Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 ALINE CRISTINA HIRATA PINETTI ANÁLISE DA FUNÇÃO PULMONAR E DA DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA EM INDIVÍDUOS TABAGISTAS E SUA RELAÇÃO COM A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTUIVA CRÔNICA CASCAVEL 2005 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 ALINE CRISTINA HIRATA PINETTI ANÁLISE DA FUNÇÃO PULMONAR E DA DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA EM INDIVÍDUOS TABAGISTAS E SUA RELAÇÃO COM A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTUIVA CRÔNICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus de Cascavel, como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Fisioterapia Orientador(a): Profa Keila Okuda Tavares CASCAVEL 2005 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 TERMO DE APROVAÇÃO ALINE HIRATA PINETTI ANÁLISE DA FUNÇÃO PULMONAR E DA DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA EM INDIVÍDUOS TABAGISTAS E SUA RELAÇÃO COM A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTUIVA CRÔNICA Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Profº Eduardo Alexandre Loth Coordenador do Curso BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Orientador(a) Profa Keila Okuda Tavares Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE _______________________________________________ Profª Érica Fernanda Osaku Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE _______________________________________________ Profo José Luiz Machado Colegiado de Medicina- UNIOESTE Cascavel, 22 de novembro de 2005 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 “A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma”. (John Ruskin) Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, que é a luz, e aos meus pais, Silvio e Cristina, por todos estes anos de apoio e de incentivo para que eu alcançasse meus objetivos, especialmente por esta vitória. E para todas as pessoas que estiveram me apoiando durante esta etapa da vida, em especial, ao Josué. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 AGRADECIMENTOS Agradeço... ... primeiramente a Deus por ter me dado força e perseverança nos momentos me faltaram... .... ao meus pais, Silvio e Cristina, por todo amor, carinho, incentivo, confiança e por todas as palavras de conforto nas horas em que precisei... agradeço sempre a Deus pelos pais e pela familia maravilhosa que tenho. Amo vocês!!! ... aos meus avós, exemplo de amor e de bondade... ... a minha irmã e ao meu irmão, que mesmo a disância, sei que torceram por mim... ... ao meu namorado, Josué, meu amigo e companheiro de todas as horas, por todo carinho, apoio e atenção... por estar ao meu lado sempre... Te amo. ... ao meu amigo, parceiro e professor Carlos, por tudo o que fez por mim, pelos conselhos certos, nas horas certas, e de quem eu jamais me esquecerei... ... obrigada por tudo!!! ... a minha orientadora e professora preferida Keila, por todo conhecimento que me passou, pela confiança e pela paciência... e também pelas palavras amigas quando necessitei... ... ao Dr. José Luis C. Machado, por ter contribuído com este estudo, fornecendo os materias necessários... muito obrigada. ...minha amiga de ontém, hoje e sempre Andrea, que mesmo a distância, sempre me deu muita força quando precisei... .... minhas companheiras Sheila e Flesch, por tudo o que compartilhamos durante esses anos de universidade em que moramos juntas, principalmente pela amizade... ... ao meus verdadeiros amigos, por fazerem essa etapa da vida ser tão especial e inesquecível... ... a todos aqueles que não citei, mas que de alguma forma fizeram parte dessa jornada e contribuíram para a realização desse trabalho... muito obrigada a todos!!! Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 RESUMO A DPOC se inicia em uma etapa precoce da vida, ainda que não cause sintomas antes da quarta década e só acarrete a invalidez progressiva a partir da sexta ou sétima década. O objetivo deste estudo foi analisar a existência de alterações espirométricas em fumantes há pelo menos 10 anos sem diagnóstico de DPOC confirmado, e correlacioná-las a presença de sintomatologia respiratória, o tempo de tabagismo e o grau de dependência nicotínica. Foram avaliados 14 indivíduos, todos funcionários da UNIOESTE - Campus Cascavel, fumantes há pelo menos 10 anos, com idade de 24 a 41 anos, de ambos os sexos. Os participantes responderam a uma ficha de avaliação contendo questões sobre alguns sintomas respiratórios e também ao Questionário de Fagerström para avaliar a dependência nicotínica. Logo após foram submetidos a espirometria pré e pós-broncodilatador. Observou-se que o número de sintomas está diretamente relacionado com o tempo de tabagismo, ou seja, quanto maior o tempo de tabagismo, maior o número de sintomas (p=0,0123). Em relação ao Tiffeneau, observou-se que apenas duas participantes (14,28%) apresentaram valores abaixo do normal. Essa obstrução demonstrou ser reversível com a prova pós- broncodilatador. Não foi possível estabelecer uma correlação estatística com o tempo de tabagismo, a dependência nicotínica e alteração no Tiffeneau, já que o número de indivíduos que apresentaram obstrução neste estudo foi pequeno. Não foram encontrados indivíduos portadores de DPOC nesta amostra, porém, a maioria dos participantes apresentaram sintomas relacionados a patologia. Se os indivíduos avaliados continuarem a fumar poderão desenvolver a obstrução irreversível, caracterizando assim a instalação da patologia. Palavras chaves: DPOC, função pulmonar e dependência nicotínica. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 ABSTRACT The COPD initiates in a precocious stage of the life, still that it does not cause symptoms before the fourth decade and just causes the gradual invalidity from the sixth or seventh decade. The objective of this study was to analyze the existence of spirometrics alterations in smokers at least 10 years, without confirmed diagnosis of COPD, and to correlate them it presence of respiratory symptoms, the time of tobaccoism and the degree of nicotine dependence. It has been evaluated 14 individuals, all employees of the UNIOESTE - Campus Cascavel, smokers at least 10 years, with age of 24 the 41 years, both sex. The participants had answered to an evaluation fiche contend questions on some respiratory symptoms and also to the Questionnaire of Fagerström to evaluate the nicotine dependence. Then, they had been submitted the spirometry test before and after-bronchodilator. It has been showed that the number of symptoms directly is related with the tobaccoism time, that means, how much bigger the time of tobaccoism, bigger the number of symptoms (p =0,0123). In relation to the Tiffeneau, it has been observed that only two participants (14,28%) had presented values below of the normal one. This airflow limitation demonstrated to be reversible with the test after bronchodilator. It was not possible to establish a correlation statistics with the tobaccoism time, the nicotine dependence and alteration in the Tiffeneau, since the number of individuals with airflow limitation of this study was small. People with COPD in this sample had not been found, however, the majority of the participants had presented related pathology symptoms. If this individuals to continue to smoke will be able to develop the irreversible airflow limitation, thus characterizing the installation of the pathology. Keys words: COPD, pulmonary function and nicotine dependence. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 SUMÁRIO RESUMO.................................................................................................................................... 7 ABSTRACT................................................................................................................................ 8 LISTA DE FIGURAS............................................................................................................. 11 LISTA DE GRÁFICOS.......................................................................................................... 12 LISTA DE TABELAS............................................................................................................ 13 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14 1.1 Justificativa........................................................................................................................ 17 1.2 Objetivos............................................................................................................................ 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................18 2.1 Tabagismo.......................................................................................................................... 18 2.1.1 Epidemiologia.................................................................................................................. 19 2.1.2 Tabaco.............................................................................................................................. 20 2.1.3 Composição Química da Fumaça do Tabaco...................................................................21 2.1.4 Dependência Nicotínica................................................................................................... 22 2.2 DPOC................................................................................................................................. 25 2.2.1 Definição.......................................................................................................................... 25 2.2.2 Epidemiologia.................................................................................................................. 27 2.2.3 Fisiopatologia................................................................................................................... 28 2.2.4 Sinais e Sintomas Clínicos............................................................................................... 29 2.2.5 Fatores de risco................................................................................................................ 31 2.2.5.1 Tabagismo e DPOC...................................................................................................... 32 2.2.5.2 Fator Genético .............................................................................................................. 33 2.2.5.3 História Ocupacional.................................................................................................... 33 2.2.5.4 Poluição Atmosférica.................................................................................................... 34 2.2.5.5 Fator sócio-econômico ................................................................................................. 34 2.2.5.6 Sexo...............................................................................................................................35 2.2.5.7 Idade.............................................................................................................................. 36 2.2.5.8 Raça...............................................................................................................................36 2.2.6 Diagnóstico...................................................................................................................... 36 2.3 Espirometria...................................................................................................................... 39 2.3.1 Tipos de sistemas para espirometria ............................................................................... 40 2.3.1.1 Sistema Aberto e Fechado............................................................................................ 40 2.3.1.2 Aparelhos com Deslocamento de Volume e com Sensores de Fluxo........................... 41 2.3.2 Classificação da Espirometria ......................................................................................... 41 2.3.2.1 Espirometria por Análise dos Gases............................................................................. 42 2.3.2.2 Espirometria Convencional........................................................................................... 42 2.3.3 Teste de provocação brônquica ....................................................................................... 45 2.3.4 Prova após Broncodilatodor (BD)................................................................................... 46 2.4 Espirometria e Classificação da DPOC.......................................................................... 47 2.5 Impacto da DPOC ............................................................................................................ 49 2.5.1 Impacto da DPOC no Sistema Respiratório.....................................................................50 2.6 Tratamento ...................................................................................................................... 52 2.6.1 Reabilitação Pulmonar..................................................................................................... 55 3 METODOLOGIA................................................................................................................ 58 4 RESULTADOS.................................................................................................................... 