Barroco
1 - (FGV-RJ - 2011)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na luz, falta a firmeza;
Na formosura, não se dê constância,
E, na alegria, sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza, somente na inconstância.
Gregório de Matos. In: AMORA, Antônio S. Panorama da poesia brasileira. Vol. I. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1959.
As afirmações a seguir referem-se a diferentes períodos da poesia feita no Brasil. Tendo em vista os traços
presentes neste soneto, a afirmação que a ele se aplica é:
A) Por meio de uma linguagem que procura fugir das formas tradicionais, a poesia resvala, muitas vezes, para a
confissão da angústia existencial, do tédio da vida e até mesmo do desejo de morrer.
B) Com base em temas pastoris e bucólicos, preconiza o retorno ao equilíbrio e à simplicidade. A noção de natureza está
presente como a constante mais forte.
C) É uma poesia descritiva, dotada de exatidão e economia de imagens. Constitui uma corrente objetivista que se impôs
ao subjetivismo do estilo anterior.
D) Manifestando um gosto acentuado pelas contradições, lançava mão de técnicas argumentativas para abordar temas
como a fugacidade do tempo e a instabilidade do mundo.
E) Procura registrar a impressão que a realidade provoca no espírito do artista. Não é o objeto que interessa, mas as
sensações e emoções que ele desperta. Daí ter contribuído para a reespiritualização da arte.
2 - (FGV-RJ - 2011) Ainda sobre o poema anterior, dentre os elementos estruturantes presentes no texto e próprios do
estilo de época a que ele pertence, destaca-se o uso recorrente de
A) termos em ordem inversa.
B) frases nominais.
C) verbos de ligação.
D) sujeitos elípticos.
E) períodos simples.
3 - (PUC-Camp - 2011) O homem utilitarista do seculo XVIII transforma utensílios de madeira em um torno por diversão,
e fantasia que pode transformar os homens da mesma maneira. Mas não tem grandes dotes para a poesia, e mal sabe
extrair a moral de uma obra de Shakespeare. Sua casa é aquecida e iluminada a vapor. Ele é um desses que preferem as
coisas artificiais em detrimento das naturais, e pensa que a mente humana é onipotente. Ele sente grande desprezo
pelas possibilidades da vida ao ar livre, pelos verdes campos e pelas árvores, e sempre reduz tudo aos termos da
Utilidade.
(W. Hazlitt. O Espírito do Século, apud Eric J. Hobsbawm. A Era das Revoluções – 1789-1848. Trad. Rio de
Janeiro: Paz e Terra. 1977, p. 255)
1
Já no século XIX, no Brasil, pode-se notar uma certa tendência do abandono da paisagem natural idealizada para
a ambientação do poeta no espaço urbano, privado ou doméstico. E o que se observa quando, por exemplo, se
comparam os
A) sermões, de Antonio Vieira, com os poemas satíricos de Gregório de Matos.
B) poemas de Olavo Bilac, como o dedicado a Vila Rica, e os poemas de Tomás Antônio Gonzaga, em Marília de Dirceu.
C) versos de Os escravos, de Castro Alves, com a Iírica nostálgica de Casimiro de Abreu.
D) Primeiros Cantos, de Gonçalves Dias, com os poemas reunidos em "Ideias Íntimas", de Álvares de Azevedo.
E) versos musicais de Cruz e Sousa com a secura e as dissonâncias dos versos de Alphonsus de Guimaraens.
4 - (UFRJ - 2011)
SONETO
[Moraliza o poeta nos ocidentes do sol a inconstância dos bens do mundo]
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(MATOS, Gregório. Obras completas de Gregório de Matos. Salvador: Janaína, 1969, 7 volumes.)
Todo soneto apresenta a estruturação: tese, antítese e síntese. Com base nessa informação, faça o seguinte:
a) Explique de que maneira a síntese do soneto de Gregório de Matos vincula-se ao projeto estético do Barroco.
b) Descreva como a relação entre os sentimentos de “alegria” e “tristeza” ganha novo sentido no desenrolar do soneto.
