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Anos Elaboração própria, a partir de dados do Anuário ANP 2001 Adicionalmente à distribuição dos royalties, os Estados brasileiros podem receber participação especial em casos de grandes volumes de produção ou rentabilidade nos Campos de Produção de petróleo e/ou gás natural. A distribuição especial foi regulamentada através da Lei que instituiu o fim do monopólio do petróleo, sendo os recursos pagos trimestralmente, nos casos de grande volume de produção ou de grande rentabilidade de um campo. O percentual de participação especial será aplicado sobre a receita bruta da produção, deduzidos os royalties, os investimentos na exploração, os custos operacionais e a depreciação. Até 2001, somente quatro Estados receberam participação especial no Brasil: Rio de Janeiro, Amazonas, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. Observa-se uma concentração de recursos mais elevada na distribuição dessa quantia do que no repasse dos royalties. Como se pode observar, através da tabela III.3.2.2, o Estado do Rio de Janeiro tem concentrado quase a totalidade desses recursos distribuídos às Unidades de Federação. Além disso, verifica-se que os recursos distribuídos em 2001 apresentaram um crescimento proporcionalmente mais elevado do que o observado em 2000. 41 Tabela III.3.2.2-Distribuição da participação especial no Brasil / 20002001 Total distribuído (R$) Unidades de Federação 2000 2001 Rio de Janeiro 415.495.233 682.945.848 Amazonas 5 4.987.151 Espírito Santo - 97.445 Rio Grande do Norte - 788.500 415.495.238 Total Participação (%) do RJ 100,00 no total repassado aos Estados Elaboração própria, a partir de dados do Anuário ANP 2001 688.818.943 99,15 Cabe ressaltar que o Estado do Rio de Janeiro foi o único Estado que recebeu participação especial em 2000, pois, neste ano, tais recursos eram pagos somente nos Campos de Albacora e Marlim que fazem parte da Bacia de Campos. Embora a legislação defina que os recursos dessas participações governamentais – na forma de royalties e participações especiais – devam ser aplicados em investimentos e proíba seu uso para pagamento de pessoal e contas, isso não é seguido à risca. Recentemente foram utilizadas para equacionar a crise fiscal e previdenciária do Estado do Rio de Janeiro através do empenho dessa receita durante os próximos 21 anos. III.3.3.Projetos aprovados a partir do fundo setorial de petróleo e gás CTPETRO-Fundo setorial de Petróleo e Gás para P&D O CT-Petro foi criado a partir da inclusão dos "royalties" no mecanismo de "participações governamentais" da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, que destina 25% que exceder os 5% dos royalties de petróleo para o MCTMinistério da Ciência e Tecnologia. O Ministério da Ciência e Tecnologia, com a provisão de recursos para financiar programas de amparo à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico na indústria do petróleo e gás 42 natural possibilitaram o surgimento de uma nova etapa científica e tecnológica no Brasil. O CT-Petro estimula todos os elos do processo de inovação, da pesquisa básica até a incorporação de inovações ao processo produtivo. Em todas essas fases faz-se necessária a preparação de profissionais habilitados ao desenvolvimento da inovação, tanto na universidade como na empresa. O CTPetro participa desse esforço de várias maneiras, por meio do CNPq que financia bolsas para pesquisadores envolvidos em projetos de desenvolvimento científico e tecnológico, que realiza seu trabalho tanto na instituição de pesquisa quanto na empresa. Financia-se também a participação de profissionais em eventos nacionais e internacionais e bolsas de estudo para estudantes da Graduação, do Mestrado e do Doutorado em áreas estratégicas para o setor petróleo e gás. É necessário ressaltar que em apenas quatro anos de operação o CT-Petro não deveria ainda apresentar resultados concretos pois o prazo de maturação destes investimentos é bem maior. Contudo, já se observa vários resultados alcançados nos mais de cinco mil convênios assinados, representando o apoio a mais de mil projetos de pesquisa em mais de cem instituições apoiadas em todo o Brasil. Tabela III.3.2.3-Distribuição dos projetos CT-Petro - 1999 / 2000 Área de Aplicação Quant. Valor Total % Contratos R$ milhões Águas Profundas 40 44,2 18 Infra-estrutura 35 31,3 13 Bolsas e Auxílios 2 31,3 13 Engenharia de Poço 19 28,3 12 Novas Fronteiras 31 26,8 11 Exploratórias Instrumentação, Controle e 31 21,4 9 Metodologia de Detecção Dutos 14 15,5 6 Monitoramento e 31 14,5 6 Conservação do Meio Ambiente OUTRAS 77 29,0 12 TOTAL 280 243,2 100,0 Fonte: CT-Petro Através do estímulo às pesquisas, o CT-Petro procura preparar e habilitar profissionais nas próprias Universidades, financiando