Antena 1 Serralves convida novos curadores a pensar exposições para diversos locais, frequentemente longe dos maiores centros urbanos nacionais. A cada um destes recém-chegados profissionais é disponibilizada a colecção da Fundação, em cada sítio apresentada sob um prisma singular, confrontada com novos espaços e, por vezes, em diálogo com produções de artistas concebidas para cada contexto específico. Serralves invites new curators to conceive exhibitions for various sites, frequently located far from Portugal’s main urban centres. Each of these recently qualified professionals is provided with access to the Foundation’s collection, which will be presented from a singular perspective in each venue, confronted with new spaces and, on certain occasions, in dialogue with artistic productions conceived for each specific context. PROGRAMA ANTENA / PROGRAMME ANTENNA FUNDAÇÃO EUGÉNIO DE ALMEIDA Tradução / Translation Martin Dale Concepção / Concept João Fernandes Ricardo Nicolau Coordenação Geral / General Coordination Maria do Céu Ramos Revisão de provas / Proofreading Paulo Monteiro Coordenação / Coordination Ricardo Nicolau Filipa Loureiro Direcção de Projecto / Project Coordination Ana Cristina Baptista EXPOSIÇÃO / EXHIBITION Organização / Organization Fundação de Serralves / Serralves Foundation Fundação Eugénio de Almeida / Eugénio de Almeida Foundation Comissariado / Curator Bruno Marchand FUNDAÇÃO DE SERRALVES Programação / Programming João Fernandes Ricardo Nicolau Coordenação / Coordination Filipa Loureiro Ricardo Nicolau Montagem e instalação / Installation Carlos Lopes Jorge Quintela Nélson Faria Registo e transportes / Registration and transports Inês Venade Colaboração Técnica / Technical Collaboration Fátima Murteira Hugo Monteiro Ana Rita Silva Textos / Texts Maria Andreza Sousa Design de Iluminação / Lighting Design Vítor Vajão (Atelier de Iluminação e Electrotecnia, Lda.) Montagem / Installation José Vieira Carlos Gonçalinho BROCHURA / BOOKLET Concepção Editorial / Editorial Concept Ricardo Nicolau Coordenação / Coordination Filipa Loureiro Ricardo Nicolau Textos / Texts Bruno Marchand Eduardo Pereira da Silva João Fernandes Concepção Gráfica / Design Pedro Nora Pré-impressão, impressão e acabamento / Prepress, printing and binding Ginocar Indústria Gráfica Lda. Tipografia / Typography Dolly, Underware Verlag, H&F J Papel / Paper Bikraft 325 g/m2 Munken Lynx 150g/m2 Arjowiggins Pop’Set Rosa 120g/m2 Agradecimentos / Aknowledgements Enquanto comissário desta exposição, quero agradecer em primeiro lugar às direcções do Museu de Serralves e da Fundação Eugénio de Almeida, bem como às equipas que promoveram e tornaram esta exposição possível, nomeadamente à Dra. Maria do Céu Ramos e Ana Cristina Baptista ( F.E.A.), e a Ricardo Nicolau e Filipa Loureiro (M.S.). Por fim, um agradecimento especial aos artistas convidados, Daniel Barroca e Diogo Pimentão, pelo empenho, abertura e confiança com que aceitaram este desafio, e pela generosidade crítica e intelectual que souberam trazer a esta colaboração. As curator of this exhibition, firstly I would like to thank the management boards at the Serralves Museum and Eugénio de Almeida Foundation and the teams that organised and made this exhibition possible, in particular Dr. Maria do Céu Ramos and Ana Cristina Baptista (Eugénio de Almeida Foundation), and Ricardo Nicolau and Filipa Loureiro (Serralves). Finally, a special thanks word of thanks is due to Daniel Barroca and Diogo Pimentão, for their dedication, open-minded attitude and the confident manner in which they embraced this challenge, and the intellectual and critical generosity they brought to this collaboration. Contactos / Contacts Fórum Eugénio de Almeida Rua Vasco da Gama, 13 7000-941 Évora Diariamente, das 9h30 às 18h30 Open daily from 9:30 a.m. to 6:30 p.m. T +351 266 748 350 F +351 266 737 145 www.forumea.com.pt [email protected] Museu de Arte Contemporânea de Serralves Rua D. João de Castro, 210 4150-417 Porto, Portugal T +351 22 615 65 00 F +351 22 615 65 33 www.serralves.pt [email protected] Diogo Pimentão Tempo a 2cm do chão / Time 2 cm from the floor, 2007 Papel e grafite / Paper and graphite pencil 102,5 x 70 x 35 cm Colecção do artista, Paris / Artist’s collection, Paris Daniel Barroca Sem Título (contactos de 35mm) / Untitled (35mm contacts), 2006/2007 Prova de gelatina e prata / Silver gelatin contact print 30 x 24 cm Colecção do artista, Lisboa / Artist’s collection, Lisbon Apresentação / Presentation João Fernandes Director do Museu de Serralves / Director of the Serralves Museum a quantidade de locais vocacionados para acolher arte contemporânea, nomeadamente Galerias Municipais e Centros Culturais, tem vindo a crescer em Portugal nos últimos anos. A este acréscimo de espaços não tem infelizmente correspondido uma indispensável profissionalização de pessoas a pensar e a produzir exposições, nomeadamente curadores; isto apesar de existir no nosso país formação específica em estudos curatoriais – o que significa que todos os anos se formam dezenas de pessoas que ainda não puderam passar de forma consistente e sistemática teoria à prática. Nos últimos anos, a Fundação de Serralves tem vindo a apresentar de forma regular parcelas da sua Colecção em mostras itinerantes, respondendo ao interesse manifestado por vários dos novos espaços culturais a que nos referimos em receber exposições com a nossa assinatura. Decidimos agora transformar aquele interesse numa contribuição para a dinamização do panorama curatorial, estimulando o trabalho de novos curadores. Através de um novo programa de itinerâncias, intitulado Antena, recorremos a curadores independentes, alguns com Mestrado em Estudos Curatoriais, a quem disponibilizamos a Colecção da Fundação e pedimos para desenvolver projectos de exposição que over recent years in Portugal, a growing number of venues have emerged intended for hosting contemporary art exhibitions – in particular municipal galleries and cultural centres. Unfortunately, this expansion has not been accompanied by the indispensable corollary of increased professionalisation amongst those responsible for conceiving and producing exhibitions – in particular curators – notwithstanding the fact that specific training in curatorial studies is available in Portugal. In other words, dozens of people are trained every year but have not yet been able to put their theoretical knowledge into practice, in a consistent and systematic manner. Over recent years, the Serralves Foundation has regularly presented selections from its Collection in itinerant exhibitions, responding to an interest expressed by the aforementioned new cultural venues to host exhibitions organised by us. We have now decided to transform this interest, in order to make a contribution to stimulating the existing curatorial panorama, fostering work by new curators. By means of a new programme of itinerant exhibitions, entitled Antenna, we have contracted services from independent curators, some of whom with Master’s degrees in curatorial studies, to whom we have provided access to the levem em conta as singularidades dos distintos espaços interessados em produzir exposições com Serralves. Estes projectos também podem implicar confrontar obras da Colecção com novos trabalhos de artistas que nela não estão representados, criando oportunidades de produção para novos artistas. A Fundação Eugénio de Almeida, sediada em Évora, é a primeira instituição parceira de Serralves neste novo programa. Para conceber uma exposição para o espaço do seu Fórum, convidámos Bruno Marchand, que decidiu utlizar uma parcela da Coleçcão de Serralves, em diálogo com trabalhos, alguns inéditos, de Daniel Barroca e Diogo Pimentão, dois jovens artistas portugueses. Confrontando obras recentes e históricas, e apoiando-se nas noções de documento e de projecto – que, de certa forma, ajudaram a definir a arte dos anos 1960 e 1970 –, o curador permite reavaliar a herança da arte conceptual, ajudando a compreender a sua importância para a arte dos nossos dias. Gostaríamos de agradecer a Bruno Marchand a seriedade e o empenho com que abraçou este projecto, devolvendo-nos uma renovada visão da Colecção de Serralves; como agradecemos a Daniel Barroca e a Diogo Pimentão o entusiasmo com que corresponderam, desde o início, ao desafio do curador, criando obras especificamente para este contexto ou adequando trabalho antigo ao espaço do Fórum. À Fundação Eugénio de Almeida, que nunca hesitou em apoiar uma iniciativa que, indo de encontro às suas expectativas iniciais – acolher parte da Colecção da Fundação de Serralves – também arrisca estimular novo trabalho curatorial e apresentar artistas menos óbvios, deixamos uma palavra especial de reconhecimento. Foundation’s collection and asked them to develop