Juventude Brasileira e Democracia:
participação, esferas e políticas públicas
Coordenação Geral
Ibase - Instituto Brasileiro de Análises Sociais
e Econômicas
Pólis - Instituto de Estudos, Formação e Assessoria
em Políticas Sociais
Entidades
apoiadoras
IDRC - International Development Research
Centre/Canadá
CPRN - Canadian Policy Research
Networks/Canadá
Rede de Parceiros
AÇÃO EDUCATIVA – Assessoria, Pesquisa e Informação / São
Paulo, SP
CRIA – Centro de Referência Integral de Adolescentes/
Salvador, BA
EQUIP – Escola de Formação Quilombo dos Palmares/ Recife, PE
INESC - Instituto de Estudos Socioeconômicos/ Brasília, DF
Iser Assessoria/ Rio de Janeiro, RJ
Observatório Jovem do Rio de Janeiro/ Universidade Federal
Fluminense, RJ
Observatório da Juventude da Universidade Federal de
Minas Gerais/ Belo Horizonte, MG
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ Porto
Alegre, RS
UNIPOP – Instituto Universidade Popular/ Belém, PA
Conselho Político
Ibase – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
Pólis – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas
Sociais
IDRC - Centro de Pesquisa de Desenvolvimento
Internacional/International Development Research Centre
CPRN
Redes
de
Pesquisa
em
Políticas
Canadenses/Canadian Policy Research Networks
Públicas
Secretaria Geral da Presidência da República/ Secretaria Nacional
da Juventude
Objetivos
• Conhecer as possibilidades e limites de participação
em atividades políticas, sociais e comunitárias dos(as)
jovens (15 a 24 anos) das Regiões Metropolitanas de
Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Salvador, Recife, Belém e do Distrito
Federal;
• Ampliar o debate sobre participação cidadã e políticas
públicas junto à juventude metropolitana brasileira;
• Influenciar futuras políticas públicas de juventude nos
níveis locais, estaduais e nacional a partir das
informações mapeadas.
Metodologias
Pesquisa de Opinião
8.000 questionários
Grupos de Diálogo (GDs)
913 jovens envolvidos(as) em 39 Grupos de Diálogo
• Adaptação da metodologia Choice Work Dialogue a partir de
experiência Canadense (CPRN): foco em políticas públicas
• A opinião não é formada individualmente, mas na interação
com informações recebidas e com outras pessoas (conhecer
valores individuais e coletivos sobre participação )
INFORMAÇÃO + INTERAÇÃO = OPINIÃO
Jovens
pesquisados(as):
quem são?
• 30,1% de 15 a 17 anos, 30% entre 18 e 20 anos e
39,9% entre 21 e 24 anos
• 44% da classe C, 25,9% das classes D/E e 24,3% das
classes A/B
• 42,3% de brancos(as), 34,4% de pardos(as) e 16,1%
de pretos(as)
• Metade homens, metade mulheres
• Predominantemente católicos (54,9%)
• 86,2% são solteiros(as) e 20,9% têm filhos(as)
O que mais preocupa
os(as) jovens
- Violência/ falta de segurança/criminalidade
- Trabalho/ emprego/ desemprego/ falta de
oportunidade/ primeiro emprego
- Educação
- Miséria/pobreza/ fome/desigualdade
social/má distribuição da renda
Educação
-
52,9% não estavam estudando
-
86,2% estudaram em escola pública
- 24,3% tinham até o ensino fundamental
incompleto; 42,5%, até o ensino médio
incompleto e 33,2%, o ensino médio
completo ou mais
-SP, DF e BH: melhores indicadores
-Belém e Recife: piores indicadores
Educação
