TRAJETÓRIAS DE ARTISTAS DA CIDADE DE PONTA GROSSA/PR:
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO DE ARTES VISUAIS NA
ESCOLA
Kelly Adena (PROVIC/CNPq-UEPG), Ana Luiza Ruschel Nunes(Orientador),
e-mail: [email protected].
Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Artes/Ponta
Grossa, PR.
Lingüística, Letras e Artes – Artes Visuais
Palavras-chave: artes visuais, vida de artista, história de vida
Resumo:
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa que tem como
objetivo construir a história de vida profissional de artistas da cidade de
Ponta Grossa/PR, destacando as fases no desenvolvimento artístico e
transformando esse conhecimento e saber da História da Arte e dos artistas
locais, em saber escolar. O referencial teórico esta balizado pela teoria da
arte e da História da Arte e bem como da concepção de artista,
complementada com o modo de produção de arte ao longo do tempo de
forma contextualizada. A abordagem metodológica é qualitativa a partir do
método da história oral e autobiográfica, realizando entrevistas semiestruturadas, de pesquisa de documentos e do portfólio contendo a
produção artística e suas obras de arte. Os resultados apontam que os
artistas investigados são autodidatas que sua formação se deu através de
cursos e estágios e do aprender fazendo arte.
Introdução
A educação visual no âmbito escolar necessita de um trabalho
autobiográfico e de documentário de obra de artistas que vivem e produzem
no contexto atual que exerce uma importância relevante para constituição do
saber artístico visual para a sociedade em sua forma mais complexa, bem
como para a comunidade escolar.
A presente investigação, que faz parte do Grupo de Estudos e
Pesquisa em Artes Visuais, Educação e Cultura GEPAVEC CNPq/UEPG/PR, é direcionada para as diferentes trajetórias dos artistas da
cidade de Ponta Grossa/PR. Surge de uma inquietação na busca
sociocultural e na preocupação relacionada à elaboração de um registro do
trabalho artístico, da vida e das obras destes artistas, com uma possível
repercussão desta pesquisa na escola transformada em conhecimento
escolar que contribua para o desenvolvimento na construção do saber e
fazer artístico, bem como aproxime a arte local da comunidade e estimule a
visitação em exposições, galerias e eventos de arte.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Materiais e métodos
A abordagem qualitativa presente na investigação se desenvolve a
partir da História oral e autobiográfica, através de entrevistas semiestruturada, com um documentário sobre a trajetória dos artistas
investigados, a partir de seus registros como folder, autobiografia artística,
exposições individuais e coletivas e seus documentos, e portfólio com as
imagens das obras de arte, que constituíram a trajetória de vida do artista e
que revelaram suas percepções pessoais, suas afinidades, acontecimentos
e sentimentos que marcaram a sua vida.
A História Oral contribui com a pesquisa por se tratar de um método
que possibilita a investigação da memória do individuo. Segundo Meihy
(2005, p. 17)
(...) História oral é uma prática de apreensão de narrativas feitas
através do uso de meios eletrônicos e destinados a recolher
testemunhos, promover análises de processos sociais do presente
e facilitar o conhecimento do meio imediato.
A História de Vida segundo MARCONIE; LACATOS (2007, p.280)
“refere-se a uma narração em torno de determinados fatos ou fenômenos,
nos quais se evidenciam valores e padrões culturais.”