bolsas para projetos que também podem ser feitos nas empresas. A capacitação profissional é muito 43 importante para o desenvolvimento do programa setorial pioneiro da instituição que, a partir de um plano de ação estruturado, pode prever resultados crescentes na formação de recursos humanos. Na área de capacitação tecnológica, a ANP continuou atuando como cogestora do CTPetro, fundo especial a cargo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), orgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, com recursos originados dos royalties do petróleo e do gás. No período 1999/2001, o CTPetro liberou financiamentos para 800 projetos de capacitação tecnológica, com recursos da ordem de R$350 milhões. Tabela III.3.2.4-Participação do RJ/Brasil no total de projetos CT-PETRO TOTAL DE PROJETOS RJ (%) Participação do RJ 1o PERIODO-2001 235 62 26,38 2oPERIODO-2001 35 17 48,57 CT-PETRO Elaboração própria, a partir de dados do CT-Petro O aperfeiçoamento do CT-Petro nos métodos de sua gestão e na priorização dos grandes temas nacionais no setor de Petróleo e Gás é um processo contínuo. Sua implantação promoveu um desenvolvimento tecnológico e inovador no Brasil, que tende a crescer cada vez mais. Como exemplos, podem-se citar como projetos executados, o Núcleo de Desenvolvimento Tecnológico em gás natural organizado pelo INT (Instituto Nacional de Tecnologia) e também pelas universidades como a PUC-RJ, sobre tecnologia de inspeção de dutos-Ceduc, simulação e visualização gráfica de reservatórios e monitoriamento e desenvolvimento de novas metodologias para análise de combustíveis; a UENF, sobre no desenvolvimento de instrumento Analítico com sensores; o IMPA, sobre recuperação de petróleo por injeção de vapor e óleo leve/solvente; a UFRJ, sobre implantação do tanque oceânico8 e tecnologias de exploração offshore, engenharia processos 8 Vide figura III.3.2 44 químicos, aquisição, processamento e interpretação de dados geofísicos, macromoléculas e colóides e banco de dados ambientais para a indústria de Petróleo (Banpetro); a UFF, sobre novas estratégias tecnológicas de qualidade de produtos derivados de petróleo; a UERJ, sobre a remoção de compostos nitogenados de correntes de diesel. Inaugurado em 2003 pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva o Parque Tecnológico do Rio de Janeiro no Fundão. Figura III.3.2-Laboratório de Tecnologia Oceânica da COPPE Fonte: COPPE Características do LabOceano : - 40 metros de comprimento; - 30 metros de largura; - 15 metros de profundidade (Marintek / Noruega:10m e Marin / Holanda:10,5m); - Simula fenômenos que ocorrem na natureza em lâminas d’água superiores a 2000 metros; - Gera ondas multiderecionais de até 0,5 metro de altura; - Ventos de até 12 metros por segundo; - Correntes marinhas 45 IV. FORNECEDORES DE E&P Empresas ligadas à exploração e produção do petróleo, termelétricas e um grande número de empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás têm se instalado na região de Macaé, somando-se às já estabelecidas. Trata-se de um local geograficamente estratégico para as empresas nacionais e/ou estrangeiras que pretendam aumentar sua participação no fornecimento de bens e serviços para o setor. Com o fim do monopólio estatal, é vislumbrado, o crescimento do mercado brasileiro de petróleo e de produtos derivados, acompanhado de uma concorrência crescente entre empresas nacionais e estrangeiras. Em paralelo, nos mercados de fornecimento de equipamentos e prestação de serviços, incluindo fabricantes de equipamentos para processamento de petróleo e gás, construtores de plataformas, construtores navais, operadoras de perfuração e outros serviços petrolíferos, empresas nacionais e estangeiras também deverão dividir o espaço concorrencial e disputar as carteiras de projetos a serem contratadas pelas companhias petroleiras nacionais e estrangeiras. Figura IV.4.1-Estrutura organizacional S IS T E M A F I N A N C E I R O E M P R E S A S P E T R O L ÍF E R A S F O R N E C E D O R E S D E B E N S E S E R V IÇ O S G O V E R N O fonte: IBP Desde a sua criação, a indústria do petróleo apresentou uma particularidade importante em relação às demais: o surgimento e desenvolvimento de um indústria fornecedora de produtos e serviços especializados no setor petrolífero, 46 a Indústria Parapetrolífera. O desenvolvimento desta indústria se explica basicamente por dois fatores: i) a existência de grandes riquezas minerais, que induz a concentração dos esforços das empresas de petróleo no negócio de exploração e produção de petróleo; ii) a grande complexidade tecnológica do setor que cria oportunidades para empresas especializadas. Um dos traços marcantes do processo de desenvolvimento da indústria parapetrolífera foi a concentração industrial. Poucas