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ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS / GRAMÁTICA
Módulo V
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- Modificadores do nome (adjunto adnominal) e do verbo (adjunto adverbial, agente
da passiva) - continuação;
- Predicativos do sujeito e do objeto;
- Complemento do nome.
PARA REVISAR...
ADJUNTO ADNOMINAL VERSUS ADJUNTO ADVERBIAL
Ao estabelecermos familiaridade com a Sintaxe, ora representada pela parte gramatical que se
ocupa em estudar os termos, tendo em vista a função que estes desempenham dentro de um dado
contexto, constatamos que determinados termos são dotados de características que os fazem ser
semelhantes entre si.
Tal aspecto, na maioria das vezes, converge para um só fato: a dificuldade em identificarmos a
verdadeira função exercida pelo termo em estudo. Para tanto, basta lembrarmo-nos do complemento
nominal e do objeto indireto, uma vez que ambos são regidos de preposição, assim como acontece
também com o complemento e o adjunto nominal, os quais possuem esse mesmo traço peculiar.
Partindo de tal pressuposto, buscaremos apontar as demarcações que se manifestam entre o
adjunto adverbial e o adjunto adnominal. Sendo assim, vejamo-las:
-se aqui de um adjunto adverbial, uma vez que o termo expresso por “muita cautela” modifica o
verbo dirigir, representando o modo pelo qual devemos dirigir. Assim, tal classificação (o adjunto
adverbial) sempre se refere a verbos, adjetivos ou advérbios. Como em:
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Analisemos, portanto, este outro exemplo:
No caso acima, temos um adjunto adnominal, visto que o termo em evidência modifica o substantivo
“procedimento”, especificando - o (procedimento cauteloso).
Fonte: Site Brasil Escola.
ATIVIDADES
Tendo em vista os pressupostos linguísticos que demarcam o adjunto adnominal e o predicativo,
compare os enunciados e, a seguir, responda ao que se pede:
O garoto extrovertido apresentou o trabalho.
O garoto, extrovertido, apresentou o trabalho.
Questão 01
Constatamos que o adjetivo “extrovertido” se encontra presente em ambos os enunciados. Assim, há
alguma diferença que os demarca em termos gramaticais? Justifique.
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Sim, pois no enunciado primeiro o termo em destaque atua como adjunto adnominal, uma vez
que se refere a uma característica relacionada à personalidade do garoto. Já no enunciado
segundo, afirmamos que se trata de um predicativo do objeto, haja vista que se trata de uma
qualificação momentânea, ou seja, um estado no qual se encontrava o garoto num dado
momento.
(Vunesp)
“De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho
noturno”.
“Muitas vezes lhe acontecera bater à campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou
por outra pessoa qualquer”.
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“E, às vezes, me julgava importante.”
Questão 02
Identifique a alternativa em que os termos em destaque aparecem corretamente analisados quanto à
função sintática.
a)
b)
c)
d)
e)
Predicativo, sujeito, objeto direto
Aposto, agente da passiva, predicativo
Objeto direto, objeto indireto, adjunto adverbial
Complemento nominal, adjunto adverbial, aposto
Vocativo, adjunto adnominal, predicativo
Questão 03
Analise as orações que seguem, identificando e, ao mesmo tempo, classificando o termo em
destaque. Feito isso, justifique o porquê da classificação que atribuíra.
a – Os professores consideraram inevitável a aplicação da segunda chamada.
b – O esforço tornou famoso o atleta.
c – Os turistas, enaltecidos, agradeceram a acolhida dos proprietários da pousada.
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Constata-se que em todos os enunciados os termos que se encontram em destaque atuam
como predicativo do objeto, haja vista que se trata de um verbo de ação (nocional) associado,
ainda que implícito, a um verbo de ligação.
AGENTE DA PASSIVA
É o termo da oração que complementa o sentido de um verbo na voz passiva, indicando-lhe o ser
que praticou a ação verbal.
