Dulcimary Dias Bittencourt AVALIAÇÃO DE PEÇAS RESULTANTES DE CIRURGIA COM ALÇA DE ONDAS DE ALTA FREQUÊNCIA NO COLO DO ÚTERO COM NEOPLASIA INTRAEPITELIAL ESCAMOSA Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Ciências. Orientadora: Prof.a Dr.a Julisa Chamorro Lascasas Ribalta Co-Orientadora: Dr.a Neila Maria de Góis Speck Coordenador da pós-graduação: Prof. Dr. Manuel João Batista Castelo Girão São Paulo 2010 Bittencourt, Dulcimary Dias Avaliação de peças resultantes de cirurgia com alça de ondas de alta frequência no colo de útero com neoplasia intraepitelial escamosa. / Dulcimary Dias Bittencourt. -- São Paulo, 2010. ix, 45f. Tese (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Ciências. Título em inglês: Evaluation of leep surgery for cervical squamous intraepithelial neoplasia. 1. Conização. 2. Neoplasiaintra-epitelial cervical. 3. Eletrocirugia. 4. Mulheres. Dedicatória Aos meus filhos (Henrique e Fernanda) e esposo (Washington), pela compreensão, paciência e carinho na minha ausência, feriados e fins de semana que fiquei trabalhando sobre esta dissertação. iii Agradecimentos Aos meus pais (Marinho e Oliva), por todo amor e dedicação para comigo. À minha orientadora, Prof.a Dr.a Julisa Ribalta, pela orientação, auxílio e disponibilidade de tempo. À minha co-orientadora, Dr.a Neila Speck pela ajuda e incentivo nesta dissertação. À minha amiga e mestre, Prof.a Dr.a Rita Zanine, pelo constante incentivo à minha carreira acadêmica. Ao Prof. Dr. Afonso Coelho, que mesmo adoentado, ajudou-me a separar as lâminas para a realização deste trabalho. Ao Prof. Dr. Álvaro Piazzeta Pinto pelas idéias iniciais deste trabalho e pela ajuda nas revisões das lâminas. À Prof.a Dr.a Ana Paula Sebastião, pela ajuda na revisão das lâminas e auxílio em vários pontos deste trabalho. Aos médicos e funcionários da NUPREV, pelo carinho com que me receberam. Aos meus amigos e familiares que torceram pelo meu sucesso. A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, os meus sinceros agradecimentos. iv A verdadeira sabedoria consiste em se conhecer a própria ignorância. (Sócrates) v Sumário Dedicatória .................................................................................................................... iii Agradecimentos ........................................................................................................... iv Lista de tabelas............................................................................................................ vii Lista de abreviaturas...................................................................................................viii Resumo ......................................................................................................................... ix 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 2 OBJETIVOS................................................................................................................ 9 2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 9 2.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 9 3 PACIENTES E MÉTODOS ....................................................................................... 10 3.1 Método cirúrgico ................................................................................................. 10 3.2 Método anatomopatológico ............................................................................... 11 3.3 Grau Histológico das lesões .............................................................................. 12 3.4 Qualidade das margens...................................................................................... 12 3.5 Grau de artefatos térmicos ................................................................................ 13 3.6 Número de fragmentos....................................................................................... 14 3.7 Método estatístico............................................................................................... 14 4 RESULTADOS.......................................................................................................... 15 5 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 22 6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 27 7 ANEXOS ................................................................................................................... 28 8 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 37 Abstract ........................................................................................................................ 43 Bibliografia consultada ............................................................................................... 44 vi Lista de tabelas Tabela 1. Associação entre idade e grau histopatológico da lesão em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical de grau II e III, submetidas a CAF ............................................. 17 Tabela 2. Associação entre idade e número de fragmentos retirados em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetidas a CAF ...................................................................... 18 Tabela 3. Associação entre idade e qualidade das margens em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF ........................................................................ 19 Tabela 4. Associação entre idade e grau de artefatos térmicos em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF ........................................................................ 20 vii Lista de abreviaturas CAF Cirurgia de alta frequência HPV Vírus do Papiloma Humano INCA Instituto Nacional de Câncer LEEP Large Loop Eletrosurgical Procedure LETZ Loop Excision of the Transformation Zone NIC Neoplasia Intraepitelial Cervical viii Resumo Objetivo: Avaliar as peças cirúrgicas resultantes da cirurgia com alças de alta frequência no tratamento das neoplasias intraepiteliais cervicais de alto grau. Métodos: Foram selecionados 118 prontuários de pacientes com diagnóstico de lesão de alto grau cervical, submetidas à exérese da zona de transformação. As peças resultantes foram avaliadas quanto a idade da paciente, ao grau de lesão, ao número de fragmentos retirados, ao estado de comprometimento das margens e ao grau de artefatos térmicos. Resultados: A idade das pacientes variou de 17 a 55 anos, com média de 27 anos; 63,6% das pacientes tinham diagnóstico de neoplasia intraepitelial cervical grau II (NIC II) e 36,4% de NIC III. A lesão foi retirada em uma passada em 79,6% dos casos e com duas ou mais passadas