('~--- SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE GABINETE DO SECRETÁRIO veM REC 000246 São Paulo, 09 de agosto de 2012. OFÍCIO G.S. 0.° 3.888/2012 SISRAD nO 92481/2012 Senhora Deputada, Ao cumprimentá-la cordialmente, confirmamos o recebimento do Oficio nO 27112012/CPMIVCM, datado de 29/05/2012, por meio do qual Vossa Excelência solicita informações referentes à violência contra a mulher, no Estado de São Paulo Servimo-nos do presente para informar a solicitação em apreço foi submetida à apreciação da Coordenadoria de Planejamento de Saúde, órgão desta Pasta, a qual se manifestou através da Informação CPS nO 346/2012, datada de 05/07/2012, cuja cópia anexamos ao presente para conhecimento. Sendo o que se apresenta para o momento, aproveitamos a oportunidade para renovar protestos de estima e distinta consideração. ' -,~ À Excelentíssima Senhora Deputada Federal JÔ MORAES Digníssima Presidente da Subscretaria Comissão Parlamentar Mista de Inquérito Subsecretaria de Apoio às Comissões Especiais e Parlamentares de Inquérito Senado Federal SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENADORIA DE PLANEJAMENTO DE SAÚDE São Paulo, 05 dejulho de 2012. Informação CPS n° 34612012 Documento! Sisrad n° 92481/2012 Interessado: Subsecretaria de Apoio as C~missões Especiais e Parlamentares de Inquérito Assunto: Solicita informações referentes ~ violência contra a mulher. Prezado Senhor, Em resposta ao oficio no. 27111 2012/CPMIVCM do Senado Federal e despacho do Gabinete do Secretário No. 8:295/2012, a Secretaria de Estado da Saúde, através de sua Assessoria Técnica em Saúde da Mulher/Coordenadoria de Planejamento em Saúdc e da Coordenadoria de Contrdle de Doenças, tem a informar, conforme questionamentos feitos pela CPMIVCM: . 1) Quantitativo de notiticações compuls{lrias, por tipo de notificação, dos últimos 5 anos, na impossibilidade, dos últimos i 12 meses, com a justificativa do porquê de não haver registros dos anos anteriores; A vigilância epidemiológica dei violência contra a mulher foi implantada no Estado de São Paulo, a partir de 2005,; através de uma ficha de notificação simples que, ano a ano, foi se aperfeiçoal1d(~ através dos dados coletados e respectiva análise. Neste período, técnicos da Secretaria de Estado da Saúde contribuíram para a elaboração de uma ficha de notifica~ão do Ministério da Saúde que, a partir de 2009 começou a ser usada em alguns E\stados da federação em um plano piloto, que no Estado de São Paulo contou com]3 municípios prioritários, com análise feita em novo sistema de informação/análi~e de dados, SINANNET, que tornou mais rápida e completa esta notificação. (Hcha de l"otificação em anexo). A partir de 26/0112011 todas as Unidades Bá~icas de Saúde (UBS), Ambulatórios de Especialidades e Unidades Hospitalar!es passam a ter que, por meio da referida ficha. notificar compulsoriamente e ~ontinuamente todos os casos de violência atendidos .em. no Pais e em n.osso 8stado. Os bancos de dados da vigilância epidemiológica são encerrad.os e iniciafla a sua análise a partir do dia 31/1 O de cada ano, sendo que os últimos bancos fech~dos foram encerrados em: a) Outubro de 2010 (Relativo a6s dados de 2009) e totalizaram 10.975 cas.os de violência contra as mulheres e mais 4.702 casos de violência contra os homens totalizando o banco de violência dom6stica, sexual e outras violências em 15.677 casos. b) Outubro de 2011 (Relativo a!Js dados de 2010) e totalizaram 15.190 cas.os notificados de violência contra mulher e mais 6.490 casos notificados de violência contra os homens, totalizando o banco; de violência doméstica. sexual e outras . violências em 21.680 casos, na Secretaria d~ Estado da Saúde. SECRET ARlA DE ESTADO DA SAÚDE . COORDENADORIA DE PLJ.