1 AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA “ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO COM O MATERIAL DOURADO” Fábio Sabatine Bock Orientadora: Ms. Eliana Walker JUINA-MT/2010 2 AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA “ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO COM O MATERIAL DOURADO” Fábio Sabatine Bock Orientadora: Ms. Eliana Walker “Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Licenciado em Matemática”. JUINA-MT/2010 3 AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Profª. Ms. Daniele Martini ___________________________________________________________________ Prof ª Esp. Heloísa dos Santos ___________________________________________________________________ ORIENTADORA Profª. Ms. Eliana Walker 4 Dedico a minha família e a minha orientadora por todo o auxilio e ajuda que me deram durante todo o processo da monografia. 5 AGRADECIMENTOS A realização deste trabalho monográfico é algo que devo agradecer a várias pessoas, que de uma forma ou outra contribuíram para a realização do mesmo. Primeiramente quero agradecer a Deus, pois sem a sua vontade e sua força nada seria possível. A minha orientadora Profº Msc. Eliana Walker que ajudou na realização deste importante trabalho. A minha família pela força que me deram durante o processo todo. 6 “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção”. (Paulo Freire) 7 RESUMO O material concreto é hoje um recurso didático que vem merecendo destaque para as questões de ensino-aprendizagem. Além de trazer esse interesse para o aluno ele vem proporcionar uma aula mais dinâmica e divertida, fazendo o educando se evolver sobre o conteúdo tratado. Pode-se citar o material dourado como um dos recursos que auxiliam na aprendizagem e que possui fácil manipulação e aplicação. Neste trabalho serão abordados aspectos da educação matemática, o uso de material concreto para as aulas de matemática, o histórico do material dourado, a manipulação do material dourado, construção de números com o material dourado e cálculos de adição e subtração. No entanto nota-se que o uso do material dourado, traz benefícios para os educandos, facilitando o processo de ensino-aprendizagem das operações básicas. Fazendo assim com que o aluno tenha muito mais interesse em aprender a matéria proposta pelo professor. PALAVRAS CHAVES: Material dourado, ensino de adição e subtração,ensinoaprendizagem; 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Material dourado utilizado atualmente.............................................................. ....19 Figura 2: Representação do sistema de numeração decimal posicional com o material dourado .......................................................................................................................... ....21 Figura 3: Representação do número treze com o material dourado ................................ ....21 Figura 4: Representação do número trinta e oito com o material dourado ..................... ....22 Figura 5: Representação do número cento e cinqüenta com o material dourado ............ ....22 Figura 6: Representação do número mil duzentos e setenta e quatro com o material dourado ....................................................................................................................................... ....23 Figura 7: Número 15 representado com unidades .......................................................... ....24 Figura 8: Representação da organização do número 15................................................. ....25 Figura 9: Representação do número 15 depois da realização da troca de 10 unidades por uma dezena .................................................................................................................... ....25 Figura 10: Representação do número 110 utilizado 11 dezenas ..................................... ....26 Figura 11: Agrupamento de 10 dezenas para ser equivalente a uma centena ................ ....26 Figura 12: Representação do número 110 com dezenas e centenas.............................. ....27 Figura 13: Cálculo de adição 15+9=24 ........................................................................... ....28 Figura 14: Cálculo da soma 350+140=490 ..................................................................... ....29 Figura 15: Representação da adição de 2326+1052=3378 ............................................. ....29 Figura 16: Subtração com o material dourado 27-12=15 ................................................ ....30 Figura 17: Subtração com o material dourado 1345-345=1000....................................... ....31 Figura 18: Estruturação do calculo de subtração 235-168=67 ........................................ ....32 Figura 19: Substituição de peças para possibilitar a subtração ....................................... ....33 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................... ....10 1 - EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ................................................................................... ....11 2 – O USO DO MATERIAL CONCRETO NA CONTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO ............................................................................................................... ....15 3 – HISTÓRIA DO MATERIAL DOURADO .................................................................... ....18 4 – MANIPULAÇÃO DO MATERIAL DOURADO .......................................................... ....20 5 – CONSTRUÇÃO DO NÚMERO COM O MATERIAL DOURADO .............................. ....21 6 – ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO COM O MATERIAL DOURADO ..................................... ....28 6.1 – ADIÇÃO COM O MATERIAL DOURADO ..................................................... ....28 6.2 – SUBTRAÇÃO COM O MATERIAL DOURADO ............................................. ....30 CONCLUSÃO................................................................................................................. ....34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... ....35 10 INTRODUÇÃO Atualmente, ao se falar em educação, fala-se a respeito das metodologias utilizadas no ensino e a eficiência de cada uma delas. As aulas de matemática merecem destaque nestas discussões, pois a maior parte dos professores utiliza o método tradicional em suas aulas, porém, hoje, sabe-se que a utilização de materiais concretos, onde a criança pode construir o conhecimento e facilitar a aprendizagem. Com o material concreto o aluno tende a absorver com mais facilidade o conteúdo trabalhado, com isso o professor proporciona para o aluno a aula mais divertida e diferente sem ter aquela monotonia é uma forma divertida e que desperta a criatividade e o raciocínio do aluno, porque ele irá aprender a matemática brincando. O trabalho a seguir tem como principal objetivo apresentar o material dourado com facilitador do processo de ensino-aprendizagem das operações de adição e subtração. No capítulo 1 será abordada a educação matemática. No capítulo 2, a importância do material concreto no ensino da aprendizagem matemática. No capítulo 3, é trazida um pouco da história do material dourado.No capítulo 4 será abordada a manipulação do material dourado. No capítulo seguinte será abordada a construção dos números com o material dourado e para finalizar será demonstrada as operações de adição e subtração de números naturais utilizando o material dourado. 11 1. EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Conforme Carvalho (1994), “o professor que se propõe a trabalhar com Matemática nos cursos de Habilitação ao Magistério deve refletir sobre a situação do ensino dessa disciplina tendo em vista a futura atuação profissional de seus alunos”. A matemática é considerada uma área do ensino pronta, acabada e perfeita que é utilizada para outras ciências. O primeiro aspecto considerando se refere à visão da Matemática que em geral norteia o ensino: considera-se a Matemática como uma área do conhecimento pronta, acabada, perfeita, pertencente apenas ao mundo das idéias e cuja estrutura de sistematização serve de modelo para outras ciências. A conseqüência dessa visão em sala de aula é a imposição autoritária do conhecimento matemático por um professor que, supõe-se, domina e o transmite a um aluno passivo, que deve se moldar à autoridade da “perfeita científica”. Outra conseqüência e, talvez, a de resultados mais nefastos, é a de que o sucesso em Matemática representa um critério avaliador da inteligência dos alunos, na medida em que uma ciência tão nobre e perfeita só pode ser acessível a mentes privilegiadas, os conteúdos matemáticos são abstratos e nem todos têm condições de possuílos.