Seminário Agressividade e indisciplina nos contextos educativos 20 de junho 2015 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Do trabalho nas disciplinas à construção da disciplina Nuno Ferro Faculdade de Motricidade Humana 1 Indisciplina é entendida como como a manifestação de ato e condutas, por parte dos alunos que têm subjacentes atitudes que não são legitimadas pelos professores no contexto regulador da sua prática pedagógica e, consequentemente perturbam o processo normal de ensino-aprendizagem. Estrela e Amado (2000) Indisciplina Desvio às regras de produção Perturbação ao bom funcionamento da aula Conflitos Interpares Dificuldades de relacionamento entre alunos Conflitos relação Professor - aluno Colocar em causa a autoridade e estatuto do professor Amado (1998) 2 Planear Clima Organizacional Indisciplina promotor de sucesso Conduzir o Ensino Avaliar 3 Do trabalho nas disciplinas à construção da disciplina Que decisões estratégicas sobre currículo e avaliação (nas disciplinas) podem ajudar à promoção de sucesso? Que decisões de planeamento, na condução do ensino e na avaliação (nas disciplinas) podem proporcionar um clima favorável de aprendizagem? De que forma poderá o trabalho colaborativo (nas disciplinas) pode ter influência na mobilização dos alunos para a aprendizagem? 4 Trabalho Colaborativo = Comunidade de Aprendizagem Profissional Foco na Organização do Departamento • Prática Social • Gestão Coletiva Foco nas Práticas Pedagógicas • Desenvolvimento Curricular Colaborativo • Partilha e produção de conhecimento (Costa,2015) Refletindo sobre o currículo O que queremos efetivamente que os alunos aprendam? Como definimos o objeto de aprendizagem? Como estruturamos o currículo para promover o sucesso? Como planeamos o ano e a turma? Planeamos em setembro ou em novembro? Fará sentido o currículo ser apresentado da mesma forma em todas as escolas independentemente das características das escolas e do nível dos alunos? Preocupamo-nos mais com o que ensinamos ou com o que os alunos aprendem? Que dados trazemos da prática individual para as decisões coletivas estratégicas em torno da construção curricular? 6 Como definimos o objeto de aprendizagem? 7 O que queremos efetivamente que os alunos aprendam? “Domínios” Domínio Conhecimento substantivo Domínio Conhecimento processual Objetivos / Metas / Competências 1. Universo - Distinguir vários corpos celestes (planetas, estrelas e sistemas planetários; enxames de estrelas, galáxias e enxames de galáxias). - Indicar o modo como os corpos celestes se organizam - Localizar a Terra no Universo, atendendo à sua organização. - Indicar qual é a nossa galáxia (Galáxia ou Via Láctea), a sua forma e a localização do Sol nela. - Indicar o que são constelações e dar exemplos de constelações visíveis no hemisfério Norte (Ursa Maior e Ursa Menor) e no hemisfério Sul (Cruzeiro do Sul). - Associar a estrela Polar à localização do Norte no hemisfério Norte - Explicar como é possível localizar a estrela polar a partir da Ursa Maior. - Indicar que a luz emitida pelos corpos celestes pode ser detetada ou não pelos nossos olhos (luz visível ou invisível). 2. Sistema solar 3. Distâncias no Universo … - Interpretar informação sobre planetas contida em tabelas, gráficos ou textos, identificando semelhanças e diferenças, relacionando o período de translação com a distância ao Sol e comparando a massa dos planetas com a massa da Terra. - Construir um modelo de sistema solar usando a UA como unidade e desprezando as dimensões dos diâmetros dos planetas. 8 Operações Dinâmica externa da Terra Compreender a diversidade das paisagens geológicas Dinâmica externa da Terra Compreender a diversidade das paisagens geológicas Aquisição Dar dois exemplos de paisagens de rochas magmáticas em território português. Referir as principais caraterísticas das paisagens de rochas metamórficas. Indicar dois exemplos de paisagens de rochas metamórficas em território nacional. Resumir a ação da água, do vento e dos seres vivos enquanto agentes geológicos externos. Compreensão Identificar paisagens de rochas vulcânicas e paisagens de rochas plutónicas através das suas principais caraterísticas. Aplicação Mobilização Identificar o tipo de paisagem existente na região onde a escola se localiza. Identificar paisagens de rochas sedimentares através das suas