ABN AMRO Asset Management Relatório Econômico e Estratégico Brasil Novembro 2005 ECOECONOMIA - ECONOMIA SOCIOAMBIENTAL Indicadores Outubro Este mês, excepcionalmente, deixaremos de publicar a nota sobre Economia socioambiental. Ibovespa médio 29.975 CENÁRIO EXTERNO - 4,36% no mês + 14,50% no ano IBX médio Apesar das preocupações, poucas mudanças ainda + 0,22% no mês - 13,73% no ano ALTO + 1,40% no mês + 15,69% no ano Dólar CRESCIMENTO INFLAÇÃO BAIXO 1.207 - 1,77% no mês - 0,41% no ano CDI Figura 1 CRESCIMENTO 9.498 - 4,05% no mês + 22,69% no ano S&P 500 RECESSÃO ESTAGFLAÇÃO BAIXA ALTA INFLAÇÃO Sombreado, cenário mais provável no momento e o único benigno para o Brasil Paulo Werneck Chief Investment Officer Hugo Penteado Eduardo Yuki Economics and Strategy Pedro Villani Bruno Erbiste Socially Resp.Investment Gilberto Nagai Claudio Delbrueck Noriko Yokota Eduardo Mendonça Sandra Petrovsky Equity Portfolio Gláucia Quinto Cristina Andréa Cesar Dominguez Equity Research Eduardo Castro Jose Malavasi Ricardo Rossi Sidney Uejima Sergio Zanini Cal Constantino Iehuda Maltz Henrique Ozeas O provável cenário externo ao longo do ano esteve entre quatro possibilidades (Figura 1) que poderiam marcar o passo da economia norte-americana e, conseqüentemente, da mundial. Dentro da arquitetura global extensamente discutida nos relatórios anteriores, nosso cenário base na maior parte do tempo foi favorável para países emergentes: o de crescimento sem inflação. Apesar da maior relevância conquistada pela China e Ásia, os Estados Unidos seguem sendo a principal fonte de demanda por produtos finais no mundo. Em meio a enormes e crescentes desequilíbrios financeiros globais, os norte-americanos ainda são praticamente os únicos compradores de produtos no comércio global. O dinamismo da economia global tem sido marcado pela forte contribuição do crescimento da demanda externa dos EUA. Pode-se dizer que estes são os compradores e os chineses, os vendedores, que ainda fornecem o financiamento para seus clientes, através de um fluxo recorde de empréstimos e investimentos feitos na terra do Tio Sam. Isso mostra o quanto os países estão interdependentes e o quanto essa embrulhada continua sem uma saída honrosa clara, que não cause grandes prejuízos para toda a economia global. É praticamente certo que a correção desses desequilíbrios afetará o mundo, mas ainda não se sabe quanto nem quando. Os números de endividamento dos EUA, de seu déficit externo e de sua balança de serviços da dívida levam a crer que o prazo não deve passar de dois anos e, tratando-se de mercados de risco que antecipam possíveis resultados futuros, pode-se dizer que, embora o cenário externo ainda beneficie a economia brasileira, o ano de 2006 pode ter novamente as instabilidades observadas este ano. Fixed Income Portfolio Sales Team 55 11 3174 9444 1 O fantasma da inflação novamente Recentemente, o mercado ficou apreensivo com a divulgação de uma inflação mensal norte-americana de 1,2% e de 4,7% acumulada nos 12 meses, a mais alta desde junho de 1991. A inflação nas economias do G7 (EUA, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Japão) atingiu 3,2%, a mais alta em 13 anos. Essa alta monumental nos índices de inflação é explicada pelo encarecimento do petróleo. As medidas de núcleo de inflação, que excluem alimentação e energia, mantiveram-se sistematicamente baixas; mesmo assim, aumentou muito no início de outubro o receio de que os preços de petróleo, juntamente com a alta dos salários, acabassem contaminando os demais preços. Esse foi o fato mais marcante por trás do mau comportamento dos mercados de forma geral. Embora, como esperávamos, esse receio tenha diminuído no final do mês, há que se discutir mais profundamente quais são as perspectivas da inflação mundial e verificar