MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral – PPGEM CARACTERIZAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO POR ESPECTROSCOPIA DE REFLETANCIA DIFUSA AUTORA: ANA CLÁUDIA CARIOCA ORIENTADOR: Prof. Dr. GERALDO MAGELA DA COSTA Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação do Departamento de Engenharia de Minas da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Minas. Área de concentração: Tratamento de Minérios e Resíduos Ouro Preto – Março de 2010 C277c Carioca, Ana Cláudia. Caracterização de minério de ferro por espectroscopia de reflectância difusa [manuscrito] / Ana Cláudia Carioca. – 2010. xiii, 88f. : il. col., graf., tabs. Orientador: Prof. Dr. Geraldo Magela da Costa. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Departamento de Engenharia de Minas. Programa de Pós-graduação em Engenharia Mineral. Área de concentração: Tratamento de minérios e resíduos. 1. Minérios de ferro - Teses. 2. Espectroscopia – Reflectância difusa - Teses. 3. Mossbauer, Espectroscopia de - Teses. 4. Raios X - Difração – Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título. CDU: 669.162.12:543.4 Catalogação: [email protected] ii iii “TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE” Fl 4,13 iv AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus pelas bênçãos concedidas na minha vida, pois tudo o que consegui foi o Senhor que me deste. Toda honra e toda glória para Ti, Senhor. À minha mãe, fonte de inspiração e dedicação, por tudo o que tem feito por mim, muito obrigada. Ao meu pai, pelo incentivo e confiança nesta etapa da minha vida. Aos meus irmãos, pelo amor, pela compreensão e estimulo para seguir sempre em frente. À minha família, pela descontração e lealdade em todos os momentos. A todos os meus amigos, que presente ou ausente confiaram em mim e me apoiaram nas horas difíceis, minha eterna gratidão. Ao meu orientador Prof. Dr. Geraldo Magela da Costa, pela paciência, pela oportunidade, pelos ensinamentos, pela dedicação e acima de tudo pela amizade durante estes cinco anos de convivência. Ao Prof. César Mendoça Ferreira, pelo apoio e pelos ensinamentos, minha gratidão. À Fundação Gorceix pela oportunidade e disponibilidade de realizar as análises de microscopia ótica. Ao Prof. Dr. Vidal Barrón, que com muita generosidade me recebeu em Córdoba na Espanha, e me agraciou com seus ensinamentos e oportunidade, muito obrigado. v À Universidad de Córdoba, pela oportunidade de aprendizado e pela disponibilidade de seus equipamentos para as minhas análises. Aos amigos do Laboratório de difração e espectroscopia Mössbauer da UFOP, Marcela, Larissa, Marcos pelo apoio, e Guilherme pelo companheirismo, pela ajuda nestes 6 anos de trabalho juntos. Ao Laboratório LGQA da UFOP, pelas análises realizadas em ICP-OES. Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral pela oportunidade. À Prof. Dra. Gilmare pela compreensão e pelos ensinamentos em quimiometria. vi RESUMO A identificação e quantificação das fases mineralógicas constituintes dos minérios de ferro é de crucial importância, tanto para o controle da qualidade, como para o planejamento da mina, processamento, etc. O elemento ferro encontra-se geralmente sob a forma de óxidos ou hidróxidos, principalmente como hematita (α-Fe2O3), goethita (α-FeOOH) e magnetita (Fe3O4), sendo a cor um dos atributos mais visíveis e característicos destas fases. A íntima relação entre os teores das fases mineralógicas e o espectro nas regiões espectrais do ultravioleta, visível, infravermelho próximo e médio permite a identificação e a quantificação destas fases. Para este estudo optou-se pela espectrofotometria de reflectância difusa para a identificação e quantificação das fases presentes em amostras de minérios de ferro. A partir das curvas de reflectância e dos teores medidos dos minerais, e com o auxilio do programa quimiométrico PARLES, obteve-se modelos de calibração para a hematita, especularita, martita, goethita, magnetita, quartzo e ferro total. As melhores correlações encontradas foram obtidas no equipamento ASD portátil (350-2500 nm) para goethita R2C= 0,96; magnetita R2C= 0,90 e martita R2C= 0,84; e no MIR (2500-25000 nm) para especularita R2C= 0,89; ferro R2C= 0,87 e quartzo R2C= 0,89. Para a hematita a melhor correlação foi no equipamento CARY/MIR (319-25000 nm) com R2C= 0,91. Estes modelos podem ser utilizados para a quantificação das fases acima mencionadas em outras amostras de minérios de ferro. vii ABSTRACT The identification and quantification of the mineralogical phases present in iron ore is of crucial importance, both for quality control and well as for mine planning, processing, etc.. The element iron is usually found in the form of oxides or hydroxides, such as hematite (αFe2O3), goethite (α-FeOOH) and magnetite (Fe3O4), and their colors are a characteristic attribute. The close relationship between the mineralogical phase contents and the spectrum obtained in the ultra-violet, visible, near- and mid infrared spectral regions allows the identification and quantification of these phases. In this study the diffuse reflectance spectrophotometry was chosen to identify e quantify the constituents of several iron ores. Calibration models, using the chemometric software PARLES, for hematite, especularite, martite, goethite, magnetite, quartz and total iron were obtained from the reflectance curves and the mineral contents. The best correlations were obtained in the portable equipment ASD (350-2500 nm) for goethite R2C = 0.96, magnetite R2C = 0.90 and martite R2C = 0.84; and in the MIR (2500-25000 nm) for especularite R2C = 0.89, iron R2C = 0.87 and quartz R2C = 0.89. For hematite the best correlation was found in the CARY/MIR (319-25000 nm ) R2C = 0.91. These models can be used to quantify the above mentioned phases in an unknown iron ore sample. viii SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------- 1 2 – OBJETIVO --------------------------------------------------------------------------- 3 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA----------------------------------------------------- 4 3.1 – Aspectos Gerais ---------------------------------------------------------------------------------- 4 3.1.1 – Reservas, produção, consumo e mercado---------------------------------------------- 5 3.2 – Geologia do ferro-------------------------------------------------------------------------------- 9 3.2.1 – Hematita ------------------------------------------------------------------------------------- 9 3.2.1.1 – Especularita ---------------------------------------------------------------------------12 3.2.1.2 – Martita ---------------------------------------------------------------------------------13 3.2.2 – Goethita-------------------------------------------------------------------------------------15 3.2.3 – Magnetita-----------------------------------------------------------------------------------20 3.3 – Caracterização ----------------------------------------------------------------------------------22 3.3.1 – Microscopia ótica -------------------------------------------------------------------------24 3.3.2 – Espectroscopia de Reflectância Difusa (ERD) --------------------------------------25 3.3.2.1 – Medidas de cor ------------------------------------------------------------------------28 3.3.2.1.1 – Sistema CIE – X, Y e Z ---------------------------------------------------------28 3.3.2.1.2 – Notação Munsell -----------------------------------------------------------------29 3.3.2.1.3 – Sistema CIE – L*a*b* ----------------------------------------------------------31 3.3.2.1 – Análise Kubelka-Munk--------------------------------------------------------------33 4 – METODOLOGIA------------------------------------------------------------------ 35 4.1 – Preparação das amostras ---------------------------------------------------------------------35 4.2 – Caracterização Química ----------------------------------------------------------------------35 4.2.1 – Espectrometria de Plasma---------------------------------------------------------------35 4.2.2 – Espectrometria de Absorção Atômica -------------------------------------------------35 4.3 – Caracterização Mineralógica ----------------------------------------------------------------35 4.3.1 – Suscetibilidade Magnética---------------------------------------------------------------35 4.3.2 – Microscopia ótica -------------------------------------------------------------------------36 4.3.3 – Espectroscopia Mössbauer --------------------------------------------------------------36 4.3.4 – Difração de raios X -----------------------------------------------------------------------37 4.3.5 – Espectrofotometria de Reflectância Difusa ------------------------------------------37 4.3.5.1 – Espectrofotômetro Cary 5000 UV – Vis – IR ------------------------------------37 ix 4.3.5.2 – Espectrofotômetro Tensor 27 MIR ------------------------------------------------37 4.3.5.3 – Espectrofotômetro ASD Inc. LabSpec 5000 -------------------------------------37 4.3.5.4 – Análise Estatística--------------------------------------------------------------------38 5 – RESULTADOS -------------------------------------------------------------------- 39 5.1 – Análise química quantitativa-----------------------------------------------------------------39 5.2 – Suscetibilidade Magnética (SM)-------------------------------------------------------------39 5.3 – Difração de raios X ----------------------------------------------------------------------------40 5.4 – Espectroscopia Mössbauer -------------------------------------------------------------------45 5.5 – Microscopia Ótica------------------------------------------------------------------------------48 5.6 – Espectrofotometria de Reflectância Difusa------------------------------------------------51 5.6.1 – Análise espectral --------------------------------------------------------------------------52 5.6.2– Análise de cor ------------------------------------------------------------------------------54 5.6.3 – Análises Quimiométricas ----------------------------------------------------------------58 5.6.3.1 – PCA ------------------------------------------------------------------------------------58 5.6.3.2 - PLSR -----------------------------------------------------------------------------------60 5.6.3.3 – Correlações ----------------------------------------------------------------------------62 5.6.3.3.1 – Ferro Total------------------------------------------------------------------------68 5.6.3.3.2 – Hematita---------------------------------------------------------------------------69 5.6.3.3.3 – Goethita----------------------------------------------------------------------------70 5.6.3.3.4 – Especularita -----------------------------------------------------------------------71 5.6.3.3.5 – Martita------------------------------------------------------------------------------72 5.6.3.3.6 – Quartzo -----------------------------------------------------------------------------73 5.6.3.3.7 – Magnetita --------------------------------------------------------------------------74 6 – CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------- 76 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------ 78 x LISTA DE FIGURAS Figura 1. Países com as maiores reservas de minério de ferro. ----------------------------------- 5 Figura 2. Maiores produtores de minério de ferro do mundo em 2007. -------------------------- 5 Figura 3. Distribuição da produção de minério de ferro pelos estados brasileiros.------------ 6 Figura 4. Principais importadores de bens primários de ferro brasileiro.----------------------- 7 Figura 5. Principais importadores de produtos semimanufaturados de ferro brasileiro.------ 7 Figura 6. Países de destino dos produtos manufaturados (aço) brasileiros.--------------------- 8 Figura 7. Setores industriais brasileiros consumidores de minério de ferro. -------------------- 8 Figura 8. Difratograma padrão (tubo de ferro) de hematita bem cristalizada, simulado no programa JADE.------------------------------------------------------------------------------------------10 Figura 9. Espectro Mössbauer à temperatura ambiente de hematita. ---------------------------11 Figura 10. Microfotografia da hematita lamelar mono(A) e policristalina (B), granular mono (C) e policristalina (D), microcristalina (E) e lobular (F). --------------------------------12 Figura 11. Microfotografia de uma amostra de hematita martítica, sem polarizador (A) e com polarizador (B). -------------------------------------------------------------------------------------13 Figura 12. Espectros de infravermelho da (a) hematita martítica e (b) hematita especularítica (Russell e Fraser, 1994). --------------------------------------------------------------15 Figura 13. Difratograma padrão (tubo de ferro) de goethita, simulado no programa JADE.16 Figura 14. Espectro Mössbauer à temperatura ambiente da goethita sintética. ---------------18 Figura 15. Fotomicrografias obtidas em microscópio ótico de goethita: a e b) goethita com baixa porosidade (goethita maciça), c) goethita alveolar, d) goethita fibrosa, e e f) goethita terrosa. -----------------------------------------------------------------------------------------------------19 Figura 16. Espectros de infravermelho de goethita sintética (Russell e Fraser, 1994). ------19 xi Figura 17. Difratograma padrão (tubo de ferro) de magnetita, simulado pelo programa JADE.-------------------------------------------------------------------------------------------------------20 Figura 18. Espectro Mössbauer à temperatura ambiente da magnetita. ------------------------21 Figura 19. Fotomicrofotografia de amostras de magnetita mostrando o processo de martitização.-----------------------------------------------------------------------------------------------22 Figura 20. Representação gráfica das formas de reflexão da luz incidente. --------------------25 Figura 21. Representação dos possíveis comprimentos de onda na análise por reflectância difusa (McBratney et al., 2003). ------------------------------------------------------------------------26 Figura 22. Curvas de reflectância difusa para amostras de goethita e hematita (Bárron et al 2000). -------------------------------------------------------------------------------------------------------27 Figura 23. Funções x, y e z baseadas nas cores primárias do sistema CIE (Barrón, 1985). -29 Figura 24. Representação gráfica do sistema de cor Munsell (Barrón e Torrent, 2002). ---30 Figura 25. Representação da tabela Munsell. -------------------------------------------------------31 Figura 26. Representação da atribuição de cor pelo sistema CIE 1976 (L*a*b*) (Barrón e Torrent, 2002). -------------------------------------------------------------------------------32 Figura 27. Difratogramas de raios X de algumas amostras selecionadas. hematita: H; goethita: G; magnetita: Mt; quartzo: Q; muscovita: Mv; caolinita: K. --------------------------41 Figura 28. Espectros Mössbauer à temperatura ambiente de algumas amostras selecionadas. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------47 Figura 29. Fotomicrografia da amostra Ana 37 apresentando especularita, goethita, magnetita (cor rosada) e magnetita sofrendo o processo de martitização. ----------------------48 Figura 30. Fotomicrografia da amostra Ana 59 apresentando especularita, goethita, martita e quartzo. As porções brancas dentro do quartzo são de especularita. --------------------------49 Figura 31. Fotomicrografia da amostra Ana 63 apresentando especularita, goethita, martita e quartzo. As porções brancas inclusas no quartzo são de especularita. -----------------------49 xii Figura 32. Fotomicrografia da amostra Ana 64 apresentando martita magnetita (cor rosado) em processo de martitização e hematita lobular. Fotomicrografia sem polarizador (A) e fotomicrografia com polarizador (B). ----------------------------------------------------------50 Figura 33. Fotomicrografia da amostra Ana 70 apresentando martita e uma variedade de goethita. As porções branca dentro da goethita são de martita.----------------------------------50 Figura 34. Curva de reflectância difusa de especularita (a), martita (b), goethita (c) e quartzo (d). ------------------------------------------------------------------------------------------------52 Figura 35. Curva de reflectância difusa de para a amostra ANA 02. ----------------------------53 Figura 36. Coordenadas de cromaticidade para as amostras de minérios de ferro. ----------57 Figura 37. Representação gráfica dos componentes principais versus a porcentagem da variância. --------------------------------------------------------------------------------------------------59 Figura 38. Representação gráfica da regressão utilizada para predizer do conteúdo mineral de novas amostras. ---------------------------------------------------------------------------------------61 Figura 39. Representação gráfica das correlações para ferro total, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. -------------------------------68 Figura 40. Representação gráfica das correlações para hematita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. -------------------------------69 Figura 41. Representação gráfica das correlações para goethita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. -------------------------------70 Figura 42. Representação gráfica das correlações para especularita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. -------------------------------71 Figura 43. Representação gráfica das correlações para martita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. -------------------------------72 Figura 44. Representação gráfica das correlações para quartzo, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. -------------------------------73 Figura 45. Representação gráfica das correlações para magnetita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. -------------------------------74 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 1. Principais minerais de ferro que compõem os minérios de ferro. --------------------- 4 Tabela 2. Distâncias interplanares da hematita (d), intensidades (I), e índices de Miller (hkl). ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------10 Tabela 3. Parâmetros hiperfinos de hematita em diferentes temperaturas (Vandenberghe, 1991). -------------------------------------------------------------------------------------------------------11 Tabela 4. Características dos cristais de hematita. -------------------------------------------------14 Tabela 5. Distâncias interplanares (d), intensidades (I) e índices de Miller (hkl) da goethita. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------17 Tabela 6. Parâmetros hiperfinos de goethita bem cristalizada (Vandenberghe, 1991). -------18 Tabela 7. Distâncias interplanares (d), intensidades (I) e índices de Miller (hkl) da magnetita. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------21 Tabela 8. Parâmetros hiperfinos da magnetita à temperatura ambiente (Vandenberghe, 1991). -------------------------------------------------------------------------------------------------------22 Tabela 9. Análise da porcentagem de magnetita (%Mt) das amostras. --------------------------39 Tabela 10. Tamanhos médios de cristalitos (Ǻ) calculados por difração de raios X.----------42 Tabela 11. Área relativa dos minerais identificados por espectroscopia Mössbauer, hematita (HM), goethita (GOE) e magnetita (Mt).--------------------------------------------------------------45 Tabela 12. Composição mineralógica média (%) das amostras de minério de ferro. ---------51 Tabela 13. Relação dos valores obtidos para os sistemas de cores. ------------------------------54 Tabela 14. Composição mineralógica e química das amostras. ----------------------------------62 Tabela 15. Relação dos parâmetros estatísticos obtidos nas análises quimiométricas. -------65 xiv GLOSSÁRIO 2εQ – Deslocamento quadrupolar (mm/s). δ – Desvio isomérico (mm/s). ASD – Analytical Spectral Devices. C.I.E – Comissão Internacional da Iluminação. DNPM – Departamento Nacional de Pesquisa Mineral. DRX – Difração de raios X. ERD – Espectroscopia de reflectância difusa. Hhf – Campo magnético hiperfino (kOe). ICDD – International Center for Diffraction Data. ICP – Inductively Coupled Plasma. MIR – Do Inglês – MID Infrared – Infravermelho Médio NIR – Do Inglês – NEAR Infrared – Infravermelho Próximo PCA – Do Inglês – Principal Component Analysis – Análise dos Componentes Principais. PLSR – Do Inglês – Regression Partial Least Squares – Regressão dos Quadrados Mínimos Parciais. RMSEC – Do Inglês – Root Mean Square Error of Calibration - Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático da Calibração. RMSECV - Do Inglês – Root Mean Square Error of Cross Validation - Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático de Validação Cruzada. UV – Ultravioleta. Vis – Visível. xv xvi 1 – INTRODUÇÃO Muitos dos minérios de ferro brasileiros apresentam estruturas complexas e muito variadas, devido às diferentes condições de metamorfismo e intemperismo a que foram sujeitos, ou mesmo, em virtude de sua gênese. Dessa forma, originaram-se minérios com diferentes constituintes mineralógicos, tamanho e morfologia dos cristais, tamanho e morfologia dos poros, formas e superfícies das partículas, e cores variadas. A complexidade dos minérios, tanto sob aspectos físicos, quanto químicos, vem exigindo estudos de caracterização das propriedades dos seus minerais, precedendo os processos de concentração e beneficiamento mineral. Tal procedimento é imprescindível, não apenas pelas questões intrínsecas aos minérios, mas pela necessidade de se aperfeiçoar o processo de obtenção do melhor produto ao menor custo e à menor geração de impacto ambiental. As indústrias mineradoras e siderúrgicas realizam rotineiramente a quantificação das principais fases mineralógicas existentes nos minérios de ferro. A quantificação de quartzo, fase mineralógica presente em todos os minérios, também é essencial, devido a sua importância para vários processos, em especial para a etapa de flotação (Santos e Brandão, 2003; Santos et al, 2005). Existem várias técnicas analíticas que são utilizadas para as análises mineralógicas e cada qual possui as suas especificidades e restrições. As técnicas utilizadas para os estudos de caracterização mineral são inúmeras e cada qual com seu grau de complexidade, que varia desde o uso de avançados microscópios eletrônicos, da espectroscopia Mössbauer, além das análises granulométricas e análises químicas por via úmida e instrumental. Desta forma, a identificação e quantificação das fases mineralógicas constituintes dos minérios de ferro é um assunto de suma importância para a área mineral. Além de quantificar os minerais principais existentes no minério de ferro, goethita, magnetita e hematita, também é essencial que se conheça a proporção da partição da hematita em martita e especularita. Estas fases mineralógicas influenciam no processo de moagem devido à diferença da área superficial das partículas e no processo siderúrgico, em relação ao consumo de carvão. A cor é um dos atributos mais visíveis de óxidos e hidróxidos de ferro. A variedade das cores exibidas por estes compostos resulta dos diferentes tipos de transições eletrônicas que neles ocorrem. De fato, todas as cores quentes, do amarelo na goethita ao vermelho roxo em algumas hematitas, podem ser observadas (Scheinost e Schuwertmann, 1999). 1 Para a identificação e quantificação dos diferentes constituintes do minério de ferro optou-se neste trabalho pelo uso da espectroscopia de reflectância difusa, tendo como base o processo descrito no pedido de patente feito pela Universidade Federal de Ouro Preto (PI0802824-9, INPI) tendo o Prof. Dr. Geraldo Magela da Costa como responsável pela pesquisa. Segundo a patente solicitada, a quantificação das fases mineralógicas em minério de ferro pode ser realizada obtendo-se o espectro do material na região do visível e do infravermelho próximo de 400 a 900 nm por espectrofotometria de reflectância difusa. Portanto, o presente trabalho foi realizado com o objetivo principal de se obter os espectros de reflectância difusa em equipamentos portáteis e de laboratório, além de se estender a análise para a região do infravermelho médio. 2 2 – OBJETIVO O objetivo principal deste trabalho é quantificar os constituintes dos minérios de ferro por espectroscopia de reflectância difusa, e comparar estes valores com aqueles obtidos por técnicas auxiliares. 3 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 – Aspectos Gerais Dos vários elementos que compõem a crosta terrestre, o ferro é o quarto mais abundante, atrás apenas do oxigênio, da sílica e do alumínio, tendo uma concentração em massa de 5,0%. Os hidróxidos mais comuns são a goethita (α-FeOOH), akaganeíta (β-FeOOH) e a lepidocrocita (γ-FeOOH), e os óxidos são a hematita (α-Fe2O3), maghemita (γ-Fe2O3) e magnetita (Fe3O4). Segundo Cornell e Schwertmann (1996) os óxidos de ferro são compostos formados pela combinação dos íons de Fe3+, 2+ com os íons de O2- e/ou OH-. O arranjo entre os íons é o que define o empacotamento estrutural dos minerais, sendo que na maioria o empacotamento é hexagonal compacto (hcp) ou cúbico (ccp). Quanto à classificação referente à luz incidida nos cristais, os óxidos de ferro são denotados de cristais opacos e na sua maioria possuindo certa cristalinidade, sendo que a forma estrutural e os tamanhos dos cristais dependem diretamente das condições em que os cristais se originaram. Um aspecto importante dos óxidos de ferro é a ocorrência de substituição isomórfica do ferro por outros cátions, devido à similaridade dos raios iônicos. O exemplo mais comum é a substituição pelo alumínio, sendo que as várias propriedades dos óxidos de ferro mudam regularmente com o aumento dos teores das substituições. A ocorrência da substituição isomórfica pode ser detectada por vários métodos tais como a difração de raios X, espectroscopia Mössbauer, espectroscopia no infravermelho, e espectroscopia de reflectância difusa (Cornell e Schwertmann, 1996) Dependendo da composição mineralógica e química dos minérios de ferro pode-se obter teores de ferro variados, devido a diferentes fórmulas químicas de seus constituintes conforme mostrado na Tabela 1. Tabela 1. Principais minerais de ferro que compõem os minérios de ferro. Mineral Fórmula química % de ferro Hematita Fe2O3 69,9 Magnetita Fe3O4 72,4 Goethita FeOOH 62,9 Siderida FeCO3 48,3 Pirita FeS2 46,6 Pirrotita Fe1-x S 61,5 Ilmenita FeTiO3 36,8 4 3.1.1 – Reservas, produção, consumo e mercado Segundo os dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para o ano de 2007, as reservas mundiais de minério de ferro são da ordem de 340 bilhões de toneladas, com o Brasil ocupando a quinta posição com cerca de 10 % (Figura 1), ficando atrás da Ucrânia, Rússia, China e Austrália. Em relação à produção mundial neste mesmo ano, o DNPM considerou o Brasil o segundo maior produtor com mais de 350 milhões de toneladas, totalizando assim um percentual de 19% da produção mundial, ficando atrás apenas da China que é responsável por 600 milhões de toneladas (Figura 2). Austrália 13% China 14% Russia 17% Brasil 10% outros 26% Ucrânia 20% Figura 1. Países com as maiores reservas de minério de ferro. Rússia 6% Outros 16% Brasil 19% EUA 3% Australia 16% India 9% China 31% Figura 2. Maiores produtores de minério de ferro do mundo em 2007. 5 As reservas brasileiras se concentram principalmente no estado de Minas Gerais com cerca de 63% do total, consolidando assim este estado como o principal produtor de minério de ferro, seguido pelos estados do Pará com 18% e o Mato Grosso do Sul com cerca de 17%, (Figura 3). No ano de 2007 a produção interna de minério de ferro foi de 354,7 milhões de toneladas, sendo que deste montante a VALE e as empresas nas quais ela tem participação produziram cerca de 308,4Mt, totalizando assim 87% do total produzido no país. MS 17% outros 2% MG 63% PA 18% Figura 3. Distribuição da produção de minério de ferro pelos estados brasileiros. As exportações brasileiras de minério de ferro em 2007 foram de 285,8 Mt, mostrando um aumento de 11,1% em relação ao ano anterior. Deste montante, 269,4 Mt foram de bens primários de ferro (minério e pelota). Os principais importadores estão representados na Figura 4. Os produtos semimanufaturados totalizaram cerca de 11,2 Mt, tendo como principal comprador os Estados Unidos (Figura 5). 6 China 33% outros 34% Coreia do Sul 5% França 5% Alemanha 10% Japão 13% Figura 4. Principais importadores de bens primários de ferro brasileiro. Outros 28% EUA 47% Tailândia 6% México 6% Taiwan 6% Coréia do Sul 7% Figura 5. Principais importadores de produtos semimanufaturados de ferro brasileiro. Com relação à exportação de produtos manufaturados provenientes de minério de ferro brasileiro (aço), os Estados Unidos também é o principal importador com 18 %, seguido pela Argentina e Colômbia com 6% cada (Figura 6). 7 Espanha; 5% Chile; 5% EUA; 18% Colômbia; 6% Argentina; 6% Figura 6. Países de destino dos produtos manufaturados (aço) brasileiros. Na Figura 7 são mostrados os principais mercados consumidores de minério de ferro no Brasil tendo as indústrias siderúrgicas (78%) em primeiro lugar, em seguida as indústrias de pelotização, extração e beneficiamento de minerais, fundição, cimento e ferro-ligas, (DNPM 2007). Beneficiamento 2,73% Não Informado; 5,44% Fundição; 0,47% Cimento; 0,03% Ferro-Liga; 0,01% Pelotização; 13,30% Siderurgia; 78% Figura 7. Setores industriais brasileiros consumidores de minério de ferro. 