\.NEJAMENTO DE SAÚDE Dados dos Anos anteriores em tabela abaixo.. Notificação de casos de violência doméstica, sexual e/ou outras violências, em número absoluto, segundo ano e sexo no Estado de São Paulo, 2012. ------------~~----------,~:--------~~----~~~------- ANO 2006 2007 2008 2009 2010 Sexo feminino 2477 2695 lO975 15190 2119 4702 6490 Sexo masculino 1233 Total 3710 4814 ,8139 14441 21680 Fonte: VIV A/DCNT/CVE/CCD/SES, Si~tema EPI INFO até 2008 e SINAN NET a partir de 2009. Obs. No ano de 2008 houve a mudança do ~istema EPIINFO para o SINANNET, por esta razão as fontes em muitos momentos se duplicaram o que prejudicou a análise dos dados, não sendo possível considerá-los fidi;:dignos. Destes dados estão excluídos os casos do município de São Paulo, que possili sistema próprio (a Secretaria Estadual de Saúde já vem trabalhando no sentido de gmiantir a utilização e unificação das fichas pelo município e já o faz em todas as outras regiões). 2) Existe protocolo de atendimento à mulher em situação de violência (quer sexual ou doméstica) quando chega aos hosfiitais? Solicitamos o detalhamento de tal protocolo. Adotamos no Estado de São Paulo as normas técnicas do Ministério da Saúde: "Prevenção e tratamento dos a:gravos resultantes da violência sexual contra as mulheres e adolescentes", "Preverição e tratamento dos agravos resultantes de violência sexual contra mulheres ,~ adolescentes" e "Aspectos jurídicos do atendimento às vítimas de violên\~ia sexual - perguntas e respostas para profissionais de saúde" como referênda para o atendimento às mulheres, tendo as mesmas sido escritas com participa~ão de alguns profissionais de nossa rede. Utilizamos a ficha de notificação de Violência doméstica, sexual e/ou outras violências do MS em todos os serviço$ de saúde. Cabe ainda ressaltar entre as ações previstas realizadas em 2011 o mapeamento de serviços que atendem pessoas em situação de violência sexual no estado de são Paulo e o relatório do sistema de vigilância em violência contra a mtIlher no Estado de São Paulo (VIVA). Na perspectiva de criação de redes p:jra atender com qualidade às mullieres, a implantação em conjunto com o Ministério da Saúde, da estratégia Rede Cegonha no Estado. Cabe lembrar a prioridade para as regiões metropolitanas, definidas pelo Ministério da Saúde, onde estão inclu~dos os municípios citados. Entendemos que todos os :investimentos possíveis para melhora da qualidade no atendimento às mulherçs vítimas de violência doméstica devem ser empreendidos e tratados como priorHiade e questão de saúde pública, que merece toda a atenção e respaldo do Sistenia Único de Saúde (SUS) no Estado de São Paulo, que deve prestar atendiment.o de qualidade para todas as mulheres que necessitem desta assistência. SECRETARIA DE 1~;STADO DA SAÚDE COORDENADORIA DE PI;ANEJAMENTO DE SAÚDE Em anexo encaminhamos algul'k,) relatórios produzidos por esta Secretaria que podem ser uteis a CPMIVCM. Estamos á disposição para os esçlarecimentos necessários. Devolva-se ao Gabinete do Sec1retário conforme solicitado. /; i.., ~~0JC~~ -' Karina Barro::> Calife B~ist-;- Assessoria Técnicaiem Saúde da Mulher De acordo, C~~ Silvany[emérl CruvineJ P Coordenadora; de Saúd REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DASAUDE . SINAN SISTEMA DE