O
SENTIDO
DA VIDA
Contra a filosofia têm sido invectivado que ela
É UMA CIÊNCIA COM A QUAL E SEM A QUAL O
MUNDO PERMANECE TAL E QUAL.
ou que
É UM MÉTODO PARA MULTIPLICAR
PROBLEMAS A PARTIR DE SUAS SOLUÇÕES
OU SEJA
QUE ELA É INÚTIL
CONTRA ESSE MODO
DE PENSAR O
FILÓSOFO KARL
POPPER RESPONDEU QUE
A MELHOR DEFESA DA
FILOSOFIA RESULTA DO FATO
DE QUE NINGUÉM PODE
DEIXAR DE TER ALGU- MA
FILOSOFIA, OU SEJA, UMA
CONCEPÇÃO DE COMO AS
COISAS SÃO, DEVEM OU
DEVERIAM SER
Em outras palavras: TODOS NÓS TEMOS
UMA FILOSOFIA, QUE GERALMENTE
HERDAMOS DE NOSSA EDUCAÇÃO, DE
NOSSA FAMÍLIA, DO MEIO EM QUE
NASCEMOS, DA CULTURA À QUAL
PERTENCEMOS...
E SENDO ASSIM A CHANCE DE
RECAIRMOS EM PRÉ-CONCEITOS, EM
AVALIAÇÕES DISTORCIDAS e
TENDENCIOSAS... que acabamos por
aplicar em julgamentos e ações, É MUITO
MAIOR.
Por isso, pensa Popper, é importante
apelarmos à filosofia acadêmica...
É importante ver o que os muitos filósofos
pensaram no curso de séculos e séculos de
discussão.
Isso nos liberta, ao menos, de conclusões
precipitadas, pré-conceituosas, por vezes
quase obviamente falsas, que aceitamos de
forma não-crítica só porque elas são
mantidas pelo particular meio socio-cultural
em que vivemos.
Assim também é com o
problema do sentido da vida.
Quando nos perguntamos
sobre o assunto,
as mais disparatadas respostas
surgem em nossas mentes.
Eis um apanhado de
opiniões leigas sobre o assunto que
encontrei na internet:
1) O sentido
de surf.
2) O sentido
Maria.
3) O sentido
da espécie.
4) O sentido
5) O sentido
6) O sentido
7) O sentido
da vida é uma prancha
da vida é estar junto a
da vida é a reprodução
da
da
da
da
vida
vida
vida
vida
é
é
é
é
o
a
o
a
poder.
paz interior.
amor
satisfação dos desejos
(Nero).
As primeiras duas confundem o sentido da vida com
alguma coisa casual que só vale para a pessoa que
a defende, o sentido do seu viver atual.
A terceiro parece valer mais para touros e cavalos
de raça.
As outras duas enfatizam valores que podem dar
algum sentido à vida, mas que não são tudo.
A última precisaria ser melhor qualificada.
Enfocando agora as respostas filosóficas,
quero começar com uma resposta
tradicional, radicada na busca judaicocristã de um sentido cósmico para a vida:
1) O sentido da vida está para além dela mesma; ele
está na preparação para a vida após a vida; para
a vida do além-mundo, a vida eterna.
A crítica que tem sido feita a essa visão é que ela é
pressupõe a dogmática religiosa, e que não deixa
muito espaço para as escolhas individuais no
curso da existência...
Como reação a essa opinião tradicional, filósofos
existencialistas franceses, principalmente ateus
como Sartre e Camus, concluíram que
2) a vida não tem sentido.
Quero expor resumidamente o
raciocínio de Camus em seu
livro “O Homem Revoltado”:
Para Camus a vida é
destituída de sentido. Logo,
ela é absurda. Seu argumento:
Quando tomamos consciência de
sua absurdidade, devemos reagir
através da revolta. Ao nos
revoltarmos,
vivendo
a
vida
integralmente, nós devolvemos à
vida o seu valor e majestade...
Acho o raciocínio acima bastante falho...
Se descobrimos a vida absurda, por que
razão devemos nos revoltar?
Talvez fosse igualmente racional cairmos
no estupor e não fazermos coisa alguma!
Ou então continuarmos nossos afazeres
cotidianos e esquecermos da questão...
E por que, se a vida é absurda, a revolta deve
devolver a vida alguma coisa, por exemplo, valor e
majestade? Se do nada nada resulta, se é absurda,
nada do que façamos fará com que deixe de sê-lo.