exhibition projects that take into account the singularities of the various spaces interested in producing exhibitions with Serralves. These projects may also imply a confrontation between works held in the Collection and new works by artists not represented therein, thus creating opportunities for new artists. The Eugénio de Almeida Foundation, located in Évora, is the first institutional partner in the Serralves’ new programme. In order to design an exhibition for its Forum space, we invited Bruno Marchand, who decided to use a selection of works from the Serralves Collection, in dialogue with other works, some of which never before seen, produced by two young Portuguese artists – Daniel Barroca and Diogo Pimentão. Confronting recent and historical works, based on notions of documentation and project elaboration – that in a certain manner helped to define contemporary art in the 1960s and 1970s – the curator makes it possible to re-evaluate the heritage of conceptual art, and helps us to understand its importance for art produced at the present time. We would like to thank Bruno Marchand for the seriousness and dedication he devoted to this project, providing us with a renewed vision of the Serralves Collection. We would also like to thank Daniel Barroca and Diogo Pimentão for their consistently enthusiastic reaction to the challenge set by the curator, creating works specifically for this context or tailoring existing works to the Forum space. A final special word of thanks is due to the Eugénio de Almeida Foundation, that provided unflagging support for this initiative, in pursuit of its initial expectations – to host a selection from the Serralves Foundation’s collection – and also assuming the risk to stimulate new curatorial activities and present works by less well-known artists. Um olhar (quase) invisível / An (almost) invisible gaze Eduardo Pereira da Silva Presidente do Conselho de Administração da Fundação Eugénio de Almeida Chairman of the Board of Directors of the Eugénio de Almeida Foundation não importa qual a sua proveniência espacio-temporal, a técnica utilizada, as inspirações do autor ou mesmo a classificação conceptual que lhe é atribuída – a obra de Arte, verdadeiramente, nunca é um objecto finalizado enquanto veículo de sensações e experiências, enquanto portadora de estímulos culturais e intelectuais. É irrefutável, por exemplo, que um quadro ou uma escultura detêm a capacidade singular de “alterar” o espaço em seu redor. Igualmente, sabemos que o espaço e o contexto condicionam, e idealmente deverão potenciar, a interpretação e a fruição que retiramos da obra de Arte. Cada vez mais, mostrar ou expor Arte implica, ou exige, a reinvenção da identidade de um determinado conjunto de trabalhos que constitui o corpo expositivo. Adaptar esse corpo e encaixá-lo na moldura física e arquitectónica que o aguarda, bem como nos contextos temporal e social a que se destina, é uma tarefa delicada que requer conhecimento e perícia, mas sobretudo humildade, sensibilidade e criatividade. A figura e a acção do Curador de Arte são, pois, imprescindíveis ao projecto expositivo. Somente uma visão profissional – e apaixonada – pode surtir um efeito estruturante e invisível em envolvendo jovens Mestres em Estudos Curatoriais graduados por instituições nacionais de prestígio. Bruno Marchand é o curador desta exposição, um verdadeiro mediador que criou um novo pretexto para o encontro entre artistas e público, definindo um espaço de comunicação onde todos os diálogos são possíveis. simultâneo, que não subverta jamais esta ordem de valores: a obra de Arte é protagonista; a exposição apenas o pretexto, que se quer inovador e original. A dinâmica da criação artística contemporânea extravasa, cada vez mais, os limites físicos do próprio objecto de Arte e prolonga-se positivamente nos lugares e contextos onde ele é visto, apreciado e sentido. A primacial relação de influência que o cenário envolvente desenvolve com o criador ou com o acto de criação perpetua-se, então, na finalidade da obra, ao ter a capacidade de transformar e potenciar, também, o impacto da Arte junto do público. A Curadoria, sendo a visão conceptual do curador traduzida na consecução da proposta expositiva, pode expandir a amplitude significante de uma obra. Permitir novas leituras. Suscitar outras reflexões. Atenta à realidade e às exigências do seu Mundo e do seu tempo, a Fundação Eugénio de Almeida procura que as suas iniciativas tenham um impacto efectivo e sejam catalizadoras de mudanças positivas na sociedade. A promoção e a divulgação da Arte Contemporânea assumem uma importância nuclear enquanto meios estratégicos para a concretização deste objectivo institucional. A presente exposição, que nasce de uma parceria entre a Fundação Eugénio de Almeida e a Fundação de Serralves, é mais um testemunho dessa linha de trabalho que tem vindo a ser desenvolvida de forma continuada e consistente. A iniciativa integra um projecto mais alargado de itinerância de obras do Museu de Arte Contemporânea, com recurso a curadorias independentes, included within the collection. Adapting this collection and/or framing it within the physical and architectural dimensions of the exhibition space and the respective social and temporal context, is a delicate task that requires knowledge and skill, but above all, humility, sensitivity and creativity. The figure and activities of the Art Curator is therefore an indispensable element within the exhibition project. Only by means of a professional, and passionate vision is it simultaneously possible to create a structuring and invisible effect, that will never subvert the essential order of values – that the work of art should be the protagonist and wherein the exhibition is merely a pretext that aims to be innovative and original. The dynamics of contemporary artistic creation increasingly expand beyond the physical limits of the art work itself and positively extend into the spaces and contexts where the work is seen, appreciated and experienced. The essential relationship of influence developed between the surrounding scenario and the artists, or with the act of creation itself, is thereby perpetuated in the final objective of the work itself, through its capacity to transform and foster the work’s impact on the general public. The process of curatorship, wherein the curator’s conceptual vision is conveyed through pursuit of the exhibition’s objectives, may expand the set of meanings associated to the work of art – enabling new interpretations and encouraging new reflections. Attentive to contemporary reality and demands, the Eugénio de Almeida Foundation aims to ensure that its initiatives have an effective impact and catalyse positive changes in regardless of the temporal or spatial origin, the techniques applied, the artist’s original inspiration or even the conceptual classification attributed thereof – a work of art is never a truly completed object, as a vehicle of sensations and experiences or a source of cultural and intellectual stimuli. For example, it is irrefutable that a painting or sculpture has a singular capacity to “alter” the space around it. We also know that the space and the context will condition, and ideally should foster, our interpretation and enjoyment of a work of art. Displaying or exhibiting works of art increasingly implies, or requires, reinvention of the identity of a specific set of works society. The promotion and divulgation of contemporary art assumes a core importance as strategic means of implementing this institutional objective. The present exhibition, resulting from a partnership between the Eugénio de Almeida Foundation and the Serralves Foundation, pays further testimony to the line of work that has been continuously and consistently pursued to date. The initiative is included within a broader project of itinerant exhibitions featuring works from the Serralves Museum of Contemporary Art, with recourse to independent curators, involving young graduates with Master’s degrees in curatorial studies, who have graduated from prestigious national institutions. Bruno Marchand is the curator of the present exhibition – acting as a genuine mediator and creating a new pretext for an encounter between artists and the general public, defining a communication space, where all forms of dialogue are possible. Fórum Eugénio de Almeida ⁄ Évora DOCUMENTO: PROJECTO: FICÇÃO Comissariado: Bruno Marchand 13—09—2007 ⁄ 01—01—2008 THIS IS ABOUT OBJECTS em meados da década de 1960, Vito Acconci era um poeta. No final daquela década em Nova Iorque, Acconci era essencialmente um poeta interessado na exploração da poesia enquanto forma e da linguagem enquanto matéria, mas também um poeta angustiado em frente da página em branco. A sua angústia não provinha do