Morte súbita relacionada ao exercício Semira Brum Ribeiro R1 Medicina Esportiva MORTE SÚBITA • Prevenção(aspectos preventivos) • Causas CONSIDERAÇÕES MÉDICOLEGAL È apropriado para os médicos seguir as orientações de consenso, atual, o que sugere que seguindo as diretrizes evidência de boa prática médica. Os atletas são obrigados a dizerem a verdade na prestação da anamnese, com respostas precisas às questões históricas e quaisquer outras informações relevantes que possam ser pertinentes para a sua saúde. Atualmente, nenhuma lei federal ou estadual, manda que os médicos americanos adotem as orientações do SEC e COI A lei americana permite que as organizações médicas dos EUA e os médicos possam avaliar de forma independente as variáveis relevantes (incluindo a inviabilidade atual do rotineiro ECGs em populações de atletas assintomático EUA) Circulation. 2007;115:1643-1655 AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO American College of Sports Medicine Avaliação pré- participação Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte Anamnese (incluindo o PAR-Q) + exame físico Sociedade Brasileira de Cardiologia Comitê Olímpico Internacional, Sociedade Europeia de Cardiologia Ambulatório do InCor-HC-FMUSP Anamnese (incluindo o PAR-Q) + exame físico + ECG de repouso com 12 derivações AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO Comparativo das possibilidades apresentadas para o exame de pré-participação esportiva Itália InCor HC-FMUSP American Heart Association Primeiro avaliador Profissional da saúde, não Médico cardiologista do esporte Médico cardiologista necessariamente médico ou medico do esporte especialista em atletas Abordagem na primeira avaliação Avaliação Médica de 12 itens da AHA Anamnese + exame físico + eletrocardiograma Anamnese +exame físico +eletrocardiograma Suspeita de cardiopatia Qualquer resposta positiva Qualquer alteração sugestiva de doença nos itens anteriores Qualquer alteração sugestiva de doença nos itens anteriores Seguimento para elucidação diagnóstica Encaminhamento ao cardiologista Encaminhamento aos centros de avaliação especializados em atletas Seguimento da investigação com outros exames complementares, conforme a patologia suspeita (ecocardiograma, Holter, estudo eletrofisiológico etc.) AHA = American Heart Association. Circulation. 2007;115:1643-1655 Cardiologia do Exercício do atleta ao cardiopata. InCor-HC . 2010. p. 323-32 MORTE SÚBITA Estratégia de Rastreio História Clinica Exame Físico ECG de repouso com 12 derivações + p/ anormalidades cardíacas Testes adicionais Não Invasivos Invasivos -CAT -Biopsia -Ecocardiograma -RNM Cardíaca -Holter -Teste de Inclinação -MAPA -Teste Ergométrico -Estudo eletrofisiológico -Teste Genéticos -TC multi-slice das artérias coronarianas AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO Recomendação da AHA para screening cardíaco de atletas 1. 2. 3. 4. 5. História clínica pessoal: Dor ou desconforto no peito relacionados ao exercício. Síncopes (“desmaios”) sem explicação. Falta de ar/fadiga exageradas ligadas à atividade física. História anterior de sopro cardíaco. Pressão arterial aumentada. 1. 2. 3. Histórico familiar: Morte repentina, inesperada e precoce (antes dos 50) em familiar. Doença cardíaca incapacitante em parente próximo com menos de 50 anos. História familiar de algumas doenças específicas: cardiomiopatia hipertróifica, Síndrome de Marfan, arritmias. 1. 2. 3. Exame físico: Sopros cardíacos. Pulsos femorais (para investigar coarctação de aorta). Sinais da Síndrome de Marfan. Journal of the American College of Cardiology Vol. 45, No. 8, 2005 ECG Pode estar alterado em 70 a 95% dos casos de CMH. Muito importante na pesquisa de CMH, Sd. do QT longo, Sd. de Brugada, préexcitação c/ ou s/ Sd. de Wolf-Parkinson-White Características próprias da Sd. do coração do atleta que promovem alterações eletrocardiográficas induzidas pelas adaptações fisiológicas ao treinamento. ECG Cardiologia do Exercício do atleta ao cardiopata. InCor-HC . 