O que não parece fazer muito sentido aqui é o
próprio raciocínio de Camus.
Uma outra maneira de entender o raciocínio
de Camus é interpretá-lo como mera imagem
poética, expressão do sentimento de revolta de
quem perdeu ilusões quanto a um sentido cósmico da
vida...
Mas nesse caso prefiro as palavras de um poeta como
Shakespeare, que enfatiza mais corajosamente o estado
de espírito em questão. Quando o seu personagem
Macbeth se vê prestes a ser morto pelos seus inimigos,
ele reflete sobre a fragilidade e irrelevância da vida
humana, definindo-a assim:
Amanhã, depois de amanhã,
depois de amanhã...
Rasteja em seu vacilante passo,
dia a após dia, no tolo caminho
para o pó da morte.
Apaga, apaga, vela breve.
A vida é uma sombra ondulante.
Um pobre ator, que grita e se agita em
seu momento sobre o palco, e então
não mais é ouvido.
É uma mentira, cheia de som e fúria,
significando nada.
(Shakespeare)
Essa demonstração da
consciência de que a vida
humana é trágica, posto que
vamos morrer, não constitui,
porém, uma resposta para a
questão do sentido da vida,
mas uma reflexão sobre a
condição humana.
Quero passar agora a minha
própria proposta. Não
pretendo buscar um sentido
cósmico para a vida, como
se fez em certas tradições religiosas.
Nem quero, na dúvida quanto a esse
sentido, concluir, como Camus, que a
vida é absurda e que leva à revolta.
Parece-me mais viável uma
abordagem neutra, que possa
conduzir a resultados mais seguros
que os até agora apresentados.
Quero abordar a questão
seguindo um método
desenvolvido por um
filósofo chamado
Wittgenstein (1889-1951),
que pode
ser chamado de
filosofia da linguagem
ordinária.
Ele achava que os núcleos
de significação das palavras
se encontram em seus usos
ordinários, enraizados
na práxis da vida humana em
sociedade, e que uma expressão não
tem sentido se não for efetivamente
usada por nós.
Por isso ele achava que é pela
observação dos modos como usamos
as palavras que deveríamos
começar. Através disso podemos
trazer as palavras de suas férias
metafísicas outra vez para o seu
labor cotidiano.
Em sua opinião filósofos
muito facilmente esquecem
disso e constroem castelos de
cartas com as palavras.
Um exemplo disso poderia ser o próprio
Camus de “O homem revoltado”. Ele troca os
pés pelas mãos confundindo os usos das
palavras na construção de um disparatado
argumento metafísico... Por não prestar
suficiente atenção aos “gramática conceitual”
dessas palavras.
Seguindo o método de Wittgenstein,
Começamos por observar que as
pessoas realmente falam de um
sentido da vida. Considere essas
frases usuais:
“A vida dele foi um desperdício de
energias do qual nada resultou – algo sem
sentido”
“A sua vida era muito vazia, e só passou a
fazer sentido depois que ela foi cuidar dos
índios nas fronteiras do amazonas.
“Com a perda de todos os que faziam parte
do seu mundo, a sua vida também perdeu
qualqer sentido.”
Estou usando o método de
Wittgenstein: ver como as
pessoas usam a palavra.
E o que vemos é o seguinte: Sempre
que dizemos que a vida de alguém foi
plena de sentido, de valor, de
propósito, estamos dizendo
que a sua vida trouxe felicidade ou
bem para o mundo, ou seja, não só
para ela mesma, mas também para as
outras pessoas.
Considere alguns exemplos:
Ghandi teve uma vida altamente
significativa
Martin Luther-King também.
A vida de Mozart foi plena de significado.
Madre Tereza teve uma vida plena de sentido
ou valor.
A imperatriz Sissi foi um modelo de pessoa
superficial e egoísta. Não pode ter tido
uma vida muito significativa.
Tom Castro teve uma vida indigna.
OBJEÇÃO:
Uma objeção poderia ser a de que
felicidade e significação de uma vida
não coincidem sempre, não podendo ser
identificadas: podemos encontrar casos de
(i) vidas felizes, mas sem significado, e de
(ii) vidas infelizes, mas plenas de significado.