(CARVALHO, 1994) Para Neto (2005), os projetos em Educação, os textos e o posicionamento de cada professor devem se iniciar com uma definição epistemológica, ou seja, posicionar-se quanto a duas perguntas básicas: O que é o conhecimento? Como o conhecimento se forma? O desenvolvimento do indivíduo forma a integração de teorias que são úteis na elaboração de projetos. As relações recíprocas entre o desenvolvimento do indivíduo (ontogênese) e o da sua espécie (filogênese) levam a uma integração entre as teorias de Piaget e a Antropologia, que tem sido muito útil como hipótese de trabalho na elaboração de projetos de ensino da Matemática. (NETO, 2005) A educação matemática crítica desempenha um papel muito importante na sociedade, onde demonstra preocupações nos papéis sociopolíticos. Vê-se a educação matemática crítica como a expressão das preocupações sobre os papéis sociopolíticos que a educação matemática pode desempenhar na sociedade. As raízes da educação matemática crítica são inúmeras, uma das quais se encontra na teoria crítica, que também alimentou o movimento pela educação crítica em geral. As mesmas fontes que servem de inspiração, porém, ajudam a cristalizar visões de mundo que podem emperrar o processo evolutivo. Aponto para a necessidade de que a educação matemática crítica seja repensado e cultivada com base em novas referências. Raízes são importantes, mas é necessário arejar o terreno de vez em quando. (SKOVSMOSE, 2008) A educação matemática também é utilizada na potencialização dos alunos. 12 Segundo Carvalho (2004) é necessário que se faça o planejamento de aula com mais competência para que o aluno aprenda melhor. É importante refletir sobre esse aspecto não só ao pensar sobre as futuras aulas dos alunos de Habilitação ao Magistério mas também e, principalmente, ao planejar aulas para eles. Se esses alunos não puderem perceber o conhecimento matemático que já possuem, dificilmente terão um bom aprendizado, pois tal competência vem sendo continuamente negada em sua história de vida escolar. (SKOVSMOSE, 2008) O objetivo da aula de matemática é de oferecer para o aluno materiais didáticos para reconstruir conceitos mais sistematizados e introduzir uma linguagem convencional. Com o objetivo de oferecer pistas que favoreçam essas transformações, o trabalho nas aulas de Matemática deve oferecer ao aluno oportunidade de operar sobre o material didático para que, assim, possa reconstruir seus conceitos de modo mais sistematizado e completo. As sínteses que foram realizadas, visando introduzir a linguagem convencional, devem permitir a discussão das experiências anteriores, escolares ou não, relativas ao tema.Tais sínteses devem integrar também os aspectos dos conceitos que os alunos abordaram, vivenciando tais situações, e explicitar o reducionismo da linguagem. (CARVALHO, 1994) Segundo Skovsmose (2008) a educação matemática pode degenerar os aspectos problemáticos de qualquer ordem social e contribuir para a criação de cidadania crítica e com ideais democráticos. Não há, na educação matemática, uma clara linha mestra mediante a qual seja possível garantir os efeitos de sua aplicação; muito pelo contrário, a educação matemática pode degenerar em versões ditatoriais e dar guarida a aspectos problemáticos de qualquer ordem social, como, por exemplo, na adaptação que a educação matemática alemã sofreu nos anos 1930 a fim de se adequar ao nazismo (Mehrtens 1993). Contudo, a educação matemática também pode contribuir para a criação de uma cidadania crítica e reforçar ideais democráticos. (SKOVSMOSE, 2008) A educação matemática crítica preocupa-se com a pesquisa e com a prática. Educação matemática crítica não deve ser entendida como um ramo da educação matemática. Não pode ser identificada com metodologias de sala de aula, nem pode ser constituída com base em um dado currículo. Em vez disso, vejo a educação matemática crítica marcada pelas preocupações. Tais preocupações estão relacionadas tanto com a pesquisa quanto com a prática. (SKOVSMOSE, 2008) Para a educação matemática crítica, o predomínio da sala de aula modelo no discurso é um problema, pois ele oculta como a educação matemática opera com respeito à inclusão e à exclusão em escala global. A educação matemática crítica procura questionar o predomínio de qualquer “pensamento estereotípico”. Muitos estudos têm ido além da sala de aula modelo, mostrando que estão afinados com as preocupações da educação matemática crítica. (SKOVSMOSE, 2008) 13 Com isso o saber matemático não deve continuar apenas com poucos alunos, deve expandir para todos os alunos da sala. O saber matemático não pode continuar sendo privilégio de poucos alunos, tidos como mais inteligentes, cujo temperamento é mais dócil e, por isso, conseguem submeter-se ao “fazerem tarefas escolares” sem se preocuparem com o significado das mesmas no que se refere ao seu processo de construção do conhecimento. (CARVALHO, 1994) De acordo com Freitas (2004), a pedagogia Montessoriana relaciona-se à normatização que consiste em harmonizar a interação de forças corporais e espirituais, corpo, inteligência e vontade. O