O que os(as) jovens esperam:
-Expansão do Ensino Médio
-Mais professores(as) nas escolas
-Professores(as) mais qualificados(as) e melhor
remunerados(as)
-Melhores currículos, metodologias, materiais didáticos e
mais atividades extras (passeios, visitas, palestras, laboratórios)
-Mais verbas/ investimentos para a educação
-Melhores condições de funcionamento das escolas/
Preservação das escolas
-Maior oferta de cursos profissionalizantes de qualidade
Educação
“(...) Muitas vezes os nossos pais trabalham e
não têm como chegar em casa: meu filho, deixa
eu ver o teu caderno, deixa eu ver o que tu fez
hoje, eles nem podem exigir nada dos nossos
professores porque nós estudamos na escola
pública. O que nós queríamos que mudasse era
isso, que o governo pudesse estar mais voltado
para as escolas pra ver o que tá acontecendo nas
nossas escolas (...) porque eu acho que nós
estamos lá para aprender, nós somos pobres, não
temos condições de pagar, mas nem por isso
devemos ser menos, ter menos que as outras
pessoas” (fala de jovem de Belém)
-
Trabalho
60,7% dos(as) jovens
estavam trabalhando
pesquisados(as)
não
- Desses(as), 62,9% disseram estar procurando
emprego
(70,2% jovens pretos que não trabalhavam procuravam
X 58,5% brancos)
(69,5% jovens D/E procurando emprego X 49,6% A/B)
emprego
- Daqueles(as) que trabalhavam, 30,5% tinham
carteira assinada
(jovens sem carteira assinada A/B: 16,1% X D/E: 33,8%)
Trabalho
Principais preocupações dos(as) jovens:
- O restrito mercado de trabalho
- Conseguir o primeiro emprego
- Enfrentar preconceitos por serem jovens e
inexperientes em sua entrada no mercado de
trabalho
Trabalho
“Você trabalhando, você tem uma renda, não
tem? Com uma renda, você pode frequentar
um teatro, cinema, ir numa praça, comer um
cachorro quente que, às vezes, você não tem
nem 2 reais para comer um cachorro quente.
Estou falando a verdade!” (jovem do Rio de
Janeiro)
Cultura, Lazer e
Informação
- 85,8% disseram se informar sobre o que acontece
no mundo
- 84,5% se informam pela televisão; 57,1% por
jornais e revistas; 49% através do rádio; 28%
com amigos ou pela turma; e 27% pela internet
- 51,2% dos(as) entrevistados(as) não tinham
acesso a computador (80% dos jovens das classes A/B
tinham acesso, enquanto o percentual é de 24,2%
os(as) jovens das classes D/E)
entre
Cultura, Lazer
e Informação
Principais preocupações dos(as) jovens:
- Falta de acesso a espaços de cultura e lazer
- Concentração da oferta nas zonas de maior poder
aquisitivo/ capital
- Pouca valorização da cultura brasileira/ regional
- Falta de apoio/ patrocínio visando a baratear os custos
- Falta de segurança
Cultura, Lazer
e Informação
“(...) Porque é bom frisar que o lazer, de certa forma,
ele é a válvula de escape da pessoa, a pessoa
trabalha o dia inteiro, ela estuda, ela faz tudo, mas
ela quer ter uma hora onde ela vai descansar, que ela
vai aliviar as tensões do dia-a-dia, que ela vai
esquecer de tudo (...) E eu acho que é importante o
lazer na vida dos jovens porque todo jovem gosta de
praticar o lazer, só que falta oportunidade mesmo,
falta às vezes tempo, falta infra-estrutura, que é
muito importante, e falta, acima de tudo, a
segurança” (jovem do Distrito Federal).