em 20,3% dos casos. As margens estavam livres de neoplasia intraepitelial em 85,6% dos casos, comprometidas na margem endocervical em 6,8%, comprometida na margem ectocervical em 1,7%, em ambas as margens em 3,4% dos casos. Fragmentos prejudicados por artefatos ocorreram em 2,5% dos casos e não houve nenhum caso de prejuízo do diagnóstico por fragmentação do material. Os graus de artefatos foram considerados leves em 46,6% das peças, moderados em 30,5% e acentuados em 22,8% dos casos. A associação entre as variáveis mostrou que mulheres com idade igual ou superior a 30 anos apresentaram mais casos de NIC III do que aquelas com faixa etária abaixo de 30 anos (p<0,0004). O comprometimento neoplásico de margens cirúrgicas e artefatos de grau severo ocorreram mais vezes nos casos em que foram retirados dois ou mais fragmentos e em pacientes com idade igual ou superior a 30 anos. O mesmo foi observado quando o grau da lesão cervical foi NIC III. Conclusão: As neoplasias intraepiteliais de grau III em mulheres com idade superior a 30 anos quando retiradas em dois ou mais fragmentos na cirurgia com alça de alta frequência apresentam maior número de margens comprometidas e grau severo de artefatos térmicos. ix 1 1 INTRODUÇÃO Com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres por ano. Sua incidência duas vezes maior em países menos desenvolvidos comparado com os demais. (INCA, 2009) No Brasil são esperados 18430 casos novos de câncer do colo do útero em 2010, com risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres. (INCA, 2010) A importância do câncer cervical reside no fato desta neoplasia afetar mulheres a partir de 35 anos de idade e apresentar perda de laços familiares com consequências sociais imediatas para comunidade. (Franco et al., 1988) Estudos epidemiológicos sugerem a existência de agente infeccioso, transmitido por via sexual, na gênese desta neoplasia e de suas lesões precursoras. Cartier em 1994, cita como agentes oncogênicos trichomonas e herpes vírus. Fatores de risco, direta ou indiretamente relacionados com a atividade sexual, estão presentes na avaliação de mulheres com carcinoma de colo uterino, Citam-se, início precoce da atividade sexual, parceiros múltiplos, multiparidade, baixo nível sócio econômico, não uso de condon. (De Palo, 1993) Em 1974, Zur Hausen e colaboradores, após a identificação do papilomavírus humano (HPV) por hibridização molecular, sugeriram ser tal vírus, possível agente etiológico das neoplasias intraepiteliais do colo uterino. O contágio pelo HPV faz-se por meio do contato sexual. Em presença de solução de continuidade, o vírus penetra nas células da camada basal do epitélio escamoso do colo. Os vírions perdem seus capsídeos proteicos e o genoma viral alcança o núcleo da célula hospedeira, aproximase do genoma e instala-se em forma epissomal. Esse processo determina proliferação epitelial que pode regredir ou desviar em sentido neoplásico. (Campion, 1987) 2 O câncer de colo do útero é doença prevenível por meio do exame citopatológico do esfregaço cérvicovaginal, é curável quando a doença for identificada em fase precoce. (Kitchener, Symonds, 1999) A realização do exame citológico cérvicovaginal é reconhecido mundialmente como estratégia segura e eficaz para a detecção precoce de câncer do colo uterino na população feminina e tem modificado efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por este câncer, quando aplicada de forma organizada. O tratamento da doença cervical uterina pré-maligna deve ser planejado e individualizado para cada mulher e cada lesão. A colposcopia desempenha papel importante para essa decisão. Recomenda-se a necessidade do exame colposcópico, prévio a qualquer procedimento, frente ao exame citopatológico alterado. A colposcopia antes do tratamento é mandatória para delinear a extensão da lesão, indicar o local adequado da biópsia e assim excluir doença invasiva. (Whiteley e Oláh, 1990) A eficácia de todos os métodos terapêuticos é maximizada, quando é conhecida a topografia da lesão. (Manual de Normas e Rotinas em Patologia do Trato Genital Inferior e em Colposcopia, 1999) Na tentativa de tratamento do câncer cervical, em 1861 Sims fechou a cérvice com sutura de fio de prata após conização, sendo o primeiro a obter cura. Lisfranc em 1915 fez a primeira biópsia cônica do colo uterino, com complicações hemorrágicas, infecção e estenose do canal. (Turner et al., 1992) Em 1916, Sturmdorf descreveu método de conização, onde fez a inversão do epitélio cérvico vaginal cobrindo o sítio da conização. (van Nagell, 1976) Nos anos quarenta do século XX, a histerectomia radical e radioterapia foram tratamentos para a neoplasia intraepitelial de grau III. Entre 1960 e 1970 usou-se a histerectomia simples retirando parte da vagina. (Vedel et al., 1993) Nos anos sessenta foi reintroduzida a conização, realizada inicialmente com bisturi de lâmina fria, para tratamento das lesões intraepiteliais do colo uterino. Esta cirurgia foi considerada grande avanço, pois reduziu consideravelmente a morbidade do procedimento e permitiu preservar a capacidade reprodutiva das mulheres. A conização a frio, como 3 também é chamada, tem até hoje suas indicações, principalmente na suspeita de doença invasiva e no adenocarcinoma in situ. (De Palo, 1993; Dodson, Sharp, 1999) Em 1980, a conização a laser foi introduzida como método para tratamento das lesões intraepiteliais do colo uterino, sendo considerada boa alternativa terapêutica pela precisão do laser no corte e na hemostasia, sem necessitar de sutura, porém, com custo alto. (Tchabo et al., 1993; Baldauf et al., 1996) Outra modalidade terapêutica para a lesão intraepitelial cervical, são as técnicas destrutivas ou ablativas. Estas técnicas tem a finalidade de provocar a destruição física do tecido ocupado pela neoplasia intraepitelial. Para uso destas técnicas destrutivas, é imperativo que a lesão seja totalmente visualizada pelo médico e para serem totalmente efetivos, esses métodos devem destruir o tecido a uma profundidade de pelo menos 67mm. Os equipamentos utilizados para estas técnicas são, criocoagulação, eletrocoagula e a vaporização a laser de CO2. Embora com altas taxas de sucesso e fácil manuseio, está alternativas não fornecem material para estudo anatomopatológico. (Wright Jr. et al., 1992a, Singer, Monaghan, 2002) O criocoagulador consiste em um transdutor que se adapta ao contorno da cervix. Esta ponta é resfriada por expansão gasosa do óxido nitroso que congela a cervix, resultando em