TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES
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Financeiro
A revista do crédito
ano 6 nº 54 set-out/2008
Nota de esclarecimento
Caro leitor
Informamos que os artigos publicados nesta edição foram encaminhados antes do agravamento da crise
econômica internacional que tem se mostrado extremamente volátil. Portanto, as opiniões contidas nos
artigos podem eventualmente não retratar o momento atual. Agradecemos aos nossos colaboradores e a
compreensão dos leitores por essa situação totalmente atípica.
São Paulo, 27 de outubro de 2008
Assinado
Conselho Editorial
editorial
Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP
Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br
DIRETORIA
Adalberto Savioli, Presidente da Acrefi
Presidente
Adalberto Savioli
Vice-Presidentes
Álvaro Augusto Vidigal, Aquiles Leonardo Diniz,
Carlos Henrique Zanvettor, Érico Sodré Quirino
Ferreira, José Arthur Lemos de Assunção, Luis Felix
Cardamone Neto, Marco Ambrógio Crespi Bonomi,
Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola e
Wilson Masao Kuzuhara
Secretários
Cláudio Messias Ferro e Edson Ueda
Tesoureiros
Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Pereira Capella
Diretores Regionais
Antônio Roberto Beldi (SP), Carlos Alberto Samogim
(SP - Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Felicitas
Renner (RS), Pedro Costa Carvalho (RJ), Sérgio Faria
Lemos da Fonseca Junior (DF) e Tiziana Dadalto (ES)
Diretores Executivos
Gildo Rodrigues de Almeida, Gunnar Murilo, José
Renato Simão Borges, Morris Dayan, Sandro Alexandre
de Almeida, Sergio Antônio Cipovicci, Sérgio Barbanti
e Vanderlei Chu
Diretores Conselheiros
Leonel Dias de Andrade Neto, Marcelo Torresi, Marcio
Ronconi de Oliveira, Marcus André Oliveira, Paulo
Roberto Tabaquim, Paulo Sérgio Borsato, Roberto
Bronzere e Rubens Bution
Conselho Consultivo
Membros Natos : Alkindar de Toledo Ramos, Manoel
de Oliveira Franco e Ricardo Malcon. Membros:
Alencar Burti (ACSP), Francisco Valim (SERASA),
Jackson Schneider (ANFAVEA), João Elísio Ferraz
de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva
Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC) e
Sergio Antonio Reze (FENABRAVE)
Conselho Fiscal
Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e
Istvan Karoly Kasznar. Suplentes: Roy Martelanc
Diretor Superintendente
Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Economista-Chefe
Istvan Karoly Kasznar
Consultor Jurídico
Cassio M. C. Penteado Jr.
Vivemos, nas últimas semanas, momentos de crise e tensão no mercado
financeiro internacional. Nunca antes
na história do mundo capitalista se
viu um processo tão agudo. Mas, a
despeito da turbulência, da desconfiança de investidores e da ansiedade
do mercado, essa é uma excelente
oportunidade para olharmos para o
nosso mercado de crédito e melhorarmos os processos.
Ninguém, em sã consciência, pode
criticar a estrutura e regulamentação
do sistema financeiro brasileiro, que se
apresentou muito mais maduro, comparado aos países “ditos” desenvolvidos. As características dos processos de
crédito e financiamento no Brasil são
bastante distintas. Os bancos e as financeiras trabalham dentro de grau de alavancagem infinitamente menor, muito
mais adequado e conservador.
Outro fato relevante de ser comparado é que o Banco Central tem
tido uma atuação exemplar, ouvindo
as entidades de classe e tomando medidas no sentido de mitigar os efeitos
da crise internacional, utilizando os
depósitos compulsórios que serviram
Nesta edição
4 Nova diretoria
Presidente eleito da Acrefi toma posse
6 Evento Acrefi
Financeiro
ISSN 1809-8843
Conselho Editorial : Adalberto Savioli, Prof. Istvan
Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio
Tamer; Coordenação Editorial : Tamer Comunicação
Empresarial; Jornalista Responsável: Eliana Nigro
(MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfica: EDF
(www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão:
Eskenazi; Periodicidade: bimestral
Tiragem: 20.000 exemplares
As opiniões emitidas nos artigos assinados não
refletem necessariamente as posições da ACREFI e
são de exclusiva responsabilidade dos autores. A
reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação
depende de autorização por escrito.
em outras ocasiões para conter expansão do consumo e agora auxiliam na
irrigação da liquidez.
Temos que entender também que
essa crise mundial foi gerada por um
problema de insolvência dos créditos
gerados pelos bancos, principalmente
americanos, gerando um fenômeno
de desconfiança no sistema financeiro
mundial, afetando o Brasil pela liquidez e não pela qualidade das carteiras
de crédito.
Vale lembrar, no entanto, que o
nível de provisionamento de crédito
exigido pelo Bacen aqui no Brasil é extremamente conservador, garantindo
que as provisões sejam excedentes aos
níveis de perdas.
O mercado de crédito continuará
sendo um dos principais responsáveis
pelo crescimento econômico. Porém,
apesar do nível de qualidade de nossas
carteiras, é inevitável que nesse momento de incertezas façamos algumas
mudanças, principalmente no nível de
exigência de garantias, comissionamentos e nos prazos das operações.
Acredito que iremos tirar lições valiosas dessa situação.
A importância da tecnologia de scoring em debate
10 Mercado financeiro
Evento organizado pela Acrefi debate marketing nas
instituições financeiras e crise internacional
12 Cenário econômico
Política monetária e fiscal: a combinação infalível para
o combate da inflação
16 Projeções
Menor crescimento para o varejo
20 Artigo
Desaceleração do crescimento em 2009 não altera
as perspectivas de médio e longo prazo para a
economia brasileira
22 Artigo
O Bacen Jud e o Renajud
24 Reflexos dos juros
Crédito e inadimplência
26 Análise econômica
Os custos fiscais da menor exposição cambial
28 Novos desafios
O futuro requer visão ampla e ação integrada
30 Artigo
Aspectos jurídicos da responsabilidade social das
instituições financeiras
31 Banco de dados
Mario Miranda/Agência Foto
Do caos, se
fará a luz!
Associação Nacional das Instituições de Crédito,
Financiamento e Investimento
nova diretoria
Presidente eleito da Acrefi toma posse
Fotos: Mario Miranda/Agência Foto
Adalberto Savioli, novo presidente da Acrefi
O novo presidente eleito da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Investimento e Financiamento (Acrefi), Adalberto Savioli, tomou posse no dia 20 de agosto, em almoço presenciado por executivos de vários segmentos do setor financeiro.
Em seu discurso de posse, Savioli salientou que um dos principais focos da entidade é expandir o Acrefi Positivo, que já está
formatado, para a inclusão de um número maior de instituições
financeiras. “Trata-se de uma ferramenta de grande valor no
dia-a-dia da concessão de crédito, porque dissemina as informações do bom pagador, com dados consolidados de todas as instituições participantes.”
Além disso, a entidade prepara-se para continuar municiando o Legislativo de informações e dados para fomentar a
legislação que vai embasar o cadastro positivo no País.
Outro foco da Acrefi é a criação de um Código de Ética, para
a auto-regulamentação das instituições financeiras, com o objetivo de difundir e cobrar as melhores práticas de governança
corporativa e atendimento ao cliente de suas associadas.
A nova gestão da entidade, ainda, dará continuidade à tarefa
de desenvolver e disseminar estudos, por meio das comissões de
trabalho, buscando melhorar a eficiência da indústria de crédito
e auxiliar no entendimento de novas regulamentações.
Almoço reúne executivos do setor financeiro
4
FINANCEIRO
Nova diretoria da Acrefi recebe convidados
Diretoria Acrefi
Presidente
Adalberto Savioli – Banco Panamericano S.A.
Diretores Conselheiros
Leonel Dias de Andrade Neto – Banco Citibank S.A.
Marcelo Torresi – Banco Pecúnia S.A.
Marcio Ronconi de Oliveira – Banco Fibra S.A.
Marcus André Oliveira – Cifra S.A. CFI
Paulo Roberto Tabaquim – Banco Volkswagen S.A.
Paulo Sérgio Borsato – Sax S.A. CFI
Roberto Bronzere – Banco GE Capital S.A.
Rubens Bution – Financeira Alfa S.A. CFI
Vice-Presidentes
Álvaro Augusto Vidigal – Banco Paulista S.A.
Aquiles Leonardo Diniz – Banco Intermédium Banisa S.A.
Carlos Henrique Zanvettor – Unibanco S.A.
Érico Sodré Quirino Ferreira – Omni S.A. CFI
José Arthur Lemos de Assunção – ASB S.A. CFI
Luis Felix Cardamone Neto – Banco ABN Amro Real S.A.
Marco Ambrógio Crespi Bonomi – Banco Itaú S.A.
Odílio Figueiredo Neto – Banco Morada S.A.
Paulo Eduardo D’Ávila Isola – Banco Bradesco S.A.
Wilson Masao Kuzuhara – B.V. Financeira S.A. CFI
Conselho Consultivo
Membros Natos
Alkindar de Toledo Ramos
Manoel de Oliveira Franco – Banco Itaú S.A.
Ricardo Malcon – Malcon Financeira S.A. CFI
Secretários
1º) Cláudio Messias Ferro – Banco Ficsa S.A.
2º) Edson Ueda – Banco Toyota S.A.
Tesoureiros
1º) Aristeu Zanúncio – Portoseg S.A. CFI
2º) Sergio Marra Pereira Capella – Banco Cruzeiro do Sul S.A.
Diretores Regionais
Antônio Roberto Beldi – Banco Credibel S.A. (SP)
Carlos Alberto Samogim – Finamax S.A. CFI (SP - Interior)
Elcio Antônio de Azevedo – Banco Semear S.A. (MG)
Felicitas Renner – Banco A.J. Renner S.A. (RS)
Pedro Costa Carvalho – Lecca CFI S.A. (RJ)
Sérgio Faria Lemos da Fonseca Junior – Financeira BRB S.A. CFI (DF)
Tiziana Dadalto – Dacasa Financeira S.A. (ES)
Diretores Executivos
Gildo Rodrigues de Almeida – Pernambucanas Financiadora S.A. CFI
Gunnar Murilo – Banco GM S.A.
José Renato Simão Borges – Banco Sofisa
Morris Dayan – Banco Daycoval S.A.
Sandro Alexandre de Almeida – Banco Carrefour S.A.
Sergio Antônio Cipovicci – Banco HSBC S.A.
Sérgio Barbanti – Banco IBI S.A.
Vanderlei Chu – Banco Safra S.A.
ACREFI
5
Membros
Alencar Burti – ACSP
Francisco Valim – Serasa
Jackson Schneider – Anfavea
João Elísio Ferraz de Campos – Fenaseg
Luiz Horácio da Silva Montenegro – Anef
Miguel de Oliveira – Anefac
Sergio Antonio Reze – Fenabrave
Conselho Fiscal
Efetivos
Alberto Borges Matias – Inepad
Domingos Spina – Unibanco S.A.
Istvan Karoly Kasznar – IBCI
Suplente
Roy Martelanc – FIA
Diretor Superintendente
Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Economista-Chefe
Istvan Karoly Kasznar
Consultor Jurídico
Cassio M. C. Penteado Jr.
evento acrefi
A importância da tecnologia
de scoring em debate
Fotos: Rosana Momi
Especialistas discutem uso de ferramenta como apoio à qualificação de concessão de crédito
Adalberto Savioli: crescimento e
qualidade do crédito
Francisco Valim: scoring é um
aprendizado coletivo
Com a continuidade do crescimento do crédito no País, chegando
a um volume equivalente de 36,5%
do PIB, uma das preocupações das
instituições e profissionais do setor
é em conceder crédito com a maior
garantia possível.
Por isso, a Associação Nacional das
Instituições de Crédito, Financiamento
e Investimento (Acrefi) realizou seminário em parceria com a Serasa para
debater a “Evolução da Tecnologia de
Scoring”, uma importante oportunidade de conhecer as opiniões de im-
portantes executivos das mais relevantes empresas do mercado na possibilidade de compatibilizar a maior
oferta de crédito, o maior endividamento e a redução da inadimplência.
Foram convidados para debater o
jornalista de economia Paulo Henrique
Amorim, que apresentou a situação
macroeconômica; o gerente executivo de crédito da Serasa, Fabio Wendling, que falou sobre a “Tecnologia
em Scoring”; para mostrar a “Evolução dos Modelos de Scoring”, o diretor de crédito da Cifra Financeira,
6
Ricardo Mihalik, consultor de negócios da Experian, apresentou a palestra “Uso de Informações de Bureau
Positivo em Políticas de Crédito”.
Para finalizar o seminário, Airton
Ferreira Júnior, gerente da área de
modelagem do Banco de Brasília,
falou sobre o “Desenvolvimento de
uma Política de Concessão de Crédito
Baseada no Comportamento dos Portadores de Cartões de Crédito”.
O presidente da Serasa, Francisco
Valim, abriu os trabalhos comentando
que scoring é um aprendizado coletivo do comportamento do consumidor para seguir a direção certa.
“Hoje, o Brasil não tem a troca de informações, não tem o relacionamento
entre as partes e, portanto, não há
o entendimento total do comportamento do consumidor.”
Para ele, a tecnologia existe e a indústria opta por não a utilizar; logo,
falta o compartilhamento das informações para que haja um salto qualitativo no crédito no Brasil.
Em sua primeira participação como
presidente da Acrefi, Adalberto Savioli
comentou que falar sobre scoring,
além de ser de extrema importância,
cada vez decide mais a posição de crédito no País e pergunta como fazer
para melhorar o nosso crédito com
o crescimento expressivo que temos
hoje no mercado de varejo.
“Hoje, no Brasil, não há o
entendimento total
do comportamento
do consumidor”
Francisco Valim
FINANCEIRO
Fabio Wendling: desenvolvimento
na inteligência de dados
Paulo Henrique Amorim: scoring é
tecnologia de avaliação
“Na América Latina, percebemos
que existem muitos países que têm
mais volume de crédito do que nós,
então passamos a estudar formas
de melhorar essa equação. Estudamos várias maneiras de melhorar a
qualidade desse crédito para poder
alavancar melhor o seu crescimento.
Eventos como esse são uma forma
de melhorar as relações de informações que temos no nosso mercado
hoje em dia.”
Segundo Savioli, o mercado percebeu que a base é pequena e única
e, corroborando a fala anterior, que
tem pouca informação de crédito e
há a necessidade de se compartilhar
para que as relações de crédito sejam
ampliadas significativamente.
Para Paulo Henrique Amorim, o
palestrante seguinte, a definição de
credit scoring é “tecnologia de avaliação”. Para ele, scoring é resultado
de dar nota e, portanto, seria esta a
tradução mais próxima da realidade.
“No tocante à macroeconomia, o
ACREFI
José Ricardo D’Oliveira: influência da
tecnologia na avaliação de crédito
Brasil já tem um conjunto de instituições previsíveis e estáveis, que levam
a uma economia também estabilizada e contínua. As condições políticas e econômicas que permitiram a
ascensão da classe média criam situações para que se determine a escolha
do novo perfil político e econômico
do País”, esclareceu o jornalista.
Segundo ele, “não há capitalismo
de classe média sem o endividamento da sociedade. É o caso do crédito
imobiliário, que, em junho, era de
R$ 3 bilhões, o que representava aumento de 130% com relação ao mesmo
período do ano anterior”.
Paulo Henrique Amorim comentou que, “em 2008, esse tipo de crédito deve chegar a mais de R$ 28 bilhões, apenas para a classe média.
O endividamento geral deve crescer
cerca de 47%, principalmente em
cheque especial, cartão de crédito e
financiamento de bens de consumo
e casa própria”.
