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Eustáquio José Rodrigues (Luís Cláudio Lawa)
Eustáquio José Rodrigues, que usa os
pseudônimos Luís Cláudio Lawa e
Eustáquio Lawa, nasceu em Ponte
Nova-MG, em 1946. Tem uma formação
profissional
bastante
diversificada:
graduou-se em Engenharia Elétrica pela
Universidade Federal de Minas Gerais
em 1970, com especialização em
Engenharia de Manutenção pela
Mackenzie (São Paulo), em 1978. Em
1980, diplomou-se em Psicologia pela
Universidade Estadual do Rio de
Janeiro. Tem ainda formação como especialista em Políticas Públicas e Gestão
Governamental pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), no Rio de
Janeiro. Em 2000 tornou-se Mestre em Administração Pública pela Fundação
Getúlio Vargas. Atualmente é analista de Finanças e Controle Externo no Tribunal
de Contas da União, em Brasília.
Seu primeiro livro, uma coletânea de contos intitulada Cauterizai o meu umbigo, foi
publicado em 1986. Quatro anos mais tarde, vem a público Flor de sangue. O autor
tem publicações em dois livros da série Cadernos negros, uma delas é o conto “Pão
da Inocência” que narra a história de Adônis, menino negro e pobre, cuja família vivia
na mais plena miséria que, depois de ser informado de que o reino dos céus é de
todos os não pecadores, decide por “libertar-se” da vida difícil vida que levava.
Outro conto do autor - Travessia - também publicado na série Cadernos negros
merece destaque. Ao tratar de duas famílias humildes em que uma, por possuir um
pouco mais de recurso financeiro, divide a pouca comida que tem com a outra
família, traz à tona a confirmação de um fato social:
Negros, goianos e nordestino apresentam em comum intrigante característica:
famílias numerosas. Acredita-se que isso se deva à necessidade de braços
pra domar a terra e a uma forma de driblar as altas taxas de mortalidade
infantil a que estão sujeitos. (LAWA: 2003, 57)
O título do conto refere-se à passagem do personagem "do devaneio irrefletido à
percepção crítica das condições existenciais do seu grupo social", quando reflete
sobre a importância de um gesto de solidariedade para com o outro, não importando
se o que se tem a dar é pouco ou quase nada.
Os textos de Lawa são marcados por um movimento de retirada das máscaras
sociais, o que provoca no leitor uma instigante reflexão a respeito dos problemas
de ordem social enfrentados pela maioria da população brasileira, seja ela negra
ou branca, mas uma população economicamente menos favorecida.
É também através da desmistificação que, em Cauterizai o meu umbigo (1986), o
Autor estabelece um diálogo com a África, quando ao se referir a ela, deixa de
lado o saudosismo e a idealização, para promover uma reconstrução identitária
que não se calca inteiramente na cultura africana, nem na brasileira, mas sim uma
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identidade mista. A diáspora negra espalhada pelo mundo promove a existência
de culturas híbridas, nas quais a cultura de origem se mescla com novos saberes,
novas visões de mundo, novas e diferentes manifestações culturais. Sendo assim,
o homem negro que se encontra em outro continente que não o africano, terá um
imaginário cultural marcado pela diversidade e é essa diversidade que será
exaltada neste livro do autor.
Referências Bibliográficas
LOBO, Luisa. Crítica sem Juízo. Rio de Janeiro: Francisco Alves,1993.
QUILOMBHOJE (Org.). Cadernos negros 12. São Paulo: Quilombhoje, 1989.
RODRIGUES, Eustáquio José. Cauterizai o meu umbigo. Rio de Janeiro: Anima,
1986 (contos).
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Dados Biográficos