8 3.2 – Geologia do ferro 3.2.1 – Hematita A hematita (α-Fe2O3) é um óxido de ferro III que tem 69,9 % de ferro em sua estrutura. Segundo Dana (1978) pode ser encontrada em rochas de várias idades, é o principal mineral de ferro nos minérios, sendo muito abundante em jazidas em Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero) e Pará (Serra dos Carajás). Apresenta empacotamento hexagonal compacto de ânions oxigênio numa sequência ABABAB ... e com os íons Fe3+ ocupando interstícios octaédricos com as dimensões a= 0,5034 nm e c= 1,3752 nm. O sistema cristalino é romboédrico, com estrutura similar ao coríndon, e sua densidade teórica é 5,3 g/cm3. É mais comumente encontrada na forma isolada (mineral), ou em agregados com partículas distintas, sendo o caso mais clássico com partículas de quartzo, ou ainda em associação com a goethita, material este conhecido como limonita (Cornell e Schwertmann, 1996). É um mineral muito comum, sendo sua cor dependente da granulometria e da cristalinidade, podendo ser preto, cinza, marrom, marrom avermelhado, ou vermelho. No sistema Munsell de cor a hematita vermelha possui matiz (hue) entre 5R - 2,5YR. As principais variedades de hematita são a martita e a especularita (hematita com brilho especular). A coloração avermelhada de alguns solos pode ser explicada devido à porcentagem de hematita no mesmo, sendo que cerca de 1% desta fase é suficiente para colorir alguns solos (Stucki, 1985). O difratograma de raios X de uma amostra de hematita pura e bem cristalizada está representado na Figura 8. Na Tabela 2 estão listadas as intensidades relativas dos picos mais intensos em relação ao pico (104), as distâncias interplanares (d) e os índices de Miller (hkl), catalogado no banco de dados do International Center for Diffraction Data ((ICDD: 0330664). 9 10000 Intensidade 8000 6000 4000 2000 0 10 20 30 40 50 60 70 2 - theta Figura 8. Difratograma padrão (tubo de ferro) de hematita bem cristalizada, simulado no programa JADE. Tabela 2. Distâncias interplanares da hematita (d), intensidades (I), e índices de Miller (hkl). 2-Theta d (Å) I (%) hkl 30.468 3.6840 30.0 012 42.019 2.7000 100.0 104 45.199 2.5190 70.0 110 52.031 2.2070 20.0 113 63.461 1.8406 40.0 024 69.697 1.6941 45.0 116 74.503 1.5992 10.0 018 81.305 1.4859 30.0 214 83.496 1.4538 30.0 300 A hematita tem um comportamento magnético bem complexo, podendo ser paramagnética, fracamente ferromagnética e antiferromagnética, dependendo da temperatura. Acima da temperatura de Curie (TC = 955K) ela é paramagnética; entre TC e a temperatura de Morin (TM = 260K) ela á fracamente ferromagnética e para temperaturas abaixo de TM ela é antiferromagnética (Stucki, 1985). 10 Uma técnica muito utilizada nos últimos anos com relação à caracterização de hematitas é a espectroscopia Mössbauer. O espectro característico se apresenta na forma de um sexteto simétrico (Figura 9), e os valores dos principais parâmetros Mössbauer para uma amostra de hematita pura estão mostrados na Tabela 3. 100 Transmissão (%) 98 96 94 92 90 88 -10 -5 0 5 10 Velocidade (mm/s) Figura 9. Espectro Mössbauer à temperatura ambiente de hematita. Tabela 3. Parâmetros hiperfinos de hematita em diferentes temperaturas (Vandenberghe, 1991). T (K) Hhf (kOe) δ (Fe) (mm/s) 2εQ (mm/s) 4 542 0,48 0,38 80 541 0,47 0,37 295 517 0,36 -0,20 Em relação à identificação da hematita por microscopia ótica, a análise deve ser realizada sob luz refletida, em seções polidas, pois apresenta cristais opacos que refletem intensivamente a luz incidente. Geralmente se apresentam com pouca porosidade, cristais compactos, exceto a hematita martítica (porosa) com os cristais podendo variar de 0,01mm a tamanhos superiores a 0,22mm, o que dependerá das características de formação geológica e mineralógica (temperatura, pressão, intemperismo, metamorfismo, etc.). As principais texturas/microestruturas encontradas são a hematita tabular (especular/lamelar), a hematita granular, a hematita lobular (sinuosa) e a hematita martítica 11 (martita). Sob luz polarizada/nicóis cruzados, os planos cristalinos da martita são evidenciados, apresentando as estruturas em treliças (Ferreira, 1993). A Figura 10 mostra as principais texturas/microestruturas para a hematita. Figura 10. Microfotografia da hematita lamelar mono(A) e policristalina (B), granular mono (C) e policristalina (D), microcristalina (E) e lobular (F). 3.2.1.1 – Especularita Pode ocorrer como produto de sublimação em conexão com as atividades vulcânicas, em depósitos metamórficos de contato e como mineral acessório nas rochas ígneas feldspáticas, tais como o granito (Dana, 1978). A hematita especularítica é um mineral que foi submetido a temperaturas mais altas e mais fortemente deformado possuindo assim um brilho metálico das placas, que geralmente são de forma alongadas, constituindo uma lineação mineral (Rosière et al, 1996). É mais conhecida como especularita e se apresenta na forma de finas placas, muito brilhantes, conferindo a ela um aspecto de espelho e apresentando uma partição micácea, o que pode resultar na ocorrência de orientação preferencial em uma análise de difração de raios X. 12 3.2.1.2 – Martita É uma hematita conhecida como pseudomórfica a partir de transições sofridas pela magnetita. Martita (Figura 11) não é considerado um nome válido de um espécime mineral, sendo esse termo usado para designar octaedros de magnetita que sofreram modificação química (oxidação) e se transformaram em hematita, mantendo, contudo o hábito octaédrico da magnetita. É comumente encontrada em ambientes sujeitos à ação do intemperismo químico: solos, aluviões, rochas em processo de alteração, etc. Figura 11. Microfotografia de uma amostra de hematita martítica, sem polarizador (A) e com polarizador (B). Segundo Rosière et al (1996) a martita é um mineral que apresenta uma boa performance durante o beneficiamento do minério, pois possui baixa intensidade de crepitação e de desintegração granulométrica durante os processos de britagem e moagem. Na Tabela 4 são apresentadas algumas das características dos cristais que podem auxiliar na identificação da textura/microestrutura das partículas minerais de hematita no minério de ferro. 13 Aspectos de Luz nicóis cruzados. sob luz polarizada/ 14 difícil quando a porosidade é muito polarizada/ nicóis cruzados. distinção entre cristais elevada. estrutura em treliça. Distinção mais distinção entre cristais sob luz intensamente. intensamente. Melhor Reflete a luz Reflete a luz Sob luz polarizada, pode apresentar (>0,22mm). (>0,22mm). grossa (>0,22 mm). De fina (0,01 a 0,03 mm) a muito Às vezes totalmente irregulares. habitus da magnetita. Laterais retilíneos quando preserva o Poroso a muito poroso. Martítica Reflete a luz intensamente. Melhor (0,04 a 0,11mm). mm) a muito grossa cristal mm) a muito grossa De fina (0,01 a 0,03 De muito fina (<0,01mm) a média inequidimensionais e irregulares Aspecto granular com cristais imbricados. Irregulares, geralmente Muito baixa (cristais compactos). Lobular De fina (0,01 a 0,03 maior que 5:1. equidimensionais. Granular, geralmente Relação entre comprimento e largura tríplices. orientação. Granulação do Dimensões do cristal Retilíneo, com junções Retilíneo, se houver compactos). compactos). Contato entre cristais Muito baixa (cristais Muito baixa (cristais Porosidade do cristal Granular Tabular /Lamelar cristais Características dos Tabela 4. Características dos cristais de hematita. Mesmo a hematita se apresentando em duas formas morfológicas distintas (martita e especularita), seus espectros na região de infravermelho médio (4000 – 200 cm-1), são geralmente similares, mas com algumas diferenças que podem ser notadas na Figura 12; as bandas 532, 450 e 317 cm-1 na martita, se apresentam em uma frequência maior que na especularita 562, 480 e 352 cm-1. Outro detalhe são as bandas fracas em 643 e 400 cm-1 no espectro da martita. Tais diferenças são devido aos diferentes tamanhos dos cristais, e pela diferença na forma das partículas (Russell e Fraser, 1994). Figura 12. Espectros de infravermelho da (a) hematita martítica e (b) hematita especularítica (Russell e Fraser, 1994). 3.2.2 – Goethita A goethita é um hidróxido de ferro (α-FeOOH), que contém 62,9% de ferro. Sua estrutura cristalina é de empacotamento hexagonal compacto, semelhante à hematita no que diz respeito ao arranjo dos íons de oxigênio, onde os interstícios octaédricos existentes são preenchidos pelos íons Fe3+ (Cornell e Schwertmann, 1996). 15 A célula unitária possui dimensões: a=0,4608 nm, b=0,9956 nm e c=0,3021 nm. Apresenta uma morfologia essencialmente acicular, podendo ser também bipiramidal, cubos, etc, e pode ocorrer na natureza com granulometria variada. A densidade relativa é de 4,37 g/cm3. Segundo Stucki (1985) a goethita possuiu um poder de pigmentação bem menor que a hematita, com matiz na notação Munsell variando de 2,5Y a 7,5 YR, o que dá a ela uma coloração amarela. Entretanto, Cornell e Schwertmann (1996) relatam que a coloração depende da região de origem, podendo variar, além do amarelo, de marrom a preto. O difratograma de raios X da goethita no intervalo de 10º a 70º está mostrado na Figura 13, e os principais picos de difração estão listados na Tabela 5 ((ICDD: 0290713). 10000 Intensidade 8000 6000 4000 2000 0 10 20 30 40 50 60 70 2-Theta Figura 13. Difratograma padrão (tubo de ferro) de goethita, simulado no programa JADE. 16 Tabela 5. Distâncias interplanares (d), intensidades (I) e índices de Miller (hkl) da goethita. 2-Theta d (Å) I (%) hkl 22.417 4.9800 12.0 020 26.761 4.1830 100.0 110 42.134 2.6930 35.0 130 44.020 2.5830 12.0 021 45.775 2.4890 10.0 040 46.546 2.4500 50.0 111 50.892 2.2530 14.0 121 52.465 2.1900 18.0 140 68.536 1.7192 20.0 221 76.495 1.5637 10.0 151 O comportamento magnético da goethita está diretamente relacionado à temperatura de Neel (TN) cujo valor é 393K. Acima deste valor ela é paramagnética e abaixo é antiferromagnética. Quando se observa o espectro Mössbauer (Figura 14) para uma amostra de goethita pura pode-se notar a presença de um sexteto assimétrico, algumas vezes superposto a um dubleto. Os parâmetros hiperfinos obtidos através dos espectros Mössbauer para uma amostra de goethita bem cristalizada estão listados na Tabela 6. 17 101 Transmissão (%) 100 99 98 97 96 -10 -5 0 5 10 Velocidade (mm/s) Figura 14. Espectro Mössbauer à temperatura ambiente da goethita sintética. Tabela 6. Parâmetros hiperfinos de goethita bem cristalizada (Vandenberghe, 1991). T (K) Hhf (kOe) δ (Fe) (mm/s) 2εQ (mm/s) 4 507 0,49 -0,26 80 500 0,48 -0,26 295 381 0,37 -0,28 400 - < 0,30 - A microscopia ótica é uma excelente ferramenta de identificação da goethita devido às variedades existentes desse mineral, podendo ser terrosa, compacta, fibrosa e/ou alveolar. Os vários aspectos das texturas do material podem ser facilmente visualizados, conforme mostrado na Figura 15. Entre os minerais de ferro, a goethita é o mineral que apresenta os maiores níveis de contaminações por alumina, fósforo e outros compostos/elementos químicos, que geralmente são prejudiciais na geração de produtos do minério de ferro e que muitas vezes são difíceis de serem removidos nos processos de beneficiamento clássicos. 18 Figura 15. Fotomicrografias obtidas em microscópio ótico de goethita: a e b) goethita com baixa porosidade (goethita maciça), c) goethita alveolar, d) goethita fibrosa, e e f) goethita terrosa. Para a goethita a caracterização pelo infravermelho ocorre de forma mais fácil em decorrência da forte ligação -OH que absorve na região de 3153 cm-1. Outros picos característicos para a ligação -OH (deformação) estão localizados em 893 e 794 cm-1. O espectro na região do infravermelho médio para a goethita está representado na Figura 16 (Russell e Fraser, 1994). Figura 16. Espectros de infravermelho de goethita sintética (Russell e Fraser, 1994). 19 3.2.3 – Magnetita A magnetita é um óxido de fórmula Fe3O4, contendo 72,4% de ferro, e tendo em sua estrutura os íons Fe2+ e Fe3+ ocupando sítios octaédricos e tetraédricos. Apresenta uma coloração preta, tendo como característica marcante a presença de ferrimagnetismo (Cornell e Schwertmann, 1996). Apresenta sistema cúbico com parâmetro de rede de a= 0,8391 nm, densidade teórica de 5,18 g/cm3, hábito dos cristais geralmente octaédricos, mas alguns podem aparecer como dodecaédricos. O difratograma de raios X da magnetita no intervalo de 10º a 70º (tubo de ferro) é mostrado na Figura 17, e os principais picos de difração estão listados na Tabela 7 (ICDD: 019-0629). 10000 Intesidade 8000 6000 4000 2000 0 10 20 30 40 50 60 70 2 - theta Figura 17. Difratograma padrão (tubo de ferro) de magnetita, simulado pelo programa JADE. 20 Tabela 7. Distâncias interplanares (d), intensidades (I) e índices de Miller (hkl) da magnetita. 2-Theta d (Å) I (%) hkl 38.084 2.9670 30.0 220 44.954 2.5320 100.0 311 54.918 2.0993 20.0 400 68.746 1.7146 10.0 422 73.610 1.6158 30.0 511 81.398 1.4845 40.0 440 98.200 1.2807 10.0 533 124.664 1.0930 12.0 731 Devido à existência de Fe3+ e Fe2+ na estrutura da magnetita, o espectro Mössbauer de uma amostra pura e bem cristalizada contém dois sextetos (Figura 18), cujos parâmetros hiperfinos estão listados na Tabela 8 (Vandenberghe, 1991). Figura 18. Espectro Mössbauer à temperatura ambiente da magnetita. 21 Tabela 8. Parâmetros hiperfinos da magnetita à temperatura ambiente (Vandenberghe, 1991). Fe 3+ Fe 2,5+ Hhf (kOe) δ (Fe) (mm/s) 2εQ (mm/s) 491 0,28 0 460 0,66 0 A identificação da magnetita por microscopia ótica é realizada com facilidade, devido a esta fase mineralógica apresentar uma coloração rósea típica. Entretanto, com o passar do tempo pode sofrer oxidação e se transformar em martita, em um processo conhecido como martitização. Nestes casos, a identificação da magnetita pode ficar comprometida, pois irá depender da quantidade de magnetita ainda existente. A Figura 19 mostra duas microfotografias de magnetita, uma das quais em um estado avançado de oxidação. Figura 19. Fotomicrofotografia de amostras de magnetita mostrando o processo de martitização. 3.3 – Caracterização A caracterização mineral é uma etapa importante para o uso dos recursos minerais de forma otimizada. Ocorre nesta etapa à determinação e quantificação da assembléia mineralógica (mineral de interesse e mineral de ganga), como também os estudos sobre a textura, tamanho de partículas, além das propriedades físicas e químicas. O tipo de caracterização realizada deve ser escolhido dependendo do objetivo do trabalho e varia com a mineralogia e propriedades dos minerais (Neumann, et al., 2004). 