Economia Clássica Prof. João Correia Aluno: Wilton Martins da Silva INFLAÇÃO O QUE É INFLAÇÃO? Inflação é um processo pelo qual ocorre aumento generalizado nos preços dos bens e serviços, provocando perda do poder aquisitivo da moeda. Este processo faz com que o dinheiro valha cada vez menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior dele para adquirir os mesmos produtos. FATORES QUE PODEM GERAR INFLAÇÃO: O aumento muito grande no preço de um bem => contamina os demais preços => provoca uma alta generalizada, (Petróleo e energia elétrica, por exemplo); O Excesso de consumo também provoca inflação => torna os produtos escassos => ocasiona aumento de seus preços; O Governo gasta mais do que arrecada => para pagar suas contas emite papel moeda => provoca inflação pois desvaloriza a moeda => criou dinheiro novo sem lastro, sem garantia , sem que tenha havido criação de riqueza, de produção => os bens e serviços continuam os mesmos => mas o dinheiro aumenta de volume => exige-se maior quantidade de dinheiro pela mesma quantidade de produto => alguns chamam de dinheiro fraco ou podre; O PROCESSO INFLACIONÁRIO: Quando instalado, é de difícil controle => torna-se um círculo vicioso => obriga a realização de reajustes periódicos de preços e salários => agravando-se ainda mais. QUEM SOFRE COM A INFLAÇÃO? Como não tem como se proteger => a camada mais pobre da população é quem mais sofre com a inflação; Em épocas de inflação galopante => as contas bancárias tinham reajustes diários como forma de repor o poder de compra que o dinheiro perdia de um dia para o outro => os mais pobres não tinham acesso a contas bancárias e portanto seu dinheiro valia menos a cada dia. TIPOS DE INFLAÇÃO Inflação de demanda - processo inflacionário gerado pelo aumento do consumo com a economia em pleno emprego. Ou seja, os preços sobem por que há aumento geral da demanda sem um acompanhamento no crescimento da oferta. Esse tipo de inflação é causada também pela emissão elevada de moeda e aumento nos níveis de investimento, pois, ceteris paribus, passa a haver muito dinheiro à cata de poucas mercadorias. Uma das formas utilizadas para o controle de uma crise de inflação de demanda, é uma redução na oferta de moeda, que gera uma redução no crédito, e conseqüente desaceleração econômica. Outras alternativas são os aumentos de tributos, elevação da taxa de juros e das restrições de crédito. Inflação de custo - processo inflacionário gerado pelo aumento dos custos de produção. Por causa de uma redução na oferta de fatores de produção, o seu preço aumenta. Com o custo dos fatores de produção mais altos, a produção se reduz e ocorre uma redução na oferta dos bens de consumo aumentando seu preço. A inflação de custo ocorre ceteris paribus quando a produção se reduz. Inflação prematura - processo inflacionário gerado pelo aumento dos preços sem que o pleno emprego seja atendido. Inflação reprimida - processo inflacionário gerado pelo congelamento dos preços por parte do governo. Inflação (por razão) estrutural - proposta pela CEPAL, que tem a ver com alguma questão especifica de uma determinado mercado, como pressão de sindicatos, tabelamento de preços acima do valor de mercado (caso do salário mínimo), imperfeições técnicas no mecanismo de compra e venda. Inflação Inercial - onde há um círculo vicioso de elevação de preços, taxas e contratos, com base em índices de inflação passados. Inflação de Expectativas - conseqüência de um aumento de preços provocados pelas projeções dos agentes sobre a inflação. INFLAÇÃO NO IMPÉRIO ROMANO Um exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império Romano, causado pela desvalorização dos denários que, antes confeccionados em ouro puro, passaram a ser fabricados com todo tipo de impurezas. O imperador Diocleciano, ao invés de perceber essa causa, já que a ciência econômica ainda não existia, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos preços, promulgando em 301 um edito que punia com a morte qualquer um que praticasse preços acima dos fixados. INFLAÇÃO NA IDADE MÉDIA A Europa com o período da Alta Idade Média, viveu um extenso tempo desde o século XIII até 1290 com uma certa estabilidade de preços, pois na época a Europa Ocidental era rica em minérios e a agricultura apresentava as condições certas para uma produção suficiente para alimentação da região, observando que apesar da produção da época ser considerada elevada, a distribuição para a população camponesa e artesã era desigual para os membros da Igreja e além disso, as alterações climáticas prejudicavam ou ajudam na produção agrícola. Porém, durante o no mandato de Eduardo II entre 1309 até 1329, houve a elevação inflacionária entre 6% á 7% ao mês até 1329, quando