empresas inovadoras dominaram segmentos de negócio importantes como a prospecção geofísica (Schlumberger), o fornecimento de equipamentos de sondagem (Smith, Hughes, Reed e Dresser) e perfilagem (Schlumberger) e instrumentação (Macculough). Entretanto, esta estrutura industrial que até os anos 1960 era caracterizada por oligopólios de empresas especializadas em segmentos da indústria parapetrolífera, vem sofrendo uma grande transformação, com o desenvolvimento de um oligopólio de empresas integradas, capazes de oferecer serviços e produtos para praticamente toda a cadeia de produção do petróleo. Esta concentração industrial nos induz a duas questões principais: as forças motoras deste processo, e os impactos do processo para as práticas de contratação no setor petrolífero. A análise da dinâmica industrial recente no setor leva a crer que as razões para o processo de concentração são múltiplas. Primeiramente, é importante salientar que uma das principais características do negócio do suprimento à indústria de petróleo é o fato desta depender diretamente dos investimentos no setor. Estes, por sua vez, dependem da evolução dos preços do petróleo. Como é sabido por todos, os preços do petróleo são caracterizados por uma grande volatilidade ao longo da história da indústria, estando sujeitos a uma enorme variedade de fatores internos e externos à indústria de petróleo. A volatilidade dos preços do petróleo implica na volatilidade do volume de negócios para a indústria parapetrolífera. Foi para se proteger desta imprevisibilidade dos negócios que a indústria de fornecedores buscou historicamente a concentração industrial e a escala de produção. O reforço do processo de concentração da indústria parapetrolífera através das fusões e aquisições surgiu a partir da recessão da década de 80 e do contra-choque do petróleo de 1986, que resultaram na redução significativa dos preços do petróleo e dos investimentos em exploração e produção. Outro aspecto não menos importante para a concentração industrial foi o aumento da complexidade tecnológica do setor petrolífero resultante da necessidade de exploração de fronteiras geológicas cada vez mais difíceis. A incorporação de novas tecnologias (perfuração direcionada, sísmica 3D e 4D, exploração offshore) exigiu das empresas fornecedoras um grande investimento nas atividades de P&D. A concentração industrial constitui uma forma para viabilizar o aumento da escala e o aproveitamento das economias 47 de escopo nas atividades de P&D, minimizando assim os riscos destes investimentos. A reestruturação do setor, que inicialmente consistia no redirecionamento ou consolidação de atividades, mas recentemente vem sendo marcado pelo esforço de ampliação da gama de serviços oferecidos com intuito de possibilitar a oferta de serviços integrados face ao aumento da subcontratação por parte das “oil companies”. Tal mudança foi possível através de fusões de filiais concorrentes ou complementares, acordos de pesquisa, joint-ventures e aquisições de participações acionárias cruzadas. A principal característica do crescimento destas companhias, contudo, é aquela que o define como crescimento externo, consistindo basicamente na aquisição de ativos, possibilitando crescimento rápido de capacidade de produção e do estoque de conhecimento, assim como a captura do mercado. Finalmente, é importante ressaltar que a tendência de fusões e aquisições entre as oil companies e o aparecimento das Super-majors também contribuíram para a concentração da indústria parapetrolífera. As empresas fornecedoras buscam manter seu poder de mercado diante da redução no número de grandes clientes. O resultado do processo de concentração foi o surgimento de um oligopólio internacional de empresas integradas, que concorrem entre si para o suprimento de serviços ao longo da cadeia do petróleo. Atualmente, três empresas dominam aproximadamente 50% do mercado: Halliburton, Schlumberger e Baker Hughes. Estas três empresas concorrem apenas no segmento de perfuração. Apesar de contar com a presença das três companhias, o mercado de perfuração não é dominado pelo oligopólio e não tem sido palco de compras ou vendas de ativos em grande volume, ainda que se espere que a tendência, assim como nos outros segmentos, seja de concentração. Apenas a Schlumberger e a Baker-Hughes operam no segmento da geofísica. Por outro lado, a Halliburton impera no segmento de operações offshore. A transformação da estrutura das indústrias petrolíferas e parapetrolíferas têm implicações importantes para o padrão de concorrência no setor. Em particular, para o papel na concorrência da contratação de produtos e serviços. Por um lado, é importante salientar-se que a exploração de petróleo em regiões cada vez mais difíceis (offshore