UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ANA LUIZA FREIRE DE LORENA MODELO DE GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS PARA A DIRETORIA DO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DA UFPE Recife, 2015 ANA LUIZA FREIRE DE LORENA MODELO DE GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS PARA A DIRETORIA DO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DA UFPE DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UFPE PARA OBTENÇÃO DE GRAU DE MESTRE Orientador: Profª. Dra. Ana Paula Cabral Seixas Costa Recife, 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL DE ANA LUIZA FREIRE DE LORENA “MODELO DE GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS PARA A DIRETORIA DO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DA UFPE” ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GERÊNCIA DA PRODUÇÃO A comissão examinadora, composta pelos professores abaixo, sob a presidência do(a) primeiro(a), considera a candidata ANA LUIZA FREIRE DE LORENA, APROVADA. Recife, 27 de março de 2015. _________________________________________ Profª. ANA PAULA CABRAL SEIXAS COSTA, Doutora (UFPE) _________________________________________ Profª. DANIELLE COSTA MORAIS, Doutora (UFPE) _________________________________________ Prof. JOSÉ GILSON DE ALMEIDA TEIXEIRA, Doutor (UFPE) AGRADECIMENTOS Expresso minha gratidão: À minha orientadora, profª. Dra. Ana Paula Cabral Seixas Costa, que além de ter me ensinado bastante e acreditado muito na minha capacidade enquanto pupila, proporcionando incentivo e inspiração para minha vida profissional, demonstrou-se uma amiga atenciosa e compreensiva. Ao prof. Dr. Adiel Teixeira de Almeida, agradeço especialmente por ter sido o grande incentivador desta minha conquista. Aos amigos do mestrado pelos grandes momentos de aprendizado em conjunto, como também pelo apoio e incentivo no decorrer deste período de estudo. Ao prof. Alexandre Ricardo Pereira Schuler, pelos ensinamentos, sabedoria e grande inspiração para o desenvolvimento desta dissertação. Ao prof. Antônio Celso Dantas Antonino, por ter me proporcionado a alegria de poder dar este passo tão importante em minha vida. Aos colegas de trabalho da Diretoria do CTG, pela amizade e cooperação, contribuindo para a finalização desta dissertação; em especial à Maria Lúcia e à Maria Carolina pelo apoio incondicional que me proporcionaram. Ao meu pai, Luiz Freire dos Santos, in memoriam, e à minha mãe, Autelina de Lorena e Sá, simplesmente pela vida; e à minha tia, grande “Donana”, pelo carinho nas pausas sagradas para o café. Ao meu irmão, Petrônio Freire de Lorena, pelas discussões construtivas e conversas intelectuais, criativas e inspiradoras; pelo seu companheirismo, atenção e amizade de sempre. À minha amiga/filha, Camila Ferraz, companheira de aventuras, irmã de coração, criatura compreensiva e paciente, que me deu grandes forças para a conclusão desta etapa profissional. Ao meu amigo Frederico Black, pela inspiração e pelo grande apoio nos momentos árduos de estudos; bem como ao meu amigo José Miguel Peña que, mesmo à distância, colaborou com sua amizade, atenção e pensamentos positivos. Aos amigos, Evelinne Maria Lima, Danubia Paula Menezes, Luciana Luz, Gonçalo Cavalcanti, Kleibson Gomes e Nerilin Trajano; pessoas que se fizeram presentes e que me forneceram grandes incentivos dentro da UFPE. Aos amigos do trabalho voluntário no NEMO – Núcleo de Estudos Mediúnicos e Orações, dentre os quais destaco Jorge Napoleão, Renata Cauponi, Ricardo e Simone Bastos, Antônio Henrique Oliveira, Katherine e Bruno Ribeiro, Ana Macene, Herzil Pires, Erick Migge, Arminda Gomes, além da espiritualidade amiga que sempre se faz presente nos momentos mais delicados de minha vida. Que Deus esteja sempre iluminando o caminho de todos. Não poderia me esquecer da própria UFPE, minha segunda casa por destino, e enquanto instituição, por ter sido o berço maior de minha educação. Lugar onde mais aprendi sobre o mundo científico e profissional e, principalmente, sobre a vida. Lugar que me proporciona todos os dias o prazer de sair de casa; onde pude encontrar os melhores laços de amizade que tenho até hoje. Finalmente, o maior e mais singelo agradecimento que devo é direcionado ao criador maior, o “Papai do Céu”. “A felicidade está na atividade.” Leonardo da Vinci Namastê! RESUMO A partir da percepção da necessidade de mudanças na gestão da Diretoria do CTG (centro acadêmico da UFPE, campus Recife, responsável pelo ensino e pesquisa nas áreas das engenharias e geociências), esta dissertação tem por objetivo propor um modelo de gestão organizacional baseado em BPM. A escolha desta abordagem deve-se ao fato de se ter comprovações de sucesso em sua aplicação no mercado de trabalho, considerando não só o ambiente privado como também o público. Acredita-se, portanto, que o presente modelo é capaz de incentivar uma cultura de melhoria contínua do gerenciamento dos processos internos, como também o fornecimento de maior efetividade na entrega dos resultados e o desenvolvimento de uma capacidade de resposta mais rápida. A pesquisa foi desenvolvida a partir da busca por referências teórico-conceituais adquiridas com um estudo exploratório; posteriormente, este estudo serviu de base para criar e apresentar o modelo destacando suas características principais, bem como uma forma sugestiva para sua implantação na Diretoria do CTG. Desta forma, obteve-se como conclusão que o amálgama entre o BPM Padrão e o BPM Social poderia ser aplicado e trazer vários benefícios para a organização, principalmente no auxílio para a gestão da mudança e para tornar os processos mais ágeis. Por fim, este trabalho apresenta as vantagens do modelo e as possíveis dificuldades diante da decisão de uma futura aplicação; também serão encontradas sugestões para pesquisas posteriores acerca do tema abordado. Palavras-chave: BPM. BPM Social. Modelo de gestão. Organização pública. ABSTRACT From the perception of the need for changes in the management at the Board of CTG (UFPE’s academic center, campus Recife, responsible for teaching and searching on engineering and geosciences fields), this master’s thesis is committed to propose an organizational management model based on BPM. The choice for this approach is due to the fact that there are evidences of success on its implementation in the labor market, considering not only the private environment as well as the public. It is believed, therefore, that this present model is able to encourage a culture concerned with the managerial continuous improvement of internal processes, and also the provision of greater effectiveness in delivering results and the development of a more rapid response capability. The research was developed from the search for theoretical and conceptual references acquired with an exploratory study; afterwards, this study served as the basis for creating and presenting the model highlighting its main features as well as a suggestive way for its implementation at the Board of CTG. Thus, it was obtained as a conclusion that the Standard BPM mixed with Social BPM could be applied and bring several benefits to the organization, especially by helping to manage changes and to make processes more agile. Finally, this paper presents the advantages of the model and possible difficulties before the decision of a future implementation; also, there will be found suggestions for further research about the addressed theme. Key words: BPM. Social BPM. Management model. Public organization. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1.1. Comparativo entre Ambientes do século XX e século XXI ................................................. 16 Ilustração 2.1. Visão Sistêmica dos Processos ........................................................................................... 25 Ilustração 2.2. Temas importantes do BPM ............................................................................................... 29 Ilustração 2.3. Seis Elementos Centrais do BPM ....................................................................................... 31 Ilustração 2.4. Ciclo de Vida de BPM - Processos com Comportamento Previsível ................................. 34 Ilustração 2.5. Ciclo de vida de BPM segundo Baldam ............................................................................. 35 Ilustração 2.6. Pirâmide da BPTrends Associates ..................................................................................... 41 Ilustração 2.7. Notação de Modelagem para Diferentes Consumidores .................................................... 48 Ilustração 2.8. Visão da Metodologia BSP ................................................................................................ 50 Ilustração 2.9. Identificação dos Processos de Negócio ............................................................................ 51 Ilustração 2.10. Exemplo do Escopo de Ciclo de Vida de BSP .................................................................. 52 Ilustração 2.11. Exemplo de tabela SIPOC ................................................................................................ 53 Ilustração 2.12. Exemplo de Service Blueprint .......................................................................................... 55 Ilustração 2.13. Exemplo de Mapa de Serviço .......................................................................................... 56 Ilustração 2.14. Exemplo do uso do BPMN ............................................................................................... 58 Ilustração 2.15. Elementos de um eEPC .................................................................................................... 60 Ilustração 2.16. Priorizando Processos para Análise ................................................................................ 62 Ilustração 2.17. O Continuum do BPM Social .......................................................................................... 69 Ilustração 2.18. Pré-requisitos dos ciclos de vida do BPM ágil ................................................................ 73 Ilustração 2.19. O Ciclo de Vida BPM e as Contribuições do BPM Social ............................................... 76 Ilustração 2.20. Comparação entre os ciclos de vida do BPM Padrão e o BPM Social............................ 79 Ilustração 2.21. Estereótipos de Raias e Piscinas para Atores Sociais no BPMN ..................................... 80 Ilustração 2.22. Notação para Representar as Atividades Sociais ............................................................ 81 Ilustração 2.23. Tarefas de BPMN Estereotipadas para Denotar Atividades Sociais ............................... 82 Ilustração 2.24. Tipos de Eventos de BPMN para Suportar Interações Sociais ........................................ 83 Ilustração 2.25. Padrão de Desenho para Votação ................................................................................... 83 Ilustração 3.1. Evolução do número de alunos matriculados no CTG entre 1990 e 2011 ......................... 88 Ilustração 3.2. Evolução do número de alunos diplomados entre 2000 a 2010......................................... 89 Ilustração 3.3. Modelo de Ciclo de Vida de BPM para a Diretoria do CTG ............................................. 92 Ilustração 3.4. Mapa Estratégico da UFPE ............................................................................................. 104 Ilustração 3.5. Definição de Processos da Diretoria do CTG ................................................................. 107 Ilustração 3.6. Exemplo de SIPOC para alguns Processos Referentes ao Recurso “Pessoas”..............110 Ilustração 3.7. Critérios para Priorização de Processos ......................................................................... 114 Ilustração 3.8. Modelagem do Processo Geral “Gerenciar Manutenção Predial” ................................. 122 Ilustração 3.9. Modelagem do Processo Geral “Gerenciar Compras” ................................................... 123 LISTA DE ABREVIATURAS ABPMP – Association of Business Process Management Professionals BPD – Business Process Diagram BPM – Business Process Management BPMI – Business Process Management Initiative BPMN – Business Process Modelling Notation BPMS – Business Process Modelling System BSP – Business System Planning CDSID – Centro de Desenvolvimento em Sistemas de Informação e Decisão CIn – Centro de Informática CTG – Centro de Tecnologia e Geociências EPC – Event-driven Process Chains ERP – Enterprise Resource Planning FCC – Fator Crítico de Sucesso FMW – Flexible Micro Workflow GAPE – Grupo de Apoio ao Planejamento Estratégico IFES – Instituições Federais de Ensino Superior MCDA – Multi-Criteria Decision Analysis MEC – Ministério da Educação OMG – Object Management Group PAI – Plano de Ação Institucional PCU – Prefeitura da Cidade Universitária PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional PEI – Planejamento Estratégico Institucional PES – Plano Estratégico Setorial PPC – Projeto Pedagógico de Curso PPI – Process Performance Indicators PROGEPE - Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida PROGEST - Pró-Reitoria de Gestão Administrativa PROPLAN - Pró-Reitoria de Planejamento, Orçamento e Finanças PROCIT - Pró-Reitoria de Comunicação, Informação e Tecnologia da Informação SeGIC – Secretaria de Gestão da Informação e Comunicação SI – Sistema de Informação SIPOC – Supplier, Input, Process, Output, Customer SPO – Superintendência de Projetos e Obras SWOT – Strength, Weakness, Opportunity, Threat TI – Tecnologia da Informação UFPE – Universidade Federal de Pernambuco UR – Universidade do Recife LISTA DE TABELAS Tabela 3.1. Evolução do número de vagas ofertadas por curso nos de 1990, 2008 e 2012 ....................... 87 Tabela 3.2. Estabelecimento das Constantes de Escala para os Critérios ............................................... 116 Tabela 3.3. Relação dos Quinze Processos Considerados Prioritários para o Decisor .......................... 117 Tabela 3.4. Relação dos Processos Prioritários e sua Relação com os Critérios Sociais ....................... 119 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 1.1. Objetivo do Trabalho ......................................................................................... 15 1.1.1. Objetivos Específicos ........................................................................................ 15 1.2. Justificativa e Relevância ................................................................................. 15 1.3. Instrumentos e Métodos de Pesquisa .......................................................... 19 1.4. Organização do Trabalho ................................................................................. 20 2. FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS ........... 23 2.1. A Gestão por Processos e o Pensamento Sistêmico .............................. 23 2.2. A Gestão de Processos de Negócios ........................................................... 26 2.3. O Ciclo de Vida do BPM ................................................................................... 33 2.4. A Gestão de Pessoas no BPM ........................................................................ 36 2.5. Planejamento de BPM e Estratégia da Organização ................................ 39 2.6. Mapeamento e Modelagem de Processos .................................................. 43 2.6.1. O Mapeamento de Processos com BSP e SIPOC ...................................... 49 2.6.2. Técnicas de Modelagem de Processos ........................................................ 53 2.7. A Priorização dos Processos com MCDA .................................................... 60 2.8. Controle do Desempenho de Processos...................................................... 62 2.9. A Extensão Social do BPM ............................................................................... 65 2.9.1. O BPMN Social .................................................................................................... 79 2.10. Visão Geral do Capítulo .................................................................................... 84 3. PROPOSIÇÃO E APLICAÇÃO DO MODELO ............................................... 85 3.1. Descrição da Organização ............................................................................... 85 3.2. Aspectos Gerais do Modelo............................................................................. 90 3.3. Proposição do Modelo ...................................................................................... 96 3.3.1. Etapa 1: Planejamento de BPM....................................................................... 96 3.3.2. Etapa 2: Modelagem e Melhoria dos Processos ........................................ 98 3.3.3. Etapa 3: Execução e Controle ......................................................................... 99 3.3.4. Etapa 4: Análise e Refinamento ................................................................... 100 3.4. Diferenciais do Modelo.................................................................................... 100 3.5. Aplicação do Modelo no CTG ........................................................................ 101 3.5.1. O Planejamento de BPM ............................................................................. 102 3.5.1.1. Análise do Ambiente e Definição de Diretrizes Estratégicas............ 102 3.5.1.2. Mapeamento dos Processos ..................................................................... 106 3.5.1.3. Alinhamento Estratégico ............................................................................ 110 3.5.1.3.1. Priorização dos Processos ........................................................................ 111 3.5.2. Modelagem e Melhoria dos Processos .................................................. 120 3.6. Vantagens do Modelo ................................................................................. 126 3.7. Possíveis Dificuldades ............................................................................... 128 3.8. Visão Geral do Capítulo .............................................................................. 130 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 132 4.1. Conclusões do Estudo ................................................................................ 132 4.2. Dificuldades Encontradas e/ou Limitações ........................................... 134 4.3. Sugestões para Trabalhos Futuros ......................................................... 135 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 136 APÊNDICES ................................................................................................... 143 APÊNDICE 1................................................................................................... 143 APÊNDICE 2................................................................................................... 147 Capítulo 1 Introdução 14 1. INTRODUÇÃO As universidades, de forma geral, estão inseridas num sistema globalizado não apenas como passivas a mudanças por conta do dinamismo de mercado que exige de qualquer organização uma readequação constante a novas realidades, mas também como agentes ativos uma vez que precisam acompanhar esse ritmo frenético de transições através de inovações na formação de profissionais que irão futuramente compor tal mercado globalizado. Oliveira, Kamimura e Tadeucci (2011) destacam que esta é a grande pressão que as universidades sofrem para acompanhar as mudanças externas, isto é, quando se considera que dentro delas existe a “função de intermediar o setor produtivo”, devendo manter-se sempre atualizadas. Diante desta situação ou pressão (como mencionado pelos autores), é perceptível a necessidade de mudanças também na forma de gestão interna para o devido acompanhamento das demandas externas e, principalmente, pelo fato de as universidades, quando públicas, estarem atreladas a procedimentos burocráticos que o Estado impõe através de normatizações que as tornam ainda mais complexas na forma de gestão. Como não poderia ser diferente, o CTG (Centro de Tecnologia e Geociências), um dos doze Centros Acadêmicos da UFPE, campus Recife, passa também por dificuldades dadas as suas limitações por estar dentro de um sistema mais complexo que é a própria universidade. A complexidade aqui entendida se explica tanto pelo vasto corpo legal e normativo ao qual se deve obediência, quanto pelo atual crescimento da organização em vários sentidos: quantidade de campi (atualmente, além do campus de Recife, existem mais dois – Centro Acadêmico de Vitória e o Centro Acadêmico de Caruaru), número de cursos de graduação, de pós-graduação, de discentes, de docentes, de técnicos administrativos, de cursos à distância, incentivos à internacionalização, dentre outras peculiaridades pelas quais a UFPE tem optado adquirir visto o anseio por melhorar sua posição no mercado enquanto uma das melhores instituições de ensino superior. Surge, portanto, a motivação em pensar como a gestão da Diretoria do CTG poderia se adaptar à nova realidade, observando as diversas formas de atender aos seus clientes interno e externo. Igualmente, surge neste ínterim a necessidade de pensar em como gerir as mudanças adequadas para as atuais conjunturas de seu ambiente. Capítulo 1 Introdução 15 1.1. Objetivo do Trabalho O objetivo desta dissertação é propor um modelo de gestão de processos de negócios que possa contribuir para que o atendimento às demandas institucionais da Diretoria do CTG se torne mais ágil, além de incentivar o apoio à melhoria contínua de seus processos internos, auxiliando no alcance de maior eficácia e efetividade em suas ações. 1.1.1. Objetivos Específicos Para alcançar o objetivo macro proposto para este trabalho, será necessário alcançar os objetivos específicos definidos a seguir: I. Estudar métodos de mapeamento, priorização e melhoria de processos que possam ser aplicáveis à realidade do CTG; II. Analisar o contexto e as diretrizes atuais da UFPE, para melhor entender de que forma a Diretoria do CTG poderá contribuir para a instituição através do novo modelo de gestão; III. Analisar as contribuições recentes da Diretoria do CTG para a UFPE, dentro das medidas tomadas nos últimos anos; IV. V. Conceber e detalhar o modelo proposto. Mapear os processos da Diretoria do CTG e realizar um estudo de como priorizá-los. 1.2. Justificativa e Relevância Este trabalho demonstra-se relevante não só pelo impacto que pode provocar na Escola de Engenharia da UFPE (CTG) com a possibilidade de implantação de um novo modelo de gestão, mas também pela inovação da proposta ao considerar, sobretudo, o ambiente universitário e suas dificuldades peculiares de mudanças culturais e administrativas. Scheer e Branbander (2013) nos trazem que a gestão com ênfase em processos pode ser essencial para trazer sucesso a longo prazo para uma organização, se baseada em estruturas flexíveis, receptíveis ao mercado e que, ao mesmo tempo, promovam Capítulo 1 Introdução 16 eficiência. Baldam, et al (2007) corroboram com os autores ao explicarem que o interesse em estudar e aplicar o BPM (Business Process Management) nas organizações ocorre pela sua contribuição para solucionar problemas organizacionais; problemas estes muitas vezes causados pela hipercompetitividade global, pelo crescimento da complexidade organizacional, pela maior exigência quanto à transparência dos negócios, e pelo maior uso das tecnologias nas organizações. Jesus e Macieira (2014), analisando o mercado, trazem o quadro comparativo a seguir demonstrando as diferenças entre o antigo e o novo ambiente dos negócios, com o intuito de facilitar o entendimento da nova realidade de gestão: Ilustração 1.1. Comparativo entre Ambientes do século XX e século XXI Antigo paradigma dos negócios Novo paradigma dos negócios Ambiente organizacional em que predomina a estabilidade. Competição restrita a poucas grandes empresas capazes de produzir em escala. As principais fontes de vantagem competitiva estão ligadas a fazer mais do mesmo de uma forma melhor (diferenciação) ou mais barata (custo). Valor criado unilateralmente pela organização a partir da execução de atividades sequenciais. Incerteza, dinamismo e flexibilidade passam a ser características predominantes. A competição passa a ser globalizada e mais acirrada. As principais fontes de vantagem competitiva estão ligadas a fazer coisas diferentes (inovação), de forma adaptável (flexibilidade). Valor cocriado a partir das interações com o cliente. Abordagem “de fora para dentro”, em que a experiência do cliente ganha importância. Lógica de especialização e padronização do Os melhores resultados são obtidos por meio da trabalho, e o aprimoramento contínuo é um delegação de autonomia para empregados cada diferencial competitivo importante. vez mais capacitados; flexibilidade é a chave para se manter competitivo. Funcionários valorizados por suas habilidades Colaboradores valorizados pelo seu capital físicas. Atuam como “engrenagens” de uma intelectual. Ênfase na gestão de conhecimento e máquina. competências. Fonte: adaptado de Jesus e Macieira, 2014, pág. 22. Diante desta nova realidade no ambiente de negócios, para Jesus e Macieira (2014), “a empresa que melhor gerenciar seus processos ofertará os melhores produtos e serviços – sejam eles mais baratos, sejam com maior diferenciação – e alcançará, portanto, crescimento e lucro”. Destaca-se que, apesar desta visão genuinamente empresarial, o BPM tem sido amplamente aplicado nas organizações públicas brasileiras, apresentando melhorias na gestão e no atendimento ao cidadão, fazendo desta característica o seu foco de atuação. Focando na eficácia da ferramenta em organizações públicas, Pina (2013) afirma que o BPM está em completo alinhamento com tais instituições ao perceber a exigência cada vez maior, advinda da democracia, em ter da administração pública uma postura Capítulo 1 Introdução 17 mais proativa – com padrões de desempenho, ética, transparência, dentre outras qualidades; isto é, percebe-se a tendência atual de as organizações públicas se interessarem em adequar sua forma de gestão ao BPM. Para corroborar o exposto acima, Macieira e Jesus (2013) afirmam que as iniciativas de implantação da ferramenta prometem ser promissoras, visto que muitas organizações brasileiras têm logrado sucesso com o tempo de execução, como mostra pesquisa realizada pelos autores com 317 organizações, em que a porcentagem de empresas que perceberam algum resultado com o uso do BPM subiu de 57% em 2009 para 70% em 2011. Para expressar em números um pouco dessa realidade no mercado, a Association of Business Process Management Professionals (2013) – ou Associação de Profissionais de Gerenciamento de Processos de Negócios (ABPMP) – realizou uma pesquisa nacional com 385 profissionais acerca da utilização do BPM nas organizações brasileiras, sendo que 68% deles representam empresas privadas, 26% organizações públicas, 5% empresas de economia mista e 1% ONGs ou OSCIPs. Dentre os resultados apresentados, 63% das organizações citadas acima entendem que o BPM é uma abordagem para melhoria e gestão do desempenho organizacional, e não apenas uma forma de documentar rotinas ou automatizar processos. Além disso, a pesquisa também nos mostra os principais resultados alcançados pelas organizações, sendo eles: a padronização dos processos, a documentação do conhecimento tácito, o aumento da eficiência dos processos, o aumento da qualidade de produtos e serviços, entre outros. A ABPMP (2013) também aponta os benefícios do BPM apresentando atributos que compõem quatro perspectivas chaves: organização, cliente, gerência e ator do processo. Dentro da perspectiva organização, os atributos destacados refletem mudança organizacional, definições claras de responsabilidades, melhoria da consistência e adequação da capacidade do negócio, gerenciamento do conhecimento, entre outros. Quanto a clientes, a ABPMP (2013) nos traz o impacto positivo com a transformação dos processos, maior controle do compromisso com os clientes, e a obtenção de colaboradores atendendo às expectativas das partes interessadas de forma mais satisfatória. A perspectiva de gerência reflete a facilitação de benchmarking, a melhoria de planejamento e projeções, otimização do desempenho, entre outros. Por fim, quanto aos atores de processo, têm-se benefícios voltados para uma melhor compreensão do Capítulo 1 Introdução 18 todo, uso de ferramentas apropriadas de trabalho, maior segurança e ciência sobre seus papéis, maior contribuição consequente para o trabalho. A UFPE tem reconhecido a eficiência da ferramenta através de ações específicas exercidas nos últimos anos no sentido de tentar implantar os conceitos do BPM em sua cultura organizacional. Cronologicamente, em 2012 houve o primeiro Seminário para sensibilização da comunidade acadêmica, proporcionando interações com profissionais referenciados no tema em questão e em sua aplicação no setor público. O movimento foi iniciado pela Secretaria de Gestão da Informação e Comunicação (SeGIC), que posteriormente foi transformada na Pró-Reitoria de Comunicação Informação e Tecnologia da Informação (PROCIT), fruto de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE), a Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN) e o Centro de Informática (CIn). Em seguida, outras iniciativas foram realizadas até o momento, tais como: a promoção de concurso público no ano de 2013 para contratação de técnicos em informática com foco na área de BPM; curso ministrado, também no ano de 2013, para capacitação de servidores públicos da UFPE em gestão de processos; e participações nos dois últimos anos em eventos como o BPM Day e o Seminário Internacional de BPM em Gestão Pública. Além destes destaques, durante o ano de 2015, a PROCIT tem contratado uma empresa de consultoria para dar apoio na gestão dos processos e na implantação da Unidade de Processos da UFPE. Percebe-se, no entanto, que a Diretoria do CTG, enquanto parte deste sistema maior, precisa começar a repensar a forma de gestão de seus próprios processos para atender de forma mais efetiva às atuais e futuras demandas. Como consequência, surge a necessidade de contemplar um modelo de gestão que se adeque, simultaneamente, às suas especificidades e às exigências da UFPE. Neste sentido, este trabalho se dedica a propor a implantação de um modelo de gestão de processos de negócios para a Diretoria do CTG de forma a tornar seus processos mais eficazes, efetivos e ágeis na geração de resultados. O BPM Social, como será visto no decorrer da pesquisa, é uma nova vertente que insere no BPM a extensão social dos processos, trazendo consigo inovação para a aplicação da ferramenta nas organizações, enfatizando o uso de tecnologias da informação para auxiliar na comunicação das pessoas através das mídias sociais, além Capítulo 1 Introdução 19 de agilizar o andamento dos processos e, consequentemente, a entrega de resultados coerentes. Desta forma, o BPM Social pode auxiliar na adaptação da Diretoria do CTG às mudanças que estão surgindo ao promover, principalmente, a interação entre as pessoas e dirimir a cultura individualista. Além disso, a ferramenta será capaz de promover o desenvolvimento da transparência organizacional, a disseminação do conhecimento ao passo que também diminui o engessamento burocrático determinado por leis, resoluções, entre outros documentos de cunho legal. 1.3. Instrumentos e Métodos de Pesquisa O desenvolvimento deste estudo iniciou-se com a realização de uma vasta revisão de literatura a respeito dos temas centrais apresentados, fato que caracterizou a pesquisa como exploratória. Prodanov e Freitas (2013) afirmam que a pesquisa exploratória é aquela que se encontra em fase preliminar com a finalidade de proporcionar maiores informações acerca de um determinado assunto, além de fixar objetivos e a formulação de hipóteses, ou até mesmo de descobrir um novo tipo de enfoque para o tema abordado. Os dados utilizados nesta pesquisa foram qualitativos, ou seja, representando “descrições de coisas sem a atribuição direta de números” (HAIR, BABIN, et al, 2005). Diante de tal definição, é possível afirmar que a pesquisa exploratória pode tanto assumir a forma de levantamento bibliográfico como de estudo de caso, consoante Hair, Babin, et al (2005). Seguindo esta linha, o presente trabalho realizou não só uma revisão de literatura pautada em artigos de periódicos como também em artigos publicados na internet, além de livros e da busca por estudos de caso; pois vale ressaltar que o tema de forma geral, principalmente o BPM Social, é bastante recente na literatura e ainda está sendo foco de pesquisa por muitos estudiosos. Outra forma utilizada para buscar conhecimento foi através da participação em congressos nacionais e palestras acerca do tema em questão. A proposição do modelo de gestão de processos de negócios foi pautada no procedimento técnico conhecido como estudo de caso único, focando num problema específico que se resume na realidade da Diretoria do CTG. Prodanov e Freitas (2013) explicam que o estudo de caso é normalmente utilizado quando se pretende trabalhar Capítulo 1 Introdução 20 com condições contextuais. Assim, na pesquisa realizada, buscou-se coletar informações acerca da UFPE e do próprio CTG para facilitar a identificação de quais métodos poderiam ser adaptados para, enfim, chegar à proposição de um modelo de BPM específico. Por conseguinte, a segunda etapa da metodologia empregada, que representa a proposição e aplicação sugestiva do referido modelo, foi detalhada até a fase de modelagem ilustrando como exemplo os fluxos de dois processos dentre todos os identificados na organização, sendo um representado com o BPMN Padrão e o outro com o BPMN Social. Ademais, nesta etapa, para ilustrar a priorização dos processos, utilizou-se um sistema para avaliar as preferências do Diretor do CTG perante os processos mapeados; em seguida, realizou-se uma entrevista não estruturada com o Diretor antecedente da mesma organização, que revelou sua impressão acerca do resultado que foi gerado pelo sistema. 