Segundo demonstrado pelo jor-
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nalista, esse é o perfil típico de endividamento para o consumo da classe
média no mundo todo, em especial
no Brasil.
“A classe média cresce se endividando. Não há capitalismo da classe
média sem esse endividamento. É
verdade que essa classe está cada
vez mais preocupada com o futuro
e vai aplicando em previdência privada, que também cresce significativamente”, comentou ele.
Paulo Henrique Amorim ainda
falou sobre a preocupação da população com a política econômica do País,
onde um dos expoentes é o crescimen-
“O Brasil já tem um conjunto
de instituições previsíveis e
estáveis, que levam a uma
economia também
estabilizada e contínua”
Paulo Henrique Amorim
evento acrefi
to de investimento em bolsa. “Além
de ter mais condições para tomar crédito, o brasileiro médio também tem
preocupação de aplicar seus ganhos
para que, no futuro, não venha a ter
surpresas desagradáveis.”
Uma das preocupações deste seminário foi mostrada por Fabio Wendling, gerente executivo de tecnologia
de crédito da Serasa. Ele afirmou que
há um grande desenvolvimento na
inteligência de dados para se determinar a melhor qualidade de crédito.
“As empresas estão desenvolvendo, cada vez mais, modelos, formas e
técnicas de determinar o scoring de
cada consumidor. Existe, junto a isso,
um enorme esforço de crescimento e
melhoria em tecnologia da informação, para que se possa desenvolver
mais modelos para a chamada escoragem”, esclareceu.
Para o executivo, deve-se melhorar a performance dos modelos com
dados adicionais, além das informações positivas e comportamentais do
consumidor, que devem ser ampliadas
com a aplicação do cadastro positivo.
“Mas qual a melhor técnica para
se melhorar a qualidade do credit
scoring? Cada técnica traz nuances
e valores marginais que se agregam
na avaliação. Podem ter duas abordagens: uma é a estatística clássica,
que é dominante nas instituições financeiras; a outra é a mineração de
dados [data minning], que possibilita
ao modelo inferir qual a possibilidade
de acerto dependendo das variáveis.
Neste, existe a preocupação com aplicações rígidas dos dados”, alertou.
O diretor de crédito do Cifra
Financeira, José Ricardo D’Oliveira,
apresentou a evolução dos modelos e
começou provando que a tecnologia
influenciou muito o processo de ava-
“Há inúmeros consumidores
sem histórico. É preciso
conhecer o cliente na ponta
para maximizar resultados”
José Ricardo D’Oliveira
Airton Ferreira Júnior: conhecimento
do perfil dos clientes
Ricardo Mihalik: melhor utilização
da informação
liação do crédito no Brasil. Para ele, o
crescimento do crédito no País é um
movimento que não tem mais volta.
Essa constatação gerou alguns resultados, segundo ele: “Há inúmeros
consumidores que não têm histórico.
Como tratar esse novo consumidor?
Com crescimento da qualidade de
modelagem; aumento de sua complexidade, utilizando mais dados de
mercado, como dos birôs. É preciso
conhecer o cliente na ponta para
maximizar resultados.”
Para ele, existem várias financeiras disputando o mesmo consumidor e, logo, os processos estarão mais complexos e sofisticados,
porém, cada vez mais rápidos. As instituições de crédito estão atuando
em diversas frentes: linhas de crédito, fraudes e autorizações.
“Com isso, temos utilização de
diferentes abordagens, tanto em concessão como em cobrança, recuperação e cancelamento. As instituições
estão se valendo de fontes de infor-
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mações variadas, utilizando scoring
interno e externo [dos birôs], para
ter assertividade maior”, finalizou.
Como utilizar as informações da
melhor forma foi o que demonstrou
Ricardo Mihalik, consultor sênior de
negócios da Experian. Segundo o
executivo, existem alguns desafios a
serem suplantados, com informações
positivas a serem utilizadas.
“Satisfazer clientes com crescente
nível de conhecimento, discernimento
e exigência; balancear dimensões de
risco e rentabilidade para a instituição; manter controle em um ambiente de múltiplos canais e produtos
bancários; responder com agilidade
aos clientes e às tendências de mercado; e melhorar continuamente o
modelo de negócios em um ambiente de mercado em que vantagens
competitivas se sustentam por pouco
tempo”, descreveu Mihalik.
As decisões devem ser incrementadas com dados externos para
tomada de decisão rápida e cer-
FINANCEIRO
teira, que podem beneficiar as diferentes partes do processo. O complemento das informações deve ser
feito com dados internos, que dão
uma visão de informação transacional detalhada para avaliar a situação de fluxo de caixa do cliente, e
dados externos, que fornecem uma
visão completa do cliente no mercado, possibilitando avaliar sua atitude em relação ao crédito.
“O que teremos pela frente é
a complexidade de informações do
cliente, com dados internos e externos, e precisamos trabalhar essas informações com novos conceitos que
possam traduzir o score do consumidor em critérios para a verificação de
se trabalhar ou não com ele. Com
a implantação do cadastro positivo,
teremos uma visão melhor do mercado como um todo, mas teremos
que realizar um trabalho de scoring
muito mais complexo do que é hoje”,
finalizou Mihalik.
Para completar o seminário, Airton Ferreira Júnior, gerente da área
de modelagem de crédito do Banco
de Brasília, mostrou como é feito o
desenvolvimento da política de concessão de crédito baseada em comportamento dos portadores de cartões de crédito.
“Temos de saber considerar a
combinação do que a gente ganha
e daquilo que a gente perde. Se nós
discernirmos as vantagens e as situações difíceis, podemos dizer que iremos levar vantagens”, afirmou o gerente. Para ele, esse é o ponto de
partida para se trabalhar com cré-
Executivos trocam idéias sobre scoring
dito no Brasil, o que vem sendo bem
difícil nestes últimos anos, com cenários que já mudaram várias vezes:
“Pode-se dizer que hoje é bem diferente do que há cerca de quatro
anos. As tendências do mercado,
principalmente o de cartões, vêm se
adaptando ao momento. Hoje, a utilização dos cartões é infinitamente
maior do que era há alguns anos,
cresceu de 24% para 46% do mercado, e do que é o uso do cheque,
que caiu de 52% para 23% dos meios
de pagamento. Como nós temos
conhecimento do perfil de nossos
clientes, podemos atuar em várias
pontas na concessão de crédito. Toda
a administração de crédito tem de
saber quem é o seu consumidor,
apoiá-lo na hora em que ele mais necessita e conceder crédito consciente
para que ele não venha a ter problemas no futuro. O risco é inerente
da função, mas, se bem controlada,
dará o maior ganho às instituições,
tanto na própria concessão quanto
na fidelidade daquele cliente”, finalizou Airton Ferreira Júnior.
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mercado financeiro
Evento organizado pela Acrefi debate
marketing nas instituições financeiras
e crise internacional
O tremor que abala os mercados
financeiros internacionais e a utilização de pesquisas de marketing para
entender o comportamento das instituições foram temas desenvolvidos
na Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ), no dia 19 de
agosto, durante evento que reuniu
especialistas do setor.
O diretor da Fractal Consultoria,
Celso Cláudio de Hildebrando e Grisi,
demonstrou como a avaliação no
mercado financeiro por meio de pesquisas pode ajudar no levantamento
de informações, análises interna e
externa e tomada assertiva de decisão. “Uma pesquisa de marketing
serve como um dispositivo de leitura para o mercado financeiro, ou
seja, é um indicador fundamental
que permite conhecer os rumos que
estão sendo tomados neste universo”, explicou Grisi.
Para o especialista, o primeiro
passo é aferir qualitativamente a
amostragem e, posteriormente, utilizar competências analíticas avançadas para manter a integridade dos
dados coletados. “Quero provar que
uma pesquisa bem elaborada não é
algo dispendioso, até porque possibilita criar um cross selling que melhora as vendas, usando informações
sobre as preferências dos consumidores. Esse dispositivo ajuda bancos, financeiras, seguradoras, emissoras de
cartões de crédito e outros setores
no direcionamento correto de produtos”, ressaltou Celso Grisi.
Arquivo Acrefi
“Esse tremor no mercado internacional originou-se na crise de inadimplência que atingiu as hipotecas
norte-americanas no final de 2007, afetando os lucros dos bancos”, Newton Ferreira da Silva Marques,
doutor em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco
Newton Ferreira da Silva Marques e Celso Cláudio de Hildebrando e Grisi
Na medida em que a vida financeira de uma pessoa torna-se mais
complexa e sofisticada, a percepção
dela em relação a uma determinada
instituição fica mais exigente. Nessa
linha, o diretor da Fractal Consultoria apresentou uma pesquisa de
imagem institucional dos bancos que
levou em consideração a opinião da
baixa renda do País em 2007. “Essa
10
amostragem nos permite avaliar e
diferenciar preferências e, quando
aplicada no sistema financeiro, enfatizamos a análise de conglomerados
de informações que levam em consideração multiplicadores de dados
interligados como IBGE, Banco Central e outras instituições relacionadas. Isso ajuda no resultado final”,
afirmou Grisi.
FINANCEIRO
ACREFI
tar essa crise, além, é claro, de manter um controle das contas externas”,
avaliou Silva Marques.
O economista também disse que
as agências de rating têm certa responsabilidade nesse episódio, até
porque não foram criteriosas ao conceder triple A sem determinar o risco
de crédito inerente a um específico
título ou valor mobiliário. “Será necessário modernizar a supervisão financeira e discutir criticamente o
papel das agências de rating a partir
desse episódio”, ressaltou Marques.
Os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira
são pequenos, embora os impactos
sobre os preços de alguns ativos sejam
imensos, especialmente no mercado
de ações e derivativos que estão
integrados com as principais bolsas
de valores internacionais. “Particularmente, no caso brasileiro, há um
sentimento de aperto monetário por
parte do Copom e do Banco Central,
o que provocará desaceleração da atividade econômica [controle da inflação] ainda em 2008 e muito mais em
2009”, disse Marques, concluindo sua
apresentação reproduzindo as últimas estimativas do Focus – Relatório
de Mercado (15/08/08) do Banco Central, apontando os seguintes números para 2008 e 2009:
Indicadores
2008
2009
IPCA (%)
6,44
5,00
IGP-M (%)
10,86
5,32
PIB (%)
4,8
3,7
Taxa cambial (R$/US$)
1,61
1,72
Investimento estrangeiro (US$ bi)
34,65
30,00
Conta-corrente/
balanço de pagamento (US$ bi)
-25,0
-32,42
Ao final do evento, o diretorsuperintendente da Acrefi, Antônio
Augusto de Almeida Leite (Pancho),
mediou os debates sobre os temas
das palestras.
Arquivo Acrefi
Doutor em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco,
Newton Ferreira da Silva Marques
apresentou, por sua vez, um painel
sobre a recente crise financeira no
cenário mundial. “Esse tremor no
mercado internacional originou-se na
crise de inadimplência que atingiu as
hipotecas norte-americanas no final
de 2007, afetando os lucros dos bancos. Além disso, contaminou o mercado financeiro internacional, provocando o credit crunch [escassez de
crédito], particularmente nos EUA,
mas atingindo todo o comércio mundial”, enfatizou o economista.
Para ele, a causa do problema
foi o rompimento de um elo frágil
da cadeia dos empréstimos em uma
época de farta liquidez com dinheiro
fácil e barato: crédito imobiliário a
devedores que não o conseguiriam
em condições normais. Isso ocasionou
a crise de subprime (empréstimos de
segunda linha sem garantias reais).
Segundo o economista, “como os preços dos imóveis somente se sustentavam via crédito, num dado momento
essa bolha especulativa iria estourar,
principalmente, diante de um cenário
de queda de atividade econômica,
taxas de juros em elevação, preços de
casas caindo e aumento da inadimplência. Um dos exemplos de risco em
alta se deu no campo das megaaquisições alavancadas por dívidas. O
grau de alavancagem [dívida total
dividida pelo lucro operacional] saltou
de 4,7% em 2004 para 7,0% no trimestre passado, segundo dados da BusinessWeek. Já a capacidade de pagar
a dívida caiu bastante [razão lucros–
juros], de 3,4 para 1,8 no período”.
O credit crunch atual, segundo o
especialista, tem alguma semelhança
com outras crises que atingiram mercados de ativos em países emergentes, como a que atingiu o México em
1995, a Ásia em 1997, a Rússia em
1998, o Brasil em 1999 e a Argentina
em 2001. “A diferença é que a crise
atual começou nos países-centro do
sistema econômico e não nos paísesperiferia. Os países emergentes praticamente nada podem fazer para evi-
Encontro reúne executivos no auditório da Acrefi
11
cenário econômico
Renato Fogal
Política monetária e fiscal:
a combinação infalível para
o combate da inflação
A retomada da inflação e seu combate no Brasil voltaram ao centro das
discussões nacionais ao longo do primeiro semestre de 2008.
De fato, para uma meta anual de
inflação, que deve ser de 4,5%, centrado, chegou-se a um descolamento
de preços bem elevado e preocupante, qualquer que seja o indicador de
preços utilizado.
Até junho, o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia batido 7,28% na
variação em 12 meses. O Índice Geral
de Preços do Mercado (IGP-M), da
Fundação Getulio Vargas (FGV), disparou para 15,12% de julho a julho e
não deixou por menos pelas medidas
do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que bateu
14,81 anuais. O Índice de Preços no
Atacado (IPA-DI), da FGV, sinalizou
espantosos 18,91% e apenas o Índice
de Preços ao Consumidor (IPC-DI)
parecia aliviar o verdadeiro espectro
inflacionário, ao marcar 6,23%.
O que dizer desta realidade? Afinal de contas, a inflação não estava
controlada? E a rota da economia não
mostrava estabilização, que foi premiada por duas agências de análise
de crédito internacional com o tão
desejado investment grade? O que
foi que aconteceu?
Um mero descuido? Um excesso
de confiança no sucesso alcançado?
A importação de inflação em função
ISTVAN KASZNAR, PH.D., ECONOMISTA-CHEFE DA ACREFI
É preciso voltar ao
controle e estabelecer
rigorosas metas de
expansão monetária
e fiscal
da disparada do preço das commodities? Um momento de cochilo das
autoridades, e de relaxamento, após
tantos anos de dureza e secura
monetária? Ou a manutenção altista
de gastos públicos, descolados da
arrecadação e feitos para que se
arrecade cada vez mais, sem se levar
em conta a capacidade de pagamento dos contribuintes?
Provavelmente, a verdade não
será encontrada apenas e unicamente
numa das pontas das análises que
procuram mostrar como se formam e
variam preços. Em geral, os fatos revelam que a mistura, a junção, o mix de
vários fatores que operam juntos, é
que tende a ser a razão de ser da nova
formação altista de preços no Brasil.
É preciso perceber que uma inflação “baixa”, “reduzida”, “controlada” possui a característica de não
descolar da meta inflacionária. Como
esta está bem definida e é de 4,5%
ao ano, com uma variação até muito
generosa para mais ou para menos,
de 2%, o que faculta e gera um cor-
12
redor de 2,5% (de piso ou floor) e de
6,5% (de teto ou cap), é evidente que
7,28% medidos pelo INPC ou 15,12%
manifestados pelo IGP-M divulgam
uma alta excessiva e não desejável do
nível de preços.
Em países desenvolvidos, a inflação de longo prazo em regime de estabilidade navega perto dos 2% a 3%
ao ano. Logo, permitir-se uma taxaalvo de 4,5% corresponde a uma certa
largueza, a uma atuação com preços
que são quase o dobro do aceito em
economias altamente produtivas, inovadoras e cuja moeda é uma divisa.
No Brasil, o IPA-DI batendo em
18,91%, ou 4,2 vezes a meta inflacionária, é uma demonstração de disparada
de preços. Logo, é preciso voltar ao
controle e estabelecer rigorosas metas
de expansão monetária e fiscal.
