METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA Professora: Aline Fernandes de Jesus 1 O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA 2 Os Níveis de Conhecimento Os níveis de conhecimento têm se configurado como um campo extremamente complexo da reflexão filosófica. O entendimento desses níveis varia de acordo com os interesses de uso do conhecimento e ainda de acordo com as vinculações teóricas dos pesquisadores. 3 O Conhecimento Popular Considerado ingênuo por muito tempo, atualmente a sabedoria popular ganha força nas pesquisas acadêmicas. 4 O Conhecimento Popular Como o próprio nome indica, o conhecimento popular é aquele acumulado pelos povos ao longo da história. 5 O Conhecimento Popular Trata-se de uma categoria de conhecimento que é influenciada fortemente por fatores culturais diversos e deles ganham sentido. Manifesta-se das mais variadas formas e refere-se geralmente às instâncias da vida cotidiana. 6 O Conhecimento Popular É prático, solucionador de questões do dia-a-dia e, por vezes, funciona como verdadeiro tabu. Esse conhecimento passou a ser valorizado na segunda metade do século XX, quando a Antropologia ganhou fôlego e passou a influenciar as mais variadas práticas científicas. 7 O Conhecimento Popular É eminentemente antropológico na medida em que só faz sentido no contexto cultural em que nasce, embora alguns conhecimentos populares têm transcendido fronteiras e até mesmo se “globalizado”. 8 O Conhecimento Popular Atualmente, estudos minuciosos têm sido feitos nas mais variadas universidades do mundo, comprovando, ou não, a veracidade de certas crendices. Com isso, um movimento de entrada do conhecimento popular tem sido verificado nos meios acadêmicos e essa categoria de sabedoria tem se tornado objeto de estudo inclusive em Saúde. 9 O Conhecimento Popular Um bom exemplo disso diz respeito as plantas medicinais, que é fonte de inspiração de muitos pesquisadores e de relações culturais complexas nas esferas populares. 10 Conhecimento Mítico Meio científico, meio popular, meio teológico...o conhecimento mítico é realmente intrigante. 11 Conhecimento Mítico São os conhecimentos que derivam de uma consciência fabulosa, fantástica, alegórica ou que envolve a crença, acima da comprovação científica. Esse é um dos tipos de conhecimento mais importantes que, na atualidade, tem ganhado fôlego em todo mundo. 12 Conhecimento Mítico Não se associa necessariamente à fé, motivo pelo qual se difere do conhecimento religioso. Os fatos se explicam por si, ou por uma força heroica, ou ainda por incompreensíveis elementos motivadores que estão acima do entendimento ordinário. 13 Conhecimento Mítico Nesse tipo de conhecimento, os elementos simbólicos são muito fortes e lidam frequentemente com o consciente coletivo através dos grandes arquétipos sociais. Atualmente, esse tipo de conhecimento se mostra altamente apropriado pela mídia e pelo capitalismo, manifestando-se das mais variadas formas no cotidiano, sobretudo urbano. 14 Conhecimento Mítico Muitas empresas se utilizam desse conhecimento, por exemplo, na contratação de pessoal através da leitura de mapas astrais. 15 Conhecimento Teológico Enquadra-se aqui, o conhecimento vinculado à esferas culturais fortemente impregnadas por crenças religiosas das mais diversas. 16 Conhecimento Teológico Essa categoria de conhecimento encontra-se baseada na fé. Não é necessário (obrigatoriamente) nenhum tipo de comprovação, pois a crença em entidades e divindades é o suficiente para explicar os mais variados fenômenos da natureza e da sociedade. 17 Conhecimento Teológico Esse tipo de conhecimento existe desde os primórdios da humanidade, nos mais diversificados meios culturais, mas foi na Idade Média que alcançou seu apogeu quando imperou um tipo de conhecimento teológico que, ainda hoje, se reflete em diversas culturas do mundo. 18 Conhecimento Teológico A Igreja Católica firmou-se com uma mega instituição devido às restrições que impôs a toda e qualquer manifestação de conhecimento que fugisse aos padrões do teocentrismo. 19 Conhecimento Teológico No mundo atual, o conhecimento religioso ainda é forte, influenciador de opiniões no mundo todo e gerador de graves conflitos, inclusive bélicos. 20 Conhecimento Teológico Sobre o conhecimento religioso, MÁTTAR NETO (2002, p. 3) afirmou : “[...] as verdades religiosas estão registradas em livros sagrados ou são reveladas pelos deuses ou outros seres espirituais por meio de alguns iluminados, santos, ou profetas. Essas verdades são em geral tidas como definitivas, e não permitem revisão mediante a reflexão ou a experiência [...]” 