1.4. Organização do Trabalho Esta dissertação está dividida em seis capítulos de acordo com a seguinte estrutura: Capítulo 1: aqui se encontra a introdução composta por uma breve descrição do problema abordado, pelos objetivos geral e específicos (ressaltando os elementos que serão explorados no decorrer do trabalho proposto), pela justificativa e relevância do objeto de pesquisa, pelos instrumentos e métodos de pesquisa utilizados, e pela estrutura pensada para a exposição do estudo. Destaca-se, neste capítulo, a observação tanto dos contextos da UFPE e do CTG, bem como os pontos que motivaram a decisão de propor um modelo de gestão por processos. Capítulo 2: este parte do trabalho apresentará os principais conceitos encontrados na literatura para nortear a futura proposição de um modelo de gestão para o CTG. Dentre os conceitos encontrados destacar-se-ão as características da gestão de processos de negócios bem como o pensamento sistêmico, o ciclo de vida BPM, a gestão de pessoas exercida no BPM, a importância do planejamento e da estratégia para implantar a ferramenta, o mapeamento e a modelagem de processos destacando a diferença entre ambos e Capítulo 1 Introdução 21 exemplificando técnicas de aplicação, a importância da priorização dos processos no BPM e o controle do desempenho da ferramenta no momento de execução. Em um momento posterior, será explorada a extensão social da gestão de processos de negócios através da apresentação de um novo modelo derivado do BPM Padrão, o BPM Social. Esta parte do texto se dedicará à descrição do funcionamento da ferramenta, à variação apresentada pela literatura para a formação de um ciclo de vida próprio, à atuação de softwares sociais para o seu desempenho efetivo, e também à comparação entre as duas modalidades de BPM. Em seguida, será encontrada a parte mais técnica do BPM Social, com a apresentação dos detalhes da notação idealizada para a implantação da ferramenta. Capítulo 3: este capítulo se compromete em detalhar cinco pontos centrais, são eles: a descrição sucinta do ambiente da organização, a apresentação do modelo, a aplicação deste na Diretoria do CTG, suas vantagens e, por fim, as possíveis dificuldades diante de uma futura implantação. O primeiro ponto (descrição do ambiente organizacional) destacará tanto o contexto da UFPE como do CTG, enquanto Centro Acadêmico da instituição, campus Recife. O segundo ponto foca na proposição de um modelo de gestão por processo para a Diretoria do CTG, baseando-se na literatura estudada no capítulo anterior. De acordo com a proposta, serão apresentadas as diretrizes gerais do modelo, além das quatro etapas macro que o compõem e suas fases internas respectivamente. O terceiro ponto, que se refere à sugestão de como poderia ser implantado, é apresentado de forma limitada uma vez que foram encontradas barreiras pontuais que não permitiram o seu avanço; portanto, sua aplicação será exposta de maneira parcial, abordando mais detalhadamente as duas primeiras etapas do modelo. O quarto e quinto pontos se referem aos resultados que são esperados, explorando tanto as vantagens identificadas no modelo como também as principais dificuldades que poderiam ser encontradas no momento de implantação; além disso, serão destacadas alternativas capazes de auxiliar na superação de tais barreiras. Capítulo 4: seu objetivo é apresentar uma síntese conclusiva a partir da análise dos capítulos anteriores. Neste momento do texto também será encontrada a discussão do atendimento às proposições feitas nos objetivos específicos desta Capítulo 1 Introdução 22 dissertação, além das limitações que surdiram durante a elaboração da pesquisa. Também haverá o comprometimento com a apresentação das recomendações para futuro aprofundamento empírico e científico, objetivando enriquecer e complementar o presente modelo. Por fim, teremos as referências bibliográficas que representam as fontes utilizadas para compor a pesquisa e, seguidos a estas, estará o apêndice que será mencionado no decorrer do texto. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 23 2. FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS O modelo proposto será baseado nos preceitos da gestão de processos de negócios, apresenta uma literatura vasta o que tornou necessária a escolha de determinados pontos específicos para compor este estudo, levando em consideração o contexto do CTG na UFPE. Tal variedade de vertentes advém da evolução da tecnologia da informação, das diversas formas de comunicação, dos fenômenos da globalização e da consequente necessidade de redução dos tempos dos processos organizacionais que, cada vez menos, tem contribuído para que as organizações mantenham uma visão mecanicista (SORDI, 2008). Destarte, este capítulo norteará o sentido da gestão por processo focando nos seguintes conceitos: o pensamento sistêmico que embasa a gestão de processos de negócios, apresentando a diferença entre a gestão de processos e a gestão por processos; origem, definição, principais características, princípios e riscos da ferramenta; o ciclo de vida do BPM; a importância das pessoas para a Gestão por Processos; o desenvolvimento do planejamento e a importância da estratégia para gestão de processos de negócios; o mapeamento e a modelagem dos processos; a necessidade de priorização dos processos antes da execução pretendida e, por último, a importância do controle e do acompanhamento de tais processos. 2.1. A Gestão por Processos e o Pensamento Sistêmico Para melhor compreender o significado do termo “gestão de processos de negócio”, faz-se necessário expor primeiramente a definição do que seria “processo”, e a diferenciação entre os termos “gestão de processos” e “gestão por processos”. O entendimento dessa distinção torna-se importante quando se pretende analisar a organização e suas especificidades no intuito de melhorar a forma de gestão, de acordo com as demandas atuais e as possíveis de surgimento futuro. O fluxo pelo qual tarefas são executadas (com a utilização de recursos específicos) dá origem ao que se denomina processo. Teixeira (2013), Espinosa e López (2013) definem o termo “processo” de forma genérica afirmando que seria o conjunto Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 24 de uma ou mais atividades que se interligam e agregam valor ao processo almejando um resultado comum. Almeida (2002, p. 27) define processo como “a sequência de atividades que transforma insumos em produtos finais ou serviços, de muito maior valor para o cliente final”. Em outras palavras, trata-se de atividades inter-relacionadas pelos recursos empregados que podem ser: a articulação de pessoas, as instalações, os equipamentos, entre outros, de forma a agregar valor ao produto ou serviço. Segatto, Dallavalle e Martinelli (2013) afirmam que há várias formas de definir o termo processos; contudo, a mais utilizada o retrata como um conjunto de atividades organizadas para transformar recursos de entrada em recursos de saída (ou seja, resultados). Sordi (2008) apresenta a diferenciação dos termos “gestão por processo” e “gestão de processos” de maneira detalhada, ressaltando as características que mais os distinguem como: alocação de pessoas, autonomia operacional, avaliação de desempenho, cadeia de comando, capacitação de indivíduos, escala de valores da organização, estrutura organizacional, entre outros. Para o conceito de “gestão de processos”, o autor afirma que o seu entendimento mais comumente é o de engenharia operacional como um processo mecanicista, considerando a gestão de processos pontuais nas unidades organizacionais com suas operações e fluxos de trabalhos; focando, desta forma, na eficiência organizacional. Alguns dos benefícios da “gestão de processos” são: redução de tempos de ciclos dos processos; diminuição de custos; melhoria da eficiência interna; melhoria da qualidade do trabalho; entre outros. Por sua vez, Sordi (2008) também explica que a “gestão por processo” tem um sentido mais amplo que o termo citado anteriormente; trata-se de uma abordagem administrativa para gerenciamento sistemático de uma estrutura orientada a processos, com foco na eficácia e na efetividade da organização como um todo. Assim, a gestão da organização é estruturada em função dos processos trazendo uma perspectiva mais sistêmica ao negócio e apresentando uma visão horizontal das atividades. Corroborando com as ideias de Sordi (2008), Netto (2008) define a gestão por processos como: “O enfoque sistêmico de projetar e melhorar continuamente os processos organizacionais, por pessoas potencializadas e trabalhando em equipe, combinando capacidades tecnológicas emergentes e sob uma postura filosófica Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 25 para a qualidade, objetivando a entrega de valor ao cliente” (NETTO, 2008, pág. 27). Diante do conceito exposto, percebe-se a presença forte de uma ideia voltada para o conceito de “visão/perspectiva sistêmica” na “gestão por processo”. Segatto, Dallavalle e Martinelli (2013) afirmam que a abordagem sistêmica estuda como o objeto interage com os outros elementos do sistema ao qual pertence. Neste sentido, considerase o todo e sua relação com cada uma das partes. Assim, os autores explicam que as organizações são complexas e os fenômenos que surgem são inter-relacionados; desta forma, para entender melhor a realidade, recorre-se à abordagem sistêmica como uma forma alternativa de lidar com tal complexidade e de responder às demandas do ambiente. Para exemplificar, é importante destacar a ilustração 2.1, trazida por Baldam, et al (2009) mostrando um esquema geral de como funciona a gestão de processos nas organizações, apresentando os itens normalmente considerados como entradas, saídas, recursos a serem transformados e as influências externas (mercado, estruturas políticas e jurídicas, criação tecnológica e esfera doméstica e cultural). Os autores explicam que essas influências podem alterar a maneira como se comporta o processo e até mesmo o resultado gerado (produto da organização). Ilustração 2.1. Visão Sistêmica dos Processos Fonte: Baldam, et al. (2009, pág. 21) Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 26 Neste ínterim, é possível inferir que o entendimento da abordagem sistêmica é fundamental para esclarecer os propósitos do BPM. Corroborando o exposto, Hammer (2013, pág. 5) reconhece que o BPM é “um sistema integrado de gestão de desempenho de negócios voltado para a gestão de processos de negócios ponta a ponta”. Segatto, Dallavalle e Martinelli (2013) compartilham da mesma visão ao afirmarem que a visão holística é importante para lidar com processos de negócios sensíveis a dimensões específicas da organização, tais como governança, cultura, mudanças organizacionais, entre outros. 2.2. A Gestão de Processos de Negócios A concepção do termo “gestão de processos de negócios” (ou BPM, do inglês Business Process Management) é explicada por Hammer (2013) como sendo originada da fusão de duas abordagens com foco na melhoria de desempenho: a primeira seria o controle estatístico de processos, cujo objetivo é diminuir a variabilidade da execução do trabalho por meio da medição dos resultados das ações e do uso de técnicas estatísticas com o intuito de isolar os pontos que estariam fora da margem de desempenho desejado; e a segunda seria a reengenharia de processos de negócios apresentando como ponto positivo a visão aprimorada do que seria o processo, com “um trabalho ponta a ponta que atravessa uma empresa para criar valor para o cliente” (HAMMER, 2013, pág. 4), e como lado negativo o fato de ser uma iniciativa ocasional e de não prezar pela melhoria contínua dos processos. Jesus e Macieira (2014) explicam a origem do BPM com mais detalhes. Para os autores, foram diversas as disciplinas que contribuíram para sua formação, sendo destacadas: o Controle e Gestão da Qualidade Total (TQC/TQM), o Sistema Toyota de Produção, a Reengenharia (conforme explicado acima), a abordagem Seis Sigma, o Balance Scorecard (BSC), e avanços diversos na Tecnologia da Informação, com o objetivo de otimizar as rotinas de trabalho. Segatto, Dallavalle e Martinelli (2013) afirmam que o BPM é uma disciplina que foca na gestão de processos organizacionais (gestão por processos), buscando a melhoria contínua através de um feedback cíclico que esclarece tanto o alinhamento dos processos com as estratégias organizacionais, como também o alcance do desempenho esperado. Trata-se de uma abordagem horizontal preocupada com a satisfação dos Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 27 clientes sendo, para tanto, necessário entender o ambiente do negócio, a cultura organizacional e o seu contexto particular, os custos do processo, o envolvimento humano, os controles, entre outros. Suscintamente, Jesus e Macieira (2014) apontam as principais características da abordagem do BPM: Busca por um maior alinhamento estratégico, contando com esforços de melhoria de processos principalmente no nível tático, definindo a implantação de tecnologias de apoio no nível operacional; Enfoque sistêmico e integrado com outros sistemas de gestão; Utilização do pensamento “de fora para dentro” priorizando as necessidades dos clientes e no que é entendido como geração de valor para estes; Maior foco tecnológico com a evolução de sistemas de BPM. Similarmente à intenção de Jesus e Macieira (2014) em caracterizar o BPM, Armistead, Pritchard e Machin (1999) identificam sete temas associados à ferramenta, considerando pesquisas anteriores realizadas por eles. Seguem os referidos temas: 1. Escolha estratégica e direção – os autores explicam que há duas visões relevantes no contexto do BPM para a abordagem de gestão estratégica: a primeira se refere à noção de trade-offs estratégicos reconhecendo que uma organização não pode fazer tudo, isto é, há situações em que é preciso fazer escolhas diante de duas ou mais opções; a segunda acredita que as organizações são feitas de recursos que lidam com o desenvolvimento de competências que são únicas para a organização, e dão vantagem aos competidores no mesmo mercado. Desta forma, os autores explicam que a presença ou ausência de competências terá efeito nos trade-offs estratégicos. 2. Desenho da organização – a estrutura de uma organização não pode ser vista como isolada daqueles com os quais ela se relaciona. Entre organizações, o alinhamento de processos e o intercâmbio de pessoas, materiais e informação são mais livres. Neste caso, a abordagem do BPM deve facilitar a tomada de decisão sobre a adequação de estruturas organizacionais para enquadrar as situações de mudança. 3. Maximização da cadeia de valor do mercado – trata-se dos processos principais que representam a organização. Os autores explicam que eles capturam as atividades que começam e terminam em uma organização, e segue interligando Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 28 com as outras formando uma cadeia de valor. Essa cadeia de valor de mercado reforça a visão baseada em recursos da organização pelo fato de forçar a identificação de processos principais nos quais as competências mais importantes estão embutidas e nos quais tais competências devem ser desenvolvidas. 4. Gestão da performance – entende-se que indicadores do desempenho organizacional podem ser perigosos se um número de stakeholders tiver de ser abordados. Os autores defendem a ideia de que as medições a um nível corporativo devem agir de forma a direcionar um subconjunto de processos; assim, o BPM é uma ferramenta capaz de fornecer essa arquitetura de mensurações para essa atividade. 5. Coordenação organizacional: trata-se da coordenação entre estratégia e tarefa. Pode-se ter noção disto em processos de negócios principais tais como as cadeias de suprimento. Os autores afirmam que a coordenação começa com o dono do processo; contudo, em algumas empresas, eles descobriram que os donos dos processos ficam voltados para processos considerados mais importantes. 6. Aprendizado organizacional e gestão do conhecimento: o BPM fornece uma estrutura para o aprendizado organizacional e para a gestão do conhecimento. Os autores explicam que o conhecimento pode ser tanto explícito quanto tácito. Assim, os indivíduos são considerados agentes primários na criação do conhecimento e, no caso do conhecimento tácito, são os receptores do conhecimento. A tomada de decisão e a gestão do conhecimento são facilitadas por mudanças no desenho organizacional que reduzem a hierarquia e colocam a responsabilidade mais perto da equipe operacional e não dentro dela especificamente. Neste contexto, entende-se que o uso do aprendizado organizacional e da gestão do conhecimento em BPM pode ser útil para o futuro como “uma chave para inovação”. 7. Cultura: para os autores, a cultura organizacional modela a maneira como o BPM deve funcionar. Isso envolve o trabalho das pessoas e o seu comprometimento, difusão de valores, definição de propósitos, entre outros aspectos. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 29 Consoante Armistead, Pritchard e Machin (1999), a figura abaixo demonstra o relacionamento entre os temas considerados por eles como importantes para serem ligados ao BPM. Percebe-se, portanto, que para os autores a cultura é a base que se comunica com todos os outros temas, aparecendo em destaque. Ilustração 2.2. Temas importantes do BPM Fonte: ARMISTEAD, PRITCHARD e MACHIN (1999). Complementarmente ao exposto pelos autores acima citados, Brocke (2013) apresenta dez princípios para o BPM com base em experiências anteriores. Trata-se de uma forma de contribuir para a literatura no sentido de nortear o desenvolvimento da implantação da metodologia. São eles: 1. Finalidade – significa que o BPM não deve existir na organização somente pelo fato de existir, deve-se preocupar com o seu propósito. No caso de organizações públicas, o autor explica que sua finalidade se resume no valor para a sociedade, dando voz à população com meios para que esta manifeste seus anseios, suas expectativas com relação ao Estado. 2. Holismo – entende-se que o BPM não deve ter um foco isolado em seu contexto, e sim inclusivo. Para se tratar de questões pontuais, deve-se ter visão global ou sistêmica (como discutido anteriormente). 3. Continuidade – O BPM deve ser uma prática contínua na organização, e não um projeto apenas; ou seja, deve sempre haver a preocupação com a melhoria contínua dos processos. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 30 4. Institucionalização – significa que o BPM deve ser algo incorporado na organização. Portanto, o autor recomenda a implantação de um escritório de processos como uma forma de institucionalizar a ferramenta. 5. Habilitação – as pessoas não devem se limitar a combater incêndios, é preciso que as organizações desenvolvam nas pessoas a habilidade de lidar com a ferramenta. 6. Consciência do contexto – este princípio ressalta que o BPM não é como uma “receita de bolo”. Deve-se, portanto, respeitar as diferenças, os contextos e a cultura de cada organização. 7. Envolvimento – trata-se de manter o foco na interação de todas as partes interessadas para que o BPM seja bem sucedido em sua implantação. 8. Entendimento comum – deve-se evitar termos técnicos para mensagens importantes para toda a organização. Trata-se da integração semântica que será explicada por Bruno, Dengler, et al (2011) mais adiante neste texto. 9. Apropriação da tecnologia – deve-se focar no uso oportuno da tecnologia para gerenciar a transformação organizacional necessária, contando com a ajuda de pessoas talentosas para tanto. 10. Simplicidade – tentativa de prezar para que o BPM não seja complexo, mas que facilite a realização dos serviços da organização. O autor explica que há várias formas simples de melhorar os processos. Além desses princípios, Rosemann e Brocke (2013) afirmam que o BPM possui seis elementos centrais que representam fatores críticos de sucesso para a implantação da ferramenta, e que mais cedo ou mais tarde precisam ser considerados na gestão. A ilustração 2.3 a seguir apresenta os seis elementos idealizados pelos autores, com suas respectivas áreas de competência: Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 31 Ilustração 2.3. Seis Elementos Centrais do BPM Fonte: ROSEMANN, BROCKE (2013, pág. 112). Percebe-se que os seis elementos centrais são acompanhados por cinco áreas de competência, cada uma representando um nível de detalhamento maior. O alinhamento estratégico, por exemplo, é descrito por Rosemann e Brocke (2013) como “uma interligação estreita entre as prioridades organizacionais e os processos empresariais que possibilitam ações contínuas e eficazes em prol da melhoria de desempenho dos negócios”. A governança, no entanto, refere-se à responsabilização transparente com relação a papéis nos diferentes níveis de BPM (portfólio, programa, projeto e operações), além de padrões de gestão de processos bem definidos e documentados, controles de gestão, entre outras características. A palavra método é definida pelos autores como sendo “um conjunto de ferramentas e técnicas que apoiam e possibilitam atividades ao longo do ciclo de vida do processo e iniciativas de BPM que abrangem a empresa como um todo”, como exemplo, destacam-se os métodos utilizados para modelagem de processos. Com relação à tecnologia da informação, Rosemann e Brocke (2013) destacam a importância desta para dar suporte à ferramenta com a utilização de softwares apropriados. O elemento pessoas é considerado central do BPM sendo composto por indivíduos que aprimoram e aplicam continuamente conhecimentos e habilidades para melhorar o desempenho do negócio. Já a cultura incorpora os valores e as crenças Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 32 coletivas da organização, tendo um grande impacto no desempenho desta. Está relacionada à criação de um ambiente facilitador das diversas iniciativas de BPM; contudo, os autores destacam que o impacto de ações relacionadas à cultura tende a ter um horizonte mais longo para concretização do que as atividades dos outros elementos. Para Rosemann e Brocke (2013), a organização deve se preocupar com todas essas áreas igualmente para que habilite a melhoria em seus processos e, consequentemente, haja um impacto na produtividade criando valor de BPM para a estratégia da organização. Quanto à classificação dos processos, existem, na literatura, diversas vertentes para explicar os tipos de processos; porém, todas apresentando a mesma essência quanto ao funcionamento. Portanto, decidiu-se por expor a seguir a classificação determinada pela ABPMP (2013): Processos primários (ou essenciais) – são aqueles que representam o fluxo que ocorre “ponta-a-ponta”, ou seja, vão desde o início do processo até a entrega das atividades essenciais (finalísticas) de uma organização com o objetivo de atender a sua estratégia e de agregar valor para o cliente final. Assim, os processos primários podem fluir entre departamentos ou setores da organização (característica interfuncional), como também podem envolver outras organizações para promover a visão ponta-a-ponta do negócio. Processos de suporte – como indica o próprio nome, são processos que dão suporte aos primários, normalmente através do gerenciamento de recursos e/ou infraestrutura. A ABPMP (2013) explica que o grande diferencial deste para o anterior é que não geram valor de forma direta para o cliente, contudo, isto não diminui sua importância para a estratégia de qualquer organização. Também podem envolver equipes interfuncionais. Processos de gerenciamento – são processos que focam na medição, monitoramento e controle de atividades. O objetivo deles é assegurar que os processos primários e de suporte atinjam suas metas pré-definidas para garantirem a eficiência e a efetividade dos processos. Para melhor frisar a importância da gestão de processos de negócios, destaca-se a comparação feita entre processos e funções por Segatto, Dallavalle e Martinelli (2013). Os autores afirmam que os processos são focados no resultado final, enquanto que as funções são focadas nas tarefas individuais. Citando Zairi (1997), os autores demonstram que a abordagem funcional cria barreiras podendo impedir o atendimento Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 33 satisfatório das necessidades dos clientes. Assim, os autores explicam que é possível encontrar problemas quando se divide os processos em atividades para departamentos específicos, reduzindo, assim, o desempenho global com a falta de gerenciamento das relações entre tais departamentos, podendo gerar conflitos devido a interesses opostos entre eles. Baldam, et al (2007) compara a visão departamental (funcional) e a visão de processos deixando claro que a última foca no que precisa ser feito e no como se deve proceder para realizar, ou seja, as funções não são definidas exclusivamente em função dos departamentos – preocupa-se primeiramente com as atividades que irão agregar valor à organização sem se preocupar inicialmente com o departamento responsável pela execução. Bruno, Dengler, et al (2011) identificam alguns riscos na metodologia BPM como, por exemplo, a falta do uso de uma linguagem compreensível para todos os interessados no processo, pelo fato de poder atrasar as possíveis reações a eventos externos. Essa falta de comunicação clara reflete o oitavo princípio destacado por Brocke (2013) que é o entendimento comum entre os envolvidos. Tanto os autores quanto Netto (2008) ainda comentam que outro detalhe a ser levado em consideração é a falta de uma visão estratégica que também pode ser vista como um risco inerente ao processo. Outros pontos também são destacados por Netto (2008) como sendo arriscados para a Gestão por Processos; argumenta o autor que apenas o mapeamento dos processos não é suficiente para obter uma melhoria de fato na gestão se não houver mudança organizacional. Netto (2008) também destaca os riscos que existem diante da falta de liderança e de metodologia na implantação da ferramenta. 2.3. O Ciclo de Vida do BPM Considerando o gerenciamento de processos de negócios como uma ferramenta de gestão, é cabível destacar a necessidade de utilizar um método como forma de fornecer um horizonte para guiar o passo a passo a ser seguido no momento de implantação e manutenção da ferramenta. Trata-se de uma forma de sustentar o desejo de se obter os benefícios da gestão por processos e a consequente maximização de resultados com o tempo de maturidade. É a partir deste objetivo que se encontra na literatura o ciclo de gerenciamento do BPM ou, como é também comumentemente Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 34 conhecido, o Ciclo de Vida do BPM, representando sumariamente a interatividade de atividades sequenciais e/ou paralelas que incluem: modelagem, análise, desenho, medição de desempenho, e transformação de processos (ABPMP, 2013). A ABPMP (2013, pág.52) infere que o BPM “implica num comprometimento permanente e contínuo da organização para o gerenciamento de seus processos”, envolvendo um ciclo de feedback sem fim para assegurar que os processos estejam alinhados com a estratégia definida. Para Jesus e Macieira (2014), a visão do gerenciamento do ciclo de vida dos processos enfatiza a execução e a otimização do dia a dia dos processos, acompanhando e aprimorando sistematicamente a partir dos requisitos dos clientes. Jesus e Macieira (2014) entendem que os propósitos usuais da gestão do ciclo de vida de BPM são: (1) uniformizar o entendimento sobre o funcionamento de um processo ponta a ponta para a organização, (2) facilitar a resolução de problemas ou a identificação de pontos críticos através da análise do processo com foco no cliente, (3) aumentar a eficiência e a eficácia através de esforços voltados para melhorias, e (4) monitorar continuamente o desempenho do processo, ao passo que se identifica os defeitos e as oportunidades de melhoria. Assim, os autores entendem que o gerenciamento do ciclo de vida de BPM é uma abordagem de nível tático. A figura a seguir demonstra a visão da ABPMP (2013) para um ciclo de vida típico de processos previsíveis. Ilustração 2.4. Ciclo de Vida de BPM - Processos com Comportamento Previsível Fonte: ABPMP (2013, pág. 52) Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 35 Contudo, destaca-se que o ciclo de vida de BPM apresentado acima não é prescritivo; pois, segundo a ABPMP (2013), esta não é a ideia pretendida. Todavia, a Associação de Profissionais de Gerenciamento de Processos de Negócios ressalta que, independentemente do número de fases em um ciclo de vida de processos, a maioria deles pode ser mapeados de acordo com o ciclo básico conhecido por PDCA (Planejar, Fazer, Checar, Agir)1, servindo apenas de base para o Ciclo de Vida em foco ao ofertar um norte para proceder com o passo a passo pensado. Baldam, et al (2007) afirmam que é possível encontrar na literatura vários outros Ciclos de Vida com o intuito de nortear o gerenciamento dos processos nas organizações; alguns se apresentam de forma cíclica (como o da ABPMP) contendo ações que se repetem ao longo do tempo; porém, nenhum pode representar a realidade fielmente. A ilustração 2.5 retrata o modelo proposto pelos autores diante de pesquisas e experiências anteriores. Ilustração 2.5. Ciclo de vida de BPM segundo Baldam Fonte: Baldam, et al (2007, pág. 56). 1 O PDCA (Plan, Do, Check, Act) que, traduzindo, significa “Planejar, Fazer, Checar/Controlar e Agir”, é um método de melhoria contínua idealizado por Walter A. Shewart na década de 30, tendo uma maior divulgação por William Eduard Deming na década de 50. Trata-se de uma ferramenta de Gestão da Qualidade muito utilizada para identificar problemas diversos e provocar reflexão acerca de como solucioná-los continuamente. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 36 Segundo os autores, a fase de planejamento é responsável pela definição das atividades do BPM que serão desenvolvidas para alcançar as metas organizacionais. A fase de modelagem e otimização de processos permite ter acesso aos processos em seu momento atual (As Is) e sobre como a organização pretende que estes se tornem (To Be), além do emprego de metodologias para melhorar tais processos e documentá-los, entre outras atividades. A fase de execução dos processos garante a implementação em si, com treinamentos, ajustes de tecnologia e softwares. A última fase, a de controle e análise de dados, gera informações através de indicadores que posteriormente irão alimentar o replanejamento otimizando os processos de forma cíclica. Contudo, Baldam, et al (2007) destacam que este modelo serve apenas como uma orientação para efetivar a prática planejada, pois são as pessoas que operam a ferramenta que podem fazer toda uma diferença na sua aplicação. 2.4. A Gestão de Pessoas no BPM Considerando que a abordagem BPM afeta todos os aspectos organizacionais, é cabível também afirmar que promove esforços cooperativos assim como deve envolver toda a equipe de trabalho. Sordi (2008) argumenta que uma organização que utiliza esta abordagem como seu norte orientador tende a visualizar as pessoas como se estivessem vinculadas aos processos em si, e não às unidades organizacionais separadamente. Brocke (2013) apresenta uma opinião semelhante, contudo demonstrando um maior foco nas pessoas ao afirmar que estas devem ser o centro do BPM para gerar integração, ou seja, devem estar comprometidas para que o sentimento de mudança nasça dentro delas e não no processo. O autor ainda ressalta que os métodos de tecnologia da informação não funcionam sozinhos na implantação do BPM, sendo necessário, de fato, o envolvimento das pessoas. Analisando a gestão de pessoas para a aplicação da ferramenta em estudo, Sordi (2008) argumenta que pouco se sabe sobre quais seriam as melhores práticas de gerenciamento de equipes. Contudo, para despertar o sentimento de responsabilidade e comprometimento na equipe de gestão, o autor recomenda que as pessoas adquiram uma visão bastante clara de seu trabalho. Rotondaro (2008) corrobora com esta visão, inclusive inferindo que também é necessário informar o que se espera das pessoas em suas funções. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 37 Baldam, et al (2007) afirmam que a composição da equipe de BPM varia muito de acordo com as políticas adotadas por cada organização; contudo, geralmente, percebe-se que a gestão por processos acaba assumindo uma atividade de suporte e apresentando uma estrutura matricial. Assim, baseando-se em experiências anteriores, os autores sugerem os seguintes papéis para aqueles que comporiam a equipe de processos: Dono do processo – seria o responsável pelo alinhamento do processo às diretrizes estabelecidas pela organização, incluindo a institucionalização de metas, resultados esperados e análise de riscos inerentes aos processos. Baldam, et al (2007) inferem, inclusive, que este papel deve ser ocupado por alguém da alta administração. Por isso, Sordi (2008) destaca que este ator ocupa um papel considerado perene, uma vez que os processos necessitam evoluir para atender às demandas de mercado e o dono do processo é responsável por direcionar os trabalhos. Jesus e Macieira (2014) denominam o “dono do processo” como “gestor de processo”, e afirmam que este tem como objetivo maior aumentar e sustentar o desempenho do processo, sendo o seu papel não de executor, mas de acompanhar e direcionar a execução. Gestor do processo – para Baldam, et al (2007, pág. 59), é o “responsável pela implementação e melhoria contínua do processo, desdobrando as metas em itens de controles e definindo ações de melhoria”. Líder do processo – escalado para auxiliar em trabalhos específicos do processo. Gerentes de departamento – são os responsáveis pelo sucesso do projeto, coordenam recursos e comunicam o progresso do projeto ao dono do processo. Especialistas no tema – aqueles que obtêm o know-how acerca do projeto, focados em novas maneiras de atingir a eficiência e eficácia operacional. Equipe de tecnologia da informação – são os responsáveis pelas informações da infraestrutura disponível para dar soluções aos projetos correntes. Diferentemente de Baldam, et al (2007), Rotondaro (2008) apresenta três níveis para estruturação da direção de gestão por processos: 1º nível – equipe gestora de processos: seria um comitê de direção responsável pelos processos-chaves. Também define os objetivos estratégicos e os processos considerados como prioritários; Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 38 2º nível – coordenador do processo: é designado pela equipe gestora de processos no primeiro nível e se responsabiliza pelo controle e melhoria de um processo definido como prioritário. Rotondaro (2008) argumenta que este ator deve ter competência, autoridade e capacidade de negociação para trabalhar com os diversos setores da organização. Sordi (2008) acrescenta que esse ator deve ter um bom relacionamento com as áreas funcionais, manter uma comunicação efetiva com a equipe, ter grande capacidade de coordenação para harmonizar equipes e domínio do funcionamento dos processos. 3º nível – responsável pelo subprocesso: responde ao coordenador de processo e se responsabiliza pela melhoria e supervisão de um subprocesso prioritário. Destaca-se também que a gestão de pessoas no BPM não engloba somente a definição de papéis e responsabilidades. Sordi (2008) lembra a importância de algumas características-chaves e as recomenda como sendo norteadoras para o gerenciamento de equipes no BPM. São elas: Comunicação eficaz – esta poderia ser representada por meios tecnológicos simples e fáceis que pudessem promover maior interação entre os membros das equipes; como também poderia ser realizada por encontros presenciais quando necessários por tomarem muito tempo. Orientação da equipe – trata-se de orientar as equipes com diretrizes, reforçando os objetivos, os princípios, os valores e as atitudes. No caso de ambientes onde as equipes trabalham em turnos diferentes ou estão lotadas em lugares distintos, torna-se fundamental o uso de sistemas de informação para gerar interatividade e melhorar as orientações. Senso de equipe – refere-se ao auxílio à criação de identidade do grupo. Esperase que os participantes entendam os objetivos do processo como seus próprios objetivos profissionais. Rosemann e Brocke (2013) afirmam que a colaboração e a comunicação são características do BPM que consideram quais indivíduos e grupos trabalham em conjunto, o que inclui a avaliação de padrões de comunicação entre as partes interessadas e a maneira pelo qual o conhecimento do processo é gerado, explorado e disseminado. Percebe-se aqui, não só uma preocupação com as pessoas em si, mas também com a maneira como elas lidam com o know-how que vão adquirindo para gerar valor para a organização. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 39 Diante do exposto, percebe-se o quão importante se torna o comprometimento das pessoas no processo de implantação e manutenção do BPM numa determinada organização. Netto (2008), por exemplo, defende que as políticas e as práticas de recursos humanos devem ocorrer simultaneamente à mudança proposta com a ferramenta, e não prévia ou posteriormente a esta; justificando o risco de insucesso que a organização poderia ter sem o envolvimento das pessoas certas e da alta administração na implantação do BPM. Rotondaro (2008) acrescenta outro ponto importante que é o reconhecimento do esforço das pessoas envolvidas através de uma remuneração adequada e atrelada ao cumprimento de metas. 2.5. Planejamento de BPM e Estratégia da Organização De acordo com Baldam, et al (2007), a fase de planejamento do BPM apresenta várias etapas a serem desempenhadas, tais como: definição de processoschaves; levantamento de principais pontos fracos, identificação de oportunidades para o negócio, preparação da visão global dos processos, priorização de processos para estudos de melhoria, indicação de diretrizes e especificações básicas de planejamento, planejar e controlar as tarefas necessárias à implantação. A ABPMP (2014) parte da mesma ideia ao afirmar que o planejamento do BPM lida com o propósito de ser do negócio e se preocupa com a geração de valor para o cliente. Há, portanto, a identificaçao e o relacionamento de componentes como visão, missão, objetivos e estratégias, produtos e serviços, e indicadores de desempenho. Quanto ao entendimento da estratégia da organização, deve-se levar em consideração que esta tem sido apresentada pela literatura de BPM como sendo de extrema importância para o desenvolvimento deste. Jesus e Macieira (2014) argumentam que, se a estratégia estiver mal delineada e não devidamente expressada nos processos em si (ou seja, caso haja um desalinhamento entre a formulação de estratégias e sua execução no nível operacional), poderá levar ao fracasso da implantação da ferramenta, assim, as estratégias que não se desdobram nos processos não são compreendidas pelos funcionários e, consequentemente, como discutido no item de gerenciamento de pessoas, acaba causando o não comprometimento destas com a execução do BPM. Complementando o exposto, Baldam, et al (2007) afirmam que a literatura é unânime quando considera o BPM como um dos propósitos estratégicos da Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 40 organização, sendo muitas vezes necessário levá-lo ao nível mais alto da estratégia, tornando possível que a ferramenta apresente um gerenciamento mais efetivo e facilite a tomada de decisão da alta administração. Jesus e Macieira (2014) afirmam que o planejamento estratégico do BPM retrata a utilização de um mapa mental sobre os quais deveriam ser tomadaos as decisões estratégicas. Assim, essas decisões devem ser tomadas de acordo com o seu impacto nos processos considerados como principais. A respeito do assunto, a ABPMP (2013) reforça o exposto ao informar que a decisão de implantar o BPM em uma organização de forma ampla deve ser vista como um movimento estratégico e contar não só com o comprometimento do nível mais alto da administração, mas também com o gerencial e o operacional, fomentando um trabalho em equipe. Assim, a ABPMP (2013) afirma que “a experiência mostra que, sem um amplo comprometimento organizacional, a prática e benefícios de BPM são improváveis de acontecer”, sendo muitas vezes inviável a sua implementação a partir do nível operacional, devendo, antes de mais nada, haver o patrocínio na liderança executiva. É possível verificar na literatura até então apresentada neste presente trabalho que a estratégia é considerada um dos temas principais associados ao BPM. Por exemplo, vale reiterar o exposto por Rosemann e Brocke (2013) com relação à necessidade de alinhamento estratégico enquanto um dos cinco elementos centrais do BPM, realizando uma ponte entre as prioridades da organização e os processos que deverão ser executados, dando suporte às decisões da alta administração. Similarmente, a ABPMP (2009) dá a sua contribuição ao definir o alinhamento estratégico como “uma condição na qual estruturas organizacionais, sistemas de informação, processos, habilidades humanas, recursos e incentivos provem suporte à estratégia do negócio”. Burlton (2013) nos traz na ilustração 2.6 a pirâmide da BPTrends Associates2, idealizada por um dos seus fundadores (Paul Harmon) demonstrando três níveis em sua divisão conforme ilustra a figura abaixo: o nível empresarial (cuida do alinhamento estratégico de forma geral, e gere ativos relativos à governança, priorização e alocação de recursos); o nível de processo (que considera atividades ou processos individuais com o objetivo de analisar e projetar novas formas de trabalhar a gestão de processos); e o nível de implementação (com o desenvolvimento de recursos diversos). O autor 2 A BPTrends Associates (ou Associados BPTrends) é uma empresa especializada em Gestão de Processos que fornece informações relativas a tendências de mercado e melhores práticas de BPM. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 41 explica que, para alcançar o alinhamento estratégico, deve-se começar a trabalhar pelo topo da pirâmide e seletivamente nos níveis inferiores. Ilustração 2.6. Pirâmide da BPTrends Associates Fonte: Burlton, 2013, pág. 209. Pritchard e Armstead (1999) argumentam que à medida que as organizações vão progredindo na gestão do BPM, elas refinam seus processos a um nível mais estratégico. Assim, em pesquisa realizada com organizações europeias que apresentam excelência na gestão, os autores identificaram que essas empresas partiram do pressuposto de introduzir o BPM no nível mais alto de sua gestão, envolvendo a construção da arquitetura dos processos de negócios3, o que implicou na identificação de poucos processos considerados como principais. Para Burlton (2013), o alinhamento com os outros níveis da organização é o principal papel do BPM a nível estratégico, isto é, objetiva “garantir que as várias capacidades desenvolvidas estejam alinhadas entre si”. “A função primordial da gestão de processos em nível empresarial, portanto, é assegurar que as decisões sobre investimento em capacidade para a mudança e a gestão contínua de operações processuais estejam sempre sincronizadas com um conjunto de critérios estratégicos estabelecidos. Nossos processos devem 3 A ABPMP (2013) define a arquitetura de processos como uma maneira de expor os processos primários, de suporte e de gerenciamento de uma organização; ao passo que também determina a correlação desses processos com os fluxos de trabalho. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 42 agir como um coordenador para que os recursos escassos sejam alocados de uma maneira ideal e em consonância com o oferecimento de maior valor aos clientes e de acordo com as restrições impostas pelas necessidades de outras partes interessadas (stakeholders).” (BURLTON, 2013. Pág. 206) Sistematizando a aplicação do BPM de forma geral, é importante destacar que Pritchard e Armstead (1999) sugerem dez ações que podem beneficiar na hora da implantação do BPM, sendo algumas delas condizentes com o alinhamento estratégico dos processos à organização. Dentre elas se destacam: a necessidade de alinhar o BPM a programas estratégicos, fazendo com que a ferramenta seja parte integral da gestão estratégica; adequação do BPM ao contexto das organizações, visto que estas possuem naturezas singulares; integração da estratégia do BPM às atividades dos grupos, ou seja, fazer com que o operacional se adeque ao entendimento dos processos mais estratégicos através da tradução eficaz dos processos; e a consideração do impacto da estratégia do BPM no nível operacional. Pritchard e Armstead (1999) também apresentam características comuns encontradas nas estratégias de BPM: 1. As organizações normalmente analisam a cadeia de valor do mercado externo para identificar os processos-chaves para o negócio; 2. Há o desenvolvimento de uma arquitetura de processo como meio de entender a organização, ou seja, realiza-se o mapeamento dos processos. 3. Os donos do processo são considerados responsáveis por todos os processos. 4. Os critérios de medição e eficiência são estabelecidos e descentralizados entre os grupos; 5. O monitoramento do desempenho dos processos é concebido de acordo com a dimensão de cada um deles; 6. Oportunidades de melhoria são identificadas e acionadas; 7. A organização planeja, comunica e treina de acordo com o modelo dos processos; 8. Em muitos casos, percebe-se mudança na estrutura da organização para haver uma concentração da visão nos processos através de um estilo de gestão com estrutura matricial. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 43 2.6. Mapeamento e Modelagem de Processos Especificamente acerca do mapeamento e da modelagem de processos, a literatura é bastante vasta apresentando diversas técnicas e associações com outras vertentes de estudo, além de ressaltar a importância tanto do mapeamento quanto da modelagem para o BPM. Todavia, percebe-se que em boa parte dos textos existentes há um entendimento que apresenta equivalência de conceito para ambos os temas, uma vez que alguns autores entendem que o mapeamento também inclui o desenho dos processos e, portanto, confunde o conceito com o da modelagem neste sentido, causando dificuldades para a real caracterização de ambos. Costa e Politano (2008), por exemplo, afirmam que as duas técnicas se confundem por apresentarem ferramentas capazes de retratar os processos graficamente e de representar abstrações da realidade. Assim sendo, com relação ao mapeamento dos processos de negócios, Costa e Politano (2008) o definem como sendo a “captura dos fluxos de informações, materiais e trabalho ao longo dos processos, e registrá-los de forma que possam ser entendidos por outras pessoas interessadas em seu entendimento”. Assim, é possível interpretar o mapeamento como uma ferramenta cuja função é apresentar uma visão geral para identificar, documentar e analisar as entradas, tarefas de processamento, saídas e suas relações, possibilitando o exercício de melhorias contínuas. Em outras palavras, o mapeamento se refere à identificação dos processos em si; ou seja, é o momento de análise objetiva do funcionamento da organização, no sentido de entender como os processos funcionam, qual o sentido do fluxo de cada um deles, quais seriam os recursos de entrada e de saída, dentre outros elementos. Percebese, portanto, que o mapeamento de processos representa o começo da implantação do BPM, visto que é através dele que a organização inicia o processo de entendimento de como funcionam seus processos atuais. Por sua vez, a modelagem é mais que um simples desenho dos processos; ou seja, é a real representação do processo do negócio através de um modelo com o uso de uma linguagem apropriada (WESKE, VAN DER AALST e VERBEEK, 2004). Costa e Politano (2008) corroboram com os autores ao definirem a modelagem de processos como um conjunto de atividades que devem ser seguidas para criar um ou mais modelos para representar, comunicar, analisar, projetar e ajudar na tomada de decisão e no controle do processo. Oliveira, Paiva e Almeida (2010) comentam que essa linguagem Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 44 deve permitir a exposição dos detalhes do processo e a descrição deste de forma precisa, assim como focar em suas interfaces. Segue definição da ABPMP (2013): “Modelagem de processos de negócio é o conjunto de atividades envolvidas na criação de representações de processos de negócios existentes ou propostos. Pode prover uma perspectiva ponta a ponta ou uma porção dos processos primários, de suporte ou de gerenciamento”. (ABPMP, 2013, pág. 72) Tendo em vista o exposto, destaca-se, resumidamente, a diferenciação feita por Costa e Politano (2008) com relação ao mapeamento e à modelagem de processos. Afirmam eles que a principal distinção diz respeito ao fato de o mapeamento se referir a processos já existentes e não documentados, o que permite a identificação destes; enquanto que a modelagem representa graficamente os elementos de um processo e como eles estão situados ou relacionados. É importante destacar a distinção feita pela ABPMP (2013) para diferenciar “diagramas”, “mapas” e “modelos”. O diagrama, segundo a ABPMP (2013), retrata as principais atividades de um fluxo de processo, com menos detalhes e baixa precisão da realidade. Similarmente, o mapa de processo dá uma visão mais completa que o diagrama acerca dos componentes dos processos, agregando maiores detalhes como atores, eventos e resultados; contudo, mantém uma essência simplificada com estruturas comuns. Já o modelo, explica a ABPMP (2013), é o desenho que representa um determinado estado do negócio (atual ou futuro) também apresentando os recursos (pessoas, ferramentas, informações, automação, finanças, etc) e requerendo, portanto, mais dados acerca do processo e de como estes afetam seu funcionamento. Por isso, muitas ferramentas de modelagem fornecem capacidade de simulação e geração de relatórios para analisar o negócio, podendo ser importadas por um sistema de gerenciamento de processos de negócios ou BPMS (do inglês, Business Process Managament System). Espinosa e López (2013) explicam que os modelos de gestão de processos representam uma forma de proporcionar uma melhor compreensão destes. Para os autores, modelos de gestão de processos são “descrições estruturadas de informação requerida para análise e interpretação de processos, ambos para pessoas e sistemas” descrevendo, de forma abstrata, as ações reais que se repetem ao longo do tempo. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 45 Assim, afirmam Espinosa e López (2013) e Baldam, et al (2007) que a atividade que cria esses modelos de gestão de processos é a Modelagem de Processos de Negócios. Contudo, Baldam, et al (2007) acrescentam que, dada a variação de contextos organizacionais para serem representados através de modelos, não se pode falar em um modelo único, perfeito; da mesma forma, os modelos não correspondem à realidade fielmente, há apenas uma representação podendo ser mais ou menos adequado ao contexto dependendo dos atores envolvidos dentre outros fatores. Costa e Politano (2008) afirmam que os modelos são necessários para ajudar a entender os processos atuais e, portanto, através de simulação, propor melhorias, além de auxiliar no exercício de padronizações como as da ISO 9000. Os autores ainda argumentam que a modelagem é a base para o sucesso da organização de amanhã através da visão clara das inter-relações de dentro e de fora da organização; além disso, possibilita a ligação das estratégias de negócios às necessidades dos clientes e a todos os aspectos da gestão dos processos, tornando-se uma poderosa ferramenta visual. Corroborando com Costa e Politano (2008), Mückenberger, Togashi, et al (2013) afirmam que a modelagem de processos pode incluir diagramas e, consequentemente, informações sobre “os objetos dos processos, sobre as inter-relações entre esses objetos, sobre a relação dos objetos com o ambiente, sobre o comportamento e desempenho desses processos”; isto significa que, com a modelagem, pode-se chegar ao detalhe de atividades constitutivas dos processos. A seguir os autores explicam a importância da modelagem de processos de negócios: “A modelagem também é importante para que um projeto de implantação de BPM seja validado. É através da modelagem que se viabilizam a consolidação do conhecimento, a identificação e formulação de mudanças. Por isso, deve-se escolher uma metodologia e técnicas consagradas e adequadas para o contexto” (MÜCKENBERGER, TOGASHI, et al, 2013). Weske, Van der Aalst e Verbeek (2004) explicam que a análise de processos de negócio tem como objetivo a investigação de propriedades dos processos que não são, ao mesmo tempo, nem óbvias nem triviais. O termo análise empregado pelos autores é usado de forma mais ampla, incluindo simulação e diagnóstico, verificação e desempenho. Com relação aos seus elementos-chaves, Costa e Politano (2008) afirmam Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 46 que estes são os eventos que disparam as ações, a sequência de passos, as regras do negócio para dar suporte à tomada de decisão e a própria execução do fluxo em si. Quanto às fases da modelagem de processos, tanto Espinosa e López (2013) quanto Baldam, et al (2007), afirmam que, na literatura, elas podem variar de acordo com cada autor, contudo o propósito é similar sendo as técnicas bases do BPM o desenho, a análise e a modelagem. Estes são usados para definir, documentar e entender o negócio de uma determinada organização. Desta forma, de maneira geral, afirmam os autores que a modelagem de processos inclui duas etapas principais: a análise “as-is” ao passo que objetiva a detecção de problemas e identifica os desafios e as oportunidades de melhoria, modelando o estado atual; e logo após surge a criação do processo “to-be”, representando o fluxo desejado para situações futuras. Para Baldam, et al (2007) e Teixeira (2013), a fase “as is” tem o objetivo de não voltar a insistir nos mesmos erros, conhecer melhor os pontos específicos que podem ser melhorados, evitar a rejeição imediata daqueles envolvidos no processo, dentre outros. Já a fase “to be” pretende criar um ambiente de discussão entre as partes envolvidas com o objetivo de melhorar, inovar ou até mesmo questão a necessidade de sua existência. Mückenberger, Togashi, et al (2013) afirmam que é através da modelagem que a organização consegue a consolidação do conhecimento e a prática da mudança. Os autores também explicam que a abordagem para modelar pode ser de cima para baixo (do inglês top-down), de baixo para cima (do inglês bottom-up) ou do meio para cima ou para baixo (do inglês middle-out). Conceituando cada uma das abordagens, tanto Mückenberger, Togashi, et al (2013) quanto a ABPMP (2013) relatam que a abordagem “de baixo para cima” é indicada em casos quando o foco é melhorar os processos de um departamento (operacionais) ou quando a organização não tem processos documentados sendo necessário, assim, descobrir o que está acontecendo. Por outro lado, nos casos em que se pretende melhorar os processos interfuncionais, abrangendo toda a organização com o intuito de promover melhor alinhamento entre processos e estratégia, Mückenberger, Togashi, et al (2013) indicam a abordagem de cima para baixo. A ABPMP (2013) informa que essa modelagem também é melhor indicada quando, por exemplo, objetivase realizar a transformação de modelos que iniciam a partir de estado futuro determinando o que precisa ser feito para implantação de modelo. Além disso, Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 47 Mückenberger, Togashi, et al (2013) comentam que independentemente da abordagem a ser adotada na modelagem, a implantação do BPM é melhor realizada de forma paulatina, a partir de pequenas e variadas intervenções para ter um melhor alcance organizacional. Apesar dos benefícios que a modelagem de processos pode proporcionar para o negócio, Teixeira (2013) afirma que algumas organizações optam por não modelar seus processos simplesmente pelo fato de não quererem despender esforços em prol das tecnologias de informação, ou porque não conseguem sincronizar seus modelos de negócios com as tecnologias, ou porque seus negócios mudam muito rapidamente para serem modelados. Por fim, a ABPMP (2013) e Mello (2013) apontam alguns problemas que podem ocorrer na modelagem de processos: 1. Modelar sem um objetivo claro: Mello (2013) explica que o principal objetivo “deve ser externalizar o conhecimento sobre como as coisas devem ser feitas e disponibilizá-lo para uso em fins específicos”. Outro ponto a ser observado como objetivo é a padronização no sentido de aumentar a previsibilidade dos resultados, assim como garantir que os custos e os riscos associados ao processo sejam observados. O autor também considera como objetivo a melhoria, a diagnose (conhecimento sobre como as coisas são feitas), e outras iniciativas associadas ao processo. 2. Não considerar a modelagem como uma forma de comunicação: entende-se que o conhecimento externalizado só ocorre se houver uma transferência efetiva do emissor da comunicação para o receptor. Assim, Mello (2013) entende que deve haver linguagem e vocabulário comuns tanto para especialistas, como para executantes e demais conhecedores do processo. O autor também comenta a necessidade de evitar o excesso ou a falta de comunicação. 3. Usar a mesma notação independentemente do público-alvo: trata-se da importância de levar em consideração o fato de que o nível de detalhe, o conteúdo e a organização da documentação devem estar relacionados com o objetivo da modelagem. A ilustração 2.7 demonstra alguns consumidores e seus objetivos, associando os requisitos da notação e alternativas de representação. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 48 Ilustração 2.7. Notação de Modelagem para Diferentes Consumidores Fonte: Mello, 2013, pág. 26. 4. Não gerar expectativa em relação ao objetivo da modelagem: Mello (2013) explica que a modelagem por si só não gera benefícios; é necessário que haja a implantação e a padronização. 5. Modelar sem um contexto de comunicação de processo bem-definido: segundo o autor, a modelagem de processos é dada em três níveis conforme exposto a seguir. a. Identificação – nome do processo modelado; b. Caracterização – trata-se da definição do processo determinando também o seu contexto, independentemente da forma de realização. c. Descrição – é a determinação de como as coisas são feitas, é a explicitação do conhecimento do processo, das práticas usadas. 6. Não identificar e organizar as partes antes de modelá-las: a identificação e a organização das partes interessadas devem estar contidas na estratégia da descrição do processo. Mello (2013) explica que sua ausência tem levado a modelos muito grandes de difícil compreensão, partindo-se direto para os detalhes do processo. 7. Não ter critérios para definir o nível de detalhamento a ser empregado: neste ponto, o autor explica a importância de detalhar o processo lembrando a necessidade de conhecimento do executante; 8. Não avaliar corretamente a capacidade de transmissão do conhecimento do modelo elaborado: refere-se à importância de dar atenção para a transmissão do conhecimento do processo, no sentido de evitar tanto a ausência quanto o excesso de informação. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 49 9. Confundir disseminação com entendimento e adoção do modelo, ou confundir documentação de processos com instituição de padrão de processo; 10. Colocar todas as informações de auxílio à execução do processo nos procedimentos: Mello (2013) alerta para a necessidade de identificar a quantidade adequada de informação de acordo com o contexto definido e com acesso direto aos pontos desejados, para tornar a modelagem atraente, útil e relevante. 2.6.1. O Mapeamento de Processos com BSP e SIPOC Antes de explicar como se daria o mapeamento de processos de negócios com o uso da ferramenta BSP (do inglês Business System Planning, ou Planejamento de Sistemas de Negócios), destaca-se o seu conceito de maneira geral e como funciona sucintamente; ressaltando, posteriormente, o que deverá ser aproveitado para o mapeamento dos processos. Em seguida, serão explicados os detalhes da ferramenta SIPOC (Supplier, Input, Process, Output, Customer). Segundo Almeida (2002), o BSP é uma das metodologias existentes de planejamento de sistemas de informação que utiliza uma abordagem cujo pilar reside em que o processo de negócio é a base para o desenvolvimento de sistemas de informação (SI). Isto é, esta ferramenta busca a transformação da estratégia do negócio (representada em seus processos) em uma estratégia de SI, fazendo com que o foco da ferramenta seja os próprios processos de negócios internos da organização. Almeida (2002) comenta que a metodologia BSP é mais aceita para situações em que os SI “têm importância estratégica para a organização, mas ainda não estão amplamente difundidos...”. Assim sendo, é a partir da visão estratégica que se identifica os processos de negócios e seus dados, e se determina o início da revisão dos sistemas de informação já existentes, podendo, por fim, construir a arquitetura dos sistemas e as prioridades para elaborar o plano de ação. O autor explica que a metodologia segue os seguintes passos: 1. Inicia-se com o estudo da visão estratégica da organização que é resumida em fatores estratégicos objetivando a orientação das ações a serem desenvolvidas na organização. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 50 2. Desenvolve-se a Engenharia de Processos de Negócio que “consiste na definição de todos os processos que são desenvolvidos nos vários setores da área estudada” (Almeida, 2002, pág. 80). Aqui, Moraes e Almeida (2002) explicam que se passa a identificar os principais produtos e recursos da organização e, logo após, os processos de planejamento estratégico e controle de gestão. 3. Desenvolve-se a Engenharia de Informação cujo objetivo é construir a arquitetura do Sistema de Informação que permite abordar a informação a partir de classes de dados corporativos e de processos de negócios. Tal arquitetura contempla os Agrupamentos de Informação (AGI’s) e os diversos tipos de tecnologias que são utilizadas ou que ainda poderão ser. A combinação destas duas visões forma os Módulos de Serviços de Informação (MSI’s). Logo após, passa-se para a etapa de priorização dos sistemas para implantação. 4. Plano de Ação – inclui o Plano Diretor de Serviço de Informação, que consiste na apresentação das Diretrizes e Metas englobando as etapas anteriores. A figura a seguir traz um esquema da execução das etapas explicitadas acima: Ilustração 2.8. Visão da Metodologia BSP Fonte: Almeida (2002) Tendo em vista que o objetivo desta fase não é realizar o planejamento de sistemas de informação em si, e sim o mapeamento dos processos; decidiu-se por apresentar esta ferramenta até onde ela nos pode ser útil para este propósito. Como se observa, a fase de Engenharia de Processos de Negócio do BSP foca na definição dos Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 51 processos desenvolvidos pelos diversos setores da organização, ajudando na identificação, ou seja, no mapeamento dos processos atrelados aos principais produtos e recursos da organização, facilitando o planejamento estratégico. Percebe-se, no entanto, que o BSP é capaz de fornecer uma maior facilidade para lidar com estruturas mais complexas. A ilustração 2.8 demonstra os passos da fase de Engenharia de Processos de Negócios da metodologia BSP: Ilustração 2.9. Identificação dos Processos de Negócio Fonte: Adaptado de Moraes e Almeida (2002), pág. 90. Explicando as etapas da figura acima, Moraes e Almeida (2002) enfatizam que o BSP segue uma linha de raciocínio que dá ênfase ao bem ou serviço gerado como produto além dos recursos empregados; isto é, para identificar os processos, será necessário primeiro definir o produto principal (bem ou serviço) da organização e logo após os recursos envolvidos (capital, pessoal, materiais e infraestrutura, entre outros dependendo do contexto específico). Neste caso, utiliza-se o conceito de ciclo de vida de BSP (conforme mostrado na ilustração 2.10 adiante), que representa quatro estágios pelos quais produtos e recursos genericamente passam. São eles: planejar, desenvolver Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 52 (adquirir ou produzir), usar ou manter e, finalmente, alienar ou dispor. Os autores afirmam que “a noção de ciclo de vida é um meio artificial de direcionar o pensamento da equipe na busca dos processos da organização” (pág. 91). Ilustração 2.10. Exemplo do Escopo de Ciclo de Vida de BSP Produto Pessoas Investimento Recursos Instalações Materiais Informação Planejamento Desenvolvimento (aquisição ou produção) Manutenção (uso) Descontinuar (alienar) Moraes e Almeida (2002) também explicam que se deve identificar, na segunda etapa da técnica, os processos que não são relacionados unicamente a produtos e recursos, sendo alguns destes voltados para níveis de decisão de planejamento e outros para controle da gestão. Os autores consideram importante separá-los dos processos relacionados a produtos e recursos para assegurar a sua identificação devida. Os próximos passos que envolvem a sintetização ou explosão dos processos, segundo Moraes e Almeida (2002), servem para verificar a possibilidade de existência de redundâncias, inconsistências, dentre outras ocorrências entre as informações identificadas. Em seguida, segue o passo de descrever os processos narrativamente e associá-los às unidades da organização. A técnica SIPOC (Supplier, Input, Process, Output, Customer), também conhecida em sua tradução como FEPSC (fornecedor, entrada, processo, saída, cliente), é definida pela ABPMP (2013) como sendo um estilo de documentação de processos. Explica a Associação que pode ser aplicada por meio de uma tabela com os elementos que compõem a sigla, ajudando a definir as fronteiras do processo a ser mapeado, ou seja, busca entender as interfaces do processo e o impacto destas para adquirir saídas (output) com qualidade. O elemento “fornecedor” (suplier) são os indivíduos, departamentos, organizações externas que provêm a matéria ou dado a ser usado como “entrada” (input) no processo. O elemento “processo” (process) é o processamento do que foi fornecido como entrada. O elemento “saída” (output) é o resultado gerado através do Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 53 processamento e que será entregue ao “cliente” (customer), que poderá ser também um indivíduo, departamento ou organização externa. A ABPMP (2013) explica que é indicada em casos em que seja necessário “obter um consenso sobre quais aspectos de um processo devem ser estudados”. Mello (2008) corrobora com a Associação quando afirma que o SIPOC é útil quando não está claro quem contribui para o processo, quem são os verdadeiros clientes, quais as exigências destes, entre outros aspectos, ajudando, assim, a definir adequadamente os processos. Desta forma, entende-se que esta técnica ajuda na modelagem detalhada de outra ferramenta, além de auxiliar na identificação de gargalos e de valor agregado para o próximo processo. A seguir segue um exemplo da análise SIPOC: Ilustração 2.11. Exemplo de tabela SIPOC Fonte: ABPMP, 2013, pág. 96. 2.6.2. Técnicas de Modelagem de Processos Baldam, et al (2007) declaram que a literatura nos traz uma variedade de metodologias de modelagem de processos; contudo, eles afirmam que o ideal é saber quais informações são relevantes para compreender o processo como um todo. Desta forma, citando Lin, Yang e Pai (2002), Baldam, et al (2007) apontam as características que estão presentes em todas elas merecendo especial atenção, seriam algumas delas: atividade, comportamento, atores, informação, recurso, etc. A seguir serão destacadas algumas das técnicas de modelagem que poderiam ser aplicadas no modelo a ser apresentado mais adiante. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 54 O fluxograma é a representação dos processos de forma compacta com símbolos padronizados. Mello e Salgado (2005) explicam que o fluxograma, através desses símbolos, representa os diversos passos que ocorrem durante a execução do processo, tais como: atividades, inspeção, transporte, espera, fluxo de documentos e registro. Citando Schmenner (1999), os autores explicam que a ferramenta proporciona uma descrição da sequência de fases operacionais além de informar as que podem ser executadas paralelamente. Calabria (2009) afirma que boa parte das técnicas existentes é baseada em fluxogramas, isto é, derivam destes. Contudo, o autor explica que, de modo geral, essa técnica possui a dificuldade de focar em “o que fazer”, limitando-se somente ao “como fazer”. Outra limitação refere-se ao nível de detalhamento do desenho, isto é, seu desdobramento de acordo com as atividades executadas. Apesar das dificuldades apresentadas, Calabria (2009) afirma que tais características não diminuem sua importância para a gestão por processo. Santos (2000) corrobora em sua opinião ao inferir que “apesar de o fluxograma ser de fácil utilização, seus recursos gráficos não permitem uma descrição simples de processos com grande complexidade e divergência”. Explicando o que seriam complexidade e divergência em um processo, o autor cita Shostack (1987) para comentar que a complexidade é uma característica inerente ao número de atividades exigidas por um determinado processo, enquanto que a divergência está relacionada ao número de opções possíveis no fluxo de processo. Além disso, Santos (2000) explica que a maior desvantagem do fluxograma está relacionada ao fato de a ferramenta representar o ponto de vista da empresa somente, ignorando o cliente como parte do processo. Uma das técnicas derivadas do fluxograma é o Service Blueprint; o que o diferencia dos fluxogramas é o fato de considerar a interação com o cliente representando todas as atividades que possam constituir o processo, sendo estas divididas entre “linha de frente” e de “retaguarda”, separadas por uma linha de visibilidade. Mello e Salgado (2005) afirmam que esta técnica foi desenvolvida pelo fato de considerar que a principal causa de falha em processos que envolvem serviços seria a falta de um método sistematizado de projeto e controle de tais processos. Santos (2000) afirma que esta ferramenta é útil para dar um enfoque às operações da empresa, melhorando a produtividade e reduzindo custos diversos. Além disso, o autor também Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 55 complementa que o service blueprint é também utilizado como forma de identificar os processos principais para, em seguida, estabelecer o relacionamento destes com as áreas de decisão da empresa. A ilustração 2.12 abaixo nos mostra um exemplo do desenho da ferramenta para um processo de entrega de refeições em um restaurante. Ilustração 2.12. Exemplo de Service Blueprint Fonte: Ramaswamy apud Santos, 2000, pág. 40. Derivando do Service Blueprint temos o Mapa de serviços (OLIVEIRA, PAIVA e ALMEIDA, 2010). Esta técnica de modelagem engloba não somente o processo de entrega (como no service blueprint), mas a gestão do serviço como um todo, representando cronologicamente todas as atividades envolvidas. Segundo Santos (2000), a divisão de tais atividades é dada da seguinte forma: “zona do cliente” (onde estão as atividades e decisões do cliente), “zona de linha de frente” (atividades realizadas por empregados que lidam direto com o cliente), “zona de retaguarda” (atividades daqueles que apoiam a zona de linha de frente), “zona de suporte” (atividades que suportam as três já descritas), e a “zona de gerencia” (atividades da gerência para apoiar o serviço como um todo). Assim, o autor explica que no mapa do serviço, o cliente fica no topo do desenho, a gerência na base, e as operações do serviço ficam no meio, sendo possível a visualização de como o pessoal responsável pelo serviço manipula o processo ligando o cliente à gerência. A ilustração 2.13 a seguir demonstra um exemplo de mapa de serviço. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 56 Ilustração 2.13. Exemplo de Mapa de Serviço Fonte: Kingman-Brundage, et al, apud Santos (2000, pág. 43) É importante destacar que, segundo Santos (2000), tanto o Service Blueprint quanto o Mapa de Serviço têm a desvantagem de apresentar as mesmas limitações do fluxograma tradicional, dada sua origem; além de não poderem detalhar a informação sobre a experiência que o cliente tem durante a prestação de serviço, apesar de este ser de fato o seu foco. A BPMN (do inglês Business Process Modelling Notation) é uma ferramenta muito conhecida para modelagem de processos, tendo sido desenvolvida pela BPMI (Business Process Management Initiative) e atualmente administrada pelo OMG (Object Management Group) – grupo que estabelece padrões para sistemas de informação (ABPMP, 2013). Jesus e Macieira (2014) inferem que o BPMN é um acordo entre os fornecedores da BPMI para padronizar uma única forma de notação em prol do usuário final, facilitando entendimento dos modelos, o treinamento de pessoas, e a troca de modelos de processos. Em outras palavras, Teixeira (2013) explica que se trata de uma ferramenta que contém um conjunto de símbolos para representar a notação gráfica padrão do processo de negócio em um diagrama específico; assim, o entendimento da modelação é proporcionado para todos os níveis do negócio, envolvendo desde os Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 57 analistas dos processos, os diretores e responsáveis pela estratégia até os incumbidos pela implementação das decisões. Vale salientar a observação feita por Jesus e Macieira (2014) quando afirmam que o BPMN não é exclusivamente destinado à automação de processos, mas sobretudo serve para representar o funcionamento do negócio pelo fato de conseguir incorporar o aprendizado de outras notações mais populares, como é o caso do SIPOC e do EPC (destacados neste trabalho). Citando Bruce Silver, especialista no uso de BPMN, Jesus e Macieira (2014) destacam os três níveis de utilização da notação: Nível 1 – Modelagem Descritiva: o seu foco é o entendimento visual. É usada pela maioria dos consultores e analistas de processos, também conhecida como “modelagem de alto nível”. Ignora algumas regras necessárias para validação do fluxo, porém é mais facilmente comunicado, atendo-se à ideia do “como fazer”. Exige somente a compreensão de conceitos básicos do BPMN. Nivel 2 – Modelagem Analítica: apresenta um nível maior de detalhes. Mostra todos os passos a serem executados ao longo do processo incluindo, inclusive, caminhos de exceção. Por isso exige um maior conhecimento da ferramenta. Nível 3 – Modelagem Executável: neste nível a BPMN representa um processo automatizado, dependendo ainda menos de fornecedores de ferramentas BPMS. A ABPMP (2013) e Teixeira (2013) explicam que o BPMN fornece uma notação que expressa o desenho do processo em único diagrama (BPD – Business Process Diagram) apresentando um conjunto básico de elementos semelhante aos de um fluxograma. São quatro as categorias desses elementos: 1. Objetos de fluxos – são subdivididos nos três elementos destacados abaixo: o Eventos/acontecimentos – são figuras em formato de círculo que representam “algo” que acontece no andamento do processo. Estes podem representar acontecimentos no início do processo, no meio ou no fim. o Atividades – são retângulos com pontas arredondadas que definem algum tipo de tarefa do processo. Teixeira (2013) explica que essas atividades podem ser atômicas (únicas) ou não-atômicas (compostas, ou seja, possuem um subprocesso na tarefa). Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 58 o Gateways – são losangos que determinam pontos de decisão, bifurcações, caminhos paralelos ou junção de caminhos. 2. Objetos de ligação – são responsáveis pela ligação dos objetos de fluxos indicando as conexões. Podem significar uma sequência (seta com linha toda preenchida), uma mensagem (seta com linha interrompida) ou uma associação entre dados, anotações e artefatos (seta com linha pontilhada). 3. Swimlanes: Teixeira (2013) explica que esses são mecanismos que servem para organizar o desenho do processo. São do tipo piscina (ou pool, em inglês) representando diferentes participantes, e do tipo raia (ou lane, em inglês) utilizadas para dividir o modelo desenhado em várias linhas paralelas, de tal forma que cada uma delas representam um ator do processo (ABPMP, 2013). 4. Artefatos: alargam a notação adicionando informações extras através de objetos de dados (indicando que dados são requisitados ou produzidos pelas atividades sendo associados a elas), de grupo, e anotação com o intuito de acrescentar informações ao processo. A ilustração 2.14 abaixo demonstra um exemplo do desenho de um fluxo utilizando BPMN. Ilustração 2.74. Exemplo do uso do BPMN Fonte: ABPMP, 2013, pág. 82 Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 59 Quanto às suas vantagens, a ABPMP (2013) explica que a ferramenta apresenta versatilidade para modelar diversas situações além de suportar o uso de BPMS. Outra vantagem destacada por Teixeira (2013) é o fato de o BPMN não estar condicionado a um único fornecedor. Em relação às suas desvantagens, a ABPMP (2013) indica que a ferramenta exige e treinamento e experiência para o uso correto do conjunto completo de símbolos, além de dificultar a visualização do relacionamento entre vários níveis de um processo. Ademais, Teixeira (2013) acrescenta que há aspectos condicionantes na utilização do BPMN quanto à modelação de recursos podendo gerar dificuldades como a capacidade de especificar recursos alternativos, mudança de recursos, entre outros. Outra ferramenta bastante citada na literatura é o EPC (Even-driven Process Chains). Segundo Baldam, et al (2007), diferentemente do BPMN cujo objetivo é servir de apoio para o uso do BPM por não-especialistas e fornecer um meio de informação de processos simples, a EPC é normalmente usada em sistemas de Planejamento de Recursos Empresariais ou ERP (Enterprise Resource Planning), que são sistemas responsáveis por integrar todos os setores de um organização. Costa (2010) define o EPC como sendo um método simples e fácil para usuários não técnicos, funcionando como um “gráfico ordenado de eventos e funções e que suporta a execução de eventos paralelos”. A ABPMP (2013) complementa a definição ao afirmar que o EPC é uma ferramenta de modelagem que pode variar do muito simples para o muito complexo descrevendo os eventos desencadeantes ou resultantes de uma etapa (função) do processo. Por este motivo, o fluxo normalmente é dado por “evento-função-evento”, baseando-se em conectores lógicos compondo as regras do desenho. Costa (2010) define seus três elementos básicos da seguinte forma: 1. Funções – são as atividades que devem ser executadas no processo, é desenhada em formato de retângulo com pontas arredondadas. 2. Eventos – representa o que ocorre antes e depois de cada função (ou seja, a pós-condição de uma função é a pré-condição da próxima função). É representado em formato de losango. 3. Conectores – são utilizados para conectar funções e eventos. Tanto podem ser do tipo E (aditivo), como OU, ou EXCLUSIVO. Costa (2010) afirma que já existe atualmente o EPC Estendido ou eEPC (Extended Event-Driven Process Chain), apresentando outros recursos, dados, tempos e probabilidades. A ilustração 2.15 a seguir demonstra alguns elementos do eEPC: Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 60 Ilustração 2.85. Elementos de um eEPC Fonte: COSTA, 2010, pág. 50. Por fim, a ABPMP (2013) também comenta que o EPC pode ser desenhado com raias verticais ou horizontais, utilizando um conjunto de símbolos fáceis. Por este motivo, afirma que a ferramenta pode ser indicada tanto para modelos de fácil compreensão quanto para modelos mais complexos que utilizam várias interfaces, além de, como já destacado acima, servir para importação de processos de plataformas ERP. 2.7. A Priorização dos Processos com MCDA A priorização dos processos é uma etapa considerada pela literatura como fundamental para a gestão de processos de negócios, principalmente quando o objeto de estudo é uma organização com recursos escassos (tempo, pessoal, investimento financeiro, entre outros) para serem empregados nos processos. Percebe-se, entretanto, o motivo de se preocupar com a adequada seleção de processos no intuito de estabelecer quais seriam trabalhados em um determinado momento, e quais ficariam para um momento posterior. Ademais, entende-se que a priorização de processos deve contemplar vários critérios de análise, como uma forma de assegurar o atendimento das necessidades de todos os atores envolvidos no processo. Destarte, essa necessidade surgida diante desses atores acarreta, consequentemente, no atendimento de vários objetivos, caracterizando a situação como um problema de decisão multicritério. A ABPMP (2013) parte do mesmo Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 61 princípio ao afirmar a importância da existência dos critérios de priorização e ordenação de processos para serem analisados, pelo fato de ser possível haver casos de prioridades concorrentes entre processos. Por sua vez, um problema de decisão multicritério pode ser retratado, segundo Almeida (2013), como uma situação na qual há “pelo menos duas alternativas de ação para se escolher e esta escolha é conduzida pelo desejo de se atender a múltiplos objetivos, muitas vezes conflitantes entre si”. Assim, transferindo esse conceito para o contexto da priorização de processos, pode-se entender essas alternativas de ação como processos a serem modelados e melhorados numa determinada organização. Desta forma, os métodos existentes de Análise de Decisão Multicritério ou MCDA (do inglês, Multi-Criteria Decision Analysis) almejam auxiliar o ator com poder de decisão no estabelecimento de quais objetivos se pretende alcançar, caracterizando, neste ponto específico, o viés subjetivo de tais métodos. Quanto ao lado mais objetivo e matemático, Almeida (2013) explica que esses métodos MCDA buscam por estruturas de preferências, diante das consequências que poderão acontecer de acordo com o problema de decisão, podendo envolver situações de cunho probabilístico (diante de incertezas), ou determinístico. Nesse sentido, entende-se que a priorização e ordenação de processos de BPM podem ser analisadas e definidas facilmente com o auxílio de métodos MCDA. Assim, para ajudar na descrição de possíveis critérios para serem utilizados na priorização de processos, a ABPMP (2013) expõe algumas sugestões. São elas: (1) processos primários, pelo fato de serem facilmente percebidos pelos clientes, (2) rentabilidade das operações; (3) suporte a processos primários; (4) impacto na mudança interfuncional; (5) impacto na estratégia do negócio; e (6) desempenho (custo, prazo, capacidade e qualidade). Na utilização desses critérios, a ABPMP (2013) e Almeida (2013) recomendam o uso de pesos para indicar o grau de importância de determinados critérios de avaliação dos processos. Assim, para cada critério, os processos podem ser valorados, por exemplo, com notas variando de 1 a 10, sendo os processos de nota 10 considerados os mais importantes. Segundo a ABPMP (2013), outra forma de avaliação é através da criação de uma matriz que analisa a importância e a urgência dos processos, conforme figura a seguir: Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 62 Ilustração 2.96. Priorizando Processos para Análise Fonte: ABPMP, 2013, 110. Percebe-se, na figura acima, que os processos com nível mais alto de urgência e importância, encontrados no quadrante superior direito, são os que devem ser priorizados para análise e modelagem; contudo, esse exemplo dado pela ABPMP (2013) não satisfaz à necessidade de ordenação, que pode surgir em alguns casos. Vale ressaltar também que são vários os métodos de decisão multicritério à disposição na literatura que podem ser utilizados na fase de priorização do BPM, considerando tanto a tomada de decisão individual quanto decisões que devem ser tomadas em grupo. Isso nos remete à averiguação de qual método seria o mais adequado para aplicação em cada caso especificamente. “Qualquer que seja o método escolhido para priorizar processos para análise, os processos selecionados devem diretamente atender objetivos da organização e ter um impacto positivo na experiência do cliente. Este aspecto é particularmente importante no uso de métodos de priorização de iniciativas, pois deve incluir a capacidade de previsão de mudança futura e de necessidades e expectativas de clientes”. (ABPMP, 2013, pág. 122). 2.8. Controle do Desempenho de Processos A definição de desempenho de processo é percebida pela ABPMP (2013) como sendo o “rendimento de um processo em termos de extrapolações de tempo, de custo, capacidade e qualidade”. Para melhor esclarecer a ideia, a Associação explica que para haver uma melhor definição é necessário analisar o segmento do negócio, a área funcional do gestor, dentre outros aspectos; desta forma, a pergunta primordial para Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 63 definir qualquer desempenho é saber “o que” vai ser medido, “o porquê” vai ser medido, e qual valor será usado em termos de comparação. Tanto a ABPMP (2013) quanto Jesus e Macieira (2014) explicam que é muito comum entre as organizações a prática do gerenciamento de rotinas para tentar acompanhar seu desempenho; contudo, é perceptível que a maioria delas se atém a uma visão estritamente funcional, esquecendo-se de gerenciar os processos com foco nas necessidades dos clientes. Como exemplo deste fato, a ABPMP (2013) comenta que essas organizações mais facilmente se preocupam com os indicadores financeiros, outras com indicadores estatísticos de qualidade; assim, embora esses indicadores sejam válidos para o acompanhamento do negócio, tais organizações carecem da visão do entendimento do significado dos dados apresentados, isto é, do que eles de fato revelam. Nesta linha de raciocínio, Jesus e Macieira (2014) defendem o estabelecimento da gestão do dia a dia orientada por processos, materializando a visão do cliente no negócio através da prática da padronização dos processos ponta a ponta e da definição de indicadores com uma lógica que valorize o aspecto colaborativo. A ABPMP (2013), por sua vez, afirma que através do gerenciamento do dia a dia com orientação por processo, atividades antecessoras e predecessoras são mostradas e as causas dos problemas são identificadas. Assim, a ABPMP (2013) explica que medições da qualidade, medições de desempenho e medições financeiras podem ser realizadas mantendo o foco no fluxo de processo e no fluxo de trabalho, tanto em separado como em conjunto. Cada uma dessas abordagens fornece informações únicas; destarte, quando combinadas, podem descrever situações interessantes acerca da organização (como visto na visão sistêmica do BPM, “o todo é maior que a soma das partes”). Além disso, Jesus e Macieira (2014) reforçam que a gestão do dia a dia não elimina, mas complementa o aspecto funcional do negócio. Os autores argumentam que uma forma de inserir a prática da orientação por processo no dia a dia tem como pontochave o envolvimento efetivo das áreas de negócio, sendo a gestão da rotina responsabilidade de cada gestor funcional. Na fase de controle dos processos de negócios, Scheer e Brabander (2013) afirmam que há a possibilidade de tanto medidas qualitativas quanto quantitativas serem comparadas com metas pré-estabelecidas com a intenção de revelar os pontos potenciais para melhorias. Essa fase de controle é responsável pela medição da eficiência dos Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 64 processos através do uso de sistemas de TI e da implementação de sistemas de controle interno para monitorar a conformidade dos resultados com uma série de regulamentações. Os autores explicam que se pretende assegurar que a implantação dos processos esteja de acordo com o que foi definido na fase da modelagem. Assim, o potencial de melhoria poderá ser analisado tomando por base dados reais (como exemplo: tempo de rendimento dos processos, frequência das devoluções, confiabilidade em relação aos prazos finais, entre outros). Tregear (2013) afirma que a principal motivação para medir o desempenho dos processos em sua execução é o fato de que, caso não haja o devido controle, todo e qualquer esforço de análise e gestão de processos será perdido. Além disso, o autor alerta para a situação em que a organização pode não focar na medição do que realmente importa, podendo, consequentemente, prejudicar a tomada de decisão dos dirigentes. Em suma, Tregear (2013) infere que sem a devida mensuração dos resultados de processos não é possível saber se há possibilidades de melhorias futuras. O autor aponta alguns dos benefícios que se pode lograr com a mensuração de desempenho dos processos. São eles: melhor compreensão do desempenho multifuncional, maior alinhamento das operações com a estratégia do negócio, melhor compreensão da origem dos custos, entendimento das tendências do negócio, facilidade de descoberta de problemas reais e latentes, melhoria no controle dos riscos organizacionais, mudança de comportamento com base em feedback, entre outros. Outro ponto destacado por Tregear (2013) é que uma das principais barreiras para a gestão do desempenho é a falta de uma cultura favorável à medição – explica o autor que uma cultura pautada na atribuição de culpados, e não na resolução de problemas focando na aprendizagem organizacional, pode gerar essa barreira complexa de ser administrada. Assim, o autor argumenta que “a cultura organizacional, das pessoas e das equipes deve ser tal que todas as partes interessadas estão sempre procurando e encontrando, abertamente, coisas que precisam ser melhoradas”. A seguir serão apresentadas algumas das barreiras destacadas por Tregear (2013) como impedidoras da mensuração eficaz dos processos: Medidas inapropriadas – podem ocorrer caso a metodologia empregada não seja consistente para gerenciar as medidas. Além disso, o autor recomenda que haja conexão com a estratégia assim como evitar ter medidas em demasia ou de menos. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 65 Desconexão do valor – para evitar sua ocorrência, Tregear (2013) recomenda que haja revisão regular das medidas com o intuito de assegurar que elas continuem refletindo as necessidades dos stakeholders, além de criar processos que permitam a tomada de decisão gerencial. Falta de prestação de contas – aconselha-se a publicação de relatórios periódicos. Falta de confiança em medidas de desempenho – deve-se assegurar que as metas sejam compreendidas por todos, da mesma forma definir e publicar os detalhes dos processos de mensuração. Medo da mensuração – deve-se desenvolver uma cultura favorável à mensuração conforme explicado anteriormente, focando no desempenho do processo através de respostas positivas diante da descoberta de problemas. Quanto aos indicadores de controle, a ABPMP (2013, pág. 211) os define como sendo “a representação de forma simples ou intuitiva de uma métrica ou medida para facilitar sua interpretação quando comparada a uma referência ou alvo”. Assim, os indicadores de desempenho de processos ou PPIs (Process Performance Indicators) são apresentados em dois tipos: (1) direcionadores, com o objetivo de monitorar as causas antes dos efeitos, podendo alterar o fluxo para se alcançar um determinado resultado; e (2) de resultados, monitorando apenas o efeito. Desta forma, a ABPMP (2013) explica que uma estrutura balanceada de indicadores deve ser composta pelos dois tipos para se fazer um bom acompanhamento do desempenho organizacional. Contudo, destaca-se a observação feita pela ABPMP (2013) quando afirma que a parte mais difícil na definição dos PPIs é descobrir os padrões de referência com os quais a medição deve ser comparada, devendo-se levar em consideração o contexto da organização e a forma como ela evolui. Assim, a ABPMP (2013) explica que o objetivo dos PPIs é “permitir aos gestores contribuírem com a transformação de um processo como parte do gerenciamento de desempenho de processos”. 2.9. A Extensão Social do BPM Objetivando a obtenção de um maior acompanhamento da aceleração das mudanças de mercado, da grande difusão de informações de todos os tipos pelos diferentes sistemas, e da demanda crescente por soluções rápidas, percebe-se que a Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 66 literatura começou a repensar a forma de utilizar o conhecimento acerca da ferramenta BPM a partir do momento em que foi possível entender a possibilidade de torná-lo ainda mais ágil. Surge, neste ínterim, uma nova vertente de BPM, chamada de “BPM Social”, capaz de reagir mais rapidamente a eventos tanto interna quanto externamente à organização. Kemsley (2013) identifica fatores que convergiram para que ocorresse essa mudança recente: Mudança na forma de trabalho: o cenário anterior (século XX) nos revela uma maior preocupação com o trabalho rotineiro ao passo que foca na eficiência e no modelo de processos a priori, cuja participação dos indivíduos é controlada, havendo uma ênfase maior na padronização e na automação dos processos repetitivos. Em contrapartida, hoje (século XXI) se tem a tendência de prezar mais por um trabalho voltado para o conhecimento, para a resolução de problemas, para a colaboração com apoio às decisões humanas, ressaltando que todo processo é diferente e, portanto, devem-se considerar as exceções. Mudança nas características e expectativas com as ferramentas: atualmente percebe-se um maior foco nas expectativas das pessoas com relação ao uso das ferramentas tecnológicas, que podem envolver consumo, participação, criação, acesso em qualquer lugar, entre outras características. Informação em todo lugar: cada vez mais é necessário conviver com um grande volume de informação, demandando das organizações a busca pela análise e integração destas. Neste contexto, Kemsley (2013) afirma que o consumidor final acaba fazendo parte do processo como agentes ativos que disseminam informação, fazendo com que as organizações passem a ter um maior relacionamento com o consumidor desenvolvendo a colaboração externa e a transparência operacional. Kirchmer, Laengle e Masías (2013) comentam que esse fato favorece a criação de valor para a organização. Dentro deste cenário mutante, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) entendem o BPM Social como uma ferramenta capaz de satisfazer às necessidades da nova forma de organização do trabalho, definindo a ferramenta simplesmente como a fusão do BPM padrão com um software social, objetivando a melhoria do desempenho organizacional através da participação controlada de stakeholders externos no desenho do processo. Similarmente, Bruno, Dengler, et al (2011) o introduzem de forma mais subjetiva ao afirmar que se trata de uma ferramenta que usa as mídias sociais (páginas web, blogs, Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 67 ou redes-sociais on-line) para dirigir a transparência nas organizações. Em suma, podese afirmar que o BPM Social é identificado como o desenvolvimento do uso de ferramentas de comunicação social e feedback entre todas as partes interessadas na organização, sejam elas clientes, funcionários, dirigentes, terceirizados, entre outros. Antes de melhor explicar o funcionamento do BPM Social, Bruno, Dengler, et al (2011) afirmam que, neste contexto, os processos de negócios são grosseiramente classificados como: 1. Processos repetitivos precisando de automação e coordenação (estruturados); 2. Processos com estruturas mais “flexíveis” (também conhecidos como processos de conhecimento intensivo). Considerando a segunda classificação, os autores explicam que há uma preocupação maior com o compartilhamento de informação e de conhecimento entre as partes interessadas, implicando mais na coordenação de processos do que na coordenação de atividades em si. Eis o motivo de afirmar que esta categoria exige mais flexibilidade em relação à primeira, e por isso é também denominada como processos de “conhecimento intensivo”. Diante da necessidade de flexibilizar os processos, Kemsley (2013) vai além na classificação dos processos ao argumentar que, dependendo da natureza da organização e seu contexto particular, o gestor pode escolher entre adotar processos que podem ser estruturados apenas, estruturados com exceções ad hoc, desestruturados com fragmentos pré-definido, e desestruturados totalmente. Um dos princípios mais destacados no BPM Social é a transparência das ações. Kirchmer, Laengle e Masías (2013) argumentam que a transparência é um valor organizacional que pode ser reconhecido com a ajuda de novas ferramentas tecnológicas. Os autores explicam que a cultura da transparência é, pois, uma forma de diminuir a cultura de culpa individual diante de erros de processo e de supervisão em “tarefas específicas”. Por este motivo, Kirchmer, Laengle e Masías (2013) afirmam que a transparência dos processos é sinônimo de uma visão geral que põe ênfase na coordenação do fluxo de tarefas como uma maneira de diminuir a probabilidade de erros na hora da execução. Além disso, os autores acreditam que quando se foca no processo como um todo, mais do que em partes individuais, pode-se ter um senso de responsabilidade a nível de equipe. Desta forma, a transparência traz para a organização o sentido de que trabalhando em conjunto se tem bons resultados. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 68 Outra característica bastante forte no BPM Social e que merece destaque é a facilidade de gerar conhecimento. Kemsley (2013) explica que uma forma de alavancar o BPM Social é através da criação de uma cultura que recompense o trabalho de conhecimento. A autora ressalta que se trata de uma cultura participativa, em que tempo e recursos são alocados explicitamente para o processo colaborativo, tratando, concomitantemente, da transparência (supracitada) em que usuários internos e externos devem ter acesso a todas as informações. Neste ponto, Kemsley (2013) destaca o surgimento do termo “Empresa Social” apresentando características voltadas para o referido processo colaborativo em todos os aspectos, inclusive com conteúdos criados pelo próprio usuário (capturando conhecimento tácito). Destarte, essas características facilitam a criação de um novo estilo de gestão baseado na confiança dos envolvidos no processo; isto é, entende-se que o gestor deve dar liberdade e autonomia aos seus subordinados, para que possam colaborar da melhor forma possível, se preciso desviando do fluxo de trabalho pré-definido quando acharem necessário, ou permitindo que os funcionários colaborem com recursos de sua escolha. Essa característica é reconhecida por Bruno, Dengler, et al (2011) como empoderamento. Diante do exposto, é possível inferir, através dos estudos de Kemsley (2013), que o BPM Social traz consigo os seguintes benefícios: exploração do conhecimento tácito, compartilhamento do conhecimento gerando aprendizagem organizacional, transparência, auxílio para a promoção de um trabalho colaborativo, distribuição de atividades e de decisões (como uma forma de dar empoderamento e autonomia às pessoas), e feedback social. É importante destacar o comentário da autora quando ressalta que os processos de qualquer organização são sociais em algum grau específico e, portanto, precisam ser considerados como tal. Tratando o BPM Social como uma evolução do BPM padrão, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) afirmam que o primeiro pode desenvolver o segundo com características sociais em níveis diferentes de controle: Desenho participativo: esta forma de controle disponibiliza o desenho de processo para múltiplos atores (incluindo os usuários finais). Quando pronto, o processo é executado da forma tradicional; Promulgação participativa: neste tipo de controle há o deslocamento da socialização da fase do desenho para a sua promulgação (aprovação), permitindo Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 69 a participação de observadores internos que observam o processo indiretamente através de mensagens e artefatos. Esses observadores são atores conhecidos no momento do desenho, mas que não se responsabilizam pela execução. Promulgação social: este controle aumenta ainda mais a fase de execução, permitindo a participação de observadores externos (atores não conhecidos no momento de implantação, mas que foram entrando no processo com o tempo). Fraternali, Brambilla e Vaca (2011) apresentam, através da ilustração 2.17 a seguir, os níveis de adoção de características sociais na gestão de processos de negócios de acordo com um espectro de possibilidades: Ilustração 2.107. O Continuum do BPM Social Fonte: Adaptado de Fraternali, Brambilla e Vaca, 2011, pág. 3. A ilustração 2.17 nos mostra que na parte superior tem-se um maior grau de controle e, à medida que o espectro se desloca para a parte inferior, tem-se uma maior intensidade das relações sociais. Assim, os autores explicam que o topo do espectro (BPM Fechado) denota a abordagem padrão de BPM, com maior grau de controle e processos decididos de maneira mais centralizada e rígida, utilizando atores prédefinidos. Fraternali, Brambilla e Vaca, (2011) afirmam que a comunicação desses atores é realizada de maneira canalizada, com exceção para algumas notificações (por email, mensagens de celulares, entre outros). Diferentemente, o projeto participativo comporta múltiplos atores. Estes podem participar da definição do modelo do processo ou múltiplas versões de processos podem ser fundidas em um só que deverá ser compartilhada para toda a organização. Os Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 70 autores explicam que a última opção se torna mais interessante diante da fusão ou aquisição de empreendimentos. A promulgação participativa muda o foco social do projeto para a promulgação dos processos em si. Destarte, apesar de ainda se ter a fixação de atores, Fraternali, Brambilla e Vaca, (2011) explicam que a comunicação é mais aberta com a utilização de ferramentas sociais (não se limitando apenas a dados de entrada e saída de atividades). Já a promulgação social reflete a execução do processo para atores desconhecidos à época de seu planejamento e implantação, além de permitir a execução coletiva de uma determinada tarefa. Essas tarefas podem ser executadas de diferentes formas que variam das mais estruturadas (através do uso de plataformas) a formas menos controladas. Por fim, Fraternali, Brambilla e Vaca, (2011) explicam que a mineração de processos representa a abordagem menos estruturada da figura, cujas atividades apresentam total liberdade de execução e as restrições dos processos são observadas ao final diante dos comportamentos dos atores envolvidos. Acerca da possibilidade de utilizar softwares sociais para auxiliar na função social do BPM, Kemsley (2013) ressalta a revolução que eles (de maneira geral) estão causando na vida das pessoas e como isso reflete em seu comportamento rotineiro, considerando tanto o âmbito pessoal quanto o profissional. Como exemplo, Kemsley (2013) destaca a mudança comportamental dos jovens que estão compondo a nova força de trabalho no mercado. Citando Tapscott, a autora revela que os jovens adultos com menos dos 30 anos de idade entram no ambiente laboral com a expectativa de encontrar ferramentas de rede social e, para sua decepção, muitas vezes acabam se deparando com um BPMS de tecnologia antiquada para a maioria das organizações. A autora afirma que isto ocorre pelo fato de, normalmente, esses BPMSs apresentarem “processos predefinidos e interfaces de usuário estáticas”. Kemsley (2013), no entanto, afirma que as organizações “precisam implementar ambientes de computação mais flexíveis para atrair a geração mais jovem para a força de trabalho”. Destarte, diante desta atual mudança de comportamento, a autora infere que há recentemente uma maior preocupação com o desenvolvimento de softwares embasados no Web 2.0 apresentando propósitos mais empresariais, ou seja, além da função puramente social. Trata-se de aplicativos que fortalecem os elos fracos existentes nas organizações, principalmente quando estas possuem muitos funcionários ou quando são Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 71 geograficamente dispersas. Para reforçar as vantagens dos softwares sociais, Kemsley (2013) também argumenta que eles apresentam uma interface rica para o usuário final, além de serem fáceis de instalar, fato que barateia o seu custo possibilitando um ciclo de atualizações periódicas. Bruno, Dengler, et al (2011) apresentam algumas das características identificadas para os softwares sociais: Laços fracos – são contatos estabelecidos de forma espontânea criando novas visões para os problemas e permitindo uma combinação de competências. Bruno, Dengler, et al (2011) explicam que esses contatos não são impostos pela gestão da organização; são naturais surgindo a partir dos indivíduos. Os laços fracos representam um processo desestruturado cujo conceito chave é a informação e o conhecimento compartilhado no grupo de trabalho. Segundo os autores, os softwares sociais dão suporte ao desenvolvimento desses laços fracos por permitirem a criação espontânea de contatos entre indivíduos através de um mecanismo de pesquisa do perfil de cada membro registrado na rede; assim, um processo desestruturado não pode ser representado em termos de fluxos de tarefas. Produção social – foca na quebra de paradigmas de um planejamento de produção centralizado, baseando-se numa abordagem a posteriori. Bruno, Dengler, et al (2011) explicam que alguns dos resultados importantes da produção social são o Wikipedia e o sistema operacional Linux. Além disso, os autores destacam que a avaliação coletiva de todos os envolvidos ajuda a conquistar e a manter um alto padrão de qualidade, sendo importante levar em consideração a independência de tais participantes nessa avaliação. Igualitarismo – surge com a desconsideração da hierarquia organizacional e introduz uma cultura de confiança visto que o software social se baseia na ideia de dar a todos os envolvidos no processo os mesmos direitos de contribuição. Há, aqui, a intenção de encorajar o número máximo de pessoas para se chegar à melhor solução possível. Fornecimento de serviço mútuo – Bruno, Dengler, et al (2011) explicam que o software social transforma o modelo “cliente-servidor” para um modelo baseado em “troca de serviços”; isto faz com que o serviço seja interpretado como um processo de interação entre servidor e cliente e não como uma interface entre os dois apenas. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 72 Isto exposto, Kemsley (2013) infere que alguns estudos têm sido dedicados para o devido alinhamento destes softwares ao BPM. Como exemplo, a literatura nos apresenta o BPM Ágil, idealizado por Bruno, Dengler, et al (2011). Esta ferramenta, de acordo com os autores, tem como origem as mesmas dificuldades destacadas pela literatura do BPM Social, encontradas no ambiente dos negócios. Além disso, seus propósitos, características e requisitos de funcionamento são os mesmos, incluindo as vantagens do uso de softwares sociais como suporte ao BPM padrão, o que nos provoca a inferir a equivalência entre os dois termos. Não obstante, é possível afirmar que a única diferença destacada pela literatura com relação ao BPM Social e ao BPM Ágil é a ideia apresentada para o Ciclo de Vida de ambos. Bruno, Dengler, et al (2011) focam em pequenas mudanças do Ciclo de Vida de BPM com o intuito de torná-lo mais ágil, intensificando o argumento de como o software social pode auxiliar a atuação do BPM padrão para esse sentido, devendo-se considerar certas nuances que eles incorporam ao Ciclo de Vida do próprio BPM de forma subjetiva. Em contrapartida, o Ciclo de Vida apresentado por Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) para o BPM Social propõe modificações mais pontuais em sua execução ao incorporar, por exemplo, eventos sociais como os momentos de decisão em grupo e utilizar os softwares sociais como apoio para tanto. “Na verdade, o BPM Ágil não só requer mudanças menores no ciclo de vida do BPM, mas também uma mudança de paradigma. Esse novo paradigma para BPM deverá ao mesmo tempo fornecer: (1) um fluxo apropriado de informação (mais precisamente o compartilhamento efetivo de conhecimento) e (2) processos de engenharia/execução/gestão para lidar com processos de negócios eficientemente, e assegurar que uma alta qualidade de modelagem e execução de processos de negócios seja desenvolvida”. (BRUNO, DENGLER, et al, 2011, pág. 299) Para o BPM Ágil, Bruno, Dengler, et al (2011) apresentam o Ciclo de Vida de acordo com a ilustração 2.18, seguida das referidas especificações: Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 73 Ilustração 2.118. Pré-requisitos dos ciclos de vida do BPM Ágil Fonte: Adaptado de BRUNO, DENGLER, et al (2011, pág. 300). Percebe-se no desenho acima que, em seu centro, Bruno, Dengler et al (2011) propõem a utilização de um Ciclo de Vida semelhante ao que foi visto anteriormente neste texto destacado pela ABPMP (2013); porém, tal ciclo é apresentado de maneira mais simplificada contendo apenas quatro passos: desenho, implantação, operação e avaliação. O que de fato é destacado no Ciclo de Vida idealizado por Bruno, Dengler et al (2011) são os pré-requisitos, como denominam os autores, para dar suporte ao seu funcionamento efetivo. Assim, os autores sugerem que, antes de se ater à execução do ciclo em si, é necessário se preocupar primeiro com a Integração Organizacional. Os autores explicam que o BPM Ágil requer interação entre todos os envolvidos igualmente. Vale destacar a ressalva de Bruno, Dengler et al (2011) quando afirmam que esta abordagem é apoiada por pesquisas que mostraram que, quando se combinam várias opiniões, normalmente se alcançam melhores resultados. Os autores argumentam este ponto como um diferencial em relação ao BPM padrão, pois no BPM Ágil a decisão a priori é feita por grupos predefinidos cuja participação dos integrantes decide o quanto cada um pode contribuir para o ciclo de vida de BPM. Nesta sistemática, os autores sugerem a utilização de pesos para representar as contribuições dos indivíduos diferindo de grupo para grupo. Bruno, Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 74 Dengler, et al (2011) explicam que se deve assegurar que os stakeholders estejam integrados no processo de elicitação de suas necessidades e, portanto, aptos para submetê-las ao ciclo de vida de BPM. Os autores reforçam que é necessário permitir que as pessoas não só adquiram conhecimento como também possam adicioná-lo ao processo. No tocante à atuação do software social nesta etapa, Bruno, Dengler, et al (2011) inferem que a organização deve fornecer uma ferramenta que facilite a colaboração entre os projetistas dos processos, levando em consideração, portanto, as dificuldades das pessoas envolvidas para contribuir durante as fases do ciclo de vida BPM. Os autores explicam que a proposta do software social se dá pelas dificuldades observadas nos aspectos sociais e psicológicos de interações humanas; particularmente, focando na abordagem de identidade social em que as pessoas começam a se sentir motivadas a participar se elas se sentirem parte do mesmo grupo e desenvolverem uma identidade comum. Desta forma, a característica “laços fracos” consegue dar suporte à integração organizacional quando permite que pessoas não designadas previamente pela hierarquia contribuam para o ciclo de vida do BPM; consequentemente, elas poderão fornecer conhecimento e informações valiosas. O software social usa uma abordagem otimista e a posteriori para determinar os possíveis contribuidores do processo. A integração semântica, por sua vez, surge para quebrar barreiras oriundas de atritos semânticos que podem tornar o ciclo de vida do BPM devagar. Bruno, Dengler, et al (2011) explicam que são homônimos e sinônimos que podem criar desentendimentos e prolongar a fase de definição do processo, remetendo-nos à importância do princípio do “entendimento comum” destacado por Brocke (2013). Bruno, Dengler, et al (2011) explicam que as partes envolvidas podem ter objetivos, habilidades, valores, linguagens, terminologias, entre outros aspectos de processos diferentes e, para ter o sucesso desejado, a criação de uma linguagem comum tem que ser feita de forma que cada pessoa envolvida no processo tenha a capacidade de se adaptar facilmente a um uso comum de termos. Neste sentido, os autores inferem que a produção social é importante para que haja tal fusão de termos e conhecimentos em BPM. Assim, Bruno, Dengler, et al (2011) explicam que usando o software social, a definição de termos e processos é transformada em “produção social”, permitindo que todas as partes interessadas tenham sua parcela de contribuição. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 75 A Capacidade de resposta se refere aos processos de engenharia, execução e gestão de processos; ou seja, capacidade de o ciclo de vida BPM adaptar-se à sua estrutura através da flexibilidade dos processos e do fluxo de informação para reagir a eventos internos e externos. Bruno, Dengler, et al (2011) explicam que um erro comum destacado pelos autores nas abordagens de BPM padrão é a predefinição de controle e de fluxos de informação que, muitas vezes, acabam sendo mais um fardo do que uma ajuda ao processo pelo fato de eles inadequadamente restringirem tanto os mecanismos de controle quanto o fluxo de informação dentro do ciclo de vida do BPM. Além disso, os autores argumentam que outra falha comum, dessa vez nos ciclos de vida de BPM, é que há normalmente um fluxo de informação de cima para baixo, e não um fluxo de baixo para cima em tempo real. Como consequência, a informação disponível e semanticamente integrada com o ciclo de vida de BPM acaba não sendo utilizável. Assim, para aumentar a capacidade de resposta do BPM ágil, Bruno, Dengler, et al (2011) afirmam que é possível promover a motivação das pessoas para participarem da idealização dos processos e se empoderarem a um nível micro; estendendo, desta forma, notações para representar tanto os processos sociais quanto os de negócios, além de dar suporte ao ciclo BPM. Bruno, Dengler, et al (2011, pág. 305) afirmam que “a reação a um evento não segue um procedimento predefinido, mas é controlado de uma maneira ad hoc”. Deve-se também considerar que o registro de todas as etapas e uma avaliação conjunta por todos os stakeholders asseguram a qualidade da solução fornecida. Baseando-se no ciclo de vida apresentado pela ABPMP (2013), Brambilla, Fraternali e Vaca (2011), em suas pesquisas, introduzem a seguinte figura para representar o ciclo de vida do BPM Social: Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 76 Ilustração 2.129. O Ciclo de Vida BPM e as Contribuições do BPM Social Fonte: Adaptado de BRAMBILLA, FRATERNALI, e VACA, 2011. pág. 2. Descrevendo a figura apresentada, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) inferem que a extensão social do BPM está relacionada, mais especificamente, à fase de otimização. Os autores entendem que essa associação é reconhecida pelo fato de, nesta fase, a organização buscar mais eficiência através do aumento do alcance de processos de negócios para um maior número de pessoas interessadas. Assim, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) explicam que esse objetivo maior (eficiência) é destrinchado em outros objetivos menores de socialização, tais como: exploração de laços fracos e conhecimento implícito, transparência, participação, distribuição de atividade e de decisões, feedback social e compartilhamento de conhecimento. Após o estabelecimento dos objetivos de socialização, torna-se possível o desenho do processo atentando-se para a incorporação de tais objetivos. Esse desenho requer um problema de linguagem (com o intuito de expressar a socialização no modelo) e de procedimento (como desenhar de modo a preencher os objetivos de socialização), caracterizando a formalização do passo de modelagem do BPM Social. Para tanto, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) indicam o uso do próprio BPMN no momento da modelagem; contudo, para dar suporte no tocante ao lado social, eles aconselham a utilização de desenhos baseados em padrões para processos sociais, combinando-os com os objetivos de socialização previamente definidos. Esses desenhos específicos serão apresentados no decorrer deste texto. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 77 Com a consolidação da modelagem do processo social, surge o momento de implantação do processo na organização. Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) consideram esta fase complicada pela necessidade de interagir em tempo de real com o software social (disponíveis on-line) para dar suporte às interações sociais requeridas no modelo. Como exemplo de software social, os autores indicam o “Linkedin” para pesquisa de pessoas e habilidades, e o “Doodle” para compartilhar decisões. Além disso, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) sugerem a criação de uma arquitetura de BPM Social por conta da dificuldade de interação em tempo real no sentido de automatizar a geração de aplicações da promulgação de processos dos modelos de BPMN Social4. Após a implantação, seguem as etapas de execução e monitoramento. A dinamicidade da interação em tempo real de execução é também destacada nos estudos de Kemsley (2013) quando explica que, em se tratando de organizações públicas e seu atendimento ao cidadão, esta pode ocorrer com a inserção de usuários (ou cidadãos neste caso) por outros participantes de sua própria rede social; além de ocasiões quando não participantes aderem ao processo, quando se captura padrões para a melhoria de processos, dentre outras formas. Quanto à atuação das pessoas no BPM Social, Kemsley (2013) identificou que elas podem desistir de colaborar com a ferramenta pelo fato de sentirem medo de assumir responsabilidades, de compartilharem créditos pelo trabalho ou até mesmo de não ganhá-los pela colaboração que proporcionaram, de perderem o controle sobre um determinado processo, de abrirem o acesso à informação, entre outros aspectos. Além disso, a autora discute que a colaboração nas organizações pode tornar-se difícil quando os objetivos e as métricas organizacionais estão desalinhados, e também quando existem conflitos em relação aos incentivos fornecidos individualmente. Kemsley (2013) explica que, na verdade, a intenção é focar no trabalho colaborativo dos envolvidos e no valor gerado pela contribuição de cada um. Desta forma, Kemsley (2013) afirma que uma maneira de conseguir o maior comprometimento das pessoas é através de programas de recompensas e incentivos. Esses programas podem contemplar incentivos quantitativos (ou financeiros) e qualitativos (não financeiros), considerando recompensas pelo trabalho em equipe além do esforço individual, pelo serviço ao cliente além de mera eficiência, pela melhoria do 4 Inovação do BPMN para dar suporte ao BPM Social. Será discutida com detalhes mais adiante. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 78 processo em si. Acerca de incentivos sociais, Kemsley (2013) explica que o futuro nas organizações envolve: Pontuação social – trata-se do reconhecimento de pares, do uso de métodos de gamificação5, conectividade, entre outros. Métricas de colaboração – envolve a detecção e análise do gráfico social, mensuração das contribuições dadas para a comunidade medindo o sucesso do desempenho na tarefa, recomendação de colaboradores pela reputação na empresa. Métricas pela resolução de problemas – trata-se da preocupação com a satisfação do cliente, o tempo de resolução de um determinado problema, a qualidade da decisão através do grau de colaboração envolvido. Análises sociais da próxima geração – é a avaliação e recompensa de comportamentos que estejam alinhados com a cultura organizacional, que consigam concluir o trabalho com êxito assim como ajudar a alcançar os objetivos comuns da organização. Por fim, é apresentado a seguir um quadro comparativo entre o BPM Social (ou Ágil) e o BPM padrão com base na literatura utilizada, com o intuito de esclarecer ainda mais a ideia recém descrita neste trabalho: 55 A palavra “gamificação” pode ser entendida como o uso de mecânica de jogos para incrementar a participação e gerar maior engajamento entre as pessoas diante da necessidade de solucionar problemas em diversos ambientes. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 79 Ilustração 2.20. Comparação entre os ciclos de vida do BPM Padrão e o BPM Social BPM Padrão Seu Ciclo de Vida consiste normalmente em fases básicas tais como: desenho, execução, monitoramento e avaliação. Diversas formas de notação, sendo a BPMN a mais conhecida e utilizada. A estrutura matricial por processos torna-se mais rápida em sua atuação quando comparada à estrutura funcional. Entende que as interações existentes seguem passos ordenados e usam fluxos de informação mais ou menos predefinidos. Defende o exercício da Gestão do Conhecimento para gerar melhoria contínua. O fluxo de processo pré-determinado pode restringir a atuação das pessoas e inibi-las. Dificuldade de realizar muitas modificações no processo Utilização de um BPMS para a gestão dos processos. Modelagem de processo com foco no cliente. Planejamento de processo centralizado (abordagem a priori) - BPM Social Insere aspectos sociais a serem observados no ciclo de vida comumente conhecido. Utiliza a notação do BPMN Social. A estrutura matricial, com a utilização de softwares sociais atuando em tempo real, agiliza ainda mais o BPM padrão. Fornece fluxos de informação sem se preocupar tanto com o passo a passo como no BPM Padrão (maior foco no compartilhamento do conhecimento). Proporciona maior fluidez no exercício da Gestão do Conhecimento através do princípio da transparência nas ações. As pessoas se sentem mais livres e confiantes para participar do processo, através da cultura do empoderamento e do igualitarismo. Torna o processo mais flexível e de rápida adaptação às mudanças. Utilização de um BPMS suportado por um software social favorecendo um ambiente com processos desestruturados. Modelagem de processo com foco no cliente e contando com sua atuação ativa na execução do processo. Planejamento de processo descentralizado (abordagem a posteirori) Incentivo ao fortalecimento de laços fracos. 2.9.1. O BPMN Social Na seção anterior, o BPMN Social foi apresentado superficialmente como uma variação do BPMN para dar suporte à nova proposta de gestão de processos de negócios. Explicando de maneira mais técnica, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) afirmam que o BPMN com versão 2.0 incorpora os mecanismos de extensão social suficientes que fazem a linguagem bem aplicável para as adaptações dos requisitos dos processos inerentes ao BPM Social. Assim, os autores destacam que, com o BPMN, é possível alcançar uma linguagem visual familiar para os usuários e também possuir poder expressivo o suficiente para os padrões de desenhos sociais. Para ilustrar, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) apresentam uma categorização própria para o BPMN Social. Com relação aos atores do processo, eles os identificam da seguinte forma: (1) os atores internos são aqueles que trabalham na organização e são Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 80 formalmente designados antes da implantação do processo, afetando diretamente em seu andamento; (2) o observador interno pertence à organização e é formalmente designado antes da implantação do processo; no entanto, não afeta diretamente no avanço das atividades, mas pode produzir eventos e artefatos que afetam em tais atividades; (3) o observador externo não pertence à organização como também pode não ser formalmente registrado à priori – esse tipo de ator entra no processo normalmente através de logins em determinados serviços, podendo influenciar no andamento do processo de forma indireta como também participar das mesmas atividades que os observadores internos participam. Os autores explicam que a principal extensão para se compreender acerca desta notação é o conceito de “piscina comunitária” que, nada mais é do que a representação de redes sociais de organizações públicas ou privadas, garantindo a possibilidade de atribuir trabalho aos usuários participantes do processo. Assim, eles explicam que as piscinas devem ser identificadas de acordo com a categorização de usuário envolvido nas suas atividades sociais. A ilustração 2.21 a seguir mostra, concisamente, os tipos de atores idealizados por Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) para realizar a extensão das piscinas e raias sociais. Ilustração 2.21. Estereótipos de Raias e Piscinas para Atores Sociais no BPMN Tipo de papel Ícone Descrição Ator Interno Observador Interno Observador Externo Afeta diretamente o avanço da atividade. Pode produzir eventos e Pode ser informado e artefatos que afetam participar através de indiretamente no avanço plataformas de redes sociais. da atividade. Fonte: Adaptado de Brambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág.4. Os autores também apresentam mais três notações específicas para a socialização de atividades e decisões conforme quadro apresentado a seguir: Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 81 Ilustração 2.22. Notação para Representar as Atividades Sociais Requisitos Escolhas Feitas pelos Usuários ou Automaticamente Evitar a Duplicação de Raias e Tarefas Atividades Desenvolvidas pela Comunidade Ícone Descrição Os direcionadores de Os papéis dos usuários Um subprocesso delegado fluxos (gateways) podem podem ser definidos como para uma comunidade é ser anotados pelo em uma hierarquia. marcado como ad hoc para símbolo de usuários ou denotar a natureza de pelo símbolo automático, interação não-estruturada. assim como para tarefas. Fonte: Adaptado de Brambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág.4. Como se pode perceber pela tabela acima, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) propõem a permissão de hierarquia entre os papéis dos usuários. Eles explicam que um “super papel” é atribuído a uma raia enquanto que os “sub-papéis” estão em outras raias, possibilitando que os atores responsáveis por estes “sub-papéis” desempenhem suas atividades tanto em sua própria raia como também na pertencente ao ator do “super-papel”. Assim, como o intuito é evitar a duplicação de atividades entre todas as raias, os autores recomendam usar um papel familiar representando as atividades em comum para múltiplos “sub-papéis”, tornando a categorização deste comportamento social mais compacta. Além disso, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) introduzem o conceito de direcionadores de fluxo (ou gateways) para expressar escolhas humanas. Contudo, eles explicam que a especificação das escolhas em BPMN é uma questão ainda em discussão pelos especialistas; pois, aplicações sociais corroboram a necessidade de melhor modelar decisões humanas que podem ser tanto através de direcionadores de fluxo para usuários, como também de forma automática – o que requer a especificação de regras. Outro conceito trazido pelos autores é o de subprocessos ad hoc. A proposta deles em introduzi-los no BPMN Social é torná-los uma solução efetiva para descrever atividades sociais que são inerentemente desestruturadas. Essa característica pode decorrer de uma natureza flexível e às vezes incontrolável nas interações entre as atividades sociais. Seguindo essa linha de raciocínio, Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) explicam que as “tarefas sociais” representam o conceito de tarefa de BPMN para denotar uma semântica social com ícones específicos conforme mostra a ilustração 2.23: Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 82 Ilustração 2.23. Tarefas de BPMN Estereotipadas para Denotar Atividades Sociais Tipo de Tarefa Transmissão Social Ícone Descrição Fluxo de dados para uma piscina comunitária Postagem Social Fluxo de dados para um único usuário em uma piscina comunitária. Convite para Atividade Inscrição dinâmica em uma tarefa no processo Comentário Comentar uma atividade Votação Votação na atividade, ou com uma plataforma de rede social ou diretamente no sistema de BPM. Login Login usando um perfil social. Convite para entrar em uma rede Convite entre usuários da comunidade. Procura pela informação de um ator Consulta à comunidade para procurar por um ator com atributos específicos em seu perfil. Fonte: Adaptado de Brambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág.4. Por conseguinte, os autores ainda demonstram que o mesmo pode ser aplicado para tipos de “eventos sociais”, como expõe o próximo quadro. Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) inferem que o conceito de um evento social genérico representa qualquer tipo de ocorrência dentro de uma rede social podendo expressar detalhes tais como: adição de um novo usuário, estabelecimento de novos relacionamentos, notificação de aceitação ou rejeição de um pedido social e assim por diante. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 83 Ilustração 2.24. Tipos de Eventos de BPMN para Suportar Interações Sociais Requisito Eventos Gerados pela Comunidade Notação Comentários Eventos (genéricos) criados para a comunidade. Um evento é criado quando um usuário dinamicamente se inscreve no processo. Um evento é criado quando um usuário estabelece um Evento: Novo Link de relacionamento social com outro Relacionamento Social usuário. Um evento é criado quando um Evento: Aceitação ou Rejeição usuário aceita ou rejeita um de Convite convite Fonte: Adaptado de Brambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág.5. Evento: Novo Usuário Engajado na Comunidade Social Isto exposto, é possível inferir que, de acordo com os autores, as piscinas sociais com as respectivas categorias dos atores, tarefas e eventos sociais são a base para construir um padrão de desenho social. Os autores demonstram, como exemplo, o desenho abaixo para indicar um processo social de votação, destacando a cooperação do cidadão na tomada de decisão: Ilustração 2.25. Padrão de Desenho para Votação Fonte: Brambilla, Fraternali e Vaca 2011, pág. 6. Percebe-se, com a ilustração 2.25, que Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) destacam a ação de um servidor público em publicar na plataforma social as alternativas, anúncios e convites para votação; em seguida, o usuário indica sua participação na eleição através da piscina inferior. O sistema automaticamente recebe os resultados da eleição e, após certo tempo, a eleição se dá por encerrada e as opções de ganhadores são publicadas. Capítulo 2 Fundamentos da Gestão de Processos de Negócios 84 2.10. Visão Geral do Capítulo Toda a revisão bibliográfica exposta neste capítulo apreciou pontos considerados importantes para serem destacados e estudados, objetivando facilitar o entendimento do modelo de gestão que será apresentado no próximo capítulo. Dentre os temas explorados, que partiram sistematicamente desde conceitos básicos diferenciando a “gestão de processos” da “gestão por processos” até conceitos mais abstratos envolvendo a ação das pessoas perante o bom funcionamento da ferramenta, considera-se válido destacar o entendimento da dinâmica do BPM Social, por representar uma nova tendência tecnológica capaz de modificar o comportamento de trabalhadores e contribuir para a aprendizagem organizacional no gerenciamento das atividades rotineiras. Entende-se, portanto, que as informações aqui presentes estão quantitativa e qualitativamente suficientes para adentrar-se nas nuances do modelo de gestão elaborado para a Diretoria do CTG. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 85 3. PROPOSIÇÃO E APLICAÇÃO DO MODELO Antes de adentrar-se na exposição do modelo de gestão de processos para a Diretoria do CTG, entende-se ser importante expor um pouco da história da organização em seu contexto maior chamado UFPE. Por esta razão, a primeira sessão deste capítulo se dedica à exposição sucinta da concepção e desenvolvimento do CTG na Universidade. Posteriormente, serão encontradas a proposição do modelo baseado em BPM e uma sugestão de como poder-se-ia implantá-lo na Diretoria do CTG. Ao fim do capítulo, haverá uma discussão acerca dos resultados obtidos com o estudo, destacando tanto as vantagens encontradas como as possíveis barreiras que poderiam surgir diante de sua implantação. 3.1. Descrição da Organização A UFPE, instituição pública voltada para o ensino de cursos de graduação e de pós-graduação, além de contar com a prática de pesquisas científicas e de projetos de extensão, tem crescido de forma mais acentuada nos últimos anos; principalmente depois da criação de novos cursos e da construção de novas unidades acadêmicas acarretando na sua interiorização no Estado de Pernambuco. Para ilustrar esse crescimento, UFPE (2013) afirma que a Universidade, surgida em 1946 através do Decreto-Lei nº 9.388, com a denominação de Universidade do Recife (UR), iniciou suas atividades sendo composta pela Faculdade de Direito, pela Escola de Engenharia de Pernambuco (atual CTG), pela Faculdade de Medicina e escolas anexas de Odontologia e Farmácia, pela Escola de Belas Artes e pela Faculdade de Filosofia do Recife. Cauponi (2011) explica que essas escolas eram majoritariamente privadas e aliadas ao poder público, com o objetivo de formar mão de obra especializada para atender a demanda local, regional e nacional. Explica Farias (2010) apud Cauponi (2011) que, em 1963, a Universidade do Recife passou por grande mudança estrutural com a reforma estatutária estabelecida na época. Até o referido ano, a estrutura física da Universidade já contava com treze Faculdades e três cursos autônomos, onze institutos, dois centros de treinamentos e duas Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 86 instituições complementares – neste caso o Hospital das Clínicas e o Ginásio de Aplicação. Assim, em 1965, de acordo com UFPE (2013), a Universidade do Recife passou a ser denominada de Universidade Federal de Pernambuco, passando a ser considerada autarquia vinculada ao Ministério da Educação. Dados da UFPE (2013) expõem que a Universidade conta atualmente com 12 Centros Acadêmicos, distribuídos em três campi pelo Estado de Pernambuco: o de Recife, o da cidade de Vitória de Santo Antão, e o da cidade de Caruaru. Espalhados por estes campi, a UFPE possui 72 departamentos acadêmicos, 107 cursos de graduação, 68 cursos de mestrado acadêmico e 8 de mestrado profissional, 49 cursos de doutorado, 49 cursos de especialização presencial e, ainda, 3 cursos de especialização à distância. Concomitantemente, o CTG tem crescido bastante diante da necessidade de acompanhamento do desenvolvimento da UFPE. No entanto, o referido Centro Acadêmico têm sentido tal crescimento de forma impactante, uma vez que, de acordo com Cauponi (2011), adotou nos últimos anos medidas eficientes para abrandar o fluxo de evasão de alunos que até então era consideravelmente grande; além do aumento do número de cursos de graduação e de pós-graduação. Cauponi (2011) explica que o CTG teve suas origens em 1895, pela lei estadual nº 84, sendo conhecido na época como a Escola de Engenharia de Pernambuco – segundo a autora, foi a quarta instituição de engenharia criada no país. Ao longo desses quase 120 anos de existência, o Centro Acadêmico primeiramente iniciou suas atividades com os cursos de Engenharia Civil e Engenharia Agronômica. Explica Cauponi (2011) que, com o passar dos anos, o curso de Engenharia Agronômica saiu do seu domínio, e a Escola de Engenharia passou a incorporar novos cursos de graduação, a começar com o de Química Industrial cuja agregação foi em 1920. Com a fundação da Universidade do Recife em 1946, conforme dito anteriormente, a Escola de Engenharia foi uma das escolas a ser incorporada. Contudo, foi somente em 1967 que se deu origem à Universidade Federal de Pernambuco, quando teve sua sede inaugurada no Campus do Recife, fato que resultou na fusão da antiga Escola de Engenharia de Pernambuco com a Escola de Química, agregando também a Escola de Geologia, o Laboratório de Ciências do Mar e o Centro de Energia Nuclear. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 87 Dados internos da prórpia organização6 nos mostra que o CTG, atualmente, comporta 12 departamentos, 17 cursos de gradação com 3.883 alunos no total, 11 cursos de Mestrado Acadêmico com 620 alunos, 1 curso de Mestrado Profissional com 21 alunos, 7 cursos de especialização com 68 alunos (atualmente, somente dois estão funcionando) e 8 cursos de doutorado com 559 alunos – todos devidamente matriculados. Para ilustrar pontualmente o crescimento do CTG, Cauponi (2011) apresenta a evolução do número de vagas ofertadas nos cursos de graduação de acordo com a tabela 3.1, devido ao aumento na demanda de mercado pelo ensino superior. Tabela 3.1. Evolução do número de vagas ofertadas por curso nos de 1990, 2008 e 2012 Curso Aumento de vagas 1990 2008 2012 0 20 120 30 0 20 30 120 40 40 20 60 120 50 40 20 40 0 20 40 Engenharia Elétrica/ Eletrônica 50 80 80 30 Engenharia Elétrica/ Eletrotécnica 50 100 100 50 Engenharia Mecânica 80 80 100 20 90 40 40 25 35 20 40 20 880 40 20 10 25 35 20 40 20 430 Engenharia Biomédica Engenharia Cartográfica Engenharia Civil Engenharia de Minas Engenharia de Produção Engenharia Química Geologia Química Industrial Oceanografia Engenharia de Alimentos Engenharia de Energia Engenharia de Materiais Engenharia Naval Total 50 90 20 40 30 40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 450 680 Fonte: Cauponi, 2011, pág. 32. (1990 – 2012) A tabela 3.1 compara o número de vagas ofertadas no ano de 1990 com os anos de 2008 e 2012, que foram os dois marcos temporais para início e conclusão do projeto 6 São dados coletados internamente na instituição, atualizados no mês de Outubro de 2014; com exceção da informação referente à quantidade de alunos de graduação, cuja atualização última foi em Dezembro de 2015. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 88 REUNI/UFPE7. Além deste, a autora também destaca outros fatos que contribuíram para o crescimento do CTG, tais como: vagas ofertadas em vestibular do meio do ano, a Resolução 07/2011-CCEP da UFPE que fixa as vagas do Processo Seletivo/Vestibular para 2012 e 2012.2, e o Sistema de Seleção Unificada – SISU/MEC, que seleciona, através do Enem (Exame Nacional de Ensino Médio), os candidatos mais bem classificados de acordo com o número de vagas ofertadas em cada instituição. Como resultado destas medidas, percebe-se a partir da tabela que o aumento percentual do número total de vagas ofertadas de 1990 a 2012 é de 95,55%. Esse crescimento também reflete a criação de novos cursos, como explica Cauponi (2011) que, em 2009, o CTG ofertou a mais os cursos de Engenharia de Alimentos, Engenharia de Energia e Oceanografia; e em 2010 o curso de Engenharia de Materiais. A autora também revela o consequente aumento de alunos inscritos nos cursos de graduação de engenharia. A ilustração 3.1 apresenta o acompanhamento do número de discentes matriculados no CTG entre 1990 e 2011, considerando os novos alunos e os alunos que já estavam vinculados ao Centro Acadêmico. Nesse período, percebe-se que houve um aumento no número de alunos em 188,47%. A autora explica que esse crescimento passou a ter maior expressividade a partir de 2009, corroborando com os dados extraídos acerca da oferta de vagas no período em que as medidas citadas anteriormente foram sendo adotadas. Com relação ao número de concluintes, Cauponi (2011) explica que também houve um aumento de 171,31% entre 2000 e 2010. A ilustração 3.2 apresenta essa evolução por ano. Ilustração 3.1. Evolução do número de alunos matriculados no CTG entre 1990 e 2011 Fonte: Cauponi, 2011, pág. 36 7 O REUNI (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) foi um programa do governo federal iniciado no ano de 2007 e terminado em 2012. O intuito do projeto era elevar a taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais em todas as Universidades Federais do Brasil. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 89 Ilustração 3.2. Evolução do número de alunos diplomados entre 2000 a 2010 Fonte: Cauponi, 2011, pág. 37 Além dos dados apresentados, serão destacadas a seguir, as medidas tomadas pelo CTG nos últimos anos e que foram identificadas por Cauponi (2011) em sua pesquisa. Essas medidas foram estabelecidas para diminuir a evasão de alunos dos cursos de graduação. São elas: Ponto de corte – a autora explica que foi a primeira medida adotada , ocorrida na segunda fase do vestibular 2007. O objetivo foi melhorar o nível dos alunos ingressantes (através da nota alcançada no certame) para evitar desistências no decorrer do curso pelo fato de não conseguirem acompanhar o andamento das disciplinas. Em contra partida, explica a autora que ficou mais difícil de preencher o número de vagas ofertadas. Conjunto de Engenharias CTG – essa iniciativa foi composta pela maioria dos cursos de graduação. Cauponi (2011) explica que os aprovados no Conjunto Engenharias CTG cursam dois semestres de disciplinas básicas comuns a todas as engenharias e, somente após um ano de aula, os alunos poderão decidir qual curso irão seguir em sua vida profissional. A autora explica que foi identificado que o estudante recém-ingressante se sente perdido no ambiente acadêmico e, muitas vezes, opta por uma área da engenharia que, com o tempo, não consegue mais se identificar. Vestibular no meio do ano – a autora explica que essa decisão foi tomada pelo fato de vários professores do CTG perceberem que, com a segunda entrada do vestibular, os alunos passam seis meses sem estudar, o que pode implicar no Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 90 mau rendimento das disciplinas. Com o vestibular no meio do ano, os candidatos continuam em contato com os estudos e isto os auxilia nos primeiros períodos do curso. Todos esses dados foram expostos com o intuito de ilustrar, com o exemplo específico dos cursos de graduação, que nos últimos anos o CTG como um todo tem crescido bastante em números no tocante ao seu processo principal, que é a preparação de discentes para o mercado de trabalho. Como se pôde perceber, tal evolução foi expressada tanto na entrada, quanto na manutenção e saída desses alunos. Esse crescimento também é refletido nos processos de suporte, como por exemplo, na contratação de mais professores diante da criação de cursos novos, na necessidade de prover infraestrutura adequada para comportar todos os alunos e professores novos, na melhoria da comunicação interna, no fluxo de ações que são movidas em prol da Academia, entre outros. Destarte, tais processos são, em grande parte, de responsabilidade da Diretoria do CTG perante a comunidade de maneira geral, tornando-se o foco de estudo neste trabalho a partir de então. 3.2. Aspectos Gerais do Modelo A proposta que será apresentada mais adiante está inspirada em três metodologias principais. A primeira metodologia norteadora foi a proposta de Ciclo de Vida de BPM padrão idealizada por Baldam, et al (2007) apresentada na seção 2.3 deste trabalho; a segunda e a terceira metodologias são encontradas na seção 2.9 e se referem aos Ciclos de Vida dos BPMs Ágil e Social, conforme idealizaram Bruno, Dengler, et al (2011) e Brambilla, Fraternali e Vaca (2011), respectivamente. As ideias encontradas na metodologia de Baldam, et al (2007) inspiraram a formação do presente modelo no tocante ao sentido lógico gerado pelas etapas do Ciclo de Vida de BPM criado pelos autores (Planejamento de BPM, Modelagem e Otimização de Processos, Execução de Processos, e Controle e Análise de Dados), bem como pela lógica das fases internas encontradas em cada uma dessas etapas. Vale destacar que também houve inspiração no conteúdo dos fluxos de entrada e saída entre tais etapas, especificamente, alimentando o sentido cíclico do modelo dos autores. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 91 Por outro lado, as contribuições do Ciclo de Vida de BPM Ágil de Bruno, Dengler, et al (2011) para o presente modelo referem-se ao entendimento da importância do rompimento das barreiras organizacionais, além das barreiras semânticas e procedimentais, com o intuito de lograr capacidade de resposta e implantar o BPM na organização. Por conseguinte, a terceira e última metodologia inspirou o modelo não no seguimento das etapas em si – uma vez que o Ciclo de Vida de BPM Social de Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) é bastante parecido com modelo estabelecido pela ABPMP (2013) para o BPM Padrão e, como já exposto, houve o embasamento nos estudos de Baldam, et al (2007) – mas pela maneira como o modelo poderia ser conduzido através de ferramentas que agregam a extensão social ao BPM Padrão. Particularmente, acredita-se que, como a Diretoria do CTG é caracterizada por ser um ambiente onde muitas decisões são tomadas em grupo e que também conta com um grande número de clientes (isto é, toda a sociedade), as tecnologias aliadas ao BPM Social poderão ser ferramentas imprescindíveis para acelerar o andamento dos processos possíveis bem como melhor atender às necessidades de cada ator envolvido, incluindo os próprios clientes. A seguir, a ilustração 3.3 demonstra o modelo de Ciclo de Vida de BPM idealizado para a Diretoria do CTG-UFPE. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 92 Ilustração 3.3. Modelo de Ciclo de Vida de BPM para a Diretoria do CTG O motivo de o modelo acima ser descrito como “Ciclo de Vida de BPM” e não como “Ciclo de Vida de BPM Social” para a Diretoria do CTG, explica-se pelo fato de o objeto de estudo ser um ambiente misto uma vez que, concomitante ao desejo e necessidade de se ter maior agilidade no alcance dos resultados, também se deve respeitar o imenso corpo normativo que o envolve pela sua natureza enquanto órgão público. Destarte, o modelo é apresentado de forma tal que favoreça tanto a implantação dos fundamentos do BPM Padrão como também do BPM Social, sendo o marco diferenciador entre a aplicação de ambos a abrangência de cada processo a ser executado. Acredita-se ser possível aplicar os procedimentos voltados para o BPM Social nos processos que envolvam a participação de um grande número de pessoas, principalmente alunos e a própria sociedade quando for o caso. Os procedimentos voltados para o exercício do BPM Padrão seriam relacionados aos processos mais operacionais da organização, que não exijam tanta flexibilidade por serem dependentes dos ditames burocráticos da UFPE como um todo. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 93 No entanto, antes de adentrar-se no detalhamento da execução das etapas do modelo, entende-se ser necessária a descrição dos atores principais que serão envolvidos no processo de implantação e manutenção da ferramenta. Assim, analisando a realidade atual da organização, os papéis desses atores estão descritos com base nas estruturas apresentadas na seção 2.4 deste trabalho, considerando o que foi encontrado na literatura referente a Baldam, et al (2007); Rotondaro (2008) e Sordi (2008). Destarte, eis a seguinte proposta: 1. Coordenador geral dos processos – este ator seria o equivalente ao “dono do processo” segundo Baldam, et al (2007). O servidor seria responsável pela Gestão por Processos de toda a Diretoria do CTG e também por sua implantação de forma adequada, devendo dar especial atenção para o alinhamento dos processos à estratégia estabelecida pela organização (incluindo a priorização dos processos, o estabelecimento de metas e a alocação de recursos). Como Baldam, et al (2007) recomenda que este ator seja alguém que tenha um papel considerado perene na organização, é interessante que esta função seja ocupada por servidor público ocupante de cargos que englobam a classe dos Técnicos Administrativos em Educação, e não um docente (visto que as funções administrativas que a UFPE reserva para os docentes são mediante processo eletivo e por tempo determinado). 2. Gestores dos processos – são os atores responsáveis pela melhoria contínua dos processos de sua competência, desdobrando as metas estabelecidas em itens de controle. Apresentam maior atuação na fase de modelagem e melhoria dos processos, bem como na fase de execução e controle. Assim, recomendam-se para a Diretoria do CTG os seguintes gestores: 2.1. Gestor de processos de secretaria e de pessoal – este ator se responsabiliza pelos processos administrativos que englobem: trâmite de informações e solicitações diversas para o Centro Acadêmico, necessidades de pessoal, ações de gestão de pessoas articuladas com a PROGEPE, e acompanhamento e desenvolvimento da comunicação interna. 2.2. Gestor de processos de Finanças e Compras – é o responsável por processos que englobem orçamento, finanças, necessidades de aquisição de materiais e serviços, acompanhamento de contratos e outras atividades do gênero, Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 94 focando nas necessidades da Diretoria do CTG e no que lhe for competente em relação ao Centro Acadêmico como um todo. 2.3. Gestor de processos de Infraestrutura – este servidor seria o responsável pela gestão dos processos que impliquem nas solicitações diversas de serviços de manutenção para a Prefeitura da Cidade Universitária (PCU) e Superintendência de Projetos e Obras (SPO), no zelo pela segurança patrimonial do CTG, no gerenciamento de atividades de limpeza e urbanismo, no controle de acesso aos compartimentos do Centro Acadêmico, entre outras atividades afins. 2.4. Gestor de Processos Pedagógicos – responsável pelo monitoramento e controle de indicadores referentes a processos voltados para o atendimento ao aluno, levantamento de dados estatísticos sobre as condições acadêmicas dos discentes e seus perfis, entre outras atividades do gênero. 3. Comitê Gestor de Processos – composto pelos gestores dos processos, pelo coordenador geral e presidido pelo Diretor do CTG, também contando com a presença dos membros do Conselho Departamental. A este Comitê cabe a responsabilidade de tomar decisões estratégicas, ter ciências dos resultados monitorados, e contribuir com a execução dos processos através de orientações para promover melhorias quando for solicitado. Seu papel seria melhor percebido na fase de planejamento de BPM, no que compreende desde as atividades de análise do ambiente organizacional até a participação na priorização dos processos. 4. Equipe de TI – seria a equipe responsável pelo suporte ao BPM além de auxiliar nos demais projetos quando surgirem. Teria maior atuação no estudo de qual BPMS e software social implantar, além de também atuar no treinamento das pessoas envolvidas no processo em como utilizar a ferramenta. Esta equipe (assim como os outros atores) deve manter-se atualizada acerca dos processos e ter uma boa noção do funcionamento da organização. Sugere-se que todos os gestores prestem informações para o Coordenador Geral dos Processos, uma vez que este ator possui uma função intermediária entre o nível mais estratégico na estrutura do CTG (Conselho Departamental) e o tático/operacional, representado pelos próprios gestores. Considera-se também que o papel de tais gestores Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 95 deverá contribuir da melhor maneira possível para a implantação e manutenção da ferramenta no CTG. Assim sendo, como visto na literatura, destaca-se que esses atores somente conseguirão se sentir motivados para atuarem da forma adequada se estiverem devidamente sensibilizados e envolvidos com o objetivo finalístico da ferramenta. Voltando ao desenho idealizado como modelo de Ciclo de Vida de BPM para a Diretoria do CTG, percebe-se que essa sensibilização e o senso de equipe poderiam ser trabalhados em um primeiro momento, isto é, como sugerem Bruno, Dengler et al (2011), na quebra das barreiras organizacionais através da devida integração intra e entre equipes. Este trabalho, mais do que uma simples sensibilização, na verdade tem o objetivo de inserir o modelo na cultura da organização, além de contribuir para que todos os envolvidos obtenham uma visão global para melhor entender os fluxos dos processos, respeitando ao princípio denominado por “holismo”, conforme explicado por Brocke (2013). Essa atividade poderia ser desempenhada pelo Coordenador Geral dos Processos, contando com o apoio institucional dos membros do Conselho Departamental e, mais precisamente, do Diretor do Centro Acadêmico. Assim, de maneira prática, as ações de integração poderiam ser executadas através de Workshops Institucionais periódicos no sentido de provocar o trabalho em equipe e a troca de ideias. Neste ponto, especificamente, o software social escolhido pode auxiliar a tornar as pessoas mais próximas e quebrar barreiras de relacionamento. Seguindo esta ordem, a próxima barreira a ser quebrada é a semântica. Nesta fase o Coordenador Geral de Processos continua seu trabalho com a preocupação de manter uma comunicação organizacional eficaz através de uma linguagem comum, além de favorecer para que todos entendam de fato o funcionamento do BPM. Com a superação dessas duas barreiras, ficaria mais fácil de quebrar a barreira de procedimentos para, definitivamente, poder executar o Ciclo de Vida de BPM em si ao gerar capacidade de resposta. Como se pode observar, o trabalho em prol dos rompimentos das barreiras descritas é indiferente a qual tipo de BPM que se decida adotar, isto é, se padrão ou com extensão social. Entende-se que ambos precisam que esses procedimentos sejam executados para que se consiga efetivamente “rodar” o modelo de Ciclo de Vida proposto para a Diretoria do CTG. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 96 Além disso, antes de apresentar detalhadamente cada etapa a seguir, recomenda-se que a ferramenta tenha seu desempenho geral revisado anualmente. A justificativa para a referida preferência de periodicidade deve-se à possibilidade de fazer a análise no último trimestre do ano corrente, objetivando o início do ano subsequente com um planejamento concluso, além de processos modelados e prontos para a implantação da melhoria idealizada. 3.3. Proposição do Modelo A seguir serão detalhadas as etapas inerentes ao modelo de gestão descrito anteriormente. Em seu corpo, poderão ser encontradas sugestões de referências institucionais que poderiam embasar futuras ações em prol do modelo, bem como ferramentas que poderiam ser úteis analisando o contexto organizacional em questão. 3.3.1. Etapa 1: Planejamento de BPM Como se pode observar no modelo apresentado, esta primeira etapa que representa o planejamento de BPM, está composta por quatro fases principais: a análise do, a definição de diretrizes estratégicas, o mapeamento de processos e, por fim, o alinhamento estratégico. No entanto, esta última é composta por três subfases (priorização dos processos mapeados, alocação dos recursos identificados e definição de métricas). Destaca-se, portanto, que diante da existência de um planejamento macro concluído no final de 2013 para a Universidade e intitulado por PEI 2013-2027 (Plano Estratégico Institucional), o planejamento do CTG deverá considerá-lo como referência, uma vez que o CTG é parte desse todo maior chamado UFPE. Desta forma, a fase de análise de ambiente deve contemplar tanto o que for externo quanto o que for interno ao CTG. Para tanto, a literatura em grande parte recomenda o uso da ferramenta chamada análise de SWOT (acrônimo das palavras Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats), por justamente ser capaz de identificar no ambiente externo as oportunidades e as ameaças, e no ambiente interno, as forças e as fraquezas; facilitando a obtenção de uma visão global no negócio. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 97 Com relação ao ambiente externo, é importante analisar as oportunidades e as ameaças existentes não só nos outros Centros Acadêmicos, como também nas Próreitorias e Órgãos Suplementares da UFPE; igualmente deve-se considerar o próprio mercado de trabalho para onde irão os alunos, as Universidades concorrentes que lecionam os mesmos cursos ofertados no CTG, o avanço das pesquisas a nível mundial, legislações, entre outros. Todavia, no ambiente interno, é importante analisar o que de fato proporciona ao CTG um diferencial competitivo e o que pode atrapalhar em sua gestão. Seriam características como: nível de entrosamento entre as pessoas, estilo de liderança, capacidade de resolução de problemas, entre outras questões. A definição das diretrizes estratégicas, da mesma forma que a análise dos ambientes interno e externo, devem observar as orientações do PEI (2013-2027) da UFPE. Objetiva-se nesta fase a concretização de conceitos como missão, visão e valores do CTG, com o intuito de criar uma identidade para o Centro Acadêmico, fortalecendo os seus valores e moldando sua cultura para os seus preceitos estratégicos. Como destacam Jesus e Macieira (2014), a concepção da estratégia nesta fase deve estar bem delineada para que o andamento do BPM não falhe em sua execução futura. Entende-se que essas duas fases poderiam ser bem sucedidas com a cooperação dos grupos que compõem a Diretoria do CTG em momentos de reuniões específicas, explicando os conceitos técnicos e qual seria a pretensão futura de gestão. Trata-se de uma forma de motivá-los e de cultivar um sentimento de participação e cooperação através de trabalhos em equipe, facilitando a existência de um ambiente propício para a gestão de processos de negócios. O mapeamento de processos da Diretoria do CTG é uma fase que se destaca pela sua capacidade de identificar e entender melhor os fluxos dos processos da organização através do fornecimento de uma visão sistêmica. A ferramenta escolhida para realizar o mapeamento dos processos foi a fase de Engenharia de Processos de Negócios do BSP com a utilização de um Ciclo de Vida, conforme etapas apresentadas na literatura encontrada na seção 2.6.1. Para a documentação dos processos mapeados e ampliação da visão geral destes, recomenda-se a utilização da ferramenta SIPOC, com o objetivo de melhor visualizar as fronteiras existentes. Identificados os processos, será possível realizar o alinhamento estratégico através das suas subfases que se referem à priorização dos processos, alocação dos Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 98 recursos identificados no mapeamento e definição de métricas para serem monitoradas na fase de execução pelos gestores dos processos. Para a priorização dos processos da Diretoria do CTG, sugere-se a aplicação de métodos voltados para decisão em grupo, visto que se trata de um ambiente que comporta funções administrativas eletivas e suas principais decisões são acertadas em reuniões de colegiado. Por decisão em grupo, Almeida, et al (2012) o define como o envolvimento de dois ou mais decisores que assumiriam a responsabilidade de escolha sobre determinada situação. Desta forma, os autores afirmam que há o envolvimento de procedimentos analíticos para agregar preferências deste grupo e se chegar a uma conclusão. Para a execução desta pesquisa, especificamente; e devido ao limite temporal para o seu desenvolvimento comparado ao tempo que seria necessário para implantação da ferramenta como um todo na organização, optou-se por exemplificar a priorização dos processos com a utilização de método MCDA voltado para um decisor apenas. Neste caso, o decisor escolhido foi o atual Diretor do Centro Acadêmico, cujas opiniões serão posteriormente comparadas as do Vice-Diretor para permitir a análise das ideias de ambos e como elas se relacionam. O método MCDA escolhido para exemplificação é baseado no modelo de agregação aditivo. Nesta subfase, também será possível realizar a definição dos objetivos sociais para os processos que foram priorizados e classificados como passíveis de implantação com o BPM Social. 3.3.2. Etapa 2: Modelagem e Melhoria dos Processos Conforme se observa no modelo apresentado, esta etapa de modelagem e melhoria dos processos está composta por três subfases menores: a modelagem dos processos em si, o estudo para implantação de BPMS podendo contar com o uso de mídias sociais, e o treinamento de pessoal. Para a modelagem dos processos, escolheu-se a ferramenta BPMN por ser simples e fácil de entender através da semântica padronizada nos desenhos, tanto para o caso do BPM Padrão quanto do Social. Assim, como já descrito anteriormente, Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 99 dependendo do processo a ser modelado, será possível adotar as duas notações (a que apresenta extensão social e a padrão). Para tanto, é necessário que todos tenham o devido entendimento da dinâmica das notações para que possam melhor entender a modelagem dos fluxos. Neste caso, a equipe de TI poderá auxiliar o coordenador geral dos processos, não só na decisão quanto ao melhor BPMS adotar, mas também através de treinamentos pontuais para uso da nova ferramenta, ajustando também equipamentos e o próprio software se necessário. Pretende-se, portanto, realizar tanto a modelagem do tipo “as is” como a do tipo “to be”, sob a responsabilidade do Coordenador Geral dos Processos. É importante destacar as orientações de Baldam, et al (2007) e Teixeira (2013) quando afirmam que a fase “as is” tem o objetivo, dentre outros, de desenhar o atual sentido dos fluxos dos processos como também de conhecer melhor os pontos que podem ser melhorados, e o uso da fase “to be” para focar na inovação dos processos em si, almejando a melhoria destes. Da mesma forma como acontece no momento do mapeamento, esta fase pode ser executada pelo Coordenador Geral dos Processos com o auxílio dos Gestores dos Processos, podendo ocorrer ou não a presença de demais interessados. Deve-se também levar em consideração as orientações da ABPMP (2013) e do Mello (2013) quando afirmam que os processos devem ser modelados dentro de um contexto de comunicação bem definido, incluindo a identificação dos processos (nome), caracterização destes (ou seja, a definição do processo e também o seu contexto, independentemente da forma de realização), e a sua descrição, que implica na determinação de como o fluxo deve seguir. Da mesma forma, é necessário que, no momento da modelagem, sejam identificados e organizados os atores que irão executar os processos. 3.3.3. Etapa 3: Execução e Controle Esta fase é denominada como “de execução e controle” pelo fato de se entender que os dois devem ser realizados de forma simultânea. Trata-se da fase de implantação dos processos devidamente modelados ao passo que também deverão ser monitorados pelos Gestores dos Processos sempre que necessário. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 100 A execução irá envolver todos os interessados nos processos, isto é, do nível mais alto ao mais operacional, além dos atores externos que também fazem parte de alguns processos. No caso dos processos voltados para o BPM Social, é necessário dar especial atenção ao uso do software social e às interações em tempo real com todos os interessados, uma vez que a dinâmica da interação é bem maior acarretando em feedbacks mais rápidos entre as partes. 3.3.4. Etapa 4: Análise e Refinamento Esta etapa reflete a necessidade de, através dos dados obtidos com o controle da etapa anterior, ser possível realizar a análise destes para gerar estatísticas e poder tirar conclusões mais embasadas para serem apresentadas ao Comitê Gestor dos Processos. A análise dos dados deverá ser realizada pelo Coordenador Geral dos Processos através das informações coletadas com o tempo pelos Gestores dos Processos. Contudo, o seu refinamento poderá se dar através de reuniões pontuais com cada Gestor de Processo e demais interessados quando for o caso, com o objetivo de encontrar alternativas de soluções que deverão ser, se necessário, apresentadas ao Comitê Gestor dos Processos para decisão acerca de futura implantação ou não. Desta forma, a melhoria contínua poderá ser empregada através do modelo, pois passada esta etapa, dependendo da situação encontrada, o ciclo poderá voltar tanto para o planejamento de BPM demandando uma revisão da estratégia, como também poderá retornar para a etapa de modelagem para ajustes mais simples. 3.4. Diferenciais do Modelo O presente modelo proposto, quando comparado a vários outros existentes na literatura, apresenta como diferencial os aspectos destacados a seguir: Maior aderência às peculiaridades do ambiente universitário, principalmente no tocante à gestão das IFES (Instituições Federais de Ensino Superior) em seus Centros Acadêmicos, considerando os critérios observados para definir quais processos poderiam ser geridos com o uso do BPM Social e Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 101 do BPM Padrão, bem como o papel de cada ator nas etapas pré-definidas do modelo. Incentivo à gestão participativa, apoiando as opiniões dos diversos stakeholders como uma forma de quebrar paradigmas antigos voltados para uma cultura de centralização nas tomadas de decisões. Desta forma, o modelo ressalta tanto a importância do cliente, ou seja, da sociedade, como também daqueles alocados nos níveis tático e operacional para que possam contribuir para a melhoria dos processos internos. Assim, o cliente é visto como parte ativa dos processos. Enfoque na transparência das ações, como uma maneira de contribuir veementemente para o trabalho em equipe no ambiente organizacional e para a geração de aprendizado grupal, ao passo que também vai ao encontro dos princípios constitucionais referentes à publicidade das ações públicas administrativas. Proposta de utilização de mídias sociais associadas ao BPM Padrão com o objetivo de agilizar o andamento dos fluxos dos processos, uma vez que facilitam o exercício das interações entre os stakeholders através de respostas em tempo real, auxiliando também na resolução de problemas. Fortalecimento da cultura voltada para a gestão com BPM através da quebra de barreiras e da maior integração organizacional. 3.5. Aplicação do Modelo no CTG Como visto na seção 2.2, a implantação de um modelo de BPM requer mudanças culturais que podem levar anos para serem consolidadas e obter o sucesso da gestão; dependendo do contexto de cada organização especificamente, algumas podem levar mais tempo e outras menos. Ademais, foi visto também na seção 2.9 que, para a implantação do BPM Social, é necessário que se desprendam esforços para efetivar a quebra de barreiras organizacionais, fato que ajuda significativamente na consolidação da cultura voltada para a visão por processos. Por estes motivos singulares (limitação de tempo hábil para uma mudança concreta e implantação do BPM Social), optou-se por apresentar a aplicação do modelo Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 102 de forma sugestiva e parcial até a fase de modelagem de processos; pois se entende que a aplicação das outras etapas teria de ser executada de fato com o envolvimento profundo dos diversos interessados para que pudessem ser adequadamente analisadas, discutidas e concretizadas. 3.5.1. O Planejamento de BPM Antes de adentrar-se precisamente na sugestão de planejamento de BPM para a Diretoria do CTG, destaca-se a necessidade de se levar em consideração o ambiente macro onde o referido Centro Acadêmico está inserido, isto é, o ambiente da UFPE e suas próprias diretrizes institucionais. Para tanto, como será exposto a seguir, dentre as sugestões de estudo destaca-se o Planejamento Estratégico Institucional (PEI) 20132027 da UFPE para compor a análise do ambiente organizacional e a definição das diretrizes setoriais para a organização. Em seguida, será apresentado o mapeamento dos processos e o alinhamento estratégico destes com as diretrizes previamente sugeridas. Este alinhamento será exposto através da fase de priorização dos processos com a utilização de um método de agregação aditivo para dar apoio ao processo decisório e, posteriormente, contará com a fase de alocação de recursos e de definição de métricas. 3.5.1.1. Análise do Ambiente e Definição de Diretrizes Estratégicas Partindo para a análise do PEI 2013-2027 da UFPE como uma forma de alinhar a estratégia setorial da Diretoria do CTG com as diretrizes da Universidade, considerase importante esclarecer de forma sucinta como a própria UFPE chegou ao fim da análise de seus ambientes interno e externo. Operacionalmente, o PEI 2013-2027 foi elaborado mediante ampla discussão com todos os segmentos da comunidade universitária e com a sociedade para que se fosse possível chegar a sugestões de alternativas para serem decididas pelo Conselho Universitário da UFPE. Para tanto, a Universidade contou com a ajuda do Grupo de Apoio ao Planejamento Estratégico (ou GAPE), constituído por doze docentes, cada um Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 103 representando um Centro Acadêmico, além de uma comissão gestora, nove grupos temáticos para serem debatidos e uma comissão consultiva. Durante o processo de planejamento do PEI 2013-2027, a análise do ambiente organizacional foi feita através do uso da ferramenta SWOT, que representa as forças e as fraquezas (ambiente interno), as oportunidades e as ameaças (ambiente externo) de uma determinada organização. Essa análise foi realizada com a apresentação de uma proposta do GAPE acerca dos pontos fortes e fracos, de oportunidades e ameaças a partir de consultas à comissão consultiva e ao texto de visão de futuro realizado no momento de diagnóstico institucional. Desta forma, foram definidas pontuações para cada fator destacado na matriz de SWOT e, como resultado da análise destas pontuações, o GAPE chegou a uma conclusão geral inferindo que a Universidade está em fase de crescimento ao possuir, predominantemente, pontos fracos em um ambiente de oportunidades. A partir desta conclusão, foi elaborado um mapa estratégico para a Universidade expondo o que foi definido para sua missão e visão de futuro, além do estabelecimento de dezessete objetivos estratégicos distribuídos em três perspectivas para serem observadas em toda a organização. A ilustração 3.4 retrata o referido mapa. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 104 Ilustração 3.4. Mapa Estratégico da UFPE Fonte: Planejamento Estratégico Institucional 2013-2027 da UFPE, pág. 23. Percebe-se através da figura acima o intuito de concretizar a implantação da gestão estratégica na instituição. Fazendo uma leitura do referido mapa estratégico, entende-se que as três perspectivas (alicerces, processos e resultados) têm como base o último objetivo estratégico (o de número 17 referindo-se à possibilidade de “assegurar recursos orçamentários necessários para implantação da estratégia”). Este objetivo, especificamente, alimenta os alicerces que são compostos por pessoas, infraestrutura e informação; e também alimenta os processos internos que formam a gestão da UFPE além de dar suporte ao alcance de resultados tanto através da formação acadêmica quanto da pesquisa, inovação, extensão e cultura. Assim, com a realização de todos os objetivos será possível atender aos preceitos da missão e da visão estratégicas da UFPE. Além da exposição dos objetivos estratégicos, o PEI 2013-2027 também traz consigo ações que a Universidade acredita serem essenciais para o alcance de tais Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 105 objetivos e que, consequentemente, poderão ser traduzidas em projetos de nível operacional pelos diversos gestores envolvidos. Pensando na elaboração da análise dos ambientes da Diretoria do CTG, percebese que a dinâmica poderia ser similar àquela adotada pela UFPE, isto é, apresentando características tais como: (1) a definição de uma comissão gestora cuja liderança poderia ser exercida pelo Coordenador Geral de Processos para a administração das atividades a serem desenvolvidas; (2) uso da análise de SWOT, contando com uma equipe que poderia ser composta por docentes já envolvidos em alguma atividade administrativa, discentes interessados, Gestores dos Processos, entre outros; (3) definição de grupos temáticos focados na área de Engenharia e Geociências, (4) uso de fontes de informações variadas abarcando não só o próprio PEI 2013-2027 da UFPE, como também os PDIs (Planos de Desenvolvimento Institucional)8 da Universidade, pareceres de auditorias passadas e avaliações do MEC (Ministério da Educação) acerca do referido Centro Acadêmico, legislações diversas, Planejamentos Estratégicos de outras Escolas de Engenharia que sejam referências mundiais, atualidades acerca do mercado de trabalho concernentes aos cursos de engenharia, entre outras fontes. Quanto à definição de diretrizes estratégicas, percebe-se que a Diretoria do CTG, similarmente ao estabelecido para a UFPE, também poderia focar num horizonte de quinze anos. Entende-se ser importante que o Centro Acadêmico defina sua missão, visão, valores, e objetivos estratégicos com suas respectivas ações para que também sejam observados nas etapas seguintes do modelo proposto, podendo ser realizado com a mesma equipe participante da análise dos ambientes organizacionais. Portanto, assim como essas duas subfases geraram o documento institucional chamado PEI 2013-2027 para a UFPE, acredita-se ser interessante elaborar documento similar para o CTG apresentando obviamente uma visão mais focada na área das engenharias, podendo ser denominado, sugestivamente, de PES-CTG (Plano Estratégico Situacional). 8 O PDI é o plano tático estabelecido para a UFPE que obedece a um prazo de exercício quinquenal; ou seja, a Universidade atualmente contém três PDIs referentes ao PEI 2013-2027. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 3.5.1.2. 106 Mapeamento dos Processos No intuito de dar prosseguimento à aplicação das etapas propostas para o modelo, será exposto a seguir o mapeamento feito para os processos da Diretoria do CTG. Sua composição destaca tanto os processos que são executados atualmente na organização, como também outros que foram identificados e não ocorrem empiricamente, mas que, de forma sugestiva, são considerados plausíveis para uma futura implantação no intuito de melhorar a gestão do referido Centro Acadêmico. Destarte, decidiu-se por iniciar o mapeamento dos processos da Diretoria do CTG com o uso das ferramentas BSP e SIPOC, anteriormente definidas na sessão 2.6.1. Para tanto, sugere-se que o Coordenador Geral de Processos e sua equipe fiquem com a incumbência de acompanhar e gerenciar as etapas a serem descritas para a identificação dos processos, uma vez que é de sua responsabilidade a Gestão por Processos de toda a Organização. Iniciando a execução do mapeamento com a ferramenta BSP, seguindo o exposto em Moraes e Almeida (2002), a primeira atividade foi listar todos os recursos aplicáveis à realidade em estudo e identificar o produto principal. Neste caso, definiu-se a “Disponibilidade de recursos adequados e viáveis para o desenvolvimento de atividades de ensino e de competências científicas e técnicas nas áreas das Engenharias e Geociências” como produto da Diretoria do CTG; e para os recursos, foram identificados cinco: pessoal (discentes, docentes e técnicos administrativos), investimento, instalações prediais, equipamentos e materiais, e informação. A segunda etapa do mapeamento retrata a identificação dos processos associados ao produto e a cada um dos recursos. Paralelamente, esse momento também possibilita a identificação de quais poderiam ser os processos de planejamento estratégico e controle da gestão. Sugere-se que essa atividade seja executada em reuniões agendadas entre o Coordenador Geral dos Processos e cada Gestor de Processo (secretaria e de pessoal, finanças e compras, infraestrutura e pedagógico). Elaborado o Ciclo de Vida de BSP , torna-se possível iniciar a atividade de definição dos processos identificados. O exercício dessa atividade auxilia o confronto das informações e, consequentemente, a identificação de possíveis duplicidades facilitando o agrupamento ou explosão dos processos se for o caso. Contudo, a última Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 107 etapa da fase de Engenharia de Processos de Negócios da metodologia BSP, que se refere ao relacionamento dos processos aos setores da organização, entende-se ser adequada à fase de alinhamento do modelo de Ciclo de Vida de BPM proposto sendo, portanto, tratada mais adiante na seção 3.5.1.3. Adotando o mapeamento descrito acima na Diretoria do CTG, foram identificados 40 (quarenta) processos distribuídos entre o produto estabelecido sugestivamente e os recursos identificados (ressaltando-se que nem todos são executados na organização, apesar de condizerem com o seu contexto atual). O quadro abaixo apresenta definições sugestivas para cada um dos processos mapeados. Ilustração 3.5. Definição de Processos da Diretoria do CTG Produto – “Disponibilidade de recursos adequados e viáveis para o desenvolvimento de atividades de ensino e de competências científicas e técnicas nas áreas das Engenharias e Geociências” Processos Definições Fortalecimento das relações institucionais da Diretoria do CTG com as empresas dos mercados regional, nacional e internacional nas áreas das Engenharias e Consolidar parcerias com Geociências, objetivando: captar as mudanças de 1 empresas do mercado. mercado e entender as necessidades emergentes, incentivar o desenvolvimento de pesquisas internas e intermediar com essas empresas para a atuação profissional dos próprios alunos. Preparação do PAI (Plano de Ação Institucional) 9 através de levantamento realizado acerca das 2 Elaborar o PAI anual. necessidades de melhorias em diversas áreas tais como: infraestrutura, pessoal, compra de equipamentos e materiais, entre outros. Prospecção de novos cursos de graduação e de pósgraduação através de pesquisas realizadas acerca do Prospectar novos cursos de mercado de trabalho, de necessidades tecnológicas 3 graduação e pós-graduação emergentes nas áreas de Engenharias e Geociências, e de benchmarking com outras Universidades de padrão internacional. Auxílio no estímulo à produção de pesquisas nas áreas Estimular a produção de das Engenharias e Geociências com apoio 4 pesquisas orçamentário e promoção de ações de incentivo para os departamentos. Realização de ações, embasadas em estudos Promover ações para manter o estatísticos, para garantir a manutenção do baixo índice 5 baixo índice de evasão de de evasão de discentes nas áreas de Engenharias e discentes Geociências. Dimensionamento da lotação de técnicos administrativos em educação nos setores da Diretoria 6 Dimensionar lotação de pessoal do CTG, analisando as demandas de cada setor bem como as atividades e produtividade individuais. 