g1
ge
gshow
famosos
vídeos
CULTURA
COMPARTILHAR
BUSCAR
LIVROS
PUBLICIDADE
Roxane Gay e a defesa do
feminismo imperfeito
Com o best-seller ‘Bad feminist’, autora americana propõe ativismo mais flexível
POR O GLOBO
10/01/2015 6:59 / ATUALIZADO 10/01/2015 14:08
RIO — Não é
preciso ser uma
feminista perfeita
para defender a
igualdade de
gênero. Com esse
lema, a
americana
Roxane Gay
mostra um outro
ângulo no debate
sobre o direito
das mulheres. Em
vez de cravar
respostas e impor
padrões de
comportamento,
a romancista e
ensaísta expõe
suas próprias
falhas e
contradições,
sustentando que
há muitas formas
de viver o
feminismo. Em
seu livro “Bad
feminist” (Má
feminista, em
PUBLICIDADE
tradução literal), uma reunião de textos
publicados originalmente em jornais como “The
Guardian” e sites como “Slate”, a autora de
origem haitiana promove um ativismo mais
flexível. Segundo ela, o “pedestal feminista”
teria “roubado o feminismo das feministas” com
seus altos padrões, exigências e restrições. É
possível, por exemplo, gostar de hip hop mesmo
que suas letras sejam misóginas, ou apreciar
revistas de moda apesar de elas perpetuarem
uma ideia prejudicial das mulheres. Em um
ensaio comovente, ela mostra como os livros da
série infantojuvenil “Sweet valley high”,
protótipo da juventude branca americana,
ajudou a moldar sua formação como mulher
negra da classe operária.
Lançada em agosto passado nos Estados
Unidos, a publicação fez sucesso ao misturar
memorialismo com crítica cultural. A revista
“Time” chegou a anunciar: 2014 é “o ano
Roxane Gay”. O estilo da autora é incisivo e
caloroso. O leitor tem sempre a impressão de
estar conversando com uma velha amiga,
alternando passagens de raiva, emoção e
humor.
“Eu abraço o rótulo de bad feminist porque sou
humana”, explica ela em um dos ensaios do
livro. “Sou bagunçada. Não estou tentando
servir de exemplo para ninguém. Não estou
tentando ser perfeita. Não estou tentando dizer
que tenho todas as respostas. Não estou
tentando dizer que estou certa. Estou apenas
tentando — tentando apoiar aquilo em que
acredito, tentando fazer algo bom nesse mundo,
tentando fazer algum barulho com minha
escrita sem deixar de ser eu mesma”.
Como chegou ao conceito de bad
feminism?
Comecei a me autoproclamar bad feminist com
certa ironia, porque era engraçado. Mas quanto
mais eu usava o termo, mais eu me dava conta
que também era uma maneira útil de pensar o
meu feminismo. Sou profundamente
empenhada em alcançar a igualdade para as
mulheres e em pensar de forma interseccional,
mas também sou humana e tenho defeitos.
Precisava criar um espaço dentro do feminismo
para que eu pudesse ser eu mesma.
Por que devemos questionar a
necessidade de perfeição no feminismo?
Historicamente, tem­se a impressão de que o
feminismo aprisionou as mulheres a padrões
injustos, onde era preciso se prender a um
conjunto muito específico de crenças e agir em
um conjunto muito específico de maneiras para
ser uma ativista adequada. É algo irrealista, não
inclusivo e insustentável. Precisamos desafiar
essa ideia de perfeição para que mais pessoas
aprendam o que o feminismo realmente é e,
com sorte, desejem que ele faça parte de suas
vidas.
Seus ensaios são muito focados na
cultura pop, e não temem analisar ou
elogiar produtos que fazem, como você
mesmo reconhece, uma má
representação das mulheres. Qual o
papel da cultura pop na sua escrita? Ela
ajuda a humanizar aquilo que é apenas
teórico?
Sem dúvida. Não importa se eu estou falando
sobre cultura pop ou sobre cultura erudita,
ainda assim estarei falando sobre cultura em
um espectro, e de como as pessoas se expressam
de forma criativa. Ao falar sobre cultura pop,
estou me aproximando de algo acessível através
de uma lente feminista. Espero assim oferecer
ferramentas mais fortes para que se pense sobre
a nossa cultura e o alcance e as consequências
dessa cultura.
Historicamente, o feminismo tem
negligenciado outras minorias, incluindo
mulheres afro­americanas?
Com certeza. Por muito tempo, o feminismo se
preocupou principalmente com a mulher branca
de classe média. O movimento negligenciou
mulheres de cor, mulheres queers, operárias,
transgêneras, como se primeiro fosse preciso
lidar com os problemas das mulheres de classe
média brancas e depois com o resto. Isso está
mudando lentamente, e chegou a hora de tentar
trazer mais mudanças em um ritmo mais
acelerado, porque a necessidade é grande lá
fora.
O feminismo entrou na agenda de
celebridades. Cantoras como Beyoncé
estariam usando o movimento como uma
simples estratégia de marketing? É
possível que as ideias feministas acabem
diluídas ou edulcoradas por esse
fenômeno?