Política e políticos
- Descrédito nos políticos (64,7% disseram que eles não
representam interesses da população), mas não na Política,
vista como espaço de conquista e garantia de direitos e
também como caminho possível para transformações sociais
mais profundas
- Ações governamentais para eles(as) são aquelas capazes
de resolver mais efetivamente os problemas que identificam
em relação à educação, ao trabalho e à cultura
- Desafio: restabelecer base de confiança entre os jovens e
o exercício da política
Política e políticos
Recados para os(as) políticos(as)/ governantes
brasileiros(as):
- Governantes mais responsáveis/ mais dignidade
- Honestidade/ maior consciência/ fim da corrupção
- Atenção aos(às) jovens/ ouvir suas opiniões/ investir
- Investimento na educação
- Renovação das formas de se fazer política e dos(as)
políticos(as)
- Atenção ao povo/ ouvir mais o povo/ observar situação do
povo
Participação
- 28,1% dos(as) entrevistados(as) participam de
algum
grupo
(religioso,
esportivo,
artístico,
estudantil, comunicação, etc)
(32,4% em SP)
- quanto maior a escolaridade, maior a participação em
grupos
- 18,5% dos(as) entrevistados(as) disseram já ter
participado de algum movimento ou reunião para
melhorar a vida de seu bairro/ cidade
- os(as) mais velhos(as) e os(as) mais pobres participaram
mais dessas atividades
Participação
- 65,6% dos(as) jovens dizem que procuram se
informar sobre a política, mas sem participar
- os(as) jovens pedem mais atenção, cobram pela
escuta e seu direito de expressão
- há descrédito quanto à maneira como as relações
entre Estado e cidadãos(ãs) tem se dado
- mostraram necessidade de prolongar momentos
como os dos Grupos de Diálogo
- quanto maior a escolaridade, mais o(a) jovem busca
se informar e maior é sua cultura participativa
Participação
Caminho 1 : Eu me engajo e tenho uma bandeira de luta
Os(As) jovens reconhecem que esta é a alternativa na qual a
participação poderia ser mais efetiva para as mudanças
desejadas acontecerem, especialmente, aquelas que se
relacionam com a luta contra o preconceito e o combate às
desigualdades sociais. Mas poucos(as) se vêem nesse
Caminho. (DF, Recife, Salvador)
Caminho 2: Eu sou voluntário(a) e faço a diferença
Os(As) jovens demonstram perceber que esta alternativa de
participação por si só não é capaz de resolver problemas,
principalmente os de natureza estrutural, caso não haja
envolvimento governamental. (ação coletiva comunitária)
(SP, Poa, Belém)
Caminho 3: Eu e meu grupo: nós damos o recado
Os(As) jovens afirmaram ser este um Caminho indireto que
pode ser pouco efetivo para sensibilizar governos para a
realização das mudanças desejadas. (RJ, BH)
Participação
Criando caminhos possíveis para a participação
Caminhos Participativos em mosaico
Os(As) participantes perceberam nos três Caminhos
Participativos positividades para a promoção das
mudanças desejadas por eles(as) nas áreas de
educação, trabalho e cultura/ lazer.
Nos Grupos de Diálogo, a maioria dos(as) jovens
construiu um novo Caminho, afirmando que nenhuma
forma de participação isolada daria conta de
transformar a realidade.
O Diálogo
Avaliação dos(as) jovens dos Grupos de
Diálogo:
-Espaço de aprendizagem
-Espaço de expressão/ conhecer opiniões diferentes
-Ouvir e respeitar o outro/ dialogar/ refletir
-Expor os pensamentos
-Oportunidade de conhecer novas pessoas
-Fazer amigos(as)/ sociabilidade
O Diálogo
Os(As) jovens ouvidos(as) na pesquisa
expressaram a necessidade do Estado e da
sociedade civil os(as) valorizarem por meio
de escuta qualificada e respeitosa
- 85% dos(as) jovens ouvidos(as) na primeira etapa
acham que é preciso abrir canais de diálogo entre
governo e cidadãos(ãs)
Considerações finais
• Jovens revelam visão crítica e “antenada” da realidade
vivida e dos processos que agravam as condições de
vida da juventude (contradiz estereótipo do jovem
alienado, apático).
• Cobram responsabilidade do Estado, ao mesmo tempo
em que reconhecem a sua parte na construção do Brasil
que desejam.
Considerações finais
• Identificam nas ações governamentais/ na esfera da
Política a maior efetividade para a resolução dos
problemas apontados.
• Ações individuais e coletivas são vistas como
necessárias e desejáveis, mas insuficientes para
equacionar os problemas nacionais.