5 - (UFV - 2011) Sobre a produção escrita sem o predomínio da imaginação poética e ficcional no Brasil do século XVI, é
CORRETO afirmar que:
a) constitui o acervo do Barroco brasileiro junto com os Sermões do Padre Antônio Vieira.
b) faz parte dos denominados textos de informação, como a Carta de Pero Vaz de Caminha.
c) possui caráter propriamente literário, a exemplo da poesia e do teatro de José de Anchieta.
d) interessa ao estudioso da literatura como textos literários sem intenções práticas ou razões políticas.
6 - (UFV - 2011) Leia a passagem a seguir, extraída do “Sermão da Primeira Dominga da Quaresma ou das Tentações”,
do Padre Antônio Vieira:
Sabeis, cristãos, sabeis nobreza e povo do Maranhão, qual é o jejum que quer Deus de vós; nesta Quaresma que
solteis as ataduras da injustiça, e que deixeis ir livres os que tendes cativos e oprimidos. Estes são os pecados do
Maranhão: estes são os que Deus me manda que vos anuncie: Annuntia populo meo scelera eorum.
(VIEIRA, Antônio. Sermões escolhidos. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 33.)
É CORRETO afirmar que, nessa passagem, o Padre Vieira está:
a) pregando sobre a conversão do cativo.
b) expondo a diferença entre o bom e o mau cativeiro.
c) denunciando o cativeiro como pecado.
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d) defendendo o jejum para todos os cativos do Maranhão.
7 - (UEM - 2010) Assinale o que for correto sobre estilos de época.
01) Embora um dos alicerces da estética barroca seja o estado de tensão entre o antropocentrismo e o
teocentrismo, expandido para a maneira de pensar o mundo e representá-lo na arte literária em termos de antíteses e
paradoxos, a lírica de Gregório de Matos, o principal nome do Barroco literário brasileiro, foge a esta caracterização.
Como bem exemplificam os versos a seguir, a vertente satírica do poeta tende a recorrer a imagens mais diretas e
simplificadas da sociedade que quer criticar, por meio de uma linguagem também simples e direta: “Triste Bahia! ó
quão dessemelhante / Estás e estou do nosso antigo estado! / Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, / Rica te vi eu já,
tu a mi abundante.”
02) O Iluminismo burguês do século XVIII prepara o caminho para a Revolução Francesa. O Arcadismo é o
movimento literário que assimila essa ideologia progressista, reformista. No plano estilístico, empenha-se em cortar os
exageros, o rebuscamento e as extravagâncias características da arte barroca; tudo a serviço de um estilo literário mais
simples e objetivo, compatível com a expectativa burguesa. Os versos que seguem, de Tomás Antônio Gonzaga, são
expressão desse momento estético, em que o poeta busca na vida natural a simplicidade e o bom gosto dos clássicos:
“Enquanto pasta alegre o manso gado, / Minha bela Marília, nos sentemos / à sombra deste cedro levantado. / Um
pouco meditemos / na regular beleza, / Que em tudo o quanto vive, nos descobre / A sábia natureza.”
04) O Romantismo assumiu uma postura anticlássica, proclamando a liberdade individual do artista e, portanto,
negando a necessidade de imitação dos clássicos greco-latinos. No Brasil, soma-se a essa característica fundadora da
estética romântica o destaque da cor local, ou seja, a intenção de criar uma literatura independente e diferente da
portuguesa. Derivam daí outras duas características do Romantismo brasileiro: o indianismo e o regionalismo. Os versos
de Gonçalves Dias são, no que diz respeito ao indianismo, exemplares: “No meio das tabas de amenos verdores, /
Cercadas de troncos – cobertos de flores, / Alteiam-se os tetos da altiva nação; / São muitos seus filhos, nos ânimos
fortes, / Temíveis na guerra, que em densas coortes / Assombram das matas a imensa extensão.”
08) O Parnasianismo brasileiro, expressamente diferente do europeu, intensifica os ideais românticos da
subjetividade e da objetividade, bem como os fundamentos realistas e naturalistas da arte engajada, associados à
preocupação com a forma. Os versos metalinguísticos de Olavo Bilac, retirados do poema “Profissão de fé”, ilustram,
com muita propriedade, a tendência romântico-subjetiva do movimento: “Invejo o ourives quando escrevo: / Imito o
amor / Com que ele, em ouro, o alto-relevo / Faz de uma flor. / (...) Quero que a estrofe cristalina, / Dobrada ao jeito /
Do ourives, saia da oficina / Sem um defeito.”