método Montessoriano tem por objetivo a educação da vontade e da atenção, com a qual a criança tem liberdade de escolher o material a ser utilizado, além proporcionar a cooperação. A educação matemática faz parte do processo de globalização. A educação matemática faz parte dos processos de globalização e formação de guetos. Não é fácil perceber como a matemática opera nesse contexto. Algumas premissas paradigmáticas parecem orientar a comunidade de pesquisadores em educação matemática, e elas tornam essa percepção ainda mais difícil. (SKOVSMOSE, 2008) Mesmo com um conhecimento superficial da Matemática, é possível reconhecer certos traços que a caracterizam: abstração, precisão, rigor lógico, caráter irrefutável de suas conclusões, bem como o extenso campo de suas aplicações. (BRASIL, 1997) Freitas (2004) “afirma que já existiram ao longo da história verdadeiros desbravadores intelectuais que ousaram em momentos muitos mais difíceis que este que vivemos agora, enfrentando verdadeiras batalhas em busca de uma educação mais humana e verdadeira”. Na matemática o conhecimento é fruto do processo de imaginação, formando assim as críticas, os erros e acertos, porque para o matemático o interessante é comunicar resultados. O conhecimento matemático é fruto de um processo de que fazem parte a imaginação, os contra-exemplos, as conjecturas, as críticas, os erros e os acertos. Mas ele é apresentado de forma descontextualizada, atemporal e geral, porque é preocupação do matemático comunicar resultados e não o processo pelo qual os produziu. (BRASIL, 1997) Daltoé e Strelow (2010) relatam que a educação deve ser efetivada em etapas gradativas, respeitando a fase de desenvolvimento da criança, através de um processo de observação e dedução constante, feito pelo professor sobre o aluno. 14 Recursos didáticos como jogos e softwares auxiliam o processo de ensino aprendizagem da matemática. A importância dos jogos na Educação Matemática vem sendo questionada há algum tempo. Porém, muitos educadores ainda desconhecem a eficácia desse recurso na sala de aula. A diversidade de situações que os jogos proporcionam, favorece o avanço do conhecimento dos educandos perante situações-problemas, propiciando a aquisição de muitas habilidades. (CÂMARA E SANTOS, 2010) “É neste contexto que aparece a informática, como um elemento aglutinador, capaz de se colocar de forma coerente no processo de construção do conhecimento. É necessário aproximar a tecnologia e a educação matemática de forma eficaz, fazendo com que esta tecnologia seja inserida como apoio à resolução de problemas em situações que propiciem elevação de auto-estima e do desejo de aprender e que tenha „recursos em consonância com a concepção de aprendizagem dentro de uma abordagem construtivista, a qual tenha como princípio que o conhecimento é construído a partir de percepção e ações do sujeito‟”. (FREITAS, 2004) Neste trabalho pretende-se mostrar uma forma de contribuir para o processo educacional de se trabalhar a matemática de maneira construtiva e significativa por meio de observações do mundo real e com representações utilizando materiais manipulados. Será apresentada a proposta de uma ferramenta muito utilizada por professores do ensino fundamental de 1º à 4º séries, o material dourado Montessori, mostrando que se pode potencializar o seu uso sem perdas de suas características construtivistas, com base em conceitos filosóficos e científicos de diversos pesquisadores. O uso de jogos nas aulas de matemática como suporte para o educador é útil em todos os níveis de ensino. Apresenta-se produtivo ao educador como ferramenta facilitadora da aprendizagem de conceitos e estruturas matemáticas. Produtivo também ao aluno, porque desenvolve a sua capacidade de compreensão e de resolver situações-problemas. (CÂMARA E SANTOS, 2010) 15 2. O USO DO MATERIAL CONCRETO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO Devemos ter sempre presente a distinção entre um objeto real e o seu conceito ou esquema mental. Conforme Neto (2005), exercemos ações sobre o objeto real e operações sobre o conceito. Formamos o conceito de um objeto a partir da ação sobre ele, construindo atributos e relações, depois elaborando composições. O método Montessori parte do concreto rumo ao abstrato. Baseia-se na observação de que meninos e meninas aprendem melhor pela experiência direta de procura e descoberta. Para tornar esse processo o mais rico possível, a educadora italiana desenvolveu os materiais didáticos que constituem um dos aspectos mais conhecidos de seu trabalho. São objetos simples, mais muito atraentes, e projetados