INFClRMAÇAO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇAO FICHA DE N01lFICAÇAOIINVESTIGAÇAO INOIVlDUAL VlOL~NCIA DOM~l'lTICA, SEXUAL ElOU OUTRAS VlOL~NCIAS Definição de caso: Suspeita ou confirmação de violência. Considera'lle violência como o uso Intencional de força flsica ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupc,ou uma comunidade que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privtlção (OMS, 21l02J. Atenção: Em casos de suspeita ou confirmação de violência contra crianças e adolescentes, a notificação deve ser obrigatória e dirigida aos Conselhos Tutelares elou autoridades competentes (Juizado da Infância e Juventude e/ou Ministério Público da localidade), de acordo cOm o art. 13 da Lei no 8.06911990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Tal!l\bém são considerados de notificação compulsória todos os casos de violência contra a mulher (Decreto-Lei no 5.099 de 0310612004, Lei no 10.77812(03) e maus tratos contra a pessoa idosa (artigo 19 da Lei no 10.74112003). ~ Tipo de Notificação 2 !ndividu81 Lg;IV~~~:~fA DOMÉSTICA, SEXUAL E/OU OUTRAS V_IO_L_Ê_N_C_IA_S--"-_V_190_O_CID_~_O)---, 'Munl'Ciplode notificação Código (IBGE) iTr;I;;;;;';:;--;]21:;c;;;;;;;;;';;;;;(a;;~. ~ ,12 _ _ _ _~'_ _ _ _ _ _(_a_PI~O ~Jf6] _ _ _ _..JILC_ód_ígll_O-'-_"--'-_.L._J Logradouro (rua, avenida, ... ) ~~ ~_ ~ l2{lGOOCam ~.----:::-~-:=cc;---_ _ _ _ _~Jl~! ~EPI ~: ~~~::ana2 ;~~;~~radO J ~:'S .......' ...C..85 ......8.,.._..._J_ _ _._ _ _ ... I C ________ LJ r9 LcJ l28J (~DDC:::-1 ~ p __ .._ _ _ _ _ _ Po"lo de Referência !Zona L. J o1 .. _ _ _ _ [ (se reskJenle fora 00 Brasil) ........ J J ~.'.'i!l" I···:§ ! ' 1· ~2TSít~;~;-;;;;;;;;;;;;;;íIIEE;SIi;;a;;;do;-C;;;I~vlll. - - - - - - -_~~~ 1 Solteiro II ,~ , < 'I I: -- ri t ,UF}7 61 L~J Bairro . r 1 • Número \. 1.. ..1 Fisica 1 9A Jgnorado ... _.IVlsual I __________ Jro; t-Icomplemento (apto. casa, Logradouro (rua, avemda, . ) :46 Local de ocorrência Códl O : ~ [4 2 .. Rural .. Geo campo 4 - ....(00.00 ~ 23:59 horas) - - - - - -.. I 07 - COl'liércio/sél'\'lçOS 08 Indústrias/construção 05 - Bar ou similar 09 - Ouli" Ir _ _ __ VioU}tlc1a domés1íca. sexual e/ou outras VIOlências Sinan NET J --..-J ~ - _ J 04 - Looal de prática esportiva m L_L. I [i ····J..·t47"]Horadaocorrência Zona ~, 1 - Urbana '-.._. _ _ _ _........._____....._ _ _ _ _..../ _--"3_.. '-Pl?_~jurbana 9 - !l;~morado COREL ',~.~I Outras deficiências! mmmm J[;~I Geo campo 3 ) . MR 1~ Sim 2- Não a-Não se aplJca 9-lgnorado 1 Transtorno mental ~~._l:::o :IB~E) I 1_JrL8_]_D_ls_tn_.to__________~ ... Pon!odeRelerllncia V,OL~NCIA 0310912008 . [J Transtorno de comportamento Mental MumclplO de ocorrênc.. j 3 - Com homens e mulheres ~"~ Não se aplica ~.= ~.~g__ no __r__a__ do,,--_ _ _~ I~~ ~e sim, qual tipo de_~:flciêncjn'/Iransto_~o? defidênclal transtorno? ~Sim 2~ Não -I .. 1 - Só com homens _.~- Só com mulheres \ '~' L"-4~1 Possui algum tipo de _~. L~ I r331 Relações sexuais • El til'i"'-' ~pr ::I~:lência 51( ·ITráfico de " :·'c:,,~i I ~'ú',~; :~ '·~I I,--.e;._~ ;r·~_.~~ _~ se:~sS~:ma~~~ãO r IFInanceIra/Econômica Tortura iI ._ Negligência/Abandono r~ sexua! .. ___ i Trabalho 1- I. ~ .->~-! :. :;-:--'-' j ~ '! Profilaxía DST iIM~~"-1 ,\",. J ;~-:;~ ~'-= ,g.~ 1 [~J Profilaxia I-iIV L~ 1'- - -",.J <-\ Contracepção de emergência -----= J ; .-. 1~ Sim 2 ~ Não 8 - Não se aplica 9~ Ignorado .. '.--.-~--~--.~_.--.~-_.-_ ~--.--- O~i - Po!itraumatismo O!;l - Intoxicação . -~---- --.-.----~'_.--_ 07· QUadri."pellle 08 - Membros superiores _ _ _ _ ..~:.t.I.embr":"..lnleriores 1- Sim Amigos/ccJlihoodos 2 ~ Não J í.