Eduardo II morreu, descendendo Eduardo III, em que iniciou a Guerra dos Cem Anos (1336-1450). Entre 1336 até 1350, a inflação anual era de 96% a 104% , até a epidemia de Peste bubônica quando a inflação disparou para 300% ao ano, pela escassez alimentar e de mão-de-obra. HISTÓRICO DO QUADRO INFLACIONÁRIO NO BRASIL Os índices de inflação no Brasil são medidos de diversas maneiras. Duas formas de medir a inflação ao consumir são o INPC, aplicado a famílias de baixa renda (aquelas que tenham renda de um a seis salários mínimos) e o IPCA, aplicado para famílias que recebem um montante de até quarenta salários mínimos. Até 1994 a economia brasileira sofreu com inflação alta, entrando num processo de hiperinflação na década de 80. Esse processo só foi interrompido em 1994, com a criação do Plano Real e a mudança da moeda para o real (R$), atual moeda do país. Atualmente a inflação é controlada pelo Banco Central através da política monetária que segue o regime de metas de inflação. GRÁFICO INFLAÇÃO NO BRASIL - 1930 E 2005 Década de 1930 = média anual de 6%; Década de 1940 = média anual de 12%; Década de 1950 = 19% Décadas de 1960 e 1970 = 40% Década de 1980 = 330% ◦ Nota = Entre 1985 e 1994 as taxas da inflação no Brasil foram altas. Entre 1990 a 1994 =média anual de 764% Entre 1995 a 2000 = média anual de 8,6% Ano de 2004 = 7,60% Ano de 2005 = 5,69% (IPCA): limite máximo na meta oficial = 7%; objetivo do governo = 5,1%; A MOEDA NACIONAL A moeda nacional do Brasil mudou de nome várias vezes, principalmente nos períodos de altos índices de inflação. Na maioria das renomeações monetárias, foram cortados três dígitos de zero, estratégia esta que impediu que um quilo de carne custasse cerca de quatro milhões de unidades da moeda vigente, por exemplo. Até 1942: Real (Réis) De 1942 a 1967: Cruzeiro De 1967 a 1970: Cruzeiro Novo De 1970 a 1986: Cruzeiro De 1986 a 1989: Cruzado De 1989 a 1990: Cruzado Novo De 1990 a 1993: Cruzeiro De 1993 a 1994: Cruzeiro real e URV (Unidade Real de Valor) De 1994 até hoje: Real INFLAÇÃO NA ALEMANHA Entre janeiro de 1919 e novembro de 1923, o índice inflacionário alemão variou em um trilhão por cento (1.000.000.000.000%). Chegou-se ao ponto de queimar dinheiro em lareiras para aquecer-se contra os rigorosos invernos. Tudo isso deve-se ao Tratado de Versalhes imposto pelos países vencedores da I Guerra, que acabou com sua infra-estrutura e aniquilou sua economia, sem contar com a destruição causada pela guerra. INFLAÇÃO: EFEITOS E DISTORÇÕES A inflação é responsável por diversas distorções na economia. Na Distribuição de Renda => os assalariados não tem a mesma capacidade de repassar os aumentos de seus custos, como fazem empresários e governos, ficando seus orçamentos cada vez mais reduzidos até a chegada do reajuste; Na Balança de Pagamentos => inflação interna maior que a externa causa encarecimento do produto nacional com relação ao importado o que provoca aumento nas importações e redução nas exportações; Na Formação de Expectativas => diante da imprevisibilidade da economia, o empresariado reduz seus investimentos; No Mercado de Capitais => causa migração de aplicações monetárias para aplicações em bens de raiz (terra, imóveis), e também a chamada Ilusão Monetária, que seria a interpretação errada da relação de ajuste do salário nominal com o salário real, por definição e que gera por sua vez a percepção errada de maior renda e conseqüentemente decisões equivocadas. As pessoas, julgando-se mais ricas, demandam mais bens e serviços e, com oferta a pleno emprego, causa dessa forma a inflação. MEDIÇÃO DA INFLAÇÃO A medição da inflação é feita através de uma grandeza denominada núcleo da inflação => mede o que os economistas chamam de "coração da inflação". O Banco Central do Brasil utiliza o modelo de médias estatísticas móveis, conhecida também como médias aparadas: => excluem-se as altas e baixas mais expressivas pela média, harmonizando o quadro analisado. Em outras palavras, todo o índice é bom, o segredo científico, da verdade científica está em não ficar mudando de indicador (Delfim Neto) pois mais cedo ou mais tarde será corrigido esse índice pelo levantamento científico dos valores, pelos órgão científicos competentes. Lista dos Principais Índices de Inflação IGP – Índice Geral de Preços => usado em contratos de prazo mais longo, como aluguel. IPA – Índice de Preços por Atacado => com base na variação dos preços no mercado atacadista. IGP-DI – Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna => apura as variações de preços de matériasprimas agrícolas e industriais no atacado e de bens e serviços finais no consumo. IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado => criado por solicitação de