LITERATURA – Profª Ana Cristina R. Pereira
2ª Série do Ensino Médio
DICAS DE ESTUDO PARA PROVA TRIMESTRAL
A) Ler e reler textos;
B) Fazer anotações sobre os conteúdos desenvolvidos em sala de aula,
durante a explicação do professor;
C) Reler os slides de power point, trabalhados em sala de aula, através do
polígrafo de conteúdos, ou acessando a página de Literatura no site da
Escola;
D) Fazer resumos e esquemas da matéria;
E) Refazer questões objetivas (e dissertativas) de vestibular, revisando
erros e acertos.
F) Ler a matéria no livro de Literatura da FTD (indicado na lista de
materiais).
LEITURA COMPLEMENTAR:
“Curso de Literatura Brasileira”, Sergius Gonzaga – Editora Leitura XXI;
Livro Didático de Literatura com todos os conteúdos de Ensino Médio, contexto
histórico, características de cada período literário, autores e obras, e resumos
de livros.
ATENÇÃO: REVISE AS SEGUINTES QUESTÕES, VISANDO EXERCITAR A
MATÉRIA PARA PROVA TRIMESTRAL DE LITERATURA - OBSERVE O
QUE ESTÁ DESTACADO:
1. Considere as afirmações seguintes sobre os personagens de O
Cortiço, romance de Aluísio Azevedo.
I. O português João Romão é o único vencedor do romance. Empregado de
uma venda, recebe-a de presente, depois que o dono enriquecido volta para
Portugal. Trabalhando como um cão danado; abusando do trabalho servil e
do corpo de uma escrava fugida, Bertoleza, que ele torna sua amante;
roubando nos pesos e nas medidas do armazém; valendo-se da renda
imobiliária arrancada dos trabalhadores que começam a alugar os primeiros
quartos de seu cortiço; poupando tudo no extremo da mais completa
sovinice; ele consegue economizar uma fortuna considerável, nos moldes
mesquinhos da acumulação primitiva de capital.
II. Bertoleza é o símbolo da coisificação do ser humano gerada pelo sistema
escravista e pela exploração. Raramente manifesta algum sentimento ou
vontade própria. Tudo o que se conhece a seu respeito provém de João
Romão ou da narração de sua incessante atividade nos trabalhos
domésticos. Aceitando passivamente sua condição, ao final, contudo, ao
sentir-se injustiçada, reage como um animal acuado e, ao perceber que não
há saída para ela, pratica seu primeiro ato totalmente autônomo, enfrenta os
guardas e o filho de seu antigo dono, ferindo-os e fugindo feito fera.
III. A partir de uma educação sofisticada para o meio em que vive, Pombinha,
“a flor do cortiço”, não consegue refletir sobre sua própria condição. Filha de
uma senhora distinta que, pelas injunções da sorte fora levada para o
cortiço, ela atravessa a adolescência sem menstruar e, por isso, torna-se
símbolo da pureza em meio ao lodo moral. Tem um noivo de boa família e
também ajuda os demais moradores escrevendo-lhes cartas. A violência e a
imundície da habitação coletiva não parecem afetá-la, até que chega a
menstruação, saudada alegremente pela mãe. A partir desse momento,
Pombinha casa-se com o noivo e realiza o sonho de sua mãe: escapa da
corrupção e da hostilidade do meio em que viviam.
 Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.
2. Leia o texto abaixo.
“Se o senhor não tá lembrado,/a licença de contá:/ali onde agora está/esse
edifício arto/ era uma casa velha/um palacete assobradado./Foi ali, seu
moço,/que eu, Matogrosso e o Joca/construímo nossa maloca./Mas um
dia,/nóis nem pode se alembrá/veio os home com as ferramenta:/o dono
mandô derrubá./Peguemo todas nossas coisas/e fumo pro meio da rua apreciá
a demolição./Que tristeza que nóis sentia/cada tauba que caía/doía no
coração./Matogrosso quis gritá/mas em cima eu falei/os home tá co´a
razão,/nóis arranja outro lugá./Só se conformemo quando o Joca falô/Deus dá
o frio conforme o cobertô./E hoje nóis pega as paia nas grama dos jardim/e prá
esquecê nóis cantemo assim:/Saudosa maloca,/maloca querida/qui dim
donde/nóis
passemo
dias
feliz
de
nossa
vida.”
