Aluísio Azevedo Aluísio Azevedo São Luís, Maranhão Escritor e caricaturista Folhetins romanescos + romances naturalistas que representam sua visão de mundo, como O mulato e O cortiço 1857-1913 O CORTIÇO Cortiço na rua Visconde do Rio Branco, Rio de Janeiro, por volta de 1906 ROMANCE EXPERIMENTAL Émile Zola define o Naturalismo como uma aplicação, na Literatura, do método de observação e de experimentação. Romance de tese porque desenvolve uma estrutura pensada para provar a visão determinista da sociedade. O aviltamento e a perda da dignidade dos indivíduos é a grande tese exposta nos romances naturalistas. FOCO NARRATIVO Narrado em 3ª pessoa onisciente: revela o pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico. Narrador Discurso indireto livre TEMPO O tempo é linear: fatos apresentados em ordem cronológica – princípio, meio e desfecho da narrativa. Ciclo biológico: nascimento - construção do cortiço, crescimento - vinda de um grande número de moradores, morte - destruição da estalagem pelo fogo. A história se desenrola no Brasil do final do século XIX, sem precisão de datas. ESPAÇO Espaço é o microcosmo de uma sociedade em formação: cortiço x sobrado, ressaltando a briga constante de forças econômicas e sociais. O espaço urbano: o proletariado e a classe média ganharam campo, pois a mão-de-obra era muito necessária, houve, na época, a imigração de italianos e portugueses em busca de trabalho. Espaço físico: habitação coletiva social: mistura de “raças”, choque entre elas. Espaço Espaço simbólico : ALEGORIA do Brasil (“matéria-prima de lucro para o capitalismo”) CORTIÇO X VERTICALIDADE HORIZONTALIDADE Estagnação social Ausência de regras ANIMAL Natureza fisiológica INSTINTO SOBRADO M Ascensão social U Regras definidas R CULTURA Organização social regida por leis O RAZÃO Troca de favores Insultos, Brigas, Morte Jogo de interesses ASPECTOS CENTRAIS Romance social Crítica ao capitalismo selvagem (a exploração do homem pelo próprio homem) O trabalhador sob a condição de servidão, exploração da renda imobiliária, da usura e prática do roubo O homem socialmente alienado e rebaixado ao nível da animalidade A situação da mulher Mulher-objeto: usada e aviltada pelo homem (Bertoleza e Piedade) Mulher-sujeito: independente dos homens (Léonie e Pombinha) Mulher-objeto-sujeito: simultaneamente objeto e sujeito (Rita Baiana) Zoomorfização homem = animal O instinto predomina sobre a razão E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a fervilhar, a crescer um mundo, uma coisa viva, uma geração que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro e multiplicar-se como larvas no esterco. As corridas até a venda reproduziam-se num verminar de formigueiro assanhado. A força do sexo Degradante, conduz os personagens ao acanalhamento, prostituição, lesbianismo, adultério. E cada verso que vinha da sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, bêbedo de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com línguas finíssimas de cobra. O homossexualismo A questão da homossexualidade é tratada como desvio de conduta, anormal, patológico, animalesca. PERSONAGENS O cortiço: personagem principal, pois é o núcleo gerador de tudo. Cresce, desenvolve-se e transforma-se juntamente com seu proprietário, João Romão. O sobrado: personagem atrelado ao cortiço, funciona como rival. A tensão existente entre cortiço e sobrado é apresentada por meio da relação entre João Romão e Miranda. João Romão: português interesseiro, deseja enriquecer, explora os moradores do cortiço e os trabalhadores da pedreira. Miranda: português que enriquece através do casamento. PERSONAGENS Bertoleza: cafuza, escrava, pobre, trabalhadeira e fiel a João Romão. D. Estela: mulher branca, nobre e adúltera. Zulmira: filha de D. Estela e de Miranda Botelho: amigo de Miranda, como agregado, vive na casa de favor, por isso não tem voz, somente vê, escuta e se faz amigo de todos, diplomático. João