Olhares de Couchel (Explore as Ligações) Olhares de Couchel Aviação Portuguesa Relíquias da Memória Galerias Musicais Olhares de Couchel Só não gosta do passado quem tem problemas com ele De Couchel Couchel e Passado Aboreira scriptorion Vídeo de Couchel Grades na Escola Eco da Avessada Brinquedos da minha meninice Nunca percebi porque sendo eu um poço de habilidades quando era pequeno, e pela vida fora, nunca me deu para fazer um carrinho destes. A rampa de Couchel, de facto, não prestava, tinha buracos que cabia lá um carro de bois... mas a Estrada da Beira, caramba, era um tapete de veludo que ia de Coimbra a São Romão, bem no coração da Beira Alta. E passava mesmo ao lado da porta da minha casa. Nunca percebi mas fiquei sempre desconfiado: A Estrada da Beira tinha já então bastante trânsito, e Deus andava por ali perto. Mas uma coisa eu sei: O Ti Zé Adelino não teve nada a ver com isto. Os Meus Livros Aviadores em Terra Aeronaves & Aviões Réstias de Guerra Ligações Gerais Aviação Portuguesa Galerias Musicais Meu Facebook Aniceto Carvalho As mulheres que me Do Rubicão a Ponte de Mucela acordavam Ontem como hoje, seja no Rubicão, no Corno de Oiro, em Tróia, no Corno de Crise Passámos nós Curso52-2015 Mulheres amadas Quatro Estações Links Culturais Serra da Estrela África, em Ceuta, em Isso ou em Foz de Arouce, por algumas boas vantagens que tenha, viver na proximidade mais favorável da travessia de um rio, de um mar ou de um estreito pode também trazer sérios dissabores. Como em Ponte de Mucela. Não me lembro, (nem vou confirmar), se foi nas memórias dos antepassados ilustres do Fidalgo da Torre na “Ilustre Casa de Ramires” do Eça de Queiroz, se foi n’ “A Morte do Lidador”, do Alexandre Herculano, que encontrei o Gonçalo Mendes da Maia à espadeirada aos mouros lá pela minha terra. De qualquer maneira, lenda ou romance histórico, no Século XIII, em 1231, há muito que o Lidador tinha morrido... Lugar de referência muito antiga, pertencente ao Mosteiro de Lorvão, Muce- 1 Olhares de Couchel Convento de Mafra Dom Quixote la parece já existir em 1014. Acredita-se ter pertencido a um chefe lusitano de seu nome "Murcela" no primeiro século da era cristã, figurando nos mais antigos manuscritos como Murcelha, Murcela e Mucela. Teatro de recontros entre mouros e cristãos, destruída e reedificada, foi tão arrasada pelos muçulmanos em 1231, no reinado de D. Sancho II, que levou o povo a refugiar-se na serra durante 5 séculos. Depois do progresso com as reformas do Marquês de Pombal, em 1760, embora novamente incendiada e destruída pelas tropas francesas em 1811 é, na actualidade uma terra em razoável desenvolvimento. Aniceto Carvalho As Grades da Minha Escola As Grades da Minha Escola Val de Vaz princípios de 1940 do Século XX. A minha escola primária em toda a sua grandeza, como eu a frequentei de 1942 a 1946. A Estrada da Beira passa a seguir ao carreiro depois da escola, a meia dúzia de metros onde se vêm os últimos choupos. Apesar do perigoso local apenas um miúdo morreu naquela zona ainda antes de eu ter entrado na escola. NOTEM BEM: Quarenta (40) alunos das quatro classes, apenas uma e apenas uma professora. No meu ano, na minha escola, esta miúda de 19 anos, levou “todos os dez alunos da 4ª. Classe” a exame e ficaram todos aprovados. ACREDITEM QUE É VERDADE: Esta professora dava-nos aulas extras, levavanos ao cinema, e a fazer pique niques nas margens do Rio Ceira. (Era de Vide... a cem quilómetros da minha terra) PERCEBEM... OU QUEREM QUE EXPLIQUE MELHOR? Na foto da direita, na sombra onde está estacionado o carro, era o Rossio de Val de Vaz, o recreio, como se diria hoje, em pleno via pública. Está lá o edifício. Mas há muito que a escola que servia aquela Zona Sul de Vila Nova de Poiares, Val de Vaz, Couchel, Val de Vaíde, etc., deixaram de funcionar por falta de crianças. E mais umas curiosidades dessa época, (dita obscurantista pelas luminosas mentes da actualidade), que põem a falar sozinhos os pais, similares e afins deste brilhante Século XXI… Cliquem na ligação. Aniceto Carvalho Gosto de gente desta Sei que há muito disso, mas eu não sou do tipo que rosna por trás, e na primeira oportunidade vem lamber as mãos de quem o enxotou. Precisei da criatura, pouco mais que uma opinião, deu-me com os pés; nunca mais o cumprimentei nas várias alturas em que estivemos juntos. Chama-se Jaime Soares, foi durante 40 anos, depois do 25 de Abril de 1974, o Presidente da Câmara de Vila Nova de Poiares. (E se outro lá está, foi porque ele atingiu o limite de mandatos). Passaram tempos, tenho de reconhecer... Deixou a presidência da Câmara da minha terra, podia estar a viver à grande em qualquer lado. Com a minha idade, ou perto disso, ainda não parou. Seria dos poucos políticos cá do burgo a quem eu confiaria o minha tasca de esquina. Lá estava ele no Pontão… Gosto de gente desta. 2 Olhares de Couchel Aniceto Carvalho O Zé Povinho na Lua O António do Cabeço tinha parecenças com o Zé Povinho. Ou vice-versa. Mas não com o Zé Povinho do Bordalo Pinheiro que nem eu nem o meu avô sabíamos quem era. Este Zé Povinho tinha sido mandado de penitência para a Lua com um molho de silvas às costas por Deus, que o tinha apanhado de roçadoira em punho a roçar silvas ao Domingo. E se o meu avô o dizia, é porque era verdade. Pareceu-me bem: Era bem mais divertido vestir a fatiota domingueira e dar uma passeata pelos arredores aos ninhos e aos tortulhos na Quelha do Valezinho do que passar o dia a trabalhar em Dia Santo de Guarda. Além do mais era pecado. Um senão: Apesar dos esforços eu não conseguia ver o Zé Povinho na Lua. - Porque não tens olhado com atenção – disse o meu avô. – Ou então, se calhar, porque não seja a melhor altura dele aparecer. Foi então que num final de tarde de Verão, num habitual “antes das sopas” à porta do meu avô, uma silhueta cambaleante se destacou na ladeira, perto do sítio onde começava a vereda para a Fonte das Tortas. No fim de um dia de labuta num bocado de terra ao lado do Chão da Fonte, o António do Cabeço regressava a casa. Ultrapassou o bueiro que logo a seguir ali atravessava a estrada, vergado sob vários molhos de vides, com um ofegante e sumido “boa tarde” continuou ladeira acima. A conversa esmoreceu, retomou a vitalidade no serão “depois das sopas”… E continuava, já um manto de prata cobria a região, sem que alguém mostrasse alguma vontade de se recolher da brisa refrescante que corria. Foi então que eu vi claramente o Zé Povinho na Lua com um molho de silvas às costas... tal e qual como o António do Cabeço um pouco antes. E ainda lá anda, consta, setenta anos depois. Aniceto Carvalho Do que eles gostavam Pois é. Eu também conheço uma terrinha com cerca de trinta casas entre as quais meia dúzia delas eram burguesas. Os burgueses velhos morreram todos pelos meados do Século XX, e os descendentes deles zarparam para outras paragens, ou não estiveram para se chatear com aquilo... Como consequência disso e do exemplo, da antiga população da terriola ficaram lá dois ou três a usufruir dos bons ares da montanha. Passou outra geração, o lugar está a beira de ser uma terra fantasma. Confiram: As grades da minha Escola Mas não é por isto que alguns “patriotas” têm lutado nem que seja a estoirar subterraneamente com o poder económico do país? Estamos quase lá: Todos pobrezinhos... Com um problema acrescido: Em vias dos pobrezinhos não terem a quem pedir esmola... Não gostaram?... Acredito Aniceto Carvalho O “Bacalhau sueco” A Hermínia era a prova do que fazem os cuidados que uma rapariga, (um rapaz), uma mulher, (um homem), deve ter na sua apresentação; e provava também, e prova hoje, que não era, nem é em absoluto o meio nem o grau de riqueza ou de pobreza que fazia, ou faz, a diferença. Não. É o desleixo e a falta de brio. E isso chega muito bem para arrasar a vida de uma pessoa. O meio era o mesmo, as posses semelhantes; a minha madrinha era o “Açúcar em ponto” lá da zona; as outras tinham epítetos razoáveis que não melindravam ninguém, a pobre da Hermínia era o “Bacalhau sueco”. Eu também tive esse problema: Era no tempo dos galãs de Hollywood, dos Clark Cable, dos Montegomery Clift, Kirk Douglas, etc., etc., etc… 3 Olhares de Couchel Quando cheguei à idade de me olhar ao espelho descobri que não tinha qualquer hipótese. Fiz o que se deve fazer: Dei a volta. Como a Aeronáutica Militar Portuguesa tinha na altura a farda mais bonita de todas as forças armadas do mundo, que não se confundia com bombeiros, nem com polícias, nem com marujos… e o cabo mecânico tinha um uniforme igualzinho ao do general... fui para a aviação. Nem fazem ideia da quantidade de gente que eu enganei... Houve até uma que se enfeitiçou com a minha farda para sempre. Aniceto Carvalho O padre e a torneira Couchel – Vila Nova de Poiares – pelos finais da Segunda Guerra. Contou a Senhora Marquinhas num serão em casa do meu avô. O padre lá da aldeia, rapaz novo e bem apessoado, malandreco quanto baste, queria dar a volta à filha do cidadão local. A rapariga foi dizer ao pai. O pai da jovem organizou um almoço. Em vez de uma garrafa de vinho para todos, mandou pôr na mesa uma garrafinha para cada conviva. Já o almoço ia adiantado o pai da moça perguntou ao padre: - Então senhor prior, que tal a pinga? - Bom... – respondeu o pároco... – mas parece ter um gostinho. O pai da rapariga esclareceu: - Pois olhe, senhor padre, que esse precioso néctar é exactamente do mesmo pipo onde o senhor queria meter a torneira. Aniceto Carvalho O Arado e a Aiveca (clic no link) Guardemos na nossa memória tantos homens comuns deste país que, com o seu esforço e suor, tanto contribuíram para o construir e engrandecer. Aniceto Carvalho Pulhas – Antiga tradição (clic no link) (Um artigo da Junta de Freguesia de Pampilhosa da Serra) A mala de viagem da Ti Maria A Ti Maria do Alpendre, mãe do Alberto “Mascarenhas”, o meu maior amigo da altura, estava a recolher as ovelhas ao fim da tarde. (“Mascarenhas”, achava a minha tia Alcina, era sinónimo de artolas). Entendendo ser ainda cedo para recolher, um dos borregos decidiu moer o juízo à proprietária antes de entrar a porta do curral. A Tia Maria do Alpendre, uma mulher pequena e franzina, pouco mais que pele e osso, perdeu as estribeiras: Enfiou os dedos na lã do lombo do cordeiro, transportou-o como se fosse uma mala para dentro do curral. Eu vi, é certo… Não liguei. Tenho a certeza absoluta de não ter sido eu a dar com a língua nos dentes. Mas alguém foi. No Carnaval que se seguiu não houve monte, outeiro ou cume em redor onde o irreflectido gesto da pobre da Maria do Alpendre de transformar um borrego em mala de viagem não fosse esventrado com toda sonoridade por quilómetros e quilómetros para quem queria ouvir. 4 Olhares de Couchel Este episódio terá sido uma das últimas sessões de “pulhas” na minha terra… logo depois, próximo do final da Segunda Guerra, a antiga tradição foi simplesmente proibida e deixou de se ouvir nos outeiros da região. Em 2014, ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Rádio -Televisão portuguesa promove espectáculos com o sacrifício de animais para diversão. Por muito rafeiras que as “pulhas” fossem eram infinitamente menos poluentes socialmente do que a maioria dos programas de televisão e o reles ambiente de algazarra política da actualidade. Uma das últimas sessões de “pulhas” na minha terra, de que eu me lembre, senão a última, tinha a participação de um "ovelheiro" chamado Luís, pastor transumante da Serra da Estrela, um gajo enorme e bexigoso, que usava um barrete preto com borla, um cajado do tamanho de um poste, que guardava as ovelhas num redil num pomar amanhado pelo meu pai. Lembro-me: Uma dessas últimas sessões de “pulhas” acabou num arraial de porrada tão grande lá para a Chã que até os riachos fumegavam. Aniceto Carvalho Sopa com torresmos A minha avó paterna fazia uma sopa com couve esfarrapada, feijão vermelho, farinha de milho, não sei com que temperos nem com que mais. Muito boa, lembro-me bem, juro. Hortaliça do quintal. A minha avó tinha quase 65 anos, já não via bem, mas não usava óculos… e por isso, apareciam de vez em quando umas coisitas a boiar no prato que pareciam mesmo os bichinhos como o que a imagem de cima mostra. O meu avô dizia que eram torresmos. Fosse como fosse, foi com sopas dessas, ou mais ou menos, que eu aguentei firme os tempos da Segunda Guerra Mundial, que me criei e fiquei peitudo… E já lá vão mais de 70 anos. Aniceto Carvalho Estás a perceber, ó artolas? Conversava com uma doutora, contou que se tinha divorciado há cinco anos, com a mesma convicção de quem não acredita numa palavra do que está a dizer, adiantou-me que quando as coisas começam a correr mal é o melhor que se deve fazer… continuou que tinha um miúdo com nove anos, prosseguiu, explicou depois que "o rapaz estava a ficar parvo". Ou seja: O miúdo ficou sem a imagem do pai aos quatro anos... aos nove talvez esteja a ficar parvo por isso, é bem possível que aos vinte esteja numa cura de droga ou na cadeia. Tudo bem. Esta é a teoria televisiva, e por isso a de todo mundo pouco atento que encaixa tudo o que diz essa gente, porque, simplesmente pensar dá muito trabalho, e o que mais interessa realmente é a lei do menor esforço. Graças a Deus que tenho quase 80 anos ۩ Dois meses antes de ingressar na Força Aérea, eu andava lá por Vila Nova de Gaia, numa terra chamada Palmeira, na Estrada Nacional, à saída de 5 Olhares de Couchel Santo Ovídio, no início da subida para os Carvalhos. O casal de comerciantes onde eu era empregado, (boa gente), eram de Foz de Arouce, próximo da minha terra. Tinham uma miúda gorduchinha de 15 anos. Eu tinha dezassete. Um dia ficámos os dois sozinhos em casa. Encostado à ombreira do portão, virado para os Carvalhos, eu estava, por certo, às voltas com aviões, ela tagarelava ao meu lado, eu respondia de circunstância. Às tantas ela saltou na maior das canduras: - Se um dia eu fizesse alguma das minhas, os meus pais não tinham lata de me dizer nada... o meu pai também engravidou a minha mãe, que era filha do patrão, e depois teve de casar com ela. (Estás a perceber ou queres que te explique, ó artolas?). A “voar” pelas alturas, a conversa da miúda passou-me ao lado... mas, como se pode ver, o exemplo vem sempre de cima. Aniceto Carvalho As cuecas pretas da Arminda Naquele tempo, por volta da metade dos anos 40, bem antes e depois, todo o bocado onde fosse possível plantar uma couve ou semear uma batata era aproveitado na minha terra. A zona sempre foi bastante limitada de recursos agrícolas. Cá em baixo, no vale, nas margens da Ribeira de Vila Chã, nem tanto, as culturas eram de regadio sofrível, mas lá em cima, no planalto