2010. p. 628- 648 Ecocardiograma Em termos de custo seja inviável a sua aplicação para avaliar grandes grupos populacionais, o Eco em alguns casos selecionados, pode ser útil na avaliação da origem de sopros cardíacos e nos indivíduos c/ suspeita de cardiopatias congênitas potencialmente perigosas como a CMH e a displasia arritmogênica de VD, Não se recomenda a inclusão deste método na rotina de uma APP, mas deve-se lançar mão do mesmo quando os dados obtidos nas etapas preliminares da APP indicarem sua necessidade. Eco anual tem sido recomendado para familiares de portadores de CH durante toda a adolescência AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO Apesar de existir esforços para a realização de triagem, esse é atenuado pelo reconhecimento de que não é possível alcançar um "risco zero" em esportes competitivos. A escolha de quais exames devem ser incluídos na avaliação préparticipação deve sempre levar em consideração a custo-efetividade na triagem de uma população de larga escala. É importante ressaltar que, apesar de a rotina de avaliação pré-participação italiana (que inclui o ECG de repouso) ter se mostrado custo-efetiva em relação à avaliação norteamericana, ela excede os custos do screening preventivo para câncer de mama e colo do útero. Circulation. 2007;115:1643-1655 Cardiologia do Exercício do atleta ao cardiopata. InCor-HC . 2010. p. 323-32 AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO Apesar do Ecocardiograma ter a vantagem de detectar outras dç que poderiam passar despercebidas na rotina indicada, a baixa incidência de casos , não justifica Sua inclusão de rotina em uma grande população. CAUSAS Perda da consciência durante evento esportivo Excluir causas malignas. Diagnóstico diferencial ; • • • • • • Cardiomiopatia Hipertrófica Displasia ventricular arritmogênica do VD Miocardite Síndrome de Wolff-Parkinson-White Síndrome de Brugada Síndrome do QT longo Cardiologia do Exercício do atleta ao cardiopata. InCor-HC . 2010. p. 628- 648 MORTE SÚBITA Sincope Neuromediada X Sincope de Origem Cardíaca Síncope Neuromediada Indivíduos submetidos a teinamento intenso podem se tornar mais predisposto a ocorrencis de síncope pree-síncope, ou hipotensão ortostática Fisiopatologia de síncope neuromediada em atletas Vasodilatação no leito vascular das áreas trabalhadas Vasodilatação no leito vascular das áreas não trabalhadas Fatores ambientais( ambiente quente e úmido) Desidratação( exercício de média a longa duração) Hiperventilação Exercício intenso > simpático > tônus vasoconstritor simp. X estimula metabólico Vasodilatador > fluxo sg cerebral > síncope Diminuição da sensibilidade dos barorreceptores em ultra maratonistas Atletas portadores de síncope neuromediada não diferem de pc sedentários Na resposta ao tto e na recorrência de sintomas Diagnóstico= Teste de inclinação(Tilt table teste) Prognóstico = Não necessita afastamento da atividade esportiva. TTO= Acompanhamento clínico Orientação p/ o pc e familiares Síncope Cardiologia do Exercício do atleta ao cardiopata. InCor-HC . 