61 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 65 6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 69 APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO............ 72 APÊNDICE 2 – FICHA DE AVALIAÇÃO..........................................................................74 ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE FARGESTRÖM......................................................... 77 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Espirômetro Vitalograph, bucal e clipe nasal....................................... 59 Figura 2 - Fumarato de formoterol (BD) e inalador...................60 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Relação entre do número de sintomas e a porcentagem de indivíduos avaliados...................................................................................................................................61 Gráfico 2. Relação entre a porcentagem de indivíduos e os sintomas relatados...............62 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Alterações espirométricas relacionadas a DPOC. ..............................................47 Tabela 2. Relação entre o tempo de tabagismo e o número de sintomas (p=0.0123)........63 Tabela 3. Relação entre o tempo de tabagismo e o grau de dependência nicotínica........ 63 Tabela 4. Indivíduos com alterações espirométricas e seus respectivos valores do Tiffeneau.................................................................................................................................. 64 Tabela 5. Dados obtidos das pacientes A e B........................................................................64 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 1 INTRODUÇÃO O fumo tornou-se um grande problema de saúde pública na história da humanidade e estima-se que no ano de 2030, ele deverá ser a maior causa isolada de morte, podendo ser responsável por 10 milhões de óbitos por ano (MENEZES et al, 2002). O cigarro é considerado como o principal tóxico que o ser humano introduz no organismo. Nele encontra-se monóxido de carbono, óxido e dióxido de nitrogênio, nicotina e mais 4.720 substâncias identificadas. Em cada tragada, o tabagista inala cerca de 2.500 a 3.000 destes elementos (ROSEMBERG, 1997). Entre os componentes do cigarro, encontra-se a nicotina, considerada um alcalóide altamente lesivo ao sistema cardiovascular e nervoso. Ela é responsável pela dependência física, que torna o fumante escravo do tabaco (ROSEMBERG, 1997). Qualquer que seja o mecanismo da iniciação, a dependência, depois de iniciado o uso do cigarro, desenvolve-se muito rapidamente. Dentro de poucos meses, os fumantes já terão alcançado uma quantidade estável de cigarros consumidos por dia, continuando a fumar devido ao hábito e à dependência (SILVA, 2001). É quase impossível falar de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) sem citar o fumo, já que este é considerado o seu principal fator predisponente, proporcional à quantidade e ao tempo de uso (SILVA, 2001). A DPOC se inicia em uma etapa precoce da vida, ainda que não cause sintomas antes da quarta década e só acarrete a invalidez progressiva a partir da sexta ou sétima década. Isso significa que indivíduos tabagistas que não apresentam sinais clínicos podem apresentar um estágio inicial da doença, mas não saberem desse fato. Do mesmo modo, indivíduos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 tabagistas que apresentam sintomas pouco limitantes podem ter DPOC e também não saberem disso. Como as queixas clínicas no início da doença são tênues ou inexistentes, ela pode ser considerada uma doença silenciosa (BETHLEM, 2002). Segundo o II Consenso Brasileiro de DPOC (2004), a DPOC consiste em uma enfermidade respiratória prevenível e tratável, que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível, sendo que esta obstrução é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo. Embora a DPOC comprometa os pulmões, ela também produz conseqüências sistêmicas significativas. Do ponto de vista clínico, ela pode ser definida como uma condição pulmonar crônica, caracterizada pela presença de tosse produtiva, associada não à dispnéia aos esforços, que é geralmente progressiva, determinada na maioria das vezes pela exposição à fumaça do cigarro, ou eventualmente a outras substâncias inaladas (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). Em 2000, a DPOC foi relatada como a quarta causa mais comum de morte no mundo e há previsão de que será a terceira causa no ano 2020. No ano de 1999, foi reconhecida como a 12ª maior causa de morbidade crônica e há previsão de que ela será a quarta causa mais importante de doença, que leva à incapacidade física, no ano de 2020 (TORRES e GODOY, 2004). GOLD é a sigla correspondente a “Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease”, que significa Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, que é um programa organizado pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos EUA (NHLBI) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com o objetivo de sistematizar, padronizar e orientar o diagnóstico e o tratamento da DPOC. Este programa foi criado em 1997, reunindo especialistas do mundo inteiro, e vem, ultimamente, divulgando uma série de documentos relacionados a essa condição, procurando fornecer, sempre que possível, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 informações baseadas em evidências (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). Segundo GOLD, a espirometria fornece parâmetros essenciais para o estadiamento da doença em relação a sua gravidade. Ela é a forma mais simples de mensuração da função respiratória, e do ponto de vista fisiopatológico, é considerado como um exame primordial, pois permite assegurar a existência de limitação do fluxo aéreo. Auxilia ainda na classificação da gravidade dos distúrbios obstrutivos, e no estabelecimento de condutas específicas conforme tal estadiamento (TARANTINO, 1997; OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). A DPOC ocasiona uma significativa incapacidade, perda de produtividade e piora da qualidade de vida, que se agravam substancialmente com a progressão da doença. Os custos, advindos de tratamentos hospitalares prolongados, são grandes no caso de exacerbações da doença e da necessidade de uso prolongado de oxigênio em domicílio por alguns pacientes (II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). As metas no tratamento incluem prevenir a progressão da doença, aliviar os sintomas, aumentar a tolerância aos exercícios, melhorar a condição da saúde, prevenir e tratar as complicações, prevenir e tratar as exacerbações, reduzir a mortalidade, prevenir ou minimizar os efeitos colaterais. A cessação do tabagismo deve ser incluída como uma meta ao longo do programa de tratamento (GOLD, 2004). A Reabilitação Pulmonar pode ser definida como um espectro multidimensional de serviços, realizados geralmente por uma equipe interdisciplinar de especialistas, dirigidos a pessoas com doença pulmonar e a suas famílias. Os programas de Reabilitação Pulmonar são constituídos de componentes e técnicas distintas, tais como: exercício físico, educação de pacientes e seus familiares, tratamento farmacológico, oxigenoterapia, suporte nutricional, fisioterapia respiratória, terapia ocupacional, campanha de abandono do tabagismo, suporte psicológico e tratamento domiciliar. É formulado a partir de parâmetros individuais de cada paciente (DELISA, 2002; BRITTO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 A Fisioterapia se apresenta como parte essencial no tratamento de pacientes portadores de DPOC, através da cinesioterapia respiratória (CR) e da reeducação funcional respiratória (RFR) (RODRIGUES, 2002; COSTA, 2002). 1.1 Justificativa Este trabalho será importante para demonstrar a alteração da função pulmonar e a presença de sintomas relacionados a DPOC em indivíduos tabagistas, os quais podem apresentar a patologia e não saberem disso. Outro fato que justifica este estudo é analisar a correlação da dependência nicotínica com as alterações na função pulmonar e a sintomatologia da DPOC, visando impedir a progressão desta patologia, revertendo seu curso através do diagnóstico precoce. 1.2 Objetivos O objetivo desse trabalho é analisar a função pulmonar, através do VEF 1 e índice de Tiffeneau, em indivíduos fumantes há pelo menos 10 anos, que não tenham o diagnóstico desta patologia confirmado e correnacioná-la a presença de sintomatologia respiratória relacionada a DPOC, ao tempo de tabagismo e ao grau de dependência nicotínica, através do Questionário de Fargeströn. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Tabagismo O tabagismo consiste em um comportamento complexo, influenciado por estímulos ambientais, hábitos pessoais, condicionamentos psicossociais e também pelas ações biológicas da nicotina (CHATIKIN e KIRCHENCHTEJN, 2004). No início, a planta era conhecida e utilizada como erva que continha virtudes terapêuticas, sendo empregada no tratamento de vários males. Com o passar do tempo verificou-se a inexistência dos efeitos terapêuticos do tabaco, porém o hábito de fumar já havia sido difundido na Europa e atingido a Ásia e a África (ROSEMBERG, 1997). Ao final do século XVI, o comércio do tabaco já era altamente lucrativo, dando origem a grandes potências industriais. Do século XVII ao século XIX, o tabaco obteve grande repercussão, principalmente em duas diferentes formas de uso, o cachimbo e o charuto. Logo após surgiu o cigarro, uma nova modalidade de apresentação, que foi conquistando as populações e tornando-se um dos principais produtos do comércio internacional até os dias de hoje (ROSEMBERG, 1997). Na vida moderna, o fumo está se tornando um hábito comum entre pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, em todo o mundo há mais de um bilhão de fumantes. O tabagismo é hoje, a principal causa de enfermidades evitáveis e incapacidades prematuras (MUZA et al, 1997). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.1.1 Epidemiologia A globalização tem contribuído de modo significativo para o aumento do consumo de cigarros, em particular em países de média e baixa renda. A epidemia do tabaco alastra-se para os países em desenvolvimento depois de deixar profundas marcas nos países desenvolvidos. Somam-se à pobreza e à miséria dos países pobres, um rastro de doenças e mortes evitáveis, devidas ao tabaco (MENEZES, 2000). Atualmente, o número de mortes por ano, em conseqüência das doenças provocadas pelo tabaco, é a metade estimada para o ano de 2030, ou seja, 5 milhões de mortes. Este valor corresponde a aproximadamente 6 mortes a cada segundo (MENEZES et al, 2002). Existem atualmente cerca de 1,3 bilhões de indivíduos fumantes no mundo. Destes indivíduos, 1 bilhão é do sexo masculino e o restante é do feminino. Em relação aos homens que fumam, 35% vivem em países desenvolvidos e 50% em países em desenvolvimento. Das mulheres, 22% vivem em países desenvolvidos e 9% em países em desenvolvimento (MENEZES, 2004). O consumo de cigarros em países desenvolvidos diminuiu nas últimas três décadas, enquanto que nos países em desenvolvimento este consumo aumentou de 800 cigarros anuais por adulto, para 1.450 (MENEZES, 2004). Embora o percentual de fumantes tenha diminuído em alguns países a partir da década de 60, o número absoluto de mulheres que fumam atualmente é muito maior do que em décadas anteriores (HALAL et al, 1993). As tendências das prevalências mundiais, demonstram uma lenta redução da prevalência do tabagismo entre indivíduos do sexo masculino, em países desenvolvidos e em desenvolvimento. O oposto é encontrado quando se diz respeito à prevalência do tabagismo em mulheres, que com exceção de alguns países desenvolvidos, tem aumentado globalmente Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 (MENEZES, 2004). No Brasil, um terço da população adulta fuma, sendo 16,7 milhões homens e 11,2 milhões mulheres. De acordo com as estatísticas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), estima-se que cerca de 200 mil óbitos anuais estão relacionados ao fumo no Brasil. (MENEZES, 2004). Sabe-se que o Brasil é o maior exportador de folhas de tabaco e o quarto produtor de fumo no mundo, sendo que as maiores plantações estão no Rio Grande do Sul. Nas últimas três décadas foram consumidos internamente quase três milhões de toneladas de folhas, para a fabricação de 3,5 trilhões de cigarros. De acordo com essa produção, foram liberadas, no meio ambiente, 50 mil toneladas de alcatrão, 50 mil toneladas de monóxido de carbono e 50 toneladas de amônia (MENEZES et al, 2002). 