clássico horror vacui, nem tão-pouco da inversão romântica da mesma afectação. O que afligia Acconci não era a oportunidade de “tudo” condensada naqueles limites – eram os limites em si: aquelas quatro arestas ortogonais a ditarem um espaço que encarava como campo de acção, linguístico e artístico, e que à época lhe parecia absurdamente estreito. Por volta de 1969, Acconci debatia-se ainda com a natureza da poesia e decidiu vingar-se na exiguidade da página. Numa manhã de Inverno entrou no Orient Express Coffee House em Manhattan, estendeu 26 folhas de papel inscritas com cada uma das letras do alfabeto e, andando sobre o conjunto, recolheu-as uma a uma, recitando frases que descreviam localizações, movimento ou direcção, começadas pela letra respectiva. Nos anos que se seguiram – sensivelmente até meio da década de 1970 – Vito Acconci desenvolveu um conjunto de performances baseadas em acções aparentemente simples, explorando situações de tensão articuladas em pares dicotómicos como público/ privado, confiança/decepção, resistência/colapso ou dor/prazer. Se, por um lado, interessava a Acconci testar e promover uma aproximação da prática artística às formas e processos da vida quotidiana, por outro movia-o um militante desejo de boicotar os alicerces do comércio de objectos artísticos, que então conhecia tempos de especulação galopante. Naturalmente Acconci não estava sozinho, e o seu exemplo poderia ser acompanhado por inúmeros outros de artistas cuja produção manifestava também uma clara tendência para instituir uma lógica de distribuição das obras de arte – por oposição à sua comercialização – e, no mesmo movimento, tentar resgatar a galeria do seu crescente posicionamento como loja. Mais que a célebre “desmaterialização do objecto artístico” 1 enquanto estratégia produtiva, interessava a artistas como Acconci a instituição desse sistema distributivo de obras de arte, no que ele significava enquanto acto político, dentro e fora da esfera artística. Era evidente para Acconci que as suas actividades performativas não colocavam apenas questões à Antena 1 — DOCUMENTO: PROJECTO: FICÇÃO natureza e aos objectivos da prática artística (nomeadamente no que respeita ao cruzamento interdisciplinar, ao posicionamento do corpo do artista como meio e matéria artísticos, ou à efemeridade do acto em si), como desafiavam a base de todo o sistema comercial artístico, exactamente porque estas não conduziam à construção de um objecto, passível de ser transaccionado. O que na época parecia não ser evidente para Acconci, era a inexorável capacidade de adaptação do sistema comercial às mais extremas provocações que lhe são dirigidas, bem como a noção de que (já segundo Durkheim) qualquer evento ou facto social pode ser encarado como um objecto. A junção destas duas noções, embora não exactamente coincidentes no tempo, e mais intuídas que teorizadas, abriram espaço à introdução do documento enquanto objecto e da documentação enquanto processo, como elementos de relevo na economia formal e comercial do mundo artístico. in the mid-1960s, Vito Acconci was a poet. By the late 1960s, living in New York, he had started to focus on exploration of poetry as form, and language as content. He was also an anguished poet confronted by the blank page. This sense of anguish did not result from the Classic horror vacui, nor from the Romantic inversion of this complex. What truly concerned him was not the desire to condense “everything” within the limits of the page – but rather the limits in their own right: the four orthogonal sides which dictated a space he considered to be an artistic and linguistic field of action and which at the time he thought was absurdly restricted. Around 1969, Acconci was still debating the nature of poetry when he decided to avenge himself on the constraints created by the page. One winter morning, he entered the Orient Express Coffee House in Manhattan and laid down 26 sheets of paper each containing a letter from the alphabet. Stepping on the pile, he picked up the sheets, one by one, and began reciting sentences that described locations, movements or directions, starting with the respective letter. In the following years, until the mid-1970s, Vito Acconci developed a series of performances based on apparently simple actions, exploring situations of tension articulated in dichotomic pairs such as public/private, confidence/deception, resistance/collapse or pain/pleasure. While, on the one hand, Acconci was interested in testing and fostering approximation of artistic practices to everyday forms and processes, on the other hand he was driven by a militant desire to boycott the foundations underlying the commerce [ 1 ] Porque a sua amplitude é consideravelmente mais vasta, importa notar que invocamos este termo cunhado por Lucy Lippard e John Chandler em 1968 no seu sentido mais prosaico, e enquanto conceito que pode remeter para a instituição de uma progressiva intangibilidade do objecto artístico, observável numa franja da produção artística desta época. of artistic objects, that was then experiencing a wild period of speculation. Of course, Acconci was not alone, and his example can be accompanied by countless other artists whose production also manifested a clear tendency to create a new distribution logic for works of art – in opposition to their commercialisation –, while at the same time attempting to redeem the gallery from its growing role as a shop. Rather than the renowned “dematerialisation of the artistic object” 1 as a production strategy, artists such as Acconci were interested in founding a new distribution system for works of art, above all as a political act, both within and outside the artistic sphere. It was quite clear for Acconci that his performing activities not only raised questions concerning the nature and objectives of artistic practices (in particular their interdisciplinary intersections, the positioning of the artist’s body as an artistic medium and material, and the ephemeral nature of the artistic act in its own right), he was also challenging the basis of the entire artistic commercial system, exactly because his actions did not lead to the construction of an object which might be sold. What was not clear to Acconci at the time was the inexorable capacity of the commercial system to adapt itself to the most extreme provocations, together with the notion (formerly identified by Durkheim) that any social fact proeminentes artistas da época, estava contido, para lá de uma suspeita comunhão crítica entre aquele que apagava e o que se viu apagado, um programa. E este programa era quase tão contundente quanto a acção que lhe deu forma, no quanto sublinhava a vontade do artista e o conceito/ideia que o guia como ascendentes (sensíveis) sobre o domínio dos protocolos artísticos da modernidade, da sensualidade retiniana ou da mera proficiência técnica. O que o novo desenho de Rauschenberg promovia era em parte coincidente com o que LeWitt formalizava no texto da Artforum. De forma clamorosa, esta obra corporalizava a antítese de uma determinada noção de virtuosismo, punha a nu a fragilidade do expressionismo na ponta da borracha e demonstrava a sua irónica precaridade em face da marca irredutível de uma ideia/gesto que, num frenético movimento de subtracção, a cobria por inteiro. Contudo, a década e meia que se pode medir entre o desenho de Rauschenberg e o texto de LeWitt – com todas as mudanças sociais, económicas e culturais que caracterizaram a década de 60 – não apenas permitiu a consolidação do projecto conceptual, como foi instrumental na instituição de um conjunto de noções que alargavam o projecto a que o próprio Rauschenberg se autorizava depois de (e com) Duchamp. De entre as diferenças que esta maturação produ- or event may be viewed as an object. The junction of these two notions, although they did not exactly coincide in time, and were more intuitive than theoretical, opened space for the introduction of the document as an object and documentation as a process, as key elements in the formal and commercial economy of the art world. ziu, interessa-nos aqui realçar duas. A primeira passa pela magistral concepção de que a obra não precisaria de ganhar forma física para existir enquanto tal. A segunda decretava que, com ou sem resultados físicos palpáveis, todos os passos do processo de construção da obra – (e citando LeWitt) rabiscos, esboços, desenhos, falhanços, modelos, estudos, pensamentos, conversas – têm interesse, e que no que revelam do processo aplicado pelo artista, podem ser inclusive mais interessantes que a própria obra. A partir de LeWitt poder-se-ia repensar o desenho de Rauschenberg e rebaptizá-lo no gerúndio, e Erasing de Kooning talvez pudesse, ainda mais claramente, revelar a sua força onde efectivamente sempre residiu: no processo e não no produto. NOT MOTIFS. exactamente na mesma época em que Acconci reenquadrava a sua poesia, Sol LeWitt publicava nas páginas da Artforum um artigo fundamental para a afirmação da chamada Arte Conceptual. 