entidades do setor financeiro que, diante das mudanças freqüentes promovidas pelo governo nos índices oficiais de inflação na década de 80, desejavam um índice com mais credibilidade e independência. IGP-10 – Índice Geral de Preços 10 => é elaborado com a mesma metodologia do IGP e do IGP-M, mudando apenas o período de coleta de preços: entre o dia 11 de um mês e o dia 10 do mês seguinte. IPC-RJ – Índice Preços ao Consumidor - Rio de Janeiro => considera a variação dos preços na cidade do Rio de Janeiro, toma por base os gastos de famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos. IPC-FIPE – Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas => índice da USP, pesquisado no município de São Paulo, que tenta refletir o custo de vida de famílias com renda de 1 a 20 salários mínimos, divulga também taxas quadrissemanais. IPC-IEPE – O Índice de Preços ao Consumidor do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas da UFRGS, pesquisado no município de Porto Alegre, com 281 itens com grande frequência de compra. ICV-DIEESE – Índice do Custo de Vida, publicado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, medido na cidade de São Paulo => reflete o custo de vida de famílias com renda média de R$ 2.800. INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, média do custo de vida nas 11 principais regiões metropolitanas do país para famílias com renda de 1 até 8 salários mínimos, medido pelo IBGE. IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, também do IBGE, calculado desde 1980, semelhante ao INPC, porém refletindo o custo de vida para famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. INCC – Índice Nacional de Custos da Construção, um dos componentes das três versões do IGP, o de menor peso. Reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da mão-de-obra no setor. CUB – Custo Unitário Básico => reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da mão-de-obra no setor, é calculado pelo SINDUSCON, e usado em financiamentos de imóveis. IPCA e IGP-M Inflação no Brasil antes de 1994 Você provavelmente já ouviu falar no PlanoReal de 1994. Este plano foi um marco para a economia brasileira, já que foi capaz de amenizar a hiperinflação do país. Vejamos a variação mensal e anual do IPCA e do IGP-M antes de 1994. HIPERINFLAÇÃO Em Macroeconomia, hiperinflação é uma inflação acima dos níveis adequados e fora de controle. O que ocorre é um encarecimento rápido dos produtos, recessão e desvalorização acentuada da moeda. O caso clássico conhecido é a crise econômica alemã de 1923. Alguns especialistas também costumam dar esta classificação para a inflação brasileira poucos dias antes da vigência do Plano Collor. A maior hiperinflação do mundo foi registrada na Hungria, logo após a Segunda Guerra Mundial, quando sua moeda era o pengő. Em 2008, a Economia do Zimbabwe viveu um surto hiperinflacionário que foi um dos maiores da história e o primeiro registrado no século XXI. Hiperinflação na América Latina A hiperinflação latino-americana não alcançou nunca essas taxas extremas, mas já foram muito mais perduráveis no tempo. A taxa média de inflação anual durante o período 1978-1987, por exemplo, foi de: o 166% para o Brasil o 257% para a Argentina o 602% para a Bolívia o 2.776% para o Peru (Alan García) o 3.710% para o México (Miguel de la Madrid Hurtado) IPCA e IGP-M Inflação no Brasil depois de 1994 Em 1º de julho de 1994 houve a culminância do programa de estabilização, com o lançamento da nova moeda, o Real (R$). Toda a base monetária brasileira foi trocada de acordo com a paridade legalmente estabelecida: CR$2.750,00 para cada R$1,00. A inflação acumulada até julho de 1994 foi de 815,60%, e a primeira inflação registrada sob efeito da nova moeda foi de 6,08%, mínima recorde em muitos anos. A inflação acumulada de 1967 até 1994 foi de aproximadamente 1.142.332.741.811.850% (IGP-DI). O resultado positivo do Plano Real tem influenciado a política econômica brasileira desde então. O sucesso do Plano Real foi imediato, com uma inflação declinante no período de 1995 até 1998. Entretanto, entre os anos de 1999 e 2003, o dragão (a inflação) voltou a mostrar suas caras. No ano de 2002 o IPCA registrou alta de 12,53% enquanto o IGP-M registrou alta de 25,30%. Últimos 5 anos. De 2006 até 2010, a inflação recuou para patamares “normais”, com o IPCA controlado entre 2,5% (limite inferior) e 6,5% (limite superior), de acordo com o sistema de metas de inflação do Banco Central. Meta de Inflação do Banco Central (IPCA) Fontes de Consulta: http://economia.uol.com.br/ http://www.portalbrasil.net/ http://www.ibge.gov.br/ http://portalibre.fgv.br/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Real BOA PROVA PARA TODOS!