O IPA gera uma boa idéia sobre
a formação dos preços na indústria,
junto àqueles produtores que compram matérias-primas, produtos em
vias de elaboração e produtos acabados em grandes quantidades. Ora, ao
funcionarem economias de escala e
compras em grandes volumes, movimentados por grupos de poder econômico que podem barganhar em
preços, margens e mark-ups organizacionais, seria de se esperar que
o IPA estável mostrasse um valor
“baixo”, que seria um referencial
para todo o sistema econômico, de
estabilidade de preços e controle das
bases produtivas.
FINANCEIRO
Ao suceder o contrário, o IPA mostra que a pira inflacionária ainda
não baixou. Existe carboidrato em
grande quantidade a queimar dentro
da fogueira de preços que se criou no
mundo das commodities em alta. E o
IPA espelha essa realidade.
Facilitar e viabilizar a produção,
oferecer condições propícias à expansão do crédito, dos financiamentos e
das bases que geram a produção de
mercadorias e bens reais, no mundo,
é fundamental neste momento e
ao longo de 2008. Caso contrário,
os índices de preços ao consumidor,
normalmente mais altos e terminais,
posto que se relacionam ao levantamento dos preços dos consumidores pessoa física, permanecerão elevados e inchados.
Neste quadro, independentemente
de poções e fórmulas mágicas, o que
fazer do ponto de vista macroeconômico? Qual é a solução mais recomendável? O que é menos doloroso? E
onde está a solução do problema, se
boa parte dele não foi gerada no Brasil e sim no exterior, onde a China e a
Índia compram mercadorias em ritmo
crescente, com fome e nada lhes parece suficiente?
Reza a tradicional cartilha econômica que preços altistas provocados por inflação de demanda sejam
combatidos na hora, com força,
sem tergiversações, com políticas
monetárias e fiscais duras e ortodoxas. Nisso não há mistérios: controle-se a oferta de dinheiro e
disciplinem-se os gastos públicos.
Aceite-se o sacrifício de curto prazo,
com menor consumo no presente
e maior chance de recuperação no
futuro, porque adiar problemas é
garantia de plantio de problemas
ainda maiores a futuro.
O mal dos preços se extirpa pela
raiz, a menos que se queira brincar
com fogo, quando, então, a raiz engrossa e parece ter se transformado
no próprio tronco da árvore.
A solução é, portanto, por demais
conhecida. Contrair a oferta de dinheiro. Moralizar a emissão monetária.
Selecionar os pagamentos. Emitir títu-
ACREFI
Investir em tecnologia,
inovação e promover a
produtividade do capital
é imprescindível no Brasil
deste terceiro milênio
los públicos, para arrefecer a circulação da massa monetária. Admitir um
aumento da base e do passivo monetário junto às autoridades monetárias,
pelo tempo que permita uma segura
redução do nível de preços.
E ao mesmo tempo, reduzir os
gastos públicos na conta de custeio.
Admitir que é preciso moralizar e
selecionar bem o gasto público.
O menos doloroso é a combinação
de medidas que dissipam os problemas que ora enfrentamos num horizonte de tempo curto, estimem-se
de seis a oito meses, ou menos, sem
colocar em risco as conquistas frágeis já alcançadas, de aumento da
produtividade de capital de longo
prazo, entre 2005/2006, e que fizeram o PIB recuperar-se ligeiramente
em 2006/2008.
Como fórmulas mágicas apenas
servem para um mundo ideal e de
sonhos, na realidade precisa-se racionalizar o consumo e aperfeiçoar os
mecanismos de provimento de insumos da indústria.
Investir em tecnologia, inovação e
promover a produtividade do capital,
lato sensu, é imprescindível no Brasil
deste terceiro milênio.
A rota da estabilidade requer consumo moderado, combinado com a
formação endógena persistente de
poupança nacional, longe de voláteis
entradas de capital estrangeiro, que
se refestela nas bolsas e remete lucros
e dividendos independentemente de
um projeto de desenvolvimento verdadeiramente nacional.
O capital estrangeiro é bemvindo enquanto aqui aporte para
ficar a longo prazo e seja reinvestido. Quando ele se comporta à luz
13
difusa das oportunidades especulativas que se repetem no mundo a
cada ano e com mudanças cada vez
mais sensíveis, ele pode pôr em risco
as conquistas alcançadas e sua permanência no lugar de uma dádiva,
torna-se uma dor de cabeça prolongada e arriscada.
O bom capital permanece. Estabelece-se. E, para isso, o bom capital, longe de sedentarizar-se, assenta
onde há estabilidade de preços, de
margens de lucro e de formação
de poupanças endógenas, genuinamente nacionais.
Desse modo, é importante criar
entre 2008 e 2010 uma nova onda
de investimentos, formatada sobre o
incentivo à formação de poupanças
pelas famílias e empresas genuinamente brasileiras.
Afinal de contas, o IBGE não está
mostrando que está aumentando a
classe média no Brasil? Se há tamanha ascensão de classes, das D e E
para a C e B, faz sentido que os números das contas nacionais mostrem
um aumento forte e bem visível da
propensão doméstica a poupar.
A política monetária contracionista
faz o resto: ao sinalizar a alta dos
juros, promove e incentiva a poupança
das famílias a entrar e compor a “nova
classe média” do Brasil atual.
Política monetária e fiscal
O que mostram os dados mais
recentes dos agregados monetários e
fiscais no Brasil?
Conforme indicado nos quadros
que apresentamos no final deste
artigo, os meios de pagamento pelo
conceito de M1 variaram em 12 meses,
dezembro a dezembro, de 12,05% em
2005 para 17,37% em 2006 e 25,91%
em 2007. Isto é, a diminuição da inflação exerceu um atrativo maior na
manutenção da moeda e a população se monetizou.
Por outro lado, o M4, que soma
todos os principais agregados monetários e quase-monetários, evoluiu
de 18,29% em 2005 para 18,76%
em 2006 e 20,93% em 2007. Ou
seja, a expansão monetária é um
cenário econômico
fato, azeitado pela retomada do
crescimento do PIB e pela generosidade das autoridades, que emitiram moeda e a lançaram no sistema. Certamente, uma expansão
de 21% do agregado M4 em face de
um crescimento real do PIB de 5%
anualmente e de uma meta inflacionária de 4,5% implica um fator realimentador de preços, pois a oferta
monetária gera maior liquidez, promove a sensação da facilidade das
compras, atiça a demanda e excita,
com isso, os preços.
Ao analisar com singeleza as
finanças públicas, mediante os quadros disponibilizados, concentramos
a atenção no resultado de caixa do
Tesouro Nacional.
Observe-se que, com a exceção do
arrocho de 2004, quando sucedeu um
raríssimo superávit nas contas públicas, ou seja, um arrocho de verdade,
os déficits foram se repetindo. Isto é,
os gastos públicos superam as receitas públicas, num país em que a cada
ano que passa a carga fiscal só sobe.
O Estado aumenta de tamanho, suga
mais recursos de todo o sistema econômico, justifica esse momento como
o do carreamento de recursos para
mais assistência e obras sociais, para
Quadro 1
a diminuição da pobreza inter-regional, e da contratação de mais servidores públicos e, com isso, geração
de empregos permanentes.
O fato é que o déficit era moderado em 2005, com um furo de caixa
módico de R$ 7,6 bilhões, o que corresponde a uma pequena pressão
sobre o mercado de títulos públicos
e seu giro. Contudo, em 2006, o défi cit disparou para R$ 33,5 bilhões,
pressionando a demanda por moeda
e jogando os juros numa tendência
altista. O esforço de 2007 foi conveniente, correto e ótimo, ao gerar um
déficit bem menor, mais palatável,
de R$ 12 bilhões. Todavia, em sua
essência, por ser um déficit, representou mais pressão de gastos do
que formação e provimento de receitas, o que é inflacionário.
([email protected])
OFERTA DE MOEDA E DE HAVERES FINANCEIROS (R$ MILHÕES)
Base Monetária
Ano
Os gastos públicos
superam as receitas
públicas, num país em
que a cada ano a carga
fiscal só sobe
Então, o que significa isso? No
geral, que, embora esteja melhorando a disciplina fiscal, ela não é tão
rigorosa nem vigorosa quanto deveria ser, de fato.
A questão está na dose. Para sair
da inflação alta, dada por um IPA
que ameaça chegar aos 20% anuais,
é preciso cortar com firmeza e destemor os gastos públicos de custeio.
A seleção dos gastos, preservando-se
aqueles que promovem a produtividade do sistema econômico e
adiando-se o gasto em consumo que
apenas movimenta interesses curtoprazistas, merece ser estabelecida.
Caso contrário, serão adiados para
2009/2010 os desejos de estabilização
plena da economia.
O corte real, em termos financeiros, que convença a sociedade, há de
ser maior ou igual a R$ 40 bilhões,
entre setembro e dezembro de 2008.
E pode ser feito sem maiores percalços estruturais sobre a economia.
Não realizado o corte, o déficit
se repetirá em 2008, e o combate à
inflação e suas seqüelas serão adiados, com mais dores e sacrifícios,
para o ano 2009.
Média dos
saldos diários
Variação
(por cento)
(R$ milhões) Em 12 meses (1)
Meios de pagamento
(M1)
Média dos
saldos diários
Variação
(por cento)
(R$ milhões) Em 12 meses (1)
Meios de pagamento
(M2)
Saldos em fim
de período
Variação
(por cento)
Meios de pagamento
(M3)
Saldos em fim
de período
(R$ milhões) Em 12 meses (1) (R$ milhões)
Variação
(por cento)
Em 12 meses
Meios de pagamento
(M4)
Saldos em fim Variação
de período
(por cento)
Multiplicador
da base
(M1/Base)
(R$ milhões) Em 12 meses
1995
20.746
20,2
26.615
27
178.755
34,9
225.008
45,6
261.176
48,0
1,283
1996
20.106
-3,1
29.032
9,1
188.735
5,6
285.942
27,1
336.148
28,7
1,444
1997
32.283
60,6
45.612
57,1
239.777
27,0
340.210
19,0
405.946
20,8
1,413
1998
39.285
21,7
48.981
7,4
254.967
6,34
376.118
10,55
459.404
13,17
1,247
1,300
1999
45.407
15,6
59.032
20,5
274.770
7,77
468.728
24,62
551.092
19,96
2000
46.304
2,0
70.375
19,2
283.785
3,28
556.577
18,74
652.093
18,33
1,520
2001
52.846
14,1
78.943
12,2
321.612
13,33
625.057
12,30
756.181
15,96
1,494
2002
69.901
32,3
102.327
29,6
398.135
23,79
690.522
10,47
809.294
7,02
1,464
2003
70.802
1,29
104.892
2,53
412.895
3,87
838.386
21,81
958,471
18,69
1,48
2004
84.334
23,36
127.129
21,20
493.497
19,52
988.622
17,92
1.109.519
15,76
1,46
2005
98.306
12,55
142.451
12,05
582.464
18,03
1.166.502
17,99
1.312.399
18,29
1,45
2006
118.304
20,34
167.190
17,37
661.500
13,57
1.377.704
18,11
1.558.607
18,76
1,41
2007
143.642
21,42
210.510
25,91
781.280
18,11
1.617.618
17,41
1.884.847
20,93
1,47
2008*
132.658
19,19
187.673
18,36
838.133
26,24
1.712.316
17,36
2.019.450
18,95
1,41
14
FINANCEIRO
Quadro 2
OFERTA DE MOEDA E DE HAVERES FINANCEIROS (R$ MILHÕES)
Ativos monetários (1)
Reservas
bancárias
Ano
Papel-moeda em
poder do público
Ativos e não-monetários
Depósito
à vista
Quotas de fundo
de renda fi xa
Títulos
Federais (SELIC)
Média dos salários diários
Depósitos
de poupança
Estaduais e Municipais
Empréstimos do
Sistema Financeiro
Títulos
privados
Saldos em fim de período
Saldos em fim de período
1995
-
-
-
46.252
30.891
5.277
64.266
85.997
1996
-
-
-
97.206
45.756
4.450
72.651
86.277
100.432
62.019
3.717
98.211
94.203
28.073
-
1997
12.311
17.538
265.609
1998
15.735
20.463
28.517
121.151
80.981
2.305
108.445
95.815
281.437
1999
18.101
23.573
35.459
184.381
80.819
1.545
111.407
100.619
286.794
2000
15.489
26.678
43.697
253.832
93.624
1.892
111.936
97.496
319.018
2001
16.976
30.640
48.303
285.329
128.569
2.555
120.030
117.875
332.384
1.971
377.822
2002
22.111
40.416
61.911
281.181
116.802
141.010
148.870
2003
20.709
41.645
63.247
408.096
119.373
-
144.118
159.128
418.210
2004
26.146
51.024
76.105
474.817
120.069
828
159.589
205.588
499.604
2005
29.163
57.051
85.400
559.140
144.914
983
169.323
267.195
607.023
2006
35.423
67.072
100.118
684.082
180.881
22
187.864
295.559
732.590
2007
45.022
79.265
131.245
793.809
267.205
24
234.672
310.924
935.973
2008*
45.560
73.340
114.333
806.397
307.109
24
244.978
405.149
1.044.386
(*) 2008 é dado até maio. Observações: o Banco Central modificou o conceito e a metodologia de cálculo dos meios de pagamento ampliados, colocando à disposição as séries desde o ano de 1988. As fórmulas que
seguem expressam cada tipo de Agregado Monetário. M1 = papel-moeda em poder do público + depósitos à vista. M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições
depositárias. M3 = M2 + quotas de fundo de renda fixa + operações compromissadas que estão registradas no Selic. M4 = M3 + títulos públicos da dívida pública, de alta liquidez. (1) Dos anos 1985 a 1999, estes dados
são de dezembro, com alguma exceção, onde for indicado. Dos anos de 1985 a 1999, estes dados são de dezembro. *Representam dados preliminares. Fonte: Banco Central do Brasil e bancos privados múltiplos.
