A educação para a paz como caminho
para a fé e a cultura
Prof. Dr. Pe. Marcelo Rezende Guimarães
15 de junho de 2004
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1. Ponto de
partida:
a
desnaturalização
das noções de
violência, guerra
e paz
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a) CONSTRUTOS CULTURAIS
guerra é uma
invenção igual a quaisquer outras
invenções pelas quais ordenamos nossas
vidas, tais como escrever, casar-se,
cozinhar nosso alimento em lugar de
comê-lo cru, o julgamento por jurados, o
enterro dos mortos, etc.".
Margaret
Mead:
"a
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Manifesto de Sevilha (1986): a biologia
não condena a humanidade à guerra; a
mesma espécie que inventou a guerra
pode inventar a paz.
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b) CONSTRUTOS PEDAGÓGICOS:
- paz e violência se aprendem!
- paz e violência se ensinam!
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2.
Emergência de idéias, processos sociais,
ferramentas e mecanismos institucionais alternativos
à violência
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Magnus Haavelsrud:
"está-se testemunhando um movimento de
libertação protagonizado pelas mulheres, as
minorias étnicas, os grupos que sofreram
violações de direitos humanos, a classe
trabalhadora e os pobres de todo mundo,
que, se continuado, envolverá mais e mais
pessoas, confrontando as estruturas de paz
com as estruturas de violência".
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Elise Boulding:
"a cultura de paz
tem
sido
uma
cultura escondida,
guardada viva nas
rachaduras de uma
sociedade
violenta".
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Boaventura de
Souza Santos:
“entre as ruínas que
se escondem atrás
das fachadas, podem
pressentir-se os
sinais, por enquanto
vagos, da emergência
de um novo
paradigma”.
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A produção cultural da paz
emergência de práticas não-violentas
valoração dos direitos humanos
sensibilidade para questões de gênero,
infância e juventude, meio-ambiente
desarmamento
práticas de resolução de conflitos
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3. A força
dos atavismos
culturais: a
produção
cultural da
violência
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Eduardo Galeano: a escola do mundo ao
avesso:(...) não requer exame de admissão, não
cobra matrícula e dita seus cursos,
gratuitamente, a todos e em todas as partes...
O mundo ao avesso gratifica o avesso:
despreza a honestidade, castiga o trabalho,
recompensa a falta de escrúpulos e alimenta o
canibalismo... Os países responsáveis pela paz
universal são os que mais armas fabricam e os
que mais armas vendem aos demais países...”.
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A produção cultural da violência
organizações culturais
nomes de ruas
formas de lazer e e esporte
piadas
meios de comunicação
instituições religiosas
músicas
padrões familiares
cantigas infantis
currículos escolares
ditados
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4. A educação para a paz como um
mapa social na transição paradigmática
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PARADIGMA DOMINANTE
mapa social: a
educação para a paz
PARADIGMA EMERGENTE
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Patrícia White: “a educação para a paz
não constitui um conjunto de atividade
periféricas para as quais devemos buscar
desesperadamente uma justificação ad
hoc, mas ocupa um lugar central na
formação
dos
cidadãos
de
uma
comunidade democrática”.
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a) espaço de
práticas de
diálogo e
tolerância
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- aprender que os conflitos são um
elemento importante de todo grupo humano
e instrumentalizar sua resolução nãoviolenta;
- aprender a diminuir o potencial de
agressão, ajudando as pessoas a lidar com
sua agressividade;
- aprender a abolir preconceitos e
estereótipos e oportunizar uma experiência
de convivência pluricultural;
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b) espaço de debate e estudo sobre violência e paz
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- aprender a criticar o currículo oculto da
violência, com atitudes antimilitaristas e
rejeição da violência nos meios de
comunicação, brinquedos, jogos de guerra e
demais instâncias da sociedade;
- aprender a operar consenso para a paz,
proporcionando concretizar as visões de
futuro e de projeto de uma sociedade em paz;
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c) espaço de promoção da paz e da não-violência
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- aprender a fortalecer a capacidade
de mudança para a paz, empoderando
pessoas para transformar estruturas
contrárias à paz;
- aprender a fortalecer conexões com
grupos e organizações pacifistas;
- aprender a criar referências nãoviolentas, pessoais e comunitárias;
- aprender a trabalhar pela justiça
social e pelos direitos humanos;
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5. A educação para a paz, como caminho de
superação para a falsa aporia fé e cultura:
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A
centralidade
da
paz
no
cristianismo:
Erasmo: “Summa nostrae religionis
pax” (A paz é a síntese de nossa
religião).
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Universidades católicas: os imperativos de
uma cultura de paz, não como um apêndice
de sua missão, mas como o seu próprio
coração.
Desde 1986, a Federação Internacional das
Universidades Católicas, com a organização
do simpósio A paz, desafio à universidade
católica, tem apoiado suas afiliadas para
manterem-se engajadas nesta problemática
e atualizadas regularmente, para fazer da
paz um dos domínios de competência e
intervenção privilegiadas das universidades
católicas.
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A educação para a
paz, como caminho
de superação para
a falsa aporia fé e
cultura:
justiça e paz se
abraçam,
fé e cultura dãose as mãos!
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Acabou o nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções.
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações, saudades,
E cinzas foi o que restou.
Pelas ruas o que se vê,
Quem nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando, dançando
e cantando cantigas de amor.
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E, no entanto, é preciso cantar,
Mais do que nunca é preciso
cantar,
É preciso cantar e alegrar a
cidade.
A tristeza que a gente tem,
qualquer dia vai se acabar.
Todos vão sorrir,
voltou a esperança,
é o povo que dança,
contente da vida,
feliz a cantar.
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Porque são tantas coisas azuis,
há tão grandes promessas de luz,
tanto amor prá dar
E que a gente nem sabe.
Quem me dera viver prá ver
E brincar outros carnavais,
com a beleza dos velhos carnavais.
Que marchas tão lindas
e o povo cantando seu canto de paz!
(Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, Marcha da
quarta-feira de cinzas)
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