profundo) faz com que a diferenciação competitiva esteja associada ao custo de descobrimento e desenvolvimento de reservas. A capacitação tecnológica, por um lado, e a competitividade da contratação de produtos e serviços, por outro lado, tornam-se os principais fatores de diferenciação entre as empresas de petróleo. É importante ressaltar ainda a tendência das empresas de petróleo de se concentrarem no seu core-business (atividades de produção, refino e distribuição) enquanto que as atividades relacionadas à exploração (geofísica, perfuração e engenharia) são cada vez mais subcontratadas. Neste contexto, é de se esperar as empresas de petróleo busquem cada vez mais contratar 48 produtos e serviços de forma competitiva, ou seja, pelo menor preço, de forma a aumentar sua competitividade, principalmente no caso de em regiões como o offshore da Bacia de Campos. Em apenas uma semana do mês de maio de 2001, cinco fornecedores de equipamentos e serviços às petrolíferas anunciaram a abertura de novas fábricas e a ampliação das suas instalações no Rio de Janeiro. A mineira Delp Engenharia Mecânica, das áreas de caldeiraria, usinagem pesada e projetos de engenharia, e a Poland, fabricante de químicos para os setores de exploração e produção de óleo e gás, empregarão juntas R$ 15 milhões em duas fábricas, no Norte Fluminense e em Duque de Caxias, respectivamente. A também mineira Orteng, do setor de instalações elétricas, ampliará sua atuação no município de Macaé. O Grupo GP, especialista em tratamento de superfícies, atuará em metalização com alumínio em plataformas. E a Cordoaria São Leopoldo abrirá uma fábrica próxima à Bacia de Campos para a produção de cabos de poliéster usados na ancoragem de plataformas em águas profundas. 49 V-ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SETOR PETRÓLEO NO RJ V.5.1. CENTROS LOCALIZADOS NO RJ PETROBRAS-A estatal petrolífera brasileira Criada em 1953, a Petrobras é uma Companhia controlada pelo governo federal, que é legalmente obrigado a manter 50% mais uma das ações ordinárias. Conforme afirma a Lei 9.478/97, a “Petróleo Brasileira S.A (Petrobras) é uma sociedade de economia mista vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que tem como objetivo a pesquisa, a lavra, a refinação, o processamento e o transporte de petróleo proveniente do poço, de xisto e de outras rochas, de seus derivados, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos, bem como quaisquer outras atividades correlatas ou afins, conforme definidas em lei”. A estatal opera como uma empresa integrada e está presente nos diversos segmentos da Indústria Petrolífera, diretamente ou por meio de subsidiárias. Para se ter uma posição da importância do Sistema Petrobras no Brasil, a estatal foi a empresa que apresentou maior Lucro Líquido (US$ 2.311 bilhões) em 2002, sendo considerado o maior lucro da história da Companhia. CENPES A Petrobras, localizada no RJ desde a sua fundação, possui um centro de pesquisas dedicado – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguel de Mello (Cenpes) criado em 1966, na Ilha do Fundão (RJ), tendo 1.149 profissionais, sendo 273 bacharéis, 251 mestres e 81 doutores. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e engenharia básica (P&D, E) somaram R$ 335 milhões em 2001, que correspondem a 0,75% do faturamento líquido no ano anterior. Foram desenvolvidos projetos em parceria com outras empresas petrolíferas e centros de P&D, e no exterior, destinando-se US$ 424 mil a 33 projetos multiclientes. Com 52 instituições e universidades brasileiras, foram despendidos R$ 33,5 milhões com recursos do CT-Petro, o fundo setorial mantido com os royalties do petróleo. 50 Atualmente três projetos estratégicos estão sendo coordenados pelo Cenpes: Inovação tecnológica e desenvolvimento avançado em águas profundas e ultraprofundas-Procap, Recuperação avançada de petróleo-Pravap, que tem como objetivo aumentar o volume de petróleo que pode ser extraído pelos métodos convencionais e o Desenvolvimento de tecnologias estratégicas de refino-Proter. ANP (ligada ao governo) A Agência Nacional de Petróleo (ANP) tem a missão de regular a indústria do petróleo e gás natural. A Lei 9.478/97 – Lei do Petróleo – estabelece como finalidade da Agência promover a regulação, contratação e fiscalização do setor, incentivando a livre concorrência e o desenvolvimento nacional, com responsabilidade pela preservação do interesse público e do meio ambiente. FINEP (empresa pública) A Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP é empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, criada em 24 de julho de 1967 pelo Decreto nº 61.056, com o objetivo de fomentar técnica e financeiramente estudos, pesquisas, programas e projetos econômico, social, científico