INSTITUTO DE CIÊNCIAS E SAÚDE FUNORTE PREVALÊNCIA DE HÁBITOS BUCAIS E A RELAÇÃO COM MALOCLUSÃO DE ANGLE EM UMA AMOSTRA DE PACIENTES BRASILEIROS CRISTIANA DE PAULA PEDRO SÃO PAULO 2010 CRISTIANA DE PAULA PEDRO PREVALÊNCIA DE HÁBITOS BUCAIS E A RELAÇÃO COM MALOCLUSÃO DE ANGLE EM UMA AMOSTRA DE PACIENTES BRASILEIROS Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE NÚCLEO TATUAPÉ, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. Orientador: Nelson José Rossi São Paulo 2010 CRISTIANA DE PAULA PEDRO Aprovada em ____/____/_____. BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Nelson José Rossi (orientador) Doutor Instituição _________________________________________________ Rosa Carrieri Rossi Mestre Instituição _________________________________________________ Nelson José Carrieri Rossi Mestre Instituição CONCEITO FINAL: _____________________ Agradecimentos Agradeço a minha mãe que está sempre me apoiando e estimulando a novas conquistas. Agradeço aos meus colegas de turma que me acompanharam e me ajudaram durante todo o curso. Agradeço aos meus amigos Ravi Ângelo e Fabiana Terra que foram meus parceiros em todos os momentos do curso e aos colegas que participaram da coleta de dados para os nossos trabalhos. Agradeço aos professores Rosa Carrieri Rossi e Nelson José Rossi pelos conhecimentos ensinados e atenção dada ao longo do curso. Agradeço a minha família que sempre me apoiou e às minhas amigas Cristiane Gibim, Marcela Alves, Amanda Costa, Carina Lacerda, Daniela Yano e Vanessa Horta que me estimularam e incentivaram. E por fim aos colegas Paulo Victorino, Daniela e Neuza que me auxiliaram durante o curso e trabalho de conclusão, e ao Dr. Marcelo que me ajudou no consultório nos meus dias ausentes. Lista de Tabelas TABELA 1 – Freqüência absoluta (n) e relativa (%) do tipo de hábito bucal............................................................................................pág. 16 TABELA 2 – Freqüência absoluta (n) e relativa )%) do tipo de maloclusão...................................................................................pág. 17 TABELA 3 – Freqüência absoluta (n) e relativa (%) do grupo I e maloclusão...................................................................................pág. 18 TABELA 4 – Freqüência absoluta (n) e relativa (%) do grupo II e maloclusão....................................................................................pág. 19 TABELA 5 – Freqüência absoluta (n) e relativa (%) do grupo III e maloclusão....................................................................................pág. 20 TABELA 6 – Associação entre o tipo de hábito bucal e maloclusão de Angle.............................................................................................pág. 21 Resumo A etiologia das maloclusões é multifatorial e não uma causa específica. A interação de vários fatores, entre eles os hábitos bucais, pode influenciar o crescimento e desenvolvimento dos maxilares resultando em maloclusões. O objetivo da pesquisa foi relacionar a presença de hábitos bucais de sucção de dedo, chupeta e onicofagia com a maloclusão classe I, II e III de Angle. A amostra foi composta de 86 pacientes, 52 do sexo feminino e 34 do sexo masculino com idade média de 11 anos e 9 meses com hábitos bucais de sucção de dedo, chupeta ou onicofagia. Para verificar a relação entre maloclusão e hábitos bucais foi utilizado teste estatístico do qui-quadrado e adotado nível de significância de 5% (p≤ 0,05). Os resultados mostraram que 80% da amostra tinha hábito de onicofagia, 11% sucção de dedo e 9% sucção de chupeta. Quanto a maloclusão de Angle, 53,5% eram classe II, 27,9% classe I e 18,6% classe III. Concluise que não houve associação estatisticamente significante entre presença de hábitos de sucção de dedo, chupeta e onicofagia e maloclusão de Angle. Palavras-chaves: hábitos bucais, onicofagia, maloclusão V Abstract The multifactorial etiology of malocclusion is a not specific cause. The interaction of several factors, including the oral habits can influence the growth and development of the jaws resulting in malocclusion. The purpose of this research was to relate the presence of oral habits of finger sucking, pacifier and onychophagy with malocclusion Class I, II and III. The sample consisted of 86 patients, 52 females and 34 males with a mean age of 11 years and 9 months with oral habits of finger sucking, pacifier or onychophagy. To investigate the relationship between oral habits and malocclusion was used statistical test, chi-square and the level of significance of 5% (p ≤ 0.05). The results showed that 80% of the sample had the habit of onychophagy, 11% of finger sucking and pacifier sucking 9%. As for Angle's malocclusion, 53.5% were class II, class I 27.9% and 18.6% class III. It is concluded that there was no statistically significant association between the presence of finger-sucking habits, pacifier and onychophagy and malocclusion of Angle. Key-words: oral habits, malocclusion, onychophagy VI Sumário RESUMO.................................................................................................V ABSTRAT................................................................................................VI 1 – INTRODUÇÃO................................................................................. 