Financeiro A revista do crédito ano 7 nº 58 mai-jun/2009 CADASTRO POSITIVO TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES ©iStockPhoto.com/Guillermo Perales Incentivo à concessão de crédito e redução de juros Artigo Nossa Caixa Desenvolvimento apoia expansão econômica paulista Análise setorial Crise financeira internacional e bancos brasileiros Editorial: Importância do crédito no desenvolvimento do País Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br Divulgação Diretoria Presidente Adalberto Savioli Vice-Presidentes Álvaro Augusto Vidigal, Aquiles Leonardo Diniz, Carlos Henrique Zanvettor, Érico Sodré Quirino Ferreira, José Arthur Lemos de Assunção, Luis Felix Cardamone Neto, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola e Wilson Masao Kuzuhara Secretários Cláudio Messias Ferro e Edson Ueda Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Pereira Capella Diretores Regionais Antônio Roberto Beldi (SP), Carlos Alberto Samogim (SP - Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Felicitas Renner (RS), Pedro Costa Carvalho (RJ), Sérgio Faria Lemos da Fonseca Junior (DF) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Executivos Gunnar Murilo, José Renato Simão Borges, Morris Dayan, Sandro Alexandre de Almeida, Sergio Antônio Cipovicci e Sérgio Barbanti Diretores Conselheiros Leonel Dias de Andrade Neto, Marcelo Torresi, Marcio Ronconi de Oliveira, Marcus André Oliveira, Paulo Roberto Tabaquim, Paulo Sérgio Borsato, Roberto Bronzere e Rubens Bution Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon. Membros: Alencar Burti (ACSP), Francisco Valim (SERASA), Jackson Schneider (ANFAVEA), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC) e Sergio Antonio Reze (FENABRAVE) Conselho Fiscal Domingos Spina e Istvan Karoly Kasznar. Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Economista-Chefe Istvan Karoly Kasznar Consultor Jurídico Cassio M. C. Penteado Jr. Financeiro A revista do crédito ISSN 1809-8843 Conselho Editorial: Adalberto Savioli, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial: Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável: Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfica: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão: Eskenazi; Periodicidade: bimestral Tiragem: 20.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito. Adalberto Savioli, Presidente da Acrefi Credibilidade e segurança. É disso que estamos falando quando analisamos a liquidez na economia e o volume de crédito disponível. Um bom modo de aferir quão confiável é um país é verificar como está a relação entre financiamento e Produto Interno Bruto (PIB). Esse tipo de análise nunca foi tão importante quanto atualmente, num mundo que esteve cambaleando diante de uma crise econômica sem precedentes. E a relevância de ter credibilidade, de ser sólido e seguro também nunca foi tão grande, inclusive no Brasil, que sofreu desaceleração no ritmo de crescimento, mas não parou com a crise. Até agosto do ano passado, o setor bancário vivia um de seus melhores momentos no Brasil, superando R$ 1,2 trilhão em crédito e com os resultados líquidos das 200 principais instituições tendo aumentado 146% em cinco anos e atingido mais de R$ 37 bilhões. Seus ativos totais sofreram uma queda no quarto trimestre de 2008, mas já iniciaram o segundo trimestre de 2009 em recuperação. Em nações como Estados Unidos e Japão, por exemplo, o volume de crédito em relação ao PIB é muito maior do que no Brasil, superando 180% do PIB. Na Europa, chega a 160% em países como Grã-Bretanha e Suíça, e a 90%, na Itália e na França. Enquanto isso, aqui no Brasil, o percentual não passa ainda dos 43%. Mas, apesar disso, o cenário é promissor. Os bancos brasileiros estão muito bem. Se forem comparados com os de outras nações, estão ainda melhor. O valor de mercado dos dez principais bancos norte-americanos caiu 75%, e os bancos brasileiros perderam muito menos. Agora, o tempo é de transição – da crise econômica global para fora dela –, de retomada do ritmo nos principais mercados do mundo. E mais uma vez, o crédito bem dosado é fundamental para gerar mais consumo e investimento que, por sua vez, implicam mais crescimento e desenvolvimento. Para continuar fazendo o crédito crescer no Brasil, o recém-aprovado cadastro positivo é um instrumento importante que engloba dados pré-autorizados pelo consumidor sobre sua vida financeira e, principalmente, seu bom comportamento diante das ferramentas de crédito. É o maior valor que um comprador pode apresentar ao candidatar-se a uma linha de financiamento – e um bom nome na praça deve ser premiado com a oferta de mais facilidades, de aprovação de crédito mais rápida, linhas e prazos mais elásticos. Trata-se de algo maior do que uma lista de bons pagadores: é um direito de quem mantém seus pagamentos em dia, e um bom balizador para quem concede crédito e tem de ser cada vez mais rigoroso na gestão dos riscos. Nesta edição: 4 Crédito O cadastro positivo permitirá juros menores ao tomador no Brasil 12 Artigo Nossa Caixa Desenvolvimento, mola indutora da expansão econômica paulista 14 Tendência Setor mineral 18 Artigo Folga para a distensão da política monetária 21 Artigo 22 Política econômica Projeto negativo A redução do superávit primário ameaça a sustentabilidade das finanças públicas brasileiras? 26 Conjuntura Spread bancário: uma contribuição para o debate 28 Artigo Olhar pelo retrovisor ajuda a enxergar a estrada a nossa frente: o caso do crédito 30 Questão jurídica O dano moral e os cadastros de inadimplentes 32 Análise econômica As folgas da política monetária e fiscal 35 Artigo A importância do “plano B” 36 Artigo A autenticação da identidade em tempo real 38 Análise setorial Impactos da crise financeira internacional no resultado dos bancos brasileiros 40 Banco de dados Crédito: O cadastro positivo permitirá juros menores ao tomador no Brasil por Istvan Kasznar ©iStockPhoto.com/MaMoPictures Maio/2009 FINANCEIROACREFI A concessão de crédito à pessoa física lida com questões delicadas. Os indivíduos querem receber mais crédito, para consumir à vista e realizar seus sonhos no presente. Em troca, prometem pagar no futuro o principal mais os juros de contrato que assinaram. No Brasil, os instrumentos de análise e cadastramento de dados das pessoas físicas são limitados, produzidos internamente pelas financeiras e bancos, pelos comerciantes e por agências que vendem informações. E grande parte destas se monta sobre informações de dívidas vencidas, inadimplências e atrasos variados, criando-se o cadastro negativo. Esse cadastro negativo espelha e mostra apenas uma parte da realidade do consumidor e o retrata na sua face mais complicada, a de passivos e dívidas não pagas ou pendentes por uma ou outra razão. Dessa forma, o uso dos cadastros tradicionais negativos subdimensiona a capacidade real que os consumidores brasileiros possuem de tomar e assumir créditos. E inúmeras informações boas, qualificadas, de lata credibilidade e que mostram o perfil do bom pagador, que cumpre por longos anos seus compromissos, são detidas por organizações idôneas, que podem compartilhar de um banco de dados munido de adequada tecnologia de informação (TI), para mostrar no cadastro positivo a capacidade real de pagamento e de assunção de compromissos do consumidor. O crédito positivo é um instrumento que traz consigo as vantagens do fortalecimento e da qualificação dos mercados de crédito. Nos países em que foi adotado, o volume de crédito aumentou suavemente; as taxas de inadimplência caíram e as taxas de juros dos bons pagadores diminuíram. Naturalmente, isso não ocorreu de forma linear, mas, no plano geral, as vantagens do instrumento superaram as dores de cabeça iniciais geradas por sua implementação. Desde 2001, busca-se a aprovação desse projeto de cadastro positivo no Brasil. Por tratar-se de um tema delicado, deixa naturalmente os agentes econômicos com ceticismos. Contudo, bem administrado, ajuda decisivamente na minoração da assimetria na informação. A aprovação na Câmara dos Deputados, no dia 19 de maio de 2009, do projeto de lei que cria o cadastro positivo sofisticará os processos analíticos de crédito e as relações do mercado de capitais no Brasil. Tanto consumidores quanto instituições financeiras deverão estar preparados para uma nova etapa de aperfeiçoamento das relações financeiras. Tanto consumidores quanto instituições financeiras devem estar preparados para uma nova etapa de relação cipando sonhos e realizações, e lhes aumenta o bem-estar. O crédito facilita um consumo maior, que não poderia ser feito sem a ajuda de um credor, cujo esforço em captar poupanças desemboca na capacidade de identificar bons devedores, que pagarão o principal que tomaram, mais os juros, no futuro. Assim como o crédito é fundamental para gerar mais consumo e investimento, e com isso gerar crescimento e desenvolvimento econômico, a sua dosagem é imprescindível. Abusos levam a pagamentos de dívidas com dificuldades crescentes e potencialmente à inadimplência. Por essa razão, cabe às pessoas praticarem a demanda e o uso do crédito responsável, bem dosado. Nesse sentido, o crédito, para ser concedido adequadamente, há de se relacionar à capacidade de pagamento do devedor, logo à sua renda líquida; aos compromissos assumidos e por assumir; aos fluxos de dívidas presentes e futuras a pagar e variáveis afins. E para ter esse conhecimento e facilitar a tramitação do crédito, os credores, financeiras, bancos e comércio, entre outros, naturalmente precisam do cadastro positivo do consumidor. Arquivo Acrefi Antecedentes Definições de cadastro positivo O crédito corresponde a um dos mais importantes instrumentos financeiros. Utilizado com seriedade e comedimento, ajuda as pessoas a ampliarem o seu consumo presente, ante- Istvan Kasznar, Ph.D., é economista-chefe da Acrefi [email protected] FINANCEIROACREFI Crédito: O cadastro positivo é um direito que as pessoas possuem para mostrar a sua capacidade de pagamento O cadastro positivo é uma ferramenta e instrumento que contém dados e informações autorizadas pelo próprio consumidor e tomador de recursos financeiros, em que se mostram os compromissos financeiros assumidos, seu pagamento, evolução em valor, confirmação de pagamento e contratação, em operações de crédito ou compras a prazo. O cadastro constitui-se num arquivo que contém dados e informações sobre o comportamento do pagador. Ao se formarem as provas e evidências de bom pagador no cadastro, a boa intenção, a idoneidade e a propensão a pagar aparecem. E isso tem um grande valor de mercado. Por um lado, o Tabela 1 pagador, presente e futuro tomador de crédito, revela sua capacidade, vontade e afirmação de pagamentos, o que o enobrece e lhe aumenta o status quanto mais comprovar que bem paga. Por outro lado, o credor, presente e futuro, ao verificar no cadastro positivo quem é bom pagador, terá mais segurança em facilitar e conceder o crédito. Assim, o cadastro positivo é um direito que as pessoas naturais e jurídicas possuem de mostrar a sua capacidade de pagamento, avaliada e pontuada com alto grau de precisão. Complementar ao cadastro negativo, tradicional no Brasil e em que constam as dívidas vencidas; os pagamentos não realizados; as renegociações bancárias e comerciais; e situações afins, o cadastro positivo mostra que existem pagamentos feitos e cumprem-se compromissos financeiros. Desse modo, é de bom alvitre balancear e calibrar a decisão de crédito, com o uso dos dois instrumentos. O cadastro negativo apenas mostra um lado da moeda, o de atrasos, vencidos, débitos em aberto, processo em andamento, protestos de títulos, execuções fiscais e similares, que infelizmente depõem contra o pagador – devedor. Ao dispor-se do cadastro posi- Nos Benefícios gerados pela implantação do cadastro positivo I Nível do sistema financeiro e da intermediação financeira Qualificação crescente do crédito e do financiamento. Facilidade de diferenciar no agregado agentes bons pagadores de problemáticos. Conveniência de manter bons clientes a taxas menores e condições facilitadas. Identificação dos agentes problemáticos e formas de lidar em geral. Maior transparência de mercado. 1 2 3 4 5 II III Nível bancário e das financeiras, interno e operacional 1 Rapidez e agilidade crescem, junto a bons cadastrados positivos. 2 Custos de transação e juros caem, para mantê-los em carteira, junto aos cadastrados positivos. 3 Evitam-se operações duvidosas e potencialmente problemáticas. 4 Maior segurança e transparência nas operações individuais e da carteira. 5 Facilitam-se as orientações operacionais aos gerentes de créditos e investimentos. Nível pessoa jurídica – empresa não financeira Reconhecimento da positividade, aos bons tomadores, mediante juros menores e prazos maiores. Incentivo à correta gestão do fluxo de caixa; da liquidez e tesouraria e dos projetos. Incentivo aos não positivados a saldarem e equilibrarem suas contas e revisar negócios. Aumento da confiança na empresa, o que gera mais potenciais parcerias e alianças. Fornecedores oferecem condições facilitadas. Os custos caem. Os retornos crescem. 1 2 3 4 5 IV Nível pessoa física 1 Reconhecimento da positividade, aos bons tomadores, mediante juros menores e prazos maiores. 2 Incentivo para permanecer com as contas e os pagamentos em dia. 3 Incentivo aos não positivados a saldarem suas contas o quanto antes. 4 O status de positivado dá moral para empreender negócios e diversificar. 5 A firma cadastradora sinaliza confiança na capacidade financeiro-econômica do indivíduo. Fonte: Istvan Kasznar, XVI Fórum de Crédito de MG, IBCI, 2006. FINANCEIROACREFI tivo, o lado sadio, de bom pagador que consegue cumprir a palavra em face de um compromisso financeiro, aparece. É possível que o credor a quem se solicitou um empréstimo faça uma melhor imagem do tomador e, desse modo, lhe empreste mais recursos, em condições mais facilitadas. O quadro ao lado (pág. 6) mostra em síntese os benefícios esperados e gerados com a implantação de um cadastro positivo, nos moldes daqueles que foram instituídos com sucesso em países desenvolvidos, estáveis e nos quais a legitimidade e o bom senso legal exercem função determinante de ação no mercado. Desse modo, haja vista o exposto anteriormente, pode-se afirmar que o cadastro positivo é fundamental para a evolução e o desenvolvimento de uma economia sadia, posto que ele é membro ativo e parceiro do sistema de inteligência de negócios e se revela um grande facilitador comercial. O cadastro positivo no Brasil – aspectos legais A legislação em vigor prevê e permite a existência do cadastro positivo. O artigo 170 da Constituição declara o princípio da livre iniciativa. A previsão constitucional está expressa na Constituição de 1988, no artigo 5º, inciso LXXII. Em relação à legislação infraconstitucional, os bancos de dados são essencialmente disciplinados pelo artigo 43 da Lei nº 8.078/90 do Código do Consumidor e pela Lei nº 9.507/97 do Habeas Data. O projeto de lei foi cuidadosamente analisado e debatido na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), com o nº 836/03, assim como os seus apensos, os oito projetos de lei identificados pelos números e anos que seguem: nº 2.101/03; nº 2.798/03; nº 3.347/04; nº 5.870/05; nº 5.958/05; nº 5.961/05; nº 6.558/06 e nº 6.888/06. O projeto de lei que visa ser aprovado em sua versão definitiva em 2009 e representa um sonho de qualificação dos sistemas de inteligência de negócios e qualificação de bancos de dados e informações é acalentado desde março de 2001. Ele define um banco de dados como correspondente ao “conjunto de dados pessoais, gerenciado ou administrado por pessoa jurídica, relativo a pessoas naturais ou jurídicas, destinado à coleta, armazenamento, análise e circulação de dados a terceiros, com finalidade de concessão de crédito ou outras transações comerciais”. Mediante o projeto de lei nº 836/03 e seus apensos, que visam defender os direitos do consumidor, o direito à personalidade e à privacidade, e as formas de se evitarem a invasão da privacidade e o uso equivocado de sistemas de bancos de dados que permitem conhecer aspectos da vida financeiroeconômica das pessoas, preenche-se uma lacuna que privava os brasileiros do crédito positivo. Relevante é o fato de os dados serem acessados pelos pró- prios clientes dos bancos e eles podem transportá-los de uma instituição financeira para outra. Isso é conhecido como portabilidade, ação prevista e regulamentada em maio