22 A complexidade dos minérios, tanto sob aspectos físicos quanto químicos, vem exigindo estudos de caracterização das propriedades dos seus minerais, precedendo os processos de concentração e beneficiamento mineral. Tal procedimento é imprescindível, não apenas pelas questões intrínsecas aos minérios, mas pela necessidade de se otimizar o processo de obtenção do melhor produto ao menor custo. Segundo Porphírio e Barbosa (1995) alguns itens são essenciais para uma boa caracterização mineralógica: 1 – Identificação de todos os minerais presentes; 2 – Avaliações e cálculos quantitativos das proporções percentuais de todos os minerais do minério; 3 – Medidas de reflectividade dos minerais opacos através de aparelhagem própria; 4 – Fotomicrografias; 5 – Identificações mineralógicas através de difração de raios X e microscopia eletrônica de varredura (MEV); 6 – Complementação e compatibilização dos estudos através dos resultados de análises químicas dos elementos maiores e traços. A técnica de difração de raios X é muito utilizada para a identificação de sustâncias cristalinas, entretanto não muito utilizada para quantificação das fases minerais presente, devido a fatores que influenciam a intensidade dos picos, textura (orientação preferencial), stress e o tamanho do cristal (Jenkins e Snyder, 1996; Pöllmann e Angélica, 2002) Para a identificação dos componentes mineralógicos do material a ser analisado, a técnica mais utilizada é a difração de raios X. Contudo esta é uma técnica que também apresenta a possibilidade de se conhecer o tamanho médio dos critalitos (τ), estimados através da equação de Scherrer (Equação 1). τ = (k.λ) / (β.cos θ) (Equação 1) Onde (β): largura à meia altura do pico; (λ): comprimento de onda; (θ) ângulo de Bragg do pico e (k): constante com valor de 0,9 para cristalitos esféricos. 23 Uma técnica analítica apropriada, para estudos de compostos contendo o elemento ferro em sua estrutura é a espectroscopia Mössbauer. Essa técnica pode ser usada para identificar e quantificar todas as fases contendo ferro, como também para se obter informações sobre o estado de oxidação e coordenação, efeitos morfológicos e substituição isomórfica. A obtenção de todas essas informações geralmente requer a obtenção de espectros em diferentes temperaturas e/ou com a aplicação de um campo magnético externo. A identificação é baseada na comparação dos parâmetros hiperfinos derivados com as listadas na literatura para amostras bem caracterizadas, visto que a quantificação é baseada nas áreas relativas obtidas para cada componente (De Grave, 1991). Uma técnica possível para caracterização de minerais em minério de ferro é a espectroscopia de reflectância difusa, porém não é ainda utilizada, muito embora existam muitos trabalhos relativos à caracterização de minerais em solos. 3.3.1 – Microscopia ótica A microscopia ótica requer uma preparação prévia das amostras, que consiste na confecção de pastilhas polidas ou lâminas delgadas polidas. A escolha do tipo de preparação depende do tipo de material a ser analisado (opacos ou transparentes/translúcidos) e do tipo de luz incidente, refletida ou transmitida. Pela microscopia pode-se obter uma margem de erro inferior a 3% se cerca de 500 partículas forem observadas e quantificadas. Para uma margem de erro inferior a 1%, deve-se observar e quantificar cerca de 3000 partículas (Ferreira 1993). A microscopia ótica possibilita obter alguns dados sobre as partículas ou grãos de minerais: formas/habitus, características de superfície, cor e associações minerais, sendo que os equipamentos mais completos dispõem também de recursos de luz transmitida e sistemas de polarização de luz, além da luz refletida, possibilitando a determinação de propriedades ópticas. A faixa de aumento típica empregada nas observações é de 10 a 500 vezes. A microscopia óptica é a técnica mais utilizada para quantificar os minerais presentes em minérios de ferro, com uma incerteza de cerca de 5-10%. A quantificação é feita por contagem de pelo menos 500 partículas e, em seguida, pela conversão da porcentagem volumétrica em porcentagem mássica utilizando a densidade média de cada fase (Donskoi et al, 2007; Ferreira, 1993). No entanto, esta técnica requer várias horas para sua realização e seus resultados são dependentes da preparação das amostras, do operador, e das densidades dos minerais. 24 Segundo Donskoi et al. (2008) a densidade relativa de cada mineral presente nos minérios de ferro (goethita, magnetita, especularita e martita) necessária para a quantificação das mesmas por microscopia ótica é dependente de alguns fatores, como do grau de oxidação e da porosidade de cada um. 3.3.2 – Espectroscopia de Reflectância Difusa (ERD) Quando ocorre a incidência da luz sobre uma amostra, parte é refletida pelos grãos da superfície de forma especular, parte atravessa a superfície e é refletida de forma difusa, parte passa através desses grãos e parte é absorvida (Figura 20). A cor é o resultado da capacidade de absorção da luz em determinados comprimentos de onda em relação a outros (Torrent e Barrón, 1993; Bárron et al 2000). Figura 20. Representação gráfica das formas de reflexão da luz incidente. Há alguns anos a reflectância difusa vem sendo utilizada para estudos de identificação e quantificação de minerais em solos e sedimentos, visando à obtenção dos parâmetros composicionais (Torrent e Barrón, 1993). Um dado importante a ser observado no estudo de minerais por espectroscopia de reflectância difusa é o comprimento de onda, que varia da região do ultravioleta, passando pela região do visível à região do infravermelho próximo (UV/VIS/NIR: 300 – 2500 nm), e a região do infravermelho médio (4000 – 200 cm-1), tendo como resposta 25 um espectro formado por bandas, que são o resultado das propriedades dielétricas específicas, como também decorrente das absorções características dos minerais. (BenDor, 2002). Outros fatores de relevância a serem observados no estudo de reflectância é a morfologia do mineral, devido ao fato de gerar espalhamento da luz, como também o tamanho das partículas. A aplicação de reflectância difusa na região do espectro do visível e do infravermelho próximo, juntamente com análises quimiométricas, vem obtendo resultados satisfatórios na agricultura, particularmente na caracterização de óxidos de ferro e outros componentes em solo (Ben-Dor e Banin, 1990; Reeves et al, 1999; Viscarra Rossel et al, 2003; Viscarra Rossel et al, 2006). Os trabalhos mais recentes do uso de reflectância difusa para análise mineralógica são comparações entre os dados obtidos entre a região do visível (Vis) (400 – 700 nm), a região do infravermelho próximo (NIR) (700 – 2500 nm) e no infravermelho médio (MIR) (2500 – 25000 nm) como representado na Figura 21 (Jandik et al, 1998; Viscarra Rossel et al, 2006, Madari et al, 2006, Viscarra Rossel e Lark, 2009, Sellitto et al. 2009). Figura 21. Representação dos possíveis comprimentos de onda na análise por reflectância difusa (McBratney et al., 2003). Segundo Cornell e Schwertmann (1996) a absorção da luz está relacionada com a parte visível do espectro, isto é, comprimentos de onda entre 400nm e 700nm, e tal absorção é o resultado da interação entre a luz incidente e os elétrons de valência nos 26 compostos, gerando a curva de reflectância difusa (Figura 22). As cores dos sólidos são complementos da luz absorvida, por exemplo, um pigmento (goethita, por exemplo) que absorve luz no comprimento de onda entre 400 e 500nm (azul – verde) aparecerá de coloração amarela. Morris et al. (1985) realizaram um estudo das propriedades espectrais e físicoquímicas de alguns minerais e comprovaram que para a hematita a absorção característica está situada entre 550 e 630 nm, e para a goethita entre 480 e 650 nm. Figura 22. Curvas de reflectância difusa para amostras de goethita e hematita (Bárron et al 2000). Segundo Barrón e Torrent (1986) valores maiores de reflectância caracterizam solos mais claros e amarelados, enquanto que valores menores significam que a coloração se apresenta mais escurecida e avermelhada. Os espectros de reflectância difusa podem apresentar bandas fracas ou bandas sobrepostas, devido à proximidade das bandas de alguns minerais. Portanto, para a identificação e quantificação dos minerais utilizam-se muitas vezes as derivadas das curvas de reflectância (Torrent e Barrón, 2008). 27 A curva de reflectância difusa apresenta bandas de absorção ao invés de picos, requerendo a utilização de tratamentos matemáticos para a obtenção de dados específicos. Os tratamentos mais comuns são: 1 – Medida de cor 1.1 – Sistema CIE - X, Y e Z; 1.2 – Notação Munsell; 1.3 – Sistema CIE - L*a*b*; 2 – Análise Kubelka – Munk. 3.3.2.1 – Medidas de cor Há alguns anos a cor era classificada objetivando duas propriedades básicas, matiz (tom da cor) e a saturação, porém estudos, mas recentes trabalham com três propriedades: matiz, saturação e luminosidade da cor. Estas propriedades podem ser expressas quantitativamente por coordenadas (X,Y,Z e/ou H,C,V e/ou L*a*b*), pelo comprimento de onda específico inerente a cada material a ser analisado e pelo grau de saturação (Pospísil et al. 2007). Para quantificar e medir as cores existe três sistemas de classificação: o sistema CIE (tricromáticas) sistema (X, Y, Z), o sistema CIE (L *, a *, b *) e o sistema de Munsell (H, V, C) (Wyszecki e Stiles, 1982; Cornell e Schwertmann, 1996; Munsell, 1941). 3.3.2.1.1 – Sistema CIE – X, Y e Z Sistema C.I.E (Comissão Internacional da Iluminação) – X, Y e Z. É a decomposição da curva de reflectância em três variáveis X, Y e Z (triestímulo), obtidas através da integração da curva no intervalo de 400 a 800 nm (Wyszecki e Stiles 1982): X = ∫ EλRλxλ dλ Y = ∫ EλRλyλ dλ Z = ∫ EλRλzλ dλ onde: E é a energia da fonte de luz; R é reflectância da amostra; x, y e z contribuição das variáveis para cada comprimento de onda. 28 Segundo Barrón (1985), é possível obter outras cores a partir de combinações lineares entre as três cores primárias, vermelho (X), verde (Y) e azul (Z) (Figura 23), entretanto o mais usual é a transformação das mesmas em outras variáveis mais usadas, conhecidas como coordenadas tri cromáticas (x, y e z), que são obtidas através das equações descritas a seguir. x= X (X + Y + Z) y= Y (X + Y + Z) z= Z . (X + Y + Z) Figura 23. Funções x, y e z baseadas nas cores primárias do sistema CIE (Barrón, 1985). 3.3.2.1.2 – Notação Munsell Outro sistema de identificação das cores para minerais é conhecido como notação Munsell que é definida pela correlação entre três parâmetros: Hue (H), Chroma (C) e Value (V), que são conhecidos respectivamente pela posição da cor no espectro, a graduação da cor e a luminosidade respectivamente (Figura 24). (Torrent e Barrón, 1993; Cornell e Schwertmann, 1996) 29 Figura 24. Representação gráfica do sistema de cor Munsell (Barrón e Torrent, 2002). A notação Munsell pode ser obtida através de cartilhas próprias (tabela Munsell), porém com uma maior imprecisão e subjetividade. Pode ser deduzida também a partir das coordenadas CIE – X, Y, Z, em um programa específico de conversão digital denominado “Munsell Conversion”. O parâmetro Hue (H) é definido como a cor espectral dominante, podendo se diferenciar em cinco tons fundamentais e seus intermediários, o vermelho (R), o amarelo (Y), o verde (G), o azul (B) e a cinza (P). O Value (V) é o valor dado a luminosidade da cor, que flutua entre o zero para o preto e 10 para o branco, enquanto o Chroma (C) por sua vez, indica a intensidade da cor tendo o seu valor no intervalo entre 1 e 10. Entretanto, apesar de ser uma análise rápida, esta forma de caracterização não é muito difundida devido à imprecisão na sua determinação, que era realizada por comparação visual através da tabela Munsell (Figura 25). 30 Figura 25. Representação da tabela Munsell. 3.3.2.1.3 – Sistema CIE – L*a*b* Outro sistema utilizado para identificação da cor dos minerais obtidos a partir das coordenadas C.I.E – X, Y, Z e do programa de conversão Munsell Color é o sistema CIE – L*a*b* (Figura 26). O sistema CIE L*a*b* é apresentado por eixos ortogonais, onde o eixo de escala L* representa a luminosidade da cor, unidade esta que pode variar de 100% para o branco até 0% para o preto; o eixo a* é a variação entre as cores vermelho (+a*) e verde (-a*), e o eixo b* a variação entre o amarelo (+b*) e a cor azul (-b*). 31 Figura 26. Representação da atribuição de cor pelo sistema CIE 1976 (L*a*b*) (Barrón e Torrent, 2002). Individualmente cada fase mineralógica apresenta uma cor distinta devido principalmente às transições eletrônicas permitidas por sua estrutura. Entretanto, as cores podem ser afetadas significativamente pela morfologia e pelo tamanho do cristal, e exemplos clássicos destes efeitos são os minerais de goethita e hematita. Partículas de goethita de tamanho de 0,3 - 1,0µm são de coloração amarelada, se tornando mais escuras com a diminuição do seu tamanho. Em relação às partículas de hematita, nota-se que ao aumentar o diâmetro do cristal de 0,1 para 1,0 µm, a cor muda de vermelho-amarelado (YR) para azul-esverdeado (GB). Entretanto outros fatores devem ser considerados ao se analisar a cor de um dado mineral, como por exemplo, defeitos estruturais dos cristais, impurezas adsorvidas e substituição isomórfica (Barrón e Torrent, 1986). Segundo Schwertmann (1993) e Scheinost e Schwertmann (1999) a substituição isomórfica entre Al e Fe resulta em um aumento na variação da luminosidade da cor obtida através da espectroscopia de reflectância difusa para os óxidos de ferro. A goethita pode ter sua cor totalmente modificada quando sofre a substituição isomórfica, e sua coloração pode passar de amarela (Y) para verde (G), dependendo do cátion na sua estrutura. 32 Entretanto, estudos revelam que existem fatores que influenciam na precisão da medição das cores por ERD. Tais fatores são: a natureza da luz que será incidida nas amostras, a superfície da amostra, e a sensibilidade espectral do receptor. 