se o cenário de crescimento sem inflação continua sendo o mais provável. Essa preocupação se acentuou com a forte elevação dos custos de trabalho observada nos EUA, registrando uma alta de 4,2% no segundo trimestre, a maior em duas décadas. Sabemos que grande parte do processo inflacionário é explicado por esses custos e, com base em evidência empírica, os custos salariais explicam mais ou menos 80% desse processo nos Estados Unidos. É natural que, depois de uma observação dessas, a preocupação com inflação recrudesça, com uma expectativa de elevação maior de juros, implicando também numa desaceleração da economia. A conjunção desses dois fatores – juros mais altos e crescimento menor – no carro-chefe da economia mundial pode abalar todos os mercados disseminadamente. Assim, com base em modelos amplamente usados até agora, a elevação dos custos salariais e dos preços do petróleo certamente levariam à conclusão de que a inflação aumentaria, envolvendo todos os preços da economia. Isso não aconteceu e, embora a pressão do petróleo não seja recente, está claro que há algo novo nessa relação causal entre custos (salariais e petróleo) e inflação. A explicação pode estar nos efeitos da globalização e na presença marcante de forças deflacionárias dos produtos de países emergentes, com salários extremamente baixos e que inundaram o comércio global. Esses custos salariais mais baixos reduziram bastante o poder de repasse das economias mais desenvolvidas. Portanto, a inflação de cada país depende cada vez mais das forças globais do que de fatores domésticos. Para perceber como a relação causal entre inflação e salários sempre abordada em livros-textos de economia foi fundamentalmente alterada, basta ver o cálculo de correlação dessas duas variáveis: de 80% entre 1965 e 1979, caiu para meros 30% nos anos 1991-2004. Trata-se de uma mudança dramática na relação quase direta entre tais fatores domésticos e a inflação nos EUA, e provavelmente isso já vem acontecendo há vários anos. É surpreendente, então, que após um longo período de mudança, o mercado insista num problema inflacionário por relações causais bastante enfraquecidas. Existe, sim, o risco de problema inflacionário, mas por motivos diferentes, e todos ligados a questões globais futuras. Além do enfraquecimento da relação causal já mencionada, há a forte queda do impacto dos preços de produtos importados sobre os índices de inflação. Esse resultado deve-se à competição global mais forte, por meio da qual as empresas têm sido menos capazes de repassar custos para seus consumidores, absorvendo os impactos pela redução das margens de lucro. Mais uma objeção aos livrostextos, que prevêem uma elevação da inflação doméstica pela desvalorização 2 cambial, que encareceria os produtos importados consumidos internamente. A competição global mais intensa impede que as firmas repassem os custos mais altos para os preços. Nenhum desses fatores benéficos para o comportamento da inflação global se alterou ou está ameaçado, e pode-se dizer com segurança que muito provavelmente a inflação nos EUA não será contaminada pelo recente repique. Assim, supondo que não haja nenhum desequilíbrio na economia global entre oferta e demanda, continua válido o cenário externo de crescimento sem inflação. Na verdade, esses desequilíbrios que certamente sobrevirão devem-se à insustentabilidade de atual arquitetura global, já discutida nos relatórios anteriores. Os mercados financeiros têm um viés de curto prazo e não precificam questões que ultrapassem o horizonte temporal de 3 a 6 meses. Se se precificasse o longo prazo, questões socioambinetais insustentáveis, questões fiscais ligadas à falência do sistema previdenciário e outras como a necessidade de mudança da matriz energética acarretariam fortes recuos