1 2 – REVISÃO DA LITERATURA..........................................................3 2.1 Sucção de dedo e chupeta..............................................................3 2.2 Onicofagia......................................................................................8 3 – PROPOSIÇÃO..................................................................................12 4 – MATERIAL E MÉTODO..................................................................13 4.1 Material..........................................................................................13 4.2 Métodos.........................................................................................14 5 – RESULTADOS..................................................................................15 6 – DISCUSSÃO......................................................................................22 7 – CONCLUSÃO....................................................................................25 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................26 VII 1- Introdução Nos vários segmentos da saúde têm sido realizados estudos sobre hábitos orais como na odontopediatra, ortodontia, fonoaudiologia e psicologia, sendo que cada especialidade tenta analisar o assunto sob seu prisma já que o surgimento destes causa problemas ao sistema estomatognático (TOLEDO,1996). Os hábitos orais são padrão de contração muscular aprendidos, de natureza muita complexa, que estão ligados diretamente às funções de sucção, deglutição, mastigação e fala (MOYERS,1991;SERAIDARIAN, et al, 2002). A respiração nasal, a mastigação e a deglutição são considerados hábitos fisiológicos e funcionais. Entretanto, a sucção digital, de chupeta, mamadeira e a respiração bucal, dentre outros, são considerados hábitos não fisiológicos, portanto, deletérios ou parafuncionais (AGURTO, 1999). Os principais hábitos que provocam deformidades na oclusão são: onicofagia, bruxismo, respiração bucal, interposição lingual, morder objetos, além dos típicos hábitos de sucção de dedo, chupeta e mamadeira (SERRA-NEGRA,1997; VALENÇA, 2001). A sucção digital e de chupeta são hábitos comuns durante a infância, mais de 90 % das crianças possuem estes hábitos nos primeiros dois anos de vida (WARREN et al.,2000). Mas com a idade esta freqüência diminui bastante (FUKUTA et al,1996) sendo que aos três anos grande parte das crianças já abandonaram este hábito (MOYERS, 1991).Normalmente os hábitos de sucção não nutritiva durante a dentição decídua têm pouco ou nenhum efeito a longo prazo (PROFFIT,1995).Porém se persistirem podem levar a maloclusão de mordida aberta anterior, incisivos superiores vestibularizados e incisivos inferiores lingualizados ( CHEMEY 1959; PROFFIT, 1995). De forma contrária aos hábitos orais relacionados a sucção que são considerados como normais em determinada fase do desenvolvimento da criança, a onicofagia não é classificada em nenhum momento como uma atividade funcional do sistema estomatognático; caracteriza-se como um hábito parafuncional ligado aos músculos mastigatórios, juntamente com o bruxismo, apertamento dental e o morder de lábios e bochechas (BIANCHINI, 1998; PADOVAN, 1996). É comumente observado tanto em crianças como em adultos, e as etiologias sugeridas são ansiedade, stress, solidão, imitação de outro membro da família, hereditariedade e transferência de outro hábito como sucção de dedo (TANAKA, et al, 2008). As maloclusões podem ser definidas como a disposição dos dentes no arco dentário e a relação com as bases ósseas e estruturas relacionadas de forma desarmônica, que se estabelece tanto na dentição decídua quanto na permanente (LOPEZ et al 2001). Podem ser causadas por associação de fatores hereditários, congênitos e pela presença de hábitos bucais deletérios (ALMEIDA et al 2000; MOYERS, 1991). Assim, o desenvolvimento da oclusão ou a erupção dental para a formação das relações oclusais é determinada geneticamente e regulada pela influência ambiental (BRADHINI et al, 2000). Considerando a grande importância de diagnosticar maloclusões e a influência dos fatores ambientais para a instalação destas, procuraremos verificar a relação dos hábitos deletérios como sucção de dedo, chupeta e onicofagia e as maloclusões de classe I, II e III de Angle. 2 - Revisão da Literatura: Os hábitos desenvolvimento das deletérios más podem oclusões, determinar, devido aos entre outras prejuízos que coisas, o ocasionam, principalmente, na posição dos dentes, desencadeando alterações no sistema estomatognático, pois introduzem forças estranhas a esse. Esses podem ser fisiológicos, emocionais ou aprendidos. Segundo Moyers (1991) a quantidade de danos produzida pelos hábitos de sucção depende da Tríade de Graber(1958): freqüência, intensidade e duração. Segundo Lino (2002) eles podem ser divididos em: sucção não nutritiva (sucção de dedo e chupeta), hábitos de morder (objetos, onicofagia e bruxismo) e hábitos funcionais (respiração bucal, deglutição atípica e alteração da fala). Para facilitar a compreensão do texto, dividimos o segmento Revisão de Literatura em dois tópicos: 3.1- Sucção de dedo e chupeta; 3.2- Onicofagia. 