2.1.2 Tabaco O tabaco é uma erva que o ser humano tem utilizado por processo inalatório há mais de 300 anos. Tem sido utilizado de diferentes formas, que na atualidade, são representadas principalmente pelo cigarro (industrial ou artesanal) pelo charuto e pelo cachimbo (SILVA, 2001). O cigarro industrial surgiu no final do século XIX, com a máquina de fabricar cigarros, tornando-se o mais exitoso produto industrial do século XX, só perdendo em sucesso para o petróleo (SILVA, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.1.3 Composição Química da Fumaça do Tabaco A fumaça do tabaco consiste em uma mistura complexa e dinâmica de milhares de compostos sobre a forma de partículas e vapores que não podem ser medidas na globalidade (GOMES, 2002). A fumaça do cigarro é constituída de gases e gotículas de alcatrão (substância carcinogênica), nos quais já foram identificados mais de 4.000 compostos. Além do alcatrão, a amônia e o monóxido de carbono, estão presentes na fumaça do cigarro (MEIRA, 2001). Considera-se que a amônia adicionada ao tabaco aumenta os níveis de absorção de nicotina pelo organismo (CAPRIGLIONE, 1996). O monóxido de carbono possui a capacidade de dificultar a utilização de oxigênio pelo organismo, de contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e de prejudicar o desenvolvimento do feto em mulheres grávidas (MEIRA, 2001). A fumaça proveniente da brasa de um produto do tabaco divide-se em duas fases: a gasosa e a particulada. A fase particulada é formada por partículas com diâmetro aerodinâmico superior a 0,46 mícrons, passíveis de serem retiradas por um filtro. A partir da brasa, reconhecem-se duas correntes de fumaça, que são classificadas em corrente principal, que viaja rumo à boca do fumante, e a corrente lateral, que se difunde no ambiente (SILVA, 2001). Gomes (2002), define essas correntes em corrente principal e secundária, sendo que a corrente secundária é emitida pela combustão da extremidade do cigarro e é formada pelos mesmos compostos que a corrente principal, aquela que é inalada e exalada pelo fumante. A fumaça principal constitui a fonte predominante de exposição para o fumante, e é produzida em temperaturas elevadas (de até 950ºC). A fumaça lateral é produzida em temperaturas mais baixas (350ºC), durante a queima do cigarro, entre as baforadas, e constitui a principal fonte de fumaça para o ambiente (VILLANOVA, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Quando a temperatura da queima do cigarro alcança aproximadamente 884ºC, ocorrem reações pirolíticas extensivas. Alguns dos muitos componentes do tabaco são estáveis o suficiente para sofrer destilação e não se modificar, porém muitos outros sofrem várias reações envolvendo a oxidação, desidrogenação, quebra, rearranjo e condensação. O grande número e a grande variedade de componentes na fumaça do cigarro, são oriundos da decomposição do alcatrão carbonizado pela brasa, o que, em alguns casos, pode acontecer em temperaturas menores que aquelas da queima do cigarro (SILVA, 2001). A fase gasosa representa cerca de 60% do total da fumaça do cigarro. Esta fase possui os seguintes componentes: monóxido e dióxido de carbono, metano, acetileno, propano, propeno, clorometil, metilfurano, propionaldeído, 2-butanona, acetona, oxido de nitrogênio, amônia, ácido cianídrico, acetonitrila, piridina, 3-picolina, 3-vinilpiridina, dimetilnitrosamina e nitropirrolidina. A fase particulada é composta por: alcatrão, tolueno, stigmasterol, fitosteróide, fenol, catecol, naftaleno, metilnaftaleno, pireno, benzopireno, nicotina, quinolina, metilquinolina, anilina, 2-naftilamina, 4-aminobifenil, hidrazina, nnitrosonornicotina, NK2 (SILVA, 2001). Dentre esses componentes, a nicotina merece uma significante atenção, pois ela é o principal componente psicoativo do tabaco, sendo responsável pela dependência química e física, que torna o fumante escravo do cigarro. Após o indivíduo tragar a fumaça, a nicotina chega ao cérebro entre 9 e 12 segundos. Os consumidores de 20 cigarros por dia, com média de 10 tragadas por cigarro, sofrem 73.000 impactos de nicotina por ano (ROSEMBERG, 1997). 2.1.4 Dependência Nicotínica Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 O mecanismo de dependência nicotínica consiste em um processo complexo que independe da forma de iniciação do hábito (HALTY et al, 2002). O uso freqüente de tabaco leva ao desenvolvimento de tolerância e dependência. Do mesmo modo como ocorre em outras dependências, a da nicotina é um transtorno progressivo, crônico e recorrente, mediada pela ação da substância em receptores centrais e periféricos. O processo da dependência envolve vários fatores: ambientais, biológicos, psicológicos e farmacológicos. Fatores nãofarmacológicos são importantes para a determinação dos problemas relacionados ao uso de tabaco e sua prevalência, mas os fatores farmacológicos são aqueles que definem a tolerância e a dependência pela substância (MARQUES et al, 2001). O uso prolongado do fumo provoca alterações no cérebro, aumentando o número de receptores nicotínicos, que por sua vez gera uma necessidade cada vez maior de se realizar a reposição desta substância, induzindo o indivíduo a continuar a fumar (MENEZES, 2000). A nicotina é uma droga que apresenta alto poder de modificar a biologia e fisiologia do cérebro, sendo fortemente indutora de dependência (CHATIKIN e KIRCHENCHTEJN, 2004). A nível cerebral, sabe-se que a estrutura molecular da nicotina é semelhante a da acetilcolina, por isso ela exerce seus efeitos no cérebro através de receptores colinérgicos (nAChR) amplamente distribuídos no sistema nervoso central (SNC). Quando é utilizada de maneira contínua, ocorre uma alteração da estrutura do SNC, aumentando a densidade dos receptores nicotínicos entre 100 a 300%, modificando a fisiologia desse sistema. Isso pode ser comprovado pela detecção de alterações no EEG (eletroencefalograma), no metabolismo cerebral e pela mensuração de diferentes níveis séricos de neurormônios. Esses efeitos no SNC são verificados em indivíduos fumantes antes e após o ato de fumar (CHATIKIN e KIRCHENCHTEJN, 2004). O estabelecimento do número de cigarros que um indivíduo necessita por dia, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 demora algum tempo para ser definido, em função de vários fatores, como custo, proibições do consumo em escolas e em casa, pelo desenvolvimento da tolerância e, possivelmente, pelas características individuais, isto é, o fenótipo em relação ao tabagismo (CHATIKIN e KIRCHENCHTEJN, 2004). Vários genes estão sendo estudados como possíveis fatores relacionados à dependência nicotínica, incluindo enzimas que metabolizam a nicotina, subunidades de receptores de nicotina e receptores de dopamina que podem modular a resposta à esta substância (OLIVEIRA e JARDIM, 2003b). O gene CYP2A6 está relacionado com a dependência nicotínica. Os portadores deste gene codificam enzimas que metabolizam 60% a 80% da nicotina inalada, tendo grande compulsão para fumar, tornando-se tabagistas pesados com intensa nicotino-dependência, enquanto os indiíduos que possuem este gene com alelos heterozigóticos, são fracos metabolizadores da nicotina, tornando-se fumantes moderados (ROSEMBERG, 1997; OLIVEIRA e JARDIM, 2003b). Marques et al (2001), estima que 60% dos indivíduos que venham a fumar por mais de seis semanas continuarão fumando por mais 30 anos. Apesar do primeiro uso do cigarro ser tipicamente marcado por efeitos desagradáveis, como dor de cabeça, tonturas, nervosismo, insônia, tosse e náusea, esses efeitos rapidamente diminuem de intensidade e desaparecem, o que possibilita novas tentativas até que se desenvolva tolerância à droga, estabelecendo um padrão típico de consumo diário. Em um período que pode ser de apenas alguns meses, alguns fumantes já começam a apresentar os primeiros sintomas de uma síndrome de abstinência, se deixarem de fumar. A síndrome de abstinência se instala caso o consumo for reduzido em apenas 50%, paracendo ter mais gravidade quanto maior for o consumo. Os sintomas e a magnitude da síndrome de abstinência podem persistir por meses e, dependendo de sua gravidade, são Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 pouco tolerados. Devido a esse desconforto, torna-se difícil para os usuários manter a abstinência. Esta síndrome é mediada pela noradrenalina, inicia-se oito horas após o último cigarro, e atinge o auge no terceiro dia, inclui sintomas como a “fissura”, ansiedade, irritabilidade, sonolência diurna e insônia, apetite aumentado para doces, redução do desempenho cognitivo, como concentração e atenção, batimentos cardíacos e pressão arterial diminuídos, tosse, além de instabilidade no relacionamento social em conseqüência do estado ansioso (MARQUES et al, 2001). O Questionário de Tolerância de Fargeström (QTF) foi elaborado pelo médico dinamarquês Karl Fargeström, e atualmente vem sendo utilizado mundialmente para avaliar o grau de dependência nicotínica em substituição a outros testes mais caros, que consomem mais tempo ou são invasivos. Também é empregado para ajudar a definir a melhor estratégia para quem quer largar o cigarro. Este questionário fundamenta-se em “seis suposições maiores hipotéticas” com as quais estaria relacionada a dependência nicotínica e que seriam o reflexo fiel do comportamento do homem frente ao fumo, independente das interpretações pessoais (HALTY et al, 2002). 2.2 DPOC 2.2.1 Definição A definição mais aceita para esta patologia atualmente, é a do GOLD. Segundo Juhl, citado por Bethlem (2002), defini-se DPOC como uma mistura de basicamente dois processos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 patológicos distintos, que se combinam para formar o quadro clínico final, e que possuem a obstrução do fluxo aéreo durante a expiração como alteração comum. Sob esta denominação incluem-se a bronquite crônica e o enfisema pulmonar que, com elevada freqüência, coexistem no mesmo paciente com o predomínio de uma ou de outra. A definição atual, descrita pelo GOLD, não faz referência aos termos bronquite crônica e enfisema. Tais termos descrevem características clínicas ou estruturais da doença, que se apresentam em graus variados em diferentes pacientes, não definindo a doença com relação ao seu aspecto mais importante, e que traz o maior impacto na morbidade e na mortalidade, que é a obstrução do fluxo aéreo. Desta maneira se justifica a exclusão dos mesmos, nessa nova definição (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). De acordo com o II Consenso Brasileiro de DPOC (2004), o processo inflamatório crônico da DPOC pode produzir alterações dos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar), sendo que a predominância destas alterações é variável em cada indivíduo, apresentando relação com os sintomas apresentados. A bronquite crônica é definida através de bases clínicas pela presença constante ou por aumentos recorrentes das secreções brônquicas, suficientes para causar expectoração. Essa expectoração deve estar presente pelo menos por três meses por ano, em dois anos sucessivos, estando afastada outras causas capazes de produzir expectoração crônica. Considera-se que a hipersecreção crônica de muco, ocorra principalmente devido a alterações patológicas nas visa aéreas centrais, sendo freqüente que isto exista antes que seja possível detectar alterações no fluxo aéreo. Já o enfisema é definido de maneira anatômica, como um alargamento anormal e permanente, dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, acompanhado de destruição de suas paredes, sem fibrose óbvia (II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.2.2 Epidemiologia A prevalência da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica tem aumentado progressivamente nas últimas décadas. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), estima a existência de 7,5 milhões de portadores de DPOC. Em termos mundiais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) calculou prevalência de 9,3/1000 e 7,3/1000 habitantes, respectivamente, para homens e mulheres, em 1990 (GODOY e GODOY, 2002). No Brasil, em um estudo realizado pelo Ministério da Saúde estima-se a prevalência do tabagismo em torno de 32% da população geral. Considerando que a população brasileira é de 160.000.000 habitantes e sabendo que 15% dos fumantes desenvolvem a DPOC clinicamente significativa, teremos aproximadamente 7.500.000 pacientes com essa patologia, o que corresponde a 5% da população geral (II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). A incidência da DPOC é maior em homens do que em mulheres e aumenta acentuadamente com a idade. As diferenças em relação ao sexo podem ser explicadas pela maior prevalência do tabagismo em homens, porém, com o aumento do tabagismo entre as mulheres, estes dados podem vir a modificar-se em um futuro muito próximo (II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.2.3 Fisiopatologia O tabagismo altera a função pulmonar, dificultando a entrada e saída de ar nos pulmões, prejudicando a ventilação pulmonar, reduz também o leito capilar pulmonar prejudicando as trocas alvéolo-capilares (SILVA, 2001). Na DPOC, o distúrbio fundamental da função pulmonar resulta da redução da luz brônquica pelo processo inflamatório, conduzindo a uma obstrução predominantemente expiratória (BETHLEM, 2002). O desenvolvimento do processo inflamatório (secundário a inalação de partículas e gases nocivos) nas paredes dos brônquios e no parênquima, acarretam lesões na estrutura pulmonar (RODRIGUES, 1999). Nos brônquios de grande calibre, esta inflamação é expressa clinicamente pela hipersecreção de muco, típica da bronquite crônica. Nas pequenas vias aéreas e nos alvéolos, essa inflamação vai levar a diminuição do calibre por processo inflamatório crônico da parede e lúmen das vias aéreas, e a perda da força elástica do alvéolo pela destruição dos suportes que unem a parede alveolar à parede dos pequenos bronquíolos. Esta destruição das paredes alveolares consiste no enfisema (RODRIGUES, 1999). A inflamação e as alterações estruturais vão condicionar aumento da resistência ao fluxo aéreo e perda da retração elástica pulmonar; conjunto de alterações que promovem a obstrução das vias aéreas, cuja evolução vai resultar no declínio da função pulmonar (RODRIGUES, 1999). A destruição das paredes alveolares por sua vez condiciona idêntica destruição dos capilares pulmonares a elas intimamente ligados, o que vai limitar o normal processo de oxigenação do sangue (RODRIGUES, 1999). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.2.4 Sinais e Sintomas Clínicos Os sinais e sintomas comuns da DPOC incluem a tosse, produção de escarro, sibilos e dificuldade respiratória, tipicamente ao esforço (SCANLAN, 2000). Tarantino (1997), considera o cansaço, a tosse e a expectoração como manifestações normais atribuídas exclusivamente ao tabagismo. A dispnéia ocorre com freqüência de maneira lenta e progressiva, inicialmente aos grandes esforços, podendo progredir com o evoluir da doença ao longo dos anos, se apresentando aos esforços mínimos (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). A tosse, freqüentemente rotulada pelo paciente como a presença de “pigarro”, geralmente é produtiva, com predominância de expectoração mucóide, porém, eventualmente purulenta. A quantidade da secreção varia de pequena a grande, sendo que os episódios de tosse podem durar dias a meses e com intensidade variável ao longo do tempo. Na fase inicial da DPOC a tosse predomina pela manhã, logo após o despertar do indivíduo (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). A produção de expectoração aumenta a susceptibilidade a infecções bacterianas, manifestadas na maioria das vezes por aumento do volume, viscosidade e purulência das secreções (GOMES, 1998). Os sibilos possuem intensidade variável, podendo estar ausentes em alguns pacientes (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). A evolução da doença leva quase sempre a grande incapacidade, mesmo para a execução de tarefas simples do dia a dia, principalmente quando surge Cor pulmonale, ou Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 mesmo insuficiência cardíaca global, associada ao aparecimento de edemas, hepatalgia de esforço, ortopnéia (GOMES, 1998). Outras queixas estão relacionadas com o aparecimento de complicações relativamente freqüentes em doentes com DPOC. A dor torácica pode surgir associada a pneumotórax ou pneumonia, e a dispnéia de início súbito, acompanhada de ansiedade, é freqüente nos episódios de tromboembolismo pulmonar, sobretudo quando está presente Cor pulmonale. A Insuficiência Respiratória aguda ou crônica agudizada leva, em muitos casos, a confusão, agitação ou sonolência (GOMES, 1998). O exame objetivo é pobre até fases avançadas da doença, no entanto, é nas fases precoces que a intervenção terapêutica se revela mais eficaz. Sinais de obstrução como expiração prolongada e sibilos na expiração forçada antecedem os sinais de insuflação, com aumento dos diâmetros torácicos, diminuição do murmúrio vesicular e dos sons cardíacos (GOMES, 1998). Nos estágios avançados o paciente pode apresentar outros sinais como a tiragem, a cianose ou sinais de insuficiência cardíaca direita (ingurgitamento das jugulares, fígado de estase e edemas periféricos). As infecções respiratórias recorrentes tornam-se mais freqüentes com a evolução da doença. Nesse estágio mais tardio, os doentes adaptam posturas de alívio da dispnéia, como o apoio nos membros superiores, o recrutamento dos músculos acessórios da respiração, a respiração com lábios semicerrados (GOMES, 1998). Da mesma forma como acontece com os sintomas, os sinais observáveis em doentes com DPOC podem ser consideravelmente diferentes, devido a possibilidade do indivíduo ter a bronquite crônica ou ter o enfisema predominando o quadro patológico, embora a maioria dos doentes que procuram o médico não pertençam a qualquer um dos esteriótipos, apresentando características comuns. Para fins didáticos, é útil a separação dos achados clínicos, radiológicos, laboratoriais e funcionais em cada um destes dois grupos (TARANTINO, 1997; Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 GOMES, 1998). A DPOC se inicia em uma etapa precoce da vida, ainda que não cause sintomas antes da quarta década e só acarrete a invalidez progressiva a partir da sexta ou sétima década. Isso significa que indivíduos tabagistas que não apresentam sinais clínicos podem apresentar um estágio inicial da doença, mas não saberem desse fato. Do mesmo modo, indivíduos tabagistas que apresentam sintomas pouco limitantes podem ter DPOC e não também saberem disso. Como as queixas clínicas no início da doença são tênues ou inexistentes, ela pode ser considerada uma doença silenciosa (BETHLEM, 2002). 2.2.5 Fatores de risco Os fatores de risco da DPOC envolvem tantos os fatores do hospedeiro quanto as exposições ambientais, sendo que a doença geralmente ocorre pela interação entre essas duas variáveis. O fator mais citado, que está relacionado ao hospedeiro, é uma rara deficiência hereditária de alfa-1 antitripsina. Os principais determinantes ambientais são a fumaça do tabaco, a exposição excessiva às poeiras e a produtos químicos ocupacionais (poeiras, irritantes, fumaça) e a poluição do ar intra/extradomiciliar (GOLD, 2004). Existem outros fatores citados na literatura como o tipo do cigarro, fatores socioeconômicos, hiperresponsividade brônquica, idade, sexo, raça, clima e alcoolismo (TARANTINO, 1997; SILVA, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.2.5.1 Tabagismo e DPOC Há uma estreita relação dose/resposta entre a freqüência da DPOC em uma determinada população e a intensidade do consumo de cigarros (BETHLEM, 2002). Devido às substâncias irritantes presentes no fumo ocorre a indução da hiperplasia e metaplasia do epitélio respiratório, ruptura dos septos alveolares, proliferação fibrótica e espessamento das paredes arteriolares. Ou seja, ocorre uma cascata de alterações tissulares causadas pelo fumo: a) diminuição da motilidade ciliar, b) aumento do número de células caliciformes, c) hipertrofia das células mucosas, d) favorecimento da inflamação das paredes brônquicas e alveolares, e) desenvolvimento do broncoespasmo, f) redução da atividade macrofágica, g) contribuição para infecções respiratórias, h) limitação da produção de surfactante, i) inibição da atividade enzimática antielastase e antioxidante, j) fibrose, espessamento e ruptura das paredes alveolares (TARANTINO, 1997). As pessoas que fumam cigarro industrializado, possuem uma maior prevalência de sintomas respiratórios e de alterações relacionadas à função pulmonar, maior taxa anual de declínio do VEF1 e taxas mais elevadas de morte por DPOC do que os não fumantes. Os indivíduos com o hábito de fumar cachimbo e charuto, possuem taxas mais elevadas de morbidade e mortalidade por DPOC do que os não fumantes, embora suas taxas sejam mais baixas quando comparadas àquelas de fumantes de cigarro (GOLD, 2004). Isto se explica pelos diferentes graus de inalação de fumo, de acordo com a forma de apresentação, sendo que os fumantes de cigarros inalam intencionalmente o fumo, enquanto este fato é menos freqüente em quem fuma cachimbo e charuto (BETHLEM, 2002). A exposição passiva à fumaça de cigarro pode também contribuir para sintomas respiratórios e para a DPOC, por meio do aumento do impacto total de partículas e gases Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 inalados pelos pulmões. Porém, ainda há controvérsia na literatura sobre os efeitos do fumo passivo nas DPOC (GOLD, 2004; SILVA, 2001). Nem todos os fumantes desenvolvem a DPOC clinicamente significativa, sugerindo que fatores genéticos possam modificar o risco de cada indivíduo (GOLD, 2004). 2.2.5.2 Fator Genético O fator de risco genético mais documentado é uma deficiência hereditária de alfa-1 antitripsina, sendo que os outros genes envolvidos na patogênese da DPOC ainda não foram identificados (GOLD, 2004). 2.2.5.3 História Ocupacional Toda atividade profissional que obriga o indivíduo a permanecer em ambiente poluído por tempo prolongado e sem proteção adequada favorece o surgimento da DPOC, sendo que na maioria dos casos a natureza das substâncias inaladas se torna decisiva. Com isso, as partículas de carvão mineral (inaladas com a fumaça da sua queima) devem ser consideradas como fatores importantes no aumento da produção de muco. Quanto às poeiras orgânicas (algodão, cereais e outros), parece atuarem de maneira crônica direta ou como elemento mediador (TARANTINO, 1997). Quando as exposições a poeiras e aos produtos ocupacionais, são suficientemente Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 intensas ou prolongadas, podem causar DPOC independentemente do tabagismo, e aumentar o risco da doença na presença simultânea do mesmo. A exposição a matérias minúsculas, irritantes, poeiras orgânicas e agentes sensibilizadores, pode causar um aumento na hiperresponsividade das vias aéreas (GOLD, 2004). 2.2.5.4 Poluição Atmosférica Os elementos a serem considerados são o tipo, a quantidade, a concentração e o tempo de exposição ao poluente. As partículas de carvão inaladas isoladamente são inócuas, depositando-se nos bronquíolos sem produzir inflamação, porém, quando inaladas juntamente ao dióxido de carbono, serão absorvidas, lesando o parênquima. Seus efeitos permanecem mesmo após a eliminação da exposição (TARANTINO, 1997). Além da exposição direta, por inalação das partículas do ar ambiente, pode haver exposição indireta, por inalação de substâncias existentes na água ou em superfícies (GOMES, 2002). O papel da poluição do ar extradomiciliar no aparecimento da DPOC é obscuro. A poluição do ar intradomiciliar relacionada a queima do combustível de biomassa (lenha), utilizado para cozinhar e aquecer residências pouco arejadas, tem sido considerada um fator de risco para o desenvolvimento da DPOC (BETHLEM, 2002; GOLD, 2004). 2.2.5.5 Fator sócio-econômico Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Existem evidências de que o risco de desenvolvimento da DPOC está inversamente relacionado ao status sócio-econômico, já que tabagismo está cada vez mais difundido entre as classes menos favorecidas (GOLD, 2004; TARANTINO, 1997). Portadores de DPOC de baixo nível sócio-econômico vêm contribuindo com um índice de mortalidade cada vez maior. Essa verificação está diretamente relacionada com o hábito de fumar e com a necessidade de residir em zonas mais poluídas (TARANTINO, 1997). Halal et al (1993), revelou que a baixa escolaridade corresponde a um fator de risco importante para o tabagismo, já que esses indivíduos podem não ter grande acesso ao conhecimento adequado de todos os malefícios que cigarro pode causar. 2.2.5.6 Sexo O papel do sexo como fator de risco é atualmente, diferente daquele considerado no passado. Antigamente a maior parte dos estudos mostrou que a prevalência e a mortalidade da DPOC eram maiores entre homens do que entre mulheres. No entanto, estudos mais recentes de países desenvolvidos, têm demonstrado que a prevalência da doença está se tornando quase igual entre homens e mulheres. Esse fato é proveniente da mudança no consumo de tabaco entre as mulheres, pois no passado os homens fumavam mais do que elas (GOLD, 2004; SILVA, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.2.5.7 Idade A literatura é contraditória em relação ao fator idade. Isso se deve ao fato de que quanto maior a idade, maior é o tempo de exposição aos diversos fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento da DPOC, como o fumo, a exposição ocupacional, a poluição entre outras coisas (SILVA, 2001). A DPOC é mais freqüente em indivíduos idosos, no entanto essa consideração não significa que o processo natural de envelhecimento provoque a doença. O idoso quando exposto as condições ou fatores que favoreçam a doença, tem maior facilidade de adquirir a DPOC (TARANTINO, 1997). 2.2.5.8 Raça Embora não existam estudos epidemiológicos em relação à raça mais acometida e a incidência da DPOC, nos EUA verificou-se que a incidência da DPOC é maior em indivíduos brancos em relação aos negros (TARANTINO, 1997). 