nos preços. A regra do jogo é: só interessa o curto prazo, o longo prazo não é precificado. De nossa parte, acreditamos que não se devem desconsiderar as questões estruturais de longo prazo, pois o longo prazo um dia será o presente, mas, enquanto ele não for, os mercados não precificarão esses problemas. Isso é uma regra importantíssima para o investidor: mirar nas questões de longo prazo para tomar decisões sobre investimentos é um grave erro. Do ponto de vista da análise de investimentos, é errado basear-se em análises superficiais, incapazes de antecipar mudanças de cenários, realocando os portfólios para evitar perdas. A análise de longo prazo é fundamental, pois, embora não seja um determinante dos preços, é uma importante baliza para eventuais mudanças de cenário. Finalmente, se a inflação nos EUA e alhures não está mais relacionada com fatores domésticos, a avaliação do futuro demanda o exame do equilíbrio entre oferta e demanda global, que tem aumentado com o aparecimento de gigantes industriais entre os emergentes, particularmente por matérias-primas e petróleo. Essas economias vêm produzindo um enorme superávit nas contas correntes, resultado de uma oferta (ou produção) que se expande muito mais depressa que a demanda. O efeito líquido desse processo continua sendo deflacionário, no entanto, o fim da arquitetura global pode trazer o medo da inflação, se as moedas dos emergentes ficarem mais fortes do que o dólar e a demanda doméstica desses países aumentar significativamente, zerando o excedente de oferta que produz forças deflacionárias no mundo hoje. Por enquanto, isso ainda não está no horizonte, mas mostra a mudança de enfoque na questão inflacionária, imprescindível para prever o futuro da inflação, da política monetária do G7 e do comportamento da economia mundial. É mais um aspecto a se observar cautelosamente, dentro do que denominamos arquitetura global, que até o momento só tem trazido bons ventos para países como o Brasil, visíveis no comportamento da nossa moeda e do risco país. 3 BRASIL Reduzimos nossa projeção de crescimento do PIB, mantendo perspectiva favorável nos próximos trimestres Os dados de produção da economia brasileira indicam que o terceiro trimestre deverá apresentar baixo crescimento econômico e, assim, reduzimos nossa projeção de crescimento real do PIB deste ano para 3,0%. Apesar disso, o ritmo da atividade econômica ainda é favorável e compatível com nosso crescimento potencial, beneficiando a queda dos índices de inflação e o ciclo de redução da taxa de juros. Desse modo, acreditamos que o aumento do poder de compra (graças aos baixos índices de inflação), o aumento do emprego, a expansão do mercado de crédito e o próprio ciclo de redução da taxa de juros pelo Banco Central (BC) deverão impulsionar o consumo doméstico e os investimentos nos próximos trimestres. Essa ampliação da demanda doméstica deverá acelerar o crescimento econômico do próximo ano para 3,5%. O crescimento econômico tem apresentado volatilidade ao longo deste ano, alternando um primeiro trimestre fraco (crescimento de +0,4% em relação ao trimestre anterior), uma forte recuperação no segundo (+1,4%) e novamente um baixo crescimento no terceiro (estimativa de +0,1%). Isso deve manter o crescimento médio da economia brasileira próximo do potencial (em torno de +0,7% ao trimestre em 2005), evitando riscos de inflação de demanda. A produção industrial tem apresentado essa dinâmica e cresce próximo do potencial, como mostra a Figura 1. Figura 1 Produção Industrial Efetivo vs. Potencial 115 110 105 100 95 90 85 80 75 Potencial Jan-05 Jan-04 Jan-03 Jan-02 Jan-01 Jan-00 Jan-99 Jan-98 Jan-97 Jan-96 Jan-95 Jan-94 Jan-93 Jan-92 Jan-91 70 Efetivo Nossa perspectiva para a fraca atividade do terceiro trimestre baseia-se