Prof.Paulo Christian Martins Marques da Cruz
 Primeira Cruzada (Cruzada dos Barões) - 1096-1099
 Segunda Cruzada – 1147 – 1149
 Terceira Cruzada (Cruzada dos Reis) – 1187 – 1189
 Quarta Cruzada – 1202 – 1204
 Quinta Cruzada – 1217 – 1221
 Sexta Cruzada (Frederico II) – 1228 – 1229
 Sétima Cruzada – 1239 – 1244
 Oitava Cruzada – 1270 – 1271
 Cruzada Popular (ou dos Pobres)
 Cruzada de 1101
 Cruzada das Crianças de 1212.
 Cruzada Albigense 1209 – 1244
 Cruzada do Norte (secs XII, XIII e XIV).
 A Europa Medieval nos séculos IX e X era uma cidadela
cercada por três povos: piratas Sarracenos, Cavaleiros
Magiares e Vikings (BLOCH, 1982, p.19).
 O término das invasões fortaleceu a síntese feudal e a
expansão demográfica, tendo o ano 1000 sido um dos
auges (LE GOFF, 1956, p.11 e DUBY, 1994, p.39).
 Os reis merovíngios e carolíngios haviam feito do
cavaleiro o instrumento por excelência do combate,
graças a grande oferta de pastos e tipos deste animais
que a Gália oferecia (BARTHÉLEMY, 2010, p.191).
 Frente a crescente violência e destruição que as guerras
entre senhores passam a causar na Europa, há um
esforço da Igreja em buscar “civilizar” a guerra, ou
mesmo proibi-la em certos dias:
 “Inicialmente (a Paz de Deus) populariza a idéia de
que monges, padres e freiras não podem ser atingidos
ou ameaçados, durante operações militares (a partir de
990, isso ocorre no reino da França e espalha-se
rapidamente pela Europa, como regra geral). Esta
proteção estende-se posteriormente para pastores,
crianças, mercadores e peregrinos. Inclui também as
igrejas, e as pessoas que vão ou voltam delas, aos
domingos. É a partir daí que, aos poucos, torna-se
universalmente aceita a idéia das igrejas como
santuários” [...] (REZENDE FILHO, 1992, p.17).
 O Papa Gregório VII, já esforçava-se na busca por
cavaleiros para a proteção das Terras Pontifícias frente
as incursões normandas vindas do Sul da Itália.
Teologicamente então buscou-se uma nova ética,
moral e atitudes que legitimassem a guerra
(FERNANDES, 2006, p.107).
 Sendo agora muito mais um homem livre, a partir do
século XI, o cavaleiro teve seu ritual de investidura
lentamente sacralizado: o banho, a passagem da
espada, o resguardo do corpo, a oração. O cavaleiro é
agora um defensor da Igreja.
 No século XI, três focos opunham os cristãos a
populações tidas como infiéis ou pagãs: a Península
Ibérica com a presença muçulmana desde 711, os
eslavos pagãos do Rio Elba até o Rio Vístula e a Cidade
de Jerusalém, que desde 636 passou a sofrer constantes
flagelos em ocupações árabes e muçulmanas.
 Em busca de novos território motivados pela expansão
demográfica, nobres europeus migram para áreas
conflituosas em busca de novas terras, agora com uma
justificativa religiosa.
 A partir do século XI, o feudalismo conhece uma expansão
partindo do epicentro francófono.
 Leste: A Marcha para o Leste do Sacro Império Romano
Germânico – evangelização dos pagãos do Rio Vistula,
criação de novos senhorios, fundação de cidades.
 Oeste: Península Ibérica – Reconquista, formação dos
Reinos Católicos Ibéricos: Castelo, Navarra, Aragão, Leão e
Portugal.
 Sul: Península Itália – Expedições saídas do Ducado da
Normandia por senhores sem posses em busca de novos
territórios.
 Norte: Inglaterra – Conquista Normanda da Inglaterra em
1066 por Guilherme, Duque da Normandia.