16) A musicalidade consiste em um dos principais recursos estéticos do Simbolismo. Trata-se de transfigurar
para o plano da poesia a sonoridade própria da música com vistas a sugerir determinada atmosfera – iluminada, alegre,
triste, melancólica, repulsiva, misteriosa, sinistra etc. Para tanto, o poeta vale-se de recursos fonéticos como a
assonância e a aliteração. Nos versos a seguir, retirados do poema “Violões que choram”, de Cruz e Sousa, o eu lírico,
por meio de tais recursos, somados ao título do poema, sugere os sons tristes e melancólicos dos violões: “Vozes
veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vozes veladas, / Vagam nos velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas,
vãs, vulcanizadas.”
8 - (Ufal - 2010)
Os puristas e a mentira do “vale-tudo”
Atenção! Cuidado! Alerta! Não acredite nos puristas que andam declarando nos meios de comunicação que os
linguistas são defensores do “vale-tudo” na língua. Esse é mais um dos muitos argumentos falaciosos que eles utilizam
para desqualificar os resultados das pesquisas científicas e as propostas de renovação da pedagogia de língua inspiradas
em critérios mais racionais e menos dogmáticos, e em posturas políticas menos intolerantes e mais democráticas.
É claro que, numa perspectiva exclusivamente linguística, de análise da língua em seu funcionamento interno,
tudo tem o seu valor. Afinal, como nada na língua é por acaso, então toda e qualquer manifestação linguística está
sujeita a regras e tem sua lógica interna: não há razão para atribuir maior ou menor valor à forma linguística A ou à
forma linguística B. Seria algo tão inaceitável quanto um zoólogo achar que as borboletas têm maior valor que as
joaninhas e que, por isso, as joaninhas devem ser eliminadas... Para o cientista da linguagem, toda manifestação
linguística é um fenômeno que merece ser estudado, é um objeto digno de pesquisa e teorização, e se uma forma nova
aparece na língua, é preciso buscar as razões dessa inovação, compreendê-la e explicá-la cientificamente, em vez de
deplorá-la e condenar seu emprego.
Mas o linguista consciente também sabe que a língua está sujeita a avaliações sociais, culturais, ideológicas, e
que precisa também ser estudada numa perspectiva sociológica, antropológica, política etc. Nessa perspectiva, existem
formas linguísticas que gozam de maior prestígio na sociedade, enquanto outras – infelizmente – são alvo de estigma,
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discriminação e até de ridicularização. As mesmas desigualdades, injustiças e exclusões que ocorrem em outras esferas
sociais – no que diz respeito, por exemplo, ao sexo da pessoa, à cor da pele, à orientação sexual, à religião, à classe
social, à origem geográfica etc. – também exercem seu peso sobre a língua ou, mais precisamente, sobre modos
particulares de falar a língua.
BAGNO, Marcos. Não é errado falar assim! - São Paulo: Parábola, 2009, p.35-36.
O texto recomenda que tenhamos cuidado com os “puristas”. Na Literatura, também é possível identificar uma
visão mais, ou menos, purista da linguagem. A esse respeito, assinale a alternativa correta.
A) A produção poética da 1ª geração romântica apresenta forte preocupação purista, do que decorre uma tentativa de
fazer renascer a língua portuguesa segundo os padrões lusitanos, com forte rejeição às formas linguísticas nacionais.
B) O Arcadismo se destaca como um dos movimentos literários de maior rigor purista, que se revela na preferência por
uma linguagem rebuscada, vocabulário erudito, de difícil acesso e frases na ordem inversa.
C) Os autores barrocos revelam uma visão purista da linguagem ao privilegiarem o cultismo, que se caracteriza pelo
rebuscamento formal, manifestado no jogo de palavras e no excessivo emprego de figuras de linguagem.
D) A produção literária da 2ª geração romântica, opondo-se à 1ª, adota uma visão nada purista, revelada na extrema
simplicidade da linguagem, que rejeitava formas lusitanas para expressar, nos textos, a grande alegria de ser brasileiro.