A característica fundamental do agente da passiva é, pois, o fato de somente existir se a oração
estiver na voz passiva. Há três vozes verbais na nossa língua: a voz ativa, na qual a ênfase recai na
ação verbal praticada pelo sujeito; a voz passiva, cuja ênfase é a ação verbal sofrida pelo sujeito; e a
voz reflexiva, em que a ação verbal é praticada e sofrida pelo sujeito. Nota-se, com isso, que o papel
do sujeito em relação à ação verbal está em evidência.
Na voz passiva, o sujeito exerce a função de receptor de uma ação praticada pelo agente da
passiva. Por conseqüência, é este mesmo agente da passiva que complementa o sentido do verbo
neste tipo de oração, substituindo o objeto (direto).
Exemplo:
Toda a vizinhança foi acordada pelo barulho. [oração na voz passiva]
...[toda a vizinhança: sujeito]
...[foi: verbo auxiliar / acordada: verbo principal no particípio]
...[pelo barulho: ser que praticou a ação = agente da passiva]
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O agente da passiva é um complemento exigido somente por verbos transitivos diretos (aqueles que
pedem um complemento sem preposição). Esse tipo de verbo, em geral, indica uma ação (em
oposição aos verbos que exprimem estado ou processo) que, do ponto de vista do significado, é
complementada pelo auxílio de outro termo que é o seu objeto (em oposição aos verbos que não
pedem complemento: os verbos intransitivos).
A oração na voz passiva pode ser formada através do recurso de um verbo auxiliar (ser, estar). Nas
construções com verbo auxiliar, costuma-se explicitar o agente da passiva, apesar de ser este um
termo de presença facultativa na oração. Em orações cujo verbo está na terceira pessoa do plural, é
muito comum ocultar-se o agente da passiva. Isso se justifica pelo fato de que, nessas situações, o
sujeito pode ser indeterminado na voz ativa. Porém mesmo nesses casos, a ausência do agente é
fruto da liberdade do falante.
Exemplos:
Os visitantes do zoológico foram atacados pelos bichos.
...[foram: verbo auxiliar / passado do verbo "ser"]
...[pelos bichos: agente da passiva]
Nossas reivindicações são simplesmente ignoradas.
...[são: verbo auxiliar / presente do verbo "ser"]
...[agente da passiva: ausente]
Cercaram a cidade. [voz ativa com sujeito indeterminado]
A cidade está cercada.
...[está: verbo auxiliar / presente do verbo "estar"]
...[agente da passiva: ausente]
A cidade está cercada pelos inimigos.
...[pelos inimigos: agente da passiva]
O agente da passiva é mais comumente introduzido pela preposição por (e suas variantes: pelo, pela,
pelos, pelas). É possível, no entanto, encontrar construções em que o agente da passiva é introduzido
pelas preposições de ou a.
Exemplo:
O hino será executado pela orquestra sinfônica.
...[pela orquestra sinfônica: agente da passiva]
Disponível em: http://www.nilc.icmc.usp.br/minigramatica/mini/agentedapassiva.htm
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E OS PREDICATIVOS?
Fonte: Oblogderedacao.blogspot.com
A função do predicativo é expressar uma característica do sujeito, ou do objeto, daí termos dois tipos
de predicativo: do sujeito e do objeto. Exemplo:
“Não estou descabelada”. – Predicativo do sujeito.
1. Predicativo do Sujeito – é o termo que exprime um atributo, um estado, um modo de ser do
sujeito. O predicativo do sujeito prende-se a um verbo de ligação, que une o predicativo ao sujeito. O
predicativo do sujeito será sempre o núcleo do predicado nominal. A função de predicativo do sujeito
pode ser exercida por um:
Adjetivo: A tentativa resultou inútil.
Substantivo: A ilha parecia um monstro.
Numeral: As partes do corpo humano são três.
Pronome: Meu carro é aquele.
A! O predicativo do sujeito pode ligar-se ao sujeito por meio de verbos que substituam o verbo de
ligação: Todos andam (estão) apreensivos. / Ele se acha (está) acamado.