2 Se a discussão em torno da viabilidade ou sustentabilidade crítica de uma prática desta natureza tinha começado não mais tarde que 1961, ano em que Henry Flynt associou os termos “conceito” e “arte” para discorrer sobre a sua própria actividade, talvez um dos primeiros e mais flagrantes indícios da possibilidade conceptual na arte do pós-guerra pudesse ser lido na célebre obra de Robert Rauschenberg, Erased de Kooning, 3 de 1953. Naquele acto de elisão do que seria considerado, para todos os efeitos, uma obra de um dos mais Bruno Marchand at the same time that Acconci was drawing up a new framework for his poetry, Sol LeWitt published in the pages of Artforum a fundamental article for the affirmation of so-called Conceptual Art. 2 While discussion concerning the critical sustainability or viability of such a practice had initiated no later than 1961 (when Henry Flynt associated the terms “concept” and “art” in order to discuss his own activity), one of the first and most flagrant signs of conceptual [ 2 ] Referimo-nos a “Paragraphs on Conceptual Art”, publicado naquele periódico no Verão de 1967. [ 3] A tradução directa deste título será “de Kooning apagado” e remete exactamente para a acção que esteve na base desta obra – o apagar de um desenho do artista Willem de Kooning por Rauschenberg, tendo este deixado intactos apenas o título do desenho, a assinatura de Kooning e a moldura que os enquadrava. -----------------[ 1 ] Given that its scope is considerably wider, it is important to note that we invoke this term used by Lucy Lippard and John Chandler in its most prosaic meaning, as a concept that may lead to the foundation of a progressive intangibility of the artistic object, observable within a niche of artistic production during this period. [ 2 ] We are referring to “Paragraphs on Conceptual Art”, published in this magazine in the summer of 1967. art in the post-war period may be found in Robert Rauschenberg’s famous, de Kooning Erased, 3 produced in 1953. In addition to the suspected critical communion between the eraser and that which is erased, there was a programme hidden within this act of elision – in that which would be considered, for all purposes, to be a major work by one of the key artists from this period. This programme was as aggressive as its underlying action – it emphasised the artist’s will and his guiding concept/idea as the (perceptible) ascendants over the domain of artistic protocols of modernity: retinal sensuality or mere technical proficiency. That which Rauschenberg fostered in his drawing partly coincided with that which LeWitt formalised in his text for Artforum. In a strident manner, this work embodied the antithesis of a specific notion of virtuosity and highlighted the fragility of expressionism at the “eraser-edge” and demonstrated its ironic precariousness before the unstoppable march of an idea/gesture that, in a frenetic movement of erasure, entirely obliterates it. Nonetheless, the 15-year period between Rauschenberg’s drawing and LeWitt’s text – including all the social, economic and cultural changes that took place in the 1960s – not only enabled consolidation of the project of conceptual art, but was also instrumental in the foundation of a second notion that widened the project pursued by Rauschenberg in THE PHOTO IS ONLY THE SUBSTITUTE FOR AN OBJECT; the wake of (and alongside) Duchamp. Amongst the many differences that resulted from this period of maturation, we would like to focus on two key aspects. The first concerns the magisterial conception that a work of art does not need to gain physical form in order to exist as a work in its own right. The second notion was that, regardless of whether or not they produced palpable physical results, all steps involved in building a work of art – (quoting LeWitt) scribbles, sketches, drawings, aborted attempts, models, studies, thoughts, conversations – are of interest, and to the extent that they reveal the artist’s working process, may be more interesting than the final work itself. From LeWitt’s perspective, it was possible to reconsider Rauschenberg’s drawing and rebaptise it as the “process of drawing” rather than the final drawing itself. As a sa amiúde despercebido o problema estatutário desta figura e a sua natureza substitutiva. De facto, o documento é um objecto que vem em substituição de um outro; o seu propósito é o de estender uma realidade, seja ela de que natureza for, existindo em sua função. Desta forma, o documento atesta uma existência e é, portanto, um objecto portador de uma determinada “verdade” que, embora lhe seja exterior, o qualifica. No sentido em que o documento é uma representação de um objecto, este é mais um meio que um fim em si mesmo e, também enquanto tal, uma estrutura aberta, passível de potenciar diferentes níveis de “leitura” e entendimento. 4 E é esta noção de documento enquanto entidade substitutiva que nos serve de base para lançar um olhar particular e assumidamente estreito sobre um conjunto de práticas artísticas nascidas na esteira das result, and even more clearly, de Kooning Erased could reveal its force where it effectively always resided – in the process rather than in the product. práticas ditas pós-conceptuais. Coincidentes com a fundação ou aparecimento da chamada arte contemporânea, estas actividades herdaram, por um lado, a falência positivista do projecto moderno e, por outro, a ruptura total do espartilhamento genérico que ainda vigorou em grande parte deste período. Com a plena aceitação da fotografia, do filme, do vídeo, da performance ou do happening como meios artísticos legítimos, mas também da noção de colaboração, de acidente, de abertura ou de transversalidade, diluí- Antena 1 — DOCUMENTO: PROJECTO: FICÇÃO revendo as nossas considerações iniciais, parece já claro que noções como processo, projecto, registo ou documento, dominam em grande parte as motivações desta exposição. Se as primeiras podem à partida não levantar grandes objecções, o lugar do documento em todo este contexto é muitas vezes visto com apreensão. E esta apreensão justifica-se em toda a extensão, porque a ideia de documento, no contexto das artes plásticas como fora dele, é de tal forma lata que facilmente ganha contornos de fragilidade. Embora seja notório que aquilo a que normalmente chamamos documento se encontra nos antípodas daquilo a que nos habituámos chamar arte, não deixa de ser curioso lançar um outro olhar sobre esta categoria de objectos. Se a acepção quotidiana de documento permite que este se situe entre um importante meio de prova e um mero requerimento para aceder ao espólio de uma biblioteca, é também um facto que no meio da banalização desagregadora do termo, pas- [ 4 ] Uma nota apenas para ressalvar que, ao contrário de uma disseminada noção de “índex” – e como a introdução da ideia de “leitura” no âmbito da recepção do documento visa frisar –, por mais directa que se observe a relação entre o objecto e o documento, este é fundamentalmente um objecto codificado. -----------------[ 3 ] Direct translation of this title would be “de Kooning deleted”, and it leads us exactly to the action underlying this work – deletion of a drawing by the artist Willem de Kooning carried out by Rauschenberg, in which the latter only left the title of the drawing, Kooning’s signature and the picture frame. ram-se os limites formais do que seria imediatamente aceitável como arte, e uma grande parte do processo de legitimação da actividade artística passou a residir, progressivamente, num complexo articulado de factores críticos e discursivos. Frequentemente baseada em acções ou em projectos que se prolongam no tempo, as novas práticas artísticas desta época implicaram decisões cruciais quanto aos formatos em que se apresentavam e quanto ao estatuto dos objectos que delas se formavam. A produção de objectos que mantêm estritas relações formais com o documento surgem, então, não apenas como natural resultado do processo de registo de uma actividade que não tem como principal objectivo a exploração técnica/expressiva do meio em si, como também de uma inclinação para a ideia de actividade artística enquanto prática projectual disseminada por diversos meios e observável em momentos diversos do seu próprio processo. Naturalmente, todos estes desafios às históricas consistências formais que até então monopolizavam o domínio artístico foram assimilados pela própria história da arte, tornando-se matéria útil para a voragem pós-moderna. Neste sentido, será também oportuno observar como a instituição desta prática conduziu a desdobramentos que, partindo deste espólio e baseados na força destes recursos, souberam estabelecer In fact, a document is an object produced as a substitute of another; its purpose is to extend reality, regardless of the nature existing within its function. In this manner, the document affirms an existence and is therefore an object in its own right, wherein there is a specific “truth” that, while exterior to it, qualifies it. To the extent that a document is a representation of an object, it is a means rather than an end in its own right. As such, it is an open structure that fosters different levels of “interpretation” and understanding. 