[“Saudosa maloca”, de Adoniram Barbosa]

Qual a semelhança temática entre a obra “O Cortiço”, de Aluísio
Azevedo, e a letra de “Saudosa maloca”?
(A) Ambos tematizam as habitações coletivas ocupadas por uma parcela da
pequena burguesia em processo de ascensão social.
(B) A consciência de civilidade daqueles que respeitam as leis.
(C) A construção de um palacete, a partir da destruição de outro.
(D) A tristeza de homens que assistem a destruição de suas casas.
(E) Ambos tematizam as habitações coletivas ocupadas por uma parcela da
população marginalizada do processo de consumo e produção.
3. Considere as afirmações abaixo sobre a obra “O Cortiço”, de Aluísio
Azevedo.
I. A pressão rasteira da animalidade manifesta-se no dia-a-dia dos moradores
do cortiço, os quais parecem viver tão-somente para atender as suas
necessidades mais primárias: beber, comer, dormir, fazer sexo, brigar e
divertir-se como bichos.
II. A concepção biológica da existência chega ao extremo de considerar o
próprio cortiço um organismo vivo, sujeito às leis evolutivas.
III. A obra celebra uma extraordinária força vital, de uma selvagem vibração
dos instintos e de uma fervilhante alegria de existir e de sobreviver em
condições tão adversas.

Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) I, II e III.
4. Considere as afirmações abaixo sobre o romance “O Ateneu”, de Raul
Pompéia.
I.
II.
III.
Fortemente pessoal – mas não a ponto de ser
considerado uma autobiografia – o texto parte
das experiências do autor em um sistema de
internato.
Sérgio – o protagonista – procura ligações
autênticas com os colegas, mas só encontra
brutalidade, jogos de poder, exploração e
homossexualismo. Todas as camaradagens são
efêmeras e dissimuladas, exceção feita a
Rebelo.
Dificilmente alguém escapa do homossexualismo
sutil que domina as salas de aula, os corredores
e os dormitórios do Ateneu. Exceção feita a
Rebelo e a Sérgio que se unem e enfrentam com
virilidade a perversão do meio.

Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) I, II e III.
5. (Fuvest-SP) Leia com atenção e responda à questão:
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
(BILAC, Olavo. Profissão de fé)
 Nos versos acima, a atividade poética é comparada ao lavor do ourives
porque, para o autor:
(A) a poesia é preciosa como um rubi
(B) na poesia não pode faltar rima.
(C) o poeta é um burilador. (artesão)
(D)o poeta não se assemelha a um ator.
(E) o poeta trabalha com a inspiração.
6. Leia o texto e responda:
As pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
(CORREIA, Raimundo)
 Considere as afirmações abaixo sobre o poema “As pombas”, de
Raimundo Correia.
Em “As pombas”, Raimundo Correia revela sua postura revolucionária,
engajada nas lutas sociais. Ao falar dos sonhos de juventude, comparados
às pombas que partem pela manhã, melancolicamente o poeta nos diz que
estes sonhos juvenis não voltam mais, ao contrário das pombas, que à tarde
voltam a seus ninhos.
II. Observando a última estrofe do soneto, podemos dizer que o eu lírico,
revelando uma preocupação metafísica, trata com pessimismo a condição
do homem perante a vida e o tempo.
III. O descritivismo, a sobriedade e a contenção das emoções, o formalismo,
comprovam a filiação deste texto ao Parnasianismo.
I.
 Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) Apenas II e III.
7. Leia o texto e responda:
Via Láctea
(...)
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto;
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender as estrelas.”
(BILAC, Olavo)
 Considere as afirmações abaixo sobre o soneto de “Via láctea”, de
Olavo Bilac.
Temos neste soneto uma temática que lembra algumas posturas barrocas,
como a valorização do amor, a visão do poeta como alguém sonhador,
idealista.