de Couchel, cá para mim uma ancestral fortaleza natural de atalaia às avoengas da Estrada da Beira, salvo dois ou três casos de poços profundos com minas, boa parte das leiras não tinham um pingo de água no Verão. Uma dessas leiras era do meu avô: Um rectângulo de torrões ressequidos em ligeira inclinação do Cabeço para a quelha da Avessada, que dava grão de bico e tremoços para azotar a terra em poisio, e cereal de segunda qualidade, centeio, cevada e aveia na época mais fértil. Melhor ou pior, era a altura da ceifa. As ceifeiras eram a minha tia Dora, minha madrinha, uma rapariga de 23 anos, um torrão de açúcar na época, e a Arminda, uma mocetona peituda com a mesma idade, que transpirava hormonas, e umas pernas que pareciam duas colunas jónicas. Eu andava por ali. Se as duas moças me davam corda, o que era normal, não era de esperar que eu fosse rezar na Capela da Eira dos Santinhos. Tinha os meus oito ou nove anos, não era cego, o meu avô dava uma ajudinha a completar o ramalhete. A Dora olhou para o lado, fez sinal à Arminda, a Arminda olhou para baixo, apanhou-me esparramado de costas no chão com os olhos cravados lá no alto mesmo no meio das pernas dela. Não fui tão rápido como pensava, fui atropelado por um combóio de mercadorias, só parei de rebolar nas Paúlas, cerca de um quilómetro depois, a dois passos da Ponte Velha. Sacudi as parganas, fiquei pronto para outra. Mas um enigma perdurou no tempo: Até hoje nunca cheguei a descobrir se o que eu vi eram as cuecas pretas da Arminda. Aniceto Carvalho Tolerância e Indiferença Quando se diz que "os namorados nem sequer podiam andar de mão dada na rua nos anos 50 do Século XX", e que na mesma época "as pessoas não se podiam encontrar a conversar uns com os outros”, alguém me pode obrigar a ser moderado na linguagem para um qualquer borra botas que me insulta a fazer de mim parvo e estúpido? Por onde andariam estes aleijadinhos mentais nessa altura quando eu, em 1957, com 22 anos, montava a minha Vespa GS à porta da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, no centro da vila ribeirinha de então, e ia com a minha namorada, depois minha mulher, a passear nas 6 Olhares de Couchel margens do Mar da Palha? Pelo que se diz, andavam aos míscaros em Monsanto, outras vezes atrás das borboletas no Jardim Botânico. (Pelo menos é o que consta…) A tolerância do indiferente é que leva o pateta a pensar que todos os outros são atrasados mentais como ele. Aniceto Carvalho A tasca do ti Hipólito O ti Hipólito era ferrador em Val de Vaz. Herdara a arte do pai. Entretanto, numa terra com pouco gado auxiliar da agricultura, pelos meados do Século XX o trabalho na profissão começou a escassear. Na casa dos seus cinquenta e tal anos de idade, portanto ainda bastante novo na altura, o Ti Hipólito montou uma venda na casa de habitação, quase em frente do tronco, do outro lado da estrada da Beira. Seguindo à risca a filosofia do pitrolino da região, que este aprendera do galego em Lisboa, de “nunca dizer ao freguês que não tinha”, o Ti Hipólito tinha tudo, do carrinho de linhas, ao livro de mortalhas, ao motor do Boeing 747 que só voaria dali a bem mais de dez anos. O Ti Hipólito podia não ter o artigo… Acontecia. Porém, de Val de Vaz a Hong Kong toda a gente sabia que o teria no dia seguinte. O João do Chão da Vinha tinha cerca de dez anos de Lisboa. Era um gajo inquieto, cheio de truques, estava na terra a passar uns tempos. - Olha que eu sou de Alfama… Ouviste? – repetia ele a quem o aturava. De “Alfama”, como qualquer provinciano parolo enxertado em “alfacinha”, na terra a fazer flores, decidiu sacanear o juízo o Ti Hipólito: - Ouvi dizer que o Ti Hipólito tem tudo… - Vão-se arranjando umas coisitas… - E tem podela? O João do Chão da Vinha tinha acabado a Quarta Classe na Escola Primária de Val de Vaz, o Ti Hipólito conhecia-o muito bem. - Hoje eu não tenho… mas amanhã cá estará. - Óptimo… - disse o João. - Amanhã cá estou. O Ti Hipólito perguntou por todo o lado, telefonou, mandou espiões, vasculhou todo o concelho de Vila Nova de Poiares e arredores… Ninguém sabia o que era podela. Desesperado, com medo que a venda perdesse a fama tão arduamente conquistada, o Ti Hipólito foi para casa. Claramente debilitado do esforço físico e mental, bebeu uns copos, comeu uma brutal feijoada. Foi quando altas horas lhe deu uma tremenda caganeira. Chovia torrencialmente, o Ti Hipólito não arriscou ir ao quintal. Guardou a “encomenda” no forno ainda bem quente da fornada anterior. De manhã deitaria aquilo fora. De manhã, no entanto, um embrulho quente, rijo e seco em papel de jornal fez-lhe saltar uma ideia deslumbrante: Moeu tudo, fez pacotinhos, correu a abrir a venda. Pouco depois do almoço lá estava o João do Chão da Vinha com três amigos da mesma laia para gozar o pratinho com o antigo ferrador. - Conseguiu a minha encomenda, Ti Hipólito? - Está aqui, João… Podes provar à vontade. - OK… dê cá. - Meteu uma colherada na boca: - Mas isto é merda, Ti Hipólito!!! - Não é merda, não, João… é podela Aniceto Carvalho Aprumo acima de tudo Finais do Verão de 1938, talvez 1939, altura das colheitas… Um amplo espaço a toda largura da cabeceira da propriedade separava a habitação das terras de cultivo. De um extremo ao outro eram a adega, o eirado, as arrecadações, as casas das alfaias, as capoeiras, o jardim; a dois 7 Olhares de Couchel passos da porta da casa ficava o poço do engenho, (fundíssimo mas com um muro em volta), o lavadouro mesmo ao lado, num alpendre, num recanto deste abundavam as barricas de calda bordalesa, as celhas, produtos e ferramentas de lavoura. Era a cabeceira da Quinta. Na azáfama do trabalho deixaram-me por ali. Três, quatro anos de idade, não mais. Quando regressaram alguns minutos depois encontraram-me em pé, no meio de uma celha, firme e hirto, com água pelo pescoço. Deus andava por ali perto!!! Aniceto Carvalho Contou-me a Senhora Delfina Não sei se pelo casamento do meu tio Zé, boda em casa do meu avô. Talvez nos meus três, quatro anos. Dois automóveis tinham vindo da vila (Vila Nova de Poiares) para levar os convidados á cerimónia na Igreja Matriz e voltar a trazê-los a Couchel. Os carros eram da transportadora Armando Ferreira & Irmão, proprietária da carreira Poiares-Coimbra-Poiares, de Vila Nova de Poiares. Tudo primos e gente conhecida. O Armando Ferreira, o mais velho dos dois irmãos, tinha dois filhos, dois rapazes pouco mais que adolescentes, com o sangue a ferver na ponta dos dedos para se agarrarem ao volante… Sabe-se lá com que choradeiras do filho e condescendência do pai, um deles guiava o carro onde eu ia. Tudo corria bem… Passageiros a bordo, ao dar a volta para o regresso a Poiares, o jovem condutor deixou o carro sair do alcatrão, uma das rodas afundou na valeta do pomar da Natividade ao lado da estrada. Vergado ao peso da responsabilidade e ao receio das consequências pelo incidente o rapaz estava desfeito, desnorteado, nem queria pensar que o pai viesse a saber que ele tinha perdido o controlo do automóvel. Num instante todos estavam na estrada. Importante: Não havia estragos, o carro voltou ao alcatrão. Com a garantia que o Armando Ferreira jamais saberia o que ali sucedera, o moço pegou no volante, feliz, retomou a viagem. Quem conduzia o carro no regresso era o próprio Armando Ferreira. Chegou ao cruzamento da Tapada de Val de Vaz, entrou uns metros na calçada para Couchel, fez marcha atrás, alinhou de novo na Estrada da Beira em sentido contrário, encostou para deixar sair os passageiros. Eu estava na parte de trás do carro. Na azáfama e na euforia da cerimónia quem é que ia ligar importância àqueles dez reis de gente comprimidos no assento de trás? Ninguém. Só que, talvez porque tudo aquilo me fosse estranho, sem que alguém tenha dado por isso, não me tinha escapado uma pitada do desassossego anterior, nem da aflição porque tinha passado o jovem condutor. Saltei no banco, atirei alto e bom som: - Agora deixem o carro cair outra vez na barroca!!! Houve um tumulto dentro do carro, o Armando Ferreira saltou como uma mola atrás do volante… Virou-se para trás. “Que é que ele disse?” A algazarra a disfarçar estoirou num tumulto. Eu acabava de ficar amarfanhado no fundo do carro com tudo quanto eram sapatos, saias, xailes e cestos por cima para ficar sossegado. Aniceto Carvalho Liberdade e crescimento Tem-se um fogareiro de assar sardinhas, faz-se-lhe passar por cima das brasas incandescentes uma corrente de ar… para simplificar, canaliza-se o gás que sai do outro lado para fazer funcionar um motor de combustão interna. É o “gás de ar”, o genericamente conhecido “gasogénio”, quase na totalidade utilizado como combustível durante a Segunda Guerra Mundial a 8 Olhares de Couchel substituir a gasolina nos veículos automóveis. (Se em vez de “ar atmosférico” se fizer passar sobre o carvão “vapor de água” obtém-se “gás de água”… e o resultado do poder calorífico é substancialmente superior. Elementar!… não é?) Finais do conflito, por certo. O carvão vegetal artesanal ainda estava no seu máximo de procura, eu já manejava uma enxada. Nove ou dez anos de idade… 1944 ou 1945. E talvez porque o meu pai tenha pensado que fazer carvão era um bom negócio foi falar com um carvoeiro a Val de Aires, uma povoação a dois passos da Estrada da Beira, pouco depois e logo a seguir à Ponte Velha. Seria por isso, penso eu. O meu pai não precisava de comprar carvão, tinha lenha com fartura, não tenho ideia alguma de o ver carregar no regresso qualquer saco ou fosse o que fosse. Fui com o meu pai. Nada de especial. Mas cá para mim, até hoje, o meu pai foi a Val de Aires tirar uma “nova oportunidade” de carvoeiro. Contudo: Se alguma vez o meu pai pensou em fazer carvão, rápido o terá esquecido... O carvoeiro de Val de Aires parecia um tição, o meu pai nem deve ter pensado mais no assunto. A mim, contudo, tudo aquilo me deve ter parecido engraçado e sugestivo. Não demorou muito tempo. Meia dúzia de dias depois não restava um palmo do olival entre a casa onde nós vivíamos e a do Natividade que não fumegasse de fornos de carvão. À minha medida, evidentemente… mas nem por isso menos perfeitos do que os que tinha visto em Val de Aires. E funcionavam: A minha mãe chegou a realizar uns tostões com aquilo. Só havia uma explicação, acho eu: Além do que tinha visto, nem uma palavra do homem para o meu pai me tinha passado ao lado. Fiz, fiz e fiz, fartei-me de fazer. Nem uma palavra de admoestação, de ralho, de censura… Nem do meu pai, nem de ninguém. Quando me cansei, acabou. Do que aqui vai escrito só uma palavrinha: A isto chamava-se liberdade!!! Aniceto Carvalho A Casa das Fontainhas Embora talvez por dias, tenho ainda uma vaga ideia de ter visto a Casa das Fontainhas habitada por herdeiros da propriedade. Com memória bem viva, no entanto, estive algumas vezes lá dentro, garantidamente ainda antes dos dez anos, desafiado pelo Silvino, mais novo do que eu talvez uns dois anos, na altura aí com uns sete ou oito anos de idade, filho do caseiro da altura, o António de Val do Forno. Na Casa das Fontainhas tinham soado os nomes do Padre Francisco Ferreira de Carvalho, Doutor em Cânones e Lente na Universidade de Coimbra, de Alberto Ferreira Pinto Basto de Carvalho, de Caetano Ferreira de Carvalho… gente proeminente na região. (Que eu saiba, só muito longinquamente algum destes Ferreira de Carvalho terá alguma coisa a ver com a minha família). A lei dos anos, no entanto, é implacável… e, embora com um passado de algum esplendor na segunda metade do século anterior, no princípio dos anos 40 do Século XX a Casa das Fontainhas estava em avançada degradação, em condições de precária habitabilidade. Restava-lhe o soalho esburacado, indícios de floreados no estuque do tecto, um piano quase aos bocados que, contudo, lembro-me, ainda se fazia ouvir pelas dependências do casarão. Por certo a viver de pergaminhos, mas sem dinheiro para as obras, com ligações familiares à Casa da Abraveia, o remanescente da família das Fontainhas deixou Couchel para trás. É então que pelo final da Guerra aparece em Couchel um tal doutor Tomás 9 Olhares de Couchel que tem ligações por casamento à Casa da Abraveia que vem pôr a Casa das Fontainhas a brilhar. Obras grandes numa povoação pequena dão nas vistas… E fica então a saber-se que o doutor Tomás é irmão do doutor Sanches da Gama, médico em Vila Nova de Poiares, e que, graças ao conflito mundial, se já era rico, ficou a deitar dinheiro pelas costuras. O doutor Tomás trazia um reluzente automóvel azul-escuro, ou preto, que nunca mais acabava. BUICK EIGHT… estava lá escrito. E aqui entro eu: Tudo naquele automóvel era demasiado grande para não me extasiar. Com a ladeira molhada veio o dia em que nem todo o esplendor do luxuoso Buick o salvou de alapar no último troço da subida, a mais íngreme, antes de chegar à casa do meu avô. Como sempre, quando a moderna tecnologia emperra, nada é melhor e mais eficiente que o recurso aos processos ancestrais. O meu avô tinha a solução: E assim, um fascinante último modelo de Buick chegou a Couchel rebocado por uma junta de bois. Eu estava lá… “tirei o retracto” ao carro, do pormenor ao conjunto. Tinha de fazer uma coisa daquelas. E fiz. Tempos depois estava de partida da terra. Guardei a obra e os “instrumentos de trabalho” numa caixa de sapatos, recomendei para quem quis ouvir lá de casa: - Não mexam nisto, sobretudo tenham muito cuidado em não estragar nada, que quando eu voltar quero apreciar o que fiz!!! Cinco anos mais tarde, regressei à terra. Cheguei, corri a casa do meu avô, saltei ao “relicário”. Nem sombras. A minha avó tinha dado tudo a uns primos meus da Venda Nova. Fiquei desolado, a milímetros do desespero. As prioridades eram outras… Atirei para trás das costas… como se pode ver, no entanto, nunca mais me esqueceu. Aniceto Carvalho Olhares de Couchel Os Meus Livros Do you speak english Aviadores em Terra Eu fiz a minha parte: Escrevi dois livros, inclusive pela ortografia anterior… se porventura alguém já os leu, os vai ler, ou não, já não é comigo. Ligações Gerais Aviação Portuguesa Olhares de Couchel Galerias Musicais Meu Facebook As mulheres que me acordavam Crise Passámos nós (Tem de clicar em todos os slides) Aniceto Carvalho Mosteiro dos Jerónimos Um dos mais belos edifícios do mundo, em estilo único, “Manuelino”, genuinamente português. Aniceto Carvalho Antero de Quental Apesar de alguma experiência antiga neste género literário não é das coisas que eu mais aprecie. (Acho que ainda tenho de rever melhor isso). Mas quando é bom, meus amigos, não há nada a fazer: Gosta-se e pronto. Este é dos meus tempos de Selecta Literária, ao que se dizia na altura o 10 Olhares de