XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Digestibilidade do resíduo agroindustrial da graviola na alimentação de aves
Digestibility of soursop fruit agro industrial residue in the poultry feed
Nayane Valente Batista1, Alex Martins Varela de Arruda2, Claudionor Antonio dos Santos Filho1,
Raimunda Thyciana Vasconcelos Fernandes3, Natany Valeska Barreto Vasconcelos4, Flora de França
Lopes1, Jéssica Berly Moreira Marinho 1
1
Aluno(a) de Graduação em Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Av. Fco Mota, 572, Costa e Silva, Mossoró, RN.
email: [email protected]
2
Professor Associado, Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Av. Fco Mota, n.572, Costa e
Silva, Mossoró, RN. CEP: 59625900. email: [email protected]
3
Aluno(a) Pós Graduação em Ciência Animal, UFERSA, Av. Fco Mota, 572, Costa e Silva, Mossoró, RN.
4
Aluno(a) de Graduação em Agronomia, UFERSA, Av. Fco Mota, 572, Costa e Silva, Mossoró, RN.
Resumo: A constante busca por alternativas alimentares de mínimo custo para o sistema semi-intensivo de
produção avícola no semiárido nordestino fundamentou o presente trabalho, no intuito de avaliar a
digestibilidade dos nutrientes e o valor energético do resíduo agroindustrial da graviola. Foram usadas 20
aves adultas label rouge (final de postura) em um delineamento inteiramente casualizado, com gaiolas
metálicas, providas de comedouros, bebedouros e coletores de excretas. Os tratamentos dietéticos consistiram
em uma ração controle à base de ingredientes e suplementos convencionais e outra ração com a inclusão de
20% do resíduo de agroindustrial da graviola. Após a determinação dos coeficientes de digestibilidade,
observou-se significativa superioridade para a fração protéica e inferioridade para a fração fibrosa da ração
controle em relação à ração com resíduo de graviola. As médias gerais foram de 85,55% matéria seca, de
70,25% matéria mineral, de 85,87% extrato etéreo, de 75,92% proteína bruta, de 30,13% fibra em detergente
neutro, de 18,20% fibra em detergente ácido e de 84,47% energia bruta. O valor de energia metabolizável
aparente do resíduo agroindustrial de graviola foi de 2272,32 kcal/kg, com um coeficiente de metabolização
da energia de 43,60%. Assim, apesar do resíduo agroindustrial da graviola interferir na digestibilidade das
rações, pode ser razoável considerá-lo um alimento alternativo na alimentação de aves adultas devido ao seu
aporte de lipídeos e energia.
Palavras–chave: Palavras–chave: Annona muricata, energia, galinha, label rouge, nutrição
Abstract: The constant search for alternative foods to minimal costs in the semi-intensive poultry system
from brazilian semi-arid northeast, drawed this work, in order to evaluate the nutrient digestibility and energy
value of the soursop fruit agro industrial residue. 20 label rouge adult chickens (final laying) were used in a
completely randomized design with metallic cages with feeders, drinkers and collectors of excreta. The
treatments consisted in one control diet based on conventional ingredients and supplements and other diet
with 20 % inclusion of the soursop fruit agro industrial residue. After determination of digestibility, was
noted significant superiority for the protein fraction and inferiority for the fiber fraction to the control diet
compared with soursop fruit residue diet. The general means were 85.55% dry matter, 70.25% ash, 85.87%
ether extract, 75.92% crude protein, 30.13% neutral detergent fiber, 18.20% acid detergent fiber and 84.47%
gross energy. The value of apparent metabolizable energy of soursop fruit agro industrial residue was
2272.32 kcal/kg, with 43.60% for coefficient energy metabolization. Thus, despite on influence of soursop
fruit agro industrial residue on the digestibility, can be reasonable it consider an alternative food for adult
chickens due to lipids and energy supply.
Keywords: Annona muricata, chicken, energy, label rouge, nutrition
Introdução
A crescente demanda do mercado consumidor pelos frangos ou ovos do tipo caipira tem
proporcionado um aumento na participação socioeconômica do sistema semi-intensivo de produção avícola.