2.2.6 Diagnóstico O diagnóstico da DPOC é realizado através das avaliações clínica e funcional Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 (espirometria). É necessário considerar a presença de sintomas característicos e de uma história de exposição aos fatores de risco para a doença (GOLD, 2004; SILVA, 2001). Segundo GOLD (2004), os indicadores fundamentais para determinar o diagnóstico da DPOC correspondem a: -Tosse crônica, presente de modo intermitente ou todos os dias, com freqüência ao longo do dia; -Produção crônica de expectoração, sendo que qualquer forma de produção crônica de expectoração pode ser indicativa de DPOC; -Episódios repetidos de bronquite crônica; -Dispnéia progressiva (agrava com o passar dos dias), persistente (presente todos os dias), piora com o exercício e durante as infecções respiratórias; -História de exposição aos fatores de risco como a fumaça do tabaco, poeiras e produtos químicos ocupacionais e fumaça proveniente da cozinha domiciliar e do gás de aquecimento. Em relação à avaliação funcional, a espirometria é considerada o teste essencial para se diagnosticar e estadiar a DPOC, já que o principal distúrbio funcional pulmonar nesta patologia é a obstrução do fluxo aéreo. Existem outros testes que também auxiliam no diagnóstico dadoença, como, o teste de difusão com monóxido de carbono (CO) pela técnica de respiração única, teste de caminhada de seis minutos (TC6) e teste de exercício com monitoração cardiológica e de gases (consumo de O2 e produção de CO2) (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a; SILVA, 2001). Alguns exames complementares também podem colaborar no diagnóstico da DPOC (RODRIGUES, 1999). A realização da gasometria arterial deve ser levada em consideração para todos os pacientes com VEF1 < 40% do previsto ou com sinais clínicos sugestivos de insuficiência respiratória ou insuficiência cardíaca direita (GOLD, 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 O radiograma simples de tórax com incidências em PA (Postero-Anterior) e Perfil deve ser uma solicitação de rotina frente à suspeita de DPOC, não para definição desta, mas para afastar outras doenças pulmonares, principalmente a neoplasia pulmonar. A tomografia está indicada na DPOC somente em casos especiais, tais como: suspeita de bronquiectasias ou bolhas, indicação de correção cirúrgica destas, programação de cirurgia redutora de volume (American Thoracic Society, 1995; GOLD, 2004; II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004 ). A avaliação da oxigenação deve ser feita inicialmente de maneira não-invasiva pela oximetria de pulso. Se for identificada uma saturação periférica de oxigênio (SpO2) igual ou inferior a 90%, está indicada então, a realização de gasometria arterial para avaliação da PaO2 (pressão arterial de oxigênio) e PaCO2 (pressão arterial de gás carbônico) (II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). A realização de outros testes da avaliação respiratória no paciente com DPOC não é rotineira, podendo, porém, ser considerada em condições especiais, tais como dosagem de alfa-1 antitripsina indicada nos casos de aparecimento de enfisema pulmonar em pacientes com idade inferior a cinqüenta anos; avaliação eletro e ecocardiográfica indicada nos casos em que há suspeita de hipertensão pulmonar e Cor pulmonale, geralmente em fases avançadas da doença, e no diagnóstico diferencial com cardiopatias primárias (GOLD, 2004; II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). Devido ao fato da DPOC não ser totalmente reversível com as terapias atuais, e também ser lentamente progressiva, torna-se cada vez mais importante identificar os casos iniciais à medida que surgem terapias mais efetivas. Um consenso sobre métodos padronizados para a descoberta e definição da doença em fase inicial precisa ser desenvolvido (GOLD, 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.3 Espirometria O termo espirometria deriva do latim, spirare que corresponde a respirar, e metrum que significa medida. Verifica o grau de obstrução das vias aéreas, mensurando os volumes e fluxos de ar que entram e saem dos pulmões (COSTA, 2002). Representa uma importante maneira de verificação da função pulmonar, sendo considerada o exame complementar de maior utilidade fisiodiagnóstica, muito útil para a elaboração de um programa terapêutico (AZEREDO, 2002). A espirometria é a forma mais simples de mensuração da função respiratória (TARANTINO, 1997). Este exame auxilia na prevenção, permite o diagnóstico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios, devendo ser parte integrante da avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou doenças respiratórias conhecidas (PEREIRA, 2002). Do ponto de vista fisiopatológico, é considerado como um exame primordial, pois permite assegurar a existência de limitação do fluxo aéreo. Auxilia ainda na classificação da gravidade dos distúrbios obstrutivos, e no estabelecimento de condutas específicas conforme tal estadiamento (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). Consiste em um procedimento que objetiva observar os movimentos inspiratórios e expiratórios e com isso medir os volumes e capacidades, porém, se faz necessário lembrar que a espirometria mede apenas aqueles volumes e capacidades que entram e saem dos pulmões após uma expiração máxima (GUYTON e HALL, 2002). Os elementos mais importantes de uma espirometria são a capacidade vital (CV) ou capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e a relação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital forçada Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 ou capacidade vital (VEF1/CVF ou VEF1/CV), conhecido também como “índice de Tiffeneau”. Estes parâmetros são expressos em valores absolutos e percentuais (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). Embora não seja habitual, a CVF pode estar acima de 70% em pacientes com DPOC. A relação VEF1/CVF abaixo da normalidade caracteriza a presença de obstrução e a redução de VEF1 reflete a intensidade de tal obstrução. Um aspecto diferencial da espirometria a ser observado é com relação às doenças restritivas que também apresentam valores reduzidos de CVF e VEF1, mas uma relação VEF1/CVF normal. Tipicamente, na DPOC, teremos redução de todos estes elementos sendo que podemos arbitrariamente utilizar valores abaixo de 70% para o Índice de Tiffeneau como sendo indicativos de alteração em relação à normalidade (OLIVEIRA e JARDIM, 2003a). 2.3.1 Tipos de sistemas para espirometria De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), os sistemas de espirometria podem ser classificados em aberto e fechado, a volume e a fluxo. 2.3.1.1 Sistema Aberto e Fechado O termo aberto é usado quando o indivíduo realiza uma inspiração máxima fora do sistema, antes de colocar o tubete na boca e expirar. Nos sistemas fechados, o indivíduo Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 inspira e expira diretamente no equipamento. 2.3.1.2 Aparelhos com Deslocamento de Volume e com Sensores de Fluxo Aparelhos com deslocamento a volume são simples e precisos para medidas de volumes, porém, a movimentação das partes mecânicas, as forças de inércia, a fricção, o momento e o efeito da gravidade, devem ser minimizados para que as medidas dos volumes e fluxos sejam exatas e precisas. Os espirômetros de volume recebem gás exalado dos pulmões, que é eliminado à temperatura corporal (37ºC) e plenamente saturado com vapor d`água. Correções das condições de medida para as condições corporais são necessárias para determinações acuradas dos volumes de gás e fluxos pelos espirômetros de deslocamento de volume, embora a validade da correção por alguns espirômetros tenha sido questionada. Estes aparelhos são geralmente aparelhos menores e mais leves e mais dependentes da eletrônica do que os aparelhos de volume. “Integração” é um processo no qual o fluxo, isto é, volume por unidade de tempo, é dividido em um grande número de pequenos intervalos de tempo e o volume de cada intervalo é somado. A integração pode ser realizada facilmente por um circuito eletrônico, sendo que a determinação acurada dos volumes por integração do fluxo requer sinais de fluxo acurados, medidas de tempo precisas e detecção de fluxos baixos. 2.3.2 Classificação da Espirometria Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Costa (2002), para efeitos de organização e estudos, divide o exame em espirometria por análise dos gases, e em espirometria simples ou convencional. 2.3.2.1 Espirometria por Análise dos Gases A espirometria por análise dos gases fornece os valores de todos os volumes e capacidades pulmonares, permitindo identificar o volume residual (VR). Esta classe de exame é capaz de fornecer informações bastante complexas sobre o sistema respiratório, mas vem sendo abandonada devido ao alto custo e dispendiosa manutenção (COSTA, 2002). É realizada por equipamentos de circuito fechado e com conhecimento prévio dos gases existentes no sistema. Geralmente utiliza-se hélio ou hidrogênio para a realização do teste, uma vez que estes gases são permeáveis a membrana respiratória, o que significa que são bons marcadores volumétricos. Pode-se também avaliar o consumo de oxigênio do organismo em repouso quando este equipamento é utilizado (COSTA, 2002). 2.3.2.2 Espirometria Convencional Esta técnica, utilizada rotineiramente em clínicas, consultórios e laboratórios, permite avaliar todos os volumes, capacidades (dados virtuais obtidos a partir dos volumes pulmonares) e fluxos, com exceção do VR. Os volumes, capacidades e fluxos pulmonares observados são: Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 - volume corrente (VC): volume inspirado e expirado a cada ciclo respiratório; - volume de reserva inspiratória (VRI): quantidade máxima de ar que pode ser inspirada além da quantidade de uma inspiração normal; - volume de reserva expiratório (VRE): volume máximo de ar que pode ser expirado além da quantidade de uma expiração normal. - capacidade inspiratória (CI): volume máximo de ar que pode ser inspirado após uma expiração normal, é fornecida pela soma do VC + VRI; - capacidade residual funcional (CRF): volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração normal, fornecido pela soma do VRE com o VR; - capacidade vital (CV): volume máximo de ar que pode ser expirado após uma inspiração máxima, é composta pela soma do VRI, VC e VRE; - capacidade pulmonar total (CPT): quantidade de ar contida nos pulmões após uma inspiração máxima, é composta pela soma do VRI, VRE, VC e VR; A velocidade do ar durante a CVF corresponde ao fluxo expiratório forçado (FEF) que pode ser dividido da seguinte maneira: - fluxo expiratório forçado a 25% (FEF 25%), indica o fluxo expiratório forçado a um quarto da CVF e é muito próximo do VEF1. Representa o primeiro quarto de ar que sai dos pulmões, sendo que alguns autores atribuem esse fluxo ao ar contido nas vias aéreas superiores e em parte da traquéia; - fluxo expiratório foçado a 50% (FEF 50%), indica o fluxo expiratório forçado no ponto médio da CVF. Representa a velocidade com que o ar da parte central das vias aéreas inferiores deixa o sistema respiratório durante a expiração forçada; - fluxo espiratório forçado a 75% (FEF 75%), corresponde ao fluxo expiratório forçado a três quartos da CVF e representa a velocidade com que sai o último quarto de ar dos pulmões em uma expiração forçada; Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 - fluxo expiratório forçado médio (FEF 25-75%), conhecido também como fluxo máximo mesoexpiratório (FFME), é o fluxo médio de ar que ocorre no intervalo entre 25% e 75% da CVF, por representar a velocidade com que sai o ar exclusivamente dos brônquios, é considerada uma das mais importantes medidas de fluxo na avaliação da permeabilidade das vias aéreas, isto é, estima-se que neste momento da expiração o ar que estava contido nas vias aéreas superiores e laringe já tenha saído, e o ar que se encontra nos bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios e alvéolos ainda não está sendo objeto de medida; - fluxo expiratório forçado a 75%-85% (FEF 75%-85%) ou fluxo telexpiratório, é o fluxo expirado na porção final da curva de CVF, este valor representa a velocidade com que o ar que se encontrava na parte mais distal ou além da árvore traqueobrônquica sai, ou seja, o ar que estava nos alvéolos e bronquíolos respiratórios (COSTA, 2002). - fluxo expiratório forçado máximo durante a CVF (FEFmax) ou pico de fluxo expiratório (PFE) que corresponde ao Peak Flow (PEREIRA, 2002). - ventilação voluntária máxima (VVM), é o máximo de volume de ar que um indivíduo pode mobilizar em um minuto com esforço voluntário máximo. Enfatiza o desempenho ventilatório, mais precisamente o desempenho muscular respiratório (COSTA, 2002). O teste espirométrico convencional é realizado a partir de duas manobras, a expiração forçada e a ventilação voluntária máxima. Na manobra de expiração forçada o paciente inspira profundamente e mantém o seu pulmão na CPT, e logo após expira rápida e completamente a sua CV. A partir dessa manobra o aparelho registra o valor do VEF1 e do PFE, os quais apresentam-se diminuídos em pacientes com patologia pulmonar obstrutiva (AZEREDO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.3.3 Teste de provocação brônquica O teste de provocação brônquica também é utilizado para diagnosticar obstrução brônquica, bem como a hiper-reatividade brônquica. O teste consiste em administrar, usualmente em forma de aerossol, uma substância que não provoca broncoconstrição em indivíduos normais, apenas em indivíduos com alterações pulmonares. As substâncias mais utilizadas são a histamina e a metacolina (BETLHEM, 2000). Neste teste de resposta ao broncodilatador, realiza-se uma espirometria prébroncodilatador (BD) (antes da administração da substância), depois se usa um beta-2adrenérgico de curta duração em aerossol em dois jatos. Após 10 a 15 minutos do BD faz-se uma nova espirometria. Este teste é usado para pacientes com obstrução, principalmente quando a relação VEF1/CVF for menor do que 70%, sendo considerado positivo quando houver um aumento de, no mínimo, 7% ou 200 ml no VEF 1. Quando o paciente não apresentar obstrução, o teste será positivo se tiver um aumento de 300 ml ou 10% no VEF 1. Em alguns casos de obstrução, um aumento de 350 ml ou mais na CVF pode ser considerado como uma boa resposta ao broncodilatador (SILVA, 2001). Os resultados do teste são confrontados com valores previstos de normalidade, provenientes de tabelas ou de equações obtidas de um número razoável de indivíduos provenientes de um grupo populacional representativo, sem doenças pulmonares e nãofumantes. Estes valores variam com o sexo (cerca de 20% maiores nos homens), a idade (aumentam na fase de crescimento e diminuem a partir dos 20-25 anos) e estatura (maiores em indivíduos mais altos) (SILVA, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.3.4 Prova após Broncodilatodor (BD) A prova espirométrica após o uso de um BD, revela se o quadro de obstrução pulmonar é reversível ou se é de natureza orgânica ou irreversível. Para isso, tem sido adotado o parâmetro de melhora ou de magnitude de reversibilidadde igual ou acima de 13% no teste pós-broncodilatador, para considerar como deficiência obstrutiva funcional, e menor que 13% para deficiência obstrutiva orgânica. Considera-se como parâmetro para o aumento do VEF 1 pós-brocodilatador, a medida de 0,2 litro (200 ml), como um fator isolado (COSTA, 2002). Segundo as Diretrizes para Testes de Função Pulmonar 2002, as repostas ao BD referem-se a mudanças que excedem a variabilidade ao acaso, sendo avalidas usualmente pelas variações do VEF1. As variações espirométricas mínimas aceitáveis pela ATS (American Thoracic Society) são de 12% do VEF1 ou um aumento de 0,2L. Já a Sociedade Respiratória Européia, preconiza um aumento de 10% em relação ao previsto. O VEF1 é uma medida simples, confiável, de utilidade diagnóstica inquestionável, permitindo uma avaliação acurada da progressão da doença. Contudo, o VEF1 possui fraca correlação com a capacidade do exercício e com a dispnéia. A mudança no VEF1 após o BD é probremente preditiva de melhora dos sintomas e do desempenho do exercício em DPOC. O padrão de resposta espirométrica ao BD varia grandemente entre pacientes com DPOC. Alguns exibem aumento tanto do VEF1 como da CVF, outros mostram variações em apenas um destes parâmetros e uma minoria não mostra mudança alguma. Em muitos pacientes, as variações no VEF1 após BD simplesmente refletem recrutamento de volume, ou seja, a relação VEF1/CVF não muda. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.4 Espirometria e Classificação da DPOC Existem alguns parâmetros que o GOLD (2004), estabelece para um indivíduo ser classificado como portador da DPOC. Os parâmetros se encontram na tabela abaixo: Tabela 1. Alterações espirométricas relacionadas a DPOC. Parâmetro Funcional VEF1/CVF DPOC X ESPIROMETRIA Achado Típico Observação < 70% Caracteriza a presence de VEF1 < 80% CVF Prova broncodilatadora doença < 70% Pode ser > ou = 70% Negativa: VEF1 pós-bd com Quando positiva pensar na variação < 12% do pré e < VEF1/CVF obstrução Avalia a intensidade da possibilidade de asma 200 ml > ou = 70% com CVF Interrogar doença restritiva reduzida Fonte: www.pneumoatual.com.br GOLD (2004) classifica a DPOC em relação a sua gravidade, separando-a em quatro estádios: - Estádio 0: em risco - tosse crônica e produção de expectoração, sendo a função pulmonar ainda normal. - Estádio I: DPOC leve - leve limitação do fluxo aéreo (VEF1 / CFV < 70%, mas VEF1 = 80% do previsto) e, geralmente, mas nem sempre, com presença de tosse crônica e produção de expectoração. Nesse estádio, o indivíduo pode não estar ciente de que sua função pulmonar está normal. - Estádio II: DPOC moderada - agravamento da limitação do fluxo aéreo (VEF 1 < Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 80% do previsto) e, geralmente, progressão dos sintomas, com falta de ar tipicamente desenvolvida ao esforço. Ocorrem exacerbações dos sintomas, que têm um impacto sobre a qualidade de vida e o prognóstico do paciente, são especialmente notadas em pacientes VEF 1 < 50% do previsto. - Estádio III: DPOC grave - grave limitação do fluxo aéreo (VEF1 < 30% do previsto) ou presença de insuficiência respiratória ou sinais clínicos de falência ventricular direita. Os pacientes podem ter a DPOC grave (Estádio III) mesmo se for VEF 1 > 30% do previsto, sempre que estas complicações se façam presentes. Nesse estádio, a qualidade de vida está bastante debilitada e as exacerbações podem ser uma ameaça à vida. - Estádio IV: DPOC muito grave – VEF1/CVF < 0,70 pós-BD e VEF1 < 30% do previsto, ou pacientes com hipercapnia ou sinais clínicos de insuficiência cardíaca à direita, ou pacientes com dispnéia que traga incapacidade de realizar atividades de vida diária. A presença de dispnéia com extrema limitação das atividades do paciente faz que estes pacientes não tenham mais uma independência com relação à sua manutenção e higiene, independente do VEF1, indicando mau prognóstico. Existe uma outra maneira de classificar a DPOC, segundo o II Consenso Brasileiro de DPOC (2004), conforme os valores de VEF1. Esta classificação é dividida em: - Estádio 1: caracterizado de doença leve, apresenta VEF1 pós- broncodilatador ≥ 60%, com VEF1/CVF inferior à 90% do teórico. Este estádio compreende a grande maioria dos pacientes, apresentando pouca limitação nas suas atividades habituais. - Estádio 2: classificado como doença moderada, os pacientes apresentam VEF 1 pósbroncodilatador < 60% e > 40% sem hipoxemia ou hipercapnia, é um grau mais limitante e mais sintomático que o anterior. - Estádio 3: compreende uma doença grave, onde os pacientes apresentam um VEF1 igual a 40%, ou com necessidade de oxigenoterapia domiciliar, sem hipercapnia, sem dispnéia Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 que os incapacite de realizar atividades diárias necessárias à sustentação e higiene pessoais. Este grupo apresenta exacerbações freqüentes do quadro de dispnéia. - Estádio 4: caracterizado por doença muito grave, independentemente do VEF1, onde os pacientes apresentam hipercapnia ou dispnéia que os incapacite a realizar atividades de vida diária necessárias à sustentação e higiene pessoais. Os pacientes deste estádio são minoria entre os com DPOC, mas em função da sua gravidade, são os maiores consumidores de recursos financeiros, por necessitarem de freqüentes internações hospitalares, geralmente prolongadas e, muitas vezes, em ambiente de terapia intensiva. 2.5 Impacto da DPOC Segundo GOLD (2004), o impacto da DPOC é subestimado em função da patologia não ser habitualmente reconhecida e diagnosticada, até que seja clinicamente evidente e esteja moderadamente avançada. A prevalência, a morbidade e a mortalidade apresentam grande variação entre os países, porém, em todos aqueles onde os dados estão disponíveis, a DPOC é um significativo problema de Saúde Pública, tanto em homens quanto em mulheres (GOLD, 2004). O impacto global da DPOC irá aumentar enormemente em um futuro próximo, na medida em que o número de vítimas nos países em desenvolvimento se tornar aparente. Os custos econômicos da DPOC são altos e continuarão a aumentar em relação direta com a crescente idade média da população, com a intensificação da prevalência da doença e com os custos das intervenções médicas e de Saúde Pública, existentes e novas (GOLD, 2004). A DPOC ocasiona uma significativa incapacidade, perda de produtividade e piora da Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 qualidade de vida, que se agravam substancialmente com a progressão da doença. Os custos, advindos de tratamentos hospitalares prolongados, são grandes no caso de exacerbações graves da doença e da necessidade de uso prolongado de oxigênio em domicílio por alguns pacientes (II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). A população portadora de doença obstrutiva, na maioria dos casos, sofre limitações em suas atividades como conseqüência de déficit respiratório, adotando assim, um estilo de vida sedentário. Este estilo adotado é considerado um mecanismo protetor da dispnéia que é agravada ainda mais pelo descondicionamento físico. A dispnéia é o principal sintoma responsável pelo declínio na qualidade de vida. O paciente portador da DPOC pode apresentar redução importante da sua capacidade física devido a vários fatores como a hiperinsulflação dinâmica e aumento do metabolismo muscular glicolítico, acompanhado do descondicionamento físico progressivo associado à inatividade (RODRIGUES et al, 2002). Essa limitação física não ocorre somente para a realização das atividades de vida diária, ocorre nas relações afetivas, conjugais e sexuais, no lazer e na atividade profissional. Devido a essa situação, muitos pacientes tornam-se dependentes de seus familiares, o que acaba reforçando seu sentimento de incapacidade e contribuindo para a diminuição de sua auto-estima (GODOY e GODOY, 2002). A DPOC pode limitar as atividades do cotidiano e modificar o processo de viver do seu portador, interferindo nas atividades diárias, como estudo, trabalho, afazeres domésticos e até na sua mobilidade (SILVA et al, 2005). 2.5.1 Impacto da DPOC no Sistema Respiratório Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 A complacência dinâmica é a correlação entre as variações do fluxo respiratório e da pressão pleural. Na DPOC seus valores se encontram abaixo da normalidade, pois depende mais da resistência das vias aéreas do que da elasticidade pulmonar. Quando se aumenta a freqüência respiratória, a complacência dinâmica dos sujeitos que possuem DPOC, sofre redução e constitui uma alteração extremamente precoce (WEST, 1996; TARANTINO, 1997). A desigualdade da ventilação-perfusão é inevitável, e isto leva a hipoxemia com ou sem retenção de gás carbônico. As razões para essa desigualdade se tornam evidentes quando se considera a desorganização da arquitetura pulmonar no enfisema, e as anormalidades nas vias aéreas, na bronquite crônica. A destruição de porções do leito capilar é o principal fator responsável pela desigualdade do fluxo sanguineo, além disso, pode ocorrer hipertrofia do músculo liso nas paredes das pequenas artérias pulmonares na fase avançada da doença, o que pode contribuir ainda mais, para desigualdade do fluxo (WEST, 1996). O processo obstrutivo com frequência se mostra muito mais acentuado em algumas partes dos pulmões do que em outras, deste modo, algumas áreas dos pulmões são bem ventiladas, enquanto outras são mal ventiladas. Frequentemente isto leva a relações de ventilação-perfusão extremamente anormais, havendo no mesmo pulmão, áreas mais perfundidas do que ventiladas, chamadas de efeito shunt, promovendo má aeração do sangue, e outras áreas mais ventiladas do que perfundidas, conhecidas como espaço morto fisiológico, resultando em desperdício de ventilação (GANONG,1999). À medida que a doença progride, ocorre perda de grande quantidade de septos alveolares, o que também diminui o número de capilares pulmonares através dos quais o sangue pode passar. Em conseqüência, a resistência vascular pulmonar aumenta acentuadamente, acarretando hipertensão pulmonar. Outro fator que também contribui para este aumento de pressão na artéria pulmonar é a vasoconstrição hipóxia. Esta hipertensão, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 causa sobrecarga no lado direito do coração, aumentando seu débito cardíaco, e freqüentemente insuficiência cardíaca direita (WEST, 1996). Na DPOC o VEF1 e o índice de Tiffeneau se apresentam reduzidos, enquanto a CPT (capacidade pulmonar total), o VR (volume residual) e a CFR (capacidade funcional residual) podem estar aumentados. A relação CFR/CPT se mostra aumentada traduzindo a hiperinsuflação pulmonar. A reserva ventilatória desses pacientes é reduzida de modo considerável, sendo a ventilação em torno de 40% da VVM (ventilação voluntária máxima) comparada com 5% da VVM em pessoas saudáveis (AZEREDO, 2002). Em deccorrência do aumento do trabalho respiratório e da redução da capacidade desses músculos em suportar a carga ventilatória aumentada, a função dos músculos respiratórios também é afetada profundamente. O trabalho e o custo de energia da respiração estão aumentados devido ao aumento da resistência da via aérea e à hiperinsuflação pulmonar. Esta hiperinsuflação altera profundamente a função dos músculos respiratórios, promovendo seu encurtamento, acarretando uma redução da capacidade do músculo de gerar força (AZEREDO, 2002). 2.6 Tratamento Scanlan (2000) sugere que o tratamento de pacientes com DPOC crônica estável deve ter como objetivos: estabelecer o diagnóstico de DPOC, otimizar a função pulmonar, maximizar o estado funcional do paciente, simplificar o tratamento ao máximo, prolongar a sobrevida sempre que possível. O tratamento farmacológico é utilizado na prevenção e no controle dos sintomas, na Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 redução da freqüência e da gravidade das exacerbações, na melhora da condição de saúde e no aumento da tolerância ao exercício. Demonstrou-se que nenhum dos medicamentos existentes para a DPOC modifica o declínio a longo prazo na função pulmonar. Contudo, isso não deve impedir esforços para que os indivíduos utilizem os medicamentos, com a finalidade de controlar os sintomas (GOLD, 2004). Entre os mecdicamentos utilizados, os broncodilatadores (beta2 agonistas, anticolinérgicos e metilxantinas) são fundamentais para o tratamento sintomático. Eles são prescritos devido a necessidade de alívio de sintomas persistentes e agravantes, são usados de forma regular para prevenirem ou reduzirem os sintomas. A combinação de drogas com diferentes mecanismos e durações de ação pode aumentar o grau de broncodilatação. A escolha entre beta2 agonistas, anticolinérgicos e metilxantinas e uma terapia combinada, depende da existência dos medicamentos e da resposta individual de cada paciente em termos de alívio dos sintomas e efeitos colaterais (GOLD, 2004). Os corticóides também são utilizados no tratamento de DPOC, porém é apropriado apenas para pacientes com melhora sintomática e uma resposta espirométrica documentada aos corticóides inalados ou VEF1 < 50% do previsto e exacerbações repetidas que requerem tratamento com antibióticos ou corticóides orais. As relações entre dose e resposta e a proteção a longo prazo dos corticóides inalados na DPOC não são conhecidas, sendo que o tratamento a longo prazo com os corticóides orais não é recomendado. Deve-se considerar que o tratamento prolongado com corticóides inalados pode aliviar os sintomas desse grupo de pacientes cuidadosamente selecionados, mas não modifica o declínio a longo prazo no VEF1 (GOLD, 2004). Entre outros “medicamentos” utilizados, se encontram as vacinas contra gripe, capazes de reduzir em 50% doenças graves e a