HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Formação de professores do Ensino Médio Prof. Tiago Coradini Educação no Brasil Imperial Independência (política e sob um ponto de vista nacional) 7 de setembro de 1822 Como formar as elites dirigentes do país? Passou a existir um sistema integrado? Quais cursos foram enfatizados? Educação no Brasil Imperial - Ensino elitista e propedêutico. - Ensino dividido em elementar, secundário (a cargo das províncias) e superior (de responsabilidade da Coroa). Educação no Brasil Imperial • A vinda da Família Real para o Brasil Cursos superiores para formar a elite dirigente do país. Imprensa régia (1808). Biblioteca pública (1814). • O ensino primário Poucas iniciativas: • Método Lancaster (sistema monitorial). • Constituição de 1824: limitou-se a estabelecer que “a instrução primária é gratuita a todos os cidadãos”. • 1827 – Lei para a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugarejos. Deixado ao encargo das províncias, o ensino primário era pouco difundido pois havia pouco dinheiro para manutenção, os escravos eram proibidos de frequentar a escola e o curso primário nem era exigido para frequentar o secundário. Criação de escolas de meninas. • O ensino técnico-profissional e o ensino normal. Marginalizado, pois não permitia o ingresso ao ensino superior e os que conseguiam estudar ( a elite), tinham outro objetivo. Em 1864 haviam 116 alunos. Pouco ou nada se fez para a formação de professores. Na inexistência de professores habilitados, estes eram selecionados com base em três condições: maioridade, moralidade e capacidade. Educação no Brasil Imperial • O ensino secundário e superior. Ato adicional de 1834 – dois sistemas paralelos de ensino secundário: • O sistema regular, oferecido pelo colégio Pedro II, liceus provinciais e alguns estabelecimentos particulares. A duração do curso secundário era de sete anos. • O sistema irregular, inorgânico, constituído pelos cursos preparatórios e exames parcelados de ingresso ao ensino superior. “O caminho para os estudos superiores era mais rápido quando não se passava pelo Pedro II”. Determina que a instrução primária e secundária são de responsabilidade das províncias. Cada província, dentro de suas limitações, deveria criar suas próprias leis de Educação. Não tínhamos uma universidade, mas apenas escolas isoladas de nível superior, como as faculdades de Direito de São Paulo e do Recife e as faculdades de medicina do Rio de Janeiro e Salvador. Não havia articulação entre o ensino primário e o ensino secundário! Para ingressar no ensino superior, bastava comprovar idade e ser aprovado nos exames parcelados. A criação do Colégio Pedro II na Corte (Rio de Janeiro), em 1837 • Representa os primeiros esforços no sentido de imprimir organicidade no campo do ensino público. • Servia de modelo de organicidade para o ensino. • Elaboravam materiais didáticos. • Os planos de estudo incluíam estudos literários e científicos. No entanto, deram ênfase à cultura clássica humanista. • O referido Colégio continuou referência na organização do ensino, mesmo após a proclamação da República. Ensino Secundário Propósito de formar: • Elites. • Altos quadros políticos, administrativos e intelectuais no país. Alunos que frequentavam o ensino secundário • • • • • Grupo social muito restrito. Jovens herdeiros de oligarquia agrária. Filhos de industriais. Grandes comerciantes. Profissionais liberais. A educação na República Velha 15 de novembro de 1889 – Proclamação da República. A herança do Império, em matéria de educação foi bastante precária. Os ideais republicanos – na prática – mostraram-se frustrantes: - Centralização do poder. - Práticas de corrupção, garantindo a “máquina” nas mãos de poucos. - Exploração, opressão. Foi durante o período republicano , principalmente de 1930 em diante, que se construiu o sistema educativo brasileiro. Durante toda a República Velha manteve-se no Brasil a dualidade de sistemas e competências em matéria educacional: o sistema federal, formador das elites através dos cursos secundário e superior e do ouro lado os sistemas estaduais, limitando-se a organizar e manter a educação das camadas populares – ensino primário e profissional. De maneira geral, o curso secundário servia como preparatório para o ingresso ao ensino superior. Também, em matéria de ensino secundário, perdurou a luta entre o regime regular (4 a 7 anos) e o regime de parcelados. O curso técnico-profissional continuou marginalizado. República Velha • A Constituição Republicana de 24 de fevereiro de 1891 separa a Igreja do Estado, institui o governo federativo no país. • Mantém a descentralização do ensino: a educação primária aos Estados, inclusive com a organização do ensino, ou seja, não há uma Lei Nacional para tal, cabendo ao governo Federal a atribuição de criar instituições de ensino secundário e superior. • Laiciza a educação. • Elimina o voto baseado na renda e institui o voto do cidadão