2010. p. 628- 648 MORTE SÚBITA CMH X Coração de Atleta Cardiomiopatia dilatada Cavidade VE 56-70mm Coração De Atleta MCH DVDA Distúrbio anormais no ECG MCH= Miocardiopatia Hipertrófica DVDA= Displasia Arritmogênica do Ventrículo Direito ECG= Eletrocardiograma VE= Ventrículo Esquerdo Freq. Arritmias ventriculares complexas Zona Cinzenta Miocadite Cardiomiopatia Espessura da parede VE 13-15 mm MCH Journal of the American College of Cardiology Vol. 45, No. 8, 2005 MCH + + + + + + + - Zona Cinzenta Coração de Atleta Padrões incomuns de Hipertrofia de VE Cavidade VE <45 Cavidade VE >55 Alargamento do Átrio esquerdo marcada ECG alterado Enchimento anormal de VE Sexo Feminino Espessura c/ destreinamento História familiar de MCH VO2 Max. >45ml/kg)mim >110% + + + Journal of the American College of Cardiology Vol. 45, No. 8, 2005 Principais causas de MSEE Abaixo de 30-35 anos Cardiomiopatias Hipertrófica Displasia arritmogênica do VD Origem anômala de artérias coronárias Miocardites Doenças valvares congênitas ou adquiridas Doença de Chagas Doenças do sistema de condução Drogas (por exemplo: cocaína, anfetaminas, esteróides anabolizantes) Distúrbios eletrolíticos Concussão cardíaca Doenças da aorta Síndrome de Marfan Acima de 30-35 anos Doença arterial coronariana CMH Principal causa de morte súbita cardíaca relacionada aos exercícios em atletas c/ < de 30 anos. (responsável por cerca de 50% dos óbitos) Em publicação recente das causas de MS em 387 jovens atletas, a principal causa, que ocorreu em 102 casos (26,4%) foi a CMH; em outros 29 óbitos (7,5%) havia hipertrofia ventricular esquerda de causa indeterminada2, ficando a dúvida se a causa poderia ser a CMH. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 5 – Set/Out, 2001 Arq Bras Cardiol 2006; 87 : 649-657 CMH Assintomática ( maioria) até as apresentações graves (síncope e a MSC, que são geralmente decorrem da disfunção VE )refratárias ao tratamento clínico. Preditores de morte súbita na CMH Maiores • • • • • • • MS abortada TVS História familiar de MS Síncope inexplicada Grandes espessuras septais (>30mm) PA anormal ao exercício TVNS ao Holter Possíveis • • • • • Isquemia miocárdica Obstrução VSVE Mutação de alto risco Atividade física competitiva Realce tardio na RM do coração MS=morte súbita; TVS=taquicardia ventricular sustentada; PA=pressão arterial; TVNS=taquicardia ventricular não sustentada; FA=fibrilação atrial; VSVE=via de saída do ventrículo esquerdo; RM=ressonância magnética Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 5 – Set/Out, 2001 Arq Bras Cardiol 2006; 87 : 649-657 Cardiomiopatias Hipertrófica Doença genética autossômica dominante Prevalência=0,2% da população Caracterizada por desarranjo miofibrilar, hipercontratilidade e hipodiatolia, hipertrofia septal assimétrica com ou sem obstrução ao trato de saída do VE. Predominância no sexo masculino em relação ao sexo feminino. O risco de MS em portadores de MCH é diretamente proporcional á magnitude da HVE • 0 p/ 1.000 indivíduos c/ espessura de VE < 15mm, • 18,2 p/ 1.000 indivíduos c/ espessura septal > 30mm Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 5 – Set/Out, 2001 Arq Bras Cardiol 2006; 87 : 649-657 CMH, Alterações no Eco Cardiologia do Exercício do atleta ao cardiopata. InCor-HC . 2010. p. 628- 648 Cardiomiopatias Hipertrófica Alterações no ECG: CMH Arq Bras Cardiol volume 66 (nº 2), 1996 Cardiomiopatias Hipertrófica Tratamento; Objetivo alívio dos sintomas e a prevenção de MSC. Afastamento do E. F. Implante de cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) Prevenção Secundária (sobreviventes de MSC com CMH) Prevenção Primária??? Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 5 – Set/Out, 2001 Arq Bras Cardiol 2006; 87 : 649-657 Displasia Arritmogênica de VD Caracterizada por fibrose e áreas de infiltração gordurosa entremeadas com miócitos normais. Totalmente assintomático com o ECG totalmente normal ou: • Inversão de onda T (de V1a VE) 50% dos casos (se tais alterações forem além da derivação V3, pensar em afecção concomitante de VE); • BIRD em 18%, (QRS≥ 110ms em V1/V2) • BCRD em 15% dos casos, • Extrassístoles ventriculares • Taquicardia ventricular • Ondas épsilon (em 30%dos casos) Além do ECG, o Eco, a angiografia de VD e a RNM podem ser de grande valia no diagnóstico da CVD. TTO =sugerida a implantação de cardioversor/desfibrilado Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Supl 1 - 2005 Origem anômala de coronárias 2ª maior causa de MSEE em jovens Anomalia + comum é o tronco da coronária E nascendo do seio de Valsalva D (70% dos indivíduos morrem c/< de 20a. QC= Assintomáticos eECG e teste ergométrico normais. Suspeitar em jovens c/ história de síncope induzida pelo exercício ou arritmia ventricular sintomática. Diag.= Difícil durante a vida, constituindo-se, muitas vezes, em diag. de necropsia. Investigação, Eco, RNM cardíaca e TC multi-slice das arterias coronarianas. Na ausência de conclusão a coronariografia podes er necessária. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Supl 1 - 2005 Doença arterial coronariana (DAC). Principal causa de MSEE em > de 35ª Indivíduos clinicamente controlada devem ser estimulados a praticar E.F. regulares, não competitivos. Em atividades competitivas, o risco de MSEE é > quanto < for o condicionamento físico necessário p/ a competição. Risco diretamente proporcional à intensidade do exercício, sendo > nas atividades que dependam de grande alternância de ritmo Exercícios vigorosos ocasionais promovem uma estimulação do sistema simpático, instabilidade elétrica e arritmias ventriculares (taquicardia e fibrilação ventricular), além de predisporem a uma ruptura de uma placa aterosclerótica coronariana vulnerável Exercícios moderados habituais promovem uma estimulação do sistema parassimpático (aumento do tônus vagal) e, em conseqüência, há uma estabilidade elétrica e proteção contra a fibrilação ventricular, além haver um efeito favorável do exercício sobre o perfil lipídico desses pacientes. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Supl 1 - 2005 Arritmias 2% de atletas jovens que morrem subitamente apresentam ausência de cardiopatia Estrutural na autópsia. Nestes casos, a causa é primariamente arrítmica Função mecânica do miocárdio é normal, porém existe uma disfunção eletrofisiológica que representa o problema cardíaco primário. Tipos Síndrome de Wolff-Parkinson-White; Síndrome de QT longo; Síndrome de Brugada; Taquicardia ou fibrilação ventricular; Idiopática. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Supl 1 - 2005 Cardiologia do Exercício do atleta ao cardiopata. InCor-HC . 2010. p. 628- 648 Doença de Chagas (DC) Pode provocar MS em 12 a 37% dos pacientes em qualquer fase evolutiva da dç, algumas delas podendo ocorrer durante qualquer atividade física física. Formas de Apresentação Clínica Forma Indeterminada: Forma Dilatada: Forma Arritmogênica: Forma Mista:maior morbimortalidade neste grupo de pacientes. BCRD isolado ou somado a bloqueios fasciculares e ectopias ventriculares mesmo quando em indivíduos assintomáticos, aumentava significativamente a mortalidade em relação aos soropositivos com ECG normal. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Supl 1 - 2005 REFERÊNCIAS Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 5 – Set/Out, 2001 163 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 1 – Jan/Fev, 2002 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Supl 1 – Agosto, 2005 Circulation. 2007;115:1643-1655. Rev Bras Med Esport _ Vol. 2, Nº 4 – Out/Dez, 1996 Arq Bras Cardiol 2006; 87 : 649-657 European Heart Journal (2006) 27, 2196–2200 doi:10.1093/eurheartj/ ehl137 Tratado de cardiologia do exercício e do esporte. 2006. p. 571- 86. Cardiologia do Exercício do altleta ao cardiopata. InCor-HC . 2010. p. 323-32.e 628 – 648.