Universidade Federal do Rio de Janeiro AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Christiane Alves de Lima 2011 AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Christiane Alves de Lima Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para a obtenção do Título de Doutor em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos) Orientador: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Rio de Janeiro Março de 2011 Ampliação lexical qualitativa em E/LE iii Christiane Alves de Lima AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Christiane Alves de Lima Orientadora: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Estudos Linguísticos Neolatinos. Aprovada por: ___________________________________________________________ Presidente, Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio (UFRJ) ___________________________________________________________________ Profª. Doutora Tânia Reis Cunha – UFRJ ___________________________________________________________________ Profª. Doutora Katia Ferreira Fraga – UFPB ___________________________________________________________________ Profª. Doutora Ângela Maria da Silva Correa - UFRJ ___________________________________________________________________ Profª. Doutora Luciana Maria de Almeida Freitas - UFF ___________________________________________________________________ Profª. Doutora Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold - UFRJ (Suplente) ___________________________________________________________________ Profª. Doutora Vera Albuquerque Sant’Ánna – UERJ (Suplente) Rio de Janeiro Março de 2011 Ampliação lexical qualitativa em E/LE iv Christiane Alves de Lima Lima, Christiane Alves de. Ampliação lexical qualitativa em espanhol como língua estrangeira / Christiane Alves de Lima. – Rio de Janeiro: UFRJ / FL, 2011. xx, 290 f.; il.; 31 cm. Orientadora: Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio Tese (doutorado) – UFRJ / FL / Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas, 2011. Referências bibliográficas: f. 250-268. 1. Teorias Linguísticas. 2. Didática das línguas. 3. Abordagem lexical 4. Linguística de Corpus. 5. Inferência lexical. I. Lagorio, Maria Aurora Consuelo Alfaro. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas. III. Título. Ampliação lexical qualitativa em E/LE v Christiane Alves de Lima Ao meu eterno companheiro, Deus, que, ao longo dos anos, vem me colocando à prova na superação das agruras da vida, estendendo-me seu amor como signo de fé na pessoa que eu sou, capaz de transpor os obstáculos em seu Nome. Se o devido valor fosse dado a cada dádiva sua, não haveria tanta ingratidão. Obrigada por me permitir abrir os olhos a cada manhã! Ampliação lexical qualitativa em E/LE vi Christiane Alves de Lima Ao meu pai, Antonio, que, na modéstia do saber, burilou-me com a sensível percepção de mundo, abrindo-me as portas do conhecimento. À minha mãe, Dina, que me ensinou a trilhar o caminho correto da vida e compartilhou comigo o regozijo de cada vitória. Aos meus amores, Marcelo e Matheus, pela mera complacência de me amar, completando a minha vida, serenando a minha alma. A todas as mulheres guerreiras, exemplo de força e coragem. Ampliação lexical qualitativa em E/LE vii Christiane Alves de Lima Ao mundo verde-oliva, habitat de experimentações humanas, o meu muito obrigada. Ampliação lexical qualitativa em E/LE viii Christiane Alves de Lima De forma inexplicável, entrei em nova aventura. Naveguei por mundos além dos meus horizontes. Trilhei caminhos por ora tortuosos, por ora frutíferos. Entre indas e vindas, superei obstáculos, alcancei resultados, obtive a glória. Em meu desabrochar intelectual, amparando-me, encontrei os verdadeiros amigos. Agradeço o apoio o qual jamais esquecerei. Obrigada a todos! Ampliação lexical qualitativa em E/LE ix Christiane Alves de Lima AGRADECIMENTOS À Profa Dra Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio, que nesses anos de convívio acadêmico, vem contribuindo de forma significativa para a minha formação. Exemplo a ser seguido, agradeço-lhe por ter compartilhado o seu conhecimento e pela paciência ao longo dessa trajetória. Aos ex-comandantes da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, General Castro, General Villas Bôas e General Abreu, ao atual comandante, General Araújo, aos exsubcomandantes, General Monteiro e Coronel Vilemar, ao atual subcomandante, Coronel Saturnino, aos ex-chefes de Divisão de Ensino, Coronel Bandeira, Coronel Alves e Coronel Vianna Peres, ao atual chefe, Coronel Bianco e, às ex-chefes da Seção de Idiomas, Major Maristela e Major Claudia Brito, pelo incentivo e pela concessão para a realização do curso de Doutorado, na certeza do retorno positivo para a Força Terrestre. Aos companheiros de labuta verde-oliva, Andréa Firmo, Vilas Boas, Laviola, Shirlei Porto e Augusto, pela parceria, cumplicidade e compreensão, principalmente, na fase final dessa pesquisa. Aos demais companheiros castrenses que foram solidários e compreensivos durante o tempo dedicado a esse projeto acadêmico. Aos amigos confidentes, Ana Cardoso, Viviane Lima, Sara Araújo, Daniel Soares e Renato Vasquez, que sempre estiveram dispostos a ajudar-me, encorajando-me nas horas de desânimo. Ao anjo personificado, Mônica Benarroz, pela constante demonstração de amor fraternal em suas orações, nos seus conselhos e na sua co-orientação informal em todos os momentos em que precisei. A todos os professores e profissionais da Pós-graduação da Letras/UFRJ que contribuíram para a realização dessa pesquisa. E, a todos aqueles que de fato me permitiram prosseguir e concluir esse trabalho. Ampliação lexical qualitativa em E/LE x Christiane Alves de Lima “¿Qué es la vida?: un frenesí. ¿Qué es la vida?: una ilusión, una sombra, una ficción; y el mayor bien es pequeño, que toda la vida es sueño, y los sueños, sueños son.” “O que é a vida? um frenesi. O que é a vida? uma ilusão, Uma sombra, uma ficção; e o maior bem é pequeno, que toda a vida é sonho, e os sonhos, sonhos são.” Calderón de La Barca Ampliação lexical qualitativa em E/LE xi Christiane Alves de Lima RESUMO AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Christiane Alves de Lima Orientadora: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio Resumo de Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Estudos Linguísticos Neolatinos. O componente léxico se constitui em um dos constructos relevantes da linguagem que possibilita o acionamento da interação social. O tratamento lexical está intrinsecamente vinculado à concepção de língua que orienta as vertentes metodológicas em LM e LE. Considerando o processo de ampliação lexical qualitativa em espanhol como LE, realizamos, nesta investigação, um estudo de caso, qualitativo e de cunho etnográfico, que consiste na análise do processamento inferencial dos léxicos blanco, repliegue e hostigamiento a partir da leitura de textos que os apresentaram semanticamente recontextualizados. A atividade foi realizada por um grupo de aprendizes brasileiros de espanhol em uma instituição militar de ensino superior localizada na cidade do Rio de Janeiro. Refletimos sobre a função do léxico nas Ciências da Linguagem, analisamos o lugar que tem ocupado no processo de ensino e aprendizagem de LE, avaliamos as contribuições da Linguística de Corpus no ensino de línguas e discutimos o processo de inferenciação lexical, bem como o de reconstrução do sentido do componente léxico que se apresenta semanticamente contextualizado em textos de diferentes assuntos. Os dados foram coletados através de questionários, gravações em áudio, protocolo verbal dialogado e atividades de compreensão leitora, sendo analisados quantitativa e qualitativamente. Os resultados da análise demonstraram que predomina a concepção de decodificação. Embora se perceba que o sentido lexical se constrói pelas circunstâncias contextuais, evidenciamos a tentativa de recuperar interpretações construídas em contextos diferentes. As estratégias lexicais que se sobressaíram foram: identificação do significado dicionarizado, tradução direta, transferência semântica a partir da semelhança fônica com o português, palpite/ dedução, abandono do léxico, negociação do sentido a partir de pistas textuais irrelevantes ou inadequadas. Palavras-chave: ciências da linguagem, didática das línguas, linguística de corpus, abordagem lexical, inferenciação, sentidos recontextualizados. Rio de Janeiro Março de 2011 Ampliação lexical qualitativa em E/LE xii Christiane Alves de Lima RESUMEN AMPLIACIÓN LEXICAL CUALITATIVA EN ESPAÑOL COMO LENGUA EXTRANJERA Christiane Alves de Lima Orientadora: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio Resumen de Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Estudos Linguísticos Neolatinos. El componente léxico se constituye en uno de los constructos relevantes del lenguaje que posibilita el accionar de la interacción social. El tratamiento lexical está intrínsecamente vinculado a la concepción de lengua que orienta las vertientes metodológicas en LM y LE. Considerando el proceso de ampliación lexical cualitativa en español como LE, realizamos, en esta investigación, un estudio de caso, cualitativo y de cuño etnográfico, que consiste en el análisis del procesamiento de inferencia de los léxicos blanco, repliegue y hostigamiento a partir de la lectura de textos que los apresentaron semánticamente recontextualizados. La actividad se realizó con un grupo de aprendices brasileños de español en una institución militar de enseñanza superior ubicada en la ciudad de Río de Janeiro. Reflexionamos sobre la función del léxico en las Ciencias del Lenguaje, analizamos el lugar que sigue ocupando en el proceso de enseñanza y aprendizaje de LE, evaluamos las contribuciones de la Lingüística de Corpus en la didáctica de lenguas y discutimos el proceso de inferencia lexical, así como el de reconstrucción del sentido del componente léxico que se presenta semánticamente contextualizado en textos de diferentes asuntos. Los datos han sido colectados a través de cuestionarios, grabaciones en audio, protocolo verbal dialogado y actividades de comprensión lectora, siendo analizados cuantitativa y cualitativamente. Los resultados del análisis demostraron que predomina la concepción de descodificación. Aunque se perciba que el sentido lexical se construye por las circunstancias contextuales, evidenciamos el intento de recuperar interpretaciones construidas en contextos distintos. Las estrategias lexicais que se sobresalieron fueron: identificación del significado registrado en diccionarios, traducción directa, transferencia semántica a partir de la similitud fónica con el portugués, deducción, abandono del léxico, negociación del sentido a partir de pistas textuales irrelevantes o inadecuadas. Palabras claves: ciencias del lenguaje, didáctica de lenguas, lingüística de corpus, abordaje lexical, inferencia, sentidos recontextualizados. Rio de Janeiro Março de 2011 Ampliação lexical qualitativa em E/LE xiii Christiane Alves de Lima ABSTRACT AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Christiane Alves de Lima Orientadora: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio Abstract de Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Estudos Linguísticos Neolatinos. The component lexicon consists of one of the relevant language constructs that make it possible the social interaction actuation. The lexical treatment is intrinsically bound to the language conception that regulates the methodological strands in the Mother Language and Foreign Language. Considering the qualitative lexical increase process in Spanish as a Foreign Language, we carried out a qualitative ethnographic-based case study in this investigation that consists of inferential processing analysis of the lexicon blanco, repliegue and hostigamiento from text reading that presented them semantically recontextualized. The activity was carried out by a group of Brazilian Spanish learners at a universtiy-leveled military institution located in Rio de Janeiro city. We reflect on the role of the lexicon in the sciences of language, we analised the role that the lexicon has being performing in the Foreign Language teaching and learning process, we evaluated the contributions of the Corpus Linguistics in the language teaching and we discussed the lexical inference process as well as the meaning reconstruction of the component lexicon that presents itself semantically contextualized in texts of different subjects. The data was collected by means of questionnaires, audio recordings, dialog-based oral protocol and reading comprehension activities and it was analised both in the quantitative and qualitative way. The analysis results demonstrated that the decodification concept predominates. Even though it is realized that the lexical meaning is made by the contextualized circumstances, we pointed out the attempt of recovering interpretations made in different contexts. The lexical strategies that protude the most were: identification of the dictionary-based meaning, direct translation, semantic transference from the phonic similiarity to Portuguese, guess/deduction, abandon of the lexicon, meaning negotiation from irrelevant or inadequate textual hints. Keywords: sciences of language, language didactics, Corpus Linguistics, Lexical Approach, inference process, recontextualized meanings. Rio de Janeiro Março de 2011 Ampliação lexical qualitativa em E/LE xiv Christiane Alves de Lima SUMÁRIO Lista de figuras ................................................................................................................................ Lista de tabelas ................................................................................................................................ Listas de graficos............................................................................................................................. Lista de quadros ............................................................................................................................... INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. CAPÍTULO 1. O LÉXICO E AS TEORIAS LINGUÍSTICAS ................................................ 1.1. O lugar do léxico .............................................................................................................. 1.2. O léxico nos diversos paradigmas .................................................................................... 1.3. A Gramática Normativa ................................................................................................... 1.4. O Estruturalismo .............................................................................................................. 1.5. A Gramática Gerativa ...................................................................................................... 1.6. A Pragmática .................................................................................................................... 1.7. A Análise do Discurso ..................................................................................................... 1.8. A Análise da Conversação ............................................................................................... 1.9. A Linguística Textual ...................................................................................................... 1.10. A Sociolinguística ............................................................................................................ 1.11. O Ensino/aprendizagem de léxico em LE......................................................................... CAPÍTULO 2. O COMPONENTE LEXICAL: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA NA DIDÁTICA DAS LÍNGUAS ......................................................................................................... 2.1. O Método Gramática/Tradução ....................................................................................... 2.1.1. O lugar do léxico no método Gramática/Tradução .......................................................... 2.2. O Método Direto .............................................................................................................. 2.2.1. O lugar do léxico no método Direto ................................................................................ 2.3. O Método Audiolingual ................................................................................................... 2.3.1. O lugar do léxico no método Audiolingual ...................................................................... 2.4. O Método Comunicativo ................................................................................................. 2.4.1. O lugar do léxico no método Comunicativo .................................................................... 2.5. Quadro geral das principais perspectivas metodológicas ................................................ CAPÍTULO 3. A ABORDAGEM LEXICAL EM LÍNGUA ESTRANGEIRA..................... 3.1. A competência léxica ....................................................................................................... 3.2. A competência estratégica ............................................................................................... 3.3. A competência leitora ...................................................................................................... 3.4. xvii xviii xiv xx 1 8 8 9 10 13 18 22 23 25 27 29 30 34 34 36 46 49 55 59 64 69 76 81 81 85 88 A negociação de sentidos ................................................................................................. 91 3.5. A inferenciação ................................................................................................................ 3.6. A Linguística de Corpus .................................................................................................. 3.6.1. A perspectiva da língua em uso ....................................................................................... 3.6.2. A concepção de corpus .................................................................................................... 3.6.3. O corpus e o ensino de línguas ........................................................................................ 3.7. Lexical Approach ............................................................................................................. 3.7.1. As colocações (collocations) ........................................................................................... CAPÍTULO 4. O QUADRO METODOLÓGICO ..................................................................... 4.1. A base da pesquisa ........................................................................................................... 4.2. Problemas e hipóteses ...................................................................................................... 4.3. A construção do recorte metodológico ............................................................................ 4.3.1. O protocolo verbal ........................................................................................................... 4.3.2. As etapas da pesquisa ....................................................................................................... CAPÍTULO 5. A ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................. 92 97 97 100 107 115 119 126 126 127 130 130 133 143 Ampliação lexical qualitativa em E/LE xv Christiane Alves de Lima 5.1. As representações do conceito de léxico ......................................................................... 5.1.1. O questionário de sondagem …........................................................................................ 5.1.2. As oportunidades de aprendizagem ................................................................................. 5.1.3. O léxico na leitura ............................................................................................................ 5.2. As estratégias inferenciais dos alunos na compreensão lexical ....................................... 5.2.1. A inferenciação cotextual e contextual ............................................................................ 5.2.2. A inferenciação a partir do conhecimento em LM .......................................................... 5.2.3. A inferenciação a partir do conhecimento técnico ........................................................... 5.2.4. A inferenciação a partir do conhecimento de mundo ...................................................... 5.2.5. A inferenciação a partir do campo temático .................................................................... 5.2.6. A inferenciação pelo processo imagético ........................................................................ 5.2.7. A inferenciação pelo processo de pareamento de palavras .............................................. 5.3. As estratégias de outra natureza na compreensão lexical ................................................ 5.3.1. O abandono da leitura do texto ........................................................................................ 5.3.2. O apoio na formatação tipográfica do léxico ................................................................... 5.3.3. O apoio na leitura em voz alta ......................................................................................... 5.3.4. A construção do sentido através de hipóteses .................................................................. 5.3.5. O revezamento espontâneo/deliberado de turno .............................................................. 5.3.6. Os conhecimentos linguísticos em outras línguas ........................................................... 5.3.7. A contribuição do aprendiz não iniciante ........................................................................ 5.3.8. A ativação de esquemas mentais....................................................................................... 5.3.9. A interação com outras duplas ......................................................................................... 5.3.10. A recuperação do sentido construído em outros contextos .............................................. 5.4. A composição dos sentidos do léxico contextualizado .................................................... 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... ANEXOS ........................................................................................................................................ Anexo A – autorização dada pelo informante para o uso de dados coletados ................................. Anexo B – questionário de sondagem do perfil dos informantes .................................................... Anexo C – questionário de sondagem do conceito de léxico e do processo de ensinoaprendizagem ................................................................................................................................... Anexo D – protocolo verbal dialogado do componente léxico blanco ........................................... Anexo E – 1º texto referente a blanco ............................................................................................. Anexo F – 2º texto referente a blanco ............................................................................................. Anexo G – 3º texto referente a blanco ............................................................................................ Anexo H – 4º texto referente a blanco ............................................................................................ Anexo I – protocolo verbal dialogado do componente léxico repliegue ......................................... Anexo J – 1º texto referente a repliegue .......................................................................................... Anexo K – 2º texto referente a repliegue ........................................................................................ Anexo L – 3º texto referente a repliegue ......................................................................................... Anexo M – 4º texto referente a repliegue ........................................................................................ Anexo N – compreensão leitora do texto relacionado a hostigamiento .......................................... Anexo O – quantificação dos dados referentes aos grupos A e B ................................................... Anexo P – CD-ROM com as gravações em MP3 e as transcrições das interações aluno-aluno realizadas nas atividades de compreensão dos componentes léxicos blanco e repliegue .............. 144 144 163 172 195 195 197 198 203 205 208 209 211 211 213 214 216 220 222 223 223 226 227 230 244 250 269 270 271 274 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286 287 290 Ampliação lexical qualitativa em E/LE xvi Christiane Alves de Lima LISTA DE FIGURAS Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Figura 24 Figura 25 Figura 26 Figura 27 Figura 28 Figura 29 Figura 30 Figura 31 Figura 32 Figura 33 Figura 34 Figura 35 Exercício com foco no uso gramatical do componente léxico. Exercício com foco no significado das palavras-alvo. Exercício com foco na aplicação da tradução direta para o espanhol. Exercício com foco na significação de um determinado número de palavras. Exercício com foco no significado das palavras-alvo. Exercícios com foco no aspecto denotativo do componente léxico. Exercício com foco na utilização do diálogo para chamar a atenção para as palavras novas. Exercício com foco na significação de um determinado número de palavras. Exercício com foco na significação de um determinado número de palavras. Exercício com foco na significação de um determinado número de palavras. Exercício com foco no aspecto gramatical para chamar a atenção para as palavras novas. Exercício com foco na utilização do diálogo para chamar a atenção para as palavras novas. Recurso visual complementar para as estruturas e palavras novas. Exercício com foco na utilização de cores diferentes no ensino e prática das palavras novas. Recurso visual complementar para as estruturas e palavras novas. Exercícios com foco na utilização de figuras diferentes no ensino e prática das palavras novas. Exercício com foco na utilização de figuras diferentes no ensino e prática das estruturas e palavras novas. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício com foco no aspecto colocacional para chamar a atenção para o uso de expressões lexicais. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo semântico. Exercício do tipo campo estratégico. Exercício do tipo campo estratégico. 37 38 40 41 43 48 50 52 53 58 60 62 63 66 68 70 71 72 72 73 74 75 85 87 103 104 105 106 109 111 111 112 122 123 124 Ampliação lexical qualitativa em E/LE xvii Christiane Alves de Lima LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 perspectiva tradicional: léxico e processo de ensino-aprendizagem. perspectiva cognitiva: léxico e processo de ensino-aprendizagem. perspectiva qualitativa: léxico e processo de ensino-aprendizagem. oportunidades de aprendizagem: atividades de compreensão oral. oportunidades de aprendizagem: atividades de compreensão escrita. oportunidades de aprendizagem: atividades de expressão oral. oportunidades de aprendizagem: atividades de expressão escrita. 154 156 162 168 169 170 171 Ampliação lexical qualitativa em E/LE xviii Christiane Alves de Lima LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Gráfico 8 Gráfico 9 Gráfico 10 comprometimento pessoal com os estudos linguísticos fora de sala de aula. estudo formal de idiomas antes de ingressar na formação de nível superior profissional-militar. idioma curricular na formação de nível superior profissional-militar. estudo formal de idiomas após concluir a formação superior profissionalmilitar. estudo formal de idiomas após a formação superior. quantitativo de interessados no CID e no TCL (grupo A). quantitativo de interessados no CID e no TCL (grupo B). formação superior em outras áreas do conhecimento profissional. informantes que serviram em OM próxima à fronteira. utilização da língua estrangeira na vida profissional. 166 287 287 287 288 288 288 289 289 289 Ampliação lexical qualitativa em E/LE xix Christiane Alves de Lima LISTA DE QUADROS Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 Quadro 4 Quadro 5 Quadro 6 Quadro 7 Quadro 8 Léxico nas teorias linguísticas. Léxico na didática das línguas. Perspectiva metodológica do ensino de línguas. Estruturação do questionário de sondagem 1. Estruturação do questionário de sondagem 2. Agrupamento das respostas relativas a blanco. Agrupamento das respostas relativas a repliegue. Agrupamento das respostas relativas hostigamiento. 33 79 80 138 139 193 194 a 242 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 1 Christiane Alves de Lima INTRODUÇÃO A problematização da abordagem do léxico no ensino de línguas estrangeiras (LE) constitui objeto de estudo da Linguística. O componente lexical tem sido visto como um dos elementos representativos no sistema da língua. Para o senso comum, o desenvolvimento do conhecimento lexical é uma prática social que se estabelece tanto em sala de aula como nas interações extraclasses, nas quais os aprendizes são expostos continuamente a diferentes níveis semânticos de constructos lexicais, construindo, de forma espiral, seu conhecimento de mundo. A aquisição da bagagem lexical se configura como meio que possibilita aprender e internalizar as estruturas gramaticais desenvolvidas em diferentes contextos comunicativos. Desse modo, o léxico é percebido como elemento auxiliar no processo de aprendizagem de uma língua. O processo de ensino do léxico no percurso histórico dos principais métodos e enfoques na didática das línguas está intrinsecamente relacionado à forma de conceituar a língua. Assim sendo, a abordagem de ensino em L2/LE, considerando a língua como objeto ou a língua em uso, definirá o tipo de aproximação lexical. A aprendizagem de uma língua estrangeira pode parecer um processo desafiador quando é representada como uma necessidade de desenvolver um vasto repertório de palavras. Nesse processo, a idealização de um falante eficiente está fundamentada na construção de um conhecimento lexical quantitativo e não qualitativo. A análise das diversas perspectivas metodológicas no ensino de línguas estrangeiras, no que tange ao léxico, pode dar pistas das representações lexicais em cada uma dessas propostas. Dessa maneira, a motivação inicial deste trabalho surge a partir da existência de discussões sobre o tratamento que tem sido dado ao léxico na didática das línguas, nas quais ressaltamos os estudos de Gattolin (1998, 2005), Izquierdo Gil (2003), Pérez-Ávila (2006) e Ampliação lexical qualitativa em E/LE 2 Christiane Alves de Lima Scaramucci (1995). Entretanto, são poucos os estudos nessa temática. Considerando a análise das perspectivas metodológicas na didática das línguas e a complexidade/dinamismo do componente lexical, propomos uma abordagem de ensino qualitativa a partir do processo de inferenciação em textos contextualizadores em sala de aula. No tocante ao ensino da língua espanhola como língua estrangeira, não identificamos nenhum trabalho dessa natureza. Com relação à relevância da contextualização lexical, Gattolin (1998), em sua pesquisa sobre motivação e aprendizagem do léxico em língua inglesa, ao chamar a atenção para a sistematização lexical em sala de aula, destaca que a apresentação do item lexical em diferentes contextos contribui para o processo de aprendizagem. Opinião semelhante enfatiza Rodrigues (2008, p. 33), em sua pesquisa sobre as percepções dos professores e alunos sobre o ensino e aprendizagem do léxico em inglês, na qual defende que “o professor que acredita que o ensino de vocabulário é um aspecto realmente importante no processo de aprendizagem de línguas deveria pensar em qual seria a melhor estratégia para explicar determinada palavra”, e levar em consideração “sugestões sobre como lidar com o léxico em sala de aula, procurando fazê-lo de forma contextualizada” (GATTOLIN, 2008, p. 43), pois a natureza do componente léxico se evidencia a partir da análise de diversos contextos. Dessa maneira, esta tese tem como proposta de investigação analisar a relevância da abordagem lexical qualitativa, em contexto educacional de ensino-aprendizagem de espanhol como língua estrangeira. Com relação à ampliação lexical, nos inquieta analisar o tratamento dado ao léxico na história das correntes metodológicas de línguas, em que o ensino lexical, segundo afirmam Scaramucci (1995), Gattolin (1998, 2005), Cervero e Pichardo Castro (2000), Morante Vallejo (2005b) e Zaidan (2008) tem sido desconsiderado, abordado inadequadamente e, por muitas vezes, posto em segundo plano ao longo das diversas concepções de ensino e aprendizagem cotejadas nos últimos anos. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 3 Christiane Alves de Lima Nessa perspectiva, as mais recentes discussões, em particular, os estudos da Linguística de Corpus, da Psicologia Cognitiva bem como o interesse da Linguística e dos professores de línguas pelo estudo lexical dentro do contexto de sala de aula - que discutem a relativização da aprendizagem do léxico – também nos dão indícios do reconhecimento do seu papel na construção discursiva. No panorama histórico da didática das línguas, a abordagem lexical nos métodos de ensino de línguas estrangeiras, desenvolvidos em contextos educacionais, apresenta uma tendência a colocar em papel secundário o componente léxico (ABADÍA, 2000; CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000), sendo apresentado como suporte linguístico, isto é, um meio e não um fim em si mesmo dentro do processo de aprendizagem. Na perspectiva cognitiva, o indivíduo se apropria do conhecimento novo a partir de redes de esquemas mentais (BARALO, 2001). Agrupam-se as palavras a partir de suas relações semânticas, acionando o processamento das informações de forma lógica. Dessa maneira, à medida que novos conhecimentos vão sendo apropriados, as redes de informações estão constantemente sendo reorganizadas, levando em consideração as conexões lexicais préexistentes, apresentando-as relacionadas. Desse modo, a probabilidade de armazená-las e recuperá-las em um prazo longo de tempo é maior. As discussões sobre o lexicón mental, na Psicologia Cognitiva (BARALO, 1997, 2001; BROWN, 1980; AITCHISON, 1987), em que o indivíduo processa e reorganiza seu conhecimento prévio, caracterizam o aspecto dinâmico da construção lexical. Nesse sentido, corroboramos com Morante Vallejo (2005b, p. 26) que: aprender palavras não é um ato acumulativo, baseado na memorização, mas que se trata de um processo cognitivo complexo, que dá lugar ao desenvolvimento de um lexicón mental. O conhecimento compreendido no lexicón implica tanto conhecer as peças léxicas que o conformam, como conhecer as relações que estabelecem, suas propriedades e as regularidades e arbitrariedades do seu uso1. 1 aprender palabras no es un acto acumulativo, basado en la memorización, sino que se trata de un proceso cognitivo complejo, que da lugar al desarrollo de un lexicón mental. El conocimiento comprendido en el lexicón implica tanto conocer las piezas léxicas que lo conforman, como conocer las relaciones que establecen, sus propiedades y las regularidades y arbitrariedades de su uso Ampliação lexical qualitativa em E/LE 4 Christiane Alves de Lima Com relação à natureza semântica, a negociação de significados que se estabelece a partir da contextualização lexical não tem feito parte da prática pedagógica nas representações metodológicas desenvolvidas no contexto de ensino de línguas estrangeiras. A noção do discurso, que é a base da construção de sentidos, não tem sido levada em conta na maioria das abordagens em LE. A língua em uso apresenta uma diversidade significativa do componente lexical, sendo abordada pela sociolinguística variacionista. Esse contexto nos levou, portanto, a: 1) identificar e analisar que concepções de léxico um determinado grupo de aprendizes brasileiros de espanhol como língua estrangeira representa na atividade de leitura; 2) reconhecer e comentar as estratégias lexicais que são colocadas em prática em uma proposta de compreensão leitora e; 3) analisar como os informantes reformulam a composição de sentidos, em seus esquemas mentais, quando o léxico se apresenta semanticamente contextualizado em textos que abordam diferentes assuntos. O ponto de partida deste trabalho consiste em uma discussão sobre o tratamento do léxico nas metodologias de ensino de línguas estrangeiras e seu lugar dentro de uma proposta de leitura interacional, propondo uma abordagem qualitativa a partir da contextualização lexical da língua em uso. Com base nas teorias da Linguística, o trabalho apresenta uma discussão sobre o papel do léxico nas correntes teóricas das ciências da linguagem segundo a perspectiva de Martelotta (2008), Kenedy (2008), Costa (2008) e Dubois et al (1998). Considerando as propostas de compreensão leitora (KLEIMAN, 1996; KATO, 1999, 2002), a pesquisa apresenta uma análise das vertentes metodológicas de ensino de línguas a partir das observações de Richards e Rodgers (1998), Richards e Lockart (1986), Abadía (2000), Omaggio (1986) e Cervero e Pichardo Castro (2000). A perspectiva da Linguística de Corpus e do Enfoque Léxico, discutidos em Sardinha (2000, 2004) e em Lewis (1997, 2002), Ampliação lexical qualitativa em E/LE 5 Christiane Alves de Lima respectivamente, traçam um olhar crítico sobre o componente léxico. O aspecto teórico do processo inferencial apresentado por Kleiman (1996), Kato (1999, 2002) e Marcuschi (1999) pode dar pistas da construção do sentido lexical. Dessa maneira, orientando-nos pela corrente funcionalista e a partir de uma proposta de atividade de leitura em língua estrangeira, que implica a inferenciação e a negociação de sentidos, nossa hipótese principal é que a construção do sentido do léxico guarda uma relação com a perspectiva normativa dos conceitos de língua e de léxico adquiridos pelo aprendiz na aprendizagem de línguas. A estratégia lexical mais recorrente do aluno no processo de negociação do significado tende a ser tradução literal. Nessa perspectiva, o aprendiz deveria fazer uso da técnica de inferência lexical a partir da construção do sentido implícito no contexto. Entretanto, percebemos que os aprendizes trazem uma memória de uma prática de leitura decodificadora, em que se processa o texto unidirecionalmente, cujo sentido do componente léxico se estabelece pela tradução isolada. Para essa tese, selecionamos, como informantes, alunos de uma instituição militar de ensino superior, que pertencem a duas turmas de espanhol. Sendo todos do sexo masculino, apresentam, em média, trinta e três anos e são procedentes de diversas regiões do Brasil. Possuem nível intermediário da língua estrangeira, sendo que grande parte realizou o estudo formal de inglês. Aplicamos um questionário (anexo B) para identificar quem era o informante; sua trajetória com o ensino de línguas; as relações estabelecidas entre o conhecimento linguístico e o uso deste no contexto profissional e; avaliar seu comprometimento com a aprendizagem extraclasse e os procedimentos adotados no processo de autoaperfeiçoamento linguístico. Aplicamos um segundo questionário (anexo C) para identificar as concepções de léxico e de processo de ensino-aprendizagem em LE, considerando as principais tendências do léxico na didática de línguas (MORANTE VALLEJO, 2005b): perspectiva tradicional, perpectiva cognitiva e perspectiva qualitativa. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 6 Christiane Alves de Lima No universo considerado, apoiando-nos nas informações do primeiro questionário, selecionamos os indivíduos que comporiam as oito duplas e que fariam parte da próxima etapa. Mesclamos alunos com diferentes conhecimentos prévios de língua estrangeira e com distintas experiências profissionais e pessoais. Elaboramos um protocolo verbal dialogado (anexo D e I) que foi aplicado às duplas, em que levamos em consideração a utilização de textos retirados da internet. Selecionamos e aplicamos a sequência de quatro textos diferentes (anexo E, F, G e H) a quatro duplas, sendo distribuídos à medida que completavam o instrumento introspectivo. O objetivo era analisar como esses indivíduos reformulariam o sentido do componente léxico blanco em cada contexto. Selecionamos e aplicamos a sequência de quatro textos diferentes (anexo J, K, L e M) as demais duplas, nos mesmos moldes adotados com as duplas anteriores, com o objetivo de analisar como reformulariam o sentido do componente léxico repliegue em cada contexto. Foram distribuídos gravadores de voz (MP3) às duplas para que, durante a interação aluno-aluno, os diálogos pudessem ser registrados em áudio (anexo P). Por último, selecionamos um texto extraído da internet (anexo N) e apresentamos a todos os integrantes das duplas da etapa anterior uma proposta de atividade de compreensão leitora. Essa tarefa deveria ser realizada individualmente e envolvia o entendimento do léxico hostigamiento. O objetivo era observar o processamento leitor do informante. As respostas deveriam ser dadas em português a fim de verificarmos se houve a aproximação do sentido assumido naquele contexto. No primeiro capítulo, analisamos o papel do léxico nas correntes linguísticas. No segundo capítulo, discutimos os aspectos do léxico nas principais correntes da didática de ensino de línguas. No terceiro capítulo, apresentamos uma discussão sobre os avanços das pesquisas da Linguística de Corpus e as contribuições advindas da observação da língua em uso para o ensino de línguas. Discutimos também o processo de inferenciação na Ampliação lexical qualitativa em E/LE 7 Christiane Alves de Lima compreensão leitora em LE, considerando o processo de contextualização lexical. No quarto capítulo, descrevemos as etapas metodológicas adotadas nesta investigação. No quinto capítulo, expomos e analisamos os dados obtidos na aplicação dos instrumentos de coleta de dados. E, no sexto capítulo, tecemos nossas considerações finais sobre os resultados analisados no capítulo anterior. Não pretendemos responder a todos os questionamentos que esta pesquisa gera. Em virtude da complexidade do ensino do léxico na didática das línguas e das representações de concepção de língua, o trabalho se propõe a refletir sobre a ampliação qualitativa do léxico como uma das formas de aprendizagem em LE. Levamos em consideração também os pressupostos teóricos da Linguística de Corpus, visto que consegue articular com várias correntes teóricas e dialogar com o que tem de mais atualizado no ensino de línguas. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 8 Christiane Alves de Lima CAPÍTULO 1. O LÉXICO E AS TEORIAS LINGUÍSTICAS As palavras constroem o mundo em que vivemos. Conhecê-las é fazer parte do mundo e dele se apropriar. Qualquer mudança na língua toma forma pelo léxico que registra as ações, as ideias, também, os ideais e os sentimentos num tempo histórico. O léxico é social, formado a partir da necessidade de se interagir com o outro, sendo um dos fatores que constitui a própria humanidade, estando nas atividades do ser humano, ajudando-o a nomear o seu mundo (LEAL, 2003, p. 215). A s diversas correntes da Linguística, enquanto ciência da linguagem, procuram dar inteligibilidade aos fenômenos da língua, partindo de pressupostos teóricos específicos, seja do ponto de vista da sua estrutura interna, em que se propõe a analisar os princípios gerais que regem a produção, seja do ponto de vista das funções que desempenham nas práticas sociais. Os postulados das diversas teorias linguísticas subsidiam os diferentes conceitos de língua que se constroem. abordage m formal funcional 1.1. Paradigma teórico modelo de perspectiva língua normativa escrita estruturalist a langue ≠ parole gerativista competência ≠ desempenho funcionalist a uso O lugar do léxico léxico etimológico significado (denotativo ) sentidos Ampliação lexical qualitativa em E/LE 9 Christiane Alves de Lima Do ponto de vista do sistema, a língua é concebida como um conjunto de unidades organizadas em estruturas hierárquicas que se dispõem de forma harmônica na construção do enunciado. Os elementos lexicais, que constituem um inventário aberto e ilimitado, em combinação com os elementos gramaticais, representam entidades constitutivas do sistema. A função do léxico se estabelece pela designação tanto de entidades concretas quanto abstratas externas à língua. Por sua vez, a função dos elementos gramaticais é a de estabelecer as relações formais para a produção de enunciados. A natureza do léxico no sistema linguístico está diretamente relacionada à significação; tradicionalmente, os traços gramaticais e os elementos lexicais constituem a base da construção dos sentidos. A função significativa do léxico se torna evidente quando existe a possibilidade de estabelecer uma comunicação básica entre indivíduos de línguas diferentes, que desconhecem as regras gramaticais, mas que compartilham itens lexicais na língua em que interagem. Dessa maneira, a importância do léxico na atividade comunicativa faz parte da reflexão crítica para discutir o seu papel no ensino/aprendizagem, a partir do lugar que ocupa nas teorias linguísticas. 1.2. O léxico nos diversos paradigmas O papel que desempenha o léxico nas ciências da linguagem varia segundo o viés teórico que se desenvolve em relação à concepção de língua. Em um primeiro momento, a representação de gramática como doutrina, herdeira da tradição aristotélica, reproduz o caráter normativo, dialogando com os princípios de história da língua que embasam os critérios evolutivos na lexicografia, em que a etimologia é a base da significação. Posteriormente, a ruptura que representa a perspectiva descritiva do sistema, a abordagem da língua como um sistema convencional formado por regras abstratas constitui o principal pressuposto teórico. A Ampliação lexical qualitativa em E/LE 10 Christiane Alves de Lima diferenciação com sua realização é o princípio platônico fundamental desta abordagem que trata o léxico como um conjunto cujos significados são pré-estabelecidos. As correntes das ciências da linguagem que dialogam com a sociologia concebem a língua como uma instituição social, portanto, tentam dar conta do seu uso, levando em conta esta relação dinâmica. Dessa forma, conceitos como interação, construção de sentidos, negociação constituem tentativas de reformular a natureza da língua numa perspectiva dialógica em que o contexto faz parte da atividade comunicativa. 1.3. A Gramática Normativa A gramática normativa representa uma tentativa de descrição completa da língua, em particular, de seus princípios de organização. Entretanto, esta descrição se refere à língua escrita, especialmente àquela de textos literários eruditos, portanto, à idealização de um determinado registro. Essa gramática tem como proposta estabelecer normas e padrões de comportamento linguístico. Quanto aos discursos referentes à relação entre língua e gramática, se estabelece uma analogia, que naturaliza a representação de identidade entre ambas. A questão é que o significado de gramática não tem como referente o puramente descritivo, mas o normativo. O pressuposto é que o falante compartilha o código linguístico com outros indivíduos de determinado grupo social, em que regras gramaticais e lexicais são convencionadas para a intercomunicabilidade. A percepção de língua do falante pressupõe a sistematização de leis que regulam seus procedimentos linguísticos. Nesse contexto, considerando as evidências da interdependência desses elementos, a gramática representa um componente essencial da linguagem humana. No entanto, apesar das relações intrínsecas entre língua e gramática ser Ampliação lexical qualitativa em E/LE 11 Christiane Alves de Lima algo plausível, a gramática normativa não pretende dar conta de todas as manifestações linguísticas. Essa perspectiva sobre a língua, herdeira de uma tradição aristotélica e platônica, sedimentou o pensamento teórico do século XVIII e possibilitou, principalmente, a partir da metade do século XIX, a disseminação de um modelo de gramática. Esta gramática pressupõe a prescrição da norma culta, que consiste na representação linguística de um grupo minoritário de indivíduos pertencente a uma classe social elitizada, constituindo-se em um objeto escrito que regula as regras gramaticais, sendo padronizado como um “livro de gramática do estândar, normativa e perfeitamente fixada”2 (BERNÁRDEZ, 2000, p. 138). Nesse caso, a natureza das amostras da língua selecionada legitima a dicotomia entre clássico e vulgar, em que se opta pelo modelo dos eruditos. A gramática normativa tem como escopo determinar as instruções linguísticas daquilo que deve ser dito ou não. A variante padrão – oral ou escrita – tende a ser estabelecida como uso corrente, sendo considerada como o principal meio de comunicação. As prescrições da norma culta são consideradas como a única forma “correta” de realização da língua, classificando as demais formas possíveis como “erradas”. Nesse caso, a valorização dessa norma implica suplantar ou anular outros registros – popular, vulgar, coloquial, familiar, gírias –, já que essa norma se propõe a alcançar a condição de modelo de língua oficial a ser seguido. Se considerarmos o seu papel histórico, a gramática normativa se apresenta como um instrumento que pretende orientar o estudo daquilo que seja considerado simples ao complexo, do “imperfeito” ao “perfeito”, do barbarismo ao civilizado (BERNÁRDEZ, 2000), em que se define a língua que deve ser imitada. Quanto à expectativa em relação ao conteúdo dessa norma, o gramático se predispõe a conformar as partes informativas entendidas como base de referência para a normatização de regularidades do sistema. A gramática normativa tem como premissa que a língua é uma 2 libro de gramática del estándar, normativa y perfectamente fijada. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 12 Christiane Alves de Lima unidade idealizada, homogênea e unitária; um sistema fechado de regras (CABRAL, 1974); um conjunto organizado e opositivo de relações, adotado por determinada sociedade para permitir o exercício da linguagem entre os homens (ROCHA LIMA, 2003). Esse tipo de gramática considera como seu objeto de estudo a oração, que por sua vez está composta por entidades reconhecidas como ‘palavras’, uma forma sequencial, que na transcrição escrita, está compreendida entre dois espaços em branco, que tende a denotar um objeto – substantivo; uma ação ou um estado – verbo; uma qualidade – adjetivo; uma circunstância – advérbio; ou uma relação – preposição (DUBOIS ET AL, 1998). Nesse contexto, enfatiza-se a prescrição das regras que regem a estrutura interna das palavras (CABRAL, 1974), as regras que possibilitam as combinações entre morfemas e raízes na constituição das palavras – regras de formação e derivação - e a descrição das distintas formas que consolidam essas palavras em categorias de número, gênero, tempo, pessoa. Considerando a palavra como objeto isolado a ser analisado, o estudo da Morfologia constitui-se, portanto, na parte da gramática de maior destaque. Já na Sintaxe, o estudo se estabelece nas relações entre as palavras de uma oração e pelas relações entre as orações de um período. Estas relações colocam em destaque a análise dos vínculos que se formam a partir da concordância e da regência verbal e nominal; da ordem dos constituintes, as palavras, e da pronominal (próclise, mesóclise, ênclise). Nesse caso, a análise sintática se destina à descrever a natureza e a função das palavras que constituem uma frase, entendida como um amontoado de palavras estruturadas, constituindose em um objeto com sentido completo. A plenitude do sentido completo se refere ao resultado do agrupamento de palavras isoladas que juntas assumem funções sintáticas (sujeito e predicado) e passam a construir um enunciado coerente, finalizado pela marcação gráfica do ponto final. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 13 Christiane Alves de Lima Por outro lado, a gramática normativa no intuito de representar a unicidade da língua, apresenta o significado do léxico, do ponto de vista formal como a associação de um significado a um significante linguístico, que representa a realização de um ato fônico (DUBOIS ET AL, 1998), em que se estabelece a relação entre um objeto ou entidade abstrata e uma palavra. Entretanto, essa relação considera o aspecto ‘literal’ do significado da palavra, isto é, se aproxima à definição das categorias lógicas, desconsiderando acepções, usos e construções de outra natureza. Esta representação lexical é produto do conceito dicionarizado, que atribui autoridade unívoca a este tipo de registro . Nessa perspectiva, que considera a palavra isolada, sua estrutura e as relações estabelecidas, o papel do léxico é central, sendo o principal fundamento desse modelo de gramática. Os princípios que embasam o modelo de léxico seguem esta linha de maneira que o significado das palavras tem uma hierarquia. A atribuição do sentido das palavras está relacionada ao seu uso culto, documentado principalmente nos textos literários. Nesse contexto, o léxico é o elemento básico para a competência linguística, deslocando para si o foco do estudo gramatical. A palavra é uma entidade significativa que faz parte da oração. O léxico se estabelece pela relação intrínseca entre o significado (sentido) e o significante (forma) e o significado se institui mediante a etimologia, isto é, na historia da língua. Dessa maneira, a língua enquanto objeto, abstração lógica do pensamento, modela a percepção do conceito de léxico. 1.4. O Estruturalismo O Estruturalismo representa uma das áreas das ciências humanas que se desenvolve na primeira metade do século XX. A teoria estruturalista se ramifica em diversas correntes de tendências tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, em que se observam concepções e Ampliação lexical qualitativa em E/LE 14 Christiane Alves de Lima métodos divergentes em relação à língua. Entretanto, é atribuído ao suiço Ferdinand de Saussure o mérito de ser o principal expoente das primeiras discussões teóricas. Embora essas linhas teóricas sigam caminhos distintos, de forma geral, reconhecem que a língua consiste em um sistema, dotado de uma estrutura, sendo que os elementos constituintes são analisados a partir de sua organização e do seu funcionamento (COSTA, 2008). De acordo com o postulado saussuriano, a língua é entendida como “um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social, a fim de permitir o exercício desta faculdade entre os indivíduos” (SAUSSURE, 1995, p. 17), que implica “sistemas ligados uns aos outros, cujos elementos (sons, palavras, etc.) não têm nenhum valor independentemente das relações de equivalência e de oposição que os unem” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 378). A língua é, portanto, um sistema de signos; uma abstração mental estruturada por unidades interrelacionadas, que funciona a partir de determinados princípios, constituindo-se em um todo coerente. Nesse sentido, seus elementos não são percebidos isoladamente, mas sim como um conjunto solidário, um sistema harmonioso e organizado. O norte americano, Leonard Bloomfield, é outro dos precursores do estruturalismo, que desenvolve uma descrição analítica das línguas, centrado no estudo da morfossintaxe. A partir da frase, considerada como unidade máxima analisável, utilizou métodos de redução que permitiam a decomposição e a análise dos elementos em constituintes imediatos, no caso, o morfema, a menor unidade indivisível de significado. Sua metodologia se apoia em uma postura mecanicista com base na psicologia behavorista. Observa no comportamento linguístico do indivíduo, através da resposta verbal dada, estímulos reforçadores emitidos em sua comunidade. De acordo com essa proposta de condicionamento linguístico, pressupõe-se que o falante aprende sua língua a partir dos inputs (exposição) recebidos socialmente. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 15 Christiane Alves de Lima A gramática estrutural considera as línguas como sistemas autônomos que se organizam de acordo com leis internas, inerentes a seus próprios sistemas (MARTELOTTA, 2008). Dessa forma, coloca-se em evidência o princípio da imanência, em que se prioriza “o estudo dos enunciados realizados (corpus), tentando definir sua estrutura - a arquitetura, a independência dos elementos internos” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 248) e descrever essas redes de relações. O estruturalismo tem como referência a existência de um conjunto de elementos, a legitimação de associações significativas e a presença de leis combinatórias, em que tenta afastar-se de propostas atomistas, que se propõem a analisar unidades isoladas. Nesse caso, a ruptura epistemológica com a visão de gramática tradicional se estabelece a partir do distanciamento da perspectiva normativa em detrimento de uma postura descritiva. Focada na sistematicidade das línguas, a teoria estruturalista evidencia os elementos que compõem a língua e suas combinações. Considerando a perspectiva imanente da linguística estrutural, o modelo saussuriano propõe uma discussão conceitual sobre a linguagem que pretende distinguir langue de parole, isto é, ‘língua’ como um conjunto virtual da fala, como a realização empírica concreta. Apesar da relação indissociável desses elementos, o aspecto dicotômico da linguagem pressupõe que a langue se constitui em um sistema linguístico de base social, que independe da interferência individual; um fenômeno compartilhado e produzido coletivamente. Constitui-se em um sistema global de regularidades. Sua natureza é produto da convencionalidade social, em que “o indivíduo a registra passivamente” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 379). A língua se constitui em um acordo consensual que faz parte da consciência humana e que possibilita a comunicação entre os membros de uma determinada comunidade. Já a parole, em oposição, se refere aos usos individuais desse sistema linguístico. Nesse caso, a fala representa os atos e as vontades do indivíduo; as expressões reais em si, que guardam uma relação com a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 16 Christiane Alves de Lima liberdade individual de suas escolhas no processo de materialização da língua. Na realização da fala, a maneira pessoal de utilizar o código é determinada pelo próprio usuário. Ao estabelecer esta oposição, o postulado saussuriano determina a língua como objeto possível de estudo, explicitando as limitações para o estudo da fala, em virtude de os atos comunicativos do indivíduo serem assistemáticos e ilimitados. A ciência se centra naquilo que é recorrente e sistemático. “O estruturalismo promove a exclusão do sujeito e de sua criatividade para adaptar sua fala aos diferentes contextos” (MARTELOTTA, 2008, p. 58), desconsiderando os aspectos extralinguísticos. A língua, que apresenta uma regularidade sistêmica, é o único objeto passível de ser observado através do funcionamento das unidades e analisado, possibilitando a sua compreensão. Embora se reconheça a relevância dos aspectos individuais no processo comunicativo, o conhecimento linguístico compartilhado socialmente tende a ser observado a fim de descrever os elementos que conformam cada sistema. E, é na língua, constructo comum a todos, que se reconhece a essência da interação comunicativa, e não na individualidade de cada falante (COSTA, 2008). A descrição estruturalista objetiva, em suma, caracterizar as regularidades do léxico, da gramática e da fonologia que todo indivíduo adquire ao integrar-se em uma comunidade particular de fala. Nessa perspectiva, essa corrente teórica condiciona a aquisição do conhecimento linguístico à experiência. A estrutura cognitiva do indivíduo é percebida como uma tábua rasa modelada pelas representações mentais construídas pelas impressões do mundo e pelas sensações humanas. Assim, o contato com o mundo e as experiências individuais são fatores que incidem no comportamento humano. Para o estruturalista, segundo a perspectiva bloomfieldiana, a linguagem humana, materializada através dos signos, consiste em um evento externo ao indivíduo: “um sistema de hábitos gerado como resposta a estímulos e fixado pela repetição” (KENEDY, 2008, p. 127). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 17 Christiane Alves de Lima A perspectiva estruturalista propõe a dicotomia do signo linguístico. De acordo com essa perspectiva, o signo linguístico é uma entidade psíquica de duas faces indissociáveis (SAUSSURE, 1995); representa a combinação do conceito e da imagem acústica, em que significado e significante tratam de dar a dimensão representativa do signo em uma língua. Considerando que a apresentação da forma sonora e/ou imagética da palavra “cadeirante” represente a parte física (significante) do signo linguístico, o significado é o conceito de algo que permite a formação de uma representação mental no indivíduo, em que se estabelece uma interpretação construída socialmente, nesse caso, que caracteriza uma pessoa que, por deficiência física, ou por estar provisoriamente impossibilitada de andar, locomove-se em cadeira de rodas. O fato de o signo resultar de um conjunto de relações mentais, em que uma ou várias ideias são interpretadas e convencionadas pela comunidade linguística, cria as bases para novos fundamentos na abordagem do significado. Embora significado e significante sejam concebidos como entidades inerentes, a teoria saussuriana traz à tona a arbitrariedade do signo, uma vez que não há uma justificativa que dê conta da analogia existente entre o conceito e a imagem. “A língua é arbitrária na medida em que é uma convenção implícita entre os membros da sociedade que a usam” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 64). O princípio da arbitrariedade institui os postulados teóricos para a formulação da semântica. Considerando que cada sistema linguístico representa uma série de signos (MARTELOTTA, 2008), seu funcionamento se fundamenta nas relações sintagmáticas e paradigmáticas. Estas, consideradas como relações associativas, são definidas pelos elementos, pertencentes à mesma classe, que são capazes de aparecer, de forma alternada, no mesmo contexto, já as relações paradigmáticas constituem um inventário das marcas em oposição. (CABRAL, 1974). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 18 Christiane Alves de Lima O lugar do léxico na perspectiva estruturalista está marcado pelo aspecto referencial, como elemento de distinção entre signos. A classificação que postula o conceito de morfema, como menor unidade funcional, se opõe à noção de lexema como unidade de significado. Este modelo de análise se diferencia da abordagem da gramática normativa em que a oração constitui a unidade maior e a palavra a menor. Dessa forma, a análise estruturalista está focada no estudo dos valores e das relações dos elementos. A unidade mínima na abordagem estruturalista, no caso o fonema, funciona como entidade opositiva, relativa e negativa, que leva à significação, mas que não tem significado em si. Para a teoria estruturalista, em oposição ao conjunto finito de fonemas, o léxico é um conjunto aberto, que configura um sistema no campo semântico. A distinção entre morfemas lexicais e morfemas gramaticais dificulta uma abordagem específica do significado, já que o modelo de análise formal aplicado aos componentes gramaticais quando usado na análise dos componentes lexicais exclui elementos da natureza social e histórica do léxico. 1.5. A Gramática Gerativa Nesta corrente linguística, que representa uma ruptura nas ciências da linguagem a partir da publicação de Estruturas Sintáticas de Noam Chomsky em 1957, se postula uma concepção racionalista dos estudos da linguagem em oposição à doutrina empiricista que caracteriza a perspectiva descritiva dos estruturalistas. Como marco epistemológico, a linguística gerativa desconstrói, em particular, o modelo behavorista do estruturalismo marcado pelo posicionamento mecanicista em relação à descrição dos fatos da linguagem. A visão comportamentalista do behavorismo é criticada por não ser capaz de explicar a capacidade criativa no uso da linguagem, na qual os indivíduos não apenas repetem frases ouvidas e memorizadas. Os falantes conseguem emitir e criar enunciados novos. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 19 Christiane Alves de Lima Como pressuposto teórico, a perspectiva chomskyana sustenta o pressuposto de que os seres humanos são dotados, de forma inata, de um conhecimento universal específico da língua, inerente à espécie humana. Essa característica dos indivíduos possibilita a aprendizagem da língua. Critica os estruturalistas que acreditam no condicionamento das estruturas, postulando que esse comportamento linguístico não aciona o processo de aquisição da língua e tampouco dá conta de como a língua seja adquirida com tanta regularidade e rapidez (MARTELOTTA, 2008). Essa abordagem se propõe a ser um modelo de explicação teórico das regularidades das línguas e do fenômeno da criação dos enunciados (NIQUE, 1974). A capacidade genética, que oferece condições para que os indivíduos falem e se entendam com o uso da língua, é compreendida como um dispositivo cognitivo, relacionado com a competência linguística. Nesse caso, as fases iniciais do comportamento linguístico de uma criança fornecem dados que evidenciam que a aprendizagem não é imitativa, mas criativa, na medida em que ela produz enunciados nunca antes ouvidos. Ao mesmo tempo, algumas características da linguagem infantil significam que a aprendizagem consiste em um processamento de regras. Na perspectiva chomskyana, a gramática gerativa representa um mecanismo finito que permite gerar um conjunto infinito de enunciados gramaticais de uma língua (NIQUE, 1974). Dessa maneira, sabendo que a predisposição da faculdade da linguagem é fator determinante no estudo da língua no gerativismo, sua gramática se propõe a “constituir um modelo teórico capaz de descrever e explicar a natureza e o funcionamento dessa faculdade” (KENEDY, 2008, p.129), em que representações mentais são passíveis de análise. Nesse caso, esse modelo pretende dar conta daquilo que se diz, do que não se diz ou daquilo que já não mais se diz, sem a pretensão de legitimar um modelo específico de norma, mas sim descrever as frases Ampliação lexical qualitativa em E/LE 20 Christiane Alves de Lima gramaticais e excluir as que não são. O conceito de gramaticalidade passa a ter relação com a aceitabilidade pelos falantes, no sentido de ter significado. A concepção gerativa da gramática estabelece, portanto, dois princípios básicos: o princípio do inatismo, como um conjunto de fatores inatos ao homem que identifica e distingue traços linguísticos, que se ajustam a diversos sistemas (gramática universal) e; o princípio da modularidade, que prevê a organização mental subdividida em módulos ou partes, sistemas cognitivos, que funcionam de forma independente. Esse princípio coloca em evidência a análise dos componentes da gramática como módulos autônomos. Nesse sentido, se estabelece a perspectiva de uma “gramática modular” (KENEDY, 2008, p. 135), em que a descrição gerativa do funcionamento da sintaxe se constitui em um evento particular sem nenhuma relação com o funcionamento da fonologia ou da morfologia, por exemplo. A distinção chomskyana entre competência, sistema de regras interiorizado pelo indivíduo, e performance/desempenho, manifestação desse saber linguístico nos atos de fala, na qual a primeira torna-se objeto de estudo, traz à tona a discussão sobre o posicionamento teórico de priorizar uma idealização de língua, tendo como expectativa um falante idealizado. Nessa perspectiva, o usuário da língua, elemento que interfere significativamente na realização do enunciado, é isolado da descrição gerativa nos mesmos moldes do que ocorre na análise estruturalista. À luz da noção de cognição chomskyana, a descrição do saber linguístico tenta explicar a possibilidade que o indivíduo tem para construir frases e para reconhecer e diferenciar as frases gramaticais, uma vez que sua gramática intuitiva lhe permite estabelecer um juízo de gramaticalidade. Como o elemento central da gramática é a sintaxe, a teoria gerativa analisa a oração a partir das relações sintagmáticas existentes. A metodologia descritiva se fundamenta em uma análise sintática calcada em um raciocínio matemático e abstrato, em que considera a combinação de sintagmas nominais e sintagmas verbais (S = SN + SV). Assim, a frase “a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 21 Christiane Alves de Lima criança bebeu a água” está constituída por um sintagma nominal – “a criança” – e por um sintagma verbal – “bebeu a água”. O sintagma nominal é formado pelo determinante “o” e pelo substantivo “criança”. Por sua vez, o sintagma verbal é formado pelo verbo “bebeu” e por outro sintagma nominal “a água”. Os gerativistas fazem referência ao diagrama arbóreo como um esquema organizador das estruturas sintagmáticas recorrentes no estudo descritivo. Nesse sentido, a composição dessas árvores de regras estruturais representa as estruturas engendradas, em que tais esquemas implicam a descrição sintática das frases de base da estrutura profunda e a descrição das operações que possibilitam transformar a estrutura de base para a estrutura de superfície. Na gramática gerativa, o léxico, faz parte dos dispositivos da língua, organizados em um lexicón- dicionário - constituindo um dos elementos do componente de base da gramática, que define as estruturas profundas da língua. Como as partes constitutivas de uma estrutura de base se dividem em componente categorial e componente lexical, as palavras selecionadas desse inventário léxico propiciam a construção da frase. O componente categorial (SN / SV) representa as regras de reescrita que resultam em um indicador sintagmático (derivação), que representa o nível sintático no qual são geradas frases gramaticais e interpretativas – “a criança bebeu a água” e não “a água bebeu a criança”. Os itens lexicais são particularizados por uma matriz de traços semânticos que marcam aquilo que possa representar subcategorias do nível sintático específicos aos aspectos gramaticais, como, por exemplo, a noção do subcomponente lexical “criança” [+ N, + comum, + humano, + feminino]. Entretanto, como o léxico é parte constitutiva da estrutura profunda, o postulado chomskyano coloca em evidência que a transformação da estrutura de base para a estrutura superficial tende a gerar ambiguidades lexicais decorrentes dos sentidos apresentados pelo componente léxico (esse menino me pregou uma peça / esse abajur é uma peça / esse texto é de uma peça). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 22 Christiane Alves de Lima Diferente da gramática normativa e do estruturalismo, o gerativismo avança na análise do léxico no campo semântico quando tenta explicar porque uma mesma frase pode ter um ou vários sentidos diferentes ou quando elabora suposições que deem conta das mudanças de sentido. Embora sejam evidenciadas as regras de interpretação semântica no gerativismo, estas se limitam a sanar ambiguidades de sentido geradas na estrutura sintática. Nesse sentido, a função da semântica consiste em relacionar o sentido das palavras com as representações semânticas das estruturas profundas, em que se considera a interpretação não só do componente de base como também da categoria gramatical (DUBOIS ET AL, 1998). 1.6. A Pragmática Esta área de estudo tem como objetivo explicar o sentido dos enunciados que excede a perspectiva referencial do estudo da semântica. Enquanto esta se propõe a estabelecer a relação do mundo exterior com as palavras, a pragmática leva em consideração os elementos inferenciais implícitos na linguagem. Um dos parâmetros de análise diz respeito às situações de uso que caracterizam uma situação de comunicação, + formal e – formal como determinante para as escolhas discursivas do falante. Nesse sentido, as escolhas léxicas numa situação comunicativa, não se referem só às acepções denotativas registradas nos dicionários, isto é, significados pré-estabelecidos, mas também a significados com relação à intencionalidade do falante. Na perspectiva pragmática, tende a ser relevante no discurso uma outra dimensão significativa do léxico, analisando a linguagem em uso no processo pelo qual os indivíduos produzem e interpretam os significados. Assim, a partir dos significados implícitos, a pragmática coloca o foco na noção de significado intencional, aquilo que o interlocutor provoca no outro (REYES, 2000). Nesse sentido, interpretar o enunciado implica reconhecer a intencionalidade. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 23 Christiane Alves de Lima A análise do significado implícito do léxico construído pelos usuários e pelo contexto tenta dar conta do aspecto interpretativo de um enunciado, do papel do contexto, das relações entre o significado literal e o significado no discurso, do uso de metáforas e de como essa intencionalidade do significado inside nas regras do sistema linguístico. Na perspectiva pragmática, o enunciado é uma entidade comunicativa que fundamenta a interação. O contexto em que se apresentam os enunciados faz parte do objeto da análise, o significado que o falante atribui se diferencia do significado pré-estabelecido por uma comunidade linguística. Por sua vez, este significado do falante amplia o sentido explícito e/ou implícito em circunstâncias que também fazem parte do objeto de estudo. Quanto ao elemento circunstancial, a noção de contexto na pragmática evidencia o contexto linguístico (cotexto), que considera o elemento linguístico (lexical ou gramatical) que precede ou segue um enunciado; o contexto situacional, que analisa o conjunto de informações que estão no contexto imediato dos participantes do discurso; e o contexto sociocultural, que implica a configuração de informações que derivam do conhecimento social e cultural dos falantes. O sentido intencional faz parte da composição dos enunciados, redimensionando a perspectiva do léxico. 1.7. A Análise do Discurso A análise do discurso estabelece como objeto de estudo o texto, que representa uma unidade pragmática complexa, levando em consideração as condições de produção dos sentidos. Em sua essência, este produto significativo é fruto de um processo interativo entre os sujeitos envolvidos. Como objeto de interlocução, o texto materializa o discurso em que os enunciados reportam as múltiplas vozes discursivas. A noção de polissemia constitui um dos alicerces do texto. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 24 Christiane Alves de Lima A análise do discurso tem como pressuposto a natureza interativa da língua, a partir de uma perspectiva histórico-social, com foco no seu uso e funcionamento. A observação e análise da língua é feita em situações de uso e não em sua abstração, a partir do conceito de enunciação como a realização de uma troca linguística entre enunciadores específicos em determinadas circunstâncias. A extensão textual, na análise do discurso, não estabelece parâmetros de observação. O constructo discursivo não guarda relação com suas dimensões, mas sim com seu caráter funcional enquanto unidade de significação na enunciação. A textualidade leva em consideração a estrutura discursiva, uma confluência dinâmica de elementos linguísticos que se combinam em um contexto situacional, segundo as condições de produção (ORLANDI, 2000). Essa perspectiva discursiva entende que o discurso é um processo e um produto social. O enunciador se estabelece no discurso como um sujeito histórico, que enuncia a partir de uma posição-sujeito em que o inconsciente e a ideologia fazem parte. Portanto, não é um ato individual, mas sim social. Nesse sentido, as condições em que são produzidos os sentidos estão relacionadas ao contexto histórico-social, ideológico, situacional, aos interlocutores e ao propósito do discurso. A seleção do léxico é um procedimento enunciativo que caracteriza a configuração do estilo discursivo. Ao mesmo tempo, a opção lexical registra a representação da figura do enunciador: “o sujeito faz uma seleção em relação aos meios formais (produtos) que a língua oferece e ele o faz dentro de um contexto social (ORLANDI, 2000, p. 19). Como a seleção léxica está relacionada com as atitudes do enunciador, a constituição da situação enunciativa se estabelece pelas escolhas lexicais. Considerando que o enunciador não realiza as suas escolhas diretamente em um sistema linguístico abstrato, mas em um interdiscurso delimitado pelo contexto e pelo gênero discursivos, tanto o enunciador, quanto a situação enunciativa Ampliação lexical qualitativa em E/LE 25 Christiane Alves de Lima estabelecem relações interdiscursivas num processo dialógico em que o elemento lexical exerce a função de conector. Nesse sentido, a análise do discurso recoloca a questão lexical, uma vez que atribui a esta escolha o desempenho de um papel importante na construção de sentidos no processo enunciativo. 1.8. A Análise da Conversação A perspectiva teórica da análise da conversação tem como pressuposto básico a natureza interativa da língua. Outros pressupostos como a língua variar no tempo (variedade diacrônica) e no espaço (variedade diatópica), de acordo com as particularidades dos usuários (variedade diastrática) e com a situação de comunicação (variedade diafásica), se referem à perspectiva variacionista que orienta os trabalhos nesta perspectiva. A questão relevante, além de resgatar o processo dinâmico e a natureza dialógica que regula e identifica formas de comportamento linguístico e extralinguistíco dos falantes, é o conceito de registro. A distinção da situação comunicativa como + formal e – formal leva, entre outros, a escolhas léxicas que se adequem a elas. De acordo com Briz Gómez (1998), o uso desses registros está relacionado ao comportamento dos falantes. Estudos sobre a cortesia guardam uma afinidade sobre esta questão. Na língua em uso, a construção de sentidos não se estabelece pelo significado ‘conceitual’ dos itens lexicais, existem várias representações que participam na construção de sentidos: estilos, situação, mundo individual e social, história e, principalmente, o propósito. O léxico é um dos recursos que o falante faz uso para organizar a informação (BRIZ GÓMEZ, 1998). Toda interação apresenta um modelo de conversação com características próprias aos usuários que participam. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 26 Christiane Alves de Lima O indivíduo e os grupos sociais impõem determinados usos que se adaptam ao discurso e costumam ser internalizados na língua após terem sido massificados pelos seus usuários. Da análise léxico-semântica da linguística da conversação, Briz Gómez (1998) afirma que o uso de palavras de algumas áreas temáticas relacionadas com fatos e problemas da vida diária é recorrente. Por outro lado, esse autor também destaca a redução e seleção que sofre o léxico comum. Nesse caso, esse uso restrito de unidades léxicas tem como contraponto o aumento da capacidade significativa dessas palavras que envolve tanto aspectos pejorativos como valorativos, dependendo da intencionalidade do falante. A polissemia de muitas palavras e seu emprego de forma genérica são consequências desses eventos lexicais. A extensão semântica desses componentes lexicais está relacionada com a disponibilidade léxica de cada usuário. A insuficiência do inventário léxico do indivíduo costuma a ser suprida pelo contexto-situacional, através dos recursos de entonação ou por gestos. Do mesmo modo, justifica-se o emprego da perífrase e da paráfrase explicativa, constituindo-se em rodeios frequentes para referir-se a algo anteriormente comentado. O uso de proformas (DUBOIS ET AL, 1998), que consistem em elementos lexicais representantes de um conjunto de propriedades comuns a todos os membros de uma determinada categoria lexical, torna-se um recurso auxiliar na conversação. A conversação tem um repertório de léxico aberto, mais amplo, que pode incorporar itens de línguas específicas como, por exemplo, o argot, entre outras realizações lexicais de dialetos e níveis dialetais distintos. A frequência lexical de algumas proformas se evidencia no uso da língua: pro-verbos, pro-substantivos, pro-advérbios, pro-adjetivos. O falante identifica e utiliza certo léxico de grande frequência, preferenciais ou predomínio léxicos, no discurso interativo, que se justificam pelas influências sociodialetais. O registro da conversação oferece evidências do uso comum de marcas léxicas que aparecem com maior Ampliação lexical qualitativa em E/LE 27 Christiane Alves de Lima frequência: lexemas intensificadores, exclamações interrogativas como formas expletivas, frases e expressões metafóricas. A metáfora como um fenômeno típico do discurso coloquial, constitui um procedimento cognitivo que estabelece analogias. Este recurso é uma estratégia para viabilizar uma série de conteúdos inferenciais, que fazem parte da experiência física, social e históricocultural do usuário. Algumas unidades léxicas tendem a perder o seu significado original e convertem-se em marcadores fáticos do discurso: os verbos de percepção, os vocativos as formas enumerativas e as formas de finalização e de reforço conclusivos. É no registro conversacional que é possível observar a língua em uso, especialmente nos processos de gramaticalização e lexicalização que fazem parte da dinâmica da língua. 1.9. A Linguística Textual O conceito de texto é de produto verbal (oral ou escrito) como a unidade mínima de sentido pleno, o qual é estabelecido mediante procedimentos de negociação entre os interlocutores. Em sua natureza, constitui-se em um conjunto de propriedades passíveis de serem apreendidas por uma comunidade linguística como um todo coerente (OLIVEIRA, 2008). Nessa perspectiva, o texto representa “o próprio lugar da interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que – dialogicamente – nele se constroem e são construídos” (KOCH, 2002, p. 17), em que se oferece um espaço de livre expressão do pensamento individual ou coletivo. A arquitetura significativa do texto se mantém em uma linha de continuidade do princípio ao fim do texto. A tessitura do texto guarda, portanto, uma relação com a conexão dos sentidos, em que os componentes léxicos estabelecem os significados construídos pelo contexto comunicativo. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 28 Christiane Alves de Lima Dessa maneira, a conscientização sobre o sentido a ser construído no texto possibilita que os sujeitos envolvidos percebam que a compreensão não é um processo de decodificação da mensagem codificada por um emissor. A recuperação da mensagem se configura em uma atividade interativa complexa de produção de sentidos, que se realiza a partir do reconhecimento dos elementos linguísticos evidenciados pelas pistas superficiais do texto. Considerando o fluxo interacional das informações, a compreensão pressupõe o acionamento de um repertório de saberes e a reestruturação desse constructo na comunicação sóciointerativa com o texto. O leitor/ouvinte de um texto utiliza o seu conhecimento e os mecanismos estratégicos a seu dispor para alcançar a interpretação. Assim, como fator determinante, o sentido textual é resultado da interface textosujeitos, em que se pressupõe que os interlocutores compartilham (ao menos se espera) o mesmo conhecimento prévio. Ao englobar o conhecimento compartilhado, a linguística textual considera que a noção de contexto abrange o cotexto, a situação imediata (observações do momento situacional), a situação mediata (entorno sociocultural) e o contexto sociocognitivo (KOCH, 2002). Esse contexto é dinâmico à medida que na interação textosujeitos ocorra alterações em qualquer um de seus constituintes. A coesão e a coerência são propriedades que estabelecem a textualidade. O texto coeso pressupõe a existência de unidades semântica e sintática que sequenciam os enunciados, articulando-os semanticamente. Os marcadores de coesão estabelecem a correspondência necessária ao acionamento da interpretação e expansão dos sentidos. A coerência textual constitui-se nos fatores facilitadores para a construção do sentido textual, que se configuram nos domínios linguístico, extralinguístico e pragmático (OLIVEIRA, 2008). Pautada nos estudos da cognição, a linguística textual rediscute as dimensões do signo linguístico, em que se destaca a noção de percepção. O referente é entendido como aquilo que pode reportar-se a um objeto. Realidade, percepção e linguagem são os constitutivos do signo Ampliação lexical qualitativa em E/LE 29 Christiane Alves de Lima linguístico nessa proposta: “a função referencial coloca o signo em relação, não diretamente com o mundo dos objetos reais, mas com o mundo percebido no interior das formações ideológicas de uma dada cultura” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 511). O referente é a base da percepção particular do indivíduo, organizando as informações sobre a realidade extralinguística para prover a produção do significado. Assim, é um componente da dimensão perceptivo-cognitiva. A experiência perceptiva faz parte do processo de cognição, de construção e de ordenação do universo. Do ponto de vista da coerência discursiva, os componentes léxicos se constituem em marcadores discursivos, que desempenham a função referencial no discurso. Nesse sentido, a noção de léxico se afasta da visão clássica do significado literal. O discurso constitui-se no lugar de significações e o léxico é produto das construções significativas do contexto discursivo. 1.10. A Sociolinguística Diversas áreas das ciências da linguagem priorizam os fatores sociais, culturais e psícológicos que interagem na linguagem. Entre elas: a etnolinguística, a psicolinguística, a dialetologia e a sociolinguística. Para este trabalho, a perspectiva da sociolinguística é relevante para analisar o papel do léxico. Um dos conceitos mais importantes na sociolinguística é o de variação. No nivel sociolinguístico, ele é definido como a alternância de duas ou mais expressões de um mesmo elemento que não implica nenhum tipo de alteração na natureza semântica, condicionada por fatores linguísticos e sociais (MORENO FERNÁNDEZ, 1998). Entretanto, a variabilidade que é vista como parte da natureza da língua pode ser observada numa diversidade de âmbitos, tais como o geolectal, o estilístico, o histórico. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 30 Christiane Alves de Lima Nessa perspectiva, uma das definições da língua é que ela é variável, assim, um dos objetos da sociolinguística é, portanto, mapear a variação, estabelecendo os fatores que a determinam, já que ela pode ser encontrada em todos os níveis da língua: fonética-fonológica, gramatical, léxica e discursiva. A variação léxica problematiza o conceito de sinonímia, quando se coloca a questão numa área próxima à lexicologia, entretanto, é justamente no nivel do discurso que a sociolinguística valida este conceito. As unidades léxicas podem ser neutralizadas semanticamente no discurso, no uso comunicativo da língua. O que coloca em questão a análise dessa ‘equivalência’ reside no fato de que esses enunciados contêm itens lexicais que têm conotações, valorações, isto é, intenções comunicativas ou de estilo que fazem parte de uma situação comunicativa específica. (MORENO FERNÁNDEZ, 1998) 1.11. O Ensino/aprendizagem de léxico em LE. Este trabalho parte do pressuposto de que o desenvolvimento lexical exige o acionamento de operações de natureza perceptiva, cognitiva, estratégica, histórica, sociocultural e interacional. A aprendizagem lexical, no caso de L2/LE, requer do aprendiz o acionamento dos conhecimentos linguísticos, de mundo e textual desenvolvidos de forma espiral a partir das suas experiências enquanto integrante de uma comunidade linguística. O léxico desempenha um papel importante na organização da interação comunicativa que pressupõe uma seleção a partir de uma disponibilidade na bagagem lexical. Aprender o léxico pressupõe estabelecer e reestruturar as relações semânticas e pragmáticas existentes no conhecimento enciclopédico prévio com os referentes linguísticos e extralinguísticos da língua de aprendizagem (MORANTE VALLEJO, 2005b). Da mesma forma, incorporar o léxico desconhecido em esquemas mentais a fim de recuperá-los Ampliação lexical qualitativa em E/LE 31 Christiane Alves de Lima posteriormente em contextos sociolinguísticos (KLEIMAN, 1996) fazem parte desse processo. A aprendizagem do léxico constitui-se, portanto, em um processo dinâmico e abrangente, que se caracteriza como uma atividade intelectual, já que prevê a realização do processo inferencial. O acionamento da inferenciação se diferencia do processo de decodificação, que se configura como uma ação mecânica de atribuição do sentido literal. A inferência lexical, por outro lado, se constitui em um processo dinâmico de negociação do sentido implícito, exigindo a confluência de saberes e ações do aprendiz. O conhecimento do léxico de uma língua implica reconhecer seus usos linguísticos e seu funcionamento no sistema; saber o grau de probabilidade de aparição no discurso falado ou escrito; conhecer seu comportamento sintagmático; conhecer as redes de associações; conhecer os diferentes sentidos associados ao contexto; reconhecer seu valor semântico e identificar sua forma e seus derivados. O contexto escolar representa um dos espaços pedagógicos de construção do conhecimento linguístico que possibilita a integração das experiências dos participantes da comunidade educacional, apontando as direções para a compreensão do processo de aprendizagem. Assim sendo, “o conhecimento é um processo para o qual colaboram aqueles envolvidos na prática de sala de aula” (MOITA LOPES, 2001, p. 95). Na interação dialógica entre o aprendiz e o professor, as relações do conhecimento adquirido e do conhecimento a ser adquirido vão sendo sedimentadas pelo intercâmbio de informações. Como um elemento de significação, o léxico torna-se importante na representação do processo de ensino de línguas. O desenvolvimento da competência lexical e do processo metacognitivo se dá através da conscientização do aluno, que é exposto a um conhecimento reflexivo capaz de fomentar um comportamento crítico em relação a seu Ampliação lexical qualitativa em E/LE 32 Christiane Alves de Lima processo de autoaprendizagem. A atividade pedagógica pressupõe a formação de sujeitos autônomos que atuam de forma consciente no processo de autoaperfeiçoamento. A aprendizagem do léxico tem sido representada tradicionalmente como uma das metas do ensino, porém, no senso comum, como a ampliação quantitativa de itens lexicais de uma língua. Essa visão do processo de aprendizagem lexical pressupõe que o aprendiz é uma tábua rasa que sedimenta as informações. O critério quantitativo tem sido priorizado de maneira que o domínio linguístico é mensurado pelo volume de unidades léxicas. Entretanto, em uma outra perspectiva, a partir dos pressupostos teóricos que apontam a língua em uso, o objetivo do ensino/aprendizagem de LE busca desenvolver a capacidade de reconhecer e utilizar o componente léxico de forma adequada em diferentes contextos comunicativos. Nesse caso, muito mais que um elenco de itens lexicais que o aprendiz tem a disposição como vocabulário básico para atender as necessidades comunicativas, a proposta é de desenvolver a competência estratégica para resolver problemas de léxico desconhecido e compreender que seu conhecimento representa um processo contínuo de incorporação e reorganização de informações lexicais. Esse processo envolve, sobretudo, a ampliação qualitativa, entendendo que a produção dos sentidos se estabelece através de cada contexto. Este trabalho segue esta perspectiva -a língua em uso - e reconhece que na construção dos sentidos o léxico é essencial, entretanto, é no contexto que tem lugar essa contrução de sentidos. O modelo teórico de processo inferencial de Kleiman (1996) e Marcuschi (1999) é adotado para discutir o processo dessa construção. A discussão sobre as diversas correntes linguísticas aqui abordadas se deve ao fato de elas terem um peso histórico e uma forte influência sobre as principais propostas metodológicas do ensino de línguas e sobre a representação que os próprios aprendizes fazem desta atividade, de maneira a refletir-se em práticas pedagógicas em sala de aula, muitas vezes oscilando entre a perspectiva formal e a da língua em uso. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 33 Christiane Alves de Lima O quadro abaixo apresenta os principais pontos de caracterização das diferentes perspectivas teóricas em relação ao léxico que permite uma visão comparativa das mesmas: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 34 Christiane Alves de Lima TEORIAS LINGUÍSTICAS • • Gramática Normativa (século XIX) Estruturalismo (século XX) • Gramática Gerativa (século XX) • Ling uístic as da Com unica ção (século XX) usos individuais da linguagem - Pragmática - Analise do Discurso - Análise da Conversação - Linguística textual usos coletivos da linguagem - Sociolinguística (Etnolinguística) Quadro 1: Léxico nas teorias linguísticas LÍNGUA ÊNFASE OBJETO DE ESTUDO conceito perspectiva estrutura normativa Morfologia palavra sistema descritivoFonologia de signos explicativa signo linguístico conjunto de regras descritivoexplicativa Sintaxe oração/enunciado sistema de interação social descritivoexplicativa Semântica texto/discurso LÉXICO panorama perspectiva central conceito literal elemento de representação distinção mental entre signos componente representação de base mental elemento funcional sentido contextualizado No próximo capítulo, discutiremos os métodos e as abordagens de ensino/aprendizagem de línguas e o lugar do léxico nessas propostas. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 35 Christiane Alves de Lima CAPÍTULO 2. O COMPONENTE LEXICAL: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA NA DIDÁTICA DAS LÍNGUAS Quando deixamos de aprender palavras? Começamos articulando sons que se convertem em palavras, iniciando assim um longo, lento e complexo processo que nunca termina. [...] nossa bagagem léxica vai sendo ampliada paulatinamente ao longo de nossa vida e com ela nossa capacidade de expressar sentimentos, pensamentos, desejos, etc.; em suma, de comunicar-nos.3 (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000, p. 8) O componente léxico se constitui em um dos constructos relevantes da linguagem que possibilita o acionamento da interação social. Considerando que o tratamento lexical está intrinsecamente vinculado à concepção de língua que orienta as vertentes metodológicas, percorremos nesse capítulo as abordagens mais influentes na história da didática das línguas observadas em âmbito escolar. Pretendemos discutir que lugar tem ocupado o componente lexical no processo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira. As reflexões críticas sobre o papel e o tratamento do ensino lexical nas línguas fornecem evidências para esta investigação, contribuindo para as discussões sobre o estudo da ampliação lexical qualitativa. 2.1. O Método Gramática/Tradução4 Essa abordagem de ensino de língua estrangeira, que se expande a partir da metade do século XIX, segue o modelo de ensino de línguas clássicas (OMAGGIO, 1986). Tem como referência o ensino do latim e do grego, no século XVI, que se caracteriza pelo aspecto prescritivo da gramática. O estudo de compêndios sistematizados representa um fim em si 3 ¿Cuándo dejamos de aprender palabras? Empezamos articulando sonidos que se convierten en palabras, iniciando así un largo, lento y complejo proceso que nunca llega a concluirse. [...] nuestro bagaje léxico se va ampliando paulatinamente a lo largo de nuestra vida y con él nuestra capacidad de expresar sentimientos, pensamientos, deseos, etc.; en definitiva, de comunicarnos. 4 Seguiremos os parâmetros conceituais sobre método e enfoque apresentados por Richards e Rodgers (1998), no qual o enfoque está relacionado a uma reflexão teórica sobre o conceito de língua e sobre o processo de aprendizagem. E, com relação ao método, entende-se que este abarca não só uma reflexão sobre a língua e a aprendizagem, ou seja, o enfoque, mas também a reflexão de como colocar em prática a teoria, quais habilidades e conteúdos linguísticos serão ensinados e, por fim, que procedimentos serão adotados no processo de ensino. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 36 Christiane Alves de Lima mesmo, um modelo de correção e perfeição da normativa5, ancorado no documento escrito, visto que referidas línguas não se efetivam como instrumentos de comunicação oral (SÁNCHEZ PÉREZ, 1992). Entretanto, ao analisar os objetivos acadêmicos que se colocam, se reconhece o acesso ao desenvolvimento intelectual e à leitura das obras clássicas da literatura greco-latina (RICHARDS e RODGERS, 1998). No modelo gramática/tradução, a língua é concebida como um sistema regido por regras da gramática normativa (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000), percebida como um objeto estático e invariável. Está constituída por um conjunto de formas passíveis de assimilação a partir de um trabalho deliberado de raciocínio lógico (RICHARDS e RODGERS, 1998). A instrução formal de regras, exceções e irregularidades do sistema gramatical é uma das características desse modelo. A oração constitui a base de referência da análise sintática no processamento dedutivo da norma culta (ABADÍA, 2000). É apresentada de forma descontextualizada e seus elementos constitutivos – sujeito e predicado - são analisados isoladamente, enfatizando-se a função sintática na frase. A língua materna é utilizada pelo professor na descrição normativa (RICHARDS e RODGERS, 1998), na qual se estabelecem as correspondências gramaticais entre a língua de origem e a língua meta. O estudo morfológico e sintático do sistema linguístico se constitui em uma tentativa de compreensão dos padrões formais da língua (RICHARDS e RODGERS, 1998), no qual se objetiva o domínio linguístico. Ao enfatizar a aprendizagem sobre a língua (MAIA ET AL, 2000), a prática da tradução e versão literal da língua materna para a língua objeto e viceversa constituem a principal atividade didática. O aprendiz é incentivado a traduzir as frases formuladas para uso didático. Nesse modelo, se considera a possibilidade de equivalência semântica plena entre as línguas materna e estrangeira. 5 O modelo de correção e perfeição como referência para o ensino de línguas é discutível, já que os estudos da Sociolinguística consideram os níveis de representação linguística a partir do contexto social. Na perspectiva sociolinguística, a língua é considerada não somente sob o aspecto normativo, mas também a partir das interferências do meio social em se produz (MORENO FERNÁNDEZ, 1998). Os usos linguísticos, produto das realizações dos indivíduos de uma comunidade, constituem-se em amostras representativas na descrição da língua materna e estrangeira. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 37 Christiane Alves de Lima A aprendizagem de uma língua se estabelece como um processo disciplinado de formação intelectual, um estudo direcionado ao processamento ordenado do conhecimento linguístico. A identificação do erro gramatical perfaz esse modelo prescritivo no processo de ensino-aprendizagem das línguas. A análise do insumo gramatical é feita preferencialmente a partir de fragmentos de obras literárias, nas quais as amostras da língua tendem a representar a variante linguística da norma culta/erudita, estabelecida como base de ensino das línguas. Cabe mencionar que o desenvolvimento da escrita e da leitura se constitui em núcleo principal de uma aula modelo (OMAGGIO, 1986), em que “não se contempla em absoluto a opção de fazer referência à linguagem coloquial ou setorial de grupos pouco valorizados socialmente”6 (GARCÍA GIMÉNEZ, 2008, p.7). 2.1.1. O lugar do léxico no método Gramática/Tradução A gramática e o léxico são tratados como entidades independentes dentro do processo de ensino-aprendizagem, sendo que “se considera que o léxico é um componente secundário, que mostra um comportamento arbitrário, não regido por regras e que não participa da configuração da estrutura linguística”7 (MORANTE VALLEJO, 2005b, p. 14). A teoria gramatical e o componente léxico são abordados, necessariamente, com procedimentos didáticos diferenciados. O léxico está submetido à prescrição gramatical, na qual as palavras são apresentadas conforme a sistematização linguística. O vocabulário tende a ser analisado na apresentação dos aspectos morfológicos e sintáticos desenvolvidos a partir de atividades dedutivas (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000). 6 No se comtempla en absoluto la opción de hacer referencia al lenguaje coloquial o sectorial de grupos poco valorados socialmente... 7 ... se considera que el léxico es un componente secundario, que muestra un comportamiento arbitrario no regido por reglas y que no participa en la configuración de la estructura lingüística. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 38 Christiane Alves de Lima Na apresentação a seguir, podemos observar a relação entre o componente léxico e a teoria gramatical em um material didático de inglês como LE8. Figura 1. Fonte: MARQUES, 1984. p. 27. Nesse excerto, na parte superior da página, observamos a explicação gramatical da formação do plural das palavras que não são de origem inglesa. De acordo com o autor, os estrangeirismos mantém a sua forma no plural, salvo em alguns casos como: basis, crisis, analysis, thesis. Considerando que a temática da unidade 1 desse material didático está relacionada com o plural dos substantivos, na proposta da atividade do exercício 12, o aluno é incentivado a completar as sentenças, elaboradas com fins didáticos, com as formas verbais was ou were, tendo como expectativa a fixação do uso adequado dos estrangeirismos no 8 Nessa pesquisa, todas as vezes que fizermos alusão às propostas de atividades apresentadas nos materiais didáticos ou aos pressupostos de métodos/enfoques, não queremos fazer juízo de valores quanto ao papel que estes possam exercer, mas refletir sobre a adequação em sala de aula. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 39 Christiane Alves de Lima plural. Em seguida, na proposta do exercício 13, como atividade de revisão, o aluno é novamente incentivado a completar as sentenças, elaboradas com fins didáticos, com a forma de plural dos substantivos que aparecem entre parênteses (lady / key / box / shielf / thief / roof / hero / enemy / wife / knife / loaf / half / monkey / donkey / goose / bus / tear / child / circus). Esse exercício se constitui em uma atividade de fixação das formas de plural dos substantivos que foram apresentadas ao longo da unidade. O objetivo didático está centrado na flexão gramatical de número dos substantivos destacados. Nessas atividades exemplificadas, não é levada em consideração a abordagem didática do aspecto semântico do componente léxico. Em outra proposta, retirada de um material didático destinado a aprendizes brasileiros de língua espanhola, podemos observar uma atividade, na qual a temática gramatical trata do fenômeno de paronímia: Figura 2. Fonte: BECKER, 1973, p. 21. Essa atividade propõe que o aluno leia e traduza as orações gramaticais. Nessa proposta, a leitura é apresentada como uma atividade de identificação de traços formais e observáveis do sistema gramatical. As frases são independentes, construídas didaticamente e apresentadas em pares de oposição semântica para auxiliar na compreensão das alterações de sentidos de um determinado número de palavras destacadas em itálico no exercício, a saber: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 40 Christiane Alves de Lima Hay que espiar al enemigo (É preciso espionar o inimigo) / El culpable deberá expiar sus faltas (O culpado deverá pagar por seus erros); La señora Curie fue una grande sabia (A senhora Curie foi uma grande sábia) / La savia circula por los vasos de la planta (A seiva circula pelos vasos da planta); Jugaré el as de espadas (Jogarei o ás de espadas) / Trajo del bosque un haz de leña (Trouxe do bosque um feixe de lenha); El atleta salto la valla (O atleta saltou o obstáculo) / ¡Vaya usted ligero! (Vá rápido!); Una ola gigante levantó al navio (Uma onda gigante levantou o navio) / ¿Cómo le va? (Como está?). A tradução se estabelece como recurso didático para a explicação e a correlação, entre o português (LM) e o espanhol (LE), dos parônimos nos componentes lexicais elencados. No exercício, a alusão à figura do professor e ao uso do dicionário coloca em evidência a autoridade institucional desses no processo de ensino de língua estrangeira a partir da abordagem normativa. Nesse modelo de ensino, a construção do conhecimento linguístico pelo aprendiz ocorre unidirecionalmente, desenvolvendo uma relação de dependência, na qual o processo de aprendizagem se sustenta na legitimação por parte de outras vozes dignas de fé. No modelo gramática/tradução, o nível de conhecimento lexical/gramatical do aprendiz tende a ser avaliado através do processo tradutório: “ao traduzir corretamente, o estudante demonstra que realmente domina a língua”9 (ABADÍA, 2000, p.137). Nessa perspectiva, a proposta de tradução se estabelece como um dos parâmetros de análise no processo de aprendizagem da língua meta, no qual o estudo contrastivo de sistemas linguísticos coloca em evidência a habilidade em transferir insumos semânticos e gramaticais, como pode ser observado na proposta a seguir: 9 ... al traducir correctamente, la/el estudiante demuestra que realmente domina la lengua. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 41 Christiane Alves de Lima Figura 3. Fonte: ROMANOS, 2004, p. 100. Nessa atividade, no enunciado do exercício, em espanhol, propõe-se ao aluno que traduza o texto, pensado para fins didáticos, do português para a língua meta. Nessa proposta, não há nenhuma orientação metodológica que estabeleça os procedimentos do processo tradutório, tampouco um modelo de referência que explicite aspectos que devam ser levados em consideração na tradução, tais como os gêneros textuais, particularidades ortográficas, pragmáticas, e gramaticais, entre outras. Na parte inferior direita da folha do exercício, há uma lista bilíngue com itens lexicais elencados, que chama a atenção pela analogia do léxico com o português já que quase todos os elementos são cognatos (rutina, conocimiento, perspectiva, cuestionable, sin embargo, espacio). Do ponto de vista do aprendiz, esta lista pode ser irrelevante, considerando o grau de dificuldade que demande o ato de traduzir. Nesse modelo de atividade, a tradução é concebida como um processo de correlações semânticas. O exercício orienta o aprendiz a interpretar linearmente as palavras do texto na língua materna para a língua objeto, desconsiderando aspectos extratextuais que interferem na Ampliação lexical qualitativa em E/LE 42 Christiane Alves de Lima transferência linguística quando se traduz. Ao analisar o ato de traduzir, convém ressaltar que os processos da LM→LE e da LE→LM constituem-se em instâncias de ordens distintas, que envolvem estratégias tradutórias que nem sempre são compatíveis. Nesse modelo de ensino, no qual a língua é concebida como um construto estático, a tradução é percebida como um processo simples. O aprendiz é incentivado a processar palavras e frases, buscando as correspondências lexicais entre as línguas. O significado literal é a base de referência da assimilação do componente léxico nesse modelo metodológico. No modelo gramática/tradução, a apresentação do léxico na LE tende a ser feita primeiramente a partir de listas bilíngues. No excerto a seguir, retirado de um material didático de inglês como LE, podemos observar um exercício que põe em destaque a prática de equivalências lexicais no ensino de línguas. Figura 4. Fonte: MARQUES, 2004. p. 21. A atividade lexical, que está baseada na leitura de um texto previamente apresentado Wolves, incentiva o aprendiz a localizar as “boas palavras” – good words - e as “más palavras” – evil words, classificando-as de acordo com os dois quadros, respectivamente. Nesses quadros, existem duas colunas, nas quais, as que se localizam na posição direita, treze Ampliação lexical qualitativa em E/LE 43 Christiane Alves de Lima palavras isoladas são enumeradas em português. Nesse exercício, essas palavras estão relacionadas com suas respectivas equivalências lexicais na língua inglesa encontradas no texto lido. Desse modo, a proposta de correspondência dos componentes léxicos se estabelece em: “más palavras”, ódio - hate, inveja – envy, desespero – despair, ganância – greed, vaidade – ego, arrogância – arrogance, ressentimento – resentment, raiva – anger, culpa – guilt, crueldade – cruelty, mentiras – lies, inferioridade – inferiority, superioridade – superiority; e as “boas palavras”, sabedoria – wisdom, amor – love, verdade - truth, generosidade – generosity, humildade – humility, alegria – joy, esperança – hope, amizade – friendship, fé – faith, bondade – kindness, empatia – empathy, paz – peace, serenidade – serenity. Essas palavras estão relacionadas a valores sociais. A proposta didática de listas de palavras isoladas tende a colocar em evidência o aspecto denotativo do componente léxico. Nesse aspecto, uma abordagem lexical que apresente as listagens como modelo didático nos propõe uma reflexão crítica sobre a pertinência do uso adequado e consciente dos dicionários bilíngues como uma das ferramentas de aprendizagem. Ao analisar um manual didático destinado a aprendizes brasileiros de língua espanhola, que segue a proposta metodológica da gramática/tradução, a distribuição dos assuntos pode dar indícios do lugar do léxico na descrição normativa. A apresentação dos assuntos se organiza a partir da seguinte sequência: (1) seção gramática, ejercicios y lecturas, que consiste na abordagem de aspectos gramaticais introduzidos por uma seleção de textos; (2) seção apéndice gramatical, que formaliza outros itens gramaticais; (3) seção correspondencia, que apresenta modelos de registros escritos variados – bilhetes, convites, cartas comerciais, entre outros; (4) seção ejercicio de vocabulario, que se dedica ao componente lexical; e (5) seção breve antologia poética, que apresenta uma seleção de textos de autores espanhóis e hispano-americanos. A estruturação dos temas desse material tende a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 44 Christiane Alves de Lima enfatizar o grau de importância que a gramática prescritiva desempenha nessa proposta de ensino. A temática dos assuntos é organizada segundo a teoria gramatical. Percebe-se que, nesse modelo, o léxico desempenha um papel relevante. Contudo, segue a tendência normativa. A seção de ejercicio de vocabulario, que aborda, em particular, o léxico, consiste em uma seleção de textos temáticos distribuída em vinte exercícios. O exercício está segmentado com a apresentação de um texto elaborado didaticamente, uma proposta de atividade de versão ao espanhol (LE) de orações gramaticais em português (LM) isoladas e elaboradas com fins didáticos; uma proposta de atividade de tradução ao português (LM) de uma frase em espanhol (LE) relacionada aos falsos cognatos; e a apresentação de um enigma cultural (adivinanzas) ou uma copla, finalizando cada conjunto de exercícios. A seguir, podemos observar as atividades lexicais que correspondem ao décimo primeiro exercício do referido manual de E/LE. Figura 5. Fonte: BECKER, 1973, p. 178-179. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 45 Christiane Alves de Lima Nesse exercício, encontramos, na parte superior da página esquerda, a apresentação de um texto elaborado com fins didáticos relativo a ofícios e profissões, que caracteriza a classe dos operários, trabalhadores rurais e artesãos. Dividido em dois parágrafos curtos, esse texto enumera algumas das áreas de atuação profissional, a saber: o carpinteiro (carpintero), que, conforme mencionado na descrição, utiliza como ferramenta de trabalho a espátula (paleta) e a plaina (llana); o chaveiro (cerrajero); o latoeiro (hojalatero); o ourives (orfebre); o pedreiro (albañil); o ferreiro (herrero), que, na descrição textual, utiliza como ferramenta de trabalho o martelo (martillo) e a bigorna (yunque); o camponês (campesino); o lavrador (labrador); o hortelão (hortelano); o lenhador (leñador); o moendeiro (molinero); o pastor (pastor); o vaqueiro (vaquero); o padeiro (padero); o açougueiro (carnicero); o verdureiro (verdulero); o carvoeiro (carbonero); o alfaiate (sastre); o tintureiro (tintonero); o cabeleireiro (peluquero); o biscateiro (mozo de cuerda/changador); o marinheiro (marinero); o sapateiro (zapatero de viejo/remendón) e o engraxate (limpiabotas/lustrador). O texto não apresenta uma orientação pedagógica e tampouco uma proposta de atividade de compreensão leitora. A exposição ao vocabulário elencado no texto nos dá pistas de que o objetivo é exclusivamente apresentar o léxico novo. Como proposta didática, na parte inferior da página esquerda, encontramos uma atividade de versão, do português para o espanhol, de três orações gramaticais de conteúdos distintos. Essas orações foram elaboradas didaticamente para o exercício dos conhecimentos lexicais/gramaticais. Nesse exercício, tais enunciados se caracterizam por serem de fácil entendimento e com um vocabulário básico para um falante de português. Contudo, não significa que o aprendiz seja capaz de realizar a tradução de forma adequada, já que, como vimos anteriormente, no processo tradutório, se espera que o indivíduo apresente um nível de conhecimentos linguísticos e, particularmente, estratégicos. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 46 Christiane Alves de Lima Na parte superior da página direita, podemos observar uma proposta de tradução de uma frase isolada do espanhol para o português – Entrambos niños brincaban en el sótano de la casa (Ambas as crianças pulavam no porão da casa). O exercício está organizado a partir da interpretação semântica dos falsos cognatos brincaban e sótano. Estes correspondem às palavras pular e porão conforme a equivalência lexical com o português, respectivamente. Na parte central da página direita, dois enigmas de cunho infantil e uma copla, que remetem à cultura popular, são apresentados. O primeiro enigma – Tamaña como uma almendra y toda la casa llena (do tamanho de uma amêndoa e preenche a casa toda), tem como expectativa de resposta a palavra luz. O segundo enigma – En el bosque ladra y en la casa calla (no bosque late e em casa se cala), tem como expectativa de resposta a palavra espingarda. Já a copla, pequena composição poética, está distribuída em um quarteto de versos simples, cuja tradução ao português é de fácil entendimento, a saber: Nunca peça, nunca contraia dívidas / nunca faça mal a ninguém / sempre observe, sempre se cale / e irá dizer-me obrigado (tradução nossa). As manifestações culturais tais como as adivinhações e as coplas tendem a contribuir com a aprendizagem do vocabulário novo além de difundir as tradições populares. No modelo gramática/tradução, o vocabulário se constitui em um inventário lexical representativo para o desenvolvimento da competência gramatical na língua estrangeira (ABADÍA, 2000). A memorização das palavras auxilia no processo tradutor dos textos e na construção de orações gramaticais. No que tange à relevância do léxico, compartilhamos com Gardel (2006, p. 19) que “o vocabulário tinha um papel importante, porém o ensino limitavase à tradução”. A apresentação do léxico novo a partir de glossários e listas de palavras bilíngues evidencia a perspectiva semântica da acepção dicionarizada (ABADÍA, 2000). A atribuição do sentido literal, em que se considera as palavras “como se fossem verdades Ampliação lexical qualitativa em E/LE 47 Christiane Alves de Lima únicas e universais” (VECHETINI, 2005, p. 49), é uma das características da abordagem lexical nesse modelo. 2.2. O Método Direto Esse modelo de ensino de línguas, que se propaga a partir da metade do século XX, constitui-se em uma proposta de abordagem didática que potencializa o desenvolvimento das habilidades áudio-orais em sala de aula. A língua é concebida como “um conjunto de modelos linguísticos a ser imitado”10 (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000, p. 16), na qual os alunos aprendem “a compreender uma língua ouvindo-a várias vezes”11 (OMAGGIO, 1986, p. 57) e, consequentemente, “aprendem a falar falando, especialmente se o diálogo estiver associado simultaneamente a contextos apropriados”12 (Ibid). Esse método tem como expoente referencial de ensino a proposta didática de Maximiliam D. Berlitz, imigrante alemão, que fundou em 1878, nos Estados Unidos, a primeira Escola Berlitz. Sua proposta metodológica se reflete em diversos manuais elaborados em várias línguas desenvolvidas em centros de idiomas espalhados em mais de 70 países atualmente. Seu material de ensino consiste em: o manual do professor, com a programação das aulas; o livro de ilustrações, recurso visual para apoio explicativo; o material gravado em distintos suportes, com exercícios de revisão e; o livro do aluno. Considerando que esse modelo de ensino prioriza a realização da prática oral, o método direto consiste em uma tentativa pedagógica de reconstrução da representação dialógica na língua meta, que materializa “o costume especial da fala de uma nação”13 (BERLITZ, 1912, p. I). Através da aproximação de situações cotidianas do falante nativo, 10 ...un conjunto de modelos lingüísticos que hay que imitar ... to understand a language by listening to it in large quantities. 12 …learn to speak by speaking, especially if the speech is associated simultaneously with appropriate action. 13 ... la costumbre especial del habla de una nación ... 11 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 48 Christiane Alves de Lima “prescindindo do percurso inútil (rodeio) que se pressupõe passar pela língua materna (evitando assim a comparação contínua)”14 (ABADÍA, 2000, p.42), tenta-se “dar [ao aluno] a prática necessária para poder utilizá-las de forma fácil e correta”15 (BERLITZ, 1912, p. II). Nessa proposta de ensino, a língua de comunicação é a língua meta, na qual interagem professores e aprendizes. Com o objetivo de evitar a interferência da língua materna no processo de aprendizagem da L2/LE, se estabelece: “um novo sistema de referência para a língua que se está aprendendo, um sistema fechado e independente, que não tenha relação com o da língua materna”16 (ABADÍA, 2000, p. 48). Nessa perspectiva, a língua se caracteriza por ser uma idealização dos fenômenos linguísticos da linguagem, passíveis de imitação, em que se apresentam as formas gramaticais através do processo indutivo de observação dos exemplos da linguagem (CESTARO, 1999), de forma gradual e progressiva a partir do contexto situacional. O conhecimento linguístico é apresentado à medida que as estruturas são internalizadas. A conceituação do processo de aprendizagem da língua estrangeira é representada de forma análoga à língua materna. As etapas de desenvolvimento da aprendizagem da criança na fase inicial em língua materna (OMAGGIO, 1986) fundamentam esse modelo, no qual se aprende “pelo ouvido, o órgão receptivo da língua”17 (ABADÍA, 2000, p. 48). Nesse sentido, seguindo essa proposta, nas orientações metodológicas de um material didático de língua estrangeira, se propõe que “antes de utilizar o livro, deverão ser feitas as nove primeiras lições oralmente a fim de que o discípulo imite a pronúncia do professor”18 (BERLITZ, 1912, 14 ...prescindiendo del recorrido inútil (“rodeo”) que supone pasar por la lengua materna (evitando así la comparación continua). 15 ... darle la práctica necesaria para poder emplearlas fácil y correctamente. 16 ...un nuevo sistema de referencia para la lengua que se está aprendiendo, un sistema cerrado e indenpendiente, que no tenga relación con el de la lengua materna. 17 el oído, el órgano receptivo de la lengua. 18 antes de emplear el libro se harán las nueve primeras lecciones oralmente, a fin de que el discípulo imite la pronunciación del profesor...” Ampliação lexical qualitativa em E/LE 49 Christiane Alves de Lima p. II, grifo nosso), evitando-se a tradução. Ouvir e imitar oralmente representam práticas recorrentes nessa proposta metodológica. A sequência de uma aula modelo do método direto se organiza, segundo Omaggio (1986), a saber: (1) em língua materna, o professor explica o objetivo da aula ao entrar em sala; (2) já na língua meta, esse educador inicia a revisão da sessão anterior a partir da atividade de pergunta/resposta oralmente, na qual interage com os alunos; (3) a partir de uma imagem, o professor apresenta o vocabulário e as estruturas que serão abordados naquela aula; (4) incentiva-se a repetição oral de fragmentos do texto, em que se parafraseia o significado lexical sem que ocorra necessariamente a tradução direta e, por último; (5) uma atividade musical finaliza a sessão. O desenvolvimento da competência linguística se efetiva a partir de um diálogo escrito que aparece desde as primeiras lições, estimulando o aprendiz a repetir falando. Nessa proposta, a explicitação das regras gramaticais não é uma característica que se coloca em evidência na descrição da língua, como pode ser observado no exemplo a seguir retirado de um material didático. Figura 6. Fonte: BERLITZ, 1912, p. 3. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 50 Christiane Alves de Lima Nessa amostra, a estrutura segue a temática da descrição gramatical. Na parte superior da página, o léxico relativo a objetos pertencentes ao contexto escolar se organiza a partir de listas de gêneros (el libro, el lápiz, el papel ... / la pluma, la regla, la caja...). Na parte central da página, as estruturas ¿qué es esto? / Es el/la ... / Sí, es el/la... / No, no es el/la .... são apresentadas a partir de diálogos curtos, permitindo sua aplicação. A prática das estruturas está organizada a partir da repetição oral e o léxico contribui para o processo de aprendizagem da língua. A repetição constante dos diálogos realizada a partir das substituições lexicais é uma tentativa de internalização do conhecimento linguístico. 2.2.1. O lugar do léxico no método Direto O componente léxico se caracteriza como elemento complementar no processo de desenvolvimento da competência linguística, que prioriza a oralidade (ABADÍA, 2000). O vocabulário, que se tematiza em sala, se estabelece considerando o conhecimento de mundo do aprendiz, cuja “ordem em que são introduzidas [as palavras] está determinada pela necessidade de explicar todos os elementos selecionados do idioma sem recorrer a tradução e por apresentar as situações em um aumento gradual de complexidade”19 (ABADÍA, 2000, p.58). A seleção do léxico se organiza entorno dos objetos e das ações relacionados ao contexto imediato e aos hábitos cotidianos, que fazem parte da linguagem coloquial, tentando dinamizar e integrar os conhecimentos do aprendiz na língua estrangeira (RICHARDS e RODGERS, 1998). Na atividade didática, enfatiza-se uma apresentação lexical gradual e progressiva, visto que se realiza um processo paulatino de sedimentação das informações 19 El orden en que se introducen está determinado por la necesidad de explicar todos los elementos seleccionados del idioma sin recurrir a la traducción, y de presentar las situaciones en un aumento gradual de complejidad. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 51 Christiane Alves de Lima linguísticas no processo de aprendizagem da língua meta. A abordagem do léxico se organiza por associações (ABADÍA, 2000). A proposta leva o discente a aprender imitando, associando e acionando estratégias de indução por intermédio de demonstrações visuais, correlações de idéias, exemplos, operações analógicas (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000). Dessa maneira, o processo associativo, a paráfrase, as analogias, a mímica e a visualização de imagens fazem parte da dinâmica do professor (OMAGGIO, 1986). O suporte oral, em que o léxico é apresentado, permeia o desenvolvimento das atividades, nas quais a fluência na língua estrangeira e o desempenho didático do profissional se sobressaem em um modelo de aula (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000). Na proposta a seguir, retirada de um material didático de espanhol como LE, podemos observar a forma de apresentar o componente léxico. Figura 7. Fonte: BRIONES, 2004. p. 57 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 52 Christiane Alves de Lima Essa atividade, apresentada em espanhol, visa o desenvolvimento da compreensão auditiva e da expressão oral. A proposta didática do exercício incentiva o aprendiz a ouvir a gravação auditiva, identificando o nome das partes e dos objetos da casa representada pela figura. Na transcrição do texto gravado20, disponível no manual do professor, é narrado o relato da personagem Isabela, apresentando-a e caracterizando o local, no qual a jovem está acostumada a passar suas férias com a família. Com um discurso narrativo, a personagem descreve cada parte da residência familiar. O aluno acompanha a gravação e relaciona as palavras com as partes da casa à medida que vai estabelecendo as relações associativas com as imagens. Como expectativa de resposta, as correlações semânticas apresentam a seguinte sequência: os números 1, 3, 4 e 5 representam os quartos (la habitación); os números 2 e 7 representam os banheiros (el baño); o número 6 representa a sala (la sala); o número 8 representa a sala de jantar (el comedor); o número 9 representa a cozinha (la cocina); o número 10 representa a varanda (la terraza); o número 11 representa a área posterior da casa (el patio); e o número 12 representa o jardim (el jardín). A orientação didática do manual do professor incentiva a reprodução oral antes da realização da atividade. A compreensão prévia do assunto apresentado primeiramente pela audição é uma das características desse modelo. A oralidade tende a estabelecer as inferências lexicais, permitindo associações do componente léxico com as imagens. Em uma atividade, retirada de um material didático de inglês como LE, podemos observar outro modelo de exercício que permite praticar a associação lexical. 20 ¡Hola, amigos! Soy Isabela. Vivo en Madrid con mis padres y estudio en el Colegio San Cayetano. Mi padre trabaja aquí, en España, pero somos mexicanos. En las vacaciones vamos a ciudad de México porque allá tenemos nuestra casa. Está cerca del centro con una fuente, cuatro habitaciones con grandes ventanas, dos baños, la sala, la cocina y un amplio comedor. Los muebles son antiguos y hay lámparas enormes de cristal y muchos espejos. En el segundo piso está la terraza. Y detrás de la casa, hay un jardín, con plantas, flores y árboles frutales. En las vacaciones salgo siempre al jardín y leo un libro debajo de la sombra del maguey. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 53 Christiane Alves de Lima Figura 8. Fonte: MARQUES, 2004. p. 34. Na parte inicial da atividade, o pedido do exercício, em inglês, incentiva o aluno a relacionar as frases que expressam as emoções da jovem de acordo com as quatro imagens apresentadas. A cada imagem, que representa variações da expressão facial da jovem, existe uma idéia que se adéqua ao contexto. Essa atividade prioriza a inferência lexical e o acionamento do conhecimento de mundo. O aluno necessita compreender as informações lexicais, sem fazer uso da tradução, a saber: Well let’s have a look! (bom! vamos ter que olhar!); I’m not interested! (eu não estou interessada); Wow! That’s really interesting! (uau! é realmente interessante!); e I don’t want to see it! (eu não quero ver isto!). As interpretações das imagens também fazem parte da prática dialógica do aprendiz, reconhecendo o significado de cada expressão a partir das experiências construídas socialmente. A expectativa de resposta do exercício é: figura 1 - I don’t want to see it!; figura 2 - I’m not interested!; figura 3 - Well let’s have a look!; e figura 4 - Wow! That’s really interesting! Outra forma de abordar o léxico que caracteriza esse modelo é através de atividades de antonímia e sinonímia. Nas duas propostas didáticas a seguir, retiradas de um material Ampliação lexical qualitativa em E/LE 54 Christiane Alves de Lima didático de inglês como LE, podemos observar exercícios que seguem essa tendência de atividade. Figura 9. Fonte: MARQUES, 2004. p. 20. A primeira atividade, na parte superior da página, incentiva o aprendiz a relacionar os pares de oposição lexical. Tanto na coluna da esquerda como da direita, observamos que as palavras, em inglês, estão relacionadas com a temática da unidade apresentada previamente – o conceito de sabedoria e as grandes virtudes da humanidade. Como expectativa de resposta, os pares de oposição se organizam tal como: o mal (evil) – o bom (good); o interior (inside) – o exterior (outside); a crueldade (cruelty) – a bondade (kindness); o ódio (hate) - o amor (love); o desespero (despair) – a esperança (hope); a raiva (anger) – a serenidade (serenity); a ganância (greed) – a generosidade (generosity); a mentira (lies) – a verdade (truth); o vencedor (winner) - o perdedor (loser); e o amigo (friend) – o inimigo (enemy). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 55 Christiane Alves de Lima Na parte inferior da página, na segunda atividade, o pedido do exercício, em inglês, incentiva o aprendiz a encontrar palavras no texto Wolves, apresentado previamente, com o mesmo sentido das unidades léxicas elencadas. A expressão um pequeno rio estreito (a small narrow river) está representada pela palavra córrego (stream); a expressão o filho de um dos seus filhos (the son of your children) representa a palavra neto (grandson); a expressão a luta entre dois exércitos numa guerra (a fight between two armies in a war) representa a palavra batalha (battle); a expressão dar comida a uma pessoa ou um animal (to give food to a person or an animal) representa a palavra alimentar (feed); a expressão o líder de uma tribu indiana (the leader of na Indian tribe) representa chefe (chief); a expressão em muitas ocasiões, muitas vezes (on many occasions, frequently) representa frequentemente (often); a expressão cheio de (full of) representa preenchido com (filled with); e a expressão aquele que ganha uma competição (the one who wins a competition) representa vencedor (winner). Essas últimas atividades vão ao encontro da proposta de expressar-se preferencialmente em LE como orientação pedagógica. Uma das características desse modelo é não autorizar a tradução direta. As restrições com a utilização da tradução estão diretamente relacionadas com o monitoramento das interferências gramaticais e lexicais no desenvolvimento da oralidade na língua estrangeira. No modelo direto, a abordagem do componente léxico estabelece uma relação com a prática oral em LE. O léxico é apresentado preferencialmente através de diálogos. A seleção lexical segue a orientação didática de um vocabulário básico, apresentado de forma gradativa. A proibição da língua materna e a tradução como recurso pedagógico em sala de aula tem efeitos no tratamento do léxico. Nesse sentido, o processo de parafrasear idéias e associar sentidos com imagens tenta dar conta das restrições com a tradução. A permissão da tradução Ampliação lexical qualitativa em E/LE 56 Christiane Alves de Lima 7em alguns casos, principalmente, quando o aprendiz decodifica uma informação diferente daquela transmitida pelo professor pode ser um processo pertinente (OMAGGIO, 1986). 2.3. O Método Audiolingual A proposta metodológica do modelo audiolingual, que se difunde em meados do século XX, está sedimentada nas principais discussões teóricas da Psicologia Comportamental e da corrente linguística do Estruturalismo (OMAGGIO, 1986). Analisando o campo de pesquisa da Psicologia que se desenvolve nos períodos da década de 40 e 50, os estudos behavoristas de Skinner sobre o comportamentalismo humano postulam uma prática de observação, eixo central da ciência comportamental, em que se tenta prever e controlar todo e qualquer comportamento do ser humano. Nesse processo, as reações e as atitudes do indivíduo são sempre uma resposta a um estímulo específico, sendo que estas se caracterizam por serem “públicas (explícitas) ou não declaradas (implicitas)”21 (OMAGGIO, 1986, p. 25). Nessa perspectiva comportamentalista, o ser humano consiste em “um organismo capaz de um amplo repertório de condutas”22 (RICHARDS e RODGERS, 1998, p. 55), passível de ser analisado, em que se aplicam os princípios do condicionamento operante. A resposta (ação) é modelada no organismo através de reforço diferencial e aproximações sucessivas, sendo que “o reforço é um elemento vital no processo de aprendizagem porque aumenta a probabilidade de que a conduta volte a ocorrer e que, finalmente, se converta em hábito”23 (Ibid). Nesse sentido, sob a ótica dos princípios behavoristas de aprendizagem de línguas, o processo de formação de hábitos, calcado na dicotomia estímulo/resposta, materializa o treinamento linguístico do aprendiz, em que “a mente é uma tábua rasa, na qual 21 ... overt (explicit) or covert (implicit). ... un organismo capaz de un amplio repertorio de conductas. 23 el refuerzo es un elemento vital en el proceso de aprendizaje porque aumenta la probabilidad de que la conducta vuelva a ocurrir y que, finalmente, se convierta en hábito. 22 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 57 Christiane Alves de Lima estão gravadas as associações entre os diversos estímulos do ambiente e as respostas escolhidas de fora do organismo para o reforço”24 (OMAGGIO, 1986, p. 26). Ancorada na diretriz descritiva do estruturalismo saussuriano, a língua é concebida como um conjunto de padrões estruturais analisados a partir do processo indutivo (ABADÍA, 2000), “um sistema sofisticado de resposta que os seres humanos adquirem através de processos automáticos de condicionamento”25 (OMAGGIO, 1986, p. 26), um conjunto de regras fonológicas, morfológicas e sintáticas, cujo componente léxico é o mais irrelevante (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000). O significado do léxico é codificado a partir de fonemas, morfemas, palavras, estruturas e orações (RICHARDS e RODGERS, 1998). A língua é considerada como um fenômeno primeiramente oral e a escrita se caracteriza como uma representação secundária do discurso (OMAGGIO, 1986). A segunda língua se estabelece como um conjunto de hábitos determinados pela formação mecânica de novos padrões linguísticos através da memorização e da repetição em um processo de automatização de estruturas gramaticais. Um dos objetivos do ensino é o controle sobre os “erros” (reforço negativo), no qual se tenta evitar o processo de fossilização (MAIA ET AL, 2000). Nesse modelo, a figura do professor é essencial no controle e no monitoramento pedagógico. Sob os pilares da linguística estruturalista e da psicologia behavorista, materializam-se os primeiros passos do método audiolingual, inicialmente, a partir de programas do exército norteamericano, Army Methods, em que se incentivam projetos de pesquisa de metodologia de ensino de línguas específicos para a capacitação linguística do pessoal militar. As expectativas estão concentradas no desenvolvimento da conversação, visto que a participação de militares como tradutores e intérpretes se evidencia na II Guerra Mundial. Os resultados obtidos com o método estão relacionados ao contato estabelecido com a língua objeto, em que “se ensinava 24 … the mind is a tabula rasa onto wich are stamped associations between various stimuli in the environment and responses chosen from outsides the organism for reinforcement. 25 … a sophisticated response system that humans acquire through automatic conditioning processes. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 58 Christiane Alves de Lima prestando uma atenção sistemática à pronúncia e através de exercícios intensivos de repetição oral das estruturas básicas da oração”26 (RICHARDS e RODGERS, 1998, p. 51). Nesse sentido, a aprendizagem de línguas se associa a reflexos condicionados, nos quais palavras e frases devem ser imitadas, repetidas e memorizadas (estímulo→resposta→reforço) de forma exaustiva, exigindo um envolvimento do discente no desenvolvimento das atividades de interação oral professor-aluno / aluno-aluno. No que tange às etapas de um modelo de aula, Omaggio (1986) elenca os procedimentos didáticos característicos de uma abordagem audiolingual, a saber: (1) repetição oral, individual e em grupo, das frases do diálogo a partir do modelo referencial reproduzido pelo professor; (2) construção e dramatização de diálogos com base no modelo apresentado; (3) apresentação dos padrões estruturais a partir de exercícios baseados na repetição, substituição, transformação de itens linguísticos (drills) e; (4) consolidação do conteúdo linguístico por meio de interação aluno-aluno, em que se estabelece o paradigma pergunta/resposta a partir das estruturas desenvolvidas em sala. Considerando as observações sobre o manual didático, Omaggio (1986) afirma que as unidades desse recurso metodológico tendem a ser consolidadas em três partes: o diálogo, os drills e os exercícios de aplicação, em que se destacam os mecanismos estratégicos ancorados na repetição e na transformação das formas estruturais, levando em conta as alterações de pessoa (número e gênero), verbais (flexão e tempo) e de orações (número, pergunta/resposta, respostas padrão). Convém ressaltar que, como salienta Omaggio (1986), as explicações gramaticais praticamente inexistem, apesar do foco descritivo da gramática, visto que “a progressão gramatical se apresenta segundo o grau de dificuldade, as estruturas vão de 26 ... se enseñaba prestando una atención sistemática a la pronunciación y por medio de ejercicios intensivos de repetición oral de las estructuras básicas de la oración. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 59 Christiane Alves de Lima menor a maior complexidade, a apresentação da gramática tenta ser a mais clara e simples possível”27 (ABADÍA, 2000, p. 69). Dessa maneira, o ensino-aprendizagem da língua consiste na sistematização de estruturas que dão ênfase à interiorização indutiva de inputs gramaticais e a memorização do vocabulário. Nesse sentido, ao analisar o aspecto do uso linguístico, conforme Maia et al (2000, p.6), “os alunos muitas vezes repetiam frases que eram incompreensíveis para eles próprios sem que houvesse interação ou comunicação”. Estes aprendizes são capazes de produzir frases gramaticalmente corretas, contudo, desconhecem o uso adequado fora do contexto de sala de aula (GARDEL, 2006). O exemplo a seguir proporciona uma dimensão do processo mecânico de repetição de estruturas. Figura 10. Fonte: SÁNCHEZ ET AL, 1982, p. 122. 27 ... la progresión gramatical está ordenada según el grado de dificultad, las estructuras van de menor a mayor complejidad, la presentación de la gramática trata de ser lo más clara y sencilla posible... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 60 Christiane Alves de Lima Nessa amostra, retirada de um material didático de espanhol para estrangeiros, na parte superior da página, o aspecto sintático é apresentado de forma simplificada. As estruturas são introduzidas através de um quadro esquemático, no qual se identificam as orações expositivas: “apresentadas de forma amena, clara”28 (SÁNCHEZ ET AL, 1982, p. v). Na parte central e inferior da página, as propostas de atividade reforçam “a prática oral para familiarizar-se com as regras e estruturas”29 (Ibid), sem que se preceitue uma normatização das regras gramaticais. Nesse modelo, as estruturas apresentadas tendem a ser destacadas por meio do recurso visual de MAIÚSCULAS ou em negrito. A participação do aluno se efetiva a partir da internalização do insumo gramatical. O professor atua nesse processo de aprendizagem como personagem-modelo de apropriação linguística, estabelecendo os parâmetros para a interação professor-aluno e aluno-aluno (CESTARO, 1999). As formas gramaticais são apresentadas dentro de um contexto situacional, construído didaticamente, e reproduzidas pelo aprendiz através do processo de imitação e repetição, considerando “importante, particularmente nos primeiros níveis, a repetição de estruturas fundamentais para que o aluno se habitue mais facilmente a língua que aprende”30 (SÁNCHEZ ET AL, 1982, p. vi-vii). 2.3.1. O lugar do léxico no método Audiolingual O léxico é percebido como elemento auxiliar no processo de ensino da língua. Seu tratamento está submetido à apresentação das estruturas. Nesse modelo, o léxico não é objeto de estudo, sendo posto em segundo plano no planejamento didático (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000). A seleção do léxico se estabelece a partir de um número 28 ...presentadas aquí de manera amena, clara... ...la práctica oral para familiarizarse con las reglas y estructuras... 30 ... importante, en especial en los primeros niveles, la repetición de estructuras fundamentales para que el alumno se habitúe más fácilmente a la lengua que aprende... 29 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 61 Christiane Alves de Lima limitado e controlado de palavras, evitando, assim, a sobrecarga de informações que desvie a atenção da formação de novos hábitos linguísticos. O conteúdo lexical está organizado de acordo com aquilo que for adequado para o desenvolvimento da competência linguística. O componente léxico tende a ser apresentado primeiramente nos diálogos. A amostra a seguir evidencia a forma de abordar o léxico. Figura 11. Fonte: SÁNCHEZ ET AL, 1982, p. 1. Nesse excerto, retirado de um material didático de E/LE, a temática lexical está organizada entorno das profissões e dos gentílicos e da gramática, centrada na estrutura - ser + profissão/gentílico. As orações são curtas e possibilitam um entendimento único da informação. O léxico é simples e o diálogo se caracteriza pela objetividade discursiva. As informações textuais são completadas pelas imagens, nas quais o aprendiz: “encontre suficientes estímulos nos desenhos para criar um diálogo natural, utilizando assim o vocabulário aprendido dentro de seu contexto”31 (SÁNCHEZ ET AL, 1982, p. vi). O diálogo 31 ... encuentre suficientes estímulos en los dibujos para crear un diálogo natural, utilizando así el vocabulario aprendido dentro de su contexto. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 62 Christiane Alves de Lima se justifica pela ambientação didática dos conteúdos gramaticais e lexicais que serão abordados. Entretanto, nos chama a atenção que somente a palavra estudante foi apresentada como uma das formas de ocupação, dando indícios de que o controle do léxico é fator importante na aprendizagem das estruturas. A palavra estudante é um insumo lexical que faz parte do conhecimento linguístico de nível básico e que tende a não comprometer a compreensão do significado pelo aprendiz. A primeira imagem na parte superior direita, que representa a entrada de uma escola de idiomas, permite estabelecer relações com o conteúdo lexical necessário ao tema que será abordado na lição (estudante, escola, livros, professor, etc). O uso de imagens nesse modelo tende a reforçar a importância da analogia na aprendizagem do componente léxico. A reprodução da gravação dos diálogos possibilita a prática da compreensão auditiva, caracterizando-se como uma atividade prévia à exposição do texto escrito. Além disso, permite a capacitação da oralidade e da adequada pronunciação do aprendiz mediada pela intervenção do professor, sendo que nas “questões fonéticas ou de entonação”32 (SÁNCHEZ ET AL, 1982, p. vi), convém destacar “problemas específicos que consideramos de maior interesse ou dificuldade”33 (Idib). A ampliação de novos itens lexicais tende a ser estabelecida concomitante com a apresentação das formas gramaticais. A proposta didática a seguir mostra o tratamento lexical. 32 33 ... cuestiones fonéticas o de entonación. ... problemas específicos que consideramos de mayor interés o dificultad. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 63 Christiane Alves de Lima Figura 12. Fonte: SÁNCHEZ ET AL, 1982, p. 3. Nessa atividade, o aluno é incentivado a ampliar seu conhecimento lexical a partir da apresentação do vocabulário novo em um contexto situacional. Da esquerda para a direita, da parte superior da página para a inferior, as profissões compartilhadas pelo senso comum são elencadas – 1. médico (médico), 2. engenheiro (ingeniero), 3. professor (profesor), 4. aluno (alumno), 5. arquiteto (arquitecto), 6. secretária (secretaria), 7. enfermeira (enfermera) e 8. cabeleireiro (peluquero). As imagens dos diversos profissionais caracterizados possibilitam a construção de sentidos. Cada figura está imediatamente relacionada a uma profissão. Esses desenhos são elementos relevantes para a representação das idéias, identificando, de forma clara, a área de atuação profissional dos personagens fictícios. Nessa perspectiva, o recurso imagístico é um meio complementar e adequado para a atribuição do significado lexical. A estrutura verbal ser + substantivo é a base da atividade. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 64 Christiane Alves de Lima O léxico tende a ser abordado somente dentro de um contexto situacional. Nesse modelo, a forma de apresentar uma situação, que guarda uma relação entre a estrutura analisada e o apoio visual, permite que o aluno assimile o significado do componente léxico. Na proposta de atividade a seguir, retirada de um material didático de espanhol como LE, podemos observar como o contexto situacional se relaciona com a forma de abordar o componente léxico. Figura 13. Fonte: GARCÍA FERNÁNDEZ; SÁNCHEZ LOBATO, 1990. p. 43 Nesse exercício, o objetivo principal dessa proposta didática é a aplicação do adjetivo possessivo apresentado previamente na unidade. Entretanto, é apresentado também um vocabulário novo relacionado com uma seleção de cores e de objetos. Cabe mencionar que esta página, em particular, é a única que apresenta figuras coloridas no material didático como um todo. Este manual foi confeccionado, de forma geral, com páginas em preto e branco. Este Ampliação lexical qualitativa em E/LE 65 Christiane Alves de Lima fato nos dá evidências do papel que desempenha as imagens no modelo audiolingual. Dessa maneira, a visualização das cores que aparecem nessa atividade – 1. vermelho (rojo), 2. preto (negro), 3. azul (azul), 4. branca (blanco), 5. cinza (gris), 6. verde (verde), 7. marrom (marrón), 9. amarelo (amarillo) e 10. rosa (rosa) – contribui para a transmissão do sentido. Com relação aos objetos – carro (coche), guarda-chuva (paraguas), gravata (corbata), capa de chuva (gabardina), chapéu (sombrero), saia (falda), casaco (abrigo), calça comprida (pantalones), luvas (guantes) e blusa de jersey (jersey) – são colocados em evidência na figura, aumentado seu tamanho, isolando-os ou ajustando o foco da imagem sobre o objeto em destaque. No modelo audiolingual, o tratamento do componente léxico está subordinado à apresentação das estruturas. É percebido como um componente secundário no ensino das línguas. Sua abordagem se atém a apresentação de um conteúdo básico que possibilite a aplicação das estruturas. O recurso visual se estabelece como fator determinante na construção do sentido em LE. Nesse sentido, essa proposta metodológica tende a priorizar o observável, o analisável, o conhecimento acessível ao processo indutivo. 2.4. O Método Comunicativo Essa proposta metodológica, que se propaga a partir das décadas de 80 e 90, concebe a língua como uma ferramenta de comunicação (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000), “um veículo de comunicação de significados e de interação social” (ROQUE, 2005, p.21). O contexto sociocultural é premissa fundamental (RICHARDS e RODGERS, 1998), uma vez que o discurso enunciativo estabelece um significado real (MAIA ET AL, 2000). Esse modelo visa que o aluno aprenda a se comunicar em língua estrangeira e desenvolva a competência comunicativa (CESTARO, 1999). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 66 Christiane Alves de Lima São os postulados de Hymes sobre a etnografia da linguagem, que discutem o aspecto do uso da língua, no qual o desenvolvimento da competência comunicativa transcende o conhecimento gramatical e integram os conceitos de adequabilidade e aceitabilidade da informação, implicando “saber o que dizer a quem e como dizê-lo de forma apropriada numa determinada situação”34 (ABADÍA, 2000, p. 81). Os discursos se constituem em constructos sociais e funcionalmente apropriados (LITTLEWOOD, 1996). Nesse modelo metodológico, a competência comunicativa abarca, particularmente, as competências linguística, sociolinguística, estratégica e pragmática35, ressaltando o caráter funcional da língua, em que “o processo de aprendizagem deve estar voltado à preparação do aluno para lidar com situações comunicativas na vida real” (VILAS BOAS ET AL, 2006, p.8). A proposta envolve funções metacognitivas, que implicam a conscientização do aprendiz no processo discursivo, desenvolvendo uma gestão autônoma ao optar pelos mecanismos estratégicos de comunicação de acordo com seu estilo e aspecto motivacional. A atividade comunicativa em sala de aula envolve, portanto, o engajamento do professor e dos aprendizes (MAIA ET AL, 2000), agentes ativos do processo de aprendizagem, os quais, no nível discursivo, estabelecem as negociações e construções de sentido, com a “promoção do uso efetivo de uma língua prática, autêntica” (ROQUE, 2005, p. 24). Esta prática se realiza de forma criativa e imprevisível em razão das características inerentes das situações e das condições de produção comunicativa. Nesse sentido, o papel do aprendiz tende a ser concebido como comunicador ativo, negociador de sentidos, responsável pela aprendizagem autônoma e um dos articuladores no 34 ... saber qué decir a quién y cómo decirlo de forma apropiada en una situación determinada. A competência sociolinguística se refere às “condiciones socioculturales del uso de la lengua. Mediante su sensibilidad a las convenciones sociales (las normas de cortesía, las normas que ordenan las relaciones entre generaciones, sexos, clases y grupos sociales, la codificación lingüística de determinados rituales fundamentales para el funcionamiento de una comunidad), el componente sociolingüístico afecta considerablemente a toda la comunicación lingüística entre representantes de distintas culturas, aunque puede que los integrantes a menudo no sean conscientes de su influencia.” (CONSELHO DE EUROPA, 2002, p. 1314). Por outro lado, a competência pragmática se refere ao “uso funcional de los recursos lingüísticos (producción de funciones de lengua, de actos de habla) sobre la base de guiones o escenarios de intercambios comunicativos (...) el dominio del discurso, la cohesión y la coherencia, la identificación de tipos y formas de texto, de ironía y la parodia”. (CONSELHO DE EUROPA, 2002, p. 14). 35 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 67 Christiane Alves de Lima discurso comunicativo. Por outro lado, ao professor cabe o papel de facilitador, analista das necessidades, criador de situações, conselheiro, coordenador, avaliador, e, em alguns momentos, interlocutor-participante (ROQUE, 2005). A perspectiva do foco do ensino da forma para o uso da língua tende a enfatizar a aplicação do conhecimento gramatical no desenvolvimento de práticas nocio-funcionais, nas quais o aprendiz é capaz de interagir socialmente a partir de expressões que manifestam a intencionalidade comunicativa. Na amostra a seguir, retirada de um material didático de espanhol como LE, podemos observar como são potencializadas as intenções comunicativas. Figura 14. Fonte: VIUDEZ, 1995. p. 12. Na parte superior da página, observamos que as funções comunicativas tratadas nessa unidade didática estão organizadas em: como perguntar e dizer o nome (preguntar y decir el nombre); perguntar e dizer sua origem (preguntar y decir el origen); perguntar e dizer a profissão (preguntar y decir la profesión); confirmar e corrigir uma informação (confirmar y Ampliação lexical qualitativa em E/LE 68 Christiane Alves de Lima corregir información); soletrar o nome (deletrear); e perguntar por uma palavra em espanhol (preguntar por una palabra en español). Os expoentes nocio-funcionais estabelecidos pela expectativa das intenções comunicativas estão relacionados com as estruturas ¿cómo te llamas?, ¿de dónde eres?, ¿qué haces?, ¿dónde vives?, ¿eres ...?, ¿vives en ...?, e ¿ cómo se dice en español? Nesse esboço, o conhecimento gramatical adequado que possibilita as condições de produção da comunicação se fundamenta nas formas verbais ser, llamarse, trabajar e vivir, no presente do indicativo e nas três primeiras pessoas do singular. Nesse primeiro contato com a LE, o aprendiz necessita reconhecer-se enquanto sujeito do discurso (yo), bem como, com quem fala (tú) e de quem se fala (él). A apresentação dessa informação linguística segue uma orientação indutiva, na qual as formas verbais são organizadas em um quadro esquemático. Essa forma de abordar guarda relação com modelos anteriores, colocando em evidência o processo inferencial na assimilação do insumo gramatical. De forma semelhante, a noção de gênero é evidenciada ao negritar as desinências nominais de masculino – r, l, o, e – e de feminino – a, e. No enfoque comunicativo, os aspectos linguísticos tendem a ser apresentados em diálogos. Uma das principais características do modelo comunicativo é tentar desenvolver as habilidades do aluno (ler, escrever, ouvir e falar) na língua que se aprende. No exemplo a seguir de um material didático de espanhol como LE, observamos uma proposta de atividade que tenta desenvolvê-las. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 69 Christiane Alves de Lima Figura 15. Fonte: VIUDEZ, 1995. p. 30. Nessa amostra, na parte superior direita da página, observamos um diálogo curto entre três personagens (o corretor, Ana e Sérgio), no qual o tema central é a procura por imóvel para alugar. O conhecimento gramatical está relacionado com a localização espacial (¿dónde está(n)...?) e as especificações numéricas (¿cuántos ... tiene? / ¿cuánto es el alquiler?). O diálogo é introduzido por uma gravação auditiva, que contextualiza o assunto da lição. Na parte central da página, um insumo lexical básico é apresentado para possibilitar o desenvolvimento das atividades orais que se seguem. Nestas, os alunos são incentivados a praticar, em duplas, o conteúdo lexical/gramatical ensinado. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 70 Christiane Alves de Lima 2.4.1. O lugar do léxico no método Comunicativo Do ponto de vista funcional, o componente léxico está relacionado com as funções comunicativas, sendo esquematizado por áreas temáticas e pelos campos nocio-funcionais referentes à realidade social que faz parte do contexto do aprendiz (BARROS, 2006). A seleção lexical baseada no uso comunicativo permite escolhas do componente léxico que sejam rentáveis ao usuário para expressar suas intenções em contextos situacionais. Dessa maneira, há uma tentativa de dar ênfase a um vocabulário concernente a aquilo que o aluno venha a utilizar e a ouvir, quando interaja com outros interlocutores na língua que aprende: “deixa-se de lado a utopia da linguagem ideal para concentrar-se no estudo da linguagem real”36 (GARCÍA GIMÉNEZ, 2008, p.13). O componente lexical é apresentado por meio de amostras contextualizadas e disponibilizadas pelo apoio visual ou auditivo (CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000). O tratamento lexical tende a ser realizado através de um processo indutivo. A atribuição do sentido das palavras é delegada ao aprendiz, que é exposto ao componente léxico em sala de aula, acionando as estratégias de inferência a partir do estímulo externo. As variadas atividades lexicais dão pistas do ecletismo de propostas anteriores. Essa particularidade no modelo comunicativo é uma tentativa de desenvolver procedimentos de aprendizagem que levem em conta as formas de aprender do aluno. Uma amostra dessa proposta pode ser observada no material didático de espanhol como LE que se segue. Para apresentar o tema corpo humano, o léxico novo é introduzido a partir do desenho de um homem. Os componentes léxicos estão organizados em um vocabulário básico referente às partes do corpo (ojo/olho, cuello/pescoço, brazos/braços, cabeza/cabeça, estómago/estômago, manos/mãos, pies/pés, piernas/pernas, dedos/dedos, espaldas/costas) e relacionados ao contexto funcional abordado - expressar sensações. 36 Se deja de lado la utopía del lenguaje ideal para centrarse en el estudio del lenguaje real... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 71 Christiane Alves de Lima Figura 16. Fonte: VIUDEZ, 1995. p. 115. Nesse excerto, a imagem tende a facilitar a associação das palavras com os significados. A reprodução auditiva do diálogo gravado e a representação visual dos acontecimentos narrados fazem parte dos recursos didáticos que tentam promover a aprendizagem na língua meta. Na prática da oralidade, as expressões gramaticais são instrumentalizadas funcionalmente como se pode observar na atividade proposta no exercício número um (¡tienes la palabra!), na parte inferior da página. O aprendiz, a partir do modelo apresentado ¿qué te duele? A mí me duele esta pierna, é incentivado a desenvolver aplicações da estrutura proposta. Dessa maneira, o léxico é apresentado por meio de imagens, sendo que o aprendiz infere o significado do componente léxico. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 72 Christiane Alves de Lima Em outra atividade lexical, retirada de um material didático de inglês como LE, a temática do exercício aborda os cognatos (palavras transparentes), como podemos observar na amostra a seguir. Figura 17. Fonte: MARQUES, 2004. p. 9. A proposta didática está relacionada com a leitura prévia de um texto adaptado de um artigo científico de um jornal britânico (Astronomers Count the Stars). O material utilizado como referência para a proposta didática representa uma amostra de uso da língua inglesa. O uso de textos que apresentem o funcionamento da língua é uma das características desse modelo. É uma tentativa de familiarizar o aluno com as formas de expressão do falante nativo. Na parte introdutória do exercício, um texto explicativo apresenta a natureza dos cognatos e ressalta a proximidade existente entre o português e o inglês. Na atividade, o aluno é incentivado a buscar no texto vinte e cinco palavras que exemplifiquem as palavras transparentes por meio do acionamento do conhecimento prévio na língua materna. Nessa proposta, as respostas são livres, sendo que a expectativa de resposta apresentada pelo manual do professor sugere como cognatos – astronomers, count, visible, Universe, deserts, parts, human, modern, telescopes, different, stoey, instruments, galaxies, sector, cosmos, Australian, sextillion, zeroes, astronomical, total, National, University, theory, planets, distants, possibility e contact. Outra proposta de atividade de léxico na língua inglesa, que anima o aluno a realizar a inferência lexical, pode ser observada no excerto a seguir. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 73 Christiane Alves de Lima Figura 18. Fonte: MARQUES, 2004. p. 20. Nessa atividade, a inferência lexical se estabelece a partir do apoio visual – a representação das mãos de pessoas de raças distintas sobrepostas formando a figura de um coração. O aluno é incentivado a identificar entre as palavras apresentadas – alegria (joy), amor (love), truth (verdade), compaixão (compassion) e humildade (humility) – aquela que estabeleça uma relação com a imagem. Essa proposta tem como expectativa que o aluno infira o significado das palavras, bem como, a questão da união das raças implicitamente apresentada pelo tom da pele branca e negra. Como expectativa de resposta, o manual do professor considera a palavra amor que expressaria a harmonia na mistura de raças. A forma de apresentar a imagem se destaca em relação a modelos anteriores, relacionando a pertinência da foto com o conhecimento de mundo do aluno. Em outro exercício relativo à aprendizagem do léxico na língua inglesa, podemos observar que as palavras tendem a ser abordadas dentro de um campo temático. Figura 19. Fonte: MARQUES, 2004. p. 277. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 74 Christiane Alves de Lima Nessa amostra, o léxico está relacionado com o texto da unidade didática que trata do aspecto negativo da construção de represas. A fonte de referência do material utilizado foi retirada de uma resenha crítica online de uma ONG americana. Nessa atividade, o aluno é incentivado a identificar as palavras apresentadas na parte superior direita do exercício, classificando-as nos diagramas a partir do campo semântico ao qual se relacionam. No diagrama da economia (Economics), a expectativa de reposta seria: balancete financeiro (balance sheet), investimento (investiment), custo financeiro (financial cost), produção agrícola (crops) e orçamento (budget). No diagrama da engenharia (Engineering), a expectativa de resposta seria: energia (energy), represa (dam), projeto (project) e reservatório (reservoir). E, no diagrama da geografia/ecologia (Geography/Ecology), a expectativa de resposta seria: rio (river), emissão de gases poluentes (green-house gas emissions), ecossistema (ecosystem) e água (water). Esse modelo de atividade dá ênfase ao acionamento das redes lexicais pré-estabelecidas no lexicón mental do aprendiz, agrupando o léxico de acordo com o mapa temático. No exercício a seguir, podemos observar outra atividade lexical que incentiva o acionamento do conhecimento prévio. Figura 20. Fonte: BRIONES, 2004. p. 40. No exercício, retirado de um material de espanhol como LE, o aluno é incentivado a preencher os espaços vazios com palavras que completem o sentido textual. As respostas são livres desde que não extrapolem as possibilidades interpretativas do texto. Nessa atividade, o Ampliação lexical qualitativa em E/LE 75 Christiane Alves de Lima conteúdo das orações foi apresentado previamente, facilitando o processo inferencial. As respostas apresentadas pelo manual do professor representam uma das possíveis soluções do exercício. Esse tipo de atividade tenta evitar um sentido único como verdade absoluta. A negociação dos sentidos é uma das características desse modelo. A participação do aluno na construção do conhecimento linguístico é constante como pode ser observado na atividade a seguir retirada de um manual didático de espanhol como LE. Figura 21. Fonte: BRIONES, 2004. p. 114. Nessa amostra, a proposta didática incentiva a interação aluno-aluno. O tema lexical se organiza entorno do vocabulário relativo às posições dos jogadores em uma partida de futebol, a saber: portero/guardameta/arquero (goleiro); lateral/zaguero/defensor derecho (lateral/zagueiro); defensor central/centrocampista (meio campista); mediocampista derecho, izquierdo (meia direita, meia esquerda); delantero (centroavante); extremo/ala derecha, izquierda (ponta direita, ponta esquerda); interior derecha, izquierda/atacante (atacante). O conhecimento prévio contribui na identificação das funções de cada jogador e sua posição dentro do campo. Esse conhecimento é compartilhado socialmente, permitindo as inferências do componente léxico. Os alunos se colocam na condição de treinadores e discutem as possíveis escalações, negociando o sentido do léxico novo com aquilo que já sabem. A atividade dá ênfase ao sentido construído coletivamente. Na proposta metodológica, a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 76 Christiane Alves de Lima consulta ao dicionário e o recurso da tradução são mecanismos estratégicos previstos em sala. Entretanto, a tendência da atividade didática é incentivar o processo inferencial. A apresentação dos aspectos socioculturais é uma das características desse modelo. Na amostra a seguir, podemos observar a relação entre a construção dos sentidos e a interação social. Figura 22. Fonte: COLL, 1990. p. 55. Essa amostra faz parte de um material didático em espanhol como LE que tenta apresentar algumas das manifestações culturais dos falantes da língua espanhola, particularmente, dos falantes nativos procedentes da Espanha. A expressão estar borracho (estar bêbado) representa o estado de embriaguez de um indivíduo alcoolizado. Na explicação apresentada no texto que segue a imagem, o leitor identifica a forma de posicionar o dedo polegar no nariz, movimentando-o várias vezes. O dedo mínimo deve estar estendido durante a realização do movimento. Os espanhóis tendem a utilizar esse movimento gestual, acompanhado da frase estar borracho, principalmente quando se realiza a interação comunicativa cara a cara. A informação cultural é um dos aspectos importantes abordado nesse modelo. A noção de aprender a comunicar-se em outra língua implica ter Ampliação lexical qualitativa em E/LE 77 Christiane Alves de Lima conhecimentos de práticas culturais utilizadas pelos falantes. Nessa proposta a tendência é incentivar que o aluno saiba fazer e interpretar as expressões faciais, os gestos e as posturas socialmente estabelecidas pelos usuários. No modelo comunicativo, o léxico é elemento de comunicação. A negociação dos sentidos representa uma prática recorrente nas propostas didáticas. O componente léxico se organiza considerando sua utilidade comunicativa. Nesse sentido, as escolhas léxicas colocam em discussão que tipo de componente léxico deveria ser tratado dentro de uma proposta que visa a competência comunicativa. O aprendiz aprende um vocabulário que lhe dá condições de interagir na língua socioculturalmente. 2.5. Quadro geral das principais perspectivas metodológicas Ao longo da revisão, identificamos algumas das perspectivas conceituais e didáticas do componente léxico. O tratamento que recebe o léxico guarda relação com os pressupostos teóricos em relação à concepção de língua que a embasa. No método gramática/tradução, o léxico é apresentado a partir de listas bilíngues, que permitem a estratégia didática de formar frases e de traduzir documentos escritos. Esta forma de abordar o léxico busca equivalências de itens lexicais isolados, dialogando com pressupostos teóricos lexicográficos. Nesse sentido, o significado lexical é concebido tendo como ponto de partida as acepções registradas nos dicionários. O ensino de línguas nesse modelo se apoia primordialmente no uso referencial desse tipo de material de consulta, dando ênfase a esclarecimentos sobre o significado e o uso de um item lexical, incluindo algumas informações etimológicas. No método direto, o componente lexical desempenha um papel secundário no desenvolvimento da competência linguística. O ensino está direcionado para a fluência oral, Ampliação lexical qualitativa em E/LE 78 Christiane Alves de Lima relacionando a informação lexical com a linguagem coloquial. A aprendizagem se restringe ao vocabulário básico (objetos concretos e abstratos) que possibilite comunicar-se nas situações cotidianas. A proibição do uso da tradução incide fundamentalmente na aprendizagem do léxico. Dessa maneira, a relação associativa entre as imagens e o componente léxico em LE passa a ser priorizada nessa proposta metodológica, na qual o aluno aprende pela análise inferencial. No método audiolingual, o componente léxico está submetido à apresentação de estruturas. A atividade didática se organiza a partir de um léxico controlado e limitado, que permite o aprendiz aplicar as estruturas apresentadas por meio de exercícios de fixação drills. O componente léxico não é foco do ensino e sua aprendizagem não deve sobrecarregar o processo de internalização das estruturas em LE. A associação de imagens também faz parte da demonstração do léxico novo, tendo a oralidade como suporte didático. A tradução é consentida, quando se esgota todas as possibilidades de indução. No enfoque comunicativo, a língua é concebida como meio de interação social. O componente léxico estabelece uma relação com as noções e funções comunicativas, dando ênfase às representações lexicais da língua em uso. Dessa maneira, a seleção do léxico se organiza a partir de um inventário lexical necessário, que permita a realização de situações comunicativas. As atividades sobre o léxico ocorrem sem que haja um planejamento didático. O aprendiz é incentivado a inferir o significado, negociando os sentidos a partir do conhecimento que possui e dos significados funcional e social da língua que se concebe. Apresentamos a seguir dois quadros que sintetizam a natureza do componente léxico e sua forma de abordagem nos métodos discutidos anteriormente. Entretanto, ressaltamos que a perspectiva da análise da língua em uso representa um viés alternativo para a aproximação lexical que merece ser discutido no próximo capítulo. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 79 Christiane Alves de Lima Ampliação lexical qualitativa em E/LE 80 Christiane Alves de Lima Quadro 2: Léxico na didática das línguas Método Gramática/ Tradução Objetivo Competência linguística Natureza do léxico componente linguístico relevante na abordagem da língua, mas apresentado separadamente da teoria gramatical. Não é passível de sistematização devido ao nível de complexidade e irregularidade, servindo como complemento para a estruturação gramatical esquematizada a partir do estudo dirigido da normativa linguística do texto literário ESCRITO. componente linguístico complementar que está, Direto Competência linguística primeiramente, a serviço do desenvolvimento da competência oral e, posteriormente, da assimilação indutiva da gramática a partir da apresentação de modelos da língua ORAL relacionados com a realidade cotidiana do aprendiz. O processo de ensino é simples e gradativo. componente linguístico posto em segundo plano e Audiolingual Competência linguística Comunicativo Competência comunicativa pouco valorizado, apresentado de forma gradual e controlada. O estudo está limitado ao vocabulário estritamente necessário e favorável ao ensino das estruturas linguísticas exploradas a partir da habilidade ORAL. Evita-se a percepção de que aprender uma língua é sinônimo de aumento de palavras. componente linguístico relevante para o desenvolvimento da competência comunicativa, levando em consideração seu papel dentro do discurso ORAL e/ou ESCRITO conforme as funções discursiva, sociolinguística, sociocultural e linguística. Atinge mesmo nível de importância que a gramática, entretanto, a abordagem é implícita. Proposta didática memorização de listas bilíngues de palavras descontextualizadas. glossários. tradução considerando exclusivamente o sentido denotativo. associação de palavras com o objeto ou a figura. analogia de idéias abstratas. uso de paráfrases, sinônimos e antônimos. apresentação em frases contextualizadas. utilização de recursos gestuais e visuais. indução, imitação e repetição de palavras. inferenciação de significados. associação lexical a esquemas estruturais. apresentação em frases contextualizadas com o apoio auditivo e visual. uso do léxico como ferramenta para o exercício da pronúncia. variada tipologia de atividades controladas e semi-controladas, contextualizadas e semicontextualizadas que desenvolve um processo indutivo de apreensão do léxico (associações lexicais, correlações semânticas, inferenciação, jogo de palavras). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 81 Christiane Alves de Lima Quadro 3: Perspectiva metodológica do ensino de línguas Metodología Lengua Muestras Aprendizaje Didáctica Gramatica traducción normativa literatura erudita traduciendo análisis sintáctico Directo estructura diálogos escritos repitiendo completar estructuras Audio-visual estructura diálogos grabados repitiendo escuchar/imitar Contrastivo estructura contrastando diferencias L1/LE Cognitivo sistema constituyentes oracionales oraciones completas por reglas deductiva Comunicativo uso ‘reales’ situaciones comunicativas Imitación de uso Interaccional variación práticas sociales contextual tipología textual LAGORIO, M. A. Consuelo A. La cuestión metodológica de enseñanza/aprendizaje de lengua extranjera y su especificidad en el caso de la lengua española. In: MARTINEZ ANDRÉ, Rhina L.; CATHARINO, Suely C. (Orgs). Estudios Hispánicos: Lengua española y literatura. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. p.11. ISBN 978-85-04 -01415 -0 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 82 Christiane Alves de Lima CAPÍTULO 3. A ABORDAGEM LEXICAL EM LÍNGUA ESTRANGEIRA Partindo do princípio de que a simples instrução específica do vocabulário não garante a compreensão da leitura, o aluno deve aprender as palavras novas dentro de um contexto significativo, que pode ser dado por relações intratextuais, onde o significado da palavra desconhecida pode ser inferenciado dentro do próprio texto, e por relações intertextuais, considerando aí as disciplinas do currículo escolar (LEFFA, 2000, p.34). A s amostras da língua em uso se constituem em representações discursivas dos falantes nativos, em que se evidencia o aspecto dinâmico do sistema compartilhado socialmente por uma comunidade. Nesse capítulo, refletimos sobre o desenvolvimento da competência léxica e da competência estratégica, em particular, o processo de inferenciação na recuperação do léxico contextualizado. Analisamos as recentes contribuições das pesquisas na área da Linguística Aplicada para os estudos do tratamento do léxico no contexto pedagógico. Discutimos os aportes da análise de corpora para o ensino de línguas, em que se redimensiona o conceito de língua e se relativiza a perspectiva semântica do léxico contextualizado. 3.1. A competência léxica A competência léxica implica no processo de aquisição, aprendizagem e domínio do léxico. A aquisição da língua se realiza de forma automática, espontânea e inconsciente e, na maioria das vezes, fora da sala de aula. Está relacionada com a motivação e as necessidades do indivíduo, particularmente, com a intenção de comunicar-se. Considerando que o ensino de línguas envolve o estabelecimento de procedimentos didáticos para uma abordagem lexical de forma controlada e dirigida pelo professor, o aprendiz é exposto a um contexto pedagógico que permite a construção e a apreensão do conhecimento novo. Dessa maneira, uma vez que Ampliação lexical qualitativa em E/LE 83 Christiane Alves de Lima aquisição e ensino estejam imbricados, se presume que o indivíduo seja capaz de desenvolver a autorregulação do processo de memorização, armazenamento e acionamento do léxico. Assim sendo, a competência léxica constitui-se no conhecimento da estrutura e do funcionamento do sistema léxico de uma língua. Esse sistema está sujeito às interpretações pragmáticas pertinentes, podendo ser utilizado, de forma eficaz, pelos falantes em diferentes contextos discursivos (LESCANO, 2006). Além disso, é considerada parte constitutiva da competência linguística que por sua vez compartilha junto com a sociolinguística e a pragmática a base que sustenta a competência comunicativa (FERNÁNDEZ LÓPEZ, 2005a). A capacidade comunicativa do aprendiz se relaciona com as demais competências na medida em que suas necessidades e possibilidades com a interação comunicativa dependem de seu conhecimento léxico, da quantidade e da qualidade do vocabulário que possui (BARALO, 2006). Conhecer uma unidade léxica envolve vários fatores: reconhecer a palavra quando se ouve e saber pronunciá-la; reconhecê-la e ser capaz de escrevê-la; reconhecer sua morfologia e saber utilizá-la corretamente; reconhecer sua categoria gramatical; conhecer as estruturas sintáticas em que possa figurar; reconhecer e ser capaz de produzir outras unidades, considerando as relações pragmáticas; reconhecer e ser capaz de estabelecer outras relações sintagmáticas; conhecer sua frequência de uso; conhecer seus registros de uso; conhecer as informações culturais que transmite; reconhecer o conceito referencial e; reconhecer e saber se está restrita ao discurso oral ou ao registro escrito (IZQUIERDO GIL, 2003). Assim, “integra diferentes aspectos e componentes cognitivos, alguns mais automáticos e inconscientes e outros mais conscientes, reflexivos e experimentais”37 (TARRÉS, 2007, p. 41). 37 integra diferentes aspectos y componentes cognitivos, algunos más automáticos e inconscientes y otros más conscientes, reflexivos y experienciales. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 84 Christiane Alves de Lima O desenvolvimento da competência lexical leva em consideração o processamento de: (a) significado conceitual, que remete ao conteúdo lógico; (b) significado conotativo, que se relaciona àquilo que a linguagem se refere; (c) significado estilístico, que se relaciona com as circunstâncias sociais do uso da linguagem; (d) significado afetivo, que se relaciona com os sentimentos e atitudes de quem é usuário; (e) significado reflexivo, que se relaciona conforme a associação com outro sentido da mesma expressão; (f) significado colocativo, que remete ao sentido da palavra estabelecido conforme a sua associação com outras que costumam aparecer ao seu redor e; (g) significado temático, que se relaciona pelo modo em que a mensagem está organizada com relação à ordenação e à ênfase (LUCAS PUERTA, 2006). Essas informações são construídas progressivamente a partir de exposições frequentes em contextos diversos. Conforme o indivíduo vivencia novas experiências, suas referências linguísticas se reordenam, favorecendo a ampliação do seu repertório lexical. Parte deste conhecimento léxico é retido na memória do aprendiz. A construção do conhecimento léxico se caracteriza por ser um processo singular e particular, que imprime formas distintas de armazenamento a cada indivíduo, uma vez que depende do input a que está sendo submetido. A competência léxica está intimamente relacionada e regulada pelo conhecimento de mundo e pelo conhecimento sociocultural do falante. De acordo com Aitchison (1987), os indivíduos organizam, em seus esquemas, o léxico desconhecido em três etapas diferentes: (1) etiquetação, em que se atribui uma forma a um conceito; (2) armazenamento, em que se categorizam as etiquetas de acordo com a classe gramatical/lexical a que pertencem e; (3) construção de uma rede, em que se realizam as conexões de diferentes níveis entre as palavras. O processo de apropriação do léxico se dá, progressivamente, primeiro pela compreensão da palavra através de um dos procedimentos top-down ou bottom-up; segundo por sua utilização; terceiro pela retenção na memória de curto prazo e, por último, pela Ampliação lexical qualitativa em E/LE 85 Christiane Alves de Lima fixação na memória de longo prazo (GÓMEZ MOLINA, 2005a). Cada falante tem sua construção de mundo, que está relacionada com sua cultura e sua língua materna. Quando aprende outra língua, o indivíduo necessita pôr uma nova etiqueta e reestruturar o já sabido. De acordo com a perspectiva cognitivista, não somos capazes de armazenar, de forma ampla, todas as unidades lexicais de uma língua. No entanto, somos capazes de reconhecer palavras nunca antes vistas ou criar novas (BARALO, 2001). Considerando o lexicón mental, os cognitivistas consideram que o sujeito que aprende uma língua não adquire o vocabulário de maneira passiva, mas sim se serve de mecanismos de aquisição e processamento. Para Baralo (2005), os procedimentos adotados pelo aprendiz para internalizar o conhecimento linguístico em língua estrangeira guardam uma relação com o processo de construção do conhecimento em sua língua nativa. Assim, subentendemos que “o vocabulário da língua materna pode influir nos significados da língua estrangeira; o aluno classifica primeiramente conforme a sua língua materna e se efetiva um movimento de significados que pode dar lugar às interferências”38 (GÓMEZ MOLINA, 2005a, p. 499). Segundo Baralo (2005), a competência léxica está diretamente relacionada com a competência semântica. Esta compreende a consciência e o controle da organização do significado que possui o indivíduo. A competência semântica abrange os seguintes níveis: os campos semânticos (sinonímia, antonímia, hiponímia, hiperonímia, homonímia, polissemia e metáfora) e os campos relacionados com o contexto geral (referência, coerência, conotação). A complexidade da competência léxica abrange, portanto, o desenvolvimento das nuances significativas, dos registros e usos, das relações associativas e das frequentes combinações. Retiramos de um material didático de espanhol como LE uma proposta de atividade que incentiva o aprendiz a refletir sobre sua competência léxica. 38 el vocabulario de la lengua materna puede influir en los significados de la lengua extranjera; el alumno clasifica primeramente según su lengua materna y se realiza un movimiento de significados que puede dar lugar a las interferencias. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 86 Christiane Alves de Lima Figura 23. Fonte: EQUIPO PRISMA, 2006. p. 144. Esse exercício possibilita que o aprendiz reflita sobre as operações que realiza constantemente. O objetivo é a tomada de consciência e a autonomia do processo. O leitor competente sabe as estratégias mais rentáveis aos objetivos propostos com a atividade que se apresente, na qual consegue integrar o contexto com o conhecimento prévio acionado. Nesse sentido, para entender o papel das estratégias para a construção de sentidos, discutimos sobre o conceito de competência estratégica. 3.2. A competência estratégica Considerando que o falante de uma língua, diante de uma dificuldade de interpretação lexical, aciona recursos compensatórios que lhe auxiliam na solução do problema, entendemos que este indivíduo aplica instrumentos estratégicos que lhe permitem selecionar, avaliar, persistir ou abandonar determinadas ações (SOLÉ, 1998). Nessa perspectiva, as estratégias são “um meio que utiliza o usuário da língua para mobilizar e equilibrar seus recursos, colocar em funcionamento habilidades e procedimentos com o objetivo de satisfazer as demandas de comunicação que existe no contexto e completar com êxito a tarefa Ampliação lexical qualitativa em E/LE 87 Christiane Alves de Lima em questão, da forma mais completa ou mais econômica possível, dependendo de sua finalidade real”39 (CONSELHO DE EUROPA, 2002, p. 60-61). O processo estratégico envolve uma ação autodirigida, em que existe uma meta a ser atingida e toma-se consciência da existência desse objetivo traçado; e, uma ação autocontrolada, em que se supervisiona e se avalia os procedimentos adotados em função dos fins que se perseguem. A autorregulação desse processo possibilita que sejam flexibilizadas as ações, em caso de necessidade, uma vez que procedimentos inadequados ou ineficazes podem dificultar a obtenção dos resultados esperados (HIGUERAS, 2004). No aspecto operacional, as estratégias são classificadas em: cognitivas, que representam as operações realizadas pelo indivíduo de forma inconsciente e não intencional e; metacognitivas, que envolvem procedimentos automonitorados e deliberados (KLEIMAN, 2002). A inexistência de reflexão sobre os procedimentos caracteriza o automatismo do processo desencadeado pelo indivíduo. Entretanto, o processo estratégico tende a ser otimizado à medida que se desenvolve um trabalho de conscientização. Considerando o desenvolvimento da instrução formal, os alunos de línguas, em particular de LE, expostos a um estudo consciente das habilidades estratégicas, estão mais propensos a realizar escolhas rentáveis em sua aprendizagem. Em relação ao processamento leitor, “conseguir que os sujeitos leitores sejam conscientes de suas possibilidades de compreensão, das estratégias que utilizam e da eficiência com que compreendem”40 (MAYOR, 2000, p. 15), já que a leitura pressupõe o acionamento do processo estratégico. O leitor eficiente se envolve em um processo consciente: “está alerto às interrupções da compreensão, é seletivo ao dirigir sua atenção aos diferentes aspectos do 39 un medio que utiliza el usuario de la lengua para movilizar y equilibrar sus recursos, poner en funcionamiento destrezas y procedimientos con el fin de satisfacer las demandas de comunicación que hay en el contexto y completar con éxito la tarea en cuestión de la forma más completa o más económica posible, dependiendo de su finalidad concreta. 40 lograr que los sujetos lectores sean conscientes de sus posibilidades de comprensión, de las estrategias que utilizan y de la eficiencia con que comprenden. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 88 Christiane Alves de Lima texto e avalia progressivamente sua interpretação textual”41 (COLOMER; CAMPS, 2000, p. 37). Como modelo de proposta didática, retiramos de um material de espanhol como LE uma atividade que chama a atenção para a conscientização das estratégias utilizadas pelo aprendiz. Figura 24. Fonte: EQUIPO PRISMA, 2006. p. 228. Os procedimentos elencados nesse exercício incentivam o aprendiz à observação das ações realizadas. Quanto ao aspecto operacional, na tomada de decisão, o usuário tende a levar em consideração a opção de escolha estratégica que lhe pareça mais conveniente em relação aos objetivos a serem alcançados. Essa proposta tenta ampliar a conscientização do recurso estratégico, cujo foco está orientado ao desenvolvimento do processo autônomo. Nesse caso, que o aprendiz possa utilizar as ferramentas adequadas para aprender e apreender o léxico em LE, já que “os significados se constroem uns em relação com outros; a aceitação do significado de cada palavra depende da frase onde aparece”42 (COLOMER; CAMPS, 2000, p. 35). Nesses encontros com o léxico, em contextos diferentes, é que são adquiridos sentidos mais exatos do significado (KLEIMAN, 2002). 41 está alerta a las interrupciones de la comprensión, es selectivo en dirigir su atención a los distintos aspectos del texto y precisa progresivamente su interpretación textual. 42 los significados se construyen los unos en relación con los otros; la aceptación del significado de cada palabra depende de la frase donde aparece. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 89 Christiane Alves de Lima 3.3. A competência leitora A competência leitora está relacionada com as escolhas realizadas pelo sujeito-leitor no ato da leitura no que se refere aos recursos estratégicos que tendem a favorecer a compreensão. Entretanto, o desenvolvimento da compreensão leitora guarda uma relação com a concepção de leitura que se adote. As recentes discussões teóricas da Linguística Aplicada sobre o processamento da leitura em LM e LE tendem a dar ênfase a três principais vertentes: estruturalista, cognitiva e interacionista. Sabendo-se que na leitura estruturalista a tendência do indivíduo é desenvolver um comportamento mecânico de identificação do sentido dicionarizado dos elementos lexicais (KLEIMAN, 2002; KATO, 1999), essa abordagem não estimula a efetivação do processo leitor. Para esse leitor, o texto é a principal fonte de consulta e o reconhecimento dos aspectos semânticos do sistema linguístico é entendido como uma etapa final da atividade leitora. Entretanto, esta etapa consiste, de fato, em um dos passos que oferece condições para a integração de conhecimentos implícitos e explícitos ao texto. No que diz respeito ao contexto de leitura cognitiva, embora nessa abordagem didática sejam dadas oportunidades para um comportamento menos passivo em relação ao processamento do texto, o leitor tende a extrapolar os limites compreensivos, apoiando-se em suposições construídas, principalmente, a partir da sua bagagem sócio-cultural. Nesse processo cognitivo, a tendência é que o indivíduo não leve em consideração a retomada do texto a fim de confirmar suas possibilidades interpretativas. Dessa forma, esse leitor constrói seu conhecimento de forma unidirecional, desconsiderando o fluxo das informações que partem das ideias do autor recuperadas a partir das pistas textuais. Uma vez que as vertentes anteriores não conseguem explicar de forma adequada o processo de construção do significado que ocorre na interação entre leitor, texto e contexto, o Ampliação lexical qualitativa em E/LE 90 Christiane Alves de Lima modelo de leitura interacionista tenta dar pistas de como o leitor pode colocar em prática suas habilidades leitoras, fazendo uso de estratégias que lhe possibilitem rentabilizar a sua compreensão. Nesse sentido, “a compreensão deixa de ser entendida como simples “captação” de uma representação mental ou como a decodificação de mensagem resultante de uma codificação de um emissor” (KOCH, 2002, p. 17). A leitura interacionista, identificada como um processo reflexivo e controlado, possibilita que o leitor estipule os mecanismos que serão adequados a cada etapa da leitura, tendo em vista os objetivos a serem alcançados. A leitura se caracteriza, portanto, como um processo percetivo e cognitivo. E, o desenvolvimento da atividade leitora se estabelece como um processo singular, já que é produto das relações sociais e culturais de cada indivíduo (PUENTE, 1991). Dessa forma, partindo do pressuposto de que a compreensão leitora é uma atividade complexa, a expectativa em sala de aula é de que sejam oferecidas oportunidades para que o leitor crie um estado de metacompreensão do uso deliberado de seus conhecimentos e habilidades e de autorregulação de suas ações. Em um processo metacognitivo (KLEIMAN, 2002), o sujeito-leitor está propenso a desenvolver a competência leitora, na qual consegue perceber relações e estabelecer tais relações com um contexto mais amplo. Este leitor é capaz de descobrir e inferir informações e significados, recuperando o texto através de recursos estratégicos dinâmicos e flexíveis com o objetivo de compreendê-lo. O leitor competente desenvolve um estado de alerta permanente, em que faz uso dos mecanismos a seu dispor para controlar as possíveis distorções interpretativas, sendo capaz de refletir sobre o próprio saber (KLEIMAN, 1996; MOITA LOPES, 2001b). O estabelecimento da coerência textual é a mola propulsora do processamento leitor. O texto se apresenta coerente à medida que o leitor consiga estabelecer o sentido contextualizado a partir das atualizações de significado (KOCH; TRAVAGLIA, 2002). Como os esquemas representam “as estruturas mentais que constroem o sujeito em interação com o Ampliação lexical qualitativa em E/LE 91 Christiane Alves de Lima ambiente e que organizam seu conhecimento e o modo de usá-lo” (COLOMER; CAMPS, 2000, p. 40), o ato de acioná-los e controlá-los consiste em uma das ferramentas utilizadas pelo leitor competente, que sabe controlar as informações recuperadas a partir de um esforço inconsciente para buscar a coerência. Os esquemas se constituem, portanto, em constructos característicos de cada sujeito, que, no momento da leitura, resgata em seu inventário mental suas experiências adquiridas em relação ao conhecimento de mundo, ao conhecimento das estruturas textuais e ao conhecimento do funcionamento sistêmico de uma língua. O acionamento dos esquemas possibilita ao leitor desencadear diferentes visões interpretativas, nas quais consegue construir enlaces significativos daquilo que está no texto e fora dele. Apesar de não poder ser analisado como se efetiva o processo de articulação dos saberes, a falha de compreensão textual tende a estar relacionada à ausência de esquemas pertinentes ao assunto tratado; ao não acionamento dos esquemas e a uma interpretação distinta da que foi transmitida pelo autor (RUMELHART, 1980). O fato dos leitores não dominarem os níveis intermediários da informação do texto e tampouco as estratrégias de controle de sua própria compreensão (COLOMER; CAMPS, 2000) revela uma problemática no processo de compreensão leitora, na qual o sujeito-leitor não se reconhece como leitor que interage no momento da leitura. Considerando que um texto mal compreendido se estabelece à medida que o leitor não consegue ativar seu conhecimento prévio e integrá-lo ao processo de construção do sentido, o processamento da leitura dá pistas de como o desenvolvimento da consciência metacognitiva do sujeito-leitor propicia oportunidades para melhorar a intervenção dos esquemas na integração e interpretação do conteúdo da leitura. Nessa perspectiva, a competência leitora consiste em uma habilidade desenvolvida pelo leitor, capaz de reconstruir o sentido do texto, que se apresenta aberto e incompleto do ponto de vista das informações implícitas. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 92 Christiane Alves de Lima 3.4. A negociação de sentido A compreensão textual se constitui em uma estágio que antecede o desenvolvimento da construção de sentidos. O leitor não é capaz de construir um sentido sem ao menos ter construído um representação cognitiva que lhe ofereça insumos para negociar significados. Levando em consideração que uma atividade leitora pressupõe compreender a mensagem, compreender-se na mensagem e compreender-se pela mensagem (RUMELHART, 1980), o processo compreensivo perpassa as diferentes concepções de leitura acionadas por meio da ativação cognitiva. Nesse processo cognitivo, a percepção e o reconhecimento das informações textuais, a integração e a reorganização de conhecimentos novos e já adquiridos e o estabelecimento de interpretações caracterizam as etapas de construção do sentido. O texto possibilita o espaço para que o indivíduo, que se reconhece como leitor inquisitivo, faça uso da informação, estabelecendo uma rede de conhecimento flexível, na qual possa agregar, alterar, substituir e reavaliar ideias construídas no texto. Dialogar com o autor através do texto (KLEIMAN, 2002) implica desvelar opiniões, saberes e práticas sociais deste interlocutor, bem como se posicionar enquanto leitor-crítico no que se refere a essas ideias. Considerando que o texto é produto de uma intencionalidade (KOCH, 2002), os saberes esquemático, sistêmico e estratégico do leitor se constituem em aportes relevantes para a formulação dos sentidos, sendo que seus objetivos e expectativas com a leitura norteiam as possibilidades de interpretações. O desenvolvimento da compreensão textual e o da construção de sentidos integram o processamento da leitura, sendo que ocorrem, paralelamente, sem que sejam percebidos como um processo único, mas sim, que se intercomunicam. A interseção entre compreender o texto e construir sentidos se desfaz quando o processo de metacognição não é ativado na atividade de leitura. Do ponto de vista da consciência metacognitiva, o leitor se engaja, em um primeiro Ampliação lexical qualitativa em E/LE 93 Christiane Alves de Lima momento, em uma tentativa de perceber o texto e, posteriormente, tende a negociar seu conhecimento com as informações do texto, em que tenta reconstruir seu sentido. Dessa forma, a construção do sentido pressupõe atribuir valores de juízo à intencionalidade discursiva percebida a partir do entendimento de um conteúdo, quer dizer, a compreensão textual, a fim de que o leitor possa construir e estabelecer uma relação dialógica com o autor do texto. E, para compreender o processo de negociação do sentido, refletimos sobre os aspectos do processo estratégico de inferenciação. 3.5. A inferenciação Perceber significados que aparecem implícitos no texto, mas que são deduzíveis, identificar informações que se pressupõem pelo contexto, reconhecer constructos compartilhados socialmente, estabelecer relações entre causa e efeito (COLOMER; CAMPS, 2000), são argumentos que caracterizam o processo inferencial. Este se constitui no acionamento de conexões que o indivíduo estabelece a fim de interpretar o léxico desconhecido, negociando o sentido mais aproximado dentro do contexto que se apresente (BROWN; YULE, 1993). Representa o esforço estratégico de inferir algo que não está dito pelas palavras do texto, mas sim em suas entrelinhas; que supõe, daquele que infere, poder integrar o conhecimento velho com o novo e; que possibilite as interpretações permitidas pelo contexto. O processo de inferência se efetiva a partir da exposição à palavra desconhecida dentro de um texto, no qual as expressões lexicais se encontram contextualizadas a fim de tornar significativa a aprendizagem (KLEIMAN, 2002). Nesse sentido, o aprendiz competente sabe diferenciar as informações lexicais importantes daquelas que são menos importantes, já Ampliação lexical qualitativa em E/LE 94 Christiane Alves de Lima que “nem todo significado é necessário para compreender um texto” (KLEIMAN, 2002, p. 72). Para tanto, esse aluno localiza e seleciona as palavras inferíveis considerando a rentabilidade da leitura. Assim, as pistas textuais representam possibilidades de integração dos conhecimentos intratextuais e extratextuais. O conhecimento prévio se constitui na ferramenta principal do acionamento das inferências. Logo, as dificuldades para acessar estas informações, na maioria das vezes, respondem pelo fracasso na construção do sentido. As inferências tendem a ser esquematizadas em: (1) lógicas, que se fundamentam nas relações lógicas e submetidas à veracidade dos enunciados e; (2) pragmático-culturais, que se fundamentam no insumo textual, no conhecimento lexical prévio e nas relações semânticas; e em conhecimentos, experiências, crenças, ideologias e axiologias individuais (MARCUSCHI, 1999). Baseados nessas relações e na análise dos corpora na parte empírica dessa pesquisa, elencamos a seguir as inferências lexicais que nos chamaram a atenção: a) inferenciação cotextual e contextual A organização do texto possibilita ao leitor inferir o léxico desconhecido pelos referentes que estão ao seu redor – cotexto – ou pelos referentes no texto como um todo – contexto. Avançar ou retroceder na leitura faz com que o leitor recupere pistas significativas para a contrução do sentido. O aproveitamento dos elementos cotextuais e contextuais tende a influenciar no processo de negociação do sentido aproximado, já que pistas inadequadas podem comprometer a compreensão. b) inferenciação a partir do conhecimento lexical em LM O processo de inferência que considera os cognatos transparentes tende a estar justificado pela proximidade linguística. O português e o espanhol possuem uma origem histórica Ampliação lexical qualitativa em E/LE 95 Christiane Alves de Lima comum, em que se apresentam um número considerável de ocorrências lexicais/semânticas equivalentes. Para o aprendiz, o reconhecimento de cognatos pelo acionamento da LM lhe dá a oportunidade de construir um sentido mais exato. c) inferenciação a partir do conhecimento lexical em LE É a partir do conhecimento linguístico em outras línguas estrangeiras que muitas vezes são facilitadas as inferências pertinentes. Nos casos de neologismos, as adaptações de estrangeirismo à LM/LE possibilitam associações lexicais desse tipo. Alguns exemplo, no espanhol, são as expressões escanear e faxear. d) inferenciação a partir do conhecimento morfológico e/ou sintático em LM/LE Há uma tendência de tentar deduzir o sentido do léxico desconhecido pela identificação visual do conhecimento gramatical – morfológico/sintático – implícito na forma. A análise da raiz da palavra ou de afixos pode dar pistas, por exemplo, se um componente léxico representa um substantivo ou um adjetivo. Nesse caso, permite que o aprendiz estabeleça relações semânticas compatíveis entre os conhecimentos da LM e LE. O cruzamento dessas informações e a possibilidade de acioná-las na negociação do sentido evidenciam um recurso alternativo que o leitor competente tende a recorrer. e) inferenciação pela identificação dos usos linguísticos A exposição deliberada à mesma unidade léxica em contextos diferentes coloca em evidência a percepção do sentido recontextualizado semanticamente. Com relação ao aspecto Ampliação lexical qualitativa em E/LE 96 Christiane Alves de Lima pedagógico, em uma atividade de contextualização lexical, o aprendiz é incentivado a reconhecer que o significado do léxico é instável, que depende das interpretações produzidas por usuários de uma língua. Nesse aspecto, em textos que abordam assuntos diferentes, no processo inferencial, o leitor tende a ser levado a perceber as construções semânticas do léxico legitimadas pelas informações textuais. f) inferenciação pelo campo temático O reconhecimento dos componentes léxicos que formam parte de uma mesma família ou campo temático se estabelece como um recurso estratégico que facilita o reconhecimento do sentido global da palavra considerada. Como as informações tendem a ser armazenadas em esquemas, em que os insumos são categorizados por afinidade, é mais rentável recuperar um sentido a partir das associações de grupos semânticos. Nesse caso, a categorização de um componente léxico novo pressupõe que este tende a ser identificado por determinadas etiquetas lexicais/gramaticais. g) inferenciação pelo conhecimento de mundo O conhecimento adquirido em experiências individuais e em grupo gera a construção do conhecimento convencionalmente legitimada por uma comunidade de fala. Esse insumo possibilita ao leitor inferir interpretações semânticas na integração daquilo que já era conhecido com o novo. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 97 Christiane Alves de Lima h) inferenciação intertextual Leituras anteriores e discussões prévias sobre determinado assunto possibilitam o acionamento de informações relativas ao texto que se lê. Nesse caso, ativam o conhecimento sobre o léxico especializado. Esse conhecimento prévio tende a ser integrado ao conteúdo extraído pelo leitor, em que se recupera sentidos e se reestrutura o conhecimento já concebido. i) inferenciação a partir de uma imagem/figura O recurso visual se constitui em uma ferramenta auxiliar, já que a associação de imagens tende a recuperar a ideia do léxico considerado. Contudo, existe a possibilidade da formulação de hipóteses inadequadas a partir de interpretações subjetivas. A leitura do código não verbal é relativa dependendo da ótica daquele que infere. j) inferenciação pelo processo de “pareamento de palavras” (KLEIMAN, 1996) O leitor não eficiente tende a apoiar-se na aproximação fônica ou gráfica entre a LM e a LE. Essa associação linguística nem sempre encontra a equivalência esperada pelo leitor, na qual tais construções não são confirmadas pelo contexto. O leitor formula as hipóteses semânticas, contudo se baseia na falsa transparência do léxico. k) Inferenciação pela paráfrase O leitor nem sempre consegue inferir um sentido aproximado, mesmo que tenha tido a compreensão lexical. Parafrasear é uma estratégia lexical que atende as necessidades Ampliação lexical qualitativa em E/LE 98 Christiane Alves de Lima comunicativas. Reformular o significado a partir de outros referentes léxicos se evidencia principalmente nos leitores não eficientes. O leitor tende a substituir o léxico por outras expressões que preservam a ideia que se define pelo entendimento do contexto. 3.6. A Linguística de Corpus Corrente linguística relativamente recente, esta área de pesquisa das ciências da linguagem tem contribuído significativamente para os estudos do léxico. Nessa seção iremos discutir suas propostas de estudo da língua e a perspectiva que adota para a aproximação do léxico. 3.6.1. A perspectiva da língua em uso Inicialmente, é importante considerar que a expressão corpus, neste trabalho, está sendo referenciado a partir de duas perspectivas: em primeiro lugar, a Linguística de Corpus (em maiúsculo), como a área de pesquisa que “ocupa-se da coleta e da exploração de corpora, ou conjunto de dados linguísticos textuais coletados criteriosamente, com o propósito de servirem para a pesquisa de uma língua ou variedade linguística” (SARDINHA, 2004, p. 3). E, segundo, na observação empírica de um corpus (em minúsculo), que representa “uma coletânea de dados linguísticos naturais [que existem na linguagem e que não foram criados com o propósito de figurarem no corpus], legíveis por computador” (SARDINHA, 2004, p. 16). Há mais de quatro décadas foi lançado nos Estados Unidos o primeiro corpus linguístico eletrônico, o Brown43. Compilado pelos linguistas Henry Kucera e Nelson Francis, 43 A nomenclatura completa deste corpus é Brown University Standard Corpus of Present-Day American English. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 99 Christiane Alves de Lima esse corpus continha, em 1964, um banco de dados de um milhão de palavras selecionadas do inglês americano de uso corrente à época. Seu pioneirismo científico influencia, significativamente, a construção de outros corpora. O caráter inovador se destaca pela capacidade de coletar um considerável número de dados numa época em que os avanços tecnológicos estavam dando seus primeiros passos, conforme assevera Sardinha (2000). A informatização nesse período era feita através da transferência de dados por meio de cartões perfurados de forma individual. O conjunto de textos compilados era catalogado nestes cartões. Dessa forma, o processo de compilação realizava-se a partir desses recursos computacionais e, devido a certas limitações à época, esse tipo de trabalho experimentou grandes dificuldades. No que diz respeito à relevância dos computadores para essa modalidade de pesquisa, o trabalho desenvolvido pela Linguística de Corpus está intimamente atrelado ao uso desses suportes tecnológicos (SARDINHA, 2004). Estes otimizam a compilação dos dados empíricos, ampliam o processo de armazenamento de quantidades maiores de informações, facilitam a rápida recuperação das palavras. Contudo, em uma época anterior ao início do processo de informatização dos dados empíricos, já se realizava o estudo investigativo para a compilação de corpus. Por iniciativa de Alexandre, o Grande, foi definido um corpus helenístico na Grécia Antiga. Citações bíblicas também foram compiladas na Antiguidade e na Idade Média, produzindo-se diversos corpora com o objetivo de descrever a linguagem (SARDINHA, 2004). O caráter empírico da Linguística de Corpus é a principal característica da abordagem das teorias linguísticas44, que se baseiam na observação de dados provenientes da língua em 44 As teorias da linguagem discutidas por Sinclair, em 1966, e Halliday, em 1992, enfatizam que a língua possui uma função social, em que se gera um sistema que influencia e é influenciado pelos que estão a sua volta. A língua é considerada como um constructo, um sistema probabilístico, em que o falante realiza determinadas escolhas em detrimento de outras. Nesse sentido, o usuário pratica ações, que se relacionam às representações de mundo, à interação com os demais indivíduos no mundo e à organização da linguagem propriamente dita (GONÇALVES, 2010). Dessa maneira, a abordagem empírica e o conceito de sistema probabilístico da língua sedimentam o quadro conceitual dos estudos da Linguística de Corpus (SARDINHA, 2000) Ampliação lexical qualitativa em E/LE 100 Christiane Alves de Lima uso. No tocante à concepção de linguagem, a língua está fundamentada em um sistema probabilístico. A abordagem empírica se opõe à racionalista representada pelas idéias de Chomsky. No racionalismo, o conhecimento sobre a língua provém de princípios gerativistas pré-estabelecidos e fundamentados pela determinação de quais construções sintáticas são gramaticalizáveis de acordo com seu funcionamento estrutural. Nesse quadro teórico, o trabalho do linguista é descrever e explicar o sistema linguístico a partir das possibilidades de gramaticalização da língua, considerando o processamento cognitivo do falante nativo. O processo de introspecção, quer dizer, o processamento intuitivo do indivíduo, determina a descrição da linguagem a partir de padrões linguísticos definidos. Já em situações comunicativas, a abordagem empírica, fundamentada na observação de dados, apesar de reconhecer que certas características linguísticas são teoricamente possíveis, se sustenta na verificação da probabilidade de ocorrência de determinado traço. “A visão da linguagem como sistema probabilístico pressupõe que, embora muitos traços linguísticos sejam possíveis teoricamente, não ocorrem com a mesma frequência” (SARDINHA, 2004, p. 30-31). Desse modo, considera a frequência de ocorrência a partir da observação de amostras da linguagem em uso. Nessa perspectiva, a Linguística de Corpus analisa as amostras do falante nativo em situações comunicativas a fim de observar as possibilidades sistêmicas: “o pesquisador pode deparar-se com um mundo de informações e fatos novos que não foram previamente hipotetizados por ele, revelando características da língua com muito mais credibilidade” (GONÇALVES, 2010, p. 25). Nesse sentido, a abordagem empírica se distancia da abordagem racionalista no modo em que se detém sobre os dados para analisá-los, direcionando o foco do estudo na observação das evidências linguísticas compiladas pelo corpus, no qual este se presta a “validar, exemplificar ou construir uma teoria da linguagem” (GONÇALVES, 2010, p. 30). Nessa perspectiva, coexistem duas vertentes linguísticas que se contrapõem, porém atuam Ampliação lexical qualitativa em E/LE 101 Christiane Alves de Lima paralelamente: a perspectiva da linguagem enquanto estrutura e a perspectiva da linguagem enquanto uso. O estudo da Linguística de Corpus, integrando uma análise probabilística da língua, tenta contribuir para a reflexão do seu funcionamento. Segundo Oliveira (2005, p. 43), ancorado nas hipóteses de Sardinha (2000), está claro que “não se deve entender que há uma total ruptura entre corpus e intuição, mas que ambos podem servir, em maior ou menor grau, de base em um mesmo tipo de pesquisa” (grifo do autor). Dessa forma, os fundamentos da Linguística de Corpus se baseiam no desempenho linguístico do falante nativo, na descrição linguística e na visão empírica na pesquisa cientifica (SARDINHA, 2000). 3.6.2. A concepção de corpus Considerando que nem toda coletânea de dados possa ser concebida como um corpus, convém ressaltar a relevância de uma definição que abarque esse conhecimento dentro da especificidade da Linguística de Corpus a que se propõe. A compilação do corpus considera a utilização de textos naturais ou autênticos, entendidos, nesse contexto, como “aqueles que existem na linguagem” produzidos pelo homem e que “não foram criados” com o mero intuito de serem exemplos para um banco de dados (SARDINHA, 2000, p. 336). Nesse sentido, os textos gerados por programas computacionais e que atendem necessidades de outras áreas de estudos não são considerados como escopo de um corpus45 linguístico. A compilação de dados é um instrumento de observação da linguagem. O corpus é um dispositivo artificialmente produzido com o propósito de constituir-se em um objeto de estudo (OLIVEIRA, 2005). Nessa perspectiva, a Linguística de Corpus estabelece um 45 Há no mercado editorial uma infinidade de empresas que investem em pesquisas tecnológicas e disponibilizam comercialmente sistemas de software chamados de geradores de textos que se prestam a atender, principalmente, as necessidades tipográficas, de diagramação e de impressão. O uso de programas geradores de textos tem alcançado interesses particulares de pessoas motivadas em dinamizar, por exemplo, seus blogs. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 102 Christiane Alves de Lima distanciamento conceitual entre o artefato forjado (o que equivale à ferramenta computacional) e a autenticidade do corpus compilado (o que equivale ao insumo linguístico), não invalidando o caráter empírico deste banco de dados - observação da linguagem - em função da instrumentalização do primeiro (SARDINHA, 2000). A caracterização do objeto de estudo para a compilação do corpus se estabelece por sua natureza oral (falas transcritas) e escrita (registros impressos), sendo coletado a partir de amostras linguísticas de diversas áreas. O corpus está constituído pelas representações da língua em todas as práticas sociais que vai de um trecho de uma conversa informal a uma obra escrita de referência. Todos os insumos linguísticos produzidos por nativos são considerados relevantes para o corpus. O estudo da Linguística de Corpus pretende observar o aspecto representativo da linguagem em uso46. Dessa maneira, se redimensiona o conceito de extensão textual, considerando-se a utilização de porções de linguagem47 dentro da Linguística de Corpus, em que se contempla a gama de amostras compiladas em amplitude e em diversidade textual. Nessa perspectiva, a escolha dos dados de um subcorpus tende a conformar as amostras que deem representatividade ao banco de dados linguístico que se organize. A construção de um corpus de variedade específica (médica, informática, jurídica, entre outras) considera o processamento das porções da linguagem regido por critérios específicos de seleção para que 46 Para Sardinha (2000), a representatividade de um corpus está, genericamente, atrelada à extensão de palavras compiladas, servindo esta como base de referência para a observação da probabilidade de ocorrência de determinados traços linguísticos. Entretanto, questões mais abrangentes são levantadas, como por exemplo, que tipo de corpus é considerado representativo e para quem ele é representativo. Para este impasse, Sardinha (2000, p. 345) transfere a responsabilidade de validar a representatividade de um corpus ao falante nativo, uma vez que “o ônus é dos usuários em demonstrar a representatividade da amostra e de serem cuidadosos em relação à generalização dos seus achados para uma população inteira (um gênero ou a língua inteira, por exemplo). Assim, são os próprios nativos que legitimam a probabilidade de ocorrência da palavra ao fazer uso dela dentro do discurso. 47 Com relação à utilização da expressão porções da linguagem na Linguística de Corpus, Sardinha (2000) considera irrelevante mensurar a extensão textual da amostra, mas sim que esta seja capaz de representar a língua do falante nativo, independente do seu tamanho. Nesse sentido, um fragmento, um parágrafo, um texto, uma resenha, uma obra completa, uma fala são considerados como porções da linguagem, visto que representam a língua em uso. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 103 Christiane Alves de Lima as informações representem a língua em uso de cada área temática do objeto de referência48 (SARDINHA, 2000). Nesse sentido, uma aproximação conceitual mais adequada para o conceito de corpus é apresentada por Sánchez (1995, p.8-9), Um conjunto de dados linguísticos (pertencentes ao uso oral ou escrito da língua, ou a ambos), sistematizados segundo determinados critérios, suficientemente extensos em amplitude e profundidade, de maneira que sejam representativos da totalidade do uso linguístico ou de algum de seus âmbitos, dispostos de tal modo que possam ser processados por computador, com a finalidade de propiciar resultados vários e úteis para a descrição e análise. A compilação do corpus abrange, temporalmente, um ou mais períodos de observação ou um período contemporâneo ou histórico de acordo com a finalidade da pesquisa. A seleção de dados parte da perspectiva do corpus por amostragem, em que este é percebido como um todo ou, pela atualização da base de dados, na qual se recicla constantemente as informações sobre o estado da língua. Nesse sentido, o corpus se estabelece por seu dinamismo, inclusão e exclusão de dados ou por seu caráter estático. O conteúdo da linguagem se constrói por seu aspecto geral, especializado, dialetológico ou multilíngue que se define como critério de escolha. Os sujeitos informantes dos dados coletados se caracterizam por serem falantes nativos ou por serem aprendizes de uma língua. E, os objetivos com o corpus são determinados pela descrição da linguagem, pelo estudo contrastivo com outros corpora ou pelo desenvolvimento de aplicativos ou ferramentas de análise. Apresentamos, a seguir, um modelo de corpus eletrônico, em que se recupera uma amostra parcial de um banco de dados online de grande referência na língua espanhola a fim demonstrar a relevância desta ferramenta computacional49. Em particular, consultou-se o item 48 Convém mencionar também a compilação de um corpus a partir dos dados produzidos por aprendizes de uma língua estrangeira. Nesse caso, classificam-se como learner corpora (SARDINHA, 2004). 49 Com relação à existência de outro corpus da língua espanhola, Sardinha (2004) faz referência ao Corpus Cumbre com 20 milhões de formas. Este não pode ser acessado pela internet, entretanto, ao adquirir o dicionário Grand diccionario de uso del español actual da editora SGEL, segundo as informações divulgadas por esta empresa, obtém-se uma amostra gratuita equivalente a 10% do corpus compilado. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 104 Christiane Alves de Lima lexical blanco, delimitando-se o campo especializado à área das ciências militares - exército, no qual partiu-se da compilação de informações de diversos falantes nativos como pode ser observado. Figura 25. Fonte: REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: Banco de datos (CREA) [online]. Corpus de referencia del español actual. <http://www.rae.es> [18/03/2010] Após a realização da consulta, foram computados oitenta e nove (89) casos em setenta e sete (77) documentos específicos da temática escolhida como se observa na figura 26. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 105 Christiane Alves de Lima Figura 26. Fonte: REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: Banco de datos (CREA) [online]. Corpus de referencia del español actual. <http://www.rae.es> [18/03/2010] Na tela da figura 26, observamos que o item lexical aparece em um contexto comunicativo a partir de exemplos de extratos textuais da língua em uso. Enumera-se o componente léxico considerando as concordâncias50 prováveis a que se submete este item no discurso linguístico do usuário. Uma análise preliminar permite observar que os significados construídos por este componente léxico variam conforme a composição do sentido que se apresenta a partir do cotexto, isto é, pelas relações semânticas que se estabelecem com os elementos contextuais. A concordância nº 1 – r la gran cruz del mérito, con distintivo blanco, al general de división médico del cuerpo mili** – faz menção ao sentido primário do item cor branca - , em que se especifica, neste caso, a tonalidade da medalha recebida. A 50 Toma-se o conceito de concordância dentro da perspectiva teórica da Linguística de Corpus como “... a exibição de uma ou diversas ocorrências de determinada palavra, partes de palavras ou mesmo uma expressão, geralmente apresentada por linhas, com a palavra-chave no meio e o respectivo contexto de cada lado” (OLIVEIRA, 2005, p. 63). Os programas de software que geram as concordâncias são chamados de concordanciadores. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 106 Christiane Alves de Lima concordância nº 5 – uró que nuevos misiles de Estados Unidos hicieron blanco en bases militares y zonas civiles de la capit** – se refere a um significado específico do campo semântico da língua espanhola: alvo a ser atingido. E a concordância nº 10 – er innecesariamente”. Aunque no es fácil poner en blanco y negro las ganancias o las pérdidas de un pro** – remete ao sentido da locução adverbial “às claras”. Este corpus permite que se estabeleça a consulta não somente das ocorrências do componente léxico contextualizado, como também oferece informações adicionais que identificam os dados coletados de forma geográfica e temporalmente, em que são fornecidas, estatisticamente, as contribuições compiladas de cada país. A tela a seguir exemplifica os dados estatísticos entorno ao item blanco que evidenciam a tendência das ocorrências. Figura 27. Fonte: REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: Banco de datos (CREA) [online]. Corpus de referencia del español actual. <http://www.rae.es> [18/03/2010] A partir da consulta desse corpus eletrônico também é possível recuperar e visualizar o documento que serve de referência a cada concordância compilada (vide figura 28). Nesse Ampliação lexical qualitativa em E/LE 107 Christiane Alves de Lima aspecto, recuperamos a concordância nº 1, mencionada anteriormente, relativa ao item blanco, em que se apresenta o fragmento com o componente léxico em destaque dentro do contexto compilado. Nessa perspectiva, são apresentadas as informações relativas ao ano em que foi produzido o documento, à tipologia do autor (a imprensa), à caracterização do autor (La Voz de Galicia), à identificação geográfica (Espanha) e à especificidade temática (ciências militares). Figura 28. Fonte: REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: Banco de datos (CREA) [online]. Corpus de referencia del español actual. <http://www.rae.es> [18/03/2010] Essa amostra de banco de dados é uma tentativa de registrar o léxico a partir de referências linguísticas que evidenciam a língua em uso produzida pelos falantes nativos, tentando apresentar “todas as ocorrências da palavra selecionada no corpus de estudo e a observação das palavras que co-ocorrem com essa forma selecionada” (GONÇALVES, 2010, p.26). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 108 Christiane Alves de Lima O banco de dados é um recurso de referência dos pressupostos teóricos da Linguística de Corpus que possibilita observar o dinamismo da língua a partir das ocorrências, produto das interações discursivas dos falantes. Seu caráter empírico coloca em discussão a natureza das representações linguísticas evidenciadas pelos corpora compilados, permitindo uma interface com outras áreas da Linguística da Comunicação, como por exemplo, a pragmática, a sociolinguística e a análise do discurso. 3.6.3. O corpus e o ensino de línguas Um aspecto importante em relação ao corpus é que este tem se adequado ao ensino de línguas, constituindo-se em base de consulta para a análise do sistema linguístico. No que tange ao posicionamento científico, o corpus vem contribuindo, conforme sustenta Gonçalves (2010), como subsídio significativo para os estudos da fonética, sintaxe, sociolinguística e análise do discurso. A Linguística de Corpus tem trazido contribuições para a elaboração de currículos de cursos de graduação e pós-graduação que consideram a importância da observação dos dados compilados em um corpus, como por exemplo, os estudos da descrição histórica da língua51 (OLIVEIRA, 2005). Já no século XX, muitos trabalhos davam ênfase ao ensino de línguas. Sardinha (2004) relata um levantamento de dados que teve uma importante contribuição científica: o corpus da língua inglesa compilado por Thorndike. Em 1921, foi realizada a identificação, de forma manual, das palavras mais frequentes, que totalizam um conjunto de 4,5 milhões de entradas. 51 O Ministério da Ciência e da Tecnologia de Portugal fomenta, através da Fundação para a Computação Cientifica Nacional, um projeto de pesquisa linguística dos corpora disponíveis do português – Linguateca (http://www.linguateca.pt/). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 109 Christiane Alves de Lima As propostas metodológicas que se fundamentam no controle das palavras mais frequentes52 estão alicerçadas nos estudos desse corpus (SARDINHA, 2000). O acesso à consulta das informações de um corpus está disponível tanto ao professor como ao aluno. Ambos detêm o papel de pesquisadores do conhecimento, em que o aluno se constitui em um dos partícipes desse processo de construção, desenvolvendo, de forma significativa, um comportamento autônomo em relação a sua aprendizagem (OLIVEIRA, 2005). Do ponto de vista do uso do recurso computacional, que se constitui em um apoio tecnológico de acesso público, o docente e o discente podem interagir com o corpus atendendo às necessidades específicas de seus objetivos com a consulta acadêmica a partir de um banco de dados compilado. De um lado, a figura do professor se conforma como um facilitador do processo de acesso ao conhecimento e, por outro lado, como mais um pesquisador entre outros que se envolvem com o estudo do corpus. Uma das características da observação e aplicação do corpus linguístico, no ensino de línguas, é que a compilação dos dados pode dar evidências de construções gramaticalizáveis, permitindo ao aprendiz a reflexão sobre o funcionamento da língua em um contexto de aprendizagem significativa. Em seu trabalho de pesquisa de mestrado dedicado ao estudo do corpus linguístico e à aquisição de falsos cognatos em E/LE, Alonso (2006) propõe algumas atividades para aprendizes brasileiros de espanhol, que levam em consideração a reflexão sobre o funcionamento do componente léxico a partir da análise de linhas de concordâncias selecionadas do banco de dados do Corpus de Referência do Espanhol Atual da Real Academia Espanhola (CREA). 52 A partir de 1930 até meados de 1950, o modelo de ensino, denominado Reading Movement (Método de Leitura), se desenvolve como uma proposta para facilitar a compreensão leitora através do controle e da limitação do número de palavras encontradas nos textos escritos (MAIA ET AL, 2000), regulados pelas listas de frequência do corpus (SARDINHA, 2004). No que tange à complexidade lexical, esse modelo considera a palavra a partir das associações lexicais estabelecidas no contexto em que se apresente, diferente da proposta gramática/tradução que a analisa sintaticamente sob a perspectiva da oração descontextualizada (MORANTE VALLEJO, 2005b). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 110 Christiane Alves de Lima No exercício a seguir, podemos observar como a pesquisadora apresenta uma proposta alternativa de abordagem lexical com o heterossemântico largo, dando pistas das práticas comunicativas dos falantes da língua meta aos aprendizes brasileiros. 1. Observe as linhas abaixo e tente esquematizar alguns padrões existentes e seus significados. 13 0 22 4 26 6 23 9 34 4 43 10 3 24 8 22 1 25 4 305 326 46 91 392 73 79 157 413 alir a un hombre de unos 24 años, de pelo castaño largo y con bigote. El ladrón debía conocer el produjo porque uno de los jóvenes llevaba el pelo largo . largo , largo Los ataques de las bandas de cabezas rapadas la pata derecha la tiene blanca y atiende dos metros de alto, por tres de ancho y cuatro de largo , largo , largo isco alcanzó una franja de unos dos kilómetros de largo por unos cuatro de ancho. La tormenta se or es um ave rapaz diurna, como de medio metro de por encima de color negro y por el vientre e aproximadamente dos metros de ancho por diez de largo , largo edondela. La estructura de madera (de 5 metros de car los cuerpos. El túnel tiene 3,2 kilómetros de a. Los mecenas que no han querido comprometerse a rigen ellos... Prefieren establecer estrategias a scantes. Y, por supuesto, las salchichas. Y a más cortar el suministro de explosivos a los comandos o respuesta afirmativa a una petición que llevaba e les concedan el permiso de venta que desde hace l cual según confesión testifical, sigue latiendo largo largo largo largo largo largo largo largo largo por 1,70 de alto), cubierta de vegetales, y 3,6 metros de diámetro. El fuego se inició plazo revisarán el acuerdo anualmente. plazo No les gusta perder el tiempo en plazo serán de plástico el vino de Jerez, la tiempo. La actuación policial, desarrollada tiempo sobre la mesa del rector Gabriel tiempo han solicitado muchos de ellos sin rato entre las manos después de haber sido de 1,80 ó 1,85 centímetros de altura, con el pelo se ha hecho. Porque "es tan corto el amor, y tan anzarote. Es marrón, pequeño, con el rabo un poco na. El "puente de la amistad", de 1.200 metros de negro y rizado, y que vestía un chándal azul el olvido"... MANUEL HIDALGO fue construido por los australianos en el -, provocando dantescas llamas que, en algunos se desplomó, rebotó contra una de las grúas y Figura 29. Exercício do tipo campo semântico. Na ficha de orientação do professor, encontramos um esclarecimento de que essa atividade foi planejada para alunos adultos de nível básico de um determinado instituto de idiomas localizado na cidade de São Paulo. No pedido do exercício, o aluno é incentivado a observar as linhas de concordância do léxico selecionado e, além disso, a tentar esquematizar os padrões lexicais/gramaticais53 que se apresentem semanticamente. Nessa proposta, verificamos que há uma tentativa de colocar em evidência as coligações54 lexicais mais 53 O padrão lexical ou gramatical é definido pela regularidade estabelecida na recorrência sistemática de unidades coocorrentes tais como: associações entre itens lexicais (cidade luz / cidade fantasma) ou coligações entre itens lexicais e gramaticais (bate-papo / bota-fora), entre itede várias associação regular de palavras ou de estruturas que ocorrem com certa frequência, contribuindo para um significado determinado. 54 Nessa pesquisa, iremos alternam a utilização das expressões colocação lexical e combinação lexical. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 111 Christiane Alves de Lima recorrentes com o léxico largo que apresentem certa regularidade na língua estrangeira (SARDINHA, 2004), chamando a atenção do aprendiz para o funcionamento desse componente léxico. Cabe ressaltar que, na fase inicial do processo de aprendizagem, o aprendiz brasileiro tende a correlacionar, de forma plena, o sentido de largo em espanhol com a referida forma em português. A correlação semântica adequada para essa expressão em português é “longo”. Por sua vez, o léxico “largo” em português tem como equivalente semântico a palavra ancho no espanhol. Nas linhas de concordância número 130, 224, 266 e 344, o léxico largo faz referência, semanticamente, ao adjetivo “longo”. Já nas linhas de concordância número 43, 103, 221, 248, 254, 305 e 326, a coligação de + largo faz referência ao sentido de “de comprimento”. Por sua vez, nas concordâncias número 46, 91 e 392, a coligação a + (más) largo + plazo faz referência a “a longo prazo”. E, por último, nas concordâncias número 73, 79, 157 e 413, a coligação largo + tiempo/rato faz referência a “muito tempo”. O sentido do léxico largo tende a ser reconstruído semanticamente pelo cotexto na medida em que o aprendiz vai interpretando as combinações lexicais e comparando com as demais concordâncias que se seguem nessa proposta didática. Esse tipo de abordagem lexical chama a atenção para a relativização do significado das palavras, já que favorece, a quem aprende, identificar as regularidades da língua meta, sendo que a frequência de uso é fator determinante para legitimar as ocorrências (GONÇALVES, 2010). Nesse caso, a análise de uma amostra do corpus da língua espanhola no ensino dos falsos cognatos a falantes brasileiros tende a ser válida, uma vez que anula a percepção de transparência semântica que circula no senso comum. Em outra proposta, Alonso (2006) anima o aprendiz a identificar as formas verbais que representam as regularidades de ocorrência com o léxico aceite nas combinações do tipo verbo + substantivo, como podemos observar no exercício a seguir. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 112 Christiane Alves de Lima 1. Analisando as linhas abaixo, tente relacionar os verbos que costumam acompanhar EN EL ACEITE. 6 eles ni pepitas. Una vez todo ello rehogado en el se introducen en el conjunto las habas tierna** ego. En una cazuela de barro se pone a sofreír en verduras del relleno a cuadraditos, se rehogan en n los salmonetes, se salpimentan y se fríen en el c ebollas y los ajos, y se cuecen conjuntamente en cerlo - Pelar y picar fina la cebolla, macerar en aceite , aceite aceite . aceite aceite aceite aceite aceite 11 18 dora al grill o salamandra. Se aconseja freír en farra a taquitos y se doran muy ligeramente en el 53 75 77 84 10 8 14 6 14 1 es: cortar papas en rodajas finas y rehogarlas en aceite de oliva hasta que estén tiernas. Batir huevos** parados allí. Comenzamos por sofreír las ñoras en aceite de oliva, junto con unos ajos. En cuanto estén** de oliva y a fuego fuerte para que no se desme** Se junta toda la preparación en una cazuela y** la cebolla picada; una vez comience a dorarse,** hasta que estén cocidas y se reservan. Se cort** previamente enharinados, tras expulsar el exce** de oliva, con agua y sal, sobre fuego muy suav** de oliva 30 minutos. - Pelar, lavar y cortar l** Figura 30. Exercício com foco no aspecto colocacional para chamar a atenção para o uso de expressões lexicais. Essa atividade também foi prevista para aprendizes brasileiros adultos de nível básico. Com o pedido, o aluno é incentivado a relacionar as formas verbais que aparecem associadas ao componente léxico aceite. Em espanhol, esse léxico faz referência às expressões óleo e azeite em português. Dessa forma, no espanhol, aceite é compreendido tecnicamente como o óleo extraído da prensa da azeitona e também de outra espécie de fruto ou de plantas. Nas concordâncias que se apresentam correlacionadas com en (el) aceite, as formas verbais rehogar/ freír/ dorar/ sofreír/ cocer e macerar constituem a expectativa de resposta da atividade. A relevância desse exercício está na legitimação do léxico representativo utilizado pelo falante da língua, estabelecendo a interação do aprendiz a partir de insumos adequados. Outro exemplo de exercício com amostras de corpus pode ser observado a seguir. 1. Em espanhol, a palavra PISO tem dois significados diferentes do português. Por meio das linhas abaixo, tente descobri-los. 78 os, puertas y ventanas, y se llevó todo el primer piso , incluidos los pilares. Afortunadamente había po** Ampliação lexical qualitativa em E/LE 113 Christiane Alves de Lima 13 4 16 domingo por su madre desde una ventana del primer otra a una caída desde una ventana de un segundo piso en que reside en A Guarda (Pontevedra), evolucio** El informe del Gobierno estadounidense hace ref ** por cada una. La explosión tuvo lugar en el sexto piso . piso piso . piso 50 15 0 15 4 24 98 16 8 23 6 e servicio en su domicilio, ubicado en el segundo ha humana pedía auxilio desde un balcón del sexto de prensa y que ha fallecido a los 64 años en su es de objetos robados). La policía encontró en un informa Europa Press. La Policía registró ayer un piso piso piso de Central Park, a pocos metros de Doubleday, la** de la calle de San José, en Alcorcón, gran númer** de Madrid propiedad de la familia de Francisco J** rtó más de mil millones de pesetas. En cambio, el piso de París fue objeto de una enconada pelea y sus** de uno de los monoblocks, acompañado por algunos** Roberto Cabrera murió devorado por el fuego. Un** que resultó totalmente destruida, así como parte** Figura 31. Exercício do tipo campo semântico. Essa atividade foi planejada para aprendizes brasileiros adultos de nível básico. No enunciado do exercício, menciona-se a existência de dois significados diferentes para a palavra piso no português. De acordo com o dicionário da Real Academia Espanhola (RAE), entre as várias acepções, esse componente léxico pode significar “pavimento de um edifício”, “revestimento do solo” e “apartamento”. Já no dicionário Houaiss, podemos encontrar acepções semelhantes, com exceção do sentido de apartamento. O pedido da atividade incentiva o aprendiz a tentar descobrir qual o sentido assumido pelo léxico piso nas linhas de concordância, já que essa unidade léxica pode significar apartamento ou andar no português. Como expectativas de resposta, as linhas 16, 50, 78, 134, 150 e 154 indicam o andar em que está localizado algo. Já as linhas 24, 98, 168 e 236 indicam que algo está ou ocorre em um apartamento específico. Outro falso cognato que pode apresentar uma compreensão inadequada é oficina. A atividade a seguir apresenta uma proposta de abordagem desse léxico. 1. OFICINA em português, segundo o dicionário eletrônico Houaiss, significa “lugar onde se elabora, fabrica ou conserta algo, lugar onde se consertam automóveis”. Observando as linhas abaixo, tente concluir se o significado de OFICINA em espanhol é o mesmo que em português. 1 rato de proyecto y obras de la nueva terminal. La 4 silvestres. En medio de esta fronda se montó una oficin a oficin a de arquitectura de la SNCF, Arep, en consorci** de información, donde los congresistas pudier** Ampliação lexical qualitativa em E/LE 114 Christiane Alves de Lima 10 nadas de droga. A los camellos les reclutan en la 55 hoy las veces de taller de artesanía tarascana y 75 or la CAM en tramitación Información y matrícula: 97 existía ningún registro de tipo arqueológico en la 14 8 16 0 21 0 22 3 tiene que hacer para conseguirla? Ir a cualquier corriente del pago de la cuota, y al personal de Los paraguas del averno Volvía esta tarde de la Noviembre. - Expedientada una funcionaria de la oficin a oficin a oficin a oficin a oficin a oficin a oficin a oficin a de desempleo. Mi estancia duró unas semanas,** de turismo. La ruta de arquitectura religiosa** de Actividades Culturales. Rectorado UAM, 2ª** de Educación y Cultura del gobierno regional** de Iberia o a cualquier Agencia de Viajes y s** del Colegio/Asociación de Ingenieros del I.** de correos de recoger mi último pedido a Amaz** de extranjeros por corrupción. Barcelona, oct** Figura 32. Exercício do tipo campo semântico A atividade foi planejada para aprendizes adultos brasileiros no nível básico. Em um primeiro momento, no enunciado da atividade, é apresentada uma das acepções da palavra “oficina” em português de acordo com o dicionário Houaiss. Em seguida, o pedido da atividade incentiva o aprendiz a tentar concluir se há semelhanças semânticas desse léxico entre o espanhol e o português. Segundo as acepções registradas no RAE, o léxico oficina pode ser entendido em português como escritório ou departamento de um determinado estabelecimento comercial ou empresa. Ao analisar as linhas de concordâncias, podemos verificar que nas concordâncias nº 1, 97 e 148, a expectativa de resposta é “escritório”. Já na concordância nº 4, a expressão mais adequada para atender a expectativa de resposta é “posto” de informação. Nas concordâncias nº 10, 55 e 210, a expressão mais adequada é “agência” de emprego, “agência” de turismo e “agência” de correios, respectivamente. Nas concordâncias nº 75, 160 e 223, a expectativa de resposta é “departamento”. Embora o componente léxico oficina represente escritório ou departamento em português, nessas linhas de concordâncias podem ser combinadas outras expressões lexicais consideradas adequadas – agência e posto – que, de acordo com o contexto, estariam mais próximas do discurso do falante brasileiro. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 115 Christiane Alves de Lima Como ferramenta didática, o professor tem condições de realizar atividades didáticas que incentivem o levantamento de hipóteses a partir das evidências apresentadas pelos insumos. Nesse sentido, compartilhamos com Sardinha (2000) que a conscientização da complexidade funcional da língua permite que o indivíduo se posicione de forma crítica nas diferentes perspectivas teóricas sobre as concepções de língua. O discurso comunicativo é organizado, contextualmente, considerando as adequações e as convenções linguísticas estabelecidas pelo senso comum (OLIVEIRA, 2005). A exposição a insumos produzidos por falantes nativos em situações de comunicação permite que o aprendiz de língua estrangeira resolva dificuldades linguísticas, que não são observadas em contextos didáticos ou metodológicos que não seguem a perspectiva funcionalista da Linguística de Corpus. Nesse aspecto, as amostras lexicais retiradas de evidências linguísticas de um corpus adquire um papel fundamental devido à análise da probabilidade das relações combinatórias (OLIVEIRA, 2005). Sobre a didatização do corpus linguístico, Pérez-Ávila (2006) discute a relevância da aplicação do corpus no processo de ensino-aprendizagem de léxico em língua estrangeira, levantando alguns aspectos com o uso dos corpora em sala de aula: a) os elementos envolvidos com o ensino – professor, aluno e contexto educativo – ainda não estão preparados para a ruptura do paradigma da abordagem normativa da língua; b) o aluno encontra dificuldades em desenvolver um processo autônomo de aprendizagem, mesmo quando a figura do professor centralizadora desaparece; c) a progressão do conteúdo abordado depende das decisões individuais de cada aprendiz, descentralizando a sequência cronológica préestabelecida pelo professor e/ou material didático e; d) o uso dos corpora pressupõe a disponibilização do acesso aos computadores para a consulta dos alunos. A observação da frequência de uso na Linguística de Corpus constitui-se em fundamento teórico para as principais abordagens lexicais de ensino-aprendizagem de LE – a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 116 Christiane Alves de Lima Lexical Syllabus (Currículo Lexical), a Data Driven Learning (Aprendizagem Movida por Dados) e a Lexical Approach (Enfoque Léxico). O Currículo Lexical, desenvolvido por Dave Willis em 1990, se estabelece a partir da perspectiva de um corpus formado por textos produzidos por falantes nativos de língua inglesa. Como pressuposto teórico, se considera que os sentidos mais comuns da linguagem sejam expressos pelo vocabulário mais frequente (SARDINHA, 2000). Nessa proposta, os aprendizes são expostos a número controlado de itens lexicais. Uma lista que contém as palavras mais frequentes da língua é um suporte didático, sendo que, ao longo do processo de ensino, essa listagem vai sendo ampliada55. A Aprendizagem Movida por Dados, defendida por Tim Johns em 1970, é uma proposta metodológica indutiva que parte dos dados observados para a elaboração de regras ou padrões da língua. Nessa abordagem, o aprendiz exerce um papel importante e autônomo em relação ao processo de construção do conhecimento, sendo responsável pela forma de consultar o corpus e pelas próprias conclusões sobre o funcionamento da língua. Considerando que a abordagem do componente léxico se caracteriza pelo aspecto representativo no desenvolvimento da LM/LE, nos cabe refletir sobre a proposta metodológica que relativiza o lugar do léxico na didática das línguas. 3.7. Lexical Approach56 Essa proposta de abordagem lexical se fez conhecida no meio acadêmico a partir da publicação da obra The lexical approach: the state of ELT and a way forward, em 1993, pelo linguista americano Michael Lewis. Constitui-se em uma tentativa de evidenciar o 55 O programa WordSmith Tools é um exemplo de ferramentas computacionais que permitem produzir listas de palavras ordenadas alfabética e estatisticamente (Wordlist) em relação aos corpora compilados (SARDINHA, 2004). 56 Em português, esta nomenclatura tem sido utilizada alternadamente como Enfoque Léxico ou Abordagem Lexical. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 117 Christiane Alves de Lima componente léxico como principal unidade de referência no processo de ensino-aprendizagem de línguas, problematizando sua abrangência, constituição e possíveis aproximações didáticas, uma vez que “não se considera que o ensino do vocabulário seja um fim em si mesmo, mas que está destinado ao desenvolvimento da competência comunicativa”57 (ÁLVAREZ CAVANILLAS, 2008, p.12). Centrado no léxico, esse modelo de ensino qualitativo entende que “não se trata somente de aprender palavras novas, mas de ampliar o conhecimento que temos sobre elas, pois saber uma palavra ou unidade léxica implica possuir muita informação de diferente natureza sobre ela”58 (HIGUERAS, 2004, p. 11). Para o senso comum, o processo de ensino e aprendizagem de línguas leva em consideração que adquirir o conhecimento gramatical e, em especial, acumular palavras isoladas tende a ser suficiente para uma efetiva comunicação. Entretanto, “a língua é um fenômeno social, definida socialmente e não individualmente. Muitas frases que são possíveis se forem construídas pelas supostas regras do falante nativo competente podem ser imediatamente identificadas como improváveis ou até mesmo totalmente bizarras. Há uma grande diferença entre o que poderíamos dizer e o que nós dizemos”59 (LEWIS, 2002, p. 90). Considerando, portanto, que a base da aprendizagem de língua estrangeira se efetiva a partir do conhecimento lexical, o enfoque da gramática, percebida como uma das entidades mais arraigadas e conservadoras no processo de ensino de línguas (ZAIDAN, 2008), é polarizado. “A língua consiste no léxico gramaticalizado e não na gramática lexicalizada”60 (LEWIS, 2002, p. 51), em que cada componente léxico tem sua própria gramática, evidenciando as relações sistêmicas estabelecidas pelas ocorrências semânticas dos enlaces léxicos registrados a partir da observação das amostras produzidas pelos usuários da língua. 57 no se considera que la enseñanza de vocabulario sea un fin en sí mismo, sino que está destinada al desarrollo de la competencia comunicativa. 58 no se trata sólo de aprender palabras nuevas, sino de ampliar el conocimiento que tenemos sobre ellas, pues saber una palabra o unidad léxica implica poseer mucha información de distinta naturaleza sobre ella. 59 language is a social phenomenon, socially rather than individually defined. many sentences wich are possible if generated by the supposed rules of native speaker competente can immediately be recognised as improbable, or even downright bizarre. There is a vast difference between what we could say and what we do say. 60 language consists of grammaticalised lexis, not lexicalised grammar. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 118 Christiane Alves de Lima Nessa perspectiva, “o Enfoque Léxico supera a tradicional dicotomia entre a gramática e o léxico quando propõe o ensino daquela a partir das unidades léxicas”61 (ÁLVAREZ CAVANILLAS, 2008, p.18), em que “todas as unidades lexicais são arbitrárias - são simplesmente uma anuência do que foi institucionalizado, uma língua legitimada por um grupo específico que a utiliza, selecionada a partir daquilo que eles poderiam usar, a língua real em oposição à língua teoricamente possível”62 (LEWIS, 2002, p. 17). Logo, considerando o processo de ensino-aprendizagem à luz desse enfoque metodológico, a abordagem bipolarizada é entendida como inválida, na qual se desenvolve, por um lado, a perspectiva analítica das estruturas gramaticais a partir do fracionamento sintático dos elementos linguísticos, e, por outro, o reconhecimento e a memorização de itens lexicais. Como expectativa didática, este modelo espera que a gramática e o léxico sejam desenvolvidos do mesmo ponto de vista pedagógico, particularizando a compreensão de como são estabelecidas as relações, características, regularidades e arbitrariedades do uso lexical (LEWIS, 2002). Esse modelo, que pretende ser uma continuação metodológica do enfoque comunitativo (GRYMONPREZ, 2000), se propõe, portanto, a relativizar a concepção de léxico e o tratamento periférico desenvolvido em vertentes metodológicas anteriores, chamando a atenção para as dimensões semânticas apresentadas pelas unidades léxicas conforme as circunstâncias enunciativas: ...contradizendo o antigo axioma de que a aquisição de vocabulário é uma questão de aprender novas palavras (aumentar a quantidade), as pesquisas informadas por corpora evidenciam que, na verdade, o tamanho do léxico mental de um aprendiz depende muito mais de sua capacidade de combinar, relacionar itens lexicais já conhecidos, uns com os outros, seja através de expressões idiomáticas, de expressões fixas ou de colocações (ZAIDAN, 2008, p. 5). 61 el Enfoque Léxico supera la tradicional dicotomía entre la gramática y el léxico al proponer la enseñanza de aquella a partir de las unidades léxicas. 62 All lexical items are arbitrary – they are simply the consensus of what has been institutionalised, the agreed language wich a particular group do use, selected from what they could use, actual language as opposed to theoretically possible language. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 119 Christiane Alves de Lima A proposta lexical tem como expectativa didática que o aluno perceba o léxico de forma qualitativa, em que conhecê-lo representa identificar como e em que circunstâncias linguísticas determinadas combinações léxicas tornam-se significativas: “a aquisição de vocabulário também implica descobrir novos sentidos para palavras já conhecidas e novas combinações dessas palavras” (ZAIDAN, 2008, p.6). O aprendiz tende a desenvolver a competência combinatória, em que se coloca em evidência o valor colocacional, procurando identificar a relação de uma determinada unidade léxica com aquelas que frequentemente se relaciona (ÁLVAREZ CAVANILLAS; BELTRÁN, 2003). E, o reconhecimento e o desenvolvimento das relações combinatórias tendem a suscitar inúmeras possibilidades interpretativas, já que o processo constante de reinterpretação do significado considera fatores como coerência, coesão, contexto discursivo e textual, que podem interferir no dinamismo semântico do léxico conforme são estabelecidas as interações comunicativas (MORANTE VALLEJO, 2005b). O contexto comunicativo propicia a observação das combinações de uso mais frequentes, as possibilidades e irregularidades lexicais que a um nativo flui espontaneamente. Nesse aspecto, levando em consideração que esse modelo tem como base os princípios investigativos da Linguística de Corpus, a exploração de corpora tem contribuído com aportações relevantes para a identificação dessas representações de uso. De acordo com a organização dos esquemas mentais do indivíduo, o falante nativo reconhece e acumula as informações sobre sua língua em blocos lexicais – chunks (LEWIS, 2002), que consistem em cadeias de multipalavras internalizadas a partir de campos semânticos, “cuja extensão é superior ao que normalmente chamamos de palavra”63 (ALONSO RAYA, 2003, p. 9) e que apresentam uma probabilidade maior de serem apreendidas e recuperadas pelo usuário pela frequência de uso. “A atuação linguística dos falantes mostra que não se armazena o vocabulário unicamente como lexemas individuais ou 63 cuya extensión es superior a lo que normalmente llamamos de palabra. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 120 Christiane Alves de Lima isolados, mas que nosso cérebro também armazena segmentos de frases ou partes extensas de enunciados como um todo”64 (GÓMEZ MOLINA, 2004, p. 29). Considerando a constituição dos esquemas, o usuário recupera, reestrutura e integra os insumos lexicais que são estabelecidos pela interação. Nesse sentido, o dinamismo e a fluidez caracterizam a forma de organização mental, já que novas informações vão sendo acrescentadas. Essa proposta preconiza, portanto, a aproximação não só a palavras isoladas, mas também a combinações de palavras. A expressão unidade léxica redimensiona o conceito da palavra compartilhado pelo senso comum. Nesse modelo, é entendido como uma unidade sequenciada com significado unitário que integra um sistema aberto constituído por várias palavras (NAVARRO, 2006). Assim sendo, abarca não só a palavra simples como também as polipalavras, as colocações (lexicais e gramaticais), as expressões idiomáticas e as frases feitas. Entendemos que a reflexão sobre a organização de determinadas unidades léxicas, no caso as colocações, pode nos dar pistas de como se processa e se armazena as informações em blocos semânticos. 3.7.1. As colocações (collocations) A aprendizagem de uma língua estrangeira está associada às redes já existentes na língua materna e que, progressivamente, vão se constituindo em redes autônomas. As colocações, “combinações frequentes e preferentes de duas ou mais palavras que constituem uma categoria intermediária entre as combinações livres e fixas”65 (ALONSO RAYA, 2003, p. 10), constituem-se em porções lexicais pré-fabricadas compartilhadas por uma comunidade 64 La actuación lingüística de los hablantes muestra que el vocabulario no se almacena únicamente como lexemas individuales o aislados, sino que nuestro cerebro también almacena segmentos de frases de enunciados como un todo. 65 combinaciones frecuentes y preferentes de dos o más palabras que constituyen una categoría intermedia entre las combinaciones libre y fijas. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 121 Christiane Alves de Lima de falantes (MORENO PEREIRO; BUYSE, 2003). No modelo Lexical Approach, essas expressões constituem objeto de estudo e possuem um valor pragmático que se reflete através do seu poder comunicativo. Elas se diferenciam de outras formas lexicais, pois apresentam características peculiares como: co-existência significativamente frequente de dois lexemas, relação típica entre seus componentes, certa flexibilidade formal, significado literal e composição e transparência semântica. As colocações léxicas envolvem “todas as combinações frequentes de unidades léxicas, contudo, em seu uso mais restrito, se trata de combinações características de dois lexemas entre os que existem certa afinidade”66 (MORENO PEREIRO; BUYSE, 2003, p.10). Possuem características que lhes são peculiares e, na maioria das vezes, encontram as respostas para isto em contextos culturais, literários, históricos, resultante de inúmeras repetições no tempo, sendo assimiladas na memória coletiva dos usuários da língua (ALONSO RAYA, 2003). A percepção semântica da expressão sangria desatada, por exemplo, envolve a compreensão de algo que exige atenção ou providência imediata. A palavra sangria estabelece uma relação semântica com o adjetivo para que expressem determinado sentido em situações comunicativas. Se fossem analisadas isoladamente, não alcançariam a mesma interpretação pragmática. Logo, subentendemos que a tentativa de estabelecer equivalências semânticas entre as línguas nem sempre será plena devido às interferências culturais. Nesse aspecto, “a tradução das colocações não equivale à tradução individual de seus constituintes, mas que se traduz como um só bloco”67 (MORENO PEREIRO; BUYSE, 2003, p.11). Como sugere Lima (2008), a perspectiva do desenvolvimento da competência colocacional permite que o usuário reconheça quais são as combinações possíveis e as que 66 todas las combinaciones frecuentes de unidades léxicas, pero en su uso más restringido se trata de combinaciones características de dos lexemas entre los que existe cierta afinidad. 67 La traducción de las colocaciones no equivale a la traducción individual de sus constituyentes, sino que se traduce como un solo bloque. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 122 Christiane Alves de Lima não são factíveis em uma língua. Levando em consideração que os tipos de associações entre as unidades léxicas são de natureza variada, entende-se, nesse modelo, que a exposição constante tende a contribuir para a fixação e consolidação do conhecimento léxico, favorecendo, assim, os processos de compreensão e produção das palavras em interações comunicativas. O processo de ensino-aprendizagem de colocações não exige necessariamente a incorporação de novas unidades léxicas, mas sim a associação de novas combinações de palavras já conhecidas que fazem parte da competência linguística do indivíduo, conforme sugere Álvarez Canavillas (2005). No aspecto composicional, as colocações estabelecem distinções entre a palavra base, aquela que determina com que palavras é possível combinar-se e; a colocativo, aquela que é o determinado. Segundo Lewis (2002), a base da expressão lexical tende a ser constituída por substantivos. Com exemplo, encontramos, na língua portuguesa, a expressão “contrair matrimônio”. Contudo, em alguns casos, tanto o adjetivo “sair impune” como o advérbio “dormir profundamente” podem ser identificados também como referente principal. Existem colocações simples (constituídas por duas unidades léxicas simples) e complexas (constituídas por mais de duas unidades léxicas). As colocações léxicas definidas como simples estão estruturadas em grupos de substantivo mais verbo (promulgar uma lei); substantivo mais adjetivo (sagrado matrimônio); substantivo mais substantivo (cidade fantasma); verbo mais advérbio (proibir terminantemente); verbo mais adjetivo (ficar ileso) e; advérbio mais adjetivo (redondamente enganado). As colocações complexas estão estruturadas em grupos de verbo mais locução nominal (falar para/com as paredes); locução verbal mais substantivo (fazer uso da força); substantivo mais locução adjetiva (bandeira a meio mastro); verbo mais locução adverbial (escrever algo de próprio punho) e; adjetivo mais locução adverbial (surdo como uma porta). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 123 Christiane Alves de Lima A apresentação de colocações agrupadas em campos semânticos ou por função comunicativa (diatópica, diastrática e diafásica) ou por áreas com fins específicos tende a promover uma apreensão mais rentável para os aprendizes de línguas, de acordo com suas necessidades e interesses, que possibilita a expressão comunicativa com precisão. Logo, as combinações podem constituir-se em um recurso adequado ao desenvolvimento da competência comunicativa. A seguir, apresentamos algumas propostas de atividades relacionadas com o Enfoque Léxico. No exemplo que se segue, observamos uma atividade retirada de um material didático de inglês como LE, em se coloca em evidência a identificação e apreensão de combinações lexicais. Figura 33. Fonte: MARQUES, 2004. p. 100. Como sugere essa atividade, words that go together (palavras que aparecem juntas), o pedido do exercício, em português, incentiva o aluno a encontrar, no texto que introduz a unidade didática, as palavras que completam as locuções nominais elencadas em inglês na parte direita desse fragmento. Para fins de orientação didática, a cada expressão lexical em inglês é apresentada a expressão que corresponde em português. Como expectativa de resposta, o manual do professor apresenta as expressões: socially engaged poetrey (poesia Ampliação lexical qualitativa em E/LE 124 Christiane Alves de Lima socialmente engajada), true believer (verdadeiro crente), simple language (linguagem simples), early childhood (primeira infância), home state (estado natal), pompous philosophy (filosofia pomposa), radical dreams (sonhos radicais), conservative heart (coração conservador), ordinary folk (gente comum), passionate love (amor apaixonado) e flaming love (amor ardente). As combinações em inglês tendem a ser identificadas no exercício, levando em consideração a ocorrência de uso no discurso do falante nativo, em que se tenta, com essa proposta, contribuir para que o aprendiz consiga observar a regularidade funcional das estruturas lexicais na língua inglesa. Na proposta seguinte, retirada de um material didático de inglês como LE, verificamos a forma de apresentar as locuções nominais que aparecem no texto que introduz a unidade. Figura 34. Fonte: MARQUES, 2004. p. 89. Nesse excerto, o pedido do exercício, em português, incentiva o aluno junto com seu companheiro de classe a relacionarem as palavras em inglês considerando as associações entre as duas primeiras colunas, da esquerda para a direita. E, após estabelecerem as combinações lexicais, os alunos são incentivados a relacionar essas locuções nominais em inglês com as expressões correspondentes em português elencadas na terceira coluna à direita. Como expectativa de resposta, o manual do professor prevê as combinações de: world Ampliação lexical qualitativa em E/LE 125 Christiane Alves de Lima success com sucesso mundial, shopping mall com shopping / centro comercial, boy wizard com jovem feiticeiro, nuclear weapon com arma nuclear, wizard school com escola de feiticeiros, computer game com jogo de computador, reader’s guide com guia do leitor e philosopher’s stone com pedra filosofal. Na proposta a seguir, retirada de um material didático de espanhol como LE, observamos uma atividade que chama a atenção para as combinações que apresentam um padrão de coocorrência lexical na língua meta. Figura 35. Fonte: EQUIPO PRISMA, 2006. p. 228. Nessa atividade, de acordo com o pedido do exercício nº 13, o aluno é encorajado a relacionar as formas verbais apresentadas no quadro localizado à esquerda com as expressões que aparecem no quadro à direita. Como expectativa de resposta, o manual do professor sugere acariciar una ilusión (acalentar uma ilusão), albergar una esperanza (ter/abrigar uma esperança), caer en sueño (cair no sono), conciliar un rescate (mediar um resgate), echar una Ampliação lexical qualitativa em E/LE 126 Christiane Alves de Lima mano (dar uma força), tener un presentimiento (ter um pressentimento), establecer una comparación (estabelecer uma comparação), pedir la cuenta (pedir a conta), reclinar la cabeza (recostar a cabeça) e tender puentes (construir pontes). O pedido do exerxício nº 14 incentiva o aluno a encontrar possíveis combinações para as expressões: poner, sueño, casa, estudiar, conquistar e amor, dando como modelo as combinações com o léxico hacer - hacer la cama (fazer/arrumar a cama), hacer manitas (passar a mão), hacer una locura (fazer uma loucura), hacer trampa (enganar), hacer novillos (faltar/matar a aula), hacer pellas (cabular), hacer cuentas (fazer as contas). Nesse capítulo, ao discutirmos as propostas de abordagem lexical, percebemos que a potencialização do aspecto qualitativo na aquisição do léxico evidencia uma tentativa de reformulação de sua aprendizagem face à evolução dos métodos de ensino de línguas. Uma vez que se relativiza o processo de apreensão lexical passando de uma abordagem didática quantitativa para qualitativa do componente léxico, reconsidera-se sua natureza e funcionalidade na atividade interativa da comunicação. Perde-se o estigma de elemento secundário do processo gramatical e eleva-se ao estado de relevância no contexto pedagógico. Isto significa que a atividade lexical prevê muito mais que a técnica de memorização de listagens, mas sim tenta atingir um grau de consciência do processo contínuo organizacional de esquemas mentais. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 127 Christiane Alves de Lima CAPÍTULO 4. O QUADRO METODOLÓGICO O conhecimento é um produto social e depende do número de pessoas que se instruem mutuamente por meio do intercâmbio de ideias, como em um fluxo constante de uns para os outros. (BUARQUE, Cristovam, Jornal O Globo, 25/05/2008) 4.1. A base da pesquisa E sta investigação se enquadra nos moldes da pesquisa qualitativa, que tenta obter a compreensão dos fenômenos estudados68, sem ater-se a generalizações (MARTINS E BICUDO, 1994), visto que, nesta modalidade, os resultados obtidos através da amostragem de um grupo considerado não legitimam interpretações generalizadas que ultrapassem seu campo de estudo. Considerando que “a experiência humana é mediada pela interpretação, de que existem múltiplas formas de interpretar as experiências, em função das interações com os outros, e de que a realidade não é mais do que o significado de nossas experiências; ela é socialmente construída” (MARTUCCI, 2001, p. 167), o parâmetro interpretativo da pesquisa qualitativa se estabelece na análise das ações humanas que singularizam o significado coletivo, produto da visão de mundo compartilhado na sociedade por seus indivíduos. Nesse sentido, essa tese apresenta características de uma abordagem etnográfica, já que as interações em sala de aula ocorrem em um contexto dinamizador de significados múltiplos, no qual “o pesquisador deve fazer uso da observação participante, que envolve observação, anotações de campo, entrevistas, análises de documentos, fotografias, gravações” (ANDRÉ, 1997, p. 47), em que se tenta entender e apresentar os fatos, mostrar 68 Segundo Martins e Bicudo (1994, p.21-22), no âmbito das pesquisas das ciências sociais, os fenômenos significam “aquilo que se mostra, que se manifesta”, em que o pesquisador os descreve e os interpreta, construindo uma percepção de mundo “à medida que um certo número de formas qualitativamente diferentes de experienciar fenômenos vai se desenvolvendo” (Ibid, p.24). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 128 Christiane Alves de Lima suas particularidades significativas, dando autonomia de decisão ao leitor na validação das interpretações, com base em sua sustentação teórica e em sua plausibilidade (ibid). Apoiada nessa reflexão, esta investigação, que tenta compreender o processo de ampliação lexical qualitativa em espanhol como língua estrangeira em aprendizes brasileiros de uma instituição de ensino superior militar, localizada na cidade do Rio de Janeiro, consiste em um estudo de caso, que se caracteriza por ser “um caso específico, bem delimitado, contextualizado em tempo e lugar para que se possa realizar uma busca circunstanciada de informações” (VENTURA, 2007, p. 384). 4.2. Problemas, hipóteses e objetivos Considerando que o léxico desempenha um papel relevante no processo de ensinoaprendizagem das línguas, em que se discute a contribuição da Linguística de Corpus e da Psicologia Cognitiva, cabe indagar nessa investigação: (1) que concepção de léxico os aprendizes de língua estrangeira representam na atividade de leitura? Lima (2004), em um estudo de caso sobre a inferência lexical na compreensão leitora em E/LE com alunos de uma escola de formação superior militar, verificou que o comportamento adotado pelos informantes na leitura de texto em espanhol como língua estrangeira evidenciou uma tendência a realizar uma leitura de decodificação. Neste modelo de leitura, o papel do leitor é extrair as informações das partes visuais contidas no texto através da decodificação do significado de cada elemento textual (KATO, 1999). Em seus resultados, Lima (2004) também constatou que a expectativa com a negociação de um sentido aproximado não se efetivou como primeiro recurso, mas sim a atribuição de um sentido fixo à palavra. Em nossa análise preliminar, a partir da coleta de dados, os resultados deste trabalho nos dão indícios de que o componente léxico tende a ser percebido a partir da perspectiva do Ampliação lexical qualitativa em E/LE 129 Christiane Alves de Lima significado estático na composição dos sentidos. Desse modo, consideramos que a concepção de léxico que se apresenta neste estudo está relacionada a uma prática de leitura decodificadora. Os aprendizes processam o texto unidirecionalmente e dão ênfase à construção do sentido literal do componente léxico. Este é analisado como objeto estável, imutável e isolado. Outro questionamento é que: (2) Quais são as estratégias lexicais que os aprendizes acionam na compreensão leitora de textos em espanhol como língua estrangeira? Inicialmente, cremos que os aprendizes se utilizam da análise contrastiva do léxico, buscando similaridades e diferenças na parte visível do componente lexical entre a LM e a LE com o intuito de identificar o significado. Nesse aspecto, o mecanismo de comparação entre as línguas, principalmente quando existe uma irmandade linguística, evidencia uma tendência a buscar correspondências lexicais. Outro aspecto que nos parece provável é que o acionamento do conhecimento prévio, motivado pela interação aluno-aluno, contribui na recuperação da informação lexical. Os dados coletados neste trabalho têm apontado que o conhecimento profissional/técnico tem se revelado um recurso relevante, principalmente nos assuntos específicos da área de atuação dos informantes. Considerando o desenvolvimento da ampliação lexical qualitativa e a concepção de leitura interacionista, indagamos: (3) como os leitores reformulam a composição de sentidos, quando o componente léxico se apresenta contextualizado em áreas não relacionadas à sua atuação profissional? Com base nos resultados preliminares, supomos que os aprendizes não levam em conta que a contextualização lexical tem como premissa a (re)construção de sentidos. A exposição do componente lexical em contextos diferenciados propicia uma releitura semântica do léxico e do seu papel no processo de ensino. Nessa perspectiva, supomos que o aprendiz desconsidera que, no processo de contextualização lexical, a negociação do sentido da palavra ocorre de forma constante a partir das relações Ampliação lexical qualitativa em E/LE 130 Christiane Alves de Lima estabelecidas com o contexto e o cotexto. Nesse processo, o componente lexical se reconstrói tanto pela dinâmica do texto como pelo significado que se estabelece no contexto enunciativo. Dessa maneira, a abordagem lexical se estabelece tanto pela sua extensão como também pela sua profundidade, em que “diversos encontros com os mesmos itens lexicais em diferentes contextos poderiam promover oportunidades para um processo de aprendizagem mais bemsucedido” (GATTOLIN, 2008, p. 40). Essa pesquisa, portanto, tenta encontrar possíveis respostas para a questão do tratamento dado ao componente léxico nas ciências da linguagem e nas didáticas das línguas, em que objetiva: (1) contribuir para a reflexão sobre a perspectiva teórica do léxico; (2) discutir o processo de ampliação lexical qualitativa no ensino de línguas considerando os usos do léxico no contexto. Para que alcancemos esses objetivos gerais da investigação, estabelecemos como objetivos específicos: (1) identificar e comentar as representações do léxico dos alunos de E/LE; (2) compreender os procedimentos de autoaprendizagem dos alunos de E/LE; (3) descrever as estratégias lexicais dos alunos na negociação dos sentidos; (4) discutir como os alunos realizam o processo de composição do sentido com o léxico desconhecido e; (5) identificar as práticas de interação aluno-texto-aluno durante a leitura na sala de aula. Uma vez estabelecidos os questionamentos, as hipóteses e os objetivos, tecemos os passos metodológicos que foram adotados nessa pesquisa. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 131 Christiane Alves de Lima 4.3. A construção do recorte metodológico Os instrumentos utilizados e os informantes selecionados em nossa pesquisa representaram, na prática, procedimentos pedagógicos aplicados em sala de aula. Em outras palavras, articulamos de forma sistemática as atividades de pesquisa com as atividades pedagógicas. A metodologia aplicada será descrita a seguir na sequência em que foi realizada. Entretanto, ressaltamos que a utilização de determinadas técnicas de coleta de dados representa um viés alternativo para a compreensão dos procedimentos adotados pelos informantes e que nos parece pertinente discutir na próxima seção. 4.3.1. O protocolo verbal Na presente pesquisa, levamos em consideração a utilização do protocolo verbal como um dos instrumentos metodológicos. O protocolo verbal, técnica qualitativa e introspectiva de coleta de dados, possibilita a reflexão dos procedimentos adotados pelo informante, os quais são relatados durante ou imediatamente após a realização da atividade (TOMITCH, 2007, p.43): “é uma percepção do leitor sobre como se deu o seu próprio processo”. Para o pesquisador, o protocolo verbal representa uma ferramenta adequada que fornece informações sobre as estratégias, os problemas e o comportamento adotado pelos informantes a partir da observação e análise dos seus relatos verbais. A técnica de introspecção é um recurso recorrente em estudos de diferentes áreas, principalmente na Linguística Aplicada em pesquisas do processo de leitura e de tradução (CORRÊA; NEIVA, 2000). Apesar da polêmica existente sobre seu uso, este instrumento tem apresentado resultados eficazes quando utilizado com outros instrumentos de coleta de dados. Considerando que esta pesquisa analisa o processo de inferenciação lexical, os relatos dos protocolos verbais podem dar pistas para tentar investigar o processo cognitivo realizado pelo leitor na construção da representação mental do texto. Com essa técnica, o leitor é Ampliação lexical qualitativa em E/LE 132 Christiane Alves de Lima estimulado a verbalizar o seu pensamento à medida que realiza a leitura. Enquanto o informante lê o texto e verbaliza o que está pensando, essa atividade costumar ser registrada em áudio ou em vídeo e, posteriormente, transcrita para que os dados coletados possam ser analisados. Com a análise dos dados, o pesquisador pode observar as estratégias cognitivas e metacognitivas empregadas na tarefa introspectiva. Essas informações contribuem para que o pesquisador possa identificar as necessidades dos informantes, bem como suas dificuldades com o processamento da leitura. A técnica introspectiva tende a ser subdivida em três modalidades: o auto-relato, a auto-observação e a auto-revelação (CAVALCANTI, 1989; TOMITCH, 2007). No autorelato, em que os dados são obtidos após a realização da leitura, esta técnica consiste em um procedimento o qual o leitor apresenta descrições gerais do comportamento adotado durante a leitura. Esse tipo de relato se baseia nas informações que permanecem na mémoria de longo prazo, uma vez que a descrição exata dos procedimentos realizados no momento da leitura já não estão mais disponíveis na memória de curto prazo do informante. Dessa forma, o relato se constitui em uma suposição do sujeito de como teria agido na realização da atividade. Na auto-observação, também classificada como retrospecção ou verbalização retrospectiva (CAVALCANTI, 1989), em que os dados são obtidos após a realização da leitura, esta técnica consiste em um procedimento o qual o leitor relata o seu comportamento no momento em que ocorre ou enquanto a informação ainda permanece em sua memória intermediária. Diferente do auto-relato, a auto-observação é um procedimento realizado assim que o leitor acaba de fazer a leitura do texto. Este relato se constitui, portanto, em uma percepção imediata do leitor de como procedeu na atividade específica. Na auto-revelação, em que os dados são obtidos durante a leitura, esta técnica consiste em um procedimento o qual o informante verbaliza imediatamente o que está fazendo durante a realização de alguma atividade. Caracteriza-se por ser um tipo de descrição concomitante à Ampliação lexical qualitativa em E/LE 133 Christiane Alves de Lima leitura (ROTTAVA, 2003). Este relato está propenso a proporcionar dados mais fidedignos à análise do comportamento adotado, já que é verbalizado no momento exato da leitura, quando as informações ainda se encontram na memória de curto prazo. Baseadas em Cohen (1987), Ericsson e Simon (1984) e Faerch e Kasper (1987), Corrêa e Neiva (2000) apresentam uma proposta alternativa que classifica, de forma sintética, a técnica de introspecção em duas vertentes: a introspecção do processamento corrente e a retrospecção. A introspecção do processamento corrente se divide em duas modalidades: a) “pensar alto”, na qual o informante realiza uma análise de cada informação acessada para a situação específica no momento da leitura ou da tradução e; b) “falar alto”, na qual o informante verbaliza oralmente seu pensamento, sem que seja necessário analisá-lo. Na técnica retrospectiva, o informante é estimulado a pensar e a lembrar-se das informações e dos pensamentos ocorridos durante o ato da leitura ou da tradução. A retrospecção pode ser imediata, desde que ocorra em um lapso de tempo de até trinta minutos após o término da atividade; ou protelada, em que se posterga o relato para um momento posterior à realização da tarefa. Nessa pesquisa, optamos pela técnica de auto-obervação a partir dos textos selecionados e aplicados aos informantes, conforme consta nos anexos D e I. Como foi adotado o protocolo verbal em grupo, no caso específico em dupla, consideramos que em uma interação face a face os informantes são compelidos a compartilhar, negociar e construir suas interpretações textuais. A coleta de dados teve como finalidade verificar alguns aspectos importantes para a pesquisa no que tange ao processo de construção do sentido do componente léxico contextualizado. As instruções dadas para a realização da atividade foram que os informantes lessem o texto e relatassem oralmente os pensamentos, impressões, opiniões, deduções e lembranças que surgissem durante a leitura. O foco da atividade seria inferir o sentido da palavra chave em destaque no pedido da proposta. A interrupção ou não Ampliação lexical qualitativa em E/LE 134 Christiane Alves de Lima da leitura estava prevista sempre que os informantes sentissem a necessidade de relatar o processo. 4.3.2. As etapas da pesquisa Para que pudéssemos apresentar uma discussão crítica sobre as nossas inquietações, procuramos construir os passos metodológicos que abarcassem instrumentos de coleta de dados e que dessem confiabilidade a pesquisa. Para tanto, recorremos a realização de diversas etapas, as quais descrevemos de acordo com a sequência apresentada no diagrama a seguir: Revisão bibliográfica Seleção do universo Elaboração, aplicação e análise de questionários Seleção dos informantes Seleção dos textos Aplicação dos textos Análise dos dados A 1ª etapa consistiu em uma revisão bibliográfica, de caráter exploratório, que nos permitiu analisar o lugar do léxico nas ciências da linguagem, a visão histórica do ensino do componente lexical nas didáticas das línguas, as contribuições do estudo da Linguística de Corpus e o aspecto da recontextualização lexical em uma proposta de leitura, que permite compreender o papel do componente lexical no processo de ensino-aprendizagem de E/LE. Esta etapa consistiu em uma prévia seleção de bibliografias que forneceram dados relevantes relacionados com o tema, consolidando a base teórica em que se fundamenta este estudo. A 2ª etapa da investigação compreendeu a seleção dos informantes pertencentes ao universo de discente de uma determinada instituição de ensino superior militar. Essa instituição se caracteriza por oferecer cursos de aperfeiçoamento a oficiais das linhas de ensino militar bélico, de saúde, científico-tecnológico e complementar no posto de capitão do Ampliação lexical qualitativa em E/LE 135 Christiane Alves de Lima Exército Brasileiro (EB)69. Consideramos como informantes para a coleta de dados somente os oficiais da área bélica, já que estes se destacam em relação aos demais por serem submetidos ao estudo formal do idioma na modalidade presencial. Entre as turmas de espanhol do ano letivo de 2010, utilizando o critério de escolha de amostragem não probabilística por conveniência70, selecionamos duas, que doravante passarão a ser nomeada de grupo A (alunos do curso de material bélico) e grupo B (alunos do curso de intendência). Como a pesquisadora desempenha o papel de professora, decidimos por esse tipo de escolha devido à disponibilidade de encontros formais com esses alunos, já que, no primeiro semestre do referido ano, foi maior do que com as demais turmas, possibilitando a realização da pesquisa. O perfil destes indivíduos se constitui em militares pertencentes, principalmente, às turmas formadas em 2001 e 2002 da escola de formação de cadetes ao oficialato. Nessa perspectiva, possuem, em média, doze anos de serviço ativo, sendo sete anos como oficiais e um ou dois anos como capitão. No referido ano letivo, fase presencial, o número de alunos é de quatrocentos e vinte e cinco militares distribuídos nos cursos específicos de cada Arma, Quadro ou Serviço. Considerando os alunos da área bélica, as turmas de idiomas estão distribuídas em uma de inglês e uma de espanhol em cada curso específico, salvo os alunos de infantaria que foram distribuídos em duas turmas de espanhol e uma de inglês. Os alunos apresentam, em média, trinta e três anos. São todos do sexo masculino e a grande maioria é casada, possuindo pelo menos um filho. Quanto à cidade de origem, o grupo 69 Este estabelecimento educacional desenvolve cursos de pós-graduação, lato sensu e stricto sensu, na modalidade de ensino presencial e a distância, desenvolvido ao longo de dois anos, aos oficiais provenientes da academia de formação de oficiais das armas de infantaria, artilharia, cavalaria, comunicações e engenharia, do quadro de material bélico e do serviço de intendência; aos oficiais do serviço de saúde (médicos, farmacêuticos e dentistas); aos oficiais do quadro de engenheiros militares e; aos oficiais do quadro complementar, que abrangem as áreas de magistério, psicologia, pedagogia, administração, informática, economia, estatística, direito, ciências contábeis, veterinária, enfermagem e comunicação social. 70 Esse método de amostragem depende dos critérios do pesquisador, que leva em conta a acessibilidade aos sujeitos da pesquisa, a oportunidade apresentada pela ocorrência de fatos ou eventos, a disponibilidade de tempo, entre outros (GIL, 1999). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 136 Christiane Alves de Lima de discentes é procedente de várias regiões do Brasil, principalmente, do sudeste. Possuem um nível intermediário da língua estrangeira, visto que todos tiveram a oportunidade de estudar línguas durante quatro anos na escola de formação. Muitos, após a conclusão da formação acadêmica na escola de cadetes, realizaram ou estão em andamento com outro curso superior em instituições de ensino civil e apresentam relevante experiência profissional e pessoal decorrente das circunstâncias sociais e institucionais estabelecidas pelas constantes transferências de Organização Militar (OM) a serviço do Exército. Outro motivo que nos levou a escolher como informantes os capitães alunos da área bélica se justifica por estes apresentarem uma realidade de ensino de idiomas, que permite a integração entre as escolas militares e a continuidade do processo de ensino-aprendizagem. De acordo com a Diretriz Geral do Comandante do Exército71, “o ensino será mantido como atividade prioritária, devendo procurar a constante modernização”, sendo assim, deve-se adotar medidas para “estimular o estudo do idioma nacional e de idiomas estrangeiros”72. O Sistema de Ensino do Exército engloba os subsistemas de: a) ensino regular de idiomas (SERI), em que se desenvolvem presencialmente os idiomas obrigatórios inglês e 71 A Diretriz Geral do Comandante do Exército se caracteriza por ser um documento que expressa o pensamento do Chefe de Comando em relação à missão da Força Terrestre com a sociedade, com as tradições, com os valores militares, com a segurança nacional de acordo com os preceitos estabelecidos pela Constituição Federal. É um documento divulgado ostensivamente a todos os militares, funcionários civis e dependentes. 72 A ênfase do Comando do Exército no incentivo ao estudo do idioma justifica-se pela diversidade de representações militares no cenário internacional e pela demanda na rotatividade de oficiais em missões no exterior. Atualmente, o Exército, junto com a Marinha e a Aeronáutica, possuem 31 (trinta e uma) aditâncias acreditadas em países de Nações Amigas – Alemanha, Espanha, França/Bélgica, Inglaterra, Itália, Portugal, Rússia, Polônia, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, EUA/Canadá, Guatemala, Guiana, México, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela, El Salvador, Honduras, África do Sul (Moçambique), Angola/Namíbia, Egito, Irã, China/Coréia, Israel, Japão/Indonésia. O adido militar é o chefe representativo no exterior da missão diplomático-militar do Brasil, sendo-lhe conferidas todas as prerrogativas e imunidades. A missão tem a duração de dois anos e ser fluente em pelo menos um idioma estrangeiro, condição aferida em teste de credenciamento linguístico, é requisito mínimo para aqueles que são designados para o exercício da função. Além disso, existem as missões de paz e de apoio humanitário que o Exército participou e tem participado nos últimos anos. As missões atuais são: Missão das Nações Unidas no Nepal (UNMIN), United Nations Peacekeeping Force in Cyprus (UNFICYP), United Nations Office in Timor Leste (UNOTIL), Missão das Nações Unidas no Sudão (UNMIS), Missão das Nações Unidas na Libéria (UNMIL), Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (UNOCI), Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental (UNOWA), Escritório das Nações Unidas de apoio à construção da paz em Guiné-Bissau (UNOGBIS), Missão das Nações Unidas na Etiópia/Eritéia (UNMEE), Missão de Assistência à Remoção de Minas na América do Sul (MARMINAS), Missão de Assistência à Remoção de Minas na América Central (MARMINCA), e, a mais em evidência na mídia, Missão de Paz no Haiti (MINUSTAH). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 137 Christiane Alves de Lima espanhol; b) curso de idiomas a distância (CID), em que o militar tem a oportunidade de aprender inglês, espanhol, francês, alemão, italiano e russo e; c) ensino intensivo de idiomas, que visa à preparação linguística do pessoal designado para missões no exterior, desenvolvendo a fluência necessária à conversação e ao entendimento do idioma exigido. Essa preparação leva em consideração que o militar já tenha o nível necessário de proficiência linguística atestado pelo teste de credenciamento linguístico (TCL) ou pelo exame de proficiência oral (EPO), configurando-se, portanto, este estágio como período de reciclagem dos conteúdos linguísticos. O sistema educacional da instituição disponibiliza as diretrizes para o cadastramento dos credenciamentos linguísticos nos níveis obtidos pelo militar 73. Considerando o contexto didático de ensino de línguas estrangeiras na escola elencada na pesquisa, as atividades são direcionadas para temas militares da atualidade e de relevância para o Exército, favorecendo, assim, a manutenção da proficiência linguística, pelo menos na habilidade de leitura. A carga horária é de 40 (quarenta) horas distribuídas ao longo do ano letivo. O aluno participa das atividades do idioma obrigatório que cursou na escola de formação. Apesar de existir a restrição da mudança de idioma nas normas internas reguladoras da escola em questão, o comandante desta permitiu alterações em virtude da fase de transição da obrigatoriedade curricular dos quatro idiomas – espanhol, inglês, alemão e francês – para somente duas. Dessa forma, os alunos, principalmente aqueles que estudaram 73 O credenciamento corresponde ao cadastramento, na ficha individual do militar, do nível alcançado na proficiência linguística (A, B ou C) do idioma considerado, tornando-os aptos para a seleção de missão no exterior. É obtido ao longo da carreira por meio do cumprimento de 03 (três) fases: 1ª fase - TCL que, dependendo do resultado da nota, credencia o candidato no nível B ou C; 2ª fase - EPO que, após a aprovação, obtém-se o nível A; e 3ª Fase - Estágio Intensivo de Idiomas. A Ficha Individual do Militar é o documento administrativo em que se registra todas as atividades ocorridas relativas à vida profissional, acadêmica e pessoal do indivíduo. É uma espécie de curriculum vitae que o militar tem a responsabilidade de manter atualizado ao longo de sua carreira. O TCL, o EPO e o estágio intensivo são planejados, aplicados e avaliados pela equipe de professores militares de idiomas do CEP, órgão responsável pelo desenvolvimento de idiomas no Exército. Sua existência justifica-se na necessidade de que o contingente do EB esteja em condições para estabelecer laços de cooperação internacional com os exércitos das Nações Amigas. Em virtude de acordos bilaterais, nossos militares são enviados ao exterior em cumprimento a missões designadas, tendo que apresentar como requisito obrigatório a competência comunicativa na língua-alvo. Instituições como as Organizações das Nações Unidas (ONU) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) envolvem exercícios militares conjuntos com diversos países. Nos últimos anos, o Exército Brasileiro tem enviado cada vez mais seus representantes a vários países do mundo. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 138 Christiane Alves de Lima alemão ou francês, têm a oportunidade de optar por uma das duas línguas oferecidas atualmente. Os professores da seção de idiomas não adotam nenhum material didático comercial, visto que não foi possível encontrar ainda no mercado editorial um manual direcionado para o ensino de leitura instrumental específico para a área profissional-militar que levasse em consideração as necessidades e o nível de conhecimento linguístico do público-alvo em estudo. Assim, são utilizados como fonte de referência doutrinas militares dos exércitos das Nações Amigas (Espanha, EUA e países da América Latina), revistas militares, jornais internacionais disponíveis na internet, obras literárias relativas ao emprego profissionalmilitar, propagandas e, algumas vezes, produções cinematográficas, em vídeo e DVD, relativas ao tema bélico que são didaticamente aproveitadas para a elaboração das atividades linguísticas. Estimula-se, a todo o momento, o desenvolvimento da autonomia do comportamento leitor, baseando-se em atividades de acionamento do conhecimento prévio e de reflexão dos procedimentos adotados para a resolução das tarefas, isto é, a conscientização do uso das estratégias de compreensão leitora. Dessa forma, através das propostas dos exercícios, tentase coadunar os assuntos militares de interesse dos alunos com o processo de ensinoaprendizagem da língua pautado na abordagem de leitura instrumental. Os encontros formais em sala de aula não apresentam uma regularidade semanal, haja vista a realidade de ensino neste estabelecimento educacional. Isto significa que as turmas mantêm uma média de dois a três encontros mensais com dois tempos de 50 minutos cada. A 3ª etapa da investigação compreendeu a elaboração, a aplicação e análise de dois questionários com perguntas abertas e fechadas. Cabe mencionar que, em uma etapa preliminar do trabalho de investigação, realizamos a pilotagem desses questionários com uma pequena amostra aleatória de discentes de espanhol das turmas anteriores em 2009. Visando a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 139 Christiane Alves de Lima adequação do instrumento, foram feitas algumas alterações conforme sugestões antes de sua aplicação definitiva. O primeiro questionário (anexo B), perfil dos alunos, contemplou perguntas que envolvem três grandes aspectos: (a) aquisição prévia de idioma estrangeiro: trajetória escolar; (b) aquisição prévia de idioma estrangeiro: trajetória profissional e; (c) aquisição prévia de idioma estrangeiro: oportunidades de aprendizagem. A elaboração desse instrumento surgiu da necessidade de identificar quem era o informante, seu histórico escolar enquanto discente, as relações estabelecidas entre a aprendizagem do idioma e sua utilização no contexto profissional e, por fim, os procedimentos adotados no processo de autoaprendizagem. “Os interesses próprios do aluno ao estudar uma L2 e as ideias que tenha sobre o processo de aprendizagem desempenham também um papel importante no desenvolvimento e na execução de determinadas estratégias que irão lhe ajudar em seu processo de aprendizagem”74 (MIÑANO LÓPEZ, 2000, p. 32). A seguir, apresentamos uma organização esquemática, seguindo uma proposta semelhante à apresentada por Junger (2002), que nos serviu como parâmetro para a construção das perguntas atinentes às nossas intenções com este instrumento. Quadro 4: Estruturação do questionário de sondagem 1 Aquisição prévia de idioma estrangeiro Bloco temático Problemas Hipóteses Questões Trajetória escolar Trajetória profissional Oportunidades de aprendizagem O conhecimento adquirido anteriormente em língua estrangeira é relevante para o desenvolvimento da aprendizagem da língua? O contexto extraclasse de aprendizagem de idioma estrangeiro proporciona ao aprendiz melhores condições de aperfeiçoamento linguístico? O desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem da língua configura-se em ato contínuo, pautado na reorganização constante dos conhecimentos linguísticos. Considerando as peculiaridades profissionais, as necessidades do trabalho podem favorecer o desempenho linguístico do indivíduo? Motivações geradas por circunstâncias profissionais podem acelerar o desenvolvimento do aprendiz. 1 ao 5 6 ao 10 11 e 12 A forma de apreensão da língua estrangeira por parte dos aprendizes varia de acordo com os recursos estratégicos que lhe pareçam mais adequados e motivadores. 74 Los propios intereses del alumno al estudiar una L2 y las ideas que tiene sobre el proceso de aprendizaje desempeñan también un papel importante en el desarrollo y puesta en práctica de determinadas estrategias que le ayuden en su proceso de aprendizaje. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 140 Christiane Alves de Lima Com relação ao segundo questionário (anexo C), conceito de léxico e do processo de ensino-aprendizagem, consideramos relevante para a pesquisa identificar as concepções dos alunos sobre o tema, já que circula no senso comum que o componente léxico se estabelece pelo sentido literal e que o ensino vocabular está intrinsecamente relacionado à aquisição de um vasto repertório de palavras. A confecção do instrumento de coleta de dados compreendeu três principais tendências do léxico na didática das línguas (MORANTE VALLEJO, 2005b): (a) perspectiva tradicional, (b) perspectiva cognitiva e, (c) perspectiva qualitativa. As assertivas relativas a cada tendência foram estruturadas de forma aleatória no questionário, com respostas fechadas, para diminuir a manipulação das informações. O quadro a seguir sintetiza a estruturação das perguntas fechadas. Quadro 5: Estruturação do questionário de sondagem 2 Tendências gerais do processo de ensino-aprendizagem do léxico em língua estrangeira Perspectiva Concepção de léxico Processo de ensino-aprendizagem - as listas de palavras aparecem organizadas por áreas temáticas. - componente secundário que - não se ensinam estratégias de Tradicional mostra um comportamento aprendizagem do vocabulário. (até anos 70) arbitrário não regido regras. as palavras são aprendidas casualmente conforme aparecem no decorrer da instrução. Cognitiva Revalorização do léxico (anos 80) Aspectos qualitativos do léxico (atualidade) - concebido como recurso linguístico rico e complexo que envolve processos cognitivos. - ensino de estratégias específicas de aprendizagem de léxico. - ensino da estrutura do vocabulário como facilitador da aprendizagem. - considera-se o lexicón a partir de seus aspectos dinâmicos. - o significado é reinterpretado constantemente e dependente do contexto. - desenvolve-se a competência léxica. - processo de aprendizagem passa a ser qualitativo. - aprendizagem a partir de contexto de uso da língua. - desenvolvimento de estratégias. - instrução explícita e implícita do vocabulário. Itens 1 ao 10, 13, 16-18, 23-25, 29, 33. 11, 22, 26. 12, 14, 15, 19-21, 27-28, 3032, 34. A 4ª etapa consistiu na seleção dos informantes que comporiam duplas, a partir da análise diagnóstica dos grupos considerados, para dar prosseguimento à próxima etapa. A turma de espanhol do grupo A (alunos do curso de material bélico) apresenta o número de dezesseis de alunos. Estes não tiveram o espanhol como idioma curricular na escola de formação militar. O efetivo do grupo B (alunos do curso de intendência) é composto de trinta Ampliação lexical qualitativa em E/LE 141 Christiane Alves de Lima e oito alunos e, em contrapartida, na sua formação superior militar, tiveram a oportunidade de optar entre o inglês, o espanhol, o francês e o alemão como idioma curricular. Nessa perspectiva, consideramos relevante observar o comportamento estratégico na atividade proposta e inclusive, optamos por mesclar informantes, na composição das duplas, que declararam ter realizado cursos livres de espanhol com aqueles que não tinham tido contado anterior com a língua, já que este conhecimento poderia ser utilizado na interação alunoaluno. Dessa maneira, escolhemos quatro duplas, denominadas A1, A2, B1 e B2, respectivamente nos grupos A e B, totalizando um efetivo de oito duplas (dezesseis informantes). A 5ª etapa consistiu na seleção dos textos, em que consideramos, na aplicação do primeiro instrumento de coleta, quatro textos retirados da internet (anexos E, F, G e H) para analisar, através do protocolo verbal dialogado (anexo D), as estratégias adotadas pelos informantes para reconstruir o sentido do componente lexical blanco, que seriam colocados em prática nas duplas A1 e A2 do grupo A e do grupo B. E, na aplicação do segundo instrumento de coleta, quatro textos também retirados da internet (anexos J, K, L e M) para analisar o componente lexical repliegue, através do protocolo verbal dialogado (anexo I), que seriam aplicados às duplas B1 e B2 do grupo A e do grupo B. No terceiro instrumento, em que os informantes realizaram individualmente a proposta da atividade de compreensão leitora, selecionamos um texto retirado da internet (anexo N) para analisar o componente lexical hostigamiento, que foi aplicado aos mesmos informantes das duplas anteriores nos grupos A e B. As palavras blanco, repliegue e hostigamiento foram escolhidas porque fazem parte do conhecimento técnico-profissional dos alunos. A contextualização dessas formas lexicais em outros contextos possibilitaria a análise do sentido atribuído pelos informantes, em que se expecta a negociação dos significados. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 142 Christiane Alves de Lima A 6ª etapa consistiu na aplicação dos textos. No grupo A, no primeiro encontro, em 05/04/2010, aplicamos os textos junto com o protocolo verbal dialogado relativo ao componente lexical blanco às duplas A1 e A2. No segundo encontro, em 08/04/2010, aplicamos os textos junto com o protocolo verbal dialogado sobre o componente lexical repliegue às duplas B1 e B2. Com relação ao grupo B, em 13/04/2010, em um mesmo momento, aplicamos os textos e o protocolo verbal dialogado sobre o componente lexical blanco às duplas A1 e A2 e os textos e o protocolo verbal dialogado relacionados a repliegue às duplas B1 e B2. A atividade realizada pelas duplas dos dois grupos foi registrada em áudio, em que foi distribuído a cada par de informante um gravador de voz, a fim de capturar a interação aluno-aluno sobre os itens lexicais apresentados nos textos. Optamos pelo registro das conversas das duplas somente em áudio, visto que os informantes permaneceram no mesmo espaço físico que os demais alunos enquanto realizavam a atividade e, além disso, queríamos evitar a distração pela curiosidade da gravação em vídeo dentro da sala de aula. Nas oito duplas, os textos foram distribuídos pela professora-pesquisadora separadamente na medida em que os informantes iam completando o quadro apresentado no protocolo verbal, com o sentido atribuído e as estratégias utilizadas, evitando-se, portanto, a interferência dos demais textos na reconstrução do sentido em cada contexto. Com relação à aplicação do texto sobre o componente lexical hostigamiento, em um único encontro, em 17/05/2010, aplicamos nos dezesseis informantes dos dois grupos a atividade proposta de compreensão leitora. Nessa fase, não foi realizada a gravação em áudio, visto que a atividade foi executada individualmente. A 7ª etapa consistiu na análise dos dados coletados, em que se consideram as transcrições das gravações em áudio dos diálogos da interação aluno-aluno e as respostas dos protocolos verbais relativos ao item blanco, repliegue e hostigamiento. Adotamos as normas Ampliação lexical qualitativa em E/LE 143 Christiane Alves de Lima de transcrições da fala apresentadas em Marchusi (2003) e em Preti (1999) para reproduzir os diálogos gravados. Dessa maneira, para a transcrição desta pesquisa, o professor é indicado por (P); os informantes são indicados pelas iniciais de seus nomes em maiúscula (G, TB, TT, etc), mantidos em anonimato; as palavras em itálico representam trechos em espanhol e/ou mistura de português/espanhol; a interrogação é indicada pelo ponto de interrogação (?); as pausas curtas são indicadas por (...) e as longas (//); os comentários descritos pelo transcritor são realizados entre parênteses (( )); o prolongamento de vogal ou consoante é indicado pelo uso repetido de dois pontos (::); os cortes na produção oral são representados por /.../; os trechos inaudíveis são indicados por parênteses vazios ( ) e; a ênfase pela entonação e/ou pelo aumento do volume de voz é indicada em MAIÚSCULA. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 144 Christiane Alves de Lima CAPÍTULO 5. A ANÁLISE DOS DADOS Tentar compreender, tentar descrever, explorar um novo domínio, propor ou verificar uma hipótese, avaliar as competências de uma pessoa, avaliar uma ação, um projeto, eis aqui algumas das atuações fundamentais, cujo êxito está associado, acima de tudo, à qualidade das informações sobre as quais se apoiam.75 (KETELE e ROEGIERS, 1995, p. 11) A interpretação exige a comprovação ou refutação das hipóteses. Ambas só podem ocorrer com base nos dados coletados. Deve-se levar em consideração que os dados por si só nada dizem, é preciso que o cientista os interprete, isto é, seja capaz de expor seu verdadeiro significado e compreender as ilações mais amplas que podem conter. (MARCONI e LAKATOS, 2003, p.25) C ompreendemos que, com os dados coletados e analisados, a investigação se delineia como produção acadêmica e se destaca pela relevância do enfoque metodólogico, entremeando as interpretações construídas pela análise dos corpora com o embasamento teórico. Nesse sentido, em consonância com as afirmações de Ketele e Roegiers (1995) e de Marconi e Lakatos (2003), pretendemos, nesse capítulo, contribuir de forma significativa para as discussões teóricas sobre o desenvolvimento do processo de ampliação qualitativa do léxico em espanhol como língua estrangeira, trazendo as observações e reflexões percebidas num determinado contexto profissional-militar de uma instituição de ensino superior militar, particularizando a realidade didática dos informantes. Para que fossemos capazes de responder às perguntas que orientam esta pesquisa, analisamos os dados obtidos considerando (1) o questionário sobre o perfil dos informantes; (2) o questionário sobre o conceito de léxico e do processo de ensino-aprendizagem; (3) o protocolo verbal dialogado dos textos aplicados às duplas escolhidas; (4) as gravações em áudio da interação entre os informantes e; (5) a atividade de compreensão textual aplicada aos informantes. 75 Intentar comprender, intentar describir, explorar un nuevo dominio, plantear o verificar una hipótesis, evaluar las competencias de una persona, evaluar una acción, un proyecto, he aquí algunas actuaciones fundamentales cuyo éxito está ligado, ante todo, a la calidad de las informaciones sobre las cuales se apoyan. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 145 Christiane Alves de Lima 5.1. As representações do conceito de léxico 5.1.1. O questionário de sondagem Com relação à aplicação do questionário de sondagem (anexo C), percepções do léxico e do processo de ensino-aprendizagem, organizamos os dados coletados em três blocos temáticos: perspectiva tradicional, perspectiva cognitiva e perspectiva qualitativa. No grupo A, 15 indivíduos participaram dessa fase. E, no grupo B, 38 responderam o questionário. Compilamos as respostas dadas a cada bloco temático elaborado. Os resultados foram esquematizados em tabelas e analisados paralelamente a fim de contribuir para a visualização das respostas. Optamos por apresentá-los em termos percentuais. Consideramos para essa análise os percentuais atribuídos aos graus 1, 2, 3, 4 e 5 (não concordo, concordo muito pouco, concordo parcialmente, concordo em grande parte e concordo inteiramente, respectivamente). Optamos pela análise do maior percentual obtido, tendo o grau 3 como base de referência para o somatório com os demais graus. (a) perspectiva tradicional Para essa análise, levamos em consideração as assertivas nº 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 13, 16, 17, 18, 23, 24, 25, 29 e 33. Na assertiva nº 1, que coloca em discussão as limitações de interagir em língua estrangeira quando o aprendiz não possui um vocabulário adequado, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 27% responderam que concordam muito pouco, 18% responderam que concordam em grande parte e 9% responderam que não concordam. No grupo B, 39% dos informantes responderam que não Ampliação lexical qualitativa em E/LE 146 Christiane Alves de Lima concordam, 32% responderam que concordam parcialmente, 21% responderam que concordam muito pouco e 8% responderam que concordam em grande parte. Considerando o somatório dos percentuais apresentados nos graus 1, 2 e 3, 82% dos informantes do grupo A e 92% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva. Subentendemos que o nível de conhecimento lexical em que esteja o aprendiz não impede a interação comunicativa. Na assertiva nº 2, que tenta enfatizar que a responsabilidade da ampliação lexical no ensino de línguas é do aprendiz, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 45% responderam que concordam em grande parte e 9% responderam que concordam muito pouco. No grupo B, 53% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 16% responderam que concordam em grande parte, 11% responderam que concordam inteiramente, 10% responderam que não concordam e 10% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais apresentados nos graus 3, 4 e 5, 91% dos informantes do grupo A e 80% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, evidenciando a percepção do informante de que o aprendiz é o principal responsável pelo processo de ampliação lexical em LE. Para o senso comum, aprender e apreender o vocabulário se constitui em um processo que ocorre espontaneamente e independe da instrução formal, mas que, em particular, se efetiva pela prática regular da leitura desenvolvida pelo aprendiz (GARDEL, 2006). Na assertiva nº 3, que tenta enfatizar o ensino adequado de LE centrado principalmente na sistematização da gramática e nas listas bilíngues, observamos que, no grupo A, 55% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 27% responderam que concordam muito pouco e 18% responderam que concordam em grande parte. No grupo B, 66% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 13% responderam que concordam muito pouco, 10% responderam que concordam em grande parte, 8% Ampliação lexical qualitativa em E/LE 147 Christiane Alves de Lima responderam que não concordam e 3% responderam que concordam inteiramente. Considerando o somatório dos percentuais apresentados nos graus 1, 2 e 3, 82% dos informantes do grupo A e 87% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva, evidenciando que as listas bilíngues de palavras e as regras gramaticais não são a principal referência no processo de aprendizagem de LE. Na assertiva nº 4, que chama a atenção para a autoridade institucional dos dicionários no ensino de línguas, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 27% responderam que concordam em grande parte, 18% responderam que concordam muito pouco e 9% responderam que não concordam. No grupo B, 32% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 29% responderam que concordam em grande parte, 18% responderam que não concordam, 18% responderam que concordam muito pouco e 3% responderam que concordam inteiramente. Considerando a análise dos graus 1, 2 e 3, 73% dos informantes do grupo A e 68% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva, evidenciando a percepção de que a consulta ao dicionário representa um dos recursos estratégicos, e não o único, que contribui para a ampliação lexical em LE. Os alunos de LE tendem a estabelecer uma relação de dependência com os dicionários: “quando leem uma palavra desconhecida se bloqueiam, embora seu significado não afete o sentido da frase ou seja facilmente dedutível pelo contexto”76 (MIÑANO LÓPEZ, 2000, p. 28). Nesse sentido, eles preferem interromper a leitura para buscar a tradução do léxico, não levando em consideração que o significado contextualizado extrapola o sentido registrado nos dicionários. Na assertiva nº 5, que coloca em discussão a relevância dos textos literários para a ampliação lexical no ensino de línguas, observamos que, no grupo A, 36% dos informantes 76 En cuanto leen una palabra desconocida se bloquean, aunque su significado no afecte al sentido de la frase o sea fácilmente deducible por el contexto. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 148 Christiane Alves de Lima responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam inteiramente, 19% responderam que concordam parcialmente e 18% responderam que concordam muito pouco. No grupo B, 39% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 32% responderam que concordam parcialmente, 21% responderam que concordam inteiramente e 8% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais apresentados nos graus 3, 4 e 5, 82% dos informantes do grupo A e 92% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, revelando uma tendência a validar o uso de textos literários como recurso didático no processo de ampliação lexical em LE. Na assertiva nº 6, que põe em discussão a relevância da instrução formal do léxico no ensino de línguas, observamos que, no grupo A, 55% dos informantes responderam que concordam muito pouco, 27% responderam que concordam parcialmente e 18% responderam que concordam em grande parte. No grupo B, 29% dos informantes responderam que concordam muito pouco, 26% responderam que concordam parcialmente, 24% responderam que concordam em grande parte, 18% responderam que não concordam e 3% responderam que concordam inteiramente. Considerando o somatório dos percentuais apresentados nos graus 1, 2 e 3, 82% dos informantes do grupo A e 73% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva, evidenciando a percepção de que a sistematização do léxico não constitui um dos recursos estratégicos que contribui para a ampliação lexical em LE. Na assertiva nº 7, que coloca em evidência a relação entre o ensino de LE e o número de palavras adquiridas, observamos que, no grupo A, 36% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 36% responderam que concordam inteiramente e 28% responderam que concordam parcialmente. No grupo B, 39% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 37% responderam que concordam inteiramente e 24% responderam que concordam parcialmente. Considerando o somatório dos percentuais Ampliação lexical qualitativa em E/LE 149 Christiane Alves de Lima apresentados nos graus 3, 4 e 5, 100% dos informantes do grupo A e 100% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, evidenciando a percepção de que o domínio de uma LE está relacionado com a aquisição de um amplo repertório de palavras pelo aprendiz. Os resultados obtidos corroboram a afirmação de García Giménez (2008, p. 21-22): “os estudantes pensam que conhecendo o significado de um grande número de unidades léxicas sua competência comunicativa em espanhol será maior, já que poderão compreender mais coisas e expressar-se melhor nesta língua”77. Na assertiva nº 8, que coloca em discussão a percepção do livro didático como principal referência para a ampliação lexical no ensino de línguas, observamos que, no grupo A, 36% dos informantes responderam que concordam muito pouco, 36% responderam que concordam parcialmente e 28% responderam que concordam em grande parte. No grupo B, 40% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 39% responderam que concordam parcialmente, 16% responderam que concordam muito pouco e 5% responderam que não concordam. No grupo A, considerando o somatório dos percentuais dos graus 2 e 3, 72% dos informantes tendem a não concordar com essa assertiva. Subentendemos que há uma tendência em desconsiderar a autoridade institucional do livro didático no processo de ensino de LE. Por outro lado, no grupo B, considerando a análise dos graus 3 e 4, 79% dos informantes tendem a concordar com essa assertiva. Na assertiva nº 9, que tematiza a aquisição de um repertório mínimo de palavras para a prática da estrutura em LE, observamos que, no grupo A, 55% dos informantes responderam que concordam muito pouco, 27% responderam que concordam parcialmente e 18% responderam que não concordam. No grupo B, 42% dos informantes responderam que concordam muito pouco, 32% responderam que concordam parcialmente, 16% responderam que concordam em grande parte e 10% responderam que não concordam. Considerando o 77 los estudiantes piensan que conociendo el significado de un gran número de unidades léxicas su competencia comunicativa en español será mayor, puesto que podrán comprender más cosas y expresarse mejor en esta lengua. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 150 Christiane Alves de Lima somatório dos percentuais apresentados nos graus 1, 2 e 3, 100% dos informantes do grupo A e 84% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva, indicando que o nível de conhecimento lexical não representa um obstáculo para a prática das estruturas em LE. Na assertiva nº 10, que coloca em evidência a autoridade institucional do professor, do autor e/ou livro didático, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 18% responderam que concordam muito pouco, 18% responderam que concordam em grande parte, 9% responderam que não concordam e 9% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 37% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 32% responderam que concordam em grande parte, 18% responderam que concordam muito pouco, 10% responderam que concordam inteiramente e 3% responderam que não concordam. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 73% dos informantes do grupo A e 79% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Verificamos que se evidencia a autoridade institucional desses instrumentos didáticos no processo de ampliação lexical em LE. Na assertiva nº 13, que coloca em evidência a equivalência semântica plena entre LM e LE, observamos que, no grupo A, 27% dos informantes responderam que não concordam, 27% responderam que concordam muito pouco, 27% responderam que concordam em grande parte e 19% responderam que concordam parcialmente. No grupo B, 45% dos informantes responderam que não concordam, 24% responderam que concordam parcialmente, 21% responderam que concordam muito pouco e 10% responderam que concordam em grande parte. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 1, 2 e 3, 73% dos informantes do grupo A e 90% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva. Verificamos que os aprendizes reconhecem que as particularidades de cada língua devem ser Ampliação lexical qualitativa em E/LE 151 Christiane Alves de Lima levadas em consideração quando se tenta estabelecer a equivalência semântica no processo de aprendizagem do léxico em LE. Na assertiva nº 16, que coloca em discussão a relevância dos aspectos morfológicos no ensino de línguas, observamos que, no grupo A, 64% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 9% responderam que não concordam, 9% responderam que concordam muito pouco, 9% responderam que concordam parcialmente e 9% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 39% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 32% responderam que concordam parcialmente, 24% responderam que concordam inteiramente e 5% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 82% dos informantes do grupo A e 95% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, revelando que a sistematização dos aspectos morfológicos tende a contribuir para o processo de ampliação lexical em LE. Na assertiva nº 17, que propõe a técnica de repetição oral/escrita como referência para ampliação lexical em LE, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam parcialmente, 18% responderam que concordam inteiramente e 9% responderam que concordam muito pouco. No grupo B, 55% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 23% responderam que concordam inteiramente, 16% responderam que concordam parcialmente, 3% responderam que concordam muito pouco e 3% responderam que não concordam. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 91% dos informantes do grupo A e 94% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, indicando que a técnica de reforço oral/escrito tende a contribuir para a assimilação do léxico adquirido em LE. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 152 Christiane Alves de Lima Na assertiva nº 18, que tenta enfatizar a técnica de memorização de listas bilíngues organizadas tematicamente, observamos que, no grupo A, 64% dos informantes responderam que concordam muito pouco, 18% responderam que concordam em grande parte, 9% responderam que concordam parcialmente e 9% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 32% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 26% responderam que concordam em grande parte, 26% responderam que concordam muito pouco, 13% responderam que concordam inteiramente e 3% responderam que não concordam. No grupo A, considerando o somatório dos percentuais dos graus 1, 2 e 3, 73% dos informantes tendem não concordar com essa assertiva, revelando que a atividade de memorizar palavras isoladas não contribui para o processo de ampliação lexical em LE. Por outro lado, considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 71% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Na assertiva nº 23, que coloca em evidência a técnica do ditado como referência para o processo de aprendizagem do léxico, observamos que, no grupo A, 36% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam muito pouco, 19% responderam que concordam parcialmente, 9% responderam que não concordam e 9% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 42% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 37% responderam que concordam parcialmente, 16% responderam que concordam inteiramente e 5% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 64% dos informantes do grupo A e 95% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, revelando que a técnica do ditado tende a contribuir para a assimilação do léxico adquirido em LE. Na assertiva nº 24, que propõe o ensino do léxico controlado e gradual em LE, observamos que, no grupo A, 36% dos informantes responderam que concordam em grande Ampliação lexical qualitativa em E/LE 153 Christiane Alves de Lima parte, 27% responderam que concordam parcialmente, 19% responderam que concordam muito pouco e 18% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 45% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 28% responderam que concordam inteiramente, 21% responderam que concordam parcialmente, 3% responderam que concordam muito pouco e 3% responderam que não concordam. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 81% dos informantes do grupo A e 94% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, indicando que o processo de ampliação do léxico em LE possa estar relacionado com o acúmulo quantitativo de palavras adquiridas. Na assertiva nº 25, que põe em discussão a percepção de que aprender LE representa acumular palavras, observamos que, no grupo A, 36% dos informantes responderam que concordam muito pouco, 27% responderam que não concordam, 19% responderam que concordam parcialmente e 18% responderam que concordam em grande parte. No grupo B, 31% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 24% responderam que não concordam, 16% responderam que concordam em grande parte, 16% responderam que concordam inteiramente e 13% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 1,2 e 3, 82% dos informantes do grupo A e 68% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva. Apesar de entrar em contradição com os resultados da assertiva anterior, nº 24, os dados revelam que os aprendizes não estão conscientes da complexidade do processo de aprendizagem do léxico em LE. Na assertiva nº 29, que propõe a técnica de leitura em voz alta para a compreensão semântica do léxico desconhecido em LE, observamos que, no grupo A, 45% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 45% responderam que concordam em grande parte e 10% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 40% dos informantes responderam que concordam inteiramente, 37% responderam que concordam em grande parte, 18% responderam que concordam parcialmente e 5% responderam que concordam Ampliação lexical qualitativa em E/LE 154 Christiane Alves de Lima muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 100% dos informantes do grupo A e 95% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, evidenciando a percepção de que a leitura em voz alta contribui para a compreensão do sentido das palavras em LE. Esse resultado vai ao encontro dos resultados obtidos na análise da assertiva nº 17. Na assertiva nº 33, que coloca em discussão a relatividade do sentido das palavras no ensino de línguas, observamos que, no grupo A, 64% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 27% responderam que concordam muito pouco e 9% responderam que não concordam. No grupo B, 31% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 24% responderam que não concordam, 18% responderam que concordam muito pouco, 16% responderam que concordam em grande parte e 11% responderam que concordam inteiramente. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 1,2 e 3, 100% dos informantes do grupo A e 73% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva, evidenciando a percepção de que o sentido das palavras é construído conforme o significado apresentado pelo contexto. A tabela 1 sintetiza os percentuais apresentados pelos dois grupos nesse bloco. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 155 Christiane Alves de Lima Tabela 1 – perspectiva tradicional: léxico e processo de ensino-aprendizagem Porcentagem Porcentagem Valoração Assertivas Valoração 1 2 3 4 5 1 9% 27% 46% 18% Ø 2 Ø 9% 46% 45% Ø 3 Ø 27% 55% 18% Ø 4 9% 18% 46% 27% Ø 5 Ø 18% 19% 36% 27% 6 Ø 55% 27% 18% Ø 7 Ø Ø 28% 36% 36% 8 Ø 36% 36% 28% Ø 9 18% 55% 27% Ø Ø 10 9% 18% 46% 18% 9% 13 27% 27% 19% 27% Ø 16 9% 9% 9% 64% 9% 17 Ø 9% 27% 46% 18% 18 Ø 64% 9% 18% 9% 23 9% 27% 19% 36% 9% 24 Ø 19% 27% 36% 18% 25 27% 36% 19% 18% Ø 29 Ø Ø 45% 45% 10% 33 9% 27% 64% Ø Ø (grupo A) Assertivas 1 2 3 4 5 1 39% 21% 32% 8% Ø 2 10% 10% 53% 16% 11% 3 8% 13% 66% 10% 3% 4 18% 18% 32% 29% 3% 5 Ø 8% 32% 39% 21% 6 18% 29% 26% 24% 3% 7 Ø Ø 24% 39% 37% 8 5% 16% 39% 40% Ø 9 10% 42% 32% 16% Ø 10 3% 18% 37% 32% 10% 13 45% 21% 24% 10% Ø 16 Ø 5% 32% 39% 24% 17 3% 3% 16% 55% 23% 18 3% 26% 32% 26% 13% 23 Ø 5% 37% 42% 16% 24 3% 3% 21% 45% 28% 25 24% 13% 31% 16% 16% 29 Ø 5% 18% 37% 40% 33 24% 18% 31% 16% 11% (grupo B) (b) perspectiva cognitiva Para essa análise, levamos em consideração as assertivas nº 11, 22 e 26. Na assertiva nº 11, que coloca em discussão a conscientização das estratégias metacognitivas na análise contrastiva entre LM e LE no processo de aprendizagem do léxico, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 36% responderam que concordam parcialmente, 9% responderam que concordam inteiramente e 9% responderam que não concordam. No grupo B, 48% dos informantes responderam que concordam em Ampliação lexical qualitativa em E/LE 156 Christiane Alves de Lima grande parte, 26% responderam que concordam inteiramente, 21% responderam que concordam parcialmente e 5% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 91% dos informantes do grupo A e 95% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Os resultados mostram que a conscientização das estratégias tende a contribuir para o processo de aprendizagem em LE. Na assertiva nº 22, que coloca em evidência a relevância do acionamento do conhecimento prévio como estratégia para o processo de inferência lexical em LE, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam inteiramente, 18% responderam que concordam parcialmente e 9% responderam que não concordam. No grupo B, 50% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 29% responderam que concordam inteiramente, 18% responderam que concordam parcialmente e 3% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 91% dos informantes do grupo A e 97% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, revelando que a organização e o acionamento do lexicón mental contribuem no processo de inferência no ensino de LE. Na assertiva nº 26, que coloca em evidência a relevância do acionamento do processo de inferência no desenvolvimento da competência lexical em LE, observamos que, no grupo A, 36% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam parcialmente, 19% responderam que concordam muito pouco, 9% responderam que não concordam e 9% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 45% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 24% responderam que concordam parcialmente, 21% responderam que concordam inteiramente e 10% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 72% dos informantes do grupo A e 90% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa Ampliação lexical qualitativa em E/LE 157 Christiane Alves de Lima assertiva. Os resultados colocam em evidência que o acionamento das estratégias representa um recurso didático adequado para o processo de ampliação lexical em LE. A tabela 2 sintetiza os percentuais apresentados pelos dois grupos nesse bloco. Tabela 2 – perspectiva cognitiva: léxico e processo de ensino-aprendizagem Porcentagem Assertivas Porcentagem Assertivas Valoração 1 2 3 4 5 11 9% Ø 36% 46% 9% 22 9% Ø 18% 46% 26 9% 19% 27% 36% Valoração 3 4 1 2 11 Ø 5% 21% 48% 26% 27% 22 Ø 3% 18% 50% 29% 9% 26 Ø 10% 24% 45% 21% (grupo A) 5 (grupo B) (c) perspectiva qualitativa Para essa análise, levamos em consideração as assertivas nº 12, 14, 15, 19, 20, 21, 27, 28, 30, 31, 32 e 34. Na assertiva nº 12, que coloca em evidência a utilização de amostras linguísticas de falantes nativos como referência para a aprendizagem lexical, observamos que, no grupo A, 64% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 27% responderam que concordam em grande parte e 9% responderam que concordam muito pouco. No grupo B, 39% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 31% responderam que concordam parcialmente, 24% responderam que concordam muito pouco, 3% responderam que não concordam e 3% responderam que concordam inteiramente. Considerando o somatório dos percentuais dos graus 3, 4 e 5, 91% dos informantes do grupo A e 73% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, revelando que a exposição a amostras do falante nativo contribui para o desenvolvimento da competência comunicativa em LE. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 158 Christiane Alves de Lima Na assertiva nº 14, que coloca em evidência a pertinência da exposição a diferentes contextos no processo de ampliação lexical em LE, observamos que, no grupo A, 82% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 9% responderam que concordam inteiramente e 9% responderam que concordam parcialmente. No grupo B, 37% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 34% responderam que concordam inteiramente, 21% responderam que concordam parcialmente e 8% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 100% dos informantes do grupo A e 92% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, indicando que o sentido das palavras é considerado relativo no processo de ampliação lexical qualitativo. Esse resultado vai ao encontro da análise dos resultados apresentados pelos informantes na assertiva nº 33. Na assertiva nº 15, que coloca em evidência o processo de reelaboração constante do sentido das palavras no desenvolvimento da competência lexical em LE, observamos que, no grupo A, 64% dos informantes responderam que concordam parcialmente e 36% responderam que concordam em grande parte. No grupo B, 42% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 26% responderam que concordam parcialmente, 18% responderam que concordam inteiramente, 11% responderam que concordam muito pouco e 3% responderam que não concordam. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 100% dos informantes do grupo A e 86% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Subentendemos que os aprendizes percebem a relevância do processo de negociação do sentido das palavras desconhecidas a partir da análise do contexto em LE. Na assertiva nº 19, que coloca em discussão a análise dos usos linguísticos a partir da transferência de LM para LE e vice-versa, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 36% responderam que concordam em grande parte e 18% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 40% dos informantes Ampliação lexical qualitativa em E/LE 159 Christiane Alves de Lima responderam que concordam inteiramente, 34% responderam que concordam em grande parte e 26% responderam que concordam parcialmente. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 100% dos informantes do grupo A e 100% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, indicando que a língua é percebida como objeto dinâmico, produto das relações estabelecidas por seus usuários. Na assertiva nº 20, que tenta salientar o ensino do léxico contextualizado em LE a partir de amostras que representem a fala do nativo, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 36% responderam que concordam parcialmente e 18% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 50% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 29% responderam que concordam inteiramente e 21% responderam que concordam parcialmente. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 100% dos informantes do grupo A e 100% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Esse resultado vai ao encontro dos resultados obtidos na assertiva anterior, nº 19. A construção do sentido do componente léxico em uma perspectiva qualitativa de ensino de línguas tende a ser evidenciada, guardando uma relação com as realizações de uso linguístico em cada língua. Na assertiva nº 21, que propõe a análise dos usos linguísticos no ensino de línguas, observamos que, no grupo A, 64% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam parcialmente e 9% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 55% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 21% responderam que concordam inteiramente, 21% responderam que concordam parcialmente e 3% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 100% dos informantes do grupo A e 97% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Os resultados apresentados vão ao encontro das análises das Ampliação lexical qualitativa em E/LE 160 Christiane Alves de Lima assertivas anteriores, nº 19 e 20, revelando uma tentativa de reconhecer o papel das estratégias lexicais no ensino de línguas. Na assertiva nº 27, que coloca em evidência o papel do professor como facilitador do processo de ampliação lexical, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam inteiramente, 9% responderam que concordam parcialmente, 9% responderam que concordam muito pouco e 9% responderam que não concordam. No grupo, 50% dos informantes responderam que concordam inteiramente, 24% responderam que concordam em grande parte, 23% responderam que concordam parcialmente e 3% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 82% dos informantes do grupo A e 97% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Apesar dos resultados da análise da assertiva nº 10, os informantes tendem a reconhecer o papel do professor como facilitador do conhecimento em LE. Os dados sugerem que não são visíveis as distinções entre facilitador e detentor do saber, entendendo-se que a fonte principal do conhecimento tende a ser o professor. Na assertiva nº 28, que coloca em evidência a relação entre o processo de aprendizagem do léxico e os aspectos culturais da LE, observamos que, no grupo A, 45% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 45% responderam que concordam em grande parte e 10% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 45% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 29% responderam que concordam em grande parte, 16% responderam que concordam inteiramente e 10% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 100% dos informantes do grupo A e 90% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, revelando que a competência cultural está relacionada com o desenvolvimento da competência lexical no processo de aprendizagem de uma LE. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 161 Christiane Alves de Lima Na assertiva nº 30, que coloca em evidência que a aprendizagem do léxico é um dos aspectos intrínsecos para o desenvolvimento da competência comunicativa, observamos que, no grupo A, 45% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam parcialmente, 18% responderam que concordam muito pouco e 10% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 45% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 26% responderam que concordam inteiramente, 24% responderam que concordam parcialmente e 5% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 82% dos informantes do grupo A e 95% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Os resultados indicam que o léxico tende a ser percebido como um dos recursos didáticos que possibilita a interação social em LE. Nesse sentido, o desenvolvimento da competência comunicativa pressupõe o desenvolvimento da competência gramatical como também da competência lexical. Na assertiva nº 31, que enfatiza a negociação do sentido das palavras no ensino de línguas, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 36% responderam que concordam muito pouco e 18% responderam que concordam em grande parte. No grupo B, 39% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 21% responderam que concordam em grande parte, 16% responderam que concordam muito pouco, 16% responderam que não concordam e 8% responderam que concordam inteiramente. Considerando o somatório dos graus 1, 2 e 3, 82% dos informantes do grupo A e 71% dos informantes do grupo B tendem a não concordar com essa assertiva. Apesar da análise dos resultados das assertivas nº 14 e 33, os informantes entram em contradição quando não concordam em considerar como possibilidade o sentido aproximado no processo de inferência. Esse resultado nos permite verificar que a noção do sentido exato ainda se faz presente no processo de aprendizagem do léxico em LE. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 162 Christiane Alves de Lima Na assertiva nº 32, que coloca em discussão a organização do lexicón mental em LE, observamos que, no grupo A, 46% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 36% responderam que concordam em grande parte e 18% responderam que concordam muito pouco. No grupo B, 50% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 24% responderam que concordam em grande parte, 13% responderam que concordam inteiramente e 13% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 82% dos informantes do grupo A e 87% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva, evidenciando a tendência de considerar relevante a reorganização constante dos esquemas mentais conforme a nova informação é apresentada. Na assertiva nº 34, que coloca em discussão a pertinência da técnica de tradução literal no ensino de LE, observamos que, no grupo A, 55% dos informantes responderam que concordam em grande parte, 27% responderam que concordam parcialmente, 9% responderam que concordam muito pouco e 9% responderam que concordam inteiramente. No grupo B, 42% dos informantes responderam que concordam parcialmente, 29% responderam que concordam em grande parte, 16% responderam que concordam inteiramente, 8% responderam que não concordam e 5% responderam que concordam muito pouco. Considerando o somatório dos graus 3, 4 e 5, 91% dos informantes do grupo A e 87% dos informantes do grupo B tendem a concordar com essa assertiva. Os resultados vão ao encontro da análise das respostas dadas nas assertivas nº 13, 19 e 28. No entanto, cabe ressaltar que a tradução palavra a palavra nem sempre ocorre de forma plena entre LM e LE. A tabela 3 sintetiza os percentuais apresentados pelos dois grupos nesse bloco. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 163 Christiane Alves de Lima Tabela 3 – perspectiva qualitativa: léxico e processo de ensino-aprendizagem Porcentagem Assertivas Porcentagem Assertivas Valoração 1 2 3 4 5 12 Ø 9% 64% 27% Ø 14 Ø Ø 9% 82% 9% 15 Ø Ø 64% 36% Ø 19 Ø Ø 46% 36% 18% 20 Ø Ø 36% 46% 18% 21 Ø Ø 27% 64% 9% 27 9% 9% 9% 46% 27% 28 Ø Ø 45% 45% 10% 30 Ø 18% 27% 45% 10% 31 Ø 36% 46% 18% Ø 32 Ø 18% 46% 36% Ø 34 Ø 9% 27% 55% 9% (grupo A) Valoração 1 2 3 4 5 12 3% 24% 31% 39% 3% 14 Ø 8% 21% 37% 34% 15 3% 11% 26% 42% 18% 19 Ø Ø 26% 34% 40% 20 Ø Ø 21% 50% 29% 21 Ø 3% 21% 55% 21% 27 Ø 3% 23% 24% 50% 28 Ø 10% 45% 29% 16% 30 Ø 5% 24% 45% 26% 31 16% 16% 39% 21% 8% 32 Ø 13% 50% 24% 13% 34 8% 5% 42% 29% 16% (grupo B) Em linhas gerais, para os informantes, as deficiências com o conhecimento lexical não interferem na interação comunicativa em LE. No processo de ampliação lexical em LE, estão propensos a assumir o papel de principais responsáveis. As listas bilíngues e as regras gramaticais não constituem a base de referência para a aprendizagem de línguas. Nesse sentido, esses sujeitos não estabelecem uma relação de dependência da prática de estruturas com o número necessário de palavras. Compreendem que o dicionário e o livro didático não são a única fonte de consulta em LE. Em contrapartida, tendem a considerar o professor, o autor e/ou livro didático como os agentes autorizados institucionalmente para atribuir o sentido do componente léxico. Estão propensos a considerar os textos literários como um recurso pertinente para a ampliação do léxico. A sistematização do léxico em uma instrução formal de LE se estabelece como recurso didático pertinente, dando ênfase ao estudo dos aspectos morfológicos como recurso facilitador para a aprendizagem. Os informantes tendem a não concordar que aprender uma língua represente acumular palavras. Entretanto, se Ampliação lexical qualitativa em E/LE 164 Christiane Alves de Lima contradizem ao associar o domínio de uma língua com a quantidade de palavras adquiridas e ao considerar pertinente determinar um número de palavras em cada nível da aprendizagem. A técnica de memorização de listas de palavras isoladas não é considerada como um dos recursos adequados para a ampliação do léxico, colocando em evidência a pertinência da aprendizagem do léxico contextualizado que permita a observação dos usos linguísticos. Nesse sentido, eles tendem a perceber que o sentido das palavras é algo dinâmico e está intrinsecamente relacionado com os aspectos culturais, colocando em evidência o processo constante de reelaboração semântica a cada contexto. Esses sujeitos estão propensos a reconhecer que a aplicação das estratégias metacognitivas contribui para o desenvolvimento do léxico e que o professor facilita o desenvolvimento da competência estratégica. Entretanto, esses indivíduos tendem a desconsiderar o acionamento consciente da inferência lexical. Apesar disso, eles tendem a reconhecer que a aplicação da técnica de tradução literal, em alguns casos, não é válida. Também entendem que as palavras nem sempre apresentam uma equivalência semântica e que os usos linguísticos representam uma particularidade de cada comunidade. Esses sujeitos estão propensos a reconhecer como válida a técnica de repetição oral e/ou escrita nos processos de aproximação e compreensão lexicais, dando indícios de que o exercício do ditado é um recurso didático que facilita a assimilação do léxico em LE. 5.1.2. As oportunidades de aprendizagem A aplicação do questionário sobre o perfil dos informantes (anexo B) levou em consideração que esse aprendiz está inserido num contexto de ensino-aprendizagem de línguas intimamente relacionado com o desenvolvimento do processo de interação social. As relações sociolinguísticas que se estabelecem a partir de fatores pessoais, sociais e profissionais interferem no comportamento do indivíduo enquanto aprendiz, determinando Ampliação lexical qualitativa em E/LE 165 Christiane Alves de Lima suas concepções e preferências de aprendizagem (MOITA LOPES, 2001a). O modelo de instrução formal que se desenvolva em LE “poderá garantir-lhes [aos aprendizes] a oportunidade de ampliar seu conhecimento na língua-alvo durante o Ensino Médio, de modo a que estejam preparados tanto para o uso da língua fora do ambiente acadêmico quanto para a continuidade de seus estudos” (GATTOLIN, 1998, p. 22). Para sedimentar a análise do protocolo verbal e da atividade de compreensão leitora proposta nessa pesquisa, a elaboração e a aplicação do questionário de sondagem 1 permitem a pesquisadora traçar o perfil dos informantes quanto a: (1) caracterização do percurso do ensino de idiomas vivenciado pelos informantes, (2) identificação das relações estabelecidas entre os conhecimentos da LE com o contexto profissional e, (3) análise do nível de comprometimento do aprendiz com as atividades que contribuem para o processo de aprendizagem da língua estrangeira no contexto informal, especificamente, o desenvolvimento lexical tanto no espectro escolar como profissional. Este instrumento de coleta de dados tem por objetivos: interpretar a relação entre o conhecimento construído e em construção pelo aprendiz com a utilização da LE, considerando o contexto profissional-militar em que se insere e; estabelecer o grau de conscientização do processo de autonomia da construção do conhecimento linguístico. As informações coletadas foram importantes para identificar os informantes que comporiam as duplas submetidas à recompilação de dados, contribuindo sobremaneira para a análise dos resultados obtidos através dos instrumentos de observação do processo de aproximação e ampliação lexical. Os dados dos grupos A (alunos do curso de Material Bélico) e B (alunos do curso de Intendência) foram tabulados e computados, sendo organizados separadamente. Os resultados foram esquematizados em tabelas e analisados paralelamente a fim de facilitar a visualização e, por conseguinte, a análise comparativa das reflexões que se apresentam nos dois grupos. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 166 Christiane Alves de Lima Esta fase considerou o esquema proposto nos blocos temáticos, conforme o quadro 1 comentado no capítulo anterior, para abordar os comentários decorrentes da observação – (1) trajetória escolar; (2) trajetória profissional e; (3) oportunidades de aprendizagem. Somente 15 dos 16 indivíduos do grupo A, nesse primeiro momento, contribuíram para a pesquisa, uma vez que a adesão era voluntária, um dos informantes não demonstrou interesse em participar. Em contrapartida, o número de informantes do grupo B se manteve inalterável em relação ao efetivo da turma, 38 alunos. Incluímos nos anexos (anexo O) a quantificação dos dados referentes aos blocos 1 e 2; e nos detivemos, nessa seção, em comentar o bloco das oportunidades de aprendizagem, uma vez que com este poderíamos obter subsídios para compreender o processo de construção do conhecimento lexical em LE/L2. Nesse bloco temático, as perguntas 11 e 12 foram estruturadas dando ênfase ao nível de comprometimento do informante com o desenvolvimento da autoaprendizagem e à análise dos procedimentos adotados, fora do contexto de sala de aula, que tendem a contribuir para a aquisição da língua estrangeira. Consideramos que o processo de aprendizagem se efetiva tanto no contexto de instrução formal como em contextos informais, principalmente em interações comunicativas, desprovidas do caráter pedagógico. As motivações com as atividades extraclasses tendem a despertar no aprendiz o interesse em ampliar e/ou aperfeiçoar seus conhecimentos linguísticos, uma vez que “se engaja produtivamente nas tarefas de aprendizagem e mantém esse engajamento sem a necessidade de um encorajamento contínuo” (GATTOLIN, 2008, p. 51). Na questão nº 11, sobre o nível de comprometimento do informante com o estudo extraclasse, consideramos que as exigências e as necessidades da vida profissional motivam o interesse em dar continuidade ao estudo da língua estrangeira fora dos limites da sala de aula. No grupo A, 9 informantes, ou seja, 60% afirmaram que se dedicam às vezes ao estudo Ampliação lexical qualitativa em E/LE 167 Christiane Alves de Lima extraclasse. 4 informantes, ou seja, 27% responderam que nunca se dedicam. E, 2 informantes, ou seja, 13% afirmaram que frequentemente se dedicam. No grupo B, 20 informantes, ou seja, 53% responderam que às vezes se dedicam ao estudo informal. 16 informantes, ou seja, 42% afirmaram que nunca se dedicam. E, 2 indivíduos, ou seja, 5% afirmaram que se dedicam frequentemente. A apresentação do gráfico 1 sintetiza os resultados analisados. Gráfico 1: comprometimento pessoal com os estudos linguísticos fora de sala de aula nunca; 4; 27% frequente mente; 2; 13% nunca; 16; 42% frequente mente; 2; 5% às vezes; 20; 53% às vezes; 9; 60% grupo A grupo B Os dados revelam que tanto no grupo A como no grupo B a consciência do desenvolvimento da autonomia da aprendizagem do idioma ainda é relativamente pequena. O estudo extraclasse se estabelece como uma atividade esporádica e descompromissada com o processo contínuo e gradual de construção do conhecimento. Nesse sentido, os dados colocam em evidência que o estudo controlado e continuado em LE não representa uma prática regular na rotina do informante. Na questão nº 12, sobre as atividades linguísticas que cooperam para a otimização da aquisição da língua, as práticas descritas foram distribuídas conforme as habilidades linguísticas, de forma aleatória para que não houvesse indução nas respostas. Algumas delas irão se repetir segundo as habilidades devido às características intrínsecas que nos permitem classificá-las a partir de mais de um ponto de vista comunicativo. Levamos em consideração a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 168 Christiane Alves de Lima seguinte distribuição para a análise dos dados: a) atividades relacionadas com a compreensão oral (12.1, 12.3, 12.13, 12.14, 12.15, 12.16 e 12,17); b) atividades relacionadas com a compreensão escrita (12.2, 12.3, 12.4, 12.5, 12.8, 12.9, 12.13, 12.14, 12.15, 12.18, 12.19, 12.20, 12.21); c) atividades relacionadas com a expressão oral (12.8, 12.11, 12.13, 12.14, 12.15, 12.16, 12.17) e; d) atividades relacionadas com a expressão escrita (12.5, 12.6, 12.7, 12.10, 12.12). a) as oportunidades de aprendizagem relacionadas às atividades de compreensão oral Os dados relativos às atividades que envolvem a compreensão oral foram agrupados para facilitar a análise. Nesse sentido, apresentaremos em tabelas os resultados tabulados e computados em percentuais a partir de cada grupo. Consideramos para esta análise o somatório dos percentuais atribuídos aos graus 1 e 2 (muito e regular, respectivamente). Nesse grupo de atividades, consideramos os programas de TV a cabo, o fácil acesso às letras de músicas estrangeiras, os blogs e sites de relacionamentos globalizados, as viagens a turismo ou profissionais, os recursos internáuticos de interação comunicativa e o acionamento da verbalização oral pelo aprendiz. No grupo A, para 47% dos informantes, a atividade que mais contribui para aprendizagem é escutar música em língua estrangeira (item 12.3). E, 13% dos informantes consideram que estabelecer relacionamentos afetivos com estrangeiros (item 12.13) e verbalizar em voz alta em LE (item 12.16) são as atividades que mais contribuem no processo de aprendizagem. A análise dos dados nos mostra que mais da metade dos informantes não realiza ou realiza muito pouco qualquer uma das demais atividades de compreensão oral. Essa informação indica que essas formas de aprendizagem tendem a não serem consideradas como relevantes pelo aprendiz no desenvolvimento do conhecimento linguístico. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 169 Christiane Alves de Lima No grupo B, para 53% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem de língua estrangeira é escutar música em língua estrangeira (item 12.3). E, para 13% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem é o estabelecimento de relacionamento afetivo com estrangeiro (item 12.13). A análise dos dados nos mostra que a maioria das atividades de compreensão oral não é realizada ou é realizada muito pouco pelos informantes. Da mesma forma que observamos no grupo A, o aprendiz não leva em consideração o uso dessas atividades como instrumentos de aprendizagem. A seguir, a tabela 4 sintetiza os resultados da análise. Tabela 4 – oportunidades de aprendizagem atividades de compreensão oral porcentagem Porcentagem atividades de compreensão oral grau de importância muito regular nada muit regular pouco nada o 26% nunca realizo 24% 21% 16% 13% grau de importância 12.1 20% 14% 33% Ø nunca realizo 33% 12.3 27% 20% 27% 13% 13% 12.3 40% 13% 14% 18% 15% 12.13 Ø 13% Ø 20% 67% 12.13 13% Ø 8% 16% 63% 12.14 Ø 20% 13% 7% 60% 12.14 18% 18% 21% 3% 40% 12.15 Ø 20% 33% Ø 47% 12.15 16% 13% 13% 5% 53% 12.16 Ø 13% 40% Ø 47% 12.16 10% 8% 13% 18% 50% 12.17 14% 20% 40% 13% 13% 12.17 13% 21% 16% 11% 39% (grupo A) pouco atividades de compreensã o oral 12.1 (grupo B) b) as oportunidades de aprendizagem relacionadas às atividades de compreensão escrita Nesse grupo de atividades, consideramos os programas legendados de TV a cabo; as letras das músicas com ou sem a tradução; o acesso à leitura de documentos escritos, digitalizados ou impressos; o intercâmbio de correspondências em LE, o uso de aplicativos de computador; a consulta a dicionários e gramáticas e os mecanismos adotados para apreender o léxico desconhecido. No grupo A, para 80% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem de língua estrangeira é assistir a programas da TV a cabo com legendas Ampliação lexical qualitativa em E/LE 170 Christiane Alves de Lima em português (item 12.2). E, para 7% dos informantes, a revisão regular das anotações de aula (item 12.9) representa uma atividade adequada, sendo que 93% dos informantes pouco realizam ou não realizam essa atividade em nenhum momento. No grupo B, para 63% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem de língua estrangeira é assistir a programas da TV a cabo com legendas em português (item 12.2). E, para 8% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem é a revisão das aulas (item 12.9). A análise dos dados nos mostra que grande parte das atividades de compreensão escrita não é realizada ou é realizada muito pouco pelos informantes. A seguir, a tabela 5 sintetiza os resultados da análise. Tabela 5 – oportunidades de aprendizagem atividades de compreensão escrita porcentagem Porcentagem atividades de compreensão escrita grau de importância muit regular pouco nada nunca realizo 12.2 o 53% 27% 20% Ø Ø 12.3 27% 20% 27% 13% 13% 12.4 20% 20% 20% 13% 27% 12.5 Ø Ø 7% 20% 73% 12.8 20% 13% 40% Ø 27% 12.9 Ø 7% 47% Ø 46% 12.13 Ø 13% Ø 20% 67% 12.14 Ø 20% 13% 7% 60% 12.15 Ø 20% 33% Ø 47% 12.18 27% 13% 40% 13% 7% 12.19 20% 27% 27% 6% 20% 12.20 27% 13% 40% 7% 13% 12.21 7% 40% 13% 13% 27% (grupo A) atividades de compreensão escrita grau de importância muit regular pouco nada 12.2 o 37% nunca realizo 26% 29% 8% Ø 12.3 40% 13% 13% 18% 15% 12.4 20% 20% 20% 13% 27% 12.5 5% 5% 8% 8% 74% 12.8 24% 16% 26% 8% 26% 12.9 5% 3% 26% 16% 50% 12.13 13% Ø 8% 16% 63% 12.14 18% 18% 21% 3% 40% 12.15 16% 13% 13% 5% 53% 12.18 13% 16% 29% 10% 32% 12.19 18% 26% 26% 10% 18% 12.20 18% 32% 32% Ø 18% 12.21 16% 18% 24% 16% 26% (grupo B) Ampliação lexical qualitativa em E/LE 171 Christiane Alves de Lima c) as oportunidades de aprendizagem relacionadas às atividades de expressão oral Nesse grupo de atividades, consideramos a memorização e a contextualização do léxico desconhecido, o contato afetivo com estrangeiros, as viagens turísticas ou profissionais, as conversas cibernéticas através de recursos como MSN, Skype, MySpace, Chat e Orkut e a livre expressão oral em LE. No grupo A, para 34% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem de língua estrangeira é realização da leitura em LE em voz alta (item 12.17). E, para 7% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem é a criação de frases, contextualizando as palavras novas a fim de facilitar a assimilação lexical (item 12.11). No grupo B, para 40% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem de língua estrangeira é a memorização das palavras novas (item 12.8). E, para 7% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem é a criação de frases, contextualizando as palavras novas a fim de facilitar a assimilação lexical (item 12.11). A análise dos dados nos mostra que a maioria das atividades de expressão oral não é realizada ou é realizada muito pouco pelos informantes de forma produtiva no processo de autoaperfeiçoamento em LE. A seguir, a tabela 6 sintetiza os resultados da análise. Tabela 6 – oportunidades de aprendizagem atividades de expressão oral Porcentagem porcentagem atividades de expressão oral grau de importância muit regular pouco nada nunca realizo 12.8 o 20% 13% 40% Ø 27% 12.11 7% Ø 33% 20% 40% 12.13 Ø 13% Ø 20% 67% 12.14 Ø 20% 13% 7% 60% 12.15 Ø 20% 33% Ø 47% 12.16 Ø 13% 40% Ø 47% 12.17 14% 20% 40% 13% 13% (grupo A) atividades de expressão oral grau de importância muit regular pouco nada 12.8 o 24% nunca realizo 16% 26% 8% 26% 12.11 2% 5% 24% 16% 53% 12.13 13% Ø 8% 16% 63% 12.14 18% 18% 21% 3% 40% 12.15 16% 13% 13% 5% 53% 12.16 10% 8% 13% 18% 50% 12.17 13% 21% 16% 11% 39% (grupo B) Ampliação lexical qualitativa em E/LE 172 Christiane Alves de Lima d) as oportunidades de aprendizagem relacionadas às atividades de expressão escrita Nesse grupo de atividades, consideramos a troca de correspondência escrita com amigos estrangeiros, a elaboração de documentos escritos, a confecção de listagens de palavras, a ênfase do reforço da palavra escrita, o agrupamento lexical em campos temáticos, a memorização e a contextualização do léxico desconhecido, o contato afetivo com estrangeiros, as viagens turísticas ou profissionais, as conversas cibernéticas através de recursos como MSN, Skype, MySpace, Chat e Orkut e a verbalização oral em LE. No grupo A, para 7% dos informantes, as atividades que mais contribuem para a aprendizagem de língua estrangeira são redigir documentos escritos (item 12.6), escrever várias vezes a mesma palavra (12.10) e agrupar as palavras por campos temáticos (item 12.12). E, nenhum dos informantes leva em consideração as experiências de trocar correspondência com estrangeiros (12.5) e fazer listas de palavras novas (12.7). No grupo B, para 19% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem de língua estrangeira é a confecção de listas das palavras novas (item 12.7). E, para 3% dos informantes, a atividade que mais contribui para a aprendizagem é escrever várias vezes as palavras novas (item 12.10). A análise dos dados nos mostra que a maioria das atividades de expressão escrita não é realizada ou é realizada muito pouco pelos informantes. A tabela 7 sintetiza os resultados da análise. Tabela 7 – oportunidades de aprendizagem atividades de expressão escrita atividades de expressão escrita porcentagem grau de importância muit regular pouco nada nunca realizo atividades de expressão escrita porcentagem muit regular pouco nada nunca realizo 5% 8% 8% 74% grau de importância 12.5 o Ø Ø 7% 20% 73% 12.5 o 5% 12.6 Ø 7% Ø 27% 66% 12.6 5% 8% 5% 5% 76% 12.7 Ø Ø 27% 13% 60% 12.7 3% 16% 13% 10% 58% 12.10 Ø 7% 27% 20% 46% 12.10 Ø 3% 26% 21% 50% 12.12 Ø 7% 20% 13% 60% 12.12 Ø 11% 16% 10% 63% (grupo B) Ampliação lexical qualitativa em E/LE 173 Christiane Alves de Lima (grupo A) A análise desses dados nos permitiu caracterizar o perfil dos aprendizes considerados como informantes dessa pesquisa quanto: ao idioma curricular antes, durante e depois de ingressar nas escolas de ensino superior; às relações estabelecidas com o idioma e ao contexto profissional e; ao nível de comprometimento do aprendiz com o desenvolvimento da aprendizagem extraclasse. Em linhas gerais, a grande maioria dos aprendizes realizou o estudo formal e continuado de um ou mais idiomas em estabelecimentos de ensino, o que equivale a 72%, sendo que desses, 57% estudaram inglês, 34%, espanhol e 9%, francês. 57% realizaram cursos de idiomas, por opção própria, após a formação superior militar e desses, 66% se dedicaram, de forma exclusiva ou não, ao estudo do espanhol. 81% realizaram ou ainda realizam o curso a distância e/ou se submeteu ao teste de credenciamento em espanhol. 53% participaram de atividades que exigiam conhecimentos linguísticos da LE. 53% realizaram outro curso de nível superior. 51% serviram em organização militar próximo a fronteira. 64% fizeram uso do idioma na vida profissional, particularmente na leitura de textos, doutrinas militares e manuais de equipamento bélico. 62% se comprometem esporadicamente com a continuidade do estudo fora da sala de aula. E, na maioria das atividades elencadas como recurso didático para o favorecimento da aprendizagem de idiomas, observamos que o informante não a realiza ou quando a realiza não percebe que a atividade pode contribuir para a construção do seu conhecimento linguístico. 5.1.3. O léxico na leitura De acordo com Tomich (2007), o protocolo verbal tem se mostrado como um instrumento adequado nas pesquisas da Linguística Aplicada, em particular, nos estudos do Ampliação lexical qualitativa em E/LE 174 Christiane Alves de Lima processo de leitura. No nosso estudo, alguns aspectos foram levados em consideração na preparação do instrumento de coleta de dados para a entrevista retrospectiva. Ao elaborar o quadro e as perguntas do protocolo verbal (anexo D e I), nos preocupamos em tentar dar conta de um número de elementos suficientes para obter os dados necessários. Além disso, evitamos a formulação de muitas perguntas ou de perguntas longas que pudessem gerar um cansaço da atividade e, consequentemente, a desistência do preenchimento dos dados. Queríamos também evitar as respostas evasivas ou aquelas que fossem dadas em uma situação onde a fadiga e o desinteresse ficassem latentes. Levamos em consideração a formulação de perguntas objetivas e claras, buscando evitar possíveis interpretações dúbias. Tivemos o cuidado de não elaborar perguntas que só se limitassem a respostas afirmativas ou negativas, mas que pudessem incentivar o leitor a justificar a sua opinião. Dessa forma, tentávamos verificar se o informante havia obtido a compreensão do enunciado. Na aplicação do instrumento, decidimos que a interferência da pesquisadora no processo seria mínima. Limitamo-nos a explicar os objetivos e os procedimentos da atividade e fornecemos um aparelho gravador de voz às duplas. O controle e o manuseio desse gravador couberam aos próprios informantes, sendo-lhes orientado a interromper a gravação somente quando concluíssem a atividade. Logo, a nossa participação ficou restrita a observar o comportamento adotado pelas duplas, anotando as observações mais relevantes para a pesquisa. Em alguns momentos, esclarecíamos dúvidas quando havia a solicitação dos informantes: P: agora sim... ((comentário realizado logo após o acionamento do gravador)) T: agora sim... W: vamos ler em espanhol? W: não??!! P: não:: vocês é quem sabe W: ah::: você tá... você tá aplicando P: é... vocês vão lendo, vocês vão vendo ((?)) chegar a conclusão aí.. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 175 Christiane Alves de Lima Optamos por apresentar a seleção de textos às duplas conforme fosse lido cada texto e preenchido o quadro do protocolo verbal. Esta decisão surgiu da preocupação em tentar diminuir a interferência de opinião formada pela leitura anterior na tomada de decisão das respostas nos textos posteriores. Além disso, evitar o apressamento na realização da atividade, tendendo o informante a ultrapassar as etapas de auto-observação do processo mental desencadeado a cada leitura. ((os informantes recebem o 1º texto)) S: ((risos)) lê aí... A: las embajadas blanco de los atentados de Bagdad S: aqui ele pede pra... são quatro textos? A: quatro palavras... S: quatro... quatro vezes (?) ... Era importante para a pesquisa que as duplas compreendessem que o sentido do componente léxico considerado seria recontextualizado a cada leitura. Assim, à medida que recebessem os textos, teriam a oportunidade de reformular o significado do léxico, configurando-se, dessa forma, em uma tentativa pedagógica de conscientizá-los de que a construção dos sentidos é um processo dinâmico e contínuo. Nesse caso, tivemos o cuidado de selecionar textos referentes aos léxicos blanco e repliegue que atendessem a seguinte sequência: 1º texto – relativo ao conhecimento militar, 2º texto – relativo ao conhecimento enciclopédico, 3º texto – relativo ao conhecimento técnico e 4º texto – relativo ao conhecimento socialmente compartilhado. O texto relativo ao léxico hostigamiento está relacionado ao conhecimento militar. Portanto, essa proposta de atividade teve como intenção evidenciar o processo lexical de reorganização constante do conhecimento prévio. “As palavras não constituem recipientes com um volume fixo de informação, mas que, quando se Ampliação lexical qualitativa em E/LE 176 Christiane Alves de Lima inserem em um texto, segundo as exigências comunicativas de cada caso, apelamos para seus conteúdos em diferentes graus e formas” 78 (GIAMMATTEO ET AL, 2000-2001a, p. 3). Os informantes devolveram os textos, o instrumento de coleta de dados e os gravadores de voz à pesquisadora assim que concluíram a atividade. Logo de início, percebemos que os informantes não estavam familiarizados com este tipo de técnica introspectiva, uma vez que não faz parte da prática pedagógica do processo de ensino de línguas. Apesar das instruções dadas, evidenciaram insegurança na tomada de decisão no encaminhamento da leitura e na formulação das respostas. Entretanto, passados os primeiros textos em que compreenderam a funcionalidade do instrumento de coleta de dados, observamos que os informantes estavam mais propensos a interagir e a relatar o seu próprio processo mental. O critério de julgamento para a composição das duplas levou em consideração a opção por mesclar indivíduos que já tinham tido contato formal ou informal com a língua espanhola com indivíduos que nunca tiveram essa oportunidade. Cremos que a interação entre os informantes e o acionamento de seu conhecimento prévio – de mundo, textual e linguístico – facilitariam a construção de sentidos. A codificação utilizada como referência para a identificação das duplas nessa etapa segue o seguinte exemplo: A1_VE_INT A1 = 1ª dupla relativa aos textos com a palavra Blanco VE = iniciais dos nomes dos informantes, exemplo, Victor e Eduardo INT = identificação da turma de origem (Intendência) B2_TC_MB B2 = 2ª dupla relativa aos textos com a palavra repliegue TC = iniciais dos nomes dos informantes, exemplo, Tadeu e Carlos MB = identificação da turma de origem (Material Bélico) a) Os textos selecionados para a leitura 78 …las palabras no constituyen recipientes con un volumen fijo de información, sino que, cuando se insertan en un texto, según las exigencias comunicativas de cada caso, apelamos a sus contenidos en diferentes grados y formas. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 177 Christiane Alves de Lima Com a apresentação sequenciada dos textos selecionados, os alunos puderam formular, recompor e inferir os sentidos assumidos a cada contexto. Faremos uma descrição resumida dos textos apresentados às duplas para a leitura e a realização das atividades propostas. (1) Com relação ao léxico blanco: O 1º texto, Las embajadas, blanco de los atentados de Bagdad, anexo E, é uma reportagem jornalística extraída da página eletrônica Rádio França Internacional (RFI) na versão em espanhol, em que se registram os atentados terroristas ocorridos em abril de 2010 contra embaixadas em Bagdá. A atividade tinha como expectativa de resposta o sentido de blanco como alvo / objetivo. Apesar de ser um cognato transparente, a língua portuguesa não apresenta esse registro semântico para a palavra branco. No entanto, o conhecimento profissional-militar desses informantes permite que consigam compor o sentido assumido nesse contexto. O texto apresenta um grau médio de dificuldade para o falante brasileiro, sendo que grande parte do léxico se constitui em cognatos transparentes. Entretanto, algumas expressões podem ser interpretadas de forma inadequada – resultaron heridas (ficaram feridas) / la rama de Al Qaida (a ramificação de Al Qaeda) / cerca de (próximo de) / humo negro (fumaça negra) / golpear con ataques (atacar) / muestran un alza (apresentam um aumento), cuja compreensão guarda uma relação com a conscientização das “armadilhas” semânticas do espanhol. Nesse extrato jornalístico, julgamos que a fotografia da carroceria do automóvel queimado e a chamada que se segue (uno de los coches bomba explotó cerca de la Embajada de Irán en Bagdad), na parte inferior do texto, também podem contribuir para que o leitor estabeleça a relação semântica. Cabe comentar que Al Qaeda é um organismo fundamentalista Ampliação lexical qualitativa em E/LE 178 Christiane Alves de Lima islâmico, cujos inúmeros atentados a alvos civis e militares são atribuídos às suas células terroristas. Além de facilitar a comunicação e a discussão de aspectos culturais, essa informação tende a contribuir para oportunizar a tomada de decisão na escolha do significado construído. O 2º texto, Asesinan a machetazos a líder supremacista blanco en Sudáfrica, anexo F, é uma notícia jornalística extraída da versão eletrônica do jornal boliviano Los Tiempos, enviada por um correspondente internacional em Johannesburgo (África do Sul), em 04 de abril de 2010. Essa reportagem noticia o assassinato do líder supremo do grupo populacional de etnia branca, Eugene Terreblanche, conhecido como representante da organização política de extrema direita sul-africana, o Movimento de Resistência Africâner. Este texto, como o anterior, apresenta um grau médio de dificuldade na leitura, sendo que as expressões asesinan a machetazos (assassinam a facadas) / un machete (um facão) / una porra (um cassetete/ um porrete) / presuntos responsables (prováveis responsáveis) / presuntos atacantes (prováveis agressores) / trabajadores huéspedes (trabalhadores imigrantes) / la vocera de la polícia (a porta-voz da polícia) / fueron arrestados (foram presos) seriam as que poderiam demandar uma atenção maior do leitor. O 3º texto, Israel emplea fósforo blanco contra los civiles, según las ONG, anexo G, é uma notícia jornalística extraída da página eletrônica do jornal espanhol Público, que relata a utilização indevida do fósforo branco como componente de arma química e os efeitos causados nos ataques realizados pelo exército israelense entre 2008 e 2009 na Faixa de Gaza. O fósforo branco é um elemento químico usado regularmente para fabricar fogos de artifício e bombas de fumaça para camuflar movimento de tropas em operações militares. Essa substância, que pode queimar espontaneamente se estiver em contato com o oxigênio do ar, tem a aparência de um sólido branco e no estado puro se transforma em incolor, diferenciando-se das demais variedades alotrópicas: vermelho e preto. Seu uso bélico contra a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 179 Christiane Alves de Lima população civil está proibido, sendo regulamentado pelo Protocolo III da Convenção de Armas Convencionais, documento adicional aos tratados da Convenção de Genebra. Consideramos que esse texto está no mesmo nível de compreensão dos anteriores – grau médio, sendo que, nas expressões como están conmocionados (estão emocionados) / experto en (especialista em) / se hacinan en apenas (se amontoam em somente), o leitor pode realizar uma interpretação que não atenda ao sentido construído nesse texto. Com relação à expectativa de resposta para blanco, o sentido assumido por esse léxico no texto é branco como cor do elemento químico. Os informantes, principalmente os que são oriundos do curso de material bélico tem condições de reconhecer esse sentido por causa do conhecimento técnico-profissional, já que durante a formação superior adquiriram conhecimentos sobre a utilização e o emprego militar desse componente como arma química. E, o 4º texto, “Alternan propuestas en el Design Week México”, anexo H, é uma reportagem extraída da página eletrônica do jornal mexicano Mundo 52, que noticia os fatos mais relevantes do primeiro evento de decoração de interiores ocorrido na capital mexicana em outubro de 2009. Nesse contexto, a proposta de atividade tinha como expectativa de resposta para o componente léxico blancos o sentido de artigos de cama, mesa e banho. Blancos utilizado no plural tende a assumir essa interpretação semântica. Esses produtos de decoração costumam ser confeccionados a partir do tecido feito, principalmente, da fibra do linho. Este material se caracteriza pela leveza, sedosidade e delicadeza, sendo que, para a indústria têxtil, quanto mais clara for a cor do linho alcançada pela maceração da matériaprima, maior o seu valor de mercado. Ao analisar algumas páginas de Internet79, observamos que, nas lojas de departamento, o setor blancos se caracteriza por apresentar produtos de cama, mesa e banho em várias tonalidades. Nesse sentido, ao ser usada a expressão blancos, a especificação da cor branca 79 Lojas virtuais especializadas em artigos de decoração em cama, mesa e banho (http://www.blancos.com.mx / http://www.mantel.mx / http://blancoselitex.mx.tripod.com/blancoselitex.htm / http://www.blancosjucas.com / http://www.springairblancos.com/index.php Ampliação lexical qualitativa em E/LE 180 Christiane Alves de Lima não guarda necessariamente uma relação com a tonalidade branca dos tecidos desse tipo de ornamentação. Esse uso linguístico foi observado, principalmente, em amostras da língua na variante regional do espanhol do México80. Contudo, a acepção de blancos como artigos de cama, mesa e banho não está registrada no Dicionário da Real Academia Espanhola (RAE). O grau de dificuldade do texto é médio, sendo que as expressões que exigem uma atenção maior do leitor são: interiorismo (decoração de interiores/casa), mujeres asistentes (público feminino) / boutiques de diseño (lojas de alta costura) / firma Frette (empresa Frette) / extramadamente suaves y preciosos (extremamente suaves e formosos) / subrayan artesanía y diseños únicos (destacam a produção artesanal e o design único) / en ese rublo (nesse estilo/nessa categoria). (2) Com relação ao léxico repliegue: O 1º texto, FCH descarta repliegue de Fuerzas Armadas por seguridad de los ciudadanos, anexo J, é uma notícia jornalística extraída da página eletrônica do jornal mexicano El Informador, em que o presidente do México, Felipe Calderón Hinoja, reitera a negativa de retirada das tropas das forças armadas e federais empregadas no início de 2010 no combate ao crime organizado na cidade Juárez. A expectativa de resposta para repliegue nesse contexto é retirada/saída. O texto apresenta um grau médio de dificuldade, sendo que as expressões como rechazó tajante (repudiou taxativamente) / a contra pelo de lo dicho (ao contrário do que foi falado) / llena de retos (repleta de desafios) / haciendo frente (enfretando) / claudicar y dar marcha atrás (fraquejar e retroceder) podem restringir a compreensão leitora dos alunos. 80 Em artigos sobre decoração de casa em páginas eletrônicas da Argentina e da Guatemala, encontramos a expressão artigos de blanquería como referência à produtos relacionados com cama, mesa e banho. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 181 Christiane Alves de Lima Os informantes são capazes de integrar seus conhecimentos profissionais com os novos conhecimentos que estão sendo adquiridos, uma vez que a compreensão do léxico tende a ser oportunizada pelo reconhecimento de informações contextuais como dejaría en total abandono a la ciudadanía y a las familias mexicanas / no los va a dejar solos / presencia de las fuerzas federales / lucha contra el crimen organizado e cotextuais como repliegue de fuerzas armadas / repliegue de las fuerzas federales / repliegue del gobierno federal. Nesse contexto, o léxico repliegue consiste em um termo militar. Seu significado em português faz alusão a dois tipos de estratégias de combate: retirada e retraimento. A retirada estratégica é uma ação ou operação militar que consiste em afastar-se do inimigo, mediante planejamento bem definido, a fim de evitar o combate sob condições adversas. O retraimento consiste em um movimento retrógrado por meio do qual uma força bem engajada rompe o contato com a força inimiga, de acordo com a decisão do seu comandante81. Tecnicamente, as duas expressões constituem ação de retirar-se de um local estratégico. Contudo, o aspecto estratégico que diferencia os dois itens lexicais é que no caso da retirada não existe o contato com o inimigo, enquanto que no retraimento ocorre esse tipo de contato. Para o público leigo, essa distinção não interfere na compreensão do texto. Entretanto, no âmbito das forças armadas, essa informação é taticamente relevante para o planejamento de uma operação de combate. Logo, o acionamento desse léxico no esquema mental do aluno militar pressupõe o reconhecimento dessa particularidade estratégica. E, no 3º texto, o contexto em que aparece o léxico repliegue apresenta a perspectiva de retraimento estratégico. O 2º texto, Los mercados operan estables ante el repliegue del dólar, anexo K, é um informativo econômico retirado da página eletrônica do jornal argentino Infobae, que noticia a variação da bolsa europeia diante da queda do dólar em março de 2010. Nesse contexto, a 81 Fonte de consulta MD35-G-01 Glossário das Forças Armadas publicado pelo Ministério da Defesa do Brasil. 4ª edição, 2007. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 182 Christiane Alves de Lima expectativa de resposta da atividade para o léxico repliegue é desvalorização / queda do dólar. Esse texto apresenta um grau médio de dificuldade, sendo que a maioria das palavras está representada por cognatos transparentes. As expressões que poderiam exigir uma atenção maior do leitor são: el cierre de ayer (o fechamento de ontem) / firmas mineras (empresas mineradoras) / impulsan subas (impulsionam alta do preço) / apuntaladas por la firmeza de las mineras (apoiadas pela força das mineradoras) / un dólar más débil (um dólar mais fraco) / un ingreso (um depósito). O conteúdo desse texto faz parte do senso comum, já que a grande mídia (televisão, rádio, jornais e internet) veicula a todo instante o movimento de circulação financeira das moedas estrangeiras no mercado interno e externo. Assim, os dados contidos no texto como mercados operan estables (mercados operam estáveis) / nueva baja de la divisa americana (nova baixa da moeda americana) / bolsa europeas (bolsas europeias) / impulsaban el precio (impulsionavam o preço) e a imagem de um painel digital, na parte superior da página, onde costuma acontecer os pregões eletrônicos possibilitaram o acionamento do conhecimento prévio e a reestruturação de novos conhecimentos em esquemas mentais já existentes. O 3º texto, Los islámicos somalíes inician un repliegue táctico ante el avance del Ejército etíope, anexo L, é uma reportagem jornalística extraída da página eletrônica do jornal espanhol La Voz Digital, publicada em 27 de dezembro de 2006, que relata a retirada estratégica da milícia islâmica somali em consequência do avanço ofensivo do exercito etíope no território da Somália. A expectativa de resposta para repliegue nesse contexto é retirada / retraimento. O grau de dificuldade da compreensão leitora desse texto é médio, sendo que as expressões que podem restringir a leitura são: se desplazan (se deslocam) / enclaves estratégicos (locais estratégicos) / un millar de bajas (milhares de baixas) / cifra ya en más de un millar (cifra já em mais de mil) / varios testigos presenciales (várias testemunhas) / carreteras (estradas) / harán frente (enfrentarão) / rueda de prensa (roda de imprensa) / el Ampliação lexical qualitativa em E/LE 183 Christiane Alves de Lima jeque (o xeique) / estar hasta el cuello (estar até o pescoço) / informes (informações) / está muy por encima del millar (está bem acima de mil) / tan pronto (tão logo) / expertos regionales (especialistas da região) / dos millares (dos mil) / se han retirado (saíram/se retiraram). Apesar de ser um texto que faz referência ao emprego militar de uma força armada, os fatos histórico e político que fundamentam o contexto atual da Somália provavelmente não fazem parte do conhecimento cultural da maioria dos informantes. Este país tem sofrido com intensos confrontos internos entre as tropas do governo federal de transição e os grupos de oposição, a União de Tribunais Islâmicos (UTI), que defende a aplicação da sharia (conjunto de preceitos tradicionais do islamismo). Recebendo apoio de armas, de efetivos e financeiros de Eritreia, país próximo a Somália, a UTI vem matando centenas de pessoas e dando origem a milhares de refugiados. A União Africana e a Etiópia apoiam o governo de transição somali, atuando conjuntamente na defesa do território somali contra as forças da UTI. Conforme comentado anteriormente, existe uma distinção estratégica entre retirada e retraimento. Nesse texto, a decisão de recuo de combatentes foi tomada após a perda do controle de posições estratégicas devido ao embate entre os milicianos islâmicos e as forças aliadas do governo federal da Somália. E, o 4º texto, ¿Qué es un repliegue (lifting) facial?, anexo M, é uma matéria informativa extraída da página eletrônica Páginas Amarillas Cantv (guia virtual de empresas e profissionais de Venezuela), em que são fornecidos esclarecimentos ao leitor sobre esse tipo de técnica de rejuvenescimento facial e os procedimentos adotados. Nesse contexto, a proposta da atividade tinha como expectativa de resposta: cirurgia de rejuvenescimento facial. As técnicas de rejuvenescimento facial se caracterizam por tentar restaurar uma aparência mais jovem, ajudando a reverter os danos do sol e uma aparência envelhecida. Englobam diversos tipos de tratamentos, sendo que o lifting facial, segundo especialistas, é Ampliação lexical qualitativa em E/LE 184 Christiane Alves de Lima um dos procedimentos invasivos mais indicado para os casos de flacidez facial. O lifting facial, conhecido em português como ritidoplastia (ritid(i/o) do grego = rugas), é uma cirurgia plástica para eliminação de rugas. O processo se caracteriza pelo tracionamento da pele em excesso para corrigir a perda de elasticidade e a queda muscular provocadas pelos efeitos da gravidade. Esse procedimento cirúrgico prevê o reposicionamento anatômico da musculatura na região central da face, conforme sugere a imagem na parte superior central do texto, elevando-a a fim de produzir um leve estiramento da pele. Esse texto apresenta um grau médio de dificuldade, sendo que as expressões que podem limitar a compreensão leitora são: reducción de los signos del paso del tiempo (redução dos sinais da passagem do tempo) / arrugas (rugas) / bolsas de piel ( bolsas de pele ) / laxitud en piel de cuello (flacidez da pele do pescoço) / cambios hormonales (mudanças hormonais) / La piel del cuello marchita, arrugada y hundida (a pele do pescoço murcha, enrugada e caída) / quitando el exceso de grasa (retirando o excesso de gordura) / tensando los músculos (tensionando os músculos) / rellenando la piel de la cara y cuello (preenchendo a pele do rosto e do pescoço) / ponerse en manos (estar nas mãos) / reemprender la rutina social (retomar a rotina social) / empienzan a apreciarse (começam a serem percebidos) / los puntos o grapas (os pontos ou grampos) / en el borde del cuero cabelludo (na beira do couro cabeludo) / tardar algo más (demorar um pouco mais). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 185 Christiane Alves de Lima (3) Com relação ao léxico hostigamiento: O texto Acusan hostigamiento a menores mapuches, anexo N, é uma matéria jornalística retirada da página eletrônica do jornal chileno Diario El Sur, publicada em abril de 2010, que relata a ação de uma ONG que indiciou a polícia chilena ao Ministério Público por assédio psicológico contra crianças indígenas. O grau de dificuldade da leitura é médio, sendo que a maioria do léxico se constitui em cognatos transparentes. As expressões que poderiam limitar a compreensão do leitor são: orden de detención pendente (mandado de prisão pendente) / se tomen confesiones de niños (sejam tomados depoimentos de crianças) / están involucradas (estão envolvidas) / comuna (comunidade) / consignó a Radio Cooperativa (declarou à Rádio Cooperativa) / acoso sicológico (assédio psicológico). A direção eletrônica informada ao final do texto indica que o assunto tem relação com o Chile. O título do texto sugere algo ocorrido em Araucânia, conhecida por ser uma das regiões do Chile. Através do conhecimento socialmente compartilhado, sabemos que esta área apresenta uma grande concentração do povo indígena mapuche, também chamado de araucanos. Sob a perspectiva histórica desse povo, sabemos também que há muitos anos existe um conflito entre o estado, os mapuches e a sociedade chilena. Basicamente é um problema social, histórico e político. A décadas, o estado chileno vem sendo acusado de tentar reduzir a extensão territorial pertencente aos mapuches para atender interesses de empresas multinacionais de extração mineral e florestal. O significado em português do componente léxico hostigamiento é fustigamento / fustigação. Segundo Houaiss, esse léxico está registrado como ato ou efeito de fustigar, de provocar reação física ou psicológica; excitar, incitar, estimular algo ou alguém. No jargão militar, essa expressão lexical representa uma estratégia militar que se constitui em um conjunto de ações de combate realizadas nas operações de contraguerrilha, a partir da Ampliação lexical qualitativa em E/LE 186 Christiane Alves de Lima presença da força legal em uma área e execução de intenso patrulhamento, incursões, emboscadas, ação de caçadores e outras atividades para localizar, infligir baixas e tirar a liberdade de ação da guerrilha. Pode ser considerado também como os fogos destinados a produzir perdas ou ameaças de perdas, perturbar o repouso da tropa inimiga, desagregar-lhes os movimentos e, de um modo geral, abater-lhes o moral. Inquietar, exaurir e retardar o inimigo, infligindo-lhe o máximo de baixas. Nesse texto, essa palavra assume o sentido de assédio / perseguição psicológica a memores indígenas. Na execução da tarefa relativa a esse texto, não foi permitido o acesso a fontes de consulta como dicionário, professor, livros didáticos, internet ou companheiro de sala de aula. b) As representações do léxico contextualizado interpretado como léxico a decodificar Com relação à contextualização lexical, pressupõe-se que na composição dos sentidos o leitor compreende que o significado absoluto do componente léxico se relativiza conforme as circunstâncias do contexto. No plano abstrato dos sentidos, as representações semânticas são construídas pelo discurso que reflete o uso dinâmico da língua. O léxico contextualizado transpõe a noção de léxico a ser decodificado. Envolve vários processos cognitivos que ultrapassam a simples decodificação de elementos lexicais linearmente ordenados no texto. Logo, a 1ª pergunta dos anexos D e I, que se refere ao grau de dificuldade da leitura, levou em consideração que o leitor proficiente tem consciência de que qualquer processo de compreensão leitora pressupõe uma participação ativa. Esse indivíduo entende que o ato de ler não se restringe a decodificar palavras e extrair conteúdos do texto, mas sim envolve a reorganização de sua forma de pensar, do seu olhar crítico sobre algo ou alguém, Ampliação lexical qualitativa em E/LE 187 Christiane Alves de Lima desconstruindo e reconstruindo paradigmas. Assim, “o leitor adulto não decodifica; ele percebe as palavras globalmente e adivinha muitas outras, guiado pelo seu conhecimento prévio e por suas hipóteses de leitura” (KLEIMAN , 1999, p. 37). Os resultados mostram que as duplas consideraram que foi fácil a leitura dos textos relativos a blanco e repliegue. Dessa maneira, subentendemos que a apreensão da atividade leitora como um processo fácil nos revela que esses informantes colocam em evidência que a leitura representa uma atividade de localizar e reproduzir informações, pois, segundo o relato da dupla A1_AS_INT, “não houve demora nem muita discussão para se chegar um consenso”. Da mesma forma, a noção do texto como um amontado de unidades léxicas, em que a expectativa do leitor é que todas as palavras sejam identificadas semanticamente, uma vez que “por mais que tenham palavras que a gente não conhece o significado específico delas, o contexto faz com que a gente entenda”, conforme o relato da dupla B2_JS_MB. É no ensino de línguas, que tende a reproduzir o esteriótipo da leitura de decodificação, que se observam as representações da aprendizagem do léxico com sentido único. Consideramos também que, por serem falantes brasileiros, tendem a subestimar as particularidades do espanhol, já que, como afirma a dupla A2_AF_INT, “os textos tinham muita proximidade com o português”. O aprendiz-leitor de língua estrangeira está propenso a priorizar a identificação de cognatos, gerando uma expectativa equivocada de que, geralmente, “os textos são de fácil compreensão”, segundo as duplas B1_CB_INT e B2_CM_INT. Por sua vez, a percepção de êxito na leitura da maioria dos textos se estabeleceu, particularmente, porque foi possível o acionamento do conhecimento prévio e a sua integração com o conteúdo textual, já que “tratava-se de texto de interesse de nossa profissão”, conforme as declarações da dupla A1_TT_MB. Além disso, como a maioria das palavras eram cognatos transparentes, os informantes conseguiram compreender sem dificuldade os textos como um todo, uma vez que estes apresentaram “palavras de fácil Ampliação lexical qualitativa em E/LE 188 Christiane Alves de Lima entendimento e interpretação”, de acordo com a opinião da dupla A2_TW_MB. Por outro lado, a dupla B2_GD_MB, ao relatar que a leitura foi mediana, reconhece que a efetivação da compreensão leitora é circunstancial, já que a integração do conhecimento linguístico com as informações do texto nem sempre ocorrerá, pois “tem alguns termos que a gente não conhece”. A dupla A1_TT_MB também reconheceu que a leitura do 4º texto relativo a blanco foi difícil, já que o conhecimento de mundo foi insuficiente para a composição do sentido: TS: porque fala sobre um assunto que eu não tenho a mínima ... como se diz... TB: vocabulário... TS: éh::: envolve vocabulário que não é o nosso... sobre um assunto que eu não tenho o mínimo... não desperta o mínimo interesse... os outros não... os outros... os outros já despertam o nosso interesse... ativam rapidamente... ativam o raciocínio... ainda mais com relação à profissão. Considerando que a negociação do sentido guarda uma relação com o acionamento do conhecimento prévio, na 2ª pergunta queríamos saber quais foram os textos que exigiram uma atenção maior para entender blanco e repliegue. Levamos em consideração que os últimos textos relativos a essas palavras demandavam um esforço maior que os demais, já que as informações contidas neles não faziam parte da realidade profissional-militar dos informantes e tampouco costumam circular no discurso masculino (artigos de cama, mesa e banho e cirurgia plástica). Dessa maneira, pressupõe-se que a leitura desses textos não iria fluir de forma espontânea, visto que os informantes teriam que acionar em seu conhecimento enciclopédico informações que lhes permitissem inferir um sentido pertinente ao contexto para que pudessem solucionar a interpretação textual. No caso de blanco, as duplas A1_TT_MB e A2_TW_MB consideraram que o 3º texto exigiu mais de seus conhecimentos prévios, sendo que o segundo par justificou que a leitura “abordou um tema do nosso cotidiano”, pois o seu conteúdo “trata-se de material militar”. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 189 Christiane Alves de Lima Em compensação, as duplas A1_AS_INT e A2_AF_INT relataram que o 4º texto exigiu mais de seus conhecimentos prévios. A dificuldade com esse texto pode estar no “desconhecimento do significado aplicado na palavra branco”, segundo declara os dois primeiros informantes, já que “a palavra é aplicada num ramo muito específico (decoração)”, conforme explica a segunda dupla. As duplas que identificaram o 3º texto sobre blanco como aquele que mais acionou seus conhecimentos provavelmente não compreenderam a formulação da pergunta. Esses informantes subentenderam que somente o conhecimento técnico-profissional estivesse sendo considerado como insumo para a compreensão do componente léxico. Entretanto, o objetivo era perceber, particularmente, de que forma o conhecimento de mundo, isto é, sua experiência e visão geral adquiridas no convívio social seriam resgatadas e poderiam estabelecer-se como elemento facilitador na construção do sentido. Em outras palavras, verificar como as pistas discretas sobre o tema de decoração contidas no 4º texto poderiam ser integradas ao conhecimento de mundo dos informantes a fim de que estes pudessem reorganizar o seu lexicón mental e reconstruir uma releitura do léxico blanco: S: qual foi que exigiu mais dos seus conhecimentos prévios para entender a palavra blanco?... o quarto... texto quarto... por quê?.. ah:: acho por causa da especialidade né?... uma coisa muito específica né?... A: éh:::... porque a gente nunca viu a palavra também né?... nunca vi tecidos... S: não tinha visto esta palavra... desconhecimento do significado... A: éh::: S: desconhecimento de tal significado... No caso de repliegue, a dupla B2_JS_MB respondeu que foram os texto 1 e 2 porque “o texto 1 falava de um conhecimento militar e o texto 2 falava sobre economia”. A dupla B1_GD_MB respondeu que foram os textos 2 e 3 porque “a gente está mais familiarizado com o assunto do texto 3 e do texto 2 a gente vê toda hora na parte de economia na Ampliação lexical qualitativa em E/LE 190 Christiane Alves de Lima televisão”. As duplas B1_CB_INT e B2_CM_INT responderam que foi o texto 4 porque, segundo a primeira dupla, “o contexto em que estava a palavra mudou o sentido inicial identificado para a palavra” e, com isso, “exigiu um significado mais técnico e amplo”, de acordo com a segunda dupla. Com relação à 3ª pergunta, pretendíamos verificar se os informantes eram capazes de perceber que o sentido do componente léxico não é algo fixo e controlado, mas que se caracteriza pela instabilidade do contexto em que se apresente, que se (re) constrói a cada (re) leitura, que depende tanto dos referentes textuais como dos referentes extratextuais imbricados no processo de negociação e, principalmente, que depende das experiências individuais que tendem a estabelecer opiniões comuns e divergentes entre e dentro dos grupos sociais. Nesse sentido, ao formular a pergunta, indagamos se havia sido difícil atribuir um sentido ao léxico considerado em cada texto. No caso de blanco, as quatro duplas responderam que não foi difícil alcançar o sentido aproximado em cada contexto, já que “as palavras ao redor e o texto auxiliaram no entendimento dos significados”, conforme justificou a dupla A1_AS_INT. E, ao entender que “contextualizando fica relativamente fácil estabelecer um padrão”, segundo a dupla A1_TT_MB, estes informantes estão propensos a perceber que nem sempre o sentido dicionarizado se ajusta ao contexto. Isto significa que esses alunos tendem a validar a análise do cotexto como recurso estratégico para a construção do conhecimento: “as palavras ao redor facilitam a compreensão”, como relata a dupla A2_AF_INT. Logo, a recontextualização do componente léxico tende a ser percebida como um procedimento inerente ao processo de compreensão, já que, de acordo com a dupla A2_TW_MB, “é da nossa natureza [humana] aplicar as palavras em diversos sentidos”. O relato dos informantes T e W corrobora essa percepção: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 191 Christiane Alves de Lima P: ah.. na quatro eu pergunto se foi difícil atribuir um sentido. Foi difícil atribuir um sentido em cada parte em cada texto considerando o processo de recontextualização lexical. Ou seja, apresentar a palavra blanco em um novo contexto significativo porque não sei se vocês perceberam foram quatro textos com a palavra blanco. mas nenhuma delas se repetia. vocês acharam difícil atribuir um significado? Fazer este processo? W: não. Achei simples e fácil. Ah pela... até pelo texto 1 aqui oh. O próprio texto 1 é só pela... pelo título a gente observa a facilidade de atribuir um sentido a palavra blanco. Os outros textos também é semelhante. T: eu acho que o fato de você pegar uma palavra... um substantivo... e designar para ele vários sentidos... se torna mais fácil pra gente por causa do próprio... do nosso idioma pátrio né... o que acontece... a manga // pode ser a manga fruta // manga do tecido // determinada manga da camisa. então... atribuir vários sentidos a mesma palavra não foi complicado. P: o problema é só reconhecer né... W: é. saber qual o sentido. Agora ter essa dificuldade. Ficar amarrado a um único sentido... não! No caso de repliegue, a maioria das duplas relatou que não foi difícil atribui um sentido ao léxico recontextualizado, pois “a contextualização facilita o entendimento do significado em cada texto”, respondeu o par B1_CB_INT. Corroborando essa percepção, a dupla B1_GD_INT relatou que “se fosse avaliar a palavra isoladamente” não teria condições de reconstruir seu sentido. A ativação de esquemas mentais e a recuperação de conhecimentos previamente adquiridos contribuem para a negociação do sentido lexical, em particular, quando o leitor “já tinha conhecimento prévio da palavra”, conforme afirmou a dupla B2_CM_INT. Por sua vez, a dupla B2_JS_MB afirmou que foi mais ou menos fácil, já que “o texto 1 e 3 tinham o mesmo sentido militar e os outros eram diferentes”. Na 4ª pergunta, levamos em consideração que a negociação do sentido é uma atividade singular, individual e particular do leitor e que, quando ocorre a interação aluno-aluno, implica a alternância de pontos de vista, colocando em evidência a capacidade de argumentação e de convencimento, as experiências vividas e as discussões entre interlocutores em busca de um acordo comum. A relação dialógica se constitui, portanto, em Ampliação lexical qualitativa em E/LE 192 Christiane Alves de Lima uma ação cooperativa em que cada participante expõe seu posicionamento crítico, em que se reconhecem objetivos comuns e se compartilha o mesmo constructo socialmente adquirido. Nesse sentido, se estivessem completando o protocolo verbal individualmente, tínhamos como expectativa que os informantes responderiam que teriam dado respostas diferentes. No caso de blanco, os informantes da dupla A1_AS_INT responderam que dariam respostas diferentes somente para o 4º texto, pois “houve dúvida entre pano ou tecido”. Os sujeitos da dupla A1_TT_MB responderam que também dariam outras respostas, já que “existe certo nivelamento de conhecimento”. Os informantes da dupla A2_AF_INT responderam que não dariam respostas diferentes, pois “os significados foram de fácil compreensão”. A dupla A2_TW_MB também compartilha essa percepção, já que “o entendimento é bem simples”. No caso de repliegue, a maioria dos informantes informou que não dariam respostas diferentes, pois “praticamente a gente chegou a um consenso para escrever”, justificou a dupla B1_GD_MB. “A contextualização facilita o entendimento do significado em cada texto”, foi a explicação da dupla B1_CB_INT. Reconhecendo o desconhecimento do assunto do 4º texto, a dupla B2_JS_MB alegou que “o último texto fosse demorar um pouco mais para entender”. Por sua vez, os informantes da dupla B2_CM_INT admitiram que possivelmente dariam respostas diferentes “devido ao nível de compreensão do idioma”. Em linhas gerais, verificamos que foi efetivado de forma pertinente o acionamento do conhecimento técnico-profissional e do conhecimento de mundo pelos informantes. Entretanto, o processo de negociação do sentido priorizou a decodificação do léxico considerado, a localização de informações contidas no texto, a tradução direta e a tentativa de recuperar o sentido do léxico construído em contextos diferentes. A negociação do sentido foi desenvolvida a partir da formulação de hipóteses, contudo a confirmação destas, na maioria das vezes, não esteve fundamentada em informações textuais que assegurassem a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 193 Christiane Alves de Lima interpretação apropriada. Na análise da interação aluno-aluno, os informantes colocaram em evidência a divisão e o controle espontâneos de tarefas, a crítica e a autocrítica da tradução, o consenso mútuo na construção dos sentidos, o abandono da leitura a partir da solução do problema. Revelaram que não foram capazes de superar adequadamente suas deficiências de conhecimento sobre o assunto do último texto. A expectativa era que encontrassem outras estratégias alternativas para solucionar a interpretação de léxico considerado em cada contexto apresentado. Dessa forma, esses informantes despenderam um esforço maior no 4º texto, visto que não souberam equacionar eficientemente suas estratégias lexicais no reconhecimento do sentido assumido. Nos quadros abaixos, reunimos as repostas dadas pelas duplas para o sentido de blanco e repliegue e os mecanismos estratégicos que foram empregados em cada texto: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 194 Christiane Alves de Lima Quadro 6: Agrupamento das respostas relativas a blanco Protocolo verbal Textos sentido Respostas das duplas A1_AS_INT A2_AF_INT A1_TT_MB alvo, objetivo cotexto (atentado) alvo, objetivo contexto sentido branco (raça) justificativa contexto branco (cor da pele, raça) proximidade com LM sentido branco (cor) branco (cor do agente químico) justificativa cotexto (fósforo) sentido tecido 1 justificativa 2 3 alvo Expectativa de A2_TW_MB resposta contexto palco, local ou cenário cotexto branco (raça) cor de pele humana contexto e cotexto contexto proximidade com LM branco (agente químico) conheciment o técnicoprofissional branco (agente químico) conheciment o técnicoprofissional tecido tecido tecido 4 justificativa contexto e imagem cotexto contexto e palpite contexto alvo, objetivo branco (raça) branco (agente químico) artigos de cama, mesa e banho Ampliação lexical qualitativa em E/LE 195 Christiane Alves de Lima Quadro 7: Agrupamento das respostas relativas a repliegue Protocolo verbal Textos sentido Respostas das duplas B1_CB_INT B2_CM_INT B1_GD_MB retirada 1 2 retirada, saída justificativa contexto contexto sentido queda queda, recuo emprego, utilização de algo contexto e cotexto B2_JS_MB retirada contexto, conhecimento militar queda do valor, desvalorizaçã o contexto e cotexto baixa, desvalorizaçã o contexto contexto retraimento retirada defensiva retirada contexto contexto contexto e cotexto contexto sentido cirurgia plástica técnica de remoção tipo de intervenção cirúrgica justificativa contexto contexto tratamento; correção; plástica contexto e cotexto justificativa justificativa 4 retirada (termo militar) queda do dólar contexto sentido 3 Expectativa de resposta contexto retirada/ retraimento (termos militares) rejuvenesciment o facial Ampliação lexical qualitativa em E/LE 196 Christiane Alves de Lima 5.2. As estratégias inferenciais dos alunos na compreensão lexical 5.2.1. A inferenciação cotextual e contextual Verificamos que os alunos conseguiram inferir o sentido do léxico considerado a partir das informações que estavam ao seu redor. No 1º texto relativo a blanco, como a leitura está relacionada ao léxico específico, observamos que os alunos puderam inferir adequadamente porque as informações cotextuais como blanco de los atentados / blanco de los ataques e as contextuais como explosión de coche bomba / atentados suicidas / campaña militar possibilitaram a associação da palavra com algo considerado objeto a ser atingido. Nessa perspectiva, o cotexto e o contexto apresentaram pistas lexicais que permitiram ao leitor apropriar-se do sentido aproximado. O relato de um dos informantes da dupla A1_AS_INT corrobora essa percepção: S: ( )... las embajadas blanco de los atentados.. pô aqui já dá pra... pô... ((o informante murmura as frases do texto em espanhol)) /.../ ... cara:: eu acho que eu vou... montar esse texto das embaixadas... ele começa com blanco de los atentados de Bagdad ...e depois o... o quarto parágrafo fala que as embaixadas alemães... espanholas situadas ao lado também foram el blanco de los ataques... então muito provavelmente pelo contexto da .... das palavras que estão ao lado né?... dá pra se entender que neste caso aqui é o blanco no sentido de alvo ou objetivo então... também foram objetivos dos ataques... o início ... las embaixadas... o título do texto.... las embaixadas... blanco de los atentados... então .... alvo dos atentados de Bagdá... não é isso?... texto 1... alvo...objetivo. S: por causa do cotexto... A: éh... as palavras vão mudando... S: éh... mas o cotexto é ele mesmo... ao redor da palavra... A: ah... tá... S: contexto é geral... cotexto é ao redor da palavra... por causa do cotexto ela está ligada... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 197 Christiane Alves de Lima Nesse sentido, consideramos que esse tipo de conhecimento prévio permitiu que esses leitores pudessem integrar novos conteúdos do texto durante a leitura. No entanto, a dupla A2_TW_MB inferiu o sentido de blanco como palco, local ou cenário, deduzindo esse léxico a partir do título do texto conforme relataram no protocolo verbal. A resposta desses informantes pode ser levada em consideração como outro sentido permitido que está respaldado pelo contexto comunicativo que assume a palavra. Ou seja, apesar da expectativa de resposta, os informantes demonstraram que compreenderam o sentido assumido pelo léxico, contudo evidenciaram que a testagem das hipóteses se reduziu à confirmação do título, deixando de cotejar o texto e a imagem como um todo. Nesse caso, cabe ressaltar que os informantes obtiveram êxito na compreensão geral, mas isso não oferece garantia de resultados semelhantes em outras situações de leitura, já que a compreensão específica nem sempre é alcançada: W: blanco. blanco... quê... blanco T: vamos lá. sentido da palavra. Eh... W: éh...blanco com sentido de palco... local ...cena... T: coloca aí cena. T: palco, local, cena... T: ou cenário... não sei. W: justificativa. T: acho que pelo...pelo contexto... W: acho que é. pelo contexto pelo que ela [a professora] falou. T: é só pelo título já deu pra observar. Por outro lado, observamos que a dupla A1_TT_MB, durante a interação, levou em consideração que suas hipóteses deveriam ser confirmadas não só pelo título, mas também pelo texto como um todo: TS: ((o informante começa a ler o texto em voz alta)) las embajadas, blanco de los atentados en Bagdad... acho que é alvo ou local... alguma coisa neste sentido... que tu acha? TB: ((silencio)) TS: vamos ler o texto TB: éh... as embaixadas... alvo dos atentados em Bagdá Ampliação lexical qualitativa em E/LE 198 Christiane Alves de Lima TS: como alvo... ou então... local dos atentados... principal local... alvo 5.2.2. A inferenciação a partir do conhecimento em LM No relato da dupla A1_TT_MB, na leitura do 4º texto relativo a blancos, um aspecto que nos chamou a atenção foi a tentativa inconsciente de recuperar, na língua materna, a adjetividade do componente léxico branco como aquele que se junta a um substantivo, qualificando-o ou classificando-o e determinando a sua cor: TS: acho que é tecido... agora não sei... entendi como tecido// não sei se é tecido ou estampa// e aí? TB: eu acho que... TS: tem que decidir... tecido ou estampa... TB: eu acho que é tecido... cara TS: tecido... então firmou... tecido // tecido // rolou aí um palpite?... TB: a cor do tecido né?... TS: cor do tecido?... eu achei que era tipos de tecido // acho que... a cor... do... branco aqui... cor do tecido TB: acho que éh... estilismo né?... roupas brancas... TS: acho... acho que tá falando de ramas... ramas brancas... ( ) éh::... roupas... finos blancos... tecido no caso... TB: éh:: ... tecido mesmo TS: não... mas blanco tá aqui como um tipo de tecido Em espanhol, nesse contexto comunicativo, o texto pressupõe que blancos assuma a categoria gramatical de substantivo, já que seu significado está atrelado a existência de uma peça ou conjunto de peças de decoração, diferente do que se observa em português. Quando o informante TS indaga a cor do tecido né? ao seu companheiro, ele está realizando uma varredura, em sua memória, das informações registradas sobre o conhecimento linguístico adquirido em língua materna da palavra branco. Da mesma forma, o seu colega TB inconscientemente aciona processo semelhante quando responde acho que... a cor... do... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 199 Christiane Alves de Lima branco aqui... cor do tecido, demonstrando que tenta recuperar as características do adjetivo que identifica a tonalidade. Por outro lado, observamos também que o informante TS, ao formular suas hipóteses, acho... acho que tá falando de ramas... ramas brancas... ( ) éh::... roupas... finos blancos... tecido no caso... não... mas blanco tá aqui como um tipo de tecido, inconscientemente está confirmando ou excluindo determinadas suposições, considerando como provável que blancos não se refere à cor e tampouco qualifica algum objeto pela cor, que substantiva um objeto concreto, que consiste em algo relacionado à decoração e que se constitui em um produto têxtil. Entretanto, a falta de convicção com que se constrói o sentido aproximado desse léxico se justifica no entendimento da compreensão leitora como decodificação e localização do conteúdo, em que o leitor torna-se dependente dos elementos formais do texto: S: ... bom... agora... o quarto texto... vamos identificar aonde está a frase então // aqui... já viu já? A: ( ) ... finos blancos... S: mais em outro lugar? A: ((silêncio)) S: peraí... alternam pro::postas... no design... week... México... deve ser algum... isso aqui deve ser uma semana... semana do design no México... do design week México. S: uma de las que chamaram a atenção das mulheres assistentes foi a apresentação que a firma Frette por seus finos brancos. ah:: então... S: então o que vc acha... você acha que éh roupa de cama A: eu tô na dúvida... S: se éh tecido ou se alguma coisa específica de roupa de cama 5.2.3. A inferenciação a partir do conhecimento técnico Na interação aluno-aluno, constatamos que a dupla A2_TW_MB, ao ler o 3º texto relativo a blanco, coloca em evidência a contribuição do conhecimento específico: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 200 Christiane Alves de Lima W: e aqui?? ((o informante W faz menção à parte justificativas do protocolo verbal)) T: eu coloquei pelo título ali... e pelo nosso conhecimento técnico já dá pra saber.. facilitou... também a descoberta. W: é aquela história né.. cada um conhece a sua letra. ((?)) O vocabulário e os dados que fazem parte do conhecimento técnico compartilhado por estes informantes foram essenciais para alcançar a compreensão, conforme observamos também na interação da dupla B2_CM_INT: C: começou??? bom!!?? então o texto número um aqui... M: ((o informante balbucia as primeiras palavras do texto)) ... seguridad de los ciudadanos C: pô:::... isso aqui éh fácil...compreensão do texto...pô::... tá no contexto... retirada... repliegue... pode ser retirada... pelo contexto aqui do texto... é retirada... M: éh... pelo combate ao crime organizado... C: isso... M: aí... deixar os cidadãos nas mãos de criminosos... C: isso... sentido da palavra retirada... C: justificativa... contexto do::: artigo analisado... éh... do contexto do artigo pô::... M: do contexto do artigo... C: isso... cabe retirada...pô::: já foi já.... a não... Ao reconhecer que esse tipo de conhecimento está armazenado em seu esquema mental, os alunos tendem a desconsiderar a localização de pistas explícitas no texto como estratégia de negociação do sentido, já que na leitura das entrelinhas conseguem inferir o conhecimento específico a determinado contexto (KLEIMAN, 1999). Nesse caso, o leitor tenta alcançar o significado do léxico inferindo ou eliminando possibilidades a partir do seu saber técnico, verificando suas hipóteses no texto: C/B: FCH descarta repliegue de Fuerzas Armadas por seguridad de los ciudadanos... El repliegue de las fuerzas federales dejaría en total abandono a la ciudadanía y a las familias mexicanas en las manos sangrientas de los criminales... C: pô...não... ((silêncio)) retirada... é porque aqui oh::: fala... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 201 Christiane Alves de Lima B: é retirada... não é:::: emprego... é retirada... C: empleo... seria::: B: repliegue... C: retirada...das forças federais... O título do texto é um dos recursos estratégicos que possibilitou a integração do conhecimento novo (o conteúdo abordado) com o conhecimento prévio (tipos de armas de destruição). Percebemos abordagem semelhante na dupla A1_AS_INT: S: cor... por causa da palavra... né?... aí no caso por causa da palavra fósforo... essa é uma palavra dupla? A: éh::... acho que éh... fósforo branco...não tem no português? S: éh:::...por causa... A referência a outras substâncias químicas de destruição se constitui também em um recurso estratégico para a negociação do sentido conforme observamos no diálogo da dupla A2_TW_MB: T: blanco aí também tem o sentido de ... cor aí também... W: é. É como se fosse branco. W: assim eu sei pelo conhecimento prévio que a gente já tem. T: um tipo de explosivo. é uma pólvora. W: no sentido da palavra... Cabe comentar que o conhecimento enciclopédico sobre outros materiais propelentes contribui para que possam ser estabelecidas as relações significativas entre o objeto referido no texto e a sua funcionalidade: artefato capaz de causar uma explosão. Dessa maneira, o leitor é capaz de comprovar suas suposições, construir novas inferências e sanar suas dúvidas. O sentido de blanco que se construiu está fundamentado em procedimentos técnicos comuns a esses informantes, dando-lhes condições favoráveis para estarem inferindo adequadamente. Além disso, as pistas cotextuais como las quemaduras causadas por el fósforo blanco / elemento químico que provoca estragos e as contextuais como prohibido por las leyes internacionales de guerra / puede emplearse para camuflar una operación / facilitar la Ampliação lexical qualitativa em E/LE 202 Christiane Alves de Lima orientación / ofensiva / los bombardeos causaron muertos, naturaleza de las heridas se constituem em ferramentas estratégicas para a leitura e dão indícios de que o assunto está relacionado a algum tipo de objeto fabricado para o ataque ou a defesa militar. Conforme esclarecimento anterior, retraimento se diferencia tecnicamente de retirada. Na leitura do 3º texto relativo a repliegue, os informantes revelaram que conseguiram perceber que houve o contato travado com o inimigo e que o movimento retrógrado realizado se caracteriza como retraimento, conforme observamos no diálogo da dupla B1_CB_INT: C: vamos al texto 3... mundo... los islámicos somalíes inician un repliegue táctico ante el avance del ejército etíope... retirada tática... B: éh... retirada... C: ou... avanço... olha aí:::: las milicias de la unión de tribunales se desplazan a Mogadiscio tras perder los enclaves estratégicos y sufrir más de un millar de bajas... los islámicos iniciaron ayer un repliegue táctico ante el avance de la ofensiva de Etiopía, que cifra ya en más de un millar el número de milicianos de la unión de tribunales islámicos (uti) fallecidos en los ataques. Mientras, la comunidad internacional guarda silencio y la unión africana incluso justifica el ataque de Etiopía a su VECINO... B: vizinho... C: ah::: muito bom cara::::... las milicias de la UTI perdieron... perdieron el control de otros dos importantes ciudades de Somalia ante la ofensiva misión... milicianos islámicos somalíes conjunta de las milicias del gobierno de transición somalí y vigilan la carretera que va al aeropuerto sus aliados de etiopía... etiopÍa ... varios testigos presenciales de mogadiscio... ((o informante interrompe a leitura)) C: Eu tô achando que éh::: que aqui éh::: retirada também. B: retirada tática ou.... retraimento. C: pode ser... retraimento... que tem o mesmo sentido de retirada... pra.. pros militares a gente sabe que tem diferença... uma e a outra... retraimento é planejado .... retirada... ((reinicia a leitura)) /.../ C: então aqui...é uma... retirada... B: retirada... é isso aí sim... C: é uma retirada... é um retraimento... B: retraimento... acho que é melhor né?? C: um retraimento... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 203 Christiane Alves de Lima Para que haja compreensão global desse 3º texto, os antecedentes históricos-políticos são relevantes, contudo não impedem a interpretação do leitor. Apenas limitam a ampliação de novos conhecimentos, já que a integração dos conhecimentos culturais com o conteúdo do texto tende a não ser realizada de forma plena. O comportamento leitor dos alunos indica que não estabeleceram nenhum comprometimento reflexivo e crítico com a leitura. Subentendemos, portanto, que os informantes não estavam propensos a emitir juízo de valores sobre o conteúdo do texto. Engajaram-se, de fato, em localizar a informação pedida e decodificá-la. Este procedimento que vem sendo observado em outros momentos com outras duplas nos revela que a expectativa de um diálogo interativo entre os participantes, que envolvesse a troca de experiências e a persuasão de opiniões não se efetivou. Nesse sentido, corroboramos a visão de Coracini (1995, p.75), quando sugere que esse comportamento passivo se estabelece a partir de “imagens que os alunos vão construindo ao longo dos anos de escolarização do que seja ser professor, do que seja ser aluno, do que seja ensinar/aprender a língua materna, do que seja ensinar/aprender a língua estrangeira, do que seja ler”. A maioria dos informantes relatou que os referentes contextuais e cotextuais facilitaram a compreensão lexical de repliegue no 3º texto. Logo, eles foram capazes de alcançar o sentido do léxico por causa de informações contextuais como avance de la ofensiva (avanço da ofensiva), fallecidos en ataques (mortos em atques), abandonaron la ciudad (abandonaram a cidade) e se deplazaron hacia Mogadiscio (se deslocaram em direção a Mogadíscio) e cotextuais como repliegue táctico (recuo/retraimento tático), están en retirada (estão em retirada) e se han retirado (saíram/se retiraram). Ampliação lexical qualitativa em E/LE 204 Christiane Alves de Lima 5.2.4. A inferenciação a partir do conhecimento de mundo No 2º texto relativo a blanco, as informações apresentadas pelas duplas A1_AS_INT, A2_AF_INT, A1_TT_MB e A2_TW_MB atingiram a expectativa de resposta do léxico nesse contexto − raça branca. Os informantes justificaram a proximidade com a língua materna, o contexto e o cotexto como argumentos que lhes possibilitaram construir o sentido da palavra. Nesse caso, verificamos que, de fato, a inferenciação do conhecimento de mundo permitiu que fosse estabelecida a relação semântica da cor da pele com esse componente léxico. Informações pontuais do texto como repúblicas totalmente habitadas por blancos e entrada a los negros como trabajadores huéspedes contribuíram para que o leitor recuperasse o sentido da palavra tendo como referência o conhecimento enciclopédico sobre as diferenças raciais, conforme o diálogo da dupla A1_TT_MB: TS: aí... é branco... de ser branco mesmo... racial... África do Sul TB: éh:: de ter nascido na África...de ter nascido... TS: na África do Sul... é branco de racial mesmo da África do Sul... habitada por blancos... branco no sentido racial? TB: éh:: porque ele fala assim que::... o cara que fez isso é um trabalhador agrícola... aparentemente foi uma disputa salarial... informou a polícia... TS: éh... aí fala esse cara aqui... sessenta e nove anos... queria... ( ) queria criar três repúblicas totalmente habitadas por brancos em Sul da África... que só permitia a entrada de negros como trabalhadores hóspedes... seria branco como...raça... TB: raça... TS: /.../ seria branco como raça /.../ branco como raça então... éh isso? TB: éh::... branco de raça... éh o líder da::.. movimento de resistência ... Afrikáner... Verificamos também que os informantes formularam suposições que pudessem evidenciar e ratificar suas interpretações sobre o conteúdo do texto, agregando-lhe outras Ampliação lexical qualitativa em E/LE 205 Christiane Alves de Lima informações extratextuais. O aluno S da dupla A1_AS_INT, por exemplo, tentando confirmar sua hipótese ah:: tá... líder supremacista blanco... éh::: aqui dá pra entender mais ou menos... como é na África... né?... alguma coisa sobre... da raça... /.../ , encontra no discurso do seu interlocutor A uma referência que lhe auxilia em sua interpretação: da raça... ((o informante murmura o texto)) ... o líder do grupo supremacista branco... ou seja... é tipo aqueles skinheads... A alusão a estes indivíduos, que se identificam com uma subcultura que faz apologia ao preconceito racial, traz aportes culturais para esta dupla que interage entre si, negociando significados e trocando conhecimentos a partir da contribuição pessoal de cada integrante em benefício do diálogo construído. Nessa perspectiva, foi por meio desse conhecimento prévio, que os informantes se sentiram confortáveis para construir um significado plausível para blanco nesse contexto, relacionando aquilo que o conteúdo textual apresenta com aquilo que já sabiam. Do ponto de vista da leitura interacionista, concordamos com Kleiman (1999) que compreender um texto se constitui particularmente em comprovar o nosso conhecimento prévio ou em reestruturá-lo. A organização das informações nesse texto contribuiu para que os informantes reconhecessem que o componente léxico blanco foi recontextualizado semanticamente. Nesse caso, não caberia recuperar nessa leitura o sentido de alvo/objetivo atribuído no 1º texto, tampouco podemos avaliar se o processo de decodificação do léxico dicionarizado tendeu a ser considerado como o recurso estratégico de maior recorrência se comparado com o acionamento do conhecimento de mundo na construção do sentido. Entretanto, no relato da dupla A1_TT_MB, comentado anteriormente, nos chama a atenção o esforço do informante TS em recuperar a referência étnica do continente africano: éh:: de ter nascido na África...de ter nascido.... Logo, subentendemos que foi o conhecimento implícito de que a maior parte da população africana está constituída por diferentes povos negros e que a minoria está Ampliação lexical qualitativa em E/LE 206 Christiane Alves de Lima representada por brancos que permitiu a esse aluno inferir esse sentido sem cogitar outra interpretação semântica. 5.2.5. A inferenciação a partir do campo temático Na leitura do 4º texto relativo a blanco, os alunos inferiram o sentido de tecido e justificaram que chegaram a esse entendimento a partir da análise do contexto e da tomada de decisão pelo palpite/dedução na construção do conhecimento. O assunto do texto se distancia da área de conhecimento profissional-militar dos informantes e, além disso, não faz parte do seu conhecimento enciclopédico. Os temas sobre moda e decoração tendem a estar mais próximos à realidade do universo feminino do que do masculino. Expressões como tiendas / boutiques / arquitectura / decoración / texturas / decorar el hogar que aparecem no texto não são familiares para o público masculino e tampouco costumam estar presentes nas rodas de conversas dos homens. Logo, percebemos que a leitura do 4º texto não fluiu da mesma forma que os anteriores, pois, durante a interação aluno-aluno, estes leitores, por desconhecimento da matéria, demonstraram que não estavam seguros ao formular suas hipóteses: W: tecido né.. ((no meio da leitura, o informante W faz este comentário)) T: tecido. W: é... vamos ver. W: deixa eu dar uma lida aqui. T: al ser una firma de finos blancos... T: uhm...acho que é tecido mesmo, né?? W: é tecido mesmo. T: tecido. Uma vez que o leitor não pôde acionar o conhecimento que construiu ao longo de sua vida e integrá-lo ao conteúdo do texto, as informações não foram assimiladas adequadamente: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 207 Christiane Alves de Lima “sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão” (KLEIMAN, 1999, p. 13). Nesse sentido, o desconhecimento sobre as particularidades da decoração fez com que a leitura dos informantes fosse estabelecida a partir de suposições improváveis, pautadas em determinadas pistas textuais que nem sempre dão garantias de que a compreensão leitora está sendo encaminhada de forma eficiente: TB: acho que éh... estilismo né?... roupas brancas... TS: acho... acho que tá falando de ramas... ramas brancas... ( ) éh::... roupas... finos blancos... tecido no caso... TB: éh:: ... tecido mesmo TS: não... mas blanco tá aqui como um tipo de tecido. A afirmação de Miñano López (2000, p. 26), referindo-se ao processo de compreensão leitora em LE, enquadra-se na observação do relato anterior: “nossos alunos, como leitores de uma língua estrangeira, podem ver sua compreensão interferida, ou inclusive impedida, pelo limitado domínio da língua e pelo desconhecimento de muitos dados socioculturais que não provocam no estrangeiro as mesmas referências que no leitor nativo”82. O leitor eficiente tende a otimizar o seu processo leitor e tenta compensar as deficiências de sua compreensão leitora, buscando evidências textuais que contribuam na negociação do sentido, principalmente quando não se teve a oportunidade de realizar uma apresentação ou discussão prévia sobre o assunto tratado. Assim, “a inferência construtiva é aquela que cria significados a partir de pistas contextuais, o que torna o leitor menos dependente da informação linear e mais integrador de informações coocorrentes” (KATO, 1999, P. 29). Nesse texto, apesar da falta de entendimento sobre o mundo da moda e da decoração, o aluno tem condições de inferir um sentido aproximado, plausível ao contexto, para blancos a partir da análise das pistas presentes - la decoración de una mesa puesta (decoração de uma mesa posta) / la ambientación del lugar de descanso (a ambientação do local de descanso/ de 82 Nuestros alumnos, como lectores de una lengua extranjera, pueden ver su comprensión interferida, o incluso impedida, por el limitado dominio de la lengua y por el desconocimiento de muchos datos socioculturales que no provocan en el extranjero las mismas referencias que en el lector nativo. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 208 Christiane Alves de Lima dormir) / decorar el hogar (decorar o lar/casa) / desde lo clásico hasta ropa de cama (desde o clássico até roupa de cama) / texturas (texturas) / materiales extramadamente suaves y preciosos (materiais extramente suaves e formosos), estabelecendo uma relação entre essas informações e os objetos que servem para decorar mesas, camas, cozinhas e, de forma generalizada, a casa. Entretanto, a maioria das duplas não foi capaz de fazer uso dessa ferramenta de forma adequada. Ao estabelecerem a negociação do sentido, os alunos tentaram deduzir a palavra, realizando suas conclusões a partir de marcas que não satisfaziam plenamente suas possíveis interpretações. No relato a seguir, verificamos essa percepção: TB: ele fala no branco usado na... na campanha da feira de design... TS: acho que é tecido... agora não sei... entendi como tecido// não sei se é tecido ou estampa// e aí? TB: eu acho que... TS: tem que decidir... tecido ou estampa... TB: eu acho que é tecido... cara TS: tecido... então firmou... tecido // tecido // rolou aí um palpite?... TB: a cor do tecido né?... TS: cor do tecido?... eu achei que era tipos de tecido // acho que... a cor... do... branco aqui... cor do tecido TB: ele fala... ele fala finos blancos né?... aqui ele fala... as texturas... as cores sofisticadas ... ma..materiais extremamente suaves... e preciosos... ((o informante murmura fragmentos da frase)) acho que entra tudo... tecido... textura... da cor sofisticada... dos materiais suaves... TS: não mas::... isso aqui seria o tecido então? TB: acho que o tecido em geral... TS: éh::... tecido geral... de roupa de cama...// dedução palpite TB: devido ao contexto... TS: contexto... contexto e palpite TB: éh:: Considerando o exemplo acima, ao negociar o significado de blancos como tecido, os informantes revelam que, como estratégia lexical, tentaram atribuir um léxico em português que pudesse proporcionar a mesma dimensão semântica da palavra específica em espanhol, cuja identificação não foi possível de ser alcançada por eles. Segundo Houaiss, em uma das Ampliação lexical qualitativa em E/LE 209 Christiane Alves de Lima acepções registradas, o substantivo tecido é definido como produto final da tecelagem de fios de algodão, seda, lã ou sintéticos, usado para confeccionar vestimenta, artefato de uso doméstico ou para decoração, embalagem etc. Nesse caso, subentendemos que os alunos julgaram que a palavra tecido contemplaria o mesmo campo semântico de artigos de mesa, cama e banho, satisfazendo a sua compreensão global do texto, já que as pistas deixadas pelo autor tendem a indicar algo confeccionado com fios. Além disso, estabelecendo relações entre seu conhecimento de mundo e a foto, que aparece no início do texto, de uma cama decorada com lençois, fronhas e colchas, os alunos puderam construir esse sentido aproximado. Assim, as expressões como, por exemplo, mesa puesta / ropa de cama / artesanía / materiales suaves y preciosos / textura / colores sofisticados permitiram que o leitor inferisse tecido como referência para blancos, cujo léxico específico não foi recuperado em seu esquema mental. 5.2.6. A inferenciação pelo processo imagético Como o 4º texto relativo a repliegue apresenta a imagem do perfil de uma mulher, os alunos inferiram os sentidos de cirurgia plástica, técnica de remoção, tratamento e correção para a palavra repliegue. O conteúdo do texto não faz parte do conhecimento técnico dos informantes e tampouco estão familiarizados com esse conhecimento cultural, formularam suas suposições a partir de pistas explícitas, tentando localizar no texto o lugar exato em que pudessem encontrar a resposta. As expressões que aparecem no texto como reducción, cirurgía de la cara, quitar los excesos de grasa, intervención quirúrgica guardam uma relação com algo que foi/será reparado ou removido através de uma ação incisiva. Logo, observamos que a construção do sentido se efetivou principalmente a partir de marcas superficiais encontradas pelo leitor, considerando em segundo plano o acionamento do Ampliação lexical qualitativa em E/LE 210 Christiane Alves de Lima conhecimento prévio devido à insuficiência de informações que pudessem ser integradas ao texto. No relato a seguir, verificamos como os alunos da dupla B1_CB_INT negociam o sentido, apoiando-se na informação visual do texto: C: o que é o repliegue facial? Ele é a retirada de alguma coisa da face... mas ele tem um:::: tem um::: nome específico... isso aí:::: é o que?? B: realiza quitando o excesso de gordura...né?? C: éh::: B: puxando os músculos principais ... C: é uma:::: cirurgia plástica... a gente coloca cirurgia??? B: éh::: C: que não deixa de ser também éh::: retirada... seria uma cirurgia plástica no caso... 5.2.7. A inferenciação pelo processo de pareamento de palavras No trecho abaixo, na leitura do 2º texto relativo a blanco, o aluno da dupla A1_AS_INT interfere na fala do outro, corrigindo-lhe a tradução ao português: S: assinam a manchete... A: assassinam a machadada... Como o informante A possui conhecimentos linguísticos de espanhol, esse aluno intervém na fala da sua dupla com o objetivo de corrigir-lhe a compreensão da leitura, considerando-a equivocada. Percebemos que esse aluno entende que o seu companheiro, o informante S, está traduzindo oralmente para o português o enunciado escrito em espanhol, transferindo-o automaticamente a partir das semelhanças gráficas. Logo, por estar no nível básico nesse idioma, subentende-se que o aluno S realizou o processo de equivalência levando Ampliação lexical qualitativa em E/LE 211 Christiane Alves de Lima em consideração a forma do componente léxico na língua meta para a língua de origem como estratégia de inferência lexical. Entretanto, observamos que o informante A também inferiu inadequadamente o sentido de machete, já que o significado em português dessa palavra é facão. A expressão “a machadada” foi recuperada por esse informante, pois este levou em consideração a proximidade fônica do léxico em espanhol. Nesse sentido, verificamos que esse tipo de leitor, aprendiz não iniciante, tende a assumir que conhece as palavras, mas que, na verdade, desconhece o seu significado. O leitor não eficiente “atribui um significado errôneo e distorce o sentido do texto” (GATTOLIN, 1998, p. 47), principalmente quando se apropria do léxico desconhecido devido à falsa familiaridade que se constrói pela semelhança da forma ou fonológica. E, é a partir desse processo automático de “pareamento de elementos cognatos” (KLEIMAN, 1996, p. 118) que o leitor tenta estabelecer e inferir significados em língua estrangeira. Ter o conhecimento linguístico nem sempre representa que ocorrerá uma interpretação adequada em língua estrangeira. Na interação da dupla B1_CB_INT, na leitura do 1º texto relativo a repliegue, o informante C indaga a seu colega B sobre o significado de claudicar. De acordo com a resposta deste aluno, este componente léxico significa mancar, cambalear. Segundo Houaiss, as acepções registradas de claudicar são: 1) arrastar de uma perna; não ter firmeza em um dos pés; coxear, capengar; 2) cair em erro ou falta; fraquejar intelectualmente e; 3) apresentar imperfeição, falha ou deficiência: C: a quienes quieren ver al país sumido en la violencia les decimos que los mexicanos le seguiremos haciendo frente con toda la fuerza de la razón y con la fuerza de la ley... a quienes quieren ver al país dividido, hoy les decimos que la sociedad mexicana está unida, decidida y exigente para que se defiendan sus derechos a vivir una vida libre y en paz,... y a quienes pretender ver a méxico claudicar... o que é claudicar??? B: claudicar é mancar né::... cambalear... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 212 Christiane Alves de Lima C: éh??? pô mané... tu é o cara... ((risos)) y dar marcha atrás, hoy les decimos que el estado mexicano es fuerte y se mantiene firme en su empeño porque cuenta con hombres y mujeres íntegros y valientes que seguirán luchando hasta alcanzar la victoria... insistió en que redoblará sus esfuerzo para apoyar a ciudad juárez con algún plan integral que no se reducirá a aspectos meramente policiacos, incluirá el desarrollo humano y la educación... Nesse caso, observamos que o aluno B demonstrou conhecer o significado dessa palavra em português. Contudo, sua acepção em espanhol, segundo o RAE, está registrada como: 1) acabar por ceder a uma pressão ou uma tentação83. O sentido de coxear está em desuso na língua espanhola. Ou seja, o sentido mais adequado de claudicar em português nesse contexto seria ceder (fraquejar). O informante B não retornou ao texto para verificar a hipótese formulada, pautando-se somente em seu conhecimento linguístico. Nesse sentido, “o aprendiz tem que decidir se vai ou não transferir elementos de uma língua para outra, podendo, de modo consciente, evitá-los ou usá-los, mesmo sabendo que são de sua LM e não da LE”84 (DURÃO, 2006, p. 132). 5.3. As estratégias de outra natureza na compreensão lexical 5.3.1. O abandono da leitura do texto No 2º texto relativo a blanco, verificamos que os alunos abandonaram a leitura quando conseguiram atribuir o significado do léxico. No exemplo a seguir, a partir dos comentários de um dos informantes da dupla A2_TW_MB, subentendemos que ler o texto como um todo nem sempre é necessário e que depende dos objetivos a serem alcançados: 83 Acabar por ceder a una presión o una tentación. el aprendiz tiene que decidir si va o no a transferir elementos de una lengua para otra, pudiendo, de modo consciente, evitarlos, o, usarlos, aun a sabiendas de que son de su LM y no de la LE. 84 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 213 Christiane Alves de Lima T: blanco... acho que é branco mesmo// cor da pele. W: cor da pele. W: esse... foi pelo contexto. T: pelo contexto. T: não foi necessário ler o texto inteiro // pra observar isso. A leitura é entendida como uma atividade de localização de informações superficiais. Como os informantes estavam focados em resolver a tarefa, não se preocuparam em realizar uma compreensão global do texto, mas sim em rastrear dados que lhes dessem condições de inferir o significado. Após a compreensão do léxico, não demonstram interesse em prosseguir na leitura, abandonando o texto. O diálogo da dupla A1_TT_MB sobre o 3º texto relativo a blanco reforça essa interpretação: TB: fósforo branco éh::... agente químico TS: fósforo branco éh::... termo nosso...agente químico... agente químico... precisa ler????? TB: ah::.. acho que não TS: éh::... a mesma coisa... isso aqui ... a gente já conhece... TB: Israel usa fósforo branco contra civiles... civis, segundo ONG... TS: agente químico... isso aqui já é conhecimento linguístico né? TB: técnico profissional linguístico... ca:::ra ((risos)) ... tem que pagar embuste do material bélico... A tentativa de abandonar o texto, observada na fala precisa ler?????, evidencia que esses leitores concebem a leitura como um processo mecânico de atribuição de sentidos. Uma vez que se alcançou o objetivo da atividade, cujo sentido de blanco foi obtido logo no início do texto, tornou-se adequado também abandoná-lo. Ao analisar o comportamento adotado por essas duplas, subentendemos que esses informantes desconhecem a possibilidade de construir o conhecimento na interação leitor-texto. Assumem um comportamento leitor passivo. Não se reconhecem como sujeitos participantes do processo de construção do conhecimento. Logo, observamos que os alunos colocam em evidência a percepção de que o papel do leitor tende a ser de apropriar-se do pensamento do autor através da decodificação do código e de reproduzir a mensagem permitida no texto. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 214 Christiane Alves de Lima Na fala éh::... a mesma coisa... isso aqui ... a gente já conhece..., o informante TS reforça a nossa percepção de que o conhecimento técnico forneceu subsídios para a construção do sentido. Da mesma forma, o informante TB, ao expressar-se, fazendo uso do jargão militar, tem que pagar embuste do material bélico, dá ênfase ao fato de ter como vantagem os conhecimentos técnicos na sua área profissional-militar. 5.3.2. O apoio na formatação tipográfica do léxico As palavras grifadas são aplicadas no corpo do texto como recurso gráfico para que sejam colocados em destaque determinada expressão linguística ou enunciados. A apresentação do título do 3º texto relativo a blanco está em negrito. O componente léxico blanco, que aparece no título, chama a atenção de um dos informantes da dupla A1_AS_INT, conforme podemos verificar no exemplo a seguir: S: é o texto... não sei se tem ordem...texto três... já tá até grifada a palavra blanco... Israel emplea fósforo blanco... ah:::... já na primeira... no título já...pelo menos... aqui... contra los civiles...OK...las quemaduras causadas por el fósforo blanco...tudo bem::... ((o informante salta a leitura e se vale da palavra grifada para ler somente aonde ela aparece)) emplea fósforo blanco... então aqui... o significado da palavra é branco no sentido químico... Esse relato revela que o aluno realizou uma leitura superficial, tentando identificar os trechos em que aparece a palavra blanco para que possa inferir o sentido. A marcação em negrito desse léxico é uma pista textual para o informante, uma vez que compreende que este grifo tende a ser uma ferramenta útil na realização da atividade proposta. Nesse caso, o processo de inferência lexical se desenvolve através da não linearidade da leitura, cujo foco da atividade está centrado na localização da expressão “fósforo blanco” e na confirmação do sentido construído pelo leitor. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 215 Christiane Alves de Lima 5.3.3. O apoio na leitura em voz alta Na interação aluno-aluno, verificamos que os alunos tendem a realizar a leitura em voz alta. Durante a leitura do 1º texto relativo a blanco, o relato da dupla A1_TT_MB indica essa tendência: TS: ((o informante começa a ler o texto em voz alta)) las embajadas, blanco de los atentados en Bagdad... acho que é alvo ou local... alguma coisa neste sentido... que tu acha? TB: ((silencio)) TS: vamos ler o texto TB: éh... as embaixadas... alvo dos atentados em Bagdá TS: como alvo... ou então... local dos atentados... principal local... alvo ((o informante TS volta a ler o texto um em voz alta. No meio da leitura, inicia uma leitura silenciosa e a interrompe, fazendo o comentário que se segue na sua próxima fala)) TS: deve ser alvo mesmo... as embaixadas alemães...da Espanha... situadas ao lado também foram el blanco de los ataques... também foram alvo né... Chama a atenção a forma como o informante TS negocia o sentido de blanco, inferindo e testando suas hipóteses a partir das pistas textuais em determinados trechos do texto. O ato de “pensar em voz alta” revela que o leitor tende a estar propenso a utilizar o processo de decodificação do léxico desconhecido durante a localização das informações presentes no texto, em que observamos o informante TS negociando que “las embajadas, blanco de los atentados en Bagdad... acho que é alvo ou local... alguma coisa neste sentido... que tu acha?” e sua dupla TB interagindo “éh... as embaixadas... alvo dos atentados em Ampliação lexical qualitativa em E/LE 216 Christiane Alves de Lima Bagdá”. Nesse sentido, de acordo com a percepção desses informantes, verbalizar em voz alta o processo mental se constitui em um recurso estratégico adequado, que possibilita a interação leitor-texto e permite o autoconhecimento das habilidades estratégicas diante daquilo que se lê. Observamos procedimento semelhante com a dupla B1_GD_MB, em que o informante G repetia oralmente as expressões traduzidas, talvez tentando encontrar na oralidade do discurso o significado do léxico: D: o uso... o emprego de::... acho que... pode ser o uso... el... el não é o::.. G: éh::... G: acho que tá mais para correção... D: mas... o:: correção???... G: não mas aí... eu tô traduzindo né? D: ahm::... G: pegando o sentido geral... D: éh::... G: seria uma... uma... um sentido de::: estética... D: aqui tá falando... lifting... lifting... é a técnica... G: éh... D: é a técnica... é o que... a correção da técnica?... G: seria correção do não sei o quê... que é um repliegue facial... ou seja... o que é uma correção facial através do lifting....utilizando o lifting.. ou o ajuste... D: pode ser... ah:::...entendi... G: é coisa estética... éh:::.. cirurgia estética... D: pode ser... porque o lifting... lifting é correção... correção... correção... G: ele vai tirar... vai pegar a ruga e vai dar uma esticadinha... vai pegar ali a olheira... vai dar uma esticadinha... vai pegar a mancha e vai sumir com a mancha... D: porque a correção ( ) é uma técnica de correção ... G: é isso?... eu acho que é... ((inicia a leitura de trecho do texto)) D: tratamentos... ((o informante inferiu esta palavra após a leitura do último parágrafo)) deixa eu ver... G: não seria melhor correção... e tratamentos para ( )... D: deixa eu ver aqui... tratamento facial... tratamento facial... que es un tratamiento facial G: éh:::.. tratamento é melhor que correção....