Ex. (i):
Porfírio Rubirosa
Exs. (ii):
Van Gogh
Beethoven
Charles Sanders Peirce
A resposta está na própria definição:
Se tivéssemos definido o sentido de uma
vida pela quantidade de bem que ela trás
para si mesma, a objeção seria correta.
Mas como a definimos pela quantidade de bem que
a pessoa trás para todos, as objeções falham.
Pois Rubirosa trouxe felicidade para si mesmo, mas
deve ter trazido pouca felicidade para os outros –
donde a sua vida não é um exemplo de valor,
significado, propósito.
Mas Van Gogh, apesar de ter sido pessoalmente
infeliz, trouxe um enorme bem para os apreciadores
de sua arte até os dias de hoje. (Algo semelhante
podemos dizer de Beethoven e de Peirce.)
Quero passar agora a uma análise
da noção de felicidade, que pode
ser caracterizada em termos de
satisfação duradoura de nossas
necessidades físicas, emocionais e
intelectuais, não acompanhada de
insatisfações.
Essa análise é importante por sua relação
com a significação da vida.
É importante notar, como veremos, que a
satisfação de nossas necessidades pode se
dar em níveis de compartilhamento
interpessoal cada vez maiores...
O primeiro nível é o
Do prazer totalmente
Autocentrado, que não
precisa vir aliado à produção de
Prazer ou bem em outras pessoas:
Nível I: Quando uma pessoa satisfaz
necessidades puramente pessoais,
Ex: o apostador de corridas de cavalo,
o colecionador de selos.
O prazer daí decorrente é pessoal, mas
limitado. Não pode ser identificado com
o bem
Mas não vivemos só para nos
beneficiarmos a nós mesmos,
e um prazer meramente
auto-centrado não chega a ser
suficiente para a felicidade.
Como escreveu John Donne:
“Nenhum homem é uma ilha, inteiramente
em si mesmo. Todo homem é parte de um
continente... A morte de qualquer homem me
diminui porque estou envolvido pela espécie
humana. E por isso nunca perguntes por
quem os sinos dobram. Eles dobram por ti!”
Com isso passamos ao...
Nível II: O prazer que
conduz à felicidade
através do prazer ou
bem de pessoas mais próximas.
Exemplos:
- O casal de pessoas que se ajudam um ao
outro,
- Uma mãe que soube educar os seus filhos...
Esses prazeres não são mais autocentrados, eles são resultados de uma
cooperação recíproca que contém
elementos altruístas e o que daí
resulta também pode ser chamado (por
envolver prazer para outras pessoas)
Chamo a felicidade (prazer)
que envolve
outras pessoas além
do agente, de
FELICIDADE BENEFICIAL
Contudo, nossa classificação
Dos níveis de abrangência do prazer
resultante de ações não para por aqui.
Ele pode envolver não só o agente e
pessoas próximas, mas o agente e pessoas mais e
mais distantes de si! Chegamos pois ao
Nível III: o prazer que conduz à
felicidade (bem) que inclui pessoas
mais distantes.
Exemplos: a atividade de Ghandi
para a libertação da índia, o esforço
de Martin Luther-King, para a igualdade
dos negros nos EUA.
Exemplos ainda são as obras de artistas como
Van Gogh e Beethoven, que beneficiaram e ainda
beneficiam a humanidade.
Como escreveu o próprio Beethoven:
“Quem compreender a minha música estará livre
das correntes nas quais os outros se arrastam.”
Quem viu o filme “Operação Valquíria” poderá dizer:
eles perderam suas vidas mas deram a elas um
valor, um sentido (a um preço pessoal mais alto do
que gostariam de ter pago...).
É importante notar que como a
felicidade é tão mais possível
quanto mais beneficial ela for,
E como a felicidade beneficial
está ligada ao bem, o sentido da
vida está quase que inevitavelmente
ligado à felicidade beneficial e ao bem...
É muito difícil crer que o solitário cujo único
prazer é apostar em corridas de cavalos seja
feliz ou consiga dar grande sentido a sua vida.
Sua capacidade de trazer felicidade ao mundo
é diminuta. Já um estadista verdadeiramente
vocacionado para o que faz é capaz de dar
muito mais sentido à sua vida, pois beneficia
com as suas ações a si mesmo e aos outros.
Há filósofos disseram as
mesmas coisas pela
observação de como as
coisas são, confirmando
assim a mesma conclusão
que chego por uma via mais
argumentativa:
Eis o que escreve o filósofo norte
americano Robert Nozick, sobre
sentido da vida e a transcendência
de nossos interesses meramente
autocentrados:
“Tentativas de encontrar
significado na vida
transcendem os limites
da existência individual.