Considerações finais
• Demandam a sua inclusão social, ao mesmo tempo
em que anseiam pela inclusão política: querem ser
ouvidos e contribuir na construção de um país mais justo
e com iguais oportunidades para as diferentes
juventudes.
• A modalidade de inserção mais acessível aos jovens e
mais sintonizada com seu momento de vida é a ação
grupal comunitária voluntária.
Considerações finais
• Isso não significa a negação de outras formas de
participação na esfera pública, haja visto que nenhum
dos caminhos participativos foi rejeitado, mas
combinados de modo a ajustar-se aos desafios que se
impõem à transformação social e à democratização
efetiva do país.
• É visível a demanda por espaços de interação
qualificada entre os jovens - e destes com o poder
público –, hoje escassos, invisíveis ou pouco atrativos
para essa nova geração.
Projeto era-Ação
Realizado em 2003 e 2004, com 24 cursos em 19
distritos de São Paulo (índices de exclusão social).
Apoio: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate
a Fome
e a parceria
 Secretaria Municipal de Assistência Social
 Instituto Polis (coord. pedagógica, facilitadores, OCs e
colaboradores)
diretrizes básicas
1. incentivar o exercício da cidadania, a organização
e a participação qualificada de lideranças locais
- conhecimento sobre a realidade social e iniciativas
voltadas à melhoria das condições de vida.
2. capacitar na elaboração e realização de projetos
locais de interesse público e coletivo;
3. colaborar para valorizar a relação dos Centros de
Convivência da Prefeitura de São Paulo com seu
entorno social.
Nas etapas 1 e 2, abrangeu 360 bolsistas, e foi multigeracional. Somando-se aos participantes das oficinas
temáticas e atividades realizadas em cada distrito,
alcançou em torno de 1080 participantes.
A 3a. Etapa que não consta deste livro, contou com 420
jovens de 15 a 14 anos, e abrangeu em torno de 1680
participantes nas atividades
Ao todo este programa envolveu cerca
de 2940 participantes, tendo 780 com
uma bolsa auxílio .
o que predominou nessa experiência foi um saldo
positivo e prazeroso :
 o enorme interesse de uma grande parte dos que
integraram as atividades:
 interesse no aprendizado, na pesquisa, na troca de
saberes,
 na atuação e intervenção local e
 na continuação de ações coletivas em seus distritos.
Ressalta-se a participação dos jovens em todo o
O programa de atividades:
- módulo básico, com 128 hs/atividades, Conteúdos:
Formação do grupo
Re-conhecimento do bairro e distrito: levantamento da
história, dos problemas, potencialidades e também dos
talentos dos moradores e as ações de organizações do
bairro/distrito;
O Direito à Cidade;
Direitos Humanos e cidadania;
Políticas Públicas e Participação Social,
Conselhos, OP. e
Fóruns,
Elaboração e implantação de um projeto
social de caráter público e coletivo.
monitoramento e avaliação.
-realizados passeios para conhecimento da
cidade e intercâmbio entre os grupos.
Paralelamente à realização do projeto social ou as
ações locais na terceira etapa, se realizaram oficinas
temáticas - Culturas Populares e Participação,
Afetividade e Diversidade (com foco em juventude,
relações de gênero e sexualidade), Economia Solidária
(noções de trabalho e geração de renda),
Metodologia *construção coletiva de conhecimentos, integrando momentos de vivência com a
reflexão teórica.
*educação popular: valorizar os diferentes saberes e linguagens, baseado em
diálogo no grupo e deste com a comunidade,
* conhecimento não se processa somente pela razão, mas que se aprende pelo corpo
todo, por todos os nossos sentidos
Além do uso de textos escritos, mapas, filmes, revistas, jogos, exercitou-se outras
formas de expressão e exploração dos espaços: dança, teatro, produção de vídeos,
boletins, fanzines, revista em quadrinhos, RPG, e o uso de materiais para criatividade
em grupo – recortes, painéis, cartazes, maquetes, objetos.
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Participação - Centro de Documentación del Programa URB-AL