TIAGO GANDRA
COMO CONSTRUIR UMA MATERNIDADE EM N´DALATANDO
ANGOLA 2011
Este projecto é a mediação do arquivo fotográfico da construção
da maternidade de N´Dalatando, em Angola. O meu pai, Fernando
Gandra, é o encarregado geral e responsável pela equipa de
construção da obra, com quem mantenho uma relação muito próxima.
Ele é o autor das fotografias.
A opção da emigração levou-o para um contexto em que o rigor
mínimo de trabalho é uma conquista diária aos mais variados níveis,
tanto na relação com subalternos como com superiores e
fornecedores. N’Dalatando é uma localidade de cerca de
90.000 habitantes, com uma alta taxa de natalidade.
Se inicialmente a distância geográfica se impôs, a partir de um dado
momento esta nossa correspondência (através da fotografia) começou
a ser um local previlegiado de encontro. Cada fotografia escolhida
começou a ser, numa escrita silenciosa, o local onde dois olhares
continuam a crer na construção dedicada das coisas.
Boa parte do arquivo fotográfico foi realizado através de uma
máquina com o visor avariado, sem possibilidade de escolha
rigorosa do enquadramento.
Video: http://vimeo.com/28675757
Esboço sobre parte do arquivo fotográfico
Entrada da obra | N´Dalatando 2010
Do Arquivo Fotográfico | Construção da Maternidade Dalatando | Angola 2011
Do Arquivo Fotográfico | Construção da Maternidade Dalatando | Angola 2011
Em progresso...
Parte inicial do objecto
#
#2
Vista horizontal
Objecto Tridimensional
Impressão laser
10 cm x Comprimento indeterminado | 2011
#1
Vista topo
Plant a Hundred
100 moedas de 1 euro, 4 cápsulas de plástico amarelo
Dimensões Variáveis | 2009
Frames da documentação da performance
Epipiderme 16 | Espaço do Urso e dos Anjos | 2011
Video: http://vimeo.com/28675757 ou em attach no DVD
PLANT
( a place where a manufacturing process takes place )
O primeiro momento de “Plant (a place where a manufacturing process takes place)” é a escrita em Stencil do título
na parede do local. Seguidamente, cem moedas de um Euro são lançadas aleatoriamente para o espaço. Estas
moedas são depois individualmente coladas com silicone no local onde cairam. Ao finalizar-se este processo, são removidas da silicone. No chão do local, como rasto da performance, ficam colados ao chão os cem moldes rigorosos
e transparentes de um Euro. A obra “Resto” nasce da acumulação escultórica destes moldes, em formato adaptável
a cada contexto expositivo.
Toda esta gestualidade emana da relação corrente entre as pessoas e os seus diversos empregos, entre as pessoas
e o dinheiro.
Resto
Cola quente sobre parede
Dimensões Variáveis | 2011
Performance Funcional
10 Sanitas, 10 Tampos Pretos, 20 Parafusos, 10 L de água
47 x 635 x 60 cm | 2008
Fotos: Tiago Brás
Performance Funcional
Terreiro do Paço, Lisboa 2008
Video:http://vimeo.com/28691013 ou em attach no DVD
Foto: João Bento
A peça “Performance funcional” é a montagem, num espaço público e em linha recta, de dez sanitas. Parte de um dispositivo
inicialmente invisível no tecido da cidade porque aparentemente funcional: uma carrinha, materiais de construção, um trabalhador,
gestos operativos. A peça vai então, ao erguer progressivamente uma presença física que não corresponde às espectativas dos
transeuntes, criar também todo um peculiar jogo de tensões entre quem faz e quem vê.
Uma obra fotográfica nasceu também a partir desta performance.
Frame Work
Moldura de madeira, parede e tomada eléctrica
80 x 60 cm | 2011
Sketch For a Fire Work
34 Fotografias Durst Lambda 131
Dimensões Variáveis | 2010
Untitled Table
9 Fotografias Durst Lambda 131
Dimensões Variáveis | 2011
Pintura Escondida ( molhada )
Stencil e tinta plástica sobre tela
40 x 50 cm | 2011
“Pintura Escondida” é uma obra que, sendo molhada pouco antes da abertura da exposicão, revela algo que progressivamente volta a esconder-se.
Pintura Escondida ( seca )
Stencil e tinta plástica sobre tela
40 x 50 cm | 2011
Foto do arquivo Aspectos Exteriores
O trabalho serigráfico nasce da observação daquilo que os agentes urbanos e climatéricos fazem aos cartazes publicitários e aos anúncios exteriores de todo o género. O conjunto de intenções presentes na publicidade e, por exemplo, numa
matrícula automóvel tornam-se progressivamente abstractos e portadores de uma esteticidade vital. A aceleração, a acumulação e a erosão podem ser descobertas como elementos criadores. É também a própria História da Arte e os locais por
onde já passou que nos permite esta percepção sobre o caos urbano. São as rigorosas tecnicas ocidentais e japonesas de
serigrafia que nos permitem dizer com precisão o potencial voraz da máquina de fazer arte que é a cidade.