de 2002 pelo Banco Central. O direito à portabilidade das informações e carteiras ainda é desconhecido da maioria dos brasileiros e consumidores. Analistas alertam a questões importantes, como André de Carvalho Ramos: sobre “proporcionar o controle do poder ilimitado e inalcançável pelo consumidor e a criação de um órgão federal com tal finalidade”; e Ciro Expedito Scheraiber: sobre temas como “sob o aspecto constitucional, (...) separa as classes econômicas de consumidores entre os que são inadimplentes ou adimplentes e aqueles que não estão inseridos em nenhum desses grupos” (Scheraiber, Os Bancos de Dados Positivos e o Direito do Consumidor). Experiência internacional de cadastro positivo Nos Estados Unidos da América, o ordenamento jurídico que trata do cadastro positivo é feito mediante leis específicas que regulamentam os assuntos, as atividades e os procedimentos. Destaca-se o Fair Credit Reporting Act (FCRA) de 1970. Ademais, é importante o Fair Debt Collection Practices Act (FDCPA), também conhecido como 15 USC 1692 e sequências, efetivado em 1978, cujo objetivo é o de eliminar e erradicar práticas de cobrança abusivas e incorretas. Ademais, visa proteger os cobradores de dívidas de práticas concorrenciais incorretas e visa à promoção e ao encorajamento de ações de Estado consistentes que protejam os consumidores de abusos, FINANCEIROACREFI Crédito: O processo de avaliação e acompanhamento de créditos é simplificado, com a redução do número de documentos no ato da coleta de cobranças e dívidas. O FCRA lida com os direitos dos consumidores no que diz respeito aos seus relatórios de crédito e às obrigações e passivos mantidos em registros nas agências, contidos nos relatórios de crédito, assim como negócios que oferecem informações. Existe revisão contínua do FCRA desde 1971, especialmente desde 1996, quando se implantou o ato de reforma de relatórios de crédito ao consumidor – ou Consumer Credit Tabela 2 Reporting Reform Act (CCRRA); o Gramm – Leach – Bliley Act (GLBA) de 1999; e o ato de transações de crédito justo e preciso, conhecido por Fair and Accurate Credit Transactions Act (FACT), emitido em 2003. O FCRA visa regular e cobrir as ações do conjunto de empresas que lidam com informações e dados que dizem respeito ao consumidor, definido como “um indivíduo” (FCRA*1 – 11/06). São reguladas todas as agências que fazem e lidam com relatórios sobre o consumidor; engajam-se em práticas de uso, disseminação e compartilhamento de dados e informações; procuradores e usuários de informações; fornecedores e transmissores de informações; marketeiros de crédito ou produtos vinculados a seguros e empregados. Efeitos esperados do cadastro positivo O cadastro positivo oferece vantagens para o consumidor. Entre elas, objetivamente, merecem destaque as seguintes: Nº Ganhos macro, agregados, com a implantação e o desenvolvimento do cadastro positivo 1 É uma forma construtiva e desenvolvida de incentivar a condução honesta das finanças. 2 É um instrumento que orienta e alerta ao que é socialmente e financeiramente correto. 3 É um importante instrumento de educação financeira do cidadão. 4 Permite a diferenciação agregada e individual, de bons e problemáticos agentes. 5 Incentiva a seleção qualificada de clientes, cujo custo médio de transação pode cair. 6 Identifica os riscos menores, logo incentiva esses gestores a fazerem mais negócios. 7 Identifica os riscos maiores, logo gera um freio sistêmico aos riscos excessivos. 8 Aumenta o controle sobre o azar moral e o risco de inadimplência e calote. 9 Evita potenciais saneamentos de carteira. Evita-se intervenção do Banco Central. Logo, o contribuinte ganha, pois não aumenta a carga tributária e diminui os custos de intervenção. 10 Evita má aplicação agregada de capitais, no grupo que tem histórico de pagamento frágil. 11 Aumenta o potencial e a efetivação de créditos em maior volume, ao grupo que tem histórico de bom pagador. Isso significa melhor alocação de recursos de crédito, no agregado. 12 Corresponde à aposição e implantação de um instrumento que analisa todos os agentes econômicos, produtivos e financeiros mediante a mesma e única ferramenta. Isso facilita cortes analíticos macroeconômicos e microeconômicos, horizontais e transversais, de tal forma que viabiliza a adoção de políticas públicas, políticas monetárias, políticas fiscais, políticas salariais, políticas previdenciárias e de pensões e aposentadorias, melhor e mais adequadamente focadas à realidade e às necessidades do País e do cidadão. 13 Reduz a socialização de prejuízos financeiros, pois a melhor seleção diminui a pressão de uso efetivo da provisão para devedores duvidosos (PDD) em financeiras e bancos. 14 Racionaliza o crédito e a ação do credor. Freia com sutileza técnica a alavancagem operacional, na relação (créditos liberados/patrimônio líquido ajustado dos intermediários), de tal forma que potencializa o crescimento de mais créditos sadios aos cadastrados positivos. 15 Permite, na agregação de dados e conhecimento dos problemas e desafios a enfrentar, a adoção de medidas legislativas, regulatórias, jurídicas e prudenciais mais realistas, conforme a evolução macroeconômica, microeconômica, empresarial, trabalhista, tecnológica e dos efeitos da globalização. Fonte: Istvan Kasznar, XVI Fórum de Crédito de MG, IBCI, 2006. FINANCEIROACREFI Favorece o consumidor que está em dia com os seus compromissos e pode comprovar que possui boas relações de pagamento com os seus fornecedores, pois o acesso ao crédito fica mais rápido, é facilitado e seus custos tornam-se mais baixos, isto é, as taxas de juros caem. O processo de avaliação e acompanhamento de créditos é simplificado, reduz-se o número de formulários e documentos e, portanto, a burocracia some para agilizar o atendimento e economizar o tempo do tomador. Um cadastro positivo grande e coerente, dentro da lei, dá moralidade e força psicológico-financeira ao tomador, que se sente mais seguro em solicitar empréstimos, financiamentos, prazos, taxas de juros menores e garantias pró-forma. Valoriza o comportamento do bom pagador. Permite que o credor analise melhor, com maior precisão, a realidade do consumidor. Como consequência, o credor pode oferecer a linha de crédito mais adequada; os volumes mais coerentes e que melhor se adequem à capacidade de pagamento do consumidor. Oferece melhores condições de dirigir o risco e o prêmio de risco a quem de fato apresenta menores condições de pagamento. Logo, permite que bons pagadores usufruam taxas de juros menores. Permite a expansão do crédito agregado em condições menos arriscadas. Permite a redução dos spreads interbancários, em função da redução do risco sistêmico no agrupamento bancário, no agrupamento financiário e no agrupamento do comércio varejista. Lubrifica a economia, ao representar injeção de crédito, o que aumenta a produção (Y), o crescimento econômico e o desenvolvimento, o emprego e a riqueza econômica geral do País. Cadastro positivo e crédito – dados relevantes Em 2008, estimava-se que o crédito chegara ao Brasil a 38,8% do PIB e que essa tendência continuaria sendo positiva para a próxima década. Com a crise do subprime e dos mercados de crédito no mundo, arrefeceu-se o mercado interno, e a busca de mecanismos mais qualificados para examinar a liberação de empréstimos aumentou. John Barron e Michael Staten demonstraram, mediante estudo econômico, que a taxa de inadimplência em 50 países que adotaram o cadastro positivo pode ser até 43% menor do que a taxa registrada nos países que utilizam apenas o cadastro negativo. Some-se a isso o fato de que, com o cadastro positivo, aumenta a confiança na liberação mais bem direcionada de créditos. Resulta, então, que a prática da disseminação das informações positivas gera um aumento de 90% no número de indivíduos que pedem crédito e são satisfatoriamente atendidos pelo sistema financeiro. Estudo do International Financial Corporation (IFC), organização associada ao Banco Mundial que presta assistência técnica em cadastro positivo em 40 países, dos quais 12 da América Latina, mostra que a atuação bancária e o crédito são um privilégio de poucos no Brasil. Isso é, 66% da população brasileira em dezembro de 2007 não era “bancarizada” (InvestNews). Conforme o IFC, mediante o cadastro negativo, aprovam-se 39,8% dos empréstimos pedidos, ao passo que, com o cadastro positivo disponível, 74,8% dos pedidos são aprovados. Isso corresponde a um crescimento forte de 89% na concessão de crédito. Ademais, quando para decidir concessões existem apenas informações bancárias sobre inadimplência, concedem-se 75% dos empréstimos. Quando se amplia a base das informações, as concessões sobem para 83,4%, o que corresponde a um crescimento de 11% na liberação de créditos (Ref.: IFC e Credit Bureau Knowledge Guide – CBKG). As micro e pequenas empresas são beneficiadas pela existência e implantação do cadastro positivo: sem birô positivo, as chances de obtenção de empréstimos são de 28%; quando o birô se consolida, as possibilidades crescem para 40%. Pelos efeitos gerados com o cadastro positivo compartilhado entre bancos, merece atenção a experiência entre os anos 2003 e 2005, em Hong Kong. Segundo levantamentos do Hong Kong Monetary Authority (HKMA), o Comissariado de Privacidade deliberou, após extenuantes consultas em endossar a aprovação FINANCEIROACREFI Crédito: O funcionamento do cadastro positivo depende dos agentes e das instituições econômicas e jurídicas 41%, o que comprova a significância estatística elevada de uma reordenação de crédito em ambiente de maior transparência e acesso a informações bancárias e comerciais dos consumidores. Conclusões do cadastro positivo, mediante duas condições. Primeira, com vistas a prevenir uma ruptura ruidosa no mercado de crédito (credit crunch), seria instituída uma moratória de dois anos, durante a qual os fornecedores de crédito não teriam acesso aos dados de crédito de seus clientes efetivos. Segunda, caberia ao HKMA obter um consenso junto ao Conselho dos Consumidores. O que é importante é que os montantes de giro e renovação de crédito (rollover amounts) que não foram plenamente pagos diminuíram 17% entre agosto de 2003 e setembro de 2005. A razão de giro e renovação de crédito despencou de 54% para Torna-se evidente a importância e a premência da adoção e implantação do cadastro positivo no Brasil. Com razão, bancos e financeiras alertam que os benefícios esperados com o sistema não ocorrerão no curto prazo. Instaurar o crédito positivo é qualificar a análise de crédito para melhores e maiores concessões, aumentar o volume de crédito, reduzir o grau de inadimplência, aumentar a produção, reduzir a taxa de desemprego e formar mais e maior riqueza. O cadastro positivo precisa de uma legislação ampla, clara, coerente e legitimada pelas diversas representações do mercado. Seu funcionamento depende dos agentes e das instituições econômicas e jurídicas, que necessitam se sentir confortáveis em sua prática. É importante prever mecanismos e instituições que aperfeiçoem e acompanhem vigilantes os processos de mudança propostos e contidos no cadastro positivo. | Bibliografia Instituto Ethos. Empresas de Responsabilidade Social; www.ethos.org.br; 2008. ACREFI. Revista Financeiro, série de 2004 a maio de 2008; www.acrefi.org.br; 2008. IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional. Cadastros Positivo e Negativo: prós e contras, um Balanço – 2006; mimeo. Depto. Pesquisas; vol. 688; www.ibci.com.br; 2006. Banco Central do Brasil. Relatório de Estabilidade Financeira; vol. 7, n. 1; maio de 2008; e Relatório Anual, dos anos 2001 a 2007. Baue W. “Credit Reporting companies obstruct positive credit history reports” in: Sustainability Investment News. Social Funds; www.socialfunds.com; march, 2003. Central Jurídica. Governo propõe criação do Cadastro Positivo de Consumidores; www.centraljuridica.com; 2008. CNI – Sistema Indústria; FIEP/SESI/SENAI/IEL. 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Isso significa continuar vendendo e comprando, mas tomando o maior cuidado para não correr riscos. Ou seja: antes de fazer qualquer negócio, consulte sempre o SCPC. O SCPC reúne o mais completo banco de dados de informações comerciais sobre CNPJs e CPFs do Brasil, garantindo transações comerciais mais seguras e preservando a rentabilidade do seu negócio. SCPC | A solução para bons negócios. M A I S I N F O R M A Ç Õ E S : (11) 3244 3030 www.acsp.com.br Artigo: Maio/2009 por Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento A profunda reestruturação do setor bancário capitaneada pelo governo federal entre 1996 e 2001 teve dois protagonistas: o Proer e o Proes. O primeiro reorganizou as instituições financeiras privadas e, ao longo do tempo, provou ter contribuído para seu fortalecimento. O segundo estimulou os Estados brasileiros a se retirarem da atividade bancária comercial, ramo alheio à sua vocação e, atualmente, só três Estados e o Distrito Federal permaneceram com instituições bancárias. Convencer os governantes estaduais sobre a necessidade e a importância de abdicarem de suas respectivas instituições financeiras não foi tarefa fácil à época. Especialmente porque um dos principais argumentos, então apresentados, foi o de que os Estados não poderiam prescindir de um instrumento que lhes permitisse promover e executar políticas regionais de desenvolvimento. Tendo por cenário esse pano de fundo, em março de 2001, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou a constituição e o funcionamento das agências de fomento. Definidas como sociedades anônimas de capital fechado, as agências tiveram sua criação e funcionamento autorizados com o objetivo de promover economias regionais por meio da concessão de linhas de crédito específicas com recursos próprios ou por meio de repasses de agências oficiais locais ou internacionais voltadas para o desenvolvimento. A atuação das agências de fomento, talhada pela Resolução 2828 do Banco Central (BC), é limitada por normas estritas. Elas precisam de autorização do BC para operar e têm de cumprir todas as regras definidas por ele determinadas em relação às instituições financeiras. São, portanto, submetidas à sua regulamentação e fiscalização. FINANCEIROACREFI Divulgação ©iStockPhoto.com/andrea volpicelli Nossa Caixa Desenvolvimento, mola indutora da expansão econômica paulista Nasceram para financiar capital fixo e de giro associado a projetos propostos e executados em seus Estados de origem. Às agências também é permitido prestar garantias e serviços de consultoria, atuar como agente financeiro e administrar fundos de desenvolvimento em seus limites territoriais. Essas instituições financeiras, porém, não têm acesso às linhas de assistência financeira e de redesconto nem à conta de reservas bancárias do BC. Também não podem captar recursos junto ao público, contratar depósitos interfinanceiros nem ter participação acionária em empresas coligadas ou controladas, direta ou indiretamente, por seus respectivos Estados. Contudo, encontra-se sob avaliação do BC proposta da Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE) de alteração da Resolução 2828 com vistas a ampliar o escopo de atuação dessas instituições financeiras de fomento, contemplando a possibilidade de operações de câmbio, leasing e a participação societária em empresas. A Nossa Caixa Desenvolvimento – Agência de Fomento do Estado de São Paulo é a caçula entre as 14 agências, hoje, em funcionamento no País. Iniciamos nossas operações em 11 de março com o objetivo de ser a mola indutora do desenvolvimento econômico e social desenhado pelo governo paulista, por meio da concessão de crédito a projetos produtivos de pequenas e médias empresas da indústria, do comércio, além dos setores de serviços e do agronegócio. Por ora, a Nossa Caixa Desenvolvimento está operando apenas com recursos próprios. Seu capital autorizado é de R$ 1 bilhão, dos quais R$ 200 milhões já estão integralizados. Ampliaremos o leque de produtos por meio da oferta de crédito para investimentos de longo prazo O restante será aportado pelo governo do Estado, à medida da demanda da instituição para tanto. Prioritariamente, os empreendimentos candidatos a financiamento devem se destacar por sua capacidade de acelerar a geração de emprego e renda na área geográfica em que estiverem instalados, além de contribuir para o aumento da competitividade econômica e para o equilíbrio entre as diferentes regiões paulistas, refletindo a