Quanto mais estreitos forem
os limites de uma vida, menos
significado ela terá.
A frase “O significado que você dá
à sua vida” refere-se aos modos que
você escolhe para transcender os seus
limites, ao pacote e modelo particular de
conexões externas que você com sucesso
escolheu exibir.”
(Robert Nozick)
Também foi notado que há
uma disposição natural do ser
humano na direção de uma
ampliação no escopo
de seus interesses, de maneira
transcenderem o nível
puramente pessoal
Talvez algo pretensiosamente,
o poeta Rilke fez dessa disposição
uma finalidade pessoal.
Como ele escreve no “Livro das Horas”:
“Quero viver minha vida em anéis
crescentes,/
que deslizam por sobre as coisas,/
o último talvez jamais venha a alcançar,/
mas alcançá-lo haverei de tentar.”
E sobre a relação entre a
Felicidade e o bem,
escreveu John Cottingham:
“Os seres humanos não podem
viver inteiramente e
saudavelmente,
a não ser na aceitação dos valores
da verdade, da beleza e do bem.
Se eles negam esses valores, ou
tentam subordiná-los aos seus
próprios interesses egoístas, eles
percebem que o significado lhes
foge”.
Com efeito, um sociopata é
uma pessoa que deriva a
sua própria felicidade da
infelicidade alheia, mas a sua
própria falta de humanidade lhe
desqualifica para a felicidade
plena.
Considere, por exemplo, o Czar Ivan o
Terrível, que se divertia em jogar bebês
das muralhas do castelo, que em uma
discussão matou o seu filho
adolescente, e que condenou a morte o
chefe da igreja ortodoxa por este ter
ousado pedir clemência a condenados,
acabou praticamente louco.
Finalmente, vale notar que nossa
idéia de que a felicidade beneficial
é necessária está próxima do
conceito aristotélico de felicidade
como eudaimonia, que pode ser
definida como
“atividade em conformidade com a
excelência”.
Uma história ajuda a esclarecer o
conceito de eudaimonia.
Conta-se que quando perguntado por
um poderoso rei (que pretendia ser
identificado como feliz) qual o homem
mais feliz que ele havia conhecido,
Aristóteles respondeu que foi o
ateniense Tellus.
(eudaimonia = felicidade = atividade em
conformidade com a excelência)
Eis o que Aristóteles disse,
segundo Herótodo:
Tellus foi o mais feliz dos homens...
“Primeiro porque o seu país estava
florescendo em seus dias, e ele mesmo teve
filhos belos e bons. E ele viveu para ver os
netos crescerem. Além disso, ele passou a
vida buscando conforto para outras pessoas
e o seu final foi glorioso; ele morreu
valentemente em uma batalha entre os
atenienses e os seus vizinhos. E os
atenienses lhe deram um funeral público com
as mais altas honrarias.”
Esse discurso de Aristóteles pode até nos parecer
ingênuo. Mas é que nos esquecemos ele está
falando do momento mais saudável de uma
sociedade muito diferente da nossa. O homem
grego se identificava com a polis, o estado, em
uma interdependência que era essencial à
sobrevivência de todos. Daí porque a felicidade
poderia em alguns casos ser muito mais
beneficial.
(Creio que temos dificuldade em ver isso porque
desde o Brasil colônia estamos acostumados a
ver o governo como um poder estranho, mais
interessado em pilhar os seus cidadãos do que
em cumprir com as suas obrigações, tendendo a
ver idéias como a de apoio altruísta às
instituições como ridículas.)
Voltando ao nosso assunto, vimos
que o sentido da vida está na
felicidade, no bem, que trazemos
às outras pessoas e a nós mesmos.
Como a forma mais própria de felicidade
é a beneficial, e a felicidade beneficial se
identifica com o bem, concluímos que o
sentido da vida humana também está no
bem que ela no somatório do bem que ela
traz, não só a si mesma quanto à sociedade.
Temos agora ainda uma última objeção: o
que dizer das vidas daquelas pessoas que
trouxeram mais mal do que bem ao
mundo? O que dizer da vida de pessoas
como Hitler, Stalin e Ivan o Terrível?