e tecnológico do País, de acordo com as metas e prioridades setoriais fixadas pelo Governo Federal. Promove e financia a inovação e a pesquisa científica e tecnológica em empresas, universidades, centros de pesquisa, governo e entidades do terceiro setor, mobilizando recursos financeiros e integrando instrumentos para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, contribuindo para: • expandir e aperfeiçoar o Sistema Nacional de C,T&I, incentivando o aumento da produção do conhecimento e da capacitação científica e tecnológica do país; • induzir e estimular atividades que promovam a ampliação da capacidade de inovação, de geração e incorporação de conhecimento científico e tecnológico na produção de bens e serviços; • colaborar para o sucesso das metas definidas pelas políticas públicas do Governo Federal. 51 Projeto de Sucesso no Estado do Rio de Janeiro LabOceano - É o mais profundo tanque oceânico do mundo para simulação de exploração de petróleo, além de ser o maior da América Latina. Inaugurado em abril de 2003, o projeto custou R$ 16 milhões, sendo que 94% do valor foi financiado pela FINEP, com recursos do CT-Petro. Hoje o Brasil é líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas. PROGRAMA ANP UNIVERSIDADES DE RECURSOS HUMANOS PARA O Programa PRH-ANP/MCT-Programa de Recursos Humanos para o Setor de Petróleo e Gás Natural visa qualificar os profissionais que irão atender pela demanda das empresas e pelo desenvolvimento de novas tecnologias. Considerando estes aspectos, a ANP assumiu a indução na capacitação e especialização de graduandos, mestrandos e doutorandos interessados em atuar no Setor, por meio de um programa que oferece recursos financeiros para cursos com ênfase em especialidades dos diversos segmentos da cadeia produtiva na indústria de petróleo e gás natural. Foram concedidas 2.027 bolsas no período 1999/2002, sendo que 672 para técnicos de nível médio, 776 para graduação, 423 para mestrado e 156 para doutorado. Através da figura V.5.1, pode-se verificar que o Estado do Rio de Janeiro é o único Estado dos dezesseis que participam do Programa, que tem sete instituições de ensino, sendo duas federais (UFRJ e UFF). 52 Figura V.5.1- Universidades que fazem parte do Programa PRH-ANP Fonte: ANP ONIP (fórum) A Organização Nacional da Indústria de Petróleo (ONIP), com sede no RJ, é um fórum nacional de articulação e cooperação entre os principais “players” do negócio de petróleo: Companhias petrolíferas e operadoras, fornecedores de bens e serviços, agentes governamentais e agências de financiamento com finalidade de simplificar e facilitar o relacionamento mútuo, promovendo a indústria do Petróleo e Gás e contribuindo para o aumento da competitividade do setor em termos internacionais. A missão da ONIP é ampliar a participação nacional no fornecimento de bens e serviços para o Setor de Petróleo e Gás, em bases competitivas e estimular novos investimentos de forma a promover a maximização dos benefícios 53 decorrentes da expansão da indústria Petrolífera para toda a sociedade brasileira, com ênfase na geração de renda e emprego no país. IBP (sociedade civil) Fundado em 1957, o IBP é uma sociedade civil sem fins lucrativos, cujo objetivo é promover o desenvolvimento da indústria nacional de petróleo e petroquímica. Conta hoje com 187 empresas associadas, compreendendo companhias que atuam em ramos da cadeia de petróleo, gás, bens, serviços e petroquímica. Com o apoio de Comissões, que congregam cerca de 900 profissionais, desenvolve atividades de natureza técnica e institucional, através de projetos/estudos, cursos e eventos, sendo um importante fórum de interlocução da indústria petrolífera com os órgãos governamentais, nas questões relacionadas à nova regulamentação do setor. Representa a indústria no Conselho Deliberativo da ONIP - Organização da Indústria de Petróleo, e no Comitê de Coordenação do MICT, que administrará os recursos dos royalties do petróleo em projetos de pesquisa cientifica e tecnológica. O staff do IBP é composto por 40 profissionais, sendo 15 de nível superior e 25 de suporte administrativo. INT (orgão público federal) Fundado em 1921, o Instituto Nacional de Tecnologia - INT é órgão público federal da administração direta, pertencente à estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT. Com perfil multidisciplinar, o INT trabalha de forma integrada com o setor empresarial, promovendo o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de Química, Tecnologia dos Materiais, Engenharia Industrial, Energia e Meio Ambiente. Realiza consultoria tecnológica, serviços técnicos especializados certificação de produtos e atua na formação e capacitação profissional, através de programas de educação continuada e treinamento. A infra-estrutura do INT conta com 20 laboratórios, sendo seis deles credenciados pelo INMETRO. 