 A vida rural a partir do ano mil conhece, apesar das
diferenças e nuanças regionais, uma uniformidade
bastante grande, e essa uniformidade é marcada por
progressos técnicos importantes. [...] a rotação trienal
assim a substituição do arado pela charrua,
particularmente nas planícies da Europa Setentrional
[...] o mais importante nesse processo de substituição
talvez seja o da madeira pelo ferro e dos asnos que
deram lugar paulatinamente ao cavalo (LE GOFF,
2007, p. 77).
 A sobrevivência do Império Bizantino e sua prática de
vanguarda no restabelecimento do comércio de longa
distância, favoreceu significativamente o crescimento
das cidades italianas (JESTICE, 2012, p.52).
 Multiplicam-se
os comerciantes venezianos e
genoveses no Oriente, com ricas trocas e o quase
monopólio de Bizâncio em uma série de artigos.
 A expansão dos turcos seljúcidas na década de 1080
passa a enfraquecer o Império Bizantino e dificultar as
trocas marítimas. As cidades talassocráticas Italianas
passam então a pressionar Francos e Germânicos para
a tomara de ações. (SETTON, 1969, p.52).
 Após o desastre da Batalha de Manzikert em 1071, o
Império Bizantino é gradativamente empurrado em
direção a Constantinopla, a capital.
 As dificuldades econômicas e militares levam ao
Império Alexius I Comnus. Figura de boa oralidade e
personalidade forte que envia então ao papa Urbano II
um pedido de ajuda.
 [...] Ao longo do tempo mostrou-se evidente que as
chances de maiores sucessos [frente os seljúcidas]
eram pequenas sem uma ajuda externa. Pensando
friamente nas opções, Alexius acreditou que a melhor
esperança seria pedir ajuda ao Ocidente. Os
mercenários ocidentais, como Roussel de Bailleul,
tinham provado, no passado, que não eram confiáveis,
mais tais homens poderiam ser magníficos guerreiros.
Tentativas de ajudar Bizâncio foram realizadas no
Ocidente pelo Papa Gregório VII logo após Manzikert,
mas isso não deu resultado. Alexius resolveu tentar
novamente a ideia (BARTLETT, 1999, p.23).
 O Papa Urbano II via no pedido de Alexius uma
oportunidade de se impor no Oriente, de aproximar as
duas Igrejas em um momento de fraqueza.
 As duas Igrejas estavam separadas desde 1054, a Cisma
do Oriente.
 Permeava
a mente da sociedade feudal duas
concepções escatológicas: o apocalipse de São João
escrito na década de 90 do século I e a De Civitate Dei
(A cidade de Deus) (XX, 9) de Santo Agostinho, escrita
em 426. A primeira, de São João, foi muito popular até
o século IV, perdendo espaço para interpretação de
Santo Agostinho.
 Cyro Rezende (2005, p.54), baseado na Bíblia Vulgata que
contém o texto apocalipse de São João diz que este
expressava a ideia dos “últimos dias” e sobre o “fim do
mundo”:
 “[...] Expressava a ideia a crença de que, após a Segunda
Vinda de Cristo \[Parusia], haveria o estabelecimento de
um reino messiânico na Terra, com a duração de mil anos,
que antecederia o Juízo Final. Os habitantes deste reino
seriam os mártires cristãos, que ressuscitariam mil anos
antes da ressurreição geral dos mortos, para usufruírem um
Milênio de abundância, felicidade, paz e justiça”.
 Sobre a escatologia medieval, onde a sociedade pouco se
modifica em suas estruturas, não há uma data precisa, e sim,
muitas especulações em relação ao fim do mundo. Entretanto
esta data é eminente e presente na mentalidade do homem
medieval, tendo em alguns acontecimentos específicos as pistas
de sua proximidade, como explica Bernhard Töpfer (2002, p.353):
 [...] O fim deve ser assinalado pelo retorno de Elias, o pregador
da verdade divina, pela conversão dos judeus e pela aparição do
AnticrDe civitate Dei, XX, 29] Da mesma maneira, no começo do
século VIII, o anglo-saxão Beda considera que os eventos mais
importantes que precederão o Juízo Final serão a conversão dos
judeus e as perseguições aos cristãos por parte do Anticristo.
 As duas datas:
 1000 d.C : o primeiro milênio da após a vinda de Cristo.