para provocar o raciocínio. Há materiais pensados para auxiliar todo tipo de aprendizado, do sistema decimal à estrutura de linguagem. (DALTOÉ E STRELOW, 2010): Para tal exemplificação pode-se citar os blocos lógicos, que em primeiro momento é abstrato, mas com o manuseio a criança vai construindo todas as formas fazendo assim com que ele se torne concreto pensado. Primeiro, deixar que a criança brinque livremente com as peças para construir o concreto pensado. Isso é feito por classificações: separar por cores, depois por formas, etc. Se ela separar formando as classes, é porque já possui essa estrutura. Cada classificação significa o conhecimento de um atributo. (NETO, 2005): O material dourado facilita a aprendizagem de muitos conceitos e relações matemáticas. Para Daltoé e Strelow (2010), embora esse material permitisse que as próprias crianças compusessem as dezenas e centenas, a impressão da medidas dos quadrados e cubos se constituía num problema ao serem realizados atividades com números decimais e raiz quadrada, entre outras aplicações possíveis para o material de contas. Foi por isso que Lubienska de Lenval, seguidor de Montessori, fez uma modificação no material inicial e o construiu em madeira na forma que encontramos atualmente. Com isso deixe com que a criança brinque com as peças fazendo assim com que ela melhore seu conhecimento cada vez mais. Utilizando o material, o professor notará em seus alunos um significativo avanço de aprendizagem. Em pouco tempo, estará enriquecendo e criando novas atividades adequadas aos seus alunos, explorando assim as inúmeras possibilidades desse notável recurso didático. É importante notar que os próprios alunos brincado com o material irão aprender conceitos primitivos da matemática. (FREITAS, 2004). Para Piaget ( apud Daltoé, Strelow 2010), considera que a aprendizagem da Matemática envolve o conhecimento físico e o lógico-matemático. No caso dos 16 blocos, o conhecimento físico ocorre quando o aluno manuseia, observa e identifica de cada peça. Ao iniciar a trabalhar com o material dourado é relevante o manuseio do mesmo, para que o aluno faça suas próprias descobertas e já inicie o processo de relação entre as mesmas. Toledo (1997, p 73 apud Freitas 2004),propõe que as atividades devem ser propostas de forma progressiva a fim de se obter o máximo de resultados favoráveis estimulando a compreensão de conceitos de serão fundamentais para uma aprendizagem significativa, estando ai incluídos não somente as operações e representações com números, mas, principalmente o trabalho com conceito de ordenação, inclusão hierárquica e conservação de quantidades, entre outros. No processo ensino-aprendizagem os jogos podem ser considerados instrumentos motivadores, contribuindo ainda para o desenvolvimento da inteligência. Rizzo (1996 apud Câmara e Santos 2010) afirma que “os jogos constituem um poderoso recurso de estimulação do desenvolvimento integral do educando. Eles desenvolvem a atenção, disciplina, autocontrole, respeito às regras e habilidades perceptivas e motoras relativas a cada tipo de jogo oferecido”. Câmara e Santos (2010) dizem que compreender a linguagem matemática através de jogos deve fazer parte do processo de aprendizagem do educando por entendermos que durante os jogos, “ao comunicar o seu pensar, ele o faz mediante a linguagem”. E continuam afirmando que os jogos contribuem para o trabalho de formação de habilidades necessárias para a aprendizagem da Matemática, tais como enfrentar desafios, buscar soluções, estimular a argumentação, a organização das idéias, a críticas, a intuição e a criação de estratégias. A utilização do material concreto nas aulas de matemática deve ser extremamente bem preparada, pois, como normalmente sua utilização é de forma livre, o educador deve ter bastante ciência dos rumos que podem tomar porque senão corre o risco da atividade atingir dimensões não imaginadas e, longe de ser ruim, perder o sentido de sua utilização por não conseguir fazer com que o estudante realize as tão importantes abstrações empíricas e reflexivas. Aprender a usar os materiais manipulados não é a mesma coisa que aprender matemática. Precisam ser usados de maneira correta e no tempo certoPara ajudar nesta preparação, podem-se utilizar seqüências didáticas que auxiliem o professor na visualização de como as atividades começarão, se desenvolverão e terminarão, sendo fundamental que os objetivos, metodologia e tempo de realização das atividades estejam bem claros. (FREITAS, 2004) Atualmente já existem diversos materiais para manipulação do ensino e aprendizagem da matemática que utilizam propostas mais recentes do sócio- 17 construtivismo. Com isso o professor pode utilizar a forma industrializada ou exercitar a produção pelos alunos. Freitas (2004) afirma que todos os materiais têm como característica principal o fato de oferecer suporte às crianças para, a partir da manipulação, entenderem conceitos importantes. A potencialização do uso destes instrumentos depende única e exclusivamente da vontade e da capacidade de criação dos educadores e professores. Pode-se citar alguns materiais como: o ábaco, o material de Cuisenaire, o geoplano, o tangran, e o material dourado que será abordado no capítulo seguinte. 