Quadro 3
FINANÇAS PÚBLICAS (R$ MILHÕES)
Execução financeira do Tesouro Nacional (dados acumulados em R$ milhões)
Receita do Tesouro Nacional
Despesas do Tesouro Nacional
Receita Fiscal
Ano
Total
Resultado
Pessoal Encargo Transferências Outras Total de caixa do
Tesouro
e encargos da Dívida a Estados e contas
Nacional (2)
sociais
Pública Municípios
Mobiliária
Federal
Imposto de Renda
Pessoa
Física
Pessoa
Jurídica
Fonte
1990 3,94E-02 1,43E-01 2,86E-01
Arrecadação
líquida (1)
IPI
IOF
CPMF
Finsocial
Outros
Total
4,65E-01
2,75E-01
-
-
1,76E-01
-
0,9
1,6
0,6
9,33E-02
3,66E-01
-
1,5
4,68E-02
1991 9,10E-02 4,05E-01
1,4
1,9
1,3
-
-
0,8
-
3,8
6,6
2,0
8,75E-03
1,6
-
6,3
2,48E-01
1992
1,0
7,3
14,5
22,3
14,8
-
-
6,4
-
44
70
23
7,8
17
-
71
-1,5
1993
31
131
349
511
343
-
-
191
-
1.542
1.662
588
320
404
-
1.980
-318
1.370
1994
937
3.670
7.946
11.683
7.658
-
-
8.136
-
45.953
48.180
17.936
3.325
9.053
16.496
46.810
1995
2.240
9.801
18.248
26,34
13.592
-
-
14.689
-
81.147
86.293
35.497
7,079
18.319
36.433
90.256 -3.963
1996
2.494
12.905
18.294
29.703
15.293
17.241
-
91.878
97.131
40.201 10.810
20.831
34.105
105.947 -8.816
1997
2.847
12.799
20.929
36.574
16.831
3.784
6.908
19.103
41.176
108.731
116.006
42.752
10.170
23.407
45.004
121.333 -5.455
1998
3.029
12.502
30.288
45.819
16.303
3.541
8.115
18.741
55.345
132.333
139.052
47.298
18.474
27.011
55.550
148.333 -9,282
-
-
1999
3.257
13.750
34.510
51.516
16.503
4.877
7.956
32.184
55.486
151.516
158.779
50.168
24.618
29.529
59.392
163.707 -4.928
2000
3.657
17656
35.084
56.397
18.839
3.127
14.546
39.903
64.881
176.380
235.062
57.178
25.045
35.543
129.485
247.251 -12.189
2001
4.058
16.984
43.866
64.908
19.456
3.585
17.197
45.981
66.395
196.480
272.109
63.347
21.517
45.496
153.391 283.751 -11.642
186.420 338.009 31.279
2002
4.411
33.893
47.449
85.803
19.798
4.022
20.369
50.873
100.494
243.005
369.289
72.875
27.007
51.707
2003
5.103
33.835
54.080
93.016
19.674
4.450
26.207
56.404
112.835
273.650
372.692
78.950 25.469
55.605
215.834 375.858 -3.165
2004
6.136
38.949
57.801
102.883
22.863
5.255
26.433
77.805
157.086
347.243
441.375
89.237 31.683
64.410
234.865 420.195 21.180
2005
7.358
51.140
65.905
124.399
26.400
6.102
29.265
87.412
145.618
360.702
496.594
99.449 49.586
79.543
275.630 504.208 -7.615
2006
8.500
53.755
72.122
134.378
28.270
6.763
32.039
91.491
246.800
477.485
555.531
108.974 91.847
87.601
300.580 589.002 -33.472
2007
13.654
69.930
76.625
160.212
33.819
7.834
36.483
102.639
345.364
602.764
651.191
127.468 87.260
100.407
347.167 662.302 -11.111
2008*
6.780
38.240
34.302
79.321
15.356
7.865
1.063
47.448
165.892
271.926
280.578
53.797 35.849
51.909
135.566
277.121 3.458
(*) 2008 é dado até maio. Observações: (1) Corresponde à arrecadação total menos a restituição. (2) Corresponde às Receitas Totais menos as Despesas Totais do Tesouro Nacional. Dados oriundos da Secretaria
do Tesouro Nacional. Fontes: Secretaria da Receita Federal e Secretaria do Tesouro Nacional.
ACREFI
15
projeções
Flávio Roberto Guarnieri
Menor crescimento
para o varejo
TEREZA MARIA FERNANDEZ DIAS DA SILVA, SÓCIA DA MB ASSOCIADOS
O setor de varejo segue sendo
um dos setores dinâmicos da economia brasileira com crescimento significativo e investimentos importantes
desde 2006. A continuidade das melhorias do mercado de trabalho – formalização – e da expansão do crédito é o principal motivo para o aumento de consumo das pessoas. O
crescimento no volume de vendas do
setor varejista, que se deu no início
pelo ingresso de novos consumidores
das classes D e E, agora se consolida
com a migração de parte dessas famílias para a classe C1. Contudo, esse desempenho não tem sido uniforme em
termos de segmentos devido ao perfil
de consumo dos brasileiros cujos gastos orçamentários são diferenciados.
Assim, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e
fumo vêm crescendo a taxas menores
do que a média do setor, o mesmo
acontecendo com tecidos, vestuário e
calçados. Móveis e eletrodomésticos
estão apresentando um desempenho
bem acima da média, devido às melhores condições de financiamento e
a redução de preços dos produtos.
Desempenho também bastante favorável no mercado automobilístico.
A consolidação das camadas de
renda intermediária – classes B e C
– continuará a induzir a expansão
do crédito, mantendo os setores que
dele dependem em crescimento forte.
Hipermercados,
supermercados, produtos
alimentícios, bebidas e fumo
vêm crescendo a taxas
menores do que a média
do setor
Isso já vem ocorrendo nos mercados
de automóveis, serviços em geral,
turismo e deve se ampliar para o mercado de construção civil, tanto na
troca quanto na aquisição de imóveis, migração para alimentos mais
nobres e eletrodomésticos, para citar
alguns exemplos.
No varejo brasileiro de supermercados, os investimentos seguem ocorrendo, assim como o processo de
expansão das três grandes redes: Pão
de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart, por
meio da consolidação do processo de
reestruturação do setor. Depois do
movimento de aquisição de atacarejo2
pelo Carrefour e pelo Grupo Pão de
Açúcar, o objetivo agora são as cadeias
de supermercados regionais de médio
porte, com faturamento entre R$ 800
milhões e R$ 1,5 bilhão por ano.
Entre as redes mais cotadas para aquisição estariam os supermercados Bretas (MG), Sonda (SP), Grupo Ange-
16
loni (SC), Companhia Zaffari de Supermercados (RS), Rede Comper Supermercados (SC) e Prezunic, do Rio de
Janeiro. O Bretas ocupa o sétimo lugar
no ranking do setor no Brasil, registrou vendas de R$ 1,54 bilhão em 2007
e possui 51 lojas. É visto como um
ótimo negócio pelas três gigantes e já
foi sondado pelo Wal-Mart há cerca
de três anos. A aquisição do Sonda
também seria possível para qualquer
uma das três grandes redes. O Sonda
possui 15 lojas, uma boa estrutura
logística na cidade de São Paulo e
faturou R$ 832 milhões em 2007. A
rede de supermercados Angeloni é a
nona do País, com 20 unidades distribuídas entre Santa Catarina e Paraná
e faturamento de R$ 1,1 bilhão em
2007. O Grupo Prezunic, do Rio, possui 28 lojas e faturou R$ 1,5 bilhão em
2007 e é a mais nova rede do setor.
Enquanto as grandes buscam aquisições das médias, estas buscam
diversificação para sobrevivência ou
mesmo valorização em oportunidades de negociações. A cadeia Sonda
Supermercados, por exemplo, está
lançando uma franquia de cafeterias,
investe em um grande empreendimento imobiliário no Rio de Janeiro
e um aeroporto comercial na Praia
Grande (SP). O grupo também possui
a Sonae Sierra, que gerencia a carreira de jogadores de futebol, setor em
que o Grupo Bretas também atua.
FINANCEIRO
Gráfico 1
Expansão do crédito em 2008 e 2009 (%)
Crescimento acum. 12 meses - %
50
O varejo está em um bom
40
momento de absorção de
30
investimentos estrangeiros,
como decorrência do processo
2008 16,7%
20
2009 9,8%
10
classe média emergente e da
2008 7,9%
0
ampliação do crédito
2009 3,3%
-10
crédito à pessoa física - recursos livres
-20
crédito veículos
-30
Dec/-02
Jan/04
Jan/05
Jan/06
Jan/07
Jan/08
Jan/09
Fonte: Bacen. Elaboração e projeção: MB Associados.
O processo de consolidação no
varejo vai além das redes supermercadistas e deve continuar ocorrendo
também em outros segmentos, a
exemplo da aquisição pelas Lojas Renner do Grupo Leader, em uma operação de R$ 670 milhões. Juntas, as
redes irão totalizar, até o final de
2008, 154 lojas em operação no Brasil
e formarão uma das maiores bases de
cartões private label com 17 milhões
de cartões emitidos. Além disso, com
a Renner focada em peças de vestuário destinadas ao público feminino
adulto e com uma base de clientes
das classes A, B e C e a Leader atuando nos segmentos de cama, mesa,
banho e vestuário para um público
das classes C e D, a expectativa é de
que a superposição de clientes seja
pequena. As duas operações se manterão separadas. A busca por redes
inseridas em mercados das classes C
e D faz parte do foco das novas compras. A ascensão das classes mais baixas ao mercado consumidor tornou
esse mercado mais atraente e concorrido – mais de 100 milhões de brasileiros estão nas classes C e D.
O varejo brasileiro também está
em um bom momento de absorção
de investimentos estrangeiros, como
decorrência do processo de estabilidade econômica, da classe média
Gráfico 2
Vendas no varejo – acumulado 12 meses (%)
12,0
2007 9,7
10,0
2008 8.9
8,0
6,0
2009 6,3
4,0
2,0
0,0
-2,0
-4,0
-6,0
jan/02
set/02 mai/03 jan/04 set/04 mai/05 jan/06 set/06 mai/07 jan/08
set/08 mai/09
Fonte: IBGE. Elaboração e projeção: MB Associados.
ACREFI
de estabilidade econômica, da
17
projeções
A aversão ao risco já está
tornando impossível a
captação das empresas
brasileiras, mesmo as
de primeira linha, no
mercado internacional
1
De acordo com o resultado da pesquisa do
Instituto Ipsos, cerca de 5,5 milhões de famílias
deixaram as classes D e migraram para a classe C.
As classes D/E passaram de uma participação de
51% da população para 39% (2007).
2
3
Modelo híbrido de atacado com varejo.
Em 2005, o Brasil era o 26º país a despertar
interesse de investimento.
emergente e da ampliação do crédito.
Segundo pesquisa da AT Kearney, entre
30 países, o Brasil é o nono em relação
ao recebimento de investimentos externos3. A chegada do grupo Elektra (México) só comprova esse interesse. O
anúncio, por parte desse grupo, de investimentos de US$ 2 bilhões nos próximos cinco anos mexeu com o mercado. O grupo pretende abrir 300 lojas
por ano até atingir 1.500 pontos-devenda. A disputa das redes varejistas
ficará mais acentuada, principalmente
no Nordeste, com os planos das Casas
Bahia e do Magazine Luiza de avançar também nessa região. As Casas
Bahia têm planos de iniciar operações
em Salvador (BA) em 2010. O Ponto
Frio prevê investimentos de R$ 153
milhões em 2008, com a abertura de
80 novas lojas (em 2007, foram inauguradas 59 lojas na Bahia) e para
2009 devem ser abertas mais 70, também no Nordeste. O Grupo das Lojas
Maia está buscando a capitalização
por meio de captação de um fundo
de investimentos e está inaugurando
quatro novas lojas em Pernambuco
e outras cinco no Piauí, com investimentos de R$ 7 milhões. O Grupo possui 134 unidades no Nordeste e investimentos médios por ano de R$ 30
milhões, equivalentes à abertura de 40
pontos-de-venda. Além dessas, redes
como Insinuante e Lojas Colombo
estão anunciando investimentos e planos de aquisição de redes menores
nos mesmos segmentos.
As Lojas Colombo, que estavam se
preparando para a abertura do seu
capital e tiveram que retroceder pelo
momento de mercado, também estão
investindo e ampliando sua rede de
340 lojas distribuídas pelos Estados
do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo e de
Minas Gerais.
Outros movimentos neste ano têm
ocorrido no varejo de eletrodomésticos, como a aquisição, pelo grupo
pernambucano EletroShopping, de
28 das 32 lojas da rede Grandelar,
que com 94 unidades atua nos Estados de Pernambuco, da Paraíba, do
Rio Grande do Norte e de Alagoas e
18
estima encerrar o ano com 100 lojas.
Além dos investimentos em ampliação, o varejo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos está seguindo
o modelo que foi sucesso nos supermercados – lojas menores. Essa estratégia está sendo utilizada pelo Ponto
Frio – área entre 70 m² e 300 m² com
mais produtos de informática. Com
esse formato, a rede entrou no Nordeste. As Lojas Colombo optam por
unidades menores para entrar nos
shopping centers, onde o público é
de maior renda.
O setor deve continuar apresentando resultados positivos nos próximos anos, bem como seguirá atraindo
novos participantes e fazendo a sua
consolidação. Contudo, como resultado da crise internacional, os sinais
deverão apresentar alguma alteração. Em que pese a crise estar concentrada no mercado americano, não há
como o restante da economia mundial não ser afetada, principalmente
no que tange ao mercado de crédito. Na verdade, a aversão ao risco já
está, na prática, tornando impossível
a captação das empresas brasileiras,
mesmo as de primeira linha, no mercado internacional e, enquanto não
houver clareza sobre as conseqüências finais desse episódio, o mercado
seguirá fechado. Até o final de 2007,
as empresas brasileiras estavam se
capitalizando por meio de emissão
de bonds no exterior e abertura de
capital com lançamento de ações. As
taxas de juros no mercado interno
eram menores e os prazos, maiores. A
redução do crédito no mercado internacional irá diminuir a oferta no mercado interno, aumentando o custo de
captação dos bancos devido ao aumento do aperto de liquidez externa, que vai se somar ao compulsório
sobre as empresas de leasing, e elevando ainda mais as taxas de empréstimos e financiamentos. A conseqüência desse movimento será uma desaceleração na velocidade de expansão
do crédito (gráfico 1) e conseqüentemente um crescimento também
menor no varejo ao longo de 2009
(gráfico 2).
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Desaceleração do
crescimento em 2009 não
altera as perspectivas de
médio e longo prazo para
a economia brasileira
Olhando para 2009, há
uma desaceleração
contratada no crescimento
doméstico, mas que não
deve ser vista como
retorno ao antigo padrão
de expansão econômica e
sim como um ajuste
OCTAVIO DE BARROS, DIRETOR DE PESQUISA E ESTUDOS
ECONÔMICOS DO BRADESCO
O período de quatro anos inaugurado em 2004 e encerrado em
2007 certamente entrará para a historiografia econômica mundial com
grande destaque. Em primeiro lugar,
porque foi marcado pela exuberância
do PIB global, cujo crescimento médio
foi de 4,8% ao ano, o que ocorreu em
um ambiente de baixa volatilidade,
ausência de pressões inflacionárias e
elevada liquidez internacional. Ademais, porque esse período foi caracterizado pela consolidação da evolução de profundas – e provavelmente
irreversíveis – mudanças no capitalismo internacional, com o deslocamento de seu centro dinâmico para os
países emergentes, sobretudo China
e Índia. Essa conjunção de fatores
trouxe vários benefícios ao Brasil, cujo
crescimento foi alçado a um patamar
mais elevado e sustentável, deixando
para trás o padrão cíclico de crescimento que ficou conhecido como
stop-and-go.
A partir do segundo semestre de
2007, contudo, os desequilíbrios micro
e macroeconômicos gerados no ciclo
mundial de prosperidade afloraram,
cedendo lugar para a emergência de
um cenário caracterizado por intensa
volatilidade financeira, pressões inflacionárias – potencializadas em países
nos quais a demanda tem crescido em
ritmo superior ao da oferta – e elevado grau de incerteza em relação
ao crescimento mundial, que entrou
20
em um ciclo de desaceleração. Naturalmente, o Brasil não está integralmente imune ao que acontece no restante do planeta e, nesse sentido,
também sentiremos esse movimento
de ajuste cíclico global. É inegável,
contudo, reconhecer que nos últimos
anos houve avanços significativos na
economia brasileira e que não ocorrerão retrocessos nessa etapa. De fato, as
perspectivas para horizontes mais alargados continuam favoráveis. Olhando
para 2009 especificamente, há uma
desaceleração contratada no crescimento doméstico, mas que não deve
ser vista como retorno ao antigo
padrão de expansão econômica e sim
como um ajuste.
Um olhar prospectivo sobre a
economia brasileira nos próximos trimestres sugere que, em um primeiro
momento, veremos apenas sinais de
moderação do crescimento – que
deve alcançar o patamar próximo a
5,0% neste ano – e, em um segundo
momento (principalmente a partir
do último trimestre de 2008), indícios mais claros de desaceleração,
levando a expansão de 2009 para
algo próximo a 3,5%, o que será saudável para reduzir o descompasso
entre demanda e oferta observado
atualmente, objeto principal de preocupação do Banco Central, pelos
riscos inflacionários associados. Cabe
destacar, contudo, que essa projeção de incremento do PIB, se confir-
FINANCEIRO
mada, não poderá ser vista de forma
negativa, ainda que venha após um
período de crescimento médio de
4,5% verificado entre 2004 e 2007.