política de desenvolvimento estadual. A partir dessas premissas, elegemos como público-alvo as pequenas e médias empresas, sabidamente as maiores empregadoras de mão-de-obra e, de um modo geral, as que mais obstáculos enfrentam para obter crédito, especialmente após a crise de liquidez instalada no mercado financeiro em setembro de 2008. Identificamos, em São Paulo, um universo de aproximadamente 36 mil empresas, que empregam até 500 funcionários e têm faturamento médio anual entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões, como nossos potenciais clientes. Neste momento, estamos desenvolvendo os Programas Crédito Produtivo, Microempresa Competitiva e o Fundo de Aval (FDA), com o objetivo de restabelecer a circulação do crédito em condições bastante competitivas em relação ao sistema bancário privado, junto a esse importante segmento da economia. O Programa Crédito Produtivo oferece financiamento de capital fixo e de giro até o limite equivalente a 15% da receita operacional bruta das empresas com taxa de juros que consideram a Selic mais 2,75% ao ano. Já o Microempresa Competitiva prevê a concessão de crédito subsidiado pelo Tesouro paulista em financiamentos destinados à compra de máquinas e equipamentos novos, fabricados por indústrias paulistas, ou operações de capital de giro, preferencialmente associadas a investimento. A Nossa Caixa Desenvolvimento complementará, ainda, o apoio financeiro às pequenas e médias empresas por meio do FDA, que garantirá 100% do saldo devedor de operações financeiras, desde que esses financiamentos não sejam superiores a 10% da receita bruta anual do tomador de crédito. Em breve, ampliaremos o leque de produtos por meio da oferta de crédito para investimentos de longo prazo com recursos próprios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esperamos encerrar 2009 tendo realizado desembolsos da ordem de R$ 400 milhões. Destes, R$ 300 milhões com recursos próprios e R$ 100 milhões oriundos de repasses do BNDES. Estamos trabalhando ainda para fazer parcerias com organismos multilaterais – entre eles, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a International Finance Corporation (IFC) – e com as agências de fomento de diversos países. Concebemos a Nossa Caixa Desenvolvimento como uma agência ágil e eficiente. Assim, as linhas e os programas de financiamento têm sido desenhados de modo a atender às necessidades de nosso público-alvo e em parceria com entidades representativas de diferentes setores da economia. Otimizamos essa aproximação de modo a beneficiar nossos potenciais clientes e estamos firmando termos de cooperação com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) com o objetivo de agilizar a concessão de crédito a seus respectivos associados. Essa proximidade nos permitirá atuar com limites pré-aprovados, que serão validados por empresas de pesquisa e de proteção ao crédito. Também possibilitará a manutenção de um canal permanente de troca de informações, entre essas entidades e a agência, capaz de assumir o papel de canal de distribuição. A Nossa Caixa Desenvolvimento não terá rede de agências bancárias. Com uma estrutura enxuta, eficiente e produtiva, faremos da Agência de Fomento do Estado de São Paulo a mola indutora do desenvolvimento paulista. | FINANCEIROACREFI Tendência: Setor mineral O setor de minerais metálicos foi um dos que mais se beneficiaram com o crescimento mundial visto que responde fortemente aos ciclos de expansão (ou retração) da economia internacional. Entre 2001 e 2008, a indústria de mineração e de metais acumulou crescimento de 118%, principalmente pelo crescimento dos países emergentes da Ásia, em especial a China. Nesse período, as empresas do setor cresceram em média 21,5% ao ano. Além de uma forte elevação de preços, os volumes também foram ampliados. Aos fundamentos econômicos, soma-se o aumento de posições dos fundos de investimento em commodities, fundos de pensão e de hedge que completaram o movimento de pressão de preço nos metais durante aquele período. Essas aplicações garantiram, na época, retornos superiores aos de outros ativos e alavancaram os seus resultados. A variação nos preços foi tão forte no período que, já em 2006, apareciam as primeiras dúvidas em relação à sustentação desses preços (nosso comentário de maio de 2006). Os primeiros sinais de realização apareceram ao longo do segundo semestre daquele ano, com o início da discussão da sustentação do crescimento econômico mundial e a sinalização da “provável desaceleração da economia norte americana”. Naquele mesmo ano, após o índice do CRB ter atingido 345,4 pontos em maio, apresentou uma desvalorização de 18% até o mês de outubro. Após esse período de acomodação, com a economia mundial apontando para a continuidade do crescimento por mais algum tempo e uma nova rodada de aplicações dos fundos, o índice voltou a subir (a partir de fevereiro de 2007) e atingiu o seu pico em junho de 2008 com 477 pontos. Os metais foram os grandes responsáveis por essa elevação, pois, nesse período (maio de 2006 a maio de 2008), evoluíram, na composição do CRB, metais, 48,5%, atingindo 951 pontos. Entre janeiro de 2001 e o seu pico em maio de 2008, a valorização foi de 346% no índice de metais do CRB. Com a eclosão da crise, em setembro de 2008, o índice desabou, tendo perdido, entre o seu pico em 2008 e março de 2009 (último dado divulgado), 51,0%, situando-se em patamares próximos a 470 pontos. Essa queda sintetiza as quedas de preços individuais de cada metal. Ainda assim, do ponto de vista da série histórica de longo prazo, os preços voltaram a patamares de fevereiro de 2008, muito superiores à sua média dos últimos anos. Isso significa que a maioria das unidades produtivas segue com boa rentabilidade bruta histórica e os seus resultados estão sendo mais fortemente afetados pela queda de volume de vendas (escala x custos fixos x investimentos em andamento) (Gráfico 1). FINANCEIROACREFI Divulgação Maio/2009 Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, diretora da MB Associados O Brasil, como segundo maior produtor e exportador de minério de ferro do mundo, quarto maior produtor de estanho e sexto maior produtor de alumínio, foi amplamente beneficiado com o crescimento da economia mundial dos últimos anos assim como está sofrendo os efeitos negativos da crise financeira internacional. No acumulado do primeiro bimestre de 2009 comparado ao igual período do ano anterior, a queda em quantum das exportações de metais (matérias-primas e manufaturados), por exemplo, foi superior a 30%. As primeiras estimativas divulgadas apontam para um resultado fraco em 2009 (queda de produção em média de 25% no ano). O Departamento Nacional de Produção Mineral prevê queda de investimentos e produção em 2009 quando comparado com 2008. As expectativas de investimentos para 2009 foram revistas de US$ 9,5 bilhões para um número próximo a US$ 4 bilhões e os requerimentos de pesquisa recuaram 40% entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009. Das commodities metálicas, o minério de ferro é a mais importante na nossa economia e responde sozinha por mais de US$ 10 bilhões em exportações. As previsões ainda são difíceis para o minério porque sabemos que a queda de demanda ocorreu, mas, como não tem cotação em bolsa, o seu preço após a crise financeira ainda não foi estabelecido. A negociação de preços para 2009 está sendo postergada. Normalmente, o preço é fixado em abril. O setor de mineração foi um dos primeiros a serem afetados no Brasil pela crise financeira internacional, como se pode avaliar pelo desempenho das empresas do setor no último trimestre de 2008, e continuará sendo afetado em 2009, pela queda da atividade econômica mundial neste ano e, portanto, menor volume de negócios e preços médios inferiores ao ano passado. O Departamento Nacional de Produção Mineral espera uma queda de, no mínimo, 30% na produção de minério de ferro em 2009. 1 O preço do minério de ferro pode cair 20% CRB – commodities 900 CRB Total 700 Alimentos Metais 515,9 500 515,9 300 515,9 100 abr/99 abr/01 abr/03 abr/05 abr/07 abr/09 Fonte: CRB. Elaboração: MB Associados. O minério de ferro é, de longe, o mais importante dos minérios na nossa economia. As expectativas na queda do seu preço não são consensuais e variam entre 15% e 40%. Acreditamos que esse número esteja mais próximo de uma queda de 20%, porque: 1 O desconhecimento do verdadeiro estoque do minério na China dificulta estimar as reais necessidades de consumo e demanda e, portanto, de preço. As compras feitas pelo País no mês de março parecem confirmar que os estoques estavam baixos. Foram importados 51 milhões de toneladas, 43% a mais do que em igual mês do ano passado. O governo chinês justificou o aumento de importações pelo aumento da produção de aço e pelos efeitos positivos dos estímulos dados à economia local. As siderúrgicas chinesas aumentaram a produção ao longo do primeiro trimestre do ano e estocaram os seus produtos esperando que o pacote de investimentos chinês demande todo esse excesso de aço, o que pode não ocorrer. Alguns analistas não acreditam na sustentação desse movimento e estão revendo para cima suas projeções para os estoques no fim do ano e, com isso, derrubando mais fortemente os preços. Os dados das últimas semanas indicavam um estoque de 64,5 milhões de toneladas métricas (20% abaixo do pico de setembro de 2008, que foi de 76 milhões de toneladas métricas). Em 2008, o preço do minério de ferro brasileiro foi de US$ 71,2/tonelada. 2 Uma segunda dificuldade nas projeções do preço do minério de ferro está no comportamento das outras duas grandes mineradoras mundiais: Rio Tinto e BH Biliton, que quebraram o sistema de negociação anual em 2008 e não acompanharam a Vale nos contratos. A diferença entre os preços e seus minérios está causando esse mal-estar entre elas. A Vale conseguiu um prêmio de qualidade para o seu minério de Carajás e as australianas também conseguiram um prêmio pelo diferencial de frete. 3 Em terceiro lugar, aparece a união entre a Rio Tinto e a Chinalco, que, além de enfraquecer o oligopólio das mineradoras, abre espaço para o fortalecimento das siderúrgicas chinesas, que passam a ter mais controle sobre as reservas de minério, podendo influir de maneira mais direta nas negociações e afastando, mesmo que parcialmente, a Vale do mercado chinês. 4 Por outro lado, a consolidação compulsória do setor que está ocorrendo naquele país e que não permitirá mais a produção de pequenas siderúrgicas deverá fazer com que a demanda de minério de melhor qualidade (o caso do Brasil e da Vale e, em parte, da Austrália) aumente, em detrimento de minérios de qualidade inferior. 5 A Vale do Rio Doce tem afirmado não ter pressa em negociar preços este ano e que pretende esperar que as australianas negociem primeiro, o que pode significar negociações muito demoradas em 2009. Os reflexos da queda de volume e de preços já foram, de alguma forma, precificados nos preços das ações da Vale do Rio Doce, cujo desempenho neste ano não repetirá o do ano passado. No último trimestre de 2008, a empresa já teve uma redução importante na sua margem de rentabilidade pela forte queda de preços dos demais minérios e queda de volume de vendas, inclusive no minério de ferro. Esses fatores não serão revertidos em 2009. Ainda, a Acelor Mittal deixou em stand by o que está influenciando negativamente o seu faturamento. Outro fator que deverá contribuir para um pior desempenho da Vale em 2009 é a impossibilidade da empresa de reduzir de forma rápida e intensa os seus investimentos porque já estão muito avançados. Da previsão inicial de US$ 14 bilhões, deverão ser realizados US$ 9,5 bilhões nos próximos cinco anos. A valorização do real vai afetar o seu faturamento de exportação e, finalmente, por mais que demorem, as negociações de preço do minério de ferro irão ocorrer (para baixo) e o volume a ser negociado em 2009 tende a diminuir, implicando manutenção de margens inferiores às dos anos passados. A seu favor conta a atual diversificação das suas atividades e das regiões mundiais onde opera, o que minimiza o seu risco de longo prazo, a queda no preço dos equipamentos para os investimentos em andamento que deverão, segundo a empresa, ficar 30% mais baratos, e a assinatura de novos contratos com empresas chinesas que garantem uma demanda nova de 50 milhões de toneladas por ano, ampliando sua participação naquele mercado em detrimento de outros fornecedores. Esse é um processo que tende a ser ampliado no médio prazo, com o fechamento de pequenas e ineficientes siderúrgicas no mundo. FINANCEIROACREFI Tendência: Os demais minérios também foram afetados. O cobre aparece como um dos metais que mais rápida e intensamente sentiram os efeitos da queda de demanda. Os produtores iniciaram a redução de produção do minério logo após o dia 15 de setembro, indicando uma diminuição de produção de 1,5%, que segue menor do que a queda de demanda prevista em 3,5% em 2009. Os estoques estão ainda elevados, apesar de terem desacelerado a taxa de crescimento nos últimos meses, o que tem dado sustentação ao seu preço no curtíssimo prazo em US$ 4 mil/tonelada. A saída da China do mercado após ter estocado aproximadamente 400 mil toneladas do metal deve fazer o preço recuar para um patamar próximo a US$ 3,4 mil/tonelada ainda no fim do semestre. O alumínio, apesar do forte corte mundial de produção já realizado – 4,3 milhões de toneladas de um total de 6,2 milhões anunciadas, e que trouxe o nível de utilização para 77% em fevereiro deste ano –, continua apresentando aumento de estoques, o que sugere pressão nos preços ao longo de 2009. Atualmente sua cotação está próxima a US$ 1,4 mil/tonelada. O níquel, basicamente utilizado na fabricação de aço inoxidável, cuja demanda se reduziu em mais de 20% e cujos estoques se elevaram em mais de 100% desde setembro de 2008, apresentou uma forte redução de preços. Como a demanda de aço inox ainda não encontrou o seu piso, o níquel ainda deve sofrer pressões de preço, atualmente próximo a US$ 101,6 mil/tonelada. Nesse segmento, 40% da indústria está operando no prejuízo. As condições de mercado dos demais metais (zinco, estanho, molibdênio etc.) não são muito diferentes das descritas acima. Isso significa que as commodities metálicas não devem apresentar recuperação de demanda e de preços em 2009, implicando adiamento de investimentos das suas unidades produtivas nos próximos anos. Esse setor já está passando por um processo de consolidação que deverá se aprofundar nos próximos anos, ampliando o poder das gigantes. | Alumínio Preço em US$ mil/t Estoques Milhares de US$/t Milhares de toneladas 3,0 4500 2,6 4000 4228,52 3500 2,2 3000 1,8 2500 1,4 1,4 1,0 29/05/08 2000 1500 29/09/08 29/01/09 29/05/09 Fonte: London Metal Exchange. Elaboração: MB Associados. 1000 27/05/08 27/09/08 27/01/09 27/05/09 Cobre Preço em US$ mil/t Estoques Milhares de US$/t Milhares de toneladas 8,8 600 500 7,2 400 5,6 4,8 317,125 300 200 4,0 100 2,4 29/05/08 29/09/08 29/01/09 Fonte: London Metal Exchange. Elaboração: MB Associados. FINANCEIROACREFI 29/05/09 0 27/05/08 27/09/08 27/01/09 27/05/09 Artigo: Folga para a d i s t e n s ã o da política monetária Maio/2009 ©iStockPhoto.com/Digital Hallway FINANCEIROACREFI Arquivo Acrefi Na medida em que o círculo vicioso entre setor financeiro e economia real se intensificou, as análises prospectivas mais pessimistas para a economia americana e global se tornaram realidade, e as projeções para o crescimento econômico nos próximos anos continuam sendo revisadas para baixo. Até o último trimestre de 2008, a crise estava localizada no setor financeiro de alguns países, com alguns efeitos adversos sobre a economia real localizados nos países mais ricos, devido a restrições no mercado de crédito, mas sem afetar seriamente os países emergentes. A partir de setembro do ano passado, o mercado financeiro entrou em colapso, a crise financeira evoluiu para uma crise de confiança e ganhou proporções globais. Países emergentes, até então vistos como portos seguros em meio às turbulências, começaram a ser atingidos pelo aumento da aversão ao risco e pela desalavancagem das grandes instituições financeiras internacionais, por meio da redução dos capitais externos disponíveis e de pressões nos mercados de câmbio. No Brasil, não foi diferente. Antes da intensificação da crise, as projeções dos analistas coletadas pela pesquisa Focus do Banco Central para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 registravam média de 4%. Desde então, as projeções estão sendo constantemente revisadas para baixo. Em dezembro de 2008, a mediana desse indicador era de 2,35%. No fim de março, passou a ser negativa. Em 17 de abril, atingiu o seu nível mais baixo, - 0,49%. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) Arquivo Acrefi por Carlos Thadeu de Freitas Gomes e Marianne Lorena Hanson Carlos Thadeu de Freitas Gomes é chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Marianne Lorena Hanson é assessora econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo divulgou o World Economic Outlook, publicação trimestral que apresenta um raio-X da economia global, na qual a conjuntura da economia mundial é avaliada e análises sobre questões e desafios do momento são feitas. As conclusões da publicação não são nada animadoras: o mundo atravessa a pior recessão do período pós-guerra e a recuperação será lenta e moderada, característica inerente a recessões financeiras e sincronizadas globalmente. Mesmo que as projeções atuais se confirmem e o PIB brasileiro apresente crescimento negativo, o desaquecimento da economia brasileira deverá ser mais moderado do que a média mundial. Em diversas crises passadas, o Brasil quebrou e teve que recorrer ao FMI para financiar sua dívida pública e seu balanço de pagamentos. Dessa vez, o País poderá se tornar credor da instituição. O que mudou? No passado, o País apresentou grande vulnerabilidade a choques externos. A dívida pública foi fortemente indexada ao dólar e a necessidade de financiamento externo, elevada. Hoje, acumulamos reservas, somos credores em dólar e, apesar da queda das receitas com exportações, as importações apresentaram recuo maior, e o déficit em transações correntes caiu em relação ao ano passado. Além da redução do passivo externo, hoje a dinâmica da dívida pública federal é benigna. Ao contrário de crises passadas, a dívida líquida do setor público em relação ao PIB caiu com a alta do dólar. Ao mesmo tempo, com a Selic em queda, os juros incidentes sobre a dívida serão menores. Esses fatores tornam o efeito da provável redução do superávit primário proveniente da queda da arrecadação fiscal menos nocivo. A dinâmica do atual ciclo econômico está na demanda doméstica. Apesar do crescimento das transações de comércio com o resto do mundo, o fluxo de comércio internacional como proporção do PIB é baixo, quando comparado a outros países emergentes. Dessa forma, o impacto da redução da demanda externa por produtos brasileiros e da queda do preço das commodities será amortecido pela demanda interna ainda robusta. Apesar do tombo da indústria e da queda dos investimentos nos últimos meses, o consumo apresenta desaceleração moderada, amortecida pelos incentivos fiscais. Os setores de varejo e de serviços pessoais foram menos afetados, salvo aqueles fortemente dependentes do crédito. A última ata do Copom, por sua vez, veio a confirmar o comunicado de sua reunião, enfatizando a continuidade do processo de distensão monetária. O ponto central do documento foi o reconhecimento de que as expectativas para a inflação estão desacelerando-se e que os efeitos da crise econômica sobre os preços confirmam o processo desinflacionário esperado. Segundo o Copom, “as perspectivas para a atividade econômica seguem refletindo o processo de redução dos estoques da indústria”, o que corrobora para que a demanda agregada continue em desaquecimento e para que se mantenha uma folga na utilização da capacidade instalada. Logo, repercussões inflacionárias oriundas do setor real da economia estão afastadas temporariamente, permitindo o arrefecimento gradualista da política monetária. O principal recado é que o processo de queda da taxa de juros Selic poderá ter uma trajetória mais longa do que estava sendo esperado por muitos. O BC, inclusive, menciona na ata que a inclinação da curva das taxas de juros não estava refletindo a realidade da política monetária esperada. Cabe ressaltar a inconsistência dessa análise com o poder de alcance de sua atuação. Ao dar esse sinal, o BC, pela primeira vez desde o início da crise, adota uma postura semelhante a das demais autoridades monetárias pelo mundo, que estão assumindo um compromisso com a manutenção das taxas de juros em patamares reduzidos. Com isso, a instituição visou desarmar as especulações exageradas de determinados setores do mercado. Embora tardiamente, pois, desde o último trimestre do ano passado, a economia já dava sinais de fraqueza, o BC reconhece que os riscos inflacionários foram minimizados temporariamente e essa condição se estenderá enquanto permanecer o nível atual de capacidade ociosa. Ou seja, o rápido aumento do excesso de capacidade ociosa e o ajuste dos estoques reduzem as pressões inflacionárias enquanto a demanda interna estiver em desaquecimento, dando mais folga para o uso da política monetária. Com a inflação sob controle, as expectativas para a inflação abaixo da meta e o câmbio menos volátil, a taxa Selic tem bastante espaço para cair em 2009. Cortes mais expressivos na taxa básica de juros, além de produzirem um impacto fiscal positivo, teriam um impacto de estímulo da atividade por meio dos canais de crédito e câmbio que, embora moderados, podem ajudar a economia brasileira a recuperar seu nível de atividade mais rapidamente. | FINANCEIROACREFI Artigo: Projeto NEGATIVO por Marcel Domingos Solimeo podem ser incluídas no banco de dados e impõe exigência descabida de comunicação com aviso de recebimento (AR) para o registro dos inadimplentes. Essa questão do AR, carta com aviso de recebimento, parece ser a solução em busca de um problema que não existe, pois os bancos de dados, desde a edição do Código de Defesa do Consumidor, fazem a comunicação aos inadimplentes por correspondência simples, sem que ocorram problemas significativos, graças à eficiência dos Correios, demonstrada pela utilização do mesmo sistema por prefeituras, órgãos do governo, bancos e empresas. Procura impor-se um ônus ao consumidor porque carta com AR custa seis vezes mais do que a simples, além de que sua eficácia é, comprovadamente, menor, pois as pessoas não podem ser comunicadas em seu local de trabalho, e grande parte delas não se encontra na residência no horário em que os funcionários dos Correios fazem as entregas. A proibição de se incluir registros negativos de inadimplência de serviços públicos e de débitos inferiores a R$ 60 não se justifica e vai dificultar mais o acesso ao crédito para os consumidores de baixa renda. O projeto 836/03, com sua redação atual, autoriza criar um cadastro positivo capenga, pois dificulta a circulação de informações cadastrais dos consumidores, impõe custos significativos aos bancos de dados ao exigir que se forneça gratuitamente informações aos consumidores sem limitação de quantidade ou prazo e pode inviabilizar a operação dos cadastros negativos, ou reduzir muito sua eficácia, produzindo resultado contrário ao que se esperava da proposta do governo. É preciso trabalhar no Senado para restabelecer o texto original do Pl 5.870 ou, então, é melhor que não se aprove qualquer legislação a respeito. | Marcel Domingos Solimeo é economista-chefe e superintendente da Associação Comercial de São Paulo Divulgação O Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) foi criado em 1956, praticamente ao mesmo tempo em que o do Rio de Janeiro e o de Porto Alegre e, desde então, vem desempenhando importante papel para a expansão do crédito ao consumidor, das vendas do varejo e da produção de bens de consumo. Atualmente, está interligado a uma rede de mais de 2.200 serviços de proteção ao crédito, espalhados por todas as regiões do País, oferecendo informações de caráter nacional sobre os consumidores aos bancos, financeiras, lojas e prestadoras de serviços. Embora sejam conhecidos como bancos de dados de consumidores negativos, o acervo dos serviços de proteção ao crédito acumulam informações sobre pessoas físicas muito mais abrangentes que, somados aos dados fornecidos pelos usuários, permitem, inclusive, a elaboração de scores e de outras ferramentas de decisão que oferecem maior segurança às operações de crédito. A informação relevante que os bancos de dados não dispõem é a do grau de endividamento do consumidor quando demanda crédito. A “passagem”, isto é, número de vezes que um CPF foi consultado durante um período, oferece indícios de operações anteriormente realizadas pelo pretendente ao financiamento, mas não permite quantificar o montante dos créditos eventualmente obtido pelo consumidor. Mesmo assim, as estatísticas demonstram que, quanto maior o número de “passagens” do consumidor no SCPC, maior é a probabilidade de ele se tornar inadimplente. Com o objetivo de aumentar a segurança nas operações de financiamento às pessoas físicas, em 2004, o governo, por meio do então secretário de Política Econômica Marcos Lisboa, no âmbito das chamadas “reformas microeconômicas” destinadas à reduzir as taxas de juros, iniciou a discussão de um projeto de lei para a criação do cadastro positivo, com a colaboração da ACSP e de outros bancos de dados e, depois de um ano e meio de discussões com os diversos segmentos, especialmente os ligados à defesa do consumidor, foi encaminhado pelo presidente da República ao Congresso, em setembro de 2005, sob o número de PL 5870/05. Desde então, esse projeto tramitou na Câmara dos Deputados apensado a outro de número 836/03 e foi votado em Plenário em 19 de maio, com diversas emendas que o desfiguraram por completo. Em vez de aumentar a transparência nas operações de crédito, para permitir a redução dos juros, o texto aprovado restringe o conjunto de informações negativas que Maio/2009 FINANCEIROACREFI Política econômica: A redução do superávit primário ameaça a sustentabilidade das finanças públicas brasileiras? Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores piorava as condições Alguns analistas vêm levantando dúvidas acerca das de solvência de nossa perspectivas de preservação das condições de solvência dívida. Essa piora, comda dívida pública brasileira, dado que o nível de atividade binada à fragilidade das doméstica deprimida vem tendo um impacto bastante contas externas, levava à recorrente configuração de um círadverso sobre as receitas tributárias. Somando-se a isso os culo vicioso – de aumentos de juros, cortes de gastos e elevaefeitos das medidas anticíclicas tomadas pelo governo – ções de impostos – que mantinha a economia brasileira presa a como a redução de tributos para várias classes de produtos e um movimento de stop & go. E o baixo dinamismo da atividade, a autorização para que a Petrobras não mais tenha que conpor sua vez, prejudicava a arrecadação e, portanto, o ajustatribuir para o resultado fiscal do setor público consolidado mento das finanças públicas. –, tem-se a sinalização de um resultado primário em 2009 significativamente inferior ao obtido nos últimos anos. Um primeiro aspecto importante a ser lembrado, antes de se discutir os fluxos fiscais (como o superávit primário), é que o aprofundamento da crise internacional a partir de setembro, ao gerar uma depreciação relevante do real ante o dólar norte-americano, reduziu significativamente a relação entre a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) e o Produto 1 Interno Bruto (PIB) e, portanto, melhorou suas condições de solDívida Líquida do Setor Público (DLSP) vência: entre agosto e novembro Em % do PIB valorizado pelo IGP-DI centrado do ano passado (período mais 60 agudo da crise), a relação DLSP/ PIB recuou de 40,7% para 34,9%. 55 53,5 52,5 52,4 Assim, graças, sobretudo, ao 50,5 50 48,4 grande acúmulo de reservas inter47,0 46,5 nacionais ao longo dos anos pre45,5 45,4 44,8 44,9 44,5 44,0 45 cedentes, mesmo num quadro de 42,2 42,0 42,1 41,9 41,2 41,2 40,9 40,740,540,740,5 agravamento da crise global, a dí38,9 40 38,1 37,8 37,6 vida pública se manteve num nível 37,1 36,637,0 36,2 35,8 34,9 que, em termos históricos, pode 35 33,2 32,6 ser considerado relativamente 31,8 31,3 30,7 30,0 baixo (Gráfico 1). Trata-se do mo30 28,0 26,6 vimento oposto observado em 25 outros momentos de crise, quando a depreciação cambial (estimulada 20 pelo aumento da aversão ao risco típico de momentos de estresse) FINANCEIROACREFI mar/2009 jan/2009 fev/2009 dez/2008 nov/2008 set/2008 out/2008 jul/2008 ago/2008 jun/2008 mai/2008 fev/2008 abr/2008 2007 jan/2008 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 mar/2008 Fontes: BC e IBGE. Elaboração: LCA. 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 1982 1981 A crise internacional reduziu a relação entre Dívida Líquida do Setor Público e PIB Divulgação Maio/2009 momentos, as receitas tendem a desacelerar muito mais do que as despeComponente cíclico do resultado primário sas (tendência exacerbada, no caso do Brasil, pelas normas legais que tor6,0 nam perto de 90% das despesas governamentais quase incompressíveis, ao menos em termos nominais). Desse 5,0 modo, tão logo a economia brasileira volte a crescer num ritmo próximo do seu potencial (que estimamos situar4,0 se entre 4% e 4,5%), cabe esperar uma elevação de cerca de 2 pontos percentuais do superávit primário compara3,0 tivamente ao resultado observado durante o período de nível de atividade mais debilitado. A elevação pode ser Superávit primário estrutural 2,0 menor do que esses 2 pontos, evidentemente, caso o governo decida torSuperávit primário efetivo (média móvel de 3 meses, com ajuste sazonal) nar permanentes algumas reduções 1,0 de tributos e/ou elevações de gastos introduzidas durante o período de crise. Um exemplo é a situação da Dados em % do PIB. Fonte: BC. Elaboração: LCA. Petrobras: a empresa foi autorizada a não contribuir para o superávit primário em 2009 e em 2010, e essa permissão poderá (ou não) ser estendida para os anos seguintes (lembrando que o esforço primário da estatal correspondia a cerca de 0,5% do PIB). O terceiro elemento importante na discussão está associado ao termômetro utilizado para aferir o desempenho das finanças públicas brasileiras. Por muito tempo, em função dos acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e da inflação bastante elevada, o indicador de fluxo no qual os analistas concentravam sua atenção era o resultado primáPassando à discussão seguinte, cabe questionar que rio, isto é, a diferença entre as receitas e as despesas nãoproporção da queda recente do superávit primário pode ser financeiras do setor público. Não obstante, o indicador mais considerada como temporária ou cíclica, ou seja, decorrente importante das finanças públicas sempre foi o resultado da desaceleração cíclica da atividade econômica. Isso pornominal (que consiste na diferença entre os juros pagos que a sustentabilidade do endividamento público de um sobre a dívida e o resultado primário), na medida em que país está associada ao resultado das finanças públicas ao ele aponta diretamente se o endividamento público está longo de uma sequência de vários anos. se elevando ou não. A alta da dívida não será estancada, a Uma maneira de tentar aquilatar essa questão é compadespeito da obtenção de um superávit primário elevado, rar o superávit primário efetivo com o chamado superávit se, devido a uma conta de juros bastante salgada, o déficit primário ajustado pelo ciclo econômico (que corresponde nominal também se mostrar elevado. ao esforço primário que seria verificado se o PIB estivesse Nesse sentido, a situação brasileira atual mais uma vez crescendo a uma taxa próxima do seu ritmo potencial). Estise revela bastante diferente daquela que vivenciamos num mamos, com base nos dados históricos, que esse superávit passado não muito distante. Isso porque a queda substancial primário “estrutural” se situa em torno de 4,2% do PIB. da Selic – nossa expectativa é de que a Selic anual média Esse exercício sugere que a desaceleração da atividade passe de 12,6% ao ano em 2008 para cerca de 10% a.a. em econômica doméstica seria responsável por uma redução 2009 e para algo próximo a 9,5% a.a. em 2010 – deverá fazer de quase dois pontos percentuais do superávit primário com que os encargos de juros sobre a dívida recuem para o efetivo (Gráfico 2). Isso justamente pelo fato de que, nesses mar/09 jan/09 nov/08 set/08 jul/08 mai/08 mar/08 jan/08 nov/07 set/07 jul/07 mai/07 mar/07 jan/07 2 A desaceleração da economia doméstica seria responsável por uma redução de quase 2% do superávit primário efetivo FINANCEIROACREFI Política econômica: 3 A queda da Selic deverá