~ Própria pessoa r~ jOutros_ _ _ _ _ 8 ~ Não se aplica 1- Sim 2 ~ Não I V,olênc,a RelaCIOnada -- ao Trabalho ! -I - l-Sim 3 ~ Ambos os sexos 9 - Ignorado 9.-lgnorado 2 - Não : -j Centro de Referência da Mulher ! "--~1 Centro de Referência da - ' Assistência SociaUCREAS-CRAS C' Inslituto Médico Legal (IM L) IOutros I da lesão ~SIm 2· Não g. Ignor~ J , -__1_._S~..i_m__._2_-.._N_ão __ .. ______ .,___~ ___.__,~ .. _ _--, " i CI'lSsll'ca.;ão final Evolução do caso . Confirmado Descarlado ___.. __. ______L-J __L - L _ L - . l -__- ' 3 Óbito por Violência 4 - Óbito por OU,,.s causais 3 ~ Provável 9 ~ Ignorado DIsque-Denúncia ~ Combate ao Abuso e Disque-Saúde Central de Atendimento ã Mulh'~r 080061 1997 Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 100 180 Saúde ~ .~ .~ ~ .._ •• '-_. _ _ _ _ _ _ _ ____ V10l~NCJA 03109.'2008 MR COREl __ i L,,) Ministério Público ' 1 - Masculino 2 - Feminino 9R Ignorado ,- . ! Outras delegacias ·' C .. - uso de álcool 9 -IgnoradO JDelegacia de AtendImento à MulherfDEAM Programa Sentinela '62 -fuspeita' de 1-. Culdadorl.i 2 ·Inlennação hospitn!ar j 99 - Ignorado ,,,.. autor da agressão I~._::policiallagente J Delegacia de Pro\. d~ Criança e do Adolescente Vara da Infância I Juvenlude . - 1'1 Sexo do provável 9w Ignorado Patrão/chefe Encaminhamento da pessoa atendida para outros se10res .. 10· Órgãos genilais/ânus 11 ~ Múltiplos 6rgãos/regiões 88 - Não.~S" aplica da lei ; Desconhecldo(a) ~,; Conselho Tutelar (Criança/Adolescente) . ---..--_.---. 99 - Ignorado í --1..~I : i: 1 - Encaminhamento ambulatorial ..---.._--' 10·Quelmadura 11··0ulros 88 - Não se aplica-~··-~- 07 - Trallma1ísmocrânio-encefálico Parte do corpo atingida (considerar somente o diagnóstico principal) 01 - Cabeçalface 04 - Coluna/medula 02·· Pescoço 05" Tórax/dorso ~:..Bocaldent",,-._ __~6 - Abdom_"__ _ J I Aborto previsto em lei Transtami ! menlal 04 - Fratura 05· Amputação 06 - Traumatismo dentário ,,--_.---..---..---..---.. ", ~<I .:.::t, -: 1~8 Vaginal I Transtornn: comportamental CJJNatureza da lesão (considerar somente o diagnósüco prlncípal) 01 ~ Con1usãn 02 - Cortelperfuração/laceração 03 - Entorseiluxação ,I Anal Oral .. \ Cofeí:a de secreção vaginal Consequênclas da ocorrência detectadas no momento da notlficaçào 'I . ,.':J ~ Nã:~ se aplica 9~ Ignorado ----~-.-- ""'":!"', ->/."."'! S J Colp.1;~ de sêmen Coleta de sangue J ocorreu penelração, qual o tipo? 1- Sim 2 - Nào 8 - ,N~O se apl1ca 9- Ignorado Exploração sexual 2 - Não B ~. .". o I Profilaxia Hepatite B ~ I ~ ·1 Aborto I. J DST :!-::-i I Gravidez 1---1 TentaUva de suicldio . .'" " LSl...;:. .. _" I · ' : Jt54_ise 1- Sim 2 - Não 8 - Não;;e aplica 9-lgnorado 1- Sim ,r' Arma de fogo cortante ,I ---"~ Estupro _ _ _ _ _1_1 Porn"grafia Inla"",-__ ~____1_1 Outr(~ ===. ~ __ ,.:jj r-?J ..p r.o.,cedlrnento realizado 1>:_.· '.." '-.1 lespancamento ' IEnforcamento I -1 Obj Substânc,al 1.=1 Ameaça Quente _~~~~ LJ o~_ontund~~=2Envenenamento _.~ ~Ulro.===-._ I _ Atentado vIolento aO pudor I AssédIO sexual I 2- Não g-Ignorado ObJ_ pérfuro- 1-- I Outros infantil f~ll [3! Se ocorreu víolêncI3 sexual, qual o tipo? \' 11 ; Jntervenção legal '·'1 1- Sim ~-!força corporall I ' Psicológica/Moral ___ 1 Meio de agressão !52 9--lgnorad<" _ _ _ _ _ __" '---.-----.--i-_~_~ c lnarura ._.__"I _ _ .___. _ _ _ _ _ _ _ _ Sinan NET ___ _ SVS tI • o SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM VIOLÊNCIAS (VIVA) ,,,~';fi:Jt!}: ,NO ESTADO DE SÃO PAULO ~'/d"''''''''''~ _~,.=..=.:::..!.;=:;.;:::..=.::::....:.:..