21 Conhecimento Teológico No entanto, vale lembrar que a partir do século XIX algumas religiões do mundo passaram a adotar liturgias com um caráter mais acadêmico. A própria Igreja Católica se viu obrigada a rever uma série de crenças e princípios. 22 Conhecimento Teológico Outro bom exemplo é a Doutrina Espírita, que nasce no século XIX com Alan Kardec na França e desde o início de sua expansão pelo mundo, vinculou-se a discursos mais acadêmicos, fortemente influenciados pelos estudos antropológicos, sociológicos e biogeográficos realizados na Europa naquele século. 23 Conhecimento Científico Para estabelecer uma linha de reflexão para esse nosso curso, utilizaremos o texto de HESSE como referência. 24 Conhecimento Científico Para se compreender a dinâmica do conhecimento, seja a partir de que referencial for, deve-se levar em consideração os seguintes elementos (Hesse, 1987): 25 Conhecimento Científico Sujeito Objeto Imagem Representação Apropriação/Consumo 26 Conhecimento Científico O conhecimento se produz através da relação que se estabelece entre o sujeito e o objeto. No conhecimento científico essa relação deve ser de aceitação. 27 Conhecimento Científico O pesquisador (sujeito) é o ser produtor do conhecimento. Seu êxito depende de: Inicialmente, tomar alguma intimidade com o objeto (tema de sua pesquisa); Estabelecer as metas da pesquisa. 28 Conhecimento Científico Vale a pena lembrar que não existe pesquisa fácil. Assim, quanto maior a intimidade com o objeto, mais ampla será a visão que o sujeito terá do objeto. 29 Conhecimento Científico Segundo o autor, no conhecimento encontram-se frente a frente a consciência e o objeto. Esse dualismo é a essência do conhecimento. Os dois elementos se interagem mantendo, todavia, suas individualidades. 30 Conhecimento Científico O pesquisador não é e não deve ser objeto de sua análise. Não deve ainda, confundir-se com o objeto. A função do sujeito é apreender o objeto, que, todavia, transcende ao observador. 31 Conhecimento Científico Essa transcendência se dá pelo fato de o objeto não ser totalmente apreendido pelo sujeito. É sempre maior que sua compreensão. Na verdade, a ideia de que um estudo “esgota” um determinado assunto é algo absolutamente recusado entre os pensadores do conhecimento. 32 Conhecimento Científico Duas pessoas poderão, de acordo com seus métodos, terem compreensões absolutamente distintas, ao se ocuparem de um mesmo tema de pesquisa. 33 Conhecimento Científico O pesquisador transfere para si, elementos do objeto que se torna parcialmente compreensível independente do grau de profundidade da pesquisa. Ao absorver dados referentes ao objeto, o sujeito (pesquisador) cria uma imagem transubjetiva do objeto. 34 Conhecimento Científico Essa imagem se vincula aos propósitos da pesquisa e pode mudar na medida em que novas variáveis de análise são incorporadas ao ato de pesquisar. É também por esse motivo que o autor afirmou que o objeto transcende ao sujeito. 35 Conhecimento Científico A imagem do objeto se forma no campo mental do sujeito. É objetiva na sua veracidade e subjetiva na sua apreensão. Se a apreensão for equivocada, elementos da subjetividade do sujeito criam imagens deturpadas do objeto, que, todavia, permanece transcendente. 36 Conhecimento Científico A imagem é, portanto, o elo que liga sujeito e objeto. É o produto em si do ato de pesquisar. Essa imagem, uma vez criada, pode ser representada pelo sujeito de diversas formas. 37 Conhecimento Científico A imagem torna-se representação através da oralidade, da escrita, da arte, da fotografia, dos mapas, das ilustrações gráficas de um texto ...enfim. Cabe ao sujeito, representar a imagem da forma mais adequada possível à apreensão das faces pesquisadas do objeto. Muitas vezes, utiliza-se mais de uma representação para se compreender a imagem formada. 38 Conhecimento Científico Quando as ideias geradas a partir da pesquisa (imagem) são bem representadas, a compreensão (consumo) do ponto de vista do sujeito se torna mais fácil e, assim, o TCC – o artigo, a monografia, a dissertação, a tese, a tela, a foto, a reportagem... podem ser decodificadas pelos leitores que delas farão uso. 39 Conhecimento Científico O conhecimento é, nessa abordagem, a imagem em si e deve ser criada a partir de métodos adequados e ainda representada de forma adequada. 40 Notas Relevantes Uma pesquisa científica não precisa ser necessariamente um ato de consultoria. Responde a uma inquietação do pesquisador dentro da ampla área de ação. 41 Notas Relevantes Cabe ao pesquisador avaliar quais contribuições admitirá de estudos alheios à sua graduação, pois um exercício de humildade se mostra cada dia mais necessário: o de entender que “para cada formação acadêmica, mil deformações metodológicas...” 42