reduzir os encargos de juros sobre a dívida para o nível mais baixo já registrado Juros nominais apropriados sobre o estoque da dívida pública 9 8,5 8,2 8 7,7 7,3 7 7,0 6,8 6,6 6,6 6,6 6,8 6,1 6 5,6 5,2 5 4,6 4,6 4,0 4 3 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 (p) (p) Em % do PIB. Fonte: BC. Projeções: LCA. nível mais baixo já registrado (a série de estatísticas relativas às contas públicas sob a metodologia atual tem início em 1991 – Gráfico 3). Com efeito, o recuo esperado do superávit primário de 4,1% do PIB em 2008 para 2,5% em 2009 (ou seja, -1,6 p.p.) gera um incremento de apenas 0,6 p.p. do déficit nominal (de 1,5% do PIB no ano passado para 2,1% neste ano) em função do importante alívio esperado na conta de juros nominais (de 5,6% do PIB em 2008 para 4,6% em 2009, ou seja, -1 p.p.). Mesmo subindo para 2,1% do produto no ano corrente, seria o segundo menor déficit nominal já registrado pelo País (superado apenas pelo resultado de 2008). A título de comparação, a meta indicativa de déficit nominal que consta do tratado de Maastricht, para os países integrantes da zona do euro, é de 3% do PIB. Para finalizar, é importante apontar que a discussão ganha em clareza quando se separa a questão da solvência da dívida pública daquela relativa à qualidade/eficiência do gasto público brasileiro. Como apontamos acima, do ponto de vista estrito da solvência (isto é, da capacidade de pagamento), a situação das finanças públicas brasileiras enseja pouca preocupação na conjuntura atual. Mas isso não diz nada sobre a qualidade/eficiência do gasto público – uma outra discussão, bem mais ampla e tão relevante quanto a da solvência, que envolve uma série de outros fatores, tanto econômicos quanto institucionais. | Assessoria financeira, assessoria jurídica e cobranças administrativas • Cobranças amigáveis (CDC, Leasing e cartões) • Jurídico (Banco autor e Banco réu) • Reintegração de posse • Busca e apreensão NOVA FILIAL Ribeirão Preto Atuação em São Paulo, Grande São Paulo e filiais em Santos (cobrindo todo o litoral), Bauru e Sorocaba. www.sotopietra.com.br FINANCEIROACREFI Rua 15 de Novembro 184, 14º Andar - CEP: 01013-000 - São Paulo - SP - Tel: 11 2101-2500 15 de setembro de 2009, às 13h30 Renaissance São Paulo Hotel Abertura Adalberto Savioli, presidente da Acrefi Alencar Burti, presidente da ACSP Palestrantes confirmados Internacional Clark S. Abrams, chief, Money Laundering and Financial Investigations Unit, Office of the Special Narcotics Prosecutor for the City of New York Nacionais George Henry Millard, diretor da Performance Risk Management & Security Consultants Tabajara Novazzi Pinto, delegado de Polícia de Classe Especial no Estado de São Paulo Prof. Istvan Kasznar, Ph.D, economista-chefe da Acrefi Informações e inscrições no site www.acrefi.org.br Patrocínio Apoio Institucional Conjuntura: Spread bancário: uma contribuição por Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban Foi diretor de Finanças do Banco Nossa Caixa (2003/2007) e secretário-adjunto do Tesouro Nacional (2000/2002) “Para problemas complexos, sempre existem soluções simples... e erradas.” A frase parece ajustar-se como uma luva no debate sobre o spread bancário no Brasil, que vem aparecendo com frequência no noticiário econômico, mas quase sempre de forma superficial e limitada. Este artigo é uma tentativa de contribuir para esse debate, esclarecendo alguns aspectos, de natureza técnica, que podem ajudar a termos um melhor entendimento do assunto. Vamos a eles: 1) Dados parciais: os dados do Banco Central (BC) consideram apenas parte das operações bancárias, as do chamado mercado livre de crédito, que, em geral, são de prazo menor e que correspondem a cerca de 45% das operações do sistema. As restantes são, em geral, de spread mais baixo, como financiamento imobiliário, leasing e repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nossos cálculos indicam que a inclusão dessas operações reduziria em cerca de 7,4 pontos percentuais (p.p.) o spread bancário bruto referente a março. 2) Spread bruto: embora spread bruto e lucros do setor financeiro sejam com frequência tratados como sinônimos, são conceitos bastante distintos. O spread calculado pelo BC equivale à diferença entre as taxas de captação, pagas pelos bancos, e as taxas cobradas nas operações de empréstimo. Spreads elevados podem ou não implicar lucros elevados, a depender de outros fatores, entre eles a taxa de inadimplência e a carga tributária. Para se chegar ao spread líquido, que seria uma melhor aproximação do lucro líquido, é necessário descontar os demais custos que incidem sobre as operações de crédito. 3.1) Inadimplência – cálculos do BC indicam que só a inadimplência responde por algo como 37% do spread bancário, certamente um dos mais elevados níveis do mundo. O custo é alto porque a qualidade da informação no Brasil é deficiente, elevando muito o risco para o emprestador. Assim, bons pagadores pagam pelos maus e é por isso que o setor bancário defende o cadastro positivo e todas as iniciativas FINANCEIROACREFI ©iStockPhoto.com/Aaltazar O spread bruto é elevado no Brasil, mas disso não decorre necessariamente que o spread e o lucro líquido também o sejam que possam melhorar a qualidade da informação disponível aos agentes econômicos. Os custos associados à inadimplência também são elevadíssimos se incluirmos gastos com a cobrança judicial, a demora na recuperação de garantias etc. Destaque-se a evidência de que nas linhas com melhores garantias, como o crédito consignado e o financiamento de veículos, os spreads são bem menores. 3.2) Carga tributária – o Brasil é provavelmente o único país que tributa a intermediação financeira onerando poupadores e tomadores de crédito. Sobre as operações de crédito incide uma alíquota de 3,65% referente a PIS/Cofins e outra, de IOF, que pode atingir até 1,88% ao ano. Na tributação direta, além do Imposto de Renda, os bancos recolhem a alíquota diferenciada de CSLL de 15%. Segundo o BC, os tributos diretos e indiretos respondem por cerca de 18,5% do spread bruto nas operações de crédito livre. para o debate Maio/2009 O resíduo líquido corresponde a cerca de 27% do spread bruto, o que daria 5,7% ao ano 3.3) Compulsórios – é provável que o Brasil tenha os maiores níveis de depósitos compulsórios do mundo. Sobre depósitos à vista, o percentual é de 47% comparativamente a, por exemplo, 10% nos Estados Unidos e 3% na zona do euro. Também há compulsórios sobre depósitos a prazo, o que é uma clara distorção em relação aos demais países. Esse nível de compulsório até ajudou o Banco Central a injetar liquidez rapidamente no sistema após o agravamento da atual crise externa, mas é inegável que se trata de mais um custo que infla o spread, onera os tomadores de crédito e eleva as despesas de captação dos bancos. 3.4) Custos administrativos/operacionais – no cálculo do BC, esses custos respondem por 13,5% do spread, mas avaliamos que esse percentual pode estar subestimado. A metodologia do BC só considera os custos “alocáveis” a um número limitado de operações, os 45% citados no item 1. Ficam de fora outros custos, inclusive o das operações obrigatórias, como o crédito rural. Se os incluirmos de alguma forma, certamente teremos uma elevação desse percentual. É importante mencionar que os percentuais aqui citados correspondem a um estudo do BC para o ano de 2007, feito para as operações do mercado livre de crédito. Mas, feita essa ressalva, achamos que essa metodologia pode nos ajudar a pelo menos chegar a um cálculo mais correto sobre o spread líquido do setor bancário no Brasil. E qual seria este número? De acordo com os dados do BC para março de 2009, o spread bruto para as operações de crédito livre foi de 28,5%. Incluídas outras operações de crédito direcionado e de taxas controladas, de acordo com a metodologia da Febraban, esse spread cairia para 21,1% Ainda segundo o BC, o spread ou resíduo líquido corresponde a cerca de 27% do spread bruto (27% de 21,1%), o que daria, portanto, 5,7% ao ano. É provável que esse número seja ainda mais baixo, já que em nossa avaliação os custos administrativos parecem subestimados na metodologia utilizada pelo BC. De todo modo, é o spread líquido (5,7% ao ano), e não o spread bruto, que deveria ser utilizado na comparação com o desempenho do setor financeiro em outros países (em tempos normais) e com a rentabilidade de outros setores da economia brasileira. O spread bruto é elevado no Brasil, mas disso não decorre necessariamente que o spread e o lucro líquido também o sejam. Uma discussão séria para reduzir o spread bruto deveria ser centrada nos fatores estruturais listados acima. Análises apressadas e pouco técnicas podem até render boas manchetes, mas não contribuirão para que se encontrem as soluções corretas para este problema. | Artigo publicado pelo jornal Valor Econômico em sua edição de 26/05/2009, pág 12-A. FINANCEIROACREFI Artigo: Olhar pelo retrovisor ajuda a enxergar a estrada a nossa frente: o caso do crédito Maio/2009 Em tempos de crise, o alarmismo parece ser a regra. À custa de tanta repetição, interpretações e expectativas transformamse em verdades que passam a condicionar o comportamento econômico dos agentes. Torna-se útil, então, revisitar autores que viveram e estudaram outras crises. Neles, podemos nos deparar com similaridades e circunstâncias inspiradoras ao encaminhamento de problemas atuais ou nos encontrar, pelo distanciamento histórico dos fatos, com a isenção necessária às boas análises. E, mesmo que nada disso fosse tão relevante, há sempre o sabor em apreciar os pensamentos pioneiros e que se tornaram clássicos na literatura econômica. Esse é o caso que a releitura de Princípios de Economia Política, de John Stuart Mill, provoca em quantos se entregam a conhecer as aventuras dos sistemas financeiros europeus dos séculos 18 e 19. Das boas lições desse livro, uma registra a “grande rapidez com a qual os países se recuperam de um estado de devastação. O desaparecimento, em pouco tempo, de todos os vestígios dos danos causados pelos terremotos, inundações, furacões e guerras”. A reprodução da riqueza afasta a crença em um poder curativo da natureza, substituindo-a pela ideia de que cada porção do capital é usada e destruída, no seu consumo, geralmente logo após sua produção. Mas os que a consomem são, nesse meio tempo, empregados em produzir mais capital, em porções superiores às que consumiram e, por esse modo, ampliam sua base, obedientes a um ciclo perpétuo de seu próprio consumo e reprodução. Ao aceitar esse pensamento, admite-se a inevitabilidade das crises nos sistemas econômicos e, simultaneamente, a inevitabilidade de suas soluções. Cada ciclo se encerra com a destruição do capital até então existente e se reinicia com a produção de uma quantidade ainda maior de um novo capital. Podemos, então, pôr-nos em relativo sossego, pois o processo de reprodução está garantido, sem implicar, todavia, que o capital permaneça sempre nas mesmas mãos. Essa pérola do liberalismo inglês carrega uma mensagem esperançosa para os dias atuais, em que um ciclo econômico está se encerrando, com uma destruição de capital sem paralelo em toda a história econômica mundial. Fica a frustração de não havermos previsto seu encerramento, pelo menos para tornar mais suave sua transição, e a certeza de que produção de novos capitais será realizada, em quantidades maiores do que as anteriores, rapidamente. FINANCEIROACREFI ©iStockPhoto.com/K.I. por Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, empresário, sócio do Instituto de Pesquisa Fractal e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Mas o gênio de Mill ousaria mais. No capítulo em que trata das Proposições Fundamentais sobre o Capital, enuncia o seu quarto teorema, para descrever o mecanismo dessa reprodução: “O que mantém e dá emprego à mão de obra produtiva é o capital gasto para fazê-la trabalhar, e não a procura dos compradores em relação ao produto do trabalho, depois de realizado.” O autor insiste que a demanda por mercadorias determina apenas o setor específico de produção no qual se empregarão a mão-de-obra e o capital. Entretanto, é o montante de capital que determina a quantidade de mão-de-obra a ser empregada nesse setor e o valor de sua remuneração. O corolário que se põe diante dos atuais formuladores das políticas anticíclicas é o de que as injeções a serem feitas pelos Estados nacionais, em suas propostas intervencionistas de restauração da liquidez dos sistemas, devem contemplar muito mais os investimentos que produzem empregos e renda do que estimular o consumo e intensificar as atividades assistencialistas. Uma espécie de negação, antecipada em dois ou três séculos, do que hoje se conhece sob a denominação genérica de clientelismo. Dessa perspectiva, impõe-se reconhecer que comprar produtos, ou seja, estimular o consumo, não significa aumentar o nível de emprego. O que, de fato, expande a procura pela mão de obra são os salários que precedem à produção. Em outras palavras, as classes trabalhadoras não se beneficiam em nada pelo fato de uma pessoa comprar mercadorias e consumi-las, mas, ao contrário, os benefícios decorrem daquilo que deixou de ser consumido e que foi gasto na forma de pagamentos diretos a trabalhadores, em troca de seus trabalhos. Isso sim acrescenta algo ao montante de empregos. Numa versão contemporânea, dir-se-ia que o investimento produtivo gera empregos, que o emprego gerado produz o aumento da renda e que a renda maior faz o consumo crescer. Chegamos ao âmago das discussões sobre as políticas anticíclicas, para as quais Mill ofereceu seu rigoroso receituário liberal. A recuperação desses dois teoremas suscita a desconfiança sobre a eficácia das medidas de fomento dos governos no combate à crise atual, dirigindo recursos para os sistemas financeiros ou alocando-os em tantas formas de estímulo ao consumo. Claro que não se poderia admitir que os governos abandonassem seus sistemas financeiros à própria sorte, deixando-os sem socorro. A insolência haveria de paralisar todo o sistema econômico. Também não se pode conceber, diante da lógica liberal de Mill, a recusa do socorro ao consumo ou às populações necessitadas de políticas sociais. Mas, ao retardar investimentos, ou mitigá-los, ignorando os mecanismos de reprodução do capital, apenas se posterga o início do novo ciclo econômico nacional. As inversões que cabem ao Estado brasileiro fazer devem corresponder a recursos que, desviados do seu próprio custeio, sejam realocados em programas indutores da contratação de mão de obra. Em outras palavras, a tentativa de reviver as soluções keynesianas, afastando-se de práticas fiscais saudáveis, tem se mostrado insuficiente em todo o mundo. O crédito ainda não reapareceu completamente, os níveis de emprego são declinantes e os Produtos Internos Brutos (PIBs) nacionais encolhem a cada trimestre. Bancos confirmam suas expectativas negativas e reduzem ainda mais o crédito, empresas assustadas suspendem seus investimentos, demitem seus trabalhadores e reduzem o nível de emprego. Ameaçado em sua renda, o trabalhador, desempregado, reduz seus gastos e derruba a demanda. A tal crise de confiança, alardeada e repetida, não é um fenômeno da mídia mundial, mas uma decorrência da ausência de investimento em níveis suficientes para produzir emprego. Sem emprego, o trabalhador não consome. Isso dispara a queda das demais peças enfileiradas do jogo de dominó: os atores econômicos não investem, bancos e outros agentes financeiros não emprestam, recursos ficam caros e sem destinação produtiva. A crise de confiança pede ao Estado brasileiro uma ação seletiva. As intervenções no sistema financeiro visando à redução de spreads e o financiamento do consumo, por meio de seus bancos, são inócuas, dado que não produzem empregos novos. Deslocar recursos do custeio para o investimento, criando trabalho, deve transformar-se em ação prioritária do Estado. Financiar consumo é função privada, sobretudo em um sistema financeiro sólido como o brasileiro, e não deve ser disputado pelo governo. O ajuste definitivo na liquidez do sistema econômico nacional será alcançado pela aceleração de um novo período de prosperidade. A articulação dos fenômenos monetários e creditícios pode trazer maiores benefícios à sociedade do que as pressões e acusações dirigidas aos agentes financeiros e as ameaças decorrentes do crescimento exagerado do Estado nesse setor. O expediente anticíclico mais eficiente