3.1- Sucção dedo e chupeta: FUKUTA et al (1996) fizeram um estudo para verificar a influência da sucção digital na dentição decídua em crianças de 3, 4 e 5 anos de idade. O estudo incluiu 930 indivíduos divididos em dois grupos: grupo controle sem hábitos (259 crianças) e grupo estudo com hábito de sucção digital (671 crianças). A sobressaliência foi encontrada de 80,1 a 84% no grupo com hábito de sucção de dedo, enquanto no grupo sem hábito foi de 69,7 a 80,4%. Em todas as idades, a freqüência de mordida aberta e protrusão maxilar para o grupo com hábito foi superior ao grupo sem hábito oral. As freqüências não pareceram ter relação com a idade. Houve um aumento da tendência da maloclusão em crianças que continuaram com o hábito após quatro anos de idade. GUABA et al(1998)realizaram um estudo epidemiológico com 3164 crianças das zona rural com idade entre 6 e 15 anos em Raipur Rani e Naraingarth em Haryana, Norte da índia, avaliando a presença de maloclusão e hábitos orais como sucção de dedo e deglutição atípica. Encontraram 29,2 % das crianças com maloclusão enquanto que 70,8 % tinham oclusão normal. A relação de classe I foi encontrada em 14,4 % das crianças, enquanto a classe II foi observada em 13,5 % e classe III em 1,3 %. Em apenas 3% das crianças da zona rural foram encontrados hábitos orais, com predominância da deglutição atípica e sucção de polegar, sendo que destas crianças 10,3 % apresentavam maloclusão. FORTE, BOSCO (2000) observaram a prevalência de hábitos de sucção não nutritiva em 316 crianças de 3 a 6 anos em Florianópolis – SC. Apenas 22,1% da amostra relatou hábito de chupeta, 8,5% sucção de dedo sendo que 69,3% não relataram hábitos. Verificou-se que com o aumento da idade havia uma diminuição na prevalência dos hábitos. TOMITA, BIJELLA, FRANCO (2000) relacionaram hábitos bucais e má-oclusão em préescolares de 3 a 5 anos de escolas de Bauru – SP. Fizeram um estudo tranversal em duas etapas: exame oclusal e questionário socioeconômico. A classificação de Angle foi adotada para avaliação de aspectos morfológicos da oclusão. Ao todo 618 crianças responderam aos questionários sobre hábitos bucais, saúde infantil e informações sobre condições socioeconômicas. A prevalência de má oclusão foi de 51,3% para o sexo masculino e 56,9% para o sexo feminino. A maior prevalência de má oclusão foi verificada no grupo etário de três anos, decrescendo significantemente com a idade (p<0,05). A má oclusão foi 5,46 vezes maior nas crianças que usavam chupeta em relação às que não usavam e 1,54 vezes mais freqüente nas crianças com o hábito de sucção digital, porém não houve significância estatística. DOLCI et. al. (2001) associaram hábito de sucção e maloclusão na dentadura decídua em 444 crianças com idade entre 2 e 6 anos, de ambos os sexos, em Porto Alegre – RS. Através de questionários respondidos pelos pais obtiveram informações referentes ao tipo de hábito e o tempo. De acordo com o hábito de sucção, classificaram as crianças em grupo A não-suctores e grupo B suctores sendo que este último foi subdividido em suctores digitais (grupo B1) e suctores de chupeta (grupo B2). Foram feitos exames clínicos para observar presença ou ausência de maloclusões. Os resultados indicaram que a sucção de chupeta teve efeito mais intenso sobre o desenvolvimento normal da dentição decídua do que a sucção de dedo. Além disso, este hábito apresentou uma maior freqüência em indivíduos com idade entre 4 e 6 anos. PILLON, VIEIRA (2001) realizaram uma pesquisa para avaliar a freqüência de maloclusão em crianças de 5 a 8 anos com hábito de sucção de dedo e chupeta. As informações foram coletadas através de questionários respondidos pelos pais e exames clínicos. Os resultados mostraram que 80% dos pacientes com estes hábitos apresentaram maloclusão dentária; 67,3% apresentaram classe II de Angle; 14,5% classe I e 2,6% classe III. WARREN et al (2001) fizeram um estudo longitudinal com 700 crianças que participavam do estudo “The lowa fluoride study”. Estas crianças foram avaliadas desde o nascimento, com 3,6,9,12,16,20,24,36 e 48 meses através de questionários respondidos pelos pais sobre presenças de hábitos bucais de sucção não nutritiva (chupeta e dedo) e morder objetos e a duração destes. Desta amostra, obtiveram modelos de estudos de 372 crianças já com idade de 4 a 5 anos que ainda participavam deste estudo que avalia fluorose e cárie dental, que tinham um ou mais dentes permanentes erupcionados ou em erupção.Destes modelos de estudos avaliaram a forma do arco, presença de mordida cruzada posterior e anterior e mordida aberta anterior. As crianças foram categorizadas quanto a duração do hábito e a presença ou não do hábito. Apenas 2,2% não apresentaram hábitos de sucção em nenhuma fase. Concluíram que crianças que mantêm o hábito por mais de 24 meses de idade têm maiores chances de apresentarem alterações oclusais principalmente com 48 meses com mais. ALMEIDA, NOGUEIRA FILHO, JARDIM (2002) através de um estudo estatístico avaliaram a prevalência de maloclusão e hábitos bucais deletérios em 261 escolares de 6 a 12 anos matriculados em 12 escolas municipais, sendo 2 localizadas na zona urbana e 10 na zona rural na cidade de Uiraúna –PB. Foram feitas perguntas quanto a presença dos hábitos aos pais e realizados exames clínicos para verificar presença de maloclusões. Os resultados mostraram que 58,7% da amostra apresentaram