3.3.2.1 – Análise Kubelka-Munk A reflectância não apresenta uma correlação linear com a concentração, logo é necessário realizar uma conversão de reflectância para absorbância, que tem certa correlação com concentração. Esta transformação pode ser realizada através da análise de Kubelka-Munk (Barrón e Torrent, 1986; Barrón e Montealegre, 1986). A teoria estabelece uma correlação entre os coeficientes de absorção (K) e de dispersão (S) com a reflectância (R∞) como representada pela Equação 2: K = (1-R)2 S (Equação 2) 2R Esta técnica possui várias vantagens ao ser comparada com as técnicas de caracterização mineralógica utilizadas hoje nas empresas. Um dos aspectos mais marcante é o fato de ser uma análise rápida e barata, podendo ser obtido um espectro com poucos minutos. Por este motivo, pode-se analisar um grande lote de amostras em pouco tempo. Além disso, é uma análise não-destrutiva e não requer pré-tratamento da amostra, e pode ser feita uma análise in situ (Weckhuysen e Schoonheydt, 1999; Viscarra Rossel et al. 2006). Uma possível desvantagem da técnica é a ocorrência de interferências resultantes de sobreposição das bandas espectrais, dos ruídos, e do próprio erro instrumental. A correção destes erros na quantificação e identificação envolve um prétratamento espectral, que consiste na utilização de algoritmos variados como o alisamento Savitzky-Golay (Savitzky e Golay, 1964), a correção do sinal (Geladi e Kowalski, 1986) e a correção da linha de base (Barnes et al. 1989). Para se obter informações quantitativas a partir das características dos espectros de reflectância difusa é necessário a utilização de técnicas de compressão dos dados, isto é, é necessário realizar tratamentos quimiométros, tais como Análise de Componentes Principais (PCA) (Brown, 1995; Ferreira, 2002), Regressão de Componentes Principais (PCR) (Chang et al. 2001) e Regressão dos Quadrados Mínimos Parciais (PLSR) (Wold et al. 1983; McCarty et al., 2002), Análise de 33 Regressão Múltipla (MRA) (Ben-Dor e Banin, 1995), Regressão Linear Múltipla (SMLR) (Shibusawa et al., 2001). Contudo, os tratamentos mais usados são o PCR e o PLSR. 34 4 – METODOLOGIA 4.1 – Preparação das amostras Foram estudadas 113 amostras de minério de ferro, na sua maioria oriunda da região do Quadrilátero Ferrífero, estado de Minas Gerais. As demais amostras foram coletadas na região de Carajás, estado do Pará. As amostras foram obtidas na forma de sólido seco, sendo realizada a britagem e moagem das mesmas. Procedeu-se à separação granulométrica, sendo utilizada a amostra passante na peneira de 100# (0,150mm) para os estudos de reflectância difusa, microscopia ótica, espectroscopia Mössbauer, difração de raios X e análises químicas por ICP e espectroscopia de absorção atômica. 4.2 – Caracterização Química 4.2.1 – Espectrometria de Plasma O equipamento utilizado foi o espectrofotômetro de emissão atômica com fonte plasma, marca - Spectro / Modelo - Ciros CCD. A abertura das amostras foi feita através da dissolução de cerca de 0,1 g de minério em 20 ml de HCl concentrado a quente e diluindo-se para 50 ml. Esta análise foi realizada no Laboratório de Geoquímica no Departamento de Geologia (DEGEO) da Universidade Federal de Ouro Preto – MG. 4.2.2 – Espectrometria de Absorção Atômica O equipamento utilizado foi o espectrofotômetro de absorção atômica, marca Perkin Elmer 3100, no comprimento de onda de 248,3 nm específico para análise do elemento ferro. A abertura das amostras foi feita através da dissolução de cerca de 0,05 g de minério em 2 ml de HCl concentrado e diluindo-se para 10 ml. As análises foram realizadas no Laboratório de Edafologia da Universidade de Córdoba, na Espanha. 4.3 – Caracterização Mineralógica 4.3.1 – Suscetibilidade Magnética A determinação dos teores de magnetita nas amostras foi feita através da técnica de suscetibilidade magnética e o equipamento utilizado foi o Bartington MS-2B com sensor duplo de freqüência (Bartington Instruments Ltd., Oxford, UK). A concentração 35 de magnetita foi calculada usando o valor de 5,0x10-4 m3 kg-1 para a suscetibilidade magnética (Dearing, 1999). As análises foram realizadas no Laboratório de Edafologia da Universidade de Córdoba, na Espanha 4.3.2 – Microscopia ótica As análises mineralógicas foram feitas em um microscópio ótico de luz refletida Leica modelo DMEP com magnificação de 200 vezes. Foram identificadas e contadas, no mínimo, 500 partículas, entre partículas totalmente liberadas e mistas, tanto entre minerais minério entre si, quanto desses com o quartzo. Os dados de contagem e identificação foram obtidos diretamente do microscópio e forneceram uma porcentagem volumétrica que foi ponderada em função das densidades dos respectivos minerais e peso de fração granulométrica obtendo-se deste modo uma porcentagem em peso. Estas análises foram realizadas no Laboratório NUTEC – Fundação Gorceix, Ouro Preto – MG. As densidades (ρ) que foram usadas para conversão da porcentagem volumétrica (%v) para porcentagem mássica (%m) para especularita e para martita foi de 5,3 e 4,3 respectivamente. Os cálculos da conversão foram realizados da seguinte forma: %m = 100 / [Σ(%v dos minerais x ρ dos minerais)] x (%v do mineral x ρ do mineral) 4.3.3 – Espectroscopia Mössbauer Os espectros foram coletados à temperatura ambiente (RT) com um espectrômetro operando no modo de aceleração constante, e a acumulação dos dados foi feita com um analisador multicanal com 512 canais, e intervalo de velocidade -11 a +11 mm/s. Os absorvedores foram preparados misturando-se cerca de 30 a 40 mg da amostra com glucose a fim de se obter cerca de 10 a 20 mg de Fe por centímetro quadrado. Os ajustes foram realizados computacionalmente com sextetos e/ou dubleto simétricos ou com um modelo independente de distribuição do campo hiperfino (Bancroft 1973). Os desvios isoméricos são dados em referência ao ferro metálico (α-Fe). A partir dos sextetos e dubletos obtidos foram determinadas as áreas relativas de cada componente mineral contendo ferro em sua estrutura. Esta análise foi realizada no Laboratório de Espectroscopia Mössbauer do Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto. 36 4.3.4 – Difração de raios X Os difratogramas foram coletados em um difratômetro Shimadzu, modelo XRD 6000, equipado com tubo de Fe e monocromador de grafite. As varreduras foram feitas entre 7-70º (2-theta) com velocidade do goniômetro de 2º por minuto. Foi utilizado o software JADE para a identificação das fases mineralógicas presente nas amostras. A análise foi realizada no Laboratório de Difração de Raios X do Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto. 4.3.5 – Espectrofotometria de Reflectância Difusa Para as análises de reflectância difusa foram utilizados três diferentes instrumentos: o Cary 5000, o Tensor 27 e o ASD, com colaboração dos Laboratórios da Universidade de Córdoba na Espanha. Utilizou-se periodicamente a substância HALON (politetrafluoretileno, TEFLON) como branco padrão para a calibração dos equipamentos. 4.3.5.1 – Espectrofotômetro Cary 5000 UV – Vis – IR O espectrofotômetro CARY 5000 (Varian Inc. Palo Alto, CA) é equipado com uma esfera integradora de 110 mm, com capacidade de coletar o fluxo refletido e um detector PMT/PbS. As medições foram realizadas entre 300 a 2500 nm em intervalos de 0,5 nm. A porção visível do espectro foi utilizada para os cálculos dos parâmetros de cor, valores do tri estímulo (X, Y, e Z) a partir de equações descritas por Wyszecki e Stiles (1982). Tais valores foram convertidos para a notação Munsell (Matiz, Value e Chroma) e para o sistema CIE-L*a*b*. 4.3.5.2 – Espectrofotômetro Tensor 27 MIR O equipamento espectrômetro TENSOR 27 (Bruker, Ettlingen, Alemanha) é equipado com uma semi-esfera de reflectância difusa Pike EasiDiff. Os dados espectrais foram coletados entre 4000 a 200 cm-1 (2500 – 50000 nm) em intervalos de 4 cm-1. 4.3.5.3 – Espectrofotômetro ASD Inc. LabSpec 5000 O espectrofotômetro ASD Inc. LabSpec 5000 (Analytical Spectral Devices, Inc., Boulder, CO) é equipado com três detectores dependentes do comprimento de onda, e 37 de uma sonda modelo A122374. As coletas dos dados espectrais foram entre 350 a 2500 nm em intervalos de 1 nm. 4.3.5.4 – Análise Estatística Aos dados de reflectância obtidos efetuou-se a conversão para medidas de absorbância [Log10(1/reflectância)] para prosseguir com o tratamento estatístico. A parte estatística foi realizada pela análise do PCA (Análise das Componentes Principais), algoritmos NIPALS (Martens e Naes, 1989), e pelo sistema de análise PLSR (Regressão por Quadrados Mínimos Parciais) (Geladi e Kowalski, 1986). O resultado desta análise é a correlação do espectro com a composição mineral das amostras, realizada pelo software de quimiometria PARLES (Viscarra Rossel, 2008). A precisão da calibração foi avaliada pelo coeficiente de determinação (R2) e pelo erro padrão de calibração (SEC). A validação dos dados foi realizada através da técnica de validação cruzada, sendo esta validada pelo erro padrão de validação (SEV) (Shenk e Westerhaus, 1996). 38 5 – RESULTADOS 5.1 – Análise química quantitativa Os elementos traço foram analisados via ICP, e os teores de ferro foram obtidos através de absorção atômica . De acordo com os resultados da análise química, as amostras apresentaram uma média de 51,5% de ferro, com limites de 68,8% (amostra ANA 105) e de 4,1 % (amostra ANA 13). 5.2 – Suscetibilidade Magnética (SM) Os resultados da porcentagem de magnetita existente nas amostras estão relacionados na Tabela 9. Tabela 9. Teores de magnetita (%) das amostras. AMOSTRA ANA 01 ANA 02 ANA 03 ANA 04 ANA 05 ANA 06 ANA 07 ANA 08 ANA 09 ANA 10 ANA 11 ANA 13 ANA 14 ANA 15 ANA 16 ANA 17 ANA 18 ANA 19 ANA 20 ANA 21 ANA 22 ANA 23 ANA 24 ANA 25 ANA 26 ANA 27 ANA 28 ANA 29 ANA 30 ANA 31 ANA 32 ANA 33 ANA 34 ANA 35 ANA 36 ANA 37 ANA 38 ANA 39 Mt 0,8 4,1 0,6 6,1 9,7 0,3 0,2 0,2 0,2 19,4 0,1 0,0 2,2 0,7 0,4 11,9 9,1 0,8 0,3 1,6 3,1 0,5 0,8 0,7 1,6 0,7 2,3 0,3 1,0 1,0 1,7 1,5 2,8 1,7 0,9 3,8 0,1 0,1 AMOSTRA ANA 40 ANA 41 ANA 42 ANA 43 ANA 44 ANA 45 ANA 46 ANA 47 ANA 48 ANA 49 ANA 50 ANA 51 ANA 52 ANA 53 ANA 54 ANA 55 ANA 56 ANA 57 ANA 58 ANA 59 ANA 60 ANA 61 ANA 62 ANA 63 ANA 64 ANA 65 ANA 66 ANA 67 ANA 68 ANA 69 ANA 70 ANA 71 ANA 72 ANA 73 ANA 74 ANA 75 ANA 76 ANA 77 39 Mt 0,1 0,2 2,6 0,5 76,0 68,0 0,4 0,1 0,2 0,2 0,2 0,3 0,2 0,2 1,2 6,9 4,8 4,5 6,8 0,7 0,5 0,1 1,7 0,6 11,4 0,1 0,3 3,2 0,4 4,8 0,6 1,8 1,8 5,6 6,9 0,6 0,5 0,5 AMOSTRA ANA 78 ANA 79 ANA 80 ANA 81 ANA 82 ANA 83 ANA 84 ANA 85 ANA 86 ANA 87 ANA 88 ANA 89 ANA 90 ANA 91 ANA 92 ANA 93 ANA 94 ANA 95 ANA 96 ANA 97 ANA 98 ANA 99 ANA 100 ANA 101 ANA 102 ANA 103 ANA 104 ANA 105 ANA 106 ANA 107 ANA 108 ANA 109 ANA 110 ANA 111 ANA 112 ANA 113 ANA 114 Mt 4,1 1,1 0,6 0,3 0,5 0,3 0,2 0,4 0,7 5,3 0,3 2,2 0,6 0,6 0,5 6,8 1,5 1,6 2,5 0,9 0,1 0,4 0,2 0,5 3,3 0,2 0,2 0,1 0,2 7,0 3,7 4,5 7,7 0,7 0,5 0,6 6,3 As amostras apresentaram em geral teores baixos de magnetita, com exceção das amostras ANA 44 e ANA 45, com teores de 76% e 68% respectivamente. Nestas amostras a única fase contendo ferro é a magnetita. Devido a esse fato a amostra ANA 44 foi utilizada como padrão para o cálculo do teor de magnetita das demais amostras. Suscetibilidade magnética é a resposta de um mineral a um campo magnético, sendo que os minerais diamagnéticos não influenciam nos resultados de suscetibilidade, por exemplo, o quartzo. Entretanto o mineral que mais influência os resultados é a magnetita, por se tratar de um mineral fortemente ferromagnético (Rosière et al, 1996). 5.3 – Difração de raios X Os minerais predominantes são a hematita, goethita, magnetita e quartzo. Entretanto algumas amostras apresentaram os minerais caolinita e muscovita. Na Tabela 1 (Anexo I) estão relacionados às amostras e os minerais encontrados em cada uma, respectivamente. Os difratogramas de raios X para algumas amostras estão mostrados na Figura 27. 40 900 Ana 10 H H H Q Q Mt Mt G Q H Q Mt H 300 750 H Q H 600 Intensidade (unidade arbitrária) H Ana 21 G H K Mt H G H Q H 250 K 0 0 1200 1200 Ana 64 Ana 76 H 900 Q Q 900 H 600 Q Mt Q H H Mt Mt 600 H H 300 G Mt H H 300 HG H H H 0 900 500 0 Ana 92 H Ana 113 Q Q Mv 2400 1800 600 H 300 Mv G G 0 10 20 H HG H G G GH Q H 30 1200 H H H QH 600 H 0 40 50 60 70 10 20 30 40 50 60 2-Theta Figura 27. Difratogramas de raios X de algumas amostras selecionadas. hematita: H; goethita: G; magnetita: Mt; quartzo: Q; muscovita: Mv; caolinita: K. Se compararmos o difratograma padrão da hematita (Figura 8) com os difratogramas de algumas amostras, por exemplo, ANA 10, ANA 21, ANA 76 e ANA 113, pode-se notar que houve inversão da intensidade de alguns picos. Este efeito provavelmente se deve à existência de orientação preferencial (textura) dos cristais, efeito esse que é conseqüência da forma de disposição não-aleatoria dos cristais que preferencialmente se orientam de acordo com o seu plano cristalográfico preferencial (clivagens bem desenvolvidas), (Bravo e Neumann, 2008) O efeito de textura é o principal problema para a quantificação das fases minerais por difração de raios X. O efeito de textura foi predominantemente observado na hematita, entretanto algumas amostras apresentaram orientação preferencial para o 41 70 quartzo, por exemplo, ANA 10, ANA 21, ANA 76, ANA 92 e ANA 113, e para a goethita, como ANA 21. A orientação preferencial de um dado mineral tem como fator mais relevante ser o resultado direto do processo de preparação das amostras para a análise. As amostras são colocadas e compactadas no porta-amostra, gerando assim a possibilidade da mudança na textura (orientação preferencial) da amostra. A orientação preferencial da hematita foi mais comumente encontrada em amostras que apresentam especularita, devido a sua forma micácea. A quantificação por difração de raios-X de algumas fases mineralógicas presentes em minérios de ferro foi conseguida pela comparação das intensidades e das larguras integrais de picos isolados dos minerais (da Costa et al. 2002). Os autores relataram que a intensidade do pico (111) da goethita não sofre efeito de textura, e que a largura integral do pico 102 é diretamente proporcional à quantidade de martita presente das amostras. Após a subtração do background e do Kα2, utilizou-se a equação de Scherrer para os cálculos dos tamanhos de cristalitos (MCD) a partir de alguns picos selecionados para a hematita (012, 104 e 110) e para a goethita (110). Os resultados estão mostrados na Tabela 10. Tabela 10. Tamanhos médios de cristalitos (Ǻ) calculados por difração de raios X. AMOSTRAS ANA 01 ANA 02 ANA 03 ANA 04 ANA 05 ANA 06 ANA 07 ANA 08 ANA 09 ANA 10 ANA 11 ANA 13 ANA 14 ANA 15 ANA 16 ANA 17 ANA 18 ANA 19 ANA 20 ANA 21 ANA 22 ANA 23 GOETHITA MCD110 216 602 551 235 >1000 539 487 283 MCD104 784 >1000 847 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 490 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 42 HEMATITA MCD110 258 706 >1000 993 >1000 >1000 257 311 303 774 539 244 690 >1000 >1000 753 681 >1000 >1000 >1000 528 >1000 MCD012 402 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 225 180 >1000 >1000 >1000 >1000 366 >1000 >1000 865 843 821 AMOSTRAS ANA 24 ANA 25 ANA 26 ANA 27 ANA 28 ANA 29 ANA 30 ANA 31 ANA 32 ANA 33 ANA 34 ANA 35 ANA 36 ANA 37 ANA 38 ANA 39 ANA 40 ANA 41 ANA 42 ANA 43 ANA 44 ANA 45 ANA 46 ANA 47 ANA 48 ANA 49 ANA 50 ANA 51 ANA 52 ANA 53 ANA 54 ANA 55 ANA 56 ANA 57 ANA 58 ANA 59 ANA 60 ANA 61 ANA 62 ANA 63 ANA 64 ANA 65 ANA 66 ANA 