54 Objetivos e atividades: É uma Instituição de abrangência nacional e tem como missão participar ativamente do desenvolvimento e modernização do país. Para tanto, incorpora soluções tecnológicas criativas às atividades de produção e gestão de bens e serviços, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Entre os objetivos da instituição estão: - enfatizar a geração e disseminação de novas tecnologias, especialmente aquelas de baixo custo e elevado valor agregado; - expandir a oferta de serviços técnicos especializados e soluções tecnológicas diferenciadas, nas suas áreas de competência; - promover a capacitação de recursos humanos, através de programas de educação continuada em tecnologias industriais, informação tecnológica e gestão de negócios. As principais atividades técnicas e de pesquisa desenvolvidas pelo INT estão concentradas nas Coordenações de Desenvolvimento Tecnológico e de Tecnologias de Gestão e Infra-estrutura. Através da Coordenação de Negócios, o Instituto cuida especialmente do relacionamento com as empresas, gerenciando a formação e aprimoramento dos quadros técnicos e gerenciais das empresas, a prestação de serviços técnicos e as parcerias tecnológicas. 55 VI-CONCLUSÕES E SUGESTÕES O Estudo elaborado teve como finalidade destacar a importância do Rio de Janeiro dentro da cadeia produtiva de petróleo. Destaca-se que o Rio de Janeiro possui cerca de 90% das reservas provadas de óleo do país, localizada na Bacia de Campos, deixando o Estado na condição responsável por cerca de 80% da produção nacional de óleo. Este diferencial torna o Rio de Janeiro o centro de referência para os investimentos do setor, tanto da Petrobrás, como de outras companhias, nacionais ou internacionais que vem instalando seus escritórios centrais no Estado. A sede da Agência Nacional de Petróleo (ANP), responsável pela regulamentação e fiscalização do setor, está localizada no Rio de Janeiro. A cada nova rodada de licitação da ANP, novos blocos estão sendo ofertados para exploração com perspectivas extremamente promissoras. Diversas companhias de petróleo do mundo têm instalado seus escritórios centrais no Estado. As análises realizadas sobre o setor mostraram que, mesmo após a flexibilização do monopólio da União, a Petrobrás mantém a liderança em diversificados segmentos da Indústria Petrolífera, seja na exploração, produção, refino e distribuição. Como foi mostrado, o Estado do Rio de Janeiro é o que mais recebe royalties e participações especiais no país. Esses recursos deveriam estar sendo utilizados para ampliar os investimentos, porém verifica-se que partes destas receitas estão sendo utilizadas para financiar despesas correntes e equacionar a crise fiscal. A dinâmica do setor petrolífero deve continuar intensificando a economia do Estado do Rio de Janeiro, sobretudo na Região Norte, particularmente nos municípios de Macaé e Campos, tornando necessário o apoio contínuo à indústria local de bens e os prestadores de serviços localizados no RJ. Por fim, é importante destacar que este estudo indica possibilidades de desenvolvimento de novas pesquisas, no que diz respeito as frequentes descobertas de petróleo no Estado e possíveis mudanças na política de atuação das empresas no setor nos próximos anos. 56 Referências Bibliográficas 1- Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo e do Gás Natural da ANP 2002. 2- Séries ANP, Número I. Regulação. Rio de Janeiro, 2001. 3- Relatório Anual da Agência Nacional de Petróleo, 2001. 4- Relatório Anual da Petrobras 2001. 5- Análise financeira e demonstrações contábeis. Petrobras, 2001. 6- ZAMITH. REGINA. A indústria para- petroleira nacional. Editora Selo Universidade. São Paulo, 1999. 7- Revista BRASIL ENERGIA. Rio de Janeiro, Editora Brasil Energia LTDA. 8- Revista MACAE OFFSHORE. Macaé/RJ, G.C.Pinto Publicidade. 9- Petro & Química. São Paulo, Valete Editora Ténica Comercial. 10- Revista Gazeta mercantil Balanço Setorial – Petróleo & Gás- Análises, Perfil de Empresas e Indicadores- Gazeta Mercantil, 2002. 11- ABADIE.ELIE– Curso-Processo de refinação – Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, Rio de Janeiro, 2002. 12-RUMOS. A festa dos royalties e outras riquezas- no 208. ABDE Editorial. Rio de Janeiro, 2003. 