 1033 d.C : o primeiro milênio após a morte de Cristo.
 Motivado pelo pedido de Bizâncio (prestígio papal),
pelas necessidade de retirar da Europa um excedente
de nobres desprovidos de terras e causadores de
conflitos internos, de reabrir o comércio e apaziguar as
mentalidades escatológica, o papa Urbano II em
passagem pela França, clama então a Primeira
Cruzada, com o objetivo de tirar da mão dos
muçulmanos a posse da cidade de Jerusalém e dos
locais sagrados ao cristianismo.
 “O oferecimento de recompensas espirituais aos guerreiros
que combatessem os muçulmanos em nome do papado não
era totalmente novidade: já no século IX, Leão IV e João
VIII tinham feito apelo aos guerreiros francos contra os
piratas sarracenos que ameaçavam Roma, prometendo-lhes
em nome de São Pedro a entrada no Paraíso caso
morressem em combate. Os papas reformadores
generalizaram a prática de recompensas espirituais e
aplicaram-nas a todos aqueles que lutavam em defesa de
sua causa, numa reconquista cristã entendida, no sentido
lato, contra todos os inimigos da reforma, do papado, da
Igreja romana, da Igreja universal, de toda a Cristandade,
tratados indistintamente como “inimigos de Deus” (FLORI,
2006, p.15).
 Cruzada Popular: mendigos, camponeses, mulheres,
padres – Pedro, o Eremita, Gualtiério Sem-Posses.
 Primeira
Cruzada: nobres vindos da Lorena,
Normandia, Lombardia, Provença e o único
representante de uma casa real foi Hugo de
Vermandois, irmão mais novo de Filipe I da França.
A rota
 De
1096 a 1099, os
nobres
da
Europa
percorreram
toda
a
porção
leste
do
continente
até
a
Hungria, adentrando o
Império Bizantino até a
Terra Santa.
 Com a Conquista de Jerusalém (1099) pelos nobres
cruzados, fundaram o Reino Latino de Jerusalém
(Balduíno I) com outros três territórios vassalos: o
Condado de Edessa Balduíno I), o Condado de Trípoli
(Raimundo IV de Toulouse) e o Principado de
Antioquia (Boemundo de Taranto).













BARTHÉLEMY, Dominique. A Cavalaria: Da Germânia antiga à França do século XII. Campinas-SP:
Unicamp, 2007.
BLOCH, M. A Sociedade Feudal. São Paulo: Edições 70, 1982.
DUBY, Georges. As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo. Lisboa: Editorial Estampa, 1994.
FERNANDES, Fátima Regina. Cruzadas na Idade Média. In: MAGNOLI, Demétrio, História das
Guerras. São Paulo: Contexto, 2006.
FLORI, Jean. Jerusalém e as Cruzadas. In: LE GOFF, Jacques & SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário
Temático do Ocidente Medieval, v. 01. São Paulo: EDUSC, 2002.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: O Nascimento do Ocidente. 2a Ed. São Paulo: Brasiliense,
2001.
JESTICE, Phyllis G. História das Guerras e Batalhas Medievais. Trad. Ricardo Sousa. São Paulo:
M.Books, 2012.
LE GOFF, Jacques. Mercadores e Banqueiros na Idade Média. Lisboa: Gradiva, 1956.
_______. Raízes da Europa Medieval. Petrópolis-RJ: Vozes, 2007.
REZENDE FILHO, Cyro de Barros. Guerra e Poder na Sociedade Feudal. São Paulo: Ática, 1995.
RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas, v. 01: A Primeira Cruzada e a Fundação do Reino de
Jerusalém. Trad. Cristiana de Assis. Rio de Janeiro: Imago, 2003.
SETTON, Kenneth M.. A History of the Crusades. Madison: Wisconsin University Press, 1969.
TÖPPER, Bernhard. Escatologia e Milenarismo. In: LE GOFF, Jacques & SCHMITT, Jean-Claude.
Dicionário Temático do Ocidente Medieval, v. 01. São Paulo: EDUSC, 2002.
Download

A Primeira Cruzada