morte celular. (Singer, Monaghan, 2002) Nos eletrocoaguladores, a corrente elétrica aquece o filamento que se encontra na ponta do cautério, o calor é transmitido diretamente para o tecido, a fim de obter o efeito terapêutico. A corrente elétrica volta pela mesma via, não passando pelo corpo da paciente. Causa dor e calor local. (Herzog et al., 1995; Trindade et al., 1998) O laser de CO2 além de cortar o tecido, também pode ser utilizado para vaporização e consequentemente destruição. O feixe de laser é movido rapidamente sobre a área, o que reduz a condutividade térmica, a produção de calor dentro dos tecidos, reduzindo assim as contrações uterinas e cicatrizes. (Singer, Monaghan, 2002) A cirurgia com ondas de alta frequência, também chamada de radiocirurgia, diatermia ou eletrocirurgia, foi inicialmente utilizada para fins cirúrgicos em 1920, com trabalhos 4 de Harvey Cushing e W. T. Bovi, que descobriram que a forma de onda tem influencia no efeito sobre o tecido. (Sperli et al., 2009) Em 1981, Cartier propôs o uso de pequenas alças diatérmicas de baixa voltagem e alta frequência, por meio das quais fez biópsia do colo e exérese da zona de transformação. Cartier usou alças de 5x5mm, que removia a zona de transformação em tiras, requerendo numerosas passadas da alça. Em 1989 Prendiville usou grandes alças diatérmicas, com as quais retirava a zona de transformação em um ou dois fragmentos, realizando a biópsia e o tratamento simultaneamente. Esse método de tratamento, consiste em um gerador de corrente de alta frequência, e seu emprego é conhecido como cirurgia com alças de ondas de alta frequência (CAF). Na língua inglesa é chamado de exérese da zona de transformação com alça (Loop Excision of the Transfomation Zone - LETZ) ou procedimento eletrocirúrgico com grandes alças (Large Loop Eletrosurgical Procedure - LLEP). (Apgar et al., 1992) A CAF é método não traumático de corte e coagulação. Estes são resultado da elevação de temperatura pela resistência dos tecidos à passagem da onda de alta frequência. Os íons intracelulares, em resposta à passagem da onda, colidem entre si e contra as organelas intracelulares. Essa colisão produz calor. Se o aquecimento for lento e fraco, o calor produzido no interior da célula provocará evaporação de água e diminuição do volume celular, constituindo o efeito terapêutico de coagulação. Por outro lado, se o aquecimento for rápido e forte, ocorrerá explosão da membrana celular, com evaporação do conteúdo intracelular, constituindo o efeito terapêutico de corte. Pelo fato da onda utilizada para eletrocirurgia estar na média de frequência utilizada pela rádio FM, são frequentemente denominadas ondas de radiofrequência. (Sperli et al., 2009) A frequência usada neste procedimento é acima de 350KHZ, com isso o estímulo muscular é evitado, bem como não há estímulos da célula nervosa, não havendo contratura ou dor. Já o eletrocautério tem fequencia abaixo de 100HZ, causando dor pela contração muscular, estímulo e calor. (Herzog et al., 1885) 5 Quando a onda de alta frequência atravessa o tecido, podem ocorrer três efeitos: térmico, eletrolítico e farádico. O efeito térmico ocorre devido o aquecimento da água intracelular e sua magnitude está na dependência de alguns fatores, como: tipo de equipamento, tempo de aquecimento, velocidade do procedimento e outros. O efeito eletrolítico ocorre pela polarização dos íons no interior do tecido quando esse é submetido a um intenso campo elétrico. O efeito farádico é a contração muscular e dor quando a onda passa pelas fibras musculares e nervosas. (Dores, 1994) Com o equipamento radiocirúrgico obtém-se 3 tipos de corrente: Corrente tipo I, com 90% de corte e 10% de coagulação, indicada para corte puro, produz mínimo dano térmico. Corrente tipo II, com 50% de corte e 50% de coagulação, produz maior calor colateral e corrente tipo III, com 90% de coagulação e 10% corte, indicado para hemostasia. (Trindade et al., 1998) As alças diatérmicas são finas, com 2mm de espessura, feitas com material resistente de fio de aço inoxidável, os tamanhos variam e a escolha de cada alça baseia-se no tamanho da área a ser retirada. A alça de tamanho padrão para exérese da zona de transformação tem 15 ou 20mm de largura por 8mm de comprimento. (Prendiville, 1995; Apgar et al., 1992) A cirurgia de alta frequência é indicada para tratamento da neoplasia intraepitelial, realizando a retirada da zona de transformação afetada pela neoplasia. É recomendável que a zona de transformação seja totalmente visualizada por meio do colposcópio no momento da cirurgia, evitando assim deixar remanescente da lesão. Alguns autores preferem utilizar a conização clássica quando a zona de transformação não é totalmente vizualizada. (Prendiville et al., 1989; Oyesanya et al., 1993b; Roman et al., 1997; Murta et al., 2004) 6 Quando a zona de transformação não é totalmente visualizada, há autores que complementam procedimento com a retirada do canal endocervical com alça quadrada ou alça de 10 mm x 10mm. Este procedimento é chamado de cone-CAF. (Apgar et al., 1992) Nos casos de suspeita de doença invasiva no colo uterino ou de adenocarcinoma o uso da CAF é contra-indicado. (Wright et al., 1992a) A CAF tem várias vantagens, quando comparada à conização clássica: apresenta treinamento fácil para o cirurgião, possibilita que o procedimento seja realizado ambulatorialmente com anestesia local, com redução do tempo cirúrgico, pequeno desconforto para a paciente e menor custo. Permite ainda, que a mulher retorne para o lar logo após encerrado o procedimento, com baixos índices de complicações. A junção esacamocolunar permanece visível na grande maioria dos casos, tornando o controle colposcópico satisfatório possibilita novo procedimento quando as margens cirúrgicas apresentam-se comprometidas. (Dores, 1994) Comparando a CAF com os métodos de tratamentos que causam destruição da lesão, a CAF possibilita obter tecido para avaliação anatomopatológica. (Cabezón et al., 1998, Dobbs et al., 2000) Outra vantagem da CAF, é que a técnica adapta-se ao tamanho da lesão; escolhe-se a alça de tamanho adequado para que a lesão possa ser retirada inteira, diferente do criocautério onde não há controle da extensão do tratamento no colo. (Mitchell et al., 1998) A cirurgia de alta frequência permite diagnóstico e tratamento da lesão na primeira visita da paciente ao médico, técnica chamada de "VER E TRATAR" ("see and treat"), diminui a ansiedade da paciente e evita o retorno para o tratamento. (Darwish, Gadallah, 1998) Mas com todas essas vantagens, algumas vezes a CAF induz a artefatos térmicos na região do corte, cujo grau de magnitude varia com a habilidade do cirurgião, o número de fragmentos retirados e tipo de equipamento. Estes fragmentos, caso não sejam adequadamente identificados, proporcionam prejuízo no laudo anatomopatológico. 