A) Uma resposta seria dizer
que essas vidas tiveram um
significado, um valor negativo,
posto que no balanço entre
bem e mal, elas trouxeram muito mais
mal do que bem às pessoas.
Essa resposta estende a linguagem natural,
Pois normalmente não falamos de
Sentido negativo da vida, embora talvez de
desvalor, despropósito de uma vida.
Nesse caso a vida de Hitler Ivan o Terrível teve
um sentido terrivelmente negativo...
B) Outra resposta seria a de que
devemos desconsiderar o mal que
as pessoas fizeram em suas vidas
e contar apenas o bem que elas
fizeram para si mesmas e para
os outros.
Nesse caso, a vida de Ivan o Terrível não
foi destituída de sentido, afinal ele manteve
a Rússia unida e impediu a anarquia, que era o que o
povo mais temia. Stalin modernizou a Rússia.
Quanto a Hitler, alemães saudosistas ainda dizer que
o homem não era tão mal assim, afinal na época
todos tinham emprego”.
Nessa interpretação a vida sempre tem algum
sentido, por mais perversa que seja.
Há algumas observações sobre a
definição que propus de sentido da vida
que precisam ainda ser feitas...
1) A Cristiane me observou que
as ações de Hitler foram a longo prazo boas,
pois modernizaram a Europa. Logo a sua
vida, segundo minha definição, teve
bastante sentido.
A resposta é que só valem para o sentido da
vida as ações intencionadas pelas pessoas.
e
Hitler nunca intencionou uma Europa
democrática!
2) Outro problema é que o sentido de uma
vida parece depender do sucesso e não só
do que intencionamos e tentamos fazer.
Imagine que após a morte de Van Gogh,
seu irmão Theo tivesse resolvido destruir os
quadros. Afinal, nenhum deles tinha sido vendido e não
valia a pena guardá-los... Se isso tivesse acontecido
Van Gogh não teria trazido o bem ao mundo que trouxe.
Como ele também não conseguiu trazer bem para si
mesmo, a vida de Van Gogh teria sido sem sentido.
Mas é paradoxal que a vida de Van Gogh só tenha tido
sentido pelo fato contingente de seu irmão ter
decidido guardar os seus quadros...
Deixo esse problema aqui em aberto para vocês
pensarem se é necessária uma melhor resposta...
3) Uma terceira consideração é que
quando falo de sentido da vida não
tenho um sentido definido em mente, um
sentido qualitativo. Não há nenhuma
ação pré-estabelecida que dá um sentido
específico à vida. Nesse sentido creio que a
vida não tenha mesmo sentido, e que o
reconhecimento disso preserva a liberdade de
escolha.
O conceito de sentido da vida que analisei e que
de fato encontramos na linguagem ordinária não
é qualitativo, mas meramente quantitativo.
Trata-se da significatividade (meaningfulness)
da vida, da medida quantitativa do seu valor, do
seu propósito. (a questão tradicional fica assim
RESUMINDO:
COMECEI ME COLOCANDO A QUESTÃO DO
SENTIDO DA VIDA.
NA FALTA DO ENCONTRO DE UM SENTIDO
QUALITATIVO OU TRANSCENDENTE DA VIDA,
FILÓSOFOS COMO CAMUS CONCLUIRAM QUE
A VIDA NÃO TEM SENTIDO, QUE É ABSURDA.
POR OPOSIÇÃO, SUGERI QUE A VIDA TEM PELO MENOS
UM SENTIDO QUANTITATIVO, QUE ESTÁ NA FELICIDADE
OU BEM QUE A PESSOA TRAZ PARA SI E PARA OS OUTROS.
ESSA A RAZÃO PELA QUAL DIZEMOS QUE A VIDA DE
BEETHOVEM FOI PLENA DE SIGNIFICAÇÃO E QUE A DE
HITLER NÃO TEVE SENTIDO.
SUGERI QUE A FELICIDADE DEPENDE MUITO
DE AÇÕES BENEFICIAIS, E QUE A FELICIDADE
BENEFICIAL PARECE IDENTIFICAR-SE COM O
BEM.
VIMOS TAMBÉM QUE A FORMA MAIS COMPLETA
DE FELICIDADE É A BENEFICIAL PELAS PRÓPRIAS
CONTINGÊNCIAS DA NATUREZA HUMANA, QUE É
INTRINSECAMENTE SOCIAL.
Fim
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Sentido da vida