4 It is this notion of a document as a substitute or entity, which serves as the basis for launching a specific and assumedly restricted perspective on the set of artistic practises born in the wake of “post-conceptual practises”. Coinciding with the foundation or emergence of so-called contemporary art, these activities inherited, on the one hand, the positivist failure of the modernist project and, on the other hand, total rupture with the generalised compartmentalised outlook that was still widespread during this period. As a result of acceptance of photography, film, video, performance art or happenings as legitimate artistic media, together with the notion of collaboration, accidents, opening or transversality, the formal limits of that which may immediately be accepted as art were diluted. As a result, a major part of the process of legitimation of artistic activi- complexas estratégias ficcionais e abrir uma frente de exploração que nem sempre encara o documento como matéria probatória ou demonstrativa. reviewing our initial considerations, it seems clear that notions such as process, projects, recording or documents, largely dominate the motivations underlying this exhibition. While most people are willing to embrace process, projects or recording within the artistic sphere, the place of the document in this overall context is often viewed with apprehension. This apprehension is fully justified because the idea of a document, both in the context of the fine arts and in other fields, is so broad that it is easily rendered virtually meaningless. ties progressively resided within an articulated set of discursive and critical factors. Frequently based on actions or projects extended over time, the new artistic practices during this period implied a crucial decision in terms of the formats in which they were presented and the statute of objects contained within such practices. The production of objects that maintained a strict formal relation with the documents, emerged not only as the natural result of the process of recording an activity whose main objective is not technical/expressive exploration of the medium in its own right, but also as a move towards an idea of artistic activity as a project-based practice which is disseminated across various media and observable in distinct moments of its own process. Naturally, all these challenges to the formal, historic consistencies that until that moment had While it is notorious that a “document” is the polar opposite of that which we normally call “art”, it is nonetheless curious to embrace a new perspective on this category of object. The daily understanding of a document covers a wide spectrum of meanings, ranging from a key item of evidence to a slip requesting access to a library collection. In the midst of the increasingly banal scope of this term, the statutory problem of the figure and its substitutive nature can easily be overlooked. monopolised the artistic field were assimilated by the history of art itself and became useful working material for the postmodern vortex. To this extent, it would also be opportune to observe the manner in which foundation of this practice led to developments that, on the basis of this collection and by virtue of these resources, were able to establish complex fictional strategies and open a field for exploration that did not always view the document as a demonstrative or evidential material. Bruno Marchand [ 4 ] A note to emphasise that, unlike the widely disseminated notion of “index” – and with introduction of the idea of “interpretation” in the framework of reception of the document that it aims to highlight –, however directly one observes the relationship between the object and the document, it is fundamentally a codified object. IT IS UNSUITABLE AS A PICTURE IN ITS CUSTOMARY SENSE. no seu conjunto, as proposições que introduzem cada uma das secções deste texto constituem uma declaração da dupla de artistas Bernd e Hilla Becher datada do princípio da década de 1970, numa altura em que o seu trabalho era visto pelos próprios à luz da herança da “nova objectividade”. 5 Rebatida sobre as premissas teóricas e práticas desta concepção, a tarefa a que esta dupla de artistas se propôs – nomeadamente o registo sistemático e quase científico de uma franja particular da engenharia industrial moderna que, na época, ameaçava desaparecer – recolocava a questão da validade estética e artística de uma prática documental (muito próxima de uma pulsão arquivista) quase nos mesmos termos em que esta se processara, algumas décadas antes, a propósito da actividade de fotógrafos como Walker Evans, Berenice Abbott ou Eugène Atget. Se à partida um olhar contemporâneo pode desconfiar de qualquer discussão estética que se tenha perpetrado ao longo de mais de seis décadas, importa recordar que numa entrevista à Artforum em 1971, Walker Evans afirmava ainda que um documento é investido de uma utilidade, ao passo que a arte é verdadeiramente inútil, para concluir, na frase seguinte, que a arte jamais poderá ser um documento, embora possa adoptar o estilo documental. Para Evans, um pouco como para os próprios Becher, permaneceu até à fundação da Arte Conceptual uma dúvida sobre a possibilidade deste estilo documental vingar num cenário onde a fotografia se tentava ainda afirmar no contexto de um modernismo tautológico, por um lado virado para a especificidade do meio e para as suas capacidades expressivas (e expressionistas), e por outro refém de uma ideia de fotografia como prática da captura do “momento decisivo” em que se revela, em toda a sua “dimensão”, o significado de um evento. De forma determinante, a arte conceptual permitiu à fotografia e a outros meios de registo congéneres afirmarem a sua natureza artística. Contudo, este feito não só se processou num duplo movimento, como todo o seu alcance só se revelou nos anos da pós-conceptualidade. Se, como afirmam Bernd e Hilla Becher, as suas fotografias são meramente o substituto de um objecto – no caso, os edifícios industriais que estes artistas encaravam e apelidavam de “Esculturas Anónimas” –, facto que posiciona e Antena 1 — DOCUMENTO: PROJECTO: FICÇÃO afirma a validade artística do seu projecto muito para lá da própria fotografia e dos seus atributos estéticos, não é possível, contudo, receber estes objectos sem ponderar a condição da sua própria mediação. Existe nestes objectos, de resto como nos objectos que compõem a exposição que agora se apresenta, uma vincada dimensão estética: aquela que concebe que uma fotografia, um filme, um projecto ou um evento encerram, em potência, uma possibilidade visual; que promove diferentes esforços e estratégias para estender os limites do que é possível em arte e para reivindicar a participação activa do espectador na construção da sua experiência; aquela que contribuiu decisivamente para libertar a arte da sua forma, da sua estética e das suas práticas habituais, deixando um legado que é uma plataforma, um campo de oportunidades, tanto para a produção, quanto para a fruição da arte na contemporaneidade. as a whole, the propositions that introduce each of the sections of this text are taken from a declaration made by the two artists, Bernd and Hilla Becher, in the early 1970s, at a time in which their work was viewed from the perspective of the legacy of “new objectivity”. 