maloclusão, porém sem diferença estatisticamente significante entre as zonas rural e urbana. Entre os hábitos avaliados (sucção de dedo, chupeta e onicofagia) 21,9% relataram onicofagia como hábito, 9,57% sucção digital e 6,13% sucção de chupeta. A relação entre presença de hábitos e maloclusões não foi estatisticamente significante. SILVA FILHO (2003) com o propósito de verificar a prevalência dos hábitos de sucção na dentição decídua e os diferentes tipos de maloclusões deles decorrentes estudou uma amostra de 2016 pré-escolares de escolas públicas e particulares de Bauru – SP de 3 a 6 anos com dentição decídua completa. Com o aumento da idade notou-se menor dependência dos hábitos de sucção. Em relação às formas em que os hábitos se exprimem, as mais frequentes foram mamadeira 29,96% e chupeta 28,95%, seguidas pela associação de hábitos 20,68%, dedo 9,72% e lábio 0,89%. Cerca de 20% das crianças com hábitos bucais de sucção não exibiam más oclusões com etiologia vinculada à presença deles. Não foi constatado vínculo etiológico entre hábitos bucais de sucção e relação dentária da Classe II de Angle. COSER et al (2004) realizaram um estudo onde selecionaram somente crianças que utilizavam chupeta por um tempo maior ou igual a quatro anos de idade. Estas crianças residiam em Cambe – PR e tinham mais de 6 anos de idade e foram submetidas a exame clínico pelos autores que foram devidamente calibrados. Das 50 crianças examinadas, 28 interromperam o hábito por volta dos 4 anos e 6 meses, 12 interromperam com 5 anos e 10 ainda apresentavam o hábito com 6 anos ou mais. Das 28 que abandonaram o hábito por volta de 4,5 anos apenas 17% tinham mordida aberta anterior. 46% das que abandonaram por volta dos 5 anos tinham esta maloclusão. No caso das crianças com persistência do hábito até 6 anos ou mais 100% tinham mordida aberta anterior. Assim concluíram que se o hábito de sucção de chupeta for interrompido até os quatro anos de idade existe uma tendência a autocorreção dos efeitos causados. BISHARA et al (2006) fizeram um estudo longitudinal para relacionar a duração dos hábitos de sucção não nutritiva em crianças de 1 a 8 anos e alterações oclusais na dentição decídua.Acompanharam 797 crianças desde o nascimento. De 372 crianças de 4 a 5 anos foram obtidos e analisados modelos de estudo para verificar alterações oclusais. Os pacientes foram divididos em grupo com até 12 meses, e outro grupo com pacientes com mais de 48 meses. Houve uma significativa (p≤ 0,01) diminuição da incidência de hábitos de chupeta entre 1 e 5 anos de idade, de 40% para 1%. Os pacientes com hábito de sucção de dedo também apresentaram diminuição de 31% para 12% entre 1 e 4 anos. Entre 4 e 7 anos de idade, a diminuição da incidência atingiu um platô - ou seja, a queda continuou, mas a um ritmo mais lento. Entre 7 e 8 anos de idade, houve uma diminuição da incidência de hábitos de sucção de dedo, mas 4% das crianças ainda apresentavam o hábito. As crianças que tiveram hábitos de chupeta ou dedo de duração inferior a 12 meses não tiveram significativamente diferentes características oclusais. As alterações significativas nas características oclusais na dentição decídua foram observadas apenas nos pacientes com tempo prolongado dos hábitos. CAVALCANTI, BEZERRA, MOURA (2007) avaliaram 342 crianças de 3-5 anos em Campina Grande - PB para verificar a prevalência de hábitos de sucção nutritivos e não nutritivos e a presença de maloclusão. Coletaram os dados através de entrevistas com as mães e exame clínico das crianças. A prevalência de hábitos de sucção foi de 70 a 77% em todas as faixas etárias. As maloclusões foram encontradas em 87% das crianças. Houve relação estatisticamente significante entre a presença de hábitos de sucção e maloclusão (p<0,01). OVSENIK et al (2007) através de um estudo longitudinal estudaram as mudanças funcionais e morfológicas das maloclusões em crianças de 3 a 12 anos.Foram selecionadas 277 crianças de um estudo de coorte anterior com 560 indivíduos. Através de exames clínicos observaram alterações funcionais como respiração bucal, deglutição atípica, sucção de dedo e chupeta e uso de mamadeira. Comparam as alterações morfológicas e funcionais em crianças de 3, 4, 5 e 12 anos. Até 5 anos de idade houve uma relação estatisticamente significante (p≤0,05) entre presença de hábitos de sucção e deglutição atípica. De 6 a 12 anos houve relação entre alterações funcionais e oclusais. Concluíram que alterações das funções orofaciais causam maloclusões. GÓIS et al (2008) investigaram a influência de hábitos de sucção não nutritivos e desenvolvimento das maloclusões. Utilizaram uma amostra de 300 crianças de 3 a 6 anos de pré-escolas públicas e privadas e dividiram em dois grupos de 150 crianças cada. Um grupo controle onde as crianças não apresentavam maloclusão e outro onde as crianças apresentavam pelo menos uma alteração oclusal. Para obter informações sobre presença e a duração de hábitos bucais foram distribuídos questionários. A significância estatística utilizada foi p <0,05. Os fatores de risco para a ocorrência de má oclusão em pré-escolares foram duração de sucção de chupeta após 2 anos de idade e respiração bucal. A maloclusão na dentição decídua estava diretamente relacionada à duração do hábito sucção de chupeta