7 Quando a passagem da alça pelo tecido é lenta, há aumento do tempo de contato da corrente elétrica com o tecido, e consequente, aumento do dano térmico. Este é quantificado por alguns autores como: leve, moderado e severo. Nos casos leves não há prejuízo no laudo anatomopatológico, nos casos com artefatos moderados ainda é possível o diagnóstico, mas com artefatos severos, não há possibilidade do diagnóstico anatomopatológico. (Montz et al., 1993; Naumann et al., 1994; Duggan et al., 1999) A experiência do cirurgião é importante variável para se obter fragmento do colo adequado, principalmente quando este fragmento é retirado em única passada da alça, situação considerada ideal. (Herzog et al., 1995) Algumas vezes a falta de experiência do médico deve-se ao aprendizado da técnica ocorrer em período curto com inadequado treino e insuficiente número de pacientes. (Jakus et al., 2000; Lyman, Morris, 2003) Em estudo realizado por Herzog et al. (1995) para avaliar a relação da experiência do médico com a CAF e a qualidade das peças, verificou-se a adequação de peças cirúrgicas para avaliação anatomopatológica em 86% dos casos quando o cirurgião fez mais do que cinco procedimentos, em relação a 75% de casos adequados quando o cirurgião fez menos do que cinco procedimentos. Segundo Richart, a cirurgia de alta frequência não é técnica para médicos que a usam ocasionalmente e sim para aqueles com experiência em patologia do trato genital inferior e colposcopia. (Krebs et al., 1993) De acordo com Gold et al., 1996, é importante que estudo de casos de cirurgia de alta frequência seja realizado quando um só cirurgião faz o procedimento, para não se tornar viés de pesquisa. Se o cirurgião é capaz de deixar grande margem de tecido normal entre este e a displasia, os efeitos térmicos não interferem na interpretação das margens pelo patologista. (Lyman, Morris, 2003) 8 Quando as margens estão comprometidas por neoplasia, há fortes indícios de recorrência ou persistência da doença. (Jakus et al., 2000) A correta avaliação das margens é importante para o médico determinar se há necessidade de adicionar terapia e seguimento apropriado. (Chang et al., 1996) O seguimento para os casos de comprometimento das margens, faz-se com controle citológico, 4 a 6 meses após a cirurgia; havendo persistência da lesão pode se refazer o procedimento. (Wright Jr. et al., 2007) Mesmo com certas desvantagens, a cirurgia de alta frequência é o método mais usado nos EUA, empregado em 60% dos centros de tratamento e 85% dos ginecologistas usam este método. Muitos autores sugerem que a CAF seja método de escolha para o tratamento da displasia cervical uterina. (Bozanovic et al., 2008; Flannelly et al., 2001; Suwannarurk et al., 2009) Com finalidade de esclarecer a eficácia da CAF relacionada às desvantagens em relação a avaliação das margens, desvantagens que podem ser amenizadas quando o cirurgião é experiente, foi realizado estudo deste procedimento, onde um único cirurgião, com amplo conhecimento da técnica e conhecedor da fisiologia do trato genital inferior, realizou os procedimentos. 9 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Avaliar fatores e situações que possam interferir na fidelidade diagnóstica a partir do exame histopatológico de peças operatórias, produzidas pela cirurgia com alça de ondas de radio de alta frequência, aplicada como método terapêutico na neoplasia intraepitelial cervical uterina. 2.2 Objetivos específicos 1. Avaliar possível relação entre idade da mulher e a gravidade da lesão intraepitelial, o número de fragmentos obtidos, as condições de comprometimento de margens cirúrgicas e a intensidade de artefatos térmicos. 2. Buscar relação entre o número de fragmentos operatórios e a gravidade da lesão intraepitelial, as condições de margem cirúrgica e a intensidade de artefatos térmicos. 3. Comprovar se há relação entre o comprometimento de margens cirúrgicas e gravidade da lesão intraepitelial e intensidade de artefatos térmicos. 10 3 PACIENTES E MÉTODOS Trata-se de estudo de corte transversal analítico, observacional e retrospectivo baseado, em análise de 118 prontuários de mulheres portadoras de lesão escamosa de alto grau do colo do útero, submetidas a cirurgia com alça de ondas de radio de alta frequência (CAF), no período de1999 a 2007. Foi montado questionário para anotações dos dados retirados do prontuário (Anexo 1). Obteve-se o termo de consentimento do Laboratório de Anatomia Patológica, depositário e guardião das peças cirúrgicas blocadas e avaliadas neste ensaio (Anexo 2), e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São Paulo - Universidade Federal de São Paulo, recebendo aprovação n.o 0473/08 (Anexo 3). 3.1 Método cirúrgico O procedimento cirúrgico avaliado foi realizado em clínica privada, por único profissional com ampla experiência na técnica. O método cirúrgico utilizado consistiu na retirada da zona de transformação do colo uterino, com alça diatérmica, medindo 2.0 x 0,8cm por convenção. A alça esteve ligada a aparelho gerador de ondas de rádio de alta frequência. Para este procedimento foi utilizado o aparelho LLETZ PLUS™ (comp. Zimna NTI Surgical a division of medical systems). As pacientes foram colocadas em posição ginecológica, seguindo-se o posicionamento da placa-neutro do aparelho. Foi visualizado o colo uterino após colocação de espéculo conectado a um aspirador biológico de vapores. Aplicou-se ácido acético a 3% e sob visão colposcópica com aumento de 16x, observou-se a lesão do colo. Aplicou-se lugol para delimitar melhor a área a ser excisada. A anestesia local foi aplicada nos 4 quadrantes do colo em 12, 3, 6 e 9h, com infiltração de 0,5ml de lidocaína a 2% com vasoconstritor em cada ponto, perfazendo o total de 2,0ml. Olhando ao colposcópio, acionou-se o aparelho por meio de um pedal ligado ao aparelho e fez-se a retirada da peça com a passagem da alça escolhida, em movimento rápido, contínuo e firme, com o aparelho na voltagem de 36w de corrente de puro corte. Dependendo do tamanho da 11 lesão, foi necessário a retirada de mais que um fragmento. Após retirada da(s) peça(s), foi usado o eletrodo de esfera com diâmetro de 3mm acoplado ao mesmo aparelho, na voltagem de 40w de coagulação, seguido de aplicação de pasta hemostática de percloreto férrico à 25% e finalmente colocação de tampão vaginal. O material obtido foi imerso em solução de formaldeído à 10% com marcação no ponto de 12h com alfinete e encaminhado ao laboratório de Anatomia Patológica para processamento anatomopatológico. 