5 Founded on the theoretical premises and practices of this conception, the task which these two artists proposed to embrace – in particular the systematic and almost scientific recording of a specific niche within modern industrial engineering that seemed to be in danger of disappearing – repositioned the question of the aesthetic and artistic validity of a documentary practice (drawing close to an archivist’s impulse) in almost the same terms under which this perspective had been raised, several decades before, in relation to the activity of photographers such as Walker Evans, Berenice Abbott or Eugène Atget. While at the outset, a contemporary outlook may harbour doubts concerning an aesthetic discussion that dragged on over more than six decades, it is important to remember that Walker Evans, in an interview with Artforum in 1971, still affirmed that a document is invested with utility, while art has no utility at all, and then concluded in the next sentence that art may never be a document, although it may adopt a documentary style. For Evans, as for Bernd and Hilla Becher, until the foundation of conceptual art a doubt lingered concerning the possibility of a documentary style prevailing within a scenario where photography still attempted to affirm itself within the context of tautological modernism, that on the one hand was directed towards the specificity [ 5 ] Tradução directa do termo “Neue Sachlichkeit”, movimento alemão da década de 1930 que teve em Albert Renger-Patzsch um dos seus maiores dinamizadores e que prolongava as reacções ao pictorialismo que dominava a fotografia artística desde o princípio do século XX – e cuja figura maior seria Alfred Stieglitz –, materializadas nas propostas da “Straight Photography” (Fotografia Pura) americana, e da “Neue Sehen” (Nova Visão) alemã. -----------------[ 5 ] Direct translation of the term “Neue Sachlichkeit”, the 1930s German movement, one of whose key driving forces was Albert Renger-Patzsch, which extended the reactions to pictorialism that dominated artistic photography since the beginning of the 20th century – and whose main figure was Alfred Stieglitz –, materialised in the proposals of American “Straight Photography” and German “Neue Sehen” (New Vision). of the medium and its expressive (and expressionist) capacities while on the other hand remained hostage to an idea of photography as the practise of capturing a “decisive moment” where it reveals the meaning of an event, in its full “dimension”. In a decisive manner, conceptual art enabled photography and other similar recording media to affirm their artistic nature. However not only did this achievement proceed in a dual movement, its full reach was only revealed in the post-conceptual era. If, as Bernd and Hilla Becher affirm, their photographs are merely the substitute of an object – in this case, the industrial buildings that these artists viewed and described as being “Anonymous Sculptures” – thereby positioning and affirming the artistic validity of their project far beyond the field of photography itself and its aesthetic attributes, it is nonetheless possible to receive these objects without pondering the status of their own mediation. There is a clear aesthetic dimension in these objects, as in the objects included within the present exhibition: whereby a photograph, film, project or event may be conceived as potentially enclosing a visual possibility; that fosters different efforts and strategies in order to push forward the boundaries of that which is possible in art and re-vindicates the spectator’s active participation in construction of his experience; that which decisively contributes towards freeing art from its form, and from its aesthetic and habitual practices, leaving a legacy that is a platform and field of opportunities, both for production and enjoyment of art in the contemporary era. Bruno Marchand BRUNO MARCHAND DANIEL BARROCA DIOGO PIMENTÃO Biografia / Biography Biografia / Biography Biografia / Biography Bruno Marchand nasceu em Évora, em 1978. Licen- Daniel Barroca nasceu em Lisboa em 1976. Estudou Diogo Pimentão nasceu em Lisboa em 1973. Após ciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Artes Plásticas na Escola Superior de Arte e Design ter frequentado o Centro Internacional de Escultura Belas-Artes de Lisboa, em 2002, e Mestre em Estudos de Caldas da Rainha entre 1996 e 2001. Realizou o em Portugal, em 1995, e um curso de escultura em Curatoriais pela mesma instituição, em 2007, com a programa de Projecto Individual em Artes Plásticas Götland, na Suécia, em 1998, completou o Curso tese “Entre a Experiência Artística e a Prática Curato- do Ar.Co em 2002, em Lisboa. Em 2004 esteve na de Artes Plásticas na escola de arte Ar.Co, em 1998. rial”. Frequentou o Programa de Leitura e Análise Academia de Espanha em Roma (Itália) como artista Depois dos estudos, foi assistente de Julião Sarmento Crítica de Textos na Escola Maumaus, em Lisboa, residente no âmbito do Prémio para a Jovem Criação e Fernando Calhau. Em 2002 recebe o apoio à criação no segundo semestre de 2003, ano em que se tornou em Artes Plásticas da União Latina 2003–04. Em artística da Fundação Calouste Gulbenkian, e um ano colaborador da Galeria 111. Também em 2003 foi co- 2006 frequentou o Curso de Artes Visuais do Progra- depois parte para Paris, onde vive e trabalha ainda -fundador da Plasto, associação sem fins lucrativos ma de Criatividade e Criação Artística da Fundação hoje. Em 2004 é seleccionado para o prémio EDP, cujos objectivos contemplam a concepção, progra- Calouste Gulbenkian. Desde 2001 que tem mostrado para o qual expõe um conjunto de desenhos no Cen- mação e produção de projectos no âmbito das artes o seu trabalho em exposições individuais e colecti- tro Cultural de Belém. Fez a sua primeira exposição plásticas, procurando fomentar a discussão e o estu- vas e em sessões de vídeo e cinema experimental. individual na Galeria Presença após ter participado do das problemáticas artísticas contemporâneas. Em numa exposição de grupo na Galeria Cristina Guerra. 2004 editou um livro sobre a vida e obra do artista Cousa, a sua exposição individual na Fundação Car- José de Carvalho (1949–1991), publicado pela Casa do mona e Costa, inaugurou em março 2006, após uma Sul. Em 2005 realizou palestras sobre “NetArt” na Daniel Barroca was born in Lisbon in 1976. Between mostra na Galeria António Henriques em Viseu. Par- Biblioteca Municipal do Seixal e no Instituto Politéc- 1996 and 2001, he studied fine arts at the Higher ticipou numa exposição colectiva no Centro de Arte nico de Tomar. Entre outros, escreveu sobre obras School of Art and Design in Caldas da Rainha. In de Bury St. Edmunds, Suffolk, Inglaterra. kjdfjkndf ou exposições de artistas como Nuno Sousa Vieira e 2002, he pursued the fine arts individual project (gestu) é o titulo da sua exposição individual na Rita Gaspar, João Leonardo, Francisco Vidal ou João programme at Ar.Co in Lisbon. In 2004 he attended galeria Artadentro, Faro, inaugurada em Julho 2007. Pedro Mateus. Vive e trabalha em Lisboa. the Spanish Academy in Rome (Italy) as a resident O seu trabalho desenvolve-se em torno do desenho artist within the framework of the Fine Arts Young numa exploração quase performativa desta prática e Creation Prize awarded by the Latin Union for dos seus materiais. A fronteira entre desenho e escul- 2003–04. In 2006 he attended the visual arts course tura, figura e abstracção, resíduo aleatório e espaço Bruno Marchand was born in Évora, in 1978. He re- of the Artistic Creation and Creativity Programme of controlado do desenho é constantemente abalada. ceived a B.A. Hons degree in Communication Design the Calouste Gulbenkian Foundation. Since 2001 he from the Faculty of Fine Arts in Lisbon in 2002, and a has displayed his works in individual and collective Master’s Degree in Curatorial Studies from the same exhibitions and in experimental cinema and video institution in 2007, with the thesis “Between Artistic sessions. Diogo Pimentão was born in Lisbon in 1973. After Experience and Curatorial Practise”. He attended attending the International Sculpture Centre in Por- the Programme for Reading and Critical Analysis tugal in 1995, and a sculpture course in Götland in of Texts in the Maumaus School, in Lisbon, in the Sweden in 1998, he completed the fine arts course at second half of 2003, and began to collaborate with the Ar.Co art school in 1998. After finishing his stud- Galeria 111 in the same year. In 2003, he co-founded ies, he worked as an assistant for Julião Sarmento Plasto – a non-profit association whose objectives in- and Fernando Calhau. In 2002, he received support clude conception, programming and production of for artistic creation from the Calouste Gulbenkian projects within the framework of the fine arts, aim- Foundation, and in the following year emigrated to ing to foster discussion and study of contemporary Paris, where he currently lives and works. In 2004 he artistic issues. In 2004 he published a book under the was selected for the EDP award, as a result of which label of Casa do Sul about the life and works of the he exhibited a set of drawings in the Centro Cultural artist José de Carvalho (1949–1991). In 2005 he organ- de Belém. He produced his first individual exhibi- ised seminars on “NetArt” in Seixal Municipal Li- tion in the Galeria Presença after having participated brary and the Tomar Polytechnic Institute. Amongst in a group exhibition in the Galeria Cristina Guerra. other issues, he has written about the works and Cousa, his individual exhibition in