II. De acordo com a última estrofe do soneto, a condição necessária para a
“comunicação cósmica” é amar, pois só o amor permite a comunicação com
as estrelas.
III. Podemos acertadamente afirmar que embora o soneto pertença a estética
parnasiana, carrega traços simbolistas, pois e visível o desejo de integração
cósmica do poeta e a intenção de valorizar as zonas profundas da mente
(inconsciente e subconsciente).
I.
 Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) Apenas II e III.
8.[UFRGS] Leia as afirmações abaixo sobre O Ateneu, de Raul Pompéia,
romance de 1888.
I. O Ateneu é uma narrativa de caráter autobiográfico, em que o menino
Sérgio enfrenta as vicissitudes da educação pré-republicana em um
colégio do Rio de Janeiro.
II. O romance é inovador quanto ao modo de representar psicologicamente
as personagens, mas, quanto ao estilo, ainda segue o modelo romântico
de José de Alencar.
III. O livro realiza um mergulho na infância e na adolescência de Sérgio, e
descreve, através das observações do narrador, os diferentes tipos
humanos que compõe a população do internato.
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) Apenas I e III.
9.[UFRGS] A respeito do romance brasileiro do final do século XIX, podese afirmar que
(A) o Impressionismo, com sua linguagem cientificista e a expressão de um
determinismo mecanicista, buscava os aspectos mórbidos da atividade
humana para demonstrar que o ser humano é movido por condicionamentos
de duas fontes: o meio e a herança genética.
(B) o Realismo, movimento saudosista, buscava demonstrar como a vida era
melhor no tempo da monarquia, opondo a estabilidade do regime sob a
tutela de Dom Pedro II ao arrivismo de casais republicanos como Palha e
Sofia.
(C) personagens como Pombinha, a moça decente que se torna homossexual
e prostituta por influência da madrinha, e Jerônimo, o português trabalhador
que larga a esposa por uma mulata fogosa, são ilustrações das teses
naturalistas de Aluísio Azevedo.
(D) Adolfo Caminha é autor de um romance de cunho memorialístico que narra
as transformações que se dão na personalidade de um menino ao entrar em
contato com o meio hipócrita e violento de um cortiço do Rio de Janeiro no
tempo do Império.
(E) O Ateneu narra a história de um marinheiro mulato que, para tentar fugir ao
preconceito que o isola dos próprios parentes, embarca no navio que dá
título ao livro, sem saber que o capitão e o imediato planejam vendê-lo como
escravo.
10.(UFRGS)
É na confluência de ideais anti-românticos, como a
objetividade no trato dos temas e o culto da forma, que se situa a poética do
Parnasianismo. O nome da escola vinha de Paris e remontava a antologias
publicadas(...) sob o título de Parnasse Contemporain, que incluíam poemas de
Gautier, Banville e Leconte de Lisle. Seus traços de relevo: o gosto da
descrição nítida, concepções tradicionalistas sobre metro, ritmo e rima e, no
fundo, o ideal de impessoalidade que partilhavam com os realistas do tempo.
(Alfredo Bosi)
 Com base no texto acima, referente ao Parnasianismo brasileiro, são
feitas as seguintes inferências:
I. O Parnasianismo opôs-se a princípios românticos como a subjetividade e a
relativa liberdade do verso.
II. Tendo seu nome calcado num termo criado na França, o Parnasianismo
brasileiro seguiu um caminho estético próprio, independente e original.
III. Parnasianismo e Realismo são correntes literárias com ideais e princípios
estéticos totalmente diferenciados.
 Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e II
(D) Apenas II e III
(E) I, II e III
11.(FEI) Marque a única alternativa correta sobre o texto abaixo:
Cárcere das almas
Ah! Toda alma num cárcere anda presa,
Solução nas trevas entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
 Na estrofe acima, está fortemente caracterizado um tema simbolista
bem ao gosto de Cruz e Sousa. Trata-se de:
(A) sofrimento metafísico.
(B) espírito de renúncia.
(C) tristeza diante de amores impossíveis.
(D) sofrimento em decorrência da pobreza
(E) temor diante da injustiça humana.
material.