Não concordo. Quando celebridades defendem
o feminismo e seus ideais, elas estão ampliando
o alcance do feminismo. Elas podem não
oferecer tudo aquilo que existe no feminismo,
mas ainda assim podem ser uma bastante
necessária porta de entrada.
E qual o papel da internet na
popularização do movimento? Os blogs
teriam ajudado a “dessacralizar” o
feminismo?
A internet tornou a inclusão dentro do
movimento feminista mais possível. Há muitos
fóruns, muitas maneiras de usar nossas vozes
sobre questões importantes para nós e isso
ajuda o movimento a crescer de forma
empolgante.
Você foi vítima de um estupro na
adolescência e já declarou que o trauma
moldou a sua escrita. Que influência ele
teve na sua formação feminista?
O que eu vivi fez com que falar sobre violência
sexual e as repercussões da cultura do estupro
tivesse uma importância crítica para o meu
feminismo. Gostaria de pensar que isso também
me ajudou a ser mais compreensiva com as
mulheres, independentemente de suas
experiências terem sido semelhantes às minhas
ou não.
Miracle Material Unveiled
outsiderclub.com/Graphene
Graphene Investment To Soar Best
Investment Of The Year.
ANTERIOR
As armas do humor
PRÓXIMA
Com adesão de celebridades,
feminismo entra no
vocabulário pop
VOCÊ PODE ESTAR INTERESSADO EM...
ESPORTES
SOCIEDADE
Modelo alemã se
oferece para ser
motorista particular
de Marco...
Joalheria americana
Tiffany apresenta
pela primeira vez
casal...
BLOG
BLOG
RIO
'Escrava
sexual' de
príncipe recebe
proposta
milionária
para...
Vítima de
'pornografia de
vingança'
decide expor
nudez na...
Jovem de 16
anos vítima de
estupro
começa a
chorar e
interrompe...
EM DESTAQUE AGORA NO GLOBO
PETRÓLEO E ENERGIA
ECONOMIA
ECONOMIA
BRASIL
EDUCAÇÃO
Atividade econômica
fraca faz consumo de
energia cair, apesar
do calor
Petrobras adia
pagamento de
participação nos
lucros
Metalúrgicos
protestam contra
demissões em São
Paulo
Petistas condenam
críticas públicas
feitas por Marta
Sisu abre consulta de
vagas na primeira
edição de 2015
02 Bernardinho
revela
pressão
03 Mergulhadores
indonésios
localizam
04 Cerveja
contaminada
mata ao
05 Banhistas
são
alvos de
MAIS LIDAS
da
01 Premier
Dinamarca
leva tombo
ao descer
escadas do
Palácio do
Eliseu, em
Paris
de Ary
Graça
sobre
seu
filho:
'Ameaçou
processar
o Bruno'
caixapreta de
avião da
AirAsia,
diz
ministério
menos
69
pessoas
em
funeral
em
Moçambique
arrastões
nas
areias
de
Ipanema,
neste
domingo
de
praias
lotadas
Shopping
TÓPICOS VERÃO LAVA-JATO ENEM-VESTIBULAR OBITUÁRIO RETROSPECTIVA
VERSÃO MOBILE
RIO
ECONOMIA
CULTURA
ESPORTES
MAIS +
ANCELMO.COM
GENTE BOA
VERÃO 2015
BAIRROS
DESIGN RIO
EU-REPÓRTER
RIO 2016
RIO 450
TRÂNSITO
MIRIAM LEITÃO
DEFESA DO CONSUMIDOR
EMPREGO
IMÓVEIS
INDICADORES
INFRAESTRUTURA
NEGÓCIOS E FINANÇAS
PETRÓLEO E ENERGIA
BLOG DO XEXÉO
PATRÍCIA KOGUT
TEATRO E DANÇA
ARTES VISUAIS
FILMES
LIVROS
MÚSICA
RIO SHOW
BOTAFOGO
FLAMENGO
FLUMINENSE
VASCO
RENATO M. PRADO
MMA
RADICAIS
PULSO
OPINIÃO
BLOGS
VÍDEOS
PREVISÃO DO TEMPO
INFOGRÁFICOS
EU-REPÓRTER
SOCIEDADE
ESTILO
TV
CONTE ALGO QUE NÃO SEI
EDUCAÇÃO
HISTÓRIA
MÍDIA
RELIGIÃO
SEXO
SUSTENTABILIDADE
BELEZA
CARROS
DECORAÇÃO
MODA
GASTRONOMIA
TURISMO
PATRÍCIA KOGUT
BRASIL
ELIO GASPARI
ILIMAR FRANCO
JORGE BASTOS MORENO
MERVAL PEREIRA
BLOG DO NOBLAT
© 1996 - 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem
autorização.
CENTRAL DO ASSINANTE CLUBE SOU+RIO FAÇA SUA ASSINATURA AGÊNCIA O GLOBO O GLOBO SHOPPING FALE CONOSCO DEFESA DO CONSUMIDOR EXPEDIENTE ANUNCIE CONOSCO
TRABALHE CONOSCO POLÍTICA DE PRIVACIDADE TERMOS DE USO
Download

Roxane Gay e a defesa do feminismo imperfeito