► Os verbos de ligação não têm (ou perdem em certos contextos) um sentido definido (não traduzem
ações); limitam-se a transmitir a ideia em referência a um estado do sujeito: permanente (ser),
transitório (estar, andar, achar-se), aparente (parecer), continuidade de estado (ficar, continuar,
persistir, permanecer), mudança de estado (ficar, vir, virar, tornar-se, acabar). Exemplos:
• O mar estava agitado. / A mesa era de mármore.
• A árvore ficou sem folha. / Os premiados foram dois.
• Os nossos saíram vitoriosos. / A vida tornou-se insuportável.
Observações:
1a O predicativo do sujeito também entra na constituição do predicado verbo-nominal: O trem chegou
atrasado. => O trem chegou (e estava) atrasado. / A velha voltou para casa tranquila. => [...] voltou
para casa (e estava) tranquila.
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2a Para evitar a ambiguidade ou por motivo estilístico, pode o predicativo anteceder ao sujeito e até
mesmo ao verbo: Completamente feliz ninguém é. / Que linda estava Maria da Glória. - São horríveis
essas coisas!
3a Uma maneira prática de se identificar o predicativo do sujeito é excluir o verbo de ligação e
observar se na oração continua a existir uma unidade significativa: Minha namorada está atrasada. =>
Minha namorada atrasada.
2. Predicativo do Objeto – é o termo da oração que nos informa alguma coisa do objeto; geralmente
do objeto direto e, mais raramente do indireto. O predicativo do objeto pertence ao predicado verbonominal e sua função pode ser representada por um substantivo, ou adjetivo. Exemplos:
• Acho os teus direitos indiscutíveis.
• Nós julgamos o fato milagroso.
• Ele acha-se um gênio.
A! O predicativo do objeto direto pode vir regido de preposição (facultativa):
• Alguns chamam o rapaz (de) impostor.
• Muitos consideram o professor (como) um sábio.
Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/2393934
COMPLEMENTO NOMINAL
É o termo da oração que é ligado a um nome por meio de uma preposição, completando o sentido
desse nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).
Ex.: Gustavo, faça uma rápida leitura do texto.
Obj. direto
Complemento nominal
Fernando mora perto de um grande hotel.
Núcleo do adj.adv.lugar Complemento nominal do advérbio perto.
O núcleo do complemento nominal é representado por um substantivo (ou palavra com valor de
substantivo), poderá ser também representado por um pronome oblíquo.
Ex.: Tenho-lhe uma justificada admiração.
Complemento nominal de admiração
O complemento nominal pode caber a uma oração com valor de substantivo, receberá o nome de
oração subordinada substantiva completiva nominal.
Ex.: Chego à conclusão de que o contrato só beneficiou os americanos.
oração principal
oração subordinada substantiva
completiva nominal
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# Leia o texto a seguir para responder às questões 04 e 05.
TEXTO 01
É fácil errar quando uma empresa ou seus dirigentes não têm clareza sobre aquilo que de fato
significam as bonitas palavras que estão em suas missões e valores ou em seus relatórios e peças de
marketing. Infelizmente, não passa um dia sem vermos claros sintomas de confusão. O que dizer de
uma empresa que mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? Ou
da que anuncia sua “responsabilidade social” divulgando em caros anúncios os trocados que doou a
uma creche ou campanha de solidariedade? Na melhor das hipóteses, elas não entenderam o
significado desses conceitos. Ou, se formos um pouco mais críticos, diremos tratar-se de oportunismo
irresponsável, que não só prejudica a imagem da empresa mas — principalmente — mina a
credibilidade de algo muito sério e importante. Banaliza conceitos vitais para a humanidade, reduzindoos a expressões efêmeras, vazias.
(Guia Exame – Sustentabilidade, outubro de 2008)
QUESTÃO 04
O texto faz uma crítica ao
01) uso inexpressivo de expressões efêmeras e vazias, o que coíbe a prática do oportunismo
irresponsável.
02) trabalho social das empresas, que priorizam ações sociais sem utilizarem um marketing adequado.
03) discurso irresponsável das empresas que, na verdade, destoa das praticas daqueles que o
proferem.