Uma análise considerando um horizonte mais longo de tempo revela
que a expansão média da economia
brasileira é baixa (2,3% entre 1980
e 2003) e, contrariamente ao observado durante esses quatro últimos
anos, bastante volátil. Nesse contexto, 3,5% de expansão será algo
para ser comemorado, ainda mais em
um contexto internacional bastante
desfavorável – o crescimento global
também deverá ficar em torno dessa
variação. Em outras palavras, o País
deixará de correr a 120 km/h para
avançar a 80 km/h, mas não desacelerará para 50 km/h.
A desaceleração prevista para os
próximos trimestres no Brasil virá
dos efeitos tanto da política monetária quanto da desaceleração dos nossos principais parceiros comerciais.
Entretanto, em ambos os casos há
motivos para acreditarmos que esses
efeitos começarão a ser dissipados a
partir do final de 2009, o que abre
perspectivas para a aceleração do
crescimento em 2010. Nesse período
de ajuste, a geração de vagas no mercado de trabalho – sobretudo as formais, cujo crescimento reflete mudanças estruturais em curso na economia brasileira – e a expansão do
crédito tendem a ocorrer de forma
mais moderada, mas continuarão
sendo os principais motores do crescimento do consumo das famílias,
que também tem sido bastante favorecido pelo ingresso de milhões de
pessoas no mercado consumidor nos
últimos anos, o que foi possibilitado,
dentre outros motivos, pela manutenção da inflação em patamares
reduzidos e pelos incentivos em termos de benefícios sociais.
O fato de o Banco Central brasileiro operar nos últimos anos com
autonomia, ainda que não constitucional, é o que tem garantido a preservação da inflação relativamente sob
controle. Empresários e trabalhadores
com visão estratégica sabem que o
único elemento de instabilidade que
pode afetar os planos de todos é uma
inflação fora de controle. Ninguém
quer mais isso. São os preços sob controle que asseguram o poder de compra das famílias, alargam horizontes e
também contribuem para o aumento
da produtividade.
Não podemos ignorar que, a despeito dos avanços macroeconômicos
verifi cados nos últimos anos, ainda
há muito que se fazer para reduzir as
mazelas que fazem parte da rotina
do País. Entretanto, não podemos
menosprezar o que já mudou para
melhor e o fato de que há notícias
favoráveis em curso para a economia brasileira. Muito possivelmente,
todas as boas histórias recentes relacionadas à descoberta de grandes
jazidas de petróleo e gás, obtenção
do grau de investimento, zeragem
da dívida externa, acumulação de
cerca de US$ 205 bilhões em reservas cambiais e forte demanda por
commodities que o mundo demanda – e que tende a continuar demandando nos próximos anos, especialmente países como a China – têm
modifi cado a compreensão que o
empresário nacional tem do País
neste momento. A despeito do contexto internacional tão incerto, ele
está levando mais fé no futuro do
que levava algum tempo atrás, o
que deverá se refl etir em continuidade de um ritmo forte de expansão dos investimentos. A cabeça do
empresário mudou muito nos últimos anos. A própria leitura que
fazem do Brasil mudou.
É importante, por fim, fazer um
alerta. Ainda que o destino esteja
sorrindo para o Brasil como jamais
o fez, é necessário não dormir no
ponto. Há muito que se fazer em
termos de outros avanços macroeconômicos e institucionais e melhora
do ambiente microeconômico. Nesse
contexto, temas como a política de
gastos públicos, o sistema tributário,
a infra-estrutura, o marco regulatório
e a qualificação da mão-de-obra continuam fazendo parte de uma agenda
ainda não concluída. Somente com
o avanço nessas áreas é que poderemos, enfim, alcançar patamares ainda
mais elevados de crescimento sustentável no longo prazo, superiores ao
que se estima hoje como potencial,
algo em torno de 4,5%. Em outras
palavras, a aceleração do crescimento para 150 km/h ou mais exigirá da
sociedade brasileira mais do que já
foi feito até agora.
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O Bacen Jud e o Renajud
Eu penhoro. Tu penhoras. Ele penhora. Nós penhoramos. Vós penhorais. Eles penhoram. Com o advento
das Leis 11.232 e 11.382, ambas de
2006, a ordem do dia é a constrição
judicial eletrônica que, se por um
lado evidencia a beleza que conjuga o conteúdo e a forma da efetividade da tutela jurisdicional mais
intrinsecamente vinculada à celeridade do processo, por outro nos permite constatar as imperfeições das
quais, malgrado o progresso havido,
ainda padecem esses softwares e seus
sistemas de dados.
Entre tons frágeis e superlativos
desesperados dos que buscam solucionar suas contendas por meio da
prestação jurisdicional, é geral a constatação de que a tramitação morosa
implica uma prestação jurisdicional
inócua do ponto de vista da pacificação social, escopo primaz do processo.
Sob esse aspecto, é importante o reconhecimento da relevância do tempo
na tramitação dos processos e o prestígio dos meios garantidores da pontualidade das decisões, uma vez que
fortalecem os princípios da celeridade dos meios e da duração razoável do processo, ambos esposados
pela norma do art. 5º, inciso LXXVIII,
da Constituição Federal, por força da
inserção aprovada pelo poder constituinte derivado, por intermédio da
Emenda Constitucional 45/04.
GLAUBER MORENO TALAVERA, DOUTOR E MESTRE EM DIREITO PELA PUC-SP, É
MEMBRO EFETIVO DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO, PROFESSOR
DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS E
ADVOGADO EM SÃO PAULO
O tempo é realmente um ativo
importante. Transplantando as Bases
da Metafísica dos Costumes, de Kant,
caracteriza-se como verdadeiro “imperativo categórico” da eficácia das
decisões judiciais. Nesse sentido, é de
reconhecer-se que as constrições judiciais eletrônicas arquitetadas recentemente estão inseridas nesse mosaico
de idéias e nessa tônica de velocidade, que nem sempre prima pela
razoabilidade, mas que consiste num
instrumento valioso para emprestar
maior efetividade à liquidez dos títulos executivos judiciais.
Instituto concebido originariamente pela magistratura trabalhista,
que paulatinamente foi incorporado
à praxe cível, a penhora realizada
por meio digital, consentânea com os
meios eletrônicos disponíveis na atualidade, foi definitivamente contemplada pela referida Lei 11.382/06, que
criou o Bacen Jud e deixou patente a
incidência preferencial da constrição
sobre dinheiro, seja ele em espécie
ou mantido sob a custódia de instituição financeira na forma de depósitos
à vista ou fundos de investimento.
Estabeleceu, ademais, a predileção
da utilização do meio eletrônico para
tal desiderato, deixando evidente o
intuito desburocratizador da opção
adotada e relegando ao segundo
plano o envio de ofícios e as diligências levadas a termo por oficiais de
22
Justiça. Deixou, ademais, a cargo do
executado o dever de comprovar que
o montante bloqueado está inserido
entre os bens considerados impenhoráveis, com intuito de liberá-lo
do gravame judicial, como sói acontecer nas hipóteses de penhoras incidentes sobre contas de depósitos de
verbas exclusivamente salariais ou
de natureza alimentícia.
Contrapondo o passo desapressado dos processos antes do advento
do sincretismo entre os processos de
conhecimento e de execução, o Bacen
Jud efetiva-se a partir de convênio firmado entre o Banco Central do Brasil e o Tribunal respectivo, que disponibiliza ao magistrado acesso, por
meio de uma senha, a sistema eletrônico por meio do qual lhe fica
franqueada a possibilidade de colher
informações sobre a existência ou
não de saldo suficiente para garantir
determinado crédito exeqüendo e
determinar a constrição consubstanciada na penhora de valores.
Louvável por reverenciar a celeridade do processo e a efetividade
do provimento jurisdicional condenatório, a penhora eletrônica ainda
carece, todavia, de aprimoramento na
sua operacionalização. As incongruências que, não raro, ainda implicam
multiplicidade de bloqueios devido a
ordem judicial ser remetida concomitantemente a múltiplas instituições
FINANCEIRO
financeiras, por certo, nos convidam
a reflexão que nos conduz inexoravelmente ao desafio de repensar os
princípios constitucionais dentro da
racionalidade que deve permear a
ordem jurídica.
O bloqueio judicial irrestrito, que
atinge a íntegra das contas e aplicações tituladas pelo executado e
que, nos casos de penhoras múltiplas,
acaba por implicar a indisponibilidade de quantias que sobejam bastante o valor do crédito exeqüendo, é
uma exuberância nefasta que pode,
por exemplo para a sociedade empresária, importar inviabilidade prática
do desenvolvimento de seu objeto
social, ainda mais porque a celeridade das penhoras ainda não tem
como contraponto a velocidade dos
desbloqueios dos valores indevidamente penhorados.
Há, portanto, alguns fios ainda
desatados na trama do tecido do
Para instrumentalizar a
penhora eletrônica
adequadamente, é
necessário prover-lhe
meios acurados
desenvolvimento tecnológico para
operacionalização das penhoras eletrônicas e, exatamente por isso, a
criação do Renajud, que não nos
parece suficientemente aprimorado,
nos traz à lembrança a célebre frase
de Virgílio, que, no épico Eneida,
proclama: “Temo os gregos, ainda
que tragam presentes.”
Em uma palavra, a difusão dos
recursos tecnológicos cuja utilização é
positiva para dinamizar a distribuição
de justiça não pode, contudo, dar azo
a experimentações novidadeiras que,
sem o necessário esmero que decorre
da maturação das convicções, tendem
a subverter os fundamentos do processo, sobretudo porque a celeridade
dos meios não pode ser considerada
um fim em si mesmo.
Na atualidade, a penhora eletrônica
é, nas palavras do ministro Carlos Ayres
Britto ao parafrasear Victor Hugo, “tão
irresistível quanto a força de uma idéia
cujo tempo chegou”; porém para instrumentalizá-la adequadamente é necessário prover-lhe meios acurados,
pois os princípios da celeridade e da
duração razoável dos processos devem
ser conjugados a outros princípios próprios do devido processo legal como
razoabilidade, proporcionalidade, contraditório e ampla defesa, sob pena de
configurar-se o venire contra factum
proprium e, conseqüentemente, o desserviço ao jurisdicionado.
reflexos dos juros
Arquivo ACREFI
Crédito e inadimplência
Os dados divulgados pelo Banco
Central (Bacen), referentes à evolução
do crédito em julho, mostram ligeira
desaceleração da taxa de crescimento
dos financiamentos às pessoas físicas,
embora ainda expressiva, na casa dos
20%, em comparação com igual mês
do ano anterior. A participação do
crédito consignado apresentou ligeira
redução, caindo de 56,2% para 55,7%
do total, enquanto as operações de
leasing e o financiamento habitacional registraram expressivo crescimento. Esses dados revelam que as altas
das taxas de juros promovidas pelo
Bacen produziram impacto ainda limitado sobre a expansão do crédito, o
mesmo se verificando no tocante ao
consumo, a julgar pelo desempenho
do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da Associação Comercial
de São Paulo (ACSP). O número de consultas ao SCPC em julho e agosto se
manteve na média de crescimento na
casa dos 7,5%, observada no primeiro
semestre, indicando que as vendas de
bens de maior valor continuam alavancadas pelo crédito. Isso se explica pelo
fato de que o prazo de financiamento
desses bens é bastante longo, com o
que a elevação dos juros tem seu impacto diluído no número grande de
prestações. Assim, em um financiamento da ordem de R$ 1.000 em 24
meses, o aumento da prestação decorrente da elevação dos juros em função
da alta da Selic é da ordem de R$ 5, o
que não altera a decisão do consumidor de realizar a operação, enquanto
MARCEL DOMINGOS SOLIMEO, ECONOMISTA-CHEFE E SUPERINTENDENTE DA
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO
uma redução do prazo para 18 meses
teria um impacto da ordem de R$ 14
mensais. Os prazos médios dos financiamentos das pessoas físicas ainda não
apresentaram redução após o aumento da taxa Selic, conforme dados do
Bacen e os anúncios do varejo. É evidente, contudo, que, com novas altas
das taxas de juros, haverá redução dos
prazos dos financiamentos, o que terá
um impacto mais forte sobre o valor
das prestações e, conseqüentemente,
sobre o consumo. Espera-se que esse
efeito venha a ser mais sentido a partir de 2009, embora se possa ter algum
impacto na taxa de crescimento das
vendas no último trimestre.
Apesar da forte expansão do crédito e das vendas a prazo, o crescimento da inadimplência tem sido gradativo e moderado, mas já se constitui sinal de alerta para alguns segmentos. Entre as razões que explicam
esse comportamento da inadimplência, podemos destacar o crescimento
do emprego e da renda, a diluição
do volume de empréstimos em prazos mais longos, que comprometem
menos a renda do consumidor, e a
distribuição do crédito para um contingente maior de consumidores, com
o ingresso das classes de renda mais
baixa no mercado. Segundo levantamento do SCPC, 12% dos CPFs consultados em 2007 jamais haviam sido
objeto de consulta, o que indica que
cerca de 8 milhões de consumidores
obtiveram alguma modalidade de financiamento pela primeira vez no ano
24
passado, os quais tinham endividamento praticamente zero.
O primeiro sinal que se observa em
relação à inadimplência é a redução
do ritmo de renegociação dos débitos,
como proporção dos registros negativos incluídos no SCPC, que, no período
janeiro/agosto, foi de 75,1% em 2006,
73,6% em 2007 e 72,5% em 2008. Esse
resultado era esperado, na medida em
que a alta dos juros dificulta ao credor
oferecer condições mais favoráveis ao
devedor do que quando as taxas estão
caindo. Os dados do Bacen apontam
para uma elevação da inadimplência
acima de 90 dias das pessoas físicas de
7,1% para 7,3% em julho deste ano
em relação a julho de 2007; de 3,2%
para 3,7% para veículos; de 12,9%
para 13,8% para os outros bens; e
de 23,8% para 26,2% nos cartões de
crédito. São percentuais de aumento
altos, mas sobre bases no geral ainda
baixas, porque o comportamento da
inadimplência nos últimos dois anos
foi bastante favorável.
Para o último trimestre do ano, o
cenário não deverá sofrer grande mudança, seja no tocante à expansão
do crédito, vendas do varejo ou inadimplência, mas, se o Banco Central
continuar em sua trajetória de aumento dos juros, deveremos observar em
2009 menor crescimento dos financiamentos e do movimento do varejo e
mais dificuldades na recuperação dos
inadimplentes. Esse cenário vai exigir
maior rigor na análise e nos parâmetros para a concessão do crédito.
FINANCEIRO
análise econômica
Arquivo Acrefi
Os custos fiscais da menor
exposição cambial
O BIS, o banco central dos bancos
centrais, foi bem claro em seu relatório
anual divulgado recentemente: a principal causa dos problemas da economia global que enfrentamos hoje corresponde à política monetária frouxa
praticada pelos principais bancos centrais do mundo no passado recente.
Essa política gerou uma liquidez excessiva, criando bolhas em vários mercados e um crescimento imprudente do
crédito, que deflagrou a crise financeira nos Estados Unidos.
Entre as conseqüências desagradáveis estão as pressões inflacionárias, as perdas expressivas no mercado financeiro e os desequilíbrios
insustentáveis relacionados ao alargamento do déficit externo dos Estados Unidos e seu financiamento por
meio de um excesso de poupança dos
países emergentes. Para o BIS, esses
problemas apenas serão resolvidos
com uma mudança na política monetária, por um viés menos acomodatício, à custa de menor crescimento
no curto prazo. O órgão ainda argumenta que, em face da globalização
financeira e das inovações constantes, um novo modelo de estabilidade “macrofinanceira” será necessário para evitar a recorrência de crises
agudas e duradouras nesse mercado.