18 3. A HISTÓRIA DO MATERIAL DOURADO O material dourado foi criado por Maria Montessori. De acordo com Daltoé e Strelow (2010): Maria Montessori (1870-1952), nasceu na Itália, interessou-se pelo estudo das ciências, mas decidiu-se pela Medicina, na Universidade de Roma. Direcionou a carreira para a psiquiatria e logo se interessou por crianças deficientes. A grande contribuição de Maria Montessori à moderna pedagogia foi a tomada de consciência da criança, percebendo que estas respondiam com rapidez e entusiasmo aos estímulos para realizar tarefas, exercitando as habilidades motoras e experimentando autonomia. O material dourado é um dos muitos materiais idealizados pela médica e educadora italiana Maria Montessori para o trabalho com matemática. (DALTOÉ E STRELOW, 2010): O nome “Material dourado” vem do original “Material de Contas Douradas”. Em analogia às contas, o material apresenta sulcos em forma de quadrados. (DALTOÉ E STRELOW, 2010): No princípio o Material Dourado Montessori foi criado com o intuito de auxiliar em atividades que auxiliassem o ensino e a aprendizagem do sistema de numeração decimal-posicional e consequentemente em métodos para efetuar as operações fundamentais. Conforme Freitas (2004), essa utilização evoluiu e hoje esse material pode ser utilizado para o estudo de frações, conceituação e cálculo de áreas e volumes, trabalhando com números decimais, raiz quadrada e outras atividades criativas. O mesmo autor relata que: A forma utilizada hoje para o material dourado foi um pouco modificada em relação à forma original proposta por Montessori. Lubiesnska de Lenval, seguidora de Montessori, construiu seu material em madeira, diferente apenas no aspecto visual do material construído por contas douradas de Montessori. O Material Dourado Montessori é, então, constituído por cubinhos, barras, placas e cubão. Essa nomenclatura é muito mais propícia do que unidade, dezena, centena e unidade de milhar, devido a outras aplicações onde os elementos teriam classificação diferenciada. (FREITAS, 2004) Atualmente o material dourado é apresentado conforme a figura 1, mostrada abaixo. 19 Figura 1: Material Dourado utilizado atualmente Esse trabalho abordará a representação do número e as operações de adição e subtração. 20 4. MANIPULAÇÃO DO MATERIAL DOURADO O primeiro contato do aluno com o material deve ocorrer de forma lúdica para que ele possa explorá-lo livremente. É nesse momento que a criança percebe a forma, a constituição e os tipos de peça de material. (DALTOÉ, STRELOW, 2010) Freitas, (2004) denomina o software a Matematiquinha, desenvolvido por Ribeiro e Ribeiro (2002) apud Freitas (2004), tem a finalidade de auxiliar o professor no ensino do sistema decimal e das operações de adição e subtração para crianças das séries iniciais, tendo como base o Material Dourado, utilizando atividades de comparação, representação e operações que são apresentadas ao aprendiz pelo próprio software. Daltoé, Strelow (2010) exemplifica: “Vamos fazer um trem. O primeiro vagão é um cubinho. O vagão seguinte terá um cubinho a mais que o anterior e assim por diante. O último vagão será formado por duas barras. Esta atividade leva à formação de idéia de sucessor.” O mesmo autor continua: “Vamos fazer um trem especial. O primeiro vagão é formado por duas barras. O vagão seguinte tem um cubo a menos e assim por diante. O último vagão será um cubinho. Esta atividade trabalha a idéia de antecessor”. Para Montessori o material manipulativo é parte integrante do processo de aprendizagem. No ambiente imaginado por ela o material está presente na sala de aula que é preparada de tal forma que a criança tenha liberdade e seja motivada a manuseá-lo de forma espontânea. Segundo ela “o mais importante não é o ensino, mas os objetos: e, visto que é a criança que os utiliza, a entidade ativa não é o professor, mas a criança”. (FREITAS, 2004) No ensino tradicional, as crianças acabam “dominando” os algoritmos a partir de treinos cansativos, mas sem conseguirem compreender o que fazem. Com o Material Dourado a situação é outra: as relações numéricas abstratas passam a ter uma imagem concreta, facilitando a compreensão. Obtém-se, então, além da compreensão dos algoritmos, um notável desenvolvimento do raciocínio e um aprendizado bem mais agradável. (FREITAS, 2004): O mesmo autor ainda afirma que diversas outras atividades podem ser feitas com o auxílio do Material Dourado, entre elas destacam-se o seu uso no entendimento da raiz quadrada, trabalhos com geometria e unidades de medidas de comprimento, área e volume. 