=...:l..::..:.;:;;.::=. .~_-,";,:,~ _ ". ,",n •. Introdução o estabelecimento de ações pa~a enfrentamento de qualquer agravo de saúde pública requer a sistematização dás informações e análise referentes àquele agravo. A partir dessa necessidade, ê buscando conhecer a magnitude dos acidentes e violências, foi estabelecido,já em 2005, na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, no âmbito do Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac" - órgão da Coordenadoria de Controle de Doenças -, um Núcleo Estadual de Vigilância de Acidentes e Violências - Núcleo Estadual VIVA São Paulo, com objetivo de coordenar o processo ,je implantação da ficha e do sistema de notificação de violências em serviços sentinela do Sistema Único de Saúde. No nível regional, o núcleo atua de forma descentralizada, por meio dos 28 Grupos de Vjgilância Epidemiológica (GVE/CCD), os quais se articulam com os serviços de vigilância das Secretarias Municipais de Saúde, centros de referência para o atendimento às pessoas em situaçãO de violência, (hospitais universitários, delegacias da mulher e conselhos tutelares, entre outros. Todo esse trabalho encontra-se em consonância com as diretrizes estabelecidas pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. A vigilância epidemiológica de violências e acidentes vem complementar as análises epidemiológicas já realizadas com os dados dos sistemas de mortalidade (SIM) e de morbidade hospitalar (SIH), revelando !'\lais detalhes sobre as características da vítima, circunstâncias do evento e do provável autor de agressão. É uma estratégia útil para detalhar os casos menos graves e sobre os quais não existiam dados, pois se refere aos, casos que não seriam registrados pelos tradicionais sistemas de informação em saúde do país, além de revelar a violência doméstica e sexual, que ainda permanece velada em nossa sociedade. o Ministério da Saúde implantou, em 2006, o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), com a finalidade de viabilizar a obtenção de dados e divulgação de informações sobre violências e a(;identes, o que possibilitará conhecer a magnitude desses graves problemas de saúde pública. O VIVA foi estruturado em dois componentes: 1) vigilância contínua de violência doméstica, sexual, elou outras violências (VIVA Contínuo); e 2) v!gilância de violências e acidentes em emergências hospitalares (VIVA Inquérito). Em termos operacionais o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes VIVA - subdivide-se em dois componentes, a saber: 1) VIVA contínuo: compreendido pela Vigilância Epidemiológica dos Casos de Violências, realizada por meio da f":icha de Notificação/Investigação Individual - Violência Doméstica, Sexual e/o~ Outras Violências, integrante do Sistema , 90 ~ . . F~{) <1 'M' LL'F1 nO (Jr 't I (/)~ ;.(\ ') ~~ CVE&'- CfNTRO Of:\llGltANCIA EPIOEMIOLÓQICA "Pro1. Alexandre \ffl'lntac"' Nacional de Agravos de Notificação Sinan Net. Tendo seu início em primeiro de agosto de 2006, e, até a publiCéjção da Portaria do Ministério da Saúde 104 de 25 de janeiro de 2011 \ a coleta de dados foi realizada continuamente em unidades sentinelas, passando a ser compulsória para toda a rede de serviços de saúde, a partir da publi~ação da referida Portaria. 