éh::... D: tratamento... G: pode até botar os dois... porque é uma técnica de... tipo plástica... éh:::... micro... microplástica... D: só que você usa produtos químicos ( )... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 217 Christiane Alves de Lima A leitura em voz alta é uma particularidade evidenciada pelo processo leitor desses informantes que foi observada no início, no meio e no final da atividade leitora, sendo que, muitas vezes, constatamos que os alunos reliam vocalizando o texto como estratégia para confirmar suas suposições. Considerando que a aprendizagem de línguas esteve sob grande influência do comportamento mecanicista, em que a compreensão desde a expressão oral era uma preparação para a compreensão da escrita, subentendemos, portanto, que a aplicação desse recurso auxiliar se constitui também em uma tentativa de compreender a língua meta através da decodificação sonora, decompondo-a e analizando-a a partir das menores partes até as maiores (KATO, 1999). Contudo, a pronunciação sistemática em voz alta do texto lido se constitui em uma estratégia pouco rentável no processamento leitor, já que “dificulta a compreensão ao obrigar os olhos a se moverem mais devagar e a captarem menos informação visual”85 (MIÑANO LÓPEZ, 2000, p. 34), exigindo que os leitores retenham uma quantidade maior de informação na memória de curto prazo por mais tempo. 5.3.4. A construção do sentido através de hipóteses No 1º texto relativo a repliegue, constatamos que a dupla B1_GD_MB construiu um sentido que não caberia ao contexto: emprego / utilização de. Nesse caso, não existe a possibilidade de interpretar repliegue com esse sentido, uma vez que extrapola a interpretação permitida pelo texto – saída / retirada / retraimento / recuo / retrocesso: D: emprego?... G: pode ser ( ) D: ( ) emprego... ou reemprego... ((o informante G inicia a leitura em voz alta alternando entre português e espanhol)) D: é emprego?... G: éh::.. eu acho que sim... 85 dificulta la comprensión al obligar a los ojos a moverse más despacio y captar menos información visual. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 218 Christiane Alves de Lima D: embora aqui no final... eu acho...aqui também dá pra passar essa ideia de emprego... não... não... já passou... aqui... oh::.. G: ( ) emprego... D: fechou?.. G: acho que sim... D: dedução dentro do contexto. G: éh::... utilização de... justificativa... como chegaram a esta conclusão... D: sentido... G: através do contexto... em geral... e das palavras específicas... né? D: deu uma elucubradinha maior... né?... G: o que ele chama aqui do cotexto... né?.. A explicação de como os alunos alcançaram o sentido não está em consonância com o comportamento adotado. Responderam que através do contexto e do cotexto foi possível negociar o sentido. Entretanto, esses informantes demonstraram que se apoiaram no conhecimento intuitivo, quer dizer, na formulação de uma ideia sem nenhuma comprovação textual e/ou extratextual, baseada no palpite e na elucubração, principalmente, por parte de um dos alunos. Esse fato revela que os informantes não conseguem reconhecer a leitura como um processo constante de negociação de sentidos, que prevê a confirmação de hipóteses no texto lido, capaz de garantir a fluidez da compreensão leitora do leitor eficiente. Cabe mencionar que “a capacidade de reconhecimento instantâneo de palavras não explica pois a leitura fluente com compreensão” (KATO, 1999, p. 40). Dessa forma, a justificativa da estratégia do palpite / intuição não condiz com a expectativa de um leitor que consegue controlar sua leitura. A incerteza na construção do sentido demonstra a inabilidade do aluno em lidar com suas estratégias lexicais, conforme o relato da dupla B1_CB_INT: C: eu acho que... é retirada mesmo né?... B: repliegue é retirada... C: retirada... B: ah.. este é o texto 1... C: o texto 1... sentido da palavra... retirada.. B: por que a gente... C: ah::: foi palpite né?? B: palpite... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 219 Christiane Alves de Lima C: porque... sentido de repliegue eu não me lembrava o quê que era... B: através do contexto está inserido aí. Esses alunos também reproduzem como justificativa para a composição do sentido o apoio no contexto. Entretanto, são suposições infundadas, já que verbalizam que não conhecem repliegue. O processo estratégico pressupõe que o leitor tem consciência dos mecanismos que podem lhe auxiliar na compreensão, selecionando aqueles recursos que atendem a determinadas situações comunicativas e objetivos previstos. Durante a interação aluno-aluno, observamos que nenhuma dessas duplas demonstraram um controle consciente do uso das estratégias lexicais. A percepção do aprendiz iniciante sobre a transparência semântica entre o português e o espanhol permite inferências lexicais equivocadas, não dando margem para que as suposições sejam de fato confirmadas. Em geral, os alunos constroem esta falsa equivalência quando apoiam a leitura em palavras conhecidas, geralmente as cognatas, ou em palavras aprendidas e apreendidas anteriormente (GRIGOLETTO, 1995). No relato a seguir, o diálogo da dupla B1_GD_MB revela a concepção equivocada de que a apreensão do espanhol seja um processo fácil: G: ¿qué es um repliegue (lifting) facial?... correção? D: qué es a... não... G: ... un repliegue... es la reducción... de los... D: eu acho pra nós... tranquilinho... o que tá em volta... em português... ((faz referência a semelhança gráficas das línguas)) G: ih:::... éh:::... D: você tá lendo em espanhol???... tanto faz... Por considerar a aprendizagem do espanhol um processo simples, essa dupla não é capaz de estabelecer o sentido coerente das palavras em português. No relato a seguir, verificamos que o informante G traduz a expressão paso del tiempo como passo do tempo, Ampliação lexical qualitativa em E/LE 220 Christiane Alves de Lima sendo que, nesse caso, no discurso do falante brasileiro, a forma adequada seria passagem do tempo. Por desconhecimento técnico, esse aluno associou bolsas de piel com olheira, sendo que são duas coisas distintas em ambas as línguas: ter olheiras (tener orejas) e bolsa de pele (bolsa de piel). Por outro lado, inadequadamente, o informante G associa a forma quirúrgica com uma intervenção que talvez seja química e cirúrgica: G: ele fala que... essa “porra” tem a redução dos sinais::: do passo de tempo... sinais de tempo... D: passo de tempo... G: rugas... man... queda... né?... pessoa que esteja insatisfeita... que pode inclusive criar problemas de saúde... rugas... bolsas de piel... deve ser olheiras né?... D: éh... cuello... aí vem falando embaixo do rosto né? G: aparecem logo com o passar dos anos... então... tem estas coisas falando do sol... e vento.... e as mudanças de hormônio... D: o uso... o uso... o::: é uma intervenção químico cirúrgica... quirúrgica... G: quirúrgica?... D: quirúrgica... para reparar... G: para reparar... a pele... Como seus conhecimentos são insuficientes, os informantes D e G localizaram as informações textuais, formularam suas hipóteses e construíram um sentido aproximado a partir da tradução dos elementos cotextuais. Segundo Giammatteo et al (2000-2001b, p. 6), “os estudantes não estão treinados para extrair a informação que o contexto poderia oferecer-lhes e, em consequência, não fazem inferências para descobrir o significado das palavras que não conhecem ou que adquirem valores determinados em contextos especializados”86. A leitura, portanto, tende a ser percebida como uma tarefa linear de recuperação do sentido lexical. Esses informantes alternavam suas suposições conforme iam traduzindo oralmente as passagens do texto. 86 los estudiantes no están entrenados para extraer la información que el contexto podría brindarles y, en consecuencia, no hacen inferencias para descubrir el significado de las palabras que no conocen o que adquieren valores determinados en contextos especializados. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 221 Christiane Alves de Lima 5.3.5. O revezamento espontâneo/deliberado de turno O revezamento de turno discursivo, o olhar particular sobre a leitura e a influência das características pessoais, por exemplo, são potencialidades que podem interferir em uma atividade de introspecção dialogada aluno-aluno. Durante a leitura dos textos, verificamos que algumas duplas estabeleceram, espontaneamente, uma divisão de tarefas, conforme o relato da dupla A2_TW_MB: /.../ ((o informante W iniciou a leitura do texto 1 em voz alta)) /.../ T: deixa eu ler daqui. W: sí. Após a leitura de um determinado trecho do 1º texto relativo a blanco, em que o aluno W havia iniciado a leitura em voz alta, T se manifesta verbalmente “deixa eu ler daqui” e seu par concorda: “sí”. Processo semelhante ocorre na leitura desse texto pela dupla A1_TT_MB: TS: vamos lá. quer dar uma lida??? TB: não... fica a vontade Observamos TS incentivando o seu par TB a dar início a atividade de leitura “vamos lá! quer dar uma lida????”, que demonstra resistência em promover a interação dialógica com o outro: “não... fica a vontade”. Além disso, percebemos que, na maioria das vezes, houve determinado controle da atividade por parte de um dos elementos das duplas, conforme observamos nos dois relatos abaixo: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 222 Christiane Alves de Lima S: você concorda com a justificativa por causa do contexto das palavras que estão ao lado? A: concordo... S: éh:: no cotexto... TS: fechou alvo?? TB: fechou. TS: sentido da palavra... No relato a seguir, observamos que, na interação da dupla B1_CB_INT nesse 2º texto, os informantes dividem e alternam espontaneamente o encaminhamento da leitura. A divisão natural pode definir quem lerá partes ou todo o texto, quem irá preencher as respostas, quem, inconscientemente, irá colaborar mais com os conhecimentos previamente adquiridos para a interpretação lexical ou como irão estabelecer um consenso de opinião: C: tu lê agora??? B: los mercados operan estables ante el repliegue del dólar... las bolsas europeas registran mínimas variaciones respecto al cierre de ayer, cerca de sus máximos niveles en 18 meses... las acciones de las firmas mineras... C: queda né???.. que provoca aqui que o sentido parece que é de queda... B: éh...queda... las bolsas europeas subían en las primeras operaciones del martes y se acercaban a un máximo de 18 meses tras los avances producidos en wall street y tokio, apuntaladas por la firmeza de las mineras... por um repliegue del dólar que favorecia al oro y a otros metales...el índice ftse urofirst 300 subía un 0,31 por ciento a 1,082,56 puntos luego de haber ganado un 0,2 por ciento en la sesión previa... el índice de referencia europeo ha subido un 68 por ciento desde el mínimo histórico registrado el 9 de marzo del 2009. las acciones de las mineras subían pues un dólar más débil impulsaba el precio del oro y de otros metales...anglo american, bhp billiton, río tinto y xstrata ganaban entre un 0,7 y un 1,8 por ciento... el banco suizo ubs sumaba un 4 por ciento por informaciones sobre un ingreso de 2.300 millones de dólares en su división de renta fija en el primer trimestre. C: eu acho que... é isso mesmo... queda... baixa.. B: baixa.... queda do dólar.... C: fechou então... o texto 2.... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 223 Christiane Alves de Lima Nesses relatos, observamos que um dos informantes tendeu a dominar o encaminhamento da atividade. O outro par assumiu a função de relator das respostas do protocolo verbal. Cabe mencionar que, em uma interação aluno-aluno, as atitudes e as opiniões dos interlocutores vão sendo equacionadas através da construção e da negociação de ideias, em que se tenta buscar um discurso compartilhado a fim de solucionar algo objeto de debate. 5.3.6. Os conhecimentos linguísticos em outras línguas O conhecimento linguístico de outras línguas tende a contribuir no processo inferencial na medida em que o aluno é capaz estabelecer relações de semelhanças e diferenças lexicais ou gramaticais. Na interação da dupla B1_GD_MB, os alunos recuperam informações gramaticais que fazem parte do seu conhecimento linguístico da língua inglesa: G: não sei se isso tem a ver com inglês... né?... D: éh.. G: o inglês inverte... coloca o... a palavra numa ordem diferente da nossa... D: éh... G: o que que acontece... o::: exercito etíope... D: atacou... G: fez a “porra” de um avanço... e atacou...aí... pra se defender... fizeram uma tática defensiva... D: fizeram uma tática defensiva... G: acho que enfim... éh... defensiva... né? D: isso... G: mesma coisa... ((silêncio)) G: o espanhol é mais fácil de ler as “paradas” pelo contexto do que o inglês... D: éh... não é mesmo não... G: o inglês tem umas palavras sutil... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 224 Christiane Alves de Lima Nesse caso, quando reflexionam sobre seus conhecimentos linguísticos com relação à ordem sequencial das estruturas em língua inglesa (verbo + complemento + sujeito), esses alunos estão comparando com a regularidade sequencial das expressões em espanhol (sujeito + verbo + complemento). Eles inferem que a transparência lexical e a proximidade linguística com o português tende a favorecer mais a compreensão leitora no espanhol do que no inglês. 5.3.7. A contribuição do aprendiz não iniciante Conforme observamos nas gravações, os informantes, aprendizes não iniciantes, se constituem em fonte de consulta daqueles que nunca tiveram contato com a língua meta. Na dupla B1_CB_INT, o aluno C indaga a seu par B o significado do léxico tajante. Automaticamente, este indivíduo oraliza em voz alta a palavra, medita por alguns instantes e, por fim, traduz ao português: C: ((realizando a leitura em voz alta)) que no los va a dejar solo... que cuentan con el apoyo del presidente y del gobierno federal... contra pelo... de lo dicho....por las autoridades estatales de chihuahua... B: chihuahua.. ((corrigindo a pronúncia do companheiro)) C: chihuahua mesmo::: cara??? ... calderón rechazó tajante...que tajante será???..... B: tajante.... ((silêncio))… repudia com firmeza… 5.3.8. A ativação de esquemas mentais O diálogo da dupla B1_GD_MB, durante a leitura do 2º texto relativo a repliegue, evidencia a tentativa de construção do sentido ao ativar seus esquemas lexicais: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 225 Christiane Alves de Lima ((os informantes fazem a leitura, em espanhol, em voz alta, do título do texto)) G: queda... D: queda do dólar... ((risos)) desvalorização do dólar... ((os informantes iniciam a leitura em voz alta alternando entre o português e espanhol)) D: queda... desvalorização... G: né? D: éh... G: queda... D: desvalorização... é a mesma ideia... G: éh.. No processamento do texto, o leitor formula algumas possibilidades lexicais, que costumam ser testadas, eliminadas, incluídas ou recuperadas, a fim de encontrar em seu lexicón mental o léxico que semanticamente mais se aproxima ao contexto da palavra. E, é na interação aluno-aluno que os ajustes lexicais tendem a ser equacionados em uma ação cooperativa, em que as duplas colaboram com suas contribuições pessoais na tentativa de estabelecer uma opinião mútua. No relato a seguir, verificamos que o informante C da dupla B2_CM_INT sugere o sentido de baixa para repliegue nesse 2º texto. Por outro lado, o informante M reestrutura o sentido da palavra e sugere recuo. E, por fim, esses informantes entraram em um consenso de que as duas formas – recuo e baixa – são compatíveis com o contexto: C: ((o informante lê em voz alta o texto dois alternando a leitura em português e espanhol)) repliegue pode ser baixa... M: recuo... recuo do dólar... C: éh... serve recuo ou baixa... M: uhm...uhm C: ((o informante volta a ler o texto em voz)) retirada quer dizer... dentro do contexto novamente entendeu?... éh a mesma coisa do contexto do artigo entendeu?... queda....éh:: retraimento... isso aí mesmo... ela diminui de valor... dimimuição de valor... No fragmento anterior, como o informante C é aprendiz iniciante, ele tenta recuperar o sentido dicionarizado de repliegue, testando hipóteses que não são passíveis de Ampliação lexical qualitativa em E/LE 226 Christiane Alves de Lima serem confirmadas por causa desse contexto em que se construiu o sentido dessa palavra. A expectativa do aluno C de tentar inferir o sentido de retirada ou de retraimento sugere a percepção do léxico como algo estável, que, na prática, para o aprendiz de línguas, possa ser recuperado sem ser reconstruído semanticamente em contextos diferentes. Nesse sentido, subentendemos que houve uma tentativa de recuperar uma memória de ensino e aprendizagem pautada na perspectiva da abordagem gramática / tradução, em que se preconizava a identificação do sentido dicionarizado e fixo das palavras. Da mesma forma, os alunos da dupla B2_CM_INT tentaram encontrar formas lexicais que fossem compatíveis com o sentido que haviam apreendido na leitura do 4º texto relativo a repliegue, mas que não conseguiam reconhecer um léxico específico em português: C: redução né?... não é retirada... é uma redução... M: é uma redução... mas vai retirar:: vai tirar os sinais do tempo... reduzindo... né? você vai tirando aquelas marcas... C: não::: aqui no caso o repliegue seria uma::... técnica... entendeu?... seria uma técnica......facial... éh... isso que seria... entendeu?... uma técnica... o lifting é uma técnica... então... aí seria uma técnica também... tanto é que ele fala aqui... el repliegue es una intervención quirúrgica... ou seja... a técnica é uma intervenção cirúrgica... entendeu?... seria::: uma técnica de retirada de:: redução de sinais... uma técnica de redução de sinais... ou uma técnica pô... o lifting... você sabe o significado de lifting...éh... liter...literal da letra em inglês?.. M: não::... Ao testarem suas hipóteses, os informantes foram negociando os significados, eliminando possibilidades a partir do encaminhamento da leitura. O conhecimento de mundo e as pistas textuais vão delineando as escolhas do leitor, minimizando a deficiência do conhecimento específico. Nesse caso, o processamento do texto segue um ritmo mais lento, exigindo dos informantes alternativas estratégicas que compensem o desconhecimento do assunto: C: então... tipo assim... tô te falando... a gente teria que fazer... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 227 Christiane Alves de Lima M: repliegue é uma coisa ... e o repliegue facial é uma técnica... C: é uma técnica... entendeu?... por isso que tô te falando... pra gente falar o significado mesmo... M: mas essa técnica com o sentido de uma retirada... de uma::....de uma remoção... C: de uma redução... éh uma redução de::: de::: sinal... entendeu?... uma remoção... M: mas seria uma remoção... C: é uma remoção... M: coloco que o sentido dela é remoção... aí... a gente coloca aqui... no contexto... ela é uma... C: não tu pode colocar técnica de remoção... tu bota aqui... substituindo... una remoción es la reducción... entendeu?... M: é uma técnica de remoção... C: é uma técnica de remoção...entendeu?... um pouquinho mais amplo... peraí... de redução... não...de tempo na face... no rosto.. é pode ser sinal de velhice éh...no rosto... na face... No relato anterior, esses informantes conseguiram deduzir que repliegue é algo concreto, que se refere a um procedimento estético, que não tem relação semântica com a estratégia militar de recuo, saída ou retraimento, mas sim remoção ou redução de algo na pele humana. Subentendemos, portanto, que a dificuldade em estabelecer o sentido adequado pode retardar a solução da atividade, principalmente, quando o aprendiz coloca em evidência a decodificação do código escrito, processo pelo qual o leitor torna-se “vagaroso e pouco fluente e tem dificuldade de sintetizar as ideias do texto por não saber distinguir o que é mais importante do que é meramente ilustrativo ou redundante” (KATO, 1999, p.51). 5.3.9. A interação com outras duplas A dupla B2_CM_INT, apesar de ter conseguido construir um sentido aproximado, interagiu com outra dupla que estava mais próxima e que já tinha concluído a leitura do 3º texto relativa a repliegue. O objetivo era descobrir a resposta dada pelos companheiros. Nesse caso, a resposta copiada foi saída das forças. Certamente, a intenção dos informantes era acelerar a realização da tarefa, ultrapassando ou eliminando algumas etapas como a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 228 Christiane Alves de Lima obrigatoriedade da leitura do texto, a inferência lexical, a confirmação e refutação de hipóteses, a harmonia de opiniões e a construção de um sentido compartilhado. C: ... saída das forças... de retirada... saída das forças... ((o informante fala com seu par logo após interagir com a dupla mais próxima que já estava fazendo a atividade do 3º texto)) /.../ ((a dupla B2_CM_INT recebe o 3º texto)) C: ((o informante lê em voz alta o 3º texto alternando a leitura em português e espanhol)) os islâmicos somalis iniciaram ayer após um... uma::: retirada tática ante o avanço da ofensiva da Etiópia, que cifra ya ... parte de estratégico essa retirada tática militar... conceito militar... M: militar...né? C: retirada... conceito militar... ou uma manobra militar... M: no contexto do artigo C: no contexto do artigo... da palavra... retirada... éh uma saída... uma manobra... éh como uma manobra militar .... /.../ um conceito militar... Essa dupla demonstrou que reconheceu o significado do léxico recontextualizado, identificando o emprego da terminologia militar. A resposta dos companheiros não foi copiada para o protocolo verbal e tampouco a observamos no relato anterior. Cremos que a insegurança com a construção do sentido aproximado possibilita que o aprendiz esteja propenso a recorrer a outros recursos estratégicos como a consulta ao professor, aos companheiros, ao dicionário, evidenciando uma dependência destes para que haja a confirmação de suposições formuladas. 5.3.10. A recuperação do sentido construído em outros contextos A dupla B1_GD_MB inferiu o sentido de emprego / defensiva para o componente léxico repliegue no 3º texto. A ideia de emprego já havia sido atribuída por esses alunos na leitura do 1º texto. Isto significa que a dupla tentou recuperar o mesmo sentido em outro Ampliação lexical qualitativa em E/LE 229 Christiane Alves de Lima contexto, sendo que tanto no primeiro como no segundo texto essa interpretação não atende as expectativas da compreensão leitora. Em tese, os alunos não levaram em consideração que cada texto impõe uma releitura do léxico, embora possa ser estabelecida uma correspondência interpretativa entre textos diferentes: D: ok... esse é grande... ((o informante faz alusão ao tamanho do 3º texto)) G: esse já não tá no título ((o informante faz alusão à identificação da palavra repliegue))... esse é mais difícil... ((risos)) D: não!!! tá aqui oh:::...islámicos inician un emprego táctico... um avanço do exército etíope... G: ((começa a leitura em voz alta, saltando trechos do texto)) não sei se é emprego não::... D: pode ser... éh:::... G: ((continua a leitura em voz alta, saltando trechos do texto)) ante o avanço.... Como esses informantes são aprendizes iniciantes, estão sujeitos a apoiarem-se em pistas superficiais do texto. Os textos anteriores apresentaram a palavra repliegue em seu título. Sua rápida localização motiva o aprendiz a tentar inferir o sentido antes mesmo de realizar a leitura completa do texto. Os alunos entendem que a resposta talvez possa ser alcançada na identificação das informações explícitas, limitando-se a estabelecer interpretações que pareçam pertinentes do seu ponto de vista enquanto leitor e não das possibilidades que se constroem da interação leitor(es)-texto. D: ante o avanço... pois aqui tá avançando... pode ser defesa... G: ((continua a leitura em voz alta, saltando trechos do texto)) /.../ G: aqui tá explicando... D: éh... foi... já estou aqui embaixo... oh::... D: éh... G: éh... D: só aqui nesse...( ) uma defesa tática... uma.... defensiva... defesa... G: para uma tática defensiva D: tática... Ampliação lexical qualitativa em E/LE 230 Christiane Alves de Lima No relato abaixo da dupla B2_CM_INT, durtante a leitura do 4º texto relativo a repliegue, observamos que o informante C recupera como hipótese o sentido de retirada, tentando compreender o texto a partir do significado já conhecido e construído em textos anteriores. Embora perceba que a negociação desse significado nesse contexto se revele inadequada: C: caraca:: repliegue facial... M: não::…lifting... C: não sim:::... mas qual seria a retirada... M: um...repliegue... uma limpeza de pele... repliegue... facial... C: não sim:::... seria uma limpeza facial … Este fato nos indica que esse aluno tende a perceber o texto como um aglomerado de palavras e que o processamento da leitura prevê a tradução dicionarizada de cada léxico para que seja alcançada a compreensão total. Por outro lado, o informante M, em um primeiro instante, talvez levando em consideração o título e a imagem que acompanha o texto, estabeleceu a ideia de limpeza facial, buscando uma equivalência com repliegue facial, pois pode ter recuperado em seu esquema mental alguma informação armazenada que fosse relativa a esse tipo de tratamento estético. A visão lateral da pele do rosto de uma mulher e a posição das mãos de uma segunda pessoa, em destaque, poderiam ser interpretadas como a preparação para uma limpeza de pele pelo leitor. Ao prosseguirem com a leitura, esses informantes reformulam suas hipóteses a partir de novas informações contidas no texto: M: uma redução dos sinais com o passar do tempo... das.. das rugas... C: não sei::... mas eu digo... mas eu digo... literalmente entendeu??... o significado literal...seria o que?... porque tá dizendo lifting...entendeu?... o significado em inglês... que seria em inglês... M: ahm... ahm... C: mas:::... ( ) a gente não sabe.. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 231 Christiane Alves de Lima M: a retirada dos sinais do::: passar do tempo... Observamos que a perspectiva da tradução literal evidenciada no discurso desses informantes é latente. Sem invalidar a relevância desse recurso estratégico no ensino de línguas, ressaltamos a preocupação dos alunos com o estabelecimento do sentido exato do componente léxico no texto, em que levaram em consideração a possibilidade de deduzir o significado em português a partir dos conhecimentos adquiridos anteriormente em língua inglesa. 5.4. A composição dos sentidos do léxico contextualizado Alguns motivos nos levaram a aplicar um segundo texto aos informantes. Durante a análise das gravações e em nossas observações do comportamento adotado na interação aluno-aluno, verificamos que os informantes tenderam a perceber a leitura em espanhol como uma atividade fácil, mesmo nos casos em que não puderam ativar o conhecimento prévio de forma adequada. Observamos que se apoiaram, principalmente, no contexto e no contexto como justificativas para a negociação do sentido. No entanto, não foram capazes de fundamentar de forma coesa e coerente suas respostas a partir das pistas textuais. Reconheceram que em quase todos os textos o conhecimento técnico-militar favoreceu a sua compreensão leitora, dando-lhes condições de inferir o sentido assumido pelo componente léxico em cada contexto. Contudo, tenderam a validar a estratégia de tradução direta e a identificação do sentido dicionarizado. Demonstraram que estavam mais propensos a uma leitura de localização de conteúdo do que uma leitura de construção do conhecimento. E, além disso, na interação, os informantes deram indícios, em particular nos momentos de tomada de decisão, de que a opção por uma resposta conveniente ou unipessoal era a atitude mais recorrente. Subentendemos que a falta de informação sobre o assunto, as características Ampliação lexical qualitativa em E/LE 232 Christiane Alves de Lima pessoais, o nível de conhecimento linguístico ou talvez o apressamento em concluir a atividade poderiam justificar esse comportamento nas duplas. Dessa forma, decidimos preparar uma atividade de compreensão leitora, realizada individualmente, em que teríamos outra oportunidade de observar o comportamento leitor do aluno e seu processo de composição de sentidos. Selecionamos um texto relativamente curto (anexo N) extraído da internet, já que não queríamos que ocorresse o desestímulo com a leitura. Optamos por formular perguntas que não fossem de localização, mas que exigissem o acionamento do conhecimento armazenado em esquemas mentais. Tampouco evitamos elaborar perguntas extensas, que permitissem interpretações ambíguas. A leitura desse texto foi considerada difícil, conforme relataram informalmente os alunos. Se considerarmos que estes sujeitos, nas leituras dos textos anteriores, haviam evidenciado o aspecto positivo do reconhecimento das palavras conhecidas, observaremos mais adiante que, nessa atividade, a decodificação do léxico não favoreceu a compreensão adequada do texto. Isto porque a construção do conhecimento desse texto depende da integração de informações implícitas para que o leitor possa processar a leitura. Nesse caso, analisaremos as respostas apresentadas, considerando as informações prévias sobre cada informante das duplas. Levamos em consideração também que nessa atividade o leitor não teve a contribuição do seu parceiro na negociação do sentido e que demandou esforços próprios para processar a leitura. Todas as respostas deveriam ser dadas em português. Assim, era possível verificar se os informantes conseguiriam atribuir o sentido assumido pelo componente léxico hostigamiento. Considerando as informações prévias sobre os indivíduos da dupla A1_AS_INT, o informante A teve como idioma curricular o espanhol na escola de formação, trabalhou em lugares próximos à fronteira e deu continuidade ao estudo do espanhol, já que este conhecimento linguístico facilitou sua interação comunicativa no campo profissional e Ampliação lexical qualitativa em E/LE 233 Christiane Alves de Lima pessoal. O informante S teve como idioma curricular o estudo do inglês. Entretanto, interagiu por um tempo com falantes de espanhol, já que teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante A, na 1ª pergunta, respondeu que a ONG “Liberar” havia denunciado os funcionários da polícia chilena de racismo. Ao lado dessa resposta, o informante acrescentou ainda, entre parênteses, a expressão em espanhol acoso sicológico (assédio psicológico). A expectativa de resposta não prevê esse sentido e tampouco o contexto possibilita essa interpretação lexical. Esse leitor nos revela que obteve a compreensão global do texto quando fez menção à expressão assédio psicológico. Contudo, não foi capaz de atribuir em português o sentido assumido pelo léxico hostigamiento. Na 2ª pergunta, esse aluno respondeu afirmativamente, embora sua justificativa tenha sido evasiva quando disse que “é o primeiro passo para se tentar juridicamente alguma coisa”. Reestruturou, portanto, a resposta, formulando uma compreensão generalizada do assunto a fim de evitar a menção as palavras perseguição e assédio em seu discurso. Na 3ª pergunta, o aluno repetiu o comportamento evasivo adotado na questão anterior, justificando afirmativamente que “tendo o apoio da justiça, certamente esses interrogatórios em escolas seriam diminuídos”. E, na 4ª pergunta, respondeu que atribui o sentido de castigados / maltrato, inferindo essas palavras pela interpretação da expressão por el daño que esto provoca en la integridad de los menores no primeiro parágrafo. O informante S, na 1ª pergunta, respondeu que “as forças policiais estavam detendo menores de idade para obter informações sobre outras pessoas que estariam envolvidas no chamado conflito mapuche”. Esse aluno não foi capaz de atribuir o sentido assumido no contexto, já que observamos que fugiu do cerne da questão: assédio psicológico. Sua estratégia foi traduzir ao português a primeira frase do 3º parágrafo, utilizando-a como resposta dessa pergunta. Na 2ª pergunta, concordou que a interposição minimizaria a situação, Ampliação lexical qualitativa em E/LE 234 Christiane Alves de Lima já que “se admitido pela corte, as crianças deixarão de ser molestadas”. A expressão molestar alguém está no mesmo campo semântico de assediar / perseguir alguém. Dessa forma, esse leitor nos revela que conseguiu alcançar a ideia geral do texto. Na 3ª pergunta, respondeu afirmativamente, elencando, entre as justificativas previstas, que “caso as crianças deixem de ser interrogadas não haveria mais paralisações nas aulas das escolas”. E, na 4ª pergunta, atribuiu o sentido de molestamento, respaldando-se na interpretação do primeiro parágrafo. O aluno revelou que conseguiu inferir o significado adequadamente. Considerando as informações prévias sobre os indivíduos da dupla A2_AF_INT, o informante F teve como idioma curricular o espanhol, trabalhou em lugares próximos à fronteira e, após a formação superior, deu início a seus estudos na língua inglesa. O informante A teve como idioma curricular o estudo do inglês. Entretanto, após a formação superior, dedicou ao estudo formal de espanhol. E, teve a oportunidade de trabalhar em lugares próximos à fronteira. O informante A, na 1ª pergunta, respondeu que a denúncia havia sido por causa da “detenção de menores para prestar informações sobre pessoas envolvidas no conflito mapuche”. Esse aluno não conseguiu atribuir o sentido da palavra considerada. Contudo, verificamos que foi capaz de entender o assunto abordado de forma global. Na 2ª pergunta, respondeu afirmativamente e justificou que o recurso “evita que crianças sejam detidas para prestar esclarecimentos sobre o conflito”. Na 3ª pergunta, discordou da pergunta e justificou que “apenas evita a detenção de crianças”. E, na 4ª pergunta, o informante respondeu detenção irregular de pessoas, justificando o sentido a partir do contexto de forma generalizada. O informante F, na 1ª pergunta, respondeu que foi denunciado que “menores de idade estão sendo questionados sobre pessoas envolvidas no conflito mapuche”. A ausência do componente léxico na resposta dada indica que esse aluno não conseguiu atribuir a expressão Ampliação lexical qualitativa em E/LE 235 Christiane Alves de Lima prevista para o texto. Na 2ª pergunta, evidenciando a compreensão equivocada, o aluno respondeu negativamente, justificando que “os menores deveriam colaborar com as investigações com a finalidade de proteger outras crianças”. Ou seja, sua resposta não apresenta uma coerência com o conteúdo do texto. Na 3ª pergunta, respondeu afirmativamente, embora sua justificativa tenha sido incoerente com as informações textuais: “os mapuches estão constantemente sob suspeita das forças policiais”. E, na 4ª pergunta, o informante interpretou hostigamiento como constrangimento, justificando pelo contexto geral do texto. A expressão constrangimento, entendida como coação, estaria no mesmo campo semântico de assediar. Apesar de evidenciar falhas em sua compreensão, esse aluno foi capaz de atender a expectativa de resposta do sentido assumido. Conforme as informações prévias sobre os indivíduos da dupla B1_CB_INT, o informante C teve como idioma curricular o estudo do espanhol e teve a oportunidade de trabalhar em lugares próximos à fronteira. O informante B teve como idioma curricular o estudo do espanhol, contudo não teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante C, na 1ª pergunta, respondeu que a denúncia foi contra a tortura psicológica. Essa resposta revela que o informante conseguiu apreender a ideia veiculada pelo léxico. Entretanto, atribuiu um sentido correlato, demonstrando que compreendeu o contexto geral, mas que não foi capaz de encontrar a expressão exata. Na 2ª pergunta, concordou com a pergunta, afirmando que “os menores deixariam de ser pressionados psicologicamente pelas autoridades policiais”. Já, na 3ª pergunta, justificou afirmando que “de acordo com o posicionamento da justiça, os menores deixariam de ser importunados”. E, na 4ª pergunta, esse aluno nos deu evidências de que não conseguiu reconhecer em português a palavra que expresse esse sentido, já que atribuiu a expressão interrogatório. O informante B, na 1ª pergunta, respondeu que a denúncia havia sido “um recurso de proteção em favor dos menores mapuches”. Essa resposta indica que o aluno compreendeu a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 236 Christiane Alves de Lima leitura, já que a acusação era de assédio e o recurso judicial era para proteger as crianças de perseguição. Na 2ª pergunta, o informante negou a pergunta, justificando que “somente se o recurso for aceito pelo Ministério Público, é que será realizada a proteção aos menores”. Na 3ª pergunta, respondeu afirmativamente, alegando que, “a partir da recepção da causa pela corte, espera-se que não continuem os danos à integridade dos menores”. E, na 4ª pergunta, atribuiu o sentido de fustigamento, constrangimento, justificando a proximidade com a palavra em português e o contexto em que está inserida. Esse aluno foi capaz de realizar a compreensão geral e específica do texto. Mesmo não fazendo referência à palavra assédio / perseguição, demonstrou que entendeu o sentido assumido e conseguiu encontrar o léxico em português que expressasse a ideia principal. Na dupla B2_CM_INT, o informante C teve como idioma curricular o estudo do inglês e teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante M teve como idioma curricular o estudo do inglês, mas deu início ao estudo do espanhol após a formação superior. Além disso, também trabalhou próximo à fronteira. O informante C, na 1ª pergunta, respondeu que a denúncia foi de maus tratos. Esse indivíduo, como os anteriores, demonstrou que compreendeu o texto como um todo. Contudo, a compreensão específica ficou prejudicada, já que não conseguiu especificar o tipo de comportamento adotado pela polícia chilena. Na 2ª pergunta, concordou com a pergunta, justificando que “o recurso ajuda a inibir tal ação contra os menores mapuches”. Ao generalizar o tipo de ação, sem especificar, esse aluno formulou uma resposta evasiva, reafirmando que houve falhas na compreensão do texto. Na 3ª pergunta, o aluno concordou com a pergunta, respondendo que “os menores poderiam retornar às escolas sem nenhum tipo de dano psicológico”. E, na 4ª pergunta, atribuiu o sentido de maus tratos, justificando que a negociação do sentido se deu pela compreensão do texto. Isto significa que a sua Ampliação lexical qualitativa em E/LE 237 Christiane Alves de Lima compreensão foi incompleta, pois formulou a hipótese de maus tratos, desconsiderando que no texto as pistas textuais podem refutar determinadas suposições. O informante M, na 1ª pergunta, respondeu que “os jovens mapuches estavam sendo torturados por funcionários da PDI e policiais”. O aluno demonstrou que compreendeu o texto de forma generalizada. Contudo, como outros informantes, ele não conseguiu apreender o sentido específico da palavra. Na 2ª pergunta, concordou com a pergunta, justificando evasivamente que a ação judicial “protege de mais uma ação violenta contra este povo”. Na 3ª pergunta, respondeu afirmando que “ao não acatar o recurso, a justiça demonstrará não estar preocupada com a integridade da população indígena”. Nessas duas últimas respostas, o aluno esquivou-se em seu discurso de mencionar a expressão relativa ao léxico em questão. Como não foi possível reconhecer a palavra em português, formulou uma resposta imprecisa. E, na 4ª pergunta, ele atribuiu o sentido de tortura, já que associou essa palavra com “a integridade dos jovens”, que, segundo o aluno, deveria ser preservada. Na dupla A1_TT_MB, o informante TS teve como idioma curricular o estudo do inglês e não trabalhou próximo à fronteira. O informante TT teve como idioma curricular o estudo do inglês e, após a formação, deu continuidade à aprendizagem dessa língua. Não teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante TS, na 1ª pergunta, respondeu que era uma acusação de “interrogatório a menores de idade”. O aluno demonstrou que compreendeu o contexto geral, mas houve falhas na compreensão específica. Na 2ª pergunta, respondeu afirmativamente, justificando que “os menores não seriam expostos sem que houvesse sanções aos responsáveis”. Com essa resposta, subentendemos que a insuficiência do conhecimento linguístico interferiu no processo de inferência lexical, já que houve fuga da recuperação do léxico considerado na formulação da justificativa. Na 3ª pergunta, o aluno respondeu negativamente, justificando que “a rotina permaneceria a mesma o que mudaria é que os menores não seriam mais Ampliação lexical qualitativa em E/LE 238 Christiane Alves de Lima abordados”. E, na 4ª pergunta, respondeu que atribuiu o sentido de interrogatório, apoiandose na interpretação das informações contidas no terceiro parágrafo. O informante TB, na 1ª pergunta, respondeu que foi “acusação de hostilização a menores de idade de Mapuche”. Verificamos que a expressão hostilizar não atende as expectativas da leitura nesse contexto, pois as marcas textuais não permitem que se infira a interpretação de alguém que demonstra ou exprime rejeição como o sentido para hostigamiento. Na 2ª pergunta, o aluno concordou com a pergunta, afirmando que “tende a minimizar as hostilidades dos funcionários da PDI e das forças policiais do local”. O aluno nos revela que, de fato, interpretou o léxico considerado como hostilização. Na 3ª pergunta, esse informante respondeu afirmativamente, justificando que “tende a trazer mudanças no aspecto psicológico dos mapuches junto à população”. E, na 4ª pergunta, respondeu que atribuiu o sentido hostilizado, justificando a interpretação do último parágrafo. Na dupla A2_TW_MB, o informante T teve como idioma curricular o estudo do inglês, deu início, após a formação superior, aos estudos do espanhol e teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante W teve como idioma curricular o estudo do inglês, deu início, após a formação, ao estudo do francês e do espanhol e teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante T, na 1ª pergunta, respondeu que a acusação havia sido que “a população infantil mapuche estava sendo detida por policiais a fim de ser questionada sobre o conflito mapuche”. Essa resposta nos indica que houve falhas na compreensão geral do texto, já que as crianças indígenas estavam sendo interrogadas sobre pessoas clandestinas ou que tivessem com ordem de prisão decretada. Na 2ª pergunta, respondeu que sim, justificando que “o objetivo é evitar que continue o terror psicológico sobre estes jovens”. Essa resposta genérica nos dá indícios de que esse leitor não foi capaz de inferir um léxico que abarcasse a ideia principal de hostigamiento. Na 3ª pergunta, respondeu negativamente, alegando que Ampliação lexical qualitativa em E/LE 239 Christiane Alves de Lima “estão sendo realizadas perguntas para jovens em escolas”. Reitera-se nossa percepção de que o aluno não conseguiu integrar seus conhecimentos prévios de forma adequada na negociação do sentido assumido no contexto. E, na 4ª pergunta, respondeu que atribuiu o sentido constrangimento, justificando que “essa atitude de interrogar menores pode causar danos à integridade dos menores”. O informante W, na 1ª pergunta, respondeu que “eles estão sendo, a princípio, interrogados por funcionários dos órgãos de segurança pública local”. Essa resposta nos indica que a interpretação do léxico não atende as expectativas do contexto, pois foi formulada a ação de interrogar. Na 2ª pergunta, o aluno respondeu que “essa é a expectativa da advogada do organismo”, indicando uma resposta evasiva que não possibilita reconhecer se o leitor foi capaz de compreender o texto. Na 3ª pergunta, respondeu que sim, justificando que “caso seja aceito, as crianças não seriam questionadas sobre a causa, em especial, na escola”. A resposta abrangente indica que o processamento do texto apresentou falhas na compreensão geral. E, na 4ª pergunta, respondeu que atribuiu o sentido inquiridos / interrogados, justificando que pela compreensão do texto “os garotos eram questionados com relação à situação de indivíduos de sua etnia”. A compreensão leitora desse informante nos revela que não entendeu pontos específicos do texto, apreendendo somente algumas partes da leitura que não lhe deram condições de inferir o sentido pertinente. Na dupla B1_GD_MB, o informante G teve como idioma curricular o estudo do inglês, deu continuidade a aprendizagem dessa língua após a formação superior e teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante D teve como idioma curricular o estudo do inglês e não teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante G, na 1ª pergunta, respondeu que a denúncia havia sido “contra a utilização de depoimento dos menores de idade acerca dos envolvidos no conflito mapuche”. O aluno demonstrou ter alcançado a compreensão geral do texto. Contudo, não fez uso do Ampliação lexical qualitativa em E/LE 240 Christiane Alves de Lima léxico considerado em sua resposta. Na 2ª pergunta, respondeu que sim, justificando que “preserva os menores de danos possíveis psicológicos e morais”. Na 3ª pergunta, respondeu que sim, alegando que “evitaria o assédio aos menores em busca de informações, dando-lhes mais tranquilidade”. E, na 4ª pergunta, reiterando a nossa percepção de compreensão do léxico no contexto, respondeu que atribuiu o sentido assédio, já que “os menores eram procurados a fim de passarem informações”. O informante D, na 1ª pergunta, respondeu que a acusação era de danos a integridade dos menores. A resposta abrangente não indica se o aluno foi capaz de reconhecer o tipo de dano provocado pelos funcionários da PDI. Na 2ª pergunta, respondeu afirmativamente, justificando que “não seriam mais castigados pelos funcionários da PDI”. A menção ao castigo nos indica que o aluno inferiu um sentido que não pode ser confirmado pelas informações textuais. Na 3ª pergunta, respondeu que não, relatando que “não foi aliviada a liberdade das pessoas”, indicando uma resposta evasiva que não permite identificar se houve compreensão do texto. E, na 4ª pergunta, respondeu que atribuiu o sentido castigo, evidenciando que a compreensão lexical foi inadequada, já que chegou a essa resposta pelo palpite conforme relatou na pesquisa. Na dupla B2_JS_MB, o informante J teve como idioma curricular o estudo do inglês, deu início, após a formação superior, ao estudo do espanhol e não teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante S teve como idioma curricular o estudo do inglês, deu início, após a formação superior, ao estudo do espanhol e do alemão e não teve a oportunidade de trabalhar próximo à fronteira. O informante J, na 1ª pergunta, respondeu que a denúncia foi “a detenção de menores para investigar o envolvimento de pessoas no conflito mapuche”. Essa resposta demonstra que a compreensão global foi alcançada, entretanto, o fato de evitar a referência à palavra considerada indica que o leitor não conseguiu negociar um sentido adequado. Na 2ª pergunta, Ampliação lexical qualitativa em E/LE 241 Christiane Alves de Lima o aluno respondeu que sim, justificando que “protege os menores do envolvimento na situação em pauta”. Observamos que a resposta abrangente nos revela que o processamento da leitura apresentou falhas de entendimento em partes do texto. Na 3ª pergunta, respondeu afirmativamente, alegando que “influencia na rotina dos envolvidos”. O leitor respondeu evasivamente, construindo a resposta com informações contidas na própria pergunta. E, na 4ª pergunta, respondeu que atribuiu o sentido interrogatório, justificando que chegou a esse entendimento porque refere-se ao “depoimento dado por menores mapuches a policia local”. O informante D, na 1ª pergunta, respondeu que “funcionários do PDI e policiais estariam torturando menores para obter depoimentos”. A resposta nos revela que o aluno tende a inferir o léxico com o sentido de tortura. Na 2ª pergunta, respondeu negativamente, alegando que “o tratamento da população e das autoridades não será modificado por uma decisão judicial”. Esse leitor evitou referir-se ao léxico, sugerindo-nos que as suposições formuladas possam ter sido construídas sem a confirmação textual. Na 3ª pergunta, respondeu que não, justificando que “os abusos das autoridades policiais continuarão”. E, na 4ª pergunta, respondeu que atribuiu o sentido tortura, alegando que foi através do contexto da frase que conseguiu construir essa interpretação lexical. Em linhas gerais, nossa percepção de que o processamento leitor desse texto não seria considerado como uma atividade fácil pelos informantes se confirmou com as declarações informais dadas à pesquisadora. Esses alunos demandaram um tempo maior na resolução da atividade proposta. Talvez isto se deva ao desconhecimento de fatos culturais implícitos no texto, contribuindo para o acionamento de estratégias lexicais alternativas que compensassem a falta de informação extratextual. Apesar do acionamento do conhecimento linguístico, os alunos não foram capazes de inferir o sentido assumido pelo léxico de forma eficiente. As estratégias lexicais que se evidenciaram nessa atividade foram a tentativa de tradução direta e de localização superficial da resposta no texto, a recuperação do sentido dicionarizado, a Ampliação lexical qualitativa em E/LE 242 Christiane Alves de Lima transferência semântica a partir da semelhança fônica com o português, o abandono do léxico na formulação das respostas e a construção semântica equivocada a partir de pistas textuais irrelevantes. Esses informantes evidenciaram também a leitura de decodificação, tentando decodificar as palavras semanticamente e empreender uma leitura sequencial e linear a fim de buscar a coerência e a coesão do texto. Contudo, sem as informações externas ao texto, ficou evidente que os informantes realizaram uma interpretação deficiente e incompleta. No quadro abaixo, reunimos as repostas dadas pelos informantes para o sentido de hostigamiento e os mecanismos estratégicos que foram empregados no texto: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 243 Christiane Alves de Lima Quadro 8: Agrupamento das respostas relativas a hostigamiento PERGUNTAS 1. Que tipo de denúncia foi feita ao Ministério Público com relação à população infantil mapuche? EXPECTATIVA DE RESPOSTA acusação de perseguição/assédio às crianças mapuches. RESPOSTAS DOS INFORMANTES GRUPO A 3. O posicionamento da Justiça interfere na rotina dos mapuches? Justifique. 4. Que sentido aproximado você atribuiu a palavra hostigamiento dentro do texto? Justifique como obteve tal significado. as crianças não seriam perseguidas/ assediadas pelos funcionários da PDI e carabineiros naquela localidade. sim, pois caso o recurso seja negado, o acosso psicológico às crianças continuará. perseguição/ assédio. - proteção - tortura (2) - detenção (2) - racismo - maus tratos - interrogatório - danos a integridade - hostilização - tortura - tomada de depoimento - interrogatório (2) - detenção (2) sim. 2. Com base na leitura, em sua opinião, a interposição do recurso de proteção minimiza a situação desta parcela indígena? Justifique. GRUPO B sim (7) - castigo - hostilidade - danos psicológicos e morais - exposição pública - terror psicológico - proteção não (1) sim (4) não (4) - castigo - hostilizado - tortura - assédio - interrogatório (3) - constrangimento - aspecto psicológico - assédio - rotina - interrogatório - liberdade das pessoas - abusos/abordagem dos policíais (2) - interrogatório estratégia: - palpite - contexto (7) sim (6) - molestamento - pressão psicológica - detenção - maus tratos - ação violenta - proteção - proteção aos menores (1) não (2) sim (7) não - molestamento - interrogatório - fustigamento/ constrangimento (2) - maltrato (2) - detenção - tortura - interrogatório (2) - importunados - danos a integridade / psicológico(3) - detenção estratégia: - contexto (6) - língua materna (1) Ampliação lexical qualitativa em E/LE 244 Christiane Alves de Lima 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Aprender léxico é uma atividade que não acaba nunca, que não se pode ensinar em sua totalidade e que não existe método algum que sirva para todas as situações de ensino-aprendizagem da segunda língua ou língua estrangeira, assim como que várias técnicas para alcançar um mesmo objetivo podem ser igualmente válidas87 (GÓMEZ MOLINA, 2005a, p. 498). U ma das premissas deste trabalho é que o léxico se estabelece como um dos principais alicerces na língua, que possibilita a comunicação entre os interlocutores, sejam ou não nativos da língua em que interatuam. A revisão crítica do papel do léxico nas teorias linguísticas, no primeiro capítulo, pretende destacar esta questão. Observamos que nas diversas perspectivas teóricas há sempre um tópico dedicado a ele, e as diferenças quanto ao tratamento dado estão relacionadas ao modelo de análise adotado por cada uma delas, embora haja algumas contiguidades. Assim, nos modelos da perspectiva formal, tanto o gramatical quanto o da competência linguística, a análise lexical se centra nas características formais e no referente designativo do léxico. Já na perspectiva da língua em uso, o léxico é analisado em relação a outros fatores sociais, como uma entidade dinâmica que apresenta uma pluralidade de sentidos. Com relação aos princípios metodológicos de ensino/aprendizagem de LE/L2, no segundo capítulo, a preocupação de organizar essas abordagens relacionando-as com os fundamentos teóricos das ciências da linguagem e com as bases didáticas de cada uma permite identificar as práticas e as representações reproduzidas nos discursos dos sujeitos da pesquisa. A questão específica com relação ao tratamento lexical guarda uma estreita relação com a concepção de língua que orienta os métodos e enfoques. Uma das observações relevantes nesta questão é que há uma tendência a dar um tratamento periférico ao léxico, que 87 Aprender léxico es una actividad que no acaba nunca, que no se puede enseñar en su totalidad e que no existe método alguno que sirva para todas las situaciones de enseñanza-aprendizaje de la segunda língua o lengua extranjera, así como que varias técnicas para lograr un mismo objetivo pueden ser igualmente válidas. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 245 Christiane Alves de Lima se apresenta de forma implícita ou explícita no discurso pedagógico e que, por outro lado, as práticas didáticas propostas potencializam o componente léxico prioritariamente do ponto de vista quantitativo. Observamos ainda que a principal estratégia proposta de aproximação do léxico neste tópico consiste no acúmulo e na memorização. Por outro lado, a representação do item lexical circula sob a forma de palavras isoladas. A análise dos métodos e enfoques nos revelou, portanto, as contradições entre o discurso das ciências da linguagem que reconhece a relevância do léxico para o desenvolvimento da competência comunicativa, mas que nos encaminhamentos didáticos, a abordagem lexical é minimizada em detrimento da internalização de estruturas gramaticais. Conforme os princípios da Línguística de Corpus, que reformulam a concepção de léxico a partir da observação do corpus linguístico coletado em diversas situações de comunicação e registrado em bancos de dados eletrônicos, o terceiro capítulo tenta discutir a sua aplicação no ensino/aprendizagem de línguas. Nessa perspectiva, a língua é concebida como um processo e produto socialmente construído, convencionada por seus usuários, um constructo dinâmico das interações entre os falantes. A observação da língua em uso se estabelece como parâmetro para a pesquisa empírica, fundamentada na descrição probabilística de padrões lexicais e gramaticais de um sistema, no qual são consideradas como válidas as ocorrências linguísticas provenientes de contextos comunicativos em que os falantes as usam. Quantidade, frequência e coocorrência de itens lexicais constituem os critérios de organização de dados. Nesse sentido, para as propostas metodológicas centradas no desenvolvimento da competência comunicativa em LE, esta abordagem oferece insumos a partir de dados registrados em corpora e compilados a partir de contextos de língua em uso. O Lexical Approach particulariza a revalorização da abordagem do léxico contextualizado em LE, Ampliação lexical qualitativa em E/LE 246 Christiane Alves de Lima criando o conceito de ‘porções lexicais’, formulando a hipótese de que a análise dessas unidades léxicas permite estabelecer as relações combinatórias entre os seus constituintes. Esse modelo neutraliza a relação dicotômica gramática e léxico em relação à aprendizagem de língua, propondo uma prioridade às relações lexicais frente às relações gramaticais. O objeto de observação deste trabalho é a inferenciação no processo de negociação do sentido numa atividade de compreensão leitora E/LE, com foco na competência lexical do aprendiz. Dessa forma, a ampliação lexical qualitativa pressupõe a capacidade de articular as informações do léxico novo com o já conhecido, de estabelecer as relações semânticas e gramaticais e de saber reconhecer seus usos linguísticos. Os dados foram coletados para buscar respostas às três questões formuladas. 1) que concepção de léxico os aprendizes de língua estrangeira representam na atividade de leitura? O discurso da totalidade dos informantes considera o léxico como uma abstração da língua, um elemento linguístico constitutivo do enunciado frasal, uma entidade que apresenta sentido único e estável com uma representação estática do mundo. Com relação à compreensão, predominou a noção de sentido literal, apesar dos alunos terem percebido outros sentidos na leitura dos textos. Na leitura dos textos relativos aos itens lexicais blanco e repliegue, as duplas realizaram uma leitura com estratégias de decodificação. Apesar de terem acionado o conhecimento enciclopédico e o conhecimento técnico-profissional, a atitude de decifrar todas as palavras do texto foi predominante. Na leitura do texto relativo ao léxico hostigamiento, as dificuldades com a compreensão do texto estão relacionadas à realização de uma leitura linear dos elementos lexicais. As hipóteses de o léxico ser analisado como um objeto estável, imutável e isolado e a leitura de decodificação ter como expectativa a recuperação do sentido denotativo, em que se desenvolve o processamento do texto unidirecionalmente foram ratificadas. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 247 Christiane Alves de Lima Entretanto, as respostas ao questionário sobre o conceito de léxico abrem uma contradição com a representação lexical observada no processo da atividade de leitura. O questionário apontou uma tendência a perceber o sentido como dinâmico, intrinsecamente relacionado aos aspectos culturais e reconstruído em diferentes contextos. Os resultados apontaram que o desconhecimento lexical não interfere na interação comunicativa e que a tradução literal do léxico não é um processo produtivo, assim como, aprender uma língua não é um processo de acúmulo de itens lexicais. Contudo, a maioria dos informantes se contradiz ao afirmar que o domínio de uma língua é avaliado pela quantidade de palavras adquiridas. Assumiram que é deles a responsabilidade maior pela aprendizagem lexical, mas reconhecem o professor, o material didático e o dicionário como autoridades institucionalmente legitimadas para atribuir o sentido do léxico. Observamos que apesar da consciência de que o léxico considerado nos textos apresentavam outros sentidos em diferentes contextos, os sujeitos da pesquisa priorizaram a recuperação do sentido dicionarizado, por eles considerado básico. As representações sobre o conceito de léxico guardam uma forte relação com a perspectiva normativa do modelo gramática/tradução no ensino de línguas, cuja proposta programática consiste em estimular os aprendizes a recuperar o sentido dicionarizado, atribuir um significado à palabra isolada do contexto e decifrar os itens lexicais que compõem o texto. (2) Quais são as estratégias lexicais que os aprendizes acionam na compreensão leitora de textos em espanhol como língua estrangeira? Observamos que as estratégias lexicais mais recorrentes foram a decodificação do componente léxico, uso do cotexto e do contexto, a inferência lexical, a formulação de hipóteses sem comprovação textual, leitura em voz alta na construção do sentido, a localização de informações textuais, a tradução direta, a identificação do sentido Ampliação lexical qualitativa em E/LE 248 Christiane Alves de Lima dicionarizado e a tentativa de recuperar o sentido lexical construído em contextos anteriores. Na interação aluno-aluno, evidenciaram o acionamento do conhecimento prévio, a divisão e o controle espontâneo de tarefas, a crítica e a autocrítica da tradução realizada, o consenso mútuo na construção dos sentidos e o abandono da leitura após encontrar o sentido do léxico considerado. Nossa expectativa inicial era a de que os sujeitos da pesquisa tentariam encontrar semelhanças linguísticas com os cognatos transparentes para construir o sentido. No entanto, eles recorreram a outros tipos de estratégias, acionando o conhecimento prévio, principalmente, com os textos relacionados à área profissional-militar. Isto significa que o conhecimento técnico foi acionado e integrado ao contéudo do texto de forma pertinente. (3) como os leitores reformulam a composição de sentidos, quando o componente léxico se apresenta contextualizado em áreas não relacionadas à sua atuação profissional? A maioria dos sujeitos da pesquisa avaliou a leitura dos textos como de fácil compreensão, sendo que os últimos textos relativos a blanco e a repliegue exigiram um esforço maior dos alunos para ser interpretado. As duplas que foram submetidas à leitura dos textos relativos ao léxico repliegue conseguiram acionar o conhecimento técnico-profissional e o conhecimento de mundo de forma pertinente. Contudo, deram ênfase também à decodificação e a recuperação do sentido do léxico construído na leitura dos textos anteriores. Já com o léxico blanco, no 4º texto, as duplas não conseguiram estabelecer uma relação semântica entre o conteúdo e o léxico específico. Ao negociar o significado do léxico recontextualizado no último texto, a maioria formulou hipóteses que foram confirmadas a partir de informações textuais irrelevantes e/ou inadequadas à construção do sentido assumido no contexto. Os informantes tiveram dificuldades para recuperar informações não explícitas, mas que eram necessárias para Ampliação lexical qualitativa em E/LE 249 Christiane Alves de Lima interpretar o sentido do texto. Na interação aluno-aluno, os informantes demonstraram que não foram capazes de superar as deficiências com o assunto do 4º texto, já que não tentaram encontrar outras estratégias inferenciais que suplantassem o acionamento do conhecimento de mundo. A maioria também considerou a leitura de fácil compreensão, reconhecendo apenas a leitura do último texto mais complexa. Dessa maneira, na atividade leitora, os informantes não levaram em consideração o processo de reconstrução semântica do léxico contextualizado. As declarações dos informantes que indicaram a leitura desses textos como relativamente fácil nos levam a pensar que a representação do processo de leitura não supera as atividades de localização de pistas superficiais e de decodificação de itens lexicais. Os textos apresentaram um considerável número de cognatos e por se tratar de espanhol LE, a maioria deles transparentes, os sujeitos da pesquisa construíram uma representação de “compreensão” do texto. O texto relativo ao item lexical hostigamento foi utilizado para observar o processamento leitor em uma atividade de compreensão leitora individual, com o objetivo de analisar a negociação e a construção de sentidos. Os informantes consideraram o texto difícil, apesar de apresentar cognatos transparentes, relataram que sentiram dificuldades para entender o texto. As razões para essa dificuldade foram atribuídas a um conhecimento extratextual insuficiente para a sua integração com o conteúdo. O desconhecimento de alguns dados culturais, imposibilitou o acionamento de estratégias rentáveis para a compreensão leitora, embora, a maioria obtivesse a compreensão global do texto. Realizaram estratégias como a transferência semântica a partir da semelhança fônica com o português, buscaram o sentido dicionarizado, a tradução direta e a tomada de decisão pela dedução. Contudo, muitos apresentaram dificuldades com a conceitualização do léxico específico. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 250 Christiane Alves de Lima As informações analisadas no protocolo verbal e na atividade de compreensão leitora dos informantes mostram que a composição do sentido do léxico em LE revela uma tendência a se fundamentar principalmente em estratégias de apreensão memorística e mecânica, embora no discurso sobre o léxico se reconheça a possibilidade de assumir novas interpretações de acordo com as circunstâncias enunciativas. A concepção de aprendizagem de LE como ampliação do léxico, retoma do senso comum a identificação do ‘conhecimento de língua’ com o ‘conhecimento do léxico’. E, nesse sentido, a representação quantitativa deste como um critério de otimização da aprendizagem relaciona a competência comunicativa à maior ou menor apreensão de vocabulário. Esta caracterização da língua como um inventário de itens lexicais cujos significados estão pré-fixados e do processo de aprendizagem como a apropriação destes aparece no comportamento didático e no discurso dos sujeitos da pesquisa, como parte da memória das práticas pedagógicas que fazem parte de sua história escolar, inclusive no que se refere à língua materna. Entretanto, não é único, nas atividades que desenvolvem a inferência, a conduta e os discursos dos informantes se reformulam na proposta de uma abordagem lexical qualitativa, a partir de insumos da língua de aprendizagem em uso. Todavia, essa memória de aprendizagem relativamente estabilizada, que idealiza a língua como uma abstração linguística passível de assimilação, dentro de uma perspectiva normativa, internalizada nas práticas didáticas, oscila com a percepção do dinamismo da língua em uso e seus desdobramentos que incidem na apreensão lexical. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 251 Christiane Alves de Lima 7. 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Ampliação lexical qualitativa em E/LE 270 Christiane Alves de Lima ANEXOS Ampliação lexical qualitativa em E/LE 271 Christiane Alves de Lima ANEXO A: Prezado capitão-aluno, Esta pesquisa de opinião integra parte do meu trabalho de investigação de tese do curso de Doutorado realizado no Departamento de Neolatinas do Instituto de Letras da UFRJ, tendo como escopo o processo de ensino-aprendizagem do léxico (vocabulário) e a ampliação lexical qualitativa em língua estrangeira (LE). Os objetivos desta enquete são diagnosticar as concepções sobre o léxico e seu processo de ensino-aprendizagem em LE, refletir sobre sua importância no ensino de línguas e discutir sobre as práticas didáticas adotadas pelo professor de língua estrangeira. Por isso, peço-lhe que: a) Leia atentamente todo o material. b) Responda os itens conforme o indicado nas explicações iniciais e nos comandos dos tópicos avaliados. c) Faça todos os comentários que lhe pareçam pertinentes para que a pesquisa seja produtiva. Garanto-lhe que não serão divulgados nomes e as informações aqui prestadas são sigilosas, pois o que me interessa é reconstruir e organizar as observações sobre o assunto tratado. Permito-me informá-lo que possivelmente serão divulgados os resultados, tanto através de publicações como de seminários e similares. Contudo, solicito sua autorização para usar os resultados na pesquisa e em artigos acadêmico-científicos relacionados ao tema estudado. Agradeço desde já sua valiosa colaboração. Cap Christiane Lima Eu, _______________________________________________________, informante da pesquisa sobre a concepção e o processo de ensino-aprendizagem do léxico em língua estrangeira realizada pela Cap Christiane Lima, Autorizo o uso dos dados coletados nestes questionários para fins acadêmicocientíficos, resguardado o sigilo sobre minha identidade. Assinatura: _____________________________________________ Data: _______________________ Ampliação lexical qualitativa em E/LE 272 Christiane Alves de Lima ANEXO B: Nome de guerra Curso Inf _____/_____ Estimado Capitão-aluno, pretendemos com este questionário tentar entender como os alunos desenvolvem sua aprendizagem em língua estrangeira. Queremos refletir sobre seu perfil enquanto aprendiz. Sendo assim, pedimos que responda as perguntas o mais próximo de sua realidade. Desde já, muito obrigada pela sua atenção! Cap Christiane Lima A. AQUISIÇÃO PRÉVIA DE IDIOMA ESTRANGEIRO: TRAJETÓRIA ESCOLAR. 1. Você estudou algum idioma antes de ingressar na EsPCEx/AMAN? [_] sim [_] não 2. Em seu currículo da AMAN, qual foi o idioma estrangeiro que você estudou? [_] inglês [_] francês [_] espanhol [_] alemão 3. Após a AMAN, você se dedicou ao estudo formal de algum idioma? [_] sim [_] não 4. Caso tenha respondido afirmativamente a pergunta anterior, indique o (s) idioma (s) e o tempo dedicado ao estudo. [_] inglês [_] francês [_] espanhol [_] alemão [_] italiano [_] russo [_] outros [_] menos de seis meses [_] menos de seis meses [_] menos de seis meses [_] menos de seis meses [_] menos de seis meses [_] menos de seis meses [_] menos de seis meses [_] até dois anos [_] até dois anos [_] até dois anos [_] até dois anos [_] até dois anos [_] até dois anos [_] até dois anos [_] mais de dois anos [_] mais de dois anos [_] mais de dois anos [_] mais de dois anos [_] mais de dois anos [_] mais de dois anos [_] mais de dois anos 5. Levando em consideração o período entre a AMAN e a EsAO, marque as atividades linguísticas gerenciadas pelo CEP que você realizou (ou ainda realiza): idiomas CID TCL inglês espanhol francês alemão italiano russo EPO Ampliação lexical qualitativa em E/LE 273 Christiane Alves de Lima B. AQUISIÇÃO PRÉVIA DE IDIOMA ESTRANGEIRO: TRAJETÓRIA PROFISSIONAL. 6. Com que frequência você teve a oportunidade de interagir em língua estrangeira em algumas destas situações? Situações nunca 1vez 2a5 vezes 5 a 10 vezes Mais de 10 vezes intercâmbio cultural enquanto cadete recepção de autoridades estrangeiras ajuda humanitarian missões de manutenção de paz participação em competições esportivas militares no exterior instruendo em organizações militares no exterior encontros e congressos internacionais de militares no exterior dependente de adido militar outras. Especifique: 7. Depois da sua formação na AMAN, você realizou algum outro curso de nível superior? [_] não [_] sim Especifique: _______________________________________ 8. Teve a oportunidade de servir em alguma OM próxima à fronteira? [_] sim [_] não 9. Desde a sua formação na AMAN, qual (quais) idioma (s) estrangeiro (s) lhe foi (foram) mais útil (úteis) em sua vida profissional? [_] inglês [_] russo [_] francês [_] nenhum [_] espanhol [_] alemão [_] outros. Especifique: [_] italiano 10. De acordo com a resposta anterior, justifique em que momento o idioma lhe foi útil. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ C. AQUISIÇÃO PRÉVIA DE IDIOMA ESTRANGEIRO: OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM. 11. Fora da formalidade de uma sala de aula, você costuma dedicar-se ao estudo de idiomas? [_] nunca [_] às vezes [_]frequentemente [_] sempre Ampliação lexical qualitativa em E/LE 274 Christiane Alves de Lima 12. Enumere, POR ORDEM DE PREFERÊNCIA CONFORME A LEGENDA, as atividades que CONTRIBUEM para que você aprenda melhor o idioma. (1. muito; 2. regular; 3. pouco; 4. nada; 5. nunca realizo) Atividades 1 2 3 4 5 1. assistir telejornais, filmes, show de TV e outros programas SEM legenda em português. 