3.2 Método anatomopatológico Todos os espécimes provenientes de CAF seguiram o mesmo protocolo de avaliação e amostragem macroscópica, segundo recomendação da Sociedade Brasileira de Patologia. Inicialmente, toda a superfície externa dos espécimes cirúrgicos foram pintados com tinta nanquin. A seguir, abriu-se o fragmento de colo com a intenção de esticá-lo e fixá-lo com alfinetes numa lâmina de cortiça, para melhor orientação do espécime e para facilitar a realização de cortes longitudinais seriados. A quantidade de cortes variou de acordo com o tamanho do espécime e foi realizado em intervalos de 0,5cm, resultando em 2 a 6 cortes em forma de cunha. Estes foram sequencialmente incluídos em parafina, originando 1 a 2 blocos que foram escalonados em 3 níveis, gerando lâminas, posteriormente coradas em Hematoxilina-Eosina e montadas entre lâmina e lamínulas e selada com Entelan. Na análise microscópica dos casos, utilizou-se protocolo próprio do Serviço de Patologia, segundo recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia. (Bacchi et al., 2005) Todas as 118 peças cirúrgicas receberam o diagnóstico de neoplasia intraepitelial escamosa e foram avaliadas segundo grau da lesão histopatológica, qualidade das margens operatórias, grau de artefatos térmicos e número de fragmentos por caso. 12 3.3 Grau Histológico das lesões Foram selecionados os casos com diagnóstico histopatológico de lesão intraepitelial cervical escamosa de alto grau (segundo a Classificação de Bethesda), que incluem as neoplasias intraepiteliais cervicais grau II e III (NIC II e NIC III), segundo Richart (1967). Para a avaliação microscópica das lesões, foram considerados os critérios descritos originalmente por Kurmam, Norris e Wilkinson (1992). A neoplasia intraepitelial cervical grau II (NIC II), foi caracterizada pela perda da maturação epitelial e presença de células parabasais atípicas que envolviam de um terço a dois terços da espessura do epitélio. Eventuais coilócitos foram considerados. As atipias encontradas incluíam aumento da relação núcleo/citoplasmática com moderada quantidade de citoplasma, cromatina grumosa, aumento no número dos cromocentros, hipercromasia e pleomorfismo nuclear. Figuras de mitose e mitoses atípicas também foram consideradas quando presentes em até dois terços do epitélio. A neoplasia intraepitelial cervical grau III (NIC III), foi caracterizada pela perda da maturação epitelial e presença de células parabasais atípicas que envolviam três terços da espessura do epitélio. Eventuais coilócitos foram considerados. As atipias encontradas incluíam aumento da relação núcleo/citoplasmática com escassa quantidade de citoplasma, cromatina grosseiramente grumosa, aumento no número dos cromocentros, hipercromasia e pleomorfismo nuclear acentuado. Figuras de mitose e mitoses atípicas também foram consideradas quando presentes até as camadas superficiais do epitélio. 3.4 Qualidade das margens A qualidade das margens foi classificada em seis categorias: 1. Margens livres: margens constituídas por epitélio sem neoplasia intraepitelia, com maturação mantida e sem atipias nucleares. 13 2. Margem endocervical comprometida: margem que apresentou, na sua porção endocervical, epitélio escamoso de superfície e/ou metaplásico glandular com alterações compatíveis com HPV, NIC I, NIC II ou NIC III. 3. Margem ectocervical comprometida: margem que apresentou, na sua porção ectocervical, epitélio escamoso com alterações compatíveis com HPV, NIC I, NIC II ou NIC III. 4. Ambas as margens comprometidas: margens endocervial e ectocervical apresentando as mesmas alterações epiteliais citadas acima. 5. Margem prejudicada por artefatos térmicos: margem danificada pelos efeitos térmicos da alça de alta frequência, impossibilitando o diagnóstico. 6. Margem prejudicada por fragmentação: margem que não foi identificada pelo cirurgião, quando várias peças do colo uterino foram retiradas com a alça de alta frequência. 3.5 Grau de artefatos térmicos Os artefatos térmicos foram escalonados em três classes, conforme a severidade da coagulação térmica: a) Leve: Caracteriza-se por delgada faixa de coagulação térmica na margem. Na mucosa o efeito térmico é discreto, com ou sem destacamento do epitélio. Não há prejuízo de diagnóstico final de comprometimento ou não das margens. b) Moderado: Há faixa de termocoagulação mais espessa, visualizável em todos os cortes histológicos. Os artefatos térmicos extendem-se e alteram a forma e tamanho das estruturas, como glândulas células e núcleos. Observa-se destacamento completo do epitélio da mucosa. Ainda é possível o diagnóstico final. c) Severo: Presença de extensa zona de necrose coagulativa e enrugamento do tecido, aumento e borramento de detalhes celulares. Diagnóstico final de comprometimento das margens é impossível. 14 3.6 Número de fragmentos Quantidade de fragmentos retirados em cada caso cirúrgico. Convencionou-se duas categorias: a) Fragmento único b) Dois ou mais fragmentos 3.7 Método estatístico De acordo com a natureza dos dados estudados procedeu-se a tratamento estatístico julgado adequado. Os dados foram tabulados e agrupados, sendo realizada análise descritiva para cada tópico. Foram construídas tabelas com testes de independência entre as variáveis: idade, grau da lesão, qualidade das margens, número de peças retiradas e grau de artefatos térmicos. Para os testes de independência foi utilizado a ferramenta estatística do qui-quadrado, uma vez que os dados eram não-paramétricos. Dessa forma foi possível determinar se a diferença observada entre os grupos foi devida ao acaso ou não, sendo que neste caso indica significância estatística menor do que 0,05 (5%) e menor do que 0,01 (1%). O programa excel foi utilizado para fazer os cálculos. 