estará, portanto, na contratação de mão de obra por meio de recursos desviados do consumo e transformados em investimentos que, produzindo empregos, restabelecerá a confiança dos agentes. Essa direção haverá de nos surpreender com a rapidez da reconstrução econômica, como surpreendeu Stuart Mill ao analisar as crises por que passaram os sistemas financeiros europeus nos séculos 17 e 18. Olhar a economia pelo retrovisor talvez possa nos ajudar a enxergar melhor a estrada a nossa frente. | FINANCEIROACREFI Questão jurídica: A O dano moral e os cadastros de inadimplentes FINANCEIROACREFI por Leopoldo Ubiratan Carreiro Pagotto, advogado de Xavier, Bernardes, Bragança, Sociedade de Advogados ©iStockPhoto.com/spxChrome Divulgação Maio/2009 ntes de 1988, havia uma grande discussão jurídica sobre a admissibilidade do dano moral em nosso ordenamento jurídico. Naquele ano, a Constituição admitiu o dano moral, pondo fim à longa discussão sobre sua existência. Como todas as “novidades” jurídicas, o assunto ainda não está assentado nem na doutrina, nem na jurisprudência. Todavia, a aceitação do instituto não significa que haja clareza quanto à sua exata definição, nem quanto ao justo cálculo do valor da indenização. É exatamente aqui que surgem as polêmicas maiores que causam insegurança jurídica para as empresas, inclusive para as financeiras. O dano moral é definido por oposição ao dano patrimonial. Esse é o dano causado diretamente ao patrimônio, tal como um carro acidentado, o erro médico que torna o paciente incapaz para o trabalho ou o vândalo que destrói um caixa eletrônico numa agência bancária. O dano moral não é isso: é uma lesão de um bem que se encontra na ordem moral. Aí, surge outra pergunta: o que é ordem moral? Primeiro, o dano moral pode ser causado à própria pessoa ou a algo que possua, mas não se confunde com as consequências das lesões causadas. Em decorrência desse caráter intangível do dano moral, surge a dificuldade em se estipular o quanto de indenização é cabível. Como definir valor monetário à dor e ao sofrimento causado a uma pessoa? Imaginem-se duas situações. Um consumidor “A” compra um televisor, decidindo pagá-lo a prazo. Após pagar algumas prestações, deixa de cumprir com a sua obrigação e não honra sua dívida. Por sua vez, ao não receber aquilo que lhe é devido, o vendedor envia os dados desse consumidor “A” a um banco de dados com informa- ções sobre a solvabilidade, tal como Serasa ou Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Como resultado dessa ação do vendedor, o nome do consumidor “A” ficará “sujo na praça” e ele poderá não conseguir realizar outras compras a prazo. Por outro lado, o consumidor “B” compra uma geladeira, também optando pelo pagamento a prazo, pagando pontualmente as prestações devidas. Todavia, por algum motivo qualquer, o vendedor envia os dados do consumidor “B” ao mesmo banco de dados, para o qual dados verdadeiramente desabonadores do consumidor “A” foram enviadas. Em virtude dessa ação equivocada, o consumidor “B” sofrerá as mesmas consequências comerciais sofridas pelo consumidor “A”, ou seja, terá seu nome inscrito no cadastro de maus pagadores e dificilmente obterá crédito em outras compras a prazo. Com base nesses fatos, tanto o consumidor “A” quanto o consumidor “B” ajuízam ações pleiteando o ressarcimento pelos prejuízos causados, inclusive os danos morais. Como deve julgar o juiz nesse caso? Se iguais fossem os casos, justo seria que igual fossem as decisões, mas não se está diante de fatos idênticos. O consumidor “A” não honrou seus compromissos, oferecendo fundamento para que seu nome fosse inserido nesse banco de dados. Ao contrário, o consumidor “B” sempre cumpriu com suas obrigações e nunca deu motivo para que pudesse ser chamado de mau pagador. Objetivamente falando, em ambos os casos, houve dano às suas reputações, bem não patrimonial, pois, se antes eram vistos como bons pagadores, gozando das vantagens inerentes a essa qualidade, ao terem seus nomes inseridos nesses cadastros, passaram a ser vistos como maus pagadores. Enquanto para o consumidor “B” o fato de ver seu nome num banco de dados de maus pagadores foi a causa direta para sua perda de credibilidade, para o consumidor “A” o inadimplemento de sua obrigação foi a causa direta para sua perda de credibilidade. Enquanto a inclusão do consumidor “A” foi legítima, a do consumidor “B” foi ilegítima. Esse é o discriminen que deve ser utilizado, a legitimidade da inclusão do nome do consumidor no cadastro de inadimplentes. Essa noção básica precisa ser afirmada reiteradamente, pois, por muitos anos, tanto as instituições financeiras quanto os bancos de dados foram injustamente processados por “negativarem” os consumidores “A”. Para que a inscrição no cadastro de inadimplentes seja válida, devem ser atendidas algumas condições para esse procedimento. Primeiramente, quem assume a obrigação de pagar as prestações deve ter deixado de pagá-las para que seja configurada a mora em relação ao credor. Esta não pode ocorrer devido a erros ou omissões da instituição financeira responsável por receber o pagamento, mas sim pela omissão do próprio devedor. Além disso, o devedor deve ser notificado previamente à sua inscrição no cadastro de inadimplentes, conforme previsão do art. 43, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor. Quanto maiores forem as indenizações, tanto maiores serão as taxas de juros que refletirão o risco do mútuo Caso a entidade responsável por inserir o nome do devedor em seu cadastro assim proceda quando não estiverem presentes os elementos anteriormente descritos, aquele consumidor poderá pleitear indenização por danos morais. Isso ocorre porque a inscrição indevida pode gerar prejuízos patrimoniais, prejuízo aos negócios do inscrito, que deverá ser provada, e/ou prejuízos imponderáveis, decorrentes da ofensa à figura econômico-social da pessoa. Assim, o dano moral pode estar presente em duas situações distintas: (i) quando a pessoa que se comprometeu a pagar as prestações pagou todas as parcelas corretamente no prazo estipulado, mas, mesmo assim, o seu nome foi inscrito, decorrente de erro ou falha da instituição financeira ou outra parte responsável por receber o pagamento; e (ii) quando a inscrição não é precedida pela notificação emitida pelo órgão que inscreveu o devedor. Diante do exposto, podemos afirmar que, somente nos casos em que a pessoa que cumpriu com suas obrigações teve seu nome enviado ao cadastro negativo, poderá se pleitear o dano moral. Defender o oposto é reduzir a utilidade de tais cadastros, pois não constituem meio de atingir a imagem de uma pessoa, mas meio de assegurar que os maus pagadores não venham a prejudicar a sociedade como um todo. Nota-se claramente que muitos têm recorrido à Justiça, mesmo tendo pleno conhecimento de sua dívida, acreditando ser esta uma maneira fácil de se ganhar dinheiro, com isso, desvirtuam a finalidade do Judiciário e prejudicam a função dos cadastros de inadimplentes. Essas discussões podem parecer essencialmente jurídicas, mas possuem grande impacto no equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de mútuo. Quanto maior for a rigidez do Judiciário ou quanto maiores forem as indenizações, tanto maior serão as taxas de juros que refletirão o risco do mútuo. Assim, o assentamento e pacificação da jurisprudência, o que ainda deverá demorar alguns anos, são essenciais para a segurança jurídica (leia-se previsibilidade) dos negócios. | FINANCEIROACREFI Análise econômica: As folgas da política monetária e fiscal Maio/2009 No momento em que a taxa de câmbio volta a apreciar, para aumentar de forma também voltam os pedidos para queda mais acentuada da importante a capacidade Selic. O próprio Banco Central (BC) indicou na Ata do Copom instalada. Há espaço de que o mercado estava com a curva de juros errada, sinalizando sobra para recuperação que a Selic deveria cair ainda mais do que o projetado. Foi uma sem riscos inflacionários. mudança significativa para um BC que até um mês antes, no O que pode ser um Relatório de Inflação, ainda demonstrava preocupações com a risco inflacionário relevante no médio prazo, ou seja, 2010? inflação em 2010. Se o mundo emergente, leia-se China, voltar a crescer no Além das questões que justificam a Selic em queda, ano que vem, poderá retornar a pressão sobre commodities, quais sejam, a queda da demanda e o não-repasse da taxa principalmente as agrícolas, cujas relações estoque/uso estão de câmbio para a inflação, outro elemento entrou em cena ainda muito baixas. Mas, assim como a alta de preços de comrecentemente. Novamente, o câmbio pode ajudar na trajemodities não foi elemento central para a política do BC nos tória da Selic. Não queremos dizer com isso que ela necesúltimos dois anos, também não deverá ser agora. sariamente vá puxar ainda mais a inflação para baixo. Mas Um risco mais de longo prazo que impediria uma queda afasta temporariamente dois receios. Primeiro o de que uma ainda mais radical da Selic é que a inflação brasileira ainda eventual retomada de atividade levasse a um repasse câmtem certo grau de indexação. Cerca de 50% da inflação ainda bio-inflação represado durante a crise. Segundo, diminui a olha para o passado, mesmo que indiretamente, basta lemincerteza em relação à trajetória do câmbio. Até o começo brar dos ajustes de aluguéis usualmente feito com base nos do ano, havia muitas instituições acreditando que o câmbio Índices Gerais de Preços (IGPs). Por conta da alta volatilidade poderia chegar a 2,7 no fim do ano. Essa expectativa ajuda desses índices, há sempre um carregamento para cima ou para a conter ainda mais a incerteza do BC em relação à trajebaixo no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo tória do câmbio. Passada a discussão sobre o que fazer com a poupança, abre-se um espaço maior para que1 Taxa Selic – % ao ano das adicionais da Selic. Há um receio por parte do mercado Em% de que o BC possa cometer novamente 35.00 um erro de avaliação. Quando a Selic Teto alcançado pela Selic é cada vez mais baixo caiu muito fortemente em 2007, houve 30.00 uma percepção por parte de alguns 25.00 analistas de que o BC havia exagerado, levando a um crescimento acima do 20.00 potencial, exigindo que a Selic voltasse a subir novamente em 2008. Entretanto, 15.00 as condições agora são totalmente 10.00 diversas e resvalam num crescimento 10.25 doméstico que deve levar tempo para 5.00 se recuperar. Não podemos esquecer Abr/99 Abr/01 Abr/03 Abr/05 Abr/07 Abr/09 que tivemos investimentos elevados nos últimos três anos que contribuíram Fonte: Banco Central. Elaboração: MB Associados. FINANCEIROACREFI Divulgação por Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados (IPCA) que é prejudicial para efeito de política monetária. Quanto mais rígida a inflação, maior deve ser a potência da política monetária. Isso dificultaria uma queda adicional e permanente do IPCA de 4,5% para 2%. Esse parece ser um risco mais grave quando se olha no longo prazo. E, por fim, vale a tentativa de esticar o máximo possível a queda da Selic desta vez, pois, da próxima vez que precisar subir, talvez não seja necessário chegar a patamares tão elevados (Gráfico 1). O maior risco macroeconômico para os próximos dois anos continua sendo o fiscal, mas mantemos a posição de que é um risco mais relacionado à má qualidade do gasto e menos à sustentabilidade macroeconômica do quadro fiscal. Em relação à qualidade, a tendência de expansão dos gastos com o funcionalismo e a desaceleração dos gastos com investimento permanecem (Gráfico 2). Por exemplo, dos R$ 49 bilhões autorizados de investimentos federais este ano, apenas R$ 850 milhões foram gastos, meros 1,7% do total. Em relação ao quantitativo, devemos ter um déficit nominal se aproximando dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Para o ano que vem, a contar com a Selic mais baixa, deveremos ter um pagamento de juros caindo para cerca de 4,7% do PIB. Se supusermos a manutenção do superávit primário em 2,5% do PIB, teríamos um déficit nominal em queda, o que seria altamente positivo considerando um ano eleitoral (Gráfico 3). A manutenção do superávit em 2,5% do PIB supõe três coisas. Primeiro, que a receita volte a crescer com a aceleração da atividade econômica. Se considerarmos uma elasticidade PIB-receita de 2, se o PIB crescer 3% no ano que vem, como esperamos, a receita real poderia se expandir 6% só por esse efeito. Segundo, temos que considerar que, até o ano que vem, várias das desonerações possam ter terminado. Com a expan- Evolução das despesas do governo federal (crescimento real acumulado em 12 meses em %) 2 18,0 15,0 12,0 10,4 9,0 6,0 5,5 4,2 Despesa total Pessoas e encargos sociais Custeio e capital 3,0 0,0 mar/05 set/05 mar/06 set/06 mar/07 set/07 mar/08 set/08 mar/09 Fonte: STN. Elaboração: MB Associados. mento dos gastos com os investimentos. Se esse cenário for o correto, significa dizer que a dívida líquida poderá continuar caindo, ajudada pela recuperação da atividade e a manutenção de um superávit acima de 2,1%, considerado o ponto de equilíbrio para manter a dívida líquida em 37% do PIB. | são da atividade e a volta do consumo, o governo deverá ter ganhos razoáveis com o fim dessas isenções. Terceiro, trabalhamos com a hipótese de que o governo mantenha o padrão de gastos atuais, assim como aconteceu na eleição de 2006, quando também os gastos com o funcionalismo cresceram em detri- Superávit primário, pagamento de juros e déficit nominal 3 (% do PIB acumulado em 12 meses em %) 12 Superávit primário Pagamento de juros 10 Déficit nominal 2007 2008 2009 6.1 5.6 5.5 8 2010 4.7 6 4 3.0 2.2 2.2 1.5 2 0 -2.5 -2 -4.0 -2.5 -4.1 -4 -6 3 n/0 Ja 3 o/0 Ag 4 r/0 Ma 4 t/0 Ou 5 i/0 Ma 5 z/0 De 6 l/0 Ju 7 v/0 Fe 7 t/0 Se 8 r/0 Ab 8 v/0 No 9 n/0 Ju 0 n/1 Ja 0 o/1 Ag Fonte: Banco Central. Elaboração e projeções: MB Associados. FINANCEIROACREFI Seu evento no coração de São Paulo Lgo São Bento Vi ad o do Ch á a Ru o er íL b ão Jo ão ó ar d Ba Pça Antonio Prado Rua B o a V ut le Va do ú ba a g an h An Av .S ista Pça do Patriarca Recepção Auditório para 90 pessoas Lounge Salão Coffee Break/Refeições • Conference Room • Sistema audiovisual completo • Plasma TV Informações e reservas – Tel.: (11) 3107-7177 Centro de Eventos ACREFI No coração de São Paulo Artigo: Divulgação A importância do “plano B” Junho/2009 por Gilberto Caparica, diretor de marketing da Cimcorp mais comuns é a duplicação do site principal espelhando-o em O desastre das torres gêmeas há oito anos despertou o um site de backup que, em caso de falha, assume a continuidade mundo para a importância dos planos de contingência. Alguda operação. No entanto, essa metodologia vem sendo substimas empresas baseadas no World Trade Center simplesmente tuída por modelos economicamente mais viáveis que utilizam perderam 100% de suas informações de negócios. Mesmo tecnologias de virtualização de servidores que criam ambientes aquelas que, poupadas pela fatalidade, salvaram seus cérebros de contingência bastante eficientes e baratos. se viram diante do desafio de recomeçar sem arquivos e sem A adoção ideal de uma GCN deve envolver o responsável nenhuma referência registrada do passado. pela inteligência dentro da organização, uma vez que ele preSegurança e continuidade dos negócios são hoje preocupacisará fazer um inventário dos ativos, pessoas e tecnologias, ções que estão na cabeça dos CEOs. Não apenas as ameaças de fazer uma análise de impacto dos negócios, terrorismo, inexistente entre nós brasileiros, mas também catástrofes naturais e desastres Pesquisa realizada pelo definir as estratégias de controle e desenhar os planos de continuidade. Vale ressaltar que possíveis (incêndios, roubos, destruições de Guardian IT afirma que, o risco não calculado e a interrupção abrupta todos os tipos), são fantasmas que aterroriapós um incidente, das operações fatalmente resultarão em prezam os sonhos de todos os gestores. 