principalmente na queda da produção industrial no período (queda de 0,74%). No entanto, essa reversão da produção industrial não indica reversão da tendência positiva, por dois motivos: os dados são muito voláteis e, principalmente, os fundamentos de demanda continuam favoráveis e não se alteraram. Apesar de o setor de serviços corresponder à maior parcela da economia do país (54% do PIB) e de a indústria corresponder a 38% do PIB, os dois setores têm uma relação muito estreita serviços são demandados especialmente pelo setor produtivo, como forma de melhor gerenciamento dos custos de produção. De modo geral, trimestres de crescimento da indústria são acompanhados de expansão de serviços (Figura 2). Dessa forma, a contração da indústria no terceiro trimestre deverá impactar negativamente serviços, o que justifica nossa projeção de baixo crescimento da atividade no trimestre. 4 Figura 2. Abertura do PIB: crescimento real da indústria e de serviços Taxa Crescimento Real do PIB: Indústria e Serviços 12,0% 4,5% 10,0% 4,0% 8,0% 3,5% 2,0% 2,0% 1,5% Set-04 1,0% Mar-05 Set-03 Mar-04 Set-02 Mar-03 Set-01 Mar-02 Set-00 Mar-01 Set-99 Mar-00 Set-98 Mar-99 Set-97 Mar-98 Set-96 Mar-97 Set-95 Mar-96 Set-94 -4,0% Mar-95 -2,0% Mar-94 0,0% 0,5% 0,0% -6,0% -0,5% Indústria Serviços No entanto, acreditamos que os fundamentos de demanda (consumo, investimento, gasto do governo e exportações líquidas) no país continuam robustos, e isso deve manter a perspectiva de retomada do consumo e investimento nos próximos trimestres. A seguir, analisamos os principais componentes de demanda. - Exportações líquidas O forte crescimento do consumo norte-americano gerou uma reaceleração da produção chinesa nos últimos meses (Figura 3). Assim, a China tem aumentado suas importações de insumos de produção e deve beneficiar as exportações de commodities de países emergentes como o Brasil, impactando positivamente nossa produção e emprego nos próximos trimestres. Além disso, a força do setor exportador tem gerado influxo elevado de divisas e valorização cambial, mesmo diante da contínua intervenção do BC, reduzindo os números de inflação. Figura 3 Taxa de Crescimento do Valor Adicionado pela Indústria - China 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% jun-05 set-05 mar-05 dez-04 jun-04 set-04 mar-04 set-03 dez-03 jun-03 mar-03 dez-02 jun-02 set-02 set-01 dez-01 mar-02 jun-01 dez-00 mar-01 jun-00 set-00 mar-00 dez-99 jun-99 set-99 set-98 dez-98 mar-99 jun-98 dez-97 mar-98 set-97 jun-97 dez-96 0,0% -5,0% mar-97 Indústria 2,5% 4,0% - Bens de consumo duráveis O desenvolvimento do crédito consignado tem acarretado redução do risco de crédito, queda consistente da taxa de inadimplência e aumento do prazo do empréstimo, desde meados de 2003. Dessa forma, o país tem expandido rapidamente a oferta de crédito para pessoa física, mesmo diante do ciclo de aumento de juros pelo BC de setembro de 2004 até maio deste ano (Figura 4). 5 Serviços 3,0% 6,0% Figura 4 Mercado de Crédito à Pessoa Física Taxa Crescimento do Crédito 40% 85 35% 80 30% 75 25% 20% 70 15% 65 10% Jul-05 Set-05 Mai-05 Jan-05 Mar-05 Nov-04 Jul-04 Set-04 Mai-04 Jan-04 Tx Crescimento do Crédito PF Mar-04 Nov-03 Jul-03 Set-03 Mai-03 Jan-03 Mar-03 Nov-02 Jul-02 Set-02 Mai-02 Jan-02 60 Mar-02 5% Taxa de Empréstimo (%a.a.) 90 45% Taxa Empréstimo PF - Lado Direito Acreditamos que o ciclo de redução da taxa de juros pelo BC, iniciado em setembro último, deverá aumentar a disposição para a oferta de crédito pelo sistema financeiro, gerando redução da taxa de empréstimo para pessoa física e, conseqüentemente, aumentando a demanda por crédito geral na economia, para além do crédito consignado. Assim, o ciclo de redução da taxa básica de juros deve gerar impulso adicional ao crédito e ao consumo de bens duráveis nos