Resultados e Discussão
Foi importante construir a sua História e delinear algumas concepções
do que compreende- se por artista, sendo subsidiado por NUNES (2004)
que traz a Historia da Arte e do modo de produção e a inter relação com a
produção em arte, e da epistemologia da produção artística como trabalho,
arte e educação na sociedade historicamente, tendo um olhar sobre o
percurso criado pelos artistas. Da mesma forma CAUQUELIN (2005)
contribui sobre as Teorias da Arte e mais especificamente sobre a arte
contemporânea ou a arte atual, e como historicamente a arte e o artista se
desenvolveram na sociedade e como se formou o ser artista e suas
trajetórias no engendramento do cotidiano de sua produção artística, e
ainda ALMEIDA (2009), que discute as razões e paixões do ofício do ser
artista e professor, em que foram analisadas experiências vividas no
cotidiano e as percepções dos artistas. Isso abriu formas de perceber a
subjetividade e as múltiplas realidades de concepções e práticas da vida e
produção dos artistas. Após o levantamento através de análise de
documentos, foram selecionados os artistas e agendados os encontros,
onde se desenvolveram as entrevistas e o registro das obras. A pesquisa
aponta resultados referentes a elaboração da trajetória artística de três
artistas da cidade de Ponta Grossa/PR: O Artista Celso Parubocz, a
trajetória do artista Cristina Sá e do artista Mauricio Schimaneski, que esta
em processo de sistematização.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
ARTISTA 1: Celso Parubocz (1960)
Formado em Educação Física em 1981 pela Universidade Estadual
de Ponta Grossa/PR, Celso estudou História da Arte com o professor
Fernando Carneiro em Curitiba. Dedicou-se ao estudo sobre curadoria e em
1999, retomou a pintura com intensidade. Fez especialização em Arte na
Universidade de Tuiuti/Curitiba/PR, não concluindo. Possui uma trajetória
intensa de produção a mais de 11 anos, onde aborda a pintura
abstracionista e figurativa, inspirada em temas voltados para os
acontecimentos do mundo e acontecimentos regionais. Como técnicas, o
artista prioriza a tinta acrílica sobre tela, mas também desenvolve inúmeros
trabalhos com fotografia, arte digital, escultura e pintura em suportes
diferenciados como a madeira entre outros. Como fases relevantes de sua
produção destacam-se:
Fase 1 – “Pós-Humanos”
Fase 2 – “Paisagens contemporâneas”
Fase 3 – Série “Queimadas”
Fase 4 - Série “A Ponte”
Fig. 1 – “Paisagens Contemporânea I” Técnica: mista (aguada de acrílica) sobre
tela. Artista: Celso Parubocz - Fonte: Arquivo particular do artista .
Fotografia de Kelly Adena- Portfólio das pesquisadoras
.
ARTISTA 2: Cristina Elisabete Domingues de Sá (1956)
Em 1982, com 26 anos, começou a pintura em tela e em dois anos
Cristina começou a dar aulas de pintura. Não possui nenhuma formação
acadêmica, portanto não possui a formação de ensino superior na área da
arte e se intitula autodidata com cursos técnicos voltados para artes
plásticas desde a década de 70, a partir de 1973. A produção da artista
Cristina Sá inicialmente foi voltada para uma arte clássica academicista com
representações realistas. Hoje ela se considera uma artista com uma
produção contemporânea, voltada para as mais diversas abordagens e
técnicas, que permeiam o conceito e a reflexão da obra. Cristina,
interessada por política, arte e a cor, busca suas inspirações e temáticas
através de uma diária interpretação do mundo e dos acontecimentos. Utiliza
diversas técnicas e suportes como lonas de caminhão e de algodão
substituindo a tela e utiliza discos de arado com madeiras de demolição em
esculturas. Destaca- se abaixo suas principais fases de produção:
Fase 1 – “Poética Social”
Fase 2 – “Tempo sobre Tempo”
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Fig. 2 – “Questões sociais 10” O rapto das Sabinas
Técnica: mista Artista: Cristina Sá – Fonte: acervo da artista Cristina Sá
Considerações
Com os artistas da cidade de Ponta Grossa/PR é possível perceber
com clareza o que movimenta e conduz a produção, a reflexão, o consumo e
apreciação artística da arte da cidade. São informações de indivíduos
artistas que vivem diariamente nesta área, que dedicam a vida para a arte e
cultura. É possível constatar as dificuldades presentes, compreender como
funciona a produção, o processo de elaboração das obras, o outro lado da
arte a partir da visão subjetiva do artista em seu atelier, o seu cotidiano, o
seu dia a dia. A arte se torna compreensível e próxima da realidade ao
vivenciar a experiência de dialogar com artistas contemporâneos.
São perceptíveis as diferenças entre os artistas, que se expressam na
formação e no tempo de carreira, na poética artística e no envolvimento com
a arte sob diferentes ângulos e intensidades.
Referências
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qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. 99 p.
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CORRÊA, Ayrton Dutra. Ensino de Artes: trajetórias de vida com relevância para a
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Paulo, 2003.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS,Eva Maria. Metodologia Científica.
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MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. São Paulo, SP. Loyola,
2005.
NUNES,Ana Luiza Ruschel.Trabalho, Arte, Educação: formação humana e prática
pedagógica.Santa Maria-RS,EditoraUFSM., 2004.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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