8% das empresas sem juízos significativos para a organização. Sem Vivemos em um mundo ameaçado por plano de continuidade falar que a quebra da continuidade de uma inúmeros incidentes – que podem ser causanão reabrem instituição financeira compromete não apedos por mudanças econômicas, ambientais, nas seu desempenho, mas também a sua sociais e tecnológicas – que colocam os neimagem no mercado e perante os clientes. gócios em risco. Além da continuidade do atendimento, todos Aprendida a lição do 11 de setembro, hoje, entre os grandes buscam alternativas para garantir a integridade de seus dados bancos brasileiros, a segurança é completa. Se destruírem as suas e operações, sobretudo as transações históricas realizadas pelos sedes, em poucas horas é possível colocar as instituições funcioseus clientes. Foi justamente essa preocupação que impulnando on-line, como se nada tivesse acontecido. Mas a grande sionou a criação da norma NBR 15999-1 de Gestão de Continuidificuldade é que as preocupações com o estabelecimento de dade de Negócios (GCN), estipulada pela Associação Brasileira um plano de continuidade de negócios ainda se restringe a de Normas Técnicas (ABNT). grandes instituições. À medida que diminui o seu porte, os sisteBaseada em uma versão inglesa, a norma visa ajudar as emmas perdem em eficiência e em confiabilidade. presas na adoção das melhores práticas em GCN, orientando Fontes do setor informam que organizações que não posna criação de planos de respostas a incidentes. Trata-se de um suem um “plano B” para proteger seus negócios correm sério processo que identifica ameaças potenciais e seus possíveis imrisco de não se recuperarem caso aconteça um incidente. Pespactos nas operações. As normas GCN permitem que a empresa quisa realizada pelo Guardian IT afirma que, após um incidente, desenvolva uma resistência organizacional, capaz de responder 8% das empresas sem plano de continuidade não reabrem; 40% efetivamente aos desafios para continuidade de seus negócios, reabrem, mas fecham em 18 meses; 12% reabrem, mas fecham que não implica apenas sua operação, mas principalmente sua em cinco anos; e apenas 8% sobrevivem. reputação. A participação da alta direção é fundamental para Ainda há um longo caminho a ser percorrido até que todos pergarantir que o processo de GCN seja corretamente introduzido e cebam que a capacidade de manter em funcionamento suas opeestabelecido como parte da cultura da companhia. rações essenciais ou de restabelecê-las rapidamente é a diferença Por exigência da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre o sucesso e o fracasso. Sem dúvidas, as organizações mais todos os bancos precisam implementar meios para garantir a bem-sucedidas são aquelas que sempre possuem um “plano B”. | continuidade dos seus negócios. Para isso, uma das tecnologias FINANCEIROACREFI Artigo: A autenticação da identidade em tempo real ©iStockPhoto.com/Aggressive Entertainment Maio/2009 Você consegue afirmar com certeza que todas as informações que possui de seus clientes são realmente verdadeiras? É uma questão de confiança. Quando sua empresa realiza negócios com consumidores pelos atuais canais de distribuição, tais como internet e telefone, por exemplo, acredita-se que cada um de seus clientes usará uma identificação válida. Porém, todos sabem que, com o desaparecimento das negociações realizadas com o cliente in loco, o negócio de sua empresa pode estar em risco. Então, como é possível resguardar-se se você não sabe exatamente quem é seu cliente? Felizmente, existe uma resposta satisfatória para essa e outras perguntas que contribui para que seus negócios cresçam com a segurança necessária, sem riscos. Atualmente, em questão de segundos, já é possível saber exatamente quem são seus clientes. Uma combinação entre seus processos e informações de mercado protege a organização contra fraude de identidade. Não importa como seus clientes chegam até sua empresa, você pode confiar na informação. O mercado brasileiro já tem acesso a sistemas de decisões completos que podem ajudar sua empresa a verificar automaticamente a identidade de um consumidor por meio de uma validação da informação fornecida. Quando as respostas estão corretas, os dados também estarão. Isso pode ser feito com a criação de perguntas de múltipla escolha, em que o tipo de questão, números e sequências serão determinados pelo uso de ferramentas analíticas que determinarão quais transações seguem um padrão fraudulento. Essas perguntas são criadas com base em um amplo universo de dados externos e internos da organização, desde a base interna de dados de seus clientes até informações de birôs de crédito. Uma vez confirmada a identidade de seus clientes, as transações poderão ser processadas de forma segura e instantânea. Para que essas transações sejam processadas com segurança e no tempo exato que o consumidor moderno exige, a empresa de hoje necessita encontrar uma solução altamente flexível e que possa ser configurada rapidamente para completar um ou mais dos seguintes processos de autenticação de identidade: • Validação de Informações dos Clientes: compara e cruza informações fornecidas pelos clientes com fontes seguras e confiáveis de informação para assegurar consistência e precisão. • Identificação de Atividade Fraudulenta: usa técnicas analíticas avançadas e acessos a bases de prevenção à fraude para verificar informações de clientes e registrar padrões de furto de identidade. • Confirmação de Identidade: fornece a clientes perguntas interativas de múltipla escolha baseadas em um conjunto extenso de dados específicos, avaliando as respostas dos clientes em segundos de maneira a determinar se ele satisfaz seus padrões de autenticação. Assim, de formas simples e baratas, é possível incorporar nos negócios proteção contra fraude de identidade e processos de autenticação. O resultado para os negócios é segurança, retenção de clientes e dinamismo, fatores críticos para seguir obtendo o sucesso com seus negócios. | FINANCEIROACREFI Divulgação por Marcelo Kekligian, presidente da Equifax do Brasil A Acrefi dá as boas-vindas e deseja um futuro brilhante à Nossa Caixa Desenvolvimento Agência de Fomento do Estado de São Paulo. Análise setorial: Impactos da crise financeira internacional no resultado dos bancos brasileiros Os resultados do quarto trimestre de 2008 mostraram que a maioria dos bancos, apesar de em menor grau se comparados aos bancos internacionais, foi atingida pela crise internacional. Se não diretamente, como efeito do medo dos agentes econômicos brasileiros. Até agosto de 2008, o setor bancário vivia os seus melhores momentos no Brasil. Os resultados líquidos somados das 196 principais instituições bancárias aumentaram 146% em um período de cinco anos, iniciando com aproximadamente R$ 15 bilhões em 2003 e atingindo mais de R$ 37 bilhões em 2008. Com o lançamento dos balanços finais de 2008, ficou evidenciado que a crise foi sentida pelos bancos brasileiros. Porém, não de uma forma uniforme sobre todas as operações. Algumas contas foram mais fortemente atingidas. Analisando os ativos totais de 196 instituições financeiras acompanhadas pelo Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), observou-se uma redução em 96 delas do terceiro para quarto trimestre de 2008. O ativo total aumentou em pouco mais de R$ 1 bilhão, interrompendo uma série de aumentos muito mais expressivos. Os bancos públicos brasileiros apresentaram o maior crescimento absoluto do ativo, contribuindo com mais de R$ 20 bilhões, evitando, assim, redução no sistema. Resultado líquido anual do setor mil 50.000.000,00 40.000.000,00 30.000.000,00 20.000.000,00 10.000.000,00 0,00 2004 2005 2006 Resultado líquido anual do setor Fonte: Inepad & Visionarium. FINANCEIROACREFI 2007 Mario Miranda/Agência Foto Maio/2009 Alberto Borges Matias, presidente do Inepad Enquanto os ativos mantiveram-se praticamente estáveis, as operações de crédito de curto prazo não escaparam de uma redução drástica. A oferta de crédito apresentou redução em 128 das 196 instituições no quarto trimestre de 2008. No somatório geral, essas instituições ofereceram R$ 8,7 bilhões a menos de crédito. A diminuição das operações de crédito foi muito influenciada pela reversão de tendência da taxa de inadimplência, tanto de pessoa física quanto de pessoa jurídica, que vinha decrescendo até setembro de 2008. Segundo o Banco Central, a taxa de inadimplência em modalidades como cheque especial, crédito pessoal, aquisição de veículos, aquisição de bens (outros) apresentou crescimento a partir do quarto trimestre de 2008. Além dessas contas, operações de hotmoney e desconto de duplicatas também apresentaram aumento de inadimplência no período estudado. Os custos de captação, somando todas as 196 instituições analisadas, aumentaram em R$ 19,2 bilhões, contribuindo negativamente para o resultado anual. Por sua vez, o resultado da atividade bancária apresentou redução de R$ 9,69 bilhões no quarto trimestre de 2008. Porém, apesar de alguns dados indicarem queda no desempenho dos bancos brasileiros, o cenário ainda é positivo. Se os bancos norte-americanos forem analisados como comparação, pode-se verificar que os danos para a 2008 saúde financeira dos bancos nacionais poderiam ser muito maiores. Enquanto os valores de mercado (soma dos pre- Inadimplência 16,00% 14,00% 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% Crédito pessoal Cheque especial Aquisição de outros bens z/ 08 de v/ 08 8 Cartão de crédito no 8 t/0 ou t/0 se o/ 08 ag ju l/0 8 /0 8 ju n m ai /0 8 r/0 8 ab ar /0 8 0,00% m ços das ações na Bolsa de Valores) dos dez principais bancos americanos tiveram redução de US$ 609 bilhões, equivalente a 75% do total, os bancos brasileiros perderam 57% em um ano, considerando o período de março de 2008 e março de 2009. Alguns números explicam a diferença entre as reduções de valor. A diminuição do resultado de determinadas operações no último trimestre de 2008 não foi suficiente para afetar o resultado anual dos bancos brasileiros. Apenas no quarto trimestre, a receita com intermediação financeira aumentou em 156 das 196 instituições financeiras avaliadas. A soma geral dessa conta indica um saldo positivo de R$ 54,4 bilhões. Assim, mesmo com a crise já instalada, o quarto trimestre contribuiu para acréscimo no resultado líquido anual em 135 instituições, 63% do total analisado. Os próximos balanços serão fundamentais para uma melhor compreensão da situação. A crise financeira ainda permanece de maneira global, juntamente com a falta de confiança dos investidores e todos seus efeitos ainda não se materializaram claramente. | Fonte: Inepad & Visionarium. Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa – Setor Bancário (CP e LP) mil 70.000.000,00 60.000.000,00 50.000.000,00 40.000.000,00 30.000.000,00 20.000.000,00 10.000.000,00 0,00 dez/07 Colaborou neste artigo Gabriel Camargo de Barros Oliveira, analista financeiro do Inepad. mar/08 jun/08 set/08 dez/08 Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa (CP e LP) Fonte: Inepad & BC. FINANCEIROACREFI Banco de dados: por Inepad Taxas Médias : Geral DATA Aplicações % a.a. Var. p.p. Captações % a.a. Var. p.p. Spread % p.p. Var. p.p. mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 37,6 37,4 37,6 38,0 39,4 40,1 40,4 43,0 44,1 43,3 42,4 41,3 39,2 0,2 -0,2 0,2 0,4 1,4 0,7 0,3 2,6 1,1 -0,8 -0,9 -1,1 -2,1 12,2 12,4 13,1 13,5 13,8 13,9 14,0 14,5 13,9 12,6 11,9 11,6 10,7 0,8 0,2 0,7 0,4 0,3 0,1 0,1 0,5 -0,6 -1,3 -0,7 -0,3 -0,9 25,4 25,0 24,5 24,5 25,6 26,2 26,4 28,5 30,2 30,7 30,5 29,7 28,5 -0,6 -0,4 -0,5 0,0 1,1 0,6 0,2 2,1 1,7 0,5 -0,2 -0,8 -1,2 Variação Mar-Mar 1,6 -1,5 3,1 >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD Taxas Médias : Pessoa Física DATA Aplicações % a.a. Var. p.p. Captações % a.a. Var. p.p. Spread % p.p. Var. p.p. mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 47,8 47,7 47,4 49,1 51,4 52,1 53,1 54,8 58,3 58,1 55,1 52,7 50,1 -1,2 -0,1 -0,3 1,7 2,3 0,7 1,0 1,7 3,5 -0,2 -3,0 -2,4 -2,6 12,5 13,1 13,9 14,4 14,8 14,5 14,5 15,1 15,1 12,9 11,5 11,2 10,4 0,4 0,6 0,8 0,5 0,4 -0,3 0,0 0,6 0,0 -2,2 -1,4 -0,3 -0,8 35,3 34,6 33,5 34,7 36,6 37,6 38,6 39,7 43,2 45,2 43,6 41,5 39,7 -1,6 -0,7 -1,1 1,2 1,9 1,0 1,0 1,1 3,5 2,0 -1,6 -2,1 -1,8 Variação Mar-Mar 3,7 -0,9 4,6 >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD Taxas Médias : Pessoa Jurídica DATA Aplicações % a.a. Var. p.p. Captações % a.a. Var. p.p. Spread % p.p. Var. p.p. mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 26,5 26,3 26,9 26,6 27,5 28,3 28,3 31,8 31,4 30,7 31,0 30,8 28,9 -1,2 -0,1 -0,3 1,7 2,3 0,7 1,0 1,7 3,5 -0,2 -3,0 -2,4 -2,6 11,8 11,9 12,4 12,7 13,0 13,4 13,6 14,1 13,0 12,3 12,2 11,9 10,9 1,1 0,1 0,5 0,3 0,3 0,4 0,2 0,5 -1,1 -0,7 -0,1 -0,3 -1,0 14,7 14,4 14,5 13,9 14,5 14,9 14,7 17,7 18,4 18,4 18,8 18,9 18,0 0,6 -0,3 0,1 -0,6 0,6 0,4 -0,2 3,0 0,7 0,0 0,4 0,1 -0,9 Variação Mar-Mar 2,4 >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD FINANCEIROACREFI -0,9 3,3 Spread Financeiro Crédito Pessoa Física Volum e R$ Milhões 50,0 45,0 Taxa de Juros 62,00 60,00 58,00 56,00 54,00 52,00 50,00 48,00 46,00 44,00 140.000 40,0 130.000 35,0 120.000 30,0 110.000 SPREAD FINANCEIRO 25,0 100.000 90.000 20,0 A plicação Capt ação Volume fev/09 mar/09 jan/09 dez/08 out/08 nov/08 set/08 jul/08 ago/08 jun/08 abr/08 mar/08 mar/09 fev/09 jan/09 dez/08 nov/08 out/08 set/08 ago/08 jul/08 jun/08 abr/08 mai/08 60.000 mar/08 70.000 10,0 mai/08 80.000 15,0 Taxa de Juros >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD Volume de Operações de Crédito : Pessoa Física - Prefixados - Recursos Livres (R$ Milhões) MÊS / ANO CHEQUE ESPECIAL VARIAÇÃO EM % CRÉDITO PESSOAL VARIAÇÃO EM % FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO VARIAÇÃO EM % CARTÃO DE CRÉDITO VARIAÇÃO EM % mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 15.059 15.469 15.521 15.659 15.457 15.400 15.803 17.081 16.638 16.003 17.082 17.445 18.001 1,8% 2,7% 0,3% 0,9% -1,3% -0,4% 2,6% 8,1% -2,6% -3,8% 6,7% 2,1% 3,2% 108.860 111.616 114.176 115.214 117.157 118.782 120.697 124.182 125.387 125.996 127.410 128.173 132.001 2,0% 2,5% 2,3% 0,9% 1,7% 1,4% 1,6% 2,9% 1,0% 0,5% 1,1% 0,6% 3,0% 393 422 440 466 482 508 540 575 597 619 650 694 732 3,9% 7,4% 4,3% 5,8% 3,4% 5,3% 6,5% 6,4% 3,7% 3,8% 4,9% 6,9% 5,4% 18.910 19.566 19.930 20.245 20.442 20.807 21.161 21.842 22.642 22.088 23.018 24.336 25.050 2,0% 3,5% 1,9% 1,6% 1,0% 1,8% 1,7% 3,2% 3,7% -2,4% 4,2% 5,7% 2,9% >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD Volume de Operações de Crédito : Pessoa Física Prefixados/continuação - Recursos Livres (R$ Milhões) AQUISIÇÃO VARIAÇÃO OUTROS TOTAL MÊS / ANO VARIAÇÃO VARIAÇÃO VEÍCULOS VARIAÇÃO OUTROS TOTAL EM % EM % EM % EM % fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 83.657 83.850 84.108 83.917 83.930 83.553 83.334 81.938 80.568 82.431 81.625 81.504 81.500 0,5% 0,2% 0,3% -0,2% 0,0% -0,4% -0,3% -1,7% -1,7% 2,3% -1,0% -0,1% 0,0% 11.956 11.860 11.903 11.808 12.078 12.114 11.697 11.835 11.785 11.553 11.039 9.752 9.622 -0,8% -0,8% 0,4% -0,8% 2,3% 0,3% -3,4% 1,2% -0,4% -2,0% -4,5% -11,7% -1,3% 95.612 95.711 96.010 95.725 96.008 95.667 95.031 93.772 92.353 93.984 92.664 91.256 91.122 0,3% 0,1% 0,3% -0,3% 0,3% -0,4% -0,7% -1,3% -1,5% 1,8% -1,4% -1,5% -0,1% 9.931 10.377 10.761 10.634 11.009 11.483 11.501 7.164 7.217 7.427 7.490 7.532 8.207 -0,1% 4,5% 3,7% -1,2% 3,5% 4,3% 0,2% -37,7% 0,7% 2,9% 0,8% 0,6% 9,0% 248.765 253.161 256.839 257.943 260.554 262.646 264.732 264.616 264.833 266.118 268.313 269.436 275.113 VARIAÇÃO EM % 1,3% 1,8% 1,5% 0,4% 1,0% 0,8% 0,8% 0,0% 0,1% 0,5% 0,8% 0,4% 2,1% >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD FINANCEIROACREFI Banco de dados: por Inepad Volume de Operações de Crédito : Crédito Consignado (R$ Milhões) CRÉDITO PESSOAL* MÊS / ANO mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 Var. Fev-Fev 122.525 125.498 128.352 129.763 132.555 134.796 137.337 141.268 143.237 143.687 145.197 147.326 149.619 24,82% CONSIGNADO Públicos Privados Total Amostra** 59.452 60.791 62.136 62.635 63.713 64.655 65.623 67.260 67.486 68.201 68.836 69.652 70.707 20,97% 9.210 9.489 9.778 9.950 10.210 10.216 10.494 10.722 10.594 10.689 10.857 10.974 11.193 24,44% 68.662 70.280 71.914 72.585 73.924 74.870 76.117 77.982 78.080 78.890 79.693 80.626 81.900 21,43% 45.686 46.691 47.637 48.202 48.975 49.313 49.900 52.833 53.095 53.758 54.641 55.502 56.538 26,23% % Consignado*** 56,0% 56,0% 56,0% 55,9% 55,8% 55,5% 55,4% 55,2% 54,5% 54,9% 54,9% 54,7% 54,7% -2,71% Concentração Taxa de Juros %aa do Consignado Estimativa INEPAD Consignado Pessoal Diferença 66,5% 66,4% 66,2% 66,4% 66,3% 65,9% 65,6% 67,7% 68,0% 68,1% 68,6% 68,8% 69,0% 3,95% 26,9% 26,9% 27,5% 27,7% 28,4% 28,5% 28,8% 29,8% 31,0% 30,8% 30,8% 29,3% 28,7% -0,24% 50,5% 50,6% 48,4% 51,4% 53,6% 54,5% 56,3% 57,4% 59,9% 60,4% 56,5% 54,5% 50,8% -3,42% 23,6% 23,7% 20,9% 23,7% 25,2% 26,0% 27,5% 27,6% 28,9% 29,6% 25,7% 25,2% 22,1% -7,27% >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal. Inadimplência - Operações Prefixadas : Crédito Pessoal (R$ Milhões) Saldo