the Carmona and exhibitions of artists such as Nuno Sousa Vieira and Costa Foundation, was inaugurated in March 2006, Rita Gaspar, João Leonardo, Francisco Vidal or João after a previous exhibition in the Galeria António Pedro Mateus. He lives and works in Lisbon. Henriques in Viseu. He took part in a collective exhibition in the Bury St. Edmunds Arts Centre, Suffolk, England. kjdfjkndf (gestu) is the title of his individual exhibition in the Galeria Artadentro, Faro, inaugurated in July 2007. His work revolves around the theme of drawing in an almost performance-based exploration of this artistic practise and its associated materials. He constantly challenges the frontiers between drawing and sculpture, figure and abstraction, random residues and controlled spaces in drawing. Antena 1 — DOCUMENTO: PROJECTO: FICÇÃO Fernando Calhau # 99 (Materialização de um quadro imaginário) # 99 (Materialisation of an imaginary painting), 1974 Fotografia a cor e tinta-da-china sobre papel fotográfico Colour photograph and Indian ink on photographic paper 35 x 43 x 3 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Cortesia / Courtesy: Fundação de Serralves Christian Boltanski L’appartement de la rue Vaugirard, 1973 9 fotografias p/b, 1 filme som óptico 24’ 9 black and white photographs, 1 optical sound film, 24’ 22 x 30 cm (cada fotografia / each photograph) Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Cortesia / Courtesy: Fundação de Serralves Robert Smithson Aerial map (proposal for the Dallas-Fort Worth regional Airport / Fotomapa (proposta para o aeroporto regional Dallas-Fort Worth), 1967 Fotografia e colagem / Photograph and collage 32 x 24 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Cortesia / Courtesy: Fundação de Serralves Richard Long Windlines, 1989 Texto impresso sobre papel / Printed text on paper 103,5 x 154,3 cm Colecção Carlos Sousa, em depósito na Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Carlos Sousa Collection deposited in the Serralves Foundation, Museum of Contemporary Art, Oporto Cortesia / Courtesy: Fundação de Serralves Bruce Nauman Walking in an Exaggerated Manner Around the Perimeter of a Square, 1967–1968 Video (PAL), 10’31’’ / Video (PAL), 10’31” Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Ângelo de Sousa A mão esquerda / The left hand, 1975 Projecção de diapositivos / Projection of slides 24 x 36mm (55 slides) Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto DOCUMENTO: PROJECTO:FICÇÃO Fundação Eugénio de Almeida, Évora 13 Setembro de 2007 a 01 de Janeiro de 2008 Comissariado / Curator Bruno Marchand LISTA DE OBRAS LIST OF WORKS Vito Acconci Three Frame Studies, 1969 Video, (p/b e cor, sem som) 10’58’’ Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Three Frame Studies, 1969 Video (black and white and colour, no sound), 10’58” Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto John Baldessari I Am Making Art / Baldessari Sings Lewit, 1971 Vídeo (p/b, som, PAL) Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto I Am Making Art / Baldessari Sings Lewit, 1971 Video (black and white, sound, PAL) Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Christian Boltanski Vitrines of Reference (II), 1970 Vitrine em madeira contendo vários objectos 12,7 x 70,5 x 120,7 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Vitrines of Reference (II), 1970 Wooden vitrine containing various objects 12,7 x 70,5 x 120,7 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Christian Boltanski L’ appartement de la rue Vaugirard, 1973 9 fotografias p/b, 1 filme som óptico 24’ 22 x 30 cm (cada fotografia) Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto L’ appartement de la rue Vaugirard, 1973 9 black and white photographs, 1 optical sound film, 24’ 22 x 30 cm each photograph Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Fernando Calhau # 99 (Materialização de um quadro imaginário), 1974 Fotografia a cor e tinta-da-china sobre papel fotográfico 35 x 43 x 3 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto # 99 (Materialisation of an imaginary painting), 1974 Colour photograph and Indian ink on photographic paper 35 x 43 x 3 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Fernando Calhau # 96 (Tempo), 1975 Cópia heliográfica sobre papel heliográfico 27 x 200 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto # 96 (Time), 1975 Heliographic copy on heliographic paper 27 x 200 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Fernando Calhau # 97 (Tempo), 1975 Cópia heliográfica sobre papel heliográfico 27 x 200 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto # 97 (Time), 1975 Heliographic copy on heliographic paper 27 x 200 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Alberto Carneiro O Canavial (desenho-projecto), 1968 Grafite sobre papel milimétrico 21,3 x 29,5 cm Colecção Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, em depósito na Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto The Cane Plantation (draft-drawing), 1968 Graphite pencil on milimetric paper 21,3 x 29,5 cm Luso American Development Foundation’s Collection deposited in the Serralves Foundation, Museum of Contemporary Art, Oporto Alberto Carneiro Os 4 elementos (desenho-projecto), 1969-1970 Grafite sobre papel milimétrico 40,5 x 53,1 cm Colecção Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, em depósito na Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto The 4 elements (draft-drawing), 1969–1970 Graphite pencil on milimetric paper 40,5 x 53,1 cm Luso American Development Foundation’s Collection deposited in the Serralves Foundation, Museum of Contemporary Art, Oporto Alberto Carneiro Uma floresta para os teus sonhos (projecto), 1970 Grafite sobre papel milimétrico 21,3 x 29,5 cm Colecção Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, em depósito na Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto A forest for your dreams (project), 1970 Graphite pencil on milimetric paper 21,3 x 29,5 cm Luso American Development Foundation’s Collection deposited in the Serralves Foundation, Museum of Contemporary Art, Oporto Alberto Carneiro Uma linha para os teus sentimentos estéticos, 1970-1971 Grafite sobre papel milimétrico 21,3 x 29,5 cm Colecção Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, em depósito na Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto A line for your aesthetic feelings, 1970–1971 Graphite pencil on milimetric paper 21,3 x 29,5 cm Luso American Development Foundation’s Collection deposited in the Serralves Foundation, Museum of Contemporary Art, Oporto Alberto Carneiro Operação estética em Vilar do Paraíso, 1973 76 fotografias e impressão sobre papel 30,2 x 42,2 cm cada fotografia Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Die Fensterputzerin, 1972 Portfolio with 32 original photographs Variable dimensions Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Hans-Peter Feldmann Alle Kleider einer Frau. Photoserie, 1974 77 fotografias originais coladas em 12 cartões Cartões: 32 x 22 cm cada / Fotografias: 9 x 9 cm cada Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Alle Kleider einer Frau. Photo-series, 1974 77 original photographs glued on 12 cards Cards: 32 x 22 cm each / Photographs: 9 x 9 cm each Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Aesthetic operation in Vilar do Paraíso, 1973 76 photographs and printing on paper 30,2 x 42,2 cm each photograph Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Hamish Fulton The outlines of seven stones for: seven days walking seven nights camping Serra da Estrela Portugal, 1994 Carvão sobre papel 15 x 21 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Alberto Carneiro Operação estética em Vilar do Paraíso (projecto), 1973 Grafite sobre papel milimétrico 21,3 x 29,5 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto The outlines of seven stones for: seven days walking seven nights camping Serra da Estrela Portugal, 1994 Charcoal on paper 15 x 21 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Aesthetic operation in Vilar do Paraíso (project), 1973 Graphite pencil on milimetric paper 21,3 x 29,5 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Dan Graham Study for Vanishing Point Halifax / Estudo para o ponto de fuga, Halifax, 1969 Fotomontagem 40,5 x 77 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Alberto Carneiro Meditação e posse do espaço-paisagem como obra, 1977 Grafite s/ papel milimétrico (8 folhas) 35,8 x 24,5 cm cada fotografia Colecção Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, em depósito na Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Meditation upon and appropriation of the space-landscape as a work, 1977 Graphite pencil on milimetric paper (8 sheets) 35,8 x 24,5 cm each photograph Luso American Development Foundation’s