As autoridades monetárias pelo
mundo falharam em perceber os riscos
relacionados ao crescimento explosivo do crédito e das inovações finan-
CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL E
CHEFE DO DEPARTAMENTO ECONÔMICO DA CNC
ceiras em ambiente econômico propício à alavancagem. Práticas prudenciais para evitar excessos cometidos
pelos mercados financeiros, dados os
baixos níveis de prêmio de risco então
praticados, foram negligenciadas para
não interferirem nos livres movimentos de capitais. Excessos de liquidez e
desregulamentação dos mercados de
capitais formaram uma combinação
explosiva para alavancarem os preços
dos ativos, permitindo a formação
de bolhas generalizadas. O preço de
um ativo se transforma numa bolha
quando seu comportamento independe de seus fundamentos.
Ademais, enquanto os preços das
commodities agrícolas, metálicas e
energéticas davam sinais de que eram
somente mudanças de preços relativos, os bancos centrais adotaram a
postura de esperar para não reagir
precipitadamente. Contudo, o excesso
de liquidez na economia mundial, o
desequilíbrio proveniente do excesso
de poupança em relação aos investimentos dos países emergentes (notadamente na China) e a política anticíclica adotada pelos Estados Unidos
ocasionaram pressões adicionais de
preços em diversos países.
No período de 2001 a 2004, as
taxas de juros internacionais foram
reduzidas de tal maneira que chegaram a atingir o patamar mínimo do
período pós-guerra. Com a expansão
dos mercados financeiros de commo-
26
dities, as taxas de juros e a trajetória
do dólar exercem papel muito importante na determinação de seus preços. Assim sendo, a política monetária
norte-americana é fundamental para
esse mercado. Uma política menos
acomodatícia deve conter as pressões
inflacionárias geradas pelo boom das
commodities. Contudo, dado que a
economia americana ainda fraqueja,
esse ajuste provavelmente deve ser
adiado por um tempo. Enquanto isso,
os choques de custos vão se prolongando e contaminando novos preços,
tornando a tarefa do Banco Central
mais difícil lá na frente.
A maior parte dos bancos centrais, com exceção dos Estados Unidos e Canadá, começou recentemente a subir suas taxas de juros,
já que, na maioria deles, a inflação
ultrapassou as metas. Os bancos centrais dos países emergentes, sobre
os quais as pressões inflacionárias
dos produtos agrícolas têm maior
peso, foram os primeiros a elevar
suas taxas básicas de juros. O Banco
Central Europeu, mesmo sob pressão, relacionada ao fraco desempenho de alguns membros da União
Européia, decidiu aumentar sua taxa
básica de juros de 4% para 4,25% ao
ano em sua última reunião.
As conseqüências de políticas
monetárias mais ativas sem a colaboração imediata de políticas fiscais
recairão sobre o nível de atividade.
FINANCEIRO
Logo, podemos esperar para os próximos anos uma desaceleração mais
expressiva no crescimento econômico
global. Apesar da menor importância
da economia americana na geração
da riqueza mundial, sua moeda, logo
as taxas de juros que incidem sobre
ela, ainda determina o rumo das políticas monetárias dos demais países. Enquanto o dólar for o principal denominador dos preços da economia internacional e, simultaneamente, moeda
de intervenção nos mercados cambiais, a política adotada pelo Federal
Reserve ainda será determinante para
o equilíbrio monetário mundial.
Quando o Bacen americano anunciar que poderá deixar de adotar uma
política monetária acomodatícia para
perseguir uma neutra, os mercados
de commodities em geral, principalmente o de petróleo, começarão a
dar sinais persistentes de declínio.
O fatídico, contudo, é que a taxa
de juros real neutra só é conhecida
quando se encontra sobre ela.
As incertezas para a economia
global são expressivas. Por um lado
a crise financeira americana persiste,
sem dar sinais de esgotamento num
futuro próximo. De outro, há uma
clara desaceleração da economia global, sobretudo nas economias centrais, representadas por Estados Unidos, União Européia e Japão. No
médio prazo, o impacto na economia brasileira poderá ser uma deterioração dos termos de troca e uma
reversão da taxa de câmbio. No curto
prazo, porém, o real deve seguir está-
vel, dado que sua trajetória foi reforçada pelo aumento do diferencial de
juros internos e externos.
O principal desafio interno de
curto prazo é, sem dúvida, a incerteza quanto à evolução das taxas de
juros. O boom das commodities no
mercado internacional proporcionou
efeitos ambíguos na economia brasileira. Assim como favoreceu os termos de troca e as exportações brasileiras, também se traduziu em pressões inflacionárias. Como a demanda interna dá sinais de aquecimento,
as elevações de preços anteriormente
limitadas aos alimentos começam a se
converter numa inflação menos pontual. Para conter o ajuste inflacionário, o Banco Central iniciou um novo
ciclo de alta de taxa de juros.
A evolução recente do mercado
de trabalho, combinada às expectativas de inflação e de crescimento econômico no médio prazo, sugere um
arrefecimento do consumo nos próximos meses. Contudo, a desaceleração do rendimento médio real do
trabalho vem sendo, em certa medida, contrabalançada pela redução do
desemprego, garantindo um ritmo
de expansão da massa real de rendimentos ainda semelhante ao observado no ano passado.
Da mesma forma, o novo ciclo de
aperto monetário tem se traduzido na
elevação significativa e generalizada
dos custos no mercado de crédito. Em
contrapartida, a ampliação dos prazos
médios dos empréstimos e financiamentos tem amortecido a queda na
Apesar das perspectivas
positivas, a economia
brasileira poderá apresentar
desaceleração no próximo
ano. Para o comércio e
prestadores de serviços,
recomenda-se cautela
contratação de novas operações.
Para o comércio, mesmo confirmando-se um cenário menos favorável às vendas, o faturamento real do
varejo deverá crescer nos próximos
meses, com desempenho próximo ao
observado em 2007. Hoje, o fator que
mais preocupa na evolução do crédito
à pessoa física e seus desdobramentos para o comércio varejista é o atual
descasamento entre o crescimento do
crédito e da massa real de salários.
Logo, alongamentos exagerados na
concessão de financiamentos sem contrapartida de prazos compatíveis na
captação de recursos constituem riscos que devem ser levados em conta
pelas empresas do setor.
Em suma, apesar das perspectivas
positivas, a economia brasileira poderá
apresentar desaceleração no próximo
ano. Para o comércio e para os prestadores de serviços, num quadro de elevações da taxa de juros, recomenda-se
cautela. A compatibilidade entre captação e concessão de recursos é fundamental para mitigar esses riscos.
novos desafios
Divulgação
O futuro requer visão
ampla e ação integrada
RICARDO LOUREIRO, PRESIDENTE DA UNIDADE DE NEGÓCIOS DE SERVIÇOS E
INFORMAÇÕES DE CRÉDITO PESSOA FÍSICA DA SERASA
Novas soluções permitem
uma atuação ajustada a
uma tendência que deve se
fortalecer no mercado
financeiro, sobretudo sob a
cultura do cadastro positivo:
a proposta de ofertas
diferenciadas para clientes
com menos risco
A Experian e a Serasa realizaram, recentemente, a Conferência
Vision América Latina 2008, um
rico e proveitoso encontro, no sentido amplo dessa palavra, com seus
clientes na região. Oportunidade
de convívio, ainda que breve, reflexões sobre o presente e o futuro,
compartilhamento de experiências,
aproximação e aprendizado, tudo
isso tornou a conferência um ponto
alto de nosso calendário este ano.
Um dos workshops da Vision foi
realizado com clientes de bancos,
financeiras e cartões de crédito, e
é sobre esse momento que gostaria
de focalizar aqui.
Pode ser que instigados pela palestra magna de Alvin Toffler, de abertura da conferência, que nos provocou a pensar sobre a revolução de
nossos tempos, que, em suma, é a
revolução do conhecimento, e a qual
nos impõe o desafio da circulação do
conhecimento; depois, sob a batuta
de Phil Rosenzweig, refletir sobre os
equívocos “básicos” no mundo dos
negócios e, em seguida, um olhar
agudo sobre a nossa realidade econômica, sob as luzes de Paulo Rabello
de Castro, enfim, instigados por tudo
isso, sentimos o conforto de, mais
tecnicamente, realizar um workshop
discutindo soluções integradas para
o ciclo de vida completo do cliente.
A compreensão do todo, que
28
permite enxergar sistemicamente o
negócio, e a atuação focada em cada
uma das fases do ciclo do negócio,
sem descuidar de nenhuma delas, visando aos melhores resultados, é o
propósito da Serasa e Experian, e
foi com essa orientação e determinação que evoluíram as nossas soluções
para o sistema financeiro.
A Serasa, em união com a Experian, líder mundial no mercado de informações, trouxe para o Brasil a experiência de mercados mais maduros
e ampliou o alcance de suas soluções
que agora abrangem, de forma integrada, as cinco fases do ciclo de negócios: a prospecção e segmentação;
a aquisição e concessão; o gerenciamento da carteira; a análise e otimização da carteira; e a cobrança.
Na prospecção e segmentação,
as ferramentas contribuem para aumentar a base de clientes, maximizando o retorno sobre investimento
na prospecção, com, entre outros
ganhos, a redução do custo de abordagem por meio de pré-qualifi cação do risco e a elevação no nível de
resposta às campanhas. Essas ferramentas permitem, ainda, uma atuação ajustada a uma tendência que
deve se fortalecer no mercado fi nanceiro, sobretudo sob a cultura
do cadastro positivo: a proposta de
ofertas diferenciadas para clientes
com menos risco.
FINANCEIRO
Na fase cujo objetivo seja aquisição e concessão, a Serasa dispõe de
um conjunto de ferramentas consolidadas que possibilita desde a confirmação de dados cadastrais, a análise do risco de crédito, de forma
ágil e padronizada, conforme políticas predefinidas pela instituição,
passando pela definição de limites
de crédito e a prevenção de fraudes
e de lavagem de dinheiro. Aqui é
necessário ressaltar a rapidez e a
qualidade que as ferramentas possibilitam, mesmo em processos de
natureza analítica e com um grande
número de variáveis, graças à total
automatização da solução.
As soluções para a fase do gerenciamento, análise e otimização da
carteira trazem oportunidades para
aumentar a rentabilidade com o
portfólio de clientes conquistados,
por meio de mecanismos de monitoramento de comportamento, so-
bretudo no segmento de cartões
de crédito (para ativação de clientes; antecipando risco de cash ou
de ativação tardia); oportunidades
de negócio com base em comportamento de crédito, em ações proativas; pelo gerenciamento de limites
e até cobrança preventiva.
E, completando o ciclo, a fase
de cobrança, que a cada dia exige
mais alternativas e estratégias que
ampliem a probabilidade de recuperação de dívidas, otimizando a
aplicação de recursos nessas ações.
Com base em avançados scorings,
o sistema financeiro pode diferenciar as estratégias de cobrança de
acordo com o perfil dos devedores, qualificando-os de acordo com
seu comportamento no mercado,
aumentando de maneira muito significativa as chances de recuperação,
sem desperdício.
A visão de todo o horizonte do
Com base em avançados
scorings, o sistema financeiro
pode diferenciar as
estratégias de cobrança de
acordo com o perfil dos
devedores, qualificando-os
de acordo com seu
comportamento no mercado
negócio, com todas as suas peculiaridades, necessidades e desafios,
com a investigação em profundidade de como atuar, fase por fase,
verticalmente, aplicando inteligência e tecnologia, nos dá a certeza de
que estamos maduros para a revolução que estamos vivendo, junto
com nossos clientes.
Notícias e informações
exclusivas do mundo
do crédito
www.acrefi.org.br
artigo
Divulgação
Aspectos jurídicos da
responsabilidade social
das instituições
financeiras
Imagine-se uma instituição financeira que conceda um financiamento a
uma usina de açúcar e álcool no interior do Brasil. À primeira vista, não
haveria nada errado – até se poderia
alegar que tal financiamento seria correto e responsável, na medida em que
o álcool seria um combustível renovável e menos poluidor do que a gasolina. Após algum tempo, um jornalista
publica uma reportagem num pequeno jornal da região onde se localiza
a usina, denunciando a contratação
– via intermediários conhecidos como
“gatos” – de trabalhadores sem direitos trabalhistas em condições análogas
à escravidão. No dia seguinte, a reportagem é reproduzida em um jornal
de grande circulação do eixo Rio–São
Paulo para, no outro dia, circular na
internet em inglês.
As autoridades governamentais responsáveis agem imediatamente, tomando as medidas necessárias para
punir a empresa infratora. Enquanto
isso, a diretoria jurídica da instituição
financeira analisa os fatos e conclui que
não haveria nenhum impacto, salvo um
eventual risco de inadimplemento, o
que estaria além do alcance de suas
competências. Em realidade, o financiamento não garantia qualquer ingerência da instituição financeira, o que
a insula, do ponto de vista essencialmente jurídico, de quaisquer riscos.
Contudo, ao se divulgar a notícia
do financiamento concedido pela instituição financeira, grandes investidores institucionais se desfazem de suas
ações. Premidos por compromissos éticos, esses investidores não podem conviver com ações socialmente irresponsáveis. Muitos desses investidores assumiram compromissos públicos de evitar
LEOPOLDO U. C. PAGOTTO, ADVOGADO DE XAVIER, BERNARDES, BRAGANÇA,
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
investimentos em empresas não comprometidas com políticas de responsabilidade social.
Esse hipotético cenário tem se repetido cada vez e com maior freqüência
no Brasil. Antes, o que era uma preocupação exclusiva de grandes empresas
brasileiras listadas nas bolsas do exterior transformou-se numa preocupação
constante de investidores no mercado
nacional. Se por um lado algumas atividades são terminantemente vetadas às
instituições financeiras, tais como lavagem de dinheiro, nada as impede de
agir com o mesmo padrão em situações
não suspeitas de crimes. Em que pese
o princípio “know your client ”, nada as
impede juridicamente de, conhecendo
o lado social negro desse cliente, celebrar contratos com ele.
Algumas instituições financeiras já
expandiram essa prática do “know your
client” para a política de crédito. Mais
do que isso, adotaram parâmetros para
decidir se o financiamento pode ser concedido ou não. Outras gastam milhões
em programas sociais de educação, cultura e saúde. Tudo isso é feito sem que
haja qualquer imposição jurídica ou aparente ganho – afinal, muitas dessas instituições sequer utilizam esses gastos como
parte de sua estratégia de marketing.
Nesse contexto, fica claro que os
mecanismos de auto-regulação podem
desempenhar um papel importante em
defesa das empresas que se comprometerem a agir responsavelmente do ponto
de vista social, ao adicionar um incentivo na implementação dessas ações.
Há vários organismos auto-reguladores,
completamente fora do aparato estatal,
que traçam regras e preceitos básicos
que devem ser respeitados por empresas, inclusive instituições financeiras.
30
No setor financeiro, os já mencionados Principles of Responsible Investment (PRI) constituem um exemplo,
aberto à participação de donos de ativos (asset owner), gerenciadores de
investimentos (investment manager) e
sociedades prestadoras de serviços profissionais correlatos. Mais do que uma
mera declaração de intenções, os PRI
impõem aos seus signatários o dever
de agir proativamente na integração
da responsabilidade social no processo
de tomada de decisão empresarial –
assim, na concessão de um financiamento àquela usina de açúcar e álcool,
a instituição financeira deveria ter buscado algum tipo de informação sobre a
forma de condução dos negócios.
Como todo mecanismo de autoregulação, a mera adesão é insuficiente.