Couchel Curso52-2015 Mulheres amadas Quatro Estações Links Culturais Serra da Estrela Convento de Mafra Dom Quixote Grandes Cientistas melhor poema do Antero de Quental, ele próprio um dos maiores poetas da língua portuguesa de todos os tempos. Claro que hoje ninguém sabe quem foi Antero de Quental... Mas pergunto: E o que interessa isso? Na Mão de Deus Na mão de Deus, na sua mão direita, Descansou afinal meu coração. Do palácio encantado da Ilusão Desci a passo e passo a escada estreita. Como as flores mortais, com que se enfeita A ignorância infantil, despojo vão, Depois do Ideal e da Paixão A forma transitória e imperfeita. Como criança, em lôbrega jornada, Que a mãe leva ao colo agasalhada E atravessa, sorrindo vagamente, Selvas, mares, areias do deserto... Dorme o teu sono, coração liberto, Dorme na mão de Deus eternamente! Nós, os portugueses... Consta ser histórico… vou procurar melhor. Frase do relatório do Cristóvão Colombo à rainha Isabel de Espanha sobre a descoberta da América: “Só encontrei bichos que nem falar sabem”. No ‘achamento do Brasil’, Pedro Álvares Cabral mandou fardar com rigor a equipagem, recebeu os chefes nativos com pompa e circunstância. Feitios!!! De certo que os “amigos” suecos e outros “amigos dos africanos da altura” teriam fechado a Cahora Bassa, (uma das maiores barragens do mundo construída por Portugal em plena Guerra do Ultramar), sem se importarem minimamente com milhares de seres humanos ao Deus dará numa albufeira com 250 quilómetros de comprimento, (de Lisboa ao Algarve), e 40 de largo. Com os portugueses, foi muito diferente. Nada na região da albufeira de Cahora Bassa passou ao lado das autoridades portuguesas que não fosse acautelado em todas as vertentes. Eu estava lá. Muito do meu suor, do meu trabalho, sacrifício e saber ficou por lá na construção de aldeamentos, na prospecção de poços artesianos, no abastecimento, na construção de postos médicos, no transporte aéreo de técnicos, auxiliares, trabalhadores agrícolas, de alimentos, de medicamentos, de médicos, enfermeiros... No intragável programa do “senhor” Joaquim Furtado sobre a Guerra do Ultramar, o insaciável panilas moçambicano da altura, de seu nome Guilherme de Melo que, para que nunca lhe faltasse carne fresca, como claramente toda a gente sabe, até um programa tinha para militares na Rádio Clube de Moçambique, chama “campos de concentração” a esses aldeamentos. Seria caso para perguntar â imbecil criatura: E agora, como estarão a viver essas populações? Quando alguma máquina não funciona normalmente bem, qualquer coisa está avariada. Era o caso. E, quem não que ser lobo não lhe veste a pele. Aniceto Carvalho Penitência de ingenuidade Mais um a querer redimir-se de ter sido ingénuo… O Bocage foi na hora da morte 11 Olhares de Couchel Já Bocage não sou!... À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento... Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura: Conheço agora já quão vã figura Em prosa e verso fez meu louco intento; Musa!... Tivera algum merecimento Se um raio da razão seguisse pura! Eu me arrependo; a língua quase fria Brade em alto pregão à mocidade, Que atrás do som fantástico corria: Outro Aretino fui... A santidade Manchei!... Oh! Se me creste, gente impia, Rasga meus versos, crê na eternidade! Como eu digo há muito, repito e mantenho: Tudo o que tem sido feito em Portugal com os genes do 25 de Abril, tal e qual como o calhau no Parque Eduardo VII, traz sempre a cara do pai escarrapachada. Senão vejam o link: Eu só gostava de saber qual dos meus amigos que eu considero honestos e verticais seria capaz de meter em casa algum destes indivíduos que se acolherem em Portugal após o que fizeram antes e depois das independências das terras deles. O que fizeram aos da sua própria gente que como portugueses que eram tinham lutado por Portugal, aos portugueses em geral e a esta grandiosa nação a quem eles tudo deviam. Aniceto Carvalho Coretos de Portugal Recomendamos este extraordinário documento do panorama cultural português quando apreciado com olhos de quem sabe ver o que é bom. Aniceto Carvalho O País do Céu Azul Nem sempre por confessáveis interesses políticos, um país pode nascer no meio do deserto, de uma floresta, ou até mesmo num lugar onde não haja ninguém, sem que as gentes locais sejam nisso perdidas ou achadas… uma nação pode ter milhares de anos de percurso sem nunca ter tido a necessidade de se transformar num país. Portugal não é hoje apenas o país mais antigo do mundo... é um país que nasceu de uma nação que vem do tempo para lá do Neolítico. Os jovens portugueses deviam saber isto Aniceto Carvalho Vida selvagem em Lisboa "A cidade escolhida foi Lisboa! Um filme lindo, uma surpresa para nós Portugueses e uma enorme promoção para o nosso País. Óptimo para ver com os mais pequenos." O velho embaixador: Não, não… Nós não somos os descendentes dos portugueses que deram novos mundos ao mundo; nós descendemos dos que cá ficaram… Os descendentes daqueles portugueses que deram novos mundos ao mundo estão em retiro sabático há 40 anos a ver no que isto dá. Aniceto Carvalho 12 Olhares de Couchel Canário e Amigos Se não tivéssemos por aí tanto esterco a estragar com inglesadas e coisas ainda piores, até no meio artístico também tínhamos do melhor. Mas disto temos, Graças a Deus... Não comparem isto com concertos de coliseu, de CCD’s, casinos, similares ou afins. Aniceto Carvalho Aqui tão perto “Da maneira como conheço Portugal não consigo perceber o português que vai passar férias numa terra com uma praia de calhaus”. (Nuno Lobito) Relíquias da Memória Aniceto Carvalho O Arado e a Aiveca (clic no link) Guardemos na nossa memória os homens comuns deste país que, com o seu grande esforço e suor, tanto fizeram para o construir e engrandecer. Aniceto Carvalho Audas, Ditalco e Minuro Conhecem-nos? Já ouviram falar? Assassinos do Viriato a soldo dos romanos. Escrevam-lhes o nome no Google. Se pesquizarem bem, eles andam por aí... Ou os descendentes… Já agora guardem mais esta: A guerra viriatina é uma previsão divinal do que, com as suas virtudes e defeitos, pode fazer o povo português, sob uma direção prestigiosa, enérgica, esclarecida, honesta e patriótica. Parece-me, no entanto, não sei se li em qualquer lado, que a estes três “brilhantes” lusitanos não lhes saiu tão bem o reconhecimento dos romanos como mais tarde a outros que nós sabemos. Exército a sério não gosta de gente desta. Aniceto Carvalho Isto também é Portugal E história da boa… alicerces à mostra e tudo. Geografia, sabe-se lá que mais… Hoje está tudo à mão… Basta sobrepor à inércia e à preguiça alguma curiosidade e gosto. José Hermano Saraiva O ultimo dos professores comunicadores ainda do resto do “obscurantismo”, de quando o português podia aprender alguma coisa a ver televisão. Bocados cá da terra Lamentavelmente, uma reportagem a meia dúzia de andróides aos saltos em cima de um palco tem muito melhor acolhimento do que a minibiografia de um homem destes na Internet... Pai de António José Saraiva Aniceto Carvalho António Lopes Ribeiro Sabem quem foi? Vejam A melhor resposta que até hoje ouvi, foi dele, na que viria a ser a sua última entrevista. A uma pergunta sobre a censura aos seus filmes e obras em geral no tempo do Estado Novo: Uma sonora e estrondosa gargalhada… 13 Olhares de Couchel Retomou a conversa, não tocou mais no tema. (Foi transmitida há pouco na RTP-Memória) Não é saudosismo, é constatação Pelo menos um programa cultural destes por dia do início da televisão portuguesa até aos dias radiosos de Abril e ao aparecimento dos inconfessáveis interesses que lhes sobrevieram. Dr. Raul Machado Charlas Linguísticas – Programa altamente educativo sobre o uso da Língua Portuguesa. Dr. Manuel Baptista O fantástico mundo de um laboratório de física pela televisão. Só para quem teve grande privilégio de poder assistir aos seus programas!!! Leonard Barnstein Famoso maestro, compositor, etc., etc. americano. Inesquecíveis os seus extraordinários “Concertos para Jovens” transmitidos todos os Sábados pela nossa televisão pública de então. José Atalaia - Divulgação Musical António Pedro - Iniciação ao teatro Engenheiro Sousa Veloso TV - RURAL. Um dos melhores programas de televisão até hoje transmitidos, talvez o de maior impacto até hoje na população portuguesa. João Vilarett Programa de poesia. Para quem não tenha vivido estes tempos não acredita que a nossa RTP transmitia programas destes nos anos 60. Pedro Homem de Melo De folclore sabia ele. Embora hoje pareça pouco importante fazer do português um povo sem pátria, o folclore são as nossas raízes, e além disso é sempre engraçado saber que o “Vira do Minho” é diferente do “Vira da Beira Litoral” E outros mais: Etc., etc., etc., etc.... Aniceto Carvalho Como os tempos mudam Perante um pouco de orgulho de um colega meu, comigo a fazer um curso de helicópteros na Bell, Dallas, Texas, em 1970, a propósito da grandeza da obra de Cabora Bassa, o nosso instrutor, um texano genuíno, num espanhol que ninguém entendia, como americano não aguentou: “pues, con lo nuestro diñero!” O Gonçalves saltou como uma mola: "Não senhor Mr. Reep! o dinheirinho é todo nosso, nós não precisamos do dinheiro de ninguém". Hoje, 45 anos depois, o meu chefe de Mecânicos nos Serviços de Aviação do Gabinete do Plano do Zambeze, em Tete, responderia assim: "OK, Mr. Reep... Tudo bem, condescendemos. Nós não temos dinheiro… mas temos o Fado, património cultural imaterial da humanidade”. Em tempos que já lá vão Meados do Século XX – anos 50. Um espanhol a querer moer o juízo ao português a respeito do tamanho dos dois países: “Se em Portugal se levantar uma lebre onde é que vocês a vão apanhar?” “NA ÍNDIA” - respondeu o português de pronto. (António José Saraiva... lembram-se dele?) 14 Olhares de Couchel O nuestro hermano teve sorte: O portuga não se lembrou que na altura a peseta valia 40 centavos, menos de metade do escudo Aniceto carvalho Ada de Castro Na hora na despedida Esta era uma das miúdas da minha idade que me acordava nos meus vinte anos. Só não gosta do passado quem tem problemas com ele. Nota importante: Se acaso lhes fizer confusão a menina da Mocidade Portuguesa na apresentação deste vídeo não fiquem melindrados: O Humberto Delgado também foi “Adjunto Militar do Comando Geral da Legião Portuguesa e Comissário Nacional Adjunto da Mocidade Portuguesa”. Podem confirmar… não é panfleto. Aniceto Carvalho Afonso Lopes Vieira Do tempo em que havia portugueses com orgulho na sua Pátria!!! Longe de uma nova geração que não sabe o que é Pátria porque a Escola preparada em especial por este regime após 25 de Abril, esvaziou-a da memória da História!!! Aniceto Carvalho Facto insólito… ou talvez não. Acabei de ver e ouvir uma fantástica reposição de canções da Alexandra de depois dos anos 70… Uma hora… Imaginem!!!... Adorei até ao fim. Cliquem no link para saber porquê... Zé brasileiro Português de Braga (Onde estão as Alexandras de hoje?... as Resendes, as Fátima Bravo, as Florenças, etc., etc… os Mascarenhas, os Chico Zé, os Tony de Matos, os Piçarras, etc., etc., etc. Enfim… Fiquem-se com esta maravilha: Eles Foram Tão Longe No principio dos anos 80, com 47 anos, eu tentava recuperar do assalto de alguns anos antes. Tinha mais que fazer do que ouvir cantigas. “Eles foram mais longe” no entanto, era incomensuravelmente mais que uma simples cantiguinha para me ter passado ao lado na altura. Passou, todavia… E sabe-se lá por alma de quem terá também passado despercebida a quase todo o país? Aniceto Carvalho Eles foram tão longe Eles foram tão longe, eles foram tão longe… e ficámos tão perto de sermos alguém… Aniceto Carvalho Luís Piçarra Também já tivemos disto: Luís Piçarra, anunciado nas capitais do mundo como Lou Piçsrra, senão o maior, pelo menos uma das mais consagradas vozes mundiais dos meados do Século XX. Felizmente que hoje temos a nossa televisão pública a transmitir as biografias do Patton, do "Stonewall" Jackson, valioso, de facto, mas lá de muito longe que nada dizem ao português em geral… porque por cá, além das luminárias das “Memórias da Revolução”, mesmo com a Epopeia de 14 anos de Guerra do Ultramar, há mais de 40 anos que historicamente não temos mais nada. 15 Olhares de Couchel Aniceto Carvalho Artistas na Guerra Saltou a talhe de foice na entrevista... não tem o mesmo valor como se fosse intencional. Mesmo assim, gostei de ver e ouvir: A Manuela Maria, viúva do Armando Cortês, a contar episódios das suas passagens como artista dos espectáculos de variedades para os militares portugueses durante a Guerra do Ultramar. Mas estranhei. Porque, pelo que me tem parecido, os artistas portugueses não apreciam que se saiba que actuaram para os militares portugueses na Guerra do Ultramar. Aniceto Carvalho O eterno rasto da canalha 01-02-1908, Praça do Comércio, Lisboa… Dramático episódio da História de Portugal, com o abominável regicídio do Rei D. Carlos e do Príncipe Real D. Luís Filipe. Só na inveja não temos rival O tema derivava de uma pergunta no “Quem quer ser milionário” sobre o verdadeiro nome de um pugilista americano que, de repente, se tornara num ídolo mundial em toda a imprensa ocidental por ter derrotado um congénere filipino. - Sabes que este agora famoso artista dos punhos nem peso-pesado é? – perguntou o meu filho. - Não... Essa “nobre arte” de esmurrar o próximo não é um dos meus interesses. - Pois... É um peso-médio qualquer. Mas como os américas têm andado a enfardar dos russos em grande, aproveitaram a oportunidade para dizer ao crédulo mundo que continuam ser os maiores a dar porrada em toda a gente. - Honra lhes seja feita – respondi. – Por essas e outras a razão da sua grandeza. - E continuei: - Nós, pelo contrário, que vivemos o período mais brilhante e próspero da História de Portugal nos 2º. e 3º. quartel do Século XX, (Oliveira Marques), segundo algumas luminosas mentes cá da burgo em “História Contemporânea” que só eles julgam conhecer, não se aproveitou nenhum português de superior classe e valor nesses 50 anos. “Só em inveja não temos rival no mundo” - disse bem claro com todas as letras na RTP-Memória o Filipe La Féria para o Júlio Isidro. Haja Deus!!! A borra está a vir ao de cima. Aniceto Carvalho O Pequeno Principe Não deixe de ler… Se, ou quando puder O autor… na Wikipedia Antoine de Saint-Exupéry Escritor, ilustrador e piloto Saint-Exupéry nasceu em Lyon em 29 de Junho de 1900, desapareceu no Mediterrâneo a 31 de Julho de 1944 quando pilotava um avião P-38 Lightning. Aniceto Carvalho. Para que se saiba... Dos dois principais jornais humorísticos bissemanários portugueses de crítica política e social do Século XX, os lembrados “SEMPRE FIXE”, e “OS RIDÍCULOS”, que eu lia com a mesma assiduidade da sua publicação, nenhum deles foi fechado pelo Estado Novo... e a “REPÚBLICA”, jornal de oposição ao regime, só acabou com o 25 de Abril. 