04) excesso de discursos sobre sustentabilidade e responsabilidade em empresas engajadas em
assuntos de natureza social.
05) uso indiscriminado do marketing na divulgação da responsabilidade social das empresas.
QUESTÃO 05
Sobre os aspectos morfossintáticos que compõem o fragmento acima, é correto dizer:
01) A expressão “as bonitas palavras” (l. 2) funciona como complemento da forma verbal “significam” (l.
2).
02) Os termos “sobre aquilo” (l. 1) e “para a humanidade” (l. 11) exercem a mesma função sintática.
03) “por aí” (l. 5) funciona como modificador verbal e apresenta a mesma circunstancia do termo “mal”
(l. 4).
04) A forma verbal “formos” (l. 8) funciona como núcleo da declaração atribuída ao sujeito.
05) A palavra “muito” (l. 10), no contexto em que se encontra, exerce função de adjunto adnominal.
A questão 06 toma por base o seguinte texto.
A concorrência constitui ingrediente fundamental do crescimento. Sem concorrência não há inovação, e
sem inovação não há crescimento sustentado. O Brasil acordou na questão da concorrência. Agora é
preciso dotá-la de recursos adequados e implementá-la de acordo com as especificidades do país. Na
defesa da concorrência, como de resto em várias áreas da política pública, é preciso copiar um clichê
do mundo corporativo multinacional: manter a visão global sem perder o enfoque local.
(Adaptado de Gesner Oliveira, Concorrência global, enfoque local, Folha de São Paulo, 28 de janeiro de 2006)
Questão 06
Julgue os seguintes itens a respeito da organização dos argumentos no texto.
I. O segundo período sintático justifica, ou explica, o que declara a oração inicial.
II. O terceiro período sintático fornece uma causa para o que afirmam o primeiro e o segundo.
III. O quarto período sintático fornece uma finalidade para a ideia expressa na oração inicial.
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IV. O quinto período sintático explicita uma das necessidades subentendidas no período anterior.
Estão corretos apenas:
01) I
02) I e II
03) I, II e III
04) I e IV
05) II, III e IV
Texto referente às questões 07 e 08.
TEXTO 02
(UNIFACS 2008.1/ adaptado)
Errata de pé de página
A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé da nossa história pessoal para eventuais
erratas, como em tese de doutorado (as que não são plágio). Pelas vezes em que, na infância, a gente
foi bobo, foi ingênuo, foi indesculpavelmente romântico, cego e teimoso, devia haver errata possível.
Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas: botei fora aquela oportunidade, não cuidei da
minha grana, fui onipotente... Profissionalmente não me preparei, não me preveni, não refleti, não
entendi nada, tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se essas trapalhadas pudessem ser
anuladas com uma boa errata. E às claras. Em geral, não podem.
Devia haver uma errata para quando, com mais de 60 anos, tendo visto, lido e vivido bastante coisa
nesse mundo, a gente ainda banca o bobão.
Minha esperança (tenho uma boa reserva dela) é que pessoas começam a reagir. Então alguém
começa a fazer alguma coisa. Alguém, muito aos pouquinhos, se sente responsável e fala. Alguém
mostra que não podemos aceitar o que acontece nas ruas, nas casas, nos transportes aéreos, nos
ministérios e no Senado, na vida em geral — e que só reclamar não adianta. Não devemos apenas
assistir aos acontecimentos que nos circundam e nos incomodam. É preciso denunciar, testemunhar,
expor-se, mesmo correndo o perigo de sentir-se isolado.
Ainda que o clima em geral seja de euforia imediatista, há situações gravíssimas, claras ou ocultas,
nos mais diversos territórios de nossa vida, que merecem mais do que breve pensamento e falam de
um evidente apagão moral. Por todas as vezes que desviamos o olhar lúcido ou recolhemos o dedo
denunciador, visando a sonhos além do nosso alcance, pagaremos — talvez num futuro não muito
distante — um alto preço, durante um tempo incalculavelmente longo. E não existirão erratas.