2. assistir telejornais, filmes, show de TV e outros programas COM legenda em português. 3. escutar músicas em língua estrangeira e acompanhá-las com suas letras. 4. ler livros, revistas e jornais sobre diversos assuntos em outras línguas. 5. trocar correspondências com amigos estrangeiros. 6. redigir documentos escritos em língua estrangeira profissionalmente. 7. fazer listas das palavras novas que aprende dentro e fora de sala de aula. 8. procurar memorizar as palavras novas que aprende. 9. rever suas anotações regularmente. 10. escrever várias vezes as palavras novas que aprende. 11. inventar frases com as palavras novas que queira memorizar. 12. agrupar as palavras novas por temas, campo semântico ou tópicos em comum. 13. estabelecer e/ou manter relacionamentos afetivos com estrangeiros. 14. praticar seus conhecimentos linguísticos em visitas turísticas ou profissionais a países estrangeiros. 15. utilizar, em língua estrangeira, os recursos do MSN, Skype, Orkut, MySpace e Chat. 16. falar consigo mesmo em língua estrangeira (em voz alta ou mentalmente). 17. ler em voz alta. 18. utilizar qualquer tipo de aplicativo lúdico, inclusive os jogos de computador, em língua estrangeira. 19. consultar as palavras novas que aprende no dicionário. 20. procurar conhecer os significados possíveis da palavra nova que aprender. 21. consultar as gramáticas que tenha em casa. 22. outras. Especifique: Ampliação lexical qualitativa em E/LE 275 Christiane Alves de Lima ANEXO C: Nome de guerra Curso Inf _____/_____ Estimado Capitão-aluno, solicito que você assinale para cada item o quadrinho relativo a um dos números (de 1 a 5), de acordo com sua opinião sobre os aspectos relacionados ao conceito e ao ensino-aprendizagem do léxico (vocabulário) em língua estrangeira. Acompanhe as legendas. Cap Christiane Lima (1) não concordo; (2) concordo muito pouco; (3) concordo parcialmente; (4) concordo em grande parte; (5) concordo inteiramente. Opinião 1. Não consigo compreender nada em língua estrangeira porque não possuo o vocabulário adequado. 2. A maior responsabilidade no processo de ensino-aprendizagem do vocabulário é minha, pois tenho que aprender sozinho. 3. As listas bilíngues de palavras e as regras gramaticais são os recursos mais indicados para aprender uma língua estrangeira. 4. Somente com a consulta ao dicionário consigo tirar dúvidas de vocabulário. 5. Penso que a leitura de textos literários seja a mais indicada para ampliar o vocabulário. 6. O estudo do vocabulário não necessita ser estruturado em sala de aula da mesma forma que as regras de gramática. 7. Em língua estrangeira, é necessário que se adquira uma grande quantidade de vocabulário. 8. O livro didático é a principal fonte de consulta para a aprendizagem do léxico. 9. Para poder praticar as estruturas gramaticais basta conhecer um repertório mínimo de palavras. 10. Em sala de aula, o professor, o autor e/ou o livro didático são aqueles que definem os significados aceitáveis para as palavras. 11. Quanto mais consciente das semelhanças e diferenças entre língua materna e língua estrangeira eu for, mais fácil será para encontrar estratégias de aprendizagem e de produção do vocabulário. 12. Amplio meu vocabulário de forma espontânea através da exposição de exemplos do discurso utilizado pelos falantes. 13. Todas as palavras possuem uma equivalência de sentido exato em outras línguas. 14. Os diferentes contextos em que apareça a palavra são importantes para aprender o léxico. 15. O processo de aprendizagem do léxico se baseia na reelaboração constante do sentido das palavras por parte do aprendiz. Continua no verso da folha 1 2 3 4 5 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 276 Christiane Alves de Lima (1) não concordo; (2) concordo muito pouco; (3) concordo parcialmente; (4) concordo em grande parte; (5) concordo inteiramente. Opinião 16. Ensinar a formação e a composição da palavra facilita sua aprendizagem. 17. A repetição oral e/ou escrita é a melhor maneira de aprender o léxico. 18. A ampliação do vocabulário se dá através da memorização de listas de palavras distribuídas por assuntos temáticas. 19. Nem todos os usos linguísticos de uma palavra podem ser transferidos a outra língua. 20. As palavras devem ser aprendidas dentro de um contexto e através da comparação de seus usos linguísticos. 21. A capacidade de perceber a relação entre as palavras de significado semelhante em língua estrangeira e seu uso faz parte da aprendizagem do léxico. 22. A discussão prévia sobre um assunto que será tratado em sala possibilita a dedução do significado das palavras desconhecidas. 23. O exercício de ditar as palavras contribui para uma aprendizagem mais eficaz da língua estrangeira, pois atende às necessidades de assimilação e correção léxica. 24. A apresentação do vocabulário ao aluno deve ser feita de maneira controlada, isto é, em cada nível de aprendizagem se apresenta um número determinado de palavras. 25. Aprender uma língua significa acumular palavras. 26. O ensino de estratégias para deduzir o significado permite que o aluno consiga lidar com as palavras desconhecidas sem depender do dicionário. 27. O professor deve ensinar ao aluno a aperfeiçoar o vocabulário. 28. Alguns sentidos dependem muito da cultura e é difícil estabelecer correspondência entre as palavras da língua materna à língua estrangeira. 29. A leitura em voz alta é muito importante para a compreensão e apreensão do vocabulário. 30. Aprender o vocabulário é condição para a competência comunicativa. 31. O aprendiz deve aprender a ser impreciso, a adivinhar o significado, a usar palavras gerais e a desenvolver a habilidade de parafrasear. 32. Aprender palavras é um processo complexo, que dá lugar à construção e à reorganização de campos semânticos. 33. O significado é algo fixo uma propriedade atribuída à palavra. 34. No processo de ensino do léxico nem sempre é aconselhável aplicar a tradução palavra a palavra. 1 2 3 4 5 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 277 Christiane Alves de Lima ANEXO D: PROTOCOLO VERBAL DIALOGADO 1) Completem o quadro abaixo dando o sentido específico que assume a palavra BLANCO em cada um dos textos e expliquem como (isto é, dedução a partir do contexto (texto como um todo), do co-texto (elementos ao redor da palavra), proximidade com outras línguas, palpite, conhecimento linguístico, etc.) e por que chegaram a esta conclusão. Texto Sentido da palavra Expectativa de resposta 1 alvo, objetivo 2 branco (raça) 3 branco (agente químico) 4 artigos de cama, mesa e banho Justificativas 2) A leitura dos textos foi difícil ou fácil? Justifique. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 3) Qual texto exigiu mais de seus conhecimentos prévios para entender a palavra BLANCO? Justifique. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4) Foi difícil atribuir um sentido em cada texto a partir do processo de recontextualização lexical, ou seja, a apresentação da palavra BLANCO em um novo contexto significativo? Justifique. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5) Dariam respostas diferentes se realizassem esta atividade individualmente? Justifique. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Ampliação lexical qualitativa em E/LE 278 Christiane Alves de Lima ANEXO E: TEXTO 1 Publicado en www.espanol.rfi.fr (http://www.espanol.rfi.fr) Las embajadas, blanco de los atentados de Bagdad Creado 2010-04-04 13:32 Irak Al menos 30 personas han muerto y 224 resultaron heridas en la explosión con varios minutos de intervalo de tres coches bomba, dos de ellos ante las embajadas de Irán y Egipto. La tercera explosión se produjo cerca de un edificio propiedad de la embajada alemana. Los ataques se producen en medio de las negociaciones para formar un nuevo gobierno y tras las amenazas de la rama de Al Qaida en el país. En pocos minutos tres enormes explosiones se escucharon en Bagdad estremeciendo a la población. Eran las 11h20 de la mañana, hora local (8h20 TU), cuando los dos primeros coches bomba explotaron en el barrio de Mansur, en el oeste de la capital iraquí, donde se concentran muchas embajadas, entre ellas la egipcia. Minutos después explotaba la tercera bomba en el centro de Bagdad, cerca de la representación diplomática de Irán, en el barrio de Salhiyé. “Los ataques son atentados suicidas contra las embajadas de Egipto y de Irán”, informó Qasem Ata, portavoz del comando militar de Bagdad. La embajada alemana y la española, situada al lado, también fueron el blanco de los ataques. La intensidad de las explosiones liberó un humo negro que invadió el cielo de Bagdad en un momento de intenso tráfico. La rama iraquí de Al Qaida había amenazado con golpear con ataques tras las elecciones del 7 de marzo del que no salió ningún vencedor claro. “Una campaña militar coordinada se ha iniciado en Bagdad y en todo Irak, para romper el ídolo de la democracia y de las elecciones politeístas”, dijo en un discurso difundido en páginas web islamistas Abu Omar al Baghdadi, el jefe del Ejército islámico de Irak. Aunque de manera global, el número de atentados ha ido disminuyendo en los últimos años, se ha registrado un pico de violencia en Bagdad y en Mosul, en el norte del país. El mes de marzo ha sido especialmente sangriento y las estadísticas muestran un alza en el número de víctimas mortales, 367 murieron en actos violentos, según cifras oficiales públicadas el jueves pasado. Uno de los coches bomba explotó cerca de la Embajada de Irán en Bagdad, 4 de abril de 2010 ©Reuters URL del envío: http://www.espanol.rfi.fr/oriente-medio/20100404-las-embajadas-blanco-de-los-atentados-debagdad Ampliação lexical qualitativa em E/LE 279 Christiane Alves de Lima ANEXO F: TEXTO 2 DIARIO - INTERNACIONAL - 04/04/2010 Asesinan a machetazos a líder supremacista blanco en Sudáfrica POR DOS DE SUS EMPLEADOS EN UNA GRANJA Johannesburgo | Agencias El dirigente ultraderechista afrikáner Eugene Terreblanche murió ayer asesinado a machetazos en su granja de la localidad de Ventersdorp, en el noroeste de Sudáfrica, informó la agencia local SAPA. Según la fuente, Terreblanche, líder del grupo supremacista blanco Afrikaner Weerstandsbeweging (AWB, Movimiento de Resistencia Afrikáner), apareció en la cama, con múltiples heridas en la cabeza, un machete sobre él y una porra cerca del lecho. Los presuntos responsables del asesinato son dos de sus trabajadores agrícolas, por una aparente disputa salarial, informó la policía. Terreblanche, de 69 años, quería crear tres repúblicas totalmente habitadas por blancos en Sudáfrica, a las que sólo se permitiría la entrada a los negros como trabajadores huéspedes. La víctima fue atacada por un hombre de 21 años y un joven de 15 que trabajaban para él en su finca fuera de Ventersdorp, a unos 110 kilómetros al noroeste de Johannesburgo, dijo la vocera de la policía Adele Myburgh. Dijo que los presuntos atacantes fueron arrestados y acusados de homicidio. Terreblanche había amenazado con una guerra contra el gobierno minoritario blanco en la década del 80. Por: Agencias Agencia COPYRIGHT © 2010 Editorial Canelas. Prohibida su reproducción total o parcial, así como su traducción a cualquier idioma sin autorización escrita de su titular. http://www.lostiempos.com/imprimir_art.php?id_noticia=64511&fecha=20100404 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 280 Christiane Alves de Lima ANEXO G: TEXTO 3 Israel emplea fósforo blanco contra los civiles, según las ONG Naciones Unidas advierte que los doctores están "conmocionados" por las heridas que tratan PÚBLICO - MADRID - 14/01/2009 08:00 Las quemaduras causadas por el fósforo blanco no son como las demás: pueden llegar hasta el hueso. Y contaminan órganos vitales del cuerpo: matan más. En Gaza, decenas de heridos presentan quemaduras que los doctores identifican con este elemento químico que provoca estragos. Israel lo niega, pero organizaciones internacionales como Human Rights Watch (HRW) no tienen ninguna duda: su uso es masivo. "Estamos seguros al 100% de que el Ejército israelí emplea fósforo blanco", explica, en conversación telefónica desde Jerusalén Marc Garlasco, experto en asuntos militares de HRW enviado a la zona del conflicto. Israel le ha prohibido la entrada a Gaza, pero su equipo que sí tiene activistas en la franja ha recolectado tantas muestras que ni siquiera deja margen para la duda. El Ejército invasor asegura que actúa de acuerdo con la ley internacional. "Exigimos a Israel que no emplee más fósforo blanco y hacemos un llamamiento a la comunidad internacional para que presione", añade Garlasco. El lunes Francia ya se sumó a la exigencia de HRW y otras ONG. El uso del fósforo blanco no está expresamente prohibido por las leyes internacionales de la guerra. Sin embargo, la Convención de Armas Convencionales limita su uso de forma muy estricta: puede emplearse para camuflar una operación provoca una densa neblina e incluso para facilitar la orientación es más fácil ver en la oscuridad, pero nunca en lugares de gran densidad de población porque su efecto sobre los civiles es devastador. Gaza es uno de los lugares más densamente poblados del mundo: casi 1,5 millones de personas se hacinan en apenas 150 kilómetros cuadrados. Los ataques de ayer sobre la franja causaron otros 47 muertos. Todas las autoridades israelíes políticas y militares niegan que estén empleando fósforo blanco en su ofensiva. "El Ejército israelí actúa sólo de acuerdo con lo que está permitido por el derecho internacional y no usa fósforo blanco", dijo ayer el jefe del Estado Mayor, Gabi Ashkenazi, informa Europa Press. "El Ejército israelí acumula tantas negaciones en el pasado ante cuestiones que luego se probaron ciertas que no tiene ninguna credibilidad", le responde Garlasco. John Ging, representante de la agencia de la ONU para los refugiados palestinos, declaró: "No soy doctor ni experto. Pero he visto los efectos de las heridas en los hospitales. Los doctores están conmocionados por la naturaleza de las heridas". Israel intensificó los ataques sobre Gaza, aunque sin entrar en el centro de la ciudad: los bombardeos causaron este martes 47 muertos. Ampliação lexical qualitativa em E/LE 281 Christiane Alves de Lima http://www.publico.es/internacional/190665/israel/emplea/fosforo/blanco/civiles/segun/ong Ampliação lexical qualitativa em E/LE 282 Christiane Alves de Lima ANEXO H: TEXTO 4 Dan muestra de estilos textiles en interiorismo Alternan propuestas en el Design Week México Dentro de las actividades que se llevaron a cabo en el Design Week en la capital del país desde el jueves pasado, se creó una ruta del diseño a lo largo de una semana y existieron diferentes interpretaciones en decoración. Dicha ruta consistió en un recorrido por las principales tiendas y boutiques de diseño, arquitectura, e interiorismo de la zona de Polanco y Lomas. Una de las que llamaron la atención de las mujeres asistentes fue la presentación que tuvo la firma Frette por sus finos blancos. La tienda especialista en blancos se integró a este recorrido invitando a los asistentes a su su boutique ubicada en Masaryk, para que pudieran apreciar la decoración de una mesa puesta por Susana Arnaud y la ambientación del lugar de descanso por el Arq. Jaime Guzmán Giraud, con el fin de ofrecer opciones para decorar el hogar. Al ser una firma italiana de finos blancos mostró productos de lujo: desde lo clásico hasta ropa de cama de una calidad excepcional. Cada detalle dio muestra de una dedicación a la vida con estilo. Las texturas, los colores sofisticados, los materiales extremadamente suaves y preciosos, subrayan artesanía y diseños únicos que son apreciados hoy día bajo el esquema de un estilo de vida. Con enfoque cultural Al sumarse a la DWM, cumplió con el objetivo de fomentar la cultura del diseño en México, tal y como lo hacen las más importantes ciudades del mundo como Milán, París, Los Ángeles y Nueva York. En su primera edición, Design Week México 2009 integró todos los componentes que contribuirán en un futuro para que el interiorismo en México adquiera una imagen de calidad y exclusividad posicionando así a la decoración en México, realzando las principales firmas en el país, las cuales son promotoras de las tendencias internacionales en ese rublo. http://mundo52.com/life-style/alternan-propuestas-en-el-design-week-mexico Ampliação lexical qualitativa em E/LE 283 Christiane Alves de Lima ANEXO I: PROTOCOLO VERBAL DIALOGADO 1) Completem o quadro abaixo dando o sentido específico que assume a palavra REPLIEGUE em cada um dos textos e expliquem como (isto é, dedução a partir do contexto (texto como um todo), do cotexto (elementos ao redor da palavra), proximidade com outras línguas, palpite, conhecimento linguístico, etc.) e por que chegaram a esta conclusão. Texto Sentido da palavra Expectativa de resposta 1 retirada 2 queda, desvalorização 3 retirada/ retraimento 4 rejuvenescimento facial Justificativas 2) A leitura dos textos foi difícil ou fácil? Justifique. ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 3) Qual texto exigiu mais de seus conhecimentos prévios para entender a palavra REPLIEGUE? Justifique. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4) Foi difícil atribuir um sentido em cada texto a partir do processo de recontextualização lexical, ou seja, a apresentação da palavra REPLIEGUE em um novo contexto significativo? Justifique. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5) Dariam respostas diferentes se realizassem esta atividade individualmente? Justifique. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Ampliação lexical qualitativa em E/LE 284 Christiane Alves de Lima ANEXO J: TEXTO 1 FCH descarta repliegue de Fuerzas Armadas por seguridad de los ciudadanos Feb-10 11:35 hrs Insistió en que redoblará sus esfuerzos para apoyar a Ciudad Juárez con algún plan integral 'El repliegue de las fuerzas federales dejaría en total abandono a la ciudadanía y a las familias mexicanas en las manos sangrientas de los criminales' El Presidente Felipe Calderón Hinojosa rechazó tajante el repliegue de las Fuerzas Armadas para combatir el crimen organizado. TECAMAC, ESTADO DE MÉXICO.- El Presidente Felipe Calderón Hinojosa rechazó tajante el repliegue de las Fuerzas Armadas y federales del combate al crimen organizado porque eso dejaría a los ciudadanos en las manos sangrientas de los criminales. "Esa disputa y esa violencia, contra lo que algunos piensan no se terminaría con el repliegue del gobierno federal y de las fuerzas federales, al contrario, se agravaría con un agravante inadmisible: que el repliegue de las fuerzas federales dejaría en total abandono a la ciudadanía y a las familias mexicanas en las manos sangrientas de los criminales". El jefe del Ejecutivo federal encabezó esta mañana, en la base aérea de Santa Lucía, el 95 aniversario de la Fuerza Aérea Mexicana, acompañado de los secretarios de la Defensa, Guillermo Galván Galván; de la Marina, Mariano Francisco Saynes Mendoza; y el gobernador del estado de México, Enrique Peña Nieto. Ante más de tres mil oficiales, militares, generales, Calderón aseguró a la sociedad de Ciudad Juárez que no los va a dejar solos, que cuentan con el apoyo del Presidente y del gobierno federal. A contra pelo de lo dicho por las autoridades estatales de Chihuahua, Calderón rechazó tajante que la violencia desatada en Ciudad Juárez sea consecuencia de la presencia de las fuerzas federales. Afirmó que la lucha contra el crimen organizado ha sido intensa, llena de retos, obstáculos, "y en algunos casos de incomprensión". El Presidente dijo que equivocada o intencionadamente se acusa a las fuerzas federales de ser quienes propicien esa violencia, "pero es al revés", afirmó. "A quienes quieren ver al país sumido en la violencia les decimos que los mexicanos le seguiremos haciendo frente con toda la fuerza de la razón y con la fuerza de la ley; a quienes quieren ver al país dividido, hoy les decimos que la sociedad mexicana está unida, decidida y exigente para que se defiendan sus derechos a vivir una vida libre y en paz, y a quienes pretender ver a México claudicar y dar marcha atrás, hoy les decimos que el estado mexicano es fuerte y se mantiene firme en su empeño porque cuenta con hombres y mujeres íntegros y valientes que seguirán luchando hasta alcanzar la victoria". Insistió en que redoblará sus esfuerzo para apoyar a Ciudad Juárez con algún plan integral que no se reducirá a aspectos meramente policiacos, incluirá el desarrollo humano y la educación. http://www.informador.com.mx/mexico/2010/177690/6/fch-descarta-repliegue-de-fuerzas-armadaspor-seguridad-de-los-ciudadanos.htm Ampliação lexical qualitativa em E/LE 285 Christiane Alves de Lima ANEXO K: TEXTO 2 Miércoles 07 de Abril de 2010 Fecha de la nota: 30/03/2010 Los mercados operan estables ante el repliegue del dólar Las bolsas europeas registran mínimas variaciones respecto al cierre de ayer, cerca de sus máximos niveles en 18 meses. Las acciones de las firmas mineras impulsan subas por la revalorización del oro y otros metales ante la nueva baja de la divisa norteamericana Las bolsas europeas subían en las primeras operaciones del martes y se acercaban a un máximo de 18 meses tras los avances producidos en Wall Street y Tokio, apuntaladas por la firmeza de las mineras por un repliegue del dólar que favorecía al oro y a otros metales. El índice FTSEurofirst 300 subía un 0,31 por ciento, a 1,082,56 puntos, luego de haber ganado un 0,2 por ciento en la sesión previa. El índice de referencia europeo ha subido un 68 por ciento desde el mínimo histórico registrado el 9 de marzo del 2009. Las acciones de las mineras subían pues un dólar más débil impulsaba el precio del oro y de otros metales. Anglo American, BHP Billiton, Rio Tinto y Xstrata ganaban entre un 0,7 y un 1,8 por ciento. El banco suizo UBS sumaba un 4 por ciento por informaciones sobre un ingreso de 2.300 millones de dólares en su división de renta fija en el primer trimestre. http://www.infobae.com/finanzas/508424-101275-0-Los-mercados-operan-estables-ante-el-replieguedel-d%C3%B3lar Ampliação lexical qualitativa em E/LE 286 Christiane Alves de Lima ANEXO L: TEXTO 3 MUNDO Los islámicos somalíes inician un repliegue táctico ante el avance del Ejército etíope Las milicias de la Unión de Tribunales se desplazan a Mogadiscio tras perder los enclaves estratégicos y sufrir más de un millar de bajas. AGENCIAS/MOGADISCIO Los islámicos somalíes iniciaron ayer un repliegue táctico ante el avance de la ofensiva de Etiopía, que cifra ya en más de un millar el MISIÓN. Milicianos islámicos número de milicianos de la Unión de Tribunales Islámicos (UTI) somalíes vigilan la carretera que va fallecidos en los ataques. Mientras, la comunidad internacional guarda al aeropuerto de Mogadiscio. / EFE silencio y la Unión Africana incluso justifica el ataque de Etiopía a su vecino. Las milicias de la UTI perdieron el control de otras dos importantes ciudades de Somalia ante la ofensiva conjunta de las milicias del Gobierno de transición somalí y sus aliados de Etiopía.Varios testigos presenciales informaron de que las milicias islámicas abandonaron la ciudad de Bur Hakaba, situada a unos 190 kilómetros al suroeste de la capital, y se desplazaron hacia Mogadiscio, donde previsiblemente harán frente finalmente a la ofensiva etíope. Bur Hakaba es una ciudad estratégica situada muy cerca de Baidoa, sede del Gobierno provisional. «Nuestros combatientes se han retirado de Bur Hakaba por razones tácticas», aseguró ayer en rueda de prensa el portavoz de la UTI, el jeque Mohamed Ibrahim Suley desde Mogadiscio. «Eritrea, hasta el cuello» Los efectivos islámicos también abandonaron Dinsor, un enclave estratégico de la región de Bay y bastión islámico en el suroeste del país. Efectivos somalíes fuertemente armados se encuentran cerca de Dinso, aunque informaciones sin confirmar aseguraban que ya está bajo control de las tropas gubernamentales respaldadas por efectivos de Etiopía. En la localidad de Jowhar, 90 kilómetros al norte de la capital, sus habitantes están preocupados por el avance de las tropas, carros de combate y aviones etíopes. Otras fuentes aseguran que las fuerzas de Adis Abeba tomaron el control de Adado, en el centro del país, un punto abandonado por los islámicos tras intensos combates. Por su parte, el primer ministro de Etiopía, Meles Zenawi, aseguró que más de 1.000 combatientes islámicos han muerto ya en la ofensiva que lleva a cabo el Ejército etíope en el interior de Somalia y aseguró que los combatientes de la UTI están en retirada. «Hay informes de casi 3.000 heridos en los hospitales de Mogadiscio y de que la cifra de muertos está muy por encima del millar. Algunos de ellos son somalíes, pero una muy importante proporción son extranjeros», explicó en rueda de prensa. Zenawi aseguró también que las tropas etíopes habían completado ya aproximadamente la mitad de misión. «Tan pronto como completemos la otra mitad, que no llevará mucho tiempo, saldremos del país», aseguró. El primer ministro etíope acusó a Eritrea de «estar hasta el cuello» en su vinculación con los tribunales islámicos de Somalia, los cuales, según él, reciben soldados y apoyo logístico eritreo. Expertos regionales calculan que Etiopía tiene en Somalia más de diez mil efectivos, y creen que Eritrea tiene allí cerca de dos millares.El silencio de la comunidad internacional fue la nota dominante de la jornada y sólo la Unión Africana (UA) quiso interrumpirla, aunque para justificar la agresión de Etiopía contra Somalia. La ONU, por su parte, convocó una reunión de urgencia del Consejo de Seguridad, aunque no se esperaba una reacción drástica ni el envío inmediato de una fuerza de interposición. http://www.lavozdigital.es/jerez/prensa/20061227/mundo/islamicos-somalies-inicianrepliegue_20061227.html Ampliação lexical qualitativa em E/LE 287 Christiane Alves de Lima ANEXO M: TEXTO 4 ¿Qué es un repliegue (lifting) facial? Un repliegue (lifting) es la reducción de los signos del paso del tiempo (arrugas) con las que el paciente se siente insatisfecho. Esto puede, incluso, crear problemas de salud. Las arrugas, bolsas de piel, laxitud en piel del cuello, hacen su aparición luego pasado los años; además, se asocia a este proceso la exposición al sol el viento y los cambios hormonales. En la actualidad la cirugía de cara no es un procedimiento solo para ricos y famosos, personas de cualquier ocupación y aspecto tienen acceso a ella, es una de las cirugías mas frecuentemente realizadas y aceptadas, ya que el verse mejor esta directamente relacionado con el potencial de trabajo, desarrollo personal y social. El repliegue (lifting) es una intervención quirúrgica para reparar la piel de la cara y cuello marchita, arrugada y hundida debido al paso del tiempo o por una dieta alimenticia pobre, también por tendencia hereditaria. Se realiza quitando el exceso de grasa, tensando los músculos principales y rellenando la piel de la cara y cuello. En toda cirugía es vital ponerse en manos de un buen especialista. Las complicaciones más frecuentes son los hematomas, los defectos de cicatrización y las inflamaciones. La recuperación es variable, pero debe esperarse una semana, como mínimo, para hacer una vida normal, y entre de 10 y 15 días para reemprender la rutina social o laboral. Los resultados definitivos empiezan a apreciarse a partir del primer mes. La mayor parte de los puntos se quitan en 5 días, aunque a veces los puntos o grapas situados en el borde del cuero cabelludo se dejan algunos días más, porque pueden tardar algo más en cicatrizar. Si la operación está bien hecha, no cambia el aspecto de la persona. Y tampoco "quita años", pero da un aspecto más joven; el 25% de los repliegues (lifting) son realizados en hombres, que quieren mejorar su rostro. Si deseas hacer un comentario sobre esta reseña, escríbenos a [email protected] Para obtener más información de servicios relacionados con este tema, te invitamos a que consultes las siguientes clasificaciones: Medicina estética, Médicos: Naturistas, Médicos Nutricionistas, Estética Centros de, de la Sección Estética y Belleza de Páginas Amarillas Cantv. http://www.pac.com.ve/index.php? option=com_content&view=article&catid=59&Itemid=82&id=5273 Ampliação lexical qualitativa em E/LE 288 Christiane Alves de Lima ANEXO N: CONFLICTO EN LA ARAUCANÍA Sábado, 24 de abril de 2010 Acusan hostigamiento a menores mapuches El objetivo sería impedir que en las investigaciones sobre personas clandestinas o con orden de detención pendiente en la Araucanía, se tomen confesiones de niños, por el daño que esto provoca en la integridad de los menores. La ONG “Liberar” interpuso ante la Corte de Apelaciones de Temuco un recurso de protección en favor de menores mapuches que serían, supuestamente, hostigados por funcionarios de la PDI y Carabineros en la zona. La abogada del organismo, Karina Riquelme, acusó a las fuerzas policiales de detener a menores de edad para preguntarle sobre personas que están involucradas en el llamado conflicto mapuche. Los hechos los realizan en las escuelas de la comunidad "Mateo Ñiripil", en la comuna de Lautaro del sector Muco Bajo. Riquelme consignó a Radio Cooperativa que espera que la corte de la ciudad asuma como admisible la causa, para evitar que continúe el acoso sicológico a los pequeños de la localidad. Ref.: Diario El Sur. http://www.elsur.cl/base_elsur/site/artic/20100424/pags/20100424144818.html Compreensão textual Todas as respostas deverão ser em português 1. Que tipo de denúncia foi feita ao Ministério Público com relação à população infantil mapuche? Acusação de perseguição/assédio às crianças mapuches.√___________________________ 2. Com base na leitura, em sua opinião, a interposição do recurso de proteção minimiza a situação desta parcela indígena? Justifique. Sim.√ Pois deixariam de serem perseguidas/assediadas pelos funcionários da PDI e carabineiros naquela localidade.√____________________________________________ 3. O posicionamento da Justiça interfere na rotina dos mapuches? Justifique. Sim.√ Pois caso o recurso seja negado, o acosso psicológico às crianças continuará.√______________________________________________________________ 4. Que sentido aproximado você atribuiu a palavra hostigamiento dentro do texto? Justifique como obteve tal significado. Pessoal.√_________________________________________________________________ Ampliação lexical qualitativa em E/LE 289 Christiane Alves de Lima ANEXO O: Quantificação dos dados referentes aos informantes dos grupos A e B Gráfico 2: estudo formal de idiomas antes de ingressar na formação de nível superior profissional-militar. não; 11; 29% não; 4; 27% sim; 27; 71% sim; 11; 73% grupo A grupo B Gráfico 3: idioma curricular na formação de nível superior profissional-militar. francês; 5; 13% inglês inglês; 15; 39% espanhol; 18; 48% 1; 15; 100% grupo A grupo B Gráfico 4: estudo formal de idiomas após concluir a formação superior profissional-militar. não; 4; 27% não; 19; 50% sim; 19; 50% sim; 11; 73% grupo A grupo B Ampliação lexical qualitativa em E/LE 290 Christiane Alves de Lima Gráfico 5: estudo formal de idiomas após a formação superior. espanhol e alemão; 9% alemão; 9% espanhol e inglês 26% espanhol e inglês; 18% espanhol e francês 5% italiano 5% espanhol; 28% espanhol e francês; 18% inglês 32% espanhol 32% inglês; 18% grupo A grupo B Gráfico 6: quantitativo de interessados no CID e no TCL (grupo A). TCL CID espanhol; 3; 38% alemão; 1; 20% francês;1; 20% inglês;1; 20% inglês; 5; 62% espanhol;2 40% Gráfico 7: quantitativo de interessados no CID e no TCL (grupo B). CID TCL italiano; 1; 11% italiano; 1; 5% francês; 1; 5% e spanhol; 11; 58% espanhol; 4; 44% inglês; 4; 45% inglês; 6; 32% Ampliação lexical qualitativa em E/LE 291 Christiane Alves de Lima Gráfico 8: formação superior em outras áreas do conhecimento profissional. não; 16; 42% não; 9; 60% sim; 6; 40% sim; 22; 58% grupo A grupo B Gráfico 9: informantes que serviram em OM próxima à fronteira. não; 16; 42% não; 10; 67% sim; 5; 33% sim; 22; 58% grupo A grupo B Gráfico 10: utilização da língua estrangeira na vida profissional não; 6; 40% não; 13; 34% sim; 25; 66% sim; 9; 60% grupo A grupo B Ampliação lexical qualitativa em E/LE 292 Christiane Alves de Lima ANEXO P: CD-ROM I Transcrição de dados em áudio: dupla A1_blanco_AS_INT (18 min 55 s) P: professora/pesquisadora A: informante S: informante ((os informantes recebem o 1º texto)) S: (risos) lê aí... A: las embajadas blanco de los atentados de Bagdad S: aqui ele pede pra... são quatro textos? A: quatro palavras... S: quatro... quatro vezes ( )... las embajadas blanco de los atentados.. pô aqui já dá pra... pô... ((o informante murmura as frases do texto em espanhol)) /.../ ... cara:: eu acho que eu vou... montar esse texto das embaixadas... ele começa com blanco de los atentados de Bagdad ...e depois o... o quarto parágrafo fala que as embaixadas alemães... espanholas situadas ao lado também foram el blanco de los ataques... então muito provavelmente pelo contexto da .... das palavras que estão ao lado né?... dá pra se entender que neste caso aqui é o blanco no sentido de alvo ou objetivo então... também foram objetivos dos ataques... o início ... las embaixadas... o título do texto.... las embaixadas... blanco de los atentados... então .... alvo dos atentados de Bagdá... não é isso?... texto um... alvo...objetivo ((o informante S domina a situação comunicativa, cabendo ao informante A completar as informações do protocolo verbal)) S: você concorda com a justificativa por causa do contexto das palavras que estão ao lado? A: concordo... S: éh:: no cotexto... ((os informantes recebem o texto dois e o informante A iniciam a leitura em voz baixa)) /.../ S: assinam a manchete... A: assassinam a machadada... ((o informante S corrige a tradução equivocada do informante A) /.../ S: ah:: tá... líder supremacista blanco... éh::: aqui dá pra entender mais ou menos... como é na África... né?... alguma coisa sobre... da raça... /.../ A: da raça... ((o informante murmura do texto)) ... o líder do grupo supremacista branco... ou seja... é tipo aqueles skinheads... S: ah:: tá... sei... A: apareceu en la cama::... con múltiples heridas na cabeza /.../ S: aqui...oh::... blancos... Terrablanche... de sessenta e nove anos... quera crer... crear três repúblicas totalmente habitadas por brancos ... então no caso aqui... éh...por causa II do contexto geral do texto... dá para entender que é branco... é por causa da raça... raça... de cor branca...então o sentido da palavra neste texto aí... éh::... raça... cor branca... A: éh::... branca... fechou??? S: por causa do contexto geral do texto... né?... do contexto... A: éh...do contexto... S: do contexto... /.../ ((os informantes recebem o texto três)) S: é o texto... não sei se tem ordem...texto três... já tá até grifada a palavra blanco... Israel emplea fósforo blanco... ah:::... já na primeira... no título já...pelo menos... aqui... contra los civiles...OK...las quemaduras causadas por el fósforo blanco...tudo bem::... ((o informante salta a leitura e se vale da palavra grifada para ler somente aonde ela aparece)) emplea fósforo blanco... então aqui... o significado da palavra é branco no sentido químico... A: éh:::... de agente químico... S: mas é branco de branco mesmo né? A: éh:::... S: aqui é branco no sentido literal da palavra... éh... cor... A: cor branca... S: sentido... literal... cor... branco... A: éh:: S: cor... por causa da palavra... né?... aí no caso por causa da palavra fósforo... essa é uma palavra dupla? A: éh::... acho que éh... fósforo branco...não tem no português? S: éh:::...por causa... A: já? S: por causa do cotexto... A: éh... as palavras vão mudando... S: éh... mas o cotexto é ele mesmo... ao redor da palavra... A: ah... tá... S: contexto é geral... cotexto é ao redor da palavra... por causa do cotexto ela está ligada... /.../ S: quarto texto... S: obrigado... ((o informante agradece a pesquisadora após receber o quarto texto)) ... bom... agora... o quarto texto... vamos identificar aonde está a frase então // aqui... já viu já? A: ( ) ... finos blancos... S: mais em outro lugar? A: ( ) S: peraí... alternam pro::postas... no design... week... México... deve ser algum... isso aqui deve ser uma semana... semana do design no México... do design week México. A: ( ) S: éh quinta... quinta passada... III A: criaram uma... roda... ((o informante A lê em voz baixa, oralizando somente partes das frases)) S: uma de las que chamaram a atenção das mulheres assistentes foi a apresentação que a firma Frette por seus finos brancos. ah:: então... A S: S: então o que vc acha... você acha que éh roupa de cama A: eu tô na dúvida... S: se éh tecido ou se alguma coisa específica de roupa de cama A: S: não isso não tem nada ver... éh uma tenda... A: a leitura foi difícil ou fácil? S: foi fácil... porque não demorou muito para ... não houve demora... nem discussão... nem muita discussão... nem muita discussão... para se chegar a um consenso... S: qual foi que exigiu mais dos seus conhecimentos prévios para entender a palavra blanco?... o quarto... texto quarto... por quê? S: ah:: acho por causa da especialidade né?... uma coisa muito específica né?... A: éh:::... porque a gente nunca viu a palavra também né?... nunca vi tecidos... S: não tinha visto esta palavra... desconhecimento do significado... A: éh::: S: desconhecimento de tal significado... A S: não... não... não porque a palavra... o texto... ajudou muito... ((o informante murmura a resposta enquanto escreve)) S: dariam respostas diferentes se realizassem a atividade individualmente?... acho que não...somente no texto 4... houve dúvida... pano .... ou tecido... fechou??? A: ok... IV Transcrição de dados em áudio: dupla A1_blanco_TT_MB (15 min 26 s) P: professora/pesquisadora TS: informante TB: informante TS: vamos lá. quer dar uma lida??? TB: não... fica a vontade TS: ((o informante começa a ler o texto em voz alta)) las embajadas, blanco de los atentados en Bagdad... acho que é alvo ou local... alguma coisa neste sentido... que tu acha? TB: ((silencio)) TS: vamos ler o texto TB: éh... as embaixadas... alvo dos atentados em Bagdá TS: como alvo... ou então... local dos atentados... principal local... alvo ((o informante TS volta a ler o texto um em voz alta. No meio da leitura, inicia uma leitura silenciosa e a interrompe, fazendo o comentário que se segue na sua próxima fala)) TS: deve ser alvo mesmo... as embaixadas alemães...da Espanha... situadas ao lado também foram el blanco de los ataques... também foram alvo né... ((silêncio)) TS: fechou alvo?? TB: fechou TS: sentido da palavra... TB: acho que é aquilo...não éh não? TS: continua ou éh só o debate? TB: éh... continua gravando ou é só o debate? TS: pode continuar // sentido da palavra... alvo... justificativa... TB: de acordo com o contexto do texto... TS: contexto né::... devido... devido ao contexto... TB: éh::: ((os informantes recebem o texto dois e realizam a leitura silenciosa)) TS: aí... é branco... de ser branco mesmo... racial... África do Sul TB: éh:: de ter nascido na África...de ter nascido... TS: na África do Sul... é branco de racial mesmo da África do Sul... habitada por blancos... branco no sentido racial? TB: éh:: porque ele fala assim que::... o cara que fez isso é um trabalhador agrícola... aparentemente foi uma disputa salarial... informou a polícia TS: éh... aí fala esse cara aqui... sessenta e nove anos... queria... ( ) queria criar três repúblicas totalmente habitadas por brancos em Sul da África... que só permitia a entrada de negros como trabalhadores hóspedes... seria branco como...raça... TB: raça... TS: /.../ seria branco como raça /.../ branco como raça então... éh isso? TB: éh::... branco de raça... éh o líder da::.. movimento de resistência ... Afrikáner... V TS: o contexto também né? TB: éh::... e:: tem até pouca palavra aqui na... ( ) Terreblanche .... Blanco Afrikaner TS: contexto e cotexto...( ) ... seria isso? TB: seria... ((os informantes recebem o texto três e realizam a leitura silenciosa)) /.../ TS: cara... é só tristeza... é bomba explodindo...éh::: TB: só tá diminuindo a letra... TS: não::: TB: o mais difícil é que ta diminuindo a letra... TS: só textos de alegria... não tem nenhum... Os Blancos ganharam o campeonato? TB: fósforo branco éh::... agente químico TS: fósforo branco éh::... termo nosso...agente químico... agente químico... precisa LER????? TB: ah::.. acho que não TS: éh::... a mesma coisa... isso aqui / a gente já conhece... TB: Israel usa fósforo branco contra civiles... civis, segundo ONG... TS: agente químico... isso aqui já é conhecimento linguístico né? TB: técnico profissional linguístico... ca:::ra ((risos)) ... tem que pagar embuste do material bélico... ((os informantes recebem o texto quatro e realizam a leitura silenciosa)) /.../ TB: acho que éh... estilismo né?... roupas brancas... TS: acho... acho que tá falando de ramas... ramas brancas... ( ) éh::... roupas... finos blancos... tecido no caso... TB: éh:: ... tecido mesmo TS: não... mas blanco tá aqui como um tipo de tecido ((silêncio)) TB: ele fala no branco usado na... na campanha da feira de design... TS: acho que é tecido... agora não sei... entendi como tecido// não sei se é tecido ou estampa// e aí? TB: eu acho que... TS: tem que decidir... tecido ou estampa... TB: eu acho que é tecido... cara TS: tecido... então firmou... tecido // tecido // rolou aí um palpite?... TB: a cor do tecido né?... TS: cor do tecido?... eu achei que era tipos de tecido // acho que... a cor... do... branco aqui... cor do tecido TB: ele fala... ele fala finos blancos né?... aqui ele fala... as texturas... as cores sofisticadas ... ma..materiais extremamente suaves... e preciosos... ((o informante murmura fragmentos da frase)) acho que entra tudo... tecido... textura... da cor sofisticada... dos materiais suaves... VI TS: não mas::... isso aqui seria o tecido então? TB: acho que o tecido em geral... TS: éh::... tecido geral... de roupa de cama...// dedução palpite TB: devido ao contexto... TS: contexto... contexto e palpite TB: éh:: /.../ P: a leitura dos textos foi fácil ou difícil? TS: o último eu achei difícil... TB: éh... foi difícil... P: por quê? TS: porque fala sobre um assunto que eu não tenho a mínima ... como se diz... TB: vocabulário... TS: éh::: envolve vocabulário que não é o nosso... sobre um assunto que eu não tenho o mínimo... não desperta o mínimo interesse... os outros não... os outros... os outros já despertam o nosso interesse... ativam rapidamente ativam o raciocínio... ainda mais com relação à profissão P: e nesse caso aqui... qual texto exigiu mais dos seus conhecimentos para entender a palavra blanco ... qual dos textos... qual dos quatro textos? TB: uhm... o quarto né:? TS: éh::... acho que o último foi o mais complicado... não sei nem se tá certo o nosso... P: qual texto exigiu mais dos seus conhecimentos prévios para entender blanco foi o quatro? TB: isso... P: qual foi difícil ... TS: NÃO... peraí... peraí... a pergunta... qual o texto que exigiu mais dos seus conhecimentos prévios... o único que exigiu conhecimento prévio realmente ... que a gente já sabia de cara foi esse aqui de Israel... TB: éh... o terceiro... TS: éh:: o terceiro... foi o que... conhecimento prévio... a gente bateu o olho já sabia do que tava tratando... P: e:: no caso aqui da quatro... foi difícil atribuir um sentido em cada texto a partir do processo de recontextualização lexical?... foi difícil atribuir um sentido?... isto que eu quero saber... TS: nós tentamos colocar em algum contexto a palavra ( )... só que nem tentamos esse... nós chegamos a aplicar este processo de recontextualização... esse nome difícil... que seria aplicar em outra palavra... em outra frase a palavra para ver se encaixava... é isso? P: não:: na verdade o que eu tô perguntando e se vocês acharam difícil a apresentação de quatro textos querendo saber uma palavra .... uma forma em contexto com significados diferentes... é essa a pergunta ...vocês acharam difícil fazer este tipo de inferência... de dedução? TS/TB: não:: não::: P: e cinco se estivessem sozinhos dariam a mesma resposta? TS: provavelmente... provavelmente... VII Transcrição de dados em áudio: dupla A2_blanco_TW_MB P: professora/pesquisadora T: informante W: informante P: agora sim... T: agora sim... W: vamos ler em espanhol? W: não... P: não. vocês é quem sabe W: ah... você tá... você tá aplicando P: é... vocês vão lendo, vocês vão vendo ((?)) chegar a conclusão aí.. /.../ ((o informante W iniciou a leitura do texto 1 em voz alta)) /.../ T: deixa eu ler daqui. W: sí. /.../ ((o informante T continuou a leitura do texto 1 a partir da metade)) /.../ W: blanco. blanco... quê... blanco T: vamos lá. sentido da palavra. Eh... W: éh...blanco com sentido de palco... local ...cena... T: coloca aí cena. T: palco, local, cena... T: ou cenário... não sei. W: justificativa. T: acho que pelo...pelo contexto... W: acho que é. pelo contexto pelo que ela falou. T: é só pelo título já deu pra observar. T: aí você escreve como ali... como... pelo título. /.../ ((após completarem com a resposta, a dupla recebe o texto 2)) ((O informante T inicia a leitura em voz alta)) /.../ T: blanco. acho que é branco mesmo// cor da pele. W: cor da pele. W: esse... foi pelo CONTEXTO. T: pelo contexto. T: não foi necessário ler o texto inteiro // pra observar isso. ((silêncio enquanto completam o protocolo)) W: listo. W: vamos. W: ¿yo puedo leer ... leerlo? ((o informante W iniciou a leitura do texto 3 em voz alta)) VIII T: blanco aí também tem o sentido de... cor aí também. W: é. É como se fosse branco. W: assim eu sei pelo conhecimento prévio que a gente já tem. T: um tipo de explosivo. é uma pólvora. W: no sentido da palavra... T: no sentido da palavra... W: ele...ele... T: e... como é que seria?? W: deixa eu pensar aqui.. W: acho que seria um ... acho que seria um branco que qualifica o fósforo. Um adjetivo. T: é. é isso! ((silêncio enquanto completam o protocolo)) W: eu coloquei só o que... W: e aqui?? (o informante W faz menção à parte de como)) T: eu coloquei pelo título ali... e pelo nosso conhecimento técnico já dá pra saber.. facilitou... também a descoberta. W: é aquela história né.. cada um conhece a sua letra. ((?)) ((o informante T iniciou a leitura do texto 4 em voz alta)) /.../ W: tecido né.. ((no meio da leitura, o informante W faz este comentário)) T: tecido. W: é... vamos ver. W: deixa eu dar uma lida aqui. T: al ser una firma de finos blancos... T: uhm...acho que é tecido mesmo, né?? W: é tecido mesmo. T: tecido. W: aqui eu acho que é pelo contexto. T: é pelo contexto. Pela interpretação. W: é pelo contexto. Pela interpretação. /.../ P: a leitura dos textos foi difícil ou fácil? W: a leitura foi // fácil. T: P: por quê foi fácil? W: ah:: é de fácil entendimento. T: não tinham palavras muito complicadas. e... pelo contexto em si / deu pra compreender bem. P: bom. Na três está assim. Qual dos textos exigiu MAIS dos seus conhecimentos prévios. Ou seja, conhecimentos fora do texto né.. para entender a palavra blanco? qual dos três? O um... o dois... o três... ou o quatro exigiu mais dos conhecimentos de vocês? IX W: o que casou com o conhecimento prévio que eu tinha... foi o três. Sobre o fósforo branco. que é um equipamento militar. P: uhm.. é o que exigiu mais de seus conhecimentos prévios. W: sim. o três. Teve outros que a gente deduziu, porém a gente não tinha conhecimento sobre o assunto. O texto quatro eu achei a palavra blanco um pouco mais difícil de entender. O sentido dela foi um pouco mais complicado de deduzir... mas não P: ah.. na quatro eu pergunto se foi difícil atribuir um sentido. Foi difícil atribuir um sentido em cada parte em cada texto considerando o processo de recontextualização lexical. Ou seja, apresentar a palavra blanco em um novo contexto significativo porque não sei se vocês perceberam foram quatro textos com a palavra blanco. mas nenhuma delas se repetia. vocês acharam difícil atribuir um significado? Fazer este processo? W: não. Achei simples e fácil. Ah pela... até pelo texto 1 aqui oh. O próprio texto 1 é só pela... pelo título a gente observa a facilidade de atribuir um sentido a palavra blanco. Os outros textos também é semelhante. T: eu acho que o fato de você pegar uma palavra... um substantivo... e designar para ele vários sentidos... se torna mais fácil pra gente por causa do próprio... do nosso idioma pátrio né... o que acontece... a manga // pode ser a manga fruta // manga do tecido // determinada manga da camisa. então... atribuir vários sentidos a mesma palavra não foi complicado. P: o problema é só reconhecer né... W: é. saber qual o sentido. Agora ter essa dificuldade. Ficar amarrado a um único sentido... não! P: e... nessa última pergunta. Se vocês estivessem sozinhos, T e W, teriam dados respostas diferentes para todas estas perguntas. W: eu não daria. Daria a mesma resposta, né.. X Transcrição de dados em áudio: dupla B1_repliegue_CB_INT (26 min 13 s) P: professora/pesquisadora C: informante B: informante ((os informantes recebem o texto um e realizam a leitura em voz alta)) C: tá gravando... então... C/B: FCH descarta repliegue de Fuerzas Armadas por seguridad de los ciudadanos... El repliegue de las fuerzas federales dejaría en total abandono a la ciudadanía y a las familias mexicanas en las manos sangrientas de los criminales... C: pô...não... ((silêncio)) retirada... é por que aqui oh::: fala... B: é retirada... não é:::: emprego... é retirada... C: empleo... seria::: B: repliegue... C: retirada...das forças federais... o presidente Felipe calderón hinojosa rechazó tajante el repliegue de las Fuerzas Armadas y federales del combate al crimen organizado porque eso dejaría a los ciudadanos en las manos sangrientas de los criminales.... ((o informante começa a balbuciar as frases do texto)) esa disputa y esa violencia, contra lo que algunos piensan no se terminaría con el repliegue del gobierno federal y de las fuerzas federales ....al contrario, se agravaría con un agravante inadmisible: que el repliegue de las fuerzas federales dejaría en total abandono a las ciudadanía y a las familias mejicanas... meXicanas en las manos sangrientas de los criminales...el jefe del ejecutivo federal encabezó esta mañana, en la base aérea de santa lucía, el 95 aniversario de la fuerza aérea mejicana...meXicana... acompañado de los secretarios de la defesa... de la marinha...y el governador del estado de méxico... ante más de tres mil oficiales, militares, generales calderón aseguró a la sociedad de ciudad juárez.. B: ciudad juaréz... (corrigindo a pronúncia do companheiro) C: que no los va a dejar solo... que cuentan con el apoyo del presidente y del gobierno federal... contra pelo... de lo dicho....por las autoridades estatales de chihuahua... B: chihuahua.. C: chihuahua mesmo::: cara... calderón rechazó tajante...que tajante será ..... B: tajante.... repudia com firmeza… C: que la violencia... desatada en ciudad....juaréz...sea consecuencia de la presencia de las fuerzas federales... isto aqui... tá falando que... ele rechaçou... quer dizer... não aceitou... que.. a:::... a violência B: que a violência.... C: que a violência seja causada pela presença dos federais... pelo contrário... ela tá combatendo... B: eh:::: C: afirmó que la lucha contra el crimen organizado há sido intensa, llena de retos, obstáculos, “y en algunos casos de incomprensión” B: ao contrário... C: el presidente dijo que equivocada o... B: intencionalmente... C: ... se acusa a las fuerzas federales de ser quienes propicien esa violencia, “pero... B: ao contrário... C: a quienes quieren ver al país sumido en la violencia les decimos que los mexicanos le seguiremos haciendo frente con toda la fuerza de la razón y con la fuerza de la ley... a quienes quieren ver al país dividido, hoy les decimos que la sociedad mexicana está unida, decidida y exigente para que se defiendan sus derechos a vivir una vida libre y en paz,... y a quienes pretender ver a méxico claudicar... o que é claudicar??? B: claudicar é mancar né::... cambalear... C: éh::: pô mané... tu é o cara... ((risos)) y dar marcha atrás, hoy les decimos que el estado mexicano es fuerte y se mantiene firme en su empeño porque cuenta con hombres y mujeres XI íntegros y valientes que seguirán luchando hasta alcanzar la victoria... insistió en que redoblará sus esfuerzo para apoyar a ciudad juárez con algún plan integral que no se reducirá a aspectos meramente policiacos, incluirá el desarrollo humano y la educación... C: eu acho que... é retirada mesmo né?... B: repliegue é retirada... C: retirada... B: ah.. este é o texto 1... C: o texto 1... sentido da palavra... retirada.. B: por que a gente... C: ah::: foi palpite né?? B: palpite... C: porque... sentido de repliegue eu não me lembrava o quê que era... B: através do contexto está inserido aí. ((os informantes recebem o texto dois e realizam a leitura em voz alta)) C: tu lê agora??? B: los mercados operan estables ante el repliegue del dólar... las bolsas europeas registran mínimas variaciones respecto al cierre de ayer, cerca de sus máximos niveles en 18 meses... las acciones de las firmas mineras... C: mineras... tu é de minas gerais???... mineradoras... B: (risos)... impulsan subas por la revalorización del oro y otros metales ante la nueva baja de la divida norteamericana... (( o informante B relê o parágrafo em voz alta, traduzindo o texto ao português)) C: queda né???.. que provoca aqui que o sentido parece que é de queda... B: éh...queda... las bolsas europeas subían en las primeras operaciones del martes y se acercaban a un máximo de 18 meses tras los avances producidos en wall street y tokio, apuntaladas por la firmeza de las mineras... por um repliegue del dólar que favorecia al oro y a otros metales...el índice ftse urofirst 300 subía un 0,31 por ciento a 1,082,56 puntos luego de haber ganado un 0,2 por ciento en la sesión previa... el índice de referencia europeo ha subido un 68 por ciento desde el mínimo histórico registrado el 9 de marzo del 2009. las acciones de las mineras subían pues un dólar más débil impulsaba el precio del oro y de otros metales...anglo american, bhp billiton, río tinto y xstrata ganaban entre un 0,7 y un 1,8 por ciento... el banco suizo ubs sumaba un 4 por ciento por informaciones sobre un ingreso de 2.300 millones de dólares en su división de renta fija en el primer trimestre. C: eu acho que... é isso mesmo... queda... baixa.. B: baixa.... queda do dólar.... C: fechou então... o texto 2.... ((os informantes recebem o texto três e realizam a leitura em voz alta)) C: vamos al texto 3... mundo... los islámicos somalíes inician un repliegue táctico ante el avance del ejército etíope... retirada tática... B: éh... retirada... C: ou... avanço... olha aí:::: las milicias de la unión de tribunales se desplazan a Mogadíscio trás perder los enclaves estratégicos y sufrir más de un millar de bajas... los islámicos iniciaron ayer un repliegue táctico ante el avance de la ofensiva de Etiopía, que cifra ya en más de un millar el número de milicianos de la unión de tribunales islámicos (uti) fallecidos en los ataques. Mientras, la comunidad internacional guarda silencio y la unión africana incluso justifica el ataque de etiopía a su VECINO... B: vizinho... C: ah::: muito bom cara::::... las milicias de la UTI perdieron... perdieron el control de otros dos importantes ciudades de Somália ante la ofensiva misión... milicianos islámicos somalíes XII conjunta de las milicias del gobierno de transición somalí y vigilan la carretera que va al aeropuerto sus aliados de etiopía... etiopÍa ... varios testigos presenciales de mogadiscio... ((o informante para a leitura)) C: Eu tô achando que éh::: que aqui éh::: retirada também. B: retirada tática ou.... retraimento. C: pode ser... retraimento... que tem o mesmo sentido de retirada... pra.. pros militares a gente sabe que tem diferença... uma e a outra... retraimento é planejado .... retirada... ((o informante C reinicia a leitura)) /.../ C: então aqui...é uma... retirada... B: retirada... é isso aí sim... C: é uma retirada... é um retraimento... B: retraimento... acho que é melhor né?? C: um retraimento... ((os informantes recebem o texto quatro e realizam a leitura em voz alta)) B: ¿qué es um repliegue (lifting) facial?... un repliegue (lifting) es la reducción de los signos del paso del tiempo (arrugas) con las que el paciente se siente insatisfecho... esto puede incluso crear problemas de salud...las arrugas... bolsas de piel laxitud en piel del cuello... C: pescoço... B: hacen su aparición luego pasado los años.. además se asocia a este proceso la exposición al sol el viento y los cambios hormonales... en la actualidad la cirugía de cara no es un procedimiento solo para ricos y famosos personas de cualquier ocupación y aspecto tienen acceso a ella... es una de las cirugías mas frecuentemente realizadas y aceptadas ya que el verse mejor esta directamente relacionado con el potencial de trabajo desarrollo personal y social... ((intervenção de outro aluno)) el repliegue (lifting) es una intervención quirúrgica para reparar la piel de la cara y cuello marchita arrugada y hundida debido al paso del tiempo o por una dieta alimenticia pobre también por tendencia hereditaria... se realiza quitando el exceso de grasa tensando los músculos principales y rellenando la piel de la cara y cuello...en toda cirugía es vital ponerse en manos de un buen especialista...las complicaciones más frecuentes son los hematomas los defectos de cicatrización y las inflamaciones... la recuperación es variable pero debe esperarse una semana... como mínimo para hacer una vida normal y entre de 10 y 15 días para reemprender la rutina social o laboral... los resultados definitivos empiezan a apreciarse a partir del primer mes... la mayor parte de los puntos se quitan en 5 días aunque a veces los puntos o grapas situados en el borde del cuero cabelludo se dejan algunos días más porque pueden tardar algo más en cicatrizar...si la operación está bien hecha... no cambia el aspecto de la persona...y tampoco quita años... pero da un aspecto más joven... el veintecinco por ciento de los repliegues (lifting)... son realizados en hombres que quieren mejorar su rostro... si deseas hacer un comentario sobre esta reseña... escríbenos a... C: o que é o repliegue facial? Ele é a retirada de alguma coisa da face... mas ele tem um:::: tem um::: nome específico... isso aí:::: é o que?? B: realiza quitando o excesso de gordura...né?? C: éh::: B: puxando os músculos principais ... XIII C: é uma:::: cirurgia plástica... a gente coloca cirurgia??? B: éh::: C: que não deixa de ser também éh::: retirada... seria uma cirurgia plástica no caso... ((silêncio)) C: a leitura do texto foi... fácil né???... o texto não... foi fácil... ((silêncio)) C: para entender la palavra repliegue... acho que foi este último aí né cara?? B: éh::: o quatro.. C: ele deu um novo... assim... apesar de ser a mesma... /.../ que::: este texto quatro ele deu uma::: ele deu uma adaptada no...na palavra né???... transformou a retirada... que não deixa de ser... toda cirurgia plástica ... no nosso entendimento né?? ... é uma .... é uma... é um tipo de retirada de alguma coisa né??... transformação né??... B: o contexto que tava inserida esta palavra aí... desvirtuou um pouquinho também né?... é porque estava numa coisa totalmente diferente né?... mudou um pouco o sentido da:: da palavra... ((silêncio)) C: foi difícil atribui um sentido em cada texto a partir do processo de recontextualização lexical, ou seja, a apresentação da palavra em outro contexto significativo?... não::: B: não pelo contrário o contexto ajuda... a gente... achar... o sentido C: ((o informante está escrevendo a resposta e lendo-a em voz alta)) a contextualização.... facilita o entendimento... do significado... em cada texto... ((silêncio enquanto respondem a pergunta)) C: dariam respostas diferentes se realizassem esta atividade individualmente?.... acho que não né? Foi assim ( ) XIV Transcrição de dados em áudio: dupla B1_repliegue_GD_MB (18 min 25 s) P: professora/pesquisadora G: informante D: informante /.../ ((os informantes recebem o texto um da pesquisadora)) D: emprego?... G: pode ser ( ) D: ( ) emprego... ou reemprego... ((o informante G inicia a leitura em voz alta alternando entre português e espanhol)) D: é emprego?... G: éh::.. eu acho que sim... D: embora aqui no final... eu acho...aqui também dá pra passar essa idéia de emprego... não... não... já passou... aqui... oh::.. G: ( ) emprego... D: fechou?.. G: acho que sim... D: dedução dentro do contexto. G: éh::... utilização de... justificativa... como chegaram a esta conclusão... D: sentido... G: através do contexto... em geral... e das palavras específicas... né? D: deu uma elucubradinha maior... né?... G: o que ele chama aqui do cotexto... né?.. G: queda... D: queda do dólar... ((risos)) desvalorização do dólar... /.../ ((os informantes iniciam a leitura em voz alta alternando entre o português e espanhol)) D: queda... desvalorização... G: né? D: éh... G: queda... D: desvalorização... é a mesma idéia... G: éh.. /.../ ((os informantes recebem o texto três)) D: ok... esse é grande... ((o informante faz alusão ao tamanho do texto três)) G: esse já não tá no título ((o informante faz alusão à palavra repliegue))... esse é mais difícil... ((risos)) XV D: não tá aqui oh:::...islámicos inician un emprego táctico... um avanço do exército etíope... G: ((começa a leitura em voz alta, saltando trechos do texto)) não sei se é emprego não::... D: pode ser... éh:::... G: ((continua a leitura em voz alta, saltando trechos do texto)) ante o avanço.... D: ante o avanço... pois aqui tá avançando... pode ser defesa... G: ((continua a leitura em voz alta, saltando trechos do texto)) /.../ G: aqui tá explicando... D: éh... foi... já estou aqui embaixo... oh::... D: éh... G: éh... D: só aqui nesse...( ) uma defesa tática... uma.... defensiva... defesa... G: para uma tática defensiva D: tática... G: não sei se isso tem a ver com inglês... né?... D: éh.. G: o inglês inverte... coloca o... a palavra numa ordem diferente da nossa... D: éh... G: o que que acontece... o::: exercito etíope... D: atacou... G: fez a “porra” de um avanço... e atacou...aí... pra se defender... fizeram uma tática defensiva... D: fizeram uma tática defensiva... G: acho que enfim... éh... defensiva... né? D: isso... G: mesma coisa... ((silêncio)) G: o espanhol é mais fácil de ler as “paradas” pelo contexto do que o inglês... D: éh... não é mesmo não... G: o inglês tem umas palavras sutil... /.../ ((os informantes recebem o texto 4)) G: ¿qué es um repliegue (lifting) facial?... correção? D: qué es a... não... G: ... un repliegue... es la reducción... de los... D: eu acho pra nós... tranquilinho... o que tá em volta... em português... ... ((faz referência a semelhança gráficas das línguas)) G: ih:::... éh:::... D: você tá lendo em espanhol... tanto faz... G: ele fala que... essa “porra” tem a redução dos sinais::: do passo de tempo... sinais de tempo... D: passo de tempo... G: rugas... man... queda... né?... pessoa que esteja insatisfeita... que pode inclusive criar problemas de saúde... rugas... bolsas del piel... deve ser olheiras né?... XVI D: éh... cuello... aí vem falando embaixo do rosto né? G: aparecem logo com o passar dos anos... então... tem estas coisas falando do sol... e vento.... e as mudanças de hormônio... D: o uso... o uso... o::: é uma intervenção químico cirúrgica... quirúrgica... G: quirúrgica?... D: quirúrgica... para reparar... G: para reparar... a pele... D: o uso... o emprego de::... acho que... pode ser o uso... el... el não é o::.. G: éh::... G: acho que tá mais para correção... D: mas... o:: correção???... G: não mas aí... eu tô traduzindo né? D: ahm::... G: pegando o sentido geral... D: éh::... G: seria uma... uma... um sentido de::: estética... D: aqui tá falando... lifting... lifting... é a técnica... G: éh... D: é a técnica... é o que... a correção da técnica?... G: seria correção do não sei o quê... que é um repliegue facial... ou seja... o que é uma correção facial através do lifting....utilizando o lifting.. ou o ajuste... D: pode ser... ah:::...entendi... G: é coisa estética... éh:::.. cirurgia estética... D: pode ser... porque o lifting... lifting é correção... correção... correção... G: ele vai tirar... vai pegar a ruga e vai dar uma esticadinha... vai pegar ali a olheira... vai dar uma esticadinha... vai pegar a mancha e vai sumir com a mancha... D: porque a correção ( ) é uma técnica de correção ... G: é isso?... eu acho que é... ((inicia a leitura de trecho do texto)) /.../ D: tratamentos... ((o informante inferiu esta palavra após a leitura do último parágrafo)) deixa eu ver... G: não seria melhor correção... e tratamentos para ( )... D: deixa eu ver aqui... tratamento facial... tratamento facial... que es un tratamiento facial G: éh:::.. tratamento é melhor que correção....éh::... D: tratamento... G: pode até botar os dois... porque é uma técnica de... tipo plástica... éh:::... micro... microplástica... D: só que você usa produtos químicos ( )... /.../ P: a leitura foi difícil ou fácil? D: mediano... P: mediano... D: mediano... tem alguns termos que... G: tem alguns termos que a gente não conhece... XVII D: não conhece... mas... no geral:::... dá pra ter a compreensão... P: especificamente algum texto? D: não::... são pequenas... algumas palavras que::... mas que não interferiram no pedido... G: mas... mas deu pra entender o contexto... dos quatro textos... e deu pra pegar o contexto... que tava... que interessava ali... P: qual dos textos que exigiu mais dos conhecimentos prévios... ou seja... vocês já tinham um conhecimento sobre o assunto pra poder inferir... ou seja... deduzir o significado de repliegue.... o um... o dois... o três... o quatro... D: conhecimento prévio... ( ) G: o que a gente estava mais familiarizado foi com a parte da::: do exército etíope que acho que é o texto três... e o::... da queda da moeda americana... que é o que toda hora a gente vê parte da economia na televisão... então isso a gente estivesse um pouco mais familiaridado... mas... que exigiu conhecimento... muita coisa prévia... eu acredito que não...eu pra entender os textos ( )... D: não iria interferir... P: e foi difícil atribuir um sentido a cada um dos textos... éh:: percebendo que cada uma destas palavras.. cada um destes textos apresentava um novo sentido da palavra repliegue... vocês acharam difícil essa coisa de... pô apresentei quatro textos diferentes né?... quer dizer... dois tinham mesmo sentido... tinham a mesma idéia... mas foram quatro textos diferentes com a palavra repliegue...com sentido diferente... vocês acharam difícil essa mudança?... D: não mudança... G: se a gente fosse avaliar a palavra isoladamente... talvez ficasse meio... estranho... mas como ela está dentro do contexto... D: dentro do contexto... G: acho que o único texto que a gente ficou assim... pra achar a expressão correta que fosse...traduzir a palavra foi o último... D: o último... o quarto... G: que os outros três... a gente pegou ali bem...pertinho... o último ali... a gente ficou meio assim... porque ele não deixa muito claro o que seria a tradução exata ali da palavra... P: e se vocês estivessem fazendo sozinhos... dariam as mesmas respostas? D: éh:::... G: acho que sim... praticamente... a gente chegou bem .... a um consenso pra escrever.... ((risos))... não bateu ... esbofeteou não... ((risos))... XVIII Transcrição de dados em áudio: dupla B2_repliegue_CM_INT (9 min 38 s) P: professora/pesquisadora C: informante M: informante ((os informantes recebem o texto um)) C: começou... bom... então o texto número um aqui... M: ((o informante balbucia as primeiras palavras do texto)) ... seguridad de los ciudadanos C: pô:::... isso aqui éh fácil...compreensão do texto...pô::... tá no contexto... retirada... repliegue... pode ser retirada... pelo contexto aqui do texto... é retirada... M: éh... pelo combate ao crime organizado... C: isso... M: aí... deixar os cidadãos nas mãos de criminosos... C: isso... sentido da palavra retirada... C: justificativa... contexto do::: artigo analisado... éh... do contexto do artigo pô::... M: do contexto do artigo... C: isso... cabe retirada...pô::: já foi já.... a não... /.../ ((os informantes recebem o texto dois)) C: ((o informante lê em voz alta o texto dois alternando a leitura em português e espanhol)) repliegue pode ser baixa... M: recuo... recuo do dólar... C: éh... serve recuo ou baixa... M: uhm...uhm /.../ C: ((o informante volta a ler o texto em voz)) retirada quer dizer... dentro do contexto novamente entendeu?... éh a mesma coisa do contexto do artigo entendeu?... queda....éh:: retraimento... isso aí mesmo... ela diminui de valor... dimimuição de valor... ((o informante C conversa com a outra dupla próxima, sem que a professora perceba, e obtém o possível sentido da palavra repliegue no texto três: saída das forças)) C: saída das forças... de retirada... saída das forças... /.../ ((os informantes recebem o texto três)) C: ((o informante lê em voz alta o texto dois alternando a leitura em português e espanhol)) os islâmicos somalis iniciaram ((o informante deu esta tradução para a XIX palavra ayer)) após um... uma::: retirada tática ante o avanço da ofensiva da Etiópia, que cifra ya ... parte de estratégico essa retirada tática militar... conceito militar... M: militar...né? C: retirada... conceito militar... ou uma manobra militar... M: no con do artigo C: no con do artigo... da palavra... retirada... éh uma saída... uma manobra... éh como uma manobra militar .... /.../ um conceito militar... ((os informantes recebem o texto quatro)) C: caraca:: repliegue facial... M: não::…lifting... C: não sim:::... mas qual seria a retirada... M: um...repliegue... uma limpeza de pele... repliegue... facial... C: não sim:::... seria uma limpeza facial … M: uma redução dos sinais com o passar do tempo... das.. das rugas... C: não sei::... mas eu digo... mas eu digo... literalmente entendeu??... o significado literal...seria o que?... porque tá dizendo lifting...entendeu?... o significado em inglês... que seria em inglês... M: ahm... ahm... C: mas:::... ( ) a gente não sabe.. M: a retirada dos sinais do::: passar do tempo... C: redução né?... não é retirada... é uma redução... M: é uma redução... mas vai retirar:: vai tirar os sinais do tempo... reduzindo... né? você vai tirando aquelas marcas... C: não::: aqui no caso o repliegue seria uma::... técnica... entendeu?... seria uma técnica......facial... éh... isso que seria... entendeu?... uma técnica... o lifting é uma técnica... então... aí seria uma técnica também... tanto é que ele fala aqui... el repliegue es una intervención quirúrgica... ou seja... a técnica é uma intervenção cirúrgica... entendeu?... seria::: uma técnica de retirada de:: redução de sinais... uma técnica de redução de sinais... ou uma técnica pô... o lifting... você sabe o significado de lifting...éh... liter...literal da letra em inglês?.. M: não::... C: então... tipo assim... tô te falando... a gente teria que fazer... M: repliegue é uma coisa ... e o repliegue facial é uma técnica... C: é uma técnica... entendeu?... por isso que tô te falando... pra gente falar o significado mesmo... M: mas essa técnica com o sentido de uma retirada... de uma::....de uma remoção... C: de uma redução... éh uma redução de::: de::: sinal... entendeu?... uma remoção... M: mas seria uma remoção... C: é uma remoção... M: coloco que o sentido dela é remoção... aí... a gente coloca aqui... no contexto... ela é uma... C: não tu pode colocar técnica de remoção... tu bota aqui... substituindo... una remoción es la reducción... entendeu?... M: é uma técnica de remoção... C: é uma técnica de remoção...entendeu?... um pouquinho mais amplo... peraí... de redução... não...de tempo na face... no rosto.. é pode ser sinal de velhice éh...no rosto... na face... XX ((os informantes passam a responder as perguntas do protocolo verbal)) C: a leitura foi difícil ou fácil?... foi fácil... não achei difícil não... M: também... C: justifique... foram textos de fácil compreensão... M: éh... também achei isso.... é de muito fácil compreensão... /.../ C: qual texto exigiu mais de seus conhecimentos prévios para entender a palavra repliegue?... foi esse último agora...pô::...entendeu?... éh... ¿qué es un repliegue facial?... ¿qué es... un... facial...lifting... facial... justifique... ( ) é::: um significado...éh... mais amplo... éh... um significado técnico...entendeu?... M: ( ) C: a gente partiu do conhecimento prévio também cara... esse...esse... M: a partir do conhecimento prévio da palavra... a gente apenas enquadrou na..no contexto do texto... C: no contexto do texto... textual né?... C: bota assim... que a gente adotou... já tinha um conhecimento prévio da palavra... prévio da palavra... então no texto.... possivelmente... possivelmente... lógico... compreensão da::... do idioma pô... terminou?... /.../