16 Olhares de Couchel Querem que eu explique melhor? Aniceto Carvalho Gente rasca nas alturas Sabiam que existe gentalha tão rasca que até dos seus mais baixos podres se vangloria? Sabem daquele bem conhecido político, desertor, exilado, traidor, deputado, candidato a Presidente da República, etc. e tal, que se gabava num livro que escreveu? de não lhe ter escapado nenhuma das “criaditas lá de casa”? Eu li e tenho o livro… não é conversa fiada. Não digo o nome… Nem é preciso: Porque numa democracia de gente honesta uma criatura destas simplesmente devia ter sido escorraçada. Aniceto Carvalho No mundo dos escravos Eu acho que todos os indivíduos que ganham muito dinheiro, pelo saber, trabalho e inteligência, empresários, desportistas, gestores, actores internacionais, etc., para além dos monstruosos impostos que pagam deviam de entregar todo o restante ao governo, para que, por sua vez, os políticos, os similares e afins, etc. o distribuírem irmãmente aos desempregados profissionais, aos sem abrigo e derivados... para depois, no final, todos ficarem iguais e pobrezinhos. Só que depois não havia a quem pedir esmola. Não é o que alguém por aí apregoa? Dois ou três figurões a pôr e a dispor e o resto escravos? Aniceto Carvalho Sem opinião… até ver. Porque conheço uma data de gente amiga que domina com alguma mestria a língua portuguesa, e não concorda com o “Novo Acordo Ortográfico”, em particular o meu filho que, sendo licenciado em direito tem forçosamente de entender de português, e porque me parece que os escritores de Língua Portuguesa teriam na matéria uma palavra a dizer, tenho-me mantido mais ou menos à espera de ver em que param as modas. Por razões óbvias que se conhecem, não perco de ouvir um único escritor que vai à televisão. Nada sobre o “Novo Acordo Ortográfico”... Até agora… que eu saiba. Como aprendiz de escriba penso que entendo os motivos dos nossos escritores: Para essas minudencias estão lá os revisores de texto. Fui ver quem era o tal João Pereira Coutinho por aqui neste meio tão badalado por não concordar com o “Novo Acordo Ortográfico”. Não vi nada… fiquei desconfiado. E uma coisa que me chateia é ficar desconfiado... Aniceto Carvalho Achadiços, similares e afins Não fazia mesmo nada, dava banho à minhoca à volta da Base Aérea 6 de manhã à noite, sem que se soubesse porquê comia e bebia, a base militar do Mar da Palha era para ele um hotel; perante o quadro, acabado de chegar da primeira comissão em Angola, eu precisava de me cultivar. Não foi difícil. De convívio fácil, com quem o queria compreender, a conversa com o velho Silva foi corrente e linear: Andava nos 60 anos, dizia ter sido treinador de futebol nos Açores, pelo à vontade como se movimentava na unidade da Força Aérea Portuguesa não parecia ser-lhe estranho o cheiro da gasolina de avião misturado com o da maresia do meio do Atlântico. Tinha lábia, sabia onde pisava, não lhe custou muito meter na cabeça de um oficial de trinta e poucos anos pouco esclarecido, talvez ingénuo ou bem intencionado, que ainda era capaz de fazer dele um guarda-redes de futebol. A minha vida não era aquela, a Base Aérea 6 era muito grande, só lá pas- 17 Olhares de Couchel sava mais tempo quando ficava de serviço, devo ter estado de férias ou ido a algum curso, a coisa caiu por si mesmo. Não me lembro de o ter voltado a ver Não interessa. Histórias de achadiços, no fundo gente reles sem préstimo que leva a vida à custa da credibilidade do próximo nunca são coisa que valha a pena contar. Conheci alguns na juventude, na minha terra e em Queluz, depois onde nem sequer eram supostos… Mas estavam lá… Mais tarde, depois dos meus 40 anos, a partir do início do último quartel do Século XX, passaram a brotar por aí como míscaros no Outono. Aniceto Carvalho Desmistificação Oriundo de uma família burguesa dos arredores da cidade invicta, estudante de liceu em Vila Real, depois na Universidade de Coimbra, com 21 anos, em 1963, como bom velho lutador antifascista que nunca soube, não quis nem quer trabalhar e que acha que defender a Pátria era para o plebeu pacóvio, pirou-se para o estrangeiro. Diz-se que se terá licenciado em sociologia, uma licenciatura da qual basta adejar um papel com carimbo do Bornéu para não se precisar de mostrar que se sabe fazer alguma coisa… apesar da obstinada filiação ao PCP e as numerosas caixas de graxa gastas sem nada conseguir do Álvaro Cunhal, em 1974 era um fervoroso socialista. Foi deputado, ministro, deputado de novo, director disto e daquilo, com meios, etc. da televisão pública fez um documentário de TV a ensinar-me como era o Portugal de antes e depois do 25 de Abril… a mim, que ando cá há 80 anos a trabalhar para e pelo meu país, que dei o melhor por ele em dez anos de combatente no Ultramar. Uma das amostras dos últimos 41 anos… aos milhentos… desgraçadamente!!! Aniceto Carvalho Belezas voadoras de antanho Quem sabe se não terá sido esta uma das miúdas que veio trazer os Spitfires a Portugal em 1942... Ou a responsável por alguma das fotografia coloridas delas que eu via nas revistas de propaganda aliada que apareciam em casa na altura. No limite do entendimento Por mais que eu tente não consigo passar ao lado ou ser alheio a este monte de esterco pútrido. Acabei de ver no Prós e Contras que um tal Vasconcelos, “cineasta cá do burgo”, etc. e tal, afinal também percebe de aviões, Transporte de Linha Aérea, TAP, economia, gestão, similares e afins. Não sabe é fazer cinema… deixemos isso. Louvado seja o Santíssimo!!! Um pouco de língua portuguesa O termo "ACHADIÇO" é de uma zona da Bairrada, usava-se na minha terra, não assim muito longe dali, no princípio dos anos 40. É um indivíduo rafeiro, reles, sem qualquer préstimo, que não faz, não sabe nem quer fazer nada, que passa a vida a viver à custa dos outros. É recomendável que se volte a utilizar de novo essa eloquente expressão da língua portuguesa: De há umas décadas a esta parte a fauna é abundante. O Costa do Castelo Filme Português de 1943 Viram algum filme português melhor, feito neste Portugal depois do 25 de Abril de 1974? 18 Olhares de Couchel Só estou a perguntar… mais nada. Aniceto Carvalho Se tiverem sorte Uma das coisas que me causa um sentimento de gozo delicioso aos meus 80 anos, são os olhares de comiseração duvidosa de alguns jovens, por vezes até dos nem tão jovens assim... Eles também serão velhos um dia... se tiverem sorte. Aniceto Carvalho As mulheres que nós amamos Sexto diapositivo - Honoré Balzak: “Quem sabe governar uma mulher sabe governar um estado”. Realmente e de facto: É que boa parte dos nossos governantes, políticos, politiqueiros, similares ou afins cá do burgo, são divorciados ou separados. Está explicado. Ou, como diria Sherlock Holmes: Elementar, meu caro Watson! Aniceto Carvalho O velho problema A “menina de cinco olhos” era uma forma terrível de repressão… quando o aluno era indisciplinado e burro; o comandante é um fascista… quando o militar é um incompetente e insubordinado que mesmo a fazer número já está demais; o patrão é um sacana… quando o empregado é um relapso reles sem habilidade para coisa nenhuma. Experiência própria… não é conversa. Aniceto Carvalho Vamos fazer Workshops Como se sabe, quase todos nós nascemos no século do mais elevado desenvolvimento em todos os campos, científico, técnico, etc., o século da maior capacidade de comunicação entre os povos de todos os tempos. Eu próprio, dos meus 80 anos atuais palmilhei 65 deles no Século XX. Tive uma profissão cujo grande incremento era em países estrangeiros... e por isso, não só tive de lidar diariamente em cerca de 30 anos com a língua francesa e inglesa, como tive fazer alguns cursos além fronteiras nos respectivos idiomas. Com alguns textos sobre aviação, diversos sobre outros temas, até livros publicados, nunca precisei de utilizar as cavalidades em língua inglesa que hoje infestam o português dos meios de comunicação a propósito de tudo e de nada. Um anúncio de um “Workshop de Escrita Criativa” pousou no meu Facebook. Ocorreu-me: Sem fazer ideia do que seja um “Workshop de Escrita Criativa”, pergunto: Da maneira como as coisas estão a nível de Língua Portuguesa estarão os promotores deste evento tão preparados como eu quando acabei a 4ª. Classe há 70 anos? Já agora, e pelo amor de Deus: “À SÉRIA” é uma calinada no português do tamanho do mundo. Aniceto Carvalho Porquê… para quê? Leiam, vejam a resposta… E PENSEM. Vale a pela ler o que realmente interessa. Comparada com estes 41 anos de ensaboadela diária, a propaganda do Estado Novo nem panelinhas vendia na Feira Popular Aniceto Carvalho niceto Carvalho 19 Olhares de Couchel Reflexão em época de promessas Se eu não entregava uma loja de vão de escada a nenhum dos políticos que conheço pessoalmente, (e conheço alguns), vou votar em qual dos candidatos, (seja para o que for), se eu não conheço nenhum nem de longe nem de perto? Aniceto Carvalho O Vinho da Madeira e a Licença de Isqueiro dos abrilistas E o que se segue na ligação é só uma amostra na compra de um simples carro… já não falemos de roubo de reformas a velhos e indefesos aposentados, nem dos impostos sobre tudo o que explorado cidadão tem de usar e consumir. Vejam o link a seguir Eu tinha vergonha Se ao fim de 41 anos de pregão diário à banha da cobra nas televisões, os resultados de “crescimento” de uma empresa minha fossem estes, há muito tempo que eu me tinha deixado morrer pendurado pelos pés no meio de um deserto distante. Aniceto Carvalho O meu mundo e a triste existência dos desgraçadinhos dos anos 50: Eles não podiam andar de mão dada na rua com as namoradas, (Como o têm pregado o senhor Soares, Vasco Lourenço, similares e afins)... eu passeava de Vespa com a minha futura mulher através das bucólicas veredas das margens do Mar da Palha. Coitadinho de quem é aleijadinho!!! Aniceto Carvalho O imprestável absentista Era da minha incorporação, Novembro de 1952, do curso a seguir ao meu. Como muitos outros da altura que hoje não só seriam candidatos ao mundo da ribalta, mas sim verdadeiros astros do desporto, ou da arte, etc., nunca lhe ocorreu trocar a modesta mas interessante carreira profissional na Força Aérea Portuguesa para correr atrás do efémero... Fantástico jogador do Sporting Clube de Lourel, para além das equipas da Força Aérea Portuguesa dessa época pelas quais naturalmente tinha de jogar, penso nunca ter dado um pontapé numa bola por qualquer outro clube de futebol. Para além dos poucos meses de 1953 em que os nossos cursos se cruzaram na Escola Militar de Aeronáutica, em Sintra, nunca estivemos em serviço na mesma unidade, pouco nos encontrámos em mais de vinte anos… todavia, vá lá saber-se porquê, tínhamos mais pontos em comum do que muita gente que vive largos anos lado a lado. Acho que partilhávamos a mesma filosofia: “Antipatia e cara feia não resolvem problemas”. A meio da segunda metade da década de 50 do Século XX Luís Carlos Catalão tinha 23 anos, estava na idade de pensar em constituir família. Namorava. Como todos na altura com a moça com quem pensava casar, com quem casou. Bem atestado do jantar a celebrar um jogo que tinha corrido bem, o Catalão foi passar um bocado com a namorada. O costume: Abraça aqui, apalpa acolá… às tantas, NADA!!! O Catalão não acredita. Tenta tudo… NADA!!! Quanto mais insiste, mais as coisas pioram... 20 Olhares de Couchel O Catalão perde as estribeiras: Saca da navalha, vai decapitar o imprestável absentista… A miúda salta como uma mola. FOI SÓ UM PEQUENO GOLPE!!! Ela era enfermeira. GRAÇAS A DEUS!!! Aniceto Carvalho Palmadas na língua Escreve o Luís Fernando Veríssimo: “De vez em quando a língua portuguesa também precisa de palmadas para saber quem manda”. É um facto. É assim que ela tem sido educada. (E o Camilo sabia disso muito bem). Mas sem exageros… porque, “vai-as recordar”, assim à bruta, não se faz, nem é bonito. É melhor com tacto: “Vai recordá-las”. Aniceto Carvalho Anos dourados A legenda do diapositivo 15, apesar de não referida à imagem, (içar da Bandeira Americana no monte Suribachi, Iwo Jima, 23 Fevereiro 1945), é simplesmente colossal. Uma das mais extraordinárias frases que até hoje retirei de um PPS na Internet: Eu pertenço a uma geração que viu Mitchum, Waynne e Cooper transformarem em romantismo os horrores de uma guerra. Tempos Estranhos… Para conhecimento das gerações mais novas. A Ponte Salazar ou Ponte 25 de Abril ou Ponte sobre o Tejo, como lhe queiram chamar - é completamente indiferente (???) - do que se pode ver em anexo um pouco da história e alguns aspectos técnicos, é contudo caracterizada por algo estranho e incomum actualmente em Portugal. Foi construída dentro do prazo e do orçamento. Ou melhor: Não custou três vezes o valor do previsto e não demorou o dobro do tempo; com a sua construção ninguém enriqueceu nem subitamente foram constituídos depósitos nas Bahamas. O ministro das obras públicas da altura, quando saiu do governo não foi para presidente do conselho de administração da empresa da ponte. Tempos estranhos, de facto Aniceto Carvalho E sempre bom saber Uma pergunta minha e… Resposta do Comandante Hugo Cabral «Sempre ouvi dizer que as três listas no alcache dos marinheiros eram uma homenagem às três vitórias de Nelson (Copenhaga, Nilo e Trafalgar), no entanto, outras fontes referem que isto não é verdade, que foi apenas uma convenção. Em relação à antiguidade da Marinha Portuguesa, confirmo. A nossa Marinha é a mais antiga do mundo porque é a primeira instituição militar subordinada a um poder nacional. No nosso caso foi o rei D. Diniz que em 1317 instituiu o conceito de uma marinha militar de cariz permanente subordinada ao Rei. Por este motivo forma à direita das suas congéneres». Aniceto Carvalho 21 Olhares de Couchel Albert Schweitzer Para quem gosta de saber. (Clicar para ver) A cultura é o arado e a aiveca da vida... (Acho eu) Tal como o nosso Miguel Torga, Albert Schweitzer não era entusiasta de jornalistas ou afins... Sobre as obras de Jean Paul Sartre, seu primo, comunista, que nada fazia além de filosofar, Albertt Schweitzer diria mais tarde: "todas as opiniões são respeitáveis se forem sinceras, e por causa disso Deus o perdoará certamente". Um dia, sem se dar conta estava a ser entrevistado por um. O médico perguntou-lhe: - Qual é a sua profissão? - Jornalista – disse o outro de penacho eriçado. - Coitado, ainda tão novo!!! - atirou o médico. Anos mais tarde, após a independência do país, já com todas as estruturas coloniais desbastadas, um outro jornalista, julgo que francês, visitou em reportagem o Lambaréné, local do antigo hospital de Albert Schweitzer, no Gabão. Um boçal local que mandava lá no sitio levava o tempo todo a chamar ao antigo médico benfeitor tudo de pior que lhe ocorria do antigo colonialismo... O jornalista perguntou-lhe: - E onde é agora o hospital mais próximo? - A 80 quilómetros – respondeu a eminência tosca lá do burgo com pompa e circunstância. Aniceto Carvalho Apenas um suponhamos… O sacrificado combatente português da Guerra do Ultramar acusou e escreveu que o ilustre democrata de esquerda era um traidor à Pátria. O ilustre democrata ficou muito ofendido, meteu o combatente em tribunal por injúria… O combatente, no entanto, foi absorvido. Ora, se o combatente foi absorvido, então, branco é galinha o põe, o combatente tinha razão. Portanto por conseguinte e consequência o ilustre democrata foi mesmo traidor à Pátria. A não ser que a lógica seja uma batata… Logo, (não fossem algumas razões que à razão se escapam), mutatis, mutandis, mutandis, mutatis, nem que fosse no Juízo Final o ilustre democrata devia ser julgado por traição à Pátria. Aniceto Carvalho As Escarpas de Cahora Bassa (Para quem o conheceu ou conhece). Voar com o Prazeres era interessante... era sempre uma aventura mesmo que não houvesse aventura nenhuma. Um simples e corriqueiro voo em ferry, de Tripacer, de Tete para o planalto do Songo era um festival. Terminada na Beira a montagem dos cinco helicópteros recebidos dos Estados Unidos, três horas de voo depois, eu tinha acabado de chegar a Tete com o último Bell 47. Corri aos sanitários, quando regressei tinha estacionado um JetRanger a trabalhar à porta do hangar pronto para descolar, o Prazeres à minha espera. - Vamos à Chicoa... o Aniceto vem comigo - disse ele. Fim de tarde… a noite a cair no horizonte. 