Romão e Bertoleza se juntam e constroem o cortiço; Miranda e D. Estela compram o sobrado. Os homens agem como rivais e sentem inveja um do outro, até que João Romão se casa com Zulmira. Jerônimo: português, começa a trabalhar na pedreira de João Romão, conquistando respeito de todos, mas “abrasileirou-se”, tornando-se preguiçoso, festeiro, apreciador de cachaça. Piedade: esposa de Jerônimo e mãe de Marianita (Senhorinha), sofre muito a partir do momento em que o marido se interessa por Rita Baiana. Rita Baiana: mulata sensual, provocante, tem um caso com Firmo, mas não se casam, o relacionamento vive de idas e vindas. Firmo: mulato capoeirista, valente, preguiçoso, gosta muito de gastar, vive de festa com Rita. Jerônimo, desde o dia em que viu Rita dançar pela primeira vez, estava fadado à perdição, arrastando Firmo e Piedade para o caminho do ciúme e da destruição. Firmo morre e Piedade torna-se miserável e bêbada. Pombinha: filha de D. Isabel. Separou-se do marido para ficar com Léonie, que a iniciara no prazer sexual, fazendo-a atingir a puberdade. Léonie: prostituta, madrinha de uma das filhas de Augusta, possui a independência financeira. Vende seu corpo, mas o que faz não é crime aos olhos dos moradores do cortiço, que não têm as cínicas restrições sexuais da burguesia brasileira. Senhorinha: filha de Jerônimo e Piedade, foi educada em bons colégios, mas vive em meio ao ambiente do cortiço e acaba com um destino parecido com o de Pombinha. Pombinha foi criada por D. Isabel com muito desvelo, estudou, não lavava e esperava se tornar mulher para casar-se. Envolve-se com Léonie, torna-se mulher e depois casa, mas não se adapta à falta de liberdade imposta pelo casamento, por isso decide morar com a prostituta, aprendendo seu ofício, tornandose senhora de si por meio do desejo alheio. PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Henrique: filho de um fazendeiro importante que se encontra aos cuidados de Miranda até o fim de seus estudos. Cultivará um caso com D. Estela. Valentim: filho alforriado de uma escrava por quem D. Estela nutria afeição ilimitada. Libório: velho pão-duro que esmolava entre os outros moradores do Cortiço, mas que possuía uma fortuna escondida, da qual Romão irá se apoderar depois da morte de Libório no segundo incêndio provocado pela Bruxa. PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Paula (a Bruxa): cabocla velha que exercia função de curandeira. Põe fogo no cortiço duas vezes após enlouquecer, morrendo na segunda tentativa. Marciana: mulata velha, com mania de limpeza, mãe de Florinda. Perde o juízo quando a filha foge de casa. Florinda: filha virgem de Marciana, que engravida de um dos vendeiros de Romão e foge de casa. Dona Isabel: mãe de Pombinha. Seu maior sonho é ver a filha casada. Albino: lavadeiro homossexual, morador do cortiço. PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Agostinho: filho caçula de Machona que morre num acidente da pedreira. Augusta: brasileira branca, honesta, casada com Alexandre e com muitos filhos. Alexandre: mulato, militar, dava muito valor ao seu emprego. Juju: afilhada de Léonie. Leocádia: portuguesa, esposa de Bruno, comete adultério com Henrique. Bruno: ferreiro casado com Leocádia. PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Leonor: negrinha virgem, moradora do cortiço. Leandra (Machona): portuguesa feroz, habitante do cortiço Ana das Dores: filha desquitada de Machona. Neném: filha virgem de Machona, muito cobiçada. Delporto, Pompeo, Francesco e Andrea: imigrantes italianos que residiam no cortiço. Azevedo foi um dos primeiros a caracterizar literariamente a figura do imigrante italiano no Brasil, mesmo que de forma preconceituosa, retratando-os como carcamanos imundos. Porfiro: mulato capoeira amigo de Firmo. Pataca: cúmplice de Jerônimo no assassinato de Firmo, torna-se um dos aproveitadores de Piedade depois que Jerônimo vai morar com Rita.