13-InfoPetro- Boletim mensal . Análise da conjuntura da indústria de Petróleo e Gás.Grupo Energia do Instituto de Economia da UFRJ. 14-ANP – Agência Nacional de Petróleo www.anp.gov.br 15- IBP- Instituto Brasileiro de Petróleo www.ibp.org.br 16- ONIP – Organização Nacional da Indústria de Petróleo www.onip.org.br 17- FINEP- Financiadora de Estudos e Projetos www.finep.gov.brT 57 ANEXOS I Gráfico 1- Consumo per capita de petróleo segundo países Fonte:Work Bank 2002 Nota: População referente ao ano de 2000 58 Tabela 2- Pagamentos que serão realizados pelo Estado do Rio de Janeiro à União, devido a antecipação dos royalties e participação especial / 19992021 Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total Royalties 11.873 134.835 175.201 243.131 296.099 320.667 320.218 311.907 288.916 261.896 236.713 215.389 195.939 175.347 155.563 135.173 106.842 95.451 87.163 79.000 51.618 17.903 1.86 3.918.704 Participação especial 0 80.591 186.884 333.452 459.389 602.537 664.909 637.324 558.375 494.806 441.753 401.132 364.869 321.576 271.62 241.439 195.1 183.23 169.825 155.245 112.359 25.076 14.412 6.915.903 Total (Em R$ Mil) 11.873 215.426 362.085 576.583 755.488 923.204 985.127 949.231 847.291 756.702 678.466 616.521 560.808 496.923 427.183 376.612 301.942 278.681 256.988 234.245 163.977 42.979 16.272 10.834.607 Fonte: Quintella ( 2000 p. 43) 59 Tabela 3- Edital realizado pelo CT-Petro no Estado do Rio de Janeiro2000 VALOR (em reais) UFRJ/EQ SDVDUTO / Sistemas para Detecção de Vazamento em Redes 200798,66 de Escoamento Compressível INT 292180 ELETRODOS - Proteção Catódica - calibração de eletrodos de referência UFRJ/EQ 403090 IETMCFN - Investigação do Envelhecimento de tubos de materiais compósitos de fabricação nacional UFRJ/NCE 439340 PPROBPETRO - Tecnologias de Processamento Paralelo e Robótica Aplicadas ao Setor de Petróleo LENEP / 148200 WCDP - Imageamento Sísmico em Tempo e Profundidade UENF através da Técnica WCDP COPPE / 140000 VIBRA - Analise dinâmica não linear de comandos de UFRJ perfuração COPPE / 250000 DASUFA - Analise Experimental do efeito de danos UFRJ superficiais na vida à fadiga de tubos de perfuração COPPE/ 285625 DIESEL - Eliminação dos particulados de diesel com PEQNUCAT catalisadores promovidos COPPE / 311345 DAQPTA01 - Eletrônica Miniaturizada para a leitura de sinais UFRJ de pressão, temperatura, distancia e aceleração dentro de dutos para o transporte de petróleo COPPE / 226800 Revestimento para aplicação em interior de unidade de UFRJ destilação de petróleo COPPE / 354000 SUPCON - Supervisão inteligente on-line da condição de UFRJ grandes maquinas de sistemas offshore e refinarias UENF / 208500 SINCAMP - Síntese de novos materiais visando o LCQUI hidroprocessamento do petróleo da bacia de campos ECOUFRJ 412740 ECONORFLU - Ecossistemas continentais na área de influências das atividades petrolíferas da Bacia de Campos: Bases ecológicas para prevenção e mitigação de riscos ambientais DQ 116800 CAPREV- Caracterização Profunda de Resíduos de Vácuo EXECUTOR PROJETOS Fonte: CT-Petro 60 Tabela 4: Encomenda CT-Petro / Empresas: Finep 2001/ 1PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPo Período EXECUTOR IEN COPPE PUC-RIO DGEL_UFRJ PROJETO DESENVOLVIMENTO DE MEMBRANAS DE DESSULFATAÇÃO NOVAS TECNOLOGIAS PARA ISOLAMENTO TÉRMICO DE DUTOS AMBIENTE GRÁFICO PARA ANÁLISE E PROJETO DE RISERS EVOLUÇÃO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES DO SISTEMA DE BACIAS CENOZÓICAS DA SERRA DO MAR PUC-RIO ANÁLISE DA DISPERSÃO DE GÁS NATURAL COPPE_UFRJ ANÁLISE DE DRIVE-OFF EM RISERS DE COMPLETAÇÃO AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE PRECIPITAÇÃO SALINA DEVIDO A ÁGUA CONATA PUC RIO VALOR ( em reais) 180000.00 160000.00 110000.00 337948.00 169600.00 25000.00 225000.00 COPPE_UFRJ CONFIABILIDADE ESTRUTURAL DE RISERS COPPE_UFRJ METODOLOGIAS E ALGORITMOS NUMÉRICOS PARA ANÁLISE E PROJETO DE RISERS 225000.00 AMBIENTES VIRTUAIS PARA O DESENV. DE PROJETOS UPSTREAM & DOWNSTREAM 974400.00 PUC-RIO COPPE COPPE IMPPG UFF DGL_UFRJ DGEL MAT DEAR FUJB MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO RETIFICADOR DE CATALISADOR DE FCC DESENVOLVIMENTO DE MISTURAS BETUMINOSAS ESPECIAIS DE ALTA RESISTÊNCIA E ALTA DURABILIDADE CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA E GENÉTICA DE ESTIRPES CAPAZES DE REALIZAR A DESSULFURIZAÇÃO E DENITROGENAÇÃO DO PETRÓLEO METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DINÂMICA DE SISTEMAS DE TUBULAÇÃO INDUSTRIAL PARA REDUÇÃO E CONTROLE DE VIBRAÇÃO PALEOCLIMA E PALEOGEOGRAFIA DO CRETÁCEO NO BRASIL MODELAGEM DE ELETROFÁCIES, REFINAMENTO ESTRATIGRÁFICO E DETECÇÃO DE INVASÃO EM PERFIS DE POÇOS SOFTWARE PARA MODELAGEM BOOLEANA DE RESERVATÓRIOS - FASE IV SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE REFRATURAMENTO REMOÇÃO MICROBIOLÓGICA DE DANOS EM POÇOS DE PETRÓLEO 46000.00 170000.00 213953.08 568500.00 200000.00 947850.00 250000.00 145350.00 275000.00 70000.00 61 LENEP-UENF IMPA PREVISÃO TEÓRICA DA PERDA DE INJETIVIDADE EM POÇOS INJETORES DE ÁGUA o Encomenda CT-Petro / Empresas: Finep 2001/ 1 Período (continuação) SIMULADOR AVANÇADO DE INJETIVIDADE DE ÁGUA 175000.00 175000.00 PUC-RIO INTEGRAÇÃO DE UNIDADES SISMOESTRATIGRÁFICAS NO MODELO