morte em pacientes com DPOC, atuando principalmente no que se refere a prevenção de infecções respiratórias (GOLD, 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Existem outros medicamentos que podem ser usados, porém, ou não acarretam muitos benefícios, ou são indicados em situações específicas. Os antibióticos não são recomendados, exceto para tratamento de exacerbações infecciosas da DPOC e outras infecções bacterianas (GOLD, 2004). O uso regular de antitussígenos é conra-indicado na DPOC estável. Os estimulantes não são recomendados para o uso regular (GOLD, 2004). A oxigenioterapia tem demonstrado ser, uma boa intervenção para melhorar a sobrevida de pacientes hipoxêmicos portadores de DPOC, tendo como objetivo a manutenção da saturação arterial da hemoglobina acima de 90% (SaO2 ≥ 90%), documentada na gasometria arterial. Constituem fatores para a indicação da prescrição de oxigenoterapia prolongada domiciliar a baixos fluxos os seguintes achados laboratoriais e de exame físico: PaO2 ≤ 55 mmHg ou saturação ≤ 88% em repouso, PaO2 entre 56 e 59 mmHg com evidências de Cor pulmonale ou policitemia. Apesar da avaliação oximétrica ser um guia eficaz para a triagem de candidatos à oxigenoterapia, é necessária a realização da gasometria arterial, pois ela permite uma avaliação mais precisa das trocas gasosas, com documentação da PaO2 e da condição ventilatória do paciente pela avaliação da PaO2 (II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). A Reabilitação Pulmonar em pacientes portadores de DPOC resulta em melhora da força muscular periférica e respiratória, da tolerância ao exercício, do IMC (índice de massa corporal) e também da qualidade de vida (QV) (DOURADO et al, 2004). A aplicação da fisioterapia respiratória faz parte do tratamento da DPOC e dependendo da gravidade do caso, ela será reeducadora, profilática, corretiva, terapêutica e reabilitadora (CARVALHO, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 2.6.1 Reabilitação Pulmonar A intervenção pela Reabilitação Pulmonar visa atentar aos problemas e queixas de cada paciente individualmente e é implementada por uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde. Os objetivos da Reabilitação Pulmonar envolvem a redução da perda funcional causada pela doença pulmonar e otimização das atividades físicas e sociais, trazendo melhora da qualidade de vida, proporcionando ao paciente a maximização e manutenção da independência funcional (RODRIGUES, 2002). Os programas de Reabilitação Pulmonar são constituídos de componentes e técnicas distintas, tais como, exercício físico, educação de pacientes e seus familiares, tratamento farmacológico, oxigenoterapia, suporte nutricional, fisioterapia respiratória, terapia ocupacional, campanha de abandono do tabagismo, suporte psicológico e tratamento domiciliar. É formulado partindo de parâmetros individuais próprios de cada paciente (BRITTO, 2002). A evolução da DPOC se apresenta de maneira lenta, e geralmente promove a redução da capacidade física nos indivíduos acometidos. A patogênese da limitação ao exercício é complexa e envolve perda da força dos músculos respiratórios, alterações das trocas gasosas e anormalidades da mecânica pulmonar, além de trazer fraqueza muscular nos membros superiores e inferiores. O principal sintoma responsável por esta limitação é o desconforto respiratório (dispnéia), desencadeado quando os pacientes realizam as atividades de vida diária. Essa diminuição da capacidade física leva o paciente à inatividade, o que resulta em menor tolerância ao exercício, criando assim um ciclo vicioso que evolui até a dependência do paciente (BRUNETTO, 1998). A estratégia utilizada pela Reabilitação Pulmonar é integrar o manejo clínico e a Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 manutenção da estabilidade clínica dos portadores de DPOC, principalmente nos pacientes que, mesmo com tratamento clínico otimizado, continuam sintomáticos e com diminuição de sua função física e social (RODRIGUES, 2002). A fraqueza dos músculos respiratórios parece contribuir para limitação ao exercício nos pacientes com DPOC e isso sugere que o treinamento de força ou de endurance pode fortalecer os músculos da respiração, diminuindo a dispnéia e melhorando a tolerância ao exercício (WOLFSON, 1994). Apesar da DPOC ser caracterizada por alterações na arquitetura pulmonar irreversíveis, a tolerância aos exercícios nestes pacientes pode ser incrementada, mas existe efetivamente, muita controvérsia sobre a intensidade e modalidade ideal de treinamento e uma variabilidade de parâmetros na literatura, em relação ao tipo de exercício, o objetivo a ser alcançado, duração do treinamento, freqüência semanal e duração das sessões, o que dificulta o estabelecimento de um consenso para a sua aplicação. Em geral, os programas de Reabilitação Pulmonar tem durado em torno de dois meses, com duas a cinco sessões semanais e uma duração de quarenta a sessenta minutos cada uma. Cada sessão é composta convencionalmente, de atividades no cicloergômetro e esteira rolante, acompanhados de exercícios de cinesioterapia respiratória (CR) e reeducação funcional respiratória (RFR). A intensidade do exercício e a carga de trabalho é usualmente determinada pela tolerância do paciente e pela magnitude dos sintomas (CARVALHO, 2001). A fisioterapia se mostra essencial no tratamento de pacientes portadores de DPOC, já que a cinesioterapia respiratória (CR) e a reeducação funcional respiratória (RFR) possuem papel importante na Reabilitação Pulmonar, além das manobras de higienização brônquica, sempre que forem necessárias. A RFR tem como objetivo principal estabelecer ou reestabelecer um padrão de respiração funcional mais adequado e econômico do ponto de vista mecânico e fisiológico. A CR consiste em recursos, que visam a melhora das condições Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 da mecânica respiratória de pacientes que possuem hipoventilação e hiperinsuflação pulmonar, debilidade muscular respiratória, incoordenação bucal ou qualquer padrão de ventilação espontânea que leve a uma desvantagem mecânica levando a um suprimento de oxigênio insatisfatório para o organismo. Com isso, pode-se dizer que tanto a RFR quanto a CR apresentam os mesmos objetivos, sendo grande a interação entre elas, o que dificulta separá-las ou definí-las (COSTA, 2002). A RFR engloba exercícios físicos de caráter terapêutico que muitas vezes são também denominados de CR. Geralmente, são exercícios que podem envolver o tronco e membros, mas sempre associados com a respiração e dando ênfase ao padrão respiratório diafragmático, para que o paciente não realize tanto esforço, evitando o uso da musculatura acessória da respiração (COSTA, 2002). Com o uso de padrão respiratório mais adequado, a RFR proporciona um ajuste na utilização da musculatura respiratória, minimizando a utilização intensa dos músculos secundários da inspiração. O paciente passa a utilizar o diafragma de maneira mais eficiente, mecânica e energeticamente mais econômica (COSTA, 2002). A CR e a RFR visam também fornecer ao paciente um suporte muscular respiratório e a melhora da mobilidade toracoabdominal, com a finalidade de prevenir complicações respiratórias ou reincidências, sobretudo de pneumopatias e de outras complicações pulmonares ou torácicas (COSTA, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 3 METODOLOGIA Este trabalho trata-se de um estudo transversal, de caráter quali e quantitativo. Consiste em uma pesquisa descritiva, tendo como objetivo principal a descrição das caracteríticas de uma determinada população e o estabelecimento de relações entre variáveis. Convites em forma de cartazes informativos foram utilizados para divulgar o estudo, entre os funcionários da UNIOESTE. Estes cartazes continham explicações sobre a pesquisa, e o telefone da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, para contato. Os interessados em participar deixaram seus dados pessoais e telefones residenciais e comerciais com as secretárias desta clínica. Então, o avaliador entrou em contato com cada um dos interessados, com o intuito de saber se os mesmos se encaixavam nos critérios de inclusão exigidos. Foram incluídos no estudo os indivíduos com idade entre 24 a 41 anos, de ambos os sexos, com história de tabagismo há pelo menos 10 anos e sem diagnóstico de DPOC confirmado. Foram excluídos do estudo, os sujeitos que se encontravam fora da faixa etária exigida e com tempo de tabagismo menor que 10 anos. Também foram excluídos os portadores de doenças respiratórias, que faziam uso de alguma medicação específica para essa patologia e também aqueles com alterações cognitivas que poderiam de alguma forma interferir na avaliação proposta. Os indivíduos foram avaliados na Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, onde receberam maiores esclarecimentos sobre a pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice 1) para participar deste estudo. Foi entregue aos participantes uma ficha de avaliação contendo questões sobre alguns sintomas respiratórios (tosse, expectoração e dispnéia) (apêndice 2) e também o Questionário de Tolerância de Fagerström (anexo1) para avaliar a dependência nicotínica. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Após os indivíduos terem respondido a ficha de avaliação e o questionário de dependência nicotínica, foi realizada a prova de função pulmonar através da manobra de expiração forçada. Para a realização da espirometria foi utilizado o espirômetro da marca Vitalograph Micro (figura 1), capaz de fornecer somente as seguintes variáveis: a CVF, o VEF 1, o Tiffeneau e o PEF, através manobra de expiração forçada. O espirômetro foi calibrado conforme as recomendações do fabricante. Figura 1 - Espirômetro Vitalograph, bucal e clipe nasal. Fonte: A autora. Antes da realização do teste, os participantes repousaram aproximadamente 10 minutos. O procedimento foi descrito cuidadosamente ao indivíduo, com ênfase na necessidade de se evitar vazamentos em torno do bucal e a pausa pós-inspiratória, e da necessidade da inspiração máxima seguida da expiração rápida e sustentada até fosse ordenada a interrupção. O avaliador utilizou um bucal descartável para demonstrar como deveria ser o procedimento. Todos os testes foram realizados em ambiente calmo e ao final da tarde. Após a realização da espirometria convencional, realizou-se a mesma prova após a administração de um broncodilatador (BD). O medicamento utilizado foi o fumarato de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 formoterol, que consiste em um potente estimulante beta2-adrenérgico que exerce efeito broncodilatador em pacientes com obstrução reversível das vias aéreas. A cápsula deste medicamento foi colocada dentro de um inalador fornecido pelo fabricante, para promover a inalação do fármaco via oral, de acordo com as instruções fornecidas na bula (figura 2). Este medicamento alcança o seu pico de concentração plasmática entre 30 minutos a 1 hora após a sua inalação. Sendo assim, esperou-se 30 minutos para a realização da prova espirométrica. Figura 2 - Fumarato de formoterol (BD) e inalador. Fonte: A autora. Devido ao fato do espirômetro utilizado neste estudo não fornecer os parâmetros espirométricos de normalidade previstos, tais valores foram calculados de acordo com as fórmulas descritas pelas Diretrizes para Testes de Função Pulmonar (2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 4 RESULTADOS Foram avaliados 14 indivíduos, sendo 6 (42,86%) do sexo feminino e 8 (57,14%) do masculino. As mulheres participantes apresentaram idade entre 26 a 41 anos, com média de 35,67 anos (±5,46). Os indivíduos do sexo masculino se encontravam na faixa etária entre 24 a 39 anos, com média de 29 (±5,97). A média de idade da amostra foi de 31,86 anos (±6,5), com mínima de 24 e máxima de 41 anos. Em relação ao tempo de tabagismo, observou-se ma média de 19,5 anos para as mulheres, 12,75 anos para os homens e 15,64 anos para toda a amostra. Observou-se que 4 (29%) indivíduos não referiram nenhum sintoma, 5 (36%) apresentaram apenas 1 sintoma, 2 (14%) apresentaram 2 sintomas e três apresentaram 3 sintomas (21%) (gráfico 1). Gráfico 1. Relação entre do número de sintomas e a porcentagem de indivíduos avaliados Indivíduos Avaliados (%) Nenhum 1 sintoma 2 sintomas 3 sintomas . 100% 80% 60% 40% 20% 0% Número de Sintomas Foi observado através da ficha de avaliação que dos 14 participantes, 5 (27,78%) relataram tosse freqüentemente na maioria dos dias, enquanto 7 (38,89%) relataram catarro ou Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 muco pulmonar na maioria dos dias e 6 (33,33%) sentem mais falta de ar que as pessoas da sua idade (gráfico 2). Gráfico 2. Relação entre a porcentagem de indivíduos e os sintomas relatados. Individuos Avaliados (%) 100 tosse catarro falta de ar 80 60 40 20 0 Sintomas Respiratórios Observou-se também, que o número de sintomas está diretamente relacionado com o tempo de tabagismo, ou seja, quanto maior o tempo de tabagismo, maior o número de sintomas, tendo uma correlação estatisticamente significativa com p=0,0123, obtido através do Teste t (tabela 2). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Tabela 2. Relação entre o tempo de tabagismo e o número de sintomas (p=0.0123). Tempo de Tabagismo Número de Sintomas 10 1 12 0 12 0 12 1 11 1 10 1 13 1 23 3 10 0 22 3 23 2 13 0 28 2 20 Fonte: A autora. 