2) Viva Inquérito: pesquisa realizada em determinadas Unidades de Urgência e Emergência através da Ficha de Notificação de Violências e Acidentes em Unidades de Urgência e Emergência. Este inquérito tendo sido realizado em 2006, 2007e 2009, teve sua nova edição em 2011, da qual participaram oito municípios paulistas (Campinas,. Diadema , Guarulhos, Jundiaí, Ribeirão Preto, Santo André, São José do Rio Preto, e São Paulo) Quanto à evolução do número de notificações, serviços e municípios que implantaram o Sistema VIVA, em 2006 o número de notificações chegou a 3.835, subindo, em 2007, para 5.475, provenientes de 124 serviços sentinela, distribuídos em 72 municípios. Em 2008, foram 8.139 notificações (254 serviços sentinela, 115 municípios notificantes). Consideramos () ano de 2009 um marco na ampliação e sustentabilidade desse sistema, pois foi instituído uma nova ficha padronizada nacionalmente de notificações de Viotênc·jas Doméstica, Sexual e Outras Violências, que são digitadas no SINAN NET, (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) seguindo o fluxo regular de todas as doenças de notificação compulsória. Isso permitiu o aumento expressiv0 no número de notificações em 2010, que chegou a 21.680 provenientes de 888 serviços sentinela distribuídos em 283 municípios notificantes, demonstrando um expressivo aumento de 465% nas notificações e 616% no número de serviços notificantes entre 2007 e 2010. O mapeamento da Rede de Serviços de Referência de Atendimento às pessoas em situação de Violências realizado no ano de 2009 identificou 152 serviços de saúde referências para este atendimento no EBtado de São Paulo, excluída a capital. A partir da portaria n° 104, de 25 de janeiro de 2011, a notificação toma-se compulsória para todas as unidades de s~úde. Considerando que as variáveis (tipo de vIolência e relação com o provável autor da agressão) permitem mais de uma respost? por notificação, os dados das tabelas que constam as referidas variáveis não foram totalizadas. As fichas de violências doméstica, sexual elou outras violências podem ser digitadas no banco no SINANNET a qualquer momento, sendo considerado o período oportuno o ano vigente até 31/10 do ano seguinte, a partir do qual considera-se o fechamento para a entrada de dados. 1 Define as terminologias adotadas em legislação nacional, cohforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças. agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional O ~_ . e estal:>elece fluxo. critérios, responsab~ídades e atribuições ar,s profissionais e serviços de saúde. O te O , i ,, Á I:>' ~ A' ~ I.!.'FL nO Qg ~ cf) ~( •• , . .V '~""-";IO' -j ··,~\ '( '.J C\lit CENrAO DE V!GIÚ\NCIA EPtOEMIOL6~A 1.··Prttf, Altnooclre Vfnnjnc" Vale destacar que o mUnlClplO de São Paulo possui um sistema próprio de notificação e os dados ainda não estão compatibilizados com o SINAN NET, não constando, portanto, nesta análise. Em 2009 o número de violências notificadas totalizou 15.677 e em 2010 com 21.680 notificações. Observa-se que nos dois ar'lOS a porcentagem relacionada as pessoas em situação de violência se mantiveram Gom 70% do sexo feminino e 30% do sexo masculino (Figura 1). Figura 1, Notificação de violências, segundo ano e sexo. Estado de São Paulo, 2009 e 2010 ,I ~~~oo I \ I 20000 I I I I 15000 ! II , 10000 i l 5000 o 2009 2010 111 Masculino Fonte: Núcleo VIVA SP!SES!SP - SINAN Net l1li F(Hl'1i.1ino .