12. Leia o texto e responda:
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
 Considere as afirmações abaixo sobre o poema “Ismália”, de
Alphonsus de Guimaraens.
Todo o poema é construído com base em antíteses. As antíteses articulamse em torno dos desejos contraditórios de Ismália, que se dividem entre a
realidade espiritual e a realidade concreta.
II. A partir da análise deste poema podemos afirmar que, para os simbolistas,
sonho e loucura levam à libertação, pois a razão e a lógica aprisionam o
homem. Dar vazão ao mundo interior; explorar zonas ocultas da mente
humana é o mesmo que transcender os limites do mundo real.
III. De acordo com o desfecho do poema, o céu recebe a alma; logo, liga-se ao
aspecto espiritual. O mar recebe o corpo; logo, representa o universo
material.
 Quais estão corretas?
I.
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e
(E) I, II e III.
II.
13. Cruz e Sousa foi o primeiro poeta negro de destaque na literatura
brasileira. Sobre o autor de Broquéis, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Embora Cruz e Sousa tenha abordado o tema da transcendência, muitas
vezes sua voz poética se vê afetada por tensões advindas do mundo físico,
caso da angústia sexual.
(B) O racismo sofrido pelo autor catarinense constitui-se em marca poética,
quer na escolha dos termos brancos, quer na abordagem acerca da
escravidão.
(C) Mestre da musicalidade, Cruz Sousa soube, como ninguém, levar a pleno o
lema de Verlaine de pôr a música antes de tudo.
(D) Adepto da alquimia verbal de Rimbaud, o poeta de Missal buscou
combinações exóticas de sonoridades e cores, constituindo-se como autor de
uma linguagem multissensorial.
(E) O uso dos poemas em prosa não impediu o autor de mergulhar nos
mistérios da linguagem e das sensações, buscando traduzir a religião do verbo
preconizada pelos poetas franceses de mesma tendência.
14.Sobre Alphonsus de Guimaraens, afirma Alfredo Bosi, na História
Concisa da Literatura Brasileira, “… foi poeta de um só tema: a morte da
amada”.

Essa obsessão faz do mundo ao redor cúmplice permanente de
suas dores, como se vê na seguinte estrofe desse poeta.
(A)
“Ontem, à meia-noite, estando junto
A uma igreja, lembrei-me de ter visto
Um velho que levava às costas isto:
Um caixão de defunto.”
(B)
“Espectros que têm voz, sombras que têm tristezas
Perseguem-me: e acompanho os apagados traços
De semblantes que amei fora da natureza.”
(C)
“E o sino canta em lúgubres responsos
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
(D)
“O olhar fito no chão, como desfeito
Em sangue, o velho, sem me olhar segura,
E ouvir-lhe a única frase que dizia:
Vou levando o meu leito.”
(E)
“Hão de chorar por ela os cinamomos
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.”
15.Sobre o Simbolismo, podemos convir que
I. utilizou a forma, com os rigores da poética da segunda metade do
século XIX, embora seu formalismo não tenha se traduzido em hermetismo;
II. ao contrário do Parnasianismo, por pretender traduzir os estados de
alma, alcançou enorme repercussão por transcender os temas subjetivos;
III. manifestou-se integralmente na poesia, seja em verso seja em prosa,
constituindo-se, pelo trabalho sugestivo da linguagem, numa antecipação da
linguagem moderna.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.
16. Atente-se para o seguinte texto de Mário Quintana.
“Na minha adolescência, todo e qualquer escritor se presumia de
estilista, e isso, na época, significava riqueza vocabular... Imagine-se o mal que
deve ter causado a autores novos e inocentes o grande estilista Coelho Neto;
grande infanticida, isto é o que ele foi.
Orgulhávamo-nos, como das nossas riquezas naturais, da opulência
verbal de Ruy Barbosa. O seu fraco, ou seu fraco, eram sinônimos. Recordo
certa página em que esbanjou seus haveres com as pobres mulheres da vida,
chamando-as de todos os nomes, menos um.”
O texto estabelece uma interessante relação .... com o ...... pelo destaque
pejorativo que dá ...... .