alfabetizado do sexo masculino. A educação na República Velha A década de 1920 foi marcada por amplas discussões na educação brasileira. A educação elitista passou a ser questionada, passou a se propor um sistema nacional de educação, com ênfase na educação básica, no ensino primário, mas formando um todo articulado. Três fatores contribuíram para os debates sobre a educação: • Fundação da Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1824 – contato, debate. • O inquérito sobre a educação, promovido pelo jornal O Estado de São Paulo, em 1926. • Reformas educacionais realizadas em diversos Estados, durante a década de 1920. A educação na República Velha As reformas estaduais da educação popular procuraram tornar mais eficientes tanto o ensino primário quanto o técnico-profissional. No Distrito Federal, segundo Fernando de Azevedo, a educação deveria ser reformada de acordo com três princípios básicos: • extensão. • articulação. • adaptação ao meio social e às ideias modernas de educação. Começa a surgir uma “Escola Nova”. Conservadores (católicos) X Liberais (transformar pela escola). Principais nomes do “Escolanovismo”: Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Francisco Campos... Os professores sugerem, orientam e coordenam; métodos, programas e horários são flexíveis; mais próxima do meio natural de vida, obtém disciplina voluntária... A educação nova no Brasil Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova: A reconstrução educacional no Brasil (1932). •A educação passa a ser vista como essencial para a reconstrução da democracia no Brasil e forma de integração. •A educação deve ser pública, obrigatória, gratuita, leiga, sem segregação de cor, sexo ou tipo de estudos, tendo vinculação com a comunidade. •A educação deve ser uma só, com articulação, unidade e respeito às características regionais. •A educação deve ser funcional e ativa, atendendo aos interesses naturais dos alunos. •Todos os professores devem ter formação universitária. A educação nova no Brasil • • • • No final da República Velha: continuávamos sem um sistema nacional de educação; o ensino primário ficava ao encargo dos reduzidos recursos dos Estados; o ensino secundário continuava minado pelo ensino irregular, não-seriado, tendo como principal objetivo preparar para o ensino superior. ainda não tínhamos uma universidade funcionando. Com a entrada de Getúlio Vargas no poder, reformadores educacionais da década anterior passaram a ocupar cargos importantes na administração do ensino. Houve a criação do Ministério da Educação e das Secretarias de Educação dos Estados. Francisco Campos – Ministro da educação. Reforma Francisco Campos (1931) Francisco Campos foi o primeiro ministro da Educação e Saúde de Getúlio Vargas. Participou do movimento da Escola Nova e estava ligado ao movimento católico. O curso secundário ficou dividido em dois ciclos: um fundamental de 5 anos, para fornecer cultura geral e outro complementar de dois anos, com o objetivo de preparar os candidatos para o ensino superior. Haviam escolas profissionais para a formação de quadros intermediários do comércio, da indústria e do magistério primário, não articulados com o secundário nem com o superior. Curso fundamental: duração de cinco anos. Curso complementar: duração de dois anos (com currículo diferente). A educação nova no Brasil Constituição de 1934 – primeira a incluir um capítulo especial sobre a educação. Pontos principais: • A educação como direito de todos. • A gratuidade do ensino primário. • Assistência aos estudantes necessitados. • A União passou a ter função normativa. Houve maior centralização. O Estado poderia controlar melhor! Reforma Capanema O Ministro Gustavo Capanema criou as Leis Orgânicas do Ensino. Sobre elas: • • • • • Ocorrem no âmbito do Estado Novo. Regulamentam o Ensino Primário. Criam o Ensino Supletivo, de 2 anos. Melhor planejamento escolar. Estruturação da carreira docente Valorizar o professor! • Reestruturação do curso secundário - curso ginasial, com duração de 4 anos e curso colegial, com duração de 3 anos. A educação nova no Brasil • O governo federal passou a regulamentar o ensino primário em 1946. • Os objetivos do ensino secundário passaram a ser a formação geral e a preparação para o ensino superior, nas reformas feitas. Ficou dividido em dois ciclos: fundamental e complementar (em 1931), ginasial e colegial (em 1942). Curso ginasial: duração de quatro anos. Curso colegial: duração de três anos. Curso fundamental: duração de cinco anos. Curso complementar: duração de dois anos (com currículo diferente). • O ensino técnico-profissional passou a ter legislação nacional, a partir de 1942. • Em 1934 foi criada a Universidade de São Paulo. Educação no período da Redemocratização • Uma democracia limitada. • 1946 – nova Constituição • A passagem do 2º grau para o superior é feita através de vestibulares. • A passagem do 1º para o 2º grau também não era automática, pois