27-39-RI
Serigrafia, tinta acrílica sobre Sommerset Velvet White
152 x 113 cm | 2006
Prémio Artes Plásticas Jovens Criadores
399
Xilogravura, serigrafia sobre papel japonês Shiramine 110 gsm
230 x 153 cm | 2005
Prémio Birgit Skiold Memorial Trust
Sem título
Xilogravura sobre Sommerset Velvet 250gsm
152 x 102 cm | 2005
Sem título 1/9
Serigrafia sobre Fabriano 150gsm
50 x 65 cm | 2005
Sem título (disposição da peça) 9/9
Serigrafia sobre Fabriano 150gsm
Dimensões variáveis | 2005
Sem título
Monoprint sobre papel
140 x 200 cm | 2003
Sem título
Monoprint sobre papel
42 x 30 cm | 2003
Pintura sobre tecto falso
Tinta acrilíca sobre contra-placado
15 módulos 80 x 70 cm
Dimensões Variáveis | 2003
Army project | 2010
Tiago Gandra faz nascer uma obra em que as suas vivências eminentemente urbanas ora se recriam enquanto gesto de conscência
explícita (uma performance sobre o sistema económico, a documentação da construção de uma maternidade em Angola) ora como
acto mais puramente plástico (serigrafia, fotografia). Em qualquer dos casos, não há qualquer lugar para retóricas intelectuais excessivas acerca da politização do acto e há também sempre uma extrema exigencia com o rigor estético de cada material ou solução encontrados. A sua obra estende-se por vários mediums, cada qual convocado consoante o projecto em causa. Os gestos operados e os
títulos dizem o estritamente necessário, cabendo a quem vê a obra a revitalização pessoal do que ela apenas aponta.
A experiência da construção civil em si marca também os gestos, pois a sua família opera nessa área e há todo um imaginário do
Construir que, embora sempre pessoalíssimo e afectivo, impregna de uma certa urgência cada obra sua. Mesmo que se trate apenas
de uma obra gráfica, dir-se-ia que uma ética humana do construir está sempre presente na obra do Tiago. Construir implica reparar no
que está à nossa volta, fazer escolhas, fazer contas, reflectir, às vezes claramente provocar, às vezes fazer obras apenas para tornar
mais agradável a cozinha da nossa namorada. Mas com certeza construir implica sempre a assumir por inteiro a posição que ocupamos com os nossos gestos no espaço, e implica ocupá-lo bem.
Daniel Melim Novembro 2011, Lisboa
Nota Biográfica
Tiago Gandra ( 1979, Portugal ) nasceu e vive em Lisboa, onde concluiu o curso de Design Têxtil da Escola Secundária António Arroio (1998 ) e a licenciatura de Artes Plásticas em Pintura da ESTGAD nas Caldas da Rainha ( 2003 ). Realiza o Master
em Printmaking na Camberwell College of Arts ( 2005 ) e desde então começa a sua investigação entre as Artes Performativas
as Artes Visuais e a Vida. Actualmente desenvolve os seus projectos artísticos e vai colaborando com alguns coreógrafos e
criadores, destacando o seu recente projecto com Daniel Melim da Galeria de Arte Ambulante do Antigo Ministério da Cultura, a
peça Atlas de Ana Borralho & João Galante e com Rui Catalão na residência EVA uma parceria entre o CP de Artes e Ideias e o
programa Escolhas.
Exposições Colectivas
2011 WHO Galeria, Bairro Alto, Lisboa
Porta 187, Espaço JUP, Porto
2010 Cidade Pré-ocupada, Oficinas do Convento, Montemor-o-novo
2009 JunhodasArtes, Óbidos
2008 Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo, Itália
2006 Bienal de Jovens Criadores, Montijo (Prémio Artes Plásticas)
2005 MA Printmaking Degree Show, Londres (Prémio Birgit Skiold Memorial Trust)
2 Seoul International Book Fair, Coreia
Bienal de Coruche
Performance
2011 Atlas, Ana Borralho & João Galante, Teatro Maria Matos, Lisboa
World of Interiors, Ana Borralho & João Galante, Convento da Saudação, Montemor-o-novo
Plant ( a place where a manufacturing process takes place ), Epipiderme16, Lisboa
Monster, Carlota Lagido, Eira33, Lisboa
2010 África Fantasma, João Samões, Instituto Franco Português, Lisboa
Wanna be your lover - Los Pinoñes, Oficinas do Convento, Montemor-o-novo
English Class - Los Pinoñes, Oficinas do Convento, Montemor-o-novo
Twelve Works, Lara Portela, Plataforma Revólver, Lisboa
2009 Vende-se País Solarengo Com Vista Para O Mar, Cláudia Dias, Fórum Romeu Correia, Almada
Super Nada, Dinis Machado, Espaço Land, Lisboa
2008 Uma Performance Funcional, REDE, Terreiro do Paço, Lisboa
Uma Performance Funcional, PólvoraMuse, Fábrica da Pólvora, Oeiras
Contacto:
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