GEOLÓGICO PARA SIMULAÇÃO DE FLUXOS 176700.00 LEARN SUPDUT: SISTEMA SUPERVISÓRIO PARA TRANSPORTE EM OLEODUTOS CARACTERIZAÇÃO DE CATALISADORES E DE SEUS COMPONENTES POR TÉCNICAS DE DIFRAÇÃO DE RAIOS-X E MICROSCOPIA ELETRÔNICA 159974.00 OTIMIZAÇÃO APLICADA LOGÍSTICA DA PRODUÇÃO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO ESTUDO DO EFEITO DAS CARACTERÍSTICAS DE DIFERENTES SOLOS NA ADEQUABILIDADE DO USO DE ANTI-PÓ 240000.00 DESENVOLVIMENTO COMPUTACIONAL, EXPERIMENTAL E APLICAÇÕES PARA INJEÇÃO DE ÁGUA SUBSTITUIÇÃO DE MOTORES DIESEL POR DIESELGAS: ESTUDO DE VIABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DE APLICAÇÕES DESENVOLVIMENTO DE TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DE INTEGRIDADE DE EQUIPAMENTOS E TUBULAÇÕES ATRAVÉS DE ENSAIO DE EMISSÃO ACÚSTICA FALHAS EXTENSIONAIS ASSOCIADAS A RIFTES CENOZÓICOS: CARACTERÍSTICAS DE CAMPO, INTERPRETAÇÃO GEOFÍSICA E IDADE DO TECTONISMO ANÁLISE PETROFÍSICA INTEGRADA DE FOLHELHOS 213000.00 COPPE ESTUDOS GEOTÉCNICOS DE DUTOS ENTERRADOS SUBMETIDOS A EFEITOS TÉRMICOS 500000.00 PEQCOPPE CONVERSÃO DE GÁS NATURAL A HIDROCARBONETOS LÍQUIDOS POR ROTA TRADICIONAL ROTAS NÃO TRADICIONAIS DE GERAÇÃO DE INSUMOS PETROQUÍMICOS E COMBUSTÍVEIS A PARTIR DO GÁS NATURAL 762664.94 ANÁLISE DE VIABILIDADE DE INTRODUÇÃO DE GÁS NATURAL EM SETORES SELECIONADOS FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO EM RISERS DE AÇO DE ALTA RESISTÊNCIA INTERAÇÃO DE DEFEITOS EM DUTOS CORROÍDOS 79353.00 DCMM COPPE-UFRJ COPPE DECPUCRIO ITUC COPPE UFRJ UERJ-FGEL DGEL COPPE COPPE COPPE COPPE DECPUCRIO ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INTERAÇÃO FOLHELHOFLUIDO DE PERFURAÇÃO E MODELAGEM COMPUTACIONAL PARA ESTUDOS DE CAMPO DE ESTABILIDADE DE POÇOS. 250000.00 108332.16 600000.00 150000.00 299660.00 327032.36 397275.00 65000.00 300000.00 198400.00 62 COPPETEC IMA DEC COPPE ITUC ESTRATEGIA DE OPERAÇÕES NA CADEIA PRODUTIVA DO PETROLEO Encomenda CT-Petro / Empresas: Finep 2001/ 1o Período COMPORTAMENTO DE FASES DE ASFALTENOS COM (continuação) OUTRAS FRAÇÕES ORGÂNICAS E INORGÂNICAS DO PETRÓLEO SISTEMA INTEGRADO PARA MONITORAMENTO DE PROBLEMAS DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DOSAGEM DE MISTURAS ASFÁLTICAS PARA RECICLAGEM A FRIO AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO DAS GASOLINAS NA DETERIORAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE DE EMISSÕES VEICULARES POR ENSAIOS DE ACÚMULO DE RODAGEM 150000.00 125000.00 179700.00 150000.00 750000.00 UFF_DCC SISTEMA INTELIGENTE PARA RECONHECIMENTO DE NANOFÓSSEIS CALCÁRIOS EM IMAGENS DE LÂMINAS 74340.00 PUC-RIO SENSOR DE POSIÇÃO A FIBRA ÓPTICA PARA FERRAMENTA DE COMPLETAÇÃO ESTUDO DE COMPORTAMENTO TÉRMICO-REACIONAL RELEVANTE AO PROCESSAMENTO QUANTO A EMISSÕES DE PRODUTOS DE PETRÓLEO 166699.00 IMPA RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO POR INJEÇÃO DE VAPOR E ÓLEO LEVE / SOLVENTE 150000.00 COPPE_UFRJ CONFIGURAÇÕES ÓTIMAS DE RISERS RÍGIDOS EM UNIDADES FLUTUANTES ELABORAÇÃO DE PLANO DE APROVEITAMENTO DA FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA 58000.00 UFF COPPE IMA 187346.00 123650.00 MEMBRANAS POLIMERICAS PARA CELULAS COMBUSTIVEIS PIG PARA INSPEÇÃO DA CORROSÃO EM LINHAS ESPECIAIS - FASE II SISTEMA DE GERENCIAMENTO COMERCIAL DO TRANSPORTE DE GÁS NATURAL 119900.20 PUC-RIO ESCOAMENTO DE FLUIDOS EM ANULARES DE POÇOS 256800.00 UFRJ-IQ O PAPEL DO GÁS NATURAL E SEU CONSUMO NA PRODUÇÃO DE CATALISADORES BIOLÓGICOS DE INTERESSE INDUSTRIAL ENSAIOS EM ESCALA REAL DO EFEITO DE VÓRTICES NA DEFLEXÃO LATERAL DE RISERS EM ÁGUAS PROFUNDAS 78000.00 CETUC PUC_RIO COPPE_UFRJ PUC-RIO 250900.00 100000.00 185000.00 SIMULAÇÃO NUMÉRICA PARA A AVALIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ENVOLVENDO A COMBUSTÃO DE GÁS NATURAL DETERMINAÇÃO DE ESFORÇOS LATERAIS ENTRE A COLUNA DE PERFURAÇÃO E MARINE RISER 195000.00 COPPETEC VIABILIZAÇÃO DO USO DE BIODIESEL 300000.00 COPPE DESENVOLVIMENTO DE CATALISADOR E PROCESSO PARA A CONVERSÃO DIRETA DO GÁS NATURAL A COMBUSTÍVEIS. 203070.60 COPPE 75000.00 63 DQ-PUC-RIO ESTUDO DA INTERAÇÃO DE METAIS RELACIONADOS INDÚSTRIA DO PETRÓLEO COM LIGANTES NATURAIS 175000.00 LEARN RSB: ROTEADOR E SEQUENCIADOR DE BATELADAS EM OLEODUTOS 150000.00 Gráfico 5- Número de convênios por Estado 200 180 160 As Instituições de Pesquisa dos 13 estados listados representam mais 90 % 140 dos convênios firmados pelo CTPETRO 120 100 80 60 40 20 0 RJ SP RS BA RN PE SC CE PR AM PB MG PA 64 Gráfico 6- Número de convênios por Instituição 90 80 As 10 Instituições listadas são aquelas que mais participaram das parcerias com o Ct-Petro e representam 60% do número total de convênios. 70 60 50 89 40 30 41 20 31 23 22 22 21 20 16 10 12 0 UFRJ PUC-RIO UFRGS UNICAMP UFRN UFPE USP UFBA UFSC UNIFACS Elaboração própria, a partir de dados da CT-Petro 65