3 Indivíduos com grau muito baixo de dependência nicotínica apresentaram tempo médio de tabagismo de 11,67 anos, enquanto indivíduos com grau baixo apresentaram média de 12,86 anos. Já indivíduos com grau elevado, fumaram em média 25,5 anos, enquanto aqueles com grau muito elevado fumaram em média 21,5 anos (tabela 3). Entre os 14 participantes, 12 relataram que já tentaram para de fumar, porém, sem sucesso. Tabela 3. Relação entre o tempo de tabagismo e o grau de dependência nicotínica. Tempo médio de tabagismo Grau de dependencia nicotínica 11,67 anos 12,86 anos 25,5 anos 21,5 anos muito baixo Baixo elevado muito elevado Fonte: A autora Em relação ao Tiffeneau, observou-se que apenas quatro participantes não se encontravam dentro dos valores previstos para normalidade. Dois participantes (A e B) se Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 encontravam abaixo dos valores previstos,sendo ambas do sexo feminino.Outros dois participantes (C e D) apresentaram Tiffeneau acima do previsto (tabela 4). Tabela 4. Indivíduos com alterações espirométricas e seus respectivos valores do Tiffeneau. Pacientes com Tiffeneau alterado A B C D Fonte: A autora. Faixa de normalidade para Tiffeneau Tiffeneau obtido Tiffeneau pós BD 79,2% a 88% 74,7% a 83% 74,7% a 83% 76,5% a 85% 73% 74% 88% 87% 81% 82% 89% 92% Entre as duas participantes que apresentaram os valores abaixo da normalidade, sugerindo a presença de um distúrbio obstrutivo, a paciente A apresentou 11 anos de tabagismo e baixo grau de dependência nicotínica, enquanto a B, apresentou 28 anos de tabagismo e elevado grau de dependência nicotínica. O VEF1 previsto foi de 3,012L para A e 2,596L para B, sendo que os valores obtidos foram, 3,10L e 2,54L, respectivamente. Ao se realizar a prova de broncodilatação, a participante A obteve um VEF1 de 4,07L, enquanto a B obteve 2,84L, resultando em um incremento nos valores do VEF1, de 370 ml e 300ml respectivamente, o que demonstra uma obstrução reversível (tabela 5). Tabela 5. Dados obtidos das pacientes A e B. Paciente Tempo de tabagismo Grau de dependência nicotínica Tiffeneau obtido Incremento do VEF1 absoluto A B 11 anos 28 anos Baixo Elevado 73% 74% 370 ml 300 ml Fonte: A autora. Embora, dez participantes tenham obtido valores de Tiffeneau dentro dos valores previstos pela normalidade, sete (70%) deles relataram os sintomas questionados. Entre esses dez sujeitos que relataram sintomas, 30% referiram apenas um dos sintomas, 10% dois sintomas, 30% três sintomas e 30% nenhum dos sintomas. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 5 DISCUSSÃO O tabagismo é de longe, o fator de risco mais importante para a DPOC. Fumantes têm maior prevalência de sintomas respiratórios, sendo que a obstrução das vias aéreas é mais comum nesses indivíduos que em não fumantes (TORRES e GODOY, 2004). Neste estudo, 71% dos indivíduos avaliados apresentaram um ou mais dos sintomas pesquisados, que por sua vez, também são comuns aos indivíduos com DPOC. Tarantino (1997) considera o cansaço, a tosse e a expectoração como manifestações normais, atribuindo-os exclusivamente ao tabagismo. GOLD (2004) considera que a hipersecreção mucosa e a disfunção ciliar levam à tosse cônica e a produção de expectoração. Tais sintomas podem estar presentes durante muitos anos, antes que outros sintomas ou anomalias fisiológicas se desenvolvam. A tosse crônica e a produção de expectoração freqüentemente precedem o desenvolvimento da limitação do fluxo aéreo por muitos anos, embora nem todos indivíduos com tosse e produção de expectoração cheguem a desenvolver a DPOC. A tosse esteve presente em 27,78% dos participantes, sendo este sintoma considerado o mais encontrado em portadores de DPOC. O catarro ou o muco pulmonar esteve presente em 38,89% dos avaliados, demonstrando ser o sintoma mais freqüente na população estudada. O aparecimento da tosse no fumante é tão freqüente que muitos pacientes não a percebem como sintoma de doença e acabam considerando-a como o “pigarro do fumante” (II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC, 2004). Em relação a dispnéia, 33,33% dos indivíduos deste estudo relataram sentir mais falta de ar que outras pessoas de mesma idade. Na DPOC a dispnéia é geralmente progressiva e muitos pacientes só a relatam em uma fase mais avançada, pois atribuem parte da incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico (TARANTINO, 1997; II CONSENSO BRASILEIRO DE DPOC , 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Duas participantes apresentaram obstrução ao fluxo aéreo e sintomas comuns a DPOC, porém, após a prova com o broncodilatador, constatou-se que em ambas, a obstrução foi reversível. Embora essas pessoas não tenham a DPOC diagnosticada, a função pulmonar já se apresenta alterada e provavelmente se elas continuarem com hábito de fumar, a função pulmonar irá sofrer deteriorização e até evoluir para uma obstrução irreversível, caracterizando a instalação da patologia. O valor absoluto do VEF1 obtido (3,70 L) por uma das mulheres com Tiffeneau abaixo da normalidade, estava acima do VEF1 previsto (3,012 L), sendo que o esperado era um valor abaixo do previsto. Esta diferença pode ter ocorrido devido a um erro de leitura do espirômetro. Entre os dez indivíduos que obtiveram o Tiffeneau dentro do valor previsto para a normalidade, a maior parte (70%) relatou os sintomas questionados. Desses sujeitos, 30% relataram apenas um dos sintomas, 10% dois sintomas e 30% três sintomas. Isso indica que esses indivíduos já apresentam sintomas relacionados a DPOC e futuramente podem vir a desenvolver esta patologia. Não foi possível estabelecer uma correlação estatística significativa (positiva) entre as variáveis, tempo de tabagismo, dependência nicotínica e alteração no Tiffeneau, já que o número de indivíduos com obstrução deste estudo foi pequeno. Nos grupos com grau muito baixo e com grau baixo de dependência nicotínica, o tempo de tabagismo foi proporcional ao grau de dependência nicotínica, tendo uma idade média de tabagismo de 11,67 anos e de 12,86 anos, respectivamente, isto é, quanto maior o tempo de tabagismo, maior foi a dependência nicotínica, como era esperado. Porém, nos grupos de grau elevado e de grau muito elevado isto não ocorreu, sendo que a idade média do tempo de tabagismo nesse primeiro grupo foi de 25,5 anos e no segundo grupo de 21,5 anos, ou seja, o tempo de tabagismo não foi proporcional a dependência Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 nicotínica. Segundo Halty et al (2002), o nível individual de resposta à nicotina pode ser diferente, talvez devido aos fatores genéticos, podendo ser considerado que os níveis de nicotina podem não ser equivalentes ao grau de dependência. Isto significa que indivíduos podem se satisfazer com níveis relativamente baixos da substância e ainda assim serem muito dependentes. Existe também a relação com a presença do gene CYP2A6 com a dependência nicotínica. Os portadores deste gene codificam enzimas que metabolizam 60% a 80% da nicotina inalada, tendo grande compulsão para fumar, tornando-se tabagistas pesados com intensa nicotino-dependência, enquanto os indivíduos que possuem este gene com alelos heterozigóticos, são fracos metabolizadores da nicotina, tornando-se fumantes moderados (ROSEMBERG, 1997; OLIVEIRA e JARDIM, 2003b). Algumas limitações foram evidenciadas durante a realização deste estudo, como o tipo de espirômetro e o tamanho da amostra, já que poucos indivíduos procuraram a Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE para fazer as avaliações. Sugere-se então, a realização de novos estudos com a utilização de um espirômetro mais fidedigno e também com uma amostra maior, dividida de acordo, com o grau de dependência nicotínica, o tempo e a intensidade de tabagismo. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 6 CONCLUSÃO Através das avaliações realizadas neste estudo, com indivíduos de ambos os sexos, com média de tempo de tabagismo de 31,86 anos, não foram encontrados portadores de DPOC na amostra, apenas duas mulheres com obstrução ao fluxo aéreo reversível, sendo que as duas apresentraram os sintomas relacionados a DPOC. Entre os indivíduos com o índice de Tiffeneau dentro da normalidade, 70% deles apresentaram sintomas relacionados a DPOC, sendo que a quantidade de sintomas está associada ao tempo de tabagismo. A presença desses sintomas na maioria da amostra, sugere que se os indivíduos continuarem a fumar poderão desenvolver a obstrução irreversível, caracterizando assim a instalação da patologia. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American Thoracic Society; Standards for the diagnosis and care of patients with chronic obstructive pulmonary disease. American Journal of Respiratory Critical Care Med. 152:77-120, 1995. AZEREDO, C. A. C.; Fisioterapia Respiratória Moderna. 4 ed. São Paulo: Manole, 2002. BETHLEM, N.; Pneumologia. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2002. BRITTO R. R.; SANTOS C. F. F.; BUENO F. F.; Reabilitação Pulmonar e qualidade de vida dos pacientes portadores de Dpoc. 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Orientador: Keila Okuda Tavares Telefone para contato: (45) 9917-9331 / (45) 3220-3157 / (45) 3224-8194 Justificativa: Este trabalho será importante para demonstrar a provável alteração da função pulmonar em indivíduos que possuem o hábito de fumar, os quais podem apresentar doença pulmonar obstrutiva crônica e não saberem disso, e também para analisar a dependência da nicotina nestes indivíduos. Procedimentos: Cada pessoa responderá a um questionário e será submetido ao teste de prova de função pulmonar (espirometria). As avaliações serão realizadas na Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE. Riscos: De acordo com a literatura atual, os procedimentos do estudo não apresentam riscos aos participantes, visto que são simples avaliações, respeitando a capacidade e a individualidade de cada pessoa. Custos adicionais: Não haverá custos adicionais para os participantes, todos os materias necessários serão fornecidos pelo pesquisador. Sua participação será muito importante para a realização desta pesquisa. Assinatura do pesquisador: ________________________________________________ Tendo recebido as informações anteriores e, esclarecido dos meus direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente e disposto a participar da pesquisa. 1-A garantia de receber respostas a qualquer pergunta ou esclarecimentos a dúvidas sobre os procedimentos, riscos e benefícios e outros relacionados com a pesquisa; 2-A liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; 3-A segurança de não ser identificado (a) e que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas a privacidade; 4-Procurar esclarecimentos com o Comitê de Ética de Pesquisas da UNIOESTE, através do telefone 220- 3131, em caso de dúvida ou notificação de acontecimentos não previstos. 5-Em seguida assino o consentimento Cascavel, ________de_________________ de 2005. Nome do responsável: _____________________________________________________ Nome:____________________________________________ RG___________________ Assinatura: ______________________________________________________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 APÊNDICE 2 – FICHA DE AVALIAÇÃO Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Ficha de Avaliação Data da avaliação: / / . Nome:____________________________________________________________________ Idade:____ Sexo:____ 1. Há quanto tempo você é fumante?______________________________________________ 2. Você possui algum desses sintomas: ( ) tosse freqüentemente na maioria dos dias? ( )possui catarro ou muco pulmonar na maioria dos dias? ( ) sente mais falta de ar que as pessoas da sua idade? 3. Já procurou um pneumologista ou um outro médico por causa desses sintomas? ( ) não ( ) sim, qual e por quê?________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4. Você possui alguma outra patologia respiratória? ( ) não ( ) sim, qual?_____________________________________________________ 5. Você faz uso de algum medicamento? ( ) não ( ) sim, qual (is)?__________________________________________________ 6. Você já tentou parar de fumar alguma vez? Por quê? Quais foram suas dificuldades? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 7. Espirometria Pré Broncodilatador VEF1 CVF VEF1/CVF Pós Broncodilatador VEF1 CVF VEF1/CVF Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE FARGESTRÖM Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Questionário de Tolerância de Fagerström 1. Quanto tempo após acordar você fuma o seu primeiro cigarro? Dentro de 5 minutos Entre 6 e 30 minutos Entre 31 e 60 minutos Após 60 minutos 3 2 1 0 ( ( ( ( ) ) ) ) 2. Você acha difícil não fumar em locais onde o fumo é proibido (como igrejas, bibliotecas, restaurantes, etc.)? Sim Não 1 0 ( ) ( ) 3. Qual cigarro do dia que lhe traz mais satisfação (ou que mais detestaria deixar de fumar)? O primeiro da manhã Outros 1 0 ( ) ( ) 4. Quantos cigarros você fuma por dia? 10 ou menos 11 a 20 21 a 30 31 ou mais 0 1 2 3 ( ( ( ( ) ) ) ) 5. Você fuma mais freqüentemente pela manha (ou nas primeiras horas do dias) que no resto do dia? Sim Não 1 0 ( ) ( ) 6. Você fuma mesmo quando está tão doente que precisa ficar de cama a maior parte do tempo? Sim Não 1 0 ( ) ( ) Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 Total de pontos:____ Grau de dependência nicotínica:_________________________ Tabela de Fagerström Conclusão quanto ao grau de dependência 0 a 2 pontos 3 a 4 pontos 5 pontos 6 a 7 pontos 8 a 10 pontos Muito baixo Baixo Médio Elevado Muito elevado