22 Olhares de Couchel Eu nunca tinha estado na Chicoa, vagamente tinha ouvido dizer que era mais de uma hora de voo. Pensei: “Onde é que este maduro irá a esta hora?” O Prazeres tinha feito uns voos na Bell Helicópter, tinha mostrado ao Teixeira e ao Lança como aquilo funcionava conforme os helicópteros iam ficando prontos, voara da Beira para Tete, após uma meia dúzia de horas de voo mal medidas era o maior em JetRanger. Voar ao encontro de condições meteorológicas estranhas, a mais de uma hora de voo, à noite, com um piloto e um mecânico sem experiência operacional no aparelho, que mais era preciso para um arrepio? Logo se veria. À passagem do Songo, apesar das réstias de claridade na distância, era noite; a seguir, passadas as instalações da ZAMCO, as primeiras gotas de água a bater nos vidros... pelo fogo de artifício um pouco mais à frente adivinhava-se festa grossa. E lá estava o arraial: Ventos cruzados, ascendentes, descendentes, chuva, relâmpagos por todo o lado a rasgar a borrasca, a iluminar as fragas. Nada de pânico... No entanto: Noite escura, tempestuosa, um helicóptero leve, limitado em instrumentos e a condições atmosféricas adversas... e por baixo, montes, vales, escarpas, a garganta da futura barragem, lá no fundo o Zambeze em turbilhão. Com servocomandos, claro. Sem esse precioso auxiliar dos comandos de voo, foi por uma unha negra que, por muito menos, não fiquei no Mar da Palha uns doze anos antes num dos primeiros Alouette II. A voar com o Prazeres fiquei vacinado: Percebi logo de imediato na altura que dificilmente algum helicóptero ou avião cairia nas suas mãos. Era tranquilizador. E era verdade… confirmei-o mais tarde. Mas ainda não tinha acabado. Chegámos à Chicoa… Com a “iluminação” de umas luzes amarelas e fraquinhas a tremular, aterrámos no meio do aquartelamento militar ali estacionado. O Prazeres conhecia bem aquilo. Preparei o helicóptero, fui encontrar-me com ele. - Partimos o fio do telefone dos militares, acertámos-lhe com os patins justamente em cima - disse ele. Não liguei nenhuma. Estava na Lua… Nem tampouco me passou pela cabeça que se tivéssemos aterrado dois metros mais à frente era garantido termos ficado por ali às voltas com o fio do telefone enrolado ao rotor de cauda para acabar num monte de sucata. É assim... Alguns malham logo à primeira. Veja ligação As Estrelas da Arménia A Arménia é um pequeno país entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, no extremo Leste da Turquia, com a fronteira a Norte com a Geórgia, a Sudeste com Azerbaijão. Lá muito longe, como se vê. Assim por alto, dada a localização distante, nada demais julgar-se por cá os arménios uma espécie de bárbaros, o que nós éramos para os romanos da antiguidade. 23 Olhares de Couchel Ainda devem ser. Nós é que ainda não chegámos ao estado de barbárie deles… Pelo menos, além da mama na teta da “cultura” cá do sítio, não temos cá nada disto nem parecido. Um brilhante exemplo Numa das nossas estações de televisão, na exibição de uma telenovela a seguir ao almoço: 02:30 da tarde. Um pai encontra um filho enrolado em sexo com outro gajo na cama, na sua própria casa. Desesperado, fica fora de si… O panilas responde: “Deixa de ser preconceituoso, estamos no século XXI”. Sem comentários Aniceto Carvalho Só eu sei porque escrevo isto Não fui exigente na escolha... Com aquela objectividade provinciana quanto baste, riquezas, cursos, etc., coisas então na moda, nunca foram a minha preocupação. Um dia gostei do que vi. Achei que estava bem assim, ela concordou… acertámos as agulhas, deixámos passar uns anos, casámos e pronto. Pelo que vi depois estava certíssimo. Também nunca fui controlador nem possessivo. Em 54 anos, do baile da Pinhata em 1956 na Tertúlia do Montijo, ao dia de São Pedro em 2010, foi o que se pode arranjar... e muito pouco ou nada ficou para lamentar. Como já não há disto, se fosse hoje, as probabilidades de ficar solteiro para sempre eram mais de 90%. Aniceto Carvalho “O Malhadinhas” Disseram-mo em Luanda, creio que na segunda metade de 1963, talvez na primeira de 1964: “‘O Malhadinhas’ é uma das mais brilhantes obras de literatura da língua portuguesa”. Regressei a Portugal em Novembro deste último ano… Para não passar pela chatice do desembarque em Lisboa, saltei do Vera Cruz à entrada da barra, nadei até à Base Aérea 6, corri à biblioteca da unidade, adormeci sereno nessa noite com “O Malhadinhas” à cabeceira. Embora os meus elementares conhecimentos na matéria, concordei em absoluto… e mantenho: “O Malhadinhas” é, de facto, um espectáculo. O autor está no Panteão Nacional... Mas, assim por alto, quantos portugueses em cada mil saberão que o Aquilino Ribeiro era escritor ou terão lido “O Malhadinhas”? Aniceto Carvalho Presunção e água benta Se grande parte dos indivíduos deste país valesse o que julga valer, que ninguém no mundo inteiro tivesse pena deste canteiro à beira mar plantado. 24 Olhares de Couchel Querem nomes? Basta olhar para o lado… Amok, o doido da Malásia Lembram-se do AMOK? Lembram-se de se dizer nos anos 50 que um tipo “estava com o AMOK” quando lhe saltavam os carretos para a parolice esquizofrénica? Mais tarde, no decorrer da Guerra do Ultramar “estar com o AMOK” era o mesmo que “estar cacimbado”. (Não cheguei a ler... Não sei portanto o que é que o “Amok, o doido da Malásia”, um livro célebre, do Stefan Zweig, popular na Base Aérea 6 na época, tinha a ver com esquizofrenias). Passaram-se longos anos. Não me lembro bem. Mas tenho uma ideia. Vi há bocado, repetido de Domingo, um jovem de vinte anos com espasmos, o que me pareceu “estar com o AMOK”, um ataque epiléptico ou coisa assim. Era concorrente de uma selecção de artistas... (Mais um dos milhares de jovens iludidos deste país). Um pretenso “júri” sem qualquer ponta de credibilidade ameaçava transportar o jovem a vencedor. Confesso o meu fraco saber: Afinal o rapaz estava a dançar IPOP, qualquer coisa dessas, sei lá o quê… Eu é que não sabia. É o que temos e a televisão nos dá para cultura e regalo da nossa juventude, os nossos homens de amanhã. Aniceto Carvalho O pobre argumento da imbecilidade (Se querem fazer de mim estúpido não me peçam para ser moderado na linguagem) As pessoas que eu conheci Beira, Moçambique, segunda metade de 1973. Ele era um camionista por conta própria, a mulher uma dona de casa comum. Conheci-os à minha porta, a vender ovos ao domicílio. Com o meu filho no princípio da adolescência a crescer a cada dia, comigo em plena forma dos 38 anos, o consumo de ovos lá em casa era em quantidades industriais. Negócio feito, casal simpático, ficámos a conversar. Moravam num pequeno bairro de casas geminadas ao lado da estrada para a Manga, creio que do Ferroviário, a seguir ao cruzamento para o aeroporto; combinámos que passaríamos por lá se precisássemos de alguma coisa deles, ou que, com essa intensão ou não, sempre os visitaríamos quando passássemos por lá a passear. E assim nasceu a amizade entre as nossas duas famílias. Tinham comprado recentemente um camião VOLVO, que estavam a pagar, um bem cuidado quintal em redor da casa era uma excelente reserva ao equilíbrio familiar. A certa altura, refastelados a conversar na frente da casa dele, disseme que, embora parecesse praticamente novo, o camião estava a dois passos de totalmente pago. Estranhei, automaticamente olhei para os pneus. 25 Olhares de Couchel - São os de origem, são – disse ele. Eu perguntei para mim mesmo: “Como se chamará isto? Muito trabalho, evidentemente, como facilmente se pode imaginar”. “Colonialistas e exploradores do povo moçambicano”, no entanto, cerca de um ano depois, antes de ficarem sem nada, com o camião carregado com o melhor do que tanto lhes tinha custado a granjear, estavam na África do Sul, o paraíso do camionista tarimbado… ainda por cima com um camião de alto nível como agradecimento. Desencontros, faltas de comunicação pelas circunstâncias do momento, nunca mais soubemos nada deles… mas numa coisa eu acredito: Pelo que eu soube depois, se nada de anormal lhes aconteceu, a independência de Moçambique foi para eles a sorte grande. Após seis meses, com novos moradores na casa do antigo “colonialista”, do esmerado quintal o capim chegava às janelas do primeiro andar… nem um pé de mamoeiro havia, árvore que praticamente cresce sozinha. Enfim… Há males que vêm por bem… Ou, como se dizia num texto do meu livro de leitura da minha 4ª. Classe: Guardado está o bocado para quem o há-de comer. Nunca percebi porque os Nord Atlas iam periodicamente a Sá da Bandeira buscar frescos - frutas, hortaliças, etc., para a Força Aérea em Luanda, unidades e pessoal. Sei lá porquê, mas talvez porque os produtos do planalto da Huíla me fizessem azia, nunca usufruí dessa regalia. Em Luanda havia de tudo, fosse qual fosse a zona onde se morasse. Não havia dificuldades em encontrar produtos agrícolas, nem os preços justificavam um simples passo a mais para os procurar em qualquer outro lado. Para além da riqueza agrícola de Angola, dizia-se que só as hortas de Luanda, (que eu percorri vezes sem conta a passear), chegavam e sobravam para abastecer a cidade capital do território sem qualquer problema. Por tudo o que eu vi, devia ser verdade: Apesar da minha aversão em calcorrear estabelecimentos comerciais, sei lá porquê, visitar mercados em Angola e Moçambique era o que eu sempre fazia com o melhor agrado. Contaram-me no outro dia que devido à baixa do preço do petróleo tudo está a tremelicar em Angola. Não sei, é o que se diz… Mas acredito sem a menor reserva nas sábias palavras do Professor Salazar quando lhe comunicaram com pompa e circunstância a descoberta de petróleo em Angola: Mais uma desgraça para aquele pobre povo! Aniceto Carvalho Pergunta embirrenta ۩۩۩ Depois da algazarra nos meios de comunicação social cá do burgo pelos 50 anos da morte de Humberto Delgado, e do que dele se tem dito desde o 25 de Abril de 1974, de 999 pessoas em cada mil, quantas terão lido uma palavra de um documento histórico e fidedigno sobre o candidato a presidente da república de 1958? Aniceto Carvalho 26 Olhares de Couchel O verdadeiro artista ۩۩۩ (Clic sempre nos links a vermelho) Artista verdadeiro é aquele de quem o povo gosta, não aquele cuja intelectualidade parida das novas oportunidades, (a troco sabe-se lá de quê), apregoa loas e bate palmas na televisão. Aniceto Carvalho Lucidez de diplomata ۩۩۩ Um jovem diplomata português, em conversa com um colega mais idoso e mais experiente: - Francamente, senhor embaixador, tenho de confessar que não percebo o que correu mal na nossa história… - Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de homens que criaram o Brasil; que "deram novos mundos ao mundo"; que viajaram pela África e pela Índia; que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos; que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração… como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental? O embaixador sorriu e disse: - Meu caro, você está enganado. Nós não descendemos dessa gente que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição. - Não descendemos? - reagiu de imadiato, perplexo, o jovem diplomata Então de quem descendemos nós? Responde o lúcido embaixador: - Nós descendemos dos que cá ficaram... “A Ferreirinha” ۩۩۩ Não sei se o autor da obra se baseou nalguma fonte para ligar “A Ferreirinha” ao Camilo Castelo Branco. Bem conseguido, de qualquer modo. Eis um dos episódios: Logo após o suicídio do Camilo Castelo Branco, o filho de “A Ferreirinha”, um rafeiro sem algum préstimo que dispensava ao escritor um ódio figadal, celebrava com outros da mesma laia o infortúnio do já então famoso homem de letras. Um amigo admirador do Camilo não lhe perdoou: “De nada lhe vale a celebração. O Camilo não morreu, está vivo e estará por séculos… de você, um bêbado imprestável sem um pingo nem réstia de qualquer valor é que nunca mais ninguém se lembrará depois do dia seguinte ao da sua morte”. Exactamente… Os homens são todos iguais... só que alguns ficam na história, dos outros nunca mais ninguém ouve falar depois da morte. ۩۩۩ Liberté!... Egalité!... Fraternité!... Para que conste e seja lembrado. Foi o que então se viu: Na época da descolonização, 1975/76, em pleno desenvolvimento da aviação comercial de linha aérea e da TAP, nem a um único dos funcionários das companhias aéreas dos territórios ultramarinos foi permitido o ingresso na transportadora aérea nacional. Adivinhem porquê... e por quem. Pelos mesmos que ainda hoje continuam a gritar: Liberdade!... Igualdade!... Fraternidade!... Aniceto Carvalho ۩۩۩ De um Portugal analfabeto No tempo em que Portugal era um país atrasado e analfabeto, havia umas carrinhas da Gulbenkian a correr todo o país, quase de porta em porta, que 27 Olhares de Couchel punham os livros à frente dos olhos dos