67 ANA 68 ANA 69 ANA 70 ANA 71 ANA 72 ANA 73 ANA 74 ANA 75 ANA 76 ANA 77 ANA 78 ANA 79 ANA 80 ANA 81 GOETHITA MCD110 478 243 670 340 >1000 450 353 500 546 607 303 318 273 368 566 398 328 412 257 329 733 301 349 336 344 673 425 577 >1000 660 922 602 - MCD104 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 643 600 >1000 521 >1000 >1000 360 280 >1000 652 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 381 345 >1000 679 >1000 474 513 481 647 542 >1000 710 43 HEMATITA MCD110 >1000 >1000 >1000 MCD012 >1000 >1000 >1000 901 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 919 949 >1000 >1000 >1000 >1000 711 >1000 >1000 >1000 771 972 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 416 391 642 535 846 >1000 510 525 817 604 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 435 496 >1000 885 481 361 419 379 372 411 703 525 972 822 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 866 857 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 832 >1000 986 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 550 617 >1000 884 >1000 >1000 464 611 >1000 706 >1000 >1000 >1000 >1000 >1000 419 494 >1000 417 538 460 399 402 875 455 810 595 AMOSTRAS ANA 82 ANA 83 ANA 84 ANA 85 ANA 86 ANA 87 ANA 88 ANA 89 ANA 90 ANA 91 ANA 92 ANA 93 ANA 94 ANA 95 ANA 96 ANA 97 ANA 98 ANA 99 ANA 100 ANA 101 ANA 102 ANA 103 ANA 104 ANA 105 ANA 106 ANA 107 ANA 108 ANA 109 ANA 110 ANA 111 ANA 112 ANA 113 ANA 114 GOETHITA MCD110 684 568 >1000 262 521 556 710 585 643 832 658 >1000 >1000 >1000 695 565 986 627 >1000 >1000 408 411 358 440 351 411 - MCD104 >1000 542 759 >1000 819 444 424 >1000 535 531 936 550 769 465 525 423 438 621 539 637 510 >1000 >1000 >1000 >1000 936 >1000 >1000 675 >1000 >1000 >1000 765 HEMATITA MCD110 >1000 371 576 862 475 631 415 800 403 487 447 388 310 713 412 415 300 522 682 649 329 >1000 >1000 >1000 >1000 452 533 561 430 >1000 >1000 >1000 462 MCD012 >1000 625 406 723 570 >1000 519 686 536 599 540 471 >1000 462 364 437 598 627 732 721 482 >1000 >1000 >1000 >1000 647 687 822 555 >1000 >1000 >1000 631 Os resultados mostrados na Tabela 10 mostram que para a hematita os tamanhos foram sempre superiores a 1000 Ǻ, enquanto que muitas amostras contem goethita com tamanhos entre 200 e 1000 Ǻ. Este tipo de goethita é normalmente encontrado nos minérios limoníticos, e é de difícil identificação e quantificação por microscopia ótica. 44 5.4 – Espectroscopia Mössbauer Os espectros Mössbauer de algumas amostras representativas estão mostrados na Figura 28. O dubleto presente em algumas amostras foi atribuído à presença de goethita na fase superparamagnética. Com exceção das amostras ANA 44 e ANA45, todas as demais apresentaram hematita. Os valores encontrados para as áreas relativas das fases identificadas na espectroscopia Mössbauer estão listados na Tabela 11. Os teores foram calculados com base nas áreas relativas dos sub-espectros e nos teores de ferro total, conforme mostrado abaixo: Hematita = Fetotal (%) x ÁreaHem (Mössbauer) x PM Fe2O3 (Equação 3) 2x PM Fe Goethita = Fetotal(%) x ÁreaGoe (Mössbauer) x PM FeOOH (Equação 4) PM Fe Tabela 11. Área relativa dos minerais identificados por espectroscopia Mössbauer, hematita (H), goethita e magnetita (Mt). AMOSTRA ANA 01 ANA 02 ANA 03 ANA 04 ANA 05 ANA 06 ANA 07 ANA 08 ANA 09 ANA 10 ANA 11 ANA 13 ANA 14 ANA 15 ANA 16 ANA 17 ANA 18 ANA 19 ANA 20 ANA 21 ANA 22 ANA 23 ANA 24 ANA 25 H 65 66 98 82 97 89 98 96 94 80 96 86 90 91 96 79 85 95 98 87 98 88 93 92 ÁREA MÖSSBAUER Goethita Sexteto Dubleto 35 34 2 18 6 4 11 2 4 2 4 5 4 13 6 9 4 5 4 5 2 8 5 2 9 3 5 2 4 5 AMOSTRA Mt 12 14 4 16 11 - ANA 26 ANA 27 ANA 28 ANA 29 ANA 30 ANA 31 ANA 32 ANA 33 ANA 34 ANA 35 ANA 36 ANA 37 ANA 38 ANA 39 ANA 40 ANA 41 ANA 42 ANA 43 ANA 44 ANA 45 ANA 46 ANA 47 ANA 48 ANA 49 45 H 97 87 95 90 90 90 89 96 95 95 83 81 99 100 99 96 92 100 100 95 100 100 ÁREA MÖSSBAUER Goethita Sexteto Dubleto 3 8 5 3 2 5 6 3 7 10 5 6 4 5 5 11 6 13 1 1 4 5 2 5 - Mt 6 100 100 - AMOSTRA ANA 50 ANA 51 ANA 52 ANA 53 ANA 54 ANA 55 ANA 56 ANA 57 ANA 58 ANA 59 ANA 60 ANA 61 ANA 62 ANA 63 ANA 64 ANA 65 ANA 66 ANA 67 ANA 68 ANA 69 ANA 70 ANA 71 ANA 72 ANA 73 ANA 74 ANA 75 ANA 76 ANA 77 ANA 78 ANA 79 ANA 80 ANA 81 ANA 82 ÁREA MÖSSBAUER Goethita H Sexteto Dubleto Mt 100 100 97 98 95 82 81 84 78 90 92 18 30 98 83 93 90 61 95 88 35 34 74 71 75 16 73 81 72 99 94 97 79 4 4 4 9 6 78 61 5 7 39 3 65 66 26 16 10 84 27 18 20 5 2 20 3 2 5 3 4 3 2 4 8 4 9 2 17 2 2 2 8 2 2 1 1 1 1 1 1 11 11 8 12 4 12 13 7 - AMOSTRA H ANA 83 ANA 84 ANA 85 ANA 86 ANA 87 ANA 88 ANA 89 ANA 90 ANA 91 ANA 92 ANA 93 ANA 94 ANA 95 ANA 96 ANA 97 ANA 98 ANA 99 ANA 100 ANA 101 ANA 102 ANA 103 ANA 104 ANA 105 ANA 106 ANA 107 ANA 108 ANA 109 ANA 110 ANA 111 ANA 112 ANA 113 ANA 114 46 98 98 91 80 22 30 64 42 62 53 42 78 65 28 62 11 52 45 72 31 100 100 99 96 81 94 82 78 89 88 99 87 ÁREA MÖSSBAUER Goethita Sexteto Dubleto Mt 1 8 8 19 78 70 33 58 37 47 49 21 35 72 38 89 48 54 28 68 4 5 5 8 6 4 2 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 4 3 3 3 2 5 7 1 - 10 12 8 10 12 11 100 100 95 98 90 96 Ana06 94 85 Ana45 100 95 96 90 93 Ana64 Ana55 100 100 99 96 98 97 92 Ana93 Ana75 96 100 100 95 95 90 90 Ana111 Ana106 85 -10 -5 0 5 10 -10 -5 0 85 5 10 Velocidade(mm/s) Figura 28. Espectros Mössbauer à temperatura ambiente de algumas amostras selecionadas. Segundo Cornell e Schwertmann (2003), quando o campo máximo obtido para a hematita for bem menor que o valor característico (515 kOe), é em função da existência de substituição isomórfica de Fe3+ por Al3+ , como também ao pequeno tamanho de partícula. Outro detalhe que pode ser observado nos espectros Mössbauer é o aparecimento de um dubleto, que pode ser devido a óxidos de ferro (superparamagnéticos) de tamanho médio de partículas muito pequeno. Confirmando os resultados da difração de raios X que foi observado para o mineral goethita os tamanhos de partículas eram em torno de 200 Ǻ, portanto pode-se sugerir que os dubletos são devidos à presença de goethita de pequeno tamanho de partícula. 47 Transmissão (%) Transmissão (%) 99 5.5 – Microscopia Ótica A análise por microscopia ótica deve como principal finalidade a quantificação de especularita, martita e quartzo. Entretanto, através dessa técnica podemos observar várias características, como composição mineralógica volumétrica; composição mineralógica em peso; tamanho médio dos cristais dos minerais por variedade; grau de liberação; forma das partículas; tipos de associações minerais, etc. As amostras na sua maioria apresentaram hematita na forma de especularita e martita, porém na amostra ANA 64 pode-se observar a presença de hematita lobular, goethita, quartzo, magnetita pura e magnetita já sofrendo o processo de martitização. As Figuras 29, 30, 31, 32 e 33 exemplificam os minerais encontrados pela análise para algumas amostras. Algumas fotomicrografias foram obtidas com a utilização de um polarizador, permitindo assim uma melhor vizualização de algumas características intrínsecas dos minerais, por exemplo, a estrutura em treliça da martita, e a forma multicolorida da hematita. Figura 29. Fotomicrografia da amostra Ana 37 apresentando especularita, goethita, magnetita (cor rosada) e magnetita sofrendo o processo de martitização. 48 Figura 30. Fotomicrografia da amostra Ana 59 apresentando especularita, goethita, martita e quartzo. As porções brancas dentro do quartzo são de especularita. Figura 31. Fotomicrografia da amostra Ana 63 apresentando especularita, goethita, martita e quartzo. As porções brancas inclusas no quartzo são de especularita. 49 Figura 32. Fotomicrografia da amostra Ana 64 apresentando martita magnetita (cor rosado) em processo de martitização e hematita lobular. Fotomicrografia sem polarizador (A) e fotomicrografia com polarizador (B). Figura 33. Fotomicrografia da amostra Ana 70 apresentando martita e uma variedade de goethita. As porções branca dentro da goethita são de martita. 50 As principais características dos minerais observadas na microscopia ótica são: Hematita Especular – tem a superfície lisa, isto é, tem a forma micácia, o que pode indicar que não sofreu intemperismo, estrutura foliada, não apresenta poros, possui elevado grau de liberação, o que confere a ela pequena área superficial específica. Revelar ter um bom comportamento na flotação por não produzir muita lama, gasto elevado de energia na siderurgia; Hematita Martita – alto índice de porosidade apresenta a superfície rugosa, frequentemente apresenta resto de magnetita, alta área superficial específica o que acarreta ter um bom comportamento na flotação reversa; Magnetita – apresenta estrutura granular e geralmente se encontra em partículas mistas com martita; Goethita –ocorre de várias formas, apresenta certa porosidade, e pode apresentar partículas mistas. Quartzo - ocorre de forma granular, observa-se com frequência a presença de inclusões de hematita nos monocristais do quartzo (quartzo encapsulado). 5.6 – Espectrofotometria de Reflectância Difusa A mineralogia das amostras selecionadas para o presente estudo é bem diversificada, apresentando a hematita como fase constituinte de maior proporção, seguida pela goethita. Alguns parâmetros composicionais estão listados na Tabela 12. A quantificação de hematita e goethita foi realizada através da espectroscopia Mössbauer, a porcentagem de magnetita foi determinada por medidas de suscetibilidade magnética. O valor de ferro total foi obtido por absorção atômica e o de especularita, martita e quartzo foram obtidos por microscopia ótica. Tabela 12. Composição mineralógica média (%) das amostras de minério de ferro. Média Hematita 58.6 Goethita 12.9 Magnetita 3.3 Ferro total 51.5 Especularita 50,9 Martita 19,3 Quartzo 16,6 a Desvio padrão. da 23.7 17.9 9.8 12.9 33,4 22,2 17,6 51 Máximo 97.3 86.3 76.0 68.8 100,0 88,0 94,0 Mínimo 0.0 0.0 0.04 4.1 0,0 0,0 0,0 5.6.1 – Análise espectral Os espectros nas regiões do visível e infravermelho para os padrões de especularita, martita, goethita e quartzo são mostrados na Figura 34. Observa-se que existem diferenças significativas tanto nas posições quanto nas intensidades das bandas, o que possibilita a identificação destas fases mineralógicas. -1 Número de onda (cm ) 1.2 20000 10000 6667 5000 4000 3000 2000 1000 Vis-NIR MIR 1.0 1.5 1.0 0.8 0.5 0.6 0.0 (a) -0.5 2.0 1.5 1.5 1.0 1.2 0.5 0.9 0.0 (b) 0.6 1.8 -0.5 2.4 1.2 1.6 0.6 0.0 0.8 (c) 0.0 3.2 0.4 2.4 1.6 0.2 0.8 (d) 0.0 0.0 500 1000 1500 2000 2500 3333 5000 10000 Comprimento de onda (nm) Figura 34. Curva de reflectância difusa de especularita (a), martita (b), goethita (c) e quartzo (d). Pode-se notar certa similaridade entre os espectros da martita e especularita, entretanto são mostrados alguns detalhes diferentes na região de infravermelho médio (MIR), como a intensidade e a largura dos picos, fazendo com que os picos da especularita sejam mais bem definidos que os da martita, bem como um pequeno deslocamento das bandas (Russell e Fraser, 1994). Outro aspecto distinto entre os dois 52 Absorbância (Unidade Arbitrária) Absorbância (Unidade Arbitrária) 0.4 espectros é aparecimento de um pico em torno de 1500 cm-1 na amostra de especularita, que não é notado no espectro da martita. No espectro da goethita na região MIR, observa-se uma banda larga próxima a 3600 cm-1 e um pico próximo a 900 cm-1, devido ao estiramento e deformação dos grupamentos -OH, respectivamente (Russell e Fraser 1994). Outros picos também podem ser notados entre 1000 cm-1 e 250 cm-1. As absorções devido aos grupos Si-O ocorrem entre 1000 – 1100 e 430 – 530 cm-1 e podem ser observadas no espectro do quartzo. Com relação à região do visível observa-se a existência de bandas largas tanto para especularita, martita e para goethita; entretanto, na região do infravermelho próximo (NIR) não é observada nenhuma banda característica. O quartzo por sua vez apresenta absorbância próxima a zero para todo o espectro na região Vis – NIR. O espectro de reflectância difusa na região do visível, infravermelho próximo e na região do infravermelho médio para a amostra ANA 02 está mostrado na Figura 35, sendo muito similar ao espectro da especularita. -1 Número de onda (cm ) 20000 10000 6667 3000 2000 1000 692,4 947,0 1.5 1801,9 1548,8 3211,1 890,8 646,5 480,4 1.1 1.8 1.2 499,5 1.0 1953,2 1779,8 1435,4 0.8 2285,4 2424,6 0.9 0.9 0.6 0.7 0.3 500 1000 1500 2000 2500 3333 5000 10000 Comprimento de onda (nm) Figura 35. Curva de reflectância difusa de para a amostra ANA 02. 53 Absorbânica (unidade arbitrária) Absorbânica (unidade arbitrária) 4000 Vis-NIR MIR 1.3 1.2 5000 Os resultados mostram que a espectroscopia de reflectância difusa nas regiões do visível, infra-vermelho próximo e médio, é uma técnica que pode ser usada para a identificação como quantificação simultânea de várias fases mineralógicas presente nas amostras. Segundo Viscarra Rossel et al. (2006) a escolha da região espectral para a caracterização mineral dependerá: (i) da precisão das previsões, (ii) do custo da tecnologia e (iii) da preparação necessária para amostra. É possível observar nas figuras acima que na região do infravermelho médio (MIR) os picos de absorção são mais estreitos e com a definição melhor. Por outro lado, na região do visível (VIS) e do infravermelho próximo (NIR) nota-se que as bandas de absorção são mais largas (Torrent e Barrón, 2008). 