após 2 anos de idade. Num estudo longitudinal de 5 anos, HEBLING et al (2008) avaliou a relação entre maloclusões, comportamento demográfico e socioeconômico em crianças idade pré-escolar (3 a 6 anos).Foram examinadas 728 crianças de 22 escolas públicas e 18 particulares. Foram feitos exames clínicos e coletadas informações sobre condição socioeconômica e presenças de hábitos através de questionários respondidos pelos pais. Os resultados mostraram que 83% das crianças tinham hábitos bucais como sucção de dedo, chupeta e interposição de língua. Houve uma associação positiva quanto a condição socioeconômica, presença de hábitos bucais e maloclusões. SANTOS et al (2009) verificaram a prevalência e os fatores associados a hábitos de sucção não nutritiva em 1190 crianças de ambos os sexos de faixa etária de 3 a 5 anos matriculadas em creches e pré-escolas de Natal –RN. Utilizaram questionários respondidos pelos pais ou responsáveis com dados como sexo, idade, escolaridade dos pais e questões relacionadas aos hábitos. Obteve-se prevalência de 40,2% de hábitos de sucção não nutritiva, dos quais 27,7% eram de sucção de chupeta e 12,5% de dedo. Os hábitos de sucção apresentaram maior percentual para o sexo feminino, destacando-se a sucção de dedo; em crianças com menos idade destacou-se a sucção de chupeta. Observou-se maior frequência de sucção de chupeta e de dedo, respectivamente, para o nível superior e fundamental de escolaridade dos pais. A regressão logística demonstrou que a menor idade dos indivíduos e o nível médio de escolaridade dos pais (p = 0,035) são fatores independentes para a persistência dos hábitos. 3.2- Onicofagia Onicofagia é definida por Leung, Robson (1990) como hábito oral de morder alguma ou algumas das unhas dos dedos da mão indistintamente. Tem seu início após a erupção dos dentes decíduos e seu aparecimento mais precoce é por volta dos 3 anos de idade. É um hábito comumente observado em crianças e adultos. Quando comparada entre os gêneros masculino e feminino, a onicofagia é relativamente equiparada entre os sexo até os 10 anos de idade. A partir desta idade, o hábito de roer unhas ocorre em geral 10% a mais em meninos do que em meninas. Dentre as etiologias sugeridas estão: transferência de hábito de sucção de dedo, ansiedade, tensão, estresse e imitação de outros membros da família. Para COLETTI, BARTHOLOMEU (1998) geralmente as crianças não substituem hábitos de sucção de dedo e/ou chupeta por outros, após a remoção desses. E quando isso ocorre o mais provável é que esta transferência seja para hábitos que envolvam cobertor ou travesseiro e onicofagia. SHETTY, MUNSHI (1998) fizeram um estudo epidemiológico com 4590 crianças 3 a 16 anos em Mangalore – Índia para avaliar a prevalência de hábitos orais, relacionando com idade, sexo e maloclusão. Dividiram em três grupos: grupo I 1535 crianças de 3-6 anos; grupo II 1511 crianças de 7-12 anos e grupo III 1544 crianças 1316 anos. As crianças foram selecionadas de maneira randomizada em escolas públicas. Na primeira consulta, os pais responderam um questionário sobre presença ou histórico de hábitos bucais. Na segunda consulta, foram feitos exames clínicos observando deglutição e respiração bucal. Os resultados mostraram que 29,7% da amostra têm hábitos bucais, sendo 3,1% sucção de dedo; 4,6% respiração bucal e 12,7% onicofagia. O hábito de onicofagia foi mais prevalente no grupo III e em meninas. Em 28,95 % das crianças dos grupos II e III observou-se maloclusão. As crianças com respiração bucal apresentaram uma correlação significativa com maloclusão de classe II. TARTAGLIA et al (2001) realizaram um estudo na cidade de Belo Horizonte – MG para avaliar hábitos bucais deletérios em 164 escolares entre 6 e 11 anos. Utilizaram questionários respondidos pelos pais a fim de saber quais eram os hábitos prevalentes entre as crianças. O hábito anterior (antes de 6 anos) mais prevalente foi sucção de chupeta, e o hábito mais freqüente atualmente entre os escolares foi morder e roer unhas, sendo que 61,0% das crianças com este hábito relatarem não conseguir abandoná-lo. WINOCUR et al(2001)avaliaram presença de hábitos orais em adolescentes em 323 adolescentes de 15 a 16 anos. Dentre os hábitos avaliados estavam uso de goma de mascar e duração, roer unhas, morder objetos. As adolescentes responderam questionários sobre a presença dos hábitos e sinais e sintomas como dor e cansaço muscular durante a mastigação, dor na região próxima a orelha, dar a palpação, etc. Os resultados mostraram que o hábito mais prevalente foi uso de goma de mascar (62,4%). O hábito de roer unhas foi encontrado em 22% das adolescentes e não apresentou associação com sinais e sintomas estudados. SANTOS, VALENTE (2003) estudaram a prevalência de hábitos orais deletérios e má oclusão em 70 adolescentes de 15 a 17 anos. O estudo foi composto por duas etapas: um exame de oclusão avaliando classe I, II e III de molar, trespasse horizontal e vertical, mordida aberta anterior e mordida cruzada anterior e posterior, e um questionário para verificar a presença de hábitos bucais. Os dados obtidos mostraram 80% de prevalência de hábitos e 37% de má oclusão, e onicofagia foi o mais prevalente em ambos os sexos e não houve associação entre hábitos e maloclusão. MONTIEL, MARÍA (2004) examinaram 135 crianças mexicanas de 6 a 12 anos para observar a freqüência de maloclusão e sua associação com hábitos bucais deletérios. Para obtenção dos dados, foram realizados exames clínicos e questionários respondidos pelos pais sobre a presença de hábitos. Os resultados mostraram que 41% das crianças com classe I de molar tinham hábito de onicofagia com prevalência para o sexo feminino (p< 0,021). RODRIGUES, SOUZA, DI NINNO (2004) investigaram a ocorrência de hábitos orais em adolescentes relacionados ao estado emocional do aluno no período pré-vestibular. Aplicaram questionários a 227 adolescentes de 15 a 20 anos de escolas particulares de Belo Horizonte – MG. Observaram prevalência de 94% de hábitos entre adolescentes. Não foi constatada diferença significativa entre os sexos com relação a presença de hábitos. Porém em relação a quantidade de hábitos, houve diferença significativa onde as mulheres apresentaram um número de hábitos maior que os homens (p=0,001). Onicofagia foi o hábito mais prevalente entre os adolescentes que prestariam vestibular no mesmo ano do estudo e que se mostraram mais estressados. SERRA-NEGRA et al (2006) verificaram o relacionamento entre os hábitos bucais das mães e os dos filhos através de um estudo retrospectivo com 208 mães que responderam questionários na sala de espera das clínicas do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da Faculdade FOUFMG. Os resultados mostraram que entre os hábitos que estiveram presentes na vida das mães e das crianças, a chupeta foi o mais prevalente com 46,6% entre as e 65,4% entre as crianças. A onicofagia foi o hábito mais prevalente atualmente com 38,5% entre as mães e 32,7% nas crianças. Constatouse que filhos de mães que com hábito de onicofagia apresentaram quase quatro vezes mais chance de também apresentarem este costume. ALMEIDA et al (2009) relacionaram má oclusão e hábitos em respiradores bucais num estudo retrospectivo onde foram analisados prontuários de 41 crianças com idades entre 7 e 12 anos, 21 do sexo masculino e 20 do sexo feminino todas respiradoras bucais. Através de avaliação ortodôntica observou-se o tipo de dentição (decídua, mista ou permanente) e de oclusão conforme classificação de Angle. Consideraram também sobressaliência e sobremordida; e presença e ausência de hábitos como apoiar a cabeça, lamber lábios, morder lábios e bochechas, sucção de dedo, chupeta, mamadeira, onicofagia, colocação de objetos na boca e movimentos anormais da língua. Com relação a má oclusão 24 das 41 (58,54%) crianças tinham classe II de Angle. Quanto aos hábitos orais, houve predomínio de colocar objetos na boca (48,78%) e onicofagia (36,49%). Concluíram que os hábitos deletérios apresentados não foram determinantes na instalação ou desenvolvimento das más oclusões. BHAYYA, SHYAGALI (2009) verificaram a prevalência de hábitos orais em 1000 crianças de 11 a 13 anos de diferentes escolas em Gulbarga, Índia utilizando questionários e exames clínicos para coleta de dados. Os resultados mostraram que 38 % tinham hábitos orais, sendo 18% com deglutição atípica, 17% respiração bucal e apenas 3 % onicofagia. Não houve diferença significativa entre os gêneros masculino e feminino, exceto para onicofagia que ocorreu mais em meninas. Notou-se que a prevalência dos hábitos diminui com o aumento da idade. 3 – Proposição A proposição deste estudo é relacionar a presença de hábitos bucais de sucção de dedo, chupeta e onicofagia com as maloclusões de classe I, II e III de Angle. 4 - Material e Métodos: 4.1 Material A população deste estudo (p=400) foi composta por pacientes que procuraram o serviço de tratamento ortodôntico da Sociedade Brasileira de Ortodontia e Ortopedia dos Maxilares (SBOOM), Tatuapé, São Paulo - SP e selecionados de maneira randomizada. Os critérios de inclusão selecionados foram: pacientes que possuíam hábitos bucais de sucção de dedo, chupeta e/ou onicofagia com dentição mista ou permanente com presença do primeiro molar permanente. Com isso encontrou-se uma amostra de 98 pacientes (n=98). Foram excluídos pacientes que tinham ausência de um ou mais primeiro molar permanente e que não tinham os dados totalmente preenchidos e/ou tinham ausência de exame clínico. Seguindo os critérios de exclusão obtivemos n=86 pacientes. Desta forma a amostra (n) foi constituída de 86 pacientes, 52 do sexo feminino e 34 do sexo masculino, com idades entre 7 e 37 anos, média de 137,5 meses (11 anos e 9 meses), dp=66,2 e intervalo de confiança 0,05. Foram utilizadas documentações ortodônticas que continham exames clínico (ficha clinica), radiográfico (telerradiografia lateral) e modelos de estudo. Todos os pacientes tinham termo de consentimento informado e assinado. 