A alternativa que melhor preenche as lacunas acima é
(A) intertextual - Parnasianismo - ao esteticismo .
(B) metalingüística - Parnasianismo – à impassibilidade .
(C) temática - Simbolismo - ao subjetivismo .
(D) parafrásica - Simbolismo - à riqueza .
(E) paródica - simbolismo - à impressão .
17. Em relação ao simbolismo e ao parnasianismo brasileiros, assinale V
para verdadeiro ou F para falso.
(...) Os parnasianos se notabilizaram por uma intensa pesquisa vocabular,
acentuando o caráter de novidade da língua.
(...) Cruz e Sousa, embora fosse poeta de intensa musicalidade e apegado aos
temas abstratos, também soube produzir poesia de preocupação social, como
Litania dos pobres.
(...) Olavo Bilac diferenciou-se dentre os parnasianos, entre outras coisas, por
tratar de temas de interesse mais brasileiro, como em Música brasileira e
Língua Portuguesa.
(...) Alphonsus de Guimaraens celebrizou-se pelo tema da noiva falecida,
embora tenha escritos belíssimos sonetos de devoção à Nossa Senhora.
(...) Poemas como As Pombas, de Raimundo Correia, servem de exemplo para
demonstrar que alguns autores parnasianos também exploraram a
possibilidade musical da poesia.

A seqüência correta, de cima para baixo, está na alternativa
(A) V – F – V – V – V.
(B) F – V – V – V – V.
(C) V – V – F – F – F.
(D) V – F – V – F – F.
(E) F – F – F – V – V.
18.Considere as seguintes a firmações acerca da produção poética dos
autores parnasianos.
I. Alberto de Oliveira, cuja obra traduz os ideários da escola, descambou,
por vezes, para a análise científica da realidade, realizando uma síntese do
período positivista.
II. Raimundo Correia, sobretudo na obra Sinfonias, pretende uma obra
marcada pela plena impassibilidade, realizando, assim, o ideal da arte pela
arte.
III. Olavo Bilac, embora tenha excedido padrões parnasianos ao longo
de sua carreira, acabou, mesmo com obras como Sarças de fogo, por se tornar
o bode expiatório dos modernistas.

Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.
19.[PUC -RS]
“Ela saltou em meio da roda, com braços na cintura, rebolando
as ilhargas e bamboleando a cabeça (...) numa sofreguidão (...) carnal, num
requebrado luxurioso que a punha ofegante: já correndo de barriga empinada,
já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando
num prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé e nunca se
encontra o fundo.”
 O vocabulário do texto salienta os traços do
(A) Romantismo.
(B) Realismo.
(C) Naturalismo.
(D) Impressionismo.
(E) Simbolismo.
20.(UFRGS) Considere o texto abaixo.
O Acrobata da Dor
Cruz e Sousa
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado,
De uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta gavroche, salta clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...
Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d‘aço...
E embora caias o chão, fremente,
Afogado em teu sangue esfuoso e quente
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Gavroche: garoto;
Clown: palhaço
Considere as seguintes afirmações em relação ao poema de Cruz e
Sousa.
I – Trata-se de poema simbolista que não expressa nitidamente as
emoções representadas, o que é incompatível com a forma do soneto.
II – Os poetas do Simbolismo, incapazes de captarem as sensações e
os sentimentos humanos em sua real dimensão, apelavam para imagens
obscuras.
III – O poema mistura em tom veemente imagens contraditórias de riso e
dor, utilizando em diferentes metáforas a imagem do palhaço.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas III. (D) Apenas II e III. (E) I, II e III.
QUESTÕES DISSERTATIVAS (Peso = 1,0 (um ponto):
A) Texto crítico:
Ao adotar um narrador unilateral, fazendo dele o eixo da forma literária,
Machado se inscrevia entre os romancistas inovadores, além de ficar em
linha com os espíritos avançados da Europa, que sabiam que toda
representação comporta um elemento de vontade ou interesse, o dado
oculto a examinar, o indício da crise da civilização burguesa. [...] O nosso
cidadão acima de qualquer suspeita – o bacharel com bela cultura, o filho
amantíssimo, o marido cioso, o proprietário abastado, avesso aos negócios,
o arrimo da parentela, o moço com educação católica, o passadista
refinado, o cavalheiro belle époque – ficava ele próprio sob suspeição,
credor de toda desconfiança disponível. [...]