principais caraterísticas. Explicar as fases de formação da maior parte das rochas sedimentares. Prever o tipo de deslocação e de deposição de materiais ao longo de um curso de água, com base numa Identificar os principais tipos atividade prática laboratorial. de rochas detríticas (arenito, argilito, Propor uma classificação de conglomerado, marga), rochas sedimentares, com quimiogénicas (calcário, base numa atividade prática. gesso, sal-gema) e biogénicas (carvões, calcários), com base em atividades práticas. Conceber e planificar atividades experimentais que permitam analisar os conceitos e os processos relativos à formação das rochas sedimentares. A forma como manipulamos a prescrição curricular é essencial para as possibilidades de diferenciação de ensino 9 Fará sentido o currículo ser apresentado da mesma forma em todas as escolas independentemente das características das escolas e do nível dos alunos? Unidade NÚMEROS RACIONAIS FUNÇÕES Tópicos Tempos Apresentação, critérios de avaliação e avaliação diagnóstica 2 Número primos e números compostos. Adição e subtração em Z 4 Adição e Subtração em ℚ - propriedades 8 Multiplicação e divisão em ℚ - propriedades 8 Potências. Raiz quadrada. Raiz cúbica 10 Conceito de função e de gráfico de uma função 6 Função linear e função afim 7 Proporcionalidade direta como função 4 10 Como planeamos o ano e a turma? Planeamos em setembro ou em novembro? 1º Período 2º Período 3º Período Plano Anual de Turma Será importante para se conhecer os alunos na relação com o professor e com a matéria? Clima Professor – Aluno e Aluno – Matéria 1º Período 2º Período 3º Período Avaliação Inicial Plano Anual de Turma 11 Características da avaliação inicial • Teste diagnóstico Versus • Conhecer os alunos na sala de aula; • Apresentar o programa desse ano e os processos de avaliação; • Rever aprendizagens anteriores; • Criar um bom clima de aula, ensinar/aprender ou consolidar rotinas de organização e normas de funcionamento • Avaliar o nível inicial dos alunos e as suas possibilidades de desenvolvimento no conjunto das matérias; • Identificar alunos “críticos” e as matérias prioritárias; • Recolher dados para orientar a formação de grupos, podendo estes assumir as características de grupos de nível, caso a heterogeneidade da turma o justifique; • Identificar aspetos críticos no tratamento de cada matéria (formas de organização, formação de grupos, etc.); • Recolher dados para, em conjunto com os outros professores do grupo, estabelecer metas para cada ano de escolaridade e definir objetivos mínimos. (Carvalho, L. 1994) 12 Refletindo sobre a Avaliação Como construímos os critérios de avaliação e classificação dos alunos? Como estruturamos os dados para a avaliação e que influência têm estes dados nas nossas decisões coletivas? Como organizamos os processos de avaliação formativa? Como promovemos os processos de Feedback? 13 Como construímos os critérios de avaliação e classificação dos alunos? · Testes de avaliação · Fichas · Questões aula Domínio Cognitivo · Composições/relatórios · Participação nas atividades da aula · Trabalho de grupo/pesquisa/experiencias · Trabalhos propostos para casa Domínio Sócio afetivo · Assiduidade · Pontualidade · Cumprimento de prazos · Cumprimento das regras da sala de aula · Cooperação/interesse/responsabilidade · Autonomia e perseverança · Organização do caderno diário/portfólio 80% 20% 14 Com esta estratégia de atribuirmos 20% para as atitudes não quererá dizer que aceitamos que os alunos se portem 80% mal? E que atitudes são as que consideramos para a organização do processo de ensino-aprendizagem e como as enquadramos? • • • • • • • • • • • • • • Assiduidade e Pontualidade Cumprimento de prazos Cumprimento das regras da sala de aula Cooperação/interesse/responsabilidade Autonomia e perseverança Participação Atitudes Comportamento Empenho Postura Envolvimento Esforço Interesse Motivação 15 A particularidade da avaliação das atitudes Atitudes passíveis de serem trabalhadas pelos professores que contribuem para o desenvolvimento de competências essenciais para a sua formação - Autonomia, Responsabilidade, Cooperação, Capacidade crítica, Compromisso Atitudes que dizem respeito a características pessoais e condições essenciais para o sucesso educativo, não passíveis de serem diretamente trabalhadas pelo professor, podendo ser induzidas por este - capacidade de superação, esforço, entusiasmo, resiliência, disponibilidade para melhorar, participação, empenho… Aspetos de ordem regulamentar que devem ser questionados face à validade para efeitos de classificação - pontualidade, assiduidade, comportamento… 16 Existirão outras formas de formulação de critérios de avaliação, centrados na apropriação do objeto de ensino que permitam a diferenciação e a promoção de práticas de avaliação formativa? 