Com atraso Mês/Ano sem atraso de 15 a 30 dias % sobre Com atraso Saldo da de 31 a 90 dias Carteira % sobre Saldo da Carteira Com atraso maior que 90 dias % sobre Saldo da Carteira Saldo total Carteira- Brasil Variação em % mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 1,98% 2,01% 2,07% 1,93% 2,04% 1,87% 2,04% 2,19% 1,97% 2,02% 2,23% 2,19% 2,16% 2,42% 2,35% 2,43% 2,38% 2,35% 2,32% 2,27% 2,42% 2,49% 2,35% 2,58% 2,63% 2,57% 5.536.722 5.727.793 6.013.821 5.838.192 6.135.827 6.325.442 6.326.601 6.774.969 6.916.201 6.992.548 7.291.955 7.487.655 7.388.139 5,09% 5,13% 5,27% 5,07% 5,24% 5,33% 5,24% 5,46% 5,52% 5,55% 5,72% 5,84% 5,60% 108.860.114 111.615.655 114.175.722 115.213.871 117.156.761 118.782.371 120.696.738 124.181.618 125.386.795 125.996.164 127.409.755 128.172.982 132.000.636 2,02% 2,53% 2,29% 0,91% 1,69% 1,39% 1,61% 2,89% 0,97% 0,49% 1,12% 0,60% 2,99% 98.527.512 101.022.018 103.022.153 104.407.365 105.881.336 107.489.859 109.166.762 111.686.790 112.879.141 113.492.571 113.980.932 114.514.696 118.372.514 2.156.672 2.244.679 2.368.574 2.228.419 2.389.760 2.215.523 2.461.087 2.715.201 2.471.143 2.546.415 2.845.703 2.804.329 2.846.310 2.639.208 2.621.165 2.771.174 2.739.895 2.749.838 2.751.547 2.742.288 3.004.658 3.120.310 2.964.630 3.291.165 3.366.302 3.393.673 >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD Inadimplência - Operações Prefixadas : Aquisição de Bens - Veículos (R$ Milhões) Saldo Com atraso Mês/Ano sem atraso de 15 a 30 dias mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 74.416.737 74.691.316 74.661.062 74.772.743 74.773.820 74.389.665 73.980.851 72.049.765 70.547.693 71.844.127 70.833.551 70.069.059 69.552.501 3.001.601 2.842.291 2.984.575 2.834.145 2.910.234 2.882.830 2.971.301 3.134.011 3.037.188 3.240.330 3.173.943 3.180.127 3.418.805 >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD FINANCEIROACREFI % sobre Com atraso Saldo da de 31 a 90 dias Carteira % sobre Saldo da Carteira Com atraso maior que 90 dias % sobre Saldo da Carteira Saldo total Carteira- Brasil Variação em % 3,59% 3,39% 3,55% 3,38% 3,47% 3,45% 3,57% 3,82% 3,77% 3,93% 3,89% 3,90% 4,19% 4,15% 4,07% 4,01% 3,94% 3,76% 3,75% 3,89% 4,22% 4,44% 4,57% 4,77% 5,23% 5,39% 2.770.135 2.900.394 3.091.054 3.000.720 3.089.297 3.147.053 3.143.326 3.295.902 3.403.791 3.575.603 3.725.811 3.992.345 4.133.864 3,31% 3,46% 3,68% 3,58% 3,68% 3,77% 3,77% 4,02% 4,22% 4,34% 4,56% 4,90% 5,07% 83.656.851 83.850.416 84.107.793 83.917.134 83.929.877 83.552.561 83.333.676 81.937.511 80.568.103 82.431.255 81.625.210 81.504.177 81.500.098 0,49% 0,23% 0,31% -0,23% 0,02% -0,45% -0,26% -1,68% -1,67% 2,31% -0,98% -0,15% -0,01% 3.468.378 3.416.415 3.371.102 3.309.526 3.156.526 3.133.013 3.238.198 3.457.833 3.579.431 3.771.195 3.891.905 4.262.646 4.394.928 Inadimplência - Operações Prefixadas : Aquisição de Bens - Outros (R$ Milhões) Saldo Com atraso Mês/Ano sem atraso de 15 a 30 dias % sobre Com atraso Saldo da de 31 a 90 dias Carteira % sobre Saldo da Carteira Com atraso maior que 90 dias % sobre Saldo da Carteira Saldo total Carteira- Brasil Variação em % mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 5,20% 4,98% 4,79% 4,70% 4,63% 4,54% 4,35% 4,58% 4,57% 4,35% 4,69% 4,31% 4,46% 6,16% 6,02% 5,75% 5,70% 5,21% 5,09% 4,90% 5,25% 5,53% 5,05% 5,45% 5,54% 5,86% 1.436.965 1.526.906 1.574.622 1.635.845 1.656.346 1.671.757 1.567.610 1.597.246 1.641.852 1.610.860 1.529.065 1.380.641 1.372.374 12,02% 12,87% 13,23% 13,85% 13,71% 13,80% 13,40% 13,50% 13,93% 13,94% 13,85% 14,16% 14,26% 11.955.630 11.860.365 11.902.544 11.808.288 12.077.730 12.114.380 11.697.003 11.834.722 11.784.884 11.553.033 11.038.639 9.751.942 9.622.375 -0,83% -0,80% 0,36% -0,79% 2,28% 0,30% -3,45% 1,18% -0,42% -1,97% -4,45% -11,66% -1,33% 9.161.157 9.028.439 9.073.687 8.943.932 9.232.647 9.275.580 9.047.148 9.073.078 8.953.218 8.855.844 8.389.707 7.410.243 7.257.355 621.470 591.210 570.362 555.532 558.922 549.895 509.192 542.505 538.079 502.912 518.212 420.737 428.818 736.038 713.810 683.873 672.979 629.815 617.148 573.053 621.893 651.735 583.417 601.655 540.321 563.829 >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD Inadimplência - Aquisição de Veículos - Prefixado Março/2009 (em R$ mil) Inadimplência - Crédito Pessoal - Prefixado Março/2009 (em R$ mil) 21% Atraso de mais de 90 dias 7.388.139 54% 25% Atraso de 15 a 30 dias 2.846.310 Atraso de mais de 90 dias 4.133.139 18% 58% 24% Atraso de 31 a 90 dias 4.394.928 36% Inadimplência - Outras Operações - Prefixado Março/2009 (em R$ mil) Inadimplência - Aquisição Outros Bens - Prefixado Março/2009 (em R$ mil) Atraso de mais de 90 dias 1.372.374 29% 35% Atraso de 31 a 90 dias 3.963.673 Atraso de 15 a 30 dias 3.418.805 Atraso de 15 a 30 dias 428.818 Atraso de 15 a 30 dias 352.672 13% Atraso de mais de 90 dias 1.658.667 Atraso de 31 a 90 dias 563.829 63% 24% Atraso de 31 a 90 dias 635.866 Inadimplência - Operações Prefixadas : Outras Operações (R$ Milhões) Saldo Com atraso Mês/Ano sem atraso de 15 a 30 dias mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 7.135.770 7.413.392 7.639.437 7.979.469 8.197.258 8.545.006 8.771.558 4.953.544 4.973.464 5.082.673 5.055.098 4.946.070 5.559.508 393.928 419.332 396.545 364.998 404.991 419.976 417.343 287.556 264.112 296.416 307.374 405.729 352.672 % sobre Com atraso Saldo da de 31 a 90 dias Carteira % sobre Saldo da Carteira Com atraso maior que 90 dias % sobre Saldo da Carteira Saldo total Carteira- Brasil Variação em % 3,97% 4,04% 3,68% 3,43% 3,68% 3,66% 3,63% 4,01% 3,66% 3,99% 4,10% 5,39% 4,30% 7,87% 7,41% 7,17% 7,05% 6,41% 6,27% 6,46% 7,07% 7,15% 6,86% 7,19% 7,20% 7,75% 1.619.166 1.775.117 1.953.249 1.539.449 1.701.217 1.797.996 1.568.322 1.416.093 1.462.718 1.538.170 1.588.855 1.638.018 1.658.667 16,30% 17,11% 18,15% 14,48% 15,45% 15,66% 13,64% 19,77% 20,27% 20,71% 21,21% 21,75% 20,21% 9.930.662 10.376.810 10.761.223 10.633.825 11.008.782 11.482.648 11.500.517 7.164.027 7.216.518 7.426.614 7.489.509 7.532.179 8.206.713 -0,15% 4,49% 3,70% -1,18% 3,53% 4,30% 0,16% -37,71% 0,73% 2,91% 0,85% 0,57% 8,96% 781.798 768.969 771.992 749.909 705.316 719.670 743.294 506.834 516.224 509.355 538.182 542.362 635.866 >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD FINANCEIROACREFI Banco de dados: por Inepad Taxa de desemprego (%) Brasil >> Fonte: IBGE/INEPAD SP mar/09 fev/09 jan/09 1,50 1,20 0,90 0,60 0,30 0,00 -0,30 -0,60 -0,90 -1,20 -1,50 dez/08 0,10 0,00 -0,80 -0,40 0,10 -0,30 0,00 -0,30 0,50 -1,10 2,30 0,60 0,50 nov/08 9,40 9,40 8,60 8,20 8,30 8,00 8,00 7,70 8,20 7,10 9,40 10,00 10,50 out/08 -0,10 -0,10 -0,60 -0,10 0,30 -0,50 0,00 -0,10 0,10 -0,80 1,40 0,30 0,50 set/08 8,60 8,50 7,90 7,80 8,10 7,60 7,60 7,50 7,60 6,80 8,20 8,50 9,00 Variação (p.p.) 11,0 10,5 10,0 9,5 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 ago/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 Taxa (%) jul/08 Var. p.p. jun/08 SP mai/08 Var. p.p. abr/08 Brasil mar/08 DATA Var. p.p. - Brasil >> Fonte: IBGE/INEPAD Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido (R$) 7,0% 1.600 1.550 1.500 1.450 1.400 1.350 1.300 1.250 1.200 1.150 1.100 1.050 1.000 950 900 850 800 750 700 6,0% 5,0% 4,0% 3,0% 2,0% 1,0% 0,0% -1,0% SP mar/09 fev/09 jan/09 dez/08 nov/08 out/08 set/08 Brasil mai/08 >> Fonte: IBGE/INEPAD ago/08 -2,0% jul/08 4,6% -0,2% -1,1% -0,7% -0,4% 1,9% 1,1% -2,1% 2,3% 1,1% 5,5% -1,6% -1,0% mar/08 Var. % 1.407,75 1.405,04 1.390,18 1.380,97 1.374,93 1.400,57 1.416,27 1.386,46 1.418,73 1.434,89 1.514,34 1.489,73 1.474,30 jun/08 SP 6,0% 1,0% -0,9% -0,3% 0,1% 2,1% 0,9% -1,3% 0,9% 0,5% 2,2% -0,1% -0,2% mai/08 Var. % abr/08 Brasil 1.258,60 1.271,30 1.259,45 1.256,03 1.257,60 1.283,60 1.295,71 1.279,46 1.290,65 1.297,37 1.325,73 1.323,86 1.321,40 mar/08 DATA mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 Var. % - Brasil >> Fonte: IBGE/INEPAD Comércio Varejista : Volume de Vendas 6,0% >> Fonte: IBGE/INEPAD FINANCEIROACREFI 6,7% -0,3% Índice Geral Hipermercados e Supermercados fev/09 jan/09 dez/08 -4,8% 12,8% 5,8% -4,0% 5,6% 5,7% -8,7% 10,8% -16,0% -16,8% 14,8% 1,0% -4,4% nov/08 156,62 176,60 186,77 179,22 189,31 200,01 182,63 202,27 169,93 141,45 162,41 164,10 156,81 out/08 -4,2% 14,6% -9,2% 5,5% -6,8% 3,9% 4,7% -4,8% 6,3% -0,7% 25,6% -20,7% -4,4% set/08 120,44 137,98 125,34 132,27 123,32 128,07 134,08 127,63 135,73 134,75 169,19 134,20 128,34 ago/08 -7,4% 13,0% -4,6% 9,3% -6,8% 3,3% 2,8% -2,9% 4,6% -2,3% 34,2% -26,3% -8,9% jul/08 125,72 142,04 135,47 148,06 137,92 142,50 146,54 142,24 148,79 145,42 195,20 143,94 131,18 jun/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 Variação Fev-Fev 210,00 200,00 190,00 180,00 170,00 160,00 150,00 140,00 130,00 120,00 110,00 100,00 90,00 80,00 abr/08 Índice Hipermercados e Veículos,Motos, Var. % Var. % Var. % Supermercados Partes e Peças Geral fev/08 Data Veículos, Motos, Partes e Peças Previsões Econômicas Ano de 2008 PIB Total % a.a. PIB Agropecuário % a.a. PIB Indústria % a.a. PIB Serviço % a.a. Produção Industrial % a.a. 2,24 -0,34 -0,44 -0,50 2,58 -0,16 -0,43 -0,49 2,14 -2,06 -2,84 -2,88 2,50 1,29 1,10 1,11 2,34 -3,17 -3,62 -4,11 Selic Taxa anual IGP-DI % a.a. IPCA % a.a. Taxa de Câmbio R$/US$ Saldo Comercial US$ bilhões 12,08 9,20 9,19 9,17 4,77 4,03 1,33 4,55 4,91 4,10 4,21 4,12 2,27 2,28 2,22 2,18 14,29 14,94 16,62 17,28 Previsão 02/01/2009 4 semanas antes 03/04 1 semana antes 30/04 Previsão 08/05/2009 Ano de 2008 Previsão 02/01/2009 4 semanas antes 03/04 1 semana antes 30/04 Previsão 08/05/2009 >> Fonte: BC-Focus/INEPAD Atividade Econômica DATA Taxa da Utilização da Capacidade Instalada Var. p.p. DATA Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral Var. % 82,60 82,90 82,80 83,30 83,50 83,70 84,60 84,60 82,30 77,80 76,20 76,50 78,40 0,80 0,30 -0,10 0,50 0,20 0,20 0,90 0,00 -2,30 -4,50 -1,60 0,30 1,90 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 126,18 126,32 126,23 127,14 128,53 129,71 130,28 129,69 126,63 117,88 110,53 106,81 108,49 0,59% 0,11% -0,07% 0,72% 1,09% 0,92% 0,44% -0,45% -2,36% -6,91% -6,24% -3,37% 1,57% mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 Variação Mar-Mar -5,08% Variação Mar-Mar >> Fonte: CNI/INEPAD -14,02% >> Fonte: IBGE/INEPAD Produção (Índice) X Capacidade (%) Capacidade (%) 85,0 Produção (Índice) 133 84,0 83,0 129 82,0 125 81,0 121 80,0 79,0 117 78,0 113 77,0 109 76,0 >> Fonte: INEPAD Taxa da Utilização da Capacidade Instalada mar/09 fev/09 jan/09 dez/08 nov/08 out/08 set/08 ago/08 jul/08 jun/08 mai/08 abr/08 105 mar/08 75,0 Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral FINANCEIROACREFI Banco de dados: por Inepad Variação Abr-Abr -15,2% Produção abr/09 mar/09 fev/09 jan/09 dez/08 330.000 310.000 290.000 270.000 250.000 230.000 210.000 190.000 170.000 150.000 130.000 110.000 90.000 nov/08 6,2% -3,5% 4,8% 4,6% -1,9% -3,7% -1,1% -34,4% -50,4% 91,3% 9,2% 35,6% -6,9% out/08 17.625 -10.667 13.900 13.993 -6.149 -11.408 -3.349 -102.082 -98.203 88.179 16.920 71.813 -18.766 set/08 278.459 291.120 298.073 303.815 311.063 309.875 302.906 263.960 196.082 158.713 161.012 219.983 243.305 ago/08 300.551 289.884 303.784 317.777 311.628 300.220 296.871 194.789 96.586 184.765 201.685 273.498 254.732 jul/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 Var. Mensal (%) mai/08 Produção Média Trim. Var. Mensal abr/08 Data jun/08 Indústria Automobilística - Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais Leves e Pesados Produção (em unidades) Média Trim. >> Fonte: Anfavea/INEPAD Vendas Internas no Atacado de Nacionais (em unidades) Variação Variação(%) 300.000 226.750 244.481 259.285 269.424 276.157 282.942 280.034 261.973 218.102 178.111 161.531 176.481 219.707 31.891 18.441 -5.919 17.896 8.222 -5.765 -11.179 -37.240 -83.193 459 32.994 11.396 85.289 14,7% 7,4% -2,2% 6,8% 2,9% -2,0% -4,0% -13,8% -35,6% 0,3% 21,9% 6,2% 43,7% 280.000 Variação Mar-Mar 260.000 240.000 220.000 200.000 180.000 Vendas 12,6% mar/09 fev/09 jan/09 dez/08 nov/08 out/08 set/08 ago/08 jul/08 140.000 jun/08 160.000 mai/08 mar/08 248.964 abr/08 267.405 mai/08 261.486 jun/08 279.382 jul/08 287.604 ago/08 281.839 set/08 270.660 out/08 233.420 nov/08 150.227 dez/08 150.686 jan/09 183.680 fev/09 195.076 mar/09 280.365 Média Trim. abr/08 Vendas mar/08 Data Média Trim. >> Fonte: Anfavea/INEPAD Exportação Total (em unidades) Variação Abr-Abr >> Fonte: Anfavea/INEPAD FINANCEIROACREFI -44,3% 60.000 55.000 50.000 45.000 40.000 35.000 30.000 Exportações Média trim. abr/09 mar/09 fev/09 jan/09 dez/08 nov/08 out/08 25.000 20.000 set/08 1,3% -15,5% 20,3% -5,1% 1,3% -8,1% 12,6% -25,5% -11,3% -49,9% 28,1% 23,1% 5,8% ago/08 844 -10.146 11.195 -3.401 797 -5.190 7.399 -16.831 -5.576 -21.760 6.138 6.447 1.997 70.000 65.000 jul/08 61.888 61.670 62.301 61.517 64.380 61.782 62.784 57.910 52.908 38.185 31.119 28.061 32.922 Variação(%) jun/08 65.333 55.187 66.382 62.981 63.778 58.588 65.987 49.156 43.580 21.820 27.958 34.405 36.402 Variação mai/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 Exportações Média Trim. abr/08 Data Indústria Automobilística Licenciamento de Automóveis Nacionais e Importados (em unidades) Data Vendas 1000cc % no Total 1000cc a 2000cc % no total >2000cc % no total abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 205.460 191.262 200.697 224.772 188.082 208.162 181.029 132.370 150.401 158.154 155.365 214.833 183.853 104.461 97.103 103.398 115.919 97.884 106.283 85.522 61.155 71.711 77.641 80.904 111.154 97.315 50,8% 50,8% 51,5% 51,6% 52,0% 51,1% 47,2% 46,2% 47,7% 49,1% 52,1% 51,7% 52,9% 97.585 91.071 94.071 105.607 87.229 98.835 92.792 69.170 76.200 77.844 71.674 99.771 84.033 47,5% 47,6% 46,9% 47,0% 46,4% 47,5% 51,3% 52,3% 50,7% 49,2% 46,1% 46,4% 45,7% 3.414 3.088 3.228 3.246 2.969 3.044 2.715 2.045 2.490 2.669 2.787 3.908 2.505 1,7% 1,6% 1,6% 1,4% 1,6% 1,5% 1,5% 1,5% 1,7% 1,7% 1,8% 1,8% 1,4% >> Fonte: Anfavea/INEPAD Licenciamento por Categoria - Automóveis 110.000 90.000 70.000 50.000 30.000 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 1000cc out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 +1000cc a 2000cc Taxas de Juros Prefixados : Pessoa Física (R$ milhões) Crédito Pessoal SALDO TOTAL Aquisição de Bens - Veículos TAXAS DE JUROS SALDO TOTAL TAXAS DE JUROS % Variação % Variação MÊS/ANO R$ milhões a.m. p.p a.a. p.p R$ milhões % Variação % a.m. p.p a.a. mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 2,22 2,20 2,25 2,28 2,43 2,43 2,41 2,48 2,70 2,63 2,51 2,32 2,19 108.860 111.616 114.176 115.214 117.157 118.782 120.697 124.182 125.387 125.996 127.410 128.173 132.001 3,47 3,47 3,34 3,52 3,64 3,69 3,79 3,85 3,99 4,02 3,80 3,69 3,48 -0,12 0,01 -0,13 0,17 0,12 0,05 0,10 0,06 0,14 0,03 -0,21 -0,11 -0,21 50,50 50,60 48,40 51,40 53,60 54,50 56,30 57,40 59,90 60,40 56,50 54,50 50,80 -2,10 0,10 -2,20 3,00 2,20 0,90 1,80 1,10 2,50 0,50 -3,90 -2,00 -3,70 83.657 83.850 84.108 83.917 83.930 83.553 83.334 81.938 80.568 82.431 81.625 81.504 81.500 -0,08 -0,02 0,05 0,03 0,15 -0,01 -0,02 0,07 0,22 -0,07 -0,12 -0,19 -0,14 30,08 29,81 30,61 31,09 33,46 33,34 33,05 34,15 37,71 36,51 34,66 31,75 29,67 Aquisição de Bens - Outros SALDO TOTAL TAXAS DE JUROS Variação % Variação % R$ milhões p.p a.m. p.p a.a. -1,16 -0,27 0,80 0,48 2,37 -0,12 -0,29 1,10 3,56 -1,20 -1,85 -2,91 -2,08 11.956 11.860 11.903 11.808 12.078 12.114 11.697 11.835 11.785 11.553 11.039 9.752 9.622 3,85 3,80 3,89 3,81 3,88 3,95 3,94 4,05 4,38 4,71 4,32 4,21 4,20 0,09 -0,06 0,09 -0,08 0,07 0,07 0,00 0,11 0,33 0,33 -0,39 -0,11 -0,01 57,40 56,40 58,07 56,69 57,89 59,15 59,07 61,08 67,26 73,79 66,14 63,96 63,81 Variação p.p 1,60 -1,00 1,67 -1,38 1,20 1,26 -0,08 2,01 6,18 6,53 -7,65 -2,18 -0,15 >> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD FINANCEIROACREFI 27º CONGRESSO ACREFI CRÉDITO A importância do para o Desenvolvimento De 23 a 25 de outubro de 2009 no Grande Hotel Campos do Jordão do BRASIL Informações e inscrições: www.acrefi.org.br Abertura Henrique de Campos Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil Palestrantes Internacionais Jean Dermine, professor do Insead William Charles Handorf, professor da Universidade George Washington Palestrantes Nacionais Adalberto Savioli, presidente da Acrefi Antonio Carlos Bueno de Camargo Silva, diretor executivo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) Francisco da Silva Coelho, presidente da Ordem dos Economistas do Brasil Francisco Valim, presidente da Serasa Experian e da Experian América Latina Gilberto Caldart, presidente da MasterCard Brasil Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento Patrocínio Apoio Institucional Apoio