Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Medicina Departamento de Medicina/Saúde Mental Disciplina de Saúde Mental - MCM 481 DOENÇA MENTAL Prof. Esther Gonzaga Spiler O que é ser normal? • “Ausência de sintomas, de sinais ou de doença” – René Leriche (1936) • Utopia – norma ideal que depende de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários/dogma/ doutrina (Ex: URSS) • O que é mais frequente – normalidade estatística cáries, uso pesado de álcool, ansiedade leve O que é ser normal? • “Bem-estar físico, mental e social” (OMS, 1946) • Funcionalidade doença = sofrimento • Liberdade existencial (Henri Ey) – senso de realidade, de humor e de um sentido poético perante a vida para relativizar os sofrimentos e as limitações inerentes à condição humana Diagnóstico em Psiquiatria • Evolutivo • Pluridimensional (José Leme Lopes, 1954): – Transtorno psiquiátrico – Comorbidades clínicas – Personalidade e nível intelectual – Rede de apoio social – Fatores ambientais protetores/desencadeantes – Funcionamento psicossocial Tipos de tratamento • • • • • Farmacoterapia Psicoterapia Outras terapias ECT EMT Especificidades do tratamento • Não há exames diagnósticos – Lítio • Relação médico-paciente diferenciada • Em geral, é vitalício • A cooperação da família é fundamental • O resultado é melhor quando o trabalho é em equipe • Risco de doenças metabólicas Depressão • Alteração do humor (tristeza, irritabilidade, apatia), acompanhada de falta da capacidade de sentir prazer, alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas (sono, apetite) que se mantém por pelo menos 2 semanas • É a 2ª causa de incapacidade no trabalho e será a 1ª até 2020 (OMS) • 20% da população mundial tem, teve ou terá a doença alguma vez na vida • Mais comum em mulheres Depressão Sintomas: Humor deprimido (triste) Perda do interesse/prazer por todas ou quase todas as atividades, na maior parte do dia Redução da energia e diminuição da atividade psicomotora Diminuição da capacidade de concentração Fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo Insônia/hipersonia Diminuição (ou aumento) do apetite Diminuição da autoestima e da autoconfiança Ideias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves O humor deprimido varia pouco de um dia para o outro Somáticos: perda de libido, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentificação psicomotora importante, agitação Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida recorrente s/plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico Depressão • Farmacoterapia: – Antidepressivos • Tricíclicos • Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina • Duais • Outros – Sedativos – Potencializadores Depressão Outros tratamentos: • ECT • EMT • Psicoterapia • Exercícios físicos Depressão Famosos com Depressão “Descobri que a dança era a chave para manter a depressão longe da minha vida. Quando você dança, as coisas simplesmente vão embora, as coisas não parecem tão ruins. Não há melhor maneira de cuidar da saúde do que através de algo tão alegre e bonito quanto a dança” “Se não fosse o tratamento psiquiátrico, não teria feito nem 20% do que fiz na vida” Transtorno Afetivo Bipolar Transtorno Afetivo Bipolar • Alternância entre episódios de euforia (mania) e de depressão, com períodos intercalados de normalidade • Pode ser confundido com Depressão e/ou T. de Personalidade • Prevalência de 4-8% da população mundial • Estima-se que 1,8 a 15 milhões de brasileiros sejam portadores • Mais comum em mulheres • Início dos sintomas na infância ou adolescência Transtorno Afetivo Bipolar • Forte componente genético: 50% dos portadores apresentam pelo menos um familiar afetado, e filhos de portadores apresentam risco aumentado de apresentar a doença, quando comparados com a população geral • Alto risco para: uso de drogas ilícitas, abuso de álcool, sexo desprotegido, suicídio • 25-50% dos pacientes tenta o suicídio Transtorno Afetivo Bipolar Transtorno Afetivo Bipolar • Farmacoterapia: – Estabilizadores de humor • Carbonato de Lítio • Anticonvulsivantes • Antipsicóticos de segunda geração – Antidepressivos na fase depressiva – Antipsicóticos na fase maníaca ou na depressão com sintomas psicóticos – Sedativos Famosos com TAB Diagnóstico diferencial ente depressão bipolar e unipolar “No fundo, não descobrimos no doente mental nada de novo ou desconhecido: encontramos nele as bases da nossa própria natureza” Carl Gustav Jung