SCHWARZ, Roberto. A poesia envenenada de Dom Casmurro. Duas meninas.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 13. (fragmento).
Leia o capítulo final do romance “Dom Casmurro”, de Machado de
Assis:
“Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez
esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma
tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas
não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da
praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi
mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de
Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu
cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se
meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que
não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás
de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da
casca.
E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma
das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga
e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também,
quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me...”
Roberto Schwarz chama a atenção para o significado da
adoção de um narrador em primeira pessoa nos romances
machadianos. Explique as contradições do discurso desse
narrador, complexo e enganador, através da análise do último
capítulo do romance Dom Casmurro.
Nesta passagem do romance “Dom Casmurro”, Bento Santiago
confessa que nenhuma outra mulher (“caprichosas”) despertou-lhe amor tão
profundo quanto Capitu, voltando a designá-la pelas metáforas dos olhos
(olhos de “ressaca”, de “cigana”) e reafirmando, pela última vez, a natureza
envolvente e oblíqua de sua amada. Nas entrelinhas desta afirmativa,
constatamos que o narrador jamais se recuperou afetivamente do golpe
sofrido, tenha sido ele real ou imaginário.
Em seguida, Bento chega a cogitar - baseando-se em uma citação
bíblica -, na possibilidade dos seus ciúmes terem causado a traição da esposa,
sendo, portanto, também ele culpado do que ocorrera, ideia que é logo refutada
(negada) pelo narrador na sequência narrativa.
Finalmente, em sua última afirmativa, o narrador conclui pela
culpabilidade da esposa morta, dizendo que a Capitu da praia da Glória (a
Capitu adulta) já estava na da rua de Matacavalos (a Capitu menina) “como a
fruta dentro da casca”. Bento Santiago encerra assim o processo de
julgamento de sua mulher, sem lhe conceder a chance de defesa através do
discurso direto. Este aspecto conclusivo do relato levou, durante muito tempo,
leitores e críticos a igualmente condenarem Capitu por adultério, numa
percepção visivelmente influenciada por valores machistas e patriarcais.
Contudo, nas últimas décadas, esta visão baseada no “texto sofrido” –
ainda que elegante e sedutor – de Bento Santiago foi posta em xeque. Alguns
leitores perceberam que só ele tem o direito à palavra e que a ótica dos
acontecimentos é exclusivamente a sua. Outros perceberam algo ainda
mais complexo: a acusação do narrador está corroída internamente por tal
quantidade de dúvidas e contradições, que ela mesma não se sustenta. A
cada prova enunciada corresponde a insinuação de uma contraprova.
Desta forma, descobriu-se que o tema do romance talvez não seja nem
o adultério, nem os ciúmes, mas a impossibilidade de um indivíduo
conhecer inteiramente outro ser e, por derivação, a impossibilidade do
homem de alcançar qualquer verdade objetiva e absoluta. Sob esta
perspectiva, Dom Casmurro passou a ser visto como um romance amargo e
genial sobre a fragilidade do conhecimento humano.
B) Texto crítico:
O determinismo reflete-se na perspectiva em que se movem os
narradores ao trabalhar as suas personagens. A pretensa neutralidade
não chega ao ponto de ocultar o fato de que o autor carrega sempre de
tons sombrios o destino das suas criaturas. Atente-se, nos romances
desse período, para a galeria de seres distorcidos ou acachapados pelo
Fatum [...].
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 33. Ed. São Paulo:
Cultrix, 1994. p. 172-173.
VOCABULÁRIO:
Acachapados: achatados, planos, encolhidos.
Fatum: destino, fatalidade.
Explique de que maneira o determinismo atua na trajetória
dos personagens do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo.
Exemplifique sua resposta.