E) A 3ª geração romântica, antecipando a visão pouco purista do Realismo, que viria em seguida, prefere uma linguagem
despojada, direta e até chula, que consiga retratar com objetividade a realidade brasileira.
9 - (UFPA - 2010) Sobre o Barroco, é correto afirmar que foi
A) a primeira manifestação literária da língua portuguesa, surgida no século XII, na fase inicial da história de Portugal.
B) a mais importante das escolas artísticas brasileiras desenvolvidas durante a segunda metade do século XVIII.
C) uma corrente da literatura que apresentou como traços principais o gosto da clareza, da simplicidade e do equilíbrio.
D) uma escola literária que coincidiu com o Renascimento e inspirou-se nos ideais artísticos da civilização greco-romana.
E) um movimento literário que, no Brasil, se desenvolveu na fase colonial e do qual o poeta Gregório de Matos Guerra
foi um dos principais representantes.
10 - (UFPE - 2010) A literatura é uma das formas de expressão da cultura dos povos e, por isso, guarda íntima relação
com os fatos históricos e o lugar onde foi gerada. No Brasil, os modelos literários foram inicialmente copiados de
Portugal para, depois, adquirirem características próprias. A esse respeito, analise as proposições a seguir.
0-0) O Barroco representou uma literatura transplantada, com modelos trazidos pelos jesuítas. Não conseguiu
projeção na sociedade incipiente da colônia, tendo repercutido apenas nas províncias da Bahia, de Pernambuco e do
Maranhão. Destacaram-se, nesse período, Gregório de Matos e Pe. Antônio Vieira.
1-1) No século XVIII, surgiu o Arcadismo, movimento já com modelos próprios, que buscava a imitação dos
clássicos e cuidava em ser simples, racional e inteligível. Historicamente, coincidiu com a época em que teve lugar a
Inconfidência Mineira, movimento contra a dominação portuguesa.
2-2) O Romantismo brasileiro nasceu das condições propiciadas pela independência política: novo público leitor,
instituições universitárias, jornais que fizeram eclodir o nacionalismo ufanista, cujos intérpretes foram os escritores.
3-3) No século XIX, por influência da Revolução Industrial, surgiu o Realismo, que propôs uma nova linguagem
literária, fundamentada em padrões objetivos. Coincidiu com a crise na sociedade agrária e com a circulação de ideias
republicanas e, paralelamente, antirromânticas.
4-4) Na primeira metade do século XX, o Modernismo foi uma tendência estética que se caraterizou pela busca
de uma expressão nacional. No plano político e econômico, o Brasil adotou o projeto neoliberal, marcado pelo
enfraquecimento do papel do Estado. No 3plano da literatura, destacou-se a continuidade da supremacia da forma pela
forma.
- U V) preocupação dos autores da Literatura Brasileira, inseridos no es lo liter rio denominado Barroco,
era:
) recriar a esté ca do Classicismo europeu.
B) expressar os antagonismos da exist ncia humana.
C) valorizar o conte do em detrimento da forma.
D) eliminar os elementos religiosos dos poemas.
12 - (PUC-Camp - 2009) A crônica histórica e informativa que se intensifica em Portugal no momento das grandes
navegações, conquistas e descobertas ultramarinas, testemunhando a aventura geográfica dos portugueses, os seus
ideais de expansão da cristandade, assume um sentido épico e humanístico que se estende ao Brasil e logo adquire
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entre nós algumas características peculiares. À curiosidade geográfica e humana e ao desejo de conquista e domínio
correspondem, inicialmente, o deslumbramento diante da paisagem exótica e exuberante (...) assim como os ideais de
catequese, atestados pela literatura informativa e pedagógica dos jesuítas (...).
(CANDIDO, Antonio e CASTELLO,
José Aderaldo. Presença da literatura brasileira I. 6. ed. S. Paulo: Difel, 1974. p. 11)
Depreende-se desse trecho que, no início da nossa colonização, a literatura produzida no Brasil restringiu-se
A) a descrições da nova terra e à propagação do cristianismo.
B) a relatos de viagem de interesse meramente geográfico.
C) à propagação dos valores morais da Contrarreforma.
D) à precária formação de comunidades de leitores.
E) à veiculação de traços estilísticos do Barroco.