LUFT, Lya. Errata de pé de página. Veja, São Paulo: Abril, ano 40, n. 28,
p. 20, 18 jul. 2007. Adaptado.
Questão 07
De acordo com o texto,
01) os efeitos das ações humanas, em relação ao tempo, são irreversíveis e, portanto, indeléveis.
02) o ser humano, com o amadurecimento, já não comete mais tolices nem se deixa enganar
facilmente.
03) os atos impensados que a pessoa comete ao logo da vida podem ser retificados com uma mudança
comportamental.
04) as atitudes do homem poderiam ser devidamente retomadas, e até modificadas, se a ele fosse
dado o direito de repensar suas ações.
05) as pessoas, quando movidas pelo medo e pela omissão, acabam se livrando de muitos
despropósitos que, costumeiramente, atingem os insensatos.
Questão 08
Sobre os aspectos morfossintáticos que compõem o texto, pode-se afirmar:
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01) a repetição do pronome indefinido “alguém”, no quarto parágrafo, poderia ser evitada, uma vez que
empobrece o discurso do enunciador.
02) a palavra “bastante” (l. 10), no contexto em que se encontra, modifica o verbo.
03) não é possível determinar o sujeito da forma verbal “falam” (l. 19)
04) os vocábulos “onipotente” (l. 06) e “isolado”(l. 16) exercem função predicativa.
05) o termo “erratas” – tanto na linha 05 quanto na 24 – equivalem sintaticamente.
TEXTO 03
(FBD 2008.1 adap.)
O DINHEIRO NUNCA DORME
Num mundo em que escândalos repugnantes vêm à tona a cada dia, quando até mesmo nossos
heróis outrora imaculados, os astronautas, vão para o espaço embriagados, assiste a nós pausar para
refletir sobre o que mobiliza a ética no coração humano. E o que a impede. Como escrevi na última
coluna, os neurocientistas estão agora corroborando os grandes filósofos morais Arthur Schopenhauer
e David Hume. Descobriram, em experimentos de imagens cerebrais, que nossas decisões éticas
emergem não de um raciocínio utilitário, mas de sentimentos universais. Sentimentos, frequentemente
inconscientes, de empatia pelos outros seres. A essência da ética, por conseguinte, está no cultivo
dessa tendência natural pela compaixão.
Porém, Schopenhauer se deu conta de que temos outras motivações menos nobres, como a busca
pelo próprio bem-estar em primeiro lugar (o egoísmo) e o desejo de fazer mal a outras pessoas (a
malícia). Ser ético, então, significa esforçar-se para que a compaixão transcenda o egoísmo e a malícia.
O filósofo inglês Bertrand Russell ponderou sobre que tipo de sociedade cultivará a compaixão em
detrimento da malícia. Segundo ele afirma, é a competição pelos recursos materiais que faz com que os
impulsos possessivos nos seres humanos predominem sobre o que ele chamou de impulsos criativos.
“Poucas pessoas podem ter êxito sendo criativas em vez de possessivas num mundo que é totalmente
baseado na competição; onde a honra, o poder e o respeito são dados à riqueza, e não à sabedoria;
onde a lei consagra a injustiça daqueles que têm contra aqueles que não têm.”
Até mesmo os membros da “elite digital”, cujas vidas são ricas de oportunidades e prazeres, não se
acham assim tão afortunados, porque estão rodeados de pessoas que têm muito mais. Um executivo
explica: “Quando um gestor de fundos de investimento pode ganhar US$ 1 bilhão por ano, todos aqui
olham para as pessoas que estão acima deles. Com US$ 10 milhões, você não passa de um zéninguém”. E um outro ainda confessa: “Aqui, dos que estão entre os top, 1% quer se tornar os top 0,1%,
e os top 0,1% querem chegar aos top 0,01%. Você até tenta não cair nessa roda viva, mas é difícil
evitar”.
Lembremos do famoso discurso do personagem Gordon Gekko, no filme Wall Street – Poder e
Cobiça, baseado na vida real de inescrupulosos investidores, como Ivan Boesky. Gekko afirma: “O
ponto é, senhoras e senhores, que ganância faz bem. Ser ganancioso está certo, a ganância funciona”.