próximos meses. - Bens de consumo semi e não duráveis O aumento do poder de compra (com a queda dos índices de inflação) e o aumento do número de empregos têm expandido a massa salarial (Figura 5). Essa melhora no mercado de trabalho deve impulsionar as vendas de bens de consumo semi e não duráveis nos próximos meses. Figura 5 110 101 106 102 97 98 93 94 Massa Salarial Real Set-05 Jun-05 Mar-05 Dez-04 Set-04 Jun-04 Mar-04 Dez-03 Set-03 Jun-03 Mar-03 Dez-02 86 Set-02 90 85 Jun-02 89 Produção Semi e Não Duráveis 105 Mar-02 Massa Salarial Real Massa Salarial Real e Produção de Bens de Consumo Semi e Não Duráveis Produção Bens de Consumo Semi e Não Duráveis - Formação bruta de capital fixo (investimento) A valorização cambial tem reduzido o custo de importação de máquinas e equipamentos, possibilitado a compra de bens de capital e aumentado a capacidade de produção da indústria nacional diante da perspectiva de crescimento do consumo doméstico. Assim, a absorção de bens de capital tem apresentado crescimento significativo no último trimestre, atingindo o segundo maior patamar histórico (Figura 6). 6 Figura 6. Absorção de bens de capital Absorção de Investimentos s.a. - (MM-3M) 115 110 105 100 95 90 85 80 75 Jul-05 Jul-04 Jan-05 Jul-03 Jan-04 Jul-02 Jan-03 Jul-01 Jan-02 Jul-00 Jan-01 Jul-99 Jan-00 Jul-98 Jan-99 Jul-97 Jan-98 Jul-96 Jan-97 Jul-95 Jan-96 Jul-94 Jan-95 Jul-93 Jan-94 Jul-92 Jan-93 70 O aumento da capacidade de produção, que amplia o produto potencial do país, aliada à valorização cambial, reduziram as projeções de inflação para este e o próximo ano para o centro da meta, e o BC deve manter o ciclo de afrouxamento monetário, atingindo o final do ano com taxa Selic de 18,00% a.a. e encerrar 2006 em 15,00%a.a. Outra componente importante da formação bruta de capital fixo é a construção civil, que tem apresentado uma trajetória favorável nos últimos meses (Figura 7). O setor tem alto poder multiplicador sobre a economia e deverá impulsionar o emprego e a renda da base da sociedade, favorecendo o consumo nos próximos meses. Figura 7. Produção de cimento Produção Nacional de Cimento (mil toneladas) - MM-3M 3.400 3.200 3.000 2.800 2.600 2.400 2.200 2.000 Jan-05 Jan-04 Jan-03 Jan-02 Jan-01 Jan-00 Jan-99 Jan-98 Jan-97 Jan-96 Jan-95 Jan-94 Jan-93 Jan-92 Jan-91 Jan-90 1.800 Por todas essas razões, os fundamentos de demanda continuam positivos, com forte consumo internacional de nossas exportações, aumento do emprego, aumento do poder de compra (diante a queda da taxa de inflação), expansão do mercado de crédito e o impulso adicional do ciclo de redução da taxa de juros pelo BC. A perspectiva para a demanda doméstica continua favorável, e acreditamos que a atividade deverá apresentar taxa de crescimento mais alta nos próximos trimestres, mas ainda próxima ao potencial. Assim, o crescimento econômico deverá acelerar de 3,0% neste ano para 3,5% no próximo, com impulso em todos os setores da economia, proporcionando um maior equilíbrio setorial no país. 7 MERCADO DE AÇÕES Depois de três meses de altas consecutivas, em outubro verificou-se um movimento de realização de lucros no mercado de ações brasileiro. Essa correção técnica foi impulsionada pela divulgação de índices de inflação norte-americanos um pouco acima do esperado, criando uma apreensão no mercado quanto à trajetória da taxa de juros norte-americana. Outubro foi um mês de grande volatilidade, chegando, no pior momento, a – 10,30%. No fechamento do mês, o Ibovespa médio apresentou uma queda de – 4,36 % e o IBX50 médio, de -4,38% , acumulando no ano altas de 14,50% e de 23,26 %, respectivamente. Setorialmente, os destaques positivos foram o setor de telecomunicações fixas (principalmente a Telemar) e os bancos. Os destaques negativos ficaram por conta de alimentos, que sofreram