Collection deposited in the Serralves Foundation, Museum of Contemporary Art, Oporto Lourdes Castro Sombra Sentada, 1969 Lençol branco bordado à mão 310 x 180 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Seated Shadow, 1969 Hand-embroidered white sheet 310 x 180 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Hans-Peter Feldmann Die Fensterputzerin, 1972 Portfólio com 32 fotografias originais Dimensões variáveis Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Study for Vanishing Point Halifax / Estudo para o ponto de fuga, Halifax, 1969 Photo-montage 40,5 x 77 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Peter Hutchinson Undersea Orange, 1969-1970 Fotografias, mapas e textos 150 x 102 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Undersea Orange, 1969–1970 Photographs, maps and texts 150 x 102 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Richard Long Windlines, 1989 Texto impresso sobre papel 103,5 x 154,3 cm Colecção Carlos Sousa, em depósito na Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Windlines, 1989 Printed text on paper 103,5 x 154,3 cm Carlos Sousa Collection deposited in the Serralves Foundation, Museum of Contemporary Art, Oporto Richard Long Portuguese Stones, 2001 Impressão de texto sobre papel 159 x 107,5 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto António Palolo Sem Título, 1975 Guache sobre papel 46,6 x 34,4 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Portuguese Stones, 2001 Printed text on paper 159 x 107,5 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Untitled, 1975 Gouache on paper 46,6 x 34,4 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Albuquerque Mendes Documento, s/d 10 bolsas de plástico transparente, contendo fotografias, textos, recortes, etc., montadas numa placa de aparite Texto: 30 x 20,7 cm / Jornais: 11,5 x 30 e 5 x 41 cm / Fotografias: 30 x 20,5 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto António Palolo Sem Título, 1975 Guache sobre papel 46,6 x 34,4 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Document, undated 10 transparent plastic bags, containing photographs, texts, cuttings, etc., mounted on an aparite panel Text: 30 x 20,7 cm / Newspapers: 11,5 x 30 and 5 x 41 cm / Photographs: 30 x 20,5 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Antoni Muntadas Acciones, 1972 Vídeo (p/b, som, PAL), 15’ Dimensões variáveis Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Acciones, 1972 Video (black and white, sound, PAL), 15’ Variable dimensions Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Bruce Nauman Walking in an Exaggerared Manner Around the Perimeter of a Square, 1967-1968 Video (PAL), 10’31’’ Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Walking in an Exaggerated Manner Around the Perimeter of a Square, 1967–1968 Video (PAL), 10’31” Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto António Palolo Sem Título, 1975 Guache sobre papel 46,6 x 34,4 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Untitled, 1975 Gouache on paper 46,6 x 34,4 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto António Palolo Sem Título, 1975 Guache sobre papel 46,6 x 34,4 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Untitled, 1975 Gouache on paper 46,6 x 34,4 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Untitled, 1975 Gouache on paper 46,6 x 34,4 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto António Palolo Sem Título, 1975 Guache sobre papel 46,6 x 34,4 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Untitled, 1975 Gouache on paper 46,6 x 34,4 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto António Palolo Sem Título, 1975 Guache sobre papel 46,6 x 34,4 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Untitled, 1975 Gouache on paper 46,6 x 34,4 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Robert Smithson Afterthought Enantiomorphic Chambers, c. 1965 Colagem fotográfica, agrafos, lápis de cor, papel milimétrico 28 x 21,3 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Afterthought Enantiomorphic Chambers, c. 1965 Photo-collage, staples, coloured pencil, graph paper 28 x 21,3 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Robert Smithson Aerial map (proposal for the Dallas-Fort Worth regional Airport / Fotomapa (proposta para o aeroporto regional Dallas-Fort Worth), 1967 Fotografia e colagem 32 x 24 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Aerial map (proposal for the Dallas–Fort Worth regional Airport) / Fotomapa (proposta para o aeroporto regional Dallas-Fort Worth), 1967 Photograph and collage 32 x 24 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Robert Smithson Untitled (Project for Peabody Coal), 1972 Lápis sobre papel, fotocópia de fotografia aérea 76,7 x 60,5 cm Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Untitled (Project for Peabody Coal), 1972 Pencil on paper, photostat of aerial photo 76,7 x 60,5 cm Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Ângelo de Sousa A mão esquerda, 1975 Projecção de diapositivos 24 x 36 mm (55 diapositivos) Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto The left hand, 1975 Projection of slides 24 x 36 mm (55 slides) Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto PROGRAMA NO ESTÚDIO STUDIO PROGRAMME John Baldessari Folding Hat, 1970–1971 Vídeo (p/b, PAL), 27’ Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Folding Hat, 1970–1971 Video (black and white, PAL), 27’ Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto John Baldessari I Will Not Make Any More Boring Art, 1971 Vídeo (p/b, PAL), 30’ Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto I Will Not Make Any More Boring Art, 1971 Video (black and white, PAL), 30’ Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Gordon Matta-Clark Program Six, 1974-1976 Vídeo (p/b e cor, som), 50’30” Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Program Six, 1974–1976 Video (black and white and colour, sound), 50’30” Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Bruce Nauman Pulling Mouth, 1969 Vídeo (p/b, PAL), 10’57” Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Pulling Mouth, 1969 Video (black and white, PAL) 10’57” Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto Bruce Nauman Manipulating a Flourescent Tube, 1969 Vídeo (p/b, PAL), 61’ Colecção Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto Manipulating a Fluorescent Tube, 1969 Video (black and white, PAL), 61’ Serralves Foundation’s Collection, Museum of Contemporary Art, Oporto ARTISTAS CONVIDADOS GUEST ARTISTS Daniel Barroca Sem Título (contactos de 35mm), 2006/2007 Prova de gelatina e prata 30 x 24cm Colecção do artista, Lisboa Untitled (35mm contacts), 2006–2007 Silver gelatin contact print 30 x 24 cm Artist’s collection, Lisbon Daniel Barroca Barulho de pedaços de barro arrastados, manuseados, amontoados e colocados dentro de sacos de plástico. Barulho de fios metálicos arrastados sobre uma mesa de fórmica branca coberta de restos de argila e de pequenos fragamentos de artefactos de barro, 2006 Stereo, 9’31” Colecção do artista, Lisboa Noise from pieces of clay that are dragged, handled, assembled and placed within plastic bags. Noise from metal wire dragged over a white formica table covered with pieces of clay and small fragments of clay artefacts, 2006 Stereo, 9’31” Artist’s collection, Lisbon Daniel Barroca Restos, 2006/2007 Vitrine e fragmentos de barro cru 120 x 49 x 37 cm Colecção do artista, Lisboa Remains, 2006–2007 Vitrine and fragments of raw clay 120 x 49 x 37 cm Artist’s collection, Lisbon Diogo Pimentão Tempo a 2cm do chão, 2007 Papel e grafite 102,5 x 70 x 35 cm Colecção do artista, Paris Time 2 cm from the floor, 2007 Paper and graphite pencil 102,5 x 70 x 35 cm Artist’s collection, Paris Diogo Pimentão Abismo, 2006 Papel, fita adesiva, gesso acrílico, grafite, tinta acrílica e tinta-da-china 40 x 22,5 cm Colecção do artista, Paris Abyss, 2006 Paper, adhesive tape, acrylic plaster, graphite pencil, acrylic paint and Indian ink 40 x 22,5 cm Artist’s collection, Paris Diogo Pimentão Entre, 2007 Papel, cola e grafite 30 x 12 x 7 cm (cada) Colecção do artista, Paris Between, 2007 Paper, glue and graphite pencil 30 x 12 x 7 cm (each) Artist’s collection, Paris Antena — programa de itinerâncias da Fundação de Serralves Serralves Foundation programme of itinerant exhibitions DOCUMENTO: PROJECTO: FICÇÃO COLECÇÃO / COLLECTION / Vito Acconci / John Baldessari / Christian Boltanski / Fernando Calhau Alberto Carneiro / Lourdes Castro / Hans-Peter Feldmann / Hamish Fulton / Dan Graham Peter Hutchinson / Richard Long / Gordon Matta-Clark / Albuquerque Mendes / Antoni Muntadas Bruce Nauman / António Palolo / Robert Smithson / Ângelo de Sousa ARTISTAS CONVIDADOS / GUEST ARTISTS / Daniel Barroca / Diogo Pimentão Comissariado: Bruno Marchand