Com isso, têm-se buscado alternativas alimentares de mínimo custo, como subprodutos agroindustriais
oriundos da fruticultura, visando manter ou expandir a produção de aves em semiconfinamento, e ao mesmo
tempo, auxiliar a minimizar os impactos ambientais. Deste modo, entre as frutas tropicais cultivadas e
processadas pela agroindústria no nordeste brasileiro, destaca-se graviola, cujo resíduo ainda carece de
esclarecimentos sobre seu uso na alimentação animal. Portanto, objetivou-se neste estudo avaliar a
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composição nutricional, a digestibilidade dos nutrientes e valor energético do resíduo agroindustrial de
graviola em rações para aves adultas label rouge.
Material e Métodos
O ensaio de digestibilidade foi conduzido no setor de avicultura da Universidade Federal Rural do
Semi-Árido (UFERSA), Mossoró, RN. Usou-se 20 aves label rouge em final de postura distribuídas em
delineamento inteiramente casualizado, alojadas em galpões de alvenaria, dispostas individualmente em
gaiolas metálicas providas de comedouros, bebedouros e bandejas coletoras de excretas. O período de
adaptação foi de sete dias, seguido por um período experimental de cinco dias, com água e alimento à
vontade. A coleta total das excretas foi realizada duas vezes ao dia, assim como as sobras das rações. No
laboratório de nutrição animal da UFERSA realizou-se análises dos alimentos e excretas das aves,
especificamente, matéria seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina (LIG) e energia bruta (EB). As
formulações das rações experimentais seguiram as recomendações para aves de postura semipesadas. Os dois
tratamentos dietéticos consistiram em uma ração controle (RCO) à base de ingredientes e suplementados
convencionais, e outra ração contendo 20% do resíduo agroindustrial da graviola (GRA), sendo tal resíduo
composto por sementes e cascas desidratadas após despolpamento da fruta. O nível de inclusão do alimento
alternativo na ração teste efetivou-se com base na metodologia de Matterson para avaliação de alimentos
para aves, conforme Sakomura & Rostagno (2007). Na Tabela 1 apresenta-se a formulação em ingredientes e
a composição nutricional das rações. Após determinar os coeficientes de digestibilidade aparente dos
nutrientes das rações, calculou-se o valor de energia metabolizável aparente do resíduo agroindustrial de caju,
conforme seu coeficiente de metabolização da energia. A interpretação dos dados efetuou-se com auxílio da
análise de variância e do teste F (P<0,05) com o software SAEG.
Tabela 1. Composição da ração controle (RCO) e ração com resíduo agroindustrial de graviola (GRA)
RCO
GRA
Resíduo Agroindustrial de Graviola (kg)
0,00
20,00
Farelo de Soja (kg)
17,85
51,62
Farelo de Trigo (kg)
8,65
14,25
Milho (kg)
64,69
6,91
Calcário calcítico (kg)
6,40
5,11
Fosfato bicálcico (kg)
0,92
0,73
Sal iodado (kg)
0,39
0,31
DL-Metionina (kg)
0,12
0,09
Premix minerais e vitaminas 1 (kg)
1,00
1,00
MS (%)
88,64
89,39
PB (%)
14,61
14,28
FDN (%)
13,63
21,07
FDA (%)
4,83
11,83
EE (%)
2,95
7,00
MM (%)
10,22
8,91
LIG (%)
0,33
3,41
EB (kcal/kg)
3623,33
3933,89
1
Premix (composição/kg): vit. A - 800.000 UI; vit. D - 100.000 UI; vit. E - 1.000 mg; vit. K - 100 mg; vit. B2
- 400 mg; vit. B12 - 2.000 mcg; ácido pantotênico - 440 mg; niacina - 2.000 mg; colina - 50.000 mg;
antioxidante - 125 mg; I - 60 mg; Se - 20 mg; Mn - 6.000 mg; Zn - 10.000 mg; Cu - 15.000 mg; Fe - 10.000
mg; antioxidante - 125 mg; q.s.p. - 1.000 g.