15 4 RESULTADOS A avaliação dos 118 laudos histológicos, referentes às peças operatórias, resultantes de cirurgia com alça de ondas de alta frequência, aplicada como tratamento de neoplasia intraepitelial cervical, resultou nos seguintes dados: - Idade: As idades das pacientes variaram de 17 a 55 anos, com média etária de 27,1 anos. O maior contingente encontrou-se entre 22 e 30 anos. - Gravidade da lesão histopatológica: Dos 118 casos, 75 (63,6%) foram identificados no pós-operatório, como neoplasia intraepitelial de grau 2 (NIC 2) e os demais 43 (36,4%) casos como neoplasia intraepitelial de grau 3 (NIC 3). - Número de fragmentos cirúrgicos: Quanto ao número de fragmentos retirados durante o procedimento, constatou-se fragmento único em 94 casos (79,7%). Duas ou mais peças ocorreram em 24 casos (20,3%). - Comprometimento de margens cirúrgicas: A distribuição da qualidade das margens dos 118 casos ocorreu da seguinte forma: Em 101 casos (85,5%) foram referidas margens livres, 8 casos (6,8%) margens endocervicais comprometidas, 2 casos (1,7%) de comprometimento da margem ectocervical, 4 casos (3,4%) com ambas as margens comprometidas, 3 casos (2,5%) margens prejudicadas por artefatos e nenhum caso de margem prejudicada por fragmentação. A graduação de artefatos térmicos foi referida como: 55 casos de grau leve (46,6%), 36 casos com grau moderado (30,5%) e 27 com grau severo de artefatos (22,9%). Esses resultados estão expostos no quadro 1. 16 Quadro 1 - Distribuição das 118 pacientes portadoras de neoplasia intraepitelial de alto grau, submetidas a CAF, segundo: idade, grau da lesão, número de peças, qualidade das margens e grau de artefatos térmicos n % Idade (anos) Mais idosa 55 Mais jovem 17 Média 27,14 Grau histopatológico da lesão cervical NIC II 75 63,6 NIC III 43 36,4 1 fragmento 94 79,7 2 ou mais fragmentos 24 20,3 101 85,6 Endocervical comprometida 8 6,8 Ectocervical comprometida 2 1,7 Ambas comprometidas 4 3,4 Prejudicada por artefatos térmicos 3 2,5 Prejudicada por fragmentação 0 0 Leves 55 46,6 Moderados 36 30,5 Graves 27 22,9 Número de fragmentos cirúrgicos Margens cirúrgicas Livres Artefatos térmicos 17 Na análise da associação idade e gravidade da lesão, observou-se maior percentual de casos de NIC II entre mulheres com idade menor do que 30 anos. Já a presença de NIC III ocorreu em 57,8% (21) dos casos em que a idade era igual ou maior do que 30 anos. A diferença foi considerada estatisticamente significativa (Tabela 1). Tabela 1 - Associação entre idade e grau histopatológico da lesão em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical de grau II e III, submetidas a CAF Grau da lesão NIC II Idade NIC III Total N % N % N % < 30 anos 59 72,8 22 27,2 81 100,0 ≥ 30 anos 16 43,2 21 57,8 37 100,0 TOTAL 75 100,0 43 100,0 118 100,0 Teste x² p=0,004* Legenda: N: número de casos NIC II: neoplasia intraepitelial cervical grau 2 NIC III: neoplasia intraepitelial cervical grau 3 CAF: cirurgia de alta frequência <: menor do que ≥: igual ou maior do que 18 Observou-se peças retiradas em um único fragmento em 82,7% dos casos com idade abaixo de 30 anos e em 73% das com idade igual ou maior a 30 anos. Dois ou mais fragmentos ocorreram em 17,3% dos casos com idade inferior a 30 anos e em 27% das com idade igual ou superior a 30 anos. A avaliação estatística dos dados não revelou significância (Tabela 2). Tabela 2 - Associação entre idade e número de fragmentos retirados em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetidas a CAF Número fragmentos 1 Idade 2 Total N % N % N % < 30 anos 67 82,7 14 17,3 81 100,0 ≥ 30 anos 27 73,0 10 27,0 37 100,0 TOTAL 94 100,0 24 100,0 118 100,0 Teste x² p=0,33 Legenda: N: número de casos 19 De igual maneira analisou-se a relação comprometimento de margens cirúrgicas e idade das mulheres. Houve predomínio de margens livres no dois grupos etários considerados, porém ocorreram mais casos de margens comprometidas e margens prejudicadas na faixa etária igual ou maior a 30 anos (Tabela 3). Tabela 3 - Associação entre idade e qualidade das margens em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF Margens cirúrgicas Livres Idade Comprometidas PAT N % N % N < 30 anos 75 92,5 6 7,5 0 ≥ 30 anos 26 70,2 8 21,6 3 TOTAL 101 Legenda: N: número de casos PAT: prejuízo por artefatos térmicos 14 3 % Total 81 8,1 37 118 20 Ao avaliar a existência de associação entre idade e ocorrência de artefatos térmicos que pudessem comprometer o diagnóstico, o teste de x², aplicado aos dados referentes aos dois grupos etários, não mostrou significância estatística (Tabela 4). Tabela 4 - Associação entre idade e grau de artefatos térmicos em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF Grau de artefatos Leve Idade Moderado Grave Total N % N % N % N % < 30 anos 38 47,0 28 34,5 15 18,5 81 100,0 ≥ 30 anos 17 46,0 8 21,6 12 32,4 37 100,0 TOTAL 55 100,0 38 100,0 27 100,0 118 100,0 Teste x² P=0,17 Legenda: N: número de casos 21 Buscou-se avaliar a relação entre os números de fragmento cirúrgicos e o grau histopatológico da lesão. Observou-se não haver diferença de distribuição entre as variáveis (Anexo 4). De forma semelhante constatou-se semelhança de distribuição dos artefatos térmicos encontrados e relacionados com número de fragmentos (Anexo 5). As margens cirúrgicas mostraram-se livres de comprometimento na maioria dos casos dos dois grupos referentes ao número de fragmentos cirúrgicos, porém ocorreram mais casos de margens comprometidas e com artefatos no grupo de dois ou mais fragmentos (Anexo 6). A distribuição dos diferentes graus de artefatos térmicos foi semelhantes nos dois grupos definidores de comprometimento de margens cirúrgicas, com predomínio do grau severo (Anexo 7). Na distribuição dos casos de NIC II e NIC IIII em relação aos grupos de comprometimento ou não de margens cirúrgicas, houve maior número de casos de comprometimento de margens e prejuízo por artefatos no grupo de NIC III, embora não tenha sido possível o cálculo estatístico (Anexo 8). Foi verificado a distribuição semelhante de ambos os grupos de neoplasias intraepiteliais cervicais em relação aos diferentes graus de artefatos (Anexo 9). 