eventuais leitores... Hoje qualquer terriola tem uma funcional e luxuosa biblioteca com montes de funcionários... Só que os livros estão lá dentro… e, como se sabe, hoje toda a gente tem mais que fazer que ler livros na biblioteca. ۩۩۩ Só o azeite vem ao de cima… Que se tenha vergonha do que se fez mal feito na vida, está certo... nunca, no entanto, do que nos devemos orgulhar. Com poucas dúvidas terei sido eu o primeiro a chamar “Anos de Ouro” aos iniciais 20 anos da Força Aérea Portuguesa. Está escrito no meu site há muito tempo - (CED). Entretanto, o que há pouco mais de meia dúzia de dias parecia impensável, ouve-se agora por aí: “Os Anos de Ouro do Cinema Português”… e, ainda mais recentemente a esta parte… “Os Anos de Ouro da Música Portuguesa”. COMO SE PODE VER: (Clicar no link) Duo Ouro Negro – Vou levar-te comigo Só o azeite vem ao de cima… A borra fica sempre no fundo. CONFIRMEMNO. Aniceto Carvalho ۩۩۩ Amigos de Portugal Estes são os amigos de Portugal tão aplaudidos por certa gente que por aí vegeta, sucessora de outra do tempo da Guerra do Ultramar, que nunca deverá ser esquecida. Março de 1985 quando Portugal e Espanha negociavam em Bruxelas a adesão à CEE, e a Grécia se opunha tenazmente e, para adesão dos ibéricos, exigia da Europa cada vez mais fundos. E o veto dos gregos mantinha-se. Em finais de Março, as negociações continuavam difíceis: Na prática, os gregos exigiram como contrapartida para aceitar a entrada de Portugal e de Espanha na CEE “um auxílio adicional no quadro das verbas para os PIM: dois mil milhões de dólares, qualquer coisa como 1.750 milhões de euros, foi o preço do “sim” da Grécia. Aniceto Carvalho Inglês de jet set e afins Como se a língua portuguesa não fosse suficiente para fazer face ao inglês patego, "artístico", de televisão e Internet que anda por aí!!! (Saber-se-á, por acaso, e por exemplo, que a língua portuguesa é uma das que mais palavras tem, mais de 400.000 vocábulos?) No meu tempo, no exame oral de inglês do antigo 5º. Ano, o examinando sentava-se em frente da secretária do examinador e este dizia: - Abra o livro na página tal... leia o texto! Dava tempo ao tempo, e continuava: - Agora explique-me o que acabou de ler… Tudo em inglês, nem uma palavra de português. O francês vinha do 1º. Ano, (cinco anos), incluía gramática, era ainda mais complicado. Tudo isso hoje são minudências: Hoje uma criatura que não sabe quantos são 9x7 nem onde fica a serra do Caldeirão, graças ao nosso criativo e profícuo meio artístico, televisivo, de jet set e afins, fala inglês aqui na Net como um colorido papagaio de Cabinda. Aniceto Carvalho Rio Tejo – Portugal Um passeio virtual ao longo do rio Tejo que vale bem a pena dar uma boa 28 Olhares de Couchel vista de olhos. Aniceto Carvalho União Lusitana A minha opinião… por enquanto: Engraçado! Portugal é um país único. A maioria da sua população é etnicamente Lusitana ou descendente, no entanto, é precisamente uma minoria portuguesa, uns crioulos de língua neo-latina concentrados em Lisboa e no Porto, e pouco mais, quem dá o nome oficial ao país, daí o seu nome latino Portugal, e não o seu nome nativo e original, Lusitânia. Logo aqui, somos diferentes dos outros países. Portugal (Lusitânia) não é como a França, a Espanha ou Grã-Bretanha; nós não deixamos que nos governem, nem sabemos como nos governar. Este país pretensamente "latino" é como um rapazinho rebelde, travesso, teimoso e descalço que não há maneira de crescer e de ser responsável, porque, se cresce, fica disléxico. Quanto ao resto, até temos melhor comida, melhor clima, melhor água, melhor vida e até melhores pessoas que o resto do Continente. Escrever é fácil Basta uma maiúscula no princípio, um ponto final no fim, e deixar qualquer coisa dito pelo meio. Escassos foram os livros que eu li, e destes foram bastantes, que não tivessem por base, por vezes quase real, a experiência vivida dos autores: Ferreira de Castro, Alves Redol, Hemingway, Leon Uris, Erico Veríssimo, John Steinbeck, Júlio Dinis, Fernando Namora, Miguel Torga, etc., etc., etc.... Tal como suspender gotas de orvalho num recipiente de vácuo, também não me parece ser possível escrever um livro sem um ponto de apoio. Livros é um assunto que me interessa. Adoro estar sempre bem por dentro e atento… principalmente aos “escritores” apadrinhados pelas televisões. Normalmente não resisto: Que experiência de vida terá 99% desta gente, já não digo para escrever, mas para dizer alguma coisa útil ou de jeito? Aniceto Carvalho Museu Nacional dos Coches Uma jovem mamã claramente apreciadora destas coisas, foi com a filha, uma miúda de cinco anos, visitar uma destas instituições de arte nacional. De regresso a casa, como é corrente nestes casos, toda a gente insistia em saber da boca da própria miúda onde é que ela tinha ido com a mãe. A pequenita esclareceu: Fomos ver as carroças… Aniceto Carvalho Velhas curiosidades Eu sei que coisas destas não são, de facto, as mais apelativas... É lamentável. Mas são, sem qualquer dúvida, as que mais e melhor interesse deveriam merecer, principalmente de quem tanto fala e tão pouco tem de aproveitável para se ouvir. Winston Churchill Winston Leonard Spencer-Churchill, foi um político e estadista britânico, famoso principalmente como primeiro-ministro na Segunda Guerra Mundial. Primeiro-ministro britânico por duas vezes (1940 a 1945 e 1951 a 55), foi também oficial no Exército Britânico, (uma coisa de que os politiqueiros cá do burgo têm um horror desmedido, para não lhe chamar outra coisa), historiador, escritor e artista, vencedor do Prémio Nobel de Literatura e Cidadão Honorário dos Estados Unidos, tem-lhe sido atribuído ter considerado o Presidente do Concelho de Ministros Português da altura “um dos maiores 29 Olhares de Couchel estadistas de todos os tempos”. Em resposta aos seus compatriotas face ao drama do começo da Segunda Guerra Mundial: «E agora?... “Sangue, suor e lágrimas”. Um dos seus pensamentos: “A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias”. Marquês de Pombal Em resposta ao rei D. José, perante a assustadora e imensa tragédia do terramoto de 1755: "E agora?... Enterram-se os mortos, cuida-se dos vivos e fecham-se os portos". E no seguimento do "pacto de família" (1761), na despedida do embaixador espanhol, que o ameaçava com a invasão, com a frase lapidar: "Fique V. Exª. sabendo que um homem é tão poderoso na sua casa, que mesmo depois de morto são precisos quatro para o tirar de lá". Aniceto Carvalho Nascidos entre 1935 e 1960 Como muito boa gente mais atenta e conhecedora do mundo de há 60 anos sabe muito bem: As coisas não eram assim tão diferente por outras bandas como certa parolada cá do burgo teima em apregoar por aí há uma data de anos. Bastava ter lido dois ou três livritos da época: “As Vinhas da Ira”, por exemplo… Mas isso ia além do “catecismo”, demasiado para certa gente. Aniceto Carvalho Perseguidos do Fascismo Como toda a gente sabe, não é novidade nenhuma para ninguém que, não obstante a espectativa da grandiosa obra proibida no regime anterior, toda a criatividade portuguesa depois do 25 de Abril se resumiu à enxabida e já intragável piada política, ao talk show reles, à proliferação de espetáculos rascas, aos impossíveis “cauteleiros” da televisão, ao impensável incremento dos três EFES. Como se tem visto: Os “libertadores da Pátria”, coitados, afinal, não tinham nada para mostrar: Nem educação, nem literatura, nem cinema, nem música, nem teatro, nem coisa nenhuma. Não sou eu que o digo... São muitos os conhecidos autores e atores portugueses que o têm continuamente afirmado alto e bom som. É um facto... e no entanto: Não há encrenca, achadiço ou polidor de esquinas totalmente obscuro dos anos 50 e 60 do Século XX que não apregoe por aí aos quatro ventos ter sido perseguido pela censura do Estado Novo. Aniceto Carvalho Petulantes e soberbos Sr. Humberto Eco Diz então o Sr. Humberto Eco que… "As redes sociais vieram dar voz aos imbecis". É um facto. Uma verdade indesmentível. Dita por mim, contudo, um cidadão comum, seria uma frase vulgar como qualquer outra. Mas eu não sou o senhor Humberto Eco. O Sr. Humberto Eco é filósofo, não sei mais quantos “ósofos” e, como o Sr. Soares que já recebeu milhões de Honoris Causa, também acaba de receber esse mesmo título no dia dez de Junho. Portanto: O Sr. Humberto Eco que é filósofo, não sei quantos mais “ósofos”, 30 Olhares de Couchel Honoris Causa, etc. e tal, é um arrogante, petulante e soberbo que, tal como os seus congéneres da Antiga Grécia achavam que só eles deviam governar, também ele acha que o comum cidadão que trabalha no duro para ele encher a barriga e viver em beleza, não tem o direito de expressar a sua opinião. Onde é que o Sr. Humberto Eco terá aprendido que o vencedor do Prémio Nobel é mais honesto, verdadeiro e vertical que o provinciano de aldeia? Terá sido com o “lavrador dos Bravais”, o José Casco, da “Ilustre Casa de Ramires, do Eça de Queiroz, com os filósofos da antiga Grécia, ou com o deputado socialista que se gaba em livro que “comia todas as criaditas lá de casa”? Aniceto Carvalho Museu Machado de Castro Coimbra - Museu machado de Castro. E vejam quem foi: Joaquim Machado de Castro Dulce Pontes Lusitana Paixão Isto é português em toda o seu esplendor. Aniceto Carvalho O Pais do Céu Azul Nuno Lobito – uma amostra (1) Nuno Lobito – uma amostra (2) O Nuno Lobito é um fotógrafo português de superior classe que, dos 193 países do mundo apenas lhe falta visitar uns dois ou três. Tem um programa sobre fotografia, “Revelações”, com a Isabel Angelino, diariamente e várias vezes ao dia, na RTP-Memória. Fotografia é a base do programa… de resto, (com rigorosa excepção de politica que religiosamente não fala), Nuno Lobito fala de tudo: países visitados, culturas, uma beleza que vale a pena ver. “Ainda não encontrei nenhum país que me obrigasse a pensar duas vezes na comparação com Portugal”. A Isabel Angelino tentou brincar com a afirmação, ele replicou: “Da maneira como conheço Portugal não consigo perceber o português que vai de férias a uma terra que tem uma praia de calhaus”. E vejam isto também: Portugal pelo ar Aniceto Carvalho Lina de Moel Extraordinária estrela do musical português dos anos 20 e 30 do Século XX Letra de Silva Tavares, música de Alves Coelho, estrondoso sucesso de Lina de Moel. Aniceto Carvalho Fernando Bissaya Barreto Sabem quem foi? Leiam. (Clicar para ver) Vale sempre a pena aprender mais umas coisitas, principalmente, para recordar a “enormidade de espírito" que emergiu do Abril de 1974. Pulhice ou ignorância O tema: 75 anos do “Portugal dos Pequenitos” Intervenientes: O representante da instituição, (o qual não teve tempo de falar), o Herman, o Júlio Isidro e, sem que se vislumbre porquê, uma criatura que dá pelo nome de Pedro Tochas, de profissão animador de rua segundo ele próprio. 31 Olhares de Couchel Historicamente, e de facto, a iniciativa e a realização da obra são do professor Bissaya Barreto, um homem do tamanho do mundo em particular na região de Coimbra… E no entanto: A figura relevada ao limite no programa desta tarde na RTP foi o arquitecto da obra. Sobre o Professor Bissaya Barreto não foi pronunciada uma única palavra... Professor Bissaya Barreto Leiam… percebam porquê… Como centenas de outros, Bissaya Barreto foi um homem superior do tempo do Estado Novo… E por isso, para dar lugar à escumalha posterior, segundo os analfabetos da História Contemporânea que eles próprios inventaram, não interessa que portugueses de valor como ele tenham existido nesses 50 anos do Século passado. A miséria em todo a sua grandeza… Aniceto Carvalho Verdade e propaganda Como escreveu Santos Dumont à atribuição do seu primeiro voo de avião aos irmãos Wrigth: “O que eu vi, o que nós veremos!!!” Eu tinha de ler aquele livro. Particularmente papagueado, passava-se na terra onde eu vivia na altura, que eu conhecia como as mãos, o tema não me era de todo estranho. Uma lástima!!! Sem pés nem cabeça… No entanto… De algumas centenas, senão milhares de livros e publicações que eu tinha lido na vida, só para ver até que ponto a brilhante escritora levava aquele absurdo, “A Costa dos Murmúrios” foi sem dúvida o único livro que eu li com sacrifício até ao fim. Fiquei banzado quando uns anos mais tarde vim a saber que alguém ia fazer daquilo um filme. Um filme daquilo!!!??? Escrevi-o na altura: “A não ser que consigam fazer dali uma carrada de trampa ainda maior, é impossível que alguém consiga fazer um filme daquela porcaria”. Fatal como o destino!!! Vi-o recentemente… Todo, para não jurar falso. Muito pior do que eu podia imaginar. Aniceto Carvalho Honra e Glória nas alturas Repare-se no B-17: Tem um dos motores parado, toda a cauda e o estabilizador horizontal estão em baixo, o nariz em cima. Está em voo cabrado, uma atitude de voo próxima do despenhamento. Ao lado, um caça Messerschmitt ME-109 alemão. Aniceto Carvalho Nós e elas Na Força Aérea Portuguesa, na Base Aérea 6, no meu tempo, nem pensar. Trabalhávamos na 2ª. Linha, trazíamos fatos macacos imundos a tresandar a óleo e gasolina, nem as auxiliares da limpeza dos PV-2 e dos Beechcraft se atreviam a chegar perto do nosso cantinho dos Helldivers... Mulheres, ficávamos a imagina-las de cima das asas dos aviões, lá longe, na réstia do casario onde acabava o braço do Tejo. Depois das cinco era outro dia. Em Nacala, durante a Guerra do Ultramar, devia ser brilhante ver as mulheres a tomar banho macua ao ar livre debaixo de um alpendre de chapas de zinco ou de cascata na Praia dos Tesos. 