Resultados e Discussão
O resíduo agroindustrial de graviola (sementes e cascas, desidratadas e trituradas) apresentou a
seguinte composição química e energética: 42,29% matéria seca, 3,28% matéria mineral, 23,23% extrato
etéreo, 13,12% proteína bruta, 50,95% fibra em detergente neutro, 29,48% fibra em detergente ácido, 11,72%
LIG e 5211,50 energia bruta kcal/kg. Na Tabela 2, apresentam-se os valores de digestibilidade aparente dos
nutrientes das rações experimentais, os quais permitem observar ausência de efeito significativo sobre a
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matéria seca e mineral, mas o melhor resultado para digestibilidade da proteína bruta com a ração RCO,
provavelmente devido à inversão nos teores de proteína e fibra em relação à ração GRA. No entanto, apesar
do alimento alternativo ter majorado a quantidade de fibra, os aspectos qualitativos destes componentes
fibrosos também devem ser considerados, em concordância com Arruda et al. (2010), especialmente em
virtude dos resultados obtidos com digestibilidade da fibra (FDN, FDA). Observou-se também alto teor de
energia bruta e lipídeos totais no resíduo agroindustrial de graviola, o que pode ter contribuído para reduzir o
consumo e gerar resultados similares de energia metabolizável entre as rações, sendo possível inferir ainda
sobre efeitos coadjuvantes de ácidos graxos poli insaturados e flavonóides antioxidantes das sementes de
graviola, conforme relatado por Onimawo (2002). Desta maneira, sugere-se satisfatória eficiência digestiva
das aves adultas label rouge alimentadas com resíduo agroindustrial de graviola, sendo determinado valor de
2272,32 kcal/kg de energia metabolizável aparente mediante um coeficiente de metabolização da energia de
43,60% para este alimento alternativo.
Tabela 2. Digestibilidade das rações controle (RCO) e com resíduo agroindustrial de graviola (GRAV)
RCO
GRA
Média
CV (%)
CMS (g/a/d) *
123,10
107,63
115,37
4,52
Dig. MS (%)
86,75
84,36
85,56
3,59
Dig. MM (%)
72,51
67,98
70,25
7,93
Dig. PB (%) *
77,90
73,95
75,93
4,55
Dig. FDN (%)
30,21
30,06
30,13
6,95
Dig. FDA (%) *
15,52
20,88
18,20
9,14
Dig. EE (%) *
88,21
83,53
85,87
3,42
Dig. EB (%) *
88,09
80,85
84,47
1,59
Dig.EMA (kcal/kg)
3191,78
3180,51
3186,14
1,58
CMS (consumo matéria seca); EMA (energia metabolizável aparente); *efeito significativo teste F (P<0,05);
CV (coef. de variação).
Conclusões
O resíduo agroindustrial de graviola diminuiu a digestibilidade de alguns nutrientes, mas não alterou
o valor de energia metabolizável da ração, sugerindo que a qualidade do aporte de lipídeos e de fibras possam
ter contribuído para o satisfatório teor de energia metabolizável (2272,32 kcal/kg), e assim, mediante certa
restrição dietética possa ser usado na alimentação de aves adultas label rouge.
Agradecimentos
Ao Sr. João Alves dos Santos Neto, presidente da Cooperativa de Beneficiamento de Frutas Tropicais
do Estado do Rio Grande do Norte (Purofrut), Mossoró, RN.
Literatura citada
ARRUDA, A.M.V.; FERNANDES, R.T.V.; OLIVEIRA, J.F; FILGUEIRA, T.M.B.; FERNANDES, D.R.;
GALVÃO, R.J.D. Valor energético de fenos de forrageiras do semi-árido para aves isa label. Acta
Veterinaria Brasilica, v.4, n.2, p.105-112, 2010.
ONIMAWO, I.A Proximate composition and selected physicochemical properties of the seed, pulp and oil of
soursop (Annona muricata). Plant Foods For Human Nutrition, v. 57, n. 2, p. 165-171, 2002.
SAKOMURA, N.K.; ROSTAGNO, H.S. Métodos de pesquisa em nutrição de monogástricos. Jaboticabal:
Funep, 2007. 283p.
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alex martins