22 5 DISCUSSÃO Estudos epidemiológicos demonstram maior gravidade da lesão histopatológica cervical de acordo com o avançar da idade da mulher portadora da neoplasia intraepitelial. (Moore et al., 2008) Esta afirmativa foi observada neste estudo evidenciando a relação idade da mulher e grau histopatológico da lesão intraepitelial, com significância estatística. As vantagens da cirurgia com alça de ondas de radio de alta frequência podem ser assim relacionadas: procedimento de baixo custo e alta eficácia, fácil aprendizado, menor ocorrência de complicações pós-operatória, entre outras. Apresenta algumas desvantagens, tais como: a possibilidade de artefatos e fragmentações da peça cirúrgica, limitando o estudo histopatológico e ocasionando margens com laudos incertos. (Montz et al., 1993; Naumann et al., 1994; Flannelly et al., 2001; Mitchell et al., 1998; Cabezón et al., 1998) Alguns autores sugerem o emprego da CAF nos casos em que a junção escamocolunar esteja visível, procurando sempre que possível retirar a peça do colo em único fragmento. (Oyesanya et al., 1993a; Prendiville, 1995; Roman et al., 1997) Entretanto, quando a lesão a ser tratada é grande ou a escolha da alça é inadequada, torna-se impossível a retirada de peça em única passada, suscitando a retirada em dois ou mais fragmentos. (Tseng et al., 1999) Neste estudo, em 79,6%(94) dos casos, a lesão cervical foi retirada em único fragmento e em 20,3% (24), retirados com dois ou mais fragmentos. Resultados semelhantes foram descritos por Chappatte et al., 1991; Oyesanya et al., 1993b; Gardeil et al., 1997, com cifras de fragmentos únicos, variando de 60 a 92%. O número de fragmentos retirados mostrou-se maior em mulheres acima de 30 anos. Este fato pode estar relacionado com tamanho da alça, embora a alça usada tenha sido a de tamanho grande (2cm x 0,8cm). Não foi encontrado referências de fato semelhante na literatura consultada. 23 Tem sido referido maior incerteza da interpretação histopatológica das margens, quando aumenta o número de fragmentos e o grau de artefatos (Naumann et al., 1994, Dalrymple, Russell, 1999). Esses fatos foram observados neste ensaio. O sucesso de alto número de margens interpretadas deve-se, provavelmente ao fato das peças serem retiradas com única passada de alça, facilitando a orientação, Gonzalez et al., 2001, obteve 2% de margens prejudicadas por artefatos em 199 peças de CAF, maioria destas retiradas em única passada de alça. Considerando ser o comprometimento de margens cirúrgicas fator importante de prognóstico, para persistência ou recidiva de neoplasia intraepitelial, sua análise é fundamental. É comum achados de margens comprometidas, quando o procedimento é realizado por médicos em fase de aprendizado, segundo McLucas & McGill, 1994 e Murta et al., 2004. No presente estudo encontrou-se 11,9% de margens comprometidas, sendo a margem endocervical a mais envolvida, em 6,8% dos casos, o que está de acordo com vários autores. (Flannelly et al., 2001; Ramchandani et al., 2007; Rema et al., 2008; Bozanovic et al., 2008, e outros) Na literatura encontra-se várias taxas de comprometimento de margens, há o estudo de McLucas e McGill (1994) que obtiveram todas as margens livres, usando alça de 2cm de tamanho e retirada do fragmento em única passada, na maioria das vezes e de Murta et al. (2004) que obtiveram 52% de margens comprometidas em procedimento realizados por médicos em fase de aprendizado. Há referências na literatura de índices mais elevados de margem ectocervical comprometida em relação a margem endocervical, na ordem de 20% dos casos. (Herzog et al., 1995; Dobbs et al., 2000; Alonso et al., 2006) Uma das preocupações neste ensaio foi avaliar a relação entre idade da mulher e comprometimento de margens, resultando em associação positiva semelhante a outros ensaios. (Moore et al., 1995; Flannelly et al., 2001, Shin et al., 2009) 24 A avaliação da relação entre comprometimento das margens e número de peças também foi verificada neste estudo, e observou-se mais casos de margens comprometidas, quando a peça foi retirada com dois ou mais fragmentos, fato também encontrado na literatura. (Naumann et al., 1994; Dalrymple, Russell, 1999) Na avaliação da relação entre comprometimento das margens e grau da lesão, verificamos mais casos de margens comprometidas, quando a lesão tinha grau maior, NICIII, fato também observado na literatura. (Naumann et al., 1994; Megevand et al., 1996) Artefatos térmicos podem ocorrer em maior ou menor grau, e a sua intensidade, por vezes torna inviável a análise histológica das margens. (Taha et al., 2001) Por convenção foram utilizados três graus de critérios para a intensidade de artefatos térmicos, de forma a comparar com outros autores. Observou-se o predomínio de artefatos térmicos de grau leve. Este fato é interpretado pela experiência do cirurgião em realizar o procedimento. A relação da intensidade de artefatos e o grupo etário das pacientes, mostrou que as mais idosas tiveram aproximadamente duas vezes mais artefatos de grau severo do que as demais, embora sem significância estatística. Este fato sugere a possibilidade da estrutura cervical ser mais fibrosa na mulher de mais idade, constituindo-se em fator de risco para artefatos térmicos, pois levaria a retardo na velocidade de corte da onda de alta frequência. De forma similar, estudo avaliando a quantidade de artefatos térmicos em diferentes faixas etárias foi feita por Taha et al. (2001). Esses autores compararam pacientes no menacme e na menopausa, não encontrando diferença estatisticamente significante. A gravidade histopatológica das neoplasias intraepiteliais não mostrou relação com o número de fragmentos obtidos no ato operatório. De igual maneira, a gravidade histopatológica não mostrou relação com o grau de artefatos, fato também verificado por Montz et al., 1993. A gravidade de artefatos térmicos não guardou relação com o número de fragmentos. Naumann et al., 1994, observaram que todas as peças com coagulação severa, foram 25 resultantes de procedimento com múltiplos fragmentos, fato semelhante é citado por Ioffe et al., 1999. Muitos autores acham que os artefatos podem ser minimizados com número menor de peças. A quantidade de artefatos pode reduzir dependendo da experiência do cirurgião. O trabalho de Messing et al., 1994, mostra que cirurgias realizadas por médicos em fase de aprendizado tiveram a maioria das peças com grau moderado de artefatos. A fragmentação da peça cirúrgica obriga o cirurgião a montá-la de acordo com a anatomia de colo retirado, com identificação de todas as partes. Quando isto não é executado, leva a prejuízo do laudo final. Este tipo de fragmentação ocorre quando alças de tamanhos inadequados são utilizadas, necessitando de várias passadas para a retirada da lesão. Wright Jr. et al., 1992b, compararam tecidos de colo retirados por dois tamanhos de alças, 0,5 x 07cm e 2,0 x 2,0cm, observaram maior prejuízo por fragmentação em alça menor tamanho. Não houve neste ensaio nenhum caso de prejuízo a análise por fragmentação das peças, pois todos os procedimentos foi realizado pelo mesmo profissional, com experiência na técnica e a alça utilizada em todas as cirurgias foi de tamanho único e grande, com medidas de 2,0 x 0,8cm. As taxas da literatura onde houve prejuízo dos laudos histopatológicos, por artefatos e fragmentação de peças cirúrgicas, variaram de zero a 30,5%. Mathevet et al. (1994) observaram 30,5% de dificuldade de laudar a peça por conta de equipamento inadequado e multiplicidade de profissionais que realizaram a técnica, com graus variáveis de experiência. Boardman et al. (2004) observaram 28% de prejuízo no laudo com cirurgiões em fase de aprendizado. Nem todos os trabalhos realizados com médicos em fase de aprendizado tiveram prejuízo no laudo das margens, Duggan et al., 1999, em estudo de 89 cirurgias de alta frequência realizadas por médicos residentes, não tiveram nenhum caso de prejuízo, tais procedimentos foram orientados por profissionais com experiência. 