32 Olhares de Couchel Na DETA os aviões eram outros... Andávamos asseadinhos, mas as mulheres estavam nas aerogares ás voltas com passageiros, com embarques e desembarques, tinham mais que fazer do que ir ver os aviões em manutenção. Em Tete era diferente. Elas desciam dos serviços administrativos, quando reparávamos tínhamo-las a correr o hangar de uma ponta a outra sem que pudéssemos fazer alguma coisa. Com quase 50º.C à sombra nós andávamos à vontade, em tronco nu, de calções largueirões, tudo a badalar... vestíamos qualquer coisa à pressa, por causa do barulho das peças a chocalhar umas nas outras, corríamos a acondicionar a ferramenta. Homens e mulheres no mesmo trabalho não dá. É preferível pensar nelas e fazer planos durante o dia do que despertar com um alojamento feminino lado a lado, constrangido de não poder fazer uma infinidade de parvoíces logo ao acordar… Aniceto Carvalho Não há nada melhor do que um susto antigo para nos manter atentos. Tenho oitenta anos, sei do que falo. Estou a rever o “Depois do Adeus”. Pasmo ainda hoje como a RTP produziu e exibiu esta fantástica série documental… entretanto, é com a mesma “devoção” que vou à missa que vejo diariamente na RTP-Memória as “Revelações”, do Nuno Lobito, apresentado pela Isabel Angelino. Tenho o vício de manter os neurónios activos… Nada mais… o que vier vem por acréscimo. Serei talvez dos poucos ainda vivos, quiçá o único aqui por estes meios de comunicação a ter ficado na então África Portuguesa depois das respectivas independências desses territórios. Tinha a consciência tranquila, não tinha rabos de palha, não tinha motivo para me vir embora, não tinha bens materiais em perigo, não tinha dúvida que o meu trabalho e profissão fariam muito jeito no desenvolvimento do futuro país. Eu nem nunca tinha reparado que aqueles indivíduos que comigo trabalhavam de manhã à noite lado a lado, que me acompanhavam a beber uma cerveja ao bar do Aeroclube de Tete, tinham afinal a cor da pele diferente da minha. A minha ingenuidade durou uns meses… o resto foi de ansiedade até ao fim do contrato. Mas aprendi uma coisa: Todos os bens de um branco em África devem ter asas… Acredite quem quiser… Aniceto Carvalho (Com todas as letras) Sabedorias modernas 33 Olhares de Couchel Dessa gente que anda por aí a querer ensinar-me como era este país antes deles aparecerem com a sabedoria milagrosa abrilista que tão profícua se tem mostrado, quantos saberão o que era isto? Aniceto Carvalho Memórias da Revolução Projecto de uma parceria entre a RTP e o Instituto de História Contemporânea (IHC) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, são 185 minifilmes de minuto, exibidos diariamente, diversas vezes por dia, em todos os canais da televisão pública. (Em quais mais havia de ser? Uma coisa linda de se ver… uma delícia!!! A grande dificuldade: Fica-se na dúvida se entre esta auspiciosa obra e o calhau do Parque Eduardo VII qual deles retracta melhor estes celebrados 41 anos de fulgurante democracia. Aniceto Carvalho Por Portugal em duas rodas (Colecção em Estudo) De Carlos José Ferreira de Carvalho Passeio a Santiago do Cacém Aniceto Carvalho Um profissional dedicado, em geral óbvia e naturalmente competente, mostra as suas qualidades com trabalho e saber... com os braços no ar é para dançar o vira. Aniceto Carvalho As mulheres que me acordavam (Aos vinte anos de idade) Pelo rádio do nosso colega de curso, Joaquim Manuel, no parapeito da janela da camarata. Aniceto Carvalho Saltimbancos Eu até sou boa criatura, consta... mas quando me aparecem coisas destas, que hei-de eu fazer??? A celebrada data em todo o seu fulgor. Aniceto Carvalho Mecânicos de Avião – 1952 (Vídeo) Força Aérea Portuguesa “Filhos da Escola” do meu curso; Mecânicos de Avião; De Novembro de 1952 a Novembro de 1953; 34 Olhares de Couchel Almoço Anual de Confraternização; Praia de Vieira de Leiria; 02 de Maio de 2015 Mecânicos de avião - 1952 (Fotos) Hoje foi em Vieira de Leiria mais um almoço de confraternização dos antigos camaradas de armas do meu pai dos primórdios da Força Aérea Portuguesa. É sempre uma honra privar com estes veteranos de outras guerras e muitas loucuras que fariam de certeza inveja a muitos destemidos aventureiros da actualidade! Bem hajam e longa vida a todos! Carlos José Ferreira de Carvalho Olha o gajo… O Reizinho!!! (Velha guarda tripeira, afins e similares). Para quem por ventura não o saiba O Reizinho era um personagem de Banda Desenhada, aos Domingos, em 1952, no Primeiro de Janeiro, O Reizinho era o maior: Aparecia numa tarja ao fundo da página, atirava um recado venenoso, deixava toda a gente de nariz no ar, voltava na semana seguinte. Não ficava semanas e meses a chatear. Sei lá porquê, contudo, eu gostava mais do Dom Lucas e da Dona Perliquitetes, o amoroso casal, também de Banda Desenhada, também do Primeiro de Janeiro e da mesma época, de 1952... Talvez porque a Dona Perliquitetes tinha algumas parecenças com a Olívia Palito, e eu sempre tenha tido um fraco por mulheres esgalgadinhas. Aniceto Carvalho Thomas Kinkade Será mesmo imprescindível perceber de arte para apreciar a pintura deste artista americano? Quando eu tinha 17 anos Com dezassete anos, em 1952, eu corria o país de mota, (sem carta de condução), palmilhava Lisboa e as casas de meninas da primeira à última, dormia num banco da Avenida da Liberdade, chegava à base completamente bêbado, ninguém me ligava importância nenhuma desde que eu não fizesse por isso ou causasse problemas... hoje, um jovem da mesma idade que eu tinha nessa altura passa o dia trancado numa escola dentro de grades, nem uma cervejinha pode beber à vista de todos. Graças a Deus que tenho 80 anos Aniceto Carvalho Saí com outra mulher Vale a pena ver, ler e meditar. Documento profundo de grande sensibilidade. Reconhecimento (Cá na terra também é assim) Basta ver a elevação da nossa RTP, a televisão do estado, ao exibir as “brilhantes obras premiadas” do senhor Joaquim Furtado sobre a guerra que os militares portugueses travaram em África. Graças a uma certa classe de gente que tomou de assalto esta terra há 41 anos, os combatentes que lutaram e tudo deram por este país, a juventude e muitos até a sua própria vida, nada mais foram que assassinos e energúmenos à solta. 35 Olhares de Couchel Aniceto Carvalho Jornalismo do Século XXI Esta “notícia” é um nojo, não tem pés nem cabeça, é simplesmente impensável de acontecer. Como facilmente se pode concluir quando lida com a devida atenção não passa de amostra do estado lastimoso do jornalismo do Século XXI. Aniceto Carvalho Confissão de Cientistas Diapositivo 17: “Nenhum dos inventores do ateísmo foi naturalista. Todos eles foram filósofos muito medíocres”. E de facto: Que me lembre, nunca me constou que algum Sócrates, Sartre, Beauvoir, Eduardo Lourenço, Agostinho da Silva, etc., etc., etc., tivesse pregado um prego, criado um posto de trabalho ou feito alguma coisa além de apregoar teorias. Aniceto Carvalho A minha desilusão Cada vez que me aparece por aqui algum valente comentarista das redes sociais a desafiar-me para a guerra, para partir isto tudo, para fazer outro 25 de Abril, etc. e tal, vou sempre tentar certificar-me em que guerras eles andaram... Para que conste: Guerra a sério e cantar de mão estendida no Metro de Paris são coisas diferentes. Aniceto Carvalho. Existem três coisas pelas quais vale a pena fazer sacrifícios: A família, a profissão e algum saber... tudo o resto, só enquanto for por pura diversão. Pelo menos, foi assim comigo. Aniceto Carvalho PULHAS – Ancestral tradição A mala de viagem A Ti Maria do Alpendre, mãe do Alberto “Mascarenhas”, o meu maior amigo da altura, estava a recolher as ovelhas ao fim da tarde. (“Mascarenhas” para a minha tia Alcina, achava ela, “Mascarenhas” era sinónimo de artolas). Entendendo ser ainda cedo para recolher, um dos borregos decidiu moer o juízo à proprietária antes de entrar a porta do curral. A Tia Maria do Alpendre, uma mulher pequena e franzina, pouco mais que pele e osso, perdeu as estribeiras: Enfiou os dedos na lã do lombo do cordeiro, transportou-o como se fosse uma mala para dentro do curral. Eu vi, é certo… Não liguei. Tenho a certeza absoluta de não ter sido eu a dar com a língua nos dentes. Mas alguém foi. No Carnaval que se seguiu não houve monte, outeiro ou cume em redor onde o irreflectido gesto da pobre da Maria do Alpendre de transformar um borrego em mala de viagem não fosse esventrado com toda sonoridade por quilómetros e quilómetros para quem queria ouvir. Este episódio em questão terá antecedido uma das últimas sessões de “PULHAS” na minha terra… logo depois, próximo do final da Segunda Guerra, a execrável tradição foi simplesmente proibida e deixou de se ouvir nos outeiros da região. Em 2014, ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Rádio -Televisão portuguesa promove espectáculos com o sacrifício de animais para diversão. 36 Olhares de Couchel Por muito execráveis que as PULHAS fossem eram incomensuravelmente menos poluente socialmente do que a maioria dos programas de televisão e o miserável e reles ambiente de algazarra política da actualidade. Aniceto Carvalho Quando a curiosidade pode matar Como eu costumo dizer: “É sempre um erro passar ao lado do que supostamente não se gosta”. E ASSIM FOI: Com alguns pecados pendentes, experimentei ver um bocado do "5 para a Meia-noite"... O intragável Nilton convidou a Mortágua (BE). Mostrou um pouco do pai da criatura em 1974. Perante o aliciante fui-me cultivar. ENFIM... A CURIOSIDADE ÀS VEZES MATA... O Sábio historiador A criatura que nem com os outros coordenadores de um partido com meia dúzia de correligionários se conseguiu entender, é “professor catedrático” de “História Contemporânea”. Se não se importam, para um “velho estudante”, embora amador, de história há dezenas de anos, eu gostava de saber o que será que esta coisa de “História Contemporânea” quer dizer? O sujeito a quem, de história, eu unicamente ouvi dizer mal do Salazar vai “substituir” o José Hermano Saraiva num programa de história na RTP. Refira-se entretanto que foi precisamente a dizer mal do Salazar a única coisa que disse no espaço de apresentação do seu programa no “À TARDE” do Herman José, hoje 01 de Abril de 2015. Mas também pode muito bem ser que o “metier” de um Catedrático de História seja dizer mal do Salazar. Esteve ontem no QQSM: Ainda bem jovem e com bom cabedal, ao que percebi “licenciada na Área do Turismo!!!”, óbvia e claramente porque alguém a sustenta na boa sem mexer uma palha, está há três anos desempregada. IMAGINEM!!! Se havia coisas que pouco ou muito pouco tinham, (ou devem ter), a ver uma com a outra, eram a história do antigo Curso Geral dos Liceus, 5º. Ano, e a da parte complementar, nos 6º. e 7º. Anos: Factual no primeiro caso, ACONTECEU, FOI ASSIM; a partir daí é investigação, é essência da história, é o porquê e a causa das coisas. Um catedrático de história é um investigador… e a “História Contemporânea”, que vem da “Revolução Francesa”, de 1789 aos nossos tempos, quase que ainda vem nos jornais. Com muitos dos interesses que deram origem aos acontecimentos de há dois séculos para cá ainda em vigor, a “História Contemporânea” é um fosso de mentira insondável e secretismo. A “Cátedra de História Contemporânea” sustenta a universidade privada, esta os políticos na reserva, todos a viver à conta de gente que aos 15 anos não tem nem aceita quem lhe ensine o caminho. Como o trecho inicial o diz claramente. É o que temos!!! Aniceto Carvalho Puxe pela imaginação... Dá a ideia que as mulheres estão a adoptar o rabo de cavalo como a Lúcia Moniz e a Carla Chambel à moda de “Bem Vindos a Beirais”. 37 Olhares de Couchel Parece o penacho do capacete de um guarda republicano em parada, mas é engraçado e eu gosto. Arrumei o carro, aguardei a arranjar estofo para subir ao meu ninho no terceiro andar. Outro carro parou mesmo ao meu lado. Lá dentro, ao volante, a jovem condutora adejava o piaçaba espetado no cocuruto energicamente. Reparei melhor: Estava a mandar vir com a outra condutora parada em frente, (também de piaçaba eriçado), que entrara na via, (só para um veículo), primeiro do que ela. Quando a primeira, ao meu lado, resolveu recuar, a outra passou nas calmas sem lhe dar troco. No segundo a seguir uma galinha a comer milho em cima de uma chapa de ferro em brasa passou por mim com um espanador amarrado ao rabo a limpar freneticamente o tecto do automóvel. Aniceto Carvalho Escravas e princesas Estou um bocado entrado nos anos. Nada a fazer. Gosto contudo de pensar que ainda tenho a cabeça no sítio certo, de nem sempre estar errado. Se acerto mais ou menos, isso é outra questão. Fui militar vinte anos no terceiro quartel do Século XX, uma época única que vivi e recordo com gosto, acredito ter uma memória privilegiada, pouco do antigamente me tem passado ao lado. “Tempos diferentes”, como se sabe… hoje quanto basta para justificar tudo e mais alguma coisa. Mas uma coisa me tem chamado à atenção: Dizia eu há dias que os militares e militarizados das forças de segurança portuguesas do meu tempo a partir dos 30 anos de idade, em particular os da Força Aérea, que melhor conheci, teriam menos dez quilos do que em geral têm hoje os profissionais similares e afins dos mesmos ramos. Não vou garantir. Mas terei de ver desmentido credivelmente que as mulheres do mesmo tempo e idade, só a cuidarem da casa e dos filhos, não pesavam no mínimo 20 quilos a menos do que as “independentes” destes dias a penar de madrugada a madrugada a aturar quem não conhecem de lado nenhum. Aniceto Carvalho Quem não quer ser lobo… Sou do tempo dos musicais da época da Segunda Guerra, (Paixão de marinheiro, que vi em 1947), dos românticos, a seguir, (Querida Ruth, no começo dos anos 50), acabei de ver recentemente, mais uma vez, "Pearl Harbor", (a odisseia do ataque japonês à possessão americana do Pacifico em Dezembro de 1941, e o consequente princípio do refluxo), um dos muitos filmes americanos que tenho visto a enaltecer e a perpetuar a memória dos seus cidadãos que combateram pelo país. Queira-se ou não: É por isso que os Estados Unidos são um grande pais, que mandam no mundo, onde o bom supera o mau incomensuravelmente, e qualquer estrangeiro do longínquo fim do mundo ama a América uns meses depois da chegada como se lá tivesse nascido. (Sei do que falo). Dos catorze anos de guerra em África eu estive lá dez como combatente pelo meu pais. Não tenho nada a reclamar. Eu era militar… tudo dito. Passou demasiado tempo. Contudo, em quatro décadas, a “ContraInsurreição em África” é tudo o que eu conheço de positivo, dignificante e honroso sobre o espírito de entrega dos combatentes portugueses na Guerra do Ultramar. Desgraçadamente pouco… Mesmo assim escrito por John P. Cann, um tenente-coronel americano. Eu não quero nada… Mas tenho vergonha. 