PROBLEMAS DE MATEMÁTICA DE ALUNOS RESPIRADORES ORAIS
Aderlei Xavier Ribeiro Medeiros (PIC-UEM), Olinda Teruko Kajihara
(Orientadora), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Teoria e Prática da
Educação/Maringá, PR.
Ciências Humanas/Educação
Palavras-chave: Respiração oral. Obstrução nasal. Educação.
Resumo
Este trabalho teve como objetivo caracterizar os erros cometidos por
respiradores orais de 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental na resolução de
operações de adição e de subtração. Foram selecionadas 30 provas
realizadas por 30 alunos respiradores orais que participaram de um estudo
anterior do Grupo de Pesquisa “Ensino, Aprendizagem e Avaliação Escolar”,
da Universidade Estadual de Maringá. Os alunos erraram, em média,
46,66% das operações. O baixo desempenho decorreu de erros no
algoritmo e de erros de atenção.
Introdução
A respiração oral é uma mudança do padrão respiratório normal,
provocada por doenças que obstruem a passagem do ar pelo nariz:
hipertrofia das tonsilas faríngeas (“adenoides”), hipertrofia das tonsilas
palatinas (“amídalas”), rinite alérgica e desvio de septo (COELHO-FERRAZ;
SOUSA, 2003; RODRIGUES, 1996).
A respiração oral prejudica o organismo, pois o ar deixa de ser
filtrado, umidificado e aquecido adequadamente (DIFRANCESCO, 1999; SÁ
FILHO, 1994), o que favorece a ocorrência de infecções respiratórias
(ARAGÃO, 1988).
A respiração oral crônica prejudica o crescimento crânio-facial, e por
isso a criança passa a apresentar face alongada, lábio superior curto e
retraído, lábio inferior evertido, palato estreito e ogival, língua repousada no
assoalho da boca, estreitamento maxilar, musculatura facial hipotônica e
ressecada, ressecamento e sangramentos frequentes da gengiva, sorriso
gengival e má oclusão dentária (ARAGÃO, 1988; COELHO-FERRAZ;
SOUSA, 2003; WECKX; WECKX, 1995).
A respiração oral altera a postura corporal, pois obriga a criança a
anteriorizar a cabeça. A constante ingestão de ar torna o abdome
proeminente (WECKX; WECKX, 1995). A dificuldade de mastigar e,
simultaneamente, de respirar pela boca, torna o ato de alimentação difícil
(COELHO-FERRAZ; SOUSA, 2003). O sono da criança respiradora oral é
normalmente agitado (WECKX; WECKX, 1995). A má qualidade do sono
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pode levar à sonolência diurna e desatenção, que muitas vezes prejudicam
o desempenho escolar (COELHO-FERRAZ; SOUSA, 2003).
Estudos realizados por Godoy (2003), Leal (2004), Silva (2005) e
Gomes (2007), do Grupo de Pesquisa da UEM “Ensino, Aprendizagem e
Avaliação Escolar”, demonstram que os respiradores orais apresentam
dificuldades de atenção que prejudicam o desempenho na cópia de texto e
na matemática. Neste estudo, foi analisado o desempenho de um grupo de
alunos respiradores orais na resolução de operações de adição e de
subtração.
Materiais e métodos
Foras escolhidos 30 provas de matemática realizadas por 30 alunos
de 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental que participaram de um estudo
realizado em 2009 pelo Grupo de Pesquisa “Ensino, Aprendizagem e
Avaliação Escolar”, da UEM.
A tarefa original, construída por Godoy (2003), é composta de 17
operações de adição, de subtração, de multiplicação e de divisão. Neste
trabalho, foram analisadas somente as operações de adição e de subtração:
18579 + 6775; 1803 + 277+ 94; 978 – 69; 3423 – 2754; 12506 – 7843.
Resultados e discussão
A análise dos resultados demonstrou que os respiradores orais
erraram, em média, 46,66% das operações. Entre os 30 alunos, somente
uma criança (n = 1) acertou todos os itens, e quatro alunos (n = 4) não
conseguiram acertar nenhuma operação.
Os erros do grupo, em cada item, foram analisados. Na operação com
reserva “18579 + 6775”, verificou-se 36,66% (n = 11) de erros. Oito alunos
cometeram erros na unidade de milhar.
Na operação “1803 + 277 + 94”, 26,66% (n = 8) dos alunos não
obtiveram êxito. Cinco alunos tiveram dificuldade na adição das dezenas (n
= 5). Na operação “978 - 69”, observou-se 43,33% (n = 13) de erros.
As maiores porcentagens de erros ocorreram nos itens que envolviam
milhares. Na operação “3423 – 2754”, 60% (n = 18) dos alunos não
conseguiram chegar ao resultado correto. A maior dificuldade foi na
subtração das centenas (n = 12). Na operação “12506 - 7843”, 63,33% (n =
19) erraram, e isso ocorreu principalmente nas dezenas e nas centenas.
Além de erros no algoritmo, foram observados muitos erros de
atenção, como, por exemplo, a reserva transportada não foi adicionada aos
outros numerais das parcelas; nas operações de subtração, o minuendo
(parcela superior) foi subtraído do subtraendo (parcela inferior); os sinais das
operações foram trocados, e por isso o aluno realizou, por exemplo, uma
adição ao invés de uma subtração.
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Conclusões
O baixo desempenho dos respiradores orais nas operações de adição
e de subtração decorreu de erros de atenção e de erros no algoritmo.
Portanto, os resultados obtidos são semelhantes aos obtidos por Godoy
(2003), por Leal (2004) e por Gomes (2007), que evidenciaram que a
dificuldade de atenção dos respiradores orais prejudica o desempenho na
matemática e na cópia de texto.
Referências
ARAGÃO, W. Respirador bucal. J. Pediat. 1988, 64, 349-352, 1988.
COELHO-FERRAZ, M. J. P. C; SOUSA, M. A. Respiração bucal: uma
abordagem interdisciplinar. Respire melhor [site na Internet]..
http://www.respiremelhor.com.br/odonto/odonto16122002.htm. Acesso em:
15/01/2003.
DIFRANCESCO, R. C. Respirador bucal: a visão do otorrinolaringologista.
JBF. 1999, 1, 56-60.
GANANÇA, F. F. et al. Obstrução nasal. RBM. 2000, 57, 6-42.
GODOY, M. A. B. Problemas de aprendizagem e de atenção em alunos com
obstrução das vias aéreas superiores. Dissertação de Mestrado,
Universidade Estadual de Maringá, 2003.
GOMES, T. S. Avaliação do desenvolvimento escolar de alunos respiradores
orais. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Maringá, 2007.
LEAL, L. D. A hipertrofia das tonsilas faríngeas e suas repercussões na
atenção e na aprendizagem escolar. Dissertação de Mestrado, Universidade
Estadual de Maringá, 2004.
RODRIGUES, J. Respiração bucal. JBO. 1996, 1, 44-46.
SÁ FILHO, F. P. G. Síndrome do respirador bucal. In: As bases fisiológicas
da ortopedia maxilar, F. P. G. Sá Filho, Ed.: Santos (ed.). São Paulo, 1994;
p.81-93.
SILVA, M. D. dos S. Problemas de aprendizagem em escolares com rinite
alérgica. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Maringá, 2005.
WECKX, L. L. M.; WECKX, L. Y. Respirador bucal: causas e conseqüências.
RBM. 1995, 52, 863-875.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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