EPÍSTOLA DE TIAGO Pr Luciano R. Peterlevitz – EBD da Missão Batista Vida Nova, 05/09/2010. 1. EPÍSTOLAS GERAIS As Epístolas Gerais (também chamadas de “católicas”, universais) não foram escritas a uma comunidade cristã particular, mas aos cristãos em geral. São elas: uma de Tiago; uma de Judas; duas de Pedro; três de João. Tiago escreveu para “às doze tribos que se encontram na Dispersão” (1.1), ou seja, ao novo Israel de Deus, a Igreja, espalhada por todo o mundo grego-romano. 2. TIAGO Tradicionalmente o autor desta epístola tem sido identificado com Tiago, líder da igreja de Jerusalém (Gl 2.9,12; cf. At 12.17; 15.13; 21.18), “irmão do Senhor” (Gl 1.19; cf. Mt 13.55; Mc 6.3), e também irmão de Judas (Jd 1.1). Ou, o autor pode ser outro apóstolo de Cristo, o “filho de Alfeu” (Mt 10.3). De qualquer forma, Tiago, bem como seus leitores, tem bastante familiaridade com o Antigo Testamento: 1.5, 11 (cf. Is 40-6-7); 2.9-11, 21, 25; 5.10, 11, 17. 3. DATA E OCASIÃO Possivelmente Tiago escreveu aos crentes judeus espalhados por toda a “diáspora” (dispersão), depois da destruição de Jerusalém em 70 d.C. Mas, se o autor é Tiago, irmão do Senhor, morto em 62 d.C. (de acordo com Josefo), então a carta foi escrita bem mais cedo. A epístola teria sido escrita antes das epístolas de Paulo, portanto entre 49 e 50 d.C. 4. PROPÓSITO A Epístola de Tiago tem por objetivo alinhar a fé à prática das boas obras: 2.17. Tiago convoca as comunidades cristãs à ação, mediante a prática da Palavra de Deus: 1.22. É interessante que o nome de Jesus aparece somente duas vezes na epístola (1.1 e 2.1). Mas o exemplo de Jesus está subentendido ao longo da carta, mediante a convocação da misericórdia para com o próximo. 4. PROPÓSITO As exortações de Tiago, pronunciadas a partir de uma perspectiva ética da fé pessoal, recordam as de Jesus nos Sinóticos (ver a Introdução aos Evangelhos), mais especialmente em Mateus, em discursos como o Sermão do Monte (Mt 5—7). Assim sucede quando Tiago se refere à sinceridade da fé (1.22-25; 2.14-16; 3.13-18), a resistir às provações com paciência (1.2-4,12-15; 5.7-11), a não julgar os demais (2.12-13; 4.11-12), a refrear a língua (1.26; 3.1-12), a não jurar (5.12) e a perseverar na oração (5.13-18). Bíblia de Estudo Almeida - Revista e Corrigida . 5. BREVE ANÁLISE (TEXTOS SELECIONADOS) O valor das provações: 1.2-4 Tiago afirma que podemos nos alegrar quando passamos por várias provações, pois esta produz perseverança, levandonos à perfeição e à integridade. 5. BREVE ANÁLISE (TEXTOS SELECIONADOS) Buscando a sabedoria: 1.5-8. Deve-se orar com fé, não duvidando. Quem duvida tem “ânimo dobre”, ou coração dobre. “Isto é, quem hoje pensa uma coisa e amanhã outra. Refere-se àqueles que balançam entre dois modos contraditórios de se comportar.[1] Tal pessoa é como um bêbado cambaleante, ou como um navio agitado pelo mar tempestuoso. [1] Sociedade Bíblica do Brasil. 2002; 2005. Bíblia de Estudo Almeida - Revista e Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil 5. BREVE ANÁLISE (TEXTOS SELECIONADOS) A origem do pecado: 1.12-15 Deus prova a nossa fé (Gn 22.1), mas não tenta para o mal. Alguém já disse que “Satanás tenta para extrair o mal; Deus testa para extrair o bem”. A tentação origina-se em nós mesmos. O pecado é comparado a uma gestação: ele fecundase no coração, e nasce no ato. 5. BREVE ANÁLISE (TEXTOS SELECIONADOS) A origem do bem: 1.16-18 Toda “boa dádiva” e todo “dom perfeito” vem de Deus. “Dádiva” é a tradução do grego dosis, presente. O mesmo sentido tem “dom”, do grego dorema. Esta palavra, contudo, é muito forte, e enfatiza a idéia de algo completo e magnânimo. 5. BREVE ANÁLISE (TEXTOS SELECIONADOS) As obras e a fé: 2.14-26 Diferentemente do apóstolo Paulo, que expõe a fé como meio para a salvação (Ef 2.8), Tiago expõe as obras como prova da verdadeira fé: 2.14-26. Paulo se concentra no meio da salvação. Tiago se concentra no resultado da salvação. 5. BREVE ANÁLISE (TEXTOS SELECIONADOS) A língua perigosa: 3.1-12 A língua é um pequeno membro, mas causa grandes estragos. 5. BREVE ANÁLISE (TEXTOS SELECIONADOS) A verdadeira sabedoria: 3.13-18 A sabedoria bíblica não pode ser confundida com conhecimento teórico. A verdadeira sabedoria vem do alto, mas não permanece no alto. Ela se personifica em atos de misericórdia (v.17) e justiça (v.18). Somos convocados não só a evitar a injustiça (5.1-6), mas também a promovermos a justiça (3.18). Deixar de fazer o bem é tão pecaminoso quanto fazer o mal (4.17). CONCLUSÃO A Epístola de Tiago é um chamado à fé prática. A Igreja precisa alinhar-se na luta pela paz e justiça no mundo. CONCLUSÃO Se a situação histórica de dependência e dominação de dois terços da humanidade, com seus 30 milhões anuais de mortos de fome e desnutrição, não se converte no ponto de partida de qualquer teologia cristã hoje, mesmo nos países ricos e dominadores, a teologia cristã não poderá situar e concretizar historicamente seus temas fundamentais. Suas perguntas não serão perguntas reais. Passarão ao lado do homem real. CONCLUSÃO Por isso, como observava um participante do encontro de Buenos Aires, “é necessário salvar a teologia do seu cinismo”. Porque, realmente, diante dos problemas do mundo de hoje, muitos escritos de teologia se reduzem a um cinismo. Hugo Assmann