21 5. CONSTRUÇÃO DO NÚMERO COM O MATERIAL DOURADO Após o reconhecimento do material dourado feita de forma livre pelas crianças; próximo passo é a construção dos números considerando o sistema de numeração decimal posicional, conforme mostra a figura 2 abaixo. milhar centena dezena unidade Figura 2: Representação do sistema de numeração decimal posicional com o material dourado Para a representação de números, utiliza-se o sistema de numeração decimal. Assim, para representar o número 13, utilizamos uma dezena e três unidades conforme mostra a figura 3. Figura 3: Representação do número treze com o material dourado 22 Desta forma podem ser representados quaisquer números naturais. A seguir é mostrado na figura 4 a representação do número trinta e oito, na figura 5 a representação do número cento e cinquenta e na figura 6 a representação do número mil duzentos e setenta e quatro. Figura 4: Representação do número trinta e oito com o material dourado Figura 5: Representação do número cento e cinqüenta com o material dourado. 23 Figura 6: Representação do número mil duzentos e setenta e quatro com o material dourado. A transformação de unidades em dezenas, dezenas em centenas e assim sucessivamente, não deve ser um processo de “decoreba”p, deve ser trabalhado com o raciocínio lógico para que haja a compreensão e assim ocorra o processo de aprendizagem. Essa é mais uma das utilidades do material dourado. Ao aplicar o “vai um”, o professor pode concretizar cada passagem do cálculo usando o material ou desenhos do material. O “vai um” também pode indicar a troca de 10 dezenas por uma centena, ou 10 centenas por 1 milhar, etc. (DALTOÉ E STRELOW, 2010): Este pode ser um processo de fácil compreensão. A seguir será demonstrado que o mesmo número pode ser representado de várias formas com o material dourado, partindo da contagem apenas com unidades e transformando em colocação utilizando o sistema decimal em material dourado. A figura 7 mostra o número 15 disposto apenas com unidades. 24 Figura 7: Número 15 representado com unidades A figura 8 mostra o agrupamento das peças já representando o sistema decimal de numeração. Nesta figura observa-se que ao agrupar 10 unidades obtemos o mesmo que a peça que representa a dezena. 25 Uma dezena = Dez unidades Figura 8: Representação da organização do número 15. Sendo assim nota-se que pode trocar as 10 unidades por uma dezena, obtendo a representação simplificada do número 15, como mostra a figura 9. Figura 9: Representação do número 15 depois da realização de troca de 10 unidade por uma dezena 26 Desta mesma forma podem ser realizados outros exemplos conforme mostrado nas figuras abaixo. As figuras 10, 11 e 12 mostram a mesma compensação demonstrado para o numero 15 com o número 110. Figura 10: Representação do número 110 utilizado 11 dezenas. Figura 11: Agrupamento de 10 dezenas para ser equivalente a uma centena. 27 Figura 12: Representação do número 110 com dezenas e centenas. 28 6. ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO COM O MATERIAL DOURADO 6.1 ADIÇÃO COM O MATERIAL DOURADO Na adição a arte de juntar quantidades participa da construção dos número. Neto (2005) afirma que: O conceito de adição está implícito na própria noção de número, pois o número é composto de uns. A ação de juntar quantidade participa da construção do número. Portanto, na 1ª série o conceito ainda não está formado, faltando ainda a inclusão de classes e a alfabetização: conta escrita. A adição está ligada a situações que envolvem as ações de reunir, juntar ou acrescentar. No entanto, quando reunimos, concretamente, conjuntos de objetos, não estamos efetuando a operação matemática de adicionar; para tal, é necessário que deixemos de pensar nas coleções de objetos em si e passemos a considerar apenas a quantidade de objetos que estamos reunindo. (FREITAS, 2004): A Figura 13 mostra um cálculo de adição, onde são dispostas as parcelas e no final o resultado. Parcela 1 =15 Parcela 2 =9 Agrupamento das parcelas = 24 Troca de 10 unidades por uma dezena, obtendo 2 dezenas e 4 unidades = 24 Figura 13: Calculo de adição: 15 + 9 = 24. A figura 14 mostra o cálculo da soma de 350 + 140, obtendo 490 como resultado. 