com os casos de febre aftosa e com o temor da gripe aviária, e as empresas de commodities – petróleo e petroquímica,siderurgia e papel e celulose –, devido à clássica correlação entre juros internacionais e atividade econômica. No mês, houve a colocação com grande êxito das ações da Nossa Caixa e das cotas do PIBB, com uma demanda muito acima da oferta. Em novembro, haverá a colocação primária das ações da Cosan (produtora de açúcar e álcool). Para o mês de novembro, acreditamos na continuidade do cenário doméstico benigno e na redução gradativa das incertezas quanto à trajetória dos juros norteamericanos, refletindo-se positivamente no desempenho da Bolsa. MERCADO DE RENDA FIXA Outubro foi um mês de alta volatilidade e de ganhos pontuais na renda fixa. Ganhos pontuais, porque para quem resolveu apostar no corte de 0,50 ponto percentual na reunião do COPOM acertou e teve um ganho razoavel praticamente da noite para o dia. Por outro lado, o real se desvalorizou de R$2,2365 no inicio do mes para R$2,2518, no fechamento com destaque para os leilões de compra do Banco Central. O Risco Brasil, medido pelo EMBI do banco JP Morgan abriu o mês a 341 pontos e fechou o mes a 359, tambem mostrando uma piora na margem. Tivemos um mês repleto de dados um pouco piores da economia americana, gerando um movimento de realizacao nos mercados emergentes. A preocupacao com inflação mais alta e crescimento menor da economia americana fez com que investidores ficassem mais avessos a risco. De qualquer forma, sinais de retomada da atividade nos EUA no final do mês, trouxe de volta um pouco de alívio e tivemos um fechamento de mês melhor do que abertura. De uma maneira geral, continuamos otimistas e vemos valor nos mercados de renda fixa. Acreditamos que o cenário benigno de inflação deve fazer com que o BC continue com o movimento de afrouxamento monetário. Além disso, a dinâmica da economia continua favorável. Estamos observando uma expansão de capacidade produtiva, o que se traduz em uma menor pressão nos preços. Apesar de no momento estar havendo uma certa desaceleração da atividade econômica, esse é um efeito claramente temporario e devemos ter sinais positivos mais para o final do ano. 8 Indicadores Macroeconômicos e Projeções (*) Projeções Última atualização 10/11/05 2002 2003 2004 2005 2006 1,9 0,5 4,9 3,1 3,5 Inflação (IPCA/IBGE) (%) 12,5 9,3 7,6 5,2 4,6 Inflação (IGPM/FGV) (%) 25,3 8,7 12,4 1,3 4,5 Taxa de Câmbio Média (R$/US$) 2,93 3,07 2,92 2,44 2,35 Taxa de Câmbio Final (R$/US$) 3,53 2,89 2,65 2,30 2,40 Saldo em Conta Corrente (US$ bi) (7,7) 2,0 11,8 14,8 na Saldo Comercial (US$ bi) 13,1 24,8 33,7 41,9 36,0 PIB Crescimento Real (%) Taxa de Juro Nominal Final do ano (Selic) 25,0 16,5 17,8 18,0 15,0 Taxa de Juro Nominal Média 19,2 23,2 16,2 19,0 15,4 Taxa de Juro Real (deflacionado pelo IPCA) 5,9 12,8 8,0 13,17 10,3 Dívida Pública (% do PIB) 55,5 58,2 51,7 51,5 51,6 Resultado Nominal do Setor Público (% do PIB) 10,3 3,6 2,5 3,0 1,8 Resultado Primário do Setor Público (% do PIB) (3,9) (4,25) (4,58) (4,25) (4,25) (*) As áreas sombreadas são projeções. As informações contidas neste documento são publicadas apenas para auxiliar os usuários, não devendo ser utilizadas de forma autoritária ou em substituição ao exercício do julgamento próprio do usuário. Essas informações e opiniões foram compiladas ou obtidas junto a fontes consideradas confiáveis e em boa-fé, mas nenhuma representação ou garantia é dada acerca de sua exatidão, integralidade ou precisão. Este documento não é, e não deve ser interpretado como, uma oferta de venda ou solicitação de uma oferta de compra de qualquer título ou valor mobiliário. Todas as opiniões e estimativas nele contidas constituem nosso julgamento relevante nesta data e estão sujeitas a alteração sem aviso. 9