4.2 Métodos Este estudo caracteriza-se por ser de caráter observacional, exploratório, quantitativo, transversal, e retrospectivo, visto que os dados foram retirados de prontuários. Da população p=400 foi obtida uma amostra n=98 pacientes com hábitos de sucção de dedo, chupeta ou onicofagia. Destes 98 selecionamos 86 pacientes que seguiam os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Dividimos a amostra em três grupos: grupo I pacientes com hábito de sucção de chupeta; grupo II pacientes com sucção de dedo e grupo III pacientes com onicofagia. Os dados utilizados na pesquisa foram retirados da anamnese inicial e exame clínico feitos por alunos de pós-graduação da SBOOM. Os examinadores eram devidamente calibrados para padronização e obtenção dos dados, e duplo cego. Através da análise dos modelos de estudo das documentações ortodônticas, foram obtidos os dados do tipo de maloclusão. Os critérios adotados foram descritos por Angle (1907) sendo eles: a) classe I: quando há correta relação de molar com alteração nos dentes anteriores (apinhamento, mordida aberta) b) classe II: quando o primeiro molar permanente inferior está situado distalmente ao primeiro molar superior. c) classe III: quando o primeiro molar inferior está situado mesialmente ao primeiro molar superior. Os dados qualitativos foram descritos por meio de freqüência absoluta (n) e relativa (%). Para verificar a relação entre maloclusão e hábitos bucais foi utilizado teste estatístico do qui-quadrado. Foi adotado nível de significância de 5% (p≤ 0,05). Todos os procedimentos estatísticos foram executados no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences), em sua versão 17.0. 5- Resultados: A tabela 1 demonstra a freqüência absoluta (n) e a relativa (%) dos hábitos bucais avaliados na população estudada. Na tabela 2, a freqüência absoluta (n) e a relativa (%) das maloclusões de classe I, II e III. As tabelas 3, 4 e 5 mostram as freqüências absolutas (n) e relativas (%) das maloclusões de Angle nos grupos I, II e III. A tabela 6 avaliou a associação entre cada variável e demonstra o resultado do teste qui-quadrado para a significância dos valores obtidos. Verificamos que apenas 24,5% (98) da população inicial (n=400) tinham hábitos bucais. E seguindo os critérios de exclusão obtivemos n=86. Nesta amostra, 80% tinham hábito de onicofagia, 11% de sucção de dedo e 9% chupeta. Tabela 1- Freqüência absoluta (n) e relativa (%) do tipo de hábito bucal ________________________________________ Tipo de hábito n % ________________________________________ Sucção de dedo 9 11 Chupeta 8 9 Onicofagia 69 80 _________________________________________ Total 86 100 _________________________________________ Na tabela acima podemos observar que dos 86 pacientes, 80% (69) relataram ter onicofagia, 11% (9) sucção de dedo e 9% (8) chupeta. Tabela 2 – Freqüência absoluta (n) e relativa (%) do tipo de maloclusão. _____________________________________________ Tipo de oclusão n % _____________________________________________ I 24 27,9 II 46 53,5 III 16 18,6 _____________________________________________ Total 86 100 _____________________________________________ Nesta tabela observamos que 53,5% da amostra apresentaram maloclusão de classe II de Angle, 27,9 % classe I e 18,6 % classe III. Tabela 3 – Freqüência absoluta (n) e relativa (%) do grupo I e maloclusão. ____________________________________________ Sucção de chupeta n % ____________________________________________ Classe I 2 25 Classe II 5 62,5 Classe III 1 12,5 ____________________________________________ Total 8 100 ____________________________________________ Na tabela 3 observamos que o grupo I (n=8) com pacientes com hábito de sucção de chupeta 62,5% (5) tinham classe II de Angle, 25 %(2) classe I e apenas 12,5%(1) classe III. Tabela 4 - Frequência absoluta (n) do grupo II(sucção de dedo) e maloclusão _________________________________________ Sucção de dedo n % _________________________________________ Classe I 4 44,4 Classe II 5 55,6 Classe III 0 0 _________________________________________ Total 9 100 _________________________________________ A tabela 4 mostra que no grupo II 55,6% (5) tinham classe II de Angle, 44,4% classe I e nenhum classe III. Tabela 5 - Freqüência absoluta (n) e relativa (%) no grupo III (onicofagia) e maloclusão ____________________________________________ Onicofagia n % ____________________________________________ Classe I 18 26,1 Classe II 36 52,2 Classe III 15 21,7 ____________________________________________ Total 69 100 ____________________________________________ Verificamos na tabela acima que 52,2% (36) dos pacientes com hábito de onicofagia tinham classe II de Angle, 26,1% (18) classe I e 21,7 % (15) classe III. Tabela 6 – Associação entre o tipo de hábito bucal e a maloclusão de Angle. HÁBIT O CH MOLAR I II III 2 5 1 25,00% 62,50% 12,50% 4 D 36 15 26,10% 52,20% 21,70% 24 Total 0 44,40% 55,60% 0,00% 18 O 5 46 16 27,90% 53,50% 18,60% Total 8 100,00 % 9 100,00 % 69 100,00 % 86 100,00 % p=0,503 Quando associada a maloclusão e o tipo de hábito bucal não encontramos relação estatisticamente significante (p=0,503). 