O Determinismo está presente, em "O Cortiço", nos moradores do cortiço
que parecem viver para cumprir sem repressões os instintos fundamentais. São
como bichos. Fazem sexo, bebem, comem, expelem, numa seqüência
biológica, grosseiramente física, sem qualquer refinamento espiritual.
A corrupção do cenário – que se projeta na alma humana – não é atribuída
exclusivamente à miséria e à exploração econômica. Ela tem a ver com a ideia
de uma natureza tropical, em que o sol, a luz e o calos, dissolvem o equilíbrio,
amolecem a vontade, fomentam a indisciplina e promovem transgressões
morais e sexuais de toda ordem. Assim, o erotismo e a turbulência dos instintos
são transformados em símbolo de uma forma brasileira de ser e existir.
Jerônimo é o português que vem trabalhar no Brasil e se estabelece no
cortiço com a esposa e a filha. Honesto e aplicado, é uma exceção dentro da
estalagem, até conhecer Rita Baiana, mulata sensual que o arrebata à esposa
e à integridade. Influenciado pelo meio e apaixonado por Rita, perde totalmente
a razão e a sensatez que haviam impressionado os moradores do cortiço.
Assim, o português Jerônimo comprova a tese do determinismo do meio
brasileiro: o seu caráter sério e a austeridade de seus costumes desagregamse na sensualidade indolente, no gosto pelo café e pela cachaça, no vício do
fumo e na vadiagem como alternativa existencial. Torna-se preguiçoso, começa
a beber e adquiri alguns vícios. Ao ceder à atração da terra, ele perde a chance
de dominá-la e explorá-la, ao contrário de seu compatriota João Romão.
As teorias fatalistas se complementam com o peso decisivo dos instintos
nas ações dos personagens. Esses instintos são sempre bestiais e repulsivos,
intensificando o poder avassalador do cenário. A personagem Pombinha sofre
o impacto dessa fermentação sanguínea.
A partir de uma educação sofisticada para o meio em que vive, Pombinha,
"a flor do cortiço", é uma das poucas personagens femininas que conseguem
refletir sobre sua própria condição. Impedida, no início, de casar por não estar
fisicamente apta e, depois, incapaz de submeter-se a uma vida familiar
insuportável, acaba por adquirir uma visão, até certo ponto, crítica do meio em
que vive e do futuro que no mesmo lhe está reservado. Prostituir-se significa
até certo ponto, para ela, revoltar-se contra as condições impostas pelo meio
em que vive. A beleza é a arma que lhe permite trilhar outros caminhos que
não os delimitados pelo espaço social do cortiço.
Depois da chegada de sua menstruação, Pombinha desenvolve sua “alma
enfermiça e aleijada”, vivendo uma rápida experiência homossexual com a
prostituta (e madrinha) Léonie e depois se casando com um rapaz que ela já
não ama. Trai várias vezes o marido, mas só encontra seu destino quando vai
viver definitivamente com Léonie e deixa-se levar sem remorsos para a
prostituição:
“Pombinha, só com três meses de cama franca, fizera-se tão perfeita no
ofício como a outra; a sua infeliz inteligência, nascida e criada no modesto lodo
da estalagem, medrou logo admiravelmente na lama forte dos vícios de largo
fôlego; fez maravilhas na arte; parecia adivinhar todos os segredos daquela
vida.”
Assim, se alguém escapa da corrupção do meio, naufraga, a seguir, na
corrupção de sua própria animalidade. O reducionismo biológico da estética
naturalista transforma todo ser humano em um animal. É o substrato comum
que unifica os homens. Como diz Antonio Candido, “há uma tendência a
conceber a vida como a soma das atividades do sexo e da nutrição, sem outras
esferas significantes”.
Enfim, a pressão rasteira da animalidade manifesta-se no dia-a-dia dos
moradores do cortiço, os quais parecem viver tão-somente para atender as
suas necessidades primárias: beber, comer, dormir, fazer sexo, brigar e
divertir-se como bichos. Os que aspiram a algo mais são implacavelmente
levados à perversão, a exemplo de Pombinha e Jerônimo.
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LITERATURA – Profª Ana Cristina R. Pereira 2ª Série do Ensino Médio