13 - (UFPA 9) Gregório de Matos, poeta barroco brasileiro, foi apelidado de “Boca do Inferno” por causa de sua
“lira maldizente”, de suas s tiras poéticas, das quais ninguém escapava. A estrofe, retirada de um de seus poemas, que
apresenta tom satírico é
A) Ó não aguardes, que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
B) Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
C) Meu Deus, que estais pendente em um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro.
D) Que falta nesta cidade?............... Verdade
Que mais por sua desonra?......... Honra
Falta mais que se lhe ponha........ Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
E) Numa manhã tão serena
como entre tanto arrebol
pode caber tanto sol
em esfera tão pequena?
quem aos pasmos me condena
da dúvida há de tirar-me,
e há de mais declarar-me,
como pode ser ao certo
estar eu hoje tão perto
de três sóis, e não queimar-me.
14 - (UFRJ - 2009) SEGUE NESTE SONETO A MÁXIMA DE BEM VIVER QUE É ENVOLVER-SE NA CONFUSÃO DOS NÉSCIOS
PARA PASSAR MELHOR A VIDA
SONETO
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
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O remédio será seguir o imundo Caminho,
onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que só, sisudo.
(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 253)
O soneto de Gregório de Matos apresenta, em sua construção, um conflito entre o eu-lírico e o mundo.
a) Em que consiste esse conflito?
b) Qual foi a solução proposta?
15 - (UFRJ - 2009) Considere o texto da questão anterior. O Barroco faz um uso particular de metáforas para concretizar
abstrações. No soneto, encontram-se vocábulos cujos significados constroem imagens vinculadas à travessia do eu-lírico
no mundo. Retire do texto quatro vocábulos desse campo semântico, sendo dois verbos e dois substantivos.
16 - (UFRRJ - 2009)
Olhos de ressaca
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de
Capitu. Não me açode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram.
Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso
e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não
ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas
tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxarme e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e
breve. A eternidade tem
suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar
o gozo aos bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos;
assim também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos
condenados do inferno.
(Machado de Assis. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: O Globo/Klick Editora, 1997. p. 71)
No fragmento, “assim também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará
as dores aos condenados do inferno.”, as palavras, "gozado" e "dores", "céu" e "inferno", estabelecem entre si uma
relação de antítese e remetem às angústias existenciais, dúvidas e contradições típicas do:
(A) Romantismo.
B) Arcadismo.
C) Parnasianismo.
D) Barroco.
E) Modernismo.
17 - (UFT - 2009) Assinale a alternativa em que todas as características pertencem à estética barroca.
A) 1. humanização do sobrenatural; 2. fusionismo; 3. intensidade; 4. impulso pessoal; 5. niilismo temático; 6. cultismo e
conceptismo; 7. o culto do contraste; 8. oposição do homem voltado para o céu ao homem voltado para a terra; 9.
pessimismo.
B) 1. intensidade; 2. acumulação de elementos; 3. impulso pessoal; 4. niilismo temático; 5. subjetivismo; 6. o culto do
contraste; 7. imaginação criadora. 8. senso de mistério; 9. sonho.
C) 1. fé; 2. exagero; 3. retorno ao passado. 4. intensidade; 5. acumulação de elementos; 6. impulso pessoal; 7. culto do
contraste; 8. preferência (dentro do espírito de contrastes) pelos aspectos cruéis, dolorosos, sangrentos e repugnantes;
6
9. ilogismo.
D) 1. liberdade criadora; 2. intensidade; 3. fé; 4. acumulação de elementos; 5. sentimentalismo. 6. impulso pessoal; 7.
preferência (dentro do espírito de contrastes) pelos aspectos cruéis, dolorosos, sangrentos e repugnantes. 8. niilismo
temático; 9. tendência para a descrição e culto da solidão.
18 - (UFV - 2009) NÃO constitui exemplo de manifestações literárias no Brasil do período colonial:
a) a poesia religiosa de Gregório de Matos.
b) a obra poética de Pe. José de Anchieta.
c) a oratória religiosa de Pe. Antônio Vieira.
d) a poesia indianista de Gonçalves Dias.