6- Discussão: Os efeitos produzidos pelos hábitos orais deletérios têm relação direta com a intensidade, duração, freqüência e tipo de hábito, além do padrão hereditário do indivíduo (LINO, 2002). É com certa freqüência que os profissionais que lidam com crianças se deparam com a presença de hábitos orais deletérios. De acordo com a faixa etária, observa-se maior prevalência de hábitos de sucção não nutritiva ou maior percentual de crianças com hábitos de morder objetos e onicofagia (ALMEIDA 2002). Toda maloclusão apresenta uma origem multifatorial e não uma causa específica. Fatores ambientais como os hábitos bucais deletérios são alguns que podem influenciar o crescimento e desenvolvimento dos maxilares resultando em maloclusões. A população inicial avaliada neste estudo foi composta por 400 indivíduos. Apenas 24,5% apresentaram hábitos de sucção de dedo, chupeta e onicofagia. Este resultado assemelha-se ao resultado encontrado por Shetty, Munshi (29,7%). A amostra utilizada de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos na metodologia foi n=86. A prevalência dos hábitos encontrada foi 80% de pacientes com onicofagia, 11% de sucção de dedo e 9% sucção de chupeta. Provavelmente estes resultados foram influenciados pela faixa etária da amostra (média de 11 anos e 9 meses) e pelo fato de que só foram relatados hábitos ainda existentes no momento da anamnese e hábitos de sucção de dedo e chupeta são mais comuns durante a infância. Silva Filho (2003) encontrou valores diferentes deste estudo com maior prevalência de sucção de chupeta (28,95%), porém utilizou uma faixa etária de 3 a 6 anos. No estudo de Bishara (2006) foi constatada uma diminuição na prevalência de sucção de dedo e chupeta com o aumento da idade (entre 7 e 8 anos) e apenas 4% ainda apresentavam o hábito. A maior prevalência de pacientes com hábito de onicofagia (80%) também pode ser atribuída a faixa etária, já que este é um hábito mais comum em adolescentes e adultos, como Serra-Negra (2006) que relatou um aumento da prevalência de onicofagia em mães e filhos com o aumento da idade e por ser muitas vezes uma transferência de hábito de sucção para onicofagia. Os dados deste estudo diferem de Bhayya (2009) que encontrou apenas 3% de pacientes com onicofagia em uma amostra de 1000 crianças entre 11 e 13 anos. Shetty, Munshi mostraram também maior percentual de pacientes com este hábito no grupo de 13 a 16 anos. O hábito de sucção de chupeta teve menor prevalência neste estudo provavelmente por ser um hábito mais observado em bebês e crianças com até 36 meses já que a chupeta é utilizada para satisfazer a necessidade de sucção do bebê. Talvez pudéssemos obter resultados diferentes se fosse questionado aos pacientes se este hábito esteve presente em outra época da vida do indivíduo. Dos 86 pacientes avaliados, 27,9% apresentaram classe I de Angle, 53,5% classe II e 18,6% classe III. Podemos dizer que estes valores não refletem a prevalência destas más oclusões na população geral, já que a amostra foi composta por pacientes que procuraram o tratamento ortodôntico da SBOOM, o que provavelmente influenciou na maior quantidade de pacientes classe II. Os resultados de Almeida (2009) também demonstraram predomínio de má oclusão de classe II(58,54%) e onicofagia (36,49%) foi o segundo hábito mais encontrado em sua amostra. Porém Montiel, Maria obtiveram índices diferentes onde encontraram maior prevalência de classe I (41%) em pacientes com hábito de onicofagia. A associação entre o tipo de hábito e a má oclusão de Angle não apresentou resultados estatisticamente significantes (p>0,05). Silva Filho (2003) também não constatou em seu estudo vínculo etiológico entre hábitos bucais de sucção e relação dentária de classe II de Angle. Estes dados já poderiam ser esperados, já que as maloclusões de Angle só avaliam a posição do molar e os hábitos avaliados geralmente não interferem nestes dentes. Os hábitos de sucção de dedo e chupeta estão mais relacionados com a mordida aberta anterior que se trata de um problema vertical podendo ocorrer independente da relação dos molares. Dolci (2001) e Coser (2004) mostraram em seus estudos grande incidência de mordida aberta anterior em pacientes com hábitos de sucção de dedo e chupeta. Mas neste estudo não foram avaliados os problemas verticais e transversais dos pacientes com hábitos de sucção. O hábito de onicofagia foi o mais prevalente na amostra estudada, e dentro deste grupo a maioria apresentou maloclusão de classe II, porém não há na literatura estudos que associem diretamente este hábito como causa de maloclusão. Há alguns estudos que comparam onicofagia com outros hábitos parafuncionais como bruxismo, apertamento dental e uso de goma de mascar e os relacionam com sinais e sintomas de dor e cansaço muscular como Winocur (2001) que concluiu que adolescentes com hábito de mascar chiclete por mais de 4 horas diárias apresentavam estes sintomas e encontrou onicofagia como um hábito presente em 22 % da amostra. Portanto, para se concluir que há uma relação direta entre o hábito parafuncional de onicofagia agindo como fator etiológico de maloclusão mais estudos seriam necessários. 7 - Conclusões Após a análise e discussão dos resultados, podemos concluir que: Não houve associação estatisticamente significante entre hábitos bucais de sucção de dedo, chupeta e onicofagia e maloclusão de Angle. 8 - Referências Bibliográficas AGURTO, P.V.;DIAZ, R.M.; CÁDIZ, O.D.; BOBENSIETH, F.K. Frecuencia de malos hábitos orales y su asociacion com el desarrollo de anomalias dentomaxilares em niños de 3 a 6 anos del área Oriente de Santiago. Rev. Chil Pedistr;70(6):470-482, 1999. ALMEIDA, R.R.; ALMEIDA-PEDRIN, R.R.; ALMEIDA, M.R; GARIB, D.G.;ALMEIDA, P.C.M.R.; PINZAN, A. A etiologia das más-oclusões:causas hereditárias e congênitas adquiridas gerais, locais e proximais. Rev. Dental Press Ortodon Ortop Facial;5(6): 107-129, 2000. ALMEIDA, R.V de; NOGUEIRA FILHO,J.J; JARDIM, M.C.A.M. 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