29 + = Figura 14: Calculo da soma 350 + 140 = 490. A figura 15 mostra uma operação de adição envolvendo unidade, dezena, centena e milhar. Figura 15: Representação da adição de 2326 + 1052 = 3378 30 6.2 SUBTRAÇÃO COM MATERIAL DOURADO O conceito de subtração é construído a partir da ação de retirar e associa-se ao conceito de adição a partir da aquisição de reversibilidade. Colocar e retirar são ações opostas. (NETO, 2005) Para Daltoé, Strelow (2010), o material dourado destina-se a atividades que auxiliam o ensino e a aprendizagem de sistema de numeração decimal-posicional e dos métodos para efetuar as operações fundamentais. A idéia de tirar (subtrativa) é aquela que a crianças identificam mais facilmente com subtração. No entanto esta não é a única associada à subtração. As idéias de completar (aditiva) e de comparar (comparativa) precisam ser trabalhadas, pois não é tão imediato para a criança perceber que a subtração resolve problemas desse tipo. (FREITAS, 2004) A subtração com a utilização do material é de fácil compreensão. Ela deve ser vista como a operação inversa da adição. A figura 16 mostra a seguir um exemplo de calculo de subtração. Figura 16: Subtração com o material dourado: 27 - 12 = 15 A figura 17 apresenta uma subtração utilizando unidade, dezena, centena e milhar. 31 Resultado Figura 17: Subtração com o material dourado 1345 – 345 = 1000 O material dourado proporciona que sejam realizados atividades com vários graus de complexidade. No exemplo a seguir apresenta um cálculo de subtração onde é necessário que se faça a transformação de dezenas em unidade e centenas em dezenas para que seja possível efetuar o cálculo. Desta forma a criança compreenderá o sentido do “empresta um”. A figura 18 mostra o cálculo de subtração a ser desenvolvido. 32 Figura 18: Estruturação do calculo de subtração 235 – 168. A figura 19, mostra que podem ser feitas trocas sem mudar as quantidades para que seja possível realizar o cálculo. Nesta subtração deveríamos subtrair 8 unidades de 5 unidades, o que não é possível, porém pode ser trocada 1 dezena por 10 unidades, resultando em 15 unidades. O mesmo acontece com as dezenas, onde troca-se 1 centena por 10 dezenas. 33 Resultado Figura 19: Substituição de peças para possibilitar a subtração obtendo o resultado 67. 34 CONCLUSÃO O material concreto desenvolve o raciocínio do aluno, estimula o pensamento lógico matemático e faz com que o educando aprenda sem receber pressão psicológica. Contudo, o educando aprende muito mais facilmente o conteúdo, com prazer e as informações que obtém não esquece tão facilmente. Por ser um material de fácil manipulação, o material dourado fornece condições para que o aluno absorva com mais facilidade a proposta de ensino aprendizagem que o professor propõem. Ao final do trabalho foi possível concluir que o material dourado é de suma importância para o ensino aprendizagem do aluno. Contudo, o material dourado é um recurso muito bom para auxiliar no processo de ensino aprendizagem. As operações de adição e subtração podem ser trabalhadas com mais qualidade, sendo uma das formas mais fáceis do aluno compreender as transformações das classes de numeração decimal. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. CARVALHO, Dione Lucchesi de. Metodologia do ensino da matemática/– 2. ed. rev. – São Paulo: Cortez, 1994. – ( Coleção Magistério 2º grau. Série formação do professor) CÂMARA, Luciene Tavares da. Santos Maria Auxiliadora Antunes dos Mancala. Um jogo milenar, contribuindo na alfabetização matemática de jovens e adultos – Disponível em: HTTP://www.matematica.ucb.br/sites/000/68/00000075.pdf - Acesso em: 28/10/2010, 20,10 horas. DALTOÉ, Karen; Strelow, Sueli. Trabalhando com Material Dourado e Blocos Lógicos nas Séries Iniciais / -Disponível em: HTTP://www.cp.utfpr.edu.br/armando/adm/arquivos/pos/material_dourado.pdf – Acesso em: 28/10/2010, 19:53 horas. FREITAS, Rony Cláudio de Oliveira. Um ambiente para operações virtuais com o material dourado / Vitória - ES – 2004– Disponível em: HTTP://ronyfreitas.tripod.com/produção/dissertação.pdf - Acesso em: 28/10/2010, 20:02 NETO, Ernesto Rosa. Didática da Matemática/– 11. Ed. - Ática – São Paulo: SP, 2005. OLE Skovsmose; tradução: Orlando de Andrade Figueiredo, Jonei Cerqueira Barbosa. Desafios da reflexão em educação matemática crítica/. – Campinas, SP: Papirus, 2008 – (Coleção Perspectivas em Educação Matemática)