GABARITO
1-D
Resolução: Não se pode afirmar, como ocorre em A, que este poema foge das formas tradicionais (uma vez que é um
soneto) nem que resvala para a confissão (já que seu tom não é pessoal), muito menos do desejo da morte. Embora o
poema apresente imagens da natureza, não há, como se afirma em B, bucolismo, isto é, uma imagem idealizada do
campo ou elogio da vida campestre. Não se trata também de um estilo objetivista, pois o poema é todo construído em
cima de imagens visuais, não há economia, neste caso. Enfim, o poema descreve imagens de forma clara, e não apenas
registra impressões e sensações, como se afirma em E.
2-A
Resolução: O uso de frases nominais, verbos de ligação, sujeitos elípticos e períodos simples não são, propriamente,
características da linguagem barroca. Já as inversões sintáticas, também chamados de hipérbatos, são bem
característicos desta estética. No poema, podemos percebê-las principalmente na terceira estrofe, em "Na formosura,
não se dê constância", ao invés da ordem direta: "Não se dê constância na formosura".
3-D
Resolução: A alternativa A está incorreta porque a produção de Antonio Vieira e de Gregórios de Matos é do Barroco,
portanto, século XVII. A alternativa B está incorreta, pois, apesar de Bilac ser um escritor da passagem do século XIX
para o XX, no poema "Vila Rica" ele remete ao espaço público da cidade no período da mineração. A alternativa C está
incorreta, pois em Os Escravos não temos a apresentação de um espaço particular, doméstico, e sim do sofrimento de
um povo. E Casimiro de Abreu em seus poemas faz referências emotivas e nostálgicas, não solitárias e citadinas. A
alternativa D está correta, pois ao compararmos as duas obras românticas citadas, publicadas no século XIX,
percebemos que a natureza idealizada em "Primeiros Cantos", de Dias, é substituída por uma ambientação urbana, num
espaço doméstico, em "Ideias Íntimas". A alternativa E está incorreta porque os poetas indicados são do movimento
Simbolista, no qual os aspectos ambientais nos poemas são apresentados de forma vaga, difusa, etérea.
-a)
síntese do soneto “
rmeza somente na inconst ncia”) vincula-se ao projeto esté co do Barroco pela
problema zação de uma questão central: conciliar o inconcili vel, ou seja, aproximar concepções antag nicas como, por
exemplo, “tristeza”/“alegria” e “Luz”/“sombra”.
b) concepção mais comum de que a alegria é inviabilizada por con nuas tristezas é ressigni cada, ou seja, alegria e
tristeza podem coexistir “E na alegria sinta-se tristeza”).
5- B
Resolução: A produção escrita brasileira não poética ou ficcional do século XVI é chamada de "literatura informativa", na
qual está inserida a Carta de Pero Vaz de Caminha. São textos sem caráter literário, pragmáticos e políticos, uma vez
que têm a intenção de informar os monarcas europeus da terra recém-descoberta, a fim de direcionar a exploração da
terra colonizada.
6-C
Resolução: Neste excerto, Padre Vieira denuncia o cativeiro como pecado, o que se evidencia no fato de que ele
prescreve, como "jejum" (isto é, como penitência para os pecados), que "deixeis ir livres os que tendes cativos e
oprimidos", ressaltando depois: "Estes são os pecados do Maranhão".
7
7- 22 (02 + 04 + 16 = 22)
Resolução: A afirmação 01 está incorreta porque os versos citados não são propriamente exemplo da vertente satírica
do poeta. Além disso, encontram-se neles o par antitético pobre-rico, além de sugerir que a “triste Bahia” assim o é pela
dessemelhança que existe entre um estado anterior, de riqueza, contrário ao estado atual, de pobreza. Já a afirmação
08 está incorreta, porque o Parnasianismo brasileiro, embora distinto do europeu pela dicção particular de poetas como
Olavo Bilac, não é expressamente diferente do europeu, tampouco intensificou a subjetividade romântica. Além disso, o
Parnasianismo não mostrou o engajamento político dos realistas-naturalistas, e os versos de Bilac, ainda que
metalinguísticos, ligam-se ao ideal da "arte pela arte", não ao subjetivismo romântico.
8-C
Resolução: A alternativa A está incorreta, porque não é verdadeiro afirmar que a produção poética da 1ª geração
romântica apresenta forte preocupação purista, do que decorre uma tentativa de fazer renascer a língua portuguesa
segundo os padrões lusitanos, com forte rejeição às formas linguísticas nacionais.