O associado à entidade precisa agir de
acordo com as regras acordadas. Por
outro lado, a entidade precisa dispor
de capacidade para fiscalizar o cumprimento das regras e, eventualmente,
punir com a exclusão aquele que as desrespeita. Em outras palavras, a reputação da entidade auto-reguladora está
em jogo nessas situações. Por exemplo,
o termo de adesão das empresas ao
Programa Empresa Amiga da Criança,
da Fundação Abrinq, prevê o desligamento de empresas que deixarem de
cumprir com as obrigações assumidas.
Portanto, instituições financeiras
socialmente responsáveis agregam valor
ao seu portfólio ao adotarem mecanismos de compliance social nas suas atividades, quer seja por meio da adesão a
uma entidade, quer seja por meio da sua
própria autolimitação. Com isso, as instituições aderentes dessas práticas minimizam seus riscos e atraem investidores,
aumentando seu valor de mercado.
FINANCEIRO
banco de dados por INEPAD
TAXAS MÉDIAS
GERAL
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
35,9
35,7
35,5
35,4
34,7
33,8
37,3
37,4
37,6
37,4
37,6
38,0
39,4
-0,8
-0,2
-0,2
-0,1
-0,7
-0,9
3,5
0,1
0,2
-0,2
0,2
0,4
1,4
10,8
11,0
10,9
11,0
11,2
11,5
11,6
11,4
12,2
12,4
13,1
13,5
13,8
-0,1
0,2
-0,1
0,1
0,2
0,3
0,1
-0,2
0,8
0,2
0,7
0,4
0,3
25,1
24,7
24,6
24,4
23,5
22,3
25,7
26,0
25,4
25,0
24,5
24,5
25,6
-0,7
-0,4
-0,1
-0,2
-0,9
-1,2
3,4
0,3
-0,6
-0,4
-0,5
0,0
1,1
Variação jul-jul
3,5
3,0
0,5
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA FÍSICA
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
47,0
46,6
46,3
45,8
44,8
43,9
48,8
49,0
47,8
47,7
47,4
49,1
51,4
-0,8
-0,4
-0,3
-0,5
-1,0
-0,9
4,9
0,2
-1,2
-0,1
-0,3
1,7
2,3
10,7
11,3
11,3
11,3
11,5
12,0
12,2
12,1
12,5
13,1
13,9
14,4
14,8
0,0
0,6
0,0
0,0
0,2
0,5
0,2
-0,1
0,4
0,6
0,8
0,5
0,4
36,3
35,3
35,0
34,5
33,3
31,9
36,6
36,9
35,3
34,6
33,5
34,7
36,6
-0,8
-1,0
-0,3
-0,5
-1,2
-1,4
4,7
0,3
-1,6
-0,7
-1,1
1,2
1,9
Variação jul-jul
4,4
4,1
0,3
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA JURÍDICA
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
23,0
23,1
23,1
23,4
23,3
22,9
24,7
24,8
26,5
26,3
26,9
26,6
27,5
-0,8
-0,4
-0,3
-0,5
-1,0
-0,9
4,9
0,2
-1,2
-0,1
-0,3
1,7
2,3
10,9
10,7
10,5
10,7
11,0
11,0
11,0
10,7
11,8
11,9
12,4
12,7
13,0
-0,2
-0,2
-0,2
0,2
0,3
0,0
0,0
-0,3
1,1
0,1
0,5
0,3
0,3
12,1
12,4
12,6
12,7
12,3
11,9
13,7
14,1
14,7
14,4
14,5
13,9
14,5
-0,5
0,3
0,2
0,1
-0,4
-0,4
1,8
0,4
0,6
-0,3
0,1
-0,6
0,6
Variação jul-jul
4,5
2,1
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
31
2,4
banco de dados por INEPAD
SPREAD FINANCEIRO
CRÉDITO PESSOA FÍSICA
CRÉDITO PESSOAL
Volum e
R$ Milhões
45,0
40,0
35,0
Taxa de
Juros
130.000
56,00
120.000
54,00
110.000
30,0
SPREAD
FINANCEIRO
52,00
100.000
50,00
25,0
90.000
20,0
48,00
80.000
15,0
46,00
70.000
Aplicação
60.000
jul/08
jun/08
mai/08
abr/08
mar/08
fev/08
jan/08
dez/07
nov/07
out/07
set/07
ago/07
jul/07
10,0
44,00
jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul
07 07 07 07 07 07 08 08 08 08 08 08 08
Captação
Vo lume
Taxa de J uro s
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados - Recursos Livres (R$ milhões)
MÊS / ANO
CHEQUE
ESPECIAL
VARIAÇÃO
EM %
CRÉDITO
PESSOAL
VARIAÇÃO
EM %
FINANCIAMENTO
IMOBILIÁRIO
VARIAÇÃO
EM %
CARTÃO DE
CRÉDITO
VARIAÇÃO
EM %
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
14.155
13.834
13.963
14.580
14.405
12.937
14.061
14.786
15.059
15.469
15.521
15.659
15.499
1,8%
-2,3%
0,9%
4,4%
-1,2%
-10,2%
8,7%
5,2%
1,8%
2,7%
0,3%
0,9%
-1,0%
93.095
94.219
95.506
97.667
99.739
99.884
102.317
106.702
108.860
111.616
114.176
115.214
117.180
2,8%
1,2%
1,4%
2,3%
2,1%
0,1%
2,4%
4,3%
2,0%
2,5%
2,3%
0,9%
1,7%
260
279
294
315
330
349
361
378
393
422
440
466
482
-5,9%
7,1%
5,4%
7,3%
4,8%
5,7%
3,5%
4,6%
3,9%
7,4%
4,3%
5,8%
3,4%
16.140
16.448
16.674
17.016
17.610
17.275
17.844
18.533
18.910
19.566
19.930
20.245
20.468
1,7%
1,9%
1,4%
2,0%
3,5%
-1,9%
3,3%
3,9%
2,0%
3,5%
1,9%
1,6%
1,1%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação Recursos Livres (R$ milhões)
AQUISIÇÃO
MÊS / ANO
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
VEÍCULOS
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
72.195
74.186
76.125
78.017
79.541
81.479
82.712
83.246
83.657
83.850
84.108
83.917
83.955
1,6%
2,8%
2,6%
2,5%
2,0%
2,4%
1,5%
0,6%
0,5%
0,2%
0,3%
-0,2%
0,0%
11.185
11.383
11.434
11.688
11.945
12.447
12.789
12.055
11.956
11.860
11.903
11.808
12.034
1,7%
1,8%
0,4%
2,2%
2,2%
4,2%
2,7%
-5,7%
-0,8%
-0,8%
0,4%
-0,8%
1,9%
83.381
85.569
87.559
89.705
91.485
93.926
95.501
95.301
95.612
95.711
96.010
95.725
95.989
1,6%
2,6%
2,3%
2,5%
2,0%
2,7%
1,7%
-0,2%
0,3%
0,1%
0,3%
-0,3%
0,3%
11.456
11.691
11.459
11.600
11.979
11.890
12.272
9.946
9.931
10.377
10.761
10.634
11.009
3,0%
2,1%
-2,0%
1,2%
3,3%
-0,7%
3,2%
-19,0%
-0,1%
4,5%
3,7%
-1,2%
3,5%
218.487
222.039
225.455
230.882
235.550
236.261
242.356
245.646
248.765
253.161
256.839
257.943
260.626
2,2%
1,6%
1,5%
2,4%
2,0%
0,3%
2,6%
1,4%
1,3%
1,8%
1,5%
0,4%
1,0%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
32
FINANCEIRO
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO
MÊS / ANO
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
Var. jul-jul
CRÉDITO
PESSOAL*
104.311
106.154
107.540
109.847
112.182
112.467
115.125
119.866
122.525
125.498
128.352
129.766
132.574
27,10%
CONSIGNADO
Públicos
Privados
Total
Amostra**
51.080
52.144
52.967
54.398
55.732
56.179
57.123
58.449
59.444
60.791
61.984
62.496
63.479
24,27%
7.501
7.779
7.868
8.229
8.363
8.506
8.752
8.995
9.215
9.489
9.754
9.929
10.165
35,52%
58.581
59.924
60.835
62.627
64.096
64.686
65.875
67.444
68.660
70.280
71.739
72.425
73.644
25,71%
39.184
40.693
41.305
42.370
43.435
43.655
44.106
44.839
45.735
45.735
45.735
45.735
45.735
16,72%
% Consignado***
(R$ milhões)
Concentração
Taxa de Juros %aa
do Consignado
Estimativa INEPAD Consignado
Pessoal
Diferença
56,2%
56,5%
56,6%
57,0%
57,1%
57,5%
57,2%
56,3%
56,0%
56,0%
55,9%
55,8%
55,5%
-1,09%
66,9%
67,9%
67,9%
67,7%
67,8%
67,5%
67,0%
66,5%
66,6%
65,1%
63,8%
63,1%
62,1%
-7,16%
30,9%
30,9%
30,6%
29,9%
28,7%
28,1%
29,4%
28,8%
26,9%
26,9%
27,5%
27,7%
28,4%
-8,07%
50,6%
49,9%
49,4%
48,9%
46,8%
45,8%
53,1%
52,6%
50,5%
50,6%
48,4%
51,4%
53,6%
5,93%
19,7%
19,0%
18,8%
19,0%
18,1%
17,7%
23,7%
23,8%
23,6%
23,7%
20,9%
23,7%
25,2%
27,92%
FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS
CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)
Mês/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
83.998.607
85.025.566
86.121.220
87.990.401
89.883.995
90.711.792
92.449.829
96.761.783
98.527.512
101.022.018
103.022.153
104.407.365
105.848.552
2.069.028
2.085.416
2.025.750
2.282.817
2.177.904
1.656.724
2.125.426
1.952.962
2.156.672
2.244.679
2.368.574
2.228.419
2.402.293
2,22%
2,21%
2,12%
2,34%
2,18%
1,66%
2,08%
1,83%
1,98%
2,01%
2,07%
1,93%
2,05%
2.088.671
2.055.724
2.161.980
2.274.612
2.392.134
2.237.911
2.262.051
2.465.458
2.639.208
2.621.165
2.771.174
2.739.895
2.790.573
2,24%
2,18%
2,26%
2,33%
2,40%
2,24%
2,21%
2,31%
2,42%
2,35%
2,43%
2,38%
2,38%
4.938.496
5.052.267
5.197.355
5.118.794
5.285.358
5.277.475
5.479.643
5.522.235
5.536.722
5.727.793
6.013.821
5.838.192
6.138.100
5,30%
5,36%
5,44%
5,24%
5,30%
5,28%
5,36%
5,18%
5,09%
5,13%
5,27%
5,07%
5,24%
93.094.802
94.218.973
95.506.305
97.666.624
99.739.391
99.883.902
102.316.949
106.702.438
108.860.114
111.615.655
114.175.722
115.213.871
117.179.518
2,85%
1,21%
1,37%
2,26%
2,12%
0,14%
2,44%
4,29%
2,02%
2,53%
2,29%
0,91%
1,71%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)
Mês/Ano
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
Saldo
Com atraso
sem atraso
de 15 a 30 dias
64.702.492
66.872.373
68.580.587
70.253.132
71.794.658
73.543.216
74.637.113
74.828.727
74.416.737
74.691.316
74.661.062
74.772.743
74.798.261
2.467.511
2.398.659
2.373.528
2.571.251
2.422.298
2.637.569
2.654.164
2.624.845
3.001.601
2.842.291
2.984.575
2.834.145
2.909.183
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
3,42%
3,23%
3,12%
3,30%
3,05%
3,24%
3,21%
3,15%
3,59%
3,39%
3,55%
3,38%
3,47%
2.701.213
2.563.719
2.690.668
2.804.002
2.881.636
2.844.229
2.871.003
3.115.683
3.468.378
3.416.415
3.371.102
3.309.526
3.159.767
3,74%
3,46%
3,53%
3,59%
3,62%
3,49%
3,47%
3,74%
4,15%
4,07%
4,01%
3,94%
3,76%
2.324.273
2.350.787
2.479.760
2.388.452
2.442.005
2.454.295
2.549.765
2.676.428
2.770.135
2.900.394
3.091.054
3.000.720
3.087.751
3,22%
3,17%
3,26%
3,06%
3,07%
3,01%
3,08%
3,22%
3,31%
3,46%
3,68%
3,58%
3,68%
72.195.489
74.185.538
76.124.543
78.016.837
79.540.597
81.479.309
82.712.045
83.245.683
83.656.851
83.850.416
84.107.793
83.917.134
83.954.963
1,61%
2,76%
2,61%
2,49%
1,95%
2,44%
1,51%
0,65%
0,49%
0,23%
0,31%
-0,23%
0,05%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
33
banco de dados por INEPAD
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
8.638.250
8.835.707
8.871.453
9.041.106
9.320.039
9.841.313
10.000.239
9.328.599
9.161.157
9.028.439
9.073.687
8.943.932
9.186.969
511.622
509.350
513.139
530.363
547.612
507.676
598.271
557.024
621.470
591.210
570.362
555.532
559.627
4,57%
4,47%
4,49%
4,54%
4,58%
4,08%
4,68%
4,62%
5,20%
4,98%
4,79%
4,70%
4,65%
592.191
576.446
599.807
620.679
608.934
561.225
598.402
656.068
736.038
713.810
683.873
672.979
630.326
5,29%
5,06%
5,25%
5,31%
5,10%
4,51%
4,68%
5,44%
6,16%
6,02%
5,75%
5,70%
5,24%
1.443.056
1.461.461
1.449.584
1.495.576
1.468.106
1.536.891
1.591.703
1.513.406
1.436.965
1.526.906
1.574.622
1.635.845
1.656.669
12,90%
12,84%
12,68%
12,80%
12,29%
12,35%
12,45%
12,55%
12,02%
12,87%
13,23%
13,85%
13,77%
11.185.119
11.382.964
11.433.983
11.687.724
11.944.691
12.447.105
12.788.615
12.055.097
11.955.630
11.860.365
11.902.544
11.808.288
12.033.591
1,74%
1,77%
0,45%
2,22%
2,20%
4,21%
2,74%
-5,74%
-0,83%
-0,80%
0,36%
-0,79%
1,91%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO
Julho/2008 (em R$ mil)
21%
Atraso de mais
de 90 dias
6.138.100
54%
25%
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO
Julho/2008 (em R$ mil)
Atraso de
15 a 30 dias
2.402.293
Atraso de mais
de 90 dias
3.087.751
Atraso de
31 a 90 dias
2.790.573
20%
58%
22%
32%
34%
Atraso de
31 a 90 dias
3.159.767
INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO
Julho/2008 (em R$ mil)
Atraso de
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO
Julho/2008 (em R$ mil)
Atraso de mais
de 90 dias
1.656.669
34%
Atraso de
15 a 30 dias
2.909.183
15 a 30 dias
404.990
Atraso de
15 a 30 dias
559.627
14%
Atraso de mais
de 90 dias
1.701.214
61%
25%
Atraso de
31 a 90 dias
630.326
Atraso de
31 a 90 dias
705.333
OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
8.423.342
8.527.240
8.421.625
8.535.033
8.793.582
9.094.393
9.317.503
6.977.999
7.135.770
7.413.392
7.639.437
7.979.469
8.197.355
437.103
419.638
406.144
436.743
391.648
346.857
419.500
390.555
393.928
419.332
396.545
364.998
404.990
3,82%
3,59%
3,54%
3,77%
3,27%
2,92%
3,42%
3,93%
3,97%
4,04%
3,68%
3,43%
3,68%
778.089
769.093
773.997
744.062
766.712
745.291
736.306
738.217
781.798
768.969
771.992
749.909
705.333
6,79%
6,58%
6,75%
6,41%
6,40%
6,27%
6,00%
7,42%
7,87%
7,41%
7,17%
7,05%
6,41%
1.817.103
1.975.135
1.857.110
1.884.056
2.027.204
1.703.226
1.799.061
1.838.773
1.619.166
1.775.117
1.953.249
1.539.449
1.701.214
15,86%
16,89%
16,21%
16,24%
16,92%
14,33%
14,66%
18,49%
16,30%
17,11%
18,15%
14,48%
15,45%
11.455.638
11.691.106
11.458.876
11.599.894
11.979.146
11.889.767
12.272.370
9.945.544
9.930.662
10.376.810
10.761.223
10.633.825
11.008.892
3,01%
2,06%
-1,99%
1,23%
3,27%
-0,75%
3,22%
-18,96%
-0,15%
4,49%
3,70%
-1,18%
3,53%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
34
FINANCEIRO
DESEMPREGO
TAXA DE DESEMPREGO (%)
DATA
Brasil
Var. p.p.