9 PAI (ou Plano de Ação Institucional) é o planejamento em nível operacional implantado pela UFPE em todas as unidades administrativas e acadêmicas contendo ações anuais, isto é, de curto prazo. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo Processos 7 Auxiliar no desenvolvimento dos PPCs 8 Estudar perfil dos discentes 9 Solicitar a aquisição de servidores 10 Auxiliar no concurso de docentes 11 Avaliar desempenho de servidores 12 Promover técnicos administrativos 13 Auxiliar na progressão e promoção docente 14 Auxiliar em atividades de extensão 15 Solicitar a desvinculação de servidores 16 Realizar a colação de grau de discentes. 17 Planejar a execução orçamentária anual 18 Solicitar recursos 19 Realizar compras de serviços, materiais e equipamentos por meio de "dispensa de licitação"; 20 Empenhar despesas 21 Planejar manutenções das instalações 22 Levantar necessidades de reformas 108 Definições Auxílio no planejamento e construção dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) para os cursos de graduação atuais e os que ainda possam vir a ser formalizados, considerando também o devido monitoramento e a necessidade de atualização destes. Estudo do perfil dos alunos como uma forma de entender as tendências socioeconômicas destes para embasar possíveis projetos acerca de como prover um serviço cada vez melhor em termos de qualidade. Esse estudo deve conter dados estatísticos considerando também a realidade de alunos ingressos e egressos. Aquisição de Técnicos Administrativos em Educação à PROGEPE de acordo com o dimensionamento realizado previamente e mediante justificativas plausíveis. A aquisição pode ser proveniente de posse, readaptação, reversão, reintegração e aproveitamento. Auxílio no processo aquisitivo de docentes através de concurso público, mediando atividades entre departamentos e PROGEPE. Representa a avaliação do desempenho profissional dos técnicos administrativos em educação, bem como dos docentes. Manifestação da intenção de promover os técnicos administrativos em educação de acordo com a necessidade de trabalho e merecimento. Realização de atividades de apoio para a devida progressão funcional ou promoção de docentes junto à PROGEPE. Realização de atividades voltadas para a elaboração e acompanhamento de projetos de extensão. Pedido de desvinculação de servidores do cargo administrativo ocupado mediante motivos de aposentadoria, disponibilidade, exoneração, demissão, remoção ou redistribuição de servidores. O pedido de desvinculação também pode ser temporário como, por exemplo, por motivo de afastamento ou suspensão de acordo com lei vigente. Auxílio na colação de grau conjunta e organização da colação de grau em separado quando for necessário, articulando recursos para a efetiva concretização do processo. Planejamento prévio realizado para execução orçamentária para cada ano seguinte. Solicitação de recursos orçamentários para execução de despesas planejadas; Solicitação de dispensa de licitação para compra de serviços, equipamentos e materiais diversos quando permitido perante legislação vigente; Realização de empenhos para compra de materiais ou contratação de serviços de terceiros; Planejamento de manutenção preventiva e estudo para previsão de manutenção corretiva nas diversas instalações dos prédios do CTG; Levantamento junto aos departamentos acerca das necessidades de reformas nos diversos recintos; Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo Processos 23 Levantar as necessidades de readequações nas instalações 24 Solicitar a compra de serviços, equipamentos e materiais 25 Solicitar manutenções prediais 26 Gerir contratos de manutenção 27 Receber serviços de manutenção 28 Levantar as necessidades de compra de serviços, equipamentos e materiais; 29 Solicitar compra de serviço de manutenção predial; 30 Receber serviços, materiais e equipamentos; 31 Devolver bens móveis em desuso 32 Planejar a participação de pessoal em eventos de conhecimento técnico 33 Planejar a aquisição de softwares 34 Desenvolver comunicação interna 35 Solicitar a compra de softwares 36 Adquirir informações 37 Capacitar técnicos administrativos em educação 38 Solicitar compra de serviços de manutenção de softwares 109 Definições Levantamento junto aos departamentos acerca das necessidades de readequações elétrica, hidráulica e hidrossanitária para os prédios que compõem o CTG. Pedido de compra de serviços terceirizados, materiais e equipamentos diversos à PROGEST para a execução do que foi previamente levantado e planejado para as instalações prediais. Solicitação de manutenções diversas à Prefeitura da Cidade Universitária; Gerenciamento de contratos referentes a serviços de manutenção nas instalações prediais do CTG, atentando-se a prazos, condições, qualidade do serviço, entre outros. Recebimento de serviços de manutenção nas instalações prediais de forma definitiva, observando sempre os ditames dos contratos; Levantamento das necessidades dos departamentos do CTG para compra de serviços, equipamentos e materiais diversos incluindo: instalações, mobiliário, material de informática, material e equipamentos de manutenção, entre outros; Solicitação, ao setor de compras da Diretoria do CTG, de serviços de manutenções corretiva e preventiva quando necessário; Trata-se do recebimento de serviços, materiais e equipamentos solicitados a outros setores da UFPE ou comprados pela própria Diretoria. Devolução de bens em desuso para o setor de Patrimônio da UFPE, por estarem classificados como antieconômicos, inservíveis ou ociosos. A partir de um levantamento de necessidades de atualização de informações técnicas e aprendizado nos setores da Diretoria do CTG, realizar o planejamento da participação de técnicos administrativos em educação em eventos como Congressos, Colóquios, Simpósios, etc. Planejamento da aquisição de softwares de acordo com a necessidade de melhoria dos fluxos de trabalho. Desenvolvimento da comunicação interna contendo a realização de estudo das informações a serem passadas através dos diversos meios, tais como: eletrônico, mapas, avisos, panfletos, entre outros. Solicitação da compra de softwares quando necessário, de acordo com planejamento previamente realizado; Aquisição de informações através de diversos meios, tais como: eletrônicos, por telefonia, utilização de formulários e/ou instrumentos de coleta de dados, entre outros. Pedidos de capacitação para os técnicos administrativos em educação lotados na Diretoria do CTG, no intuito de muni-los de informações técnicas atuais para melhorar a qualidade do serviço prestado. Solicitação de compra de serviços de manutenção de softwares para mantê-los atualizados, ter suporte a falhas do sistema, orientação em como utilizá-lo, auxílio à instalação, entre outros; Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo Processos 39 Atualizar informações 40 Arquivar informações históricas 110 Definições Processo rotineiro de atualização contínua das informações nos diversos meios utilizados, sendo o site oficial do CTG o principal meio de comunicação. Arquivamento das informações históricas oficiais e não oficiais tanto em meio eletrônico quanto em espaço físico reservado. Para concluir o mapeamento dos processos, foi recomendada para compor o modelo a utilização da técnica SIPOC ou FEPSC (fornecedor, entrada, processo, saída, cliente) como um meio de documentar os processos mapeados de forma lógica, indicando cada um dos seus elementos separadamente. Essa atividade, no entanto, apresenta-se bastante útil por auxiliar tanto na aquisição de uma visão mais clara do processo como também no momento de executar a modelagem. A ilustração 3.6 nos traz um exemplo da técnica SIPOC utilizada para a análise de alguns processos relacionados ao recurso “pessoal” mencionado anteriormente na tabela de definição de processos: Ilustração 3.6. Exemplo de SIPOC para alguns Processos Referentes ao Recurso “Pessoas” Fornecedor Sociedade Setores da Diretoria do CTG e Departamentos Setores da Diretoria do CTG Departamentos Entrada Processo Saída Cliente 10. Auxiliar no concurso de docentes Candidatos selecionados Departamentos, Sociedade, e discentes Técnicos Administrativos e docentes 11. Avaliar o desempenho de servidores Técnicos Administrativos e docentes avaliados Técnicos Administrativos e docentes Técnicos administrativos em educação 12. Promover técnicos administrativos Servidores promovidos Técnicos administrativos em educação Docentes 13. Auxiliar na progressão e promoção docente. Docentes progredidos e/promovidos Docentes Candidatos à docência 3.5.1.3. Alinhamento Estratégico Considerando o modelo apresentado para a Diretoria do CTG, esta é a última fase da etapa do planejamento de BPM. Na proposta de aplicação, o alinhamento estratégico está dividido em 3 subfases: priorização, alocação de recursos e definição de métricas. Destarte, nesta seção será dada ênfase à proposta de como poderia ser realizada a priorização dos processos para a Diretoria do CTG; pois se considera que a alocação de recursos e a definição de métricas são etapas consequentes e totalmente Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 111 dependentes dos resultados da própria priorização, podendo ser tratada empiricamente de maneira mais intuitiva. Ressalta-se também que durante a alocação de recursos deve ser estabelecido o nível de empoderamento dos atores envolvidos para que tomem decisões no decorrer da execução e controle dos processos. Estas definições devem ser estabelecidas com cautela para manter a flexibilidade desejada no processo e ao mesmo tempo não extrapolar os limites de poder respeitando a estrutura hierárquica que a organização mantém. Assim, considera-se que tanto a alocação de recursos como a definição de métricas podem ser discutidas e acordadas entre o Diretor do Centro Acadêmico e seu vice, o Coordenador Geral dos Processos, os respectivos Gestores dos Processos e a equipe de TI em reuniões específicas. Para ilustrar, supõe-se que o processo número 16, que trata do auxílio na colação de grau de discentes, seja priorizado dentre as diretrizes estratégicas do PES-CTG para impulsionar os objetivos almejados. Neste caso, poder-se-ia alocar como recursos as pessoas necessárias para a execução do processo, os formulários para preenchimento e arquivamento de informações, os meios de disponibilização de informações da Diretoria para alcançar todos os alunos demandantes, entre outros. Como métrica para este processo, poderíamos especificar o atendimento a 95% das solicitações de colação de grau atendidas no tempo determinado. Diante do exposto, retorna-se ao propósito de detalhamento da subfase de priorização dos processos tomando como base o que foi visto na seção 2.7. Portanto, será destacada a seguir a proposta de utilização de software que represente a aplicação de método de decisão multicritério que possa ser explorado pela Diretoria do CTG para obter, de forma objetiva, resultados concretos para a referida priorização. 3.5.1.3.1. Priorização dos Processos Entende-se que esta subfase é particularmente importante para o modelo proposto por retratar a necessidade de reflexão e percepção de quais processos anteriormente mapeados precisam ser diagnosticados como prioritários antes do momento da modelagem, considerando, acima de tudo, a nova realidade estratégica Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 112 traçada para a organização com o intuito de concretizar um alinhamento entre tal estratégia e os processos identificados. Este momento de priorização pode ser concretizado com a utilização de um software de análise de decisão multicritério para que, através da exposição de preferências do decisor, possa-se chegar a um consenso de maneira mais objetiva acerca dos processos que serão priorizados para modelagem. Entende-se que tal decisor seria o próprio Diretor do CTG, e que o papel do Coordenador Geral de Processos, nesta etapa especificamente, é de auxiliar na condução da dinâmica do uso do software além de dar suporte decisório quando for solicitado, uma vez que este ator deve possuir vasto conhecimento acerca do fluxo dos processos da Diretoria do CTG. A priorização deve contar, obviamente, com a mesma referência para um horizonte de longo prazo que a estabelecida no PES-CTG; todavia, percebe-se que a ordem resultante na priorização dos processos deve considerar aqueles que mais dão suporte aos objetivos e ações mais prováveis de cumprimento no primeiro quinquênio do referido plano que irá compor o primeiro PDI do Centro Acadêmico, como uma forma de garantir o alcance do que se considera mais importante de acordo com o contexto atual da organização. Assim, entende-se que esse suporte é representado por um conjunto de critérios que serão base de avaliação dos processos para se chegar à referida ordem de priorização. Antes de expor a aplicação do software sugerido para o modelo, será explicado qual método de MCDA foi escolhido e como ocorre a sua dinâmica analítica para decisão. Destarte, optou-se pela adaptação do procedimento de agregação aditivo devido à sua simplicidade de implantação. Segundo Almeida (2013), esses métodos de MCDA adotam um procedimento que supõe uma situação de certeza (função determinística) na obtenção das consequências para as alternativas que, no caso do presente modelo, são representadas pelos processos. Assim, o autor explica que essa situação de certeza nas consequências só existe se e somente se os critérios estabelecidos forem mutuamente independentes em preferência, servindo de base para a construção da função valor vj(a). Os métodos aditivos, ademais, facilitam a forma de agregação por implicar em relações de compensação (trade-offs) entre os critérios. Quanto à operacionalização da análise, esta é feita através da comparação par-a-par entre as alternativas (ou processos) Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 113 resultando na problemática de ordenação (P.γ), conforme explica Roy (1996) apud Almeida (2013). Segundo Almeida (2013), o procedimento é iniciado através da atribuição de constantes de escala aos critérios. A elicitação dos valores destas constantes é baseada nos trade-offs entre as consequências estabelecidas pelo decisor, com o uso de comparações considerando as piores e as melhores consequências em cada critério, considerando que o somatório das constantes de escala dos critérios deve resultar no valor igual a 1. Essas comparações avaliarão a preferência do decisor, por exemplo, se ele prefere o melhor desempenho do critério “x” ou o melhor desempenho do critério “y”. Em seguida, realizam-se outras comparações de relações de preferência para melhorar a avaliação e favorecer a exploração do espaço de consequências. As comparações seguintes buscam relações de indiferença entre os valores de consequências em cada critério. Por fim, é feita a avaliação intercritério com o intuito de obter para cada alternativa sua função valor global representada por v(a)= (a), sendo kj as constantes de escala para cada critério j. Para o modelo proposto, sugere-se que os critérios sejam divididos em três grupos de acordo com as perspectivas encontradas no Mapa Estratégico (ilustração 3.4) institucionalizado no PEI 2013-2027 da UFPE; ressaltando-se que essas perspectivas representam os alicerces (pessoas, infraestrutura e informação), os processos (gestão) e os resultados (formação acadêmica e pesquisa, inovação, extensão e cultura) da organização. Para o estabelecimento dos critérios referentes a cada perspectiva, sugere-se que sejam observados os objetivos e ações traçados no PES-CTG, na fase de definição de diretrizes estratégicas, para extrair as possíveis ideias acerca de quais critérios inserir no sistema. Entende-se que esses objetivos e ações já foram determinados mediante a observância do PEI 2013-2027 da UFPE dentre outros documentos focados na área das engenharias e geociências apresentando, portanto, maior foco no ambiente do Centro Acadêmico. A título de ilustração para demonstrar um exercício de priorização com o sistema de MCDA aditivo, apresenta-se a seguir um quadro contendo os critérios e suas respectivas descrições: Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 114 Ilustração 3.7. Critérios para Priorização de Processos Perspectiva Alicerces (Pessoas, Infraestrutura e Informação) Critérios 1. Modernização 2. Compartilhamento da informação 3. Impacto na estratégia Processos (Gestão) 4. Agilidade de resposta 5. Satisfação do cliente Resultados (Formação Acadêmica e Pesquisa, Inovação, Extensão e Cultura) 6. Imagem organizacional 7. Impacto na internacionalização 8. Impacto no aprendizado discente Descrição Refere-se à modernização das ferramentas e equipamentos que auxiliam no exercício de uma gestão eficiente dos processos do Centro Acadêmico. Apreço pelo compartilhamento das informações de interesse comum, com o intuito de favorecer um ambiente condizente com a transparência organizacional. Representa o nível de influência de determinados processos na estratégia do negócio. Refere-se à importância da rapidez de resposta de determinado processo para o alcance dos resultados organizacionais. Relacionado ao quão satisfeitos os clientes podem ficar com os resultados gerados pela organização. Relacionado ao grau de bom zelo da imagem organizacional que determinados processos podem proporcionar. Trata-se do nível de impacto dos resultados de determinados processos para promover a internacionalização. Refere-se ao auxílio que os processos da Diretoria do CTG podem fornecer para a efetivação do aprendizado do discente. O quadro acima apresenta oito critérios, sendo dois representantes da perspectiva “Alicerce”, dois para a perspectiva “Processos”, e quatro para a perspectiva “Resultados”. Pensando especificamente na possibilidade de implantação do BPM Social, conforme explicado na seção 2.9, é importante atentar-se para as situações que poderiam envolver um maior número de pessoas para facilitar a flexibilização do fluxo dos processos, além de disseminar o conhecimento e fornecer transparência para as ações. Por este motivo, sugere-se que, dentre os critérios da tabela acima, aqueles considerados sugestivamente como mais relevantes para o nível social, de acordo com cada perspectiva, foram os cinco destacados a seguir: Alicerces – (1) compartilhamento de informação Processos – (2) agilidade de resposta; Resultados – (3) satisfação do cliente, (4) imagem organizacional, e (5) impacto no aprendizado discente. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 115 Contudo, de acordo com as preferências do decisor, é possível que haja processos que mantenham destaque nos critérios acima, mas que prescinde de um engajamento social suficiente para justificar o uso de softwares sociais. Como por exemplo, pode-se citar o processo de “planejamento de aquisição de sistemas”; isto é, apesar de ser um processo que possa ser julgado com grande valor para o critério de compartilhamento de informação (dependendo da visão do decisor), o seu planejamento não necessariamente demande um alto número de pessoas envolvidas a ponto de justificar o uso BPM Social. Ademais, entende-se que a avaliação intracritério será capaz de revelar, através da atribuição de pesos, o grau de importância desses critérios para o decisor. Posteriormente, será possível verificar quais dos processos (alternativas) priorizados apresentam grande pontuação para esses critérios considerados como sociais, especificamente, fato que facilitará o exercício da modelagem com a utilização do BPMN Social e o futuro estudo para implantação de softwares sociais. Analisando a operacionalização, foi escolhido um dos softwares do CDSID (Centro de Desenvolvimento em Sistemas de Informação e Decisão)10 da UFPE para representar o modelo aditivo compensatório com função valor linear para priorizar os processos. Durante a análise das preferências do atual Diretor do CTG, o professor Alexandre Ricardo Pereira Schuler, verifica-se na tabela 3.2 que o critério número 1 (Modernização) é o que apresenta maior importância dentro da perspectiva “Alicerces”; para a perspectiva “Processo” foi o critério número 3 (Impacto na Estratégia); e para a perspectiva “Resultados” foi o processo número 5 (Satisfação do Cliente) que, na verdade, destacou-se perante todos os outros apresentando uma constante de escala de 28,16%. 10 O Centro de Desenvolvimento em Sistemas de Informação e Decisão - CDSID é composto por pesquisadores doutores e assistentes de pesquisa (neste caso, mestres e doutorandos) do Departamento de Engenharia de Produção da UFPE, além de outros colaboradores que atuam em áreas relacionadas a Sistemas de Decisão e à Gestão da Informação. É considerado, atualmente, um dos grupos de maior conceito na avaliação do CNPq. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 116 Tabela 3.2. Estabelecimento das Constantes de Escala para os Critérios Perspectiva Alicerces (Pessoas, Infraestrutura e Informação) Processos (Gestão) Resultados (Formação Acadêmica e Pesquisa, Inovação, Extensão e Cultura) Critérios 1. Modernização 2. Compartilhamento da informação Total para “Alicerces” 3. Impacto na estratégia 4. Agilidade de resposta Total para “Processos” 5. Satisfação do cliente 6. Imagem organizacional 7. Impacto na internacionalização 8. Impacto no aprendizado discente Total para “Resultados” Total Geral Constantes de Escala 7,78% 4,10% 11,88% 6,15% 3,05% 9,20% 28,16% 12,29% 10,37% 28,10% 78,93% 100% Em contrapartida, durante entrevista com o Diretor antecedente, o professor Antônio Celso Dantas Antonino, verificou-se uma visão divergente quando, de maneira geral, argumenta que para se obter resultados adequados seria necessário priorizar os alicerces apresentando porcentagens maiores nos critérios, diferente da realidade apresentada na tabela acima. Destarte, comenta o entrevistado que forneceria preferências mais relevantes para os critérios de “Modernização” e “Compartilhamento de informação”, sendo o primeiro mais importante que o segundo. Ainda argumentou que, dentro da perspectiva “Processos”, forneceria uma porcentagem ainda maior para “Agilidade de resposta” em comparação ao critério de “Impacto na estratégia”. Para a perspectiva “Resultados”, o professor Antônio Antonino revelou que forneceria constante de escala maior para o “Impacto no aprendizado discente”, em seguida para “Satisfação do cliente”, em terceiro lugar ficaria a “Imagem organizacional” e em quarto lugar o “Impacto na internacionalização”. Voltando à análise dos resultados gerados pelo software do CDSID, dentre os cinco critérios anteriormente ressaltados como caracterizadores do BPM Social, percebe-se que houve destaque especial para os critérios referentes à perspectiva “Resultados”, destacando o processo de número 5 denominado “Satisfação do Cliente” com importância de 28,16%, e para o processo de número 8 denominado “Impacto no Aprendizado Discente”, representando 28,10% da preferência do decisor. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 117 Para a análise intercritério, o sistema calculou as funções valor vj(a) retiradas das pontuações dadas pelo decisor para cada processo (alternativa) multiplicadas pelas constantes de escala kj de todos os critérios j. O apêndice 1 retrata o quadro gerado com todas as pontuações que refletem uma escala verbal estabelecida para exprimir a avaliação dos processos pelo decisor. Essa escala possui cinco pontos, sendo: ponto 1 nenhuma importância, ponto 2 pouca importância, ponto 3 indiferença, ponto 4 muita importância, e ponto 5 extrema importância. Ao final, o sistema calculou a função valor global v(a)= (a) dos processos apresentando a seguinte priorização em ordem decrescente de preferência: Tabela 3.3. Relação dos Quinze Processos Considerados Prioritários para o Decisor Ordem 1º Nº do Processos/Alternativas Processo 39 Atualizar informações Resultado Global 0,868217 2º 5 Promover ações para manter o baixo índice de evasão de discentes 0,853572 3º 21 Planejar manutenções das instalações 0,842285 4º 27 Receber serviços de manutenção 0,812511 5º 7 0,809869 6º 28 7º 6 Auxiliar no desenvolvimento dos PPCs Levantar as necessidades de compra de serviços, equipamentos e materiais; Dimensionar lotação de pessoal 8º 37 Capacitar técnicos administrativos em educação 0,797825 9º 4 Estimular a produção de pesquisas 0,793791 10º 29 Solicitar compra de serviço de manutenção predial. 0,792180 11º 38 Solicitar compra de serviços de manutenção de softwares 0,784791 12º 35 Solicitar a compra de softwares 0,784791 13º 14 Auxiliar em atividades de extensão 0,759616 14º 17 Planejar a execução orçamentária anual 0,748612 15º 34 Desenvolver comunicação interna 0,748612 0,808829 0,806867 Observa-se que de acordo com o resultado da priorização gerada, para o Diretor do CTG, professor Alexandre Schuler, os processos prioritários abarcam tanto o viés administrativo (como questões voltadas para a disseminação da informação, o dimensionamento de pessoal, compra de materiais, manutenções, entre outros) quanto o viés acadêmico (como, por exemplo, o desenvolvimento de ações para evitar evasões de discentes). Além disso, percebe-se que a ordem priorizada mescla processos voltados para o planejamento da organização com aqueles que são relacionados ao gerenciamento da rotina. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 118 Na entrevista com o professor Antônio Antonino, verificou-se mais uma divergência. Argumenta o entrevistado que também não concorda com a priorização gerada de acordo com a tabela 3.3; pois, em sua opinião, devem-se priorizar os processos voltados para planejamento de maneira geral (“dimensionar lotação de pessoal”, “planejar manutenções das instalações”, entre outros) e depois pensar na priorização dos processos voltados para resultados. Essas divergências de opinião entre os dois Diretores do CTG retrata a importância de, no caso de uma real implantação do sistema, utilizar métodos de decisão em grupo, uma vez que facilitaria o processo de concordância entre todos os envolvidos nas decisões. Para identificar os processos que se destacariam de acordo com os critérios apresentados anteriormente como caracterizadores do BPM Social, realizou-se uma análise simples considerando apenas estes quinze processos prioritários. Primeiramente, multiplicou-se a pontuação atribuída pelo decisor para esses quinze processos, relativos somente aos critérios de número 5 (Satisfação do Cliente) e o de número 8 (Impacto no Aprendizado Discente), pela constante de escala atribuída a esses mesmos critérios; fato que gerou o cálculo das funções valor vj(a). Em seguida, somaram-se os resultados dessas funções valor para alcançar uma ideia geral da importância dos processos para o decisor, no tocante apenas a esses dois critérios. A tabela 3.4 nos revela este procedimento em detalhes, remetendo-nos à conclusão de que, para os critérios caracterizadores do BPM Social, os processos que ficaram na sétima, nona e décima terceira posições (“dimensionar lotação de pessoal”, “estimular a produção de pesquisas”, e “Auxiliar em atividades de extensão”) são os de maior destaque. Os outros processos que se destacaram com o terceiro maior somatório das funções valor estão entre a primeira posição e a sexta, bem como o posicionado em décimo lugar. Assim, o processo “dimensionar lotação de pessoal” para a Diretoria do CTG é um processo de planejamento que prescinde de software social para implantação. Os processos com o segundo maior somatório das funções valor, o “estimular a produção de pesquisas” e “Auxiliar em atividades de extensão”, são processos mais abrangentes (macro) compostos por vários outros menores que os representam. Portanto, para ilustrar uma possível implantação do BPM Social na organização, sugere-se, dentre os processos com o terceiro maior somatório das funções valor, o processo “levantar as Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 119 necessidades de compra de serviços, equipamentos e materiais”. Por outro lado, para representar o BPM Padrão, sugere-se a análise do processo “receber serviços de manutenção” por ser um processo mais simples envolvendo menos pessoas. Tabela 3.4. Relação dos Processos Prioritários e sua Relação com os Critérios Sociais OrdenaProcessos ção 1º Atualizar informações Promover ações para manter 2º o baixo índice de evasão de discentes Planejar manutenções das 3º instalações Receber serviços de 4º manutenção Auxiliar no desenvolvimento 5º dos PPCs Levantar as necessidades de 6º compra de serviços, equipamentos e materiais; Dimensionar lotação de 7º pessoal Capacitar técnicos 8º administrativos em educação Estimular a produção de 9º pesquisas Solicitar compra de serviço 10º de manutenção predial Solicitar compra de serviços 11º de manutenção de softwares Solicitar a compra de 12º softwares Auxiliar em atividades de 13º extensão Planejar a execução 14º orçamentária anual Desenvolver comunicação 15º interna Satisfação do Cliente (kj = 0,2816) Função Ponto Valor 1 4 1,126 Impacto no Aprendizado Discente (kj = 0,2810) Função Ponto Valor 2 5 1,405 Resultado FV1+FV2 2,531 4 1,126 5 1,405 2,531 4 1,126 5 1,405 2,531 4 1,126 5 1,405 2,531 4 1,126 5 1,405 2,531 4 1,126 5 1,405 2,531 5 1,408 5 1,405 2,813 3 0,845 5 1,405 2,250 5 1,408 4 1,124 2,532 4 1,126 5 1,405 2,531 4 1,126 4 1,124 2,250 4 1,126 4 1,124 2,250 5 1,408 4 1,124 2,532 4 1,126 4 1,124 2,250 4 1,126 4 1,124 2,250 Após a análise da possibilidade de implantação do BPM Social nos processos priorizados, será possível definir os objetivos de socialização (exploração de laços fracos e conhecimento implícito, transparência, participação, distribuição de atividade e de decisões, feedback social, e compartilhamento de conhecimento) expostos por Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 120 Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) na seção 2.9. Esses objetivos sociais serão observados e aplicados na modelagem dos processos escolhidos. Além disso, com o passar do tempo, a gestão por processos vai amadurecendo na organização o que provoca a necessidade de revisão desses processos a partir de um procedimento analítico para verificar se a ordem de prioridade persiste a mesma ou não. Por este motivo, sugere-se que o sistema de MCDA aditivo seja aplicado anualmente ou a cada vez que um novo PDI da instituição seja implantado, a depender da necessidade da organização e do estilo de gestão de cada Diretor. 3.5.2. Modelagem e Melhoria dos Processos O presente modelo de gestão apresenta para a etapa de Modelagem e Melhoria dos Processos três fases: modelagem de processos, estudo de BPMS e/ou software social e treinamento de pessoal. Contudo, conforme explicado anteriormente, este trabalho irá detalhar sugestivamente até a fase de modelagem, considerando alguns dos processos priorizados para ilustração tanto do BPM Padrão como do BPM Social. Quanto às fases de estudo de BPMS e/ou software social e de treinamento de pessoal para operacionalização da ferramenta, estas ficariam incumbidas à equipe de TI com a responsabilidade de levar as sugestões e argumentações para a Direção do Centro Acadêmico com o intuito de que sejam devidamente validadas antes da implantação. Como explicado na seção de mapeamento de processos deste capítulo, foram identificados 40 processos diferentes para a Diretoria do CTG, dentre os quais alguns são atualmente executados e outros embora ainda não sejam, dentro do contexto atual da organização, poderiam ser implantados. A seção referente à aplicação da priorização dos processos nos apresentou que deste total, quinze foram priorizados de acordo com as preferências do Diretor do CTG, escolhendo-se um para ser modelado com o BPM Padrão e outro com o BPM Social. Destarte, para ilustrar a modelagem dos processos dentro da realidade do BPM Padrão, por exemplo, dentre os vários tipos de BPMS existentes no mercado, optou-se por realizar a modelagem utilizando o “Bizagi Modeler”. Este BPMS é capaz de não só modelar os processos como também de simulá-los apresentando validação através da análise do tempo de execução (com calendário de execução dos processos) e dos Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 121 recursos empregados. De acordo com a análise dos cenários, é possível com esse BPMS visualizar ganhos tanto através da edição dos recursos empregados (sem necessariamente alterar o fluxo do processo), como também através de uma simulação da nova situação modelada (situação To Be) apresentando uma nova forma de executar os processos. Em contrapartida, o BPM Social possui particularidades que precisam ser levadas em consideração. Devido ao fato de ser um novo campo de estudo, ainda não se conhece no mercado um BPMS Social que pudesse ser aplicado. Portanto, é possível encontrar redes sociais específicas que podem ser utilizadas complementarmente, tais como: o Doodle para o compartilhamento de agendas entre os atores internos mais envolvidos na gestão dos processos, o Linkedin para o encontro de profissionais, entre outros. Outra opção seria o uso das redes sociais corporativas (ou intranets sociais) que poderiam ser abertas não só para os servidores do CTG como também para o próprio alunato. No entanto, uma opção que apresente funcionalidades mais parecidas ao que se deseja para um BPMS Social é o WebRatio que, segundo Brambilla, Fraternali e Vaca (2011), trata-se de uma ferramenta baseada tanto nos padrões do BPMN quanto em WebML (Web Modeling Language) tornando possível a execução de processos de negócios com o incremento das redes sociais. Os autores afirmam que, através do WebRatio, as tarefas do BPMN Social são transformadas automaticamente em padrões a nível de aplicação WebML que utiliza componentes para se conectar ao software social. Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) afirmam que, com o WebRatio, é possível: Personificar os atores do processo, não importando o nível de interação social; Iniciar, suspender, resumir e terminar atividades; Criar e inspecionar artefatos e parâmetros; Personificar o papel de usuários externos Realizar ações sociais. Ressalta-se também que a ferramenta, quanto ao papel de BPM, separa o ambiente da modelagem (visualizado pelos especialistas) do ambiente de execução visualizado pelos outros atores do processo. É importante destacar que as diversas ações, na medida em que são realizadas, são notificadas na ferramenta por meio de mensagens para os usuários envolvidos, indicando a necessidade de seguir para os Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 122 próximos passos. Além disso, o WebRatio também é capaz de fornecer acesso inclusive através de tecnologias móveis. Em contrapartida, infelizmente é necessário ressaltar que nenhuma dessas opções utiliza a notação específica para o BPM Social. Por este motivo, conforme mencionado anteriormente, para que os processos fossem devidamente representados neste trabalho, realizou-se a modelagem utilizando o BPMS “Bizagi Modeler” e, na necessidade de representação para o BPM Social, adicionou-se manualmente os símbolos criados para o BPMN Social conforme apresentados na seção 2.9.1. De acordo com o resultado da priorização apresentado na seção anterior, demonstraremos a seguir a modelagem do processo número 27 (Receber serviços de manutenção) para representar o BPM Padrão e o processo de número 28 (Levantar as necessidades de compra de serviços, equipamentos e materiais) para representar o BPM Social. Contudo, é necessário destacar que eles são, na realidade, processos inerentes a outros processos maiores que representam o gerenciamento da manutenção predial e o gerenciamento das compras da Diretoria do CTG, respectivamente. As ilustrações 3.8 e 3.9, desenhadas no “Bizagi Modeler”, são expostas a seguir para representá-los destacando internamente, em cada um deles com um círculo em vermelho, os processos que foram priorizados anteriormente pelo próprio decisor. Ilustração 3.8. Modelagem do Processo Geral “Gerenciar Manutenção Predial” Este processo geral contém seis processos menores. Como é perceptível a partir da figura acima, o fluxo inicia com o levantamento das necessidades de readequações nas instalações do CTG; logo em seguida, tem-se o planejamento de suas manutenções Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 123 e, por conseguinte, ou o processo continua com a solicitação de manutenções prediais à Prefeitura da Cidade Universitária (PCU), ou segue com a solicitação de aquisição de serviços de manutenção predial ao setor de Compras da Diretoria do CTG; comprado o serviço, surge o processo e gerenciamento do contrato de manutenção. A partir de ambos os casos, o fluxo segue passando pelo recebimento dos serviços de manutenção quando finalmente termina. Ilustração 3.9. Modelagem do Processo Geral “Gerenciar Compras” O processo geral acima contém cinco processos menores iniciando com o levantamento das necessidades de compra de serviços, equipamentos e materiais diversos. O próximo passo ou representa a realização de compras via “dispensa de licitação”, ou a solicitação da compra à PROGEST (Pró-Reitoria de Gestão Administrativa), uma das Pró-Reitorias da UFPE. Em seguida, os serviços, materiais e equipamentos são recebidos terminando o processo dessa forma quando se tratar apenas de serviços; como também, após certo tempo de uso, tratando-se de equipamentos e materiais, o fluxo segue com a devolução destes ao setor de Patrimônio da UFPE quando caracterizados como em desuso (isto é, tornarem-se antieconômicos, inservíveis ou ociosos). Partindo para a análise dos dois processos priorizados, inicia-se a modelagem exemplificativa por meio do BPM Padrão para demonstrar o fluxo do processo “Receber Serviços de Manutenção”, esclarecendo o momento atual (As Is) de como é realizado considerando tanto a compra do serviço por meio de dispensa de licitação Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 124 como também por meio de compra realizada pela própria PCU – setor da UFPE responsável por dar suporte de manutenção para toda a Universidade. No apêndice 2, a primeira ilustração demonstra o funcionamento desse processo na organização. Para facilitar seu entendimento, consideramos, por exemplo, a necessidade de compra do serviço de manutenção de condicionadores de ar. Comprado o serviço, o seu processo de recebimento inicia com o evento temporal que indica a data agendada para a manutenção; caso a mão-de-obra responsável não tenha aparecido, precede-se entrando em contato ou com a empresa terceirizada e contratada pelo setor de compras da Diretoria do CTG, ou solicitando o reagendamento do serviço com a PCU, que realizará um subprocesso próprio para atender à necessidade do demandante. Quando o serviço é realizado, o responsável pelo setor de manutenção da Diretoria do CTG ficará incumbido de conferir a efetividade do serviço averiguando se tal serviço atendeu às expectativas ou não. Caso não tenha atendido, o responsável pela manutenção da Diretoria cobra a revisão do serviço ou para a empresa terceirizada ou para a PCU, conforme o caso. Sendo satisfeita a necessidade do serviço, este ator deve atestar o serviço que, no caso de dispensa de licitação, reflete a entrega da nota para o setor de compras (representada pelo círculo indicado pela letra “A”), ou um recibo é devidamente assinado e entregue aos contratados pela PCU. Uma forma de tornar este processo mais ágil seria através da implantação de um sistema de manutenção que integrasse todos os Centros Acadêmicos e demais setores da UFPE à PCU. No entanto, como o domínio desta decisão ultrapassa a autonomia da Diretoria do CTG, por corresponder a uma decisão com maior abrangência e envolver a Universidade como um todo, não é considerado cabível uma análise “To Be” para este processo. No mesmo apêndice, a segunda ilustração apresenta a modelagem do momento “As Is” do processo 28 denominado “Levantar as Necessidades de Compra de Serviços, Equipamentos e Materiais” com o BPM Padrão. Neste processo, percebe-se que o fluxo inicia com um evento temporal para indicar o momento certo de ser iniciado. O assistente de compras cria ou adapta o formulário que deverá ser preenchido para realizar o levantamento de dados. Esse documento é enviado para os chefes dos departamentos do CTG, que delegarão a atividade para a secretaria que realizará um processo próprio para adquirir e compilar as informações de todo o departamento. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 125 Preenchido o formulário, o respectivo chefe irá revisá-lo e, se aprovado, retornará o documento para o assistente de compras da Diretoria; do contrário, solicitará alterações à secretaria. Após o recolhimento de todos os formulários entregues, o assistente de compras irá compilar os dados para gerar um único relatório geral. Pode acontecer de algum chefe de departamento não entregar o formulário a tempo, fato que deixa a critério da Diretoria do CTG a reabertura do prazo para coleta de informações; porém, prolongando o tempo de conclusão do processo. O circulo azul com a letra A indica a passagem para outro processo. Uma alternativa para melhorar este processo é através do BPM Social devidamente exposto na terceira ilustração do apêndice 2. Como se trata da publicação de um documento para preenchimento, dentre os objetivos sociais comentados por Brambilla, Fraternali e Vaca (2011) percebe-se que é possível estabelecer os referentes à transparência e ao compartilhamento de conhecimentos. Desta forma, o processo segue de maneira mais simples considerando apenas duas “piscinas”11, uma representando a Diretoria do CTG e outra representando a rede social que é composta por todos os docentes (visto que eles possuem gabinetes próprios e precisam de infraestrutura) e secretários de cursos de graduação, de pós-graduação e de departamentos. O fluxo também inicia com um evento temporal. O assistente de compras cria ou adapta o formulário para levantamento de dados e o publica na rede. Os usuários fazem login no software social e preenchem o documento que será enviado automaticamente para a plataforma da Diretoria do CTG, gerando um protocolo de envio. Após o prazo estabelecido, o assistente de compras deverá verificar o envio de todos e, se julgar necessário no caso de faltarem muitos formulários, poderá reabrir o prazo para envio das informações. Em seguida, o sistema automaticamente irá compilar todos os dados e gerar um relatório que deverá ser publicado para conhecimento dos envolvidos no processo. O círculo com a letra A também indica a passagem para outro processo. Em suma, percebe-se claramente que esta modelagem proporciona mais agilidade e confiabilidade dos dados, uma vez que toda a informação é processada pelo 11 Termo do BPMN para representar o elemento onde todo o processo é desenhado, auxiliando na caracterização dos participantes envolvidos na realização das atividades do processo. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 126 sistema; além de fornecer fácil feedback, mais rapidez e transparência no andamento do processo para todos os envolvidos (pois, tais atores, poderão seguir com a monitoração do processo utilizando o protocolo de envio da demanda). 3.6. Vantagens do Modelo Primeiramente, ressalta-se que o principal aspecto que deve ser destacado acerca do modelo de BPM proposto é a sua abrangência capaz de provocar mudanças organizacionais impactantes, uma vez que pressupõe forte influência na cultura do ambiente. Retrata, portanto, um enfoque mais estratégico através da gestão por processos, comprometendo-se especialmente com a maior integração das diversas pessoas que estão envolvidas de alguma forma com o uso da ferramenta. Destarte, espera-se que o modelo seja capaz de fornecer os seguintes aspectos como vantagem para a gestão da Diretoria do CTG: Transparência nas ações – o uso das mídias sociais, o compartilhamento das informações, a divulgação das responsabilidades e das atribuições de cada servidor, e a difusão da modelagem dos próprios processos irão contribuir para o fornecimento de mais transparências nas ações. Como discutido nos capítulos anteriores, essa característica tem a vantagem de contribuir para o desenvolvimento do sentido do trabalho em equipe, melhorando, consequentemente, o clima organizacional. Maior visibilidade do papel de cada servidor – a partir do momento em que o servidor público entende o porquê da existência das suas atividades e como elas interagem com os outros setores, tanto interna como externamente à Diretoria do CTG, ele passa a ter uma melhor visão da importância do seu trabalho para a organização e para a sociedade como um todo. Fortalecimento dos laços fracos – através do conhecimento compartilhado, da transparência nas ações e do uso dos softwares sociais, esses laços fracos são fortalecidos mediante contatos espontâneos permitindo a combinação de competências. À medida que fluem naturalmente, uma vez que retratam um comportamento não imposto pela organização, acredita-se que os laços fracos Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 127 possam ser artifícios importantes para auxiliar na quebra das barreiras culturais que persistem na Diretoria do CTG. Gestão mais participativa – o incentivo à gestão participativa surge com o intuito de dirimir a cultura de centralização do poder de decisão, fornecendo aos servidores um sentimento maior de pertencimento à organização e contribuindo para o fortalecimento da identidade cultural. Alinhamento estratégico – através das análises dos ambientes, da definição de diretrizes, documentação, priorização e desenho dos processos, o modelo facilita o direcionamento de focos específicos partindo do entendimento estratégico para o operacional, favorecendo o ambiente com tomadas de decisão mais planejadas e direcionadas para um propósito comum. Priorização estratégica dos processos – o modelo fortalece a análise estratégica através de um método matemático capaz de ordenar os processos destacando quais são os prioritários para serem modelados na etapa seguinte, adaptando os objetivos e ações estratégicas mais críticos para cada momento específico da organização. Maior adaptação às mudanças organizacionais – à medida que os processos vão sendo melhorados tecnologicamente ou através de uma simples inovação em seu fluxo ou distribuição de recursos, observa-se a tendência natural de mudança organizacional devido à necessidade de adaptação do comportamento das pessoas mediante as novas diretrizes ou decisões (mesmo as mais simplórias) referentes à operacionalização dos processos; fato que facilita a aceitabilidade da mudança e o amadurecimento da gestão. Maior agilidade – a utilização dos softwares sociais tanto para o atendimento ao cliente como para melhorar a interação entre os servidores da Diretoria do CTG favorece, no modelo proposto, a criação de um ambiente onde os processos poderão fluir de maneira mais rápida através de feedbacks mais espontâneos e da solução de problemas pontuais mais prontamente. Quebra de barreiras – as barreiras culturais presentes na Diretoria do CTG poderão ser lapidadas gradualmente com ações pontuais para a implantação do presente modelo, contando com momentos de conscientização da necessidade de mudanças na forma de gestão. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 128 Empowerment – a possibilidade de ofertar potencialização aos servidores na resolução dos problemas fortalece a autonomia destes perante o andamento dos processos (devendo-se observar, obviamente, os limites necessários para gerar flexibilização e maior rapidez no fluxo dos processos, sem haver interferências negativas na hierarquia organizacional). Aderência ao ambiente universitário – o modelo proposto, pelo fato de apresentar foco na gestão de um dos Centros Acadêmicos da UFPE, apresenta características que podem ser consideradas de forma mais ampla para serem adaptadas em outros ambientes semelhantes. Ademais, outros resultados podem ser facilmente perceptíveis para os envolvidos nos processos, além de estarem intimamente interligados aos que foram destacados acima, como por exemplo: o arquivamento de documentações que representem o conhecimento tácito, a padronização dos processos em si (respeitando os limites para flexibilização), o aumento da eficiência dos processos, o aumento da qualidade dos serviços entregues, a melhoria da estrutura do monitoramento e visibilidade operacional para a tomada de decisão, a implantação da estratégia a partir dos processos chaves, o aumento da satisfação dos servidores públicos somado à melhoria do clima organizacional. 3.7. Possíveis Dificuldades As IFES, de forma geral, apresentam estruturas organizacionais bem mais engessadas que aquelas encontradas nas universidades do âmbito privado devido ao grande corpo legislativo à qual devem observância (OLIVEIRA, KAMIMURA e TADEUCCI, 2011); como resultado, essas estruturas ficam impregnadas em sua cultura fazendo com que as regras burocráticas sejam, muitas vezes, o foco da gestão (e não o alcance dos resultados propriamente dito). Corroborando com os autores, Sampaio e Laniado (2009) ressaltam que, em consequência disso e para acompanhar as mudanças de mercado, as universidades públicas se defrontam com a necessidade de romper diversos paradigmas que as deixam mais morosas e pouco flexíveis. Sampaio e Laniado (2009) também explicam que é muito comum entre as IFES a existência de várias subculturas, trazendo particularidades como: linhas de pesquisas Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 129 diferentes, subgrupos de professores, vulnerabilidade ambiental, divisão entre docentes e técnicos administrativos, e baixo grau de tomada de decisão. Essas características, de certa forma, auxiliam para o fortalecimento dessa cultura enrijecida e morosa, além de contribuir para que as pessoas adquiram uma visão departamental da organização, e não holística. Infelizmente, é perceptível que a UFPE não apresenta uma cultura diferenciada da realidade resumida acima; fato que reflete também nos Centros Acadêmicos que a compõem, alguns com maior grau de rigidez, outros com menor grau. Por este motivo, é provável que várias dificuldades surjam no momento da implantação do Modelo de BPM apresentado. Assim, as principais dificuldades identificadas que são prováveis de emergir durante o processo de implantação e as formas alternativas de saná-las ou dirimi-las são: Cultura de aversão ao uso social das tecnologias – algumas pessoas ainda mantêm certa aversão às redes sociais pela grande exposição que é percebida. No lado profissional, esta aversão pode vir acompanhada pelo medo de assumir responsabilidades com a transparência das ações, pelo medo de perder o controle sobre determinada etapa do processo, pelo compartilhamento dos créditos ganhados com o trabalho, entre outras razões explicadas na literatura por Kemsley (2013) e expostas na seção 2.9. Grande resistência às mudanças – como a Diretoria do CTG está dentro de uma cultura maior que representa a UFPE, é possível que o tempo consequente e necessário para vencer as barreiras organizacionais, semânticas e de procedimento seja de longo prazo; principalmente pelo fato de alguns de seus processos dependerem muito, atualmente, dos outros setores da Universidade, como Pró-reitorias e Órgãos Suplementares, o que pode aumentar ainda mais a resistência à mudança cultural. Assim, entende-se que para ajudar no combate às dificuldades culturais, tanto com relação à aversão ao uso social das tecnologias como para vencer as resistências naturais à mudança, uma alternativa seria a realização de vários encontros periódicos para ressaltar a necessidade e a importância da mudança organizacional, bem como os benefícios e o funcionamento do novo modelo de gestão pautado no BPM. Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 130 Falta de comprometimento com a gestão – é comum encontrar no ambiente organizacional em estudo pessoas que, embora tenham conseguido a aprovação no concurso público para a UFPE e estarem em pleno exercício legal, continuam estudando para exames de outros órgãos públicos tendo em vista a possibilidade de aumentar o salário; pois os vencimentos pagos pela União não são igualitários para todos os órgãos dos poderes constitucionais brasileiros (legislativo, executivo e judiciário). Esta característica jurídica traz como consequência a evasão dos recursos humanos para a instituição como um todo, provocando desmotivação e falta de comprometimento com a gestão. A Diretoria do CTG, como parte deste sistema, também compartilha do mesmo problema; contudo, já que tal problema de incentivo salarial ultrapassa o poder de sua gestão, uma forma alternativa de lidar com essa dificuldade seria envolver cada vez mais as pessoas na implantação do modelo, de modo a fomentar um ambiente em que as pessoas sintam prazer em trabalhar com a nova forma de gestão ao ponto de se encontrarem motivadas e recompensadas qualitativamente. Perda de conhecimento – a grande probabilidade de evasão de servidores públicos pode acarretar, consequentemente, na perda constante de conhecimentos pontuais adquiridos com a implantação do modelo; isto é, impossibilitando a existência de um retorno do investimento proporcionado para a capacitação desses servidores públicos. Assim, o que a Diretoria do CTG pode utilizar como estratégia para lidar com a situação é documentar o que for possível em relação aos processos para transformar o conhecimento tácito em explícito, além de realizar ampla divulgação do andamento dos processos e exercitar a transparência das ações, visando a que o trabalho não seja amplamente prejudicado por qualquer inconveniência. 3.8. Visão Geral do Capítulo Na primeira parte deste capítulo houve a descrição, de forma sucinta, do desenvolvimento da UFPE ao longo dos anos e o surgimento do CTG neste contexto. Igualmente, descreveu-se sua evolução através da exposição de dados recentes como Capítulo 3 Proposição e Aplicação do Modelo 131 uma maneira de enaltecer o seu tamanho ao passo que se justifica o porquê de ele ser considerado um dos maiores Centros Acadêmicos da instituição. Também foram expostos os incentivos que a UFPE tem proporcionado para a implantação do BPM em sua gestão. Quanto à proposição do modelo, sua introdução foi realizada através da exposição dos seus aspectos gerais; isto é, das ideias que possibilitaram a sua criação e a lógica por trás do desenho de Ciclo de Vida de BPM. Em seguida, todas as etapas foram detalhadamente descritas. Na explicação de como poderia ser implantado o modelo de gestão proposto, houve sugestões referentes às etapas de planejamento de BPM (com a participação dos dois últimos Diretores da organização em estudo), bem como a de modelagem e melhoria dos processos, considerando, nesta última etapa, apenas o que diz respeito à modelagem em si. A discussão acerca dos resultados esperados foi realizada através da exposição das vantagens que o modelo é capaz de proporcionar. Não obstante, também foram apresentadas as dificuldades que poderiam emergir no momento de implantação, dada a estrutura organizacional atual da Diretoria do CTG. Para tanto, formas alternativas de lidar com tais dificuldades, ou de ao menos minimizá-las, foram cogitadas para enriquecer as análises feitas. O capítulo seguinte irá realizar um fechamento do estudo destacando as conclusões interpretadas em cima de tudo que foi analisado. Capítulo 4 Considerações Finais 132 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente capítulo tem como objetivo realizar o fechamento das ideias apresentadas nesta dissertação ressaltando também uma discussão a respeito do atendimento aos objetivos específicos destacados no capítulo da introdução. Em seguida, serão expostas as dificuldades encontradas para a conclusão deste trabalho bem como as sugestões para a realização de trabalhos futuros. 4.1. Conclusões do Estudo Esta pesquisa se comprometeu com a proposição de um modelo de gestão de processos de negócio que fosse adaptável à realidade da Diretoria do CTG almejando, no entanto, a exposição de ideias para promover o exercício da melhoria contínua dos processos internos da organização, de forma a torná-los mais eficazes e ágeis na geração de resultados. Para tanto, percebeu-se que esse objetivo maior poderia ser alcançado com a implantação simultânea tanto do BPM Padrão como também do BPM Social, respeitado o nível de envolvimento social percebido em cada processo para decidir quais deles melhor se aplicariam a cada estilo de BPM respectivamente. A seguir se encontra uma revisão de cada objetivo específico exposto na introdução desta dissertação com o intuito de discutir conclusivamente o que foi proposto para ser investigado. I. “Estudar métodos de mapeamento, priorização e melhoria de processos que possam ser aplicáveis à realidade do CTG” – a busca por métodos que abarcassem o mapeamento, a priorização e a melhoria dos processos foi realizada com foco na possibilidade de adaptação do modelo à realidade da Diretoria do CTG. Desta forma, buscou-se enfatizar na revisão da literatura extratos de pesquisas que pudessem embasar e apoiar os métodos que seriam propostos nos capítulos posteriores, de forma a facilitar o entendimento da razão da escolha. II. “Analisar o contexto e as diretrizes atuais da UFPE, para melhor entender de que forma a Diretoria do CTG poderá contribuir para a instituição através do novo modelo de gestão” – o atendimento a este objetivo foi concretizado de Capítulo 4 Considerações Finais 133 forma resumida, porém necessária e suficiente para compreender mais amplamente o ambiente onde está inserida a Diretoria do CTG. O capítulo terceiro apresentou uma análise do contexto histórico da UFPE enquanto instituição maior e, no decorrer deste referido capítulo, falou-se um pouco de sua realidade atual. Além disso, foi destacada na introdução desta dissertação a pretensão que a Universidade possui de implantar a gestão de processos de negócios em um futuro próximo. Esta intenção foi expressa através da descrição dos incentivos que a UFPE tem promovido para sensibilizar a comunidade a aderir à ferramenta. III. “Analisar as contribuições recentes da Diretoria do CTG para a UFPE, dentro das medidas tomadas nos últimos anos” – esta análise foi realizada também de maneira sucinta no capítulo terceiro, com foco nos resultados percebidos devido às novas medidas estratégicas que foram tomadas pela Diretoria do CTG nos últimos anos. Foi identificado que essas medidas contribuíram positivamente para a consolidação da imagem dos cursos de engenharia e geociências, impactando no atual cenário que foi analisado para proposição do modelo. IV. “Conceber e detalhar o modelo proposto” – este objetivo foi atendido novamente no capítulo terceiro, onde se encontram a apresentação do modelo e suas peculiaridades, descrevendo o papel das partes envolvidas bem como sugerindo uma forma como o modelo poderia funcionar em um momento futuro diante da decisão de implantação. V. “Mapear os processos da Diretoria do CTG e realizar um estudo de como priorizá-los” – no capítulo terceiro foram mapeados os processos para a Diretoria do CTG dentre os quais alguns já são realizados atualmente e outros ainda não, embora possuam um ambiente propício para tanto. Este mapeamento foi desenvolvido utilizando duas técnicas encontradas na literatura: a primeira foi através do uso da fase de “Engenharia de Processos de Negócios” da metodologia BSP, considerando as etapas que vão desde a identificação do produto principal e dos recursos até a etapa de definição dos processos; a segunda técnica foi o método SIPOC, utilizado para auxiliar na documentação dos processos e concretizar o conhecimento explícito através da melhor visualização das fronteiras existentes e os respectivos elementos em cada uma Capítulo 4 Considerações Finais 134 delas. A priorização sugerida para compor o modelo proposto foi inspirada nos métodos de apoio à decisão multicritério com foco no modelo aditivo para agregação das preferências do decisor que, nesta pesquisa, foi representado pelo atual Diretor do CTG. Esta etapa foi concretizada através da elicitação de suas preferências com base nas sugestões realizadas anteriormente para exemplificar a aplicação e auxiliar na determinação de critérios e alternativas. Além disso, os resultados da pesquisa que foram gerados através da proposta do modelo atenderam às expectativas que se obtinham, tornando possível a exposição de vantagens e de futuros ganhos que a instituição poderia lograr com a implantação do modelo. Contudo, foi também destacada a importância de atentar-se para as possíveis dificuldades que poderiam surgir no ambiente em estudo. 4.2. Dificuldades Encontradas e/ou Limitações A execução desta dissertação fluiu conforme o cronograma esperado, pois, embora algumas dificuldades tenham surgido no decorrer deste tempo, elas não chegaram a comprometer a análise, o entendimento e a conclusão da proposta realizada. Contudo, entende-se ser necessário expor as dificuldades presenciadas. A primeira limitação que surgiu foi durante a pesquisa bibliográfica. Percebeu-se que o BPM Social é um tema novo a ser tratado no mercado, fato que, consequentemente, dificultou a busca por literaturas que pudessem dar maior embasamento à proposta de modelo, apesar de se ter logrado suficiência de pesquisa para concretização do que foi exposto. Além disso, outra limitação com a qual se deparou foi a falta de um BPMN Social que pudesse ser implantado automaticamente nos BPMSs, o que impossibilitou estudos para possíveis sugestões de implantação. Também foi percebida como dificuldade a própria cultura atual da organização pelo fato de esta refletir uma visão limitada e departamental indo ao encontro com a literatura quando esta afirma que essa é a cultura normalmente encontrada nas IFES como um todo. Esta característica, portanto, não permitiu que uma aplicação imediata do modelo pudesse ser realizada com o envolvimento de mais pessoas da Diretoria do CTG. Outra consequência sentida por conta deste tipo de cultura é o fato de haver a demanda de mais tempo para que o modelo pudesse de fato ser implantado, ou seja, Capítulo 4 Considerações Finais 135 considera-se que o prazo adquirido para a construção desta dissertação, no caso de haver maiores aplicações, seria relativamente curto perante o tempo necessário para aprofundar o conhecimento empiricamente. Além disso, é importante destacar o entendimento de que o modelo poderia ser mais facilmente aceito pelos servidores da Diretoria do CTG caso a UFPE estivesse mais avançada no processo de divulgação e implantação do BPM a nível institucional. 4.3. Sugestões para Trabalhos Futuros O modelo apresentado neste trabalho foi pensado para aplicação específica e condizente com a realidade da Diretoria do CTG; contudo, pode ser readequado para implantação em outras organizações ou locais que apresentem um ambiente semelhante com o que foi estudado, podendo enriquecer e complementar o presente modelo com novas ideias. Ademais, como sugestão para futuros trabalhos, entendemos que seria interessante um estudo mais aprofundado de métodos de decisão em grupo que poderiam ser aplicados ao modelo, no sentido de racionalizar a priorização dos processos antes da devida modelagem. Também se acredita ser importante o desenvolvimento de estudos acerca do risco da implantação do modelo, como uma forma de entender melhor a viabilidade de implantação. Igualmente, quanto ao BPM Social, pensa-se que seria válida para sua evolução a promoção de estudos tecnológicos que pudessem fornecer não só ferramentas inovadoras, como também o desenvolvimento de sistemas compatíveis com um BPMN Social de modo a facilitar o manuseio do modelo em mais organizações, especialmente as públicas por trabalharem especificamente com a sociedade de modo geral. 136 REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. T. A Metodologia BSP e sua Aplicação. In: ALMEIDA, A. T.; RAMOS, F. S. (Org.) Gestão da Informação na Competitividade das Organizações. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2002, p. 79-86. ALMEIDA, A. T. Conceitos Básicos em Decisão em Grupo e Negociação. In: ALMEIDA, A. T.; et al. Decisão em Grupo e Negociação: métodos e aplicação. São Paulo: Atlas, 2012, p. 04-09. ALMEIDA, A. T. Processo de Decisão nas Organizações: construindo modelos de decisão multicritério. São Paulo: Editora Atlas, 2013. ARMISTEAD, C.; PRITCHARD, J. P.; MACHIN, S. 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Critérios Modernização Compartilhamento da informação Impacto na estratégia Agilidade de resposta Satisfação do cliente Imagem organizacional Impacto na internacionalização Impacto no aprendizado discente 2 3 4 3 4 4 4 5 5 4 5 4 4 4 4 4 4 3 3 3 4 2 4 4 5 3 4 3 5 4 5 4 Promover ações para manter 5 o baixo índice de evasão de discentes 4 4 5 4 4 5 4 5 Dimensionar lotação de pessoal 3 3 4 4 5 4 3 5 Processos/Alternativas 1 Consolidar parcerias com empresas do mercado. 2 Elaborar o PAI anual. Prospectar novos cursos de 3 graduação e pós-graduação Estimular a produção de 4 pesquisas 6 144 Critérios Processos/Alternativas Modernização Compartilhamento da informação Impacto na estratégia Agilidade de resposta Satisfação do cliente Imagem organizacional Impacto na internacionalização Impacto no aprendizado discente Auxiliar no desenvolvimento dos PPCs 2 4 5 4 4 4 5 5 8 Estudar perfil dos discentes 3 3 4 3 4 4 5 3 3 3 4 3 4 4 3 5 1 4 3 4 3 5 3 2 4 4 4 3 3 5 3 3 3 4 5 4 3 4 3 4 1 4 3 4 4 5 4 4 3 4 4 4 5 4 4 4 3 4 4 4 3 4 3 4 3 4 3 4 55 4 3 2 5 4 5 4 4 4 4 4 18 Solicitar recursos 4 4 4 5 3 4 3 4 Realizar compras de serviços, materiais e 19 equipamentos por meio de "dispensa de licitação"; 3 3 2 2 1 1 1 2 20 Empenhar despesas 4 4 4 5 3 4 3 4 7 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Solicitar a aquisição de servidores Auxiliar no concurso de docentes Avaliar desempenho de servidores Promover técnicos administrativos Auxiliar na progressão e promoção docente Auxiliar em atividades de extensão Solicitar a desvinculação de servidores Realizar a colação de grau de discentes. Planejar a execução orçamentária anual 145 Critérios Processos/Alternativas Planejar manutenções das instalações Levantar necessidades de 22 reformas 21 23 Levantar as necessidades de readequações nas instalações Solicitar a compra de 24 serviços, equipamentos e materiais Solicitar manutenções prediais Gerir contratos de 26 manutenção Receber serviços de 27 manutenção 25 Levantar as necessidades de 28 compra de serviços, equipamentos e materiais; Solicitar a compra de 29 serviço de manutenção predial Receber serviços, materiais 30 e equipamentos Devolver bens móveis em 31 desuso Modernização Compartilhamento da informação Impacto na estratégia Agilidade de resposta Satisfação do cliente Imagem organizacional Impacto na internacionalização Impacto no aprendizado discente 5 4 5 4 4 4 4 5 4 4 5 4 3 4 3 2 4 4 5 4 3 4 4 3 4 4 4 5 3 4 3 4 4 4 4 3 4 4 4 4 4 3 4 4 5 4 3 4 4 4 4 5 4 4 4 5 3 4 4 4 4 4 5 5 4 4 4 3 4 4 4 5 4 3 4 4 5 4 3 4 4 5 3 4 2 4 4 5 146 Critérios Processos/Alternativas Modernização Compartilhamento da informação Impacto na estratégia Agilidade de resposta Satisfação do cliente Imagem organizacional Impacto na internacionalização Impacto no aprendizado discente 4 5 4 4 3 4 5 4 5 4 5 4 3 5 5 4 5 5 4 4 4 4 4 4 5 4 4 4 4 5 5 4 4 5 4 4 4 4 3 3 5 5 4 4 3 4 5 5 5 4 4 4 4 5 5 4 39 Atualizar informações 5 5 4 4 4 4 5 5 Arquivar informações históricas 4 5 3 3 3 4 4 4 Planejar a participação de 32 pessoal em eventos de conhecimento técnico Planejar a aquisição de softwares Desenvolver comunicação 34 interna Solicitar a compra de 35 softwares 33 36 Adquirir informações Capacitar técnicos administrativos em educação Solicitar compra de serviços 38 de manutenção de softwares 37 40 147 APÊNDICE 2 Ilustração AP1: Modelagem do Processo “Receber Serviços de Manutenção” 148 APÊNDICE 2 Ilustração AP2: Modelagem do Processo “Levantar as Necessidades de Compra de Serviços, Equipamentos e Materiais” com o BPM Padrão 149 APÊNDICE 2 Ilustração AP3: Modelagem do Processo “Levantar as Necessidades de Compra de Serviços, Equipamentos e Materiais” com o BPM Social