A alternativa B está incorreta, pois o Arcadismo não se destaca como um dos movimentos literários de maior
rigor purista, que se revela na preferência por uma linguagem rebuscada, vocabulário erudito, de difícil acesso e frases
na ordem inversa.
A alternativa C está correta, pois, realmente, os autores barrocos revelam uma visão purista da linguagem ao
privilegiarem o cultismo, que se caracteriza pelo rebuscamento formal, manifestado no jogo de palavras e no excessivo
emprego de figuras de linguagem.
A alternativa D está incorreta, já que a informação dada não corresponde às características da produção literária
da 2ª geração romântica.
A alternativa E está incorreta, pois o que se afirma acerca da 3ª geração romântica não corresponde à verdade.
9-E
Resolução: A alternativa E está correta, já que o Barroco, como um movimento cultural e artístico que se estendeu entre
o final do século XVI e o início do século XVIII, teve seu marco inicial no Brasil no início do século XVII, quando o Brasil
ainda vivia sua fase colonial, no ciclo de exploração da cana-de-açúcar. Os dois escritores mais representativos do
Barroco no Brasil são o padre Antônio Vieira e Gregório de Matos Guerra, citado na afirmação presente na alternativa E.
10- V-V-V-V-F
Resolução: O enunciado 4-4) é falso pela relação estabelecida entre o estilo literário e o fato histórico mencionado: o
neoliberalismo surge no horizonte da política brasileira no último quartel do século XX, ao contrário do que afirma a
proposição. Também se equivoca quando alude à continuidade da supremacia da forma pela forma.
11-B
Resolução: Justifica-se a alternativa B, já que uma forte preocupação da estética barroca é de fato expressar os
antagonismos da existência humana, o que se evidencia através do expressivo uso de antíteses.
12-A
Resolução: O trecho em questão afirma que a literatura produzida no Brasil no início da colonização se restringe aos
propósitos de descrever a terra recém-descoberta [curiosidade geográfica e (...) o deslumbramento diante da paisagem
exótica] e catequizar seus habitantes, propagando o cristianismo (assim como os ideais de catequese, atestados pela
literatura informativa e pedagógica dos jesuítas).
13-D
Resolução: Na alternativa A, temos um exemplo da lírica amorosa; em B e C, da religiosa; em E, da reflexiva. Apenas na
alternativa D temos um exemplo da sátira de Gregório de Matos, criticando a "cidade da Bahia", Salvador.
14-a) O eu-lírico encontra-se em crise por se sentir completamente deslocado (inadequado, desajustado) em relação à
coletividade, ao mundo.
b) A solução proposta é render-se ao mundo: o eu-lírico mostra que é melhor seguir mudo o caminho da coletividade do
que ficar só.
15 - Os vocábulos que constroem imagens vinculadas ao campo semântico de travessia são os seguintes:
- verbos : ando, vou(-me), seguir, andam, anda, erra.
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- substantivos: passadas, vias, caminho, pisadas, atalho.
16-D
Resolução: O Barroco (século XVII) se caracteriza pelo uso frequente de antíteses, que reflete, de certa forma, um
período de contradições, motivado, entre outros fatores, pelas disputas religiosas (entre as Igrejas católica e
protestante). As dúvidas existenciais relativas ao céu e ao inferno, isto é, à mortalidade do homem e seu ao destino
espiritual, são temas frequentes na produção desse período literário.
17-A
Resolução: Uma vez que o Barroco preza a agudeza, o engenho, isto é, a forma peculiar e rebuscada na organização do
discurso e das ideias, o ilogismo não pode ser considerado uma característica da estética barroca, conforme se afirma
em C. Além disso, nas alternativas B e D, há menção de características próprias do Romantismo, como subjetivismo,
sentimentalismo e culto da solidão.
18-D
Resolução: A poesia indianista de Gonçalves Dias não é um exemplo das manifestações literárias brasileiras no período
colonial, uma vez que foi escrita e publicada no século XIX, depois da Independência do Brasil (1822).
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Exercício Barroco - Cursinho Gratuito Primeiro de Maio