26 A qualidade da peça é fortemente influenciada pela experiência do operador. Não é técnica para médicos que planejam usá-la ocasionalmente, é para aqueles com experiência em patologia do trato genital inferior e colposcopia. (Krebs et al., 1993) Se o cirurgião é capaz de obter margem ampla de tecido normal ao redor da lesão, os efeitos térmicos não interferirão na interpretação histopatológica. (Turner et al., 1992) Estes dados mostram a importância do cirurgião estar habilitado para a técnica de cirurgia com alça de ondas de alta frequência, utilizando o colposcópio na avaliação da área de corte e assim definir o tamanho da alça. 27 6 CONCLUSÕES Pelo exposto é possível concluir: 1. A idade correlacionou-se com maior grau de lesão, onde o NIC IIII foi Mais frequente em pacientes com idade superior a 30 anos. 2. O número de fragmentos operatórios não se relacionaram com gravidade da lesão, margens cirúrgicas e intensidade de artefatos térmicos. 3. As margens cirúrgicas comprometidas não se relacionaram com gravidade da lesão e artefatos térmicos. 7 ANEXOS Anexo 1 Questionário N.o PRONTUÁRIO:_________________ IDADE:_________ Laudo histológico: ( ) NIC II ( ) NIC III Margens: ( ) Comprometidas ENDO ( ) Comprometida ECTO ( ) Ambas comprometidas ( ) Prejudicadas por artefatos ( ) Prejudicadas por segmentação Número de fragmentos: ( )1 ( ) 2 ( ) + QUE 2 Grau de artefatos: ( ) Leve ( ) Moderado ( ) Severo DATA:___________ Anexo 2 Termo de consentimento do laboratório de anatomia patológica Anexo 3 Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São Paulo Anexo 4 Análise estatística da relação do número de fragmentos retirados e o grau da lesão em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF Grau da lesão NIC II N. fragmentos NIC III Total N % N % N 1 59 62,7 35 37,3 94 2 ou mais 16 66,6 8 33,3 24 TOTAL 75 Teste x² p=0,91 Legenda: N: número 43 118 % Anexo 5 Análise estatística da relação do número de fragmentos retirados e o grau de artefatos térmicos em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF Grau de artefatos N. Leve fragmentos Moderado Grave Total N % N % N % N 1 44 46,8 27 28,7 23 24,5 94 2 ou mais 11 45,8 9 37,5 4 16,6 24 TOTAL 55 Teste x² P=0,61 Legenda: N: número 36 27 118 % Anexo 6 Relação do número de fragmentos retirados e margens cirúrgicas em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF Margens cirúrgicas N. Livres fragmentos Comprometidas Artefatos Total N % N % N % N 1 84 89,4 8 8,5 2 2,1 94 2 ou mais 17 70,8 6 25,0 1 4,2 24 TOTAL 101 Teste x² P=0,61 Legenda: N: número 14 3 118 % Anexo 7 Relação das margens cirúrgicas e grau de artefatos térmicos em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF Grau de artefatos Margens Leva cirúrgicas Livres Moderada Grave N % N % N % N 47 46,5 32 31,7 22 21,8 101 14,3 14 100,0 3 Compromet 57,1 28,6 idas 8 4 2 Artefatos 0 0 3 TOTAL 55 36 27 Legenda: N: número Total 118 % Anexo 8 Relação das margens cirúrgicas e grau da lesão em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF Grau da lesão Margens NIC II cirúrgicas NIC III Total N % N % N Livres 69 68,3 32 31,7 101 Comprometidas 5 35,7 9 64,2 14 PAT 1 33,3 2 66,6 3 TOTAL 75 Legenda: PAT: Prejudicada por arteatos térmicos N: número 43 118 % Anexo 9 Análise estatística da relação do grau de Artefato e do grau da lesão em 118 mulheres portadoras de neoplasia intraepitelial escamosa cervical submetida a CAF Grau da lesão NIC II Grau de artefato NIC III Total N % N % N Leve 33 60,0 22 40,0 55 Moderado 26 72,2 10 27,8 36 Grave 16 59,2 11 40,8 27 TOTAL 75 Teste x² p=0,43 Legenda: N: número 43 118 % 8 REFERÊNCIAS Alonso I, Torné A, Puig-Tintoré LM, Esteve R, Quinto L, Campos E, Pahisa J, Ordi J. 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Methods: 118 patients diagnosed with severe cervical lesions were selected and submitted to loop excision of the transformation zone (LETZ). The results were evaluated by patient age, degree of lesion, number of fragments removed, state of compromise of the margins, and degree of thermal artifact. Results: Patient age varied between 17 and 55, with the average being 27; 63.6% of patients had been diagnosed with cervical intraepithelial neoplasia grade II (CIN II) and 36.4% with CIN III. The lesion was removed in one fragment in 79.6% of the cases and in two or more fragments in 20.3% of the cases. The margins were free of intraepithelial neoplasia in 85.6% of the cases, compromised in the endocervical margin in 6.8% of the cases, compromised in the ectocervical margin in 1.7% of the cases, and compromised in both margins in 3.4% of the cases. Fragment damage by artifact occurred in 2.5% of the cases, and there were no cases of fragmented material adversely affecting evaluation. The degree of artifact was light in 46.6% of the cases, moderate in 30.5 %, and serious in 22.8%. The relation between the variables shows that women who were 30 years old or more presented more cases of CIN III than those below 30 (p<0.0004). Neoplasic compromise of the surgical margins and severe grade artifact occurred more often in the cases in which two or more fragments were removed from patients who were 30 years old or more. The same was observed when the cervical lesion grade was CIN III. Conclusion: Grade III cervical intraepithelial neoplasia in women 30 years old or more when removed in two or more fragments during LETZ surgery presents a greater number of margins compromised and a more severe degree of thermal artifact. Bibliografia consultada Bettiger HF, Fortin R. Proceding of the International Commitee a Histological Terminology forlesions of the Uterine Cervix. In: Proc. First International Congress of Exfoliant Cytology; 1962; Philadelphia, Lippincot co. 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