SP
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
9,50
9,50
9,00
8,70
8,20
7,40
8,00
8,70
8,60
8,50
7,90
7,80
8,10
-0,20
0,00
-0,50
-0,30
-0,50
-0,80
0,60
0,70
-0,10
-0,10
-0,60
-0,10
0,30
10,30
10,10
9,40
9,50
8,80
8,00
8,60
9,30
9,40
9,40
8,60
8,20
8,30
TAXA DE DESEMPREGO
Taxa (%)
Var. p.p.
0,10
-0,20
-0,70
0,10
-0,70
-0,80
0,60
0,70
0,10
0,00
-0,80
-0,40
0,10
Fonte: IBGE/INEPAD
Variação (p.p.)
12,0
1,00
11,5
0,80
11,0
0,60
10,5
0,40
10,0
0,20
9,5
0,00
9,0
-0,20
8,5
-0,40
8,0
-0,60
7,5
-0,80
7,0
-1,00
ago
07
jul
07
set
07
out
07
nov
07
Brasil
dez
07
jan
08
SP
fev
08
mar
08
abr
08
mai
08
jun
08
jul
08
Var. p.p. mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
RENDIMENTO MÉDIO REAL
HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
DATA
Brasil
Var. %
SP
Var. %
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
1.188,22
1.182,64
1.185,96
1.192,39
1.208,48
1.219,29
1.219,34
1.232,39
1.225,60
1.238,12
1.226,35
1.223,00
1.224,40
1,3%
-0,5%
0,3%
0,5%
1,3%
0,9%
0,0%
1,1%
-0,6%
1,0%
-1,0%
-0,3%
0,1%
1.303,61
1.305,51
1.306,56
1.325,35
1.338,49
1.377,21
1.386,26
1.399,36
1.372,09
1.369,45
1.354,96
1.345,99
1.340,10
0,7%
0,1%
0,1%
1,4%
1,0%
2,9%
0,7%
0,9%
-1,9%
-0,2%
-1,1%
-0,7%
-0,4%
Fonte: IBGE/INEPAD
1.450
1.400
1.350
1.300
1.250
1.200
1.150
1.100
1.050
1.000
950
900
850
800
750
700
1,5%
1,0%
0,5%
0,0%
-0,5%
-1,0%
-1,5%
ago
07
jul
07
set
07
out
07
nov
07
Brasil
SP
dez
07
jan
08
fev
08
mar
08
abr
08
mai
08
jun
08
jul
08
Var. % mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
COMÉRCIO VAREJISTA
VOLUME DE VENDAS
VOLUME DE VENDAS
Data
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
Variação
jul-jul
Hipermercados e
Veículos,Motos,
Índice
Var. %
Var. %
Var. %
Geral
Supermercados
Partes e Peças
127,48
128,08
133,30
130,40
135,47
138,31
187,17
135,83
125,72
142,04
135,47
148,06
137,92
8,2%
-4,4%
0,5%
4,1%
-2,2%
3,9%
2,1%
35,3%
-27,4%
-7,4%
13,0%
-4,6%
9,3%
-6,8%
121,80
121,92
124,64
126,35
126,79
127,35
162,97
125,74
120,44
137,98
125,34
132,27
123,32
1,2%
-0,4%
0,1%
2,2%
1,4%
0,3%
0,4%
28,0%
-22,8%
-4,2%
14,6%
-9,2%
5,5%
-6,8%
149,63
160,25
178,38
156,60
183,46
177,36
170,06
164,53
156,62
176,60
186,77
179,22
189,26
200,00
-4,6%
7,1%
11,3%
-12,2%
17,2%
-3,3%
-4,1%
-3,3%
-4,8%
12,8%
5,8%
-4,0%
5,6%
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
jul
07
set
07
Índice Geral
26,5%
Fonte: IBGE/INEPAD
ACREFI
ago
07
35
out nov dez
07
07
07
jan
08
fev mar abr mai jun
08 08 08 08 08
Hipermercados e
Supermercados
jul
08
Veículos, Motos,
Partes e Peças
banco de dados por INEPAD
PREVISÕES ECONÔMICAS
Ano de 2008
PIB Total % a.a.
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
4,50
4,83
4,84
4,83
4,85
4,19
4,30
4,19
4,64
5,10
5,16
5,22
4,29
4,60
4,56
4,56
5,82
5,43
5,50
5,62
Selic
Taxa anual
IGP-DI
% a.a.
IPCA
% a.a.
Taxa de Câmbio
R$/US$
Saldo Comercial
US$ bilhões
11,10
12,74
12,78
12,78
4,51
11,36
10,46
10,35
4,28
6,44
6,34
6,29
1,80
1,66
1,66
1,67
31,89
23,40
23,75
23,87
Taxa da Utilização da
Capacidade Instalada
Var. p.p.
DATA
Previsão 02/01/2008
4 semanas antes
1 semana antes
Previsão 05/09/2008
Ano de 2008
Previsão 02/01/2008
4 semanas antes
1 semana antes
Previsão 05/09/2008
Fonte: BC-Focus/INEPAD
ATIVIDADE ECONÔMICA
DATA
Índice de Produção Física
Média Móvel Trimestral
Var. %
jul/07
82,40
-0,10
jul/07
121,90
0,74%
ago/07
83,40
1,00
ago/07
122,73
0,68%
set/07
83,10
-0,30
set/07
122,95
0,18%
out/07
84,30
1,20
out/07
124,63
1,37%
nov/07
84,30
0,00
nov/07
124,95
0,26%
dez/07
81,3
-3,00
dez/07
125,17
0,18%
jan/08
81,64
0,34
jan/08
124,79
-0,30%
fev/08
81,80
0,16
fev/08
125,06
0,22%
mar/08
82,60
0,80
mar/08
125,89
0,66%
abr/08
82,90
0,30
abr/08
126,03
0,11%
mai/08
82,80
-0,10
mai/08
126,20
0,13%
jun/08
83,30
0,50
jun/08
127,20
0,79%
jul/08
83,50
0,20
jul/08
128,54
1,05%
Variação jul-jul
1,33%
Variação jul-jul
Fonte: CNI/INEPAD
5,45%
Fonte: IBGE/INEPAD
PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%)
Capacidade (%)
Produção - Índice
85,0
130
128
84,0
126
124
122
120
118
83,0
82,0
Fonte: INEPAD
T a xa d a Ut i l i za ção
d a C a p a c i d a d e In s t a l a d a
jul/08
jun/08
mai/08
abr/08
mar/08
fev/08
jan/08
dez/07
112
110
nov/07
79,0
out/07
114
set/07
80,0
ago/07
116
jul/07
81,0
Ín d i c e d e P r o d u ção F ís i c a
M éd i a M ó v e l T r i m e s t r a l
36
FINANCEIRO
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS
PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
(em unidades)
Data
Produção
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
279.008
252.911
299.251
271.201
220.772
253.700
251.899
282.926
300.551
289.884
303.784
317.777
314.695
Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)
263.819
265.988
277.057
274.454
263.741
248.558
242.124
262.842
278.459
291.120
298.073
303.815
312.085
12.964
-26.097
46.340
-28.050
-50.429
32.928
-1.801
31.027
17.625
-10.667
13.900
13.993
-3.082
Variação ago-ago
4,9%
-9,4%
18,3%
-9,4%
-18,6%
14,9%
-0,7%
12,3%
6,2%
-3,5%
4,8%
4,6%
-1,0%
(em unidades)
320.000
300.000
280.000
260.000
240.000
220.000
200.000
180.000
ago
07
set
07
out
07
nov
07
dez
07
jan
08
Produção
12,8%
fev
08
mar
08
abr
08
mai
08
jun
08
jul
08
ago
08
mai
08
jun
08
jul
08
jun
08
jul
08
ago
08
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
(em unidades)
Data
Vendas
Média Trim.
Variação
Variação(%)
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
217.405
239.648
222.868
252.823
242.612
207.322
214.213
217.073
248.964
267.405
261.486
279.382
287.600
211.250
221.563
226.640
238.446
239.434
234.252
221.382
212.869
226.750
244.481
259.285
269.424
276.156
9.769
22.243
-16.780
29.955
-10.211
-35.290
6.891
2.860
31.891
18.441
-5.919
17.896
8.218
4,7%
10,2%
-7,0%
13,4%
-4,0%
-14,5%
3,3%
1,3%
14,7%
7,4%
-2,2%
6,8%
2,9%
Variação jul-jul
(em unidades)
260.000
245.000
230.000
215.000
200.000
185.000
170.000
155.000
140.000
jul
07
ago
07
set
07
out
07
nov
07
dez
07
Vendas
32,3%
jan
08
fev
08
mar
08
abr
08
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
EXPORTAÇÃO TOTAL
EXPORTAÇÃO TOTAL
(em unidades)
(em unidades)
Data
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
Exportações Média Trim.
67.911
64.575
78.993
59.586
56.005
53.959
55.843
64.489
65.333
55.187
66.382
62.981
67.937
Variação ago-ago
71.604
71.882
70.493
67.718
64.861
56.517
55.269
58.097
61.888
61.670
62.301
61.517
65.767
Variação
Variação(%)
-15.250
-3.336
14.418
-19.407
-3.581
-2.046
1.884
8.646
844
-10.146
11.195
-3.401
4.956
-18,3%
-4,9%
22,3%
-24,6%
-6,0%
-3,7%
3,5%
15,5%
1,3%
-15,5%
20,3%
-5,1%
7,9%
85.000
80.000
75.000
70.000
65.000
60.000
55.000
50.000
45.000
ago
07
out
07
nov
07
Exportações
0,0%
Fonte: Anfavea/INEPAD
ACREFI
set
07
37
dez
07
jan
08
fev
08
mar
08
abr
08
mai
08
Média trimestral
banco de dados por INEPAD
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades)
Data
Vendas
1000cc
% no Total
1000cc a 2000cc
% no total
>2000cc
% no total
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
187.803
180.301
194.585
188.575
192.436
169.530
158.688
182.356
205.460
191.262
200.697
224.772
188.082
102.133
84.823
97.879
96.074
98.920
86.754
83.942
94.966
104.461
97.103
103.398
115.919
97.884
54,4%
47,0%
50,3%
50,9%
51,4%
51,2%
52,9%
52,1%
50,8%
50,8%
51,5%
51,6%
52,0%
83.617
93.689
93.690
89.677
90.728
80.554
72.870
84.998
97.585
91.071
94.071
105.607
87.229
44,5%
52,0%
48,1%
47,6%
47,1%
47,5%
45,9%
46,6%
47,5%
47,6%
46,9%
47,0%
46,4%
2.053
1.789
3.016
2.824
2.788
2.222
1.876
2.392
3.414
3.088
3.228
3.246
2.969
1,1%
1,0%
1,5%
1,5%
1,4%
1,3%
1,2%
1,3%
1,7%
1,6%
1,6%
1,4%
1,6%
Fonte: Anfavea/INEPAD
LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS
100.000
90.000
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
ago
07
set
07
out
07
nov
07
dez
07
jan
08
fev
08
1000 cc
mar
08
SALDO TOTAL
TAXAS DE JUROS
SALDO TOTAL
93.095
94.219
95.506
97.667
99.739
99.884
102.317
106.702
108.860
111.616
114.176
115.214
117.180
3,47
3,43
3,40
3,37
3,25
3,19
3,61
3,58
3,47
3,47
3,34
3,52
3,64
-0,03
-0,04
-0,03
-0,03
-0,12
-0,06
0,42
-0,03
-0,12
0,01
-0,13
0,17
0,12
50,60
49,90
49,40
48,90
46,80
45,80
53,10
52,60
50,50
50,60
48,40
51,40
53,60
-0,50
-0,70
-0,50
-0,50
-2,10
-1,00
7,30
-0,50
-2,10
0,10
-2,20
3,00
2,20
R$ milhões
72.195
74.186
76.125
78.017
79.541
81.479
82.712
83.246
83.657
83.850
84.108
83.917
83.955
jun
08
jul
08
ago
08
(R$ milhões)
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS
% Variação % Variação
MÊS/ANO R$ milhões
a.m.
p.p
a.a.
p.p
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
mai
08
1000 cc a 2000 cc
TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA
CRÉDITO PESSOAL
abr
08
TAXAS DE JUROS
% Variação
a.m.
p.p
2,12
2,12
2,12
2,11
2,11
2,13
2,29
2,29
2,22
2,20
2,25
2,28
2,35
-0,05
0,00
0,00
-0,01
0,01
0,02
0,16
0,00
-0,07
-0,02
0,05
0,03
0,06
SALDO TOTAL
% Variação
a.a.
p.p
28,66
28,68
28,63
28,44
28,53
28,76
31,20
31,20
30,10
29,80
30,60
31,10
32,10
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
-0,77
0,02
-0,05
-0,19
0,09
0,23
2,44
0,00
-1,10
-0,30
0,80
0,50
1,00
R$ milhões
11.185
11.383
11.434
11.688
11.945
12.447
12.789
12.055
11.956
11.860
11.903
11.808
12.034
TAXAS DE JUROS
% Variação
a.m.
p.p
3,70
3,73
3,73
3,70
3,69
3,80
3,79
3,76
3,85
3,80
3,89
3,81
3,87
-0,03
0,03
0,00
-0,03
-0,01
0,12
-0,01
-0,03
0,09
-0,06
0,09
-0,08
0,06
%
a.a.
Variação
p.p
54,70
55,19
55,15
54,67
54,46
56,53
56,30
55,80
57,40
56,40
58,10
56,70
57,70
-0,59
0,49
-0,04
-0,48
-0,21
2,07
-0,23
-0,50
1,60
-1,00
1,70
-1,40
1,00
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
38
FINANCEIRO
Seu evento
no coração de São Paulo
Lgo São Bento
Vi
ad
o
le
Va
do
Ch
á
a
Ru
o
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ão
Jo
ão
ó
ar
d
Ba
Pça Antonio Prado
Rua B o a V
ut
do
ú
ba
a
g
an
h
An
Av
.S
ista
Pça do Patriarca
Recepção
Auditório para 90 pessoas
Lounge
Salão Coffee Break/Refeições
• Conference Room • Sistema audiovisual completo • Plasma TV
Informações e reservas – Tel.: (11) 3107-7177
Centro de
Eventos
ACREFI
No coração de São Paulo
XX CONGRESSO FIBAFIN
FEDERACIÓN IBEROAMERICANA DE ASOCIACIONES FINANCIERAS
Realização
Crédito ao Consumo: Perspectivas de Médio e Longo Prazo
Dias 17 e 18 de novembro de 2008 no
Novotel Jaraguá São Paulo Conventions, em São Paulo, SP
Especialistas da Espanha e de diversos países da América Latina estarão reunidos nos dias
17 e 18 de novembro no Novotel Jaraguá São Paulo Conventions para discutir as perspectivas
do crédito ao consumidor a partir de 2009.
O Congresso da Federación Iberoamericana de Asociaciones Financieras, que este ano se realiza
no Brasil, sob a responsabilidade da Acrefi, será uma oportunidade única de reflexão e
debate sobre o futuro do setor no País, no continente e no mundo.
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