17 MUITO BOM BOM 4 3 Met. Instrumentos M. INSUF. INS. 5 SUFIC. Níveis LEITURA ESCRITA DOMÍNIOS* GRAMÁTICA ORALIDADE ED. LITERÁRIA Muito Bom Muito Bom Muito Bom Muito Bom Muito Bom Bom Bom Suficiente Suficiente . O aluno pode apresentar um desempenho Bom, cumulativamente, em dois domínios. . O aluno não pode apresentar um desempenho Suficiente em nenhum dos domínios. Bom Bom . O aluno pode apresentar um desempenho Suficiente, cumulativamente, em dois domínios. . O aluno não pode apresentar um desempenho Insuficiente em nenhum dos domínios. Suficiente 2 Bom Suficiente Suficiente . O aluno pode apresentar um desempenho Insuficiente, cumulativamente, em dois domínios . . O aluno não pode apresentar um desempenho Muito Insuficiente em nenhum dos domínios. Insuficiente Insuficiente Insuficiente Insuficiente Insuficiente . O aluno apresenta um desempenho Insuficiente em três ou mais domínios. 1 Ausência de sucesso em todos os domínios. - exercícios de leitura em voz alta; - testes e questionários a partir de textos de diferentes tipologias; - mapas conceptuais; - pósteres; ensaio; recensão crítica; apreciação crítica; - portefólio. - planificação, redação e revisão de textos de diferentes tipologias; - esquemas e mapas conceptuais; - portefólio. - testes e exercícios; - apresentação oral; - mapas conceptuais; - portefólio. - testes de compreensão oral; - apresentação oral: . apreciação crítica; . discurso expositivoargumentativo; . sínteses; .representação teatral; . debate; . filme, documentário, reportagem, entrevista. - textos escritos (de diferentes tipologias: ensaio; recensão crítica; apreciação crítica...); - testes e questionários a partir de textos literários; - pósteres e mapas conceptuais; - apresentação oral; - portefólio. 18 Trabalho individual; trabalho de pares; trabalho de grupo; estaleiro/oficina/ laboratório - trabalho coletivo, de turma. Como estruturamos os dados para a avaliação e que influência têm estes dados nas nossas decisões coletivas? 1ºP Avaliação Inicial Carnaval 2ºP Avaliação Final Plano Anual Turma Conferência Curricular Análise Classificações 3ºP Conferência Curricular Análise Classificações Conferência Curricular A avaliação só é formativa quando tem uma consequência no futuro, quando tem efeitos na construção de qualquer coisa 19 Dimensão plurianual das decisões coletivas 7º Ano 8º Ano 9º Ano Os dados avaliativos apreciam e validam a estratégia plurianual, corrigindo/regulando as decisões coletivas Avaliação é formativa quando permite orientar e dar coerência às decisões colectivas 20 Como organizamos os processos de avaliação formativa? Como promovemos os processos de Feedback? Números Racionais Funções Número primos e Potências. Raiz quadrada. Raiz Conceito números compostos cúbica Função linear e função afim Pergunta 1a 1b 2 3a 3b 4 5a 5b 5c Total Cotação 15 10 15 20 10 10 10 5 5 100 1 Ana 10 10 7 20 8 2 5 0 0 62 2 João 5 2 15 5 5 10 10 5 5 62 Qual a eficácia do feedback face que resulta destas duas perspetivas de apresentação dos resultados? Que possibilidades de diferenciação de ensino podem daqui ser retiradas? 21 Projeto integrado de desenvolvimento Curricular e Avaliação Interpretação dos resultados dos alunos Construção de Processos de avaliação AVALIAÇÃO Formação dos Professores Recursos SUCESSO ALUNOS Atividades Extra Curriculares Construção de currículo contextualizado Atividades de Apoio CURRÍCULO Regulação da aplicação do currículo 22 Existe um espaço de desenvolvimento profissional que importa explorar A importância de um projeto estratégico, uma formação em contexto (formação interna),dispositivos de upervisão e o trabalho colaborativo intra e inter departamental centrados na organização das práticas de ensino A importância de encontramos dispositivos “geradores de especificidade” do conhecimento profissional docente. (Roldão, M.C. 2007) 23 24