5.6.2– Análise de cor Pelos dados obtidos previamente na região do espectro visível calcularam-se as cores das amostras, que variaram da tonalidade de cinza para amarelo e/ou vermelho. Para o sistema de notação Munsell o valor de matiz variou de H = 0,3Y para 9,9YR; a variação do Value foi de V=3.11 a V=5.12, mas foi no valor de Chroma que se pôde notar maior variação, de C= 0.06 a 5.68 (Figura 36) (Torrent e Barrón, 2003). Os valores obtidos para os 3 sistemas de cores estão na Tabela 13. Tabela 13. Relação dos valores obtidos para os sistemas de cores. AMOSTRA ANA 01 ANA 02 ANA 03 ANA 04 ANA 05 ANA 06 ANA 07 ANA 08 ANA 09 ANA 10 ANA 11 ANA 13 ANA 14 ANA 15 ANA 16 Matiz 4,0YR 6,5YR 4,7B 4,6YR 6,1YR 6,2PB 4,3Y 5,0Y 9,0YR 1,9GY 8,7R 3,7YR 2,4GY 4,4Y 0,9G PARÂMETROS DE COR Value Chroma X Y Z 3,1 2,3 7,8 7,1 5,5 3,2 0,8 7,8 7,6 7,8 4,0 0,3 11,9 12,2 14,9 3,3 0,7 7,9 7,8 8,1 3,1 0,8 7,2 7,1 7,2 3,8 0,1 10,4 10,6 12,6 4,8 0,6 17,8 18,1 19,2 4,8 0,6 17,9 18,3 19,4 4,8 0,8 18,1 18,2 18,9 3,3 0,2 7,5 7,7 8,8 5,2 0,5 21,6 21,6 24,5 5,1 1,1 21,2 20,9 21,7 3,4 0,1 8,3 8,5 9,9 3,5 0,5 8,7 8,8 9,4 4,0 0,2 11,4 11,7 13,6 54 L* 31,9 33,2 41,6 33,5 32,0 38,8 49,7 49,8 49,7 33,3 53,6 52,8 34,9 35,7 40,8 a* 8,5 2,4 -0,9 2,8 2,7 0,0 -0,2 -0,4 1,5 -0,5 2,1 3,6 -0,2 -0,1 -0,9 b* 10,8 4,0 -1,0 3,6 4,2 -0,2 4,0 4,1 4,8 1,0 1,6 5,0 0,5 3,3 0,6 AMOSTRA ANA 17 ANA 18 ANA 19 ANA 20 ANA 21 ANA 22 ANA 23 ANA 24 ANA 25 ANA 26 ANA 27 ANA 28 ANA 29 ANA 30 ANA 31 ANA 32 ANA 33 ANA 34 ANA 35 ANA 36 ANA 37 ANA 38 ANA 39 ANA 40 ANA 41 ANA 42 ANA 43 ANA 44 ANA 45 ANA 46 ANA 47 ANA 48 ANA 49 ANA 50 ANA 51 ANA 52 ANA 53 ANA 54 ANA 55 ANA 56 ANA 57 ANA 58 ANA 59 ANA 60 ANA 61 ANA 62 ANA 63 ANA 64 ANA 65 ANA 66 ANA 67 ANA 68 ANA 69 ANA 70 ANA 71 ANA 72 ANA 73 ANA 74 Matiz 2,8GY 8,7GY 5,2Y 0,8B 1,2Y 0,8Y 1,9Y 3,2Y 2,0Y 4,2Y 0.3Y 4,0Y 1,0Y 2,5Y 4,7YR 4,3YR 3,7YR 2,8YR 4,2YR 5,6YR 4,8YR 4,3YR 4,7YR 0,3YR 7,3YR 3,4YR 8,9R 0,4GY 1,6Y 2,0B 8,4YR 0,6Y 8,9YR 3,8Y 0,5B 8,4YR 4,9YR 7,0YR 8,6YR 2,7YR 7,9YR 8,2YR 7,2YR 7,8YR 6,4YR 8,7YR 7,7BG 9,8YR 5,8YR 5,1YR 7,7YR 4,7YR 9,8YR 8,3YR 8,9YR 9,7YR 8,9YR 7,2YR PARÂMETROS DE COR Value Chroma X Y Z 3,2 0,1 7,5 7,7 8,9 3,3 0,2 7,8 8,0 9,3 3,6 0,5 9,5 9,7 10,3 3,9 0,4 10,8 11,2 13,6 4,0 1,2 12,0 12,0 10,9 3,2 0,4 7,4 7,5 8,2 4,3 1,1 13,7 13,8 13,1 3,3 0,3 7,7 7,8 8,6 4,2 1,5 13,6 13,7 11,9 3,3 0,4 8,0 8,1 8,6 4,2 1,9 13,4 13,3 10,6 3,4 0,4 8,1 8,3 8,9 4,2 1,9 13,1 13,0 10,2 3,3 0,5 8,0 8,1 8,6 3,5 3,6 10,3 9,0 5,5 3,4 2,9 9,6 8,6 6,1 3,4 2,5 9,1 8,2 6,3 3,9 0,7 11,2 11,0 11,8 3,3 2,2 8,9 8,2 6,5 3,5 3,8 10,4 9,1 5,1 3,8 3,7 12,0 10,6 6,5 4,3 1,5 14,9 14,3 13,6 4,2 2,0 14,3 13,5 11,7 3,7 2,1 11,0 10,0 9,2 3,8 2,9 11,3 10,5 6,9 3,7 3,2 11,6 10,2 7,2 3,6 3,3 11,1 9,4 7,6 3,4 0,1 8,4 8,6 9,9 3,5 0,1 9,0 9,2 10,7 4,2 0,4 12,9 13,4 16,4 4,0 2,3 12,4 11,9 8,8 4,1 1,0 12,4 12,5 11,9 3,9 1,9 11,8 11,5 9,2 4,2 0,5 13,0 13,3 14,0 4,2 0,3 13,2 13,6 16,4 3,8 1,5 10,8 10,5 9,1 3,8 1,0 10,7 10,5 10,5 3,7 3,1 11,2 10,3 6,6 2,8 1,2 5,9 5,7 5,2 3,4 3,5 10,0 8,6 5,8 3,8 3,0 11,8 11,0 7,1 2,9 1,0 6,0 5,9 5,6 3,7 2,3 10,6 10,0 7,5 4,2 4,0 14,5 13,3 7,1 4,0 5,1 14,0 12,2 5,3 4,8 5,7 20,1 18,3 7,3 4,4 0,4 14,4 15,0 18,0 2,6 1,0 5,0 4,9 4,6 4,5 3,1 17,0 15,7 11,5 4,2 2,8 14,8 13,6 10,3 4,5 3,8 16,7 15,5 9,1 4,4 1,9 15,8 15,1 13,6 4,5 3,9 16,1 15,3 8,2 4,7 5,6 19,1 17,3 7,0 4,6 5,4 17,9 16,4 6,5 4,2 4,1 14,4 13,6 6,7 4,0 0,3 11,9 12,1 13,6 4,2 0,6 13,2 13,2 14,2 55 L* 33,3 34,1 37,4 39,9 41,3 32,9 44,0 33,6 43,7 34,2 43,1 34,6 42,7 34,2 36,0 35,2 34,4 39,7 34,3 36,1 38,9 44,7 43,5 37,9 38,7 38,3 36,7 35,1 36,4 43,4 41,0 41,9 40,4 43,2 43,6 38,7 38,7 38,3 28,8 35,1 39,6 29,2 37,8 43,2 41,5 49,9 45,6 26,5 46,6 43,7 46,3 45,8 46,0 48,6 47,5 43,6 41,3 43,0 a* -0,4 -0,9 -0,3 -1,5 1,4 0,5 0,9 0,1 1,1 0,0 2,8 0,0 2,3 0,3 11,9 10,1 9,2 3,0 8,0 11,6 11,9 5,2 6,5 9,2 7,8 11,7 15,0 -0,2 0,1 -1,6 5,3 1,5 3,9 0,0 -1,2 3,6 3,5 8,4 2,8 13,2 7,3 2,6 6,3 9,4 13,7 10,8 -1,7 1,9 8,7 8,6 8,9 5,9 6,4 11,3 10,1 6,9 0,6 1,6 b* 0,7 0,8 3,4 -1,0 8,3 2,2 7,5 1,9 10,0 3,0 12,5 2,7 13,0 3,1 17,9 13,9 11,6 3,3 10,8 19,8 18,7 7,5 10,1 7,6 16,6 14,9 10,7 0,6 0,5 -1,1 14,2 6,9 11,9 3,7 -0,7 9,2 5,1 17,3 6,6 15,1 17,6 5,5 13,0 23,6 28,1 34,6 -0,6 5,6 16,1 14,2 22,3 9,2 24,9 33,5 33,2 26,0 1,7 3,2 AMOSTRA ANA 75 ANA 76 ANA 77 ANA 78 ANA 79 ANA 80 ANA 81 ANA 82 ANA 83 ANA 84 ANA 85 ANA 86 ANA 87 ANA 88 ANA 89 ANA 90 ANA 91 ANA 92 ANA 93 ANA 94 ANA 95 ANA 96 ANA 97 ANA 98 ANA 99 ANA 100 ANA 101 ANA 102 ANA 103 ANA 104 ANA 105 ANA 106 ANA 107 ANA 108 ANA 109 ANA 110 ANA 111 ANA 112 ANA 113 ANA 114 Matiz 6,4YR 4,8YR 5,7YR 4,6YR 0,9P 7,3YR 9,9R 9,0YR 3,8YR 3,9YR 5,1YR 7,2YR 8,5YR 4,7YR 7,7YR 7,7YR 6,1YR 8,1YR 6,9YR 6,3YR 6,0YR 7,8YR 6,0YR 7,7YR 7,0YR 5,3YR 5,3YR 6,7YR 5,2YR 4,6YR 0,7YR 7,6YR 6,6YR 8,4YR 8,5YR 4,3YR 7,8YR 6,6YR 2,3B 9,9YR PARÂMETROS DE COR Value Chroma X Y Z 3,4 2,5 9,4 8,7 6,3 3,1 1,1 7,1 6,9 6,7 4,1 0,5 12,9 12,9 14,0 3,8 0,7 10,7 10,6 11,3 3,8 0,1 10,3 10,5 12,5 4,1 0,1 12,5 12,7 14,8 3,4 0,4 8,3 8,3 9,4 4,0 0,6 12,1 12,1 12,6 4,0 0,3 11,7 11,8 13,4 3,6 0,4 9,3 9,3 10,4 4,2 0,3 13,0 13,1 14,7 4,0 0,5 12,3 12,3 13,3 3,9 3,3 12,4 11,6 6,9 3,2 1,9 8,3 7,7 6,4 4,1 0,8 12,4 12,4 12,7 3,5 2,2 9,7 9,2 6,9 3,6 1,1 9,9 9,7 9,4 3,9 0,8 11,5 11,4 11,5 4,1 0,9 13,1 12,9 13,1 4,2 0,5 13,4 13,4 14,6 3,2 1,0 7,8 7,6 7,4 4,0 1,4 12,5 12,2 11,1 3,3 1,5 8,1 7,8 6,9 3,4 2,6 9,1 8,5 5,9 3,7 1,0 10,5 10,3 10,1 3,7 1,3 10,3 9,9 9,4 3,9 0,4 11,3 11,3 12,6 3,7 1,5 10,2 9,9 8,9 4,2 1,1 13,9 13,6 13,5 4,2 1,3 13,5 13,0 12,6 3,8 2,0 11,9 10,9 10,0 3,7 2,8 10,8 10,1 6,7 3,7 3,1 10,9 9,9 6,4 3,2 1,3 7,7 7,5 6,8 3,3 1,3 8,3 8,1 7,2 3,7 2,6 11,0 10,0 6,4 4,1 3,6 13,5 12,4 7,2 3,7 2,2 11,0 10,4 8,0 4,2 0,4 12,9 13,4 16,4 2,9 1,0 6,1 6,0 5,6 56 L* 35,3 31,5 42,6 39,0 38,7 42,3 34,6 41,4 40,8 36,5 42,9 41,6 40,5 33,3 41,8 36,3 37,2 40,3 42,6 43,3 33,1 41,5 33,5 35,1 38,3 37,7 40,2 37,6 43,6 42,8 39,3 38,0 37,7 33,0 34,2 37,8 41,8 38,5 43,4 29,5 a* 7,3 3,9 1,6 2,4 0,2 0,2 1,7 1,4 1,0 1,4 1,1 1,5 7,2 6,6 2,1 5,7 3,5 2,2 2,6 1,5 3,4 3,6 4,7 6,6 2,9 4,2 1,4 4,3 3,7 4,5 8,7 7,2 8,8 3,1 3,2 9,1 8,6 6,4 -1,4 1,9 b* 13,4 5,2 2,7 3,3 -0,4 0,5 1,2 4,1 1,2 1,7 1,7 2,9 19,9 9,3 4,5 12,7 6,0 5,0 5,0 2,7 5,4 8,4 7,7 14,6 5,5 6,5 2,1 8,1 5,9 6,6 7,6 16,1 17,0 7,3 7,9 12,9 21,1 12,4 -1,1 6,1 10Y 0.38 7.5Y 5Y 2.5Y 3 10YR Value = 3 7.5YR 2 5YR 0.36 y 2.5YR 1 0.34 10R 3 2 0.32 0.32 7.5R 1 0.34 0.36 0.38 0.40 0.42 x Figura 36. Coordenadas de cromaticidade para as amostras de minérios de ferro. A coloração de um determinado material depende diretamente das proporções dos minerais presentes, o que acarreta variações significativas na graduação da cor (Chroma) (da Costa et al. 2009). Por exemplo, um aumento na proporção de martita e goethita tem o efeito de aumentar proporcionalmente o valor de chroma, por outro lado observou-se uma diminuição no valor de Chroma quando houve o aumento no valor de especularita. No caso do parâmetro Value (luminosidade) não se observou uma variação significativa. Um fato que pode aumentar ou diminuir esse parâmetro é a existência de minerais que não apresentam bandas características na região do visível, por exemplo, o quartzo e a magnetita. (da Costa et al. 2009). 57 5.6.3 – Análises Quimiométricas 5.6.3.1 – PCA A primeira etapa da análise quimiométrica é a Análise dos Componentes Principais (PCA) (Wold, 1987), com a finalidade de substituir as variáveis originais, isto é, os espectros obtidos pela técnica de reflectância difusa, por um novo conjunto de variáveis chamado de componentes principais (CPs). A principal característica dos CPs, é que eles são os resultados das combinações lineares das variáveis originais. Desta forma se concentra as informações importantes em poucas variáveis, diminuindo a dimensão dos dados, sem perder as informações químicas (Ferreira 2002). Na análise de PCA não se trabalha com a matriz resposta, isto é, com a matriz que contenha as análises químicas, por exemplo, valores de concentração, e sim com a matriz que contenha somente os sinais instrumentais (espectros), valores de intensidade medidos pelos equipamentos, variáveis originais, por exemplo, comprimento de onda. A análise por PCA é um algoritmo de análise exploratório dos dados, na qual garanti que em função dos seus espectros, ou seja, da suas variáveis originais, quais amostras são semelhante, quais amostras são heterogênea (amostras diferentes). Os dados coletados nas medidas de reflectância difusa resultaram em uma matriz X contendo 113 linhas (amostras) e 4360 colunas para o equipamento CARY (dados de absorbância de 320 a 2500 nm, intervalo de 0,5 nm), 2180 colunas para o ASD (dados de 350 a 2500 nm, intervalo de 1 nm) e 900 para o TENSOR 27 (dados de 4000 a 400 cm-1, inervalo de 4 cm-1). Como auxilio do algoritmo NIPALS (Martens e Naes, 1989), pode-se reduzir as matrizes da forma mostrada na Equação 5: X = TP + E1 (Equação 5) Onde T é a matriz escores e apresenta as coordenadas das amostras nos possíveis eixos das componentes. R é a matriz loadings e contém informações sobre como as variáveis originais estão co-relacionadas às componentes principais. E E1 matriz residual. (Teófilo, 2007) Na construção da nova matriz de dados, cria-se um conjunto de novas variáveis linearmente independentes para descrever os dados. Cada novo vetor base é expresso 58 em termos da combinação linear das antigas variáveis. Os novos eixos, que são representados pelas componentes principais, são ortogonais entre si e ordenados em termos da quantidade de variância explicada pelos dados, sendo que o primeiro vetor encontra-se na direção de maior variância (Strang, 1976). T é uma nova matriz reduzida, consistindo em 113 linhas, entretanto com 10 colunas, porém sem perda significativa de informação, ou seja, mantém as informações químicas relevantes, retendo virtualmente as informações espectrais significativas, descartando as demais, por exemplo, o ruído do sinal, informações redundantes. Isto devido à existência de variáveis que apresentam redundância entre si, e portanto são consideradas colineares e esta alta colinearidade indica que é possível encontrar novas bases que melhor representa as informações presentes nos dados definidos pelas medidas. Assim, o novo conjunto de eixos de coordenadas no qual se projetaram as amostras é mais informativo. Na análise por componentes principais (PCA) um pré-processamento nos dados foi necessário para atribuir pesos equivalentes aos dados espectrais das amostras. A PCA mostrou que com seis componentes principais é possível descrever 99,99% dos dados, sendo 98,29% da variância total descrita pela primeira componente principal (Figura 37). Figura 37. Representação gráfica dos componentes principais versus a porcentagem da variância. 59 5.6.3.2 - PLSR O algoritmo PLSR (Regressão por Quadrados Mínimos Parciais) é uma análise de construção de modelos de calibração multivariada. Nas análises pelo algoritmo através de calibração multivariada que foi realizada utilizando as informações do espectro como um todo, assim podendo construir um modelo de regressão, relacionado às propriedades de interesse. O PLS é uma técnica baseada em fatores, que estabelece uma relação entre matrizes de dados. Uma matriz que representa as variáveis independentes (matriz de dados experimentais) e um que representa as variáveis dependentes (matriz das respostas experimentais). De forma simultânea as matrizes são decompostas em uma soma de variáveis latente (novos eixos de coordenadas). (da Silva, 2007) A análise PLSR, correlaciona à matriz Y que contém 113 linhas e 1 coluna (sendo trabalhadas 7 colunas, por se tratar de análises sobre Fe total, hematita, goethita, magnetita, especularita, martita e quartzo) e a matriz T (113 X 10) da análise dos componentes principais (PCA), segundo a Equação 6: Y = TB + E2 (Equação 6) Onde B é a matriz dos coeficientes e E2 é a matriz residual. A partir da matriz B, que é o resultado da conversão dos dados espectrais obtidos, através de distintos equipamentos (CARY 5000, ASD e TENSOR 27 (MIR)), utilizando diferentes comprimentos de onda (região do visível, infravermelho próximo e infravermelho médio), juntamente do software quimiométrico PARLES, obteve-se um modelo com capacidade de predizer o conteúdo mineral para uma nova amostra. Para exemplificar na Figura 38 e na Equação 7 está representado um caso, para a determinação de ferro para as seguintes condições: equipamento CARY comprimento de onda de 319 a 800 nm. 60 5000 no Figura 38. Representação gráfica da regressão utilizada para predizer do conteúdo mineral de novas amostras, na região visível do espectro (319 a 800 nm). (%) Fe = B0 + B319 * (log 1/R)319 + B320 * (log 1/R)320 + B321 * (log 1/R)321 + . . . + B800* (log 1/R)800 (Equação 7) Onde B0 é o valor médio dos coeficientes da regressão e apresenta valor igual a 12, 19 Bx coeficientes da regressão em dados comprimentos de onda variando de 319 a 800 nm, apresentado por um valor numérico. (log 1/R)x absorbância nos comprimentos de onda especifico variando de 319 a 800 nm. Os valores dos coeficientes que são representados pelos máximos e mínimos na Figura acima são os comprimentos de onda de interesse, pois são realmente os comprimentos de onda que mais influenciam na regressão, isto é, são os que mais influenciam nos resultados para os cálculos das minerais existentes em novas amostras. Uma vantagem do método PLSR é que os parâmetros do modelo construído não se alteram de uma maneira significativa quando se são adicionadas ou retiradas novas 61 amostras do conjunto de calibração (Geladi e Kowalski, 1986). Essa característica é importante, pois permite que seja possível trabalhar com sistemas em escalas industriais cujas características dos materiais nem sempre são mantidas da mesma maneira durante todo o processo, portanto, é possível acrescentar novas amostras sem alterar os parâmetros do modelo criado (Parreira, 2003). 5.6.3.3 – Correlações As curvas de reflectância utilizadas para a obtenção das possíveis correlações dos minerais nas amostras foram obtidas em três equipamentos (CARY, ASD e TENSOR 27). Através dos teores de ferro total via absorção atômica, de magnetita por suscetibilidade magnética, de hematita e goethita por espectroscopia Mössbauer, especularita e martita por microscopia ótica e quartzo pela diferença mineralógica (Tabela 14), e das curvas de reflectância difusa, obteve-se modelos de calibração, similares ao mostrado na equação 7 para previsão de concentração para novas amostras. A análise quimiométrica foi realizada pelo programa PARLES (Viscarra Rossel, 2008) através de do método de calibração cruzada um a um, para o conjunto de amostras. Este programa foi produzido pelo professor Viscarra Rossel, da Universidade de Sydney, Austrália Tabela 14. Composição mineralógica e química das amostras. Amostras ANA 1 ANA 2 ANA 3 ANA 4 ANA 5 ANA 6 ANA 7 ANA 8 ANA 9 ANA 10 ANA 11 ANA 13 ANA 14 ANA 15 ANA 16 ANA 17 ANA 18 ANA 19 ANA 20 ANA 21 Fe total Hematita 55 52 62 58 64 89 65 76 66 72 65 85 35 49 37 51 25 34 61 70 21 29 4 5 63 82 57 74 64 88 66 74 61 75 59 81 64 89 47 58 Variáveis (%) Especularita Martita Goethita Quartzo Magnetita * * 30 17 1 25 33 33 5 4 * * 2 8 1 45 31 19 -1 6 40 32 10 8 10 84 1 9 6 0 49 0 1 50 0 50 1 2 46 0 34 0 2 64 0 * * 5 6 19 28 1 1 70 0 5 0 1 94 0 * * 6 10 2 69 5 8 17 1 * * 4 8 0 65 9 5 9 12 57 17 4 12 9 72 9 5 14 1 69 20 2 9 0 26 32 10 30 2 62 Amostras ANA 22 ANA 23 ANA 24 ANA 25 ANA 26 ANA 27 ANA 28 ANA 29 ANA 30 ANA 31 ANA 32 ANA 33 ANA 34 ANA 35 ANA 36 ANA 37 ANA 38 ANA 39 ANA 40 ANA 41 ANA 42 ANA 43 ANA 44 ANA 45 ANA 46 ANA 47 ANA 48 ANA 49 ANA 50 ANA 51 ANA 52 ANA 53 ANA 54 ANA 55 ANA 56 ANA 57 ANA 58 ANA 59 ANA 60 ANA 61 ANA 62 ANA 63 ANA 64 ANA 65 ANA 66 ANA 67 ANA 68 ANA 69 ANA 70 ANA 71 ANA 72 ANA 73 ANA 74 ANA 75 ANA 76 ANA 77 ANA 78 ANA 79 Fe total Hematita 64 90 45 56 67 89 36 47 63 88 32 40 64 87 32 41 67 86 34 44 61 78 56 76 49 67 58 78 60 71 50 58 47 67 36 51 68 96 68 93 66 87 67 95 55 0 57 0 64 91 22 30 38 55 27 39 49 70 64 91 33 45 43 60 57 78 66 78 65 76 65 78 66 74 42 54 34 45 56 14 56 24 63 88 55 66 40 53 41 52 47 41 35 47 62 78 58 29 48 23 58 61 35 35 39 42 59 13 47 49 38 44 43 44 48 68 Variáveis (%) Especularita Martita Goethita Quartzo Magnetita * * 2 5 3 35 22 9 35 1 51 38 7 2 1 42 5 5 48 1 79 9 3 7 2 37 4 7 52 1 73 14 5 6 2 * * 6 54 0 80 6 11 2 1 33 11 5 50 1 63 15 11 10 2 59 17 4 19 2 35 32 4 26 3 58 21 5 15 2 * * 16 12 1 49 9 10 28 4 67 0 1 33 0 51 0 0 48 0 96 0 1 3 0 93 0 4 3 0 76 11 7 3 3 95 0 0 4 1 0 0 0 24 76 0 0 0 32 68 91 0 0 9 0 30 0 2 68 0 55 0 0 45 0 39 0 0 61 0 70 0 0 30 0 91 0 0 9 0 45 0 2 53 0 60 0 1 38 0 76 1 5 17 1 23 55 7 8 7 35 40 8 11 5 40 38 7 11 5 41 33 12 8 7 52 2 7 39 1 45 1 4 50 0 14 0 73 12 0 3 21 63 11 2 87 0 2 10 1 0 66 0 23 11 53 0 4 43 0 52 0 6 41 0 40 1 29 27 3 47 0 3 50 0 22 55 8 10 5 1 28 60 10 1 1 23 50 25 2 58 3 24 13 2 28 7 10 49 6 42 0 7 43 7 0 13 78 8 1 7 42 20 31 0 * * 11 44 1 20 24 14 37 4 30 39 1 30 1 63 Variáveis (%) Amostras Fe total Hematita Especularita Martita Goethita Quartzo Magnetita ANA 80 44 60 45 15 4 36 1 ANA 81 42 58 11 47 2 40 0 ANA 82 45 50 33 17 15 34 0 ANA 83 47 66 33 33 1 32 0 ANA 84 56 72 24 48 8 20 0 ANA 85 47 55 48 7 14 31 0 ANA 86 49 56 28 28 16 28 1 ANA 87 46 14 * * 57 23 5 ANA 88 53 23 2 21 59 18 0 ANA 89 43 40 32 8 24 33 2 ANA 90 51 31 0 31 47 22 1 ANA 91 47 41 5 37 28 30 1 ANA 92 45 34 26 8 34 31 1 ANA 93 35 21 16 5 27 45 7 ANA 94 31 34 23 11 11 54 2 ANA 95 59 54 0 54 33 11 2 ANA 96 43 17 0 17 49 31 3 ANA 97 55 49 2 46 33 17 1 ANA 98 60 9 3 7 84 6 0 ANA 99 53 39 7 32 40 20 0 ANA 100 52 34 2 32 44 21 0 ANA 101 54 55 39 16 25 20 1 ANA 102 50 22 9 13 55 20 3 ANA 103 57 82 82 0 0 18 0 ANA 104 57 80 80 0 1 19 0 ANA 105 69 97 97 0 1 1 0 ANA 106 68 94 94 0 4 2 0 ANA 107 67 78 23 55 7 8 7 ANA 108 62 74 36 38 8 14 4 ANA 109 68 79 53 26 9 7 4 ANA 110 63 71 37 33 10 12 8 ANA 111 39 50 49 1 7 43 1 ANA 112 38 48 46 2 7 45 0 ANA 113 54 77 76 0 1 22 1 ANA 114 65 81 5 76 2 10 6 * Amostras não analisadas por microscopia ótica. O método de validação cruzada utilizado no trabalho foi realizado da seguinte forma: foi retirada uma amostra por vez e com as amostras restantes foi construído o modelo de calibração e posteriormente a amostra retirada teve seu valor previsto pelo modelo de calibração. Este procedimento é repetido até que todas as amostras tenham sido previstas. Foram também determinados os valores para o erro médio de validação (RMSECV) e o erro médio de calibração (RMSEC). Portanto todas as amostras em estudo passam a fazer parte tanto da elaboração da curva de calibração como da curva de validação do sistema. Na Tabela 15 estão correlacionados os valores de R2 de calibração (R2C) e R2 de validação (R2V) e seus respectivos erros médios, obtidos dos cálculos quimiométricos realizados para diferentes comprimentos de onda, diferentes fases mineralógicas e diferentes equipamentos. 64 Magnetita Goethita Hematita Ferro Quartzo Martita Componente Especularita ASD λ (nm) 350-800 350-2500 350-800 350-2500 350-800 350-2500 350-800 350-2500 350-800 350-2500 350-800 350-2500 350-800 350-2500 65 R2C RMSEC R2V RMSECV 0,83 20,0 0,64 30,7 0,85 16,3 0,65 25,3 0,58 15,1 0,10 21,2 0,84 10,9 0,47 17,3 0,84 12,1 0,69 16,0 0,77 11,1 0,47 15,0 0,81 5,6 0,62 8,3 0,82 5,4 0,59 8,3 0,85 12,1 0,71 16,7 0,83 9,7 0,66 15,3 0,94 4,9 0,83 7,8 0,96 3,6 0,92 5,9 0,56 7,3 0,13 9,5 0,90 3,9 0,71 6,2 Magnetita Goethita Hematita Ferro Quartzo Martita Componente Especularita CARY λ (nm) 329-800 329-2500 329-800 329-2500 329-800 329-2500 329-800 329-2500 329-800 329-2500 329-800 329-2500 329-800 329-2500 R2C RMSEC R2V RMSECV 0,73 21,7 0,65 25,8 0,79 20,7 0,68 25,8 0,57 17,2 0,37 20,2 0,70 13,9 0,42 17,2 0,52 13,1 0,44 15,3 0,63 11,3 0,52 13,7 0,75 6,4 0,66 7,4 0,78 6,0 0,69 7,1 0,80 10,8 0,76 13,7 0,82 9,9 0,73 12,3 0,91 6,1 0,88 7,5 0,94 4,6 0,92 6,6 0,62 6,9 0,32 8,9 0,83 4,7 0,72 6,0 Tabela 15. Relação dos parâmetros estatísticos obtidos nas análises quimiométricas. Componente Especularita Martita Quartzo Fe Hematita Goethita Magnetita ASD/MIR Especularita Martita Quartzo Fe MIR 0,80 0,44 0,69 0,76 20,1 16,0 9,7 6,3 66 0,87 0,68 0,83 0,86 350-40000 350-40000 350-40000 350-40000 15,7 12,6 6,9 4,7 R2C RMSEC R2V RMSECV 0,89 15,3 0,81 21,1 0,70 12,8 0,47 19,4 0,86 6,4 0,74 9,3 0,87 4,7 0,75 7,1 0,90 7,3 0,75 11,8 0,94 4,9 0,84 9,7 0,70 5,2 0,47 8,3 λ (nm) 2500-40000 2500-40000 2500-40000 2500-40000 2500-40000 2500-40000 2500-40000 Componente Especularita Martita Quartzo Fe Hematita Goethita Magnetita ASD/MIR Hematita Goethita Magnetita CARY/MIR 350-40000 350-40000 350-40000 λ (nm) 329-40000 329-40000 329-40000 329-40000 329-40000 329-40000 329-40000 0,90 0,94 0,88 7,3 5,0 4,0 0,80 0,81 0,70 10,5 8,9 6,1 R2C RMSEC R2V RMSECV 0,88 16,1 0,81 20,5 0,67 12,6 0,46 16,0 0,85 6,9 0,70 9,6 0,86 4,8 0,76 6,3 0,91 7,2 0,81 10,3 0,94 5,0 0,81 8,7 0,87 4,0 0,71 5,9 O valor médio de calibração foi de 0,80, contudo as melhores correlações encontradas foram às obtidas no equipamento ASD portátil para martita R2C= 0,84, goethita R2C= 0,96 e magnetita R2C= 0,90, no MIR para especularita R2C= 0,89, para o ferro R2C= 0,87 e para o quartzo correlação de R2C= 0,89, já para a hematita a melhor correlação foi em CARY/MIR com R2C= 0,91. O mineral para o qual se obteve a melhor correlação em todos os equipamentos (CARY, ASD, TENSOR 27) e em todos os comprimentos de onda estudado foi a goethita, com correlações de R2C= 0,91 a R2C= 0,96. Portanto, na média 94% dos valores são explicados pela curva, provavelmente devido à curva de reflectância exibir bandas mais definidas. Foi observado que para alguns minerais os melhores modelos de calibração obtidos, ou seja, os modelos mais robustos de calibração são encontrados quando se seleciona uma dada região espectral, isto é, regiões específicas, se comparada com os modelos obtidos quando se empregam o espectro todo. (Spiegelman et al 1998). Na região em que os óxidos de ferro têm uma resposta espectral constituída por bandas largas, à maior resolução é obtida com o aparelho CARY 5000, equipado com uma esfera de reflectância, em comparação com o equipamento portátil ASD. Entretanto, o ASD forneceu melhores correlações e apresenta uma grande vantagem em relação ao equipamento CARY 5000: por se tratar de um equipamento portátil, as análises podem ser realizadas in situ, diretamente no campo e com uma maior rapidez. As correlações encontradas no estudo para o ferro, hematita, goethita, especularita, martita, quartzo e magnetita estão mostradas na Figuras 39, 40, 41, 42, 43, 44 e 45 respectivamente. 67 5.6.3.3.1 – Ferro Total Figura 39. Representação gráfica das correlações para ferro total, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. 68 5.6.3.3.2 – Hematita Figura 40. Representação gráfica das correlações para hematita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. 69 5.6.3.3.3 – Goethita Figura 41. Representação gráfica das correlações para goethita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. 70 5.6.3.3.4 – Especularita Figura 42. Representação gráfica das correlações para especularita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. 71 5.6.3.3.5 – Martita Figura 43. Representação gráfica das correlações para martita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. 72 5.6.3.3.6 – Quartzo Figura 44. Representação gráfica das correlações para quartzo, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. 73 5.6.3.3.7 – Magnetita Figura 45. Representação gráfica das correlações para magnetita, valores preditos de calibração (azul) e validação (vermelho) versus valores medidos. 74 O teste de validação cruzada foi mais restritivo com vista a avaliar a exatidão do método proposto. Como esperado, os valores das duas estatísticas de validação (R2V e SEV) foram menores que os parâmetros estatísticos de calibração (R2C e SEC), por se tratar a calibração de uma correlação que se leva em conta todas as amostras. Segundo Malley et al. (2004), os valores de calibração para minerais pode ser dividido em quatro categorias. Quando se obtém valores de calibração acima de R2C >0,95, o caso da goethita, considera-se que a calibração foi excelente, valores entre R2C= 0,90 a 0,95, houve uma calibração bem sucedida, por exemplo para hematita, para os valores de R2C entre 0,80 a 0,89 é considerada calibração moderadamente bem sucedida, caso do quartzo, ferro total, da especularita e da martita. Entretanto a maioria das correlações encontradas para a martita é moderadamente útil, por apresentar valores no intervalo de R2C = 0,7 a 0,8. Exceto para a magnetita, todas as calibrações se enquadram nestas quatro categorias. Entretanto isso foi observado devido a duas amostras terem teores elevados de magnetita, o que os torna discrepantes com relação às demais amostras. A inexistência de amostras contendo teores de magnetita em uma ampla faixa de concentração é a causa dos baixos valores de correlação. Portanto, sugere-se que a quantificação da magnetita seja feita a partir de medidas de susceptibilidade magnética. 75 6 – CONCLUSÃO Estudos de caracterização mineral são de suma importância para a área industrial, tanto para a venda do minério de ferro, como para o estudo da melhor rota de beneficiamento que o minério será direcionado, logo é preciso à identificação e quantificação das fases mineralógicas existentes. A técnica atualmente utilizada para a identificação de minerais é a difração de raios X, entretanto a quantificação das fases por esta técnica é grandemente afetada pelos efeitos de stress e orientação preferencial (textura). A microscopia ótica é a técnica de quantificação mais utilizada nas empresas, entretanto possui uma desvantagem em relação à espectroscopia de reflectância difusa: é uma análise demorada que requer cerca de 2 horas entre a preparação da amostra e a análise e entrega dos resultados. A técnica de reflectância difusa é uma análise rápida e barata, que demanda cerca de 5 minutos para se obter um espectro no equipamento CARY. Entretanto requer apenas cerca de 30 segundos para a obtenção do espectro no equipamento ASD e TENSOR 27. Além de rápida, é uma análise fácil de realizada, não há a necessidade de preparação anterior das amostras, se trata de uma análise não destrutiva, e é necessária pouca quantidade de material para ser analisado. Todos os equipamentos apresentaram resultados interessantes, porém o espectrômetro portátil (ASD) leva certa vantagem por poder ser utilizado diretamente no campo, in situ, além de requerer menor tempo de análise. Todos os minerais estudados apresentaram correlações acima de 80%, exceto a martita que foi de 79%, sendo que a goethita apresentou a melhor correlação (96%), para todos os equipamentos. Os modelos de calibração podem ser melhorados e ficarem mais robustos ao se escolher para a análise comprimentos de onda específicos, ou seja, uma parte do espectro, frente ao modelo de calibração quando se usa o espectro todo. Embora se tenha utilizado um número limitado de amostras (113) a metodologia proposta é bastante dinâmica e permite a introdução de outras amostras simplesmente remodelando as curvas de calibração, fazendo assim um modelo de calibração mais robusto. A influência de contaminantes, como caulinita, carbonatos e muscovita nas curvas de regressão não foram avaliadas nestes minérios de ferro, por se tratar 76 geralmente de pequenas quantidades dessas fases. No entanto, sua influência nos espectros de reflectância no intervalo visível pode ser notada. Nossos resultados, juntamente com outros obtidos por outras técnicas (absorção atômica, microscopia ótica, espectroscopia Mössbauer), mostram que a reflectância difusa é uma técnica muito promissora para a possível identificação e quantificação das fases mineralógicas de diversos tipos de minérios. 77 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANCROFT, G.M., Mössbauer Spectroscopy: An Introduction for Inorganic Chemists and Geochemists, John Wiley & Sons, New York, 1973. BARNES, R.J., DHANOA, M.S. e LISTER, S.J. Standard normal variate transformation and de-trending of near-infrared diffuse reflectance spectra. Applied Spectroscopy, 43, 1989, p. 772–777. BARRÓN, V.; MELLO, J.W.V. e TORRENT, J. Caracterização de óxidos de ferro em solos por espectroscopia de Reflectância Difusa. In: NOVAIS, R.F.; ALVAREZ V., V.H. & SCHAEFER, C.E.G.R., eds. Tópicos em ciência do solo. Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2000. v.1, p.139-162. BARRÓN V. e TORRENT J. 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AMOSTRAS ANA 01 ANA 02 ANA 03 ANA 04 ANA 05 ANA 06 ANA 07 ANA 08 ANA 09 ANA 10 ANA 11 ANA 13 ANA 14 ANA 15 ANA 16 ANA 17 ANA 18 ANA 19 ANA 20 ANA 21 ANA 22 ANA 23 ANA 24 ANA 25 ANA 26 ANA 27 ANA 28 ANA 29 ANA 30 ANA 31 ANA 32 ANA 33 ANA 34 ANA 35 ANA 36 ANA 37 ANA 38 ANA 39 ANA 40 ANA 41 ANA 42 ANA 43 ANA 44 ANA 45 ANA 46 ANA 47 ANA 48 ANA 49 ANA 50 ANA 51 ANA 52 MINERAIS IDENTIFICADOS Hematita; Goethita Hematita; Goethita; Magnetita Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Magnetita Hematita; Goethita; Magnetita; Quartzo Hematita; Goethita Hematita; Quartzo; Kaolinita Hematita; Quartzo; Kaolinita Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Magnetita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo; Muscovita Hematita; Magnetita Hematita; Magnetita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo; Kaolinita Hematita; Goethita Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita Hematita; Quartzo Hematita; Goethita Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita Hematita; Goethita Hematita Hematita; Magnetita; Quartzo Hematita; Magnetita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo 87 AMOSTRAS ANA 53 ANA 54 ANA 55 ANA 56 ANA 57 ANA 58 ANA 59 ANA 60 ANA 61 ANA 62 ANA 63 ANA 64 ANA 65 ANA 66 ANA 67 ANA 68 ANA 69 ANA 70 ANA 71 ANA 72 ANA 73 ANA 74 ANA 75 ANA 76 ANA 77 ANA 78 ANA 79 ANA 80 ANA 81 ANA 82 ANA 83 ANA 84 ANA 85 ANA 86 ANA 87 ANA 88 ANA 89 ANA 90 ANA 91 ANA 92 ANA 93 ANA 94 ANA 95 ANA 96 ANA 97 ANA 98 ANA 99 ANA 100 ANA 101 ANA 102 ANA 103 ANA 104 ANA 105 ANA 106 ANA 107 ANA 108 ANA 109 ANA 110 ANA 111 MINERAIS IDENTIFICADOS Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Magnetita Hematita; Goethita; Magnetita Hematita; Goethita; Magnetita; Quartzo Hematita; Goethita; Magnetita Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo; Kaolinita Hematita Hematita; Magnetita Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Kaolinita Hematita; Goethita; Magnetita; Quartzo Hematita; Goethita; Magnetita; Quartzo Hematita; Goethita; Magnetita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo; Kaolinita Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo; Muscovita Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Goethita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita; Quartzo Hematita Hematita; Goethita Hematita; Goethita; Magnetita Hematita; Goethita; Magnetita; Quartzo Hematita; Goethita Hematita; Goethita; Magnetita Hematita; Goethita; Quartzo 88 AMOSTRAS ANA 112 ANA 113 ANA 114 MINERAIS IDENTIFICADOS Hematita; Goethita; Quartzo Hematita Hematita; Magnetita 89