~ . ~j A seguir tabelas e figuras com dados Ij!e notificações dos anos de 2009 e 2010 referente ao local de ocorrência, tipo dia violência e provável autor da agressão. Considerando que as variáveis, tipo de vÍOlência e relação com o agressor permitem mais de uma resposta por notificação, as variáveis não são totalizadas. De acordo com a tabela 1 as notiffcações de violência contra a mulher concentram-se na faixa etária de 10 a49 anos nos anos de 2009 e 2010. No conjunto das violências, o local de ocorrência predominante foi a residência seguido da via pública, as principais causas forám violência física, seguida das violências psicológica, sexual e por negligência e ,abandono e o principal provável autor da agressão foram cônjuge, amigo ou conhecido seguido de desconhecido. Tabela 1- Distribuição dos casos de violência contra mulher segundo faixa etária e ano de notificação. Estadode São Paulo, 2009 e 201JO._ N Menor 1 ano 1 a 4 anos 5 a 9 anos IDa 14 anos 15 a 19 anos 20a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 anos e mais Total Fonte: Núcleo VIVA 2010 2009 Faixa etária (anos) % N % 204 657 742 1216 1332 2614 1978 1160 475 251 202 144 1,86 5,99 6,76 11,08 12,14 23,82 18,02 10,57 4,33 2,29 320 885 2,11 5,83 5,71 10,36 12,03 24,24 20,20 10,41 4,83 2,10 1,22 10975 100 ._-"".... 1,84 868 1573 1828 3682 3068 1581 734 319 185 147 15190 100 Net Figura 2- Distribuição dos casos de violência contra mulher segundo faixa etária e ano. Estado de São Paulo, 2009 e ~01 O. r"~~~~ 3500 3000 2500 2000 1500 1000 SOQ o Fonte: Núcleo VIVA SP/SES/SP - SINAN Net cv;~' CENTRO DE V1GllANClA . EPIDEMIOt-ÔGlCf<. ' 'Prof, AHmmdro Vronftlc" Tabela 2- Distribuição dos casos de violênci;9 contra mulher segundo local de ocorrência e faixa etária . Estado de São Paulo, 2009. f. étaria {13) Menor 1 ano Residenda Via pública la4aflos 5a9anos 10 a 14 ano'i: 119 437 49B 714 6 13 49 162 15.a 19 anos 662 264 20 a 29 anos 30 ti 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 69 anos 70 a 79 anos 1597 1355 BS{) 399 ao an05 e rmus 127 7059 Total 337 19516B 221 97 42 2. 10 1299 Ign/Branco 32 91 92 155 20B 334 252 132 Outros 38 71 76 80 97 131 78 37 64 22 12 6 li 14DO 639 • 8 8 Iflc::ola 2 ' 23 15 76 47 26 12 9 3 O O , O '213 Comércio Serviços Safou Habitação Similar (oletlva Indústrias Construção 5 5 1 6 20 56 17 16 6 O O 134 7 19 .5 26 12 9 O O 3 7 fi O 6 4 7 4 6 10 5 3 3 Total esporthr.l )3 204 657 742 1216 1332 2614 1978 l1fiO O O O O 23 O 1 O O O 124 Local de pratica 57 27 475 251 102 144 1D975 Fonte: Núcleo VIVA SP/SES/SP· SINAN Net --- ___ o • __ . .-- ~ .. .. - ~ Figura 3- Distribuição dos casos de violência contra mulher segundo local de ocorrência e faixa etária. Estado de São Paulo, 2009. ___ -<I- Re,ídenda -li- Via p(lbUca ""'I!>-Ign/Q ...nco ~Outros -+-[$(1)10 ~.- (omérrlo --!-.• ServlV>S Bar ou s:tmlhu - - Habita~~() f',.,oletiva IndLÍstrias- Construção -<:I-local de rratic:a esportiva .. cva: CENntO rn: vtallÂNclA ~ "Prol, AIOXllndta VrMjbC" , EPlDEMlot.ÓGJCA Tabela 4- Distribuição dos casos de violênci~ contra mulher segundo local de ocorrência e . faixa etária. Estado de São Paulo, 2010. Fx Elan. (13) Reshhmc:la Ign/8'...., Via públic. Menor 1 afIO la4Mos 194 576 607 898 886 2:19 195). 1082 525 232 n6 114 9320 66 19 153 115 213 299 643 467 225 90 53 26 20 2380 22 5a9anos 10a 14.2n05 lS a 19 anos. 20329 anos 30 a 39 anos 4C a49 anos. 50 a 59 3nlJs 60 a 69 3:10$ 70 a 79 anoS. SO anos e mais Total 52 201. 394 613 418 173 80 20 11 6 21)10 Outros 32 71 49 :13 118 129 78 31 17 6 6 4 6S4 Comércio Darou Similar Habitação Coletiva 3 1 4 O 3 Q lê 18 27 13 Escol. ' Serviços 5 45 32 91 54 22 16 5 25 57 70 33 14 2 O O O ~. 272 220 2 44 17 13 13 18 8 64 4 4 2 O 183 1. BO Lotai de pratica esportiva lndlistrias construção O Total 320 O lIBS 1. 868 1573 1828 3682 3068 1581 734 9 5 12 10 8 4 O O O 1 3 1 O O 33 38 319 185 147 15190 Fonte: Núcleo VIVA SP!SES!SP - SINAN Net Figura 5- Distribuição dos casos de violência contra mulher segundo local de ocorrência e faixa etária. Estado de São Paulo, 2010. ___ Re,íd""cia ........ Ign/Brdnco -w-Vla pública ~Outrõs: -+-Escola ....... ConléffioServiço~ -l-BarouSlmilar -"Habitação Coletiva b_"_" .• ~ lodl"'$trid&.con.~trução ~-local Tabela 5- Distríbuição dos casos de violência contra . faixa etária. Estado de São Paulo, 2009. de pl' atio. esportiva li CVE~ Faixa etária (anosj Menor 1 ano la 4 anos Sa9anos 10 a 14 anos 15 a 19 an05 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 ti 49 anos 50 a 59 anos 60 a 69 anos 70 a 79 anQS Viofênda Física 78 188 241 Sexual 29 119 435 206 326 369 348 142 79 10 923 20BB 1478 826 Moral 21 316 602 30' 295 157 82 28 53. Psicológica 15 949 846 497 197 105 63 Negllgentla Abandono CENTRO OS VIGIl.ÃNC1A EPIDEMIOLÓGICA "Prof. Alolnndf'U VrnnjOÇ" Tortura Financeira Econômica Relacionado ao Trabalho Trabalho Int..... nçAo Trafico de seres Infantil Lega' 3 O O 20 11 15 1 2 2 2 2 105 5 170 '7 2 6 ~6 4 3 8 34 22 2 4 1 2 1 O 1 O O 110 117 75 43 23 9 ao 30 56 45 15 11 39 90 ,3 7 50 39 16 18 27 O 5 49 34 26 a Humanos O O o O 1 2 5 S 1 O o o O O 80 Figura 6- Distribuição dos casos de violência ,contra mulher segundo tipo de violência e faixa etária. Estado de São Paulo, 2009. 2500 1000 __ Violência Física ~Sexual ISOO -lr-P5ico!ógita Moral -*""Negllgencia Abandono IOOO ~Tortura ~Financej(a sUO () Econômica ~·Relacjonado ao Trabalho ---Trabalho Infantil '---Intorvençilo Le!;al ,·_Trafico de Ser~s Humanos __ .. I Tabela 6- Distribuição dos casos de violênGia contra mulher segundo tipo de violência e faixa etária. Estado de São Paulo, 2010. • Fabta et'ria (anos) Menor 1 ano la4at"tos 5a9anos 10 a 14 anos 15 a 19 ariOS 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 69 anos 70 a 79 anos Violência ffsica 133 133 252 673 1239 2912 2356 :150 Sexual Psicológica Moral Negllgencia Abandono T~ra Financeira Econllmka Relacionado Trabalho Interven~o Trafico de Seres ao Trabalho Infantil Legal Humanos 41 41. 31 lC9 128 4 4 2 O 15 2 o o 481 101 3 767 403 347 709 10. 358 38C 1063 1086 579 245 B3 124 ·41 6 1 O 63 38 15 15 2 5'5 n n 96 28 81 58 2 19 13 15 '37 70 29 37 281 119 15 :5 37 13 19 " G 6 2. '15 O O O O O 1 80 anos e maIs Fonte; Núcleo VIVA Figura 7- Distribuição dos casos de violência contra mulher segundo tipo de violência e faixa etária . Estado de São Paulo, 2010. . - _"_0 _ " _ _ _ _ _ _ ••• _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ , _ .. ___ ,_. _ _ . _ _ _ _ • __ • '_~_' _ _ _ _ _ • __ ~ViolônciCl Fl.siCft -..... Pskológíca Moral -+<;- Neglíg0ncia Abandono ~Torturi1 ~ Fínanceíra Econômica -~;-~ Relt~cionadoao Trabnlho ---- Trabalho I I'lbn til '~Tfafjr.:odeSe(cs Humanos Tabela 7- Distribuição dos casos de violência contra mulher, segundo provável autor de agressão e faixa etária. Estado de São Paulo,.2010. Provável autor da agressão 2009 2010 ~CENTR() DE VIGILÂNCIA ~ "Prof, AWnumdro vrnnjnc"' i EPiDEMIOLÓGICA Cônjuge Amigos/Con hecido Desconhecido(a) Outros Vínculos Mãe Pai Ex-Conjuge Irmão (a) Filho(a) Padrasto 2366 1115 963 903 548 669 790 333 387 362 Namorado(a) 262 Ex-Namorado(a) Policial Ag.Lei 263 17 59 68 40 14 Pes com Rei Inst Cuidador(a) Madrasta Patrão/Chefe 32:34 1578 1545 11~}9 812 779 1106 39p 38~ 4ltt. 358 28.~ 2'".> 79 54 41 32 ~- Fonte: Núcleo VIVA SP/SES/SP" SINAN Net Figura 8- Distribuição dos casos de violêncía contra mulher, segundo provável autor de agressão e faixa etária. Estado de São Paulo~ 2010. 3.500 3000 25(1Q lOOO 1.500 1000 500 o "·1 IIII'.J