38 Olhares de Couchel Tenho vergonha, desgosto e nojo de ter lutado por um país onde, de há quarenta anos para cá, até ditos “combatentes” que não passam de lacaios mentais sem ideias, não hesitam em se amesquinhar a quem noutras circunstâncias, (como muito bem sabemos), tratavam abaixo de cão. A Guerra do Ultramar acabou em 1974. Acabou, não se fala mais nisso… mas atirar a dignidade para a sargeta, para mim ultrapassa os limites. Aniceto Carvalho Ecos de Angola de 1961 Obrigatório de recordar para muita gente da minha época, eventual e inacreditavelmente esquecida... recomendado de ler para quem nem sequer sabe que isto aconteceu. Sobre um dos comentários no blog... no mínimo, e melhor boa vontade, não passa de merda e caga-a o cão. Vejam: A cavalgadura dirige-se a um homem que já morreu há 4 anos e, claramente sem nunca ter posto as patas em África, dá-se ao luxo de tecer considerações ao falecido que viveu e sentiu na pele os trágicos acontecimentos. Como disse o Einstein. Duas coisas são infinitas: O Universo e a estupidez humana… contudo, não tenho a certeza na primeira. Que Deus nos acuda e nos livre de gente desta!!! Aniceto Carvalho Kiew – Capital da Ucrânia Se eu tivesse os poderes do Homem Invisível, por exemplo, ia lá à Ucrânia perguntar aos chefes de um lado e aos do outro porque é que eles se andavam a assassinar uns aos outros, a destruir o país, e com isso a sacrificar populações inteiras, mulheres e crianças indefesas. Como cada um deles de um lado e do outro me ia dizer que era porque a terra era deles, no mínimo dos mínimos, despachava-os em contentores para plantar batatas na Angónia... que tinham lá terra com fartura. (A Angónia é uma pequena região no detrito de Tete, em Moçambique que foi em tempos idos famosa pela produção de batata em quantidade e qualidade). Aniceto Carvalho Eis a sonora “notícia”: “Cliente rouba leite para alimentar os filhos, e agente da Polícia de Segurança Pública paga a conta”. Correu com estrondo de Norte a Sul do país a exigir honras de televisão, não percebi se a lamentar a mão ligeira da ilustre cliente se o voluntarioso gesto do agente). Se o meu pai se tivesse valido deste “método” perante as dificuldades para criar os filhos tinha levado toda a vida na prisão... No entanto, criou dez filhos, hoje todos cidadãos de corpo inteiro, sem ter roubado nada ninguém. Trabalhavam: A minha mãe palmilhava vinte quilómetros a pé com um açafate de hortaliça à cabeça para o ir vender no mercado de Coimbra. O resto é conversa da treta, tal como a de um parolo com cara de marado a quem a RTP deu honras de entrevista na Terça-feira da manhã. Aniceto Carvalho 39 Olhares de Couchel Geografia de Portugal e Colónias Compêndio de Geografia de Portugal e Colónias do tempo em que, segundo a elevada intelectualidade do momento, Portugal era um país de analfabetos e atrasadinhos. Quando a escola da minha aldeia tinha 40 alunos nas 4 classes com uma professora, e dos 10 alunos propostos a exame da 4ª. Classe ficavam todos aprovados. Quem havia de dizer que esta miúda de 19 anos ainda tinha tempo e dedicação para levar os alunos a fazer picnics nas margens do Rio Ceira, ao cinema a ver filmes históricos portugueses à sua conta, e a dar aulas extras em casa dela nas proximidades dos exames. Aniceto Carvalho Por falar nisso… (Uma equipa só joga o que a outra deixa jogar) Sabia que os árabes invadiram a Península Ibérica no Século VIII, em 711 e 713, do primeiro milénio a.C.? E sabia que foram corridos do Norte do Rio Douro em 754 e que nunca mais lá voltaram a pôr os pés? Agora, se quiser, pense no assunto. Aniceto Carvalho Lusitanos, gregos e romanos O que dizia o Galba: «Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho que não se governa nem se deixa governar!» Esta foi uma frase escrita por um general romano, de seu nome Galba, por certo um dos primeiros governadores na península Ibérica a referir-se aos lusitanos, os actuais portugueses, chefiados na altura por Viriato. E agora digo eu para a recente proliferação de “gregos” que tem emergido cá no burgo ultimamente: O que este Sérvio Sulpício Galba queria era lulas: Estava farto de levar porrada de meia dúzia de indígenas de varapau às costas, aqui d´el rei que os lusitanos não se governavam nem se deixavam governar. Não lhe interessava dizer a verdade, claro. Como qualquer político dos nossos tempos que se prese, este Galba já era pulha: Sérvio Sulpício Galba Em 151 a.C. foi-lhe entregue o governo da Hispânia Ulterior (Sudeste da Península Ibérica actual), para continuar a guerra contra os celtiberos retaliar as incursões dos rebeldes lusitanos às cidades submetidas a Roma, atacou-os nos confins das atuais Andaluzia e Estremadura. Os lusitanos causaram a Galba enormes perdas, que teve de retirar-se aos seus quartéis de Inverno algures entre o Baixo Alentejo e o Algarve. Na primavera de 150 a.C. entrou novamente na 40 Olhares de Couchel Lusitânia e assolou o território. Quando os lusitanos enviaram uma embaixada reclamando pela violação do tratado que tinham feito com Atílio, e pela sua vez prometiam observar os termos do acordo com fidelidade. Galba recebeu os embaixadores lusos amavelmente, e lamentou que as circunstâncias, especialmente a pobreza do seu país, os induzisse à rebelião contra os romanos. Prometeu-lhes terras férteis onde se poderiam estabelecer com as suas famílias, sob a protecção de Roma, se permaneciam leais. Acudiram cerca de 30.000 lusitanos solicitando o cumprimento desta promessa. Galba repartiu-os em três acampamentos e exigiu-lhes que entregassem as suas armas em sinal de amizade; então rodeou-os com todo o seu exército e ordenou atacá-los; cerca de 9.000 foram mortos e 20.000 prisioneiros foram vendidos como escravos nas Gálias. Somente uns poucos puderam escapar; entre eles Viriato, que anos depois tomaria vingança desta traição romana. Não obstante ter já estado na Macedónia, na Península Balcânica, esta na altura há muito sob domínio romano, o que o Galba pelos vistos não sabia, como os actuais “gregos” cá do sítio, era que os lusitanos lutavam contra o domínio de Roma não por não se saberem governar mas sobretudo por não quererem ser governados por quem nada tinha a ver com eles nem de perto nem de longe. Desatinados eram os gregos, por exemplo: Que, em meia dúzia de quilómetros quadrados de ilhas, istmos e pouco mais tinham uma infinidade de cidades-estado constantemente em guerra umas com as outras pela hegemonia lá do sítio; Desatinados eram os gregos que, não obstante a fabulosa herança cultural deixada estavam muito longe da imagem da Grécia do “Olimpo”, de filosofias, poesias, campos verdejantes, coroas de louros, flautas, pífaros, etc. Desatinados eram os gregos que acordavam ao murro e adormeciam à bordoada uns aos outros, entre eles próprios e com toda gente em redor. A Lusitânia, tal como o futuro Portugal, era genuína e autêntica: Não tocava flauta nem sabia filosofia… mas nunca teve nada parecido com coisas destas. Aniceto Carvalho Obrigado a um velho amigo (Um bocadinho a reinar) Pois é caríssimo… bastava-me a banda desenhada que mastiguei pelos finais dos anos 40 para ter uma ideia do que foram as Cruzadas; de História Universal, no entanto, por mera curiosidade, gosto e algum estudo, esforcei-me e fui um bocadinho mais longe. As Cruzadas explicadas de outra maneira. Recordam-se daqueles tipos, em geral oficiais milicianos que, após o 25 de Abril de 74 iam pela província ensinar aos agricultores locais como se faziam as coisas? As Cruzadas eram mais ou menos isso. Na Reconquista, início do segundo milénio. Os Cruzados, (os bons, os fieis, que éramos nós), também íamos cá da longínqua Europa, do Norte ao Sul, do Este ao Oeste, pregar o Cristia41 Olhares de Couchel nismo aos próprios conterrâneos de Jesus Cristo, (aos maus, aos infiéis, que eram eles). Entretanto, por vezes, levavam umas palmadas para se portarem bem e estarem sossegados na catequese. Como se vê, a História é muito engraçada Aniceto Carvalho Só nos faltavam os “gregos” A parolice “grega” antigermânica em Portugal Valha-nos o Santíssimo das alturas!!! A perna curta da patetice Ao entrar na Secretaria de Estado da Aeronáutica, um então major aviador não conseguiu conter uma ruidosa manifestação de alegria ao encontrar um antigo amigo e camarada de curso. Com um ar de cumplicidade, o outro admoestou-o num sussurro: “Não faças barulho. O Kaulza (Kaulza de Arriaga, na altura Secretário de Estado da Aeronáutica), está aí dentro no gabinete… a estudar as cábulas, para levar a uma entrevista com o Salazar”. O mesmo oficial, no livro que escreveu 40 anos depois, já então como general, acrescenta: “Os ministros e secretários de estado podiam estar ou não dentro dos assuntos, mas o Presidente do Conselho conhecia as pastas todas de uma ponta à outra”. É tão autêntico o que o autor de “Angola – Anatomia de uma Tragédia” deixou escrito que, embora por intensões completamente diferentes, até os próprios opositores e detractores do Professor Oliveira Salazar o reconhecem e apregoam chamando-lhe nomes por isso. Sendo, portanto, certo que ninguém dava um passo em Portugal sem conhecimento do professor de Santa Comba, como é que alguém fundava uma companhia aérea, ou instalava clandestinamente 30.000 pessoas em Portugal subalternizando o próprio Presidente do Conselho? Por favor… Não queiram fazer de mim estúpido. Aniceto Carvalho Para alentejanos, similares e afins (Clic no link) Em toda a sua grandeza Temos notícia de quem sabe e por lá tem passeado nos últimos tempos que as imagens do Alentejo neste extraordinário e bem conseguido vídeo estão muito perto da realidade. Aniceto Carvalho ۩۩۩ Castelo do Almourol (clicar no link) Não perca de apreciar esta beleza do Património Português, delicie-se com o bom gosto da escolha do fundo musical… ۩۩۩ Açores – São Miguel (Clicar no link) Isto é território português. Aqui a dois passos... Para ver a natureza no seu esplendor não é preciso atravessar o Atlântico nem correr o Mundo. A perna curta da parolice ۩۩۩ Não obstante a quase diária consulta à Wikipédia, nunca me tinha passado pela cabeça o que esta extraordinária fonte de conhecimento poderia querer dizer com esta advertência. 42 Olhares de Couchel Leiam... “Esta biografia de uma pessoa viva cita fontes confiáveis e independentes, mas elas não cobrem todo o texto. (desde Outubro de 2013) Ajude a melhorar esta biografia providenciando mais fontes confiáveis e independentes. Material controverso sobre pessoas vivas sem apoio de fontes confiáveis e verificáveis deve ser imediatamente removido, especialmente se for de natureza difamatória. Encontre fontes: Google (notícias, livros e acadêmico).” Agora reparem: (1) A Wikipédia, (como as outras congéneres), é conhecida como um meio de conhecimento dos mais exactos conhecidos... e por isso, (pela hipotética garantia de honestidade), nunca falta quem queira valer-se da credibilidade alheia para fazer a sua própria promoção. (2) A advertência é claramente dirigida só a biografados ainda vivos; e de notar, com muita atenção… só para alguns. Ou seja: O que a advertência da Wikipédia simplesmente diria se fosse escrita com palavras minhas era isto: Esta biografia é de uma suposta personalidade de pés de barro cá do burgo, a qual, se lida com a devida atenção, não tem a menor credibilidade. Podem confirmar... é um bom exercício. ۩۩۩ Simplesmente brilhante (Merece ser emoldurada). Ferro Rodrigues, na SIC Notícias sobre a TAP. (17/12/2014). - O Estado pode recapitalizar a TAP sem recurso a dinheiro nem prejuízo dos contribuintes. - Como? - perguntou o jornalista. - Através de uma injecção de capital pela CGD. - E onde vai a CGD buscar o dinheiro que não tem? - AO ESTADO! - Resposta de Ferro Rodrigues. Linear, sem necessidade de comentários. Aniceto Carvalho ۩۩۩ A idade não se mede aos anos Pouca gente saberá hoje em Portugal que algumas foram as unidades da Força Aérea Portuguesa nos territórios do então ultramar africano que, durante meses, nos inícios da guerrilha, (1960 – 1961), iniciaram a actividade operacional apenas e só com praças, cabos especialistas e soldados. A unidade de Cabinda, por exemplou. Complicado, contou-me quem viveu a época. “Miúdos” de vinte anos, pouco mais... alguns nem isso. Pouco na Força Aérea Portuguesa, mas aconteceu. Pelo menos nas unidades de retaguarda, longe das zonas de possível conflito... como nos Aeródromos Base 5 e 6, em Nacala e Nova Freixo, que eu conheci bastante bem em princípios de 1967, que não andavam muito longe disso. E não digo mais nada... Está tudo dito... para quem quiser entender. Que fique no entanto bem claro que eu estou apenas a relevar o estoicismo, a idoneidade e a responsabilidade da rapaziada de então, não a diminuir os titânicos esforços da Força Aérea Portuguesa, que na altura não tinha mãos a medir. Aniceto Carvalho Jorra Petróleo em Portugal ۩۩۩ Jornal de Negócios - (08/01/2015) “Empresa britânica diz ter descoberto jazidas com mil milhões de barris de petróleo em Portugal”. Para bem da juventude portuguesa do futuro, façamos votos para que isto não passe de conversa de comunicação social, ou que essas “fabulosas jazi- 43 Olhares de Couchel das” não tenham o mais elementar interesse económico ou estratégico. Amém!!! Sabe-se no que dão as riquezas dessa origem. ۩ Com um país de generais e papagaios, que nem paradas militares mostra de jeito, como se tem visto nas últimos eventos, bastava um simples gesto de ameaça a uma parcela do território nacional, para que, fosse qual fosse o paleio, nada obstasse ao culminar do acto consumado. Aniceto Carvalho ۩۩۩ A verdade das coisas… Uma amostra da actual cultura portuguesa. Eu, um "provinciano analfabeto dos anos 30 do Século XX", escrevi um livro... das cerca de duas dezenas de descendentes do meu pai, dos 50 anos para baixo, pelo menos, (apesar de escrito por um familiar próximo), ninguém o leu. Aviadores em Terra Da cultura e do uso da língua portuguesa cá na terra dos últimos 40 anos está tudo dito. Aniceto Carvalho ۩۩۩ Hipocrisia quanto baste Pelos vistos, não é só a mim que não conseguem adormecer. Por falar nisso: Sabem quem eram os Jónios e os Dórios? Eram dois dos inúmeros povos euro-asiáticos antecessores dos antigos helenos. (Antigos gregos). Sabiam que Tiro, Mileto, Tróia, Chipre, de muitas outras, eram colónias jónicas e dórias na Ásia Menor, onde hoje, bem mais de 2.000 anos depois, na Síria, no Líbano, na Jordânia, no Iraque, etc., etc., os problemas de então continuam? A seguir, com os gregos, a “festa” prosseguiu: Depois com os romanos, com os vizinhos, com os cristãos, com os franceses, com os ingleses, com os américas... Bolas!!! Se fosse comigo eu também já estava chateado. Porquê? Bom, aí é que está o busílis... Mas já agora: Por acaso já alguma vez ouviram falar no “Corredor Síriopalestiniano”? Aniceto Carvalho Coerência com elevação ۩۩۩ Uma das mais extraordinárias aberrações do nosso tempo é a enorme cambada de indivíduos que, sem querer nem saber fazer nada, vivem vidas inteiras sem mexer uma palha. SÃO AOS MILHÕES. ۩ Num destes Domingos, à tarde, corria um brilhante programa “cultural” na RTP, a vomitar intragável politiquice do princípio ao fim, conduzido por um tal Nilton, cuja superior criatividade faria uma galinha ir a correr para o psiquiatra. Um dos ilustres convidados começou a esmerada participação com sonoros elogios ao 25 de Abril... logo de seguida, a outra metade da dissertação, completou-a a dizer cobras e lagartos da política dos últimos 40 anos de democracia. Eu gosto de gente coerente e firme nas convicções. Aniceto Carvalho 44 Olhares de Couchel 45