Gordon Gekko em breve reaparecerá num filme continuação, com o título Money Never Sleeps
(“Dinheiro nunca dorme”). Pode ser que o dinheiro nunca durma, mas quando é que nós iremos
acordar? Será que o barulho do mercado financeiro global chacoalhando é um toque de despertar?
ANDREWS, Susan. O dinheiro nunca dorme. Época. São Paulo: Globo.
n. 485, p. 67, 3 set. 2007. Adaptado.
Questão 09
Segundo o texto, Schopenhauer via a ética como
01) uma motivação própria da alma humana que leva o indivíduo a colocar-se à disposição dos que se
encontram em posição privilegiada na escala social.
02) um sentimento natural do ser humano que, devidamente cultivado, suplanta outros menos
generosos que coexistem em seu inconsciente. X
03) uma atitude valorativa do homem em relação a seus semelhantes a ponto de aceitar suas falhas,
perdoá-las e até justificá-las.
04) um impulso imprevisível do gênero humano, que o motiva a flexibilizar seu julgamento sobre os atos
impróprios do outro.
05) o desejo humano de superação social, trabalhando sua criatividade em proveito próprio.
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Questão 10
Completa o sentido do nome APENAS
01) “inconscientes” (l. 07)
02) “de impulsos criativos” (l. 15-6)
03) “de pessoas” (l. 20)
04) “de fundos” (l. 21)
05) “de despertar” (l. 31-2)
Leia o texto abaixo e responda às questões 11 e 12.
TEXTO 04
Essas meninas
As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus namorados. As
alegres meninas que estão sempre rindo, comentando o besouro que entrou na classe e pousou no
vestido da professora; essas meninas; essas coisas sem importância. O uniforme despersonaliza, mas
o riso de cada uma diferencia. Riem alto, riem musical, riem desafinado, riem sem motivo; riem. Hoje de
manhã estavam sérias, era como se nunca voltassem a rir e falar coisas sem importância. Faltava uma
delas. O jornal dera notícia do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar
ermo. A selvageria de um tempo que não deixa mais rir. As alegres meninas, agora sérias, tornam-se
adultas de uma hora para outra; essas mulheres.
Carlos Drummond de Andrade
Questão 11
Com relação ao conto, a opção que mais se aproxima ao tema do texto é:
01)
02)
03)
04)
05)
a transformação de meninas sérias em mulheres alegres.
o amadurecimento que resulta do confronto com a violência.
que os criminosos não só respeitam as meninas estudantes, mas também as mulheres sérias.
a possibilidade da alegria e do riso num mundo violento.
que, independente de fatores externos, sempre as meninas alegres transformam-se em mulheres
sérias.
Questão 12
A análise dos elementos linguísticos que compõem o texto permite afirmar:
01) a expressão “da professora” (l.3), no contexto em que se encontra, expressa uma ideia de lugar.
02) o termo “sérias” (l.5) completa o sentido do verbo
03) a forma verbal “voltassem” (l.5) se encontra no plural, pois o sujeito está indeterminado.
04) “uma delas” (l.6) exerce a mesma função sintática da palavra “notícia” (l.6)
05) o termo” do crime“ (l.6), no contexto em que se encontra, funciona como complemento nominal.
APOSTO E VOCATIVO
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http://teresinhamorais.zip.net/
Vocativo
É um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem
ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou
hipotético. Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso. Veja os exemplos:
Não fale tão alto, Gabriela!
A vida, minha amada, é feita de escolhas.
Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está
dirigindo a palavra.
Obs.: o vocativo pode vir antecedido por interjeições de apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.
Por Exemplo:
Ó Cristo, iluminai-me em minhas decisões.
Eh! Gente, temos que estudar mais.
Distinção entre Vocativo e Aposto
O vocativo não mantém relação sintática com outro termo da oração. Por Exemplo:
Crianças, vamos entrar.