havia mais candidatos que vagas. • Em 1971 suprimiu-se o exame de admissão ao ginásio, com a fusão do primário e do ginásio num único nível de ensino, o 1º grau. • Primeira Lei brasileira a estabelecer as diretrizes e Bases da Educação Nacional, em todos os níveis – Lei nº 4024, de 29 de dezembro de 1961. • A educação como direito de todos. • A escola primária obrigatória. • A assistência aos estudantes. • A gratuidade do ensino oficial para todos ao nível primário e, aos níveis posteriores, para quantos provassem falta ou insuficiência dos meios. A educação de grau médio, em prosseguimento à ministrada na escola primária, destina-se a formação do adolescente. Educação no período da Redemocratização O Ensino Médio a partir da Lei nº 4024/61: dois ciclos (ginasial, de 4 anos, e colegial, de 3 anos); modalidades: tanto no ginasial quanto no colegial, o ensino médio abrangia o curso secundário, o curso técnico (industrial, agrícola, comercial e outros que fossem regulamentados) e o curso de formação de professores para o primário. Foi um período de luta pela escola pública, pelo preceito constitucional “a educação é um direito de todos”. A educação, sobretudo no ensino médio, era privilégio de poucos. Movimentos de educação popular: • Campanha de educação de adultos • Programa nacional de alfabetização (uso do sistema Paulo Freire). A educação brasileira a partir de 1964 Uma série de lutas foram interrompidas com o golpe militar de 1964. Vários setores da sociedade foram vitimados pelo autoritarismo instalado no país, assim como reformas educacionais foram efetivadas sem participação dos interessados. Características do Brasil sob a égide militar: • • • • • Autoritarismo. Militares no poder. Restrição das liberdades democráticas. Censura. Existência de perseguição, tortura, exílio e morte (feitas contra opositores). • Adoção de um modelo econômico desenvolvimentista. A educação brasileira no período da Ditadura Militar Numerosas escolas foram invadidas pela polícia, muitos professores e estudantes foram presos e exilados, e todas as escolas passaram a ser observadas de perto por agentes de órgãos de informações do governo, sob controle do SNI. A UNE foi substituída pelo Diretório Nacional de Estudantes e passa a atuar na ilegalidade. Assembleias foram proibidas. 1968 – Morte de Edson Luís Souto (estudante). A educação brasileira no período da Ditadura Militar Os estudantes, professores e funcionários também tiveram seu AI-5; foi o Decreto-Lei nº 477, de 26 de fevereiro de 1969. Por exemplo: • • • • • Art 1º Comete infração disciplinar o professor, aluno, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino público ou particular que: I - Alicie ou incite à deflagração de movimento que tenha por finalidade a paralisação de atividade escolar ou participe nesse movimento; III - Pratique atos destinados à organização de movimentos subversivos, passeatas, desfiles ou comícios não autorizados, ou dele participe; IV - Conduza ou realize, confeccione, imprima, tenha em depósito, distribua material subversivo de qualquer natureza; VI - Use dependência ou recinto escolar para fins de subversão ou para praticar ato contrário à moral ou à ordem pública. A educação brasileira no período da Ditadura Militar • • • • • • A reforma do ensino de 1º e 2º graus: Reformulados pela Lei nº 5 692, de 11 de agosto de 1971. “O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de autorrealização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania”. 1º grau – 8 anos (antigo curso primário e ginásio), destinado a educação geral. 2º grau – tornou-se todo ele profissionalizante. O aluno só poderia concluí-lo mediante a obtenção de um diploma de auxiliar técnico (três anos) ou de técnico (quatro anos). A partir de 1983, por força da Lei nº 7 044, de 18 de outubro de 1982, os estabelecimentos ficaram livres para oferecer ou não a habilitação profissional. Disciplinas mais reflexivas como Filosofia, Sociologia, Psicologia deixaram de ser ministradas no 2º grau. O que se verificou, então, foi que grande parte dos estabelecimentos procurou burlar a lei ou cumpri-la da forma mais fácil possível. Esvaziamento dos conteúdos de formação geral, imprescindíveis. Teoria do Capital Humano Na lógica de mercado, a educação torna-se um produto a ser consumido. Teorias neoliberais – propõem a privatização da educação. “Dá a cada um o que sua função social exige”, não podendo ser obtida por uma educação comum pública. Teoria do capital humano: redução da educação à formação de recursos para a estrutura da produção. Transição - A Ditadura Militar começa a enfraquecer: • Lei da Anistia (1979). • Fim do bipartidarismo (1979). • Diretas Já (1983/1984). • Eleições indiretas para presidente. • Constituição promulgada em 05/10/1988 No campo educacional também foram intensos os debates: privatistas X defensores da escola pública. LDB 9.394 de 20 de dezembro de 1996 Formação Humana Integral Plano Nacional de Educação.