Vocativo
O aposto mantém relação sintática com outro termo da oração. Por Exemplo:
A vida de Moisés, grande profeta, foi filmada.
Sujeito
Aposto
Aposto
É o termo ou expressão que se refere a um termo ou expressão anterior para especificá – lo, enumerá –
lo, distribui – lo, resumi – lo.
Tipos de Aposto
1. Enumerativo - Enumerador: sequência de termos usados para desenvolver um termo anterior.
Comprei alguns presentes: uma camisa do Palmeiras, uma calça, um sapato.
A! Clara comprou: um refrigerante e uma água mineral.
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Objeto direto (desvio linguístico – não se separa o verbo do objeto)
2. Resumitivo – Resumidor - Recapitulativo: é usado para resumir termos anteriores. É expresso,
geralmente, por um pronome indefinido.
Trocar fraldas, amamentar, limpar o nariz, acordar à noite, tudo exige paciência.
Nem sogra, nem brigas, nem amigos, nada nos separa.
3. Explicativo: é usado para explicar termo ou expressão anterior.
Mayara, minha aluna, está estudando bastante.
Àlvaro, meu grande amigo, é uma pessoa responsável.
3. Distributivo: é aquele que distribui as informações de termos separadamente.
Henrique e Núbia vivem no mesmo país; esta na cidade do Porto, aquele, na cidade de Lisboa.
4. Especificador – Especificativo – Nominativo - Designativo: é um nome que se refere a um nome
de sentido genérico para ampliar seu sentido.
O rio Amazonas é o maior rio do mundo.
O rei Pelé é o melhor jogador de todos os tempos.
A! Aposto da oração – Oracional: é usado para resumir termos anteriores.
Tenho um único desejo: que todos os meus alunos passem na prova de amanhã.
Júnior chorou muito, sinal de desespero.
5. Comparativo: é usado para comparar.
Meu coração, nau dos ventos, está sem rumo.
Seus olhos, lindos oceanos, fazem–me acreditar no amor.
Atenção: normalmente, o aposto aparece isolado por vírgula, mas pode também aparecer isolado por
travessão, dois pontos e ponto e vírgula. No caso do aposto especificativo, não pode ser isolado por
pontuação.
Disponível em: http://leandromeost.blogspot.com.br/2011/01/tipos-de-aposto.html
TEXTO 04
(Mackenze 2011.2/ adaptada) Refere-se às questões 13 a 18.
Internet, Twiter, Facebook – tudo isso é considerado meio público de exposição. A falta de recato
com a própria intimidade, revelada sem pejo em algumas páginas da internet, nas telas do “Big Brother”
e nas traseiras de automóveis, onde se veem grudadas figurinhas representativas da composição da
família proprietária, constitui, em um primeiro olhar, exercício de direito à autoexposição.
Pondero, para a reflexão do leitor, que o abuso desse direito à imagem escancarada poderá implicar
na supressão do direito fundamental à privacidade, abrindo espaço para a ditadura do monitoramento
oficial ilimitado. E assistiremos a isso inertes?
É, contudo, no exagerado exercício individual do direito de abrir mão da privacidade que mora o
problema. Se considero normal informar ao estranho que vai à traseira do meu carro que somos cinco
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em casa, como poderei exigir da loja da esquina a manutenção do cadastro, em segredo, que lá
preenchi? Por que o fiscal do Imposto de Renda deveria se privar de vasculhar minha conta corrente se
tuíto a todos os que me “seguem” o quanto gastei no final de ano em determinado shopping? Não
parece que alguns (ou se não muitos) preferem a exposição à privacidade?
Adaptado de Roberto Soares Garcia, Folha de S.Paulo, 27/02/2011/ adaptado
Questão 13
Depreende-se corretamente do texto que:
01) as leis devem existir para que a autoexposição possa ser regulamentada, alterando principalmente
o uso vicioso das novas tecnologias.
02) há cada vez mais a adoção de modas comportamentais e o uso de novas tecnologias que fazem
com que o indivíduo deixe de seguir leis e aja de forma inconsequente com o bem público.
03) programas de televisão são os únicos responsáveis pela falta de articulação entre o público e o
privado na sociedade brasileira.
04) o comportamento dos cidadãos diante de uma necessidade cada vez maior de exposição poderá
conduzir-nos a uma sociedade altamente controlada pelo poder público.
05) os membros de uma sociedade devem preparar-se para as leis que possibilitarão a limitação da
exposição individual.
Questão 14
Assinale a alternativa correta.
01) Na linha 03, “em um primeiro olhar” (l. 03) completa indiretamente o sentido da forma verbal
“constitui”.
02) A forma verbal “assistiremos” (l. 07), no sentido de ver, presenciar funciona como verbo transitivo
indireto, sendo, portanto, compatível à norma padrão vigente.
03) A partícula “lá” (l. 11) refere-se anaforicamente ao local em que o autor reside com seus cinco
familiares.
04) Em “na supressão do direito fundamental” (l.6), a preposição existente na contração sublinhada é
exigida pelas regras de regência do verbo implicar (l. 06).
05) As expressões “em determinado shopping” (l. 12-3) e “à privacidade” (l. 06) exercem função
sintática semelhante e exprimem noção partitiva.
Questão 15
“Não parece que alguns (ou se não muitos) preferem a exposição à privacidade?” (l. 13-4). A regência
da forma verbal destacada corresponde aos padrões linguísticos aceitáveis assim como em
01)
02)
03)
04)
05)
Aquela empresa sempre paga pontualmente aos funcionários.
Segundo a Constituição, este direito não o assiste. Cabe apenas ao trabalhador que recebe até
dois salários mínimos.
Ele custará muito para entender a decisão que você tomou.
Em todos os recantos do sítio, as crianças sentem-se felizes, porque aspiram ao ar puro.
Lembre-se que o mais importante na vida é ser feliz.
Questão 16
“Internet, Twiter, Facebook – tudo isso é considerado meio público de exposição.” (l. 01). Nesse
período,
01) “de exposição” complementa o sentido de “meio”.
02) “tudo isso” funciona como sujeito simples.
03) o aposto existente sintetiza as ideias contidas nos termos de enumeração.
04) há uma recapitualção de ideias graças ao emprego de “tudo isso”.
05) os sinais de pontuação presentes no texto foram inadequadamente empregados.
Questão 17
Considerando as locuções a seguir, funciona como paciente da ação nominal:
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VESTIBULAR
ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS / GRAMÁTICA
Módulo V
VILAS
I.
II.
III.
IV.
V.
“da internet” (l. 01-2)
“de automóveis” (l. 02)
“da família” (l. 03)
“do leitor” (l. 05)
“do cadastro” (l. 10)
01) Somente I.
02) Somente I e II.
03) Somente III e V.
04) Somente II, III e IV.
05) Somente I, II, III e V.
Questão 18
Assinale a alternativa correta quanto à regência:
01)
02)
03)
04)
05)
Carlos Drummond de Andrade é o poeta que de mais gosto, sabia, Yuri?
Gabriela e Max, estes são os livros que precisamos para estudar para a UNEB..
esse foi um ponto que Pedro, Manuela e Laura esqueceram de analisar.
a peça que Vitor, Amanda e eu assistimos, nesse final de semana, foi muito boa.
o ideal de sociedade que aspiramos também é conhecido por Gabriel, Yasmin e Gabriela.
Questão 19
Observe o emprego da vírgula nos itens a seguir.
I. O ortopedista, seu amigo particular, já lhe proibiu a entrada no consultório.
II. Certa ocasião, Lucas tomou injeções diárias de penicilina, por sua conta e risco.
III. Doutora, para ser sincero, eu nem sei por onde começar: dizem que eu estou estudando demais.
IV. Quando visita alguém e lhe oferecem alguma coisa para tomar, Fernando aceita logo um cafezinho.